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Pediatria (São Paulo) 2003;25(4):174-83

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Hipertensão arterial na criança e no adolescenteSantos AAC, et al.

O diagnóstico da hipertensão arterial na criança e noadolescente

The diagnosis of hypertension in children and adolescentsEl diagnóstico de la hipertensión arterial en el niño y el adolescente

Antônio Augusto Cais dos Santos1, Dirce Maria Trevisan Zanetta2, José Paulo Cipullo3, Emmanuelde Almeida Burdmann4

Departamento de Pediatria e Cirurgia Pediátrica, Departamento de Epidemiologia, Saúde Coletiva e Medicina (Nefrologia) daFaculdade de Medicina de São José do Rio Preto. São José do Rio Preto, SP, Brasil

Resumo

Objetivo: apresentar aspectos diagnósticos da hipertensão arterial na criança e adolescente objetivando o correto manejodesse problema de saúde pelo pediatra. Fontes Pesquisadas: foram utilizados artigos da base de dados MEDLINE com aspalavras chave: Hipertensão arterial. Criança. Adolescente. Livros com informações relevantes também foram consultados. Síntesedos Dados: a presença de hipertensão arterial na criança e adolescente freqüentemente não é pesquisada de forma adequada.Quando a aferição da pressão arterial é feita com metodologia errada, pode superdimencionar a prevalência de hipertensão,causando investigações e tratamentos desnecessários. Por outro lado, quando o diagnóstico de hipertensão não é feito, perde-sea oportunidade de iniciar orientação e tratamento adequados, que previnem maiores danos na vida adulta. Conclusões: Opediatra deve estar atento à necessidade de aferição da pressão arterial em crianças e apto a fazê-la. A metodologia atualmenteestá padronizada e possibilita uma precisão diagnóstica maior. São referenciais as Tabelas da Task Force. É relevante a largurado manguito, e, de modo geral, o método ascultatório é o preferencial. Há maior dificuldade na medida de pressão em lactentes erecém-nascidos. A avaliação instrumental por doppler ou oscilometria tem sido utilizada em unidades neonatais e de terapiaintensiva. Se houver evidência de hipertensão abaixo de 10 anos de idade, deve-se buscar a causa, sendo as alterações doaparelho urinário as mais freqüentes.

Descritores: Hipertensão, diagnóstico. Hipertensão, epidemiologia. Determinação da pressão arterial, instrumentação.Determinação da pressão arterial, métodos. Determinação da pressão arterial, normas. Ecocardiografia doppler,utilização. Oscilometria, utilização. Criança. Adolescente.

1Professor Adjunto do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto2Professor Adjunto do Departamento de Epidemiologia e Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Doutora em Nefrologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo3Professor Adjunto do Departamento de Medicina da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto Doutor em Nefrologia pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo4Professor Adjunto da Disciplina de Nefrologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Professor Livre-Docente em Nefrologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Revisão e Ensaio Review and Essay Revisión y Ensaio

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Hipertensão arterial na criança e no adolescenteSantos AAC, et al.

Introdução

A aferição da pressão arterial na criança e adoles-cente ainda não é um hábito na consulta pediátrica,deixando-se de registrar muitos hipertensos. Adicional-mente, alguns pediatras desconhecem a metodologiadessa aferição e/ou não possuem o instrumental ade-quado. Isto conduz a erros na aferição da pressão ar-terial, que pode superdimencioná-la, causando investi-gações e tratamentos desnecessários. Por outro lado,quando o diagnóstico não é feito, perde-se a oportuni-

Abstract

Objective: to introduce the diagnostic aspects of hypertension in children and adolescents to the pediatrician aiming an appropriatemanagement of this disease. Data Source: articles were selected articles from the MEDLINE data base with the keywords: Arterialhypertension, Child, Adolescence. Books with relevant information were also consulted. Data Synthesis: the arterial hypertensionin children and adolescents is usually inadequately evaluated. When a poor methodology is employed to measure blood pressure,it may overestimate the prevalence of hypertension, causing unnecessary investigation and treatment. On the other hand, whenthe diagnosis of hypertension is not stablished, the opportunity to start an early and adequate treatment preventing further damagein adult life is missed. Conclusions: the pediatrician should attempt to arterial blood pressure in all children and he have to beprepared to obtain it. Standard accurate methods for children blood pressure measuring are already available. The Task Forcetables are the references for hypertension diagnosis. The cuff bladder size is critical, and the auscultation method is the preferred.The blood pressure measurement is more difficult in newborns and infants. Oscillometry and echodoppler has been employed forrepeated PA measurement at newborn and pediatric intensive care units. Hypertension observed in children under 10-year-old-ageshould have a causal investigation, being the urinary tract disease the most frequent underlying disease.

Keywords: Hypertension, diagnosis. Hypertension, epidemiology. Blood pressure determination, instrumentation. Blood pressuredetermination, methods. Blood pressure determination, standards. Echocardiography, doppler, utilization. Adolescent.Oscillometry, utilization. Child.

Resumen

Objetivo: presentar aspectos diagnósticos de la hipertensión arterial en el niño y adolescente, por el pediatra, objetivando elcorrecto manejo de ese problema de salud. Fuentes Pesquisadas: fueron utilizados artículos de la base de datos MEDLINE conlas palabras clave: Hipertensión arterial. Niño. Adolescente. Libros con informaciones relevantes también fueron consultados.Síntesis de los Datos: a menudo, la presencia de hipertensión arterial en el niño y el adolescente no se investiga o se lo hace deforma inadecuada. Cuando se hace la aferición de la presión arterial con metodología equivocada, se puede sobredimensionar laprevalencia de hipertensión arterial, lo que resulta en investigaciones y tratamientos innecesarios. Por otra parte, cuando no sehace el diagnóstico de hipertensión arterial, se pierde la oportunidad de empezar la orientación y el tratamiento adecuados, lo queprevine mayores daños durante la adultez. Conclusiones: el pediatra debe estar atento para la necesidad de medir la presiónarterial en niños y apto a medirla. La metodología que actualmente se acepta está patronada y hace que sea posible una precisióndiagnóstica mayor. Son referencias las tablas de Task Force. Es relevante la anchura del manguito, y de modo general, el métodode ausculta es el preferido. Existe una dificultad mayor para medir la presión arterial de lactantes y recién nacidos. La evaluacióninstrumental por Doppler u oscilometria ha sido utilizada en unidades neonatales y de terapia intensiva. Si es que hubiera evidenciade hipertensión abajo de 10 anos de edad, debe buscarse la causa, siendo las alteraciones del sistema urinario las más frecuentes.

Palabras clave: Hipertensión, diagnóstico. Hipertensión, epidemiologia. Determinación de la presión sanguinea, instrumentación.Determinación de la presíón sanguinea, metodos. Determinación de la presíón sanguinea, normas. Ecocardiografiade doppler, utilización. Oscilometria, utilización. Niño. Adolescente.

dade de iniciar a investigação causal e o tratamentoprecoce, resultando em danos sistêmicos. Assim sen-do, este ensaio aborda aspectos do diagnóstico da hi-pertensão arterial com o objetivo de aprimorar o pedia-tra no correto manejo desse problema de saúde.

A prevalência da hipertensão arterial na criança/ado-lescente situa-se entre 0,8% e 9%1,2, com média de 5%3;com significativa elevação na população obesa4-6. A hi-

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pertensão arterial geralmente é secundária na criançaabaixo dos dez anos - representa 90% dos casos, sen-do na maioria das vezes devido à doença renal (Tabela1). Quanto menor a idade, é maior a probabilidade dahipertensão ser secundária e originar hipertensão crô-nica

7. A hipertensão arterial essencial predomina aci-

ma dos dez anos, com níveis pressóricos não muitoelevados, no percentil 95 ou discretamente acima dele7.A concomitância de vários familiares hipertensos, semcausa determinada, levou à formulação da hipótese ge-nética para este grupo. Nesta hipótese, a modificaçãogênica única ou múltipla provocaria alteração no trans-porte de eletrólitos, no tônus simpático ou no sistemaendócrino, gerando a hipertensão8-11. Estas crianças/adolescentes com pressão moderadamente aumenta-da, têm história familiar positiva para hipertensão e fre-qüência cardíaca alta em repouso12. Para este grupo,há fatores de risco determinados citados a seguir.

Nos negros a prevalência e a gravidade da hiper-tensão são maiores, o que pode estar relacionado afatores étnicos e/ou socioeconômicos

13. No Brasil pre-

dominam os miscigenados, e esses podem diferir dosnegros quanto às características da hipertensão14.

Parece haver relação inversa entre o peso de nasci-mento e o desenvolvimento da hipertensão arterial15. Afisiopatogenia está associada a alterações hemodinâmicase hormonais, provocadas pelo retardo de crescimentointra-uterino. Nestas crianças, estão reduzidas a massarenal, a população de néfrons e a área de filtraçãoglomerular. Isto compromete a capacidade de excreçãodos solutos e água, ocasionando aumento da pressãoarterial16. Também observou-se que crianças nascidas comestatura abaixo da média, e com reduzido ganho de peso

e altura no primeiro ano de vida, têm maior probabilidadede tornarem-se adultos hipertensos17.

A ingesta de sódio pela criança é um fator associa-do ao aumento da pressão arterial na adolescência18. Adieta rica em sódio desde o período neonatal, com autilização de fórmulas lácteas, propicia um teor de sódiotrês vezes maior do que o leite humano19. Há, porém,diferente risco à ingestão de sódio, com maior impactoem algumas famílias de hipertensos, nos negros, nospacientes com hiperaldosteronismo e obesos20.

Um fator de risco importante para o desenvolvimen-to de hipertensão é a obesidade, que constitui um pro-blema de saúde crescente na população pediátricamundial. Com o aumento da prevalência de criançasbrasileiras obesas é previsível, dentre outras compli-cações, o incremento da hipertensão arterial4-6.

O estado emocional desfavorável associa-se tam-bém com hipertensão essencial. Conflitos e impulsoshostis estão mais presentes no histórico desteshipertensos. Há antecedentes de trauma, como a se-paração de pais, pais agressivos, impaciência,imediatismo nas decisões, raiva e hostilidade21.

O nível socioeconômico elevado também tem sidocorrelacionado com a hipertensão arterial essencial6,22.Isto pode refletir outros fatores, como os nutricionais.

Ainda há fatores associados preponderantementeà hipertensão arterial na adolescência: tabagismo, usode anticoncepcional, drogas - cocaína e anfetaminas,álcool, esteróides anabolizantes, fenilpropanolaminae pseudoefedrina (descongestionantes nasais)14.

Tabela 1 – Freqüência e causas de hipertensão arterial na criança.

Freqüência Origem Causa (%)

70 Doença do parênquima renal

10 Doença vascular renal

5 Doença cardiovascular

3 Doença endócrina

0,5 Doença do sistema nervoso central

0,01 Medicamentosa

11,5 Múltipla

Glomerulonefrite aguda, glomerulonefrite crônica, pielonefrite crônica, doençapolicística, síndrome hemolítico-urêmica, tumor de Wilms, rim hipoplásico unilateral,hidronefrose, lúpus Eritematoso sistêmico, transplante renal

Estenose de artéria renal, trombose de artéria renal, trombose de veia renal

Coartação da aorta, arterite de Takayasu

Feocromocitoma, neuroblastoma, hipertireoidismo, hiperplasia congênita da supra-renal, hiperaldosteronismo primário, Síndrome de Cushing

Aumento da pressão intracraniana

Agentes simpaticomiméticos, anfetamina, vitamina D e derivados, anticoncepcional

Hipertensão essencial

Fonte: Mendoza23 (modificado)

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Diagnóstico

À história, a suspeita de hipertensão somente é fei-ta na minoria dos casos. Porém, o histórico de cefaléiarecorrente é importante nos escolares e adolescentes.Uma parcela destes casos, principalmente com cefaléiaintensa e occipital, pode ser indicativa de hipertensão24.

Durante a história clínica deve ser feito interroga-tório acerca de condições hereditárias/familiares quepredispõem à hipertensão arterial: rins policísticos, do-ença renal, feocromocitoma (cefaléia, palpitações esudorese excessiva), neurofibromatose (manchas cafécom leite, sardas axilares), aldosteronismoglicocorticóide dependente (membros da família comhipertensão de início súbito associado à hipocalemiae/ou acidente vascular), síndrome de Turner, síndromede Williams e doença de von Hippel-Lindau. Tambémsão analisados antecedentes neonatais sobre venti-lação mecânica, displasia broncopulmonar,cateterização umbilical, eventos que podem estarcorrelacionados com complicações tromboembólicas.Em fase posterior, são relevantes as infecções de re-petição do trato urinário, pela possibilidade de esta-belecerem-se cicatrizes renais.

A constatação de causa e fatores de risco associa-dos à hipertensão, geralmente é limitada ao exame fí-sico da criança. Constitui importante exceção acoartação da aorta, que deve ser cogitada, no recém-nascido, se o exame físico mostrar pulsos femoraisdébeis ou não palpáveis. Às vezes, os pulsos são pal-páveis, devido à circulação colateral desenvolvida. Nes-tes casos, o diagnóstico deve ser suspeitado na avalia-ção simultânea dos pulsos radial e femoral, estandoesse último atrasado ou em descompasso com aquele.Nas crianças maiores de um ano com coartação daaorta, ocorre hipertensão arterial sistólica, e maior nosmembros superiores, em 90% dos casos25.

Critérios

Na ampla maioria dos pacientes o diagnóstico dehipertensão decorre da medida da PA nas crianças eadolescentes ao exame físico. Porém, até 1977 nãohavia um consenso sobre hipertensão arterial na crian-ça e no adolescente, e achava-se que níveis pressóricosde 140/90 mmHg, usados como limites para hiperten-são arterial do adulto, também poderiam ser aplicados.Acreditava-se que a hipertensão essencial não ocorria

na criança26. Posteriormente, percebeu-se que a PAaumentava gradualmente com a idade27.

A necessidade da definição do que é nível pressóriconormal em crianças e adolescentes motivou a realiza-ção de estudos populacionais. Em 1976, é publicadoum grande estudo epidemiológico realizado emBogalusa (Lousiana, Estados Unidos), denominado TheBogalusa Study, descrevendo o comportamento da PAem mais de quatro mil crianças negras e brancas, epropondo uma padronização de valores normais paraaquela comunidade28. Em 1977 surgiu o marco re-ferencial, quando se elaboraram tabelas e gráficos dedistribuição normal da pressão arterial em 5.000 crian-ças e adolescentes, propondo que valores iguais ouacima do percentil 95 para a respectiva idade e sexofossem considerados como hipertensão. Esse estudorealizado pela “National Task Force on Hypertension ofNational Heart, Lung and Blood Institute” foi endossadopela Academia Americana de Pediatria29. Concluiu-seque, na criança, a hipertensão secundária era mais fre-qüente do que a essencial.

Em 1987 surgiu a segunda versão, revisada, dosdados da Task Force norte-americana que incluiu da-dos da PA obtidos de uma população de 70.000 crian-ças brancas e negras dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e crianças mexicanas residentes nos Esta-dos Unidos24. Desse estudo, destaca-se que a defi-nição de hipertensão deve levar em consideração nãosomente a idade e sexo, mas também o peso e aestatura. Foram observadas indicações de que a hi-pertensão essencial do adulto teria sua origem nacriança. A segunda versão da Força Tarefa observoua importância da estatura como determinante da pres-são sangüínea, porém não fez os ajustes para pesoe altura na construção das curvas. Em crianças comidade inferior a dois anos, foi utilizado o método deDoppler para aferição da PA, em decúbito. Acima des-ta idade, foi utilizado o método auscultatório, com acriança sentada e seu membro superior direito apoia-do ao nível do coração. Levou-se em conta o primei-ro valor anotado. Nas crianças até doze anos consi-derou-se para a pressão sistólica o primeiro som deKorotkoff e para a pressão diastólica a percepção doquarto som de Korotkoff (abafamento dos sons); nosadolescentes de treze a dezoito anos foi considera-do para a pressão diastólica o quinto som de Korotkoff(desaparecimento dos sons).

Em 1993 mostrou-se30 que a pressão arterial da

criança está correlacionada com o percentil da res-

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pectiva estatura. Esse estudo e outros dois anterio-res, o de 1978 realizado com escolares de 6 a 18 anos- The Muscatine Study31 e o de 1979 conhecido comoThe Dallas Study32, foram decisivos para asnormatizações da hipertensão arterial.

Finalmente, em 1996, foi publicada uma atualizaçãoda Task Force 1987, contendo novas tabelas normativas(ver adiante), com altura, idade e sexo, para o diagnósti-co de hipertensão arterial da criança e adolescente

33.

Definiu-se a hipertensão arterial como a pressãosangüínea igual ou acima do percentil 95 para a respec-tiva idade, sexo e altura, fazendo os ajustes para peso.Esses novos critérios da Task Force 1996 consideramainda, para todas as idades, o quinto som de Korotkoff(desaparecimento dos sons) como marco referencial paraespecificar a pressão diastólica, adotando as normas daAcademia Americana de Cardiologia. É importante salien-tar que nas crianças pequenas esse quinto som podenão ocorrer, ouvindo-se então os batimentos até o com-pleto desinsuflar do manguito (nível zero). Nesse casonão existe hipertensão diastólica33. Por isto utiliza-se, emcrianças menores de um ano, a pressão arterial sistólicapara definir hipertensão33. Na primeira semana de vidacaracteriza hipertensão a pressão sistólica ≥ 96mmHg ehipertensão grave a medida ≥ 106 mmHg. Nas criançasentre 8 e 30 dias de vida, hipertensão é definida atravésda pressão sistólica ≥ 104 mmHg e hipertensão gravese ≥ 110 mmHg24. Avaliou-se a PA de recém-nascidossaudáveis, nas primeiras setenta e duas horas de vida,e não foi encontrada correlação entre a PA e o estado desaúde materno (uso de drogas, diabetes e toxemia).Observou-se ainda que, após o terceiro dia de vida, tan-to a PA sistólica quanto a diastólica aumentam, progres-sivamente34. Isto independe da idade gestacional e dopeso de nascimento35.

Para crianças com idade superior a um ano, apressão arterial normal é definida através da média

da pressão sistólica e diastólica, abaixo do percentil90 para a idade e sexo. Pressão arterial normal altaou limítrofe é estabelecida quando a média dos valo-res da sistólica e diastólica está entre o percentil 90e o percentil 95. Hipertensão arterial é definida quan-do a média das pressões sistólica e diastólica for igualou maior do que o percentil 95, para a idade e sexo,medida em pelo menos três ocasiões diferentes

33.

Técnicas de aferição

Há diversos fatores relevantes na medida da PAem crianças e adolescentes36,37. O método de esco-lha para crianças e adolescentes é, preferencialmen-te, o da ausculta33.

A adequada técnica de medição começa pela co-locação de manguito com a extremidade inferior dabraçadeira a dois centímetros acima da fossa cubital,acoplando-se o estetoscópio sobre o pulso da arté-ria braquial direita. Dá-se preferência a esse braçopor ter sido o utilizado na confecção das tabelas dereferência33. A maioria dos autores recomenda que alargura da bolsa inflável do manguito (LM), não dotecido que a reveste, seja em torno de quarenta porcento da circunferência do braço, medida à meiadistância entre o olécrano e o acrômio38

(LM/PB =0,40). O comprimento da bolsa deve envolver com-pletamente a circunferência do braço, com ou semsobreposição, e sua largura deverá cobrir aproxima-damente 75% do mesmo. É importante destacar queum manguito com largura maior que a indicada re-duz erroneamente a medida; e a medição commanguito menor a superestima.

De modo simplificado, dos três anos até a adoles-cência são utilizados três tamanhos de braçadeiraspediátricas, além das de adultos (Tabela 2).

Tabela 2 – Tamanho de manguitos disponíveis.

Tipo Largura do manguito (cm) Comprimento (cm)

Recém-nascido 2,5 – 4 5 – 9Lactente 4 – 6 11,5 – 18Criança 5 – 9 17 – 19Adulto 1,5 – 13 22 – 26Braço grande de adulto 14 – 15 30,5 – 33Coxa de adulto 18 – 19 36 – 38

Fonte: Report of the 2nd Task Force24

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Na falta do manguito adequado, deve-se usar o detamanho imediatamente maior, evitando-se manguitosestreitos que superestimam o diagnóstico de hiperten-são. Nesta eventualidade, comum em consultóriospediátricos, é recomendável aplicar o fator de correção36

(FC) da medida da PA, indicado para cada caso (Tabela3). Para usar a tabela mede-se a circunferência do bra-ço e, de acordo com o tamanho do manguito usado,soma-se ou subtrai-se o valor correspondente ao da pres-são arterial obtida. Quanto maior o tamanho do manguitoem relação ao ideal, menor será o valor medido da PA, epara corrigi-la deve-se somar à mesma as cifras da ta-bela. Por outro lado, quando se usa um manguito menorque o desejado, o valor da PA medida será artificialmen-te alto, e para estabelecer a PA correta subtrai-se damesma as cifras da Tabela 3. A tabela não consta daTask Force, e não é consensual, mas pode ser de valia

Tabela 3 – Fator de correção para cifras tensionais de acordo com o tipo demanguito e o perímetro braquial.

Largura do manguito (cm) 12 15 18Perímetro ideal (cm) 30 37,5 45Limites (cm) 26-33 33-41 > 41

Perímetro do braço (cm) PAS PAD PAS PAD PAS PAD

26 +5 +3 +7 +5 +9 +528 +3 +2 +5 +4 +8 +530 0 0 +4 +3 +7 +432 -2 -1 +3 +2 +6 +434 -4 -3 +2 +1 +5 +336 -6 -4 0 +1 +5 +338 -8 -6 -1 0 +4 +240 -10 -7 -2 -1 +3 +142 -12 -9 -4 -2 +2 +144 -14 -10 -5 -3 +1 046 -16 -11 -6 -3 0 048 -18 -13 -7 -4 -1 -150 -21 -14 -9 -5 -1 -1

Fonte: Lobo PT, et al.36

PAS = pressão arterial sistólica, PAD = pressão arterial diastólica

nos casos de aferição com manguito inadequado.

A escolha do aparelho esfigmomanômetro é funda-mental. Pode ser usado o de mercúrio, que descalibracom menos freqüência, ou o tradicional do tipo aneróide,que precisa ser aferido pelo menos uma ou duas vezesao ano. Atualmente existem aparelhos automáticos queutilizam a técnica de Doppler ou oscilometria para aferira pressão arterial de crianças. São usados principalmenteem unidades de terapia intensiva e em berçários, onde ométodo auscultatório é mais difícil de ser executado. Noentanto, requerem treinamento especializado e, pelocusto, são de uso hospitalar exclusivo; avaliam melhor apressão sistólica

24. A confiabilidade desses instrumen-

tos é menor, e há necessidade de calibração freqüente.

A monitorização ambulatorial da pressão arterial, a cada

15 minutos durante as vinte e quatro horas do dia, podeser realizada em pacientes pediátricos, mas são poucosos estudos com essa metodologia. Esta forma de avalia-ção ainda não é rotineira em crianças39,40.

Os recém-nascidos constituem um grupo em que amedida da PA41 é peculiar e difícil. A ausculta é poucoindicada, pois os ruídos vasculares são geralmente fracose difíceis de perceber. A palpação da artéria braquial ouradial pós insuflação é método simples, porém só mede apressão sistólica e, ainda assim, com diferença de 5 a 10mm Hg para menos. A verificação do Flush, constata a

pressão média, porém a técnica pode ser influenciada poranemia, edema ou hipotermia. Ultra-som (Doppler) é a téc-nica não invasiva mais disseminada nas unidadesneonatais, como exposto. A Oscilometria automática temboa correlação com a pressão intra-arterial direta, no en-tanto tem limitações quando usada em recém-nascidosde baixo peso. O registro de pressão intra-arterial direta épreciso, reprodutível e constitui o padrão de referência paraa aferição de outros métodos. A medida direta é obtida porum transdutor de pressão ligado a cateter posicionado emartéria periférica ou na aorta, via artéria umbilical. Porém,o método é invasivo e limitado a crianças internadas.

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A medida da pressão arterial deve ser realizadaem ambiente calmo, com a criança sentada, após trêsa cinco minutos de repouso, com a fossa cubital apoia-da na altura do coração. Deve-se obter duas medidasda pressão arterial e fazer uma média tanto da sistólicaquanto da diastólica, para a estimativa naquele mo-mento. A aferição da PA sofre influências relaciona-das com as condições ambientais, principalmente sehouver inquietude da criança. Os casos extremos dealteração da PA não deixam dúvidas quanto aos valo-

res obtidos, porém os casos limítrofes podem exigirvárias medidas, em diferentes ocasiões42.

Crianças e adolescentes tendem a apresentarhiperreatividade cardiovascular com aumento do nívelpressórico quando em situação de estresse físico e/ou men-tal, pelo aumento da atividade adrenérgica43

(hipertensãodo jaleco branco). Isso reforça a necessidade de três medi-das consecutivas para o estabelecimento do diagnóstico44.As Tabelas 4 e 5 contêm os níveis referenciais pressóricos.

Tabela 4 – Níveis pressóricos relacionados com a altura de meninos e rapazes de 1 a 17 anos.

Idade Percentil Pressão sistólica para o percentil Pressão diastólica para o percentil(anos) da pressão da altura (mmHg)

## da altura (mmHg)

##

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Fonte: Gennser G, et al.15

# Percentis da pressão sangüínea foram determinados em uma única medição

## Percentis de altura foram determinados por curvas de crescimento padrão

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Conclusões

O pediatra deve estar atento à necessidade de afe-rição da pressão arterial em crianças e apto a fazê-la. Ametodologia atualmente aceita está padronizada e pos-sibilita uma precisão diagnóstica maior. São referenciaisas Tabelas da Task Force33. É relevante a largura domanguito; e de modo geral, o método ascultatório é opreferencial. Há maior dificuldade na medida de pres-são em lactentes e recém-nascidos. A avaliação instru-mental por Doppler ou oscilometria têm sido utilizada

em unidades neonatais e de terapia intensiva. Se hou-ver evidência de hipertensão abaixo de 10 anos de ida-de, deve-se buscar a causa, sendo as alterações doaparelho urinário as mais freqüentes.

Agradecimento

Os autores agradecem às Professoras: Lívia CaisBurdmann e Lara Donofrio, pelo auxílio.

Tabela 4 – Níveis pressóricos relacionados com a altura de meninos e rapazes de 1 a 17 anos.

Idade Percentil Pressão sistólica para o percentil Pressão diastólica para o percentil(anos) da pressão da altura (mmHg)

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Fonte: Gennser G, et al.15

# Percentis da pressão sangüínea foram determinados em uma única medição

## Percentis de altura foram determinados por curvas de crescimento padrão

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Hipertensão arterial na criança e no adolescenteSantos AAC, et al.

Endereço para correspondência:Dr. Antônio Augusto Cais dos SantosRua Alexandre Rosa, 145CEP: 15090-100 - São José do Rio Preto - SP - BrasilE-mail: [email protected].: 0XX (17) 232-46

Recebido para publicação: 03/06/2003Aceito para publicação: 22/09/2003

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