lateritos da amazÔnia

Upload: acrisioneto

Post on 08-Jul-2015

249 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Revista Brasileira de Geocincias

21(2): 146-160, junho de 1991

ASPECTOS GEOLGICOS DOS LATERITOS DA AMAZNIAMARCONDES L. COSTA*

ABSTRACT GEOLOGICAL ASPECTS OF THE AMAZON LATERITES. Lateritic rocks are widely found all over the Amazon region. They include mature and immature autochthonous laterites and allochthonous laterites, the latter usually reffered to as stone lines. The mature laterites were formed in the Tertiary, while the immature in the Quaternary. The mature laterites are characterized by well-defined and varied horizon when compared to immature laterite profiles. The parent rocks are of different ages and their petrochemical compositions have given rise to different kinds of laterites. among which the most prominent are the bauxitic, the phosphatic, the ferruginous, the caolinic, the manganesiferous and the nickelliferous. The outtermost cover is called Belterra Clay, a yellow clay material, originated from the lateritic profile weathering. Non-lateritic ironstones are common in the region, sometimes associated with the lateritic profiles. Besides their significant ore potentiality for iron, aluminium, nickel, gold, manganese, phosphates, kaolin, titanium, niobium and REE, laterites are important tools for geochemical exploration, geological mapping and also for geological and geomorphological studies of the evolution of the Amazon region. Keywords: Mature laterites, immature laterites, lateritic mineralization, weathering.

RESUMO Rochas laterticas se encontram distribudas por toda a regio Amaznica. Elas envolvem lateritos autctones imaturos e maturos, alm daqueles alctones denominados de "linhas de pedras". Os lateritos maturos formaram-se no Tercirio, enquanto os imaturos estabeleceram-se no Quaternrio. Os lateritos maturos se caracterizam por perfis melhor diferenciados em horizontes do que os imaturos. As rochas geradoras so de diferentes idades e composies petroqumicas, e produziram diversos tipos de lateritos, com destaque maior para os bauxticos, os fosfticos, os ferruginosos, os caulinticos, os manganesferos e os niquelferos. A cobertura mais comum do tipo Argila de Belterra, representada por material de aspecto argiloso e amarelo, proveniente do intemperismo de pefis laterticos. Pedras de ferro no-laterticas so comuns na regio, dentro dos perfis laterticos ou no. Alm de seu potencial mineral significativo, os lateritos se apresentam como importante ferramenta para a prospeco geoqumica, para o mapeamento geolgico e para o estudo da evoluo geolgica e geomorfolgica da regio. Palavras-chaves: Lateritos maturos, lateritos imaturos, mineralizaes laterticas, intemperismo.

INTRODUO Nos ltimos seis anos, a comunidade geolgica brasileira vem se interressando cada vez mais pelo estudo dos lateritos da regio amaznica. Tal interesse tem se intensificado devido a sua grande potencialidade mineral e por ser o material geolgico que geralmente est aflorando, constituindo-se assim o material de amostragem para a prospeco mineral na regio. Este autor vem acompanhando passo-a-passo este desenvolvimento, e tem inclusive participado do treinamento tcnico-cientfico de profissionais deste novo campo de pesquisa. As primeiras ocorrncias de lateritos na regio foram feitas por Katzer (1903), que os descreveu como arenitos ferruginosos, aos quais deu a denominao de "Grs do Par", Shaw et ai. (1925) noticiaram a ocorrncia de bauxita fosforosa em Trauira e Pirocaua (Maranho). Brandt (1932) fez uma descrio mineralgica e petrogrfica, e discutiu a gnese da bauxita fosforosa de Trauira, enfatizando o papel da lateritizao. Mas foi somente nos anos 50 que se iniciou a descoberta dos grandes depsitos de bauxitas laterticas da regio, como consequncia das pesquisas realizadas para este fim pela Kaiser Aluminium Company na regio do Baixo Amazonas, e pela Rio Tinto Zinc Company em Paragominas. As primeiras e mais importantes pesquisas regionais sobre bauxitas foram divulgadas por Towse & Vinson (1959); Guerra (1965), que estudou os lateritos do Acre; por Sombroek (1966), que identificou plintitos, plintitos fsseis e latossolos como lateritos; e Valarelli (1967), que estudou os lateritos manganesferos da Serra do Navio. Na dcada de 70, vrios trabalhos cientficos foram publicados sobre as bauxitas do Baixo Amazonas, Paragominas e Carajs, com destaque para Wolf

(1972), Assad & Neto (1976), Dennen & Norton (1977), Greig (1977), Klammer (1978), Assad (1978), Assad & Beisiegel (1978), Grubb (1979) e Kronberg et al (1979a). Bernardelli & Beisiegel (1978) descreveram o minrio manganesfero latertico do Azul em Carajs. Em meados da dcada de 70, o Centro de Geocincias da Universidade Federal do Par iniciou as pesquisas de lateritos, estudando os fosfatos aluminosos da regio do Gurupi, naquela poca tidos como de origem orgnica. A regio do Gurupi se apresenta como uma das mais importantes ~e mais ricas regies em variedades composicionais de lateritos, tendo grande complexidade evolutiva e met alogentica. Os fosfatos de alumnio exercem um papel muito peculiar nos lateritos em geral, como mostram os trabalhos de Costa et al (1978), Costa (1980), Costa & S (1980), Costa et al (1980), Oliveira & Schwab (1980), Costa (1982), Siqueira & Lima (1982), Lima & Reimo (1983), Schwab et al. (1983), Costa (1984), Schwab et al (1989) e Costa & Arajo (1990). Na dcada de 80, o Centro de Geocincias tambm se envolveu com o estudo dos grandes depsitos de bauxita, a exemplo de Paragominas, por Kotschoubey & Truckenbrodt (1981), Truckenbrodt & Kotschoubey (1981), Truckenbrodt (1982), Truckenbrodt et al. (1982), Kotschoubey et ai (1984); do Baixo Amazonas, por Kotschoubey (1984); de Carajs, por Lemos & Villas (1983), Corra et al. (1984), Kotschoubey & Lemos (1985), Schwab et al. (1985) e Costa et al. (1991). Kotschoubey (1988) correlacionou os depsitos de bauxitas da Amaznia com os demais do Brasil. Costa (1990a, b) descreveu o potencial mineral da Amaznia e os processos de lateritizao de modo geral.

Departamento de Geoqumica e Petrologia, Centro de Geocincias. Universidade Federal do Par, CEP 66059, Belm, PA, Brasil

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

147

Ao mesmo tempo, outros pesquisadores de outras instituies brasileiras e estrangeiras passaram a se interessar plos lateritos da regio amaznica: Valarelli et al (1978), Beisiegel (1982), Bernardelli et al (1983), Alves et al (1984), Vieira e ai (1984), Groke e al. (1985), Beauvais et al (1987), em Carajs; Aleva (1981), Chauvel eal. (1983), Lucas (1989) e Lucas et al (1989), no Baixo Amazonas; Kronberg et al. (1979a), Kronberg et al. (1982), em Paragominas. A experincia adquirida com o estudo dos lateritos das regies do Gurupi, Baixo Amazonas, Paragominas e Carajs abriu perspectivas de pesquisa de lateritos na Amaznia. Tanto que, ainda na dcada de 80, descobriram-se grandes depsitos de bauxita no Pitinga-AM (Costa et al. 1988), lateritos aurferos no Amap (Veiga et al 1985) e gossans lateritizados em Carajs (Costa 1987). As investigaes se estenderam a regies distantes, como Acre e Rondnia (Costa 1985 e 1988b), Maracona - PA (Oliveira et al. 1988), Maicuru - PA (Lemos & Costa 1987, Costa et al. 1990) e Seis Lagos - AM (Corra et al. 1988). A partir de 1985, as companhias de minerao tambm passaram a se interessar plos lateritos, aps tomarem conhecimento de sua importncia para met als preciosos (ouro), patrocinando o treinamento de seus profissionais. Diante desse quadro, este trabalho tentar organizar o conhecimento geolgico sobre os lateritos da Amaznia e o seu potencial mineral, com o objetivo de dar suporte ao estudo sistemtico e para estimular o debate. CONCEITOS O termo laterito atualmente aplicado de forma mais ampla do que nas ltimas dcadas. Para Schellmann (1980), laterito o produto de intenso intemperismo de rochas subareas, fazendo com que os teores de Fe e /ou Al sejam mais elevados e os de Si mais baixos nos lateritos do que na rocha-me apenas caolinizada. Bardossy (1982) conceitua bauxitas como rochas derivadas dos processos de lateritizao. Neste trabalho, o termo laterito usado para designar rochas formadas ou em fase de formao por meio de intenso intemperismo qumico de rochas preexistentes, inclusive de lateritos antigos, sob condies tropicais, ou equivalentes. Lateritos so caracteristicamente ricos em Fe e Al e pobres em Si, K e Mg, se comparados composio de sua rocha-me. Os lateritos podem ser compactos, macios, coesos e incoesos, terrosos ou argilosos, com colorao variando de vermelho, violeta, amarelo, marrom at o branco. Sua composio mineralgica envolve geralmente oxi-hidrxidos de ferro (goethita e hematita), de alumnio (gibbsita e bhmita), titnio (anatsio) e de mangans (litioforita, todorokita etc); argilo-minerais (caulinita e esmectita); fosfates (crandalita-goyazita, augelita, outros) e resistatos (turmalina, cassiterita, rutilo etc). A textura, estrutura, mineralogia, composio qumica e colorao das rochas laterticas variam amplamente em seo vertical, dando origem a uma sucesso caracterstica de horizontes suborizontais e compondo os j classicamente conhecidos perfis laterticos. NOMENCLATURA Existem vrias propostas para a nomenclatura e classificao de lateritos (Valeton 1972, Aleva 1981). Este trabalho prope uma adaptao nomenclatura de Aleva & Bardossy (apud Banerji 1982), os quais usam o termo laterito adjetivado, ou pelo elemento qumico mais caracterstico ou pelo mineral-minrio ou pelo minrio associado. Assim, lateritos contendo muito ferro so denominados de lateritos ferruginosos, lateritos ricos em fosfates, de lateritos fosfticos, e aqueles ricos em hidrxidos de Al, lateritos bauxticos. Nesse ltimo caso, pode ser usada tambm a denominao bauxitas laterticas, quando se quer diferenci-las das crsticas, das sedimentares etc. Caso se desejem informaes sobre a rocha-me, acrescenta-se o termo, "derivado de" e o nome da rocha. Na Amaznia, por exemplo, ocorrem lateritos bauxticos derivados de traquitos (Pitinga-AM), la-

teritos bauxticos ferruginosos derivados de basaltos, lateritos bauxticos derivados de argilitos etc. DISTRIBUIO GEOGRFICA Os lateritos so encontrados por toda a regio Amaznica (Fig. 1). Entretanto, somente os lateritos ferruginosos e bauxticos constituem grandes corpos. As principais regies laterticas identificadas na Amaznia so: 1. Gurupi (Par-Maranho) - grande diversidade de rochas laterticas, predominando as fosfticas; 2. Paragominas-Capim (Par) - grandes depsitos de lateritos bauxticos e caulnicos; 3. Carajs (Par) - vrios tipos de lateritos, sendo mais importantes os ferruginosos, bauxticos, manganesferos, aurferos e niquelferos; 4. Baixo Amazonas (Par) - principalmente na borda norte do Rio Amazonas: a. Trombetas, Nhamund e Faro - lateritos bauxticos b. Almeirim, Monte Dourado e Felipe - lateritos bauxticos e caulnicos; 5. Pitinga (Amazonas) - grande variedade, principalmente lateritos bauxticos e com resistatos (Sn, Nb, Y). Outros depsitos pequenos, isolados, destacam-se dentro do quadro atual de conhecimento geolgico da Amaznia: 6. Cassipor (AP); 7. Vila Nova (AP); 8. Serra do Navio (AP); 9. Tucuru (PA); 10. Quatipuru (PA); 11. Manaus (AM) e outros. Alm disso, corpos isolados, geralmente protegidos por espessos chapus-de-ferro ressaltam-se na Amaznia: 12. Maracona (PA) 13. Maicuru (PA); 14. Seis Lagos (AM) (Fig. 1). Por outro lado, plintitos (horizonte argiloso mosqueado), petroplintitos (horizonte ferruginoso concrecionrio) - neste trabalho denominados de lateritos imaturos - recobrem toda a regio Amaznica, exceto aquelas reas com cobertura sedimentar pleistocnica tardia a holocnica. As exposies melhor conhecidas atualmente esto em Rondnia, no Acre, no Gurupi (Par-Maranho), Paragominas (PA), Pitinga (AM) e Monte Alegre (PA). Os lateritos da Amaznia podem ser classificados em dois grandes grupos, com base em suas feies geogrficas, mineralgicas e geoqumicas, os quais esto relacionados com o grau de evoluo: Lateritos imaturos Esto distribudos por toda regio, e formam o relevo jovem que domina em toda Amaznia. Os perfis de tais lateritos apresentam caractersticas tpicas de baixo grau de evoluo. A presena de um horizonte concrecionrio ferruginoso clssico. Lateritos maturos Esto muito bem representados na Amaznia, mas no tm a mesma extenso geogrfica dos imaturos, restringindo-se s regies especficas descritas anteriormente e indicadas na figura 1. Em geral, compem o relevo mais elevado, sob a forma de plats ou morros. So lateritos evoludos, com maior complexidade de horizontes, texturas, estruturas, mineralogia, feies geoqumicas e mineralizaes associadas. Esses lateritos mostram em geral feies tpicas de processos policclicos (Kotschoubey & Truckenbrodt 1981) e epigenticos (Costa 1990a, c). Natureza dos perfis laterticos da Amaznia Da mesma forma que qualquer laterito de outras regies ou provncias, podem ser classificados tambm em: autctones elou alctones. Lateritos maturos e imaturos podem ocorrer tanto na forma autctone como alctone. A identificao da natureza autctone ou alctone feita com base na sucesso dos horizontes e nas respectivas texturas e estruturas. Os lateritos alctones, conhecidos tambm na regio por linhas de pedra e paleopavimentos, parecem ser mais rsGRAU DE EVOLUO E NATUREZA DOS PERFIS

148

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

Figura 1 - Distribuio geogrfica das principais regies e corpos isolados laterticos conhecidos na Amaznia Figure l - Geographical distribution of main known laterite regions and isolated bodies in Amaznia

tritos do que os autctones. A observao mostra que os alctones, em geral, so constitudos de lateritos imaturos. LATERITOS IMATUROS AUTCTONES Os perfis laterticos imaturos autctones apresentam trs horizontes caractersticos (Fig. 2): Horizonte ferruginoso (petroplintito) Ocorre na poro superior do perfil e exibe uma ou mais das seguintes caractersticas: ndulos, concrees, esferlitos e fragmentos compostos de oxi-hidrxidos de ferro em matriz argilosa a terrosa; uma crosta composta plos elementos acima, cimentados por filmes microcristalinos ou por cimento (plasma) microcristalino gibbsito-caulintico. uma crosta formada de oxi-hidrxidos de ferro entrelaando pores argilosas amareladas. A cor dominante do horizonte ferruginoso a marromavermelhada, onde a matriz/cimento, se presente, brancaamarelada ou cinza. Ndulos, concrees, esferlitos e plasmas (micro a criptocristalino) so as estruturas dominantes, seguidas por colunas, canais em forma de razes e vermes, entre outras, e aquelas resultantes de lixiviao, como as cavernosas, esponjosas e porosas. Crtex formados por oxi-hidrxidos de ferro e alumnio so tambm muito abundantes. Eles so multicoloridos, envolvendo alternncia de bandas marromescuras e claras. Estruturas reliquiares so raras, encontradas apenas no ncleo dos esferlitos. Horizonte argiloso Ocorre logo abaixo do ferruginoso (Fig. 2), em contato quase abrupto. E constitudo fundamen-

Figura 2 - Perfil geolgico simplificado de lateritos imaturos autctones na AmazniaFigure 2 - Simplified geological profile of autochthone immature laterites of the Amazon region

talmente de argilominerais e exibe as seguintes feies, estritamente relacionadas com a natureza da rocha-me: Zona mosqueada/amarelada (plintito): esta a feio mais caracterstica do horizonte argiloso, quando derivado de rochas gneas cidas e intermedirias e de sedimentares. Trata-se de um horizonte de arguas intempricas, manchadas

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

149Mineralogia As espcies minerais dos lateritos imaturos da Amaznia esto apresentadas na tabela 1. As mais importantes so: - Hematita, goethita, goethita com alumnio e maghemita. - Caulinita, halloysita, esmectita e illita. O primeiro grupo tpico do horizonte ferruginoso, enquanto o segundo, junto com o primeiro, representam o horizonte argiloso, sendo que esmectita e illita so mais caractersticas do horizonte plido. Hematita, maghemita e goethita compem os ndulos, ncleos dos esferlitos e estruturas colunares, e goethita com alumnio, os crtex no horizonte ferruginoso. Goethita com alumnio constitui tambm veios e preenchimento de fraturas do horizonte argiloso. Outros minerais apresentam-se em teores discretos: anatsio criptocristalino, e hidrxidos de Mn como pelculas negras nas superfcies de clivagem e de fratura. Ouro singentico encontra-se especialmente na zona de contato entre os horizontes ferruginoso e argiloso. Mais det alhes sobre a mineralogia dos lateritos imaturos encontram-se em Kronberg et al. (1979b), Sombroek & Camargo (1983), Costa (1985) e Costa et al (1988a, b). Composio qumica A composio qumica dos lateritos imaturos ainda pouco conhecida. Os dados disponveis (Kronberg et al 1979b, Costa 1985, 1988a, b) mostram que os teores de SIO2, MgO e K2O decrescem da rocha-me para o horizonte ferruginoso, enquanto Fe2C>3, AbOa e Ti2 aumentam nesse sentido. Esse padro qumico corrobora a mineralogia anteriormente descrita. Para os elementos traos, ainda no possvel apresentar um modelo, devido ausncia de dados significativos. O nico trabalho que contm anlises mais representativas (46 elementos) o de Kronberg et al. (1979b), para perfil incompleto. Os ncleos dos esferlitos, das concrees e dos ndulos do horizonte ferruginoso tm maior significado geoqumico porque so capazes de discriminar a natureza das rochas-mes e mineralizaes associadas, tanto para os elementos pouco mveis (Cr, Ti, Sn), como para os relativamente mveis (Cu, Ni, Co). A disperso desses elementos no horizonte argiloso relativamente menor do que no ferruginoso. Por outro lado, elementos de alta mobilidade, cujo comportamento depende do potencial de oxi-reduo, como ouro, elementos do grupo da platina (EGP), urnio etc, podem se concentrar nos crtex e nos plasmas ferruginosos.

irregularmente de vermelho e violeta por disperso de micropartculas de xi-hidrxidos de ferro, que se instalam nos planos de clivagem e fratura. Na parte superior do horizonte argiloso, as manchas se transformam em ndulos ou colunas, ou mesmo desaparecem, originando uma zona nodular amarela a marrom. Zona saproltica: um termo empregado para descrever o intemperismo de rochas cristalinas no estgio de argilominerais no qual fragmentos da rocha parcialmente alterada, desde escala milimtrica no topo (saprlito fino) a centimtrica na base (saprlito grosso); so ainda encontrados dentro de plasma argiloso. O saprlito originado de rochas flsicas e intermedirias e de sedimentares quase sempre do tipo mosqueado na sua poro mediana e superior. Por outro lado, aquele derivado de rochas mficas e ultramficas, xistos e filitos, dificilmente se deixa mosquear. No horizonte argiloso, texturas e estruturas reliquiares so abundantes e in situ. Estruturas neoformadas esto representadas por manchas marrom-avermelhadas, colunares ou irregulares, por ndulos discretos, plos crtex ao longo de superfcie de veios, fraturas, ou por aurolas de difuso multicoloridas e concntricas em torno dos fragmentos de rochas em vias de intemperismo. A espessura, que depende da natureza da rocha-me e da regio, varia de 7 a 15 m sobre rochas sedimentares, gneas flsicas e mficas, e pode ser muito espessa sobre rochas ultramficas e metamrficas de foliao subvertical. Horizonte plido ou transicional Encontra-se imediatamente abaixo do horizonte argiloso, em contato direto com a rocha-me, numa espcie de base de saprlito. Caracteriza-se pela colorao mais plida relativa cor da rochame, em decorrncia da decomposio dos minerais mficos, dos sulfetos e da matria orgnica, sem que ainda tenha havido a formao de xi-hidrxidos de ferro. Este horizonte formado basicamente de argilominerais complexos, em convivncia desequilibrada com minerais primrios instveis ao intemperismo. O horizonte representa assim o estgio transicional entre a rocha-me e o horizonte argiloso. Caracteriza-se ainda por grande abundncia de fragmentos da rocha-me envoltos por plidas aurolas de intemperismo, em restrita matriz terrosa e argilosa. A maioria das estruturas primrias esto preservadas.

Tabela 1 - Os minerais mais frequentes dos lateritos imaturos da Amaznia Table l - The most frequent minerais of immature laterites of Amazon regions

150

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

Modo de ocorrncia Os lateritos imaturos da Amaznia ocorrem nas seguintes formas: relevo recente, quase plano, desenvolvido sobre crostas ferruginosas ou concrees ferruginosas incoesas, representando a exposio do horizonte ferruginoso. relevo quase plano a ondulado, instalado sobre latossolos autctones e alctones originados de lateritos imaturos onde se desenvolveu uma floresta tropical exuberante e densa. Localmente, estas superfcies j esto dissecadas suficientemente, em consequncia do rebaixamento do nvel de base (soerguimento tectnico), originando diversos plats. tambm comum a exposio direta do horizonte argiloso (mosqueado, saproltico), que favorece um relevo mais ondulado e sobre o qual se instalaram latossolos. LATERITOS MATUROS AUTCTONES Os lateritos maturos ou evoludos da Amaznia, ao contrrio dos imaturos, apresentam-se em perfis mais desenvolvidos, com grande variedade de texturas e estruturas singenticas, e amplo espectro de espcies minerais. Os perfis so sempre compostos dos seguintes horizontes (Figs. 3 a 5): crosta ferruginosa, horizonte bauxtico e/ou de fosfatos de alumnio, horizonte argiloso e o plido ou transicional. Crosta ferruginosa Encontra-se normalmente no topo dos perfis, em geral sob a forma de rocha dura e densa, muitas vezes magntica, de colorao marrom-avermelhada. O seu arcabouo geral tem os seguintes aspectos: agregados de ndulos, concrees e esferlitos vermelhos de oxi-hidrxidos de ferro, cimentados por fosfatos e/ou hidrxidos de alumnio, brancos e amarelos, originando um material tipo conglomerado, similar a pele de ona; fragmentos e pseudofragmentos de material ferruginoso (como oxihidrxidos) com cimento igual ao anterior, descrevendo um material brechide;

fragmentos marrom-avermelhados, tambm de oxi-hidrxidos de ferro, ligados entre si apenas por meio de finos crtex microcristalinos, criando um padro pisoltco; ou por entrelaamento irregular de material rico em oxi-hidrxidos de ferro, que envolve um outro padro equivalente ao cimento dos casos anteriores. Este padro representa o endurecimento e a recristalizao do padro mosqueado do horizonte argiloso. Estruturas primrias reliquiares so raras e deslocadas. O proto-horizonte das crostas ferruginosas , dessa forma, tanto o horizonte ferruginoso como o mosqueado dos lateritos imaturos. Na Amaznia, a crosta ferruginosa, por se encontrar prxima superfcie, est atualmente em via de intemperismo e assim recoberta tambm por latossolos areno-argilosos autctones e alctones. Excepcionalmente, como no Gurupi, Carajs, Maicuru, Maracona e em outras regies da Amaznia, a crosta est desnuda, formando o relevo.Horizonte bauxtico e/ou de fosfatos de alumnio Encontra-se geralmente logo abaixo do crosta ferruginosa, em contato direto e quase abrupto. constitudo de uma rocha amarela, de creme a vermelha, formada de blocos centimtricos a mtricos, ndulos e esferlitos, numa matriz argiloarenosa de abundncia varivel. Localmente, forma uma camada dura (crosta aluminosa) de continuidade lateral. Sua constituio mineralgica basicamente formada de hidrxidos (bauxita) e/ou de fosfatos de alumnio. Estruturas reliquiares no so raras, mas esto deslocadas. As mais comuns so pseudomorfos de fenocristais, de blasteses, de vnulas, de porfiroblastos, de moldes de razes e de bioturbaes. So comuns as estruturas singenticas, como esferlitos (olitos, pislitos etc.). Tambm so frequentes os aspectos cavernosos e esponjosos, estruturas colunares e laminares suborizontais.

Figura 3 - Perfil geolgico simplificado de lateritos fosfticos maturos autctones na Amaznia Figure 3 - Simplified geological profile of autochthone mature phosphatic laterites of the Amazon region

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

151

Figura 4 - Perfil geolgico simplificado de lateritos bauxticos maturos autctones na Amaznia (exemplo, Tiracambu, Pitinga, Paragominas)Figure 4 - Simplified geological profile of autochthone mature bauxitic laterites of the Amazon region (Ex.: Tiracambu, Pitinga, Paragominas)

O horizonte bauxtico e/ou fosftico o melhor critrio para distinguir lateritos maturos dos imaturos, o qual est ausente nestes ltimos. Lateritos maturos, derivados de rocha ultramfica, por outro lado, no apresentam um horizonte bauxtico e/ou fosftico tpico: entretanto, seus aspectos gerais so reconhecveis localmente (Fig. 5). Este horizonte comporta as maiores reservas de bauxita (Paragominas, Baixo Amazonas, Carajs, Pitinga) e de fosfates de Al (Gurupi, Maicuru) da Amaznia. Se exposto superfcie, facilmente intemperizado, transformando-se em material argiloso, tipo Argila de Belterra (Fig. 4). Eventos policclicos e/ou fatores litolgicos deram origem, em muitos corpos laterticos, a relaes complexas entre o horizonte bauxtico e/ou fosftico e a crosta ferruginosa. Horizonte argiloso Encontra-se logo abaixo do horizonte bauxtico e/ou fosftico, em contato quase abrupto. Nele, os minerais singenticos mais representativos so os argilo-minerais e os oxi-hidrxidos de ferro. Esse horizonte pode apresentar as seguintes zonas: a mosqueada, o saprlito mosqueado, o saprlito marrom e a zona argilosa e/ou terrosa de amarela a marrom (Figs. 3 a 5). A parte superior deste horizonte rica em estruturas singenticas, enquanto a parte inferior contm muitas estruturas reliquiares. A espessura do horizonte varia de 10 a 30 m, podendo ser muito superior, se tiver sido derivada de rochas metamrficas foliadas, ou de ultramficas e carbonatticas. Horizonte plido ou transicional Corresponde transio entre a rocha-me na base e o horizonte argiloso acima. Tem as mesmas caractersticas do seu equivalente nos perfis imaturos.

Mineralogia Lateritos maturos, quando comparados com os imaturos, apresentam um espectro maior de espcies minerais. A distribuio deles ao longo do perfil tambm controlada por cada horizonte. Os minerais de neoformao mais caractersticos esto indicados na tabela 2, onde se destacam as seguintes classes: Elementos nativos: ouro. Oxi-hidrxidos de Fe, Al, Mn e Ti: hematita, goethita, goethita com alumnio, maghemita, gibbsita, boehmita, lithioforita, todoroquita, birnessita, anatsio e outros. Fosfates de Al, Al-Ca-Sr-ETR, Al-Ca-Na, Ca-Fe-Mg e Fe: crandallita-goyazita-florencita, wardita, dufrenita, mitridadatita etc. Filossilicatos (argilominerais): caulinita, esmectita, illita. Resistatos: zirco, turmalina, cassiterita, rutilo, ilmenita, estaurolita, cianita, etc. Os oxi-hidrxidos de ferro so tpicos da crosta ferruginosa, formando os ndulos, as concrees, os esferlitos e os fragmentos. Tambm so encontrados em outros horizontes, embora em menor quantidade, como ndulos, massas irregulares, manchas e vnulas. A maghemita a responsvel pela natureza ferromagntica de crostas de vrias regies. Os fosfates de ferro so aparentemente tpicos das crostas, formando ndulos e manchas, provavelmente de origem epigentica (Costa 1991). Gibbsita, boehmita, grupo da crandallita, augelita, variscita, wardita e senegalita so os minerais tpicos do horizonte bauxtico e/ou fosftico. Esses minerais tambm so encontrados em menor quantidade na crosta ferruginosa, onde se restringem ao cimento e/ou matriz e s vnulas. Eles tambm podem constituir ndulos, esferlitos e colunas; os fosfatos ainda formam esferlitos e ndulos fibrorradiais.

152

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

figura 5 - Perfil geolgico simplificado de lateritos jnaturos com estruturao tipo chapu-de-ferro na Amaznia (exemplo, Maicuru e Maracona, no Par, Seis Lagoas, no Amazonas)Figure 5 - Simplified geological profile of autochthone mature laterites with iron hat structuration on Amazon region (Ex.: Maicuru - PA, Maracona - PA, Seis Lagos - AM)

Caulinita e halloysita constituem o horizonte argiloso (mosqueado, saproltico), enquanto os minerais do grupo da esmectita so mais comuns no horizonte plido ou transicional. Os argilominerais constituem o arcabouo fundamental desses dois horizontes, sendo comumente mosqueados e atravessados por vnulas de hematita e goethita. Hidrxidos de Mn como litioforita, todorokita e birnessita podem formar localmente grandes concentraes, at de minrios, como no Azul (Carajs) e Serra do Navio (Amap). Goethita com (Ni, Co, Cu, Cr) e esmectita com (Ni, Co, Cu, Pb, Zn, Sr, Ba), encontram-se no horizonte plido e argiloso, derivadas de rochas mfico-ultramficas. O ouro ocorre como gros (pepitas) de tamanho variado, em geral pequenos, disseminados nos horizontes superiores. Fato interessante o de que, o ouro, mesmo em concentraes relativamente baixas, na faixa de ppb a ppm, inferiores maioria dos elementos traos em lateritos, forma seu mineral prprio, o ouro, enquanto os demais elementos no. Nos lateritos maturos so encontrados os mesmos minerais resistatos dos imaturos, que se concentram nos horizontes superiores. No Pitinga (AM), cassiterita, columbita, xenotima e zircao esto concentrados no perfil latertico com potencial econmico. Composio qumica A composio qumica dos lateritos maturos da Amaznia extremamente varivel e com-

plexa devido diversidade qumico-mineralgica e s mineralizaes das respectivas rochas-mes, bem como aos efeitos policclicos e epigenticos a que foram submetidos posteriormente esses lateritos. Desta forma, ainda quase impossvel estabelecer composio qumica mdia para os lateritos maturos da regio. Talvez seja mais significativo mostrar as relaes gerais entre a concentrao dos elementos principais nos horizontes e na respectiva rocha-me. Com base nesse procedimento, os lateritos maturos apresentam da base (rocha-me) para o topo dos perfis, os seguintes aspectos geoqumicos: Si2, KaO, MgO e MnO2. seus teores decrescem abruptamente. Si2 e KjO o fazem na interface do horizonte argiloso para o bauxtico-fosftico, Fe2O3, TiO2, Al2O3 e H2O: seus teores crescem gradualmente para o topo; FezCb, como j citado, experimenta aumentos bruscos na crosta. Esses so os padres gerais dos lateritos maturos e mesmo dos imaturos. CaO, Na2O e P2O5, cujos teores normalmente decrescem para o topo do perfil, podem, nessa direo, at mesmo aumentarem quando h formao de fosfatos de alumnio, o que menos comum do que os hidrxidos de alumnio. Os elementos traos apresentam-se tambm em um dos padres de distribuio dos elementos principais, que constituem a mineralogia essencial dos perfis:

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

153

Tabela 2 - Os minerais mais frequentes dos lateritos maturos da Amaznia Tabela 2 - The most frequent minerais of matute laterites of Amazon region

V, Cr, Ga, e Mo: seus teores aumentam para o topo, paralelamente ao de Fe2O3 e A12O3, na forma de hematita, goethita e goethita rica em alumnio. Zr, Y, Sc, Nb, Ta, Sn e ETR: concentram-se geralmente, sob a forma de resistatos, acessrios na rocha-me e nos lateritos. Zr, Y, Sc, Nb, ETR, Ba, Rb, Pb e V: podem experimentar elevados fatores de concentrao no topo do perfil, nas propores do P25, como fosfates de alumnio (grupo da crandalita). Ni, Cu, Co, Mn e Zn: seus teores aumentam apenas at o horizonte plido e base do argiloso, na ordem de uma a trs vezes a rocha-me, alojando-se na estrutura dos argilominerais complexos (esmectita, vermiculita) e nos oxi-hidrxidos de ferro e de mangans. Ba, Rb, Sr, Pb, ETR e U: na ausncia de fosfates de alumnio, apresentam o mesmo comportamento do grupo anterior e so absorvidos plos argilominerais complexos. Modo de ocorrncia Na Amaznia, os lateritos maturos ocorrem da seguinte maneira: plats ou morros, cujos topos representam superfcies laterticas reliquiares; plats isolados atingem at 40 km2 de rea, formando-se sobre lateritos bauxticos; como parte do relevo recente, sem qualquer distino morfolgica devido a movimentos tectnicos em blocos, nivelando o relevo antigo com o recente, ou at mesmo invertendo-os. As linhas de pedra so corpos lenticulares, constitudos de fragmentos de lateritos em matriz argilo-arenosa e espalhadosLATERITOS ALCTONES: LINHAS DE PEDRA

por toda Amaznia. Esto intimamente relacionadas com a dissecao do relevo regional durante o Tercirio e o Quaternrio. As linhas de pedra encontram-se comumente como camadas de forma cncava ou convexa, de dezenas a centenas de metros de exteno e com espessura de centimtrica a mtrica. Internamente, as linha de pedra apresentam granulocrescncia (Figs. 6a e 6b). O dimetro dos grnulos oscila entre unidades de milmetro a de centmetro, tem formas irregulares, por vezes com superfcie polida, com crtex externo marrom ou amarelo. Os fragmentos mais comuns so derivados dos lateritos imaturos (horizonte ferruginoso), sobre os quais geralmente se assentam. A matriz, quando presente, de amarela a marrom, argilo-arenosa, proveniente de latossolos e do horizonte mosqueado. Fragmentos e seixos de quartzo e de lateritos maturos (bauxita e fosfates) so tambm encontrados. As linhas de pedra se encontram frequentemente em corpos argilosos ou recobertos por este material, o que lembra a Argila de Belterra. A morfologia dos corpos das linhas de pedra sugere que elas representam paleosuperfcies, ligeiramente onduladas, desenvolvidas durante cobertura veget al tipo savana. Nas reas amaznicas atualmente desmaiadas ou onde h ainda ncleos de savanas (Monte Alegre, Santarm), possvel observar a instalao de futuras linhas de pedra. As linhas de pedra so, assim, resultantes da eroso de corpos laterticos - comuns e aflorantes poca de formao delas - submetidos inicialmente ao intemperismo qumico e seguido de eroso. A deposio dos fragmentos ocorre junto rea-fonte, na forma de avalanches, escorregamentos, eroso diferencial (eluviao) e transporte aquoso.

154

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

ferruginosas de natureza no-latertica so muito frequentes na Amaznia. So compostas essencialmente de oxi-hidrxidos de ferro e alumnio (hematita e goethita), formando camadas, pseudoveios e bolses isolados, sem apresentar as caractersticas dos perfis laterticos descritos anteriormente. Embora no sejam de origem latertica, estas formaes podem ser encontradas dentro dos prprios perfis laterticos. Rochas ferruginosas (ironstones) no-laterticas so encontradas no mundo inteiro. Na Amaznia, foi Katzer (1903) quem as descreveu pela primeira vez, denominando-as de Grs do Par ou Pedra do Par. O prprio Katzer (1903) comenta que o termo imprprio, porque ele encontrou estas rochas ferruginosas em vrias partes da Amaznia, alm do Par. O termo Grs do Par, entretanto, ainda persiste, embora restrito ao Par. Refere-se, geralmente, a um material areno-conglomertico quartzoso, cimentado epigeneticamente por oxi-hidrxidos de ferro. conhecido tambm por pedra jacar e piarra, e tem amplo emprego na construo civil da regio. As rochas ferruginosas no-laterticas, tipo Grs do Par, so normalmente compostas de grnulos de quartzo na faixa de silte a seixos, em cimento marrom epigentico de goethita e hematita. Essa rocha , conseqentemente, densa e escura, representando siltitos, arenitos, conglomerados, brechas, brechas de falhas, vnulas etc, ferruginizados. Neste trabalho, as rochas ferruginosas tipo Grs do Par so classificadas segundo o seu modo de ocorrncia e origem (Fig. 7) em:Rocha ferruginosa (Grs do Par) de interface comumente encontrada como lentes na faixa de contato entre camadas arenosas e argilosas, onde h uma abrupta descontinuidade da permoporosidade, a qual se encontrava em zona aquosa oxidante (geralmente o lenol fretico), rica em complexos de ferro solveis. Pode ser encontrada junto superfcie, bem como a dezenas de metros de profundidade (Fig. 7). Rocha ferruginosa (Grs do Par) estratigrfica Essa se forma pela oxidao direta de camadas de siltitos, conglomerados ou mesmo argilitos, ricos em pirita e matria orgnica, frequentes nas unidades estratigrficas tercirias e quaternrias da Amaznia, quando em contato com as guas superficiais oxidantes, superfcie ou a alguns metros de profundidade. Tanto nesse tipo de Grs do Par como no anterior, a sequncia argilosa junto ao contato com o Grs do Par tambm transformada parcialmente em goethita com alumnio, tornando-se amarela-ocre e compacta. O conjunto uma rocha densa, de marrom a ocre, formando lajeados de centenas de metros de extenso e espessura comumente inferior a 20 cm. Apedra de ferro estratigrfica pode atingir metros de espessura (Fig. 7).

Figura 6 - Cobertura tipo Argila de Belterra e linhas-de-pedras em perfis laterticos na Amaznia (exemplo, Pitinga-AM) Figura 6 - Belterra Clay like covers and stone lines in lateritic profiles from (Pitinga - AM)

Alguns depsitos de "piarras" na Amaznia (piarra o termo que os construtores de estradas na Amaznia do ao material terroso, rico em concentraes, ndulos e esferlitos de oxi-hidrxidos de ferro, situado na superfcie do terreno ou at 2 m de profundidade, e empregado na construo de estradas), usados na construo civil, equivalem s linhas de pedra; outros so de fato o prprio horizonte concrecionrio dos lateritos imaturos.PEUDOLATERITOS (ROCHAS FERRUGINOSAS NO LATERTICAS: GRS DO PAR) Formaes

Figura 7 - Diferentes tipos de pedras de ferro tipo Grs do Par, segundo seu modo de ocorrncia na Amaznia Figure 7 - Different types of Grs do Par ironstones after their occurrence forms in Amaznia

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

155

Rocha ferruginosa (Grs do Par) de olho dgua Esta encontrada nos barrancos de rios e em falsias marinhas, dentro de estratos sedimentares, arenosos finos a grossos, que estiveram sob os efeitos do lenol fretico, interceptados plos barrancos das falsias. Elas no tem representatividade areal, no so penetrativas nas encostas (Fig. 7). O Rio Madeira, em Rondnia, possui excelentes exposies destas pedras nos barrancos s suas margens. Rocha ferruginosa (Grs do Par) de lenol fretico uma rocha ferruginosa comum, formada na zona de oscilao do lenol fretico, independente da natureza da rocha ferruginizada, mas to somente da sua permeabilidade. Pode ser uma parte do perfil latertico, sendo constituda em geral por gros de quartzo agregados por oxi-hidrxidos de ferro.

Rocha ferruginosa (Grs do Par) de fissura Este tipo no convencionalmente conhecido por Grs do Par. uma rocha ferruginosa formada ao longo de fissuras, fraturas, falhas, veios, clivagens, foliaes, estratificaes etc. representada costumeiramente por delgadas acumulaes de goethita com alumnio e goethita, depositadas paralelamente s paredes das fissuras, sempre em estruturas plsmicas bandadas, delineadas pela alternncia de cores amarelas e marrons (Fig. 7).EMBASAMENTO E/OU ROCHA-ME Oslateritos

da Amaznia formaram-se a partir de diferentes tipos de rochas-mes ou foram depositados sobre diferentes tipos de embasamentos (Tab. 3). As rochas-mes so de diferentes idades, do Pr-Cambriano ao Cretceo (lateritos maturos) e do PrCambriano at o Pleistoceno (lateritos imaturos), envolvendo rochas sedimentares, metamrficas e gneas, bem como as prprias rochas laterticas antigas. No causa surpresa esta grande diversidade de rochas-mes, pela vastido da Amaznia, que ocupa grande variedade de ambientes geolgicos. Nos lateritos autctones, a rocha-me normalmente o prprio substrato dos perfis, enquanto nos alctones, substrato e rocha-me podem ser totalmente diferentes. A maioria dos lateritos da Amaznia derivaram de rochas sedimentares, devido a sua grande distribuio areal, como parte das Bacias do Amazonas e Parnaba, aflorantes desde o Mesozico. As regies de lateritos bauxticos e caulnicos da Amaznia derivaram de sedimentos cretceos das Formaes Alter do Cho e Itapecuru, enquanto sedimentos plio-pleistocnicos das Formaes Barreiras e Solimes permitiram a formao apenas de lateritos imaturos. Os lateritos da Amaznia se formaram em pelo menos dois perodos distintos. Os maturos iniciaram o seu estabelecimento no Tercirio Inferior (Eoceno-Oligoceno), segundo Costa (1982), Truckenbrodt et al (1982) e Costa (1984), sendo retrabalhados provavelmente no Mioceno e Pleistoceno (Kotschoubey 1984, Costa 1990, Costa et al. 1991). So do TerciIDADE E TEMPO DE FORMAO DOS LATERITOS

Tabela 3 - Rocha-me dos lateritos da Amaznia Table 3 - Parent rocks of Amazon Laterites

Para mais informaes veja tabela 5 e figuras l e 9

156 rio Inferior, tambm, os lateritos bauxticos dos Escudos das Guianas (Aleva 1981), que devem ter sido formados contemporaneamente com os da Amaznia durante o estabelecimento da superfcie de aplainamento Sul-Americana/Oronoque. Os lateritos imaturos se formaram durante o Quaternrio (Pleistoceno), por ocasio da superfcie de aplainamento Paraguau/Mazarini. No h evidncias de que esses processos se estenderam at o Holoceno. Sobre o tempo de formao dos lateritos, por outro lado, existem poucas informaes. Clculos nesse sentido foram feitos por Oliveira & Schwab (1980), a partir dos lateritos fosfticos de Itacupim, que deram um tempo mnimo de 2,8 Ma. Aleva (1981) sugere 2,0 Ma como tempo de formao para os lateritos bauxticos da Amaznia. Neste trabalho, estima-se que os lateritos maturos tiveram um tempo de formao de 10 a 20 Ma, at mesmo 30 Ma, como sugerem Truckenbrodt et al. (1982) e Bardossy (1983). Esse tempo de formao representa provavelmente o tempo necessrio para a evoluo policclica desses lateritos. Lateritos imaturos, mais jovens devem ter sido formados num intervalo de tempo muito menor, de 0,5 a 1,0 Ma. COBERTURAS Os lateritos da Amaznia quase sempre apresentam algum tipo de cobertura (Tab. 4). provvel que as rochas laterticas mais antigas estejam camufladas por diversos tipos de coberturas. So poucos os exemplos de lateritos desprovidos de qualquer tipo de cobertura, a exemplo dos lateritos ferruginosos de Carajs, os fosfticos do Gurupi e os titanferos de Maicuru e Maracona. Os inmeros lagos que cobrem hoje, parcialmente, esses corpos (Carajs, Gurupi, Seis Lagos, Maicuru, Maracona etc) indicam a presena provvel de coberturas sedimentares j no passado, como se pode, isoladamente, observar nos registros sedimentares a base de calcrios siderticos e argilitos piritosos em Seis Lagos-AM. A cobertura mais tpica dos lateritos da Amaznia est representada pela Argila de Belterra, que se estende por toda regio, tanto sobre os lateritos maturos como sobre os imaturos, sob a forma autctone ou alctone. Essa cobertura encontrada invariavelmente em reas onde h densa floresta tropical, sendo mais espessa quando ocorre sobre os plats. Sombroek (1966) descreveu este material como originrio de sedimentao marinha, enquanto Truckenbrodt & Kotschoubey (1981) sugerem uma sedimentao por fluxo de lama em clima semi-rido. A maioria dos lateritos antigos espalhados pelo mundo foram, aps sua formao, recobertos por sedimentos lacustres, como calcrios, turfas e argilas piritosas, como se pode concluir plos dados de Bardossy (1982).

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

INTEMPERISMO ATUAL DOS LATERITOS Existem significativas evidncias de que tanto os lateritos maturos como os imaturos da Amaznia esto sob os efeitos de intenso intemperismo qumico - instveis, portanto, ao clima tropical holocnico reinante em quase toda regio. O produto final deste intemperismo um latossolo equivalente Argila de Belterra (Wolf 1972, Sombroek 1966). Localmente, ela ainda apresenta pores reliquiares da rocha-me latertica (crosta ferruginosa, bauxita etc), correspondendo, assim, a um novo horizonte saproltico (Fig. 8), derivado de lateritos antigos. Quando autctones, esses latossolos se associam sempre com as linhas de pedras. Mas, em geral, o perfil de alterao dos lateritos da Amaznia, especialmente dos imaturos, mostra material argilo-arenoso, cinza no topo e amarelo na base, onde ainda contm relictos de esferides ferruginosos do antigo horizonte ferruginoso. O desmatamento atual provoca a lixiviao do seu material fino e a concentrao dos grossos, iniciando a formao de futuras linhas de pedras. DEPSITOS MINERAIS ASSOCIADOS Acomplexidade geolgica da Amaznia, gerando complexos tipos petrogrficos, as rochas-mes dos lateritos da Amaznia, bem como a complexa evoluo desses lateritos ao longo do Tercirio, fizeram com que os lateritos apresentem um alto potencial metalogentico. A tabela 5 e a figura 9 do mostras das mineralizaes associadas aos lateritos da Amaznia, at hoje conhecidas. Alm das jazidas de bauxita, ferro, caulinita, mangans e ouro - vrias em fase de explotao organizada -, h ainda os depsitos de nquel, cromita, fosfates, estrncio, titnio, nibio etc, os quais tem alto potencial de conter jazidas. Os lateritos maturos, em decorrncia de seu alto grau de evoluo, o que favorece o elevado grau de diferenciao qumica, so os mais complexos em mineralizaes associadas. Lateritos imaturos so mais propcios a concentrar ouro, urnio, platina, nquel, cobre e cobalto. CONCLUSES O conhecimento atual sobre lateritos na Amaznia permite concluir que os mesmos so muito importantes, no somente para o mapeamento geolgico, como para a prospeco de jazidas minerais. Tambm so importantes porque o seu estudo est contribuindo para o entendimento da evoluo geolgica da Amaznia, especialmente do perodo ps-cretcico. As grandes jazidas da regio, geralmente associadas s rochas laterticas, foram descobertas ainda sob conhecimentos geolgicos apenas gerais, o que faz supor que a regio ainda tem grande potencial a ser desvendado.

Tabela 4 - Tipos de coberturas nos lateritos da Amaznia Table 4 - Types of covers of Amazon Laterites

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

157

Figura 8 - Perfil simplificado da sequncia de intemperismo das rochas laterticas na Amaznia durante o Holoceno ou anteriormenteFigure 8 - Simplifed weathering profle of Amazon laterites during the Holocene or earlier

Tabela 5 - Depsitos de minerais laterticos mais importantes da AmazniaTable 5 - The most important lateritic ore deposite in Brazilian Amazon region

Os nmeros entre parnteses aps os nomes das localidades permitem localiz-las no mapa da figura 9

158

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991

Figura 9 - Jazidas minerais laterticas da Amaznia Brasileira. - Laterito fosftico; sr, ETR - Laterito fosftico estroncfero e/ou com terras raras; Laterito bauxtico; - Laterito manganesfero; CM, Ni, Au - Laterito cuprfero, niquelfero, aurfero; - Laterito caolnico; - Laterito ferruginoso; - Laterito titanfero; - Resistatos (Nb, Zr, Sn, ETR, Cr) Laterito com resistato Figure 9 - Lateritic ore deposits in Brazilian Amazon region. - Al-phosphatic lateritic with Sr; (srj. or- REE; bauxtic; - manganesferau; Cu, Ni, Au - bearing; - kaolinic; -femiginous; - titaniferous. See table 5; - Resostates (Nb, Zr, Sn, REE, Cr)

A explorao geoqumica, se no souber identificar os processos que deram origem formao dos lateritos e sua posterior alterao intemprica, no poder ser bem sucedida na Amaznia, pois a maioria das coberturas superficiais so a base de latossolos autctones e alctones, coluvies e aluvies que derivaram das rochas laterticas durante a evoluo do relevo no Cenozico. Os lateritos so, portanto, importantes registros geolgicos, contendo significativas informaes sobre a evoluo do relevo, do clima, da flora, dos ambientes sedimentares, sobre a formao de colvios e aluvies e sobre neotectnica. Ao contrrio da Austrlia, onde o clima atual rido a semi-rido, a regio Amaznica dominada por clima tropical e por uma correspondente cobertura florestal densa, e complexo sistema fluvial, extenso e caudaloso. Como resultado, os lateritos da Amaznia esto mascarados por espessos latossolos argilo-arenosos a areno-argilosos tipo Argila de Belterra e/ou por cobertura sedimentar, em vez de estarem obliterados por calcretes, silcretes, materiais gipsticos e campos de areia, como na Austrlia. Pelo fato de os lateritos na Amaznia estarem em parte recobertos, o seu mapeamento se torna difcil e os padres de disperso geoqumica da resultantes so completamente diferentes daqueles de regiesALEVA, G.J.J. 1981. Essential differences between the bauxitic deposits along the southern and northern edges of the Guiana Shield, South America. Econ. Geol, 76:1142-1152.

como a Austrlia. Desse modo, a pesquisa de lateritos na Amaznia requer tcnicas um pouco diferentes daquelas aplicadas em regies ridas e semi-ridas. Conseqentemente, torna-se urgente incentivar as pesquisas desses materiais na Amaznia para descobrir tcnicas apropriadas pesquisa mineral em regies como esta, com a finalidade de no incorrer nos erros do passado recente, quando foram empregadas indiscriminadamente na regio e em todo pas tcnicas importadas. Agradecimentos Desejo registrar em primeiro lugar o meu agradecimento minha esposa, Walmeire Alves de Melo Costa, que me assistiu durante estes anos de dedicao aos lateritos da Amaznia. Agradeo a todos meus estudantes e colegas, que propiciaram as valiosas discusses sobre o tema. Sou muito grato ao gelogo Rmulo Simes Anglica, meu mestrando que me incentivou montagem deste trabalho. Meus agradecimentos ao meu secretrio especial Anselmo Jos Monteiro dos Santos durante a preparao do manuscrito e confeco dos desenhos. Este trabalho foi de forma direta e indiretamente apoiado por CNPq, FINEP, PADCT/FINEP, DAAD, CAPES, DOCEGEO, PARANAPANEMA, UFPa, CPRM, PETROMISA e pelo governo do Estado do Acre.ALVES, C. A.; BERNARDELLI, A.L.; BESIEGEL, V.R. 1984. A jazida de nquel latertico do Vermelho, Serra dos Carajs, Par. In: SIMP. AMAZONICO, 2. Manaus, 1984. Anais... Manaus, DNPM. p. 339-353.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

Revista Brasileira de Geocinclas, Volume 21, 1991ASSAD, R. 1978. Depsitos de bauxitas na Amaznia. In: CONGR. BRS. GEOL., 30. Recife, 1978. Anais... Recife, SBG. v. 6, p. 2511-2519. ASSAD, R. & BE1S1EGEL, V.R. 1978. Depsitos de bauxita na Serra dos Carajs, n: CONGR. BRS. GEOL., 30. Recife, 1978. Anais... Recife, SBG. v. 4, p. 1385-1391. ASSAD, R. & NETTO, A.P.A. 1976. Depsitos de bauxita de Almerim. In: CONGR. BRS. GEOL., 29. Ouro Preto, 1976. Anais... Ouro Preto, SBG V. 3, P. 113-115. BANERJI, P.K. 1982. Lateritization processes - Challenges and opportunities. Episodes, 3:16-20. BARDOSSY, G. 1983. A comparison of the main bauxitic region of our globe. In: INT. SEM. ON LATERITIZATION PROCESSES, 2. So Paulo, 1982. Proceedings... So Paulo, IAG/USP. p. 15-51. BEAUVAIS, A.; MELFI, J.A.; NAHON, D.; TRESCASES, J.J. 1987. Ptrologie du gisement latritique mangansifre d' Azul (Brasil). Mineralium Deposita, 22:124-134. BEISIEGEL, V. R. 1982. Distrito ferrfero da Serra dos Carajs. In: SMP. GEOL. AMAZ., 1. Belm, 1982. Anais... Belm, SBG/NNO. Anexo, p. 25-46. BERNARDELLI, A.L. 1982a. Jazida de mangans do Azul. In: SIMP. GEOL. AMAZ., 1. Belm, 1982. Anais... Belm, SBG/NNO. Anexo, p. 51-59. BERNARDELLI, A.L. 1982b. Depsitos de nquel Jatertico do vermelho. In: SIMP. GEOL. AMAZ., 1. Belm, 1982. Anais... Belm, SBG/NNO. Anexo, p. 87-98. BERNADELLI, A.L. & BEISIEGEL, V. R. 1978. Geologia econmica da jazida de mangans do Azul. In: CONGR. BRS. GEOL., 30. Recife, 1978. Anais... Recife, SBG/NNO. v. 4, p. 1431-1444. BERNADELLI, A.; MELFI, J.A.; OLIVEIRA, S.M.B.; TRESCASES, J.J. 1983. The Carajs nickel deposits. In: INT. SEMINAR ON LATERITIZATION PROCESSES, 2. So Paulo, 1983. Proceedings... So Paulo, 1AG/USP. p. 107-118. BRANDT, F. 1932. Ein neuer Typ von Elsen-Tonerde-Phosphat-Vorkommen (Maranho, Nordbrasilien). Chemle der Erde, 7:333-425. CHAUVEL, A.; BOULET, R.; JOIN, P.; BOCQUIER, G. 1983. Aluminium and iron oxi-hydroxide segregation in nodules of latosols developed on Tertiary sediments (Barreiras Group) near Manaus (Amazon Basin), Brazil. In: INT. SEMINAR ON LATERITIZATION PROCESSES, 2. So Paulo, 1983. Proceedings... So Paulo, IAG/USP. p. 507-526. CORRA, S.L.A.; COSTA, M.L.; OLIVEIRA, N.P. 1988. Contribuio geoqumica zona latertica do Complexo Carbonattico de Seis Lagos (Amazonas). In: CONGR. BRS. GEOL., 35. Belm, 1988. Anais... Belm, SBG. v. 4, p. 1959-1968. CORRA, S.L.A.; OLIVEIRA, N.P.; SCHWAB, R.G. 1984. Alguns aspectos mineralgicos e geoqumicos da laterita niquelfera do Vermelho, Serra dos Carajs, e suas implicaes genticas. In: CONGR. BRS. GEOL., 33. Rio de Janeiro, 1984. Anais... Rio de Janeiro, SBG. v. 10, p.

159COSTA, M.L. FONSECA, L.R.; ANGLICA, R.S.; LEMOS, V.P.; LEMOS, R.L. 1991. Gcochemical exploration on the Maicuru AlkalineUltramafic-Carbonatite Complex, northern Brazil. J. Geochem. Explor., (In press). COSTA, M.L.; HORBE, A.C.; HORBE, M.A.; TEIXEIRA, J.T.; COSTA, W.A.M. 1988. Aregiolatertica-bauxticadoPitinga (AM). In: CONGR. BRS. GEOL., 35. Belm, 1988.4nais... Belm, SBG. v. l, p. 256-270. COSTA, M.L.; LEMOS, V.P.; VILLAS, R.N.N. 1991. Bauxite from the Carajs mineral Province. In: MELFI, J.A. & BOULANG, B. eds. Bauxite deposits of Brazil, (In press). DENNEN, W.H. & NORTON, H.A. 1977. Geology and geochemistry of bauxite deposits in the Lower Amazon Basin. Econ. Geol., 72:82-89. GREIG, E.W. 1977. Trombetas and other Amazon Bauxites, Brazil. Soe. Minning Engineers, AIME. 34 p. (Preprint 77-H-92). GROKE, M.G.T.; PROST, D.; ILDEFONSE, P.; MELFI, J.A.; DELVIGNE, J.; PARISOT, J.C. 1985. Alterao dos minerais na zona suprgena da formao cuprfera do Salobo 3A (Serra dos Carajs) - localizao do cobre nos produtos secundrios. Rev. Bros. Geoc., 15(4):293-299. GRUBB, P.L.C. 1979. Gnesis of bauxite deposits in the Lower Amazon Basin and Guianas Coastal Plain. Econ. Geol., 74(4):735-750. GUERRA, A.T. 1965. Formao de lateritas na Bacia do alto Purus (Estado do Acre). B. Geogr., 24(188):750-757. HORBE, A.C. COSTA, M.L. 1990. Balano geoqumico do perfil latertico da Serra do Madeira, Pitinga-Am. In: CONG. BRS. GEOL., 36. Natal,

1990. Anais... Natal, SBG. v.2, p. 855-866. KATZER, F. 1903. Grundzge der Geologie ds unterm Amazonasgebietes

ds Staates Par in Brasilien. Leipzig, M. Weg. 296 p. KLAMMER, G. 1978. Reliefentwicklung in Amazonasbecken und pliopleistozne Bewegungen ds Meeresspiegels. Zeitschr. fr Geomorphologie, 22:390-416. KOTSCHOUBEY, B. 1984. Bauxitas do Baixo Nhamund, regio do Mdio e Baixo Amazonas - natureza e gnese. In: CONGR. BRS. GEOL., 33. Rio de Janeiro, 1984. Anais... Rio de Janeiro, SBG. v. 8, p. 3926-3940. KOTSCHOUBEY, B. 1988. Geologia do Alumnio. In: BRASIL/

4838-4849. COSTA, M.L. 1980. Geologia, mineralogia, geoqumica e gnese dosfosfatos de Jandi, Cansa Perna, Itacupim no Par e Traura e Pirocaua no Maranho. Belm, 146 p. (Tese de mestrado, CG/UFPa). COSTA, M.L. 19C2. Petrologisch-geochemische Untersuchungen zur Gnese von Bauxire und Phosphat-Laterite der Region "Gurupi"

(Ost-Ainazonien). Erlangen (RFA). 189p. (Tese de doutoramento. Mineralogisches Institu, Universitt Erlangen-Nrnberg). COSTA, M.L. 1984. A dinmica de formao de lateritas: o exemplo do NE do Par e NW do Maranho. In: CONGR. BRS. GEOL. 33., Rio de Janeiro, 1984. Anais... Rio de Janeiro, SBG. v. 10, p. 4823-4837. COSTA, M.L. 1985. Contribuio geologia das lateritas do Acre^e sua importncia para construo civil. In: SIMP. GEOL. DA AMAZNIA, 2. Belm, 1985. Anais... Belm, SBG/NNO. v. 2, p. 297-311. COSTA, M.L. 1987. Impresses geolgicas colhidas na regio de Carajs. UFPa/DOGEGEO. 25 p. (Rei. viagem, indito). COSTA, M.L. 1988a. Lateritos: geologia, mineralogia, geoqumica, gnese e depsitos minerais. Belm, CG/UFPa. 120 p. (Monografia indita). COSTA, M.L. 1988b. Os latertos de Rondnia. CPRM, 12 p. (Rei. tc.). COSTA, M.L. 1990a. Lateritos e lateritizao. In: CONGR. BRS. GEOL., 36. Natal, 1990. Anais... Natal, SBG. v. l, p. 404-421. COSTA, M.L. 1990b. Potencial met alogentico dos lateritos da Amaznia. In: CONGR. BRS. GEOL., 36. Natal, 1990. Anais... Natal, SBG. v.3, p. 1371-1385. COSTA, M.L. 1991. Mineralogia, geoqumica, gnese e epignese dos lateritos de Jandi. Geochimica Brasiliensis, 4(1):85-110. COSTA, M.L.; COSTA, W.A.M.; S, J.H.S. 1978. Fosfates da regio nordeste do Par e noroeste do Maranho. In: CONGR. BRS. GEOL., 30. Recife, 1978. Resumo das Comunicaes... Recife, SBG. Boi. l, p. 115-116. COSTA, M.L.; COSTA, W.A.M.; SCHWAB, R.G. 1980. Mineralogia das ocorrncias de fosfates laterticos do Par e Maranho (Brasil). In: CONGR. BRS. GEOL., 31. Cambori, 19SO. Anais... Cambori, SBG. v. 4, p. 1982-1996. COSTA, M.L. & S, J.H.S. 1980. Os fosfates laterticos da Amaznia Oriental: geologia, mineralogia, geoqumica e correlao com as bauxitas da Amaznia. In: CONGR. BRS. GEOL., 31. Cambori, 1980. Anais... Cambori, SBG. v. 3; p. 1459-1472. COSTA, M.L. & ARAJO, E.S. 1990. Projeto Lateritinga: um estudo geoqumico orientativo para os lateritos da Amaznia, In: CONGR. BRS. GEOL., 36. Natal, 1990. Anais... Natal, SBG. v. 2, p. 837-854.

DNPM/CVRD. v.3, p. 599-619. KOTSCHOUBEY, B. & LEMOS, V.P. 1985. consideraes sobre a origem e a gnese das bauxitas da Serra dos Carajs. In: SIMP. GEOL. DA AMAZNIA, 2. Belm, 1985. Anais... Belm, SBG/NNO. v. 3, p. 48-61. KOTSCHOUBEY, B.; MENEZES, L.A.A.; TRUCKENBRODT, W. 1984. Nature et evolution ds bauxites du secteur de Jabuti-Ipixuna (distric de Paragominas, Etat du Par, Brasil). In: CONGR. NAT. SOC. SAV, 109. Dijon, 1984. Sciences... Dijon. fase. l, p. 335-345. KOTSCHOUBEY, B. & TRUCKENBRODT, W. 1981. Evoluo poligentica das bauxitas do distrito de Paragominas-Aailndia (Estados do Par e Maranho). Rev. Bros. Geoc., 11(3): 193-202. KRONBERG, B.I.; COUSTON, J.F.; STILIANIDI FILHO, B.; FYFE, W.S. NASH, R.A.; SUGDEN, D. 1979a. Minor element geochemistry of Paragominas bauxites, Brazil. Econ. Geol., 74:1869-1875. KRONBERG, B.I.; FYFE, W.S.; COUSTON, J.F.; STILIANIDI, F, B.; McKINNON, B.J.; NASH, R.A. 1982. Model for bauxite formation: Paragominas (Brazil). Chem. Geol, 35(3/4):311-320. KRONBERG, B.I.; FYFE, W.S.; LEONARDOS, D.H.; SANTOS, A.M. 1979b. The geochemistry of some Brazilian soils:. element mobility during intense weathering. Chem. Geol., 24:211-229. LEMOS, V.P. & COSTA, M.L. 1987. Partio dos terras raras nos lateritos fosfticos de Maicuru-PA. In: CONGR. BRS. GEOQUMICA, 1. Porto Alegre, 1987. Anais... Porto Alegre, SBGq. v. l, p. 83-102. LEMOS, V.P. & VILLAS, R.N.N. 1983. Alterao supergnica das rochas bsicas do Grupo Gro-Par - implicaes sobre a gnese do depsito de bauxita de N5. Serra dos Carajs. Rev. Bros. Geoc., 13(3): 165-177. LIMA, W.N. & REYMO, M.F.F. 1983. Estudo termodinmico terico e aplicado s alteraes de hidroxi-fosfatos naturais: fosfates laterticos

MME-DNPM. Principais Depsitos Minerais do Brasil. Braslia,

de Jandi (PA) e Pirocaua (MA). Rev. Bros. Geoc., 13(1):41-51. LUCAS, Y. 1989. Systemes pedologiques en Amazonie Brasilienne. Equilibres, desequilibres et transforinations. Poltiers 159 p. (Tese de

doutoramento, Universit de Poltiers). LUCAS, Y.; KOBILSEK, B.; CHAUVEL, A. 1989. Structure, gnesis, and present evolution of Amazonian bauxites developed on sediments. In: INTERN. CONG. ICSOBA 6, Poos de Caldas, Brazil, 1989. Proceedings... Travaux, ICSOBA. 22:81-94. OLIVEIRA, N.P. & SCHWAB, R.G. 1980. Itacupim: um exemplo da influncia do fsforo sobre o desenvolvimento de perfis laterticos. In: CONGR. BRS. GEOL., 31. Cambori, 1980. Anais... Cambori, SBG. v. l, p. 184-196. OLIVEIRA, C.M.; FONSECA, L.R.; OLIVEIRA, N.P. 1988. A laterita titanfera de Maracona (PA). In: CONGR. BRS. GEOL., 35. Belm, 1988. Anais... Belm, SBG. v. l, p. 271-285. SCHELLMANN, W. 1980. Considerations on the defmition and classification of laterites. In: INT. SEMINAR ON LATERITIZATION PROCESSES, 1. Trivandrum, 1979. Proceedings... Trivandrum, Oxford & Ibh. p. 1-10. SCHWAB, R.G.; COSTA, M.L.; OLIVEIRA, N.P. 1983. Ueber die Entwicklung von Bauxiten und Phosphat-Lateriten der Region Gurupi (Nordbrasilien). Zbl Geol. Palont., 1(3/4):530-580. SCHWAB, R.G.; OLIVEIRA, N.P. CORRA, S.L.A. 1985. The nickel laterites of Serra dos Carajs (rea Vermelho). Zbl. Geol. Palont., 1:99-111.

160SCHWAB, R.G.; HEROLD, H.; COSTA, M.L.; OLIVEIRA, N.P. 1989. The formation of aluminous phosphates through lateritic weathering of rocks. Deposits. Atenas, Theophrastus. v. 2, p. 369-386. SHAW, E.W.; WRIGTH, W.H.; DARNELL J. 1925. The mineral resources of Maranho, Brazil. Econ. Geol, 20:929-932. SIQUEIRA, N.V.M. & LIMA, W.N. 1982. Estudo geoqumico de alteraes e distribuio dos elementos em perfil latertico desenvolvido sob influncia do fsforo - Pirocaua (MA). In: CONGR. BRS. GEOL., 32. Salvador, 1982, Anais... Salvador, SBG. v. 5, p. 1991-2001. SOMBROEK, W.G. 1966. Amazon soils. A reconnaissance ofthe soils ofthe Brazilian Amazon region. Wageningen, Centre for Agri. 292 p. (Publ. Document). SOMBROEK, W.G. & CAMARGO, M.N. 1983. Groundwater laterite and ironstone soils in Brazil, with examples from the Amazon Region. In: INT. SEMINAR ON LATERITIZATION PROCESSES, 2. So Paulo, 1982. Proceedings... So Paulo, IAG/USP. p. 541-552. TOWSE, D. & VINSON, P. 1959. Lateritas aluminosas do Baixo Amazonas. Eng. Min. Met., 30(177):133-135. TRUCKENBRODT, W. 1982. Alguns aspectos microfaciolgicos das bauxitas na parte leste da regio Amaznica. In: CONGR. BRS. GEOL., 32. Salvador, 1982. Anais... Salvador, SBG. v. 2, p. 695-701. TRUCKENBRODT, W. & KOTSCHOUBEY, B. 1981. Argila de Belterra Cobertura terciria das bauxitas amaznicas. Rev. Bros. Geoc., 11(3):203-208. TRUCKENBRODT, W.; KOTSCHOUBEY, B.; GES, A.M. 1982. Consideraes a respeito da idade das bauxitas na parte leste da regio

Revista Brasileira de Geocincias, Volume 21, 1991 Anais... Belm, SBG/NNO. v. l, p. 201-209. VALARELLI, J.V. 1967. O minrio de mangans da Serra do Navio, Amap.Amaznica. In: SIMP. GEOL. DA AMAZNIA, 1. Belm, 1982.

In: BALASUBRAMANIAM et al. eds. Weathering: its Products and

So Paulo (Tese de Doutoramento, FFCL/USP). VALARELLI, J.V; BERNARDELLI, A.; BE1SIEGEL, V.R. 1978. Aspectos genticos do minrio de mangans do Azul. In: CONGR. BRS. GEOL., 30. Recife, 1978. Anais... Recife, SBG. v. 4, p. 1670-1679. VALETON, I. 1972. Bauxites. Developments in Sou Science 1. Amsterdam,

Elsevier. 226 p. VEIGA, M.M. 1984. Propriedades geoqumicas da ligao cobre-xidos hidratados de ferro: um estudo do minrio alterado do Salobo 3A,

Carajs-PA. Rio de Janeiro, (Dissertao de mestrado, UFF). VEIGA, A.T.C.; BRAIT FILHO, L.; OLIVEIRA, C.A.C. 1985. Geologia da Provncia aurfera do Cassipor-Amap. In: SIMP. GEOL. AMAZNIA, 2. Belm, 1985. Anais... Belm, SBG/NNO. v. 3, p. 135-146. VIEIRA, M.A.M.; GUIMARES, I.G.; AMARAL, M.A.M. 1984. Perfil de alterao de xistos da jazida de cobre Salobo 3A-Par. In: S YMPOSIUM AMAZONICO, 2. Manaus, 1984. Anais... Manaus, DNPM. p. 313-326. WOLF, F.A.M. 1972. Bauxita na Amaznia. Belm, DNPM. 46 p.

MANUSCRITO A608 Recebido em 06 de julho de 1989 Reviso do autor em 08 de abril de 1991 Reviso aceita em 07 de maio de 1991