livre do poder do pecado

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LIVRE DO PODER DO PECADO A verdade da cruz Watchman Nee by Lc. Password

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Page 1: Livre do Poder do Pecado

LIVRE DO PODER DO

PECADO

A verdade da cruz

Watchman Nee by Lc. Password

Page 2: Livre do Poder do Pecado

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A alma do homem é o próprio

homem, onde reside a sua

personalidade, o seu caráter e

os seus desejos.

Page 3: Livre do Poder do Pecado

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Viver Na Carne Ou No Espirito De Deus

A alma está ligada ao mundo natural através do corpo e está ligada ao mundo espiritual

através do espirito. Na queda do ser humano, o espirito dado por Deus deixou o

comando para a alma, como a alma é fraca, deixa-se governar pelo corpo, que é a carne.

Os que não nasceram de novo estão mortos, podem não ter consciência de seus

pecados ou podem estar orgulhosos considerando-se melhores que os outros. O homem

não entende a palavra de Deus e tenta melhorar e reformar a sua carne. “O que nasce da

carne é carne” Jo 3:6. Deus afirma que a carne é imutável. Se tentarmos reformar a

carne, estamos tentando mudar o que Deus disse que é imutável. Deus não transforma a

carne, Ele nos dá o poder para vencer a concupiscência da carne. A carne deve ser

crucificada. “Os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne com suas paixões e

concupiscências” Ga 5:24. A minha carne foi crucificada; as tentações continuam a nos

provar, mas não cedemos, porque morremos para o pecado.

A carne é totalmente corrompida, a única maneira de se libertar dos pecados da

carne é a sua morte. “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que,

como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela gloria do Pai, assim também

andemos nós em novidade de vida” Rm 6:4. Nós não temos que crucificar a carne, mas

sim reconhecer o que Deus diz, que a carne foi crucificada na cruz, não andamos mais

segundo nossa visão do pecado, mas sobre a nossa fé na palavra de Deus. Todos os que

aceitaram a Jesus e estão cheios do Espirito de Deus, não tem inclinação para o pecado,

mas não estão livres de cair em pecado. Qual morte escolhemos? A morte da carne, que

é a cruz, para vivermos no Espirito de Deus ou a morte do Espirito para vivermos na

carne, que é a vontade do nosso corpo. Se a carne estiver viva o Espirito Santo não pode

habitar em nós.

Cristo liberta o crente do poder do pecado, por meio da cruz e por meio do Espirito

Santo que nele reside; capacitando-o a vencer o seu eu, dia após dia, para uma

obediência completa. A negação do eu tem que ser uma experiência diária e continua.

Deus quer que todos venham a Ele, num espirito de dependência, totalmente submissos

a Seu Espirito e esperando humildemente nEle. Cristo crucificado é a sabedoria de Deus

em nós. Tem que acontecer uma transformação em nossa vida, de maneira que agora,

amamos o que antes odiava e odiamos o que antes amava. Vivendo com fé e

consagração plena no Senhor.

Tentar seguir a Deus sem negar o eu é a raiz de todos os fracassos. Se não damos a

carne a oportunidade de pecar, ela está disposta a fazer o bem. Embora, se lhe de

oportunidade de fazer o bem, logo voltará a pecar, é assim que Satanás quer enganar os

filhos de Deus. Se os crentes mantivessem a carne crucificada, o inimigo não teria

oportunidade, porque é na carne que ele age com suas tentações. Se toda carne, não só

uma parte, estiver crucificada, ele não tem como agir, fica sem trabalho. Por isso ele

está disposto a permitir que levemos a parte pecaminosa de nossa carne a morte, se

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puder nos enganar para que retenhamos a parte boa. O inimigo sabe perfeitamente, se a

parte boa permanecer intacta, a vida da carne ficará preservada, ainda terá um lado da

ponte para recuperar o território que perdeu. Ele sabe muito bem que a carne tem poder

de recuperar o território perdido e retornar ao pecado. Isto explica porque muitos

crentes tornam a servir ao pecado depois de terem sido libertos.

Se o Espirito Santo não tiver o controle total e constante na questão de adoração a

Deus, também não poderá manter o domínio na vida diária. Se eu não me negar por

completo diante de Deus, também não posso me negar diante dos homens e vencer o

meu ódio e o meu egoísmo. Por causa da ignorância desta verdade, os crentes tentam

aperfeiçoar pela carne o que começaram no Espirito. Se não proibimos a carne de fazer

o bem, não podemos impedi-la que faça o mal. Precisamos ter o entendimento, que a

corrupção da carne é a mesma ao gabar-se por fazer o bem, como a de seguir as más

paixões. O Senhor Jesus diz, “a carne não serve de nada” Jo 6:63. Tanto faz, se for o

pecado da carne ou a bondade da carne. Por mais, que os crentes tentem aperfeiçoar a

carne, aos olhos de Deus tudo é inútil. Porque a carne não pode melhorar a vida

espiritual, nem efetuar a justiça de Deus: “Porque o pendor da carne dá para a morte”

Rm 8:6. A única saída é levar a carne a cruz. “Por isso, o pendor da carne é inimizade

contra Deus” Rm 8:7. A carne se opõe a Deus. “Não está sujeito a lei de Deus, nem

mesmo pode estar” Rm 8:7. Quanto mais a carne se esforça, mais se afasta de Deus.

“Pela lei vem o conhecimento do pecado” Rm 3:20. “Os que estão na carne não podem

agradar a Deus” Rm 8:8, Só podemos agradar a Deus, através de seu Filho. O que

fazemos pode parecer bom, mas provem da carne. Para satisfazer a Deus a origem

deve estar em Jesus, somente nele, o único acesso. Agora, podemos compreender

como são inúteis o esforços da carne para agradar a Deus. Precisamos entender

claramente a visão de Deus, para vivermos em harmonia com sua vontade.

Como seres humanos, podemos discernir quais são as boas obras e as más. Deus vai

além e faz a distinção apoiada na origem de cada obra. A melhor das ações da carne

desagrada a Deus tanto quanto uma obra má, porque as duas são da carne. Do mesmo

modo, que a injustiça aborrece a Deus, a justiça própria também o aborrece. As boas

ações que fazemos naturalmente sem a regeneração que provem da união com Cristo ou

da dependência do Espirito Santo, não são menos carnais para Deus, do que a

imoralidade, impureza e libertinagem.

Por melhores que sejam as ações do homem, senão vierem de uma verdadeira

confiança no Espirito Santo, são carnais e Deus as rejeita. Tudo que pertence a carne

aborrece a Deus, Ele não leva em conta as aparências, tanto se tratando de um pecador

como de um santo. Seu veredicto é: a carne deve morrer. “Eu sei, isto é, em minha

carne não habita bem algum” Rm 7:18. Muitos supõe, que só as pessoas do mundo

precisam ser convencidas do pecado, que os santos não tem necessidade do Espirito

Santo convence-los de seus pecados. A convicção que todos somos pecadores deve ser

produzida de modo incessante em nossas vidas, para que não percamos nem por um

momento a verdadeira condição de nossa carne e da avaliação que Deus faz dela. Que

nunca acreditemos em nós mesmos, nem confiemos em nossa carne, porque sabemos

que não podemos agradar a Deus por este caminho. Confiando sempre no Espirito

Santo, e em nenhum momento ceder espaço ao nosso ego.

Se houve alguém que poderia se orgulhar de sua carne, seria Paulo, porque teve um

encontro com Cristo ressuscitado e foi usado grandemente por Ele, mas Deus abriu seus

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olhos para que visse, que em sua carne não habita bem algum, só o pecado. A justiça

própria, que tinha se orgulhado no passado, considerou lixo e a partir daí, aprendeu a

não confiar mais na carne. “Não tendo justiça própria, que procede da lei, se não a que

é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus” Fp 3:9. Da mesma maneira,

que o cristão deve ser libertado do poder do pecado da carne, por meio da cruz, também

deve ser libertado da justiça da carne, por meio da cruz. Andando no espirito, o crente

não vai seguir a carne para o pecado nem para a justiça própria. Se estamos na carne e

não no espirito, tudo o que fazemos tem por intenção a ostentação própria, com o

objetivo de ser visto e admirado pelos outros.

Existe tanto o bem natural como o mal natural em nossa carne, só o Espirito de

Deus pode vivificar a carne. Não estamos discutindo o pecado, mas as consequências da

vida natural do homem. Tudo o que é natural, não é espiritual. Não só, temos que negar

nossa justiça, mas também nossa sabedoria ambas devem ser cravadas na cruz.

A vida da carne pode ajudar a servir a Deus, a meditar sobre a verdade, a consagrar-

se ao Senhor e pode motivar a execução de bons atos. O cristão pode tornar a sua vida

natural de maneira, que de a impressão de estar servindo a vontade de Deus, mas “os

que estão na carne não podem agradar a Deus” Rm 8:8. O que fazem, pode parecer

bom, mas provem da carne, para satisfazer a Deus a origem deve estar unicamente no

seu Espirito.

Antes, que o Espirito Santo possa encher plenamente uma pessoa, tem que haver

uma entrega completa da carne a cruz. Ser crucificado com Cristo, significa aceitar o

vitupério, que nosso Senhor aceitou. Não somos humildes o suficiente para aceitar de

boa vontade a cruz, resistimos em admitir que somos impotentes, inúteis e totalmente

corruptos até o ponto de visualizar, que para nós não existe outra saída, a não ser a

morte. Falemos agora sobre a morte, a morte consciente do eu, para que o Espirito Santo

penetre em seu íntimo profundamente pela cruz de Cristo, para que o Espirito de Jesus

seja uma experiência real em sua vida. Deixando que o Espirito da cruz atue, até que o

morrer para as coisas que o mundo nos oferece seja completo.

É preciso ter o entendimento que a morte da cruz é continua; não nos enganemos

pensando que somos tão avançados espiritualmente, que a carne já não tem poder para

nos seduzir. Essa é a intenção do inimigo, de nos apartar da base da cruz, com o

objetivo de nos tornar carnais interiormente e espirituais por fora. O caminho seguro

está no Espirito Santo de quem dependemos e por meio da sua presença, seremos

ensinados a não ceder terreno a carne. Temos que nos submeter alegremente a Cristo e

confiar no Espirito Santo, para que nos aplique a sua morte da cruz. Tal como antes,

estávamos cheios da carne, agora estamos cheios do Espirito. Podemos então dizer: “a

vida que agora vivo na carne, não a vivo eu, mas Cristo vive em mim” Ga 2:20.

Devemos simplesmente acreditar, que nosso Senhor nos deu seu Espirito e que agora

habita em nós. Confiando que ele habita em nós. Sendo este, o segredo da vida de Cristo

em nós, que seu Espirito reside no mais profundo do nosso ser, no nosso espirito.

Aprendamos agora seguir sua direção. Esta direção, não surge na mente ou nos

pensamentos; mas através da vida do Espirito de Deus se manifestando em nós. Temos

que ceder diante de Deus e deixar que seu Espirito governe tudo. Ele vai manifestar o

Senhor Jesus em nossa vida, está é a sua missão. “Porque circuncisão somos nós, que

servimos a Deus em espirito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na

carne” Fp 3:3. Temos que confiar no Espirito Santo, e nos submeter somente a Ele.

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Com este tipo de confiança e obediência; a carne em humildade perderá todo o seu

poder. Nossos pensamentos são muito importantes, porque o que acontece em segredo

com a nossa mente irá aparecer externamente em palavras e atos.

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O Velho Homem E A Cruz

A libertação do poder do pecado para o crente, deve acontecer no exato momento em

que o pecador aceita ao Senhor Jesus como salvador e nasce de novo. Não tem que

esperar ser um crente há muitos anos e ter sofrido uma multidão de derrotas, para

usufruir deste verdade. “Sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com

ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado”

Rm 6:6. A palavra nos diz, que fomos escravos do pecado e o pecado era nosso amo.

Temos que reconhecer que o pecado tem poder, porque nos faz escravos. O poder do

pecado nos arrasta para obedecer ao velho homem, de modo que passamos a pecar.

Pecamos porque o velho homem ama o pecado e o seu poder está carregado de desejos

carnais. O processo de pecar segue está ordem: primeiro o pecado, em seguida o velho

homem e finalmente o corpo:

- O pecado usa seu poder para atrair o homem e induzi-lo a pecar.

- O velho homem se deleita no pecado e submete o corpo a pecar.

- O corpo serve como um boneco, um escravo e pratica o pecado.

O pecado se apoderou do nosso corpo e o forçou a servidão. O corpo passou a ser

fortaleza do pecado, seu instrumento e guarnição. Portanto, não há designação mais

apropriada para o velho homem do que o corpo do pecado:

- “Para que o corpo do pecado seja reduzido a impotência” Rm6:6.

- “Não reine pois o pecado em seu corpo mortal, de modo em que o obedeçam em

suas concupiscência” Rm 6:12.

- “Nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumento

de iniquidade” Rm6:13.

- “Me fazendo cativo do pecado que está em meus membros” 7:23.

- “Quem me livrará do corpo desta morte?” Rm7:24.

Deus não arranca a raiz do pecado que reside dentro do homem, nem elimina o

pecado que está do lado de fora do homem (o pecado que está no mundo, que é a

tentação); mas Deus trata do velho homem, que está entre estes dois lados.

O Senhor Jesus quando esteve na cruz, levou sobre si não só os nossos pecados,

mas também nosso velho homem para morte. Como a cruz é um fato consumado,

também o nosso velho homem, que foi crucificado com Ele, é um fato consumado. A

atitude do crente de ficar crucificando a si mesmo, demostra falta de revelação ou falta

de fé. Os resultados são evidentes, não possuem poder para serem libertos do pecado. A

palavra nunca nos instruiu para que crucifiquemos a nós mesmos. Nos ensina que:

quando Cristo foi ao calvário, nos levou com Ele e ali nos crucificou juntamente com

Ele. Se fomos crucificado com Cristo, um fato que já se realizou, que maravilha é a

realidade de estarmos em Cristo. Entretanto, o fato de termos a certeza desta verdade,

não nos capacita a resistir à tentação. Está revelação se confirma pela presença do

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Espirito Santo, que manifesta de maneira natural em nossa vida o seu poder, nos

capacitando a acreditar e viver está verdade. A fé vem pela revelação.

Como consequência da crucificação do velho homem, o corpo do pecado foi

reduzido a impotência. Anteriormente, quando o pecado estimulava, o nosso velho

homem respondia e o corpo cometia pecado. Com a crucificação do velho homem e sua

substituição pelo novo homem, o pecado pode ainda tentar induzir, mas só prospera se

achar o consentimento do velho homem. O pecado já não pode tentar o crente, porque é

um novo homem, o velho morreu. A ocupação do corpo antigamente era pecar, mas este

corpo de pecado agora está sem ocupação, porque o velho homem foi posto de lado.

Louvado seja o Senhor por esta nova vida, onde não servimos mais ao pecado. Isto, foi

o que Deus fez em nós, para nos libertar do poder do pecado. O pecado não vai mais

exercer domínio sobre nós. Aleluia, temos que louvar a Deus por esta libertação.

“Considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” Rm

6:11.

Se persistirmos com fé e obediência, poderemos contar com o poder da Palavra de

Deus, mas se nos negarmos a renunciar algo ou oferecermos resistência a Deus, o

pecado vai voltar ao antigo domínio, e já não permanecemos em Cristo. Devemos

aprender a viver em Cristo pela fé, nunca nos considerando fora dEle, aprendendo a crer

diariamente, que estamos em Cristo e que tudo que é verdade dEle é verdade nossa.

Para Deus, nenhum custo é muito alto, tudo pode ser sacrificado, contanto que o

agrademos. Aprendamos a ser filhos obedientes, a cada dia, e o pecado não terá mais

poder sobre nós.

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A Alma E A Vida Natural

Antes da queda do homem, a alma ficava a disposição do espirito para ser dirigida, mas

depois da queda, o homem tornou-se um ser carnal, e o pecado passou a reinar no corpo,

e a natureza carnal passou a escravizar a alma e a vida do homem. Desta forma o pecado

passou a natureza do homem, enquanto que a alma passou a ser a vida do homem.

Enquanto ainda somos pecadores, nossa vida é a nossa alma e a nossa natureza é o

pecado. Vivemos por meio da alma e a disposição e o desejo da nossa vida está em

conformidade com o pecado. Podemos dizer que o que decide o nosso andar é o pecado,

mas o que proporciona a força para andar de maneira pecaminosa é a alma. O pecado se

apresenta e a alma executa, esta é a condição do não crente.

Quando o crente aceita a graça do Nosso Senhor Jesus como seu substituto na cruz,

recebe a vida de Deus, e seu espirito é avivado. A partir deste momento abrem-se dois

caminhos na vida do crente, a vida do Espirito que é a natureza de Deus e a vida da

alma que é a natureza do pecado.

A vida inicial do crente varia entre êxitos e fracassos. Mais tarde quando conhece a

libertação da cruz e aprende a exercitar a fé, e considerar o velho homem crucificado, o

crente estará capacitado a vencer e o pecado não o dominará mais como antes. A

libertação do poder do pecado é o primeiro passo na santificação, uma vez derrotado o

pecado, somos chamado a vencer o nosso ego, inclusive a melhor parte de nós, o eu

cheio de boas intenções, boas obras e religiosidade. O perigo agora, está em tentar

agradar a Deus com seu próprio poder, em vez de aprender a ter o entendimento da

vontade dEle, que procede do Espirito Santo. O crente deve confiar e esperar

humildemente antes de executar os Seus propósitos. Para realizar a Sua vontade em

nossa vida, é fundamental:

- Estarmos libertos do poder do pecado.

- Termos a capacidade de negarmos a nós mesmos

- Desprendermos da força natural da vida da alma.

Precisamos perceber que além do pecado, há dois poderes que residem em nós: o

poder do Espirito e o poder da alma. O poder do Espirito, recebemos do Espirito Santo

na nossa conversão, enquanto que o poder da alma, nos foi concedido de modo natural

quando nascemos.

O caminho de Deus é claro, temos que negar tudo o que se origina em nós, o que

somos, o que temos e o que podemos fazer, para sermos movidos inteiramente pelo

Espirito Santo, pelo qual captamos diariamente a vida de Cristo. A falha de entender ou

obedecer a Sua vontade, nos deixa apenas a alternativa de voltar a viver segundo o

poder da alma.

O cristão espiritual é aquele cujo espirito é guiado pelo Espirito de Deus; recebe o

poder para seu caminho diário de vida, através do Santo Espirito, que reside em seu

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espirito; não permanece na terra procurando fazer a sua própria vontade, mas sim a

vontade dEle, não confia mais em sua capacidade para planejar e executar seu serviço a

Deus. A regra é permanecer quieto no espirito, sem ser influenciado ou controlado pelo

homem exterior.

O crente carnal é controlado pelo poder da alma, embora esteja de posse do poder

do Espirito de Deus não tira recursos do mesmo para sua vida. Em sua experiência

diária persiste fazendo da alma a sua vida, e continua apoiando-se em seu próprio poder.

Contribui para obra de Deus com sua sabedoria natural, executando boas obras, que

podem até ser admiradas, mas a sua existência cotidiana é governada e afetada pelo

homem exterior.

A vida da alma e a vida do espirito coexistem dentro de nós. Somente se a

influência dominadora da alma for quebrada é que podermos seguir a intuição

direcionada pelo Espirito. Então, seremos crentes seguidores e o Espirito Santo o

originador. O crente espiritual não deve depender de si mesmo, e empregar a sua própria

força e engenhosidade para executar a vontade de Deus. “Sempre que for requerida uma

ação, o crente deve se aproximar de Deus com um proposito fervoroso, plenamente

consciente de sua fraqueza e pedir um caminho”. Só agir guando receber a Sua direção,

contando com o poder do Espirito Santo. Com uma atitude assim, Deus sem dúvida, irá

conceder poder para que a obra seja realizada de acordo com Sua vontade.

A alma está separado do espirito, mas com uma proximidade tão intima, que

facilmente o espirito pode ser influenciado pela alma, assim como a alma era

influenciada pelo corpo, para ceder aos desejos e as concupiscências da carne. Se a alma

já está liberta da tirania do corpo, ficamos na expectativa de que ela seja obediente a

vontade do Espirito de Deus que habita em nós.

Se o crente examinar-se cuidadosamente sob o raio da luz de Deus, irá perceber

dois tipos de poder dentro dele: por um lado andar pela fé, confiando no Espirito Santo

ou por outro andar por si mesmo, na vida da alma, seguindo suas emoções, ideais e

atividades. Somente sob orientação do Espirito Santo em seu espirito, será capaz de

detestar a vida da alma. O tipo de vida que escolher, irá determinar o caminho a seguir.

Quem é espiritual não vive pelo sentimento, mas sim pela fé. O crente que a alma está

no controle, não espera em Deus, tudo o que faz é precipitado, impetuoso e com pressa.

Opera mais por impulso do que por princípio. São impulsionados por seu zelo e paixão

até ao ponto de não esperar que Deus deixe claro sua vontade e seu caminho. Os que

vivem no reino da alma possuem uma voraz ambição, seus desejos ocupa com

frequência o primeiro lugar, aspiram ser operários poderosos, usados grandemente pelo

Senhor. A bíblia e a vida real juntas dão prova do fato, de que os crentes carnais são

controlados simultaneamente: por um lado, por seu corpo, para incorrer em pecado e

por outro, por sua alma, para viver conforme si mesmo. Algumas vezes, seguem o

pecado do corpo e outras a vontade da própria alma.

A força da vida da alma é o ego, que é a nossa força natural interior e as faculdades

da alma são: a vontade, a mente e a emoção. É vital para os crentes ver a sua verdadeira

condição exposta pela luz de Deus, para que possam ser libertos, para não mais usar a

sua luz em sua própria iluminação, para que seu estado espiritual possa crescer.

A emoção é o que os crentes mais confundem com espiritualidade. Os crentes

carnais cuja tendência é de caráter emocional, normalmente desejam ter sensações.

Desejam sentir a presença de Deus em seus corações e em seus órgãos sensoriais;

Page 11: Livre do Poder do Pecado

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desejam sentir o fogo ardente do amor. Querem sentir-se elevados em sua vida espiritual

e ser prósperos na obra.

A bíblia traduz o termo alma como: ser vivente, criatura vivente, animal ou vida

animal. Isso pode nos ajudar a entender o poder da alma. Podemos então descrever a

vida e a obra dos crentes que estão no reino da alma, como atividades animais. Muitos

planos, muitas atividades, pensamentos confusos e emoções misturadas; todo o ser,

tanto por dentro como por fora é agitação e tumulto. Podemos entender que a tendência

da alma é caída e de fazer o crente andar segundo o seu poder natural; servir a Deus

com suas forças e conforme suas ideias; desejar sensações físicas no conhecimento do

Senhor ou na experiência da sua presença e compreender a Palavra de Deus com o

poder de sua mente. Deus considera nossa atividade animal no serviço espiritual como

insolência. “Todas as nossas justiças, são como trapos de imundícia” Is 64:6.

O pensamento da maioria dos crentes é de que mal pode haver em viver segundo as

forças naturais, desde que não pequem? Por isso, fazem tudo o que podem para

demostrar bondade e inspirados por suas próprias virtudes. Perguntam: Se Deus

concedeu dons e talentos e estão trabalhando para Ele, porque não podem usar o seu

entendimento para planejar e executar a obra do Senhor? Estas duvidas resumem o que

muitos crentes questionam em seus corações, e mostram que não sabem fazer distinção

entre a vida espiritual e a vida natural da alma. Não receberam as revelações do Espirito

Santo sobre os vários males de sua obra fundamentada na vida natural da alma. É

necessário, que tenham humildade, sinceridade e boa vontade para abandonar tudo o

que não for revelado, porque o Espirito Santo irá mostrar no momento apropriado a

corrupção existente em sua vida natural.

O Espirito Santo irá capacita-los, para que compreendam que toda sua obra e

progresso estão centrados no eu e não no Senhor. Suas boas obras são feitas, não só

pelos seus próprios esforças, mas também de modo primário, para sua própria gloria.

Não procuram obedecer a vontade de Deus, nem aceitam a sua direção. Embora estes

crentes usem os talentos concedidos por Deus, pensam só nos grandes dons que

possuem, esquecendo-se do Doador desses dons. Com alegria admiram a Palavra de

Deus, mas procuram conhecimento somente para satisfazer a aspiração de sua mente,

resistem a esperar que Deus lhes dê sua revelação no devido tempo. A busca da

presença de Deus, não é por amor a Ele, mas sim para sua própria felicidade.

Só depois de serem iluminados pelo Espirito Santo sobre o caráter aborrecível desta

vida, é que os filhos de Deus se tornam alertas e despertos da loucura de prender-se a

vida da alma. Está iluminação não chega toda de uma vez, mas de forma gradual em

ocasiões distintas. Quando os crentes são iluminados pelo Espirito pela primeira vez, se

arrependem sob está luz e voluntariamente entregam a vida do eu a morte, mas o tempo,

a autoconfiança, o egoísmo e o prazer pessoal atuam e restauram a vida natural. Os

crentes devem ceder voluntariamente e ter disposição de abandonar constantemente as

tendências de sua vida natural, para que sejam periodicamente iluminados. Devem

adotar o ponto de vista de Deus, que nos mostra a impossibilidade do nosso andar

natural agrada-lo. Tem que atrever-se a permitir que o Espirito Santo indique toda a

corrupção da vida da alma, e exercitar a fé em acreditar na avaliação de Deus e esperar

que o Espirito revele o que a bíblia diz: só então serão guiados ao caminho da

libertação.

Page 12: Livre do Poder do Pecado

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A intenção de Deus é que seus filhos andem no Espirito, primeiro pôr em

movimento o espirito do homem, a seguir iluminar a mente da alma e finalmente

executar por meio do corpo. Havendo já nascido de novo, os crentes agora devem viver

segundo seu espirito. Só assim, podem estar qualificados para discernir a vontade de

Deus e cooperar com seu Espirito, para vencer todas as estratégias do inimigo.

O perigo de retroceder ao reino do corpo está sempre rondando o crente, porque as

obras da carne tem sua origem natural nas concupiscências do corpo humano e nas

atividades da alma. O egoísmo, a dissenção e o espirito de facção fluem de modo

natural do homem interior. Precisamos estar atentos, para que o poder das trevas, não

venham tirar vantagem da falta de um completo entendimento do que são as obras da

vida da alma, para não nos encontrarmos trabalhando para o inimigo.

“Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom entendimento as suas

obras em mansidão e sabedoria. Mas se tendes amargo ciúme e sentimento faccioso em

vosso coração, não vos glorieis nem mintais contra a verdade. Essa não é sabedoria

que vem do alto (Espiritual), mas é terrena (da alma) e diabólica” Tg 3:13. Há uma

sabedoria que vem de Satanás, é a mesma que pode surgir as vezes da alma humana. A

carne é a oficina do diabo, sua obra se manifesta na natureza humana tão forte como a

concupiscência que está ativa no corpo físico. Os cristãos sabem que o inimigo pode

nos seduzir ao pecado, mas não compreendem que ele pode inserir pensamentos na

mente do homem.

A queda do homem foi por causa do amor ao conhecimento e a sabedoria. Satanás

está empregando a mesma tática hoje, para reter a alma do crente em seu centro

operativo. O plano de Satanás é preservar para si, tudo o que ele puder de nossa antiga

criação. Se falhar em fazer os crentes caírem em suas redes de pecado, vai tentar induzi-

los a conservarem a sua vida natural, tirando vantagem dos que desconhecem suas

estratégias e artimanhas. Porque, se não tiver êxito, todos os seus exércitos vão ficar

sem ocupação.

Quanto mais os crentes se unem ao Senhor em espirito, mais vai fluir a vida do

Espirito Santo em seu espirito e mais a cruz irá operar neles todos os dias. Como

resultado haverá uma eliminação progressiva da velha criação e irão ceder menos

terreno, para o inimigo operar. Temos que ter o entendimento que os esforços do

inimigo em seduzir são efetuados em nossa velha criação, pois não se atreve a usar a sua

energia em nossa nova criação, onde está a própria vida de Deus. Está é a razão, que

tenta de modo incessante persuadir os filhos de Deus a que retenham algo da velha

criação, seja o pecado ou uma agradável vida natural, de modo que possa continuar

operando. Conspira contra os crentes e os confunde para que amem sua própria vida,

apesar do fato de aborrecerem ao pecado.

Quando nós cristãos, ainda éramos pecadores, “andávamos nos desejos de nossa

carne, fazendo a vontade da carne” Ef 2:3. São os pecados relacionados aos desejos do

corpo influenciando a alma. Espíritos malignos operam tanto no corpo como na alma.

Os filhos de Deus devem ser libertos não só do pecado mas também do seu reino

natural. Que o Espirito Santo abra nossos olhos para ver a importância desta verdade. Se

os santos fossem libertos, passo a passo da vida da alma, como também do poder do

pecado, o inimigo seria derrotado por completo.

Page 13: Livre do Poder do Pecado

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O Chamado Da Cruz

“Quem não toma sua cruz e vem após mim não é digno de mim. Quem acha sua vida

perdê-la-á; quem, todavia, perder a vida por minha causa achá-la-á” Mt 10:38. O

Senhor Jesus nos chama a renunciar a vida da alma e entrega-la a cruz por Seu amor.

Ele quer que amemos aos outros, não com nosso afeto natural, mas com o amor que

vem de Deus. Temos de receber de Seu amor, para sermos capazes de amar aos outros,

não pelo que eles são ou representam para nós. Se Deus quiser que amemos, amaremos

inclusive nossos inimigos, mas se ele não nos capacitar, não podemos amar nem mesmo

nossos entes queridos.

O Senhor quer que nosso coração, não esteja apegado a nada, porque deseja, que o

sirvamos livremente. Sendo esta relação de amor que se impõe em nós, para que a vida

da alma seja negada, isto é o que chamamos de cruz. Ao obedecer desta maneira a

Cristo, chegando a prescindir de nosso afeto natural. Esse tipo de sofrimento e dor

passam a ser uma cruz para o crente. Para alma é terrível renunciar os prazeres da vida

natural e o apego aos nossos próprios amados por amor ao Senhor, mas por meio deste

ato, a alma é libertada da morte e o crente é libertado do poder da alma. Ao perder seu

afeto natural na cruz, a alma cede terreno ao Espirito Santo, para que possa derramar no

coração do crente o amor de Deus e capacitando-o para amar em Deus, com o amor que

provem dEle. O Senhor está nos chamando a vencer o amor natural, para que possamos

descansar em Deus, o doador de todos os dons, Ele não quer que nos apeguemos a nada,

exceto a Ele.

Temos, que aborrecer nossa vida natural da alma e recusar seus afetos, para nos

libertar de toda a rédea. O caminho do Senhor é completamente diferente daquele que

desejamos naturalmente. O que era amado antes deve ser agora ignorado, até o órgão

que gera o amor, a vida da alma, deve ser ignorado. Este é o caminho espiritual. Se

verdadeiramente levarmos a cruz, não seremos controlados nem influenciados pelos

afetos naturais, mas seremos aptos para amar no poder do Espirito Santo. Foi assim que

o Senhor Jesus amou sua família quando esteve na terra.

“Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo

se negue, tome a sua cruz e siga-me” Mt 16:24. Uma vez mais nosso Senhor Jesus está

chamando a seus discípulos a que tomem a sua cruz, apresentando a sua alma a morte. E

Pedro, reprova o Senhor. “Senhor tenha misericórdia de ti”. Pedro pensava no homem,

insistindo para que o seu Mestre evitasse a dor da cruz na carne, porque não tinha a

compreendido que o homem deve centra-se nas coisas de Deus, mesmo numa questão,

como a morte em uma cruz. Falhou em compreender que o interesse em fazer a vontade

de Deus deve suplantar qualquer interesse próprio. E o Senhor continuou dizendo: “Não

sou eu só que irá a cruz, mas todos vocês que querem me seguir, terão que ir a ela

também”. Seu caminho será igual ao meu. Não pensem que apenas Eu, é que terei que

Page 14: Livre do Poder do Pecado

13

fazer a vontade de Deus, todos vocês farão a sua vontade. Desta maneira, tal como Eu

não penso em mim mesmo, e obedeço a Deus de modo incondicional, inclusive até a

morte na cruz, assim vocês também terão que negar a vida do eu, e estar dispostos a

perde-la, para obedecer a Deus.

Quando Deus nos chama a negarmos a nós mesmos por meio da cruz, e a

renunciarmos a tudo por amor a Ele; nossa vida natural responde de modo intuitivo

tentando esquivar-se. Mas, sempre que escolhemos o caminho estreito da cruz e

sofremos por amor a Cristo nossa vida da alma sofrerá perda. É assim que perdemos a

vida da alma. Só desta maneira pode a vida espiritual de Cristo ser entronizada pura e

suprema, empreendendo dentro de nós tudo o que é agradável a Deus. Se o próprio

Senhor Jesus negou sua própria vida da alma para servir a Deus, certamente não quer

que nós o sirvamos com essa vida da alma. Ele chama os crentes a entregar o seu eu

natural a morte, não simplesmente para nos libertar do amor ao mundo, mas também,

para que o nosso desejo seja obedece-lo.

Nosso Senhor não nos cobra pela quanto que fazemos; Ele só inquire de onde

procede o que fazemos. O eu sempre procede de modo independente da vontade de

Deus, porque quer servi-lo segundo o que parece bom a si mesmo. Atender aos desejos

de Deus, significa despojar-se da própria vontade da alma. Sempre que se obedece a

vontade de Deus, a ideia da alma fica esmagada.

Enquanto a vida do eu não é entregue a morte, o inimigo possui um instrumento

para operar, porque o bem que eu desejo é manipulado por ele, por isso insiste com as

pessoas para que amem ao Senhor, inclusive as ensina a orar. Ele não sente prazer pelas

pessoas orarem ou amarem ao Senhor, o que ele teme, é que o façam em Espirito e

Verdade, e não com a vida natural da alma, como é de seu desejo. Enquanto continuar a

vida da alma, seu negócio irá prosperar.

Que Deus nos mostre quão perigosa é a vida da alma, porque os crentes podem

chegar muito rapidamente a conclusão de que são espirituais, meramente porque amam

ao Senhor ou admiram as coisas celestiais! O propósito de Deus não pode ser realizado,

enquanto o inimigo tem a oportunidade para trabalhar por meio da vida da alma, que se

mantem sem ter sido entregue a morte da cruz.

A autocompaixão, o amor próprio, o temor do sofrimento, o esquivar-se da cruz são

todas manifestações da vida da alma ainda ativa, porque a sua manifestação primaria é a

preservação do eu, que resiste bravamente a sofrer qualquer perda. O Senhor nos diz

que está cruz é nossa, porque cada um recebe de Deus uma cruz particular. Está é a cruz

que temos que levar. Embora seja a nossa cruz, está intimamente ligada com a cruz do

Senhor. Cada vez que tomamos a cruz, sofremos a perda da vida da alma. Cada vez que

fugimos da cruz, a vida da alma é alimentada e preservada.

A cruz que condenou o pecado a morte é um fato consumado; tudo o que nos resta

fazer é aceita-la, mas a cruz que nos liberta da vida da alma é diferente. O negar-se a si

mesmo, não é uma questão já consumada; isto significa, que nunca chegaremos a perder

completamente a vida da alma. Isto requer que tomemos nossa cruz diariamente, e pelo

poder da cruz de Cristo negaremos a vida da alma. A vida do eu tem que ser vencida

passo a passo, quanto mais profundamente penetrar a palavra de Deus, mais

profundamente opera a cruz e mais intensamente o Espirito Santo completa a união da

vida do nosso espirito com o Senhor Jesus.

Page 15: Livre do Poder do Pecado

14

5

O Apego Da Alma As Coisas Do Mundo

É possível que o crente abandone exteriormente o mundo e deixe tudo para traz, mas

interiormente continue apegado aos mesmos elementos que abandonou por amor ao

Senhor. Não é necessário que o crente retorne ao mundo para recuperar o que já havia

abandonado, para indicar que a vida da alma ainda está ativa, basta que desvie o olhar

de desejo para traz, para revelar que não entendeu plenamente a relação do mundo com

a cruz.

Quando a vida da alma é esmagada de modo genuíno, não há nada neste mundo que

possa atrair novamente o coração do crente. A vida da alma é mundana, por isto está

apegada as coisas do mundo. Só depois, que realmente experimentar a identificação

com Cristo na morte, não somente tendo morrido para o pecado, mas também para a

vida do eu, poderá se desprender de todas as coisas do mundo.

O ganhar a vida espiritual está condicionado a sofrer perdas. Não podemos medir

nossa vida em termos de ganho, tem que ser medida em termos de perda. Nossa

capacidade não consiste em quanto retemos, mas sim quanto lançamos fora, os que mais

perdem são aqueles que mais tem para dar. Se o nosso coração não está separado do

amor ao mundo, nossa vida da alma ainda tem que passar pela cruz. Só desprezamos

completamente as coisas do mundo depois que o Espirito Santo nos mostrar a perfeita

realidade da vida no Reino, porque as coisas de baixo não podem ser comparadas as

coisas de cima. A experiência de Paulo em Filipense 3, começa considerando tudo como

perda para ganhar a Cristo e continua até a aceitação de perder todas as coisa; quando o

apostolo chega a conhecer o poder da ressureição de Cristo. Esta é a vida perfeita, que

Deus deseja para nós.

Os filhos de Deus que se permitem uma vida de comer, beber e folgar requerem

uma porção maior da cruz, para libertar seu espirito da escravidão e influência da alma,

para chegar a viver livremente em Deus. Todo aquele que suspira pelas coisas do

mundo, ainda tem que aprender a perder a sua vida da alma, por meio de uma

experiência mais profunda da cruz. “Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica

só, mas se morrer dá muito fruto” Jo 12:24. O Senhor descreve que a operação da cruz

se compara a um grão de trigo. Se não cair na terra e morrer permanece sozinho, mas se

ele for crucificado e morrer distribuirá vida a muitos. A condição é a morte, sem morte

não há frutos. Não há outro caminho para gerar frutos, que não seja a morte.

Tal como o grão e incapaz de gerar frutos a menos que morra, assim também não

pode haver frutos espirituais até que a vida alma tenha sido quebrantada, por meio da

morte. Todas as energias geradas na alma, como o talento, os dons naturais, o

conhecimento e a sabedoria, não podem capacitar os crentes para gerar frutos

espirituais. Se, o Senhor Jesus teve que morrer para gerar frutos espirituais, também nós

Page 16: Livre do Poder do Pecado

15

seus discípulos, temos que morrer para produzi-los. O Senhor considera o poder da alma

como inútil para Deus em sua obra de dar frutos.

Nossa alma não é aniquilada, mas ao passar pela morte, proporciona a Deus nos

comunicar a sua vida. Não perder a vida da alma na morte, significa uma grande perda

para o crente, mas o perde-la significa guardá-la para a eternidade. Até que o corpo do

pecado seja destruído, ainda teremos que ceder “nossos membros a Deus como

instrumento de justiça” Rm 6:13. Quando a vida natural for sacrificada a morte,

acharemos renovação, avivamento e restauração do Espirito Santo em todas as nossas

faculdades da alma. A alma do homem é o próprio homem, onde reside o seu caráter, a

sua personalidade, e onde se expressa. Se, a alma não aceitar o poder da vida do Espirito

de Deus, então vai tirar poder para viver de sua vida natural mundana.

O propósito de Deus é fazer passar a nossa vida da alma pela morte, para que a vida

ressurreta de Cristo seja inserida em nós, para que nossa alma também seja levantada

nEle e produza frutos para eternidade. Unicamente o Espirito Santo pode nos revelar a

necessidade da morte, assim como da ressureição. A alma ama incondicionalmente a si

mesma, se não aborrecermos nossa vida natural, com toda profundidade do nosso

coração, não poderemos andar de modo genuíno pelo espirito. Essa guerra entre a alma

e o espirito se faz de modo secreto, mas interminável no interior dos filhos de Deus.

A alma procura manter sua autoridade e operar independente, enquanto o espirito se

esforça em domina-la, para a manutenção da vontade de Deus. Se o crente permitir que

o eu seja o amo, enquanto espera que o Espirito Santo o ajude, ou abençoe sua obra,

certamente irá falhar em produzir frutos espirituais. A razão de tantas derrotas no

mundo espiritual é que este setor da alma não foi tratado de maneira radical. Se a vida

da alma não é despojada por meio da morte, mas se lhe permite misturar-se com o

espirito, os crentes vão permanecer em derrota.

Assim como no princípio a Palavra de Deus operou sobre a criação, separando as

trevas da luz, do mesmo modo agora opera dentro de nós com a espada do Espirito,

penetrando até a separação da alma e do espirito. Para que o nosso espirito seja a nobre

habitação de Deus e liberte-se, separando dos desejos de nossa alma. Devemos nos

alegrar, porque é no nosso espirito, o lugar onde Deus e o Espirito Santo residem, e a

nossa alma fará verdadeiramente a vontade de Deus conforme a revelação recebida pelo

nosso espirito.

A palavra de Deus guia o seu povo a um reino mais profundo, que o da mera

sensação e os leva ao reino do Espirito Eterno. Só depois de ter aprendido a diferenciar

na pratica essas duas classes de vida e ter o entendimento de seus respectivos valores,

somos tirados de um andar superficial, para chegar ao descanso. A vida da alma nunca

pode nos proporcionar descanso, se o espirito estiver envolvido pela alma, não poderá

ser alcançado pela palavra de vida. É necessário, que a alma seja quebrantada pela

palavra da cruz, que abre espaço e se aprofunda no mais íntimo do nosso ser que é o

espirito, de modo que a vida de Deus possa alcançar o nosso espirito e liberta-lo da

servidão da alma. Tendo recebido a marca da cruz, a alma agora pode assumir a sua

posição original de sujeição ao espirito. Enquanto o bloqueio feito pela alma ao espirito

não for quebrantado, o espirito não pode ser libertado.

Agora temos o entendimento, que a divisão do espirito e da alma depende de dois

fatores: da cruz e da palavra de Deus. Na pratica, como podemos chegar ao ponto onde

o Senhor Jesus divide nossa alma e espirito:

Page 17: Livre do Poder do Pecado

16

Reconhecer a necessidade da divisão da alma e do espirito. O cristão precisa ter

entendimento da aborrecível vida, onde se misturam a alma e o espirito e desejar a

realidade de um andar mais profundo e ininterrupto em Deus, que é Espirito. “O

próprio Espirito testifica com o nosso espirito que somos filhos de Deus” Rm 8:16.

Pedir a separação da alma e do espirito. Pedir a Deus, desejando com sinceridade

que Ele realize a separação da alma e do espirito. Mas se os crentes preferirem continuar

gozando do que a vida tem de melhor neste mundo, não poderão participar dos frutos

desta divisão da alma e do espirito e o Senhor vai respeitar seus direitos e não os

forçará.

Ceder de modo especifico e continuo. Antes que se realize está separação da alma e

do espirito, os crentes devem subjugar sua vontade de modo continuo e incessante para

Deus, e escolher ativamente que se concretize essa separação.

Não reine o pecado em vosso corpo mortal. A separação da alma e do espirito está

apoiada na morte para o pecado “Considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para

Deus em, em Cristo Jesus” Rm 6:11. Esta atitude vai privar a vida natural do crente de

toda oportunidade de pecar.

Orar e estudar a bíblia. O cristão deve deixar que a palavra de Deus penetre

profundamente em sua alma, a fim de permitir que sua vida natural seja purificada. Se

realmente fizerem o que Deus diz, a vida da alma não poderá mais exercer sua livre

atividade.

Levar diariamente a cruz. Sabemos que o Senhor deseja separar nosso espirito e

alma. Por isso ele coloca a cruz em nossos assuntos diários, para que a levemos. Tomar

a cruz diariamente, negar a si mesmo em todo momento, não fazer provisão para a

carne.

Viver conforme o espirito. Temos que procurar a andar pelo espirito em todos os

aspectos, distinguindo o que é do espirito e o que é da alma e tomando a resolução de

seguir o espirito, e desprezar a vontade da alma.

O Senhor não pode fazer a sua parte ao menos que façamos a nossa. Tudo que

pertence a alma como a emoção, a sensação, a mente e a energia natural tem que ser

separadas do espirito, a fim de não deixar rastro da fusão.

Embora o caminho da libertação esteja aberto, entretanto não deixa de apresentar

suas dificuldades. O crentes tem que perseverar na oração, para que possam ver seu

estado lamentável e entender o revestimento, obra e exigências do Espirito Santo, que

mora neles. Honrar sua santa presença e ter entendimento, que andar e operar ignorando

a vontade divina O entristece profundamente. O primeiro pecado do homem foi

procurar o que era bom, sábio e intelectual segundo a sua própria mente. Se o andar dos

crentes não expressar de modo exclusivo o poder de Deus, logo serão vencidos pela

poder da alma

Por meio da Palavra e do Espirito de Deus que nos reveste, somos capacitados a

diferenciar na pratica as operações e expressões do espirito como distintas das da alma.

Podemos perceber o que é do espirito e o que é da alma. “A palavra de Deus é viva e

eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes e penetra até a divisão da

alma e espirito” Hb 4:12. Os crentes deveriam entender, que é a palavra de Deus que

divide a alma e o espirito. O Senhor Jesus, é ele mesmo o Verbo, que é a palavra de

Deus, de modo que ele mesmo efetua a divisão. Estamos dispostos a permitir, que sua

vida e obra consumada, separe nossa alma e espirito? Estamos dispostos a permitir, que

Page 18: Livre do Poder do Pecado

17

sua vida encha de tal modo o nosso espirito, que a vida da alma fique imobilizada?

Temos que obedecer ao Senhor em tudo o que ele nos ensina em sua palavra, se

quisermos entrar num caminho verdadeiramente espiritual. Esta é a espada que separa a

alma e o espirito.

Page 19: Livre do Poder do Pecado

18

6

A Alma Sob O Controle Do Espirito

No templo de Deus, no antigo testamento, havia um véu que separava o Lugar

Santíssimo do Lugar Santo. Esse véu servia para encerrar a gloria e a presença de Deus

dentro do Lugar Santíssimo, excluindo-a do Lugar Santo. Os homens naquele tempo

não tinham acesso ao Lugar Santíssimo, não podiam captar a presença de Deus. Este

véu, entretanto, era temporário, porque no momento designado, quando o corpo do

Senhor Jesus foi crucificada na cruz, o véu foi rasgado de cima abaixo e este véu que

separava o Lugar Santíssimo do Lugar Santo foi eliminado.

A intenção de Deus não era residir permanentemente só no Lugar Santíssimo, pelo

contrário, desejava estender sua presença ao Lugar Santo também. Estava apenas

esperando que a cruz completa-se sua obra, porque unicamente a cruz teria poder para

rasgar o véu e permitir que a gloria de Deus brilhasse fora do Lugar Santíssimo.

Hoje, Deus quer que os seus gozem de uma experiência como a do templo em seu

espirito e alma: sempre que permitirem a cruz do Senhor irá aperfeiçoar as obras dos

crentes. Quando eles de boa vontade obedecem ao Santo Espirito, a comunhão entre o

Santo e o Santíssimo vai se aprofundando, dia após dia, até que ocorra uma grande

mudança. É a cruz rasgando o véu. A cruz funciona de tal forma na vida do crente, que

com seu poder, rasga o véu da alma e liberta o espirito do crente, que estava

obscurecido pelo pecado, para uma vida nova em Deus. Sua vida natural da alma

renuncia a sua independência e espera a vida do Espirito de Deus para receber direção e

provisão. “E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a abaixo” Mc 15:38.

O ato de rasgar o véu é obra de Deus, portanto, renovamos nossa consagração e

ofereçamos a nós mesmos a Deus sem reservas e dispostos a entregar a vida da alma a

morte. Afim de que o Senhor, que mora no Lugar Santíssimo, que é o nosso espirito,

possa terminar sua obra, que foi realizada na cruz e completa-la em nós, e habitar

também na nossa alma. Assim a gloria que habita no Senhor, constrangerá nossa vida

cotidiana dos sentidos. Todo o nosso andar e efetuar serão santificados pela presença do

Senhor, tal como é no espirito, assim também nossa alma será revestida e controlada

pelo Espirito de Deus. Nossa mente, emoções e vontade serão cheias dele. O que

vivenciamos pela fé no espirito, agora conhecemos e experimentamos também na alma.

“Que vida bem aventurada é essa que agora desfrutamos”. Agora, que aprendemos a

andar não pelo que vemos ou sentimos, mas andar em novidade de vida mediante a fé,

para servir e glorificar a Deus. “Recebei com mansidão a palavra em vós implantada, a

qual é poderosa para salvar vossas almas” Tg 1:21. Quando a palavra de Deus é

implantada, recebemos sua nova natureza em nós e deste modo somos capacitados para

produzir frutos. Embora os órgãos da alma ainda permaneçam, não funcionam mais por

seu próprio poder, mas operam pelo poder da palavra de Deus.

Page 20: Livre do Poder do Pecado

19

O corpo humano é muito sensível e ativado facilmente pelos estímulos exteriores.

As palavras, as formas, os ambientes e os sentimentos nos afetam grandemente. Nossa

mente se ocupa com pensamentos, planos e fantasias, que são um mundo de confusão.

Nossa vontade é ativada para agirmos de acordo com os nossos deleites. Nenhum dos

órgãos da nossa alma podem nos trazer paz. De modo singular ou coletivo, perturbam,

bagunçam e confundem a nossa existência. Mas quando a nossa alma está na mão do

espirito, podemos ser tirados de todos estes distúrbios. O Senhor Jesus nos diz: “Tomai

sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e

achareis descanso para vossa almas” Mt 11:29. Se nos inclinarmos a ceder ao Senhor o

nosso jugo e segui-lo, nossa alma não será estimulada para o erro. Se aprendermos com

ele, que quando era desprezado pelos homens continuava fazendo a vontade de Deus e

não a própria, nossa alma irá recuperar a tranquilidade.

A alma que fica sob a autoridade do Espirito Santo é uma alma em repouso. Antes

andava ocupada fazendo planos, agora está calma confiando no Senhor, antes fervilhava

inúmeros pensamentos e ambições, agora considera que a vontade de Deus é melhor e

descansa nele. “Como servos de Cristo, fazendo do coração a vontade de Deus” Ef 6:6.

A alma que antes se rebelava contra a vontade de Deus, agora está perfeitamente

entregue a Ele, por meio da operação da cruz. O que antes executava a sua própria

vontade, ou fazia a vontade de Deus de acordo com sua mente, agora é um com o

coração de Deus em todas as coisas. “Não estejas ansiosos quanto a vossa vida (vida da

alma) Mt 6:25. Agora, procuremos primeiro o reino de Deus e sua justiça, porque

acreditamos que Deus suprirá as nossas necessidades diárias. Embora ser consciente de

si mesma é a primeira expressão da alma, os crentes que na verdade perdem a si

mesmos em Deus, podem confiar por completo nEle. Toda obra da alma, incluindo o

amor a si próprio e o orgulho pessoal foram eliminados completamente, de maneira que

os crentes já não são pessoas centradas em si mesmas.

Como a cruz tem feito sua tarefa, nós já não fazemos planos por nossa conta. Em

vez de sofrer ansiedade, podemos procurar sossegados o reino de Deus e sua justiça. Os

cuidados desta vida aparecem como pequenos detalhes durante o caminho que iremos

percorrer. “A minha alma se apega a ti” Sl 63:8. Já não nos atrevemos a ser

independentes de Deus, nem a servi-lo segundo a ideia da nossa alma. Mas hoje, o

seguimos de perto com prazer, porque nossa alma está apegada a Ele. “Porem em nada

considero a vida preciosa para mim mesmo” At 20:24. O crente, que deixa de amar a si

próprio, nunca irá desistir de tomar a sua cruz, quando for chamado por Cristo. A alma

que renuncia a si mesmo habitará na infinidade da vida de Deus. Isto é liberdade e

prosperidade. Quanto mais perdemos, mais ganhamos. Nossas posse não se medem por

quanto ganhamos, mas sim por quanto damos. São os frutos da nova vida.

O abandonar a vida da alma, não é uma libertação tão fácil quanto a do pecado.

Como se trata de nossa vida, temos que tomar a cada dia a decisão de vive-la por meio

da vida de Deus. A cruz deve ser levada progressiva e fielmente com os olhos voltados

no Senhor Jesus, que já sofreu a cruz.

Page 21: Livre do Poder do Pecado

20

7

O Corpo

Além do espirito e da alma temos também um corpo. Não importa que a intuição, a

comunhão e a consciência do nosso espirito estejam perfeitamente saudáveis ou que a

emoção, a mente e a vontade da nossa alma estejam totalmente renovadas. Nosso corpo

também precisa estar sadio e restaurado, do mesmo modo que o espirito e a alma. Se

isso não acontecer, nunca alcançaremos a condição de crentes espirituais, nem seremos

aperfeiçoados. Devemos atender aos impulsos exteriores sem negligenciar nosso lado

físico. O corpo é importante, do contrário Deus não teria criado o homem com um

corpo. A bíblia mostra o valor que Deus dá ao nosso corpo. O mais extraordinário de

tudo é que o “Verbo se fez carne e habitou entre nós” Jo 1:14. O filho de Deus assumiu

um corpo de carne e sangue, embora tenha morrido e ressuscitado, continua tendo está

vestimenta para sempre.

“Se, porém, Cristo está em nós, o corpo na verdade está morto por causa do

pecado, mas o espirito é vida, por causa da justiça. Rm 8:10. Inicialmente tanto o nosso

corpo quanto o nosso espirito estavam mortos. Contudo quando cremos no Senhor

Jesus, nós O recebemos para ser a nossa vida, através do Espirito Santo; Cristo passa a

viver no crente. Quando Ele vem fazer morada em nós, vivifica o nosso espirito e a

partir do momento em que o nosso espirito for vivificado, apenas o corpo permanece

morto. A condição comum a todo crente é um corpo morto com um espirito vivo.

Essa experiência revela a enorme diferença entre o estado interior do cristão e o

exterior. Em nosso ser interior flui vida, ao passo que o homem exterior está cheio de

morte. Cheios do Espirito de vida, estamos bem vivos, todavia existimos numa casa de

morte. Existe uma diferença radical entre a vida do espirito e a vida do corpo. A vida do

espirito é real, mas a do corpo é morte certa. Porque a nossa constituição física ainda é o

corpo do pecado, por mais avançado que seja o nível espiritual do cristão, sua carne

continua sendo o corpo do pecado. Um dia teremos uma constituição ressurreta,

gloriosa e espiritual, será a “redenção do nosso corpo” Rm 8:23, que se dará no futuro.

O pecado foi expulso do espirito e da vontade, mas não foi eliminado do corpo. É a

permanência do pecado que faz com que o corpo esteja morto. O nosso espirito recebe

vida, por causa da justiça que há em Cristo, quando confiamos nEle, nós o recebemos

como nossa justiça e assim Deus nos justifica.

Num primeiro momento, Cristo nos comunica a sua própria vida, depois Deus nos

justifica por causa desta vida que recebemos de Cristo. Se Cristo não comunicar sua

justiça, não pode haver justificação. No momento em que recebemos a Cristo, obtemos

a justificação diante de Deus e desfrutamos a experiência viva de Cristo nos haver

comunicado sua justiça. Cristo entra em nós como vida, afim de vivificar o nosso

espirito, que estava morto. “Se habita em vós o espirito daquele que ressuscitou a Jesus

dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificara

Page 22: Livre do Poder do Pecado

21

também o vosso corpo mortal, por meio do seu espirito, que em vós habita” Rm 8:11. A

palavra de Deus nos diz: que depois da vivificação do espirito o corpo também será

vivificado. O corpo será vivificado porque o Espirito Santo que habita em nós dará vida

ao nosso corpo.

Deus nos revela um privilégio, que temos vida no nosso corpo mortal, através do

seu Espirito que em nós habita. O que ele afirma aqui, não é que o nosso corpo de

humilhação foi transformado em um corpo glorioso. Também não diz, que este corpo

mortal se revestiu de imortalidade, isso não pode se realizar nesta vida. A redenção de

nosso vaso de barro deve aguardar até que o Senhor volte e os receba para si. É

impossível ocorrer mudança de natureza ainda neste mundo. Por isso a expressão o

Espirito Santo da vida ao nosso corpo, significa que Ele nos restaurará quando

estivermos doentes e nos preservará se não estivermos doentes. O Espirito Santo

fortalecerá o nosso tabernáculo terreno para que possamos cumprir as exigências da

vida com o Senhor e a realização de sua obra; sem que nossa vida e o reino de Deus

venham a sofrer por causa da fraqueza do nosso corpo. Isso, é o que Deus preparou para

todos os seus filhos. Contudo poucos cristãos experimentam essa vida que o Espirito

proporciona ao corpo mortal.

A vida espiritual de muitos é ameaçada por suas condições físicas, muitos caem por

causa da fraqueza física e não podem trabalhar ativamente para Deus, por causa da

escravidão da doença. Outros conhecem a provisão do Espirito para seu corpo, creem

nela e a desejam, mas não apresentam seu corpo ao Senhor como sacrifício vivo. Porem

aqueles que realmente desejam viver para Deus, e pela fé, se apropriam dessa promessa,

dessa provisão e experimentam a real plenitude da vida do corpo, conforme o Espirito

Santo lhes concede. Essa provisão capacita o nosso interior para comandar diretamente

o corpo sem sofrer interferência físicas. Antes tínhamos a impressão que éramos

devedores a carne, incapazes de negar aquilo que era exigido, cobiçado e desejado.

Vivíamos debaixo do domínio da carne, cometendo inúmeros pecados. Agora, temos a

provisão do Espirito Santo e as cobiças da carne deixam de ter controle sobre nós, e

também as fraquezas, doenças e sofrimentos do corpo perderam as suas forças. Todavia

não devemos descuidar de nossa necessidades físicas. Devemos comer quando tivermos

fome, beber quando tivermos sede, descansar quando cansados e agasalhar-nos quando

estivermos com frio. Contudo não devemos permitir que tais cuidados penetrem tanto

em nosso coração, que se tornem nossa principal meta de vida.

“Porque se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas se pelo

Espirito, mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis” Rm 8:13. Se vivermos

segundo a carne, caminhamos para morte. Por causa do pecado nosso corpo está morto.

Por causa da consequência do pecado, ele está destinado a morte. Se vivermos segundo

a carne seremos incapazes de receber a vida que o Espirito Santo dá ao corpo. Além

disso, encurtaremos nossos dias aqui na terra, pois todo pecado é prejudicial ao corpo. O

pecado manifesta seus efeitos na carne, e o resultado é a morte. “Mas, se pelo Espirito,

mortificardes os feitos do corpo certamente vivereis”. Devemos receber o Espirito

Santo não apenas como doador de vida ao nosso corpo, mas também como aquele que

mortifica os seus desejos.

Se o Espirito Santo nos desse saúde e força, sem que tivéssemos nos oferecido

inteiramente a Deus, iriamos viver mais intensamente para nós mesmos e para o mundo.

Muitos cristão buscam no Senhor vida e saúde para o seu corpo mortal, mas não tem o

Page 23: Livre do Poder do Pecado

22

entendimento que não podem desfrutar desta experiência por ainda não terem

mortificado os feitos do corpo. Precisamos entender o que significa estar crucificado

com Cristo e viver esta realidade, porque o Espirito opera em harmonia com a cruz. A

cruz sem o Espirito de Deus é totalmente ineficaz. Somente o Espirito Santo pode fazer

com que os crentes experimentem o que a cruz realizou. Se ouvirmos a verdade da cruz,

mas não permitirmos que o Espirito a aplique em nossa vida, o nosso conhecimento não

passa de teoria. É muito bom saber que “nosso velho homem foi crucificado com ele,

para que o corpo do pecado seja anulado” Rm 6:6. Contudo se pelo Espirito não

mortificar os feitos do corpo, permanecemos escravizados pelo corpo. Somente o

Espirito pode efetivar a experiência da cruz em nossa vida e confirmar a salvação. Se

não nos entregarmos a Ele, confiando plenamente em seu poder para mortificar os feitos

do corpo, a verdade que professamos, não será uma realidade em nossa vida. Só pela

mortificação da vontade do corpo, sendo efetuada pelo Espirito Santo, é que dará vida

ao nosso corpo mortal.

Page 24: Livre do Poder do Pecado

23

8

Glorificar A Deus Com Nosso Corpo

“Todas as coisas me são licitas, mas nem todas me convém. Todas as coisas me são

licitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” ICo 6:12. Paulo julga que

tudo lhe é licito, porque de acordo com as necessidades do corpo, como: comer, beber, e

sexo são naturais. Entretanto nem todas são necessariamente uteis, nem devemos ser

escravizados por elas. Temos permissão para fazer muitas coisas com o nosso corpo.

Entretanto como pertencemos a Deus, somos capazes de abrir mão delas para a gloria de

Deus. “Os alimentos são para o estomago, e o estomago para os alimentos; mas Deus

destruirá tanto este como aquele. Porém o corpo não é para impureza, mas para o

Senhor e o Senhor para o corpo” ICo 6:13. Ao comer e beber, o cristão tem a

oportunidade de provar na pratica que o corpo é para o Senhor.

Adão pecou pelo comer. O Senhor Jesus, no deserto, também foi tentado no comer.

Muitos cristãos não sabem glorificar a Deus no seu comer e beber. Devemos evitar de

usar o nosso corpo para glorificar a nós mesmo, para nosso próprio prazer. O comer não

deve impedir nossa comunhão com Deus. A finalidade de nossa alimentação é apenas

preservar o corpo. Devemos resistir inteligentemente a qualquer excesso, tanto de carne

como de outros alimentos. O corpo é para o Senhor e somente Ele pode usá-lo.

Qualquer ato que praticarmos, em qualquer área de nosso corpo, apenas por prazer

pessoal, desagrada a Deus. Só devemos usar o corpo como instrumento de justiça e de

nenhum outro modo. Corpo é para o Senhor e não para manjares ou imoralidades

sexuais. A santificação do espirito e da alma, depende da percepção de não

negligenciarmos o nosso corpo. Se esquecermos que as obras, condutas, sensações e

palavras primariamente devem ser dedicadas ao Senhor, nunca alcançaremos a vida

perfeita que agrada a Deus.

Nosso corpo é para o Senhor e ao mesmo tempo, o Senhor é para o nosso corpo.

Muitos crentes pensam que Deus não tem bênçãos para o nosso corpo. Acham que a

redenção de Cristo se limita ao espirito e a alma e não afeta o nosso corpo físico. Não

levam em conta que o Senhor Jesus, em seus dias, curou doenças e que os apóstolos

continuaram a exercitar este poder de cura. A única explicação para tal atitude, só pode

ser incredulidade. No entanto a palavra de Deus declara que o Senhor é para o corpo. O

Senhor Jesus quer que saibamos, que ele deu seu corpo por nós e espera que possamos

oferecer o nosso também. “O Senhor é para o corpo” significa que: se consagramos

nosso corpo ao Senhor, Ele concederá a Sua vida e seu poder ao nosso corpo físico.

Por termos consciência das fraquezas, impurezas, imoralidades e mortalidade da

carne, achamos que é impossível o Senhor ser para o nosso corpo. Quando o Senhor

Jesus nasceu, o “Verbo se fez carne”, Ele passou a possuir um corpo. Na cruz carregou

“Ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” IPe2:24. Unidos a Ele,

pela fé, “nosso corpo foi crucificado junto com o dEle”. Em Cristo, nosso tabernáculo

Page 25: Livre do Poder do Pecado

24

de carne ressuscitou e ascendeu ao céu. Atualmente, o Espirito Santo está habitando em

nós, por isso podemos dizer que o Senhor é para o nosso corpo, e não apenas para o

nosso espirito e nossa alma. Se oferecermos nosso corpo a Deus, reconhecendo-O como

Senhor de tudo, e por meio da fé verificarmos o comprimento da sua promessa, veremos

que ele pode nos livrar de nós mesmo. A despeito de nossa constituição física, mesmo

apresentando fraquezas e quedas, podemos vencer nossos pecados através do Senhor.

O Senhor é para nossas doenças físicas. Do mesmo modo que ele destrói os nossos

pecados também cura as nossas doenças. “As enfermidades são apenas manifestação do

pecado em nosso corpo”. O Senhor Jesus também é capaz de nos livrar das doenças,

assim como nos libertou dos pecados.

O Senhor é para o nosso viver no corpo. Ele será a força e a vida do corpo,

permitindo que vivamos por Ele.

O Senhor é para a glorificação do corpo. É verdade que podemos alcançar um

elevado nível de vida se vivermos por meio dEle, porém, isso não irá mudar a natureza

do nosso corpo. Contudo virá um dia em que o Senhor há de redimir o nosso corpo de

humilhação, transformando-o na semelhança do seu corpo glorioso. “Deus ressuscitou o

Senhor e também nos ressuscitará pelo seu poder” ICo 6:14. O Senhor é para o nosso

corpo: Ele nos ressuscitará pelo seu poder. Embora, isso se sucederá no futuro, podemos

desde hoje antegozar o poder da ressureição.

Deus não contempla cada crente individualmente, ele engloba todos dentro de sua

visão de Cristo. “Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo”? ICo 6:15.

Nenhum cristão pode existir fora de Cristo, porque, dEle provem as forças para o viver

diário. Para Deus, a união dos crentes com Cristo é uma realidade perfeitamente

definida. O corpo de Cristo não é apenas uma visão espiritual; é um fato real. Da mesma

maneira que o corpo físico se acha unido a cabeça, nós os crentes estamos unidos a

Cristo. Aos olhos de Deus, nossa união com Cristo é perfeita, ilimitada e absoluta. Em

outras palavras, nosso espirito está unido ao de Cristo; se estamos unidos, passamos a

andar como Cristo andou, nossa vontade, afeição e mente estão unidas a dEle, e o nosso

corpo unido ao dEle. Se a união com Cristo é completa, como é que a parte física do

nosso ser pode ficar de fora? Se somos membros de Cristo nosso corpo também

pertence a Ele.

Podemos experimentar na pratica todas estas verdades. Se tivermos algum distúrbio

físico, alguma doença, sofrimento ou fraqueza, lembremos que o corpo de Cristo é para

o nosso corpo. Nosso corpo está unido ao dEle, consequentemente podemos extrair vida

e força do seu corpo, para suprir nossas necessidades físicas. “Mas aquele que se une ao

Senhor é um em espirito com ele” ICo 6:17. Pela fusão do nosso espirito com o Espirito

do Senhor, nosso corpo se torna um membro de Cristo. Isso é a prova final que o corpo

é para o Senhor e o Senhor para o corpo. Se somos um com o Senhor, não devemos

destruir nosso corpo forçando-o a ir além de sua capacidade normal, para não darmos

lugar a atuação das forças de espíritos malignos. Porque as potestades malignas, sendo

espíritos que não tem corpo, estão sempre desejando corpos humanos para habitar. Isso

harmoniza com as leis que regem o mundo espiritual.

Se acharmos que Deus, pelo seu Espirito terá comunhão conosco por meio do

corpo, naturalmente ficaremos na expectativa de que essa comunhão ocorra. Entretanto,

Deus é Espirito e se comunica com o espirito do crente. “Ora, o homem natural não

aceita as coisas do Espirito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entende-las,

Page 26: Livre do Poder do Pecado

25

porque se discernem espiritualmente” ICo 2:14. Se alguém insistir em buscar

experiência física com Deus, os espíritos malignos vão aproveitar a oportunidade para

entrar, concedendo-lhes aquilo que ingenuamente estão buscando. O resultado será que

os espíritos malignos ocuparão este corpo.

Se entendemos corretamente a união do nosso corpo com Cristo, compreendemos

que nos tornamos capazes de receber a vida de Deus fortalecendo-nos. O espirito ocupa

uma posição muito importante, por isso, devemos ter muito cuidado para não permitir

que o nosso corpo venha usurpar a função do espirito.

“Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do

corpo, mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo” ICo 6:18. A

fornicação é o único pecado pelo qual unimos nosso corpo a outro. Logo é um pecado

que praticamos contra o corpo. Isso significa, que nenhum outro pecado, além da

fornicação, pode fazer com que um membro de Cristo se torne membro de uma

prostituta. A fornicação é um pecado grave, pois está relacionado com nosso corpo, que

é membro de Cristo. “Acaso não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espirito

Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos”

ICo 6:19. Aqui diz: vosso corpo é santuário do Espirito Santo; significa que a presença

do Espirito Santo em nós, começa no espirito e vai até o corpo. Se acharmos que o

corpo é o principal lugar de sua habitação, estaremos cometendo um grave erro. Ele

habita inicialmente em nosso espirito, onde mantem comunhão conosco. Entretanto,

isso não impede que sua vida flua do espirito para o corpo, afim de torna-lo vivo.

Precisamos entender bem o lugar de nosso corpo no plano redentor de Deus. Cristo

afasta o pecado do nosso corpo físico, para que possamos ser cheios com o Espirito

Santo, tornando-nos instrumento dEle. Cristo morreu, ressuscitou e foi glorificado, por

isso, pode dar o seu Espirito Santo, ao crente. Precisamos exercitar a fé para crer nessa

verdade, reconhece-la e aceita-la. Se o fizermos, descobriremos que o Espirito vai

comunicar não apenas a santidade, alegria, justiça e o amor de Cristo a nossa alma, mas

também concederá vida, poder, saúde e força ao nosso corpo cansado e doente.

Quando nosso corpo verdadeiramente morrer com Cristo, isto é, quando estivermos

totalmente sujeitos a Ele, quando rejeitarmos toda vontade própria, toda ação

independente e nada buscarmos, além de ser templo do Senhor, com certeza o Espirito

Santo manifestará a vida de Cristo ressurreto em nosso corpo mortal. Como é bom

experimentar a cura e o fortalecimento do Senhor, revertendo em nós saúde e vida.

“Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espirito Santo, que está em vós, o

qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados

por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” ICo 6:19. Somos membros

de Cristo, somos templo do Espirito Santo, não pertencemos a nós mesmos. Fomos

comprados por preço. Tudo que é nosso pertence a Cristo, principalmente nosso corpo.

O fato de Deus efetuar a união de Cristo conosco, e nos dar o selo do Espirito Santo,

prova que o nosso corpo pertence ao Senhor. Agora pois glorificai a Deus no vosso

corpo.

Deus deseja que O glorifiquemos através da consagração do nosso corpo. Sejamos

sóbrios e vigilantes afim de não usarmos o nosso corpo para nós mesmos, nem

permitirmos que ele chegue a um estado em que pareça que o Senhor não é para o nosso

corpo. Desse modo, devemos glorificar a Deus, permitindo que o seu poder seja

Page 27: Livre do Poder do Pecado

26

derramado livremente, libertando-nos dos sofrimentos, doenças, fraquezas, bem como

do egoísmo e do pecado.

Page 28: Livre do Poder do Pecado

27

9

As Doenças E O Pecado

As doenças são um acontecimento comum na vida. Para entendermos como devemos

manter nosso corpo em condição de glorificar a Deus, primeiro precisamos saber que

atitude vamos tomar em respeito as doenças, como podemos tirar proveito delas, e

também como obter a cura. Se não soubermos lidar com as doenças, certamente

seremos derrotados por elas.

A bíblia revela que existe uma relação muito estreita entre a doença e o pecado, e

que a consequência final do pecado é a morte. As doenças encontram-se no meio dos

dois, entre o pecado e a morte. Elas são o efeito do pecado e o preludio da morte. Se no

mundo não houvesse pecado, não haveria nem doença nem morte. Se Adão não tivesse

pecado, não haveria doenças na terra. As doenças assim como os outros males, surgiram

por causa do pecado.

Deus quer que levemos nossas fraquezas e enfermidades a ele. Não é para ficar

doente que o servo de Deus está aqui na terra, mas para dar glorias ao Senhor. Se pela

doença trouxermos gloria ao Senhor, será ótimo. Contudo nem todas as enfermidades o

glorificam. Consequentemente, devemos aprender a confiar no Senhor enquanto

doentes, reconhecendo que ele carregou sobre si também as enfermidades. Enquanto Ele

esteve no mundo, curou um grande número de pessoas. Ele é o mesmo ontem, hoje e

para sempre. Por isso, entreguemos as nossas enfermidades a ele e seremos curados, se

for a vontade dele.

O pecado não produz nenhum fruto e santidade, já a doença sim. Quanto mais uma

pessoa peca mais corrupta se torna. Porém, a doença produz o fruto da santidade,

porque Deus aplica sua disciplina sobre o doente. Sob tais circunstancias, convém que

aprendamos a submeter-nos a poderosa mão de Deus. Não devemos enxergar as

doenças como algo terrível. Quem é que está no comando desta situação? É Deus.

Porque então, devemos ficar ansiosos por causa de nossas enfermidades, como se tudo

estivesse na mão do inimigo? Lembremos de que todas as nossas doenças passaram pelo

crivo de Deus. Para sermos exato, é Satanás quem dá origem a elas, é ele quem torna as

pessoas doentes. No entanto, os que leram o livro de Jó entendem; para que o inimigo

ataque o nosso corpo com enfermidades, precisa da permissão de Deus, porque tudo

está debaixo do controle do Senhor. Deus permitiu que Satanás acometesse

enfermidades a Jó, mas não permitiu que tocasse em sua vida. Depois que se encerrou

seu período de provação, as doenças desapareceram, pois já tinham realizado o seu

propósito. É sempre bom ter em mente que as doenças estão nas mãos de Deus e vem a

cada um de nós na medida exata de nossa necessidade, para que possamos aprender a

lição. Quanto mais cedo aprendemos, mais cedo ficamos livres delas.

Algumas vezes o inimigo pode desfechar ataques repentinos contra nós, ou então

nós mesmo podemos por descuido violar alguma lei natural. Mesmo que seja esse o

Page 29: Livre do Poder do Pecado

28

caso, podemos levar isso diante do Senhor. Como é que devemos buscar a cura de

Deus? Precisamos ter entendimento de como Deus opera a cura de nossas enfermidade:

- Pelo poder do Senhor: Deus pode. Em Mc 9:21 “Perguntou Jesus ao pai do

menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu; e muitas vezes

o tem lançado no fogo e na agua par o matar; mas se tu podes alguma coisa tem

compaixão de nós e ajuda-nos. Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível

ao que crê”. O problema aqui não é se podes, mas se podes crer. O primeiro problema

que temos com uma doença é a dúvida quanto ao poder divino. Quando Jesus ouviu a

dúvida do pai da criança, ao dizer: Se tu podes alguma coisa tem compaixão de nós e

ajuda-nos. Jesus interrompeu dizendo: Porque dizes se podes? Todas as coisas são

possíveis ao que crê. Na doença, a questão não é se o Senhor pode, mas se você crê.

- Pela vontade do Senhor: Deus quer. Em Mc 1:40 “Aproximando-se dele um

leproso rogando-lhe de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. Jesus, profundamente

compadecido, estendeu a mão, e tocou-o e disse-lhe: Quero fica limpo”. Por maior que

seja o poder de Deus, se ele não quiser curar, seu poder não será derramado. O segundo

problema a ser resolvido é se Deus quer. O Senhor Jesus disse: Quero. Se ele quis curar

o leproso, com a mesma compaixão, vai querer curar-nos de nossas enfermidades.

- Pela ação do Senhor: Deus faz. “Por isso vos digo que tudo quanto em oração

pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco” Mc 11:23. Como é que a fé

age? A fé confia no poder, na ação e na vontade de Deus de realizar a sua palavra em

nós. Se crermos que já recebemos, certamente receberemos. Como Deus já nos deu a

sua Palavra, podemos agradecer-lhe, dizendo: “Obrigado Senhor pela cura, que já

realizaste em mim. Te agradeço em nome do Senhor Jesus”. Muitos crentes apenas

esperam ser curados. Se esperam, é porque ainda não receberão. A esperança vê os fatos

ainda no futuro; a fé as considera no passado.

Se realmente crermos, não vamos esperar. Levantemos a nossa vós ao Senhor

dizendo: graças a Deus, estou limpo, graças a Deus, estou bem, graças a Deus estou

curado. Uma fé perfeita pode proclamar que: Deus pode, que Deus quer e que Deus já

realizou.

Page 30: Livre do Poder do Pecado

29

10

A Vida Do Corpo

Paulo afirma que o nosso corpo é templo do Espirito Santo. A ideia geral é que, a vida

de Cristo é para o nosso espirito, mas não para o corpo. Poucos entendem, que o Senhor

Jesus primeiro dá vida ao nosso espirito e depois alcança o nosso corpo. O Espirito

Santo, que habita em nós, fortalece o nosso homem interior, ilumina os olhos do nosso

coração, torna nosso corpo sadio e vivifica este nosso corpo mortal. O poder de sua vida

penetra em cada uma de nossas células, afim de que possamos experimentar o seu poder

e sua vida.

Cristo tornou-se nossa fonte de vida. “Logo, não sou eu quem vive, mas Cristo vive

em mim” Ga 2:20. Hoje, ele vive em nós, da mesma maneira que no passado viveu em

sua própria carne. Em nosso corpo existe agora duas forças em ação: a morte e a vida.

De um lado está o desgaste físico natural, que nos conduz a morte. Do outro, está o

reabastecimento que fazemos através do alimento e do descanso, que sustentam a nossa

vida. Não devemos confiar somente no alimento material que sustenta o nosso corpo.

“Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”

Mt 4:4. Somente a vida do Senhor Jesus poderá satisfazer todas as necessidades físicas e

espirituais de nossa vida. Só ele nos concede a vitalidade necessária para atacar o

pecado e as tentações do inimigo. Deus quer que a vida de Cristo seja a nossa força.

Todo crente precisa ter o entendimento que está unido com Cristo. Ele é a videira e

nós os ramos. Dependemos dessa união para receber o fluxo de sua vida, para o nosso

espirito alma e corpo. Se perdermos a comunhão com Cristo, nosso espirito certamente

perderá a paz, e o corpo não terá saúde. Se permanecermos em Cristo, a vida dele estará

continuamente preenchendo nosso espirito e fluindo para o nosso corpo. Se não

participarmos da vida do Senhor Jesus, não poderemos receber cura nem saúde. Agora,

temos o entendimento que a palavra de Deus é a vida de nosso corpo. Temos que tomar

este alimento, que é a palavra de Deus, e digerir para que se incorpore ao nosso ser da

mesma forma que o alimento natural. Se a recebermos com fé, ela se tornará a nossa

vida; assim, nós há receberemos como vida para o nosso espirito e nosso corpo.

Os cristãos de hoje, perdem muito por não reconhecerem a abundância de provisões

que Deus tem para o nosso tabernáculo terreno. Acham que as promessas de Deus se

limitam ao espirito, ignorando o fato, de que elas também se aplicam ao corpo. Devem

entender que as necessidades físicas não são inferiores as espirituais. Muitas vezes, os

crentes almejam ter saúde e vitalidade apenas para o seu bem estar. Buscam a força de

Deus para seu corpo, somente para desfrutar de uma vida mais confortável, alegre e

aprazível. Desejam ser capacitados apenas para realizarem seus desejos pessoais, é por

isso que continuam sem receber. Deus não vai conceder Sua vida, para que a usemos

segundo os nossos próprios desejos. A realidade é que: assim, viveríamos ainda mais

Page 31: Livre do Poder do Pecado

30

para nós mesmos, com prejuízo maior para a vontade de Deus. O Senhor espera que

seus filhos renunciem ao seu eu, para depois conceder-lhes o que estão buscando.

O apostolo Paulo ensina, que apenas quando ele se permitiu “a operação do morrer

de Jesus em seu próprio corpo”, (o morrer para as coisas do mundo) a vida de Cristo

também se manifestou em sua carne mortal. Deus está esperando aqueles que estão

dispostos a aceitar “o morrer de Jesus”, para que ele possa viver no corpo deles. Quem

está disposto a seguir a vontade de Deus e deixar de viver segundo o seu próprio

entendimento? Se assumirmos está morte, Deus se encarregará do resto. Se assumirmos

a nossa fraqueza, ele nos dará a força que necessitamos.

Page 32: Livre do Poder do Pecado

31

11

O Poder Divino

A força do Senhor se aperfeiçoa em nossas fraquezas. Quanto mais reconhecemos que

somos incapazes, mais o seu poder se manifestará. Nossa própria força jamais pode

cooperar com o Senhor. Se tentarmos empregar as nossas forças para reforçar a dEle,

nada colheremos, senão derrota e vergonha. O Senhor é a nossa força e estamos apenas

esperando que nos envie o seu poder. Em nós mesmos, não temos poder para realizar

nenhuma tarefa para o Senhor, contudo através dEle, sairemos vencedores.

Sabemos que o Senhor é para o nosso corpo. Se nos entregarmos totalmente para

que Ele possa nos tratar da maneira que bem desejar, e apresentarmos o nosso corpo

como sacrifício vivo, veremos o Senhor operar, controlando a nossa vida e o nosso

futuro. Então, teremos o entendimento do significado real, de que o nosso corpo é para

o Senhor. Aquilo que antes nos preocupava, já não pode nos abalar. O inimigo pode

tentar desviar-nos dos caminhos do Senhor, mas não cedemos, porque não estamos mais

andando sozinhos. Agora temos a força e o poder do Senhor que nos liberta de todas as

dúvidas e acusações do inimigo. Portanto, nada pode acontecer em nossa vida sem o

conhecimento e permissão do Senhor. Qualquer ataque que nos sobrevenha, constitui

apenas uma indicação que o Senhor tem um proposito especial para nós e que sua

proteção é infalível. Nosso corpo não nos pertence mais, já o entregamos ao Senhor por

completo. Não somos mais senhores de nós mesmos, daí não temos mais nenhuma

responsabilidade. Se o tempo mudar repentinamente em nossa vida, a responsabilidade

é do Senhor, ele provera a solução. Ainda que o inimigo nos ataque de forma

inesperada, não temeremos, apenas lembramos que a batalha não é mais nossa, mas do

Senhor. Agora a vida de Deus flui através de nosso corpo. Numa situação como está,

outros perdem a paz, ficam desanimados, preocupados e buscam uma solução humana

para o problema. Nós porem, exercitamos a fé e vivemos por meio da vida de Deus.

Sabemos que daqui por diante não viveremos pelo que comer, beber e vestir, nem por

qualquer outra coisa que fazemos, mas sim, pela presença de Deus em nossa vida.

Sabendo que o Senhor é para o corpo, podemos agora apropriarmos de todas as

riquezas de Deus para suprimento de nossas necessidades. Sempre que houver uma

necessidade urgente, haverá uma provisão divina. Seja qual for a situação, recusamos a

usar a nossa própria força para ajudar a Deus, tentando resolver o problema antes da

hora determinada por Ele.

Enquanto as pessoas do mundo correm ansiosamente em busca de socorro para o

seu sofrimento e dor, nós podemos esperar com serenidade a hora de Deus e suas

dadivas, devido a união que temos com Ele. Não seguramos a vida em nossas próprias

mãos, mas buscamos o cuidado do Pai. Isso que é paz. Agindo assim, o crente está

glorificando a Deus de diversas maneiras. Ele recebe tudo que lhe sobrevenha como

uma oportunidade de manifestar a gloria do Senhor. Não usa os seus próprios métodos,

Page 33: Livre do Poder do Pecado

32

evitando interferir com a gloria, somente devida a Deus. E quando o Senhor estender o

braço para livra-lo, então ele está pronto para render louvores.

O grande anseio deste filho já não é mais receber a benção do Pai, porque o Senhor

é muito mais precioso do que qualquer uma de suas dadivas. Se desejamos apenas a

provisão e a proteção ou se apenas o procuramos nas horas difíceis, para pedir

livramento das tentações, simplesmente não receberemos e cairemos. Porque, a

realidade de Deus em nossa vida, não pode ser apenas um negócio. Aqueles que

realmente o conhecem, não imploram a cura, mas sempre o buscam primeiro. Se estar

bem de saúde implica em desviar-se da presença de Deus, então devemos preferir não

ser curados. Devemos nos lembrar constantemente disso: sempre que desejamos os dons

de Deus, em vez do próprio Deus, estamos trilhando o caminho errado que irá nos

afastar dEle, em vez de nos aproximar. Se vivermos realmente para o Senhor, não

ficaremos ansiosos pela sua ajuda, nem pelas suas bênçãos ou provisões, pelo contrário

nos entregaremos incondicionalmente e o mais ele fará.

Page 34: Livre do Poder do Pecado

33

12

Vencendo A Morte

. “O último inimigo a ser destruído é a morte” ICo 15:26. Se não vencermos a morte

estamos deixando o inimigo vencer. O objetivo de Deus é levar seus filhos a vencer a

morte ainda nesta vida. É fato que precisamos triunfar sobre o pecado, sobre o mundo,

sobre o ego e sobre Satanás. Contudo nossa vitória não estará completa se não

vencermos também a morte.

“Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte” Rm 5:17. A morte

não apenas existe, mas reina também. Reina no espirito, na alma e no corpo do homem.

Embora o nosso corpo ainda esteja vivo, a morte já está reinando sobre ele. A influência

dela ainda não alcançou seu apogeu, mas ela está reinando e vai expandindo mais e

mais, visando absorver todo o corpo. Vários sintomas que descobrimos em nosso corpo

demonstram como é amplo o poder da morte sobre nós. Todos estes acontecimentos

conduzem a pessoa para aquele final: a morte física. “Os que recebem a abundancia da

graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo”

Rm 5:17. Paulo afirma que os que recebem a abundancia da graça reinarão em vida, por

uma força que excede em muito o poder que opera a morte. Contudo, os cristãos tem

estado tão ocupado com o problema do pecado que praticamente se esquecem do

problema da morte. Tão importante como vencer o pecado é derrotar a morte.

Precisamos entender com clareza, que Cristo morreu para nos salvar não apenas de

nossos pecados, mas também da morte.

Antes de nos convertermos estávamos mortos em nossos pecados, pois o pecado e a

morte reinavam sobre nós. “O salário do pecado é a morte” Rm 6:23. Todavia, o

Senhor Jesus, morrendo em nosso lugar, tragou nossos pecados e nossa morte.

Anteriormente a morte reinava em nosso corpo, quando nos identificamos com a morte

de Cristo, morremos para o pecado e nos tornamos vivos para Deus Rm 6:10. Por causa

da nossa união com Cristo, a morte já não tem domínio sobre nós e não pode mais nos

escravizar. A salvação que provem de Cristo, substitui o pecado pela justiça e a morte

pela vida. “A lei do Espirito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da

morte” Rm 8:2.

Cristo venceu a morte, por isso os crentes não tem necessidade de morrer, embora

ainda possam morrer. Da mesma maneira, Cristo condenou o pecado na carne, por não

ter pecado, por isso não necessitamos mais pecar. Se nosso alvo é não pecar, o nosso

objetivo também deve ser não morrer. Nossa relação com o pecado é regida pela morte

e ressureição de Cristo. De igual modo, nossa relação com a morte também deve ser

regida pela morte e ressureição de Cristo. Em Cristo vencemos de modo absoluto tanto

o pecado quanto a morte. Por isso, Deus quer que apliquemos em nossa vida a vitória

sobre ambos.

Page 35: Livre do Poder do Pecado

34

Geralmente cremos que, como Cristo venceu a morte por nós, não precisamos mais

nos preocupar com ela. Da mesma maneira que não podemos assumir uma atitude

passiva, para vencer o pecado, não podemos vencer a morte negligenciando-a. Deus

quer que tenhamos uma atitude de seriedade a respeito da vitória sobre a morte. A

humanidade marcha em direção a sepultura. A morte é uma herança comum a toda raça

caída. Por isso, nossa tendência natural é adotar uma atitude passiva em relação a ela.

Não aprendemos a nos levantar contra a morte. Sabemos que a volta do Senhor é

eminente, e assim, temos esperança de ser arrebatados e não passar pela sepultura. É

verdade que, quando a justiça de Deus opera em nós, passamos a detestar o pecado.

Todavia, não temos permitido que a vida de Deus opere da mesma forma, para

passarmos a odiar a morte.

Para vencer a morte, os crentes devem largar a atitude de submissão, e adotar a de

resistência. A morte veio por causa do pecado, por isso nossa vitória sobre ela vem da

obra do Senhor Jesus, que morreu por nós e nos salvou do pecado e da morte. Sua obra

redentora está intimamente ligada a morte. “Visto pois, que os filhos tem participação

comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente participou, para que, por sua

morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” Hb 2:14. A cruz é

a base da nossa vitória.

Satanás tem o poder da morte, e o obteve devido ao pecado. Contudo, o Senhor

Jesus conquistou o domínio da morte e através de seu ato redentor, removeu as

correntes que nos prendiam ao pecado, desarmando assim o poder de Satanás. Pela

morte de Cristo, o pecado perdeu a força, de modo que a morte também ficou sem

poder. Com a crucificação de Cristo, tomamos posse da vitória do Calvário, passamos a

ter condição de derrotar o poder da morte, e desfazer o cerco que ela arma em nosso

redor. O cristão tem três caminhos para vencer a morte:

Só morrer depois de terminada a nossa obra: Se tivermos plena convicção de que

ainda não concluímos nossa obra, devemos resistir a morte por todos os meios. Se o

sinal da morte se tornarem visíveis em nosso corpo, antes do termino de nossa obra,

decididamente devemos resistir tanto a ela como a esses sinais. Podemos crer que o

Senhor vai dar todo apoio a essa resistência, pois ainda temos trabalho a realizar. Assim,

enquanto nossa missão não chegar ao fim, podemos confiar totalmente no Senhor,

mesmo que enfrentemos fortes sinais de debilidade física. Cooperando com o Senhor e

resistindo a morte, logo veremos Jesus operando em nós, com o intuito de tragar a

morte, por meio de sua vida.

Observe que Jesus resistiu as garras de sua morte: quando o povo tentou empurra-lo

do penhasco, quando os judeus tentaram mata-lo com pedras no templo e não andava

pela Judeia, porque os judeus estavam a sua procura para mata-lo. Porque Jesus resistiu

três vezes a morte? Porque sua hora ainda não havia chegado, ele não poderia morrer

antes do momento designado por Deus; nem poderia morrer em outro lugar, a não ser no

Gólgota

Paulo também não tinha medo de morrer. Pela fé em Deus, sabia que não morreria

antes de concluir sua obra. Essa foi sua vitória sobre a morte. E no final de sua vida

quando disse: “combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” 2Tm 4:6.

Sabia que o tempo de sua partida era chegado. Não devemos morrer antes de completar

nossa carreira.

Page 36: Livre do Poder do Pecado

35

Pedro também teve conhecimento do momento de sua partida. “Certo de que estou

prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me

revelou” 2Pe 1:14. É um erro afirmar sob avaliação pessoal e humana, que nossa hora

chegou. Devemos esperar uma revelação clara do Senhor. Vivemos para ele, por isso

devemos morrer para ele. Temos que resistir a qualquer impulso para partir, se não for

um chamado do Senhor.

Seja nossa vida longa ou curta, não podemos perecer como os que estão no mundo

do pecado. Isto é, antes que se cumpram os dias designados por Deus para nossa vida. O

tempo que ele nos dá aqui neste mundo deve ser suficiente para realizarmos a nossa

missão. Só então, quando chegar o fim, podemos partir em paz, e ir de forma natural,

tendo sobre nós a graça de Deus. Vencer a morte, não significa necessariamente não

passar pela sepultura, pois Deus pode desejar que alguns vençam através da ressureição,

como aconteceu ao Senhor Jesus.

Não ter medo da morte: Tendo o entendimento que a sepultura não é o fim, apenas

uma ponte que temos que atravessar, para termos este encontro tão esperado com o

Senhor Jesus. “Todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos a escravidão por toda

vida” Hb 2:15. Porém, o Senhor Jesus nos libertou, por isso já perdemos o temor. A

dor, as trevas e a solidão que acompanham a morte, não podem mais nos amedrontar,

pois temos a certeza de que a morte é apenas um sono e seremos despertados quando

Jesus voltar.

Ser arrebatados vivos, por ocasião da volta de Jesus: Sabemos que na volta de

Jesus muitos serão arrebatados vivos. Essa é última maneira que alguém pode vencer a

morte. “Eis que vos digo um mistério, nem todos dormiremos, mas transformados

seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última

trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós os seremos

transformados” ICo 15:51. Reconhecemos que não existe data determinada para a volta

do Senhor. Ele poderia ter voltado a qualquer momento, pois estamos vivendo no tempo

dos últimos dias. Visto que hoje, a volta do Senhor está mais próxima, a esperança de

sermos arrebatados vivos é maior. “Nós os vivos, os que ficarmos até a vinda do

Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo,

dada a palavra de ordem, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus e os mortos

em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós os vivos, os que ficarmos, seremos

arrebatados juntamente com eles, entre as nuvens, para o encontro do Senhor nos ares,

e assim, estaremos para sempre com o Senhor” ITs 4:16. Nós que temos a certeza da

volta de Jesus, devemos estar preparados, para que, não venhamos a ser surpreendidos.

Todos nós, devemos ter o sentimento de estar vivendo o tempo do fim. O Espirito

Santo atualmente está nos inspirando a travar a última batalha com a morte, antes que

venha o arrebatamento. Satanás reconhece que seus dias estão contados, e por isso

emprega toda a sua força para impedir que os cristãos sejam arrebatados. Isto explica,

porque os filhos de Deus, hoje estão sendo atacados no corpo de forma tão feroz. Como

estes ataques físicos são muito sérios, os crentes percebem em si mesmos o odor da

morte. Com isso, abandonam qualquer esperança de serem arrebatados. Não tem ideia

de que isso nada mais é que uma ação do inimigo, visando impedir sua ascensão. Se no

entanto perceberem, que estão no caminho do arrebatamento, naturalmente terão um

Page 37: Livre do Poder do Pecado

36

espirito combativo contra a morte. E sentirão no espirito, que a morte é um obstáculo ao

arrebatamento, e deve ser derrotada.

O diabo é assassino desde o princípio Jo 8:44. O propósito da obra do inimigo

contra os crentes é mata-los. Ele tem uma tática especial pra os últimos dias: magoar e

acusar os cristãos. Se ele puder comunicar ansiedade no espirito, produzir

intranquilidade em nossa mente, levar-nos a perder sono durante a noite ou induzir-nos

a trabalhar excessivamente; qualquer um destes ataques, mostra que ele já penetrou em

nós com o seu poder de morte. Muitas mortes são resultados de ataques do inimigo,

embora poucos reconheçam esse fato. As vezes o veem apenas como um resfriado, uma

insolação, insônia, exaustão ou perda de apetite. As vezes pensam que é a impureza, a

irá, o ciúme, ou a licenciosidade, outras atribuem tais problemas a idade ou a outros

fatores, deixando de entender o real significado do que está acontecendo. Enquanto os

cristãos não percebem que, quem está por traz destes acontecimentos é o poder da

morte, ficam com sua vitória ameaçada. Se reconhecessem esses fatos como ataques de

morte e aprendessem a resistir triunfariam.

Hoje, nossa batalha é pela vida. Em toda parte, há espíritos malignos e assassinos

agindo. Se os crentes não reagirem, resistindo e orando, serão derrotados. Se

continuarem passivos, inevitavelmente morrerão. Não devemos nos render ante ao

poder da morte, senão ela nos atingirá. É possível até que já estejamos contaminados

por ela. Poderemos resistir a essas enfermidades, se a entregarmos ao Senhor e

pedirmos em oração: que as vença por nós.

Quando entendemos melhor as realidades bíblicas reconheceremos, que cumprindo

as condições estabelecidas por Deus a nossa existência física será prolongada, mas se

desobedecermos, nossa vida se extinguirá gradativamente. Deus quer que atentemos

para sua Palavra para termos sabedoria, buscando a justiça e guardando nosso coração,

afim de não perdermos a vida. Se quisermos viver, precisamos aprender a obedecer.

“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé

em Jesus” Ap 14:10.

O Espirito nos foi dado para podermos antegozar o triunfo futuro da vida e a

manifestação da graça de Deus sobre nós. “Nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só

destruiu a morte, como trouxe a luz, a vida e a imortalidade, mediante o evangelho”

2Ti 1:10. A vida e a imortalidade constituem a porção comum de todos aqueles que

recebem o Evangelho de Jesus. Precisamos crer que é possível antegozar os poderes do

mundo vindouro. “Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de Nosso Senhor

Jesus Cristo” ICo 15:57. Embora Paulo esteja se referindo a vitória total sobre a morte

que ocorrerá no futuro, também declara, que podemos vencer por meio do Senhor Jesus,

agora!

Cada um de nós deve saber qual é a vontade de Deus com respeito ao seu futuro.

Sabendo que estamos no tempo do fim, que a volta de Cristo se aproxima e que deverá

consumar-se ainda enquanto vivemos. Por isso, devemos exercitar a fé e nos apropriar

da Palavra de Deus, confiando que não morreremos, mas veremos a face de Senhor

ainda vivos. Todos nós que temos está esperança devemos purificar-nos, assim como

Ele é puro. Procurando viver para Ele a cada momento, recebendo o poder de sua vida

ressurreta para suprir nossas necessidades do espirito, da alma e do corpo. Vamos

confiar que não morreremos, crendo que seremos arrebatados.

Page 38: Livre do Poder do Pecado

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Como é maravilhosa a gloria futura! Como é perfeita a salvação que Deus preparou

para nós! Precisamos nos levantar e elevar nossos corações a Deus ansiando estar

plenamente ligados as coisas divinas! Que a carne não tenha mais lugar em nós! Que o

mundo não exerça mais nenhuma atração sobre nós! Que o amor do Pai possa estar em

nós, de modo que não tenhamos mais nenhuma comunhão com o inimigo!

Que o Senhor Jesus possa satisfazer nossos corações de modo que não seja

necessário acrescentar mais nada e que o Espirito Santo possa fazer brotar em cada

crente o pedido:

“VEM LOGO SENHOR JESUS”

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Sumário

1. Viver Na Carne Ou No Espirito De Deus ......................02

2. O Velho Homem E A Cruz .............................................05

3. A Alma E A Vida Natural ...............................................07

4. O Chamado Da Cruz .......................................................11

5. O Apego Da Alma As Coisas Do Mundo .......................13

6. A Alma Sob O Controle Do Espirito ..............................16

7. O Corpo ............................................................................18

8. Glorificar A Deus Com Nosso Corpo .............................21

9. As Doenças E O Pecado ..................................................24

10. A Vida Do Corpo .............................................................26

11. O Poder Divino ................................................................28

12. Vencendo A Morte ..........................................................30

Estudo sobre os escritos de Watchman Nee

Por: Lc. Password