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  • 8/20/2019 LP 6º Manual Professor IP

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    P6 P O R T U G U Ê S AnaSantiago Soa PaixãoConsultor cientíco-pedagógicoJOAQUIM SEGURACoautor do novo PPEB

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    HISTÓRIASCOM BARBAS

    UNIDADE 2

    LEITURA E COMPREENSÃO DO ORATextos tradicionais e textos de autor Salta-Pocinhas, Aquilino Ribeiroexcerto narrativo

    Bom conselho, Chico Buarqueletra de canção

    O galo e a raposa, La Fontainefábula

    Velhas histórias que convém saber melhor,Alves Redolexcerto narrativo

    Bela Infanta, Almeida Garrettromance tradicional

    A lenda de Pedro Cem, Inácio Nuno Pignatellilenda

    O Gigante Egoísta, Oscar Wildenarrativa na íntegra

    Um criado esperto, José António Gomesconto tradicional

    A ponte, Ilse Losanarrativa na íntegra

    Textos de imprensa, comunicação e divulgação Texto informativo, avisos

    EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Provérbio e explicação, texto expositivo,texto instrucional, texto de opinião,leitura dramatizada, letra de canção,reconto, narrativa

    CONHECIMENTO DA LÍNGUA Classes de palavras e morfologia: advérbio,preposição, quanticador

    Sintaxe: grupos da frase Som e sílaba Relações entre palavras Dicionário

    EM RESUMO Os textos tradicionais

    AVALIAÇÃO

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    EXPRESSÃO ORAL

    1. Utiliza os adjetivos seguintes para explicitares oralmente uma de-nição de provérbio .

    curto sentencioso intemporal popular

    2. Escolhe dois provérbios entre os distribuídos pelo teu professorque abordem o mesmo tema e memoriza-os.

    3. A partir de uma ordem pré-denida, diz muito rapidamente os pro-vérbios que memorizaste.

    4. Em conjunto com os colegas e com a ajuda do professor, tentaexplicar o sentido desses provérbios.

    LEITURA

    1. Antes de leres o texto, recorda o que já sabes sobre a fábula .Que característica aproxima uma fábula de um provérbio?

    1.1. Lê o excerto inicial do livro Romance da raposa do escritorportuguês Aquilino Ribeiro e indica duas das característicasda fábula aí presentes.

    rovérbioexplicação

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    Salta-PocinhasHavia três dias e três noites que a Salta-Pocinhas – rap1

    matreira, fagueira2, lambisqueira3 – corria os bosques, farejandobatendo mato, sem conseguir deitar a unha a outra caça alémmíseros gafanhotos, nem atinar com abrigo em que pudesse dum soninho descansado. Desesperada de tão pouca sorte, vinhtentações de tornar para casa dos pais, onde, embora subterrâcama era mais quente e segura que em castelo de rei, e onde

    faltava galinha, quando não fosse fresca, de conserva, ou entãobravo, acabado de degolar. Mas temia-se da mãe, que, ao cabosemana de fome, depois do assalto frustrado à capoeira dum laem que vira a morte a dois passos, lhe atormentara o juízo comtências e bons conselhos:

    – Salta-Pocinhas, minha lha, tens de procurar outro ofício. Ce dormir, dormir e comer também eu queria. Olé! Se ainda não o

    ca sabendo:quem não trabuca não manduca. Mal entre a lua nova – enão tarda a hora que chegue às portinhas do céu – estás na id

    VOCABULÁRIORaposeta: raposa jovem.Fagueira: meiga, carinhosa.Lambisqueira: gulosa, lamba-ira.

    Percurso 1EXPRESSÃO ORAL Provérbioe explicação

    LEITURA Excerto narrativo

    – expressões populares– perífrase Fábula

    – personicação

    COMPREENSÃODO ORALE ESCRITA Letra de canção Provérbio

    CONHECIMENTODA LÍNGUA

    Grupo nominale grupo verbal

    ROFESSORXPRESSÃO ORAL

    Um provérbio é um texto curto,opular e intemporal, que usa umm moralizador.EITURAO tom moralizador, sentencioso –

    mbos pretendem ensinar algumaoisa e condicionar os comporta-entos.1. As personagens principais são

    nimais personicados. A históriaontém uma moral.

    PowerPoint

    ovérbios ao desao

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    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    te conduzir por tua cabeça. Também já te lá cantam dezoito meses, edezoito meses nada ladros4, louvado seja o pai dos bichos. É olhar-tepara a navalha dos dentes e a boa saia de peluche. Uma riqueza!

    – Ih, ih, ih! – desatara a Salta-Pocinhas a choramingar.– Santa paciência! Teus irmãos por aí andam ganhando o pão, sabe

    Deus com que trabalhos! O Pé-Leve saiu um azougue de nura5…– E bom lho! Estava ontem a gineta6 a fazer-lhe um rasgadís-

    simo elogio – disse o pai velho, um raposão de rabo pelado, ao tempoque se espreguiçava entesando e voltando a entesar um longo e des-carnadíssimo pernil.

    – Pudera! Foi ele que bifou7 ao padre-prior o rico galo galaroz8,crista de vermelhão e pernas de retrós9. Comemos nós, comeu a ginetae, cem anos que eu viva, não me hei de esquecer do fartote. Coitado,o Pé-Leve emancipou-se há já umas semanas. A ti, Salta-Pocinhas,guardámos-te mais tempo connosco, esperando que nos servisses dearrimo10 para o m dos dias. É negócio arrumado, se tratares de ti, já nos damos por contentes. Pronto, deitaste bom corpo, arranja-te,arranja-te! Para baronesa não nasceste…

    – O mundo vai mal! O mundo vai mal! – emitiu o raposão emtom pessimista. – Quem houver de levar a vidinha segundo as regras

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    VOCABULÁRIO4 Ladros: ladrões.5 Um azougue de nura: to esperto e no.

    6 Gineta: animal semelhantum gato grande de pelo cinzento e negro.7 Bifou (popular): roubou.8 Galo galaroz: galo grand9 Pernas de retrós: pernas lhantes e sedosas.10 Arrimo: amparo, proteção

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    do amor ao pelo precisa de lume no olho. Sim, senhora! Hoje assaltar uma capoeira é um problema difícil de matemática…

    – Estou velha… caduca – tornou a mãe, sem fazer caso da do raposo. – Não te posso manter, ainda que quisesse. Há coisaum cãozito bem reles, um destes totós que não prestam para maque para soltarbéu! béu! , deitou a correr atrás de mim e por pouco qnão me rasga a fralda. O toirão11 que diga. Teu pai, depois que apanhoa chumbada nas pernas, está o que para ali se vê: um entrevadinborralheiro, incapaz de pegar um caçapo12 a dormir a sesta no covil.

    Aquelas palavras não eram ditas, rompera o pai raposo a mdo bicho-homem e da danada invenção das armas de fogo. E, de muito praguejar e de muito chorar a má estrela, foi levadoestava em seus hábitos de velho impostor, a fazer grande alaligeireza e coragem que possuíra nos bons tempos, quando eum galgo na carreira. Mas a mãe raposa mandou-lhe calar a c ver que no galho dum freixo, por cima deles, se viera empoleirtre Vicente, o corvo, com ar trocista a desfrutar o gabarola.

    Aquilino Ribeiro, Romance da raposa, Bertrand, 1979

    2. Desde que saiu de casa dos pais, Salta-Pocinhas tem dois proble-mas. Quais?

    3. Qual seria a solução para esses problemas? O que impede a «rapo-seta» de tomar esse caminho?

    4. O que pensa a mãe sobre o modo de vida da lha?

    4.1. Transcreve para o teu caderno o provérbio que a mãe usa paraensinar uma lição a Salta-Pocinhas e explica o seu signicado.

    5. O pai de Salta-Pocinhas está tão preocupado com a lha quanto a

    mãe? Explica porquê.5.1. Explica o sentido da frase «— Quem houver de levar a vidinha

    segundo as regras do amor ao pelo precisa de lume no olho.»(linhas 36-37) .

    5.2. O que é que esta frase dita pelo pai acrescenta aos conselhosda mãe?

    6. Por que razão a mãe permitiu que Salta-Pocinhas vivesse mais tem-po do que os irmãos em casa dos pais? O que a fez mudar de ideias?

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    50VOCABULÁRIO1 Toirão: o mesmo que furão;equeno animal.

    2 Caçapo: coelho jovem e pe-ueno.

    Percurso 1

    Aquilino Ribeiro885, Carregal —

    963, Lisboasua obrastingue-se

    ela riqueza danguagem que utiliza,om muitas palavrasexpressões populares.Malhadinhas e O livro dearianinha (dedicado à neta)o exemplos de obras suas.

    ROFESSOREITURANão conseguir caçar para comer

    em encontrar um local seguro pa-dormir. A solução seria voltar para ca-

    a dos pais, onde encontraria boaama e boa comida, mas Salta-Pocinhas tem medo da mãe, que

    a avisara de que tinha de traba-ar para ter o conforto desejado enha imposto a sua saída de casa. A mãe considera que a lha estáal habituada e que já tem idade e

    apacidade para caçar e viver sozi-ha, tal como os irmãos.1. «Quem não trabuca não man-uca» signica que quem não tra-alha não come. Ao dizê-lo, a mãestá a repreender a lha e a refor-ar a ideia de que esta tem de lutarara conseguir as coisas básicas dada: comida e dormida.O pai de Salta-Pocinhas está mais

    reocupado com o seu descansoprefere elogiar o lho, Pé-Leve,

    o que repreender a lha.1. Quem quiser sobreviver tem de

    er inteligente.2. O pai reforça a ideia de que osmpos estão difíceis, mas acres-enta que não basta ser forte, éreciso ser esperto. A mãe contava que Salta-Poci-

    has lhes valesse quando fossemais velhos, mas percebeu que, nãondo capaz de cuidar de si própria,raposeta não conseguiria cuidare ninguém e, por isso, tinha deprender a sobreviver à sua custa.

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    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    7. A quem atribui o raposão as culpas da sua incapacidade enquantocaçador? E a mãe? Tem a mesma opinião?

    8. Escolhe a opção correta.

    8.1. A linguagem utilizada no excertoa) corresponde à norma.b) afasta-se da norma.

    8.2. O autor utiliza maioritariamentea) palavras cuidadas.b) regionalismos e expressões populares.

    9. Explica o sentido das seguintes frases e expressões do texto.

    a) «batendo mato» (linha 3)b) «sem conseguir deitar a unha» (linha 3)

    c) «dezoito meses nada ladros» (linha 18)d) «Pronto, deitaste bom corpo, arranja-te, arranja-te!» (linhas 33-34)e) «Para baronesa não nasceste…» (linha 34)f) «mandou-lhe calar a caixa» (linha 51)

    9.1. A perífrase é um recurso expressivo em que dizemos porvárias palavras o que poderíamos dizer por poucas. Substituia perífrase «deitar a unha» por uma só palavra.

    COMPREENSÃO DO ORAL E ESCRITA

    1. Num poema conhecido, o músico e escritor brasileiro Chico Buar-que diz vários provérbios conhecidos, mas altera-lhes o sentido.

    1.1. Ouve o poema e regista no teu caderno a versão do autor paraos seguintes provérbios:

    a) Quem espera sempre alcança.

    b) Quem brinca com o fogo queima-se.c) Devagar se vai ao longe.

    2. Na nossa tradição, existem muitos provérbios que são aparente-mente contraditórios, como por exemplo: Quem espera semprealcança. / Quem espera desespera.

    2.1. Escolhe alguns dos provérbios que trabalhaste anteriormentee reescreve-os, com os teus colegas, de modo a criares novosprovérbios com sentidos diferentes. Explica esse sentido.

    PROFESSORLEITURA7. O raposão culpa o homem, armas de fogo, a sua má sorte e velhice. Já a mãe acredita que o raposão cou incapaz desde que foatingido nas pernas, sem ligar losoas do pai raposo.8.1. b).8.2. b).9. a) Andar muito sem rumo certo.b) Sem conseguir caçar.c) Dezoito meses de vida generosos em relação ao desenvolvimento de Salta-Pocinhas.d) Tens bom corpo para te desenvencilhares sozinha.e) Não nasceste para ser servidpelos outros.f) Ordenou que se calasse.9.1. Apanhar.

    COMPREENSÃO DO ORE ESCRITA

    1.1. a) Quem espera nunca alcança.b) Brinque com meu fogo / Venhse queimar.c) Devagar é que não se vai long2.1. Por exemplo: Faz o bem, molha sempre a quem. Quem nãama esquece. Cão que ladra podmorder.

    Áudio Faixa 5Bom conselho

    Provérbio

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    LEITURA

    1. Lê agora uma fábula completa de La Fontaine.

    O galo e a raposaEmpoleirado num sobreiro antigo,fazia um velho galo sentinela.Uma raposa diz-lhe: «Irmão e amigo, Venho trazer-te uma notícia bela.

    Nas nossas dissensões1 lançou-se um traçoE acaba de assinar-se a paz geral;Desce, que quero dar-te estreito abraçoE juntamente o beijo fraternal!»

    – Amiga – diz-lhe o galo – folgo imensoNão podia esperar maior delícia!… Vejo dois galgos a correr, e pensoQue são correios da feliz notícia.

    Foge a raposa sem dar mais cavaco;E o galo sentiu íntimo consolo.Pois é grande prazer ver a um velhacoEntrar espertalhão e sair tolo!

    La Fontaine, Fábulas , Minerva, s.d.

    2. Refere, por palavras tuas, a «notícia bela» que a raposa dá ao galo.

    2.1. O que pretende, de facto, a raposa?

    3. Escolhe a opção correta para completares a frase.

    Quando fala com o galo, a raposa éa) agressiva e hostil.b) agradável e bajuladora.

    3.1. Retira do texto palavras ou expressões que permitam justicara tua opção.

    4. Anal, por que razão foge a raposa?

    5. Nesta fábula, quem é mais matreiro, o galo ou a raposa? Porquê?

    a Fontaine621, Château-Thierry — 1695, Parisoeta e fabulistaancês. Nas suasbulas , denuncia oscios dos homens atravése animais. A lebre e artaruga e O leão e o rato sãoxemplos de fábulas suas.

    VOCABULÁRIODissensões: desentendimen-s.

    Percurso 1

    ROFESSOREITURA A raposa informa o galo de

    ue as velhas disputas existentesntre os dois estão ocialmenterminadas.1. Convencer o galo de que já

    ão o persegue e, assim, conseguirproximar-se dele e caçá-lo. b).1. «Irmão e amigo»; «uma notíciaela»; «estreito abraço»; «beijo fra-

    rnal!» O galo nge acreditar na ra-

    osa e lança-lhe uma armadilhaemelhante, armando que doisalgos se aproximam para lhesar a feliz notícia. Como mentiuobre a falsa paz, a raposa sabeue o galo também está a mentirlogo, sabe que, se forem verda-

    eiros, os galgos aproximam-seara a caçar. O galo, porque consegue en-dar e iludir a raposa na mentira

    ue ela própria inventou.

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    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    6. Explica, por palavras tuas, a razão do «grande prazer» sentido pelogalo.

    7. A personicação é um recurso expressivo utilizado ao longo detodo o texto. Explica a importância do seu uso.

    CONHECIMENTO DA LÍNGUA

    Já consigo identicar os principais grupos da frase?

    1. Forma duas frases com os grupos seguintes:

    Grupo nominal (GN) Grupo verbal (GV)

    A raposa caçam astutamente.As raposas caça com astúcia.

    1.1. Identica a classe da palavra mais importante de cada um dosgrupos.

    1.2. Indica as funções sintáticas desempenhadas pelos gruposnominais e pelos grupos verbais que associaste.

    1.3. Explica a regra que te levou a associar cada grupo nominal aum grupo verbal .

    2. Observa agora outras frases e divide-as nos seus dois grupos prin-cipais — o GN e o GV.a) Ela caça.b) A raposa, astuta e matreira, caça.

    2.1. Quais são as diferenças entre os grupos nominais que iniciamestas duas frases e os grupos nominais do exercício anterior?

    3. Observa o GV da frase seguinte e escolhe a opção que melhor ocaracteriza.

    As raposas comem pequenos animais, frutos, sementes e cereais.a) GV constituído apenas pelo verbo.b) GV constituído pelo verbo e por outros grupos.

    4. Completa e conclui. O grupo nominal é habitualmente constituído por um A ou

    por um B , mas pode ser aumentado com outros C . A palavra mais importante do grupo verbal é o D , que pode

    aparecer E ou acompanhado por outros F .

    PROFESSORLEITURA6. A razão foi ter transformado umraposa velhaca numa raposa tola.7. Atribui características humanaos animais, contribuindo para qua moral desta história tenha comdestinatários os homens.

    CONHECIMENTODA LÍNGUA1. A raposa caça. As raposas cçam.1.1. GN (nomes): raposa; raposGV (verbos): caça; caçam.1.2. Grupos nominais — sujeGrupos verbais — predicado.1.3. O verbo do grupo verbalpredicado concorda em pessoa número com o grupo nominal qutem a função sintática de sujeito.2. a) GN: Ela. GV: caça.b) GN: A raposa, astuta e matreiGV: caça.2.1. Na frase a), o GN com a funçsintática de sujeito é um pronomNa frase b), o GN com a função sitática de sujeito é constituído pelnome e por dois adjetivos.3. b).4. A nome;B pronome;C grupos;D verbo;E sozinho;F grupos.

    Gramática interativaO GN e o GV

    Os grupos da frase:grupo nominale grupo verbalGuia Gramatical, p. 238

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    Velhas histórias queconvém saber melhor

    – Há aí uns oito mil anos…– Ena! – disse, espantado, o Serrano gorducho.Os outros grãos olharam-no numa reprimenda, enquanto o

    relo de Barba Preta se limitou a olhá-lo de banda e a sorrir.

    – Os antepassados do homem de hoje – prosseguiu o narr viviam em pequenos grupos, onde o trabalho era dividido. Eenquanto os varões se dedicavam à caça e à pesca, as mulheres frutos selvagens e raízes, se as cavernas cavam junto das orapanhavam mariscos, se o mar estava perto.

    – Eu sei – disse o Serrano – que elas desenterravam as raíz vindo-se de paus aguçados.

    – Que engraçado! – exclamou a Sementinha, muito interes– Trágico é que devias chamar-lhe, minha amiga – respondeu o

    Amarelo de Barba Preta. – Quantas mulheres morreram antes que sou-bessem distinguir-se os cogumelos, as raízes e os frutos venenosos? Massó assim foi possível, experimentando, aumentar os recursos com quematavam a fome. E como, principalmente, dependiam de animais, oshomens rudes desse tempo julgavam-se seus descendentes. E adotavamos seus nomes, e adoravam-nos, fazendo festas em que os imitavam,dançando, no convencimento de que assim os caçariam mais facilmente. Tão certos estavam desse poder mágico que começaram a gravar nointerior das cavernas os per s das renas, dos bisões1 e dos mamutes.

    – E os nossos avós? – perguntou o Serrano.Fez-se um movimento de impaciência entre os bagos de tri– Os nossos avós, e mais a cevada, foram também desco

    entre as plantas selvagens que as mulheres iam encontrando…– E onde foi? – indagou a Sementinha, mordida pela curios– Dizem uns que na Mesopotâmia, outros que na AbissíniaSem as sementes saberem como, apareceram-lhes, de súbi

    estranhos bagos de trigo: um deles era preto, outro vermelho, ainda, azul.

    LEITURA

    1. Observa o título do texto que se segue. Consideras que contémalgum conselho ou sugestão? Justica a tua resposta.

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    Percurso 2LEITURA Excerto narrativo

    – assunto– presente histórico Texto informativo

    CONHECIMENTODA LÍNGUA Advérbio

    ESCRITA Texto expositivo Texto instrucional

    VOCABULÁRIOBisões: bisontes.

    ROFESSOREITURAO título sugere que se conheçamelhor algumas histórias antigas.

    2

    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    – O que é isto? – perguntou o Mocho de Espiga Branca. – Agoratambém brincamos o Carnaval?…

    – Sabes pouco, companheiro – respondeu o Bago Azul. – Isto nãoé uma máscara, mas a nossa própria cor…

    As sementes estavam espantadas com aqueles grãos bizarros.– Basta de graças! – disse o Amarelo de Barba Preta.– Não é o que tu julgas, meu velho – retorquiu o Bago Vermelho.

    – Como falavas na pátria do trigo, nós viemos para te dizer que somosoriginários desse país…

    – Da Mesopotâmia?– Do Afeganistão – explicou o Trigo Negro. – É aí, na Ásia, que

    ainda existe, ocupando campos inteiros, o trigo anão… Um trigo detamanho bizarro, que é o nosso mais velho antepassado.

    Deixando as outras sementes viver uma expectativa que as imobi-lizava, o grão asiático prosseguiu:

    – O nosso povo era pací co, mas um dia, há milhares de anos, asua terra foi invadida por outro povo vindo do Ocidente.

    – Dias terríveis! – exclamou o Bago Azul. – As guerras são sempreterríveis! Tão terríveis e tão cruéis que ainda hoje há gente do Afe-ganistão a morar em cidades abertas nas montanhas, com receio doshomens que levaram a guerra…

    E o Trigo Azul calou-se, emocionado, como se vivesse ainda essaépoca distante.

    Alves Redol, A vida mágica da Sementinha, Caminho, 2009

    2. Quem são as personagens deste texto?

    2.1. Não sendo personagens humanas, as personagens deste textocomportam-se como tal. Que recurso expressivo permite atri-buir a estas personagens comportamentos humanos?

    2.2. Em que situação se encontram as personagens?

    Alves Redol1911, Vila Franca deXira — 1996, LisboaEscritorcom grandespreocupaçõespolíticas e sociais, teveum papel muito importantena literatura portuguesa, sendoautor de romances e de peçasteatrais. Gaibéus e Constantino,

    guardador de vacas e de sonhossão obras suas.

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    PROFESSORLEITURA2. O Serrano, o Amarelo de BarPreta, a Sementinha, o Mocho Espiga Branca, o Bago Azul/TriAzul, o Bago Vermelho, o Trigo Ngro e outros bagos de trigo.2.1. A personicação.2.2. Encontram-se reunidas a ouvo Amarelo de Barba Preta, sendque, a dada altura, aparecem o Bago Azul/Trigo Azul, o Bago Vermlho e o Trigo Negro.

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    3. O excerto inicia-se com a fala do Amarelo de Barba Preta.Que informação nos dá essa fala sobre o assunto que vai introduzir?

    3.1. Que assunto é esse?

    3.2. Qual é o grau de interesse dos ouvintes nesse assunto (muitoou pouco)? Justica a tua resposta.

    4. O Amarelo de Barba Preta conta uma história que ensina algumacoisa a quem o ouve. Relaciona-a com o título do excerto.

    5. «— Os antepassados do homem de hoje — prosseguiu o narrador[…]». Reescreve a fala do Amarelo de Barba Preta, iniciando-a comas palavras apresentadas abaixo e conjugando os verbos no pre-sente do indicativo .

    Como vivem os homens nesse tempo? Vivem…

    5.1. Seria possível o Amarelo de Barba Preta usar o presente doindicativo como presente histórico no seu discurso? Porquê?

    6. «— Quantas mulheres morreram antes que soubessem distinguir--se os cogumelos, as raízes e os frutos venenosos?» Seleciona asopções corretas para completares a armação sobre esta perguntado Amarelo de Barba Preta.

    a) Quando o Amarelo de Barba Preta faz esta pergunta, espera que os seus ouvintes lhe respondam. não espera que os seus ouvintes lhe respondam. mostra que não sabe a resposta. mostra que esse assunto não tem interesse nenhum.

    b) Essa pergunta do Amarelo de Barba Preta serve para sublinhar a importância desse assunto do passadoe para introduzir a explicação que dá a seguir.

    interrompe o assunto de que a personagem estava a falar. permite mudar de assunto, logo a seguir, no seu discurso. é totalmente despropositada.

    7. Em que momento da explicação do Amarelo de Barba Preta apa-recem «uns estranhos bagos de trigo»?

    7.1. Por que razão aparecem nesse momento?

    8. Que acontecimento do passado impressiona particularmente umdesses bagos? Transcreve a passagem do texto que conrma a tuaresposta.

    Percurso 2

    ROFESSOREITURA Dá uma informação temporal: a

    e que o assunto diz respeito a oitoil anos atrás.1. A história dos antepassados

    os bagos de trigo e dos homens.2. Muito interesse: a Sementinhaostra-se entusiasmada com o

    ue ouve, o Serrano interrompe omarelo de Barba Preta para dizerque também sabe sobre o assun-e para fazer uma pergunta e os

    agos de trigo mostram-se impa-entes, aguardando a continuaçãoo discurso do Amarelo de Barbareta. O Amarelo de Barba Preta con-a história dos antepassados. Estauma das velhas histórias «que

    onvém saber», porque dá um en-namento.

    … em pequenos grupos, ondetrabalho é dividido. E assim, en-

    uanto os varões se dedicam à ca-a e à pesca, as mulheres colhemutos selvagens e raízes, se as ca-ernas cam junto das orestas, oupanham mariscos, se o mar estáerto.1. Seria possível, porque o pre-

    ente é, em certos casos, usadoara relatar ou expor factos doassado. Daí poder ser chamadopresente histórico». não espera que os seus ouvintese respondam.) serve para sublinhar a impor-ncia desse assunto do passadopara introduzir a explicação queá a seguir.Quando o Amarelo de Barba Pre-explica que os antepassados do

    igo foram descobertos ou na Me-opotâmia ou na Abissínia.1. Porque são originários da pátriao Trigo. A guerra: «E o Trigo Azul calou-

    e, emocionado, como se vivessenda essa época distante».

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    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    CONHECIMENTO DA LÍNGUA

    Que advérbios usamos para fazer perguntas?

    1. «— E onde foi? — indagou a Sementinha, mordida pela curiosidade.»A informação que a Sementinha pretende obter com esta perguntarelaciona-se coma) o modo como se deu um acontecimento.b) o tempo em que se deu um acontecimento.c) a razão por que se deu um acontecimento.d) o lugar onde se deu um acontecimento.

    1.1. Que palavra na pergunta da Sementinha te permitiu responderà questão anterior?

    2. Associa cada uma das perguntas seguintes às diferentes frasesapresentadas no exercício 1.

    Quando descobriram os cereais? Como descobriram os cereais? Porque aumentaram os homens os seus recursos? Os homens aumentaram os seus recursos porquê?

    2.1. Das palavras usadas nas frases anteriores, apenas uma emcada frase pode ser um advérbio . Indica o advérbio usado emcada uma das frases.

    3. A partir dos exercícios anteriores, completa a conclusão seguinte. As palavras onde , A , B , C e D são advérbios

    interrogativos . Usamos os advérbios interrogativos para fazerE sobre o lugar , o F , o G e a H de alguma coisa.

    Como nos ajudam os advérbios a excluir ou a incluir algo?

    4. Associa cada advérbio destacado nas passagens seguintes a umadas alíneas apresentadas.

    «Mas só assim foi possível, experimentando, aumentar os recur-sos com que matavam a fome.»

    «Os nossos avós, e mais a cevada, foram também descobertosentre as plantas selvagens […].»

    a) É um advérbio que inclui determinados elementos num conjunto.

    b) É um advérbio que exclui outras possibilidades para além daque é apresentada.

    O advérbioGuia Gramatical, p. 231

    PROFESSORCONHECIMENTODA LÍNGUA1. d).

    1.1. onde.2.Quando descobriram os cereais? bComo descobriram os cereais? aPorque aumentaram os homenos seus recursos? / Os homensmentaram os seus recursos porquê? c).2.1. Quando, Como, Porque, poquê.3.A quando;B como;C porque;D porquê;

    E perguntas;F tempo;G modo;H causa.4. a) também.b) só.

    Gramática interativaO advérbio

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    5. Usa os advérbios apenas e até para completares as frases, respei-tando a ideia apresentada entre parênteses.

    Os homens primitivos adoravam os animais e A (ideia deinclusão) os imitavam.

    As mulher colhiam alimentos; B (ideia de exclusão) os ho-mens caçavam e pescavam.

    6. Completa para concluíres. Os advérbios A e B são advérbios de inclusão , porquepermitem incluir alguém, alguma coisa ou alguma ideia num con-

    junto. Os advérbios C e D são advérbios de exclusão ,porque permitem excluir alguém, alguma coisa ou alguma ideia.

    LEITURA

    1. Lê o texto seguinte e depois aponta:a) a(s) coluna(s) em que se expõem as características/proprieda-

    des das ervas aromáticas;b) a(s) coluna(s) em que se dão instruções para manter as ervas

    aromáticas.

    ERVAS A ROMÁTICAS EM VASO

    Vai bem com… Faz bem a… Como usar…

    Tomilho Perfeito para guisados e cozidos.Ao contrário de outras ervas,o sabor persiste após várias horasde cozedura. Muito utilizadoem pratos de carne, peixe, sopase molhos. Salienta o sabor deoutras ervas sem o intensi car.

    Alivia distúrbios intestinaise é utilizado em gargarejos,contra in amações na garganta,e em xarope, para tratamentode tosses e congestõesrespiratórias

    Mantenha-o sob sol plenoou à meia-luz, em solo bemdrenável, enriquecido commatéria orgânica. As regasdevem ser reguladas, semencharcamentos.

    Manjericão Igualmente conhecido porbasílico, era usado em Itáliapara presentear namoradas.É a erva de excelência para aaromatização de sopas, saladas,molhos e massas.

    Quando utilizado em grandesquantidades, funciona comoantigripal.

    Regue apenas quando começara murchar. Coloque-o num localquente e ensolarado.

    Salsa Transversal a todas as culturas,vai bem com sopas, molhos,pratos de carne e de peixee omeletas. As suas folhas e talos podem ser usados. É muitoapreciada para usar comoguarnição.

    Estimulante e diurética, auxiliatambém na digestão. Soba forma de infusão, tembenefícios para a pele. Comoemplastro, alivia irritaçõese picadas de insetos.

    Dê preferência a solos ricose com boa drenagem e optepor locais com sol direto. Cortesempre acima das folhas emcrescimento.

    Sabe bem, faz bem, n.º 2, julho / agosto 2011 (adaptado

    ROFESSORONHECIMENTO

    DA LÍNGUA até;apenas.

    também;até;só;apenas.EITURA

    A primeira e a segunda colunas:ai bem com… / Faz bem a…) A terceira coluna: Como usar…

    Percurso 2

    Imagemvas aromáticas em vaso

    ER S ARO T I AS

    Vai bem co … Faz be a… Como u sa …r

    T milh Perfeito para gu isados e cozid s.Ao contr rio de o tras ervas,o sab r pers ste ap s v r as horasde cozedura. uito utiliza doem p atos de carne, peixe, s opas e molhos. Salienta o sabor deoutr as er as sem o ntens c ar.

    Ali ia distúrbios intestin aise é utiliz do m ar gare s, contra in amações na gar ganta, e e xarope, p r trat am nto de tosses e congestões r spi atórias

    a te h - s b sol plenà meia--ll ,z, e so o be

    dren v l, enr queci o c matér a or ânica. As re as

    de e ser regu as, semencharcam ntos.

    a je ricã o gualmente conhecido p or basílico, era usad o em Itá lia

    a a pres ntea r na o radas..a erva de excelênc a par a

    aromat izaçã de so as, s ladas ,,olh s e a sas s.

    Quand utilizado em gr andesquantidades, funciona como antigr ipal.

    Regue pen qu ndo co eçarrch .r. oloque-o num local

    quente e so arado.

    Salsa Tran vs rss l t ad ss a ccul ur s, va b m s a , m ll os,,

    rat s cc ne e ie e om letas. . As ua s fo as al

    o s r us dos. É muit a ecia ara u r c m gu n ção.

    stimulante e diurét ica, auxiliat mbém na d gestão. So a forma de inf usão, tembenefícios para a pele. Comoemplastro, a livia irri aç es e picadas de insetos.

    D rênc a a los ricosc m ren gem e opteor l c is sol direto. Corte

    s r acim das folhas mcresc n o.

    6

    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    1.1. Indica a(s) coluna(s) em que predominam:b) as frases imperativas , com as formas verbais no presente

    do conjuntivo ;a) as frases declarativas , com as formas verbais no presente

    do indicativo .

    1.2. Verica se é possível substituir o presente do conjuntivo porformas verbais no imperativo , reescrevendo alguns exemplos.

    2. Relembra o que sabes sobre o texto expositivo e lê a informação dacaixa sobre o texto instrucional . Depois, identica sequências expo-sitivas e sequências instrucionais no texto sobre as ervas aromáticas.

    ESCRITA

    1. Usa um processador de texto para escreveres:um texto expositivo sobre um dos alimentos incluídos na Rodados Alimentos;

    um texto instrucional para uma ementa diária saudável.

    Texto expositivoPesquisa informação sobre esse alimento e organiza-a numesquema. Deves incluir:— o nome do alimento;— o grupo a que pertence na Roda dos Alimentos e a respetiva

    porção diária;— as suas propriedades / os seus benefícios;— a origem e as condições necessárias ao seu desenvolvimento.Entre outros, usa os verbos ser e ter no presente, para exporesas características / propriedades do alimento.

    Texto instrucionalOrganiza as instruções que queres dar, de acordo com a ordemdas refeições diárias.Usa o imperativo para dares as tuas instruções.

    Dá a conhecer os teus textos em cartazes para axar e em folhetospara distribuir no refeitório e/ou no bar da tua escola.

    TEXTO INSTRUCIONApresentam-se, deforma organizada, as

    instruções necessáriaspara a realização de umconjunto de operaçõescom vista a um resultadohabitualmente indicadono título do próprio textoUsam-se os verbos noinnitivo ou no imperativ(quando se dirige àsegunda pessoa)/nopresente do conjuntivo(quando se usa a terceirapessoa).

    Sabes quando se escreve «porque» e «por que»?A razão A esses alimentos são importantes é serem ricos em ferro.Explica-me os motivos B devemos ter uma boa alimentação.

    C devemos beber água? Explica-me D temos de a ingerir.

    PROFESSORLEITURA1.1. a) A terceira coluna: Como usar…b) A primeira e a segunda colunaVai bem com… / Faz bem a…1.2. É possível fazer essa substitução, como nos exemplos: « Man-no sob sol pleno ou à meia-luz

    «Rega apenas quando começarmurchar»; « Dá preferência a soricos e com boa drenagem epor locais com sol direto»; « Csempre acima das folhas em crescimento».

    2. Sequências expositivas : «Sata o sabor de outras ervas sem intensicar»; «é utilizada em ggarejos, contra inflamações ngarganta»; «É a erva de excelêncpara a aromatização de sopas, saladas, molhos e massas».Sequências instrucionais : «Mnha-o sob sol pleno ou à meia-luz«Coloque-o num local quenteensolarado»; «Corte sempre acimdas folhas em crescimento».

    A por que;B por que;C porque;D porque.

    PowerPoint Texto escrito: o texto expositivoTexto escrito: o texto instrucional

    Texto expositivoTexto instrucional

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    LEITURA E ESCRITA

    1. Lê a informação sobre o romance tradicional na página 94. Depois,lê o texto seguinte e explica por que razão se trata de um romancetradicional.

    Estava a bela InfantaNo seu jardim assentadaCom o pente d’ oiro noSeus cabelos penteava.Deitou os olhos ao mar Viu vir uma nobre armada;Capitão que nela vinha, Muito bem que a governava.– «Dize-me, ó capitãoDessa tua nobre armada,Se encontraste meu maridoNa terra que Deus pisava.»– Anda tanto cavaleiroNaquela terra sagrada…Dize-me tu, ó senhora, As senhas1 que ele levava.»– «Levava cavalo branco,Selim de prata doirada;Na ponta da sua lança, A cruz de Cristo levava.»

    – «Pelos sinais que me desteLá o vi numa estacada2 Morrer morte de valente:Eu sua morte vingava.»– «Ai triste de mim viúva, Ai triste de mim coitada!De três lhinhas que tenho,Sem nenhuma ser casada!…»– «Que darias tu, senhora, A quem no trouxera aqui?»– «Dera-lhe oiro e prata na,Quanta riqueza há por i.»– «Não quero oiro nem prata,Não nos quero para mi:Que darias mais, senhora, A quem no trouxera aqui?– «De três moinhos que tenho, Todos três to dera a ti;Um mói o cravo e a canela,Outro mói do gerzeli3:Rica farinha que fazem! Tomara-os el-rei pra si.»– «Os teus moinhos não queronão nos quero para mi:Que darias mais, senhora, A quem to trouxera aqui?»– «As telhas do meu telhadoQue são de oiro e mar m.»– «As telhas do teu telhadoNão nas quero para mi:Que darias mais, senhora, A quem no trouxera aqui?»– «De três lhas que eu tenho, Todas três te dera a ti:

    Bela Infanta

    VOCABULÁRIOSenhas: sinais.Estacada: campo de comba-s e torneios.Gerzeli (Gerzelim): semente

    a planta com o mesmo nome,mbém conhecida por «sésa-o».

    Percurso 3LEITURA E ESCRITA Romance tradicional Texto de opinião

    EXPRESSÃO ORAL Leitura dramatizada

    CONHECIMENTODA LÍNGUA Som e sílaba

    – sons e sequênciasde sons

    – sílaba métrica e sílaba gramatical

    5

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    15

    20

    25

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    35

    40

    45

    50

    ROFESSOREITURATrata-se de uma narrativa em

    ersos rimados, com personagense tempos antigos.

    8

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    Uma para te calçar,Outra para te vestir, A mais formosa de todasPara contigo dormir.»– «As tuas lhas, infanta,Não são damas para mi:Dá-me outra coisa, senhora,Se queres que o traga aqui.»– «Não tenho mais que te dar,Nem tu mais que me pedir.»– «Tudo, não, senhora minha,Que inda te não deste a ti.»– «Cavaleiro que tal pede,Que tão vilão é de si,

    Por meus vilões arrastadoO farei andar aí Ao rabo do meu cavalo, À volta do meu jardim. Vassalos, os meus vassalos, Acudi-me agora aqui!»– «Este anel de sete pedrasQue eu contigo reparti…Que é dela a outra metade?Pois a minha, vê-la aí!»– «Tantos anos que chorei, Tantos sustos que tremi!…Deus te perdoe, marido,Que me ias matando aqui.»

    Almeida Garrett, Romanceiro, Círculo de Leitores, 1997

    2. Em que versos se apresentam as personagens e o espaço da ação?

    2.1. Identica e caracteriza as personagens a partir desses versos.

    2.2. Identica, também, o espaço da ação.

    3. Localiza, no texto, o diálogo das personagens.

    4. Seleciona a opção correta para completares cada frase.

    4.1. O tema do diálogo entre as personagens éa) o marido da Infanta. c) a chegada do capitão.b) a riqueza da Infanta. d) a família da Infanta.

    4.2. O tema do diálogo desenvolve-se coma) as recusas da Infanta.b) as ofertas da Infanta e as

    respostas do Capitão.

    c) as recusas do Capitão.d) a referência do Capitão

    ao anel.

    a) revela a identidade doCapitão.

    b) está inteiro, quando aInfanta o vê.

    c) faz parte das senhas domarido da Infanta.

    d) não é reconhecido pelaInfanta.

    4.3. O anel

    a) morreu na guerra.b) nunca poderia ser

    o Capitão.

    c) pretende pô-la à prova.d) perdeu a sua metade

    do anel.

    4.4. O marido da Infanta

    55

    60

    65

    70

    75

    80

    AlmeidaGarrett1799, Porto —1854, LisboaEscritor e político,é o autor de obrasimportantes comoFrei Luís de Sousa e Viagens na minha terra.

    PROFESSORLEITURA2. Nos oito primeiros versos.2.1. Infanta: bela, com um pente ouro no. Capitão: desempenhbem as suas funções de capitão darmada.2.2. O jardim da Infanta, perto mar.3. O diálogo inicia-se no verso 9termina no nal do texto.

    4.1. a).4.2. b).4.3. a).4.4. c).

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    5. Nos textos tradicionais, é habitual a referência ao número três (querepresenta, por exemplo, a perfeição) e ao número sete (que repre-senta, muitas vezes, o encerramento de um ciclo, como o ciclo dosdias da semana).

    Prova que esses números estão presentes neste romance tradicional.

    6. Que objeto referido no conto pode, pela sua forma, representar oencerramento de um ciclo? Justica a tua resposta.

    7. Embora não se saiba com exatidão em que momento foi produzidoeste texto, é possível situá-lo num tempo antigo a partir de referên-cias várias à vida das personagens. Dá exemplos dessas referências.

    7.1. Encontramos, igualmente, formas antigas de determinadaspalavras, que situam o texto num passado distante.Descobre, no texto, as formas antigas de aí e de mim .

    8. Num texto com 45 a 50 palavras, escreve a tua opinião sobre aatitude do marido da Infanta, apresentando dois argumentos.Começa o teu texto com uma das seguintes expressões: creio que ,

    julgo que , na minha opinião , parece-me que , em meu entender .Introduz os teu argumentos, usando palavras e expressões como:

    porque , já que , visto que , uma vez que …

    EXPRESSÃO ORAL

    1. Em trabalho de pares, faz a leitura dramatizada do diálogo entre aInfanta e o Capitão.

    1.O PASSO

    Releiam o texto e associem às diferentes falas possíveis sentimen-tos e estados de espírito das personagens (ansiedade, calma, des-conança, indignação, alívio, felicidade…)

    2. O PASSO

    Experimentem alterar o tom de voz de acordo com esses sentimen-tos e estados de espírito, bem como o volume (mais baixo ou maisalto), consoante o que pretendem transmitir nas diferentes falas.Ensaiem alguns gestos adequados às falas das personagens.

    3.O PASSO

    Apresentem a vossa leitura dramatizada à turma.Façam uma avaliação das várias leituras, tendo em conta o volumee o tom usados para transmitir os sentimentos e estados de espíritoassociados às falas, assim como os gestos escolhidos em cada caso.

    eituraramatizada

    Texto de opinião

    Percurso 3

    ROFESSOREITURA Número três: «três filhinhas»,ês «senhas» que identicavam oarido da Infanta («cavalo bran-

    o», «selim de prata doirada»,cruz de Cristo» na lança), «trêsoinhos» que moem três produtoscravo», «canela», «gerzeli».úmero sete: «sete pedras». O anel do Capitão, porque é umrculo que se fecha quando se com-eta com a metade da Infanta. Decto, o Capitão mostra a metade

    o anel que repartira com a Infanta,ua mulher, antes de partir, e pede-he para mostrar a sua metade des- objeto. A Infanta percebe então

    ue está a falar com o seu próprioarido, concluindo-se a narrativa.A Infanta, que está sentada a

    entear-se com um pente de oiro;Capitão que vem na armada e queo marido da Infanta, o qual partiraum cavalo branco e cuja arma erama lança com a cruz de Cristo.1. Forma antiga de aí : «i». Formantiga de mim : «mi».

    0

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    LEITURA

    1. Lê o título do texto que se segue. Qual será o assunto do texto?Que característica da personagem referida no título poderá estarrelacionada com o seu nome?

    Pedro Cem tinha um palácio Tinha navios no mar Tesouros e mais tesourosDe um nunca mais acabar.

    O palácio tinha uma torreDonde se avistava o marE pelas tardes ele iaSeus navios ver chegar.

    Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.

    Vinha gente a sua casaPedir para ele emprestar Mas Pedro Cem se faziaDe mil juros bem pagar.

    Vinham pobres ver se tinhaUma moeda para dar Mas Pedro Cem avarento Mandava-os escorraçar.

    Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.

    Sentimentos não sentiaNele não tinham lugar.No peito só ambição Avareza no olhar.

    Por isso o povo espantou-seQuando ele se quis casarPor amor nunca seriaQue amor não tinha para dar.

    Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.

    Mas casou-se e as festas foramQuinze dias sem parar.Pedro Cem estava contente Tinha barcos a chegar.

    Por isso subiu à torrePara os barcos avistar.Eram barcos carregadosCom velas a esvoaçar.

    A lenda de Pedro Cem

    Percurso 4LEITURA Lenda Letra de canção

    ESCRITA EEXPRESSÃO ORAL

    Letra de canção– ritmo, tom, volumee articulação

    CONHECIMENTODA LÍNGUA Relações entrepalavras: relaçõessemânticase relações entregraa e fonia

    Dicionário

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    TEXTO NAÍNTEGRA

    ROFESSOREITURASugere-se que os alunos recu-

    erem o que sabem sobre as ca-cterísticas da lenda. Sugere-se,ualmente, que os alunos propo-

    ham signicados para o nome daersonagem mencionada no título.

    2

    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.

    Tamanha armada não vira

    Nunca ninguém sobre o mar.E a ambição de Pedro CemCresceu, cresceu sem parar.

    Do alto da sua torreComeçou ele a bradar:«Agora nem tu, ó Deus, Me poderás empobrar.»

    Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.

    Palavras não eram ditas Tempestade sobre o mar.Erguem-se as ondas em fúriaRibombam trovões no ar.

    Quebram-se os mastros e as velas A armada está-se a afundarDos barcos de Pedro CemNem um só para contar.

    Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.Era uma vez Pedro CemSoberbo como ninguém.

    A mais rica das armadas

    Foi tragada pelo mar.E um raio circunda a torreFogo a tudo vai pegar.

    No mar apenas destroçosNa terra cinza a voarNada resta a Pedro CemDos seus tesouros sem par.

    Era uma vez Pedro CemQue já teve e que não tem.Era uma vez Pedro CemQue já teve e que não tem.

    Barcos, palácio, riqueza Tudo viu desmoronar.Hoje percorre a cidadeLouco e pobre a mendigar.

    Uma esmola a Pedro SemQue já teve e que não tem.Uma esmola a Pedro SemQue já teve e que não tem.

    Inácio Nuno Pignatelli, A lenda de Pedro Cem, Campo das Letras, 2007

    2. Este texto é a letra de uma canção em que se conta uma história.Refere os elementos narrativos que encontras no texto.

    2.1. Qual desses elementos é mencionado no refrão da canção?Por que razão é esse o elemento destacado no refrão?

    2.2. Prova que a rima está presente neste texto.

    3. Identica, no texto, a situação inicial , o acontecimento principal eo desfecho da ação .

    4. Localiza, no texto, os versos que se referem à tempestade.

    4.1. Indica as sensações de Pedro Cem quando assiste ao início datempestade, da torre do seu palácio.

    Inácio NunoPignatelli1950, PortoEscritore professor, quetem colaboradoem grupos de teatro,em jornais e em revistas.Lembranças da chuvae O Sobe-Montanhas sãoalgumas das suas obras.

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    PROFESSORLEITURA2. Personagens (Pedro Cem/Seo povo), espaço (palácio, tomar), tempo (antes e depois tempestade), ação (sucessãoacontecimentos como o casamento, o desao de Pedro Cem, a tempestade, a ruína), narrador .2.1. A personagem Pedro CemSem, porque é o elemento centrada narrativa.2.2. Por exemplo: mar/acabar, Cem

    ninguém, desmoronar/mendigar.3. Situação inicial: Pedro Cemdono de um palácio, de navios e dtesouros e avistava a sua armadda torre da sua morada. Acocimento principal: a tempestaDesfecho da ação: a ruína de dro Cem, que passou a chamar-sPedro Sem.4. «Palavras não eram ditas /Tudo viu desmoronar» (vv. 61-864.1. Sensações visuais: «Erguemas ondas em fúria». Sensações auditivas: «Ribombam trovões no ar

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    4.2. Seleciona as formas verbais que, sugerindo movimentos, con-tribuem para transmitir a imensa destruição causada pela tem-pestade.

    4.3. Certas formas verbais encontram-se no presente do indicativo.Que efeito produzem na narração dos acontecimentos?

    5. Refere os comportamentos habituais de Pedro Cem, antes e depoisda tempestade.

    5.1. Relaciona esses comportamentos com a alteração do seu nome .

    6. «Era uma vez Pedro Cem / Soberbo como ninguém» «Uma esmola a Pedro Sem / Que já teve e que não tem». Sugere um adjetivo para caracterizar Pedro Sem, que tenha um

    sentido oposto ao do adjetivo «soberbo».

    7. Procura informação sobre a lenda de Pedro Sem. Pesquisa em

    livros e/ou na internet, com a ajuda de um motor de busca. Per-gunta também às pessoas mais idosas o que sabem sobre essalenda. Regista a informação e partilha-a com a turma.

    ESCRITA E EXPRESSÃO ORAL

    1. A partir de um conto tradicional, de uma fábula ou de uma lenda,escreve, em grupo, um texto que pudesse ser a letra de uma canção .

    1.O PASSO

    Escrevam uma primeira versão do texto (incluam a situação inicial,a sequência dos acontecimentos mais importantes, o desfecho danarrativa e a informação a destacar no refrão). Leiam-na à turma erecolham sugestões para aperfeiçoarem o vosso texto.

    2. O PASSO

    Escolham um excerto musical que possa servir de som de fundopara a leitura coletiva do vosso texto.

    3.O PASSO

    Distribuam os versos do vosso texto e ensaiem a leitura com oexcerto musical que escolheram. Preparem muito bem a adequa-ção do ritmo da leitura ao ritmo da música, treinem o tom e ovolume da vossa voz, assim como a articulação correta dos sons.

    4. O PASSO

    Apresentem a leitura da vossa letra de canção à turma e apreciemas leituras dos restantes grupos.

    etra de canção

    Percurso 4

    ROFESSOREITURA2. «Quebram-se», «está-se a afun-ar», «Foi tragada», «circunda», «vaiegar», «a voar», «viu desmoronar».3. Tornam a narrativa mais viva,

    omo se os acontecimentos esti-essem a acontecer agora, dianteos nossos olhos. Antes da tempestade: via os

    avios a chegar todas as tardes,mprestava dinheiro a juros mui- altos, escorraçava os pobres.epois da tempestade: percorre adade a mendigar.1. Quando era rica e soberba, aersonagem era Pedro Cem: umome com quantificador nume-l «cem», que indica, neste caso,

    rande quantidade. Depois da tem-estade e da ruína, a personagemassa a ser Pedro Sem: um nome

    om a preposição «sem», que indicafalta ou ausência de alguma coisa. Por exemplo: humilde.

    Áudio Faixa 6xcertos de música clássica

    4

    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    CONHECIMENTO DA LÍNGUA

    Que relações podem existir entre as palavras «cem» e «sem»?

    1. Compara a graa , o som e o signicado das palavras «cem» e «sem». Em que são iguais ou diferentes essas palavras?

    2. Observa as palavras destacadas em cada alínea.Quais mantêm a mesma relação que «cem» e «sem»? Porquê?a) Pedro vira os olhos para o mar. Era a maior armada que jamais vira.b) A torre foi atingida por um raio! Fujamos, antes que tudo torre !c) Tinham belas velas os navios de Pedro, mas agora nem vê-las !d) Era uma vez um homem soberbo, que é este louco que aqui vês .

    2.1. Completa o quadro com as palavras dos exercícios anteriores.

    Homónimas Homófonas Homógrafas ParónimasSom e graaiguais esignicadosdiferentes

    Som igual e graa esignicadosdiferentes

    Graa igual e som esignicadosdiferentes

    Graa e somsemelhantes e signicadosdiferentes

    a) b) c) d)

    3. Pedro Cem mostrava arrogância , mas Pedro Sem manifestava asua modéstia . Que relação de sentido existe entre as palavras des-tacadas?

    4. Forma pares com as palavras retiradas do texto, respeitando as rela-ções de parte-todo que estabelecem entre si, como torre/palácio.

    mar tempestade navios ondas trovões mastros

    5. Completa a frase, selecionando a opção correta. A palavra «navio» é uma palavra de

    a) sentido geral em relação à palavra «embarcação».b) sentido especíco em relação à palavra «embarcação».

    6. Completa e conclui. As palavras podem estabelecer relações de graa e fonia ,

    classicando-se como palavras A , B , C e D .Também podem estabelecer relações semânticas , que são rela-ções de sentido, como é o caso das palavras E e F oudas palavras que mantêm entre si relações de parte-todo e desentido geral-sentido especíco.

    As relações entrepalavras: relaçõessemânticas e relaçõesentre graa e foniaGuia Gramatical, p. 252

    PROFESSORCONHECIMENTODA LÍNGUA1. São iguais no som e diferentes ngraa e no signicado.2. d) vez/vês: têm o mesmo sommas graa e signicado diferente(já as palavras vira/vira têm soe graa igual e signicados difrentes; as palavras torre/torre têmgraa igual e som e signicaddiferentes; as palavras velas/vê-latêm som e graa semelhantes signicado diferente).2.1. a) vira/vira.

    b) vez/vês.c) torre/torre.d) velas/vê-las.3. São palavras antónimas.4. ondas/mar; trovões/tempestade; mastros/navios.5. b).6. A homónimas;B homófonas;C homógrafas;D parónimas;E sinónimas;F antónimas.

    Gramática interativaAs relações semânticas entre palavrasAs relações entre graa e fonia

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    LEITURA

    1. Vais ler um conto do escritor irlandês Oscar Wilde. Observa o títuloe explica, por palavras tuas, o signicado do adjetivo aí presente.

    VOCABULÁRIOIracunda : enfurecida.

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    Percurso 5LEITURA Narrativa na íntegra

    – ação– tempo– comportamentos

    das personagens

    COMPREENSÃODO ORAL E LEITURA Avisos

    CONHECIMENTODA LÍNGUA Preposição

    O Gigante Egoísta Todas as tardes, ao voltarem da escola, as crianças costuma

    brincar para o jardim do Gigante.Era um jardim grande e bonito, coberto de relva macia e v

    Aqui e ali, entre essa relva, desabrochavam ores lindas como havia uma dúzia de pessegueiros que ao vir a Primavera orescor-de-rosa e de tons de pérola, e no Outono se carregavam deopulentos. As aves poisavam nas árvores e cantavam com tantaque os pequenos interrompiam os seus jogos para carem a esc

    – Que bom que é estar aqui – diziam uns para os outros.Certo dia, o Gigante regressou. Fora visitar o seu amigo Pap

    Cornualha, e demorara-se lá sete anos. Ao m desses sete anodito tudo o que tinha a dizer, porque a sua conversa era limitresolveu voltar ao castelo que lhe pertencia. Quando chegou,crianças a brincarem no jardim.

    – Que estais aqui a fazer? – exclamou com voz iracunda1. E ospequenos fugiram.

    – Este jardim é muito meu – declarou. – Que todos o sabendo. Não consinto que ninguém venha para cá divertir-seser eu próprio.

    Edi cou então um muro muito alto em toda a roda e colocoeste aviso:

    SERÃO CASTIGADOSOS INTRUSOS

    Era bastante egoísta, esse Gigante.Os desgraçados dos petizes não tinham já onde brincassem.

    ram fazê-lo na estrada, mas havia aí muita poeira e calhaus aguque lhes desagradava. Vaguearam então em volta do alto murodas aulas, conversando acerca do belo jardim que existia do out

    – Que bom que era estar lá! – diziam uns para os outros. Veio a Primavera e por todo o país abriram ores e can

    pássaros: só no jardim do Gigante continuava Inverno. As av

    TEXTO NAÍNTEGRA

    ROFESSOREITURAEgoísta: alguém que só pensa em

    próprio.

    6

    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    se interessavam em ir para ali chilrear, porque não havia crianças, eas árvores esqueceram-se de orir. Uma vez houve uma orinha que

    levantou a cabeça acima da relva, mas deu logo com a vista na tabuletado aviso e teve tanta pena da petizada que de novo se ocultou rente aochão, e adormeceu. Os únicos entes satisfeitos eram a Neve e a Geada.

    – A Primavera esqueceu-se deste jardim – comentavam elas. – Demaneira que podemos car cá todo o ano.

    A Neve cobriu os relvados com o seu imenso manto branco, e aGeada pintou de prata todas as árvores. Convidaram depois o Aqui-lão2 a viver com eles, e ele aceitou o convite. Andava embrulhado empeles e bramava3 todo o dia pelo jardim, derrubando as chaminés da

    residência.– Magní co lugar – dizia ele. – Temos de convidar também oGranizo.

    Veio, pois, o Granizo, e diariamente, durante três horas, começoua rufar no telhado do castelo até quebrar grande parte das ardósias.Em seguida corria de roda do jardim, com a maior velocidade de quedispunha. Vestia de cinzento e tinha um hálito frio como gelo.

    «Não percebo porque é que a Primavera tarda tanto», pensava oGigante Egoísta sentado à janela, a olhar para o seu parque branco de

    neve. «Espero que o tempo acabe por mudar.» Mas a Primavera nunca veio, nem o Verão. O Outono amadureciafruta em todos os quintais, menos no do Gigante. «É muito egoísta»,explicava. Ali era sempre Inverno, e o Aquilão, e a Neve, e o Granizo,e a Geada dançavam de contínuo em redor das árvores.

    Certa manhã, estava o Gigante ainda na cama, porém já acordado,quando ouviu deliciosa música. Soava-lhe tão agradavelmente aosouvidos que até julgou serem os músicos do rei que passavam por lá. Mas era apenas um pintarroxo que lhe cantava perto da janela. Havia

    VOCABULÁRIO2 Aquilão: o vento norte.3 Bramava: fazia um grande brulho.

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    já tanto tempo que não escutava o canto dos pássaros no seu que achou aquilo a mais bela música do mundo. O Granizo deirufar-lhe nos telhados, o Aquilão cessou de rugir e, pela janelachegou-lhe às narinas um perfume inebriante.

    – Parece que, en m, se resolveu a vir a Primavera! – excl

    Gigante.Saltou da cama e olhou para fora.E que viu ele? Viu um espetáculo soberbo. Através dum buraco pequeni

    muro, as crianças haviam entrado e estavam agora empoleiraramos das árvores. Em todas as árvores via ele uma criançárvores sentiram-se tão contentes com o regresso da petizada cobriam de ores e lhes ondulavam suavemente os ramos podas cabecitas. Em torno, voavam pássaros, chilreando satisfei

    ores espreitavam do meio da relva, sacudidas pelo riso. Era umencantadora, e só num recanto mais afastado do jardim permo Inverno. Ali, estava um miúdo que não conseguia trepar à e que chorava de desgosto; e a pobre da árvore continuava chneve, enquanto por cima dela uivava o Aquilão.

    – Sobe, meu lho – disse a árvore, inclinando os ramos o mpôde. Mas a criança era pequenina de mais.

    O coração do Gigante enterneceu-se quando olhou para for– Tenho sido tão egoísta! – exclamou. – Agora percebo o m

    por que a Primavera não aparecia cá. Vou colocar aquele miúcima da árvore e depois derrubar o muro. E o jardim será semlugar de recreio das crianças.

    Arrependia-se deveras do que zera até aí. Desceu, pois, a escada,abriu de mansinho a porta e chegou ao jardim. Quando, porém, o lobri-garam4 os pequenos, de tal modo se assustaram que fugiram a sete pés,e o Inverno regressou ao jardim. Só o tal petiz é que não fugiu, por-que tinha os olhos rasos de lágrimas e não viu entrar o Gigante. Estefoi muito devagar por trás dele, pegou-lhe com todo o cuidado e pô-lo

    em cima da árvore. E a árvore imediatamente se encheu de ores, e ospássaros vieram cantar, e o rapazinho, estendendo os braços, abraçou oGigante e beijou-o. As outras crianças, vendo isto, compreenderam queo Gigante já não era mau e vieram a correr, e a Primavera veio atrás delas.

    – Este jardim, agora, é vosso, meus lhos – declarou o donPegou então numa picareta colossal e demoliu o muro. Qu

    as pessoas da terra se dirigiam ao mercado, ao meio-dia, vGigante a entreter a petizada no mais belo jardim que os seustinham contemplado.

    VOCABULÁRIOLobrigaram: viram ao longe.

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    Percurso 5

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    E todo o dia brincaram, e, ao anoitecer, foram ter com o Gigantepara se despedirem dele.

    – Onde está o vosso companheiro pequenino? – perguntou odono da propriedade. – Aquele que eu pus em cima duma árvore…

    Estimava-o muito, porque fora o que lhe dera um beijo.– Não sabemos – retorquiram 5 os miúdos. – Deve ter-se ido embora.– Então dizei-lhe que não tenha receio e que volte amanhã.– Não sabemos onde é que ele mora. Nunca o vimos antes.Esta resposta entristeceu o Gigante. Todas as tardes, ao saírem da escola, vinham os pequenos brincar

    com o Gigante. Aquele, no entanto, de quem o Gigante mais gos-tava, esse não tornou a ser visto. O dono do jardim mostrava-se muitobondoso para com todos, mas suspirava sempre pelo seu primeiro

    amiguinho, de quem falava bastantes vezes.– Gostava tanto de o tornar a ver! – repetia.Passaram os anos e o Gigante envelheceu e enfraqueceu muito.

    Como já não podia brincar, sentava-se numa poltrona enorme aadmirar o seu jardim e a ver os jogos das crianças.

    – Tenho ores lindíssimas – dizia ele –, mas as crianças são aindamais bonitas.

    Certa manhã de Inverno, enquanto se vestia, olhou pela janela. Jánão embirrava agora com o Inverno, pois sabia que era apenas o sono

    da Primavera e o repouso das ores.De súbito, esfregou os olhos, espantado, olhou e tornou a olhar.Não havia dúvida de que era uma coisa estranha. No canto mais afas-tado do jardim estava uma árvore completamente revestida de oresalvacentas6. Eram áureos7 os ramos e argênteos8 os frutos que pendiam.E debaixo da árvore estava o rapazinho de quem ele gostava tanto.

    Desceu o Gigante a escada, cheio de alegria, e penetrou no jar-dim. Foi a correr por cima da relva e chegou aonde estava o pequeno;mas, ao vê-lo, indignou-se e perguntou:

    VOCABULÁRIO5 Retorquiram: responderam6 Alvacentas: esbranquiçada7 Áureos : cor de ouro.8 Argênteos: cor de prata.

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    Oscar Wilde1854, Dublin —1900, ParisEscritor irlandês,também

    conhecido peloseu modo de vidaextravagante. Escreveupeças de teatro, o conhecidoromance O retrato de DorianGray e vários contos infantispara os seus lhos.

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    – Quem se atreveu a magoar-te? Dize-me sem demora, pareu o mate com a minha espada.

    – Estas – volveu a criança – são as feridas do Amor.– E tu quem és? – continuou o Gigante, invadido por um

    nho sentimento e ajoelhando ao lado da criança.Ela sorriu e respondeu:– Deixaste-me um dia brincar no teu jardim. Hoje virás co

    para o meu, que é o Paraíso.E quando, nessa tarde, as crianças apareceram lá, encontra

    Gigante morto, debaixo da árvore, e todo coberto de ores alva

    Oscar Wilde, trad. Cabral do Nascimento,Contos , Relógio d’Água, 2001

    a) pontuais.b) habituais.

    c) esporádicas.d) raras.

    4.2. O que levava as crianças a gostarem tanto daquele jardim?

    2. O texto que acabaste de ler possui características de um contotradicional . Assinala-as.a) Tempo passado indeterminado.b) Localização geográca denida.c) Personagens anónimas.d) Encerra uma moralidade.e) História recente.f) Presença de personagens fantásticas.

    3. Este conto apresenta uma estrutura típica e pode ser dividido em

    quatro partes. Copia a tabela para o teu caderno e completa-a comas informações em falta.

    Estrutura Informações temporais Linhas

    1.a parte Introdução Todas as tardes 1 a 92.a parte

    Desenvolvimentoa) b)

    3.a parte Certa manhã c)4.a parte d) e) f)

    4. Relê a primeira parte do conto.

    4.1. «Todas as tardes, ao voltarem da escola, as crianças costuma-vam ir brincar para o jardim do Gigante.» Nesta frase, as pala-vras e expressões sublinhadas mostram que as brincadeiras no

    jardim do Gigante são

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    140

    Percurso 5

    ROFESSOREITURA

    Tempo passado indeterminado. Personagens anónimas.

    ) Encerra uma moralidade.Presença de personagens fan-

    sticas.

    Certo dia.) Linhas 10-54. 55-119.

    ) Conclusão. Certa manhã de Inverno.120-140.

    1. b).2. A sua beleza.

    0

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    4.4. Identica agora uma comparação e diz por que razão é usadoeste recurso expressivo.

    5. Relê os parágrafos da segunda parte do conto.

    5.1. Que acontecimento vem perturbar as brincadeiras das crianças?

    5.2. Ao armar que o Gigante tinha deixado o seu amigo porque«a sua conversa era limitada», que característica está a serevidenciada pelo narrador?

    5.3. Por que razão o Gigante expulsa as crianças do jardim?

    5.4. Que medidas toma para se assegurar de que elas não voltam?Qual dessas medidas te parece mais ecaz? Explica porquê.

    5.5. O que acontece no jardim após a expulsão das crianças?

    5.6. Transcreve do texto frases que exempliquem os sentimentosde perplexidade e de esperança do Gigante Egoísta perante atransformação do seu jardim.

    6. Explica por que razão as palavras «Primavera», «Inverno», «Neve»,«Geada», «Granizo», «Verão» e «Outono» aparecem grafadas comletra maiúscula.

    7. Relê a terceira parte do conto.

    7.1. Reconta os acontecimentos daquela manhã em que «estava oGigante ainda na cama».

    7.2. A partir desse dia, que alterações se vericam na personali-dade do Gigante e na vida das crianças?

    8. Relê a quarta e última parte do conto.

    8.1. No dia da sua morte, o Gigante revê a criança de quem tantogostava. Quem será, anal, essa criança?

    8.2. Explica o que permitiu que o Gigante Egoísta tivesse o direitode entrar no Paraíso.

    8.3. Qual é a moral desta história, ou seja, o que se aprende com ela?

    a) o jardim;b) a relva;c) as ores;

    d) as ores dos pessegueiros;e) os frutos dos pessegueiros.

    4.3. Para caracterizar o espaço e os seus elementos, são usadosadjetivos e uma expressão de sentido equivalente. Transcreveos que melhor qualicam:

    PROFESSORLEITURA4.3. a) o jardim «grande e bonito»;b) a relva «macia e verde»;c) as ores «lindas»;d) as ores dos pessegueiros «code-rosa», «tons de pérola»;e) os frutos dos pessegueiro

    «opulentos».4.4. A comparação «ores lindcomo estrelas» reforça a beleza, brilho e a grandiosidade daqueespaço.5.1. O regresso do Gigante.5.2. A sua falta de inteligênciasua pobreza de espírito.5.3. Porque não admite que outropara além dele próprio, se divirtamnum espaço que é seu.5.4. Ergue um muro à volta do jadim e coloca um aviso ameaçadoque é mais ecaz, porque a ameaçprovoca o medo do castigo.

    5.5. O Inverno instala-se no jardimnunca mais desaparece.5.6. Perplexidade: «Não perceporque é que a Primavera tardtanto». Esperança: «Espero que tempo acabe por mudar».6. Porque, neste texto, surgepersonicadas e agem como personagens, como acontece na frassobre o Granizo: «Vestia de cinzeto e tinha o hálito frio como gelo7.1. O Gigante acordou e vericcom alegria que o Inverno desparecera e que as crianças tinhamdescoberto uma entrada no muroe voltado a brincar no jardim. Delumbrado, a sua atenção voltou-spara uma criança que chorava, porque não conseguia trepar a uma árvore. O Gigante aproximou-se paa ajudar, mas as outras criançaassustaram-se e fugiram. Quanda criança que chorava agradeceao Gigante com um beijo, as outraperceberam que não corriam perige voltaram para o jardim.7.2. As crianças voltaram diariamete ao jardim e a Primavera nunmais deixou de aparecer. O Gigate, que já não era egoísta, brincavcom elas, mas, para seu desgosto,criança que ele ajudara nunca maapareceu.8.1. Uma gura divina.8.2. O facto de ter ajudado aquecriança e, com esse gesto, ter dexado de ser egoísta.8.3. Esta história condena o egoímo, o rancor e o ódio e defende amizade e a solidariedade, provando que só tem direito a recompensa aquele que se preocupa com ooutros.

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    COMPREENSÃO DO ORAL E LEITURA

    1. Um aviso pode ser uma comunicação, uma informação, uma adver-tência e até um conselho.Ouve os registos áudio de avisos do Metro de Lisboa e escolhe asduas opções que referem as intenções com que foram feitos.

    a) Aconselhar ou convencer a agir de determinada forma.b) Obrigar a agir de determinada forma.c) Informar.d) Dar uma opinião.e) Vender um produto.

    2. Ouve novamente a gravação e associa cada aviso, ou partes de umaviso, às alíneas que escolheste.

    3. Escolhe adjetivos para caracterizar a voz dos avisos.

    estridente agradável convincente desarticulada suave

    4. Observa os avisos seguintes.

    4.1. Identica o comportamento que se pretende com cada aviso.

    5. Relê o aviso b) e diz se a linguagem utilizada respeita as regras dacortesia e da cooperação. Justica a tua resposta.

    6. Regista os avisos que ouves ou lês entre a tua casa e a escola. Tentaperceber o que pretendem e partilha-os com a turma.

    b)c)a)

    d) e)

    Percurso 5

    ROFESSOROMPREENSÃO DO ORALLEITURA

    a), c).

    Aconselhar ou convencer a agire determinada forma: «Não oseite fora e reutilize-os; poupanheiro e é amigo do ambien-.»; «Proteja os seus bens; esteja

    specialmente atento à entrada esaída do comboio.»; «Por favor,

    guarde o comboio na metade daente do cais.»; «Atenção ao inter-alo entre o cais e o comboio.» Informar: «Os cartões 7 ColinasViva Viagem podem ser usados

    mpre que quiser.»; «Na linha azul,partir das 21h30m, os comboiosrculam com três carruagens.»;Próxima estação: Baixa-Chiado;á correspondência com a linhaerde.»

    Convincente, agradável, suave.1. Saída: conduzir as pessoas para

    saída correta.) Sorria, está a ser lmado: a indi-ação de que todas as ações serãolmadas pode impedir atos crimi-osos. Cuidado com o cão: afastar as-

    altantes e/ou afastar as pessoase um cão perigoso.) Pintado de fresco: impedir ques pessoas toquem em tinta fresca. Proibido pisar a relva!: impedir

    ue as pessoas pisem a relva. As regras são respeitadas, por-

    ue a mensagem é curta, não re-etitiva e aborda as pessoas comortesia.

    Áudio Faixa 7isos

    Imagemisos

    2

    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    CONHECIMENTO DA LÍNGUA

    Como identico as preposições?

    1. O primeiro passo para reconhecer uma preposição é saber de coras preposições simples mais frequentes.Organiza-as alfabeticamente e decora-as:

    sob durante trás ante de com perante sem

    desde até para por segundo a sobre entre após em contra

    2. Conhecendo as preposições simples, facilmente reconhecerás ascontrações de preposições .

    2.1. Identica, nas frases, as preposições simples e as preposiçõescontraídas com determinantes ou pronomes.a) «Todas as tardes, ao voltarem da escola, as crianças costu-

    mavam ir brincar para o jardim do Gigante.»b) «Quando chegou, viu as crianças a brincarem no jardim.»c) «[…] por cima dela uivava o Aquilão.»d) «Suspirava sempre pelo seu primeiro amiguinho.»e) «Este foi muito devagar por trás dele […].»f) «[…] durante três horas, começou a rufar no telhado do

    castelo.»

    2.2. Completa as armações com exemplos retirados das frasesanteriores para chegares a várias conclusões sobre as prepo-sições .

    As preposições simples como A são palavras invariá-veis.

    Os pronomes e os determinantes que se contraem compreposições podem variar em género e número, como os

    exemplos B . A palavra C resulta da contração entre a preposição

    por e o determinante artigo denido o . Por vezes, usamos locuções (conjunto de palavras) com o

    mesmo valor das preposições, como nos exemplos D . As preposições servem para ligar palavras na frase e

    podem, por exemplo, indicar espaço, como em E , ou tempo, como em F .

    A preposiçãoGuia Gramatical, p. 230

    PROFESSORCONHECIMENTODA LÍNGUA1. a, ante, após, até, com, contr

    de, desde, durante, em, entre, paraperante, por, segundo, sem, sobsobre, trás.2.a) «Todas as tardes, ao voltaremescola, as crianças costumavam brincar para o jardim do Giganb) «Quando chegou, viu as criaças a brincarem no jardim.»c) «[…] por cima dela uivavAquilão.»d) «Suspirava sempre pelo seumeiro amiguinho.»e) «Este foi muito devagar pordele […].»f) «[…]durante três horas, comçou a rufar no telhado do caste2.2. A para, a, por, trás, durante;B ao, da, do, no, dela, pelo;C pelo;D por cima dela, por trás dele;E da escola, para o jardim, nodim, no telhado do castelo;F durante três horas.

    Gramática interativaA preposição

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    LEITURA

    1. O texto que vais ler é um conto tradicional português. Lê o título e o primeiro parágrafo do texto e coloca hipóteses para

    responderes às perguntas:

    Quem será o «criado» referido no título? Que problema terá de enfrentar? Em que o poderá ajudar a característica referida no título?

    Partilha as tuas hipóteses com a turma.

    Um criado esperto

    Havia um sujeito que era padre e que tinha por costumepagar as soldadas1 do criado, valendo-se de uma esperteza no atoajuste2. Certo dia, bateu-lhe à porta um rapaz e perguntou-lhqueria assoldadar3 um criado.

    – Quanto queres ganhar?– Seis moedas por ano.– Pago-te cinco réis, mas com a condição de fazeres só o

    mando.– Estou pelo contrato – respondeu o rapaz.

    No dia seguinte, entrou o criado ao serviço do amo, que o dou varrer a rua.O rapaz varreu a rua e deixou o estrume em monte.– Porque não apanhaste o estrume?– Porque o patrão só me mandou varrer a rua.Percebeu o amo que tinha ao seu serviço um criado no. T

    durante muito tempo apanhar o rapaz nalguma falta, e não lpossível.

    Conferenciou o amo com um compadre muito esperto, e

    disse-lhe:– Diga amanhã ao seu criado que lhe arranje um almoço leve, e seja qual for o almoço diga-lhe que é pesado.

    E assim sucedeu. O criado pôs-se a pensar na malícia do pna maneira como se havia de sair. Depois de matutar algum t veio pousar-lhe um pintassilgo.

    Apanhou-o vivo, meteu-o numa terrina, tapou-a com a tamesperou pelo patrão.

    Este entrou e pediu o almoço.

    VOCABULÁRIOSoldadas: salário de criados.Ajuste: acerto de contas.Assoldadar: contratar para um

    erviço.

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    Percurso 6LEITURA Conto tradicional– tempo– ação

    ESCRITA Reconto

    CONHECIMENTODA LÍNGUA Quanticador

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    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    osé AntónioGomes

    956, Portoscritor português,também professore literatura. Assinaarte da sua obra compseudónimo João Pedro

    Mésseder. A poesia na literaturara a infância e Grandes autores

    ra pequenos leitores são obrasuas.

    – É costume da casa jejuar-se três dias seguidos; eu também– Ora – respondeu o criado –, na casa do último patrão jeju

    dias, e não me custou o jejum.O criado preveniu-se com uma seira4 de gos secos, que o amo

    reservava para o mês de maio, e comia os gos, quando o amestava em casa.

    Ao segundo dia, ordenou-lhe o amo que aparelhasse duas gaduras para ambos irem a uma feira. O criado aparelhou-as eno forro da albarda5 da sua cavalgadura uma boa porção de gos.o amo, como já se disse, era padre e ia à feira para dizer misscapela rural.

    Pelo caminho tiveram de atravessar uma grande porção defeito de estevas6. O amo ia adiante e o criado atrás. Este ia comenseu go, à sorrelfa7. O amo, repentinamente, voltou os olhos para e viu o criado a comer.

    – Perdeste, pois que não jejuaste – gritou ele.– Não perdi, vou entretido em mastigar a carapinha8 das estevas,

    que refrescam a língua.O amo quis seguir o exemplo, mas estas são muito amarga

    pôs-se a saboreá-las com repugnância. Chegaram a um outei9, deonde se avistava ainda a casa do padre; e este fez parar a cavaexclamando:

    – Ai que me esqueceu a caixa das hóstias!…– Se quer eu vou lá; ceda-me a sua mula que é mais ligeira

    a minha e aqui estou num momento.– Pois sim, não te esqueças. Diz à criada que é a caixa maioO criado montou na mula do patrão. Chegou a casa e disse à – O patrão ordena que me entregue a bolsa maior do dinh

    que tem no baú.– A maior não pode ser, porque é onde ele tem o dinheiro

    pagar a fazenda que comprou.– Olhe, ele está além: pergunte-lhe.– A criada subiu à varanda do prédio e pôs-se a gritar:– A maior ou a mais pequena?– A maior, a maior – respondeu o padre. A criada desceu e entregou a bolsa maior, que o criado arre

    Depois nunca mais apareceu nem com o dinheiro nem com a m Vingara assim os outros criados que não tinham recebido o

    salários.

    José António Gomes, Fiz das pernas coração – contos tradicionais portugueses , Caminho, 2000

    VOCABULÁRIOSeira: cesto ou saco onde se

    uardam gos.Albarda: sela de animal de

    arga.Estevas: plantas arbustivas.À sorrelfa: à socapa, às escon-das.Carapinha: parte da esteva.Outeiro: colina.

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    Percurso 6

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    2. O conto parte de uma situação inicial , avança para um conito (uma luta de interesses) e para as provas a ultrapassar e tem umdeterminado desfecho . Completa o quadro sobre a ação do conto.

    Situação inicial a)Conito e papel das personagens b)Provas e sua superação c)Desfecho d)

    3. «Havia um sujeito que era padre […]». Este início do conto permitelocalizar a ação num tempo denido ou indenido ?

    4. Quantos dias passam do início ao nal da história?Deves reler o texto e tomar as notas necessárias sobre o que aconteceem cada um desses dias.

    5. Várias expressões temporais contribuem, no texto, para sugerir oavanço da ação . Dá exemplos dessas expressões.

    6. «Certo dia, bateu-lhe à porta um rapaz e perguntou-lhe se queriaassoldadar um criado. […] No dia seguinte, entrou o criado ao ser-viço do amo». Transcreve:a) a primeira expressão que permite identicar a personagem;b) uma outra expressão utilizada para referir essa mesma perso-

    nagem;c) uma expressão temporal indenida;d) uma expressão temporal que localiza novos acontecimentos na

    sequência de acontecimentos anteriores.

    PROFESSORLEITURA2.a) Um rapaz bate à porta de umpadre que arranjava motivos pardespedir os criados sem lhes pagab) O padre quer arranjar um mtivo para despedir o rapaz semlhe pagar e este quer evitar ir-sembora sem dinheiro; o compadrajuda o padre, e a criada, sem o saber, ajuda o rapaz.c) 1.a — Arranjar um almoço muleve: o rapaz mete um pintassilgna terrina, que voa quando o amlevanta a tampa. 2. a — Comarres e ais : o rapaz mete urtige laranjas com alnetes dentro dum saco e o patrão solta arresao picar-se. 3. a — Jejuar três diarapaz come gos e diz estar a mastigar a carapinha das estevas.d) O padre esquece-se da caixgrande das hóstias; o rapaz diz criada que o patrão quer a bolsgrande do dinheiro; a criada, deconfiada, pergunta se o patrãquer a maior ou a mais pequeno patrão, sem saber, dá a respostaque o rapaz quer ouvir; o rapaz foge com o dinheiro.3. Num tempo indenido.4. Dia 1: contrato entre o rapaz e padre.Dia 2: tarefa de varrer a rua.Dia 3: tarefa do almoço leve.Dia 4: tarefa de comprar arres

    Dia 5: primeiro dia de jejum.Dia 6: segundo dia de jejum e fudo rapaz.5. «Certo dia», «No dia seguint«durante muito tempo», «amanhã(duas vezes), «Depois de matutaalgum tempo», «por algum tempo», «depois», «Ao segundo dia«Depois nunca mais».6. a) «um rapaz»;b) «o criado»;c) «Certo dia»;d) «No dia seguinte».

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    7. «Pelo caminho tiveram de atravessar uma grande porção de mato,feito de estevas. O amo ia adiante e o criado atrás. Este ia comendo o seu go, à sorrelfa. O amo, repentinamente , voltou os olhos paratrás e viu o criado a comer .» Transcreve as palavras ou expressõesdestacadas que indicam:a) o espaço onde vão decorrendo os acontecimentos;b) uma ação ocorrida nesse espaço e que dura algum tempo ;c) ações momentâneas , ou seja, decorridas num tempo muito curto;d) o modo como decorre uma ação que é momentânea.

    8. «Apanhou-o vivo, meteu-o numa terrina, tapou-a com a tampa eesperou pelo patrão.» Que palavras da frase indicam ações decor-ridas num curto espaço de tempo?

    8.1. Que personagem protagoniza as ações referidas? (Relê o textoentre as linhas 22 e 24.)

    8.2. Indica, também, os nomes a que se referem os pronomes o e a .

    9. Nas falas seguintes, a que objeto se refere cada personagem? «— A maior ou a mais pequena? — A maior, a maior — respondeu o padre.» (linhas 89-90)

    9.1. Explica como a ausência do nome desses objetos contribuipara o nal do conto.

    ESCRITA

    1. Escreve o reconto do texto «Um criado esperto».

    1.O PASSO

    Revê a informação que registaste no quadro sobre a ação do contoe toma nota de outros aspetos que completem essa informação.

    2. O PASSO

    Escreve o teu texto apoiando-te na informação registada e usandoexpressões temporais que sugiram o avanço da ação ( Um dia ,depois , no outro dia , foi então que , passado algum tempo , por m …).

    3.O PASSO

    Terminado o reconto, faz uma revisão cuidada do texto.Verica se: respeitaste a ordem dos acontecimentos, bem comoas regras de ortograa, acentuação e pontuação; escreveste umtítulo; assinalaste corretamente os parágrafos.

    Reconto

    Percurso 6

    ROFESSOREITURA

    «Pelo caminho»;) «ia comendo», «a comer»; «voltou», «viu»;

    ) «repentinamente».As formas verbais: «Apanhou-o»,

    meteu-o» e «tapou-a».1. «O criado».2. Pronome o : «pintassilgo». Pro-ome a : «terrina». Criada: bolsa. Padre: caixa.1. A criada quer ter a certeza deue o patrão pediu a bolsa maior,omo o rapaz lhe dissera. E o pa-ão, pensando que ela se referecaixa das hóstias, responde-lhe

    ue é a maior, sem saber que estáconrmar a mentira do rapaz.

    PowerPoint xto escrito: o reconto

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    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    CONHECIMENTO DA LÍNGUA

    Para que servem os quanticadores?

    1. No diálogo inicial do conto «Um criado esperto», o padre e o rapazdiscutem o salário.

    Transcreve a expressão do texto que indica o pagamento preten-dido pelo rapaz.

    1.1. Seleciona a palavra que serve para indicar a quantidade numé-rica em causa.

    2. Retira do texto as palavras que vêm antes dos nomes seguintes,para indicar a sua quantidade exata : «réis», «dias», «ceira de gossecos», «cavalgaduras».

    3. «Tentou durante muito tempo apanhar o rapaz […]» «Depois de matutar algum tempo […]»

    Seleciona a opção correta para completares a frase.As palavras destacadas revelam a quantidadea) exata do nome a que se referem;b) imprecisa do nome a que se referem.

    4. Sem lhe alterares o sentido, reescreve a última frase do conto, sele-cionando a melhor palavra para substituíres a que se encontra des-tacada. Faz as alterações necessárias.

    poucos todos sete

    «Vingara assim os outros criados que não tinham recebido osseus salários.»

    5. Completa o texto a partir dos exercícios anteriores.

    Como muitas outras, as palavras poucos , todos e seis são quan-ticadores , porque vêm antes de um A , para indicarem a

    B em relação a esse nome.

    Desses três quanticadores, o quanticador C refere-seà totalidade dos elementos de um conjunto; o quanticadorD refere-se a uma parte dos elementos de um conjunto; o

    quanticador E refere uma quantidade exata.

    O quanticadorGuia Gramatical, p. 221

    PROFESSORCONHECIMENTODA LÍNGUA1. «Seis moedas por ano».

    1.1. Seis.2. «réis» — «cinco» e «dez»;«dias» — «três» e «seis»;«ceira de gos secos» — «uma»;«cavalgaduras» — «duas».3. b).4. Vingara assim todos os criaque não tinham recebido os seusalários.5. A nome;B quantidade;C todos;D poucos;E sete.

    Gramática interativaO quanticador

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    COMPREENSÃO DO ORAL E ESCRITA

    1. Recolhe uma história antiga junto de familiares ou pessoas tuasconhecidas, regista os acontecimentos e escreve uma narrativa.

    1.O PASSO

    Num quadro, regista a situação inicial, os acontecimentos e o des-fecho da ação. Depois, escreve a tua narrativa, iniciando-a por:

    A história que vos vou contar…

    2. O PASSO

    Revê o texto e prepara a sua leitura em voz alta.

    3.O PASSO

    Lê o texto à turma, como um verdadeiro contador de histórias.

    LEITURA

    1. Lê o texto e explica porque se aproxima dos textos tradicionais .

    Narrativa

    A ponte

    A história que vos vou contar não foi inventada por mim. É velha e foi o meu avô quem ma contou pela primeira vez, quaainda era pequena. Por sua vez, fora a sua bisavó quem lha coele; mas o que não sei é quem foi que a narrara a ela. Pode salguns de vós também a conheçam; julgo, no entanto, haver que nunca a ouviram ou leram.

    Vivia numa pequena aldeia um menino chamado João. Era ee estudioso. Mas tinha um defeito: gostava de mentir. Os pais scom isto um grande desgosto. Não se cansavam de explicar a

    que não se devia mentir e que ele fazia com que os pais estimuitas vezes tristes. Mas o João continuava, de vez em quameter uma das suas mentiras.

    Um dia, o pai tinha de ir à cidade. O João já lhe pedira m vezes para o levar, e, desta vez, o pai resolveu fazer-lhe a v A distância da aldeia à cidade era de cinco quilómetros, o qulonge, quando se vai de automóvel, de comboio ou até de bic Mas não se esqueçam de que esta história é muito velha. No em que a contaram pela primeira vez, não havia nem autom

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    Percurso 7COMPREENSÃODO ORAL E ESCRITA Narrativa

    LEITURA Narrativa na íntegra– comportamento

    das personagens

    CONHECIMENTODA LÍNGUA Grupo preposicionale grupo adverbial

    TEXTO NAÍNTEGRA

    PROFESSORLEITURA1. A narrativa de Ilse Losa recupera

    tradição das narrativas populares:sua origem é muito antiga, sendo

    uma história que atravessou váriasgerações, sem que se saiba quem

    narrou de início; sabemos poucocerca das personagens, que sãodenticadas apenas pelos nomesomuns «pais» e «pai» e pelo nome

    próprio «João»; o espaço é inde-nido, pois sabemos apenas que serata de «uma aldeia», do caminho

    para «a cidade» com «cinco quiló-metros», onde há «uma ponta», pordebaixo da qual passava «o rio»;há uma moralidade, como acon-ece nos contos populares/tradi-ionais, pois o pai dá uma lição ao

    lho, que se vê obrigado a admitirmentira.

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    UNIDADE 2 HISTÓRIAS COM BARBAS

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    nem comboios, nem bicicletas. Havia apenas diligências, que cavamcaras, e o pai do João não era rico. Iam, portanto, a pé.

    Quando o João caminhava assim ao lado do pai, apeteceu-lheconversar. Pensava no que havia de dizer e, como não se lembrava decoisa nenhuma, inventou uma mentira:

    – Sabe vossemecê, pai, quando ontem passei pelo campo ondecostumavam pastar os bois e as vacas, vi um cão que era maior do queum boi. O pai não fez comentários. Porém, daí a um bocado, disse:

    – É verdade, João, quase me ia esquecendo de te contar uma coisa.Daqui mais ou menos a meia hora havemos de passar uma ponte, queé diferente de qualquer outra ponte.

    – Diferente em quê, pai?– Não no feitio, meu lho, nisto é como muitas outras: de madeira,

    assente em pilares altos, com grades de ferro. Mas é diferente, porquequando uma pessoa que, pouco antes, mentiu, passa por cima dela echega ao meio, solta-se uma das tábuas de madeira e o mentiroso caiao rio