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1 ___________________________________________________________________________ Movimento, Expressão Corporal e Dramatização _______________ ___________________________________________________________________________ _________________________________________________António Abernú | Manual de Formação 2010

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___________________________________________________________________________  

Movimento, Expressão Corporal e  

Dramatização _______________  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

___________________________________________________________________________  

_________________________________________________António Abernú |

 

Manual  de  Formação      

 

2010

  2  

Título Manual de Formação

Organização do manual

António Abernú_2010

Curso Movimento, Expressão Corporal e Dramatização

António Abernú_actor, encenador e formador de Teatro.

www.antonioabernu.com

FICHA TÉCNICA

  3  

4 Objectivos Gerais

5 Módulo 1 Corpo e Movimento

7 Movimento  

10 Módulo 2 Do Movimento à Expressão

     

13 Corpo vs Espírito  

15 Módulo 3 Importância do Movimento Expressivo na vida

20 Jogos de Expressão Dramática  

24 Módulo 4 O Eu – perante si próprio e o mundo exterior

27 Movimentos Corporais  

33 Módulo 5 Função terapêutica da Expressão Dramática

37 Criatividade: um processo de vida

41 Módulo 6 Jogo Dramático

43 Jogos Cooperativos  

47 Conclusões  

48 Referencias Bibliográficas

INDICE

  4  

Objectivo Geral

No final da sessão os formandos deverão ser capazes de tomar consciência de noções básicas de corpo e

movimento expressivo, bem como das suas qualidades, possibilidades, criatividade e da sua terapêutica no papel

do individuo e da comunidade. Bem como tomar consciência de noções e técnicas de Expressão Dramática e

Jogos Dramáticos Cooperativos em prol da sua utilização em acções e rotinas do seu dia a dia.

Objectivos Específicos Módulo 1

Ao longo da sessão os formandos devem ser capazes de tomar consciência das noções básicas e técnicas do

corpo e do seu movimento, das suas qualidades, possibilidades e da motricidade humana.

Objectivos Específicos Módulo 2 Ao longo da sessão os formandos devem tomar consciência do Movimento Expressivo, dos Instrumentos

Expressivos e da forma e/ou formas da sua melhor utilização em prol das potencialidades de cada individuo e

para beneficio do seu crescimento.

Objectivos Específicos Módulo 3 No fim da sessão os formandos devem tomar consciência da importância do Movimento Expressivo na vida de

cada um, segundo as suas potencialidades e limitações, como ser integrante, comunicativo e expressivo.

Objectivos Específicos Módulo 4 No fim da sessão os formandos devem ser capazes de perceber a importância do Eu, como individuo. Quer a um

nível pessoal, quer a nível da sua integração num colectivo e na sociedade em geral.

Objectivos Específicos Módulo 5

No fim da sessão, os formandos devem tomar consciência da importância e das funções terapêuticas da

Expressão Dramática e das potencialidades da Arte terapia, como forma integrante de desenvolvimento pessoal

e inserção num grupo/sociedade.

Objectivos Específicos Módulo 6

Ao longo da sessão os formandos devem tomar consciência e aprender a importância do jogo dramático e

principalmente dos jogos cooperativos. Experienciar a sua importância.

  5  

Módulo 1

Corpo e Movimento

Objectivos Específicos Módulo 1 Ao longo da sessão os formandos devem ser capazes de tomar consciência das noções básicas e técnicas do

corpo e do seu movimento, das suas qualidades, possibilidades e da motricidade humana.

O corpo é uma festa.

Eduardo Galeano

O Corpo

No âmbito anatômico e científico, o corpo é substância física ou estrutura de cada homem ou animal. Para a

biologia é um organismo vivo, composto de várias unidades denominadas células e para a Quimica, é uma

poção de matéria.

O corpo é subdividido em cabeça, tronco e membros.

Dele fazem parte uma anatomia e uma morfologia antropológica que faz com que nos movamos; andamos,

saltamos, deitamos, baixamos, entre muitas outras coisas.

Todo um conjunto de factores, quer externos quer internos fazem com que a “massa” que somos tome vida, crie

vida.

  6  

Os factores externos, como a gravidade (força da), posturas, gestos assumidamente sociais e quotidianos,

envolvem-se com os internos, como o peso, o equilíbrio, formando o nosso eixo, a nossa charneira – coluna

vertebral.

Dela depende todo o nosso

desempenho quer como pessoas

que somos, quer como actores,

professores, técnicos e tantos

outros.

A nossa coluna vertebral é a base

de sustentação de todo o restante

esqueleto, a ela estão ligados a

cabeça, os membros e todo um

conjunto de músculos internos, funcionando a coluna, não só como eixo e charneira do nosso corpo, mas como

responsável máximo pela nossa verticalidade.

Também à coluna vertebral está ligada toda uma rede de fibras nervosas que fazem a comunicação com todo o

sistema corporal.

Uma das redes de fibras nervosas é chamada o Plexos Solar – rede formada por nervos, vasos sanguíneos e

fibras musculares profundas.

O plexos solar é um sistema autónomo responsável pelo

movimento de todo o nosso corpo. É um centro nervoso

importante de múltiplos gânglios e um emaranhado de filetes

nervosos pertencentes ao sistema autónomo, que regula e

coordena todas as funções vegetativas das vísceras

abdominais e responde eventualmente às estimulações de

erudições conscientes ou de imagens nascidas do córtex

cerebral.

Ao nível físico o plexos solar situa-se na junção dos sistemas

respiratório e digestivo, compõe-se de uma rede muito densa

de gânglios e desempenha o papel de charneira.

  7  

Ao nível psicológico, adianta-se a hipótese que o plexos é a sede das emoções. Importa reconhecer que existe

uma interacção entre o plexos e o estado de espírito.

O movimento pelo qual é responsável o plexos e que desemboca nas mais variadas actividades e

movimentações, desde o apontar com um dedo à mais complicada coreografia de dança, divide-se em várias

características e qualidades e esta sempre associado à dinâmica – parte da mecânica que revela e estuda as

relações entre as formas e os movimentos por estas produzidas.

O plexos solar é responsável por:

• Impulso

• Sustentação

• Percussão

• Vibração

• Empurrar

• Colapso

• Suspensão

• Torção

• Pressão

Movimento Não podemos dissociar o movimento da expressão, pois qualquer movimento têm expressão.

Os movimentos expressivos do corpo identificam a necessidade natural que o ser humano tem de expor os seus

sentimentos e pensamentos de forma sistematizada ou não, evidenciando o espírito artístico ou simplesmente

como forma de lazer.

Podemos expressar sentimentos sem pronunciar uma simples palavra, através apenas de simples movimentos

de expressão corporal. No teatro, na dança, na ginástica, nas lutas marciais, enfim, de diversas maneiras,

usamos o nosso corpo para manifestar, expandir as nossas emoções.

  8  

Qualidades do movimento

As qualidades do movimento são três:

• Energia

• Tempo

• Espaço

Quanto à energia: • Forte

• Leve

Quanto ao tempo: • Energia súbdita

• Energia sustentada/controlada

Quanto ao espaço: • Trajectória directa

• Trajectória flexível/curvilínea

  9  

Características do movimento Características expressivas Atitude que encerra cargas emotivas com necessidades perceptivas e funcionais muito apuradas e individuais.

Características comunicativas De atitude global, na qual para além de expressão, há a intenção de comunicar algo com determinismo e

objectividade.

  10  

Módulo 2 Do Movimento à Expressão

Objectivos Específicos Módulo 2 Ao longo da sessão os formandos devem tomar consciência do Movimento Expressivo, dos Instrumentos

Expressivos e da forma e/ou formas da sua melhor utilização em prol das potencialidades de cada individuo e

para beneficio do seu crescimento.

“Expressão é a formulação de sensações

gravadas no organismo, que não tem outra

linguagem para se manifestar”

Arno Stern

Expressão Expressão, do latim expressiom, é o acto de expressar certos objectos para extrair deles o suco; maneira de

exprimir: frase, palavra, manifestação de um sentimento de dor, alegria, carácter, sentimentos íntimos

manifestados pelos gestos e pelo jogo da fisionomia.

No seu sentido lato, expressão poderá no entanto, significar mesmo a própria vida, dado que a acção humana

pode ser considerada como expressiva.

  11  

“A expressão é apenas a formulação das

sensações e dos sentimentos. A expressão não

tem relação com a cultura, é um modo de

formulação universal independente de etnias, do

clima e das civilizações”

Arno Stern

Corporalidade O corpo para o actor funciona como um instrumento, uma ferramenta com a qual ele trabalha e usa. Como em

todas as profissões é necessário que o profissional saiba manejar da melhor forma os seus instrumentos,

implicitamente. O actor deve utilizar o seu corpo, reeducando-o para melhor o

entender/escutar/perceber/compreender, para posteriormente tirar todo o partido dele.

Encaramos o trabalho a desenvolver como sendo referente não só apenas ao corpo/físico, como também à

corporalidade do actor – corpo/espírito.

Visto que o conceito de corpo nos remete para uma dimensão de desenvolvimento e educação meramente física

e biomecânica. Sentimos e concebemos a corporalidade como membrana de passagem e de vectorização de

processos orgânicos. Esta noção integra as dimensões, física, psíquica e racional.

A qualidade e a força de um acto expressivo parece estar relacionada com a qualidade da organização e da

integridade de uma estrutura psicomotora, o que também quer dizer, condicionada por memórias, hábitos e

limitações.

A intencionalidade do acto, a intenção antes do movimento, esta intimamente ligada e mobiliza a musculatura

interna, o tónus muscular que faz à posteriori que os músculos externos e as articulações respondam a esse

estimulo e dê origem à acção.

Tónus Muscular Tónus é o estado de tensão elástica (contração ligeira) que apresenta o músculo em repouso e que lhe permite

iniciar a contração imediatamente depois de receber o impulso dos centros nervosos. Num estado de

relaxamento completo (sem tónus), o musculo levaria mais tempo a iniciar a contração.

O tónus muscular pode apresentar-se alterado numa avaliação diagnóstica. Quando o tónus muscular estiver

aumentado (musculatura rígida), denomina-se hipertonia e quando o tónus apresentar-se diminuido (musculatura

flácida), denomina-se hipotonia.

Tónus é o estado parcial de contração de um musculo em repouso.

  12  

Os músculos mantêm-se normalmente num estado de contração parcial, o tónus muscular, que é causado pela

estimulação nervosa é um processo inconsciente que mantém os músculos preparados para entrar em ação.

Quando o nervo que estimula um músculo é cortado, este perde tónus e torna-se flácido. Estados de tensão

emocional podem aumentar o tónus muscular, causando a sensação física de tensão muscular. Nesta condição,

gastamos mais energia que o normal e isso causa a fadiga.

Intenção Na génese de uma acção esta a intencionalidade; ora uma intenção deve revelar-se antes de mais por uma

mobilização corporal especifica – os músculos internos ou profundos. Dai a importância do actor tomar

consciência da diferença existente entre uma musculatura física, responsável pelo movimento voluntário e uma

musculatura profunda ou tónica que é sobretudo activada por modalidade de percepção, contacto e emoção.

Na reeducação do corpo e na percepção corporal necessária, devemos levar em conta alguns factores inerentes

ao nosso corpo, quer como actores quer mesmo como simples pessoas.

Gestos Todo e qualquer movimento corporal.

Há gestos executados por todo o corpo e gestos executados por uma só parte do corpo.

Há até gestos fisionómicos: o rosto humano, isto é, a fisionomia, é um jogo de gestos.

Ao conjunto de todos os gestos dá-se o nome de linguagem gestual.

Categorias dos gestos

Involuntários Gestos orgânicos e instintivos

• inconscientes e desinteressados

Voluntários Feitos por deliberação

• Conscientes, pensados, utilitários

• Ocasionais, convencionais, alegóricos

  13  

Estes gestos que fazem parte do nosso quotidiano e que muitas das vezes nos passam desapercebidos, é

essencial que o actor tenha a consciência deles, os eleve a movimentos claros e plásticos que fazem com que o

espectador apreenda claramente a comunicação e o contexto do actor.

Corpo vs espírito

Para que o pensamento atravesse a matéria concretamente, ou seja, para que as imagens e os impulsos físicos

sejam o verso e o inverso da mesma medalha, é necessário portanto que o actor tenha chegado à integridade

orgânica, à segunda natureza, a uma unidade corpo - espírito.

Para isso é necessário termos em atenção e levarmos como primordial as capacidades e desenvolvimento que o

nosso corpo desenvolve, comandado pelo espírito.

A sensibilidade quer de carácter psíquico, quer do próprio corpo, torna-se essencial a essa dualidade, a essa

corporalidade.

Os órgãos sensitivos e sensoriais que o nosso corpo têm devem ser desenvolvidos, como a percepção de outros

corpos, mesmo sem se manter um contacto visual.

A percepção dos campos, exterior, pessoal e íntimo de cada pessoa como fundamento para a melhor contracena

e relação entre cada um.

O ritmo como componente sempre presente em todos os movimentos, gestos, acções e ate mesmo respirações.

Ritmo como percepção temporal, o tempo em si, e o ritmo numa dimensão de movimento de respiração desse

movimento.

O movimento orgânico e mesmo o improvisado deve responder a uma consciência rítmica, a uma respiração do

actor do tempo e do espaço em que se encontra para melhor chegar à sua ideia, a quem o vê e escuta.

Sentido Cinestésico A cinestesia é a consciência que cada um tem do nosso corpo e das suas tensões e estados tónicos. As

mudanças completas e “vivas” do tónus humano.

A cinestesia faz-nos percepcionar a qualidade das tensões dos outros e as nossas próprias.

  14  

Esta consciência cinestésica é sempre mais fácil percepcionar nos outros do que em nós mesmos. Parte sempre

da coluna dorsal e de todos os elementos (músculos internos, sistema nervoso) que lhe estão acoplados, fazendo

uma solicitação total da coluna vertebral.

Os movimentos não tornam-se unicamente vivos e não forem o prolongamento de um impulso ou de uma micro -

acção que se produz na coluna dorsal.

O actor deve modelar a energia do corpo, e isto através da modelação de tesões que criem diferenças de

potencial. Diferenças essas que estão na origem de diversas qualidades do movimento.

O actor deve saber como despertá-la, identifica-la e modela-la concretamente.

O actor deve procurar sempre na postura, posições “incómodas” e no limite do equilíbrio, para aumentar e fazer

fluir a energia.

Como exemplo é essencial para o actor trabalhar a acrobacia, não só pela flexibilidade física e pela plasticidade,

mas também para ajudar na concentração, pois quando isto acontece, tem de se estar completamente

concentrado, se não vai-se parar ao chão.

A energia depende de cada um, é uma alquimia pessoal elaborada através de diferentes graus de tensões,

atravessando diferentes ritmos, jogando em crescendos e decrescendo, com evoluções graduais ou cortes

súbditos, quer controlando a energia quer abandonando-se livremente ao seu curso.

Só desta forma o actor se poderá tornar perceptível às diferentes temperaturas/intensidades do seu bios, do seu

ser.

Do ponto de vista dinâmico concebemos o actor como o elemento charneira e impulsionador deste processo de

comunicação. Pensamo-lo não como um “simulador” mas sobretudo como estimulador de um espaço de partilha

que mobiliza a tensão/atenção do actor e do espectador.

  15  

Módulo 3 Importância do movimento expressivo na vida

Objectivos Específicos Módulo 3 No fim da sessão os formandos devem tomar consciência da importância do Movimento Expressivo na vida de

cada um, segundo as suas potencialidades e limitações, como ser integrante, comunicativo e expressivo.

“O meu corpo é um jardim, a

minha vontade o seu

jardineiro.” Willian Sheakspear

Os movimentos expressivos do

corpo identificam a necessidade

natural que o ser humano tem de

expor seus sentimentos e

pensamentos de forma

sistematizada ou não,

evidenciando o espírito artístico

ou simplesmente como forma de

lazer.

Podemos expressar sentimentos sem pronunciar uma palavra, através apenas de simples movimentos de

expressão corporal. Na dança, na ginástica, nas lutas marciais, enfim, de diversas maneiras, usamos o nosso

corpo para manifestar, expandir nossas emoções.

  16  

Expressão Dramática Interessa aqui considerar a abordagem particular que permitiu uma experimentalidade sistematizada que

favoreceu, em diversos aspectos, as pedagogias para o teatro, nomeadamente as pedagogias de preparação do

actor, que são simultaneamente pedagogias de comunicação. Assim sabemos que o trabalho aprofundado e

isolado das capacidades cinésicas e motrizes do actor pode ser enquadrado na Expressão Corporal, como o

trabalho da voz pode ser enquadrado a Expressão Vocal, ou como as suas reacções e capacidades de resposta

(corporal e vocal) em diversas situações e com base nas suas intenções e motivações particulares podem ser

designadas por Expressão Dramática.

Chamamos-lhe expressão, porque dela subentende mais uma acção do que uma teoria. Tanto assim que foi que

nos anos 60, perante a crise da palavras, no teatro e não só, se autonomizaram estas “novas” expressões na

criação de espectáculos de uma nova linguagem – a do corpo, do instinto, do inconsciente, não articulado,

mesmo do inadvertido.

A expressão dramática utiliza situações predeterminadas ou completamente deixadas ao acaso do momento –

improvisação, que colocam o participante na possibilidade imediata de se exprimir, comunicar, sentir e

experimentar. E assim, através do jogo, aprender. Conhecer mais e melhor o mundo em que vive.

Neste tipo de trabalho elaborado em grupo, normalmente mediado por um orientador ou animador especializado,

o individuo é simultaneamente actor e espectador e essa actuação de carácter eminentemente lúdico leva-o

gradualmente a um estado de autoconfiança através da tomada de consciência das suas capacidades. Uma

revelação de si próprio. Mas também dos outros. Com os outros. Para os outros.

Ao animador, como de resto ao encenador, compete a consciência que cada sessão tem novos dados, novas

energias e novas vivências, que cada colectivo é diferente do outro, que cada individuo é uma realidade própria e

insubstituível.

Ao participante numa sessão de Expressão Dramática propõe-se um jogo que contribui para o seu crescimento e

desenvolvimento pessoal e se constitui numa libertação das normas. Afinal uma representação teatral, sem os

constrangimentos do espectáculo, ao actor, a Expressão Dramática propõe-se como um treino dos mecanismos

do teatro: personagens, situações, libertação e problematizações corporais e emotivas. Afinal os mecanismos de

uma pessoa em situação quotidiana ou inesperada. Para o actor utilizar posteriormente, a horas certas.

  17  

Porquê da expressão dramática

A pedagogia da expressão dramática pode facilitar a construção de múltiplas pontes entre a arte e o ensino,

possibilitando o desabrochar das crianças e dos jovens.

A expressão dramática enquanto pratica pedagógica pode tornar-se um excelente pólo de desenvolvimento, pela

actividade lúdica que pode ser um contributo para uma aprendizagem totalitária ao nível cognitivo, sensorial,

motor, afectivo e plástico.

A expressão dramática é uma partilha de intenções da educação por se preocupar com o desenvolvimento global

da personalidade da criança.

A expressão dramática ajuda a criança a conhecer-se, a conhecer o meio que a envolve e a conhecer os outros.

No plano intelectual, estimula a imaginação. No plano afectivo, possibilita utilizar a energia libertada pelas

emoções, libertando e controlando a seu tempo as reacções emotivas. No plano físico, utiliza a coordenação

motora, exterioriza e harmoniza as relações sensoriais e motoras.

Numa pratica teatral, através dos jogos de expressão dramática, as aquisições cognitivas, sensoriais, afectivas e

motoras estão todas associadas.

Nunca esquecer que a importância que a expressão dramática tem no desenvolvimento harmonioso e salutar da

criança, é global. O que não invalida que nos tenhamos de preocupar em analisá-la consoante os objectivos

operacionais das competências que se pretendem desenvolver e clarificar.

Objectivos da expressão dramática Os objectivos da expressão dramática são muitos e deveras significativos. Passamos a analisar alguns.

Conhecimento do meio envolvente Exercita as relações de espácio-temporais por intermédio da aquisição do espaço e intervenção sobre o mundo

exterior.

Capacidade onde é permitido à criança fechar-se num mundo ideal, imposto pelo jogo e brincar através das

ideias. Devido à observação, posta ao serviço da imaginação, sempre criadora, da inúmera criatividade sempre

latente dentro de si.

A observação é geradora de diversas formas e de várias modalidades, observação sensorial, intelectual e

afectiva.

Conhecimento do outro Exercita a comunicação com o outro e com os outros. Através de diversas variáveis de tarefas.

Afina e aguça a capacidade de emitir informação e faz também uma tomada de consciência das interacção

emissor - receptor.

  18  

Processo de Aprendizagem A criança esta constantemente em situação de aprendizagem. Qualquer pedagogo deverá explorar e estimular

este processo. A expressão dramática pode, neste caso, ter um valor inestimável, favorecendo e enriquecendo o

processo de aprendizagem com actividades de carácter lúdico , nas quais o jogo e o meio favorecem as

aquisições próprias e também se torna o acto de aprender numa experiência viva e integrada – a criança não

separa o que é do que há-de vir a ser.

O campo da Expressão No universo da expressão, os participantes encontram duas formas de se expressarem: através da expressão oral e da expressão corporal.

Na primeira, as várias propostas de jogo verbalizante, as dramatizações e outros conteúdos constituem um bom

instrumento para o desenvolvimento da fala. Os participantes têm de ir conhecendo e adaptando-se às mais

variadas situações da fala e do processo de comunicação verbal.

No segundo caso, a expressão corporal desenvolve-se sobre as mais diversas actividades artísticas,

consideradas como instrumentos privilegiados do corpo, onde a preocupação mental e corporal são

indissociáveis.

Sabemos que quando fazemos gestos e movimentos, recorremos ao nosso esquema corporal, o que leva a

expressão dramática, pelo desempenho dos corpos no espaço, pelo movimento, pela análise rítmica e o

desenvolvimento dos reflexos permitem construir, modificar e aperfeiçoar a mesma estrutura corporal que lhe dá

origem.

Actividade e Criatividade A expressão dramática explora e equaciona o real mas raramente o reproduz da forma como é. Aqui as situações

fictícias emergem para se definir como real, para a situação do fazer de conta. Associações, transformações,

aproximações, colagens e um número de outros instrumentos propõem uma nova estrutura que se afasta da

percepção que se tem do real.

A primeira manifestação de actividade cerebral é a própria imaginação. Não se consegue começar a criar sem

que alguma

coisa nos surja na imaginação. Daí abre portas e caminhos para a criação, projecção, construção e

evidentemente, transformação.

  19  

A sensibilização Actividade muito importante, desde que bem executada. Toda a aprendizagem pode dai tirar benefícios. Neste

domínio a expressão dramática é uma ferramenta privilegiada.

Os meios mais eficazes para se obter resultados positivos numa sensibilização pela expressão dramática passam

pelo tempo, sem pressas, descontraído e interessado com o momento presente, sem preocupações, sejam de

que ordem for, com a exploração do futuro.

Confiança em Si Objectivo extremamente importante. Todo o educador, animador, pedagogo neste domínio deve ter a

preocupação constante de garantir e ir ganhar confiança em si próprio. Dele é esperado o resultado das

actividades dramáticas ou teatrais se traduzam numa melhor valência e bem estar, numa melhor compreensão e

conhecimento.

No jogo dramático há comunicação lateral entre os participantes, sendo cada um, no grupo, actor e espectador.

Por aqui podemos perceber os benefícios que o jogo pode retirar da prática das actividades dramáticas. Um jogo

que é

libertador, associado à acção e ao carácter colectivo de jogar, torna-se igualmente enriquecedor no campo da

comunicação.

A descoberta do Corpo

Cada pessoa representa um universo desconhecido, transportando em si rituais quotidianos, cargas afectivas,

sociais e culturais que o fazem diferenciar dos restantes elementos, que por sua vez tem o seu próprio universo.

Cada pessoa terá que se descobrir, encontrar-se e encontrar os outros, descobrindo o seu próprio corpo e o

corpo dos outros.

O movimento espontâneo surge quando o corpo toma consciência da sua pele, dos seus músculos, das suas

articulações, das suas respirações, dos seus sentidos e das suas limitações.

Na descoberta do corpo desenvolve-se o espírito de grupo, a imaginação e a criatividade, a concentração, a

observação, o pensamento, o relaxamento, a respiração e a liberdade de movimento.

Domínio do Corpo Começa-se a controlar o equilíbrio, a orientação, a ocupação e localização no espaço, o que faz ter-se uma

consciência espacial.

Corpo e Voz A actividade da criança, nas situações de expressão corporal e dramática, pode ser considerada como um

comportamento significativo para ela, coerente em relação às suas motivações que estão ligadas aos interesses,

conhecimento e meio sociocultural, à utilização das suas potencialidades corporais, às possibilidades do jogo

simbólico e à importância que ela dá em mostrar aos outros o que faz.

  20  

A actividade da criança é uma totalidade em que a manifestação exterior é a resposta motora. Resposta essa que

tem domínios nas atitudes corporais, vocais, de exploração do pensamento, da criação e jogos de inter relação

com os outros e com o meio.

É uma actividade que não se rege por regras organizadas – sejam as regras que forem, nem por um quadro

codificado.

Os pontos e os estímulos de partida das actividades, podem ser bastante diversos, podendo ser escolhidos pelo

próprio animador ou pelas próprias crianças.

Analise Cultural Uma actividade como estas, tem uma riqueza ao usar a linguagem dramática, sob manifestação de múltiplas

utilizações. Leva-nos a analisar o real numa perspectiva artística, fazendo das situações e dos textos dramáticos

cruzados com vários profissionais do espectáculo e sectores culturais e educacionais.

São vários e variados os focos para considerar-mos a expressão dramática como indispensável a uma verdadeira

educação artística e a um crescimento salutar da pessoa. Educação que se expande à diversidade das artes, dos

meios de expressão e das técnicas utilizadas.

É uma actividade que proporciona ao participante o prazer do gesto, a alegria de formar o gosto, a possibilidade

de acesso ao património artístico e cultural, na perspectiva de desenvolvimento das capacidades de expressão e

criação.

Trata-se de uma actividade expressiva que dá largas à flexibilidade, ao tacto, à sensibilidade, à intuição e

inteligência para se adaptar às pessoas e às situações, permitindo fazer escolhas mais minuciosas e pertinentes.

Jogos de Expressão Dramática

A finalidade dos jogos de expressa dramática é proporcionar à criança meios para um mais completo e

harmonioso desenvolvimento, através da capacidade da expressão, da criatividade e da comunicação artística.

Em oposição ao Teatro, que é uma arte de exprimir a realidade através da ficção, representando-a, mostrando-a

sem a viver. Os jogos de expressão dramática possibilitam a criança viver no mundo da sua imaginação. Exprimir

a realidade através da sua imaginação, sendo uma actividade na qual se realiza e através da qual se vai

preparando par mais tarde enfrentar essa mesma realidade.

Por meio da imaginação a criança vive aquilo que exprime através da dramatização, julgando que é o

personagem que representa e exprimindo aquilo que ela deseja.

Na vida podemos encontrar um sem numero de actos que se podem transformar em acções de expressão

dramática. O que leva a expressão dramática a ser diferente de fazer Teatro. O jogo para a criança constitui

apenas uma necessidade.

Pelo mundo fora as crianças jogam. Esta actividade é de tal forma importante nas suas vidas que somos levados

a ver nela a razão de ser da própria infância. O jogo é vital, condiciona o desenvolvimento harmonioso do corpo,

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da inteligência e da afectividade. A criança que não brinca e não joga, muito provavelmente será uma criança

doente ou com problemas de varia ordem. Por sua vez a criança proibida de jogar, acaba por ficar doente de

corpo e espírito.

Para o animador o jogo deve ser, antes de tudo, um meio privilegiado de conhecimento das crianças, tanto no

plano psicológico como nas componentes sociais e culturais. Através da observação do jogo de cada participante

nas actividades, pode-se ver a manifestação de perturbações no desenvolvimento afectivo, psicomotor ou

intelectual, bem como o estado desses mesmos desenvolvimentos. Sendo assim e jogando com estes factores

podemos aperfeiçoar as técnicas e descobir métodos que terão mais possibilidades de êxito, em relação a cada

individuo.

É preciso ter em consideração que a função do jogo é auto-educativa. Nos jogos colectivo, a criança aprende a

situar-se em relação aos outros num quadro de estruturas definidas e hierarquizadas. Esta descoberta leva a

criança a sentir-se fazer parte de um grupo e por conseguinte determinar-se a si própria, ao outro e aos grupos.

Valor da expressão dramática

O valor fundamental da expressão dramática esta no seu estímulo à criatividade, pelas oportunidades que coloca

à disposição da criança neste campo, porque sempre que a criança joga, cria.

Os exercícios de expressão dramática desenvolvem ainda, não só as faculdades de imaginação e de imitação,

como também a estética, a fantasia e tudo aquilo que contribui para a formação do carácter do indivíduo.

A realização de jogos como tema cultural, é um enriquecimento benéfico para todas as pessoas. Por isso, os

jogos de expressão dramática tornam-se excelentes auxiliares educativos e culturais em varias disciplinas, desde

as exactas, às humanas e físicas, porque enquanto que nas aulas os alunos ouvem passivamente a explicação

dos professores, na expressão dramática eles vivenciam dinamicamente o tema que se trabalha.

Objectivos de alguns temas

A imitação Definimos por imitação a reprodução simples de um modelo ou de um fenómeno qualquer que as pessoas

executam espontaneamente. Na imitação a reprodução, nunca é exactamente conseguida. A percepção da

acção, bem como a sua compreensão e a sua imitação, é sempre diferente em cada pessoa, face à sua

personalidade, ao seu poder de observação e de expressão.

A imitação manifesta-se na criança através de rituais que se repetem constantemente.

A imitação leva a criança a socializar. Ela por norma e necessidade, imita os gestos, as expressões, as

identificações, a linguagem dos adultos que encarna para se assemelhar com o grupo social a que pertence ou

onde esta inserida.

  22  

Graças a essa dupla acção de participação e de controlo critico, a criança na sua necessidade de

aperfeiçoamento, leva a que na imitação ultrapasse o modelo, para assim criar novas situações. Desta forma

podemos concluir que a imitação é criativa. Atingindo factores de progressão artística.

A criança começa a imitar desde o berço, através dos sons que ouve e dos sorrisos que vê, quer imitando a mãe,

o pai e outras pessoas que lhes passem pela frente.

Ao nível dos objectivos, a imitação procura recriar, através do jogo de imitar, movimentos de pessoas, animais,

acções, gestos, situações entre muitos outros.

Mímica Nos nossos dias a mímica significa a arte de expressão de ideias, usando o corpo e o movimento facial. É esta

expressão não verbal da expressão dramática que permite aos participantes recriarem atitudes, comportamentos,

posturas de personagens, reveladas pela própria originalidade e criatividade de cada um.

É pela mímica que a pessoa projecta no mundo exterior aquilo que se passa no seu mundo interior. A pessoa

imita acções como forma de compensação por não as ter de facto realizado.

Associada à Mímica esta a Pantomima. Trata-se de uma forma de mímica que teve forte relevância na

Antiguidade em Roma. A mascará transportada pelos actores, representava a expressão da fisionomia que

deveria ser expressa pela acção do corpo e do movimento.

Este foco da expressão dramática pretende, mimar gestos, comportamentos, personagens, sentimentos,

emoções, historias individuais e ou colectivas, criar diálogos gestuais e desenvolver a comunicação não verbal.

Expressão Oral Se falarmos em termos de um publico infantil, estamos perante um grupo que se manifesta com alguma

dificuldade. A sua expressão vocal é defeituosa e a sua expressão oral tem relação com a sua memória e a dos

seus conhecimentos.

É muito importante ajudar as crianças no desenvolvimento das suas potencialidades vocais e verbais, com

sensibilidade para não as confrontar com impossibilidades.

Como grande objectivo, neste campo é aconselhável a não correcção da dicção mas sim a educação dos órgãos

vocais, por forma a saber tirar deles o maior rendimento quando se exprimem. É aconselhável não forçar as

correcções, mas sim que se expressem bem, através da entoação, ênfase, ritmo, clareza. O educador deve

incentivar a criança a que articule bem os sons e as palavras.

  23  

Movimento Corporal Este foco encontra prática física na consequência do pensamento que se exprime através do movimento. A

expressão através do movimento possibilita uma desinibição de todo o corpo e um aperfeiçoamento no poder de

comunicar.

Proporciona à criança realização de vivências que põem à prova a sua sensibilidade e um bem estar devido ao

exercício físico que desenvolve.

Através deste campo ela explora s diferentes formas expressivas do seu corpo, ritmos corporais diferentes,

explora o espaço envolvente, exprime-se por movimentos segmentados, imagina-se com outras formas corporais,

entre muitas outras possibilidades e capacidades de cada um.

Dramatização Depois de coordenar o uso da palavra e do gesto, bem como de experiências adquiridas noutros focos da

expressão, mímica, movimento corporal, entre outros, a criança sente vontade de desenvolver a expressão

dramática de uma forma já mais elaborada e construída, à qual damos o nome de dramatização.

As suas capacidades e hábitos de trabalho em grupo, levam ou podem levar à vontade de se mostrar aos outros

aquilo que se é capaz de fazer. A criança esta preparada para se aventurar na acção de representação, na

performance. Ela toma consciência do valor dos seus gestos e do seu potencial interior.

  24  

Módulo 4 O Eu – perante si mesmo e o mundo exterior Objectivos Específicos Módulo 4 No fim da sessão os formandos devem ser capazes de perceber a importância do Eu, como individuo. Quer a um

nível pessoal, quer a nível da sua integração num colectivo e na sociedade em geral.

Linguagem corporal

“Um gesto vale mais do que mil palavras.”

A linguagem corporal corresponde a todos os movimentos gestuais e de postura que fazem com que a

comunicação seja mais efetiva.

A gesticulação foi a primeira forma de comunicação. Com o aparecimento da palavra falada os gestos foram

tornando-se secundários, contudo eles constituem o complemento da expressão, devendo ser coerentes com o

conteúdo da mensagem.

A expressão corporal é fortemente ligada ao psicológico, traços comportamentais são secundários e auxiliares.

Geralmente é utilizada para auxiliar na comunicação verbal, porém, deve ter tomar cuidado, pois muitas vezes a

boca diz uma coisa, mas o corpo fala outra completamente diferente.

  25  

Comunicação

A lista de definições de comunicação é muito grande, normalmente cada autor propõe a sua própria. Podemos

denominar comunicação como o processo pelo qual, as pessoas atribuem significados a factos produzidos entre

elas, especialmente em relação aos comportamentos entre as pessoas.

A primeira condição para que haja comunicação é a presença de um emissor e um receptor.

O estudo dos símbolos sempre esteve relacionado com o conceito de comunicação. A expressão corporal que

abrange os movimentos do corpo e a sua postura, está relacionada com as características físicas da pessoa.

Há três classes de movimentos observáveis:

• Faciais

• Gesticulares

• De postura

Embora se possa categoriza-los, eles estão fortemente entrelaçados e muito frequentemente torna-se difícil dar

um significado a um, prescindindo dos outros.

Na comunicação não verbal, como na linguagem é o factor mais importante, reconhecemos que produzimos e

recebemos uma quantidade elevada de mensagens que não vêm expressas em palavras.

Estas mensagens são o que denominamos de não verbais, que vão desde a cor dos olhos, comprimento do

cabelo, movimentos do corpo, postura, tom de voz e vão até, objectos, roupas, distribuição do espaço e do

tempo.

Características da comunicação não verbal

• A comunicação não verbal, geralmente mantém uma relação de interdependência com a interacção

verbal.

• Com frequência as mensagens não verbais têm mais significado que as mensagens verbais.

• Em qualquer situação comunicativa a comunicação não verbal é inevitável.

• Nas mensagens não verbais, domina a função expressiva ou emotiva sobre a referencial.

• Em culturas diferentes, há sistemas não verbais diferentes

• O conhecimento das formas não verbais de comunicação serva para converter o encontro com outra

pessoa numa experiencia interessante.

Quando se começou a estudar a comunicação não verbal, esta era dirigida ao pessoal de vendas, gerentes e

executivos.

  26  

Interpretação da postura

Para a maioria das pessoas, a postura é um tema pouco agradável sobre a maneira como a nossa mãe

costumava repreender-nos. Mas para um psicanalista a postura de um paciente muitas vezes constitui uma

chave primordial sobre a natureza dos seus problemas.

Com frequência as pessoas imitam as atitudes corporais de outras. Denomina-se este fenómeno de posturas

congruentes.

Acredita-se que duas pessoas que compartilham um mesmo ponto de vista, acabam compartilhando uma mesma

postura.

Estudar a postura das pessoas durante uma discussão é muito interessante, já que muitas vezes podemos

detectar quem esta a favor de quem, antes de que cada um fale.

Observou-se que as pessoas que não se conhecem evitam cuidadosamente adoptar as mesmas posições. A

importância da imitação pode chegar a ser uma das lições mais significativas que podemos aprender, pois é a

forma com que os outros nos expressam que coincidem connosco ou que lhes agradamos. Também é a forma

com que comunicamos aos outros que realmente nos agradam.

Se um chefe deseja estabelecer rapidamente uma boa relação e criar um ambiente tranquilo com um empregado,

basta copiar a postura deste parar obter os seus objectivos.

Algumas vezes quando as pessoas se vêem forçadas a sentar-se muito juntas, inconscientemente abrem os seus

braços e as pernas como barreiras.

Um homem e uma mulher sentados frente a frente a uma distância muito próxima, cruzarão os braços e talvez as

pernas, e viram-se para trás nos assentos.

O tacto

O tacto é o sentido que esta presente nos outros todos. A nossa pele é usualmente um fiel reflexo das nossas

emoções, como o medo, a ira, o ódio. O tacto possui uma classe especial de proximidade, quando uma pessoa

toca na outra, a experiencia é mútua.

O que o homem experiencia através da pele é muito mais importante do que se pensa. Prova disso é a

surpreendente área táctil do cérebro, a sensorial e a motora.

Todo o ser humano esta em contacto constante com o mundo exterior através da pele, nem que seja a pressão

do chão contra a planta do pé. Na realidade, tudo o meio ambiente nos afecta através da pele; a pressão do ar, o

vento, o sol...algumas vezes outras pessoas.

O tacto é provavelmente o mais primitivo dos sentidos – o bebe recém – nascido explora mediante o tacto; é

assim que descobre onde termina o seu próprio corpo e começa o mundo exterior.

Quando o individuo descobre as relações sexuais, na realidade está a redescobrir a comunicação táctil.

Se se interromper uma conversa, a pessoa que o faz poderá pôr a sua mão no braço do seu interlocutor como

sinal de “desculpa”.

  27  

O contacto produz-se em todo o nosso entorno, percebamos isso ou não. Vinculamos o contacto físico com o

sexo, excepto quando se nota claramente que não há conexão entre ambos; por isso o utilizamos raramente para

expressar amizade e afecto.

O tacto, o paladar e o olfacto são sentidos de proximidade. A audição e a visão, em troca, podem proporcionar

experiencias à distancia.

Movimentos Corporais

Qualquer um de nós pode fazer uma analise aproximada da personalidade de um individuo apoiando-se na sua

forma de se mover – rígida, desenvolta, vigorosa...

O simples facto de andar pode-nos indicar muita coisa. Um andar onde o contacto com o chão é forte, dá-nos a

impressão de ser uma pessoa decidida. Se andar ligeiro, poderá estar impaciente ou agressivo.

Levantar os quadris exageradamente dá a impressão de confiança em si mesmo; se ao mesmo tempo se produz

uma leve rotação, estamos diante de alguém elegante e de desenvolto.

Isto representa o “como” do movimento corporal, em contraste com o “que”: não o acto de caminhar em si, mas

sim a forma como é feito; não o acto de apertar a mão, mas sim a forma como se faz.

A proporção entre gesto e postura é uma forma de avaliar o grau de participação de um individuo numa

determinada situação. Um homem que sacode energicamente os braços não parecerá convincente se os seus

movimentos se estendem ao resto do corpo.

As atitudes corporais reflectem as atitudes e orientações persistentes no individuo. Uma pessoa pode estar

imóvel ou sentada para a frente de maneira activa, ou afundada em si mesma e assim sucessivamente. Estas

posições ou posturas e as suas variações ou a falta delas, representam a forma com que alguém se relaciona e

orienta com as outras.

O conjunto de gestos

Um dos enganos mais graves que se pode cometer é interpretar um gesto isolado de outros e das circunstâncias.

Coçar a cabeça, pode significar muitas coisas: caspa, piolhos, suor, insegurança, esquecimento ou mentira, em

função de outros gestos que se façam simultaneamente.

  28  

Para se chegar a conclusões acertadas, devemos observar os gestos no seu conjunto e circunstância.

Como qualquer outra linguagem, a do corpo também tem palavras, frases e pontuação. Cada gesto é como uma

só palavra e uma palavra pode ter vários significados. Só quando a palavra forma parte de uma frase podemos

saber o seu significado.

Um pessoa sentada com as pernas muito cruzadas e os braços cruzados sobre o peito (defesa), enquanto a

cabeça e o queixo estão um pouco inclinados para baixo (hostilidade), a frase “não verbal” diz mais ou menos

isto: “eu não gosto do que está a dizer e não estou de acordo”.

A observação do grupo de gestos e a congruência entre os canais verbais e não verbais da comunicação são as

chaves para interpretar correctamente a linguagem do corpo.

A velocidade de alguns gestos e o modo como se tornam óbvios para os outros está relacionada com a idade dos

indivíduos.

Se uma menina de cinco anos diz uma mentira aos pais, tapará imediatamente a boca um uma ou as duas mãos.

O gesto indica aos pais que a menina mentiu e esse gesto continua a ser usado toda a vida, variando apenas na

velocidade.

Quando a adolescente diz uma mentira, também leva a mão à boca como a menina de cinco anos, mas em lugar

de tapá-la bruscamente, os seus dedos como que roçam pela sua boca.

O gesto de tapar a boca torna-se mais refinado com a idade.

Quando um adulto diz uma mentira, o cérebro ordena à mão que tape a boca para bloquear a saída de palavras

falsas, como acontecia com a menina e a adolescente, mas o adulto no ultimo momento, tira a mão da boca e o

resultado é um gesto tocando o nariz. Este gesto não é mais do que a versão refinada do gesto de tapar a boca

que usou quando criança.

Ritmos corporais Cada vez que uma pessoa fala, os movimentos das suas mãos e dedos, as sacudidelas da cabeça, os piscar de

olhos, todos os movimentos do corpo coincidem com o compasso do seu discurso.

Este ritmo altera-se quando há enfermidades ou transtornos cerebrais.

  29  

Espaço pessoal

O raio em redor de um individuo, pode dividir-se em 3 zonas distintas:

• Zona intima

De 15 a 45 cm, é a mais importante e é a que a pessoa cuido como a sua casa. Só é permitida a

entrada aos que estão muito perto emocionalmente da pessoa.

• Zona pessoal

Entre 46 cm e 1,22 m, é a distancia que nos separa dos estranhos e das pessoas que não conhecemos

bem.

• Zona pública

Mais de 3, 5 m, é a distância cómoda para nos dirigirmos a um grupo de pessoas.

Gestos com as mãos É uma antiga brincadeira dizer que “Fulano ficaria mudo se lhe atássemos as mãos”. No certo é que ficaríamos

muito incomodados se tivéssemos que renunciar aos gestos com que tão frequentemente acompanhamos e

ilustramos o que dizemos.

A maioria das pessoas é consciente dos movimentos das mãos dos outros, mas geralmente ignoram-nos,

encarando-os como se não se tratando de mais do que gestos sem sentido. Entretanto os gestos comunicam, às

vezes contribuem para esclarecer uma mensagem verbal pouco clara.

• Palmas das mãos O gesto de mostrar as palmas das mãos sempre foi associado à verdade, à honestidade, à lealdade e

consideração. Os juramentos são efectuados colocando a palma da mão sobre o coração, a Bíblia...

Na vida quotidiana, as pessoas usam duas posições fundamentais das palmas da mão: palmas para

cima na posição de mendigo, de pedir algo; e a outra é a das palmas para baixo como se tratasse de se

conter, de manter algo. Quando alguém deseja ser franco e honesto, levanta uma ou ambas as palmas

da mão para a outra pessoa e diz algo como: “vou ser franco contigo”.

• Aperto de mãos

Apertar as mãos é um vestígio que ficou do homem das cavernas. Quando dois indivíduos dessa época

se encontravam , levantavam os braços com as palmas á vista para demonstrar que não escondiam

nenhuma arma. Com o decorrer dos séculos, esse gesto de exibição das palmas foi transformando-se

noutros como o da palma levantada para a saudação, a palma sobre o coração e muitos outros.

  30  

• Mãos no rosto As posições das mãos no rosto são a base dos gestos humanos para enganar. Quando vemos,

dizemos ou ouvimos uma mentira, frequentemente tentamos tapar os olhos, a boca ou os ouvido com

as mãos.

Tapar a boca é um dos gestos tão óbvios nos adultos como nas crianças. A mãos cobre a boca e o

polegar aperta contra a bochecha, quando o cérebro ordena, de forma subconsciente, que se suprimam

as palavras enganosas que acabam de se dizer.

Tocar o nariz é essencialmente, uma versão dissimulada de tocar na boca.

Tocar o olho representa a tentativa do cérebro de bloquear a visão do engano ou de evitar ter de olhar

a face da pessoa a quem se está a mentir.

Esfregar a orelha é similar ao tocar o olho. É a tentativa de quem ouve de “não ouvir o mau”, de

bloquear as palavras da mentira. É a versão adulta do gesto dos meninos de tapar os ouvidos com as

duas mãos para não ouvir uma reprimenda.

• Esfregar o pescoço Esfregar debaixo do lóbulo da orelha ou do flanco do pescoço revelam dúvida, incerteza e é

característico da pessoa que diz: “Não sei se estou de acordo”. É muito notório quando a linguagem

verbal contradiz o gesto: “Entendo como se sente”.

• Dedos na boca O gesto da pessoa que fica com os dedos na boca quando se sente pressionada é a tentativa

inconsciente de voltar para a segurança do recém-nascido que suga o peito da mãe. A criança substitui

o peito da mãe pelo polegar e o adulto substitui por cigarros, lapiseiras, entre outros.

Gestos com os braços cruzados

Ao cruzar-se um ou os dois braços sobre o peito forma-se uma barreira que na sua essência, é a tentativa de

deixar fora de nos a ameaça pendente ou as circunstancias indesejáveis.

Quando uma pessoa tem uma atitude defensiva, negativa ou nervosa, cruzar os braços demonstra que se sente

ameaçada.

  31  

Quando um ouvinte cruza os braços, não somente tem pensamentos negativos em relação ao que à pessoa que

esta a falar mas também lhe presta menos atenção. Os oradores com experiencia sabem que esse gesto

demonstra a necessidade urgente de quebrar o gelo para que os ouvintes adoptem atitudes mais receptivas.

Expressão Facial

Os sinais faciais têm um papel chave na comunicação. Basta pensar nas conversas telefónicas a ausência

destas expressões reduzem significativamente a disposição do receptor para interpretar as mensagens.

Estas expressões são também os indicadores mais precisos do estado emocional de uma pessoa.

Assim interpretamos a alegria, a tristeza, o medo, a raiva, a surpresa, o nojo ou o afecto, pela simples

observação dos movimentos do rosto do nosso interlocutor.

Provavelmente o ponto mais importante da comunicação facial encontra-se nos olhos, o foco mais expressivo da

face.

O contacto ocular é um sinal chave na nossa comunicação com os outros. Assim, a longitude do olhar, quer dizer,

a duração do contacto ininterrupto entre os olhares, sugere uma união das mensagens.

A comunicação ocular é possivelmente, a mais subtil das formas de expressão corporal.

Possibilidade de Fingir É possível fingir a linguagem corporal?

A resposta geral é não, porque a falta de congruência manifesta-se entre os gestos principais, os micro sinais do

corpo e a sua linguagem falada. Por exemplo, as palmas à vista associam-se à honestidade, mas quando o

farsante abre as palmas para fora e sorri enquanto diz uma mentira, os micro sinais delatam-no.

Podem contrair as pupilas ou levantar uma sobrancelha ou uma ligeira abertura tremula e esses sinais

contradizem o gesto de exibir as palmas das mãos e o sorriso “sincero”. O resultado é que o ouvinte tende a não

acreditar no que o farsante está a dizer.

A mente humana parece ter um mecanismo infalível que regista a separação quando recebe uma série de

mensagens não verbais incongruentes. Mas existem alguns casos em que se simula uma linguagem do corpo

expressamente para ganhar certas vantagens.

  32  

Análise da linguagem gestual

Há mais de um milhão de anos que o homem começou a comunicar mediante a linguagem do corpo mas só

começou a ser estudada cientificamente nos últimos trinta anos. Foi popularizada na década de 70.

Charles Chapplin e muitos actores do cinema mudo, foram pioneiros das artes na comunicação não verbal; era a

única forma de comunicação disponível na tela.

Como conclusão podemos assinalar que os gestos são uma questão de cultura, são algo que aprendemos

inconscientemente ao nosso redor.

A comunicação é um processo de participação, uma atitude que contem um processo complexo e heterogéneo.

Estudar como comunica uma sociedade é estudar o sistema dos seus principio éticos e de cooperação, de

representações globais, de mitos, de gestos colectivos, de contos fantásticos, de relações de parentesco, de

rituais religiosos, de estratégias de investigação, de mecanismos de repressão, de manifestações artísticas, de

especulações filosóficas, da organização do poder, das instituições, das leis pelas quais se rege uma

comunidade, um povo, uma nação ou um estado.

Todos estes elementos estudam-se observando a maneira como as pessoas comunicam entre si.

  33  

Módulo 5 Função terapêutica da expressão dramática Objectivos Específicos Módulo 5 No fim da sessão, os formandos devem tomar consciência da importância e das funções terapêuticas da

Expressão Dramática e das potencialidades da Arte terapia, como forma integrante de desenvolvimento pessoal

e inserção num grupo/sociedade.

Arte terapia é uma profissão de serviço humano que utiliza meios de arte,

imagens, processo artístico criativo e respostas paciente/cliente para as

produções criadas como reflexões do desenvolvimento, habilidades,

personalidade, interesses, preocupações e conflitos de um indivíduo. A

prática da arte terapia é baseada no conhecimento das teorias

psicológicas e de desenvolvimento humanos, as quais são implementadas

no espectro completo de modelos de avaliação e tratamento incluindo o

educacional, psicodinâmico, cognitivo, transpessoal e outros meios

terapêuticos de reconciliar conflitos emocionais, promover

autoconsciência, desenvolver habilidades sociais, conduzir

comportamento, resolver problemas, reduzir ansiedade, auxiliar a

orientação da realidade e aumentar a auto-estima.

American Art Therapy Association, 1997

Arte Terapia

Arte terapia é um processo terapêutico

que se serve do recurso expressivo a

fim de conectar os mundos internos e

externos do individuo.

  34  

A Arte terapia distingue-se como método de tratamento psicológico,

integrando no contexto psicoterapeutico mediadores artísticos. Tal origina

uma relação terapêutica particular, assente na interacção entre o sujeito

(criador), o objecto de arte (criação) e o terapeuta (receptor).

O recurso à imaginação, ao simbolismo e a metáforas enriquece e

incrementa o processo.

As características referidas facilitam a comunicação, o ensaio de relações

objectais e reorganização dos objectos internos, a expressão emocional

significativa, o aprofundar do conhecimento interno, libertando a

capacidade de pensar e a criatividade. Ruy de Carvalho, 2001

Variados autores definiram a Arte terapia, todos com conceitos semelhantes no que diz respeito à auto-

expressão. É a arte livre, unida ao processo terapêutico, que transforma a Arte terapia em uma técnica especial.

Não se trata da simples junção da arte com a psicologia, mas de uma abordagem baseada num corpo teórico e

metodológico próprios, abrangendo conhecimentos em história da arte e dos pioneiros e contemporâneos de

maior proeminência na arte terapia; dos processos psicológicos gerados tanto no decorrer da actividade artística

como na observação dos trabalhos de arte; das relações entre processos criativos, terapêuticos e de cura e das

propriedades terapêuticas dos diferentes materiais e técnicas.

     CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA  Desde a época das cavernas, os seres humanos desenhavam imagens, procurando representar, organizar e

significar o mundo em que viviam. Desde tempos remotos utilizam recursos como danças, cantos, tatuagens e

pinturas em rituais de cura, de poder e de invocação às forças da natureza. O uso terapêutico das artes remonta

às civilizações mais antigas. Porém, só em meados do século XX a Arte terapia se delineia com um corpo próprio

de conhecimento e actuação, motivada pela crise da modernidade, em meio às mudanças que marcaram essa

época. Após duas guerras mundiais, uma das principais mudanças foi a queda do mito de que a razão e a ciência

seriam a resposta para tudo.

Por volta de 1950 – a chamada era pós - industrial, seguindo o surgimento da arte educação e alimentada pelas

mesmas preocupações, surge a Arte terapia.

Margareth Naumburg – artista plástica, educadora e psicóloga americana – foi quem primeiro se interessou pelas

pontes que entrevia entre o trabalho desenvolvido na sua escola, onde utilizava o método Montessori e o campo

da psiquiatria e da psicoterapia. Nas suas palavras: “A convicção de que a expressão livre na arte é uma forma

  35  

simbólica de linguagem das crianças, básica a toda a educação, cresceu através dos anos. Conclui que esta

expressão espontânea na arte poderia ser básica também ao tratamento psicoterapeutico.”

Naumburg não foi a primeira a utilizar o termo arte terapia, mas ficou conhecida como “mãe” da arte terapia por

ter sido a primeira a diferenciá-la claramente como um campo específico, estabelecendo os fundamentos teóricos

sólidos para o seu desenvolvimento.

 "Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do

inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade,

criatividade, é vida" (Jung, 1920).

Conceitos

Partindo do princípio de que muitas vezes não se consegue falar a respeito de conflitos pessoais, a Arte terapia

propõe recursos artísticos para que sejam projectados e analisados todos esses processos, obtendo-se uma

melhor compreensão de si mesmo, e podendo ser trabalhados no intuito de uma libertação emocional.

A Arte terapia baseia-se na crença de que o processo criativo envolvido na actividade artística é terapêutico e

enriquecedor da qualidade de vida das pessoas. Por meio do criar em arte e do reflectir sobre os processos e os

trabalhos artísticos resultantes, as pessoas podem ampliar o conhecimento de si e dos outros, aumentar a auto-

estima, lidar melhor com sintomas, stress e experiências traumáticas, desenvolver recursos físicos, cognitivos,

emocionais e desfrutar do prazer vitalizador do fazer artístico.

As linguagens plásticas, poéticas e musicais, entre outras, podem ser mais adequadas à expressão e elaboração

do que é apenas vislumbrado, ou seja, esta complexidade implica na apreensão simultânea de vários aspectos

da realidade. Esta é a qualidade do que ocorre na intimidade psíquica; um mundo de constantes percepções e

sensações, pensamentos, fantasias, sonhos e visões, sem a ordenação moral da comunicação verbal do

quotidiano.

Uma obra de arte consegue, por si só, transmitir sentimentos como alegria, desespero, angústia e felicidade, de

maneira única e pessoal, relacionadas ao estado espiritual em que se encontra o autor no momento da criação.

A utilização de recursos artísticos (pincéis, cores, papéis, argila, cola, figuras, desenhos, recortes, etc.) tem como

finalidade a mais pura expressão do verdadeiro eu, não se preocupando com estética, e sim com o conteúdo

pessoal implícito em cada criação e explícito como resultado final. Contudo, as técnicas de utilização dos

materiais, acima citados, são para simples manuseio dos mesmos, e não para profissionalização ou

comercialização.

  36  

Objectivos

A Arte terapia tem como principal objectivo actuar como um catalizador, favorecendo o processo terapêutico, de

forma que o indivíduo entre em contacto com conteúdos internos e muitas vezes inconscientes, normalmente

obstruídos por algum motivo, expressando assim sentimentos e atitudes até então desconhecidos.

A Arte terapia recupera o potencial criativo do homem, procurando a psique saudável e estimulando a autonomia

e transformação interna para reestruturação do ser. Propõe-se então, a estruturação da ordenação lógica e

temporal da linguagem verbal, de indivíduos que preferem ou de outros que só conseguem expressões

simbólicas. A procura da terapia da arte é uma maneira simples e criativa para resolução de conflitos internos, é a

possibilidade da catarse emocional de forma directa e não intencional.

Fundamentos teóricos e técnicos

 

De um ponto de vista lato poder-se-á falar de Artes - Terapias, sendo estas intervenções psicoterapêutica que

recorrem aos mediadores: Pintura, Desenho, Modelagem, Escultura, Colagens, Drama e Jogos Dramáticos,

Marionetas, Jogo de Areia, Expressão Corporal, Música, Canto, Poesia, Escrita Livre Criativa e Contos.

O entendimento do fenómeno psicológico em Arte Terapia deverá ter em conta as perspectivas afectiva e

relacional, existencial e cognitiva.

A expressão artística é central nesta psicoterapia. Através do objecto de criação temos acesso a informação e

registo sobre o que é, acerca de quê e para quê, como e porquê, sentimentos no momento e após, benefícios

para o próprio e para os outros, etc. Assim o objecto de arte tem uma função cognitiva, fornecendo ao sujeito

informações sobre si próprio e ao Arte Terapeuta um registo do processo.

No entanto o objecto de arte não interessa tanto pelo seu valor informativo, ou mesmo estético, mas sim pelo seu

valor como mediador da expressão, como veículo de elaboração e como ensaio do processo criativo. O contexto

do processo Arte terapêutico não é usado para análise. O foco desta situar-se-á na relação terapêutica.

É adoptada na Arte Terapia uma visão holística considerando que "o todo é maior que a soma das partes".

Na Arte Terapia o papel do processo criativo na mudança é central, pretende-se fomentar na pessoas o uso da

criatividade, como meio de entendimento do próprio e dos outros e na resolução da problemática existencial.

A função do imaginário é fundamental em Arte Terapia:

  37  

a) Para aceder a pensamentos, sentimentos, memórias, aspectos da personalidade e do eu, alguns dos quais

sem representação mental consciente e carecendo se serem integrados;

b) Para uma mais intensa e profunda compreensão do sentimento ou situação;

c) Para desenvolver a capacidade de ver e agir através de opções criativas, evitando o recurso a uma cognição

prematura e limitada.

Criatividade: um processo de vida

Partimos do pressuposto de que a criatividade e a saúde são instâncias correlacionadas na existência humana, e

que processos de criação artística, pela sua qualidade inovadora e transformadora, têm um potencial terapêutico

e curativo intrínseco. É interessante notar as semelhanças entre a linguagem de autores que escreveram sobre

criatividade e o processo criativo e a linguagem que usamos para nos referir à prática terapêutica e seus

objectivos.

Alguns autores sublinharam a criatividade como um processo de vida, como um processo de expansão da

consciência que conduz ao desenvolvimento, ao crescimento e ao fortalecimento interior. Nos textos transcritos a

seguir, podemos tranquilamente substituir as palavras criatividade e processo criativo por arte terapia e

processos arte terapêuticos:

“Criatividade é a celebração de nossa grandeza, do nosso senso de tornar

tudo possível. Criatividade é a celebração da vida. [...] Criatividade é a

expressão da presença de Deus em minhas mãos, olhos, mente – na

totalidade de mim. Criação no sentido da afirmação do divino em cada um,

de transcender a luta diária pela sobrevivência e o peso da mortalidade –

um clamor de angústia e celebração. [...] Finalmente, criatividade é um

acto de bravura. Afirma: estou disposto a arriscar o ridículo e o fracasso

para poder experiênciar este dia com frescor e inovação. A pessoa que

ousa criar, romper barreiras, não só partilha um milagre, mas se dá conta

de que em seu processo de ser, ela é um milagre.”

Joseph Zinker

“A causa principal da criatividade parece ser a mesma tendência que

descobrimos num nível profundo como a força criativa da psicoterapia – a

  38  

tendência do homem para se realizar a si próprio.”

Rogers, 1961

“A criatividade é um dos meios básicos pelos quais o ser humano se

liberta dos grilhões não apenas de suas respostas já condicionadas, mas

também de suas

escolhas habituais.” Arieti, 1976

“A criatividade é um potencial inerente ao homem, e a realização desse

potencial, uma de suas necessidades. [...] De fato, criar e viver interligam-

se.”

“Compreendemos na criação, que a anterior finalidade do nosso fazer seja

poder ampliar em nós a experiência de vitalidade. Criar não representa um

relaxamento ou um esvaziamento pessoal, nem uma substituição

imaginativa da realidade; criar representa uma intensificação do viver, um

vivenciar no fazer; e, em vez de substituir a realidade, é a realidade, é uma

realidade nova que adquire dimensões novas pelo facto de nos

articularmos, em nós e perante nós mesmos, em níveis de consciência

cada vez mais elevados e mais complexos. Somos nós a realidade nova.

Daí

o sentimento do essencial e necessário no criar: o sentimento de um

crescimento interior, em que nos ampliamos em nossa abertura para a

vida.”

“Os processos criativos são processos construtivos globais. Envolvem

toda a personalidade [...].

Ao criar procuramos atingir uma realidade mais profunda do conhecimento

das coisas. Ganhamos concomitantemente um sentimento de estruturação

interior maior; sentimos que estamos a desenvolver algo essencial para o

nosso ser.”

Fayga Ostrower

     Em todos esses exemplos, a criatividade é vista directamente ligada a processos vitalizadores, de crescimento,

de funcionamento saudável, de expansão de si, de auto realização e de alargamento do campo de experiências

da vida. É um processo precioso e fundamental da vida. Acreditar nesse potencial de criatividade e auto

transcendência é o alicerce de todo trabalho na arte terapia.

Qualidades Terapêuticas da Actividade Artística

  39  

Expressão artística como linguagem humana A dificuldade em dar sentido aos nossos sentidos e em expressar verbalmente sensações e sentimentos quando

estes ainda estão indefinidos, ou quando não os percebemos com clareza, pode frequentemente ser facilitada

pelas outras linguagens do fazer artístico.

Por outro lado, mesmo que haja clareza de percepção, às vezes as palavras não são a melhor linguagem para

expressar o que é constatado. É comum sentirmos dificuldade em transmitir em palavras, sensações e

sentimentos intensamente presentes, assim como imagens e sensações intensamente vivas para nós em sonhos

e visões. Porém, por termos a capacidade de nos expressar por meio de diversas linguagens expressivas,

frequentemente sensações, sentimentos e visões são muito melhor expressos em imagens, cores, movimentos

ou sons.

Mobilização em Acção A actividade artística activa o sistema sensorial e motor, e é por natureza enérgica. Considerando o ser humano

do ponto de vista holístico e sistémico, podemos inferir que à medida que o sensorial e motor é activado, a

emoção, a percepção, a imaginação e a cognição serão mutuamente coactivas. A actividade artística e imagética

promove uma mobilização de energia que traz à tona a carga de emoção ligada ao que esteja a ser relevante

para a pessoa naquele momento, mobilizando e potencializado também a sensibilidade e a intuição, o que

propicia à pessoa sintonizar níveis mais intuitivos, sensíveis e mágicos de funcionamento, e amplia a abertura

para o contacto consigo mesmo e com o mundo.

É no decorrer do fazer que isso se dá. Em acção, surpreendemo-nos com o nosso próprio fazer e com o produto

que aos nossos olhos emerge como espelho e criação da nossa interioridade na nossa relação com o mundo,

revelando, iluminando e transformando perante nós mesmos.

ARTE TERAPIA, UM PROCESSO CURATIVO Dethlefsen e Dahlke, em seu livro A Doença como Caminho, afirmam que a doença é um estado do ser humano

que indica que a sua consciência está em desarmonia; essa perda de equilíbrio interior manifesta-se no corpo

como sintoma.

O sintoma avisa que o equilíbrio de nossas forças anímicas interiores está comprometido, informa-nos que está a

faltar alguma coisa.

Quando nos tornamos doentes é como se tivéssemos esquecidos de nós mesmos e a doença é a lembrança de

uma tomada de consciência. Falta consciência! E aí, vem a doença como o caminho que o ser humano pode

seguir rumo à cura.

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ARTETERAPIA COMO UMA TERAPIA SOCIAL O ser humano está doente. No actual contexto socio-económico, passamos por várias crises e talvez estejamos

cansados de ler, ouvir e sentir problemas como desigualdade social, miséria, guerras, violência urbana, atentados

suicidas, assassinatos, além de desastres ecológicos que ameaçam a sobrevivência do planeta, criando uma

sensação de crescente ameaça e insegurança.

Stress, ansiedade, síndrome do pânico e depressão são as doenças “da alma” dos nossos tempos.

Nesse contexto, a arte terapia pode oferecer a ajuda necessária para nós mesmos e para que a nossa sociedade

e o mundo se tornem melhores.

Devemos deixar emergir factores de personalidade promotores da criatividade, como sensibilidade, percepção,

apreensão empática, flexibilidade, não julgamento, receptividade às diferenças e a novas ideias, capacidade de

se apaixonar por causas e pessoas, capacidade de se adaptar criativamente e de criar e apreciar novas

realidades, para que possamos conviver numa sociedade mais justa.

  CONCLUSÃO

A experiência artística pode intensificar a expressão de vivências, bem como incrementar a consciencialização do

sensorial e do equilíbrio estético. No contexto da Arte Terapia, a facilitação dessa tomada de consciência pode

ser importante para promover a riqueza, a vitalidade e a qualidade de vida. A expressão mediada possibilita

também a mobilização de pulsões reprimidas, facilitando assim uma vida psicológica mais livre. Imagens de

transformação e mudança, representadas nas criações artísticas, dão expressão à função reparadora, no

decurso do processo terapêutico.

Um dos postulados fundamentais da Psicologia Transpessoal é que toda vivência da realidade é função do

estado de consciência em que nos encontramos.

Promover mudanças de estado de consciência para propiciar e superar sintomas e despertar sentimentos de paz,

confiança, entrega, compaixão, amor, resultando em um estado de harmonia interior.

Outro ponto de encontro claramente observável é o Conceito de Unidade. Superar a visão fragmentada de nossa

percepção da realidade para que haja um desenvolvimento integral do ser na relação com ele mesmo, com o

mundo e com o Todo, fundamenta os pressupostos teóricos de ambas as abordagens.

Entregar-se à experiência é colocar-se existencial e fenomenologicamente na relação, possibilitando o encontro e

o diálogo, num exercício de se destitui de pretensões egoístas e narcísicas para vivenciar a unidade.

Com relação ao Conceito de Vida, a similaridade está na crença de que a vida individual é inteiramente integrada

e forma um todo com a vida cósmica. O Conceito de Evolução da Consciência e de Estados da Consciência

como um movimento evolutivo para a vivência espiritual também está presente na Arte terapia.

Além das relações conceituais em comum, há ainda muitas similaridades nas práticas e vivências de ambas as abordagens.    

  41  

Módulo 6 Jogo Dramático

Objectivos Específicos Módulo 6

Ao longo da sessão os formandos devem tomar consciência e aprender a importância do jogo dramático e

principalmente dos jogos cooperativos. Experienciar a sua importância e saber organizar, ministrar e por em

pratica os mesmos.

Jogos dramáticos

Importância do Jogo

Na utilização didáctica do jogo, constatamos duas divergências. Uma referente ao seu uso em função da idade,

particularmente a que considera que o jogo apenas é importante só na infância e a outra sobre a neutralidade da

expressão lúdica.

Em relação à primeira, podemos dizer que a grande parte das pessoas e quase uma totalidade dos educadores,

reconhecem a importância do jogo no desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social nas idades mais

novas.

No entanto temos comprovado a enorme divergência que se verifica em muitas pessoas, profissionais ou não da

educação, quando consideram a sua importância apenas na infância, como se fosse natural, ao terminar a

infância, o jogo e a necessidade de jogar desaparecem-se no ser humano, coisa que hoje em dia esta mais do

que provado não ser assim.

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O jogo é muito usado como elemento educativo no ensino Pré-Escolar, menos no Ensino Básico, principalmente

nos últimos anos, tornando-se quase inexistente no Ensino Secundário e no Ensino Universitário a sua utilização

pode ser mesmo considerada como motivo de gozo.

Contudo devemos defender o uso educativo do jogo em todas as idades, reconhecendo o seu valor saudável de

bem-estar físico e psíquico, de felicidade e também como recurso a uma aprendizagem.

Os destinatários , desde os 3 anos em frente, não têm limite de idade. Um pouco pela investigação

psicopedagógica sobre jogo referida maioritariamente à infância e também devido aos preconceitos sociais, tem-

se gerado por parte dos mais velhos uma atitude de indiferença, e até de menosprezo, jogar e sinonimo de perda

de tempo, entre outras.

Talvez se deva redefinir este ultimo ponto, pois já dizia o filósofo alemão Schiller: “ O homem só é completo

quando joga”.

Efectivamente o jogo cumpre um papel de relevo no amadurecimento e estruturação da personalidade de cada

um.

Se o jogo é uma necessidade para todos os seres humanos e em todas as culturas, no caso da infância é algo

mais do que uma necessidade, é a expressão natural de uma etapa evolutiva.

A personalidade da criança tem reflexo no seu jogo e é através do jogo que ganha forma. o que faz com que o

jogo não seja neutro, organizam-se e estruturam-se a partir de determinada carga valorativa e o mesmo tempo

transmitem determinados valores e formas de entender as relações sócias.

Na perspectiva de uma estratégia educativa responsável, o jogo não deve ser deixado ao livre arbítrio e muito

menos deixado de ser utilizado como uma estratégia educativa fundamental. É a partir de uma aposta de

cooperação, participação, comunicação, entre outras, que fazemos a nossa escolha dos jogos.

O jogo não é apenas o veículo de expressão mas também de exemplificação. O que leva à enorme importância

dos valores que os jogos devem transmitir e consequentemente a importância de preservar os espaços físico-

temporais necessários para canalizar a necessidade lúdica, partindo de determinados valores, familiares, dos

centros educativos bem como dos espaços de lazer.

E hoje em dia estes pontos assumem um papel muito importante porque as crianças jogam menos, ocupando

boa parte do seu tempo a ver televisão, entre outras coisas e por outro lado ainda, a maior parte dos jogos que as

crianças ou os jovens fazem são de carácter individual, mesmo quando estão com os amigos. Desta forma as

possibilidades socializadoras dos jogos ficam diminuídas.

Temos ainda de considerar o papel do jogo cooperativo no âmbito de um projecto educativo mais abrangente, em

que a cooperação e a resolução não violenta dos conflitos se convertem nas suas bases e directrizes como nos

principais objectivos a atingir.

Os jogos cooperativos são uma aposta prática para desenvolver formas de ócio e relações humanas tipo,

coerentes com uma cultura de paz e harmonia sustentada.

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Características dos Jogos Cooperativos

Os jogos cooperativos, ao contrário do que sucede habitualmente com os jogos em que a competitividade é o

elemento principal e que matem a tensão do jogo, nestes realça-se e dá-se valor às estratégias cooperativas para

a sua execução. De tal forma que deixa de existir vencedores e vencidos, todos participam, sem que ninguém

seja excluído.

Desta forma os jogos cooperativos são componentes essenciais de projectos educativos baseados na

cooperação e na resolução pacífica dos conflitos, sem que os meios a atingir sejam a antítese dos objectivos a

tingir.

• Todos os participantes trabalham juntos. Em vez de competirem, aspiram a uma finalidade colectiva.

• Todos vencem se se atingir o objectivo. E por sua vez todos perdem em caso contrário.

• Todos competem contra os elementos não humanos do jogo, em vez de competirem entre eles.

• Todos combinam as suas diferentes capacidades para, em prol de um esforço colectivo.

• Todos jogam pelo prazer de jogar, não por conseguir um prémio.

• Todos se divertem sem a ameaça de não se conseguir, seja o que for.

• Todos se vêm como companheiros de jogo, com relações de igualdade.

• Todos tentam superar-se a si próprios e não aos outros.

• Todos jogam, não há individualidades.

• Todos têm relevo e protagonismo.

• Todos e cada m são responsáveis pela segurança e bem estar de cada jogador.

• Todos jogam, não há eliminados.

• Todos usam a força útil e necessária para jogarem juntos.

• Todos podem ceder o seu lugar a quem quiser e quando o quiser.

• Todos participam segundo as suas capacidades.

• Todos tem prazer e não esforço.

Os jogos Cooperativos, também têm um forte poder de libertação:

• Libertam da competição O objectivo é que todos participem para alcançar um objectivo comum. Como todos jogam em conjunto, isso

elimina a pressão da competição. O participante não preocupa se vai ganhar ou perder, todo o seu interesse

recai na participação.

• Libertam da eliminação A estrutura do jogo procura a inclusão de todos. O jogo cooperativo, procura incluir e não por de parte.

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• Libertam para criar Criar é construir, para isso a contribuição de todos é fundamental. As regras são flexíveis e os participantes

podem contribuir para as mudar. Os jogos podem adaptar-se ao grupo, as recursos, ao meio ambiente e ao

objectivo da actividade. O jogo cooperativo dá ênfase ao processo e não aos fins. O importante é que os

jogadores se divirtam a participar

• Libertam da Agressão física Se promovemos a competitividade, muito provavelmente ira haver agressões, comportamentos destrutivos e

desumanos. Nos jogos cooperativos procura-se eliminar todo o tipo de estruturas que requeiram agressão.

Em definitivo, as quatro características principais do jogo cooperativo, são a cooperação, a aceitação, a

participação e o entretenimento.

Vantagens e valores educativos do Jogo Cooperativo

• Construção de uma relação social positiva. Os jogos cooperativos mudam a atitudes das pessoas em relação ao jogo e a elas mesmas, favorecendo um

ambiente de apreço recíproco, não só para a diversão como também para a aprendizagem. Geram também

comportamentos sociáveis, baseados em relações solidárias, afectivas e positivas.

• A empatia Capacidade de se por na posição do outro para compreender o seu ponto de vista, as preocupações, as

expectativas e necessidades, em resumo, o seu mundo. A comunicação empática exclui qualquer forma

autoritária de comunicação.

“ Incentivar e desenvolver condutas de interacção como a receptividade e superar a tendência para se deter

na forma como nos percebem as pessoas com as quais comunicamos.

• A cooperação Valor e destreza necessária para resolver tarefas e problemas em conjunto, através de relações baseadas

na reciprocidade e não no poder de controlo. Ao apreenderem cooperativamente, os participantes

conseguem melhorias significativas nas diferentes áreas do conhecimento e no desenvolvimento da

personalidade.

• A comunicação Desenvolvimento da capacidade para expressar deliberada e autenticamente o nosso estado de alma, as

preocupações, os conhecimentos, as emoções, as experiências e as perspectivas.

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• A participação Nunca cultura selectiva e discriminatória, os jogos cooperativos procuram, como valor e como destreza, a

participação de todos os membros. Participação colectiva na execução do jogo e na busca de possíveis

soluções vai gerar confiança e desenvolvimento comum.

• O apreço do auto-conceito positivo Desenvolver uma opinião positiva de si mesmo é reconhecer, apreciar e expressão a importância dos

outros. A auto-estima, confiança e segurança em si mesmos, são desenvolvidas, bases vitais que

desempenham um importante papel na determinação da conduta comunicativa e social.

• A Alegra A alegria representa um objectivo educativo que não se deve descuidar, tendo em conta que um dos

objectivos do processo educativo, deve ser a formação de pessoas felizes. Nos jogos cooperativos

confiança e desenvolvimento comum.

• O apreço do auto-conceito positivo Desenvolver uma opinião positiva de si mesmo é reconhecer, apreciar e expressão a importância dos

outros. A auto-estima, confiança e segurança em si mesmos, são desenvolvidas, bases vitais que

desempenham um importante papel na determinação da conduta comunicativa e social.

• A Alegra A alegria representa um objectivo educativo que não se deve descuidar, tendo em conta que um dos

objectivos do processo educativo, deve ser a formação de pessoas felizes. Nos jogos cooperativos

desaparece o medo ao fracasso e à exclusão, geralmente associados aos jogos competitivos. “ o partilhar

aumenta a experiência da diversão.” Terry Orlick, 1986

Para além dos valores enunciados, os jogos cooperativos, desenvolvem muitos comportamentos que indicam

elevada coesão, em comparação com os jogos competitivos. Também o mesmo se verifica em termos de

produtividade, pois o desempenho é colectivo e não individual.

Ainda além das vantagens do foro intelectual, alguns autores tem realçado as consequências positivas que

os jogos cooperativos tem no organismo, devido fundamentalmente ao riso que originam e que favorece um

equilíbrio energético. Quando se ri o cérebro liberta endomorfina que estimula todo o organismo

positivamente, aumentando a faculdade de concentração e de reacção, aumenta a insensibilidade à dor.

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O riso tem propriedades curativas:

• È um excelente exercício muscular e pulmonar

• Regula e diminui os batimentos cardíacos.

• Relaxa os músculos

• Combate a ansiedade e a depressão

• Elimina o stress

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Conclusão

Toda a expressão é um espaço de aprendizagem onde a liberdade, a autonomia, a descontração e a persistência

tem um valor fundamental.

A expressão dramatica tem por finalidade desenvolver capacidades de expressão individual e colectiva, criativas

e comunicativas, bem como a sensibilidade e a percepção e estimulação dos sentidos.

Na minha opinião é muito importante a dinâmica, a emoção, valorizar o que existe dentro de cada um de nós,

essa valorização é essencial no processo de criação, processo esse onde a liberdade parte por ser uma

consciência de constante reconstrução, afirmação e auto-estima.

Porque somos todos indivíduos unicos , há que deixar fluir a liberdade de pensamento e de criação, para um

desenvolvimento seguro e um bom desempenho da prática criativa e também saber aceitar e incluir as diferenças

e as potencialidades de cada um.

O expressão dramática bem como toda a sua expressão, consegue criar outras realidades, representar outros

mundos, criar conceitos, identificar e simplificar a comunicação.

Espero que esta aprendizagem abra portas para novas soluções, dinamize a vossa forma de ver, sentir e

projectar a realidade.

Bom trabalho.

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Referências Bibliográfica

ABERNÚ, António. – Apontamentos pessoais das aulas de Jorge Sobral Pinto, Tiago Porteiro e Eugénio Barba

FAST, Julius – A linguagem do Corpo, Edições 70

JARES, Xesús R. – Técnicas e Jogos Dramáticos para todas as idades, ASA Editores, S. A.

REIS, Luciano – Expressão corporal e dramática, Sete Caminhos

SOLMER, Antonino, Manual de Teatro, Lisboa: IPAE, 1999.

ZIMMERMANN, Ana Critina – Corpo e Aprendizagem: Um dialogo acerca do Movimento Humano, CED/UFSC