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    O slã

     

    Material de estudos sobre o Islã

    1° ano Ensino Médio 

    Eduardo Ribeiro Gonçalves & Paulo Eduardo Fasolo Klein

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     Qual a importância do tema para o

    estudante do ensino médio?

     

    Pra quê eu vou usar esse conhecimento?

    Estas são perguntas frequentes em praticamentetodos os temas abordados pelas ciênciashumanas. É importante para nós, lembrarmosque esses temas não são apenas conteúdos a

    serem decorados para melhor respondermos auma prova no final do semestre ou no examevestibular, dentro de alguns anos. Entenderoutras culturas, outras visões de mundo nosajuda a entendermos a nós mesmos. Fazemos

    parte de uma sociedade complexa que nãomoldou o mundo como o conhecemos hojeestando separada de outras sociedades. Entendero Islã é abrir nossas mentes a outras perspectivas,outros modos de vida que devem ser respeitados eanalisados com cuidado a fim de evitar conflitos e

    mal entendidos. Este material se propõe a servircomo apoio aos alunos na compreensão sobre atrajetória histórica do Islã enfatizando as suascontribuições científicas, literárias e culturais ànossa sociedade.

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    MAS DE QUE ÉPOCA ESTAMOS FALANDO?

    Germânicos com suas armaduras no século V

    Mas como isso me ajuda a entender o

    surgimento do Islã?

    A situação da

    Península Arábica, onde o Islã iria surgir, à

    época da queda do Império Romano era

    muito diferente. Tanto o clima quanto a

    cultura dos povos que ali viviam se

    distinguiam em quase tudo dos povos

    germânicos do Ocidente, exceto em um

    aspecto: o politeísmo.

    Beduíno no deserto com seu camelo 

     Alta Idade Média – ou

     Antiguidade Tardia

    No Ocidente Medieval, o século V

    foi marcado pela queda do Império

    Romano, tradicionalmente marcada no

    dia 4 de setembro de 476. Essa data jáfoi muito contestada por historiadores

    contemporâneos, como Marcelo

    Cândido da Silva, afirmando que a

    queda de Roma não se dá por um único

    fato isolado. Algumas tradições

    historiográficas atribuem a queda deste

    império às invasões bárbaras. Porém

    com base nos estudos mais atuais

    somos levados a supor que Roma não

    cai simplesmente por invasões e saques,

    mas sim de vários processos internos e

    externos que se interligam fazendo com

    que isso aconteça.

    De qualquer forma, o que nos

    interessa para os estudos aqui

    pretendidos é que no século V o

    Ocidente se vê em uma situação de

    fortes transformações sociais e

    culturais. Os povos germânicos do norte

    se apropriam de certos valores

    romanos. O cristianismo foi um dos

    aspectos da cultura romana que

    sobreviveu a queda de Roma, e até pode

    ter ajudado em sua queda. Os

    germânicos eram politeístas  – 

    acreditavam em vários deuses  –  mas

    acabaram aderindo à doutrina cristã,

    tornando-se assim monoteístas  – 

    crentes na existência de um único Deus.

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    As tribos dos povos árabes pré-islâmicos tem origem semita. A

    hipótese mais aceita quanto ao surgimento dos semitas afirma que

    eles devem ter surgido na Arábia a partir de aproximadamente

    3.500 a.C. Esses povos tiveram grande influência cultural, pois as

    três grandes religiões monoteístas do mundo -

    judaísmo, cristianismo e islamismo - possuem raízes semitas.

    As tribos pré-islâmicas de origem semita se estabeleciam em torno

    de Oasis - fontes naturais de água - no deserto árabe. Espalhados

    por esse deserto e muito longe uns dos outros, esses povos de

    pastores e comerciantes, conhecidos como beduínos, muitas vezes

    não se davam muito bem. Lutavam entre si o tempo todo. Além de

    estarem em constante conflito entre eles mesmos, no século VII

    estavam localizados entre dois grandes impérios monoteístas da

    época: o Império Bizantino cristão) em Constantinopla e o Império

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    Sassânida zoroastra) na Pérsia. Esses dois impérios eram

    monoteístas.

    Conforme essas tribos de beduínos foram mudando-se para a região do

    Crescente Fértil - região onde se desenvolveram os povos da Mesopotâmia

      levaram consigo seus costumes característicos como a coragem, a

    hospitalidade, a lealdade à família e o orgulho de seus ancestrais. 

    O CRESCENTE FÉRTIL

    Alguns chefes faziam alianças com os governos imperiais, formando assim,

    unidades políticas mais estáveis. Houve, então, certa troca de

    conhecimentos entre esses beduínos politeístas e os Impérios, que

    influenciou a formação de uma sociedade monoteísta, bem parecido com

    as transformações que as tribos germânicas provocaram migrando para os

    territórios do Império romano do Ocidente, nos séculos V e VI.

    Os beduínos começaram a aproveitar as rotas comerciais para formar feiras

    permanentes. Nesses locais surgiram as principais cidades, como Meca,

    local de nascimento de Maomé, o profeta do Islã.

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    O MENSAGEIRO 

    Por volta do ano 500, Meca era uma das mais importantescidades espalhadas pela península arábica. Acreditava-se quea grande pedra negra de Meca havia caído do céu e sidoesculpida por Abraão, fundador do monoteísmo dos Hebreus.No ano 570 Maomé nasceu em Meca, filho de um comerciantehumilde. Foi criado por seu tio como comerciante e pastor.Embora fosse analfabeto, gostava das histórias que ouvia deoutros comerciantes, sobre Jesus e Abraão. Aos 40 anos deidade, segundo a tradição islâmica, teria recebido umarevelação do arcanjo Gabriel no topo de uma montanha. Esta

    entidade continuou suas revelações a Maomé durante 23 anosque deram origem ao Corão, livro sagrado do Islã, quecontém 6232 versos sagrados. Junto com isso o arcanjoresponsabilizou Maomé de fazer com que essas crençasfossem seguidas em todo o mundo.

    Foi assim que Maomé se tornou o profeta de Alá. Assim, como

    os judeus e cristãos, os árabes passaram a acreditar em um

    único deus. 

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    Caaba – significa cubo – em Meca

    Calendário Islâmico

    Maomé ensinou a grandeza de Alá e rejeitou a

    adoração de ídolos de pedra. Muitos começarama seguir seus ensinamentos. Enquanto crescia onúmero de adeptos dos ensinamentos de Maomé,menos pessoas faziam oferendas ao famososantuário da pedra negra.

    Os líderes locais nãogostaram nada disso.Maomé e seusseguidores foram

    ameaçados eperseguidos e no anode 622 se instalaramna cidade de Medina.Essa migração échamada de Hégira, eé considerada peloIslã como o ano 0, oano segundo o qual ocalendário islâmicocomeçaria. 

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    Islã significa “submissão à vontade de deus”. E todos aqueles que

    começaram a seguir os ensinamentos de Maomé foram chamados de

    “muçulmanos”, que significa “crentes”. O Islã é baseado no Corão, livro

    sagrado que contém os ensinamentos que o Arcanjo Gabriel ditou a

    Maomé. O comando principal que Maomé deu a

    seus seguidores foi de espalhar a “verdadeira fé”

    por todos os cantos da terra.

    O Corão Sagrado

    A fé que pregava Maomé ganhou cada vez mais força. Depois de viver

    durante sete anos em Medina, o profeta conseguiu recrutar milhares de

    seguidores para formar um exército poderoso. No ano 630 Maomé atacou

    Meca, derrotou os velhos sacerdotes que o haviam expulsado e assumiu o

    controle da cidade. Depois da conquista de Meca, a cidade onde ficava a

    casa de Maomé tornou-se o centro sagrado para os seguidores do Islã,

    sendo assim até hoje. Após a morte do profeta Maomé no ano 632 a

    religião islâmica serviria como a força motriz para unir todas as cidades e

    vilas na Península Arábica. Os muçulmanos em seguida partiram para

    conquistar um território enorme, formando um império que, em menos de

    uma centena de anos, iria da Espanha até a Índia.

    Os muçulmanos também

    acreditam na vida após a

    morte. Um paraíso para

    onde os verdadeiros

    seguidores da fé iriam depois

    que morressem. Lá

    encontrariam cachoeiras de

    leite e mel, podendo ter tudo

    o que conseguissem desejar.

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    A EXPANSÃO

    Os exércitos muçulmanos saiam da Península Arábica e iam

    conquistando terras na África e na Península Ibérica. De lá, estavam

    prestes a conquistar toda a Europa. Seus exércitos pareciam

    invencíveis. Com determinação, os soldados bem disciplinados

    derrotavam todos os povos contra quem lutavam. Mas em 732

    houve uma batalha crucial que parou o seu avanço na Europa

    Ocidental. Foi a Batalha de Poitiers. Os árabes lutaram contra o

    exército dos francos durante seis dias inteiros sem interrupção. No

    sétimo dia a situação mudou. O comandante franco Carlos

    conseguiu colocar tropas atrás dos exércitos muçulmanos e os

    derrotou. Devido a isso, ganhou o apelido de Carlos Martel

     que

    significa martelo. O neto de Carlos Martel foi nomeado Carlos

    Magno, quem estabeleceu uma aliança estratégica com o papa que

    governava o vaticano, sendo nomeado o protetor da igreja de Roma.

    Carlos Martel na Batalha de Poitiers

    Armado com esse

    título e com a fé cristã,

    Carlos Magno partiu

    para uma série de

    conquistas. Criou um

    vasto Império que regia

    quase toda a Europa

    Ocidental, com total

    apoio do Vaticano. 

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    BAZARES E MESQUITAS

    A mesquita era o principal centro religioso da cidade. Grandes

    edifícios com torres muito altas. Não importa em que parte do

    mundo ela seja construída, sempre estará voltada para a cidade de

    Meca, para que os fiéis possam rezar nessa direção todos os dias de

    suas vidas. As cidades da Península Arábica foram se organizando

    em torno da mesquita e do bazar.

    Mesquita do Sultão Hasan, no Cairo

    O bazar era um enorme mercado onde se poderia comprar quase

    qualquer coisa, desde frutas e temperos a tapetes muito bonitos. O

    bazar era como uma pequena cidade dentro de uma cidade maior.

    Um local para comprar e vender, cheio de mercadorias

    surpreendentes, cores e cheiros. Mas não era apenas para comprar e

    vender. As pessoas se reuniam ali para discutir sobre religião,

    política e negócios. Todas as ruas começavam no bazar e iam até a

    periferia, fazendo com que o bazar fosse o coração da cidade.

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    As casas dos muçulmanos refletiam suas vidas

    simples no deserto, sem nenhuma decoração e com

    muito pouco conforto. Homens e mulheres viviam

    quase que completamente separados uns dos outros,

    e um homem poderia ter até quatro esposas.

    Normalmente as mulheres viviam em uma área

    separada da casa denominada harem .

    Representação artística do interior de um harem. 

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    UMA CULTURA REFINADA 

    O império islâmico marcou um período de grande esplendor. Entre os

    anos de 750 e 1258, o império era governado pelos Abássidas,

    descendentes diretos de Maomé. Eles transferiram a capital do império de

    Meca para Bagdá, o Iraque de hoje. Durante esse período os muçulmanos

    governavam um reino com muitas culturas diferentes entre a Índia e a

    Espanha. Absorveram conhecimentos de cada cultura e aprenderam muitos

    estilos diferentes de arte e arquitetura cerâmica, ourivesaria, literatura,

    decoração, pintura). Foram melhorando e expandindo essas ideias,

    constituindo estilos próprios. O arabesco é um estilo de arte composto por

    milhares de formas geométricas interligadas usado para decorar templos e

    palácios luxuosos desenvolvido pelos muçulmanos. Nunca representavam

    pessoas, pois sua religião não permitia a adoração de imagens.

    Exemplo de arabesco

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    Os espanhóis apreciaram esse estilo arabesco e começaram a

    imitá-lo em suas próprias igrejas e castelos. Essas duas culturas

    estabeleceram um intercâmbio de conhecimentos e ainda hoje

    existem algumas palavras em espanhol e em português que vem do

    árabe como limão, macarrão, azeite, café, dado, girafa). Muitos

    anos antes do Ocidente ter a experiência do Renascimento da

    cultura antiga os árabes já estavam estudando os filósofos gregos.

    Inspirados por esses grandes pensadores começaram a estudar o

    mundo natural e a aprender os princípios da ciência. Somos gratos

    aos árabes pelos avanços em química, física, astronomia e álgebra.

    Inventaram uma forma simples e eficiente de expressar os números,

    os numerais arábicos que usamos até hoje.

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    A INFLUÊNCIA DO ISLÃ

    Ao longo dos séculos, o grande império islâmico começou a

    desmoronar lentamente. Tratava-se de um impériofortemente fragmentado internamente. Em 1258 a cidade deBagdá foi atacada e destruída pelos mongóis.

    Outros grupos muçulmanos conseguiram formar novosimpérios, como os fatímidas no norte da África, e os turco-otomanos no Oriente Médio. Reinos muçulmanos existiram naPenínsula Ibérica até 1492, mesmo ano em que Cristovão

    Colombo chegou a América. Foram expulsos da Espanhapelos reis católicos.

    A força do Islã conseguiu unir inimigos, criar riquezasenormes, desenvolver a ciência e influenciar o resto do mundocom sua cultura. Hoje, milhões de seguidores rezam cincovezes por dia olhando para Meca e fazem uma peregrinação à

    cidade pelo menos uma vez em suas vidas. Isso mostra que achama ardente de sua fé não desapareceu e nem vaidesaparecer.

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    Referências:

    Grandes Civilizações o Islã.

     In:

    http://www.youtube.com/watch?v=HSTQGdZiuok. Acessado dia

    03/07/2013.

    SILVA, M. C. da. 4 de setembro de 476: a queda de Roma. São

    Paulo: Cia Editora Nacional, 2006.

    HOURANI, A.

    Uma história dos povos árabes.

    São Paulo: Cia das

    Letras, 1995.

    LEWIS, D. L. O Islã e a formação da Europa: de 570 a 1215.

    Barueri: Amarilys, 2010.

    BI NQUIS, T. “

    A família no Islão árabe: A civilização árabe-

    islâmica clássica através da obra de Ibn Khaldun e Ibn Battuta. Rio

    de Janeiro: Civilização Brasileira 2012.