nt agosto 2013

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EDIÇÃO MENSAL ONLINE AGOSTO 2013 Notícias do ténis PEDRO BENAVENTE/GUIMARÃES OPEN A edição deste ano do Open dos Estados Unidos foi marcante para o ténis português. Larcher de Brito, Koehler e João Sousa brilharam nos “courts” azuis de Flushing Meadows. Brilho em Nova Iorque

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Page 1: NT agosto 2013

EDIÇÃO MENSAL ONLINE AGOSTO 2013

Notícias do ténis PEDR

O B

ENAVEN

TE/G

UIMAR

ÃES OPE

N

A edição deste ano do Open dos Estados Unidos foi marcante para o ténis português. Larcher de Brito, Koehler e João Sousa brilharam nos “courts” azuis de Flushing Meadows.

Brilho em Nova Iorque

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2 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

A cereja em cima do bolo

EDITORIAL

Federação Portuguesa de Ténis Rua Ator Chaby Pinheiro, 7A — 2795-060 Linda-a-Velha

Tel.: 214 151 356 Fax: 214 141 520 [email protected] www.tenis.pt

EDIÇÃO ONLINE Direção: Vasco Costa. Coordenação: José Santos Costa

O ténis português voltou à ribalta internacional. Michelle Larcher de Brito, Maria João Koehler e João Sousa assinaram feitos assinaláveis e históricos no Open dos Estados Unidos e ainda podemos esperar que Frederico Silva, campeão em título em pares no torneio júnior, possa também sair de Flushing Mea-dows com êxito. Na edição deste ano do “major” norte-americano, Michelle Larcher de Brito atingiu a segunda ronda do quadro principal de singulares, igua-lando o feito de 2009, ano em que alcançou a posição máxima de uma portuguesa no “ranking” WTA desde sempre — 76.ª. Depois de Wimbledon, com a pre-sença na terceira ronda, após elimi-nação de Maria Sharapova, Michelle voltou a brilhar num grande palco. Já a portuense Maria João Koehler estabeleceu um registo importante, tornando-se a primeira tenista portu-guesa a jogar o quadro principal das quatros provas do “Grand Slam” num ano: Open da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e Open dos Estados Unidos. A campeã nacional absoluta, que já soma cinco títulos consecutivos, mostrou que o ténis feminino em Portugal está a atravessar um bom

momento, com demonstração de competitividade. E isso poderá ser comprovado também a nível interno no Nacional Absoluto, de 15 a 22 de setembro, no CT Estoril, integrado na Semana do Ténis & Padel. A escassas semanas da Taça Davis, João Sousa pôs a cereja em cima do bolo, ao ganhar dois encon-tros no quadro principal de singula-res, no qual entrou diretamente pela primeira vez na sua carreira já com muitos sucessos. Foi o número um mundial, Novak Djokovic, que travou o único português entre a elite, que não há muito tempo parou durante algumas semanas por causa de uma fratura num pé. A paragem provocou a saída do “top” 100, ao qual João Sousa já voltou, com todo o mérito. Com o apuramento para a ronda três, Sousa, com classe e garra perante os adversários no Open dos Estados Unidos (dois do “top” 50 e o líder da classificação mundial), demonstrou também que a atual geração, que herdou das anteriores um legado extraordinário, também contribui para o engrandecimento do ténis português. No passado, a força de vontade e o empenho superavam as circuns-tâncias; no presente o mesmo vigor e ambição a nortear um conjunto de jovens. O futuro constrói-se com a memória do passado e, reafir-mo, estou certo de que estamos no bom caminho.

«O ténis português voltou à ribalta

internacional. Michelle, Koehler e João Sousa

assinaram feitos assinaláveis e históricos

no Open dos Estados Unidos»

VASCO COSTA

Presidente da Federação Portuguesa

de Ténis

FERNANDO CO

RREIA

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Brilho em Nova Iorque

3 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

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PEDR

O B

ENAVEN

TE/G

UIMAR

ÃES OPE

N

Em Flushing Meadows, houve brilho português. João Sousa, Michelle Lar-cher de Brito e Maria João Koehler deixaram bem marcada a chancela de qualidade do ténis português nos “courts” azuis do Billie Jean King National Tennis Center, em Queens,

Nova Iorque. Michelle (a representante do ténis português com mais presenças no Open dos Estados Unidos) e Koehler jogaram o “qualifying” e ultrapassa-ram-no. Três rondas concluídas com sucesso pelas duas e que garantiram

integrar a elite mundial.

da a disputar a segunda eliminatória de um torneio do “Grand Slam”, depois de Michelle Larcher de Brito ter cometido idêntica proeza em Wim-bledon e Open dos Estados Estados, em 2009. Nesse mesmo ano, Michelle jogou a terceira ronda de Roland Gar-

ros. Este ano, em Flushing Meadows, Maria João Koehler voltou a encontrar a francês Alizé Cornet, 26.ª mundial,

que vencera a portuguesa em Roland

Primeiro feito histórico de portugue-ses no Open dos Estados Unidos: Koehler tornou-se na primeira tenista portuguesa a jogar a ronda inaugural do quadro principal das quatros pro-vas do “Grand Slam” numa tempora-

da. Um registo que a portuense, treina-da por Nuno Marques (na grelha prin-cipal do “major norte-americano por quatro vezes), junta ao obtido no Open da Austrália, em janeiro, em que se tornou na primeira portuguesa a vencer um encontro no quadro prin-

cipal da prova australiana e na segun-

JOÃO SOUSA jogou o quadro principal de singulares em Flushing Meadows e registou a presença inédita

de um português na terceira ronda

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4 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

FLÁVIO SANTO

S

Garros, em maio. A gaulesa triunfou sobre a pentacampeã nacional abso-

luta, por 6-3 e 6-2. No mesmo dia, Michelle Larcher de Brito, 117.ª WTA, defrontou a grega Eleni Danniilidou e saiu vitoriosa em dois “sets”, com 6-4 e 6-3. Pela segunda vez, a atual número um por-tuguesa e a mais bem cotada de sem-pre no “ranking” mundial avançava para a segunda ronda em Flushing Meadows [na página 6, recupera-se a participação dos portugueses em

singulares]. A adversária seguinte da tenista lusa estava inscrita no “top” 20. Trata-va-se da russa Maria Kirilenko, que, em junho deste ano, esteve entre as dez mais bem classificadas no Mundo e que reúne no seu palmarés seis títulos WTA, entre os quais o alcança-

do no Estoril Open, em 2008. Michelle cedeu por 6-3 e 6-1, em uma hora e 16 minutos, frente à rus-sa, que, este ano, jogou os quartos de final em Roland Garros. A portuguesa amealhou mais 160 pontos para o “ranking” mundial, que lhe deverão

valer a reentrada no “top” 100.

O conquistador

Único português a competir no Open dos Estados Unidos em seniores —Frederico Silva está inscrito na prova individual e na de pares, na qual defende o título conquistado no ano passado, ao lado de Kyle Edmund —, João Sousa teve entrada direta no quadro principal do “major” de Flu-shing Meadows pela primeira vez na

carreira.

...

...

MICHELLE e KOEHLER: em Nova Iorque, a primeira igualou o feito de 2009 e a segunda é a única portuguesa a jogar o quadro principal dos quatro torneios do “Grand Slam” numa temporada

FLORIN EISELE/AELTC

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5 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

O sortilégio do sorteio determinou como primeiro opositor Grigor Dimi-trov, 29.º na hierarquia mundial. O búlgaro é considerado um valor a des-pontar no ténis mundial e é comparado a Roger Federer, pelo estilo de jogo idêntico ao suíço. A alcunha do tenista

da Bulgária é elucidativa: “Baby Fred”. João Sousa participava pela terceira vez no Open dos Estados e tinha ape-nas um triunfo: em 2011, frente ao

francês Ludovic Walter, no “qualifying”. O português com mais créditos na classificação mundial no presente (é o 95.º) travou um duro despique com Dimitrov e acabou a sorrir, somando a maior vitória na sua carreira. Após duas horas e 51 minutos, João Sousa, de 24 anos, seguiu em frente, com os

parciais de 3-6, 6-3, 6-4, 5-7 e 6-2.

Antes de Djokovic

Pela primeira vez no circuito profissio-nal, João Sousa enfrentava Jarkko Nieminen, improvável vice-campeão

do Estoril Open de 2002. Com mais oito anos do que João Sousa, o finlandês apresentava na segunda ronda do quadro principal do Open dos Estados Unidos na 41.ª posição da tabela ATP, na qual che-

gou a ser 13.º, em 2006. No ano anterior, Nieminen alcançou os quartos de final em Flushing Mea-dows, que acolhe o quarto e último

“Grand Slam” de cada ano. Este ano, o veterano finlandês já tinha jogado a final do torneio de Dus-seldorf, na Alemanha, de categoria

250, acabando por ser vencido.

Novak Djokovic, o único que conse-guiu vencer o vimaranense na edição de 2013 do Open dos Estados Uni-

dos. Na mítica sessão noturna de Flu-shing Meadows, em pleno Arthur Ashe Stadium, João Sousa cedeu em três partidas — com os parcela-res de 6-0, 6-2 e 6-2 — frente a Djo-kovic, que não conseguiu evitar a quebra de serviço do português, para

reduzir para 5-2 no terceiro “set”. Foi a quinta vez que um português jogou com um número um mundial: Michelle Larcher de Brito defrontou a norte-americana Serena Williams em Wimbledon, em 2010; Frederico Gil enfrentou o suíço Roger Federer, nos quartos de final do Estoril Open, em 2008, e jogou com Rafael Nadal, em Miami, num encontro em que surpreendeu o espanhol, e em Barcelona, ambos os encontros reali-

zados em 2009. Nunca um português conseguiu vencer nem conquistar um “set” nos embates com o líder da classifica-

ção. Além de ser o primeiro português a jogar a terceira ronda de singulares no Open dos Estados Unidos, João Sousa marcou presença no Arthur Ashe Stadium. Nunca antes um tenista português, masculino e femi-nino, tinha pisado o maior estádio do

Mundo. É verdade que não resistiu ao poderio de Novak Djokovic, mas é também certo que não ofuscou o brilho que os portugueses espalha-ram na edição de 2013 do Open dos

Estados Unidos.

...

Novamente em cinco partidas, terminadas com os parcelares de 1-6, 6-3, 3-6, 6-3 e 6-4, João Sousa voltou a festejar a vitória, que lhe

permitiu contabilizar 90 pontos. Pela primeira vez, um português jogou a terceira eliminatória do qua-dro principal do “major” norte-americano. Mas os feitos históricos não se ficaram por aqui e João Sou-sa igualou os feitos de Michelle Lar-cher de Brito (Wimbledon, em 2013, e Roland Garros, em 2009) e Frede-rico Gil (Open da Austrália, em

2012). O apuramento inédito de João Sousa — cumpre o 11.ª prova do “Grand Slam” — colocou-o na rota do número um mundial, o sérvio

JOÃO SOUSA foi o primeiro português a jogar no Arthur Ashe

PEDRO BENAVENTE/G

UIMARÃES O

PEN

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6 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

JOÃO SOUSA

Fontes: ATP e WTA

A aventura portuguesa em Flushing Meadows

NUNO MARQUES

MICHELLE L. BRITO

JOÃO C. SILVA

FREDERICO GIL

SOFIA PRAZERES

MARIA J. KOEHLER

GASTÃO ELIAS

RUI MACHADO

PEDRO SOUSA

3.ª ronda quadro principal (2013) 1.ª ronda «qualifying» (2012) 2.ª ronda «qualifying» (2011)

1.ª ronda quadro principal (1996) 2.ª ronda quadro principal (1995) 2.ª ronda quadro principal (1991) 1.ª ronda quadro principal (1988)

2.ª ronda quadro principal (1993)

1.ª ronda «qualifying» (2012) 1.ª ronda quadro principal (2011) 1.ª ronda quadro principal (2010) 1.ª ronda quadro principal (2009) 1.ª ronda quadro principal (2008)

1.ª ronda quadro principal (2012) 1.ª ronda quadro principal (2011) 2.ª ronda «qualifying» (2010) 1.ª ronda quadro principal (2009) * 2.ª ronda quadro principal (2008) *

FREDERICA PIEDADE

Apenas participações individuais no «major» norte-americano

* Após três rondas de qualificação

NEUZA SILVA

1.ª ronda «qualifying» (1997)

2.ª ronda «qualifying» (2009) 3.ª ronda «qualifying» (2008)

1.ª ronda «qualifying» (2009) 1.ª ronda «qualifying» (2006) 1.ª ronda «qualifying» (2005)

1.ª ronda quadro principal (2013) * 2.ª ronda «qualifying» (2012) 1.ª ronda «qualifying» (2011) 1.ª ronda «qualifying» (2010)

2.ª ronda quadro principal (2013) 2,ª ronda «qualifying» (2012) 3.ª ronda «qualifying» (2011) 1.ª ronda quadro principal (2010) * 2.ª ronda quadro principal (2009) 3.ª ronda «qualifying» (2008)

1.ª ronda «qualifying» (2012)

1.ª ronda «qualifying» (2012) 2.ª ronda «qualifying» (2011)

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D.R.

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Uma semana singular

7 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

Na semana de 15 de setembro, a Federação Portuguesa de Ténis leva o ténis à Costa do Sol. Até 22 do mesmo mês, numa iniciativa inédita, o ténis vai juntar-se com o padel e o ténis em cadeira de rodas, no CT

Estoril. Com o apoio da Câmara Municipal de Cascais, do Grupo Pinto Basto, do Banco BIC e da Angelini Farmacêuti-ca, e de outros mais patrocinadores, a Semana do Ténis & Padel integra o Campeonato Nacional Absoluto/Taça Guilherme Pinto Basto, em masculi-nos e femininos, com um “prize

money” de 20 mil euros. Desde 2008 que o Campeonato Nacional — que disputou-se no Open Village Sports, em Guimarães, nos últimos dois anos — não distribuía

prémios monetários. O principal campeonato nacional individual regressa ao CT Estoril, onde esteve pela última vez em 2008. O quadro principal do Nacional Abso-luto inicia-se na segunda-feira, dia em que ocorre um “workshop” para trei-nadores, promovido pelo Departa-mento de Desenvolvimento da Fede-

ração Portuguesa de Ténis. De 19 a 22, está prevista a realiza-ção do Campeonato Nacional de Padel, enquanto a prova rainha do calendário de ténis em cadeira de rodas terá lugar no sábado e no

domingo.

O torneio de padel distribuirá igual-mente prémios monetários no valor de seis mil euros e será o primeiro Campeonato Nacional da modalidade, sob a égide da Federação Portuguesa

de Ténis desde janeiro de 2011. No ténis em cadeira de rodas [conheça a realidade da modalida-de em Portugal nas páginas

seguintes], o Campeonato Nacional

distribui mil euros em prémios mone-

tários. Também está programada a realiza-ção do “Pro-Am” Angelini Farmacêuti-ca/Banco BIC, juntando antigos tenis-tas com convidados, nos “courts” do

CT Estoril. Na próxima edição, a Notícia do Ténis incluirá uma apresentação da

Semana do Ténis & Padel.

RUI MACHADO é um dos tenistas que vai estar presente no CT Estoril

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D.R.

8 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

O futuro do ténis em cadeira de rodas perspetiva-se com otimismo. Joaquim Nunes, coordenador da variante na Federação Portuguesa de Ténis, acredita que se pode ganhar mais atletas e que haverá um acréscimo da qualidade. E, também, crê em mais

provas, com o “empenho de todos”. A realidade do ténis em cadeira de rodas no presente é bem diferente da de há quatro anos. Joaquim Nunes alude à “fase de crescimento e estabi-lização de praticantes até 2009”, mas assinala “o desaparecimento do

núcleo açoriano”. “Notou-se uma redução de atletas que participavam regularmente em provas”, sublinhou, lembrando que, nesse ano, até chegou a ser constituí-da a seleção nacional, que, além de ter participado numa prova ITF na Corunha, representou Portugal no Campeonato do Mundo, em Nottin-

gham, na Inglaterra. Atualmente, o número de pratican-tes aproxima-se “dos vinte atletas”, mas apenas cinco competem regular-mente, como ficou patenteado a partir de Vermoim, que, recentemente, recebeu a segunda competição do

circuito nacional (inclui o Nacional). “Temos cinco jogadores. Na última prova, a estreante Diana Machado foi uma boa surpresa. O máximo até hoje de atletas em provas do calendário nacional é de sete, quando o CT São Miguel tinha o seu núcleo”, refere

Joaquim Nunes.

“Estamos aquém do número de provas adequado. Falta um calendá-rio mais preenchido em termos quan-titativos. Uma prova internacional seria muito importante, traria um aumento qualitativo e seria um meio para aumentar os contactos interna-

cionais”, refere. A questão ganha acuidade quando se assume que, “para muitos destes jogadores, as competições são o úni-co momento em que se confrontam atletas em cadeiras de rodas, pois os jogadores treinam com treinadores

em pé”.

O circuito nacional “possui seis pro-vas” e o coordenador da modalidade na Federação Portuguesa de Ténis sublinha que “este ano representa a retoma de um calendário que já foi muito equilibrado em quantidade e

qualidade”. O máximo de competições num ano está fixado em sete, com uma prova internacional em Ponta Delgada, que, lamenta Joaquim Nunes, “apenas se

realizou uma vez”. O responsável pela variante susten-ta que faltam competições em Portu-gal para praticantes de ténis em cadeira de rodas e avança com “um

número ideal entre oito e dez provas”. ...

JOAQUIM NUNES entende que uma prova internacional em Portugal seria vantajoso para a evolução da modalidade, que atingiu o máximo de praticantes regulares em 2009

Otimismo sobre rodas

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9 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

Para isso, os apoios tornam-se indispensáveis, pois “permitiria esta-bilizar o calendário de provas, atra-vés de organizações que introduzam as premissas alojamento e alimenta-

ção nos seus eventos”. Deste modo, o coordenador do ténis em cadeira de rodas na Federa-ção Portuguesa de Ténis acredita que “os jogadores tendem a aumen-

tar a sua participação”. Joaquim Nunes recua até 2009 para lembrar o projeto “Jogar Senta-do”, desenvolvido pela Federação Portuguesa de Ténis através de Alfredo Laranjinha, com o principal

apoio da EDP.

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que é possível Portugal voltar a ins-crever um selecionado num Cam-

peonato do Mundo.

Dificuldades várias

A concretizar-se a ida ao Mundial, será mais um desígnio numa ver-tente que se debate com “dificuldades várias”, desde logo as diretamente relacionadas com o

ténis em cadeira de rodas. “O mais difícil é trazer os atletas para a competição, pois nem todos podem fazer face às necessidades financeiras que a sua participação implica”, explica o coordenador, ciente de que é preciso “persistência

D.R.

O patrocínio possibilitou a desloca-ção da seleção à Corunha, para par-ticipar no torneio ITF Ergosaude (2009 e 2010), e ao Mundial na Grã-Bretanha (2009), mas, depois, “a participação de uma seleção portu-guesa ficou comprometida pela

ausência de verbas”. “A existência de um patrocinador proporcionaria meios com vista a uma participação internacional”, esclarece Joaquim Nunes, revelando que “está no horizonte” a constituição de uma seleção portuguesa, para jogar a qualificação do Grupo Mun-dial II para o Campeonato do Mundo de 2014, cuja fase final terá lugar na

Holanda. Até final deste ano, Joaquim Nunes garante que a questão será resolvida com sucesso, acreditando

PAULO ESPÍRITO SANTO venceu o Campeonato Nacional desde 2004 até 2007

...

CARLOS LEITÃO é o campeão em título e único com cinco títulos consecutivos, obtidos nos últimos anos

...

D.R.

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10 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

... e atitude positiva, procurando minimi-zar as dificuldades inerentes a esta

vertente” do ténis. Revelando confiança “num futuro diferente”, Joaquim Nunes frisa que “o empenho de todos vai mostrar que é possível uma realidade em quantida-

de e qualidade para melhor”. Para tanto, argumenta que deve haver “disponibilidade da generalida-de dos clubes e das respetivas equi-pas técnicas para acolher e tratar

devidamente esta vertente” do ténis. O responsável da Federação Portu-guesa de Ténis refere que “as dificul-dades” com que o ténis em cadeira de rodas se debate estão identificadas e

são muitas. “As dificuldades são várias, ineren-tes a problemas gerais de cultura desportiva e de acesso da população portadora de limitações funcionais à

prática desportiva”, declara. Joaquim Nunes refere-se ainda ao trabalho que a Federação Portuguesa de Ténis está a desenvolver, desta-cando as ações regulares de promo-ção, “individualmente ou em parceria

com outros organismos”.

Aprendizagem estável

Se o número de atletas em competi-ção continua longe do registo de

2009, o certo é que na aprendizagem

há razões para sorrir, como nota Joa-

quim Nunes. “Creio que o número de participan-tes em contexto de aprendizagem está estável”, afirma, porém sem dei-xar de observar: “É aceitável que nem todos os atletas que aprendem o jogo estejam disponíveis para participar

em competição”. No entanto, Joaquim Nunes acres-centa que, “nesta fase de desenvolvi-

JOÃO LOBO e ANA MARTINS

D.R.

DIANA MACHADO PEDRO SILVA JOÃO SANONA

mento e divulgação da modalidade”

seria “importante a competição”. E a próxima é já em setembro, com a realização do Campeonato Nacio-nal, com um “prize money” de mil euros. A prova, no CT Estoril, está integrada na Semana do Ténis & Padel, de 15 a 22. Um encontro de exibição de ténis em cadeira de rodas está previsto, para mostrar que tudo é

possível quando há vontade.

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11 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

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Rogério Santos teve o primeiro con-tacto com o ténis em cadeira de rodas há dez anos, nos Estados Unidos, no Masters 1.000 Miami. No ano passado, o árbitro português voltou aos “courts” para dirigir um encontro na vertente: a final dos Jogos Paralímpicos de Londres

2012. No encontro entre o japonês Shin-go Kunieda (medalha de ouro) e o francês Stéphane Houdet, Rogério Santos sentiu-se “um felizardo” pela

sua presença. O atual presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portu-guesa de Ténis admite que se sente “muito à-vontade com esta modali-

dade do ténis”. “Para um árbitro habituado ao circuito profissional de ténis jogado em pé, admito que, ao princípio, alguns pormenores técnicos me confundiram, mas, com alguns encontros, ultrapassei essa situa-

ção, declarou. Rogério Santos acumula expe-riência no ténis em cadeira de rodas, pois, depois de Miami, em 2003, em que esteve várias vezes a dirigir embates na vertente, arbitrou “vários encontros no US Open

durante vários anos”. Também dirigiu encontros no Campeonato Nacional e regista a presença em dois Jogos Paralímpi-cos: além de Londres, em 2012,

esteve em Pequim, em 2008.

Lição de vida

O contacto com a modalidade permitiu-lhe acumular “uma vasta experiência” e concluir como “é admirável a mobilidade e rapidez” dos jogadores de ténis em cadeira

de rodas. “São excelentes profissionais, que admiro pela preparação e dedi-cação. Num encontro dos Jogos Paralímpicos, são raras as vezes em que a bola bate duas vezes no chão (como autorizado no regula-mento) antes de ser devolvida”,

frisou. Rogério Santos afirmou que espera estar nos Jogos Paralímpi-

cos do Rio de Janeiro, em 2016, e salientou: “Todos devíamos ter a oportunidade de ir a uns jogos des-tes. É uma lição de vida como pou-cas. Em Pequim, foi um choque para mim, só me apetecia chorar, não de tristeza, mas de alegria por estar ali, rodeado de pessoas que, apesar das limitações, me fizeram sentir muito pequeno, por não con-seguir fazer o que eles fazem. Em Londres, estava um sul-africano com pernas amputadas pela bacia e só com um braço. Ele movia a cadeira só com um braço e joga

ténis”.

ROGÉRIO SANTOS no sorteio da final dos Jogos Paralímpicos de Londres

D.R.

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12 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

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Uma ideia de futuro

O presidente da Federação Portugue-sa de Ténis, Vasco Costa, visitou a Associação de Ténis dos Açores, em Ponta Delgada, e deixou a ideia de recolocar o arquipélago atlântico no

circuito profissional da ITF. Os Açores já inscrevem torneios dos escalões juvenis na Tennis Euro-pe — Azores Lawn Tennis Club Tour-nament & 14 Under, em Angra do Heroísmo, e Azores Open 12 & Under, em Ponta Delgada —, mas Vasco Costa quer alargar horizontes e isso mesmo deu conhecimento ao

Governo Regional. Na reunião com o secretário regio-nal do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, o presidente da Federação Portuguesa de Ténis explanou as ideias para “atrair turistas para a Região, cuja presença terá um efeito multiplicador ao nível do conhecimen-

to externo”. Acompanhado de Artur Martins, presidente da Associação de Ténis dos Açores, Vasco Costa disse que o encontro com o Governo Regional “foi importante no sentido de apontar estratégias que podem ajudar a desenvolver o ténis e o turismo, prin-

cipalmente na época baixa”.

Vasco Costa, que visitou a Região Autónoma dos Açores duas décadas depois da última presença de um pre-sidente da Federação Portuguesa de Ténis, inteirou-se da realidade açoria-na e constatou que o desígnio de

“Futures” é possível. “Gostei muito do que vi ao nível das instalações. A Associação de Ténis

dos Açores e os seus clubes filiados têm excelentes condições para a prá-tica da modalidade e podem receber qualquer evento”, afirmou, assinalan-do que “o ténis tem crescido muito”

nos Açores. O líder federativo sublinhou ainda que o ténis nos Açores “apresenta-se

com uma dinâmica muito boa”.

VASCO COSTA reuniu com Governo Regional dos Açores para falar de ténis e turismo

FERNANDO CO

RREIA

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13 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

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F32

Dez anos em São Miguel

De 1988 a 1997, Ponta Delgada animava-se em setembro com a realização da etapa do Açores do ATP Challenger Series (na altura, não havia ITF Futures, apenas Satélites, com quatro semanas,

mais uma de “Masters”). O “Challenger” açoriano realizava-se nos “courts” de superfície dura do CT São Miguel e Nuno Marques inscreveu o nome na galeria de

vencedores por duas vezes. A primeira ocorreu em 1995, em edição em que Nuno Marques jogou as finais em singulares e

pares. Nesta última competição, o por-tuense fez dupla com o britânico Chris Wilkinson — regressou a Por-tugal anos mais tarde para competir no Vale do Lobo Grand Champions, do circuito internacional de vetera-nos da ATP. A dupla luso-britânica acabou por ceder com um duplo 6-2 frente a Tim Henman (chegou a número um na Grã-Bretanha e 62.º ATP, em 2002) e Christian Sacea-

nu. Em singulares, Nuno Marques arrecadou o título, após 3-6, 6-3 e 6-2 no encontro com Wayne Black,

do Zimbabué. Semanas depois da vitória no Challenger Azores, Nuno Marques alcançou a melhor posição de sem-pre de um tenista português na hierarquia mundial — 86.º. Um

registo igualado por Frederico Gil em agosto de 2008 e que foi supe-rado pelo tenista residente em Sin-tra em fevereiro do ano seguinte —

83.º. Em 1996, Nuno Marques voltou a Ponta Delgada para defender o título individual, necessitando nova-mente de três partidas para erguer o troféu de vencedor. O encontro

com o mexicano Luís Herrera termi-

nou favorável ao português com os

parciais de 6-7, 6-4 e 6-4. Também Emanuel Couto disputou um título no Challenger Azores. Na primeira edição, em 1988, o portu-guês fez par com o israelita Eyal Ran e ambos foram coroados vice-campeões, após a final com Danny Sapsford e Chris Wilkinson. O des-fecho foi de 7-5 e 6-1 a favor dos

britânicos.

NUNO MARQUES assinou dois títulos em singulares no Challenger Azores

Page 14: NT agosto 2013

14 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

Beatriz Rodrigues Bento

(na foto, com Inês Mesquita, à direita) foi

vice-campeã em singula-res no escalão de sub-12,

em 2010. Nesse mesmo ano, no Azores Open 12 &

Under, jogou a primeira final em torneios interna-

cionais: com Sofia Suale-hé como parceira, foi vice-

campeã. Ao lado de Inês Mesquita, foi vice-campeã

em Baden, na Alemanha. Em 2012, em sub-16,

sagrou-se vice-campeã em singulares em Malta e

em pares no Oporto Junior Cup, juntamente com Inês, com as duas a cederem o título para Matilde Fernan-des e Sualehé. Na sema-na anterior, Beatriz e Inês

arrecadaram o título de pares na Parque Nascente Cup. Primeiro título indivi-

dual para Beatriz Bento nesse ano, na Beloura, após vitória sobre Inês Murta. Com Mesquita,

venceu também em pares, na final com Joana Ferrei-

ra e Marta Oliveira. Em sub-14, em Portimão, com

Inês, foi vice-campeã, após final que Marta Oli-

veira e Sualehé venceram.

Antes, em Vilamoura, as mesmas duplas jogaram a final e também vence-ram. Em sub-14, nesse

ano de 2012, Beatriz conquista o primeiro

título no circuito da Ten-nis Europe, em Espa-

nha), no IV Gutysport. É a recém vice-campeã

nacional de sub-16 em pares, juntamente com

Inês Mesquita.

O ténis é... ao que dedico a minha vida,

para tentar ser profissional.

Jogo ténis… porque me faz feliz.

O que mais gosto no ténis… é o facto de ser um desporto difícil, mas depender só

de nós.

O que mais detesto no ténis… é, por vezes, ter de esperar muito tempo para

jogar nos torneios.

Para mim, treinar é... esforçar-me cada vez mais para atingir o máximo das minhas

capacidades.

O sucesso significa… a recompensa

pelo esforço e trabalho diário.

No ténis, quero atingir... o meu melhor

nível possível.

Depois de vencer um encontro… falo com o meu treinador sobre o jogo e faço a

minha rotina de alongamentos.

Até ao momento, a minha maior ale-gria no ténis foi… representar Portugal no Festival Olímpico da Juventude [FOJE, na

Holanda, em julho].

«Jogo porque me faz feliz»

E a maior tristeza no ténis... foram as

lesões, que me fizeram parar de treinar.

Se eu mandasse no ténis... promovia mais este desporto junto das crianças, nas

escolas, por exemplo.

Em Portugal, o ténis precisa de… incentivos e apoios, para que cada vez

mais pessoas joguem.

Um ou uma tenista português no

"top" 10 seria... Frederico Silva.

Um bom treinador é... aquele que parti-lha da nossa ambição e nos incentiva e

mostra como ir além.

O meu ídolo no ténis é atualmente...

Roger Federer.

O meu torneio preferido é… Wimble-

don.

A minha superfície preferida é… piso

rápido.

No meu saco, não dispenso… a corda, o elástico, a toalha, os ténis de correr, uma lata de bolas, uma bolsinha com ‘grips’, anti-vibradores e atacadores, uma muda de roupa, água e, claro, as minhas

raquetas..

D.R.

Beatriz Rodrigues Bento

15 anos

Beatriz Rodrigues

Bento

Page 15: NT agosto 2013

15 FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE TÉNIS

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Na segunda fase

CARLOS FIGUEIREDO Jornalista

«TIE-BREAK»

«A verdade é que aqueles

tempos eram outros e rendo aqui

a minha homenagem a eles, pois sempre

fizeram frente às dificuldades»

A propósito dos feitos de Michelle Larcher de Brito, Maria João Koeh-ler e João Sousa no Open dos Estados Unidos neste ano, recu-pero a memória dos tempos idos, em que outros tenistas nascidos em Portugal se aventuravam no circuito profissional, com o saco às costas e muita ambição na baga-gem. Lembro-me de Nuno Marques e João Cunha e Silva, só para citar os nomes mais sonantes, que, por esse mundo fora, competiram, ins-crevendo-se também nas provas do “Grand Slam”. A verdade é que aqueles tempos eram outros e rendo aqui a minha homenagem a eles, pois sempre fizeram frente às dificulda-des. Hoje, podemos dizer que o ténis português, ao nível internacional, entrou definitivamente numa segun-da fase. Nes te momento , porque “noblesse oblige”, devemos saudar os “avozinhos”, que permitiram con-siderar ultrapassada a fase prelimi-nar. Estamos de acordo com isso, porque está mais do que provado que os atletas portugueses de raqueta possuem condições inequí-vocas para dizer: “Aqui também se joga ténis”.

Quando foi estabelecido, através das danças da competição, que por-tuguês também ganha em grandes provas, e não só os torneios do “Grand Slam”, ousaremos evocar com muita felicidade aquilo que pare-ce que está já a ser esquecido peran-te os cometimentos recentes de João Sousa, no Open dos Estados

Unidos. Mais recentemente, aquela garota bonita, de nacionalidade portuguesa, mas radicada nos Estados Unidos, venceu nada mais nada menos uma tal Maria Sharapova, em Wim-bledon. Recordo que Michelle Lar-cher de Brito atingira a terceira ronda de Roland Garros, em 2009, um ano

em que se afirmou no circuito. Em janeiro, Maria João Koehler atingiu a segunda ronda do Open da Austrália, onde, em 2011, Frederico

Gil jogou a terceira ronda. Achamos que isso foi um tónico precioso para os outros jogadores portugueses no circuito, e talvez com um bocadinho de otimismo, terá havi-do quem afirmou a respeito do encontro de Sousa com um tal Djoko-

vic. Isso já é bom, porque, não sendo possível ganhar a um super-campeão como Djokovic, admitiu-se que talvez pudéssemos fazer o mesmo como uma campeã como Michelle & Com-

panhia fizeram.

Page 16: NT agosto 2013

Associações Regionais

AÇORES ALGARVE ALTO ALENTEJO

AVEIRO CASTELO BRANCO COIMBRA

LEIRIA LISBOA MADEIRA PORTO

SETÚBAL VILA REAL VISEU