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Revista do Veleiros do Sul

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EXPEDIENTEPALAVRA DO COMODORO

EComodoro

Newton Roesch Aerts

Vice-Comodoro EsportivoEduardo Ribas

Vice-Comodoro AdministrativoRicardo Englert

Vice-Comodoro PatrimônioIdir Paludo

Vice-Comodoro SocialEduardo Scheidegger Jr.

Conselho Deliberativo

PresidenteLuiz Gustavo Tarrago de Oliveira

Vice-PresidenteLéo Penter

Diretor da Escola de Vela MinuanoBoris Ostergren

Diretor de Parques e JardinsPablo Miguel

Diretor de Porto Léo Penter

Prefeito da Ilha Chico Manoel Luiz Morandi

Mande e-mail para: [email protected]

O Minuano é uma publicação do clube Veleiros do Sul.

Fones: 55 (51) 3267-1717 3267-1733 / 3267-1592

Endereço: Av.Guaíba, 2941 Vila Assunção Porto Alegre – Brasil

CEP: 91.900-420

Home Page: www.vds.com.br

E-mails: [email protected] [email protected]

Publicação

Editor:Ricardo Pedebos (MTB 5770/RS)

Textos e Fotos:Ricardo Pedebos e Ane Meira

Projeto Gráfico e Diagramação:Renato Nunes

Fotolitos e Impressão: Gráfica Calábria

Prezado(a) Associado(a)

Estamos completando seis meses de Comodoria. Mantivemos nossa proposta anunciada na posse, ou seja, gerenciar nosso Veleiros do Sul pensando sempre no Associado em primeiro lugar e sob o comando do Conselho Deliberativo, órgão máximo da Associação.

Temos recebido grande apoio de todos, com sugestões, críticas construtivas e muitas vezes auxílio direto, quer financeiro ou mesmo material, demonstrando que a única maneira de uma Associação sem fins lucrativos prosperar, é com ges-tão baseada em resultados e a participação efetiva dos seus Sócios.

A busca pela efetivação das metas propostas tem sido diária. Para isto tem sido de extrema importância o trabalho em conjunto da Comodoria, com seus Vice-Comodoros, Diretores e Prefeito da Ilha Francisco Manoel. Todos, com suas características particulares, têm colocado um ritmo sempre acelerado no funcio-namento das diversas áreas.

Conforme o artigo primeiro do Estatuto do Veleiros do Sul, o clube foi funda-do dia 13 de dezembro de 1934, e tem como finalidade promover e estimular a prática de esportes náuticos, atividades sociais, culturais, cívicas, educacionais e de lazer, sem fins lucrativos. Para tanto, é de extrema importância a gestão parci-moniosa dos recursos, a adequação financeira, a promoção de eventos sociais e culturais, o investimento e manutenção na área patrimonial, tudo visando o bem estar do Associado, motivo maior da existência do nosso clube. Só assim pode-remos dar sequência aos investimentos e incentivos na promoção e prática dos esportes náuticos.

Seguindo nesta linha, sempre com a resposta cada vez mais positiva do Asso-ciado, temos conseguido manter o calendário de competições esportivas, promo-ver e auxiliar a participação de velejadores em eventos nacionais e internacionais e continuar com a proposta dos projetos da Lei de Incentivo ao Esporte, sempre com a devida comprovação ao Ministério dos Esportes e adequação às disponibi-lidades financeiras do clube.

Na área Social e Cultural, estamos promovendo o retorno mais sistemático dos Associados ao convívio do clube. O efeito tem sido excelente, como pode ser visto na Festa dos Queijos e Vinhos. Também já podemos prever outro grande evento no Jantar Árabe, a ser realizado dia 2 de julho.

Nosso projeto nestas áreas é manter um calendário de jantares temáticos mensais e ainda lançar o Projeto Cultural Veleiros do Sul, onde estimularemos os Associados e familiares a trazerem para o clube suas reuniões sistemáticas de grupos de estudo, lançamentos de livros, e outras atividades afins. O local será o Bar Náutico, as reservas devem ser feitas na secretaria e eventuais combinações com o economato.

Enfim, como pode ser visto no Estatuto, nosso clube foi idealizado para ser um local de lazer para os Associados, familiares e amigos, sempre voltado ao estímulo dos esportes náuticos, mas sem fins lucrativos. Isto demonstra cada vez mais a necessidade da reestruturação financeiro-administrativa e o grande com-prometimento das Comodorias em bem gerir a Associação.

É o nosso compromisso.Newton Aerts

Comodoro

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PATRIMÔNIO

Obras melhoram a estrutura do clube

preservação do patrimônio e a manutenção preventiva são fatores que devem ser ob-servados constantemente no Clube. Neste semestre a comodoria deu andamento em diversas obras visando melhorias das insta-lações. O salão social foi um dos locais que recebeu maior atenção. Uma ampla reforma foi realizada na estrutura de madeira, na par-te interna e externa.

Além do tratamento de descupinização e troca de ripas, o verniz escuro, gasto pelo tempo, foi substituído por um de cor clara, que além valorizar a madeira proporcionou mais luz ao espaço. As tábuas do piso foram lixadas e receberam aplicação de cera que preservou a cor natural do jatobá. E os roda-pés foram substituídos.

Na área oeste o terreno recebeu terraple-nagem e colocação de saibro. Isso deu maior espaço útil para acomodar os carrinhos, ber-ços e barcos que estavam de maneira desor-denada pelo pátio. Neste local também foi

A realizada obras nos bueiros pluviais, como conserto das paredes e desentupimentos. E ainda melhorias na jardinagem. Na área leste, nos quiosques das churrasqueiras, foi realiza-do o desentupimento e troca do encanamen-to que se encontrava totalmente obstruído por raízes que cresceram no interno dos ca-nos. Isso impedia a saída das águas das pias e causavam mau cheiro.

O controle do consumo de energia era um projeto antigo que agora foi concretiza-do. A implantação do sistema de medido-res eletrônicos permite o total controle do consumo setorizado no Clube: economato, trapiches e oficinas. Estes aparelhos permi-tem ver o perfil, demanda e desvios de cada unidade, e assim reduzir os custos e ajudar o meio ambiente. A política da atual Como-doria é aplicar uma gestão compromissada com os gastos em todos os setores e que atenda plenamente as necessidades dos as-sociados.

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AgENdA pArA jUlhO

Festa de São joãoAgende desde já! Muito agito, pipoca, quentão e demais gostosuras, tudo em volta da fogueira! É o que

teremos na tradicional Festa de São João do Veleiros do Sul, dia 03 de julho no Hangar 1 do Clube, a partir das 14 horas. Atrações e brincadeiras para o público em geral e muita comida típica.

5ª regata limpa TrapichePrepare a sua tripulação porque vem aí a 5ª Regata Limpa Trapiche, comemorativa aos 55 anos do Grupo dos

Cruzeiristas do Veleiros do Sul. Confraternização e disputa na raia. Evento exclusivo para barcos de associados do VDS.

prOgrAMAçãO:02 de julho – Sábado13 Horas - Reunião de comandantes na varanda para “aquecimento e reconhecimen-to da raia”. Solicitamos que cada velejador porte o seu caneco de chope que será distribuído na inscrição do barco na regata, para a saudação tríplice hip hip hurra. 13h30min - Início da Sinalização de Largada06 de julho - 4ª Feira20 Horas - Jantar dos Cruzeiristas com entrega de prêmios. Neste jantar, em razão da entrega de prêmios, familiares podem participar.

jantar ÁrabeO Jantar Árabe será realizado no dia 02 de julho, sábado, no Salão Social do Clube. Comidas e quitutes

típicos da exótica culinária árabe estão garantidos no cardápio da noite. Como atrações, além da dança árabe com a presença de bailarinas de dança do ventre, haverá uma tenda de cafeomancia, a tradicional arte árabe da leitura da sorte na xícara de café. A loja Vinhos do Mundo vai oferecer uma palestra com um enólogo da Bodega Renacer, vinícola argentina de Mendoza que vem apresentar os seus vinhos. Os convites estão disponíveis na secretaria. Garanta sua presença!

Bazar do Veleiros O inverno começa e com ele vem o Bazar do VDS! A edição ocorrerá no mesmo final de semana da festa de São

João, nos dias 02 e 03 de julho, das 12h às 18h. Dessa vez o mezanino do Salão Social é quem abriga os estandes. Com um ambiente aconchegante e convidativo, será impossível não se render aos artigos de artesanato, decoração, joias, bijouterias e roupas.

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Brasileiros venceram a Seletiva regional Final Nations Cup

Brasil é o representante sul-americano na Copa do Mundo de match race que acon-tecerá em setembro nos Estados Unidos. O comandante Henrique Haddad na divisão Open e Juliana Senfft na feminina conquis-taram a classificação na seletiva Regional da Nations Cup, realizada de 23 a 26 de março no Veleiros do Sul. Participaram no total seis equipes do Brasil, Argentina e Peru.

A seletiva teve momentos de muita dis-puta, mas o melhor ficou para o último dia. A rodada final foi em série de melhor de cinco regatas. Na divisão Open, Haddad derrotou o argentino Juan Grimaldi por 3 a 2 . O bra-sileiro teve um começo nervoso, perdeu a primeira regata, mas logo se recuperou. Ao

ultrapassar a linha de chegada na última pro-va Haddad e a sua tripulação formada por Mario Trindade e Victor Demaison comemo-rou muito a conquista.

“Grimaldi e eu já nos conhecemos de vários campeonatos. O round robin foi mais tranquilo, mas na final tivemos dificuldades. Acho que foi excesso de confiança, deverí-amos ter sido mais conversadores desde o início. Quando deixamos a ousadia de lado, tudo melhorou,” disse Haddad.

Na divisão feminina a comandante Julia-na Senfft e suas tripulantes Gabriela Nicolino e Daniela Adler, do Veleiros do Sul, termi-naram a seletiva sul-americana invictas. Elas venceram por 3 a 0 a equipe peruana lidera-

Equipe do Veleiros do Sul liderada por Senfft saiu invicta da seletiva

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da por Tania Zimmermann. A timoneira Sen-fft ficou entusiasmada com o resultado.

“É muito legal vermos a reedição da Grand Final da Nations Cup, quando nós e o Haddad representamos o Brasil em 2009. Ficamos em 6º lugar e agora nossa meta é melhorarmos a classificação. A Nations Cup é um evento lindo e será o nosso principal foco neste ano”, comenta Senfft.

A Grand Final da Nations Cup ISAF (Fe-deração Internacional de Vela) será em She-boygan, nos Estados Unidos, de 13 a 18 de setembro. A seletiva sul-americana foi reali-zada em parceria com as empresas Randon e Marcopolo, através da Lei de Incentivo do Esporte, e apoio da Confederação Brasileira de Vela e Motor e ISAF. Final tensa entre Haddad e Grimaldi, mas a vitória foi do brasileiro

DIVIsãO OPEN1º Henrique Haddad, Mario Trindade e Victor Demaison (BRA)

2º Juan Grimaldi, Francisco Van Avermaete e Rafael De Martis (ARG)3º Daniel Mendoza, Giancarlo Polar e Wilfredo Lafosse (PER)

DIVIsãO MuLhEREs1º Juliana Senfft, Gabriela Nicolino e Daniela Adler (BRA)

2º Tania Zimmermann, Nathalie Zimmermann e Jimena Gaviño (PER)3º Martina Silva, Ana Lucia Silva e Trinidad Silva (ARG)

Equipes premiadas e umpires (árbitros) na festa de encerramento

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Campeonato Sul-Americano Juvenil Open de Match Race realizado nos dias 28 e 29 de maio no Veleiros do Sul, em Porto Ale-gre, teve uma final entre equipes do Rio de Janeiro. Felipe Haddad conquistou o título ao vencer Caio Swan de Freitas por 2 a 0 na sé-rie de melhor de três regatas. Na disputa pela terceira colocação o gaúcho Philipp Grocht-mann derrotou Sérvio Andrade, de Brasília, por 2 a 0. No primeiro dia foi a fase classifica-tória e no seguinte a semifinal e final.

O Sul-Americano teve a participação de oito equipes brasileiras e uma da argentina, masculinas e femininas, com velejadores até 21 anos. O comandante Haddad, 20 anos, com sua equipe formada por Gabriel Borges e Nicolas Castro mostrou maior consistência no match race. Ele perdeu apenas uma rega-ta, na primeira fase para Andrade (DF).

Sul-americano de match race reuniu jovens equipes

“Minha participação na equipe Giga Sai-ling, comandada pelo meu irmão Henrique, tem me dado experiência no match race. Gostei do campeonato por ter sido com os barcos Elliott 6M, assim todos tiveram reais igualdades de condições,” disse o represen-tante do Iate Clube do RJ. “O Veleiros do Sul tem se destacado como centro de match race no país e está de parabéns porque esta mo-dalidade ajuda na formação dos velejadores para qualquer classe”, acrescenta.

O segundo colocado Caio Swan Freitas, 17 anos, sofreu dois pênaltis, um em cada uma das regatas da final, e não conseguiu ameaçar o seu adversário. “Faltou mais trei-namento. É o meu primeiro campeonato e o Haddad conhece melhor o match race,” disse Freitas que correu com Lucas Mesquita e Douglas Gomm. O Sul-Americano foi um

Felipe Haddad enfrentou Caio Freitas na final entre equipes do RJ

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evento de grau 3 e serviu para os jovens co-mandantes começarem a pontuar no ranking mundial da ISAF. A competição mostrou bom nível, mas com algumas disparidades na fase classificatória, onde algumas equipes mostra-ram pouca intimidade com as regras da mo-dalidade.

Philipp Grochtmann, 17 anos, do VDS, foi uma das revelações entre os novatos no campeonato. Ficou em primeiro lugar no gru-po A na fase classificatória e na disputa pela

Grochtmann foi primeiro no round robin do grupo A e terceiro no geral

CLAssIfICAçãO fINAL1º Felipe Haddad (ICRJ/RJ)

2º Caio Swan de Freitas (RYC/RJ)3º Philipp Grochtmann (VDS/RS)

4º Sérvio Cipriani Andrade (ICB/DF),

EquIPEs PARTICIPANTEsSantiago Rigoni (ARG)

Sérvio Túlio Cipriani Andrade (ICB/DF)Caio Swan de Freitas (RYC/RJ)

Felipe Haddad (ICRJ/RJ)Juliana Duque (YCB/BA)

Luiza Lutz do Canto (VDS/RS)Amanda Rodrigues (VDS/RS)

Philipp Grochtmann (VDS/RS)Cassio Lutz do Canto (VDS/RS).

Velejadores e árbitros com os vencedores na hora do pódio

terceira colocação venceu a equipe de Sér-vio Andrade, de Brasília, que também ficou em primeiro lugar no round robin do grupo B. O timoneiro gaúcho correu com Lorenzo Medeiros e Vilnei Goldmeier. O único repre-sentante de fora do país foi o argentino San-tiago Rigoni, da Argentina. Apesar de entrar no campeonato como o melhor classificado do ranking mundial, 314º, entre os coman-dantes, foi eliminado na primeira fase.

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RAJADAs

A ilha Chico Manoel também passou por uma reforma nas suas instalações durante o primeiro se-mestre. Proporcionar melhores condições da subse-de do Clube aos associados é uma preocupação do prefeito Luiz Morandi. As obras feitas foram: re-forma dos banheiros, pintura, trapiche. A próxima meta que está sendo estudada é o fechamento dos molhes e a dragagem do canal de acesso. No come-ço de junho iniciou a limpeza de toda a orla da Ilha. Esse trabalho está sendo possível em acordo com os pescadores da região, capitaneados pelo Varli, o Toco, zelador da ilha

Musculação, ginástica localizada e condicionamento físico. Agora estes treinamentos estão disponíveis gra-

tuitamente aos associados do Clube. Basta fazer a inscrição na Secretaria Administrativa. O aluno contará com a orien-tação do professor de educação física Jefferson Madruga. A academia de ginástica funciona nas segundas, quartas e sextas à tarde, das 13h às 16h30min. E também está aberta à noite, de segunda a sexta, das 18h30 às 21h. Os horários podem sofrer alterações conforme a necessida-de dos alunos. Para maiores informações entre em con-tato com secretaria administrativa do Clube: fone (51) 3265 1733 ramais: 201/205 ou pelo email: [email protected].

O nosso velejador Thiago Splettstosser Ribas integra a equipe Brasi-leira que disputará o Campeonato Norte-Americano, de 29 de junho a 7 de julho, em Los Angeles, no Cabrillo Beach Yacht Club. Participam 196 velejadores de 21 países. Em abril Thiago competiu no Sul-Americano, em Algarrobo, Chile. Ele ficou em 49º. O vice-comodoro esportivo Edu-ardo Ribas foi o Team Líder e sua esposa Carla, a Country Representative do Brasil.

Thiago no Norte-Americano de Optimist

O VDS recebeu seu novo bote da marca Nautiflex - modelo 4.60, comple-to com motor de 40 HP, adquirido através da Lei Incentivo ao Esporte,

do Governo Federal, com patrocínio da Marcopolo e Randon. O bote servirá de barco de apoio nas regatas e treinos do Núcleo de Vela de Alto Rendi-mento do VDS.

Novo bote para o Clube

Academia é grátis para sócios

Limpeza e reformas na ilha Chico

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A mescla de sabores e o am-biente aconchegante mar-caram o jantar Queijos &

Vinhos, na noite de 4 de junho no Clube. O evento foi especial não só pela gastronomia requintada, mas pelo melhor do humor gaúcho da atualidade, o show do Guri de Uru-guaiana, personagem do humorista Jair Kobe. Como ele mesmo conta, “o Guri é nascido e criado na zona. A zona rural de Uruguaiana.”

A platéia não conseguia parar de rir um só momento. Além de seus “causos” e versões musicais irreve-rentes ele também interagiu com as pessoas. O Guri contou ainda com a ajuda do seu auxiliar, o Licurgo, um gaúcho Emo. E para finalizar o show não faltou o hit de sucesso da banda The Guritles, a sátira da música Help com letra do Canto Alegretense. O show foi muito elogiado e ao seu término as pessoas fizeram questão de tirar fotografia com o Guri e o Li-curgo.

O salão social recebeu uma de-coração sóbria e sofisticada. As mesas com arranjos de uvas e folhas de plá-tanos deram um toque bem natural.

sOCIAL

humor e delícias nos Queijos e Vinhos

O bufê de queijos e frios foi montado na copa, junto ao salão social e no mezanino para conforto de todos. A composição estava equilibrada com boa variedade e respeitando o pa-ladar dos vinhos. Os pães também fizeram boa companhia nas mesas e nas sopas especiais. Para completar as sobremesas com variedade de do-

Muita vibração na festa que lotou o salão social

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ces, além do café.A varanda do clube foi transfor-

mada num ambiente contínuo ao salão para receber melhor o público que nesta edição compareceu em grande número, ultrapassando 400 pessoas. O serviço e a gastronomia foram muito elogiados.

A comodoria do Veleiros do Sul se fez presente liderada por Newton e Denise Aerts que receberam os as-sociados e convidados, entre os quais os coronéis da Brigada Militar Sér-gio Roberto de Abreu, Comandan-te Geral, e Altair de Freitas Cunha, Subcomandante Geral, e o capitão-de-fragata Jaime Tavares Alves Filho, delegado da Capitania dos Portos em Porto Alegre, acompanhados de suas esposas.

A festa também foi dançante. Na continuação da noite foi vez de sacudir com os embalos do DJ Jorgi-nho. A pista de dança lotou e assim permaneceu por muito tempo com muita animação.

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A Regata Porto Alegre – Pelotas foi realizada nos dias 2 e 3 de

abril. A largada aconteceu no sábado às 9h05min em frente ao Veleiros do Sul. Foram 120 milhas náuticas per-corridas pelo Guaíba e Lagoa dos Pa-tos. O fita azul foi o barco Kamikaze, de Hilton Piccolo, que cruzou a li-nha de chegada no canal da Feitoria (zona sul do Estado), às 14h29min20s de domingo, somando 29h24min20 de regata. No entanto o tempo cor-rigido apontou a vitória do C’est la Vie, do comandante Henrique Dias, que obteve a melhor marca com

REGATAs

O Veleiros do Sul terminou na quarta colocação no Match Race Brasil 2011, de 5 a 8 de maio no Rio de Janeiro. No confronto pelo terceiro lugar, foi derrotado pelo Búzios Vela Clube (RJ). A equipe da Marinha do Brasil, comandada por Henrique Haddad bateu o time da Marina da Glória (RJ), na decisão no último dia, por 2 a 0 e levantou o troféu Roger Wright pela primeira vez.

A garra do VDS se sobressaiu na competição. Num confronto anterior contra o campeão Marinha do Brasil, a equipe de Haddad, esteve atrás na maior parte da primeira regata e conseguiu reverter o resultado somente na última boia. A tripulação gaúcha já tinha sur-preendido ao eliminar os favoritos ao título, o Rio Yacht Club (RJ), de Torben Grael, que buscava o tricampeonato do evento.

A equipe do VDS foi composta por Samuel Albrecht (coman-dante), André Gick, Mariana Teixeira, Geison Mendes, Alexandre Rosa, Renato Plass, Alexandre Rímoli e Gustavo Thiessen. O time da Marina da Glória contou com dois velejadores do Clube: Lucas Ostergren e Alexandre Mueller. O Match Race Brasil 2011 reuniu 12 clubes náuticos de seis estados.

Nossa equipe foi destaque no Match Race Brasil

C’est la Vie e shogun venceram a Regata Porto Alegre - Pelotas

26h13min25s na classe BRA-RGS. Na classe Cruzeiro o título ficou com o Shogun, de Marcelo Caminha, am-bos do Veleiros do Sul.

Do total de 12 competidores apenas três receberam a chegada. A largada foi em frente ao VDS, no sábado às 9h05min, e a chegada no Canal da Feitoria, feita do navio pa-trulha Babitonga, comandado pelo capitão-de-corveta Eric Abdala, do Grupamento de Patrulha Naval do Sul. Os barcos chegaram ao desti-no, no Veleiros Saldanha da Gama, em Pelotas, por volta das 18 horas.

Após uma ausência de dez anos esta regata foi retomada graças à integra-ção entre os clubes náuticos de Porto Alegre e da zona sul do Estado.

Mar AbertoNo dia 17 de abril teve em Rio

Grande a Regata Mar Aberto, do Rio Grande Yacht Club. O Veleiros do Sul garantiu vitória em duas classes. O C’est la Vie, de Henrique Dias, fi-cou em primeiro na classe BRA-RGS, no tempo corrigido, com 4h36m47s de regata. O barco também levou o troféu Gustavo Fernandes Filho por ter sido o fita azul da competição. O Aquário II, de Henrique Ilha, foi o primeiro colocado na classe Cruzeiro 30 à 34 pés.

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O título do 41º Campeonato Brasileiro da classe Soling ficou com a tripulação de Guilherme Roth, Marcos Pinto Ribeiro

e Lúcio Pinto Ribeiro, do Veleiros do Sul. Eles lideraram toda competição realizada em dois fins de semanas: 2 , 3 e 9,10 de abril no Clube. Nas duas últimas regatas os campeões chegaram em terceiro lugar, mas foi o suficiente para garantir a primeira colocação. Em segundo ficaram Lucas Ostergren (Daniel Glomb), Caio Vergo e André Gick. E em terceiro: George Nehm, Carlos Trein, e Roger Lamb (VDS)

O barco S40 Crioula, sob o comando de Samuel Albrecht, foi o vice-campeão da primeira etapa da Mitsubishi Sailing Cup, disputada

de 3 a 5 de junho em Ilhabela. A tripulação do Veleiros do Sul contou com George Nehm (timoneiro), Renato Plass, Eduardo Plass, Frederico Plass, Alexandre da Rosa, Fabrício Streppel, Diego Garay e Geison Mendes. O vencedor foi o argentino Negra, de Francesco Bruni, cam-peão do ano passado, que confirmou o seu favoritismo.

A etapa Ilhabela teve oito regatas em quatro dias e reuniu os me-lhores velejadores sul-americanos nas classes S40 e HPE25. A próxima etapa da Mitsubishi Sailing Cup 2011 será em Armação de Búzios (RJ), entre os dias 11 e 14 de agosto. E a terceira e última na cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 1 e 4 de setembro.

Equipe de Guili Roth venceu o Brasileiro de soling

s40 Crioula foi vice na primeira etapa da Mitsubishi Cup

As equipes do Veleiros do Sul representaram muito bem o Brasil no Campeonato Mundial de Soling, de 24 a 29 de abril, em Chiemsee na Alemanha. Em meio a 51 equipes de 14 países, o Diferencial Sailing Team, composto por Nelson Ilha, Felipe Ilha e Paulo Lemos Ribeiro ficou em terceiro no pódio. A tripulação de Guilherme Roth, Lúcio Pinto Ribeiro e Marcos Pinto Ribeiro finalizou o campeo-nato em oitavo na classificação final. Os canadenses Peter Hall, Paul Davis, Phillip Kerrigan foram os campeões.

A equipe de Ilha foi considerada a maior surpresa da competição. Iniciou o campeonato em 11º lugar e se recu-perou até alcançar uma vitória na sétima regata. Inclusive, ficou à frente do último campeão mundial, o alemão Ro-man Koch.

Guilherme Roth também fez um belo campeonato e a tripulação mostrou garra e superação ao alcançar a oitava colocação. Eles iniciaram a competição em 19º e depois subiram 11 posições no total. No próximo ano o mundial será realizado em Milwaukee, nos Estados Unidos.

VDs no Mundial de soling na Alemanha

Equipe Diferencial recebendo os prêmios no encerramento do Mundial

Guili, Marco e Lúcio

REGATAs

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Barcos na orla da ilhaBarcos na orla da ilha

previsão do tempo indicava que a Rega-ta de Monotipos VDS - ilha Chico Manoel não seria confortável para os competidores. E as condições foram confirmadas naquele fim de semana, com pancadas de chuvas e temperatura mais baixa na regata para mo-notipos realizada nos dias 14 e 15 de maio. Mas nada disso intimidou as 19 tripulações que enfrentaram a distância de 12.5 milhas de cada perna.

A ida até a ilha Chico Manoel foi no sá-bado com céu nublado. A largada aconteceu às 11h20min em frente ao Clube. Os barcos seguiram no rumo sul com vento de proa na intensidade de 16 nós. E nesta condição eles enfrentaram muitas ondas no Guaíba. O primeiro barco a cruzar a linha de chegada montada nas proximidades da ilha foi da du-pla de pai e filho, Gustavo e Ricardo Lis, da classe Hobie Cat 16, às 13h14min20s.

A regata de retorno no domingo também teve vento sul, em torno dos 14 nós, mas a intensidade variou durante o período, pro-vocada pelas seguidas pancadas de chuva. À largada da ilha foi às12h40min com céu cin-zento. Ás condições de vento e onda fizeram

Vento e chuva na regata de Monotipos VdS - Chico Manoel

A regata reuniu 19 tripulações nas classes: Soling, Hobie Cat 16, Laser Standard e Radial e Snipe

Chuva acompanhada de vento forte derrubou mastro do soling

Os vencedores em cada classe foram:Soling – Guilherme Roth/Roger Lamb e Carlos Trein (VDS)

Hobie Cat 16 - Gustavo Lis/Ricardo Lis (VDS)Laser standard – Augusto Moreira (VDS)

Laser radial – Henrique Dias (VDS)Snipe – Lucas Lorenz/Misael Guttmann (ICG)

alguns estragos nos barcos. Um Hobie 16 ava-riou o leme e num Soling o mastro desabou, entre outras quebras, devido às condições do tempo. O primeiro a cruzar a linha de chega-da próxima à sede do Clube foi novamente o Hobie Cat 16, da dupla Gustavo/Ricardo às 14h07min22s.

A

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O barco C’est la Vie, de Henrique Dias, foi o vencedor do Circuito Chico Ma-noel da classe Oceano realizado nos

dias 11 e 12 de junho. Ele ficou com título na RGS que contou apenas com cinco barcos. Na J/24 o Australis, do comandante Walter Bromberg, único participante na classe, foi o ganhador.

O fim de semana foi de tempo bom, mas ingrato para quem queria velejar. O destino da regata que era a ilha Chico Manoel (subse-de), situada a 12.5 milhas ao sul no rio Gua-íba, não pode ser completado. O vento fra-co obrigou a comissão a encurtar o percurso das duas regatas. A linha de chegada acabou sendo no morro da Ponta Grossa, sete milhas de distância, tanto da regata de ida como na volta.

No sábado a largada foi às 13h05min em frente ao Clube com vento de 4 nós. O barco Delirium, de Darci Rebelo, foi o fita azul, mas o C’est la Vie ganhou no tempo corrigido com 1h56min07. No domingo, seis barcos foram para a linha de largada montada nas imediações da ilha Chico Ma-noel, mas apenas dois chegaram ao final. As demais tripulações não suportaram a calma-ria e desistiram. Teve momentos em que o vento zerou no Guaíba. Delirium e C’est la Vie travaram um duelo, porém uma brisi-nha leve de sul, que permitiu até velejar de

Vitória do C’est la Vie no Circuito de Oceano da ilha Chico

Brisa leve na regata de retorno. C’est la Vie se manteve na frente

Delirium disputou até o final a regata de domingo Walter Bromberg foi o único competidor na classe J/24

balão, deu vantagem para a tripulação do comandante Henrique Dias no final do per-curso. Ele chegou às 16h49min20s e obteve o tempo corrigido de 3h14min32s.

No sábado à noite teve um churrasco de confraternização entre as tripulações no Gal-pão da Ilha.

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O voo dos biguás Karem Cainelli*

m longo dia de verão é sempre propício para os barqueiros soltarem suas aprisionadas em-barcações dos trapiches e lançá-las na impre-visibilidade do rio. Resultado do gosto pela navegação, a cumplicidade entre José e Ro-sane tornava desnecessário qualquer questio-namento sobre as manobras do velho veleiro, batizado Trópico.

José tem fisionomia tranquila e jovial, mesmo com o dobro da idade de Rosane. A única coisa em desalinho na sua aparência são as sobrancelhas grossas, com fios bran-cos, longos e rebeldes. Por mais estranho que pareça, não lhe incomodam a visão. Ao con-trário, como por instinto, eles informam as coordenadas do vento.

Enquanto realiza movimentos automáti-cos, Rosane observa um ponto alto no conti-nente. Sua intenção é marcar o local em que deixará alinhada a proa.

Vou cambar! – ela avisa. A seguir, a retranca da grande vela passa

por cima de suas cabeças, com toda a força do vento sul. A nova direção do Trópico está tomada. Dali para frente é só manter o rumo e aproveitar hipnotizado, fascinado, o silêncio do rio e a paisagem. Biguás em bando enfei-tam o céu enquanto os dois se banham com o borrifo da água doce do Guaíba, lançado pela proa do barco ao encontrar as ondas.

- Os biguás são os pássaros de maior nú-mero nessas águas. Dizem que é por causa da

carne ser dura e muito ruim. – afirma José.- Que sorte a deles!Nessa tarde de sábado, mesmo com o

rio denso tomado pelo verde das algas, Ro-sane não consegue se deleitar com o pano-rama e a mágica sensação de correr com o vento. Seu olhar está baixo, para os próprios pés. Recorda-se da época em que iniciara a velejar, quando não conseguia desprender a atenção do cockpit e deixava de ter maior vi-são dos panos do mastro. Essa reação lembra um náufrago que se agarra ao próprio colete salva-vidas, de olhos fechados, sem pensar em alternativas mais próximas para se salvar.

O sol impunha-se vertical sobre eles, iluminando-os como se fossem a única peça móvel em toda a extensão do rio. De repen-te, eles ouvem um chamado forte, voz de ho-mem a bombordo.

- Ei! Ei! É um pescador solitário, dentro de uma

pequena canoa de madeira. De pé, segura, na altura do peito, um peixe de quase meio metro, com o olho ainda líquido de água ou de lágrimas.

- Ora, qual é a graça de fisgar um peixe e não o mostrar a ninguém? – ela pergunta.

- Nenhuma. Viu o sorriso dele?- Sim, foi tudo o que pude olhar... Menos

para o pobre peixe...Mais uma vez, ela procura visualizar a

presa, mas não consegue. Sua desatenção fez as velas desarmarem, o que provoca o barulho de tecido solto batendo-se no vazio. Retomado o rumo, deixando para trás o ca-noeiro, Rosane sente recuar a melancolia do momento em que iniciou o passeio. Está mais serena, depois de presenciar a simples satisfa-ção do pescador diante da sorte, embora so-breviva o antigo sentimento de não entender a direção de sua vida.

Os dois navegadores seguem para a Ilha das Pedras Brancas, com as velas caçadas a mergulhar no vento e os cabos fixos nos mor-dedores. José está bem à vontade. Acostuma-do com ela no comando, orgulhoso com o navegar equilibrado de seu barco e grato por ela tê-lo escolhido como parceiro de veleja-das põe-se a falar mais.

- E o coração?

U

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- Ele se afastou.- O cara é louco?A moça encurva o magro pescoço para

o lado oposto dele. Depois, concentra-se na esteira de espuma branca da embarcação. Como segura com força excessiva a cana do leme, sente o antebraço direito dormente. Contra o vento, navegam em ziguezague. E José permanece com ar de indiferença ao as-sunto que acabara de trazer do nada.

O vento frio distante, vindo da Lagoa dos Patos, resseca as faces meditativas de ambos. Deixam para trás a ilha e avançam devagar para o sul. Ao longe não se observa fronteira entre a linha d’água e o início do horizonte, feito um quadro de Monet. Por causa da in-tensa evaporação, as desbotadas tonalidades verdes e azuis transpõem-se entre si, dando a ilusão de que o morro da Ponta Grossa flutua no ar. Sem passado ou futuro, o veleiro pare-ce a caminho do céu.

Os marinheiros permanecem contem-plando o belo e inusitado cenário, talvez no limite do sinistro. Atrás deles, o sol começa a expor os tons alaranjados, lembrando o ouro, os primeiros sinais de uma mudança brusca na paisagem. Sabem que é hora de retornar para casa e folgar as velas. Agora, elas ficam abertas ao máximo, uma de cada lado do barco, enchidas de vento, como se fossem asas brancas de um pássaro em livre voo.

Com um suspiro relaxado, que traduz sensações mundanas, a timoneira observa a água escorrer pelo leme. Em seguida, volta o olhar na direção da proa e, com surpresa, vê o pescador de pé na canoa aberta, com o peixe na haste, exatamente como antes.

- O que é aquilo?

- Um pescador. – responde José, sosse-gado.

Apesar de confusa, com a impressão de não ter saído do mesmo lugar desde a última vez que o viu, ela mantém firme o curso da embarcação. Com um sorriso, contempla o homem. Nesse instante, consegue observar a tainha, exibida como um troféu de prata.

Ao se aproximarem da Ponta do Dionísio, a superfície da água tem brilho, indicando a presença de vento decrescente. Rosane, com o rosto vermelho, aponta a proa em direção ao trapiche. Curiosa, olha para trás e lá está o pescador, como se o tempo estivesse parado no meio do rio. A única coisa que se move é um cordão preto de silenciosos biguás na direção do continente.

(*) Psicóloga e velejadora.

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Esta etapa começou em Jure-rê – SC na segunda-feira, dia 11 de abril de 2011. Prepa-

ramos o barco na subsede do Velei-ros da Ilha e, bem cedinho, partimos para o Sul na companhia de um ou-tro belo veleiro argentino de 38 pés chamado Durney, do comandante Daniel.

Às 6h30min já estávamos no tra-vés da Ilha do Francês. Decidimos contornar a ilha de Florianópolis pelo Norte, já que o Veleiro Durney com seus 17,50 m de mastro teria dificul-dade de passar por baixo da ponte Colombo Salles. Quando chegamos em mar aberto foi possível velejar, porém o vento não ajudava muito.

Enfim, durante todo o percurso, foi uma alternância de ventos médios e fracos. Quando a velocidade do barco baixava de 5 nós, calçávamos o motor para não atrasar muito nossa chegada em Rio Grande e o tempo virar. Assim fomos levando, com di-reito a manter a cozinha aberta para almoço e janta e o piloto automático timoneando dia e noite.

Apesar do veleiro argentino ser mais veloz do que o Delta, andamos quase no visual o tempo todo, gra-ças às cracas que se alojaram em seu casco e sempre mantínhamos conta-to pelo rádio. Quando estávamos na

Sufoco na lagoa

altura da Lagoa do Peixe aproxima-damente 70 milhas da barra de Rio Grande o comandante Daniel do ve-leiro Durney nos solicitou pelo rádio a possibilidade de fornecermos com-bustível (as cracas o traíram). Com-binamos então de nos encontrar no través do farol Capão da Marca, já que eles estavam bem junto à costa e nós mais abertos (25 milhas).

Ficamos bem entusiasmados em poder ajudar o Durney, já que que-braria nossa rotina de come, dorme, curtir aquela Lua maravilhosa e jogar conversa fora. Lá pelas 17h30min de quarta-feira os veleiros se encontra-ram e repassamos pela nossa popa 40 litros de diesel através de um cabo.

Nossa idéia era entrar em Rio Grande assim que clareasse o dia mas o comandante Daniel, que ti-nha telefone via satélite, nos disse que recebeu previsão meteorológi-ca mais atualizada de Buenos Aires, informando que a frente poderia se adiantar e que entraria na Barra na-quela noite mesmo. Como o barco estava andando bem, resolvemos também seguir o mesmo caminho. Valeu a pena, a noite estava linda, vento ajudando legal, lua quase cheia que se pôs atrás do molhe sul no mo-mento que entrávamos na barra. Às

A convite do comandante Paulo Silveira do Veleiro Riacho Doce, um bem equipado Delta 36, fizemos a última parte da viagem Porto Alegre – Fernando de Noronha – Porto Alegre, iniciada em maio de 2010.

2h13min de quinta-feira entramos na barra de Rio Grande, baixamos os panos, o vento ficou contra e mo-toramos até às “cocheiras”, junto ao terminal de pesca e fundeamos após 72 de navegação. Tomamos umas cachaças para comemorar e fomos dormir de verdade.

Lá pelas 9h30min tomamos café e seguimos para o Rio Grande Yacht Clube onde já tínhamos nossa vaga providenciada pelo amigaço Guto, que sempre nos é tão prestativo. Nes-sa noite (quinta-feira) fomos jantar em São José do Norte no restaurante Brisa Mar (dica do nosso Cmt) com a tripulação do Durney. Na sexta-feira pela manhã a previsão de vento SE forte se confirmou, resolvemos partir para a Lagoa prevendo uma navega-da bem rápida, e assim foi!

Lá pelas 12h30min já estávamos no través do Porto Velho, trajeto com visual sempre muito bonito, muitos pesqueiros com seus tripulantes na faina. Depois de vencer o Canal Mi-guel da Cunha, abrimos 3/4 da ge-noa que já era suficiente para o Ria-cho Doce fazer seus 6,5 a 7,0 nós e não atrapalhar a visão do famigerado Canal da Feitoria e suas milhares de estacas cravadas nas suas margens.

Pelas 17h30min estávamos qua-se no final do canal perto da Ilha Ma-rechal Teodoro, encontramos dois grandes navios dentro do canal. O maior de nome Santa Phoenix estava encalhado e o outro, um vermelho (certamente para o Pólo) estava com âncora dentro do canal, talvez para frear e não bater no outro navio. Neste trecho o canal faz uma curva que deixou o vento que já era leste, bem contra, e como era forte, jogou

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o navio para o barranco.Já estávamos com o motor, e nas

proximidades do navio Santa Phoe-nix tivemos dificuldade de vencer a correnteza seguida de muitas ondas desencontradas, devido ao estrei-tamento da passagem d´água com aquele casco enorme bloqueando a metade ou mais do canal, tivemos que respeitar o canal para não enca-lharmos também. Não fazíamos mais de 2 nós naquela situação.

Vencido então o Canal da Feito-ria, a noite chegou e pudemos nova-mente velejar aproveitando aquele ventão. Durante a noite cruzamos os faroletes: Vitoriano, Dona Maria, Desertores e no clarear do dia o Ar-quiteto. A esta altura o barco fazia 8 nós, somente com a genoa, já com ondas altas e tentando atravessar. Reduzimos então, pela metade, a genoa. Mesmo assim o Riacho Doce fazia de 6 a 7 nós e, após mais uma hora, com o vento aumentado, redu-zimos mais ainda a vela. Chegou a um ponto em que o piloto automá-tico não deu mais conta, pegamos o timão e “segue o baile”. Com o cres-cimento do vento e das ondas, para proteção do equipamento, reduzi-mos a genoa para não mais do que 4 m². Mesmo assim o veleiro seguia a mais de 5 nós.

Nesta altura as ondas já estavam assustadoras, ou embarcavam no co-ckpit por barlavento pela quebra da onda ou por sotavento, pela inclina-ção do barco. Quando nos demos conta a Lagoa estava um caos, ondas enormes e um vento assustador. A chuva ou os borrifos das ondas pare-ciam nos apedrejar!

Então recolhemos aquele “tra-po” de vela porque quando entrava a rajada do vento o barco estremecia todo e tentava atravessar. Foi acio-nado o motor e acertamos uma ro-tação que permitisse o controle (ou quase) do barco, já que no momen-to estávamos entre o Farol de Itapuã e o saco de Tapes e não queríamos perder altura a sotavento. Foi aí que

o bimine rasgou suas duas primeiras partes. Cortamos as tiras e o amarra-mos para não voar o resto.

Havia momentos em que o leme do barco parecia trancado de tão pe-sado, e momentos em que estava tão leve que parecia tê-lo perdido. O ge-rador eólico ficou travado, seu freio atua com ventos muito fortes. O hé-lice, por vários momentos “cavitava”. Para ler a bússola, era preciso passar os dedos constantemente como um limpador de parabrisa.

Nosso “Wind” (marcador da ve-locidade e direção do vento) que-brou antes da viagem, não podemos saber exatamente sua velocidade na-queles momentos, mas com certeza se aproximou dos 50 nós, quem sabe um pouco mais.

É seguro dizer que foi nosso “record” de vento. Aquele quadro que visualizávamos, só conhecíamos através de filmes e vídeos de storm no youtube! Por sorte não ocorre-ram descargas elétricas...

Naquele caos, sobe, desce, es-toura onda, gritei para o Paulo: “Já estou vendo os morros de Itapuã!” Depois, analisei melhor e corrigi: “Não são morros nada, são ondas enormes que desenham o horizon-te...” Noutro momento gritei: “Pau-lo, perdi o rumo.” Não sei como ele conseguiu permanecer dentro do

barco, olhar o plotter e me orientar para acertar o rumo.

Com toda aquela água o GPS, junto à bitácula, estava inoperante. Naquela confusão o Cmt Paulo mur-murou, ele sempre é muito calmo, pensei que esta onda iria passar por cima do Barco de tão grande.

É muito difícil medir ondas, mas com certeza as maiores tinham aci-ma de 3 metros, porém muito curtas, o que resultava em uma elevação muito acentuada, quando estourava a crista o ruído era muito forte, era um turbilhão.

Enfim, passado o pior momento, embora com ondas ainda altas, mas mais regulares, restabelecemos a nor-malidade a bordo, abrimos a genoa e seguimos a 7 nós rumo ao Farol de Itapuã. Batemos algumas fotos para baixar a adrenalina e recolocamos o Riacho Doce no piloto automático.

Tivemos o mesmo pensamento e exclamamos: “Ufa, dessa escapa-mos legal!” Na chegada ao Veleiros do Sul, sábado à tarde, às 17h17min, completamos mais 28 horas de na-vegação e soubemos que os ventos chegaram a 90 km/h ou 48,6 nós, comprovando nosso sufoco!

Veleiro Riacho Doce

Delta 36Paulo Silveira / Luiz Pureur

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houve tempos em que as em-barcações de pequeno porte também eram utilizadas para

longas travessias oceânicas, geralmen-te a vela. Esses veleiros, além de for-tes, deveriam possuir um desempe-nho equilibrado que proporcionasse aos navegantes, além de velocidade, conforto no deslocamento. Ocorre que essas duas qualidades não cres-cem juntas. Parece que a soma: “ve-locidade (performance) + conforto” é constante. Ou seja, quando se privile-gia a velocidade, o conforto “vai pras cucuias”.

O “conforto”, presente nessa e -qua ção, não significa boas acomoda-ções e utilidades dos espaços existen-tes, mas um deslocamento confortável, sem vibrações, sacudidas e balanços. Mais ou menos a diferença entre estar em um berço ou em uma rede nor-destina e estar no interior de uma má-quina de lavar roupa... Ligada.

Durante o mês de outubro passa-do tive a oportunidade de experimen-tar dois veleiros modernos em viagens longas pelo mar. A primeira, em um

45 pés, capitaneado por um experien-te navegador, foi de Porto Alegre até Angra dos Reis. A segunda, em um 36 pés, com o mesmo capitão, foi de Fer-nando de Noronha até Ilhabela.

Nessas viagens pude observar que a opção por mais velocidade é uma característica dos projetos de maior sucesso no mercado. São barcos com excesso de flutuação e por isso qua-se não mergulham no mar, fazendo a trajetória do barco reproduzir as imperfeições da superfície da água. Isso exige da tripulação, além de boas condições físicas, muitos cuidados na vida a bordo. Cada movimento deve ser estudado previamente para não se desequilibrar, sofrer quedas, batidas e não quebrar coisas.

Assim, apesar de todo um estilo lindo, aparentemente ergonômetro, até mesmo luxuoso, a navegação longa com esses barcos, por vários dias, acaba sendo desconfortável. Tudo indica que são os proprietários dessas embarcações os responsáveis por esse estilo de demanda. São eles que traçam o perfil de seus sonhos

Veleiros modernosPor Plínio Fasolo

de consumo. Geralmente são pessoas sem tem-

po que farão uso de seus barcos em regatas festivas ou em passeios curtos, de preferência em águas abrigadas, não ultrapassando um fim de semana, já que os seus compromissos exigem a sua presença na próxima segunda-feira.

Caso necessitem o translado de seus barcos para portos distantes con-tratam um skipper. Foi como auxiliar de skipper que tive oportunidade de experimentar esses barcos. São mara-vilhosos em águas tranqüilas e ventos calmos.

Outro indicador que apóia a mi-nha leitura sobre esse fenômeno é o fato de não ter encontrado em ne-nhum desses barcos uma torneira de água do mar em suas cozinhas. Lavar todas as panelas só com água potável é um luxo de quem vai permanecer pouco tempo embarcado.

Se eu gostaria de possuir um des-ses veleiros? Claro que sim. E faria o mesmo. Caso necessitasse viajar... Con trataria um skipper.

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