os tecnólogos e o uso das línguas technologists and the use of languages 1998

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  • 8/6/2019 Os tecnlogos e o uso das lnguas Technologists and the use of languages 1998

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    1998 III CONGRESSO LUSO-ESPANHOL DE LNGUAS APLICADAS S CINCIAS APLICADAS SCINCIAS E TECNOLOGIAS, 10-14

    Antnio Jos Faria Raimundo, Escola Superior Agrria de Santarm, Sector de Engenharia Agro-alimentarQuinta do Galinheiro, S. Pedro, Apartado 310, 2004 Santarm CODEX, Portugal

    Os tecnlogos e o uso das lnguas

    1. No incio era o brinquedo

    O meu de ponto de vista (que vem, em parte da utilizao do ingls) o de um tecnlogo, um utilizador semi-autodidacta da lngua nos seus aspectos ligados tecnologia, ou s diversas tecnologias e que j utiliza a lnguainglesa desde cedo na vida (desde a primeira memria). E... de pequenino que se torce o pepino.Provavelmente, a primeira tecnologia com a qual contactei foi a tecnologia da brincadeira. A maior parte dosprimeiros brinquedos que conheci eram de origem britnica ou mesmo inglesa. Sem o suporte de legislaoexigindo instrues em Portugus. As miniaturas de viaturas automveis, as miniaturas de animais, seres humanos,etc. Brinquedos menos sofisticados do que actualmente e em menor quantidade. Eram preciosidades exerciam afascinao que todos eles exercem representavam a liberdade de construir um mundo,

    representavam.aventuras, aprendizagem/simulao da realidade e de outras realidades um mundo fcil semtecnologia/sem cincia, sem fisiologia, sem problemas sociais, sem...

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    2. Na idade das perguntas

    Na idade das perguntas h a conquista mais real do mundo exterior de acordo com os seus cdigos, dogmas,situaes. H a conquista dos porqus. H a fala, lngua e crescimento mental e possibilidade de identificar

    diferenas, "anormalidades".... outras lnguas, outras realidades, outros mundos. Com a BD, mesmo sem se lerem, ashistrias entendem-se...para que servem as letras? At porque sem ler, se aprende a entender as histrias desde quehaja um adulto simptico. Depois a televiso, o cinema, os filmes de animao...e, em muitos casos, legendas umasletras...e no se entende nada do que se fala? Mickey Mouse...um rato? Bonanza...Cowboys...Flintstones...

    Beatles...Elvis...007(?)...Land Rover...e etc.

    3. a e i o u ououaei...leitura...escrita

    Slabas e palavras. Pensamentos que ficam, que se podem utilizar no futuro. E l-se, ao ler-se sentem-se coisas, hmais acontecimentos, conhecem-se coisas, estrias...passado...outras vidas, que no esto ali, mais aventuras e a BDat "diz mais" !!!! Segunda classe...p ante p...e (n)os brinquedos o que aquilo? Tambm se l neles!!!!

    Matchbox...? Made in England...? Made in Great Britain e made in Japan??? E mais aventuras. Outro pas? E

    porque se diz de forma diferente, quando se quer dizer a mesma coisa? E made in Spain? Aqui to perto??!!!!Continua a lista: Corgi toys...Timpo toys...mais mades. Tudo isto...ingls...outra lngua??? H mais que uma?!Isto torna-se complicado.

    4. Com mais idade e mais longe

    Fao uma viagem. At um outro pas. Um novo mundo. Tambm ele incompreensvel...pelas lnguas

    faladas...africanas, europeias...o ingls. As diferenas entre lnguas. As diferenas entre pessoas. Descoberta...oingls tambm e uma lngua traioeira:

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    enough = inf

    ghoti =fish

    etc. e etc. E ainda preciso conhecer a forma como os escoceses, os irlandeses e alguns ingleses falam o dito ingls.

    Parece que ao nvel do ingls...pelo menos falado, tambm h desigualdades.

    5. Amadurecimento

    medida que se cresce, evolui-se na nossa (prpria) lngua, o vocabulrio aumenta. Os conceitos abrem-se. Noingls tambm. Na literatura, na tecnologia, na cincia, em termos humanos,...na televiso...na BD. Comea a ter-seuma vantagem...h outro mundo...h muita-mais informao disponvel. H tanta gente a falar ingls. O ingls"igualiza" todos/muitos o falam (mesmo se de modo diferente)...todos se exprimem...todos podem provar o quevalem, ou o que so. Os adultos j nos pedem ajuda!!!!! At em tecnologia...carros, electrodomsticos, informao,compras, mercearia...Quem tem boca vai a Roma e com o ingls chega mais depressa.

    6. Regresso (a Portugal), o liceu

    Regresso a Portugal, mas com muita mais informao mo. Dou-me com o francs e a sua gramtica!!!??Uuffffa!!!! Apresenta alguma complexidade e aprende-se estudando em livros. O ingls aprendeu-se combonecos....e com a experincia. qualquer coisa que vale de muito pelo que a lngua lngua inglesatem dedogmtico, como, por exemplo, enough (j anteriormente referido) Leicester Lancashire... Palavras compostas ...que agradvel ... shoemaker, horseshoe, landmark, Landrover.... Lembro-me de - por ter aprendido por experinciaprctica, por ter utilizado a lngua - que, chegada a Portugal (algum tempo depois) me perguntaram os pronomespessoais, que eu disse no saber o que eram. Mas, numa prova que se seguiu, em que havia espaos a preencher, emque no se falava em pronomes pessoais, todos os pronomes pessoaia saram nos locais certos. Descubro, tambm, aforma como alguns portugueses tratam a lngua e a usam em seu proveito, e a influncia da lngua inglesa na lnguaportuguesa. J, at em assuntos tcnicos:

    rugby = raguebi = reiguebi

    xulipa = sleeper

    scooper= escopre

    etc.

    7. Faculdade

    A escolha: biologia? = ingls ou americano, etc.; agronomia? = entre outras, tambm ingls; medicina veterinria?

    = muito ingls....ou americano!!!!! Etc.No desenrolar do curso a grande vantagem do conhecimento da lngua inglesa nota-se. Muita informao, at certoponto, nunca de mais. Ganha-se tempo, no preciso traduzir, l-se directamente, se possvel pensando em ingls.H contudo, um novo salto na lngua. Aprendo novo vocabulrio...muito dele tcnico....que, aprendendo-se umavez, fica: bioqumica, fisiologia, anatomia, nutrio, cirurgia, reproduo, tecnologia de transformao de alimentos,entre muitas outras.

    8. O trabalhador e o ingls, uma ferramenta a srio

    Comeamos a trabalhar e pensamos que deixmos de apreender, aprender, conhecer a uma velocidade muito maislenta. Mas...formamo-nos continuamente em termos humanos. Formamo-nos continuamente em termostecnolgicos. Formamo-nos continuamente em inglsDescobrimos novas perspectivas; novas reas reas dentro de reas; pormenores tecnolgicos, que nos permitemuma evoluo muito mais marcada. A lngua inglesa ajuda imenso, aumenta essa nova dimenso. Se at aqui havia

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    vantagens, h tambm, a nvel profissional algumas desvantagens. -se relaes pblicas, relaes internacionais...eh o acrscimo correspondente em trabalho (mais uma funo....dentro das outras).Tambm mais fcil aguentar o emprego...o mundo do trabalho internacional...global. A tecnologia (animais,equipamentos, know-how, etc.) importada. Mas, a tecnologia tambm sensibilidade. Pode-se aprender s comlivros mas, no chega. H que importar (ou exportar) a sensibilidade. O ingls ajuda. Contactos com outros colegasde outros pases...viagens. Com o ingls pode-se perguntar um pormenor, tirar uma dvida, durante uma visita a

    uma fbrica, a um laboratrio, a uma explorao/quinta...Constatao!!! M!!!... Na minha rea tecnolgica, aonvel dos tcnicos, at ao nvel dos meus alunos (tcnicos/tecnlogos actuais) no nos comparamos a outros nonmero de autctones que falam/lem ingls a srio, do produtivo, o que vale $$, o que decide da vida e damorte...a competio. E os nossos colaboradores/auxiliares (que em muitos outros pases tambm o falam,usam)???!!! Isto impede-nos de pertencermos ao clube global, em que falamos, comunicamos, produzimos literaturatecnolgica, tiramos dvidas em directo, pertencemos mesma aldeia (uns mais filhos, outros mais enteados),fazemos uma famlia (em que todos ralhamos e ningum tem razo), somos colegas...nem que seja distncia...descomplexamo-nos.

    9. Como docente

    Pelo que se disse anteriormente, o panorama ao nvel da lngua inglesa pode parecer confrangedor.

    Alunos/estudantes de alguns pases, muitos, ao contrrio de ns, usam o ingls como ferramenta produtiva ecompetitiva e esto bem informados. O professor, em princpio, ensina a aprender d os pontos dum mapa, naqueleestado de evoluo da cincia e da tecnologia e do que se prev que venha a acontecer, a usar-se. A tecnologia novem em pacotes, uma nuvem que preciso agarrar. O manual.. j no tanto de hoje. A tecnologia estaracordado. O ingls permite-o, a lngua franca dos tecnlogos na minha rea tecnolgica. Um aluno/estudante jno pode ser um ser comandado, tem de definir-se, tem de ser um aprendiz de pesquisador e um utilizador deinformao tecnolgica. Informao tecnolgica a usar para a mudana permanente, para a vantagem que mantmou faz aparecer o rendimento, a resoluo da vida, nos seus mais mltiplos aspectos. Sem as lnguas...???Dvida??? Desasossego??? No existem!!! H uns apontamentos, h um manual limitador, no uma percepo dosassuntos. Isto acontece, tambm, porque Portugal no o melhor local para publicar livros, apesar de ter realidadestecnolgicas que deveriam existir publicados em livros evolutivos/actualizveis.

    10. O tecnlogo e o uso da lngua

    Em parte j deduziram qual , qual ser. No entanto, a relao no assim to fcil. Meat science and technology =cincia e tecnolgia da carne, mas no assim. Por exemplo, o conceito de cincia da carne no facilmentereconhecvel em portugus pelos tecnlogos. Outro exemplo, o conceito de tecnologia da carne varia nas duaslnguas. Tecnologia da carne em portugus (ou no sentido/traduo que lhes dada pelos tecnlogos portugueses)significa transformao de cames. Transformao de carnes, em ingls, traduzir-se- por meat processing. Frio, emportugus, no facilmente tecnologia...a diz-se tecnologia do frio. A traduo pode-se tornar difcil e vai-sefazendo com o tempo. um processo lento e inacabado, como disso exemplo a traduo de hazard analysis andcritical control points. Ou, traduzamos l manufacturing meat quality, e vamos l ver at que ponto entramosnalguma subjectividade. No esqueamos, tambm, que os tecnlogos utilizam meios informticos. A confusodiria poder instalar-se, tal como noutras profisses se instala.

    O ingls e o pensamento do seus utilizadores, em tecnologia, eminentemente prtico, ao contrrio do que acontecenos meios cientficos e dos tecnlogos em que a cincia vem de cima para o homem/mulher que vive e trabalha nestarea. Da, tambm, talvez fosso entre os utilizadores e os cientficos" em Portugal. Os conceitos/termostecnolgicos derivam de conceitos e observaes tcnicas de populares/operrios. So exemplos disso os conceitosde carnes PSE(pale, soft, exsudative),DFD (dark, firm, dry) , DCB (dark cutting beef) em fresco e o conceito decold shortening. Termos que resultam duma observao directa da carne, duma traduo - para quem conhece - quemuito bem explica o que se v e o que , sem qualquer sofisticao desnecessria. O mesmo se poderia apontarrelativamente denominao de halothane gene, gene do halotano, que noutro tipo de cultura, noutra lnguaadquiriria uma denominao bastante mais complicada, de certeza. Da, tambm, talvez fosso entre os utilizadores eos cientficos" em Portugal.

    11. O afecto...e o ingls

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    Para comear, os hooligans....peo desculpa!!! A tecnologia competitividade...o ingls tambm o . A tecnologia, tambm, relaes humanas. Por outro lado, escusavam de ter cvindo, eu podia ter gravado a minha apresentaomandar-vos uma cassete. Mas a tecnologia uma actividade, por enquanto, humana. E depende - mas muito - docontacto humano da troca de experincias e de prazer...com desafios. A cassete neste caso pouco prazer daria,quando comparada com esta reunio e, espero eu, com a minha apresentao do tema.Em termos humanos e de afecto, foi em ingls que eu conheci dos textos cientficos contemporneos (Callow, anos

    20 30) mais antigos acerca das tecnologias em que gosto de trabalhar. O ingls fez-me pensar como e com algumque aqui no est. Permitiu-me, como disse anteriormente, viajar no tempo. em ingls que eu tenho conhecido pessoas de diversas nacionalidades que atravs da tecnologia vim a contactar.Percebe-se que importante conhecer a nossa lngua s assim possvel conhecer bem o ingls. Percebemos quetambm h agricultores/criadores de animais no Reino Unido e noutros locais onde o ingls falado. Entendemosque eles tm algumas das caractersticas de todos os rurais. Mas, a sua lngua e um backgroundcultural traduzem-seem alguns aspectos que s vezes, na nossa sociedade nos passam ao lado, como so, por exemplo, o bem-estaranimal.Afecto alguma da paisagem inglesa...o five-oclock tea...o conceito e a realidade do helpful...o userfriendly...o

    fairplay. Ingls e liberdade...a libertao da Europa...oD day. Bye bye - que desde pequeno oio dizer.

    12. O futuro

    Toysrus, orConcentra, or- mesmo sem direitos humanos, e sem segurana social, e menos emprego, mas apreos demasiado convidativos - ormade in China.

    Obrigado,bye bye!