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PALAVRA DO TUTOR

Tutor Pet-Odonto

Prof. Dr. Adriano Mota Loyola

Membros do grupo Pet Odontologia 2015

Alessandra Miranda Soldi

Aline Ferreira Borges

Ana Carolina Hanaoka Ibituruna

Ana Cecília Teodoro Schettini

Bianca Silva Costa

Bruna Alves Paes Leme

Júlia Medeiros

Lucas Lemes Queiroz

Lyzandra Lima Morais

Mariana Moraes de Mattos Motta

Michele Borges Silva

Pamela Nunes Silveira Ferreira

Tiago Augusto Quirino Barbosa

DiagramaçãoAdriana Cardoso

Impressão e AcabamentoGráfica e Editora 3A Ltda.

Imagem da CapaShutterstock

Tiragem: 1.000 exemplares

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL - PET-ODONTO UFUEndereço: UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIAAV. PARÁ 1720, CEP 38400-902 - CAMPUS UMUARAMA, CENTRO DE CONVIVÊNCIA, SALA 7 - TELEFONE 34 3218 2131 (COCOD).Site: www.pet.fo.ufu.br

SUBMISSÃO DE TRABALHOS E REPORTAGENS- Máximo 05 páginas, em arquivo .doc- Margens sup 3,0cm, inf 2,0cm, laterais 2,0cm- Fonte arial, tamanho 12, espaçamento duplo- Imagens em arquivo jpg ou tiff.

ENVIO ELETRÔNICO PARA:[email protected]

Editorial

Mais uma vez , o Grupo PET-Odontologia traz à você, estudante e professor, outro volume da Revista PET-Odonto. Com o mesmo espirito que tem norteado as propostas anteriores, de fazer da revista um meio de divulgação e discussão de ensino, pesquisa e extensão no âmbito da Faculdade e de nossa formação acadêmica, colocamos a sua disposição artigos científicos sobre temas relevantes em odontologia, incluindo casos clínicos, opiniões profissionais, e também reflexões sobre atividades complementares a formação profissional. Cabe salientar, de forma muito oportuna, a entrevista com um ex-componente do PET que nos brinda com suas percepções no enfrentamento dos desafios profissionais e pessoais no inicio de carreira. Chama a atenção, na sua resposta à última pergunta, o “conselho” direcionado aos alunos: “Mesmo que você não goste de alguma disciplina, não deixe-a de lado na graduação, no mercado de trabalho você irá precisar de todas elas para planejar os tratamentos de seus pacientes.” Dentro deste espírito, o grupo PET-Odontologia reafirma sua vocação de contribuir no cenário acadêmico da formação profissional, viabilizando um espaço de discussão permanente sobre o desenvolvimento do curso, em especial naquilo que interessa ao enfrentamento das reais necessidades de saúde bucal da população. Para tanto, entendemos que é fundamental participar. Assim, como tutor, e em nome do grupo, reforço o convite à comunidade docente para que continue dando a sua inestimável contribuição no processo de construção de uma formação profissional critica. Paralelamente, chamamos a atenção da comunidade discente para que participe mais ativamente deste processo, externando suas percepções, críticas, sugestões e propostas para que a nossa contribuição possa ser mais produtiva e includente. É com este propósito que olhamos para 2016. Vamos juntos?

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Sumário

Extensão

Atendimento a pacientes portadores de implantes - Dificuldades e insucessos em Próteses Implantadas...............5

Liga de Odontologia Oncológica (LOO).............................................................................................................................8

Liga de Anatomia Dento-Alveolar (LiADA).......................................................................................................................10

Pesquisa

Toxina botulínica: uma opção para controlar os sintomas do bruxismo – Revisão de literatura .................................12

Lesões cervicais não cariosas e hipersensibilidade dentinária – considerações Clínico- científicas...........................14

Reabilitação da maxila com implantes dentais associados a reconstrução pré-implantar com enxerto homógeno......19

A saúde bucal dos idosos ...............................................................................................................................................22

Caso Clínico

Reabilitação protética pós-cirúrgica de tumor marrom do hiperparatireoidismo: Relato de caso...............................23

Experiências do grupo PET

Intercâmbio estudantil: Vivendo e aprendendo com essa experiência!......................................................................25

Entrevista com ex- Petiano membro do grupo no período de 2008 a 2010..............................................................27

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Extensão 5

Extensão

ATENDIMENTO A PACIENTES PORTADORES DE IMPLANTES - DIFICULDADES E INSUCESSOS EM PRÓTESES IMPLANTADAS

Flávio Domingues das Nevesz

Caio César Dias Resende**

Frederick Khalil Karam**

Lucas do Nascimento Tavares**

Gustavo Mendonça***

Karla Zancopé****

Leandro Maruki Pereira*****

Em 1994 três professores do então curso de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (Profas. Dras. Cristiane Pacheco Ribeiro e Maria Aparecida de Oliveira Campoli – parte cirúrgica e o Prof. Dr. Flávio Domingues das Neves – parte protética), fizeram especialização em Implantodontia com o intuito de trazer esta área do conhecimento para o curso. Em 1996 teve início o primeiro curso de aperfeiçoamento em Implantodontia em Uberlândia-MG.

Em 1998, após dois anos de inicio do primeiro curso de Aperfeiçoamento em Implantodontia da UFU, foi criado o Projeto de extensão: “Atendimento a Pacientes Portadores de Implantes – Dificuldades e Insucessos em Próteses Implantadas” coordenado pelo prof. Dr. Flávio Domingues das Neves. Esse projeto nunca deixou de funcionar e é conhecido hoje como: “centrinho de Prótese sobre Implante”, embora o título oficial nunca tenha sido alterado. Nesta ocasião também foi aprovada a primeira Iniciação Científica da Área de Oclusão, Prótese Fixa e Materiais Odontológicos, orientada pelo Prof. Dr. Alfredo Júlio Fernandes Neto e co-orientada pelo Prof. Dr. Flávio Domingues das Neves. O acadêmico Gustavo Mendonça, auxiliado pelo colega Tomaso de Lyra, fizeram o acompanhamento longitudinal dos primeiros 209 implantes em 86 pacientes atendidos nos primeiros cursos, trabalho que seria publicado em 2001.

Fig. 1

Fig. 2

Fig. 3

Fig. 4

*Professor associado IV da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia**Aluno de pós-graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia***Professor assistente da Universidade Católica de Brasília****Aluna de pós-doutorado da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia*****Mestre em clínica odontológica pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de UberlândiaE-mails: [email protected]/[email protected]/[email protected]

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Extensão6

Fig. 5

Figs. de 1 a 5 mostram o primeiro caso clínico finalizado no “centrinho de próteses sobre implantes “ realizado em 1998 pelo então acadêmico Gustavo Mendonça – Hoje professor na Universidade de Michigam-EUA.

Este programa de extensão, era um espaço aberto para resolver problemas que eventualmente ocorriam em decorrência dos cursos, mas que também atendia pacientes, da cidade e região, que apresentavam algum problema relacionado a próteses implantadas, independentemente do local onde os implantes tivessem sido instalados. Graças a esta abertura, o grupo de professores envolvidos tiveram acesso a diferentes sistemas de implantes, os mais variados problemas biomecânicos e obviamente experiência clínica impar para resolução de casos complexos. De tal forma que quatro professores do Programa de pós Graduação da Faculdade de Odontologia da UFU na linha de Pesquisa Implantodontia e Prótese sobre implante, estão neste projeto (Prof. Dr. Flávio Domingues das Neves, Prof. Dr. Célio jesus do Prado, Profa. Dra. Leticia Resende Davi e Prof. Dr. Paulo César Simamoto júnior), sendo que os dois últimos participaram dele ainda como alunos de graduação.

Fig. 6

Fig. 7

Fig. 8

Fig. 9

Fig. 10

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Extensão 7

Figs. de 6 a 10 mostram uma das urgências resolvidas pelo grupo. Fratura de implante instalado em cidade vizinha a Uberlândia.

O número de atendimentos neste período (cerca de 17 anos e meio) foi de 174 atendimentos de urgência, aliviando dores, desconfortos e inseguranças. Entretanto também foi o primeiro espaço utilizado para que alunos de graduação pudessem atender pacientes de próteses implantadas, tendo isto ocorrido já no primeiro ano de funcionamento. Assim também deve ser salientado que neste tempo cerca de 370 casos clínicos foram realizados por alunos de graduação, e eventualmente de mestrado e doutorado. Destes casos onze situações foram publicadas em revistas especializadas e mais de 150 apresentados em eventos científicos. Hoje, cerca de 25 Mestres, uma doutora e 216 cirurgiões dentistas formados passaram nestes últimos dezessete anos pelo referido projeto.

Fig. 11

Fig. 12

Fig. 13

Fig. 14

Fig. 15

Figs. de 11 a 15 ilustra uma fratura de parafuso resolvida, caso que aparece em dois capítulos de livros.

Atualmente a referida extensão, conta com quatro docentes, uma pós-doc, três doutorandos, 3 mestrandos e 18 alunos de graduação com 8 pacientes em fase de tratamento, mais as urgências que são prioritariamente atendidas. Funciona como sempre funcionou, às quarta feiras das 18:30 às 22:00 no Bloco 4T do Hospital Odontológico, que juntamente com alguns projetos, subsidiam as necessidades de instrumentais e materiais para que os procedimentos possam ser realizados.

Fig. 16

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Extensão8

Fig. 17

Fig. 18

Fig. 19

Fig. 20

Figs. de 16 a 20 mostra um caso clínico de prótese implantada realizada no último semestre/2014, pelo mestrando Frederick Khalil Karam, e os então acadêmicos: Caio César Dias Resende e Lucas Tavares do Nascimento.

Interessados procurar o responsável pela clínica do dia, no horário e local acima mencionados.

LIGA DE ODONTOLOGIA ONCOLÓGICA (LOO)DISCENTES ATUANTES (VIGÊNCIA 2015 - 2016)

Joesla Marlene dos Reis Cabral Semedo*

Anaíra Ribeiro Guedes Fonseca Costa*

Eduvaldo Campos Soares Júnior*

Jéssica Brenda Rodrigues de Medeiros*

Larissa Gabrielle Lopes dos Santos*

Juliana Prado Domingues*

Fábio Franceschini Mitri Luiz**

A Liga de Odontologia Oncológica (LOO), projeto de extensão acadêmica, aborda temas na área da oncologia odontológica e atuação do cirurgião dentista frente ao paciente oncológico e no âmbito hospitalar. Nesta área, o cirurgião dentista realiza o tratamento do paciente com tumores na região do aparelho estomatognático e atua na preparação pré- e pós-cirurgica oncológica, minimizando ou eliminando a incidência de efeitos colaterais ou secundários locais aos tratamentos quimioterápicos e radioterápicos.

A prevenção e o diagnóstico precoce são os principais objetivos do profissional da área da saúde, portanto pacientes e profissionais devem ser preparados para a detecção do câncer em seus estágios iniciais, sendo orientados quanto à prevenção e à diminuição da exposição aos fatores de risco. Desta forma, a LOO se torna uma importante ferramenta no estudo, divulgação e prevenção das doenças e do câncer bucal.

A LOO conta com o apoio e parceria do Programa de Cuidados Específicos às Doenças Estomatológicas –

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Extensão 9

PROCEDE, a Secretaria Estadual de Saúde e a Secretaria Municipal de Saúde (Seção de Saúde Bucal). O programa possibilita o diagnóstico das doenças estomatológicas e contribui para a diminuição da morbidade e da mortalidade do câncer bucal, mediante a adoção de medidas preventivas em geral e o diagnóstico precoce.

Objetivos gerais

Ampliar o conhecimento na anatomia do aparelho estomatognático, área primária de atuação do cirurgião dentista, e na oncologia odontológica, enfatizando a aplicação clínica da anatomia odontológica no atendimento ao paciente oncológico, antes, durante e após o tratamento.

Objetivos específicos

• Realizar juntamente com FOUFU pesquisas científicas, projetos de extensão em benefício da sociedade em geral e principalmente do hospital do câncer;

• Desenvolver e publicar trabalhos de pesquisa cientifica relacionado à odontologia oncológica;

• Promover e participar de eventos e encontros científicos, sobre a importância da atividade multiprofissional em hospitais;

• Motivar o aluno do curso de odontologia, desde o início do curso, juntamente à equipe de saúde, especialmente os cirurgiões-dentistas, técnicos em higiene bucal e atendentes de consultório dental, a compreender e a importância da manutenção da saúde bucal e estimular os pacientes à realização do autoexame da boca;

• Promover ações que estimulem e auxiliem os alunos, juntamente aos cirurgiões dentistas do PROCEDE, no aprendizado e atuação na promoção da saúde das doenças estomatológicas, na suspeita e diagnóstico precoce do câncer bucal;

• Realizar atividades sobre prevenção do câncer bucal, através da orientação à população sobre autoexame e higiene bucal;

• Estender o conhecimento acadêmico sobre odontologia hospitalar;

• Realizar levantamentos epidemiológicos, acompanhamento e estudos de casos clínicos;

• Atendimento ambulatorial e de enfermarias dos pacientes oncológicos;

Metodologia

A Liga de Odontologia Oncológica (LOO) foi inicialmente composta por 12 (doze) membros discentes (Anaíra Ribeiro Guedes Fonseca Costa, Eduvaldo Campos Soares Júnior, Francyelle Pires Pimentel, Jéssica Brenda Rodrigues de Medeiros, Joelsa Marlene dos Reis Cabral Semedo, Juliana Prado Domingues, Larissa Gabrielle Lopes dos Santos, Laryssa Felipe Biasi, Letícia Vilela

Santos, Marcela Magna Gomes de Araújo, Marcelo Augusto Garcia Júnior e Merielle Rezende Batista), sob a coordenação do Professor Dr. Fabio Franceschini Mitri Luiz, da área de Anatomia Humana e professores colaboradores Dr. Dhiancarlo Rocha Macedo, Dr. Odorico Coelho da Costa Neto, Dra. Káren Renata Nakamura Hiraki, Dra. Liliane Parreira Tannús Gontijo, Dr. Ailton Amado, Dr. João César Guimarães Henriques, Dr. Sérgio Vitorino Cardoso e Dra. Rosana Ono, juntamente com os residentes do PROCEDE.

Os campos de atuação da LOO englobam o Hospital do Câncer de Uberlândia, Programa de Cuidados Específicos das Doenças Estomatológicas (PROCEDE), Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM) e a Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. A LOO realiza atividades voltadas para todos os acadêmicos da área da saúde sobre temas diversos na área da oncologia e estomatologia, participação em eventos científicos promovidos pela Liga, mesas de discussão, palestras e eventos científicos. Os projetos de extensão concretizados pela Liga têm por finalidade aproximar o meio acadêmico da sociedade, levando o conhecimento adquirido no meio universitário à comunidade, contando com a parceria do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG) e da Associação Brasileiro de Odontologia de Uberlândia (ABO).

Resultados e discussão

Os resultados obtidos e realizados pela Liga de Odontologia Oncológica (LOO) possibilitaram o desenvolvimento de muitas atividades voltadas tanto para a comunidade local quanto para a comunidade acadêmica, as quais nos trouxeram muita satisfação e troca de experiências.

Dentre estes eventos, participamos e organizamos fóruns científicos como o I Fórum Científico Interdisciplinar de Diabetes Mellitus, I Fórum Científico da Liga de Odontologia Oncológica, além da participação em eventos durante o mês de prevenção do câncer bucal do estado de Minas Gerais como a visita nas Unidades Crescer Conviver Rondon Pacheco e Laranjeiras, para abordar os temas relacionados aos cuidados com a higiene bucal e prevenção do câncer bucal .

Através dos resultados obtidos pela LOO, os membros têm orgulho em afirmar que seus objetivos e metas estão sendo cumpridos, trazendo a toda a comunidade informações sobre saúde bucal voltada para o câncer de boca, que é um tema pouco conhecido e abordado para a população, desenvolvendo inúmeras atividades voltadas para programas de educação em saúde com palestras e ensino sobre o autoexame.

Conclusões

A Liga de Odontologia Oncológica é um projeto de extensão inovador na abordagem do câncer bucal e atua realizando ações preventivas e educativas voltadas para a comunidade e para os profissionais da área da saúde, em especial o cirurgião dentista, enfatizando

* Graduandos de Odontologia Da FOUFU e membros da LOO. E-mail: [email protected]** Docente Adjunto I da área de Anatomia Humana. E-mail: [email protected]

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Extensão10

a sua importância na identificação das manifestações orais de doenças na equipe multiprofissional. As atividades educativas realizadas alcançaram o seu objetivo, chamando a atenção da comunidade quanto à prevenção do câncer de boca e à diminuição da exposição aos fatores de risco, aliados ao autoexame bucal. As atividades didáticas aplicadas aos graduandos em Odontologia despertaram o interesse para o estudo das lesões neoplásicas e os principais fatores predisponentes, contribuindo para a melhor formação deste profissional e a sua atuação clínica na prevenção e tratamento destas lesões.

LIGA DE ANATOMIA DENTO-ALVEOLAR (LiADA)

Ana Carolina Hanaoka Ibituruna*

Raquel Santos Sousa*

Fábio Fransceschini Mitri Luiz**

Discentes vigentes (vigência 2015-2016)Ana Carolina Hanaoka IbiturunaMarina Santos FaggioniRafael Breno Batista VieiraRaquel Santos SousaVanessa Araújo NavesCoordenador: Prof. Dr. Fábio Franceschini Mitri Luiz

A Liga de Anatomia Dento-Alveolar (LiADA) é um programa de extensão (PROEX, registros: 11783 e 13009) fundado por estudantes da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia, juntamente com o professor coordenador do programa.

No curso de Odontologia, um dos pré-requisitos básicos para a formação de um bom profissional é conhecer, de forma integral, não só a anatomia do órgão dentário, mas também todas as estruturas a este relacionadas. Diante disso, surgiu a ideia de criação da Liga como complemento do estudo, a fim de proporcionar aos graduandos da área formas interativas de aprendizado.

Dentre os projetos envolvidos têm-se a criação do site de Anatomia Dental e Radiográfica, que se encontra disponível na internet (www.liada.icbim.ufu.br), organização de eventos, palestras, minicursos e monitorias que envolvam o tema. O público alvo deste programa não é somente estudantes da faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia, mas sim todos os acadêmicos do curso em outras instituições, como também profissionais da área já formados.

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Extensão 11

*Graduandos de odontologia da FOUFU e membros da LiADA.**Docente Adjunto I da área de Anatomia Humana. E-mail: [email protected]

Os eventos que a LiADA promove normalmente ocorrem em períodos letivos e sempre tentam abordar assuntos de interesse e dificuldades dos alunos, com a presença de palestrantes capacitados que apoiam o programa. Entre eles se destacaram: I Fórum de Diabetes Mellitus (em parceria com a Liga de Diabetes Mellitus – LENDO e Liga de Odontologia Oncológica- LOO), Fórum Científico do Edentado Total, participações em semana de recepção aos calouros da FOUFU e eventos com parcerias do Programa Futuro Profissional Colgate e do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CROMG). Os trabalhos e realizações da Liga são também divulgados por meio de apresentações em congressos, como foi no CIOSP 2015, e jornadas acadêmicas locais e regionais.

A participação e envolvimento dos graduandos de Odontologia é de extrema importância para a concretização permanente do programa, por isso a LiADA está sempre de prontidão para atender às necessidades dos estudantes, através dos membros permanentes e colaboradores.

Atualizar e proporcionar uma formação complementar de qualidade é um dos objetivos principais da Liga, com o propósito de despertar em alunos e profissionais cada vez mais o interesse e conhecimento sobre esta ciência ampla, complexa e gratificante que é a Odontologia.

Através de suas atividades, a LiADA vem se tornando uma importante ferramenta na divulgação e atualização do conhecimento sobre a anatomia dental e estruturas adjacentes, anatomia topográfica e radiográfica, e anatomia clínica, esclarecendo os alunos da graduação sobre a importância do aparelho estomatognático na atuação profissional do cirurgião dentista, desde o seu ingresso na universidade.

Fotos de eventos da LiADA:

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Pesquisa12

Pesquisa

TOXINA BOTULÍNICA: UMA OPÇÃO PARA CONTROLAR OS SINTOMAS DO BRUXISMO – REVISÃO DE LITERATURA

JOÃO HENRIQUE FERREIRA LIMA*

PAMELA NUNES SILVEIRA FERREIRA**

JULIANA BISINOTTO GOMES LIMA***

ANDRÉA GOMES OLIVEIRA***

SIMONE MARIA DE ÁVILA SILVA REIS***

LUIZ CARLOS GONÇALVES***

Resumo: A toxina botulínica é uma substância produzida pela bactéria Clostridium Botulinum e o uso de tal substância abre ao cirurgião dentista uma nova opção para controlar os sintomas do bruxismo. O bruxismo apresenta etiologia ampla, onde os danos causados podem ser diferentes em cada pessoa, sendo assim, não possui tratamento específico, portanto, o cirurgião dentista deverá tratar e avaliar cada paciente de maneira individual. Na maioria dos estudos revisados, tais relatam que a toxina botulínica é uma forma de tratamento com resultados positivos, aliviando o apertamento e rangimento dental e também seus sintomas, como a dor muscular. O cirurgião-dentista possui conhecimento sobre as estruturas de cabeça e pescoço, podendo tratar patologias da face e da cavidade oral, de forma conservadora e segura, utilizando aplicações da toxina botulínica, desde que possua treinamento e conhecimento específico sobre a maneira correta do seu uso. Apesar de grande quantidade de resultados positivamente satisfatórios, a literatura relacionada ao assunto é um pouco escassa, sendo assim, será preciso estudos mais aprofundados para a consolidação do uso da toxina botulínica como tratamento do bruxismo. Dessa forma, este estudo tem como objetivo, realizar uma revisão de literatura para determinar se a aplicação da toxina botulínica em pacientes com bruxismo é efetiva, sendo o seu tratamento seguro e efetivo.

Introdução

O bruxismo é definido como uma desordem funcional caracterizada pela ação de ranger e/ou apertar os dentes, durante o sono ou estado de vigília (MONTE & SOARES, 2002)1. Rodrigues et al em 20062, acrescenta dizendo que é um dos hábitos parafuncionais com maior dificuldade de resolução na odontologia restauradora e define-o como associado a um estado emocional significativamente alterado, onde tal hábito, em alguns casos pode afetar dentes, periodonto, ATM e músculos, sendo que nestes últimos sua sintomatologia reflete como cefaleias tensionais sendo também estes pacientes acometidos por alterações comportamentais e psicossociais.

Segundo GAIDA, 20043 a etiologia do bruxismo não é precisa, alguns fatores são citados como desencadeadores, tais como: fatores emocionais,

interferências oclusais e distúrbios neurológicos. Porém, não existe uma explicação conclusiva para seu aparecimento.

Dentre as inúmeras formas de tratamento, tais como as placas oclusais, os medicamentos e as terapias comportamentais, sabe-se que não têm mostrado nenhuma solução totalmente eficiente. Com isso, a toxina botulínica, uma substância produzida pela bactéria Clostridium Botulinum, ganha espaço e se mostra como uma terapia complementar para o tratamento do bruxismo. Será realizada uma revisão bibliográfica sobre o tratamento do bruxismo associado com a toxina botulínica e as placas oclusais, verificando assim a efetividade do tratamento.

Materiais e Métodos

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, análise e interpretação de livros, artigos recentes de revistas e jornais científicos e documentos eletrônicos. Tendo como base de dados eletrônicos Medline, Pubmed e Google acadêmico. Como critério para seleção dos artigos, estabelecemos que os estudos deveriam relatar os efeitos da toxina botulínica no tratamento do bruxismo, mas, também foram selecionados estudos citando drogas ou desordens sistêmicas, relatos de casos e estudos clínicos.

Revisão bibliográfica

Em exposição aos estudos sobre o bruxismo, ainda existe algumas controvérsias, mas no caso da natureza de sua etiologia, existe um acordo ao tratar o bruxismo como sendo multifatorial, onde pode ter associação ao stress, distúrbios comportamentais (ansiedade, depressão), deficiências nutricionais (magnésio, cálcio, iodo e complexos vitamínicos), má oclusão dentária, manejo dentário incorreto, problemas no sistema nervoso central, consumo de drogas com ação neuroquímicas, fatores genéticos (MACIEL, RN,2010)4. As causas são multifatoriais, muitas pesquisas chegam a resultados duvidosos e precisam de maior atenção (LOBBEZOO,2006)5.

Como efeitos sintomáticos o bruxismo apresenta uma grande quantidade de documentação na odontologia. E estes efeitos são divididos em: (1) efeitos sobre a dentição, (2) efeitos sobre o periodonto, (3) efeitos sobre os músculos mastigatórios, (4) efeitos na articulação temporomandibular, (5) dor de cabeça, e por fim (6) efeitos psicológicos/ comportamentais (GLAROS e RAO,1977)6.

Inicia-se em 1980 os estudos em humanos (AMANTÉA et al,2003)7, utilizando as neurotoxinas botulínicas, consideradas substâncias naturais muito

* Prof. Dr. do Curso de Odontologia do Centro Universitário do Triângulo; Diretor/ Coordenador de Cursos de pós graduação do Instituto Dental Hall.E- mail: [email protected] ** Graduanda da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. E- mail: [email protected]*** Prof. (as) Dr. (as) Adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia.E- mails: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]

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Pesquisa 13

potentes (KATZ,2005)8, como método terapêutico. Os resultados foram positivos, e desde então, houve uma grande procura da substância e atualmente sua utilização terapêutica na odontologia é muito abrangente (JANKOVIC,1990)9.

Assim, é utilizada para monitoramento da cefaleia tensional; disfunção temporomandibular, dor orofacial, bruxismo, sorriso gengival, queilite angular, sorriso assimétrico, hipertrofia de masseter, pós operatório de cirurgias periodontais e de implantes, em pacientes braquicefálicos onde a força muscular atrapalha a mecânica ortodôntica e também na sialorréia (HOQUE; MC ANDREW, 2009)10.

As contraindicações se restringem a pacientes que sofrem de doenças neuromusculares, tais como: distúrbios de transmissão neuromuscular, doença autoimune adquirida, entre outros, além de pacientes grávidas ou no período de lactação, pacientes que fazem uso de aminogliconídeos ou que tiveram reações alérgicas à toxina botulínica.

É comercializada em frascos-ampolas esterilizados, onde sua potência é apresentada em unidades. A injeção da mesma possui dose e localização definidas (COLHADO, 2009)11, as quais são necessárias novas aplicações em períodos determinados, uma vez que depois de um determinado período de tempo o neurônio afetado pela toxina botulínica, volta a sua função normal (ARAÚJO et al, 2008)12.

A toxina botulínica vai atuar bloqueando a liberação de acetilcolina, substância que envia o sinal para o cérebro quando o músculo está em seu estado normal, e assim, o músculo não receberá o sinal para sua contração. Devido a essa paralisia temporária ou a redução significativa dos espasmos musculares, a toxina botulínica irá causar um alívio da sintomatologia, que é resultante de uma atividade muscular repetitiva (ALLERGAN,2005)13.

Ainda de acordo com AMANTEA et al (2003)7, os efeitos da toxina botulínica estão interligados com a frequência e a quantidade de dose. E algumas das complicações são: hipotensão, náuseas, vômitos, disfagia, prurido, síndrome que parece gripe, dificuldade na fala, falta de controle da salivação, fraqueza de músculos distantes ao sítio de administração da toxina.

Com os resultados satisfatórios a respeito da toxina botulínica, os estudos para avaliar os benefícios da substância em relação as disfunções orais aumentaram. TAN E JANKOVIC, em 200014 desenvolveram um trabalho com o intuito de mensurar a eficácia e as complicações da toxina botulínica no tratamento de pacientes com bruxismo grave. NARDINI et al, em 200815 efetuou uma pesquisa tendo como finalidade estimar a ação da toxina botulínica tipo no tratamento da dor miofascial em portadores de bruxismo. Enquanto, LEE et al, em 201016 realizaram um estudo com a pretensão de estimar o efeito da injeção de toxina botulínica no músculo masseter durante o bruxismo noturno.

Em todos os estudos revisados eles concluíram que a toxina botulínica é uma alternativa viável e que tem demonstrado ser eficiente, apresentando bons resultados em relação à diminuição dos sintomas do bruxismo.

Conclusão Na maioria dos estudos revisados, relataram-se

que a toxina botulínica é uma forma de tratamento com resultados positivos, aliviando o apertamento cêntrico e excêntrico bem como seus sintomas, como a dor muscular.

Embora seja grande quantidade de resultados positivamente satisfatórios, a literatura relacionada ao assunto é um pouco escassa, sendo assim, será preciso estudos mais aprofundados para a consolidação do uso da toxina botulínica como tratamento do bruxismo.

Referências Bibliográficas

1. MONTE, M. N.; SOARES, M. G. M. Bruxismo: etiologia e

epidemiologia. Revista do CROMG, v. 8, n. 1, jan./fev./mar., 2002.

2. RODRIGUES, C. K.; DITTERICH, R. L. S.; TANAKA, O. Bruxismo: uma revisão da literatura. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, 12 (3): 12-21, set 2006.

3. GAIDA, P. S. Bruxismo um desafio para a odontologia. 2004. 49 f. TCC (Graduação) - Curso de Especialização em Prótese Dentária, Departamento de Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

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Pesquisa14

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LESÕES CERVICAIS NÃO-CARIOSAS E HIPERSENSIBILIDADE DENTINÁRIA – CONSIDERAÇÕES CLÍNICO-CIENTÍFICAS

Paulo Vinícius Soares*

Fabrícia Araújo Pereira**

Lívia Fávaro Zeola*** Alexandre Coelho Machado***

Analice Giovani Pereira***

Devido a estratégias de promoção de saúde e as políticas públicas de saúde, doenças bucais, como cárie e doença periodontal, tiveram diminuídas suas prevalências. A atenção do clínico se voltou, então, para injúrias que ocorrem na cavidade oral, cuja etiologia não depende diretamente de microrganismos e da condição higiene bucal do paciente tal como as lesões cervicais não cariosas (LCNC) e a Hipersensibilidade Dentinária (HD). O entendimento de tais lesões desperta grande interesse por parte dos profissionais, pois a partir do momento em que apresentam exposição de dentina são gerados problemas bucais consideráveis, como Hipersensibilidade Dentinária (HD). Este texto é um resumo da palestra aberta ao público intitulada “Lesões Cervicais Não-Cariosas e Hipersensibilidade Dentinária – Protocolos de Tratamento e Perspectivas Clínicas” realizada no dia 24 de junho de 2014 no anfiteatro do Bloco 2A, Campus Umuarama da Universidade Federal de Uberlândia organizada pelo PET-Odonto, em parceria com DAHSa e Grupo de Pesquisa LCNC da FOUFU. (Figura 1).

Figura 1. Lesões Cervicais Não-Cariosas em Pré-molares Inferiores que apresentam exposição de dentina com hipersensibilidade (Acervo Programa de Atendimento Ambulatorial de Pacientes com LCNC e HD – FO.UFU)

Considerações Biomecânicas

A biomecânica estuda o mecanismo de ação dos movimentos nos seres vivos. No sistema estomatognático, os músculos são excitados pelo sistema nervoso e originam as forças necessárias à exercer os movimentos funcionais como mastigação, fala e deglutição. As demais unidades (ATMs, oclusão dentária e periodonto) representam os elementos passivos encarregados de receber e transmitir a ação das forças. O equilíbrio entre as forças exercidas pela musculatura oral (músculos da mastigação e peribucal) e pelos contatos oclusais mantêm a integridade das estruturas e representa o principal componente da homeostasia do aparelho estomatognático.1-3

Os esforços mastigatórios representam vetores de forças complexos e mesmo em uma oclusão considerada dentro dos padrões fisiológicos

normais, o carregamento e a distribuição de tensões sobre as faces oclusais são complexos. As variações anatômicas entre os grupos de dentes, a anatomia própria dos dentes posteriores caracterizada por várias vertentes inclinadas, os complexos movimentos mandibulares e os pontos de contato em posições diferentes em um mesmo dente podem gerar vetores de força altamente complexos durante o “simples” ato de mastigar. Às vezes, os músculos e as articulações toleram as mudanças, mas devido ao aumento da atividade muscular (bruxismo) ou desvios dos movimentos gerados por interferências oclusais, o elo mais fraco pode ser tanto as estruturas de suporte dos dentes quanto os próprios dentes. 3,4

O padrão de distribuição de tensão-deformação é dependente da magnitude e do local do carregamento. Contatos oclusais aplicados no longo eixo e bem distribuídos estão relacionados a uma adequada distribuição de tensão e deformação na estrutura dental, sem prejuízos para o dente e suas estruturas de suporte. (Figura 2)

No entanto, os tecidos dentários apresentam limites de resistência às tensões geradas em função do carregamento ao qual são submetidos. Em certos casos, dependendo da sua intensidade, direção e freqüência, as cargas oclusais podem comprometer a integridade destes tecidos. A intensidade da força torna-se especialmente crítica quando, ao invés de ser distribuída em todos os dentes, se concentra em um contato prematuro ou interferência oclusal, o que faz com que as tensões geradas neste dente ultrapassem o seu limiar de resistência. 5

Neste contexto, regiões e faces do elemento dental mais susceptíveis a concentração de tensão e deformação, como a região cervical, podem exceder os limites de resistência e romper-se micro e macro-estruturalmente. Assim, a perda de estrutura nessa região seria desencadeada. 6

* Coordenador do Grupo de Pesquisa LCNC, Professor da Área de Dentística e Materiais Odontológicos, FO.UFU. [email protected]. Autor Correspondente.** Doutoranda em Materiais Dentários FO.USP*** Doutorandos do PPGO-FO.UFU, membros do grupo de pesquisa LCNC FO.UFU

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Pesquisa 15

Entretanto, na observação clínica da presença de recessão gengival em grande parte das LCNCs outro questionamento em relação ao carregamento atuando na formação das LCNCs é levantado. Acreditando que o trauma oclusal possa ser responsável por uma reabsorção óssea com consequente perda de tecido de revestimento principalmente na face vestibular do elemento dental, a dentina exposta estaria totalmente sujeita a qualquer tipo de degradação, facilitando a perda de estrutura e formação de LCNCs.

Em relação a maior prevalência de pré-molares com LCNCs a justificativa para esta maior prevalência também é baseada na biomecânica. A constrição cervical que estes dentes apresentam gera maior concentração de tensão nesta região e também, a

menor espessura óssea encontrada na face vestibular destes dentes deixa-os mais suscetíveis a formação das lesões. E ainda, devido ao trespasse vertical encontrado na face vestibular dos pré-molares o que facilita uma desoclusão em dentes posteriores na ausência de guia canina, portanto, durante o movimento excursivo para o lado de trabalho, na ausência de guia canina, os pré-molares são os dentes que mais recebem carregamentos laterais. 7-9

Portanto, a direção, magnitude e frequência das forças oclusais atuam diretamente como parte da tríade de formação multifatorial das LCNCs. (Figura 3)

Simulação através do método de elementos finitos 3D gerado de uma amostra real para análise do campo tensão-deformação da LCNC. (Pereira et al., 2015)

Figura 4. Exposição de dentina formada pela associação de fatores biomecânicos com ação de fatores biocorrosivos que colaboram com a alteração da morfologia e evolução da LCNC (Acervo Programa de Atendimento Ambulatorial de Pacientes com LCNC e HD –FO.UFU)

Tensões Concentradas abaixo de Restaurações de Amálgama (Preparo MOD)

Tensões Concentradas na base da LCNC, evidenciando processo de evolução

Carregamento Oclusal Lateral, simulando interferência oclusal

Figura 2. Diagrama de Venn. Associação de fatores e co-fatores de formação e evolução de LCNC e HD (adaptado de Grippo et al., 2012)

Figura 3. Simulação através do método de elementos finitos 3D gerado de uma amostra real para análise do campo tensão-deformação da LCNC. (Pereira et al., 2015)

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Pesquisa16

Fatores Etiológicos-Biocorrosão e Abrasão

O caráter multifatorial das lesões cervicais não cariosas(LCNCs) e da hipersensibilidade dentinária (HD) faz com que o controle dos fatores causadores dessas alterações seja fundamental para o sucesso do tratamento. Dentre esse fatores destaca-se o fenômeno chamado de biocorrosão que se refere a degradação química, eletroquímica e bioquímica da estrutura dental em organismos vivos, e é considerado o termo mais adequado para designar esse fator. Esse processo pode ocorrer por causa da ação de ácidos e por efeitos proteolíticos e piezoelétricos da dentina, diferentemente da erosão dental, caracterizada pela degradação mecânica gerada pela movimentação de fluidos. O desgaste dental pelo mecanismo da biocorrosão é causado pelo frequente e prolongado contato dos dentes com ácidos, que podem ser de origem intrínseca ou extrínseca. Os primeiros derivados principalmente de distúrbios alimentares (como bulimia) e doenças gástricas ( como gastrite e refluxo gastroesofágico), enquanto que os ácidos extrínsecos são oriundos principalmente da dieta, de hábitos ocupacionais (vapores e líquidos) e medicamentos. O estilo de vida dos indivíduos, atualmente, tem levado a constante busca por uma vida saudável. Porém, vale ressaltar que a dieta recomendada para a perda de peso pode se tornar prejudicial à saúde das estruturas dentais. Excesso de frutas e sucos cítricos, iogurtes, vinagres, vegetais, bebidas carbonatadas, energéticos e outros alimentos possuem alto potencial corrosivo, podendo aumentar a incidência de lesões cervicais não cariosas, corroborando para o desgaste da estrutura dentária. 3,4,10-12

Além disso, é importante considerar qual a ocupação e hábitos do paciente, já que, profissões que propiciam maior contato com ácidos merecem maior atenção do cirurgião-dentista para o controle dos fatores etiólogicos. Dentre os grupos específicos de pacientes destacam-se os atletas (grandes consumidores de energéticos e isotônicos), nadadores profissionais (constante contato com água da piscina tratada com substâncias químicas), enólogos (provadores de vinho) e os usuários de drogas ilícitas.Dentre os fatores intrínsecos, o Refluxo Gastroesofágico (RGE) é caracterizado na literatura pelo fluxo retrógrado espontâneo do conteúdo gástrico do estômago em direção à mucosa esofágica. Este fenômeno ocorre diariamente em todo ser humano, principalmente após as refeições, sem causar nenhum sintoma, sendo portanto, fisiológico. No entanto, existem casos em que essa condição passa a causar sintomas, caracterizando uma situação patológica, mais conhecida como Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) e que pode gerar manifestações na cavidade oral. 1,5,13-15

De todas as manisfestações as mais comumente observadas e relatadas pelos pacientes são a azia e a regurgitação. Durante a regurgitação, o conteúdo gástrico pode atingir a cavidade oral, observando-se nesses pacientes a presença de desgastes dentais,

caracterizados por ocorrer com mais freqüência na face palatina e lingual dos dentes superiores e inferiores.O mecanismo de biocorrosão pode contribuir para a formação da lesão de variadas formas e profundidades com aspecto de superfície lisa e com pequenos arranhões horizontais. Esse processo faz a estrutura dental hígida fique fragilizada e , torna-se menos resistente a outras formas de desgastes, como a abrasão. A escovação imediatamente após o consumo de bebidas ácidas, e a retenção desta na boca por tempo prolongado, é responsável por gerar o aumento potencial corrosivo.

Além disso, quando o processo biocorrosivo está associado com o reduzido fluido salivar em determinadas áreas, contribui para maior perda de estrutura dental. O fluido salivar possui grande efeito protetor pois promove a formação de película adquirida e possui capacidade tampão em pH salivar constante. Caso ocorra variações de pH na cavidade oral, a saliva confere ao dente certa resistência frente à essa alteração, neutralizando o meio e reduzindo a ação corrosiva. Diante desse contexto, é necessário realizar uma anamnese completa de cada paciente, avaliando todos os fatores causadores envolvidos no processo de formação de evolução das LCNCs e HD como dieta, forma de higienização, tipo de ocupação e alterações sistêmicas. A investigação e controle desses fatores é a primeira etapa para o sucesso do tratamento. 16-17

Portanto, não se torna eficiente a execução de um procedimento reabilitador, sem o aconselhamento do paciente e das suas necessidades individuais de mudanças de hábitos. (Figura 4)

Figura 4. Exposição de dentina formada pela associação de fatores biomecâ-nicos com ação de fatores biocorrosivos que colaboram com a alteração da morfologia e evolução da LCNC (Acervo Programa de Atendimento Ambula-torial de Pacientes com LCNC e HD – FO.UFU)

Técnicas Restauradoras para Lesões CervicaisNão Cariosas

Do mesmo modo com que a etiologia das LCNCs é multifatorial, o tratamento desta patologia também deve ser multi: MULDIDISCIPLINAR; abrangendo várias áreas da odontologia. Primeiramente, deve-se realizar profunda anamnese, identificando os principais fatores etiológicos para cada individuo. Para o que for de competência de outros profissionais da saúde, o paciente deve ser orientado e encaminhado, enquanto o que é responsabilidade do cirurgião-dentista deve ser

Simulação através do método de elementos finitos 3D gerado de uma amostra real para análise do campo tensão-deformação da LCNC. (Pereira et al., 2015)

Figura 4. Exposição de dentina formada pela associação de fatores biomecânicos com ação de fatores biocorrosivos que colaboram com a alteração da morfologia e evolução da LCNC (Acervo Programa de Atendimento Ambulatorial de Pacientes com LCNC e HD –FO.UFU)

Tensões Concentradas abaixo de Restaurações de Amálgama (Preparo MOD)

Tensões Concentradas na base da LCNC, evidenciando processo de evolução

Carregamento Oclusal Lateral, simulando interferência oclusal

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Pesquisa 17

incluído no plano de tratamento, como o procedimento restaurador. Mas qual a justificativa para restaurar? A perda de estrutura dentária é fator modulador chave para a alteração do comportamento biomecânico do remanescente dentário. A LCNC, portanto, irá promover o acúmulo de tensões no fundo da LCNC. Quando o tecido desgastado é substituído por material restaurador, ocorre a dissipação das tensões presentes no fundo da LCNC, assemelhando-se ao dente sem desgaste cervical. Caso o procedimento restaurador não seja executado, a concentração de tensão continuará presente no fundo da lesão, além de esmalte e dentina continuarem susceptíveis aos demais fatores etiológicos de desgaste, resultando na progressão da LCNC e em um ciclo de perda de estrutura.

Entretanto, não basta somente restaurar a lesão. O procedimento restaurador não é o tratamento da patologia, sendo somente a substituição de tecido dentário por material restaurador, ou seja: parte importante do manejo da LCNC. Este manejo consiste na abordagem terapêutica de todos os fatores etiológicos da formação e progressão desta patologia. Caso a multidisciplinaridade não seja respeitada, pode ocorrer a continuidade da progressão da LCNC em dentes já restaurados, resultando em falha marginal da restauração e/ou descolamento.A literatura cita alguns dos materiais restauradores utilizados nestas situações de desgaste cervical, como: ionômero de vidro, resina fluida, resina composta e até técnicas indiretas como ouro. Mas será que estes são os materiais mais indicados para estas situações? A odontologia restauradora evoluiu consideravelmente nas ultimas décadas, sendo que sistemas cerâmicos são amplamente utilizados, seja em áreas de alto esforço mastigatório ou regiões extremamente estéticas. Então, será que a região cervical não poderia ser restaurada com cerâmica? 17-20

Diferentes materiais restauradores foram testados em extensas perdas de estruturas cervicais: resina fluida, ionômero de vidro resinoso, resina composta convencional, restauração com dissilicato de lítio, além do grupo restaurado com resina composta, como núcleo de preenchimento, e fragmento cerâmico de 0,5mm de espessura como esmalte. A técnica com resina composta convencional e a de resina combinado com fragmento cerâmico apresentaram os melhores resultados, tendo o comportamento mais próximo ao do dente hígido. A resina fluida e o ionômero apresentaram concentração de tensão de tração no fundo da lesão e o grupo somente com cerâmica apresentou tração na parede gengival.14

Para a restauração em resina composta, indica-se a confecção de bisel com ponta diamantada troco-cônica posicionada a 45º em relação ao ângulo cavo-superficial, realizando desgaste de aproximadamente 1mm. Apesar de estudos clínicos relatarem não haver diferença em dentes restaurados com e sem bisel, este tem papel de mascarar a interface dente/restauração, possuindo exclusiva função estética; sendo indicado de 2ºpremolar à 2º premolar. Em seguida, é realizada a aplicação do sistema adesivo, seja convencional ou auto-condicionante. Os incrementos de resina composta devem ser inseridos obliquamente, sendo

um incremento na parede gengival, outro incremento na parede oclusal e o terceiro incremento envolvendo toda a extensão vestibular. Está técnica evita maiores tensões de contração da resina, respeitando o fator C.

Em casos de LCNCs rasas, onde há dentina exposta, mas não possuiu espaço suficiente para inserção de resina composta convencional é indicado restaurar com materiais fluidos, como resina fluida e ionômero de vidro modificado por resina. Apesar de não possuírem excelente comportamento biomecânico, estas técnicas permitem que seja executada a inserção do material com facilidade.

Tratamento Periodontal cirúrgico de Lesões cervicais Não Cariosas

Nos casos em que as LCNC’s apresentam-se ainda no início do ciclo de desgaste dentário ou mesmo quando estas já apresentam morfologias características de perda de estrutura, um questionamento pode surgir: qual o protocolo de tratamento a seguir restaurar a perda dentária, recobrir a raiz exposta ou ambos?

Diante de um dente com LCNC e recessão gengival (RG) o planejamento a ser realizado deve levar em consideração a quantidade de desgaste da estrutura dentária, a classificação da RG e por consequência a estrutura de suporte ósseo presente no dente em questão. A situação mais comumente encontrada durante a análise de perda óssea em dentes com LCNC e RG é a presença de deiscência na tábua vestibular e integridade das cristas ósseas proximais consequentes do conjunto fatores etiológicos que resultam na formação de LCNC’s. Quando se trata do antigo empasse: recobrir ou não LCNC’s restauradas, a resposta deve ser embasada em evidencias científicas que demostram a cicatrização de enxertos de tecido conjuntivo a partir de formação de epitélio juncional longo justaposto ao material restaurador. Portanto, quando dentro das indicações de cada caso, o recobrimento radicular pode ser realizado sobre um leito receptor formado parcialmente por material restaurador. Após realização de estudos comparando técnicas cirúrgicas para recobrimento radicular foi observado que o enxerto de tecido conjuntivo associado ao reposicionamento coronal do retalho prevê os melhores resultados quanto a longevidade do recobrimento. 3,7,9

O procedimento cirúrgico deve priorizar os seguintes passos: obtenção de retalho dividido; descontaminação mecânica e química da porção de dentina a ser recoberta; limpeza da superfície restaurada da LCNC; obtenção do tecido conjuntivo na área doadora; sutura do enxerto no leito receptor; e sutura com tracionamento coronal do retalho.

Hipersensibilidade Dentinária

Podemos relacionar os fatores etiológicos das LCNC como colaboradores no surgimento e evolução da HD. A HD atinge um grande número de pessoas, gerando uma dor aguda, curta e provocada. Devemos ressaltar que, para surgir a HD, a dentina exposta deve ser estimulada por meio de eventos térmicos, físicos e químicos, como:

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Pesquisa18

• secagem ou desidratação, • atrito,• vibração,• alimentos frios ou quentes,• variações de pressão osmótica.

Caso o paciente possua dentina exposta na cavidade oral, seja ela supra ou sub-gengival, qualquer evento que estimule esta dentina como, por exemplo, alteração de temperatura produzida por líquido gelado, por alimentos com elevada concentração de substâncias salinas, ácidas ou açucaradas, o atrito das cerdas de escovas dentais e abrasivos da pasta dental, ou o uso da seringa tríplice para secar um dente com dentina exposta, pode provocar HD de intensidade variada. É correto imaginar que seria mais interessante controlar os fatores etiológicos da LCNC como parte inicial do tratamento da HD. Foi discutido anteriormente situações de reabilitação da LCNC e HD através do uso de materiais restauradores e técnicas cirúrgicas de recobrimento. No entanto, existem situações clínicas com HD que não permitem espaço suficiente para a inserção de restaurações de resina, como por exemplo, pequenas exposições de dentina subgengivais, recessão gengival, terapias periodontais cirúrgicas, ou indicação de recobrimento cirúrgico periodontal. Neste caso está indicado o uso de produtos tópicos conhecido como agentes dessensibilizantes. Os agentes dessensibilizantes são divididos em 03 grupos: agentes obliteradores - aqueles produtos que atuam no vedamento dos túbulos dentinários, e os agentes de ação neural - produtos que atuam diretamente nas terminações nervosas da dentina exposta. Existem, ainda, agentes de ação mista, que atuam simultaneamente nas terminações nervosas e na obliteração dos túbulos. Existem dessensibilizantes a base de selantes auto-adesivos, glutaraldeído, compostos de Potássio através de oxalatos, fluoretos, nitratos, fosfatos nano-estruturados, Laserterapia entre outros. A terapia correta é indicada de acordo com o tipo de dentina, profundidade e circunstância que a mesma foi exposta. Recomendamos a associação correta de protocolos para o sucesso da dessensibilização.7,15,20

O sucesso do tratamento de pacientes com LCNC e HD está diretamente relacionado com a capacidade do profissional em detectar e controlar os principais agentes causadores, e consequentemente selecionar corretamente a técnica reabilitadora.

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Pesquisa 19

REABILITAÇÃO DA MAXILA COM IMPLANTES DENTAIS ASSOCIADOS A RECONSTRUÇÃO PRÉ-IMPLANTAR COM

ENXERTO HOMÓGENOAline Ferreira Borges*

Sarah Gomes Costa Lopes*

Rafael Gomes Kouzak**

Rafael Nicolau Kouzak***

Helder Henrique Machado de Menezes****

Denildo de Magalhães*****

INTRODUÇÃO

A ciência que no passado buscava conter os envolvimentos que causam a destruição dos tecidos de suporte dentário, atualmente enfrenta novos desafios, pois se fez necessária a adequação das condições bio-morfológicas das áreas atingidas com a finalidade de viabilizar a reabilitação tanto funcional quanto estética. Fato que tem levado a novos rumos, através da busca pela regeneração das estruturas perdidas1

A regeneração tem sua base na neo-formação de estruturas perdidas com organização fisiológica e morfológica íntegras2. Portanto, para que ocorra a neo-formação de tecidos, é necessário que exista a presença e manutenção de espaço físico com células viáveis, de maneira mecanicamente estável. Assim, para atender a esses parâmetros, foram empregados recursos que viabilizem a manipulação celular, os biomateriais3.

Os biomateriais são materiais que interagem com o sistema biológico com a finalidade de substituir ou aumentar a matéria viva 4, devem estar em íntimo contato com os tecidos e possuir características específicas de biocompatibilidade, previsibilidade, atuar como suporte ao crescimento celular, estabilidade química, resistência biomecânica e elasticidade compatível a sua aplicação5,6.

O osso homógeno tem sido um biomaterial amplamente estudado, sua indicação deve-se principalmente nos casos de restrição ou impossibilidade de captação do osso autógeno; resistência do paciente a manipulação de um segundo leito cirúrgico para sua captação; evitar a morbidade pós-operatória relacionada à deiscência de sutura, dor e infecção7.

Na odontologia, o osso homógeno passou a ser utilizado principalmente nas cirurgias prévias à colocação de implantes osseointegráveis, com objetivo de aumentar a espessura e/ou altura óssea8. A sua captação e processamento seguem os critérios preconizados e certificados pela Associação Americana de Bancos de Tecidos (AATB), ou ainda, pela Associação Europeia de Transplantes Musculoesqueléticos9.

Considerando então a possibilidade de uso do osso homógeno para reconstrução pré-implantares, o objetivo desse trabalho é o relato de caso clínico onde o paciente foi submetido a uma reconstrução prévia da maxila por meio de osso homógeno.

CASO CLÍNICO

Paciente D.C.S., gênero masculino, 53 anos, compareceu ao Centro de Pós-Graduação HD Ensinos Odontológico, relatando desconforto estético e funcional referente ao uso de prótese total superior, com objetivo de reabilitar essa área por meio de implantes dentais. Ao exame clínico foi observado o edentulismo total superior, rebordo alveolar reduzido e fundo do vestíbulo raso (fig.1). Quanto aos aspectos radiográficos (fig.2) demonstram a ocorrência bilateral de pneumatização do seio maxilar e reabsorção do rebordo alveolar na região ântero-superior, contra-indicando assim a instalação de implantes.

Fig. 1

Fig. 2

Devido à opção do paciente, foi inicialmente proposto a reconstrução das áreas compreendidas entre os dentes 13 a 26 e 23 a 26. Para tanto foi indicado a elevação do seio maxilar pela técnica de Sinus Lift associado à fixação de blocos ósseos. Devido ao grande volume de material necessário a essa reconstrução, bem como a impossibilidade de captação de material de fonte intra-bucal, e a restrição do paciente quanto o uso de fonte extra-bucal, foi indicado o uso de osso homógeno particulado e em bloco provenientes de banco de ossos (fig.3,4).

1 Acadêmicos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected] 2 Cirurgião Dentista Especialista em Periodontia. E-mail:[email protected] Professor do Curso de Cirurgia Reconstrutiva Pré-Implantar do Centro HD Ensinos Odontológicos. E-mail: [email protected] Professor e Coordenador Administrativo do Centro HD Ensinos Odontológico; E-mail: [email protected] Professor FOUFU e Professor/Coordenador Didático do Centro HD Ensinos Odontológico. E-mail: [email protected]

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Pesquisa20

Fig. 3

Fig. 4

Transcorrido o período pós-operatório de 6 meses (fig.5) o paciente foi submetido à cirurgia para instalação de oito implantes Titamax/Neodent - TiEX 3.75X13 (fig.6,7). Após o período de 5 meses para osseointegração (fig.8) as áreas contendo os implantes foram abertas cirurgicamente para instalação dos cicatrizadores (fig.9). Posteriormente a maxila foi reabilitada por meio de uma prótese implanto retida tipo protocolo. Transcorrido um período de 2 anos, não foram observadas nenhum tipo de intercorrência e o paciente demonstra total satisfação estética e funcional (fig.10,11)

Fig. 5

Fig. 6

Fig. 7

Fig. 8

Fig. 9

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Pesquisa 21

Fig. 10

Fig. 11

DISCUSSÃO

O osso homógeno é tratado como um material de receptor universal, pois o seu potencial imunológico é reduzido por meio do seu processo de conservação, crioconservação10.

Comparado ao enxerto autólogo, o enxerto homólogo apresenta capacidade de revascularização e remodelação mais lentas, embora a união entre o leito receptor e o enxerto seja obtida de forma consistente11. Variáveis, tais como: o tipo do enxerto utilizado (cortical ou medular), a vascularização do leito receptor e a quantidade de material não vital a ser remodelado, interferem no período de tempo necessário e na quantidade exata do enxerto ósseo homólogo que pode sofrer remodelação12.

Os resultados do presente relato de caso demonstram que os materiais homógenos utilizados, proporcionaram um aumento do volume ósseo nas áreas enxertadas, tornando-as compatíveis as dimensões dos implantes instalados. Ao final do período de cicatrização das áreas, foi observada a existência de um osso denso e incorporado ao leito ósseo, no entanto, com remanescente do material homógeno. Por sua vez, durante a instalação cirúrgica dos implantes, ambos os lados apresentaram uma adequada estabilidade e fixação destes. Ao final do período de osseointegração, 5meses, os aspectos clínicos e radiográficos foram compatíveis com a osseointegração. Quanto aos enxertos não foram identificados sinais de alterações ou

perda óssea. Destaca-se ainda que os implantes foram reabilitados e após um período de 2 anos apresentam condições biofuncionais adequadas. Ratificando a possibilidade de uso desse recurso.

CONCLUSÃO

O osso homógeno demonstrou ser um substituto viável e adequado as reconstruções pré-implantares. A sua utilização implicou em um menor tempo cirúrgico, redução do nível de morbidade para o paciente, relativo a não necessidade de um sítio doador; e significativa disponibilidade de biomaterial quando comparado com volume de fontes intra-bucais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. SPIN-NETO, R., FILHO, H. O., JR., E. M., & MARCANTONIO, R. A. (s.d.). Terapêutica periodontal regenerativa: técnicas cirúrgicas, biomateriais e fatores de crescimento.

2. REYNOLDS M. A.; AICHELMANN-REIDY M. E.; BRANCH-MAYS G. L. Regeneration of periodontal tissue: bone replacement grafts. Dent Clin North Am 2010; 54:55-71.

3. KAY S. A.; WISNER-LYNCH L.; MARXER M.; LYNCH S. E. Guided bone regeneration:integration of a resorbable membrane and a bone graft material. Pract Periodontics Aesthet Dent 1997; 9:185-94.

4. WILLIAMS K. R.; BLAYNEY A. W. Tissue response of several polymeric materials implanted in the rat middle ear. Biomaterials 1987; 8:254-8.

5. SERVICE R. F. Tissue engineers build new bone. Science 2000; 289:1498-500.

6. BOSS J. H.; SHAJRAWI I.; AUNULLAH J.; MENDES D. G. The relativity of biocompatibility. A critique of the concept of biocompatibility. Isr J Med Sci 1995; 31:203-9.

7. MISCH CE. Implant Dentistry. Dent Today 2002;21(11):62.

8. VAN DER DONK S, WEERNINK T, BUMA P, ASPENBERG P, SLOOFF TJ, SCHREURS BW. Rinsing morselized allografts improves bone and tissue ingrowth. Clin Orthop Relat Res 2003.p.302-10.

9. LONGONI S, SARTORI M, APRUZZESE D, BALDONI M. Preliminary clinical and histologic evaluation of a bilateral 3-dimensional reconstruction in an atrophic mandible: a case report. Int J Oral Maxillofac Implants 2007;22:478-83.

10. MANKIN HJ, DOPPELT S, TOMFORD W. Clinical experience with allograft implantation. The first ten years. Clin Orthop Relat Res 1983;69:86.

11. MIZUTANI A, FUJITA T, WATANABE S, SAKAKIDA K, OKADA Y. Experiments on antigenicity and osteogenicity in allotransplanted cancellous bone. Int Orthop 1990;14:243-8.

12. BROWN KL, CRUESS RL. Bone and cartilage transplantation in orthopaedic surgery. A review. J Bone Joint Surg Am 1982;64:270-9.

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Pesquisa22

A SAÚDE BUCAL DOS IDOSOSDr. Fabio Franceschini Mitri Luiz*

Raquel Santos Sousa**

A saúde bucal é extremamente importante no indivíduo, desde o seu nascimento. Os cuidados se iniciam até mesmo antes do aparecimento dos dentes na boca (erupção dental). A boca é o nosso “cartão de visita” e revela muito da pessoa, principalmente no que diz respeito à sua higiene pessoal. Ela é geralmente na velhice o espelho que revela todo o cuidado dispensado com a saúde e a aparência durante a vida.

A falta de informação e de programas de prevenção da saúde, aliada à falta de iniciativa de alguns dos profissionais desta área, acabam relegando a saúde bucal ao esquecimento. A perda parcial ou total dos dentes infelizmente ainda é aceita na sociedade como um fator natural do envelhecimento fisiológico do corpo.

Nos países em desenvolvimento, os progressos e avanços no campo da saúde, associados às melhorias de saneamento básico e das necessidades primárias populacionais, resultam em um aumento na expectativa de vida do homem.

Nos últimos anos, a velhice é um tema que tem despertado muito a atenção na área da saúde pelo aumento da longevidade, entretanto, em alguns países a terceira idade pode chegar acompanhada da perda dos dentes. Com o envelhecimento, diminuem-se os mecanismos de adaptação individual e aumenta a vulnerabilidade do organismo. Outros fatores importantes incluem histórias de saúde geral, psíquicas e sociais distintas nesta faixa etária, resultando em uma grande variedade de características atípicas e, consequentemente, no aumento da necessidade de demandas com os cuidados à saúde. Assim, as prioridades odontológicas dos idosos acabam sendo amplas e significativas, necessitando na maioria das vezes de uma reabilitação oral, dificultada em nosso país pelos baixos rendimentos recorrentes da aposentadoria.

Todos os cuidados pessoais com a saúde bucal na velhice acabam sendo reduzidos em decorrência da diminuição dos reflexos, bem como da força muscular, e do desconforto apresentado pelos idosos. Isto pode levá-los a não dar importância à determinados sintomas, resultando em diagnósticos tardios. Estes fatores indicam que a saúde do idoso demanda da atenção da família e da ação dos serviços de saúde, públicos ou privados.

As particularidades características da velhice tornam o idoso um paciente especial, o que requer no seu atendimento um olhar diferenciado e uma interação pessoal, inviabilizando qualquer abordagem padrão de caráter universal.

Os profissionais da saúde, em especial o cirurgião-dentista, devem educar e orientar o seu paciente idoso, acompanhado dos familiares responsáveis, no

intuito de lhe mostrar e conduzir os cuidados periódicos e as prioridades com a saúde da boca, incluindo a necessidade do autoexame dos dentes, periodonto e do tecido mole de toda a cavidade oral. O bem-estar no seio familiar, aliado à atenção assistida, contribui para proporcionar um bom estado de saúde geral e bucal, favorecendo a melhoria da qualidade de vida dos idosos.

* Professor Adjunto na área de Anatomia Humana - Instituto de Ciências Biomédicas da UFU. E-mail: [email protected]**Acadêmica de Odontologia - Faculdade de Odontologia da UFU. E-mail: [email protected]

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Caso Clínico 23

Caso Clínico

REABILITAÇÃO PROTÉTICA PÓS-CIRÚRGICA DE TUMOR MARROM DO HIPERPARATIREOIDISMO: RELATO DE CASO

Carolina van Riel*

Juliana Bisinotto Gomes Lima**

João Henrique Ferreira Lima***

Andréa Gomes de Oliveira****

Simone Maria de Ávila Silva Reis*****

Luiz Carlos Gonçalves******

RESUMO: A cirurgia oncológica é responsável pelas grandes mutilações do maciço facial, cuja ressecção é imposta pelo tratamento, sendo de importância funcional a reabilitação protética, por meio de obturadores maxilares que possibilitam uma adequada condição de deglutição e fala, garantindo uma melhor qualidade de vida e reintegração social de portadores de sequelas cirúrgicas. Este trabalho descreve a confecção de uma prótese obturadora utilizada para reparar um extenso defeito intracavitário na maxila e palato, secundário à ressecção de um tumor de uma paciente D.M.E, gênero feminino, 37 anos, leucoderma, a qual,compareceu a clínica do Hospital Odontológica da UFU para sua reabilitação. Descritores: Reabilitação oral, prótese obturadora, relato de caso.ABSTRACT: Cancer surgery is responsible for large facial mutilations massive, whose resection is imposed by the treatment and functional importance prosthetic rehabilitation through jaws shutters that allow a proper condition swallowing and speech, ensuring a better quality of life and social reintegration of patients with surgical sequelae. This paper describes the fabrication of an obturator prosthesis used to repair extensive intracavitary defect in the jaw and palate secondary to resection of a tumor of a DME patient, female, 37, leucoderma, which he attended clinic Hospital Odontológica da UFU for their rehabilitation patient’s physical and mental well-being, restoring them to aesthetics, speech and mainly function for the resumption of chewing and swallowing.Keywords: Oral rehabilitation, obturator prosthesis, case report.

INTRODUÇÃO

A cirurgia oncológica é responsável pelas grandes mutilações faciais, cuja ressecção é imposta pelo tratamento e pode acarretar grandes defeitos na boca e na face, sendo de importância funcional, psicológica e estética, a reabilitação protética pós maxilectomia (MIRACCA; SOBRINHO; GONÇALVES, 2007).

As mutilações, quando extensas, principalmente na região da face, muitas vezes não podem ser corrigidas cirurgicamente, por falta de tecido doador suficiente, necessário para a reconstrução cirúrgica, além disso, pode gerar comunicação oronasal ou bucossinusal, com

conseqüentes dificuldades na fonação, alimentação e na respiração, tornando necessária a substituição artificial das partes perdidas do sistema estomatognático e das estruturas faciais (AGUIAR et al., 2013).

As próteses utilizadas para reabilitar defeitos maxilares pós-cirúrgicos são denominadas de “obturadores maxilares”. As indicações desses aparelhos são: funcionar como uma infra-estrutura sobre a qual os tecidos possam ser adaptados numa conformação correta; restabelecer a aparência estética do paciente, permitindo o convívio social (BONACHELA; KAIZER; FORTES, 2007).

O tratamento deve ser executado por uma equipe multidisciplinar, que inclui cirurgião bucomaxilofacial, protesista, oncologista, fonoaudiólogo e técnico em prótese bucomaxilofacial (BONACHELA; KAIZER; FORTES, 2007).

APRESENTAÇÃO DO CASO CLÍNICO

Paciente do gênero feminino, leucoderma, 37 anos, apresentou-se ao Hospital Odontológico da Universidade Federal de Uberlândia para confecção de uma prótese obturadora após remoção do Tumor Marrom do Hiperparatireoidismo de face na qual foi removido parte do palato e hemi-arcada superior direita da maxila, portando uma prótese obturadora provisória feita à 5 anos, retornou para confecção da prótese obturadora definitiva.

Durante o exame clínico extrabucal e intrabucal foram observados uma depressão no lado direito da face e internamente foi observado maxilectomia parcial e remoção de parte do palato duro (Figuras 1A e 1B). Para confecção da prótese obturadora foi realizada uma moldagem de estudo com um hidrocolóide irreversível, o alginato, proporcionado segundo instruções do fabricante e tamponando a comunicação buco-nasal com uma gase enrolada ao fio dental levado em posição no interior da cavidade no palato protegendo o fundo da cavidade evitando que ocorra penetração do material de moldagem.

Figuras 1A e 1B: Fotografia extrabucal e intrabucal evidenciando deformida-de tecidual na face e na cavidade oral.

* Discente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). E-mail: [email protected]** Professora Adjunto 2, na Área de Prótese Removível e Materiais Odontológicos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).*** Professor na Área de Prótese Removível da Faculdade de Odontologia do Centro Universitário do Triângulo (UNITRI).**** Professora Adjunto 1, na Área de Prótese Removível e Materiais Odontológicos da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).*****Professor Associado 1, lotado na Área de Prótese Removível e Materiais Odontológicos, da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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Caso Clínico24

Ao obter-se o molde confeccionou a moldeira individual sobre o modelo de estudo com a resina acrílica ativada quimicamente (RAAQ). Em seguida foi realizada moldagem funcional com Impregum Soft pastas base e catalisadora de média viscosidade. Assim, a partir do modelo de trabalho, foi confeccionada a armação metálica e os registros com planos de orientação, verificando para que não haja interferência da estrutura na oclusão.

Na prova estética e funcional dos dentes observou-se a condição oclusal dos dentes montados, cor, forma e tamanho dos dentes, ponderando esses fatores com o paciente. Em seguida, a prótese obturadora foi instalada (Figura 2A, 2B e 2C) e realizado ajustes oclusais necessários, observando o conforto e adaptação. Ao instalar a prótese obturadora a paciente foi orientada quanto ao uso, à limpeza e controles posteriores necessários.

DISCUSSÃO

A reabilitação de pacientes portadores de lesões complexas, através da prótese obturadora de palato, tem como função primordial isolar as cavidades bucal, nasal e sinusal, para, então, funcionar como um aparelho mastigatório.

A prótese obturadora tem suas indicações para pacientes que apresentem as mais variadas comunicações buconasais, sendo por remoção cirúrgica, destruição, ou ausência da maxila. A confecção de um obturador palatino segue os princípios de uma prótese parcial removível, sendo uma técnica simples, rápida, eficaz, passível de adaptações e de fácil instalação, indicado para corrigir defeitos estéticos em pacientes que não podem optar pela cirurgia reconstrutiva (AGUIAR et al., 2013).

Contudo, o tratamento do câncer não deve estar limitado simplesmente à busca da sobrevivência do paciente, mas a sua completa reabilitação, que visa a melhorar as suas múltiplas deficiências e, conse-quentemente, a sua qualidade de vida (LIMA, 2014).

CONCLUSÃO

A prótese obturadora pode proporcionar à paciente o bem-estar físico e mental, restaurando a estética, fala e principalmente a função, pela retomada da mastigação e deglutição, por meio da correção do mau posicionamento dos lábios e bochechas, recontorno e devolução da forma correta do palato, além disso,

facilita na limpeza da área do defeito, apresentando conforto, boa retenção e estabilidade, verifica-se, dessa forma, que o sucesso da reabilitação protética depende da seleção adequada de materiais e técnicas, específicos para cada caso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AGUIAR, L. et al. Obturador palatino: confecção de uma prótese não convencional – relato de caso. RFO, Passo Fundo, v. 18, n. 1, p. 125-129, jan./abr. 2013.BONACHELA, W. C; KAIZER, O. B; FORTES, R. O. F. Tratamento protético pós-cirúrgico de ameloblastoma de maxila. RFO, v. 12, n. 2, p. 68-73, maio/agosto 2007.

2. GOIATO, M. C. et al.; Prótese Parcial Removível Obturadora - uma reabilitação oral que devolve o bem-estar físico e mental. Revista Regional de Araçatuba A.P.C.D, v.22, n°.1, p.01-04, 2001.

3. LIMA, C.C.M; Impacto da Reabilitação Bucomaxilofacial Sobre o Estado Nutricional, Sintomas Depressivos, Autoimagem, Autoestima e Qualidade de Vida em Adultos e Idosos. Porto Alegre – RS, 2014.

4. MANTRI, S; ZAFRULLA, K; Prosthodontic Rehabilitation of Acquired Maxillofacial Defects. Hitkarini Dental College and Hospital, Jabalpur, Jame Graham Brown Cancer Center Louisville, Kentucky.

5. MARTINS, R. et al. Tumor Marrom Bilateral do Hiperparatiroidismo Primário em Mandíbula: relato de caso. Rev Clín Pesq Odontol. 2010 maio/ago;6(2):185-90.

6. MIRACCA, R. A. A; SOBRINHO, J.A; GONÇALVES, A. J. Reconstrução com Prótese Imediata Pós Maxilectomia Vol. 34 - Nº 5, Set. / Out. 2007.

7. MIYASHIT, E.R; MATTOS, B.S.C; MARAFON, P.G. Sistemas de Retenção em Prótese Obturadora Cirúrgica Para Pacientes Maxilectomizados. Pesq Bras Odontoped Clin Integr, João Pessoa, 11(2):263-268, abr./jun. 2011.

Figuras 2A, 2B e 2C: 2A- Resultado final apresentando adequada estética, restabelecimento das condições de fonação, mastigação, deglutição; 2B- aspecto intrabucal da prótese obturadora; 2C- vista frontal do aspecto final da prótese.

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Experiências do Grupo PET 25

Relato de Membros do Grupo Pet

INTERCÂMBIO ESTUDANTIL: VIVENDO E APRENDENDO COM ESSA EXPERIÊNCIA!

Júlia Medeiros*

Ana Cecília Schettini**

O intercâmbio estudantil, embora tenha se intensificado desde o final do século XX, principalmente na Europa, já existia no período antes de Cristo, quando jovens de regiões diversas iam para a Grécia com o objetivo de aprimorar seus estudos (SEBBEN, 2007). Esse processo pode ser uma experiência enriquecedora para quem dele participa. Neste texto, temos como objetivo delinear algumas considerações sobre os desafios e as possibilidades comuns no período de intercâmbio, a partir da experiência vivida por uma das autoras na França.

Para que o intercâmbio aconteça, primeiramente, a inscrição deve ser realizada, seja respondendo ao edital de algum órgão de fomento ou de empresa privada, seja se inscrevendo diretamente na Universidade. Recebendo a resposta positiva, o próximo passo é organizar, preencher e entregar os documentos necessários para solicitação do visto para o país de destino e para serem entregues à universidade de origem e ao órgão de fomento. Para o preenchimento dos documentos do visto e do órgão de fomento, é disponibilizado um arquivo detalhando os procedimentos a serem seguidos. Após a conclusão dessa etapa, o estudante está pronto para viajar e vivenciar inúmeras experiências diferentes. O medo de deixar tudo e partir para algo completamente novo e distante da sua realidade atual é amparado pelo desejo de descobrir uma nova cultura, um novo país, novas pessoas, novo conhecimento e um novo idioma (caso opte por um país onde a língua nativa não seja a língua portuguesa).

Ao chegar no país de destino, o susto é talvez a primeira impressão. O fato de o idioma ser completamente diferente já é um problema, e complementar a esse fator, o estudante deve preencher e entregar diversos documentos, referentes a moradia, a abertura de uma conta bancária, escolha e compra de um bom seguro de saúde, a oficialização do seu visto de permanência no país, a matrícula na universidade de destino, dentre outros. Mas, apesar de todos esses desafios, as pessoas que você conhece te fornecem um suporte excepcional. As amizades feitas no intercâmbio são bem intensas e, em questão de pouco tempo, os novos amigos se transformam em entes queridos que lembram uma família. É claro que, durante o percurso, você encontrará pessoas mal educadas, mas lembre-se que, para cada pessoa que te desanimar, existirá uma que te fará levantar novamente. As aulas na Universidade serão completamente diferentes do já visto até então. A relação professor-aluno também, visto que se tratam de culturas diferentes e o brasileiro, por ser um pouco caloroso, pode estranhar outras culturas diferentes.

Como exemplo, ilustramos com algumas fotos (Figura 1) da Université Claude Bernard Lyon 1, na França. A estrutura física dessa Universidade não é tão diferente da estrutura física da Universidade Federal de Uberlândia, mas, dependendo da Universidade e do país, esse pode ser um outro fator a se estranhar. As experiências são singulares e o aprendizado também, pois mesmo que a Odontologia seja única, cada Universidade segue uma linha diferente de projeto pedagógico e o estudante deve estar aberto a propostas de curso diferentes e ter bom discernimento para escolher qual delas é a mais adequada, de acordo com a sua visão sobre o tema. Enfim, a Universidade poderá te fornecer uma visão diferente de estudo, uma estrutura física distinta, uma nova maneira de avaliações, diferentes instrumentais de odontologia, caso curse disciplinas do pré-clínico e uma equipe de suporte, que te auxiliará caso tenha dificuldade de adaptação e aprendizado. Então, depende muito da disposição do estudante para que ele aproveite o máximo dessa experiência.

Assim, mesmo que exista a saudade de casa, da família, dos amigos, da comida típica nacional, da sua cidade e do seu país, e ainda que a diferença de temperatura seja insuportável, todas as novidades que o estudante conhecerá compensarão cada minuto longe de casa. A realidade que o estudante vivenciará é muito além da Universidade: o novo idioma aprendido, o conhecimento de uma nova cultura, uma nova culinária, novos hábitos, novos lugares, as novas amizades e a independência e responsabilidade ganha são o maior aprendizado de um intercambista.

Autores que pesquisam os benefícios da mobilidade estudantil citam: qualificação profissional, desenvolvimento pessoal, ampliação do conhecimento, ganho de experiência na área de formação, desenvolvimento de habilidades e competências, oportunidades profissionais, aprendizagem de idiomas estrangeiros e visão ampla e diferenciada sobre as diversas situações (TOMAZZONI E OLIVEIRA, 2013; FERREIRA, 2014; SILVA, 2013).

Assim a única dica que pode ser dada é: Viva seu intercâmbio e aprenda novas experiências, participe, pergunte, saia, conheça novas pessoas, novos lugares! O intercâmbio te proporcionará não só um crescimento profissional, mas, também, pessoal: a autoconfiança, independência, conhecimento, amadurecimento e as amizades construídas são ganhos que te acompanharão pelo resto da vida.

* Discente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia e integrante do grupo PET Odontologia UFU. Email: [email protected]** Discente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia.

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Experiências do Grupo PET26

Referências:

1. FERREIRA, C. B. Intercâmbio e Cultura: Fatores que incrementam a formação dos discentes de secretariado executivo trilíngue da Universidade Federal de Viçosa. 45p. 2014. Monografia (Departamento de Letras). UFV, Viçosa, 2014.

2. SEBBEN, A. Intercâmbio Cultural – para entender e se apaixonar. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2007.

3. SILVA, C. C. S. Mobilidade Corpórea de estudantes internacionais: as motivações dos estudantes internacionais acolhidos por instituições de educação superior localizadas em São Paulo e Belo Horizonte. 162p. 2013. Dissertação (Programa de Mestrado em Administração com Concentração em Gestão Internacional) – ESPM - Escola Superior de Propaganda e Marketing, São Paulo, SP, 2013.

4. TOMAZZONI, E. L.; OLIVEIRA, C. C.. TURISMO DE INTERCÂMBIO: PERFIS DOS INTERCAMBISTAS, MOTIVAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DA EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL. Revista Turismo Visão e Ação – Eletrônica, Vol. 15 - nº 3 - p. 388–408 / set-dez 2013. Disponível em: http://www.univali.br/ensino/pos-graduacao/mestrado/mestrado-academico-em-turismo-e-hotelaria/revista-turismo-visao-e-acao/. Acesso em: 14ago 2015 às 18horas.

Figura 1 – Fotos da Faculdade de Odontologia da Université Claude Bernard Lyon 1 em Lyon, FrançaFonte: Fotos produzidas por Júlia Medeiros

Anfiteatro onde ocorrem as aulas Biblioteca da Faculdade de Odontologia

Vestuário feminino da Faculdade de Odontologia Laboratório Pré-clínico

Atendimento Pré-clínico Mandíbula de suíno utilizada no laboratório pré-clínico

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Experiências do Grupo PET 27

ENTREVISTA COM EX- PETIANO MEMBRO DO GRUPONO PERÍODO DE 2008 A 2010.

Nome: Thiago Silva SantosIdade: 28Cursou faculdade: 2006/2010Integrou o PET: 2008/2010Setor que trabalha: PrivadoEspecialidade: Implantodontia

1) Porque você procurou fazer parte do grupo PET?Escolhi o grupo pela oportunidade de me envolver

com a odontologia de uma forma impar, visto que no programa, estaria desenvolvendo e participando de projetos de extensão, ensino e pesquisa. Onde nesses projetos eram abordados assuntos e temas variados.

2) Quais os maiores aprendizados você obteve com essa experiência?

Os maiores aprendizados foram aperfeiçoar o desenvolvimento de atividades em grupo, estimular o poder de liderança e senso crítico dos indivíduos e ver a profissão de uma maneira diferente.

3) Porque você optou por trabalhar no setor privado? O PET teve alguma influencia nesse processo?

Optei por trabalhar no setor privado pelo fator financeiro e por uma questão de realização profissional. O PET teve influência nesse processo, pois foi participando do grupo e seus projetos, que tive segurança na hora tomar decisões perante as dúvidas e incertezas que apareceram nesse tempo. Principalmente, a qual caminho seguir depois de formado.

4) A experiência com o PET contribuiu de alguma forma, direta ou indiretamente, para a sua posição profissional atualmente?

O PET contribuiu indiretamente para minha posição profissional atualmente, me dando a oportunidade de experiências que me fizeram refletir sobre a profissão e meu perfil de profissional, e com base nessas vivencias, escolhi qual caminho eu seguiria dentro da profissão.

5) Qual das atividades desenvolvidas pelo PET até então, você considera de maior influência na sua formação profissional e crescimento pessoal?

Sem dúvida as atividades desenvolvidas na parte de extensão, particularmente um projeto que me marcou bastante, foi o PAD (Programa de Assistência Domiciliar), onde com auxílio dos professores envolvidos, aperfeiçoei minha capacidade técnica em diversas áreas da odontologia, atuando em ambientes improváveis e atendendo um perfil de paciente incomum em consultório.

6) Você acredita que o PET te possibilitou ter uma visão mais crítica e cidadã frente à sociedade?

Sim, uma das funções do programa é estimular a fixação de valores de cidadania e consciência social dos alunos integrantes.

7) Você tem alguma sugestão de projeto ou atividade que o PET possa desenvolver, visando melhorar a formação profissional e pessoal dos estudantes?

Sim. Promover atividades voltadas à gestão de consultórios e planejamento financeiro do dentista recém-formado. Vejo essa deficiência nos alunos recém-formados. Quem nunca escutou um recém-formado dizer “qual valor eu coloco nesse procedimento”?

Seria um tema interessante que o aluno levaria não só para sua vida profissional, mas para a administração de sua vida pessoal também.

8) O que te fez escolher sua Especialidade?O motivo pelo qual eu escolhi a implantodontia foi

o grande interesse por reabilitação oral e cirurgia.

9) No seu ponto de vista, como está o Mercado de Trabalho atualmente na cidade onde você trabalha?

Em Uberlândia com a grande quantidade de cursos de atualização e especialização odontológica, junto com os convênios odontológicos, faz com que o mercado se torne difícil para o recém-formado, sem falar na grande quantidade de profissionais que temos, que aumenta ainda mais competitividade do mercado.

Mas isso não é motivo para desanimar, o bom profissional ainda consegue sobressair-se a essa situação!

10) Após a formatura uma nova fase se inicia, e muitos recém-formados possuem dúvidas com relação a onde trabalhar, qual especialidade escolher e qual cidade morar. Você também passou por isso? Se sim, como foi?

Assim como todo recém-formado passei por essa fase. Quando me formei resolvi montar um consultório particular em Uberlândia e trabalhar em uma clínica onde atendia a convênios odontológicos.

Escolhi esse caminho, pois a convivência com outros profissionais mais experientes possibilitaria uma melhor troca de informações no exercício da profissão, e eu não estaria me isolando no consultório com meus conhecimentos adquiridos na graduação e cursos de aperfeiçoamento. Essa experiência foi muito importante para que eu chegasse onde estou hoje.

Trabalhei dessa forma durante 2 anos, período em que fazia minha especialização em implantodontia.

Hoje trabalho em minha especialidade, realizando reabilitações e desde então, não atendo convênios odontológicos.

11) Por fim, qual conselho você daria aos alunos que estão no último ano da graduação?

O meu conselho seria que o aluno procurasse aproveitar a faculdade ao máximo nesse período, participando do máximo de atividades possíveis, procurando identificar qual área ele possui maior interesse em exercer depois de formado, seja ela clínica ou acadêmica. Se for escolher a parte clínica, que foi a minha escolha, aqui vai outro conselho. Mesmo que você não goste de alguma disciplina, não deixe-a de lado na graduação, no mercado de trabalho você irá precisar de todas elas para planejar os tratamentos de seus pacientes.

Page 28: PALAVRA DO TUTOR - UFU PET vol 3… · PALAVRA DO TUTOR Tutor Pet-Odonto Prof. Dr. Adriano Mota Loyola ... *****Mestre em clínica odontológica pela Faculdade de Odontologia da Universidade