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ISSN 1808-9909 Volume 5, Nmero 1, 2009
PLANT CELL CULTURE&
MICROPROPAGATION
Cultura de Clulas&
Micropropagao de Plantas
Publicao Cientfica da Associao Brasileirade Cultura de Tecidos de Plantas
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, MG, v. 5, n. 1, p. 1-70, 2009
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A revista Plant Cell Culture & Micropropagation , editada semestralmente pela Editora daUniversidade Federal de Lavras (Editora UFLA), publica artigos cientficos da rea de cultura de tecidosde plantas por membros da comunidade cientfica nacional e internacional. Com uma tiragem de 600exemplares distribuda aos membros da ASSOCIAO BRASILEIRA DE CULTURA DETECIDOS DE PLANTAS (ABCTP) em dia com a anuidade.
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Editor ChefeRenato Paiva UFLA
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Diogo Pedrosa Corra da Silva UFLAGabriela Ferreira Nogueira UFLA
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Editorao EletrnicaLuciana Carvalho Costa Editora UFLA
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Consultoria Cientfica (v.5, n.1, 2009)
Adriana Madeira Santos Jesus EMBRAPAAna Cardoso Clemente Filha Ferreira de Paula UNIFENAS
Antonio Carlos Torres EMBRAPAtila Francisco Mogor UFPRCarlos Vincio Vieira UFMT
Celso Luiz Salgueiro Lage UFRJElisabeth Atalla Mansur de Oliveira UERJ
Eunice Oliveira Calvete UPFEvaristo Mauro de Castro UFLA
Fabiano Guimares da Silva CEFET-RVJos Raniere F. Santana UEFSLilia Gomes Willadino UFRPE
Luciana Lopes Fortes Ribas UFPRMagdi Ahmed Ibrahim Aloufa UFRN
Marcelo Murad Magalhes UFLAMauricio Reginaldo Alves dos Santos EMBRAPA
Osmar Alves Lameira EMBRAPARodrigo Kelson Silva Rezende UFGDTherezinha Rangel Cmara UFRPE
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Plant Cell Culture & Micropropagation
ISSN 1808-9909
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-70, 2009
CONTEDO
Sacarose e um aditivo orgnico complexo na micropropagao de amoreira-preta (Rubus sp.) Sucrose and a complex organic addictive on micropropagation of Blackberry (Rubus sp.) Fabola Villa, Moacir Pasqual, Franscinely Aparecida Assis, Leila Aparecida Salles Pio .. 1
Estudo da anatomia de plntulas da espcie Malus domestica var. Golden delicious cultivada in vitro Anatomical study of Malus domestica var. Golden delicious cultivated in vitro Kelly Cristina de Macedo Bezerra, Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa, Juliana Espada Lichston .................... 9
Crescimento in vitro de pequizeiro (Caryocar brasiliense a. St.-hil.): influncia da polaridade e luminosidade In vitro growth of Caryocar brasiliense a. St.-hil.: influence of polarity and light Breno Rgis dos Santos, Renato Paiva, Sandro Barbosa, Patrcia Duarte de Oliveira Paiva, Daiane Peixoto Vargas, Cristiano Martinotto ........................................................................................................... 19
Factors affecting in vitro germination of passion fruit seeds Fatores afetando a germinao in vitro de sementes de maracujazeiro Rodrigo Sobreira Alexandre, Flvio Alencar D arajo Couto, Jos Maria Moreira Dias, Wagner Campos Otoni, Paulo Roberto Cecon, Simone Bhering de Souza Gomes ................................................................. 27
Assepsia de rizomas e pices caulinares de Curcuma alismatifolia Asepsis of Curcuma alismatifolia rhizomes and shoot tips Tatiana Michlovsk Rodrigues, Jos Magno Queiroz Luz, Leandro de Oliveira Lino, Carlos Ribeiro Rodrigues, Geraldo Batista de Melo .................................................................................................................................................................. 36
Teor de flavonas e do cido 3,5-O-dicafeoilqunico em calos e em plantas in vitro e in vivo de carqueja [Baccharis trimera (LESS) dc.] Flavones and 3,5-O-dicaphenoilchinic acid contents on callus and on in vitro and in vivo Baccharis trimera (LESS) dc. plants Fabiano Guimares Silva, Ana Helena Janurio, Jos Eduardo Brasil P. Pinto, Vivian Elias Nascimento, Wellington dos Santos Barizan, Suzelei de Castro Frana ........................................................................... 42
Comparison of two particle bombardment devices using histochemical and fluorimetric assays of -glucuronidase in soybean embryogenic suspensions
Comparao de dois aparelhos de bombardeamento de partculas utilizando os ensaios histoqumicos e fluorimtricos da -glucuronidase em suspenses embriognicas de soja Marcelo Murad Magalhaes, Pon Samuel Jayakumar, Hee Sook Song, Sonitichai Chanprame, Jack Milton Widholm ............................................................................................................................................ 50
COMUNICAO CIENTFICA
Aclimatizao do hbrido de orqudea em substratos a base de p de bagao de cana-de-acar Acclimatization of orchid hybrid in sugar cane bagasse powder based substrates Lilian Yukari Yamamoto, Vanessa Stegani, Ricardo Tadeu de Faria, Ins Cristina de Batista Fonseca, Bruno Luiz Domingues de Angelis ........................................................................................................... 60
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Micropropagation of black pepper (Piper nigrum) Micropropagao da pimenta-do-reino (Piper nigrum) Elisa Ferreira Moura, Ilmarina Campos de Menezes, Oriel Filgueira de Lemos, Osmar Alves Lameira Leila Mrcia Souza do Amaral, Clarisse Beltro Rosas Rocha .................................................................... 65
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Sacarose e um aditivo orgnico complexo... 1
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009
(Recebido em 8 de janeiro de 2008 e aprovado em 16 de maro de 2009)
SACAROSE E UM ADITIVO ORGNICO COMPLEXO NAMICROPROPAGAO DE AMOREIRA-PRETA (Rubus sp.)
SUCROSE AND A COMPLEX ORGANIC ADDICTIVE ON MICROPROPAGATIONOF BLACKBERRY (Rubus sp.)
FABOLA VILLA1, MOACIR PASQUAL2, FRANSCINELY APARECIDA ASSIS3, LEILA APARECIDA SALLES PIO4
1Engenheira Agrnoma, Dra., Bolsista FAPEMIG Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais/EPAMIG Setor de Fruticultura - Rua Washington Alvarenga Viglione Vargedo 37200-000 Maria da F, MG [email protected]
2Engenheiro Agrnomo, Dr., Professor Titular do DAG Universidade Federal de Lavras/UFLA 37200-000 Lavras, MG [email protected] Agrnoma, Mestranda em Entomologia no DEN Universidade Federal de Lavras/UFLA 37200-000 Lavras, MG [email protected] Agrnoma, Dra., Bolsista da FAPEMIG Universidade Federal de Lavras/UFLA 37200-000 Lavras, MG [email protected]
RESUMOA micropropagao de amoreira-preta utilizada,
principalmente, para a obteno de plantas livres de vrus eem curto espao de tempo. Com o objetivo de aprimorartcnicas de cultivo in vitro de amoreira-preta cv. Tupy, testou-se o uso de concentraes de sacarose (0, 15, 30, 45 e 60 g L-1)e de suco de uva (SuFresh ) (0, 5, 10, 15 e 20%) adicionadasao meio MS acrescido de 1,0 mg L-1 de BAP, 6,0 g L-1 de gare pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem a 121C e 1,0atm por 20 minutos. Segmentos nodais, oriundos de brotaespr-estabelecidas in vitro foram excisados e inoculados emtubos de ensaio contendo 15 mL do meio de cultura e mantidosem sala de crescimento com temperatura de 25 2C, irradinciade 32 mol m 2 s 1 e fotoperodo de 16 horas. O delineamentoexperimental utilizado foi inteiramente casualisado,utilizando-se 4 repeties com 12 segmentos cada. Oexperimento foi avaliado aps 70 dias de cultivo in vitro.Melhores resultados na micropropagao da amoreira-pretacv. Tupy ocorrem com a adio de altas concentraes desacarose (45-60 g L-1) associadas a baixas concentraes desuco de uva (0-5%).
Termos para indexao: cultivo in vitro, meio de cultura MS,carboidrato, suco de uva, Rubus.
ABSTRACTThe blackberry micropropagation is used, mainly to
produce virus-free plants in a short period of time. With theobjective to improve the techniques of in vitro blackberry cv.Tupy cultivation, different concentrations of sucrose (0, 15,30, 45 and 60 g L-1) and grape juice (SuFresh ) (0, 5, 10, 15 and20%) added to MS medium supplemented with 1.0 mg L-1
BAP, 6.0 g L-1 agar and pH adjusted to 5.8 prior sterilization at121C and 1 atm for 20 minutes were tested. Nodal segments,originated from in vitro plants were excised and inoculated intubes containing 15 mL of culture medium and then transferred
to a growth room with temperature of 25 2C, irradiance of32 mol m-2 s-1 and photoperiod of 16 hours. The experimentwas a complete randomized design with four replicates and 12segments each. The experiment was evaluated after 70 days ofin vitro cultivation. Best results for micropropagation of theblackberry cv. Tupy were obtained using high (45-60 g L-1)sucrose concentrations associated with reduced (0-5%)concentrations of grape juice.
Index terms: In vitro culture, MS culture medium, carbohydrate,grape juice, Rubus.
INTRODUO
A amoreira-preta (Rubus sp.) uma frutfera de clima
temperado pertencente famlia Rosaceae, que contm
aproximadamente 740 espcies. Estima-se que a rea
cultivada no Brasil esteja ao redor de 250 hectares, sendo
o Rio Grande do Sul o principal produtor, seguido de Santa
Catarina, Paran, So Paulo e Sul de Minas (ANTUNES &
RASEIRA, 2004).
A sua propagao se faz por meio de estacas de
razes, brotos (rebentos) originados de plantas cultivadas,
ou ainda por estacas herbceas. Alm disso, com a
micropropagao da amoreira-preta, possvel obter
plantas livres de vrus, geneticamente uniformes e em curto
espao de tempo, sendo assim uma alternativa vivel
(SKIRVIN et al., 1981).
Um dos objetivos da micropropagao a
maximizao da multiplicao de gemas. Muita ateno para
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VILLA, F. et al.2
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009
sua obteno tem sido dada manipulao de reguladores
vegetais no meio. Vrios meios de cultura para amoreira-
preta tm sido testados e um especfico identificado pela
composio de sais minerais, enquanto as vitaminas,
reguladores vegetais e outros suplementos orgnicos
variam em concentrao (ERIG et al., 2002; VILLA et al.,
2004, 2008).
O meio nutritivo composto por gua, elementos
essenciais, vitaminas, aminocidos, acares, agente
solidificante, reguladores vegetais e eventualmente
aditivos como antibiticos, carvo ativado e aditivos
orgnicos complexos. Essas so preparaes obtidas de
produtos naturais, de composio indefinida, mas que
atendem ao propsito de enriquecimento do meio, visando
a melhor resposta no padro de crescimento das plantas
in vitro (TORRES et al., 2001).
Vrios elementos aditivos complexos como coco
(endosperma, gua, leite), peptona de carne, polpa de
banana, sucos de frutas, foram utilizados no meio de cultura
de tecidos (orqudeas) (STANCATO et al., 2008); (citros)
(FERREIRA et al., 2004). Entretanto, os dados
comparativos disponveis no permitem uma discusso
razovel sobre o efetivo estmulo ao crescimento
promovido por esses elementos (GEORGE, 2008). Sucos
de frutas so considerados fontes de carboidrato
alternativas, em substituio sacarose (SILVA, 2003).
A sacarose um componente importante no meio
de cultura, servindo como fonte de esqueleto de carbono
e energia. Sua concentrao tambm um fator
determinante no crescimento e dependente do tipo de
explante. Estudos comprovaram que 75 a 85% do aumento
da biomassa se devem incorporao de carbono pela
adio de sacarose (CALDAS et al., 1990). Para amoreira-
preta cv. Tupy, esse aumento se deu em meio de cultura
MS 150%, acrescido de 45-60 g L-1 de sacarose (VILLA et
al., 2004).
Conduziu-se este trabalho, com o objetivo de avaliar
os efeitos da sacarose e de outra fonte de acar, como o
suco de uva industrializado, no cultivo in vitro de amoreira-
preta cv. Tupy.
MATERIAL E MTODOS
Segmentos nodais de amoreira-preta, cv. Tupy,
contendo duas gemas axilares e 2 cm de comprimento,
oriundos de dois subcultivos in vitro de brotaes
preestabelecidas, foram excisados e introduzidos em tubos
de ensaio (20x150mm), contendo 15 mL de meio MS
(MURASHIGE & SKOOG, 1962). Este meio foi acrescido
de 1,0 mg L-1 de BAP, 6 g L-1 de gar (Merck) e de
combinaes de sacarose (0, 15, 30, 45 e 60 g L-1) e de suco
de uva (Su Fresh - 0, 5, 10, 15 e 20%). O pH foi ajustado
para 5,8 antes da esterilizao a 121C e 1 atm por 20 minutos.
Posteriormente, os tubos de ensaio contendo os explantes
foram transferidos para a sala de crescimento, para os quais
as condies de cultivo foram mantidas a 25 2C,
irradincia de 32 mol m 2 s 1 e fotoperodo de 16 horas.
Ao final de 70 dias de cultivo in vitro, foram
avaliados nmero de brotos, nmero de folhas, massa
fresca da parte area, comprimento da parte area, nmero
de razes e massa fresca de calos.
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualisado com quatro repeties
constitudas de trs explantes cada uma, totalizando 12
brotaes. Os dados foram analisados por meio do software
Sisvar (FERREIRA, 2000) e as concentraes de sacarose
e suco de uva comparadas por regresso polinomial.
RESULTADOS E DISCUSSO
Os resultados da anlise de varincia so
apresentados na Tabela 1. A interao entre as
concentraes de suco de uva e de sacarose promoveu
efeito significativo para todas as variveis analisadas.
Maior valor absoluto para nmero de folhas foi
obtido com 5% de suco de uva associado a 60 g L-1 de
sacarose. Por outro lado, sob o ponto de vista econmico,
melhores resultados (25,85) foram verificados com 20% de
suco de uva adicionado ao meio de cultivo MS e na ausncia
de sacarose (Figura 1).
No meio MS, contendo 0% e 5% de suco de uva,
maior nmero de folhas foi obtido com 60 g L-1 de sacarose,
enquanto que no meio MS contendo 20% de suco de uva
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Sacarose e um aditivo orgnico complexo... 3
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009
TABELA 1 Resumo da anlise de varincia para nmero de folhas (NF), nmero de brotos (NB), nmero de razes(NR), comprimento da parte area (CP) e peso da matria fresca da parte area (PMF). UFLA, Lavras, MG, 2007.
FV GL Quadrados mdios
NF NB NR CP PMF
Sac. 4 93,40** 0,0447 n.s. 0,8083** 7,0976** 0,033**
Suco 4 199,04** 0,3944 n.s. 0,9287** 4,544** 0,0362**
Sac. x suc. 16 219,38** 0,3595** 0,2979** 8,9457** 0,0135**
erro 71 0,1 0,6 0,12 1,91 0,004
CV% 23,27 18,20 19,50 2,67 5,09
** Significativo ao nvel de 5% de probabilidade de erro pelo teste F.sac. = sacarose; suc. = suco de uva; n.s. = no significativo.
FIGURA 1 Nmero de folhas de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de suco de uva e desacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Y5% suco de uva = 13,94 + 0,2028x + 0,0032x2 R2 = 0,76
Y20% suco de uva = 25,84 - 0,2068x - 0,0015x2 R2 = 0,98
Y0% suco de uva = 9,04 + 0,63x - 0,0064x2 R2 = 0,94
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 10 20 30 40 50 60
Sacarose (g L-1)
Nm
ero
de fo
lhas
0% suco de uva 5% suco de uva 20% suco de uva
houve tendncia de reduo nesse nmero em relao ao
aumento da concentrao de sacarose. O comportamento
do nmero de brotos dessa cultivar foi semelhante ao
nmero de folhas, sendo estimulado pelo aumento da
concentrao de sacarose associado a 0 e 5% de suco de
uva (Figura 2).
Maior nmero de brotos ocorreu com 5% de suco
de uva associado a 60 g L-1 de sacarose, corroborando
assim com Villa et al. (2004, 2008), cujos autores estudando
diferentes meios para micropropagao da amoreira-preta,
afirmaram que, o uso de 60 g L-1 de sacarose proporcionou
maior nmero de brotos (2,8) das cultivares bano e Tupy.
Porm, Cao et al. (2003) afirmaram que, maior nmero de
brotos de Vaccinium corymbosum L. cvs. Bluecrop, Duke
e Georgiagem deu-se com a adio de 15 g L-1 de sacarose
adicionado ao meio de cultura WPM modificado.
Mesmo na ausncia de sacarose foi observada a
produo de brotos de amoreira-preta, corroborando assim
com Souza (1995), cujo autor verificou que na ausncia de
sacarose ocorreu uma produo mdia de 2,9 brotos/
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VILLA, F. et al.4
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009
explante e com 35,3 g L-1 de sacarose a produo passava
de 18,2 brotos/explante. Essa resposta, divergente do
presente estudo, sugere que o explante utilizado pode ter
usado suas prprias reservas de carbono na induo de
novas brotaes, sendo dispensvel a sacarose como
fonte de carbono.
Com o aumento nas concentraes de sacarose,
verificou-se um aumento quadrtico no nmero de razes,
sendo que maior nmero ocorreu entre 45-60 g L-1 de
sacarose na ausncia de suco de uva adicionado ao meio
de cultura (Figura 3). Leite et al. (2000) tambm afirmaram
que a percentagem de enraizamento de porta-enxerto de
FIGURA 2 Nmero de brotos de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de suco de uva e desacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Y5% suco de uva = 1,80 + 0,0141x + 1E-06x2 R
2 = 0,83
Y15% suco de uva = 2,50 - 0,0299x + 0,0003x2
R2 = 0,83
Y0% suco de uva = 1,43 + 0,0415x - 0,0005x2 R
2 = 0,99
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
0 10 20 30 40 50 60
Sacarose (g L-1
)
Nm
ero
de b
roto
s
0% suco de uva 5% suco de uva 15% suco de uva
FIGURA 3 Nmero de razes de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de suco de uva e desacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Y0% suco de uva = 0,99 + 0,0312x - 0,0002x2 R
2 = 0,97
Y10% suco de uva = 1,05 + 0,0055x + 0,0001x2 R
2 = 0,74
Y5% suco de uva = 1,22 + 0,0037x + 1E-04x2 R
2 = 0,60
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
0 10 20 30 40 50 60
Sacarose (g L-1
)
Nm
ero
de ra
zes
0% suco de uva 5% suco de uva 10% suco de uva
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Sacarose e um aditivo orgnico complexo... 5
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009
pereira OH x F97 apresentaram comportamento quadrtico
significativo, com aumento nas concentraes de sacarose
estudadas.
Maior percentual de enraizamento foi obtido na
presena de uma situao oposta, ou seja, pela combinao
da maior concentrao de sacarose associada menor de
suco de uva industrializado. A combinao de altas
concentraes de sacarose (60 g L-1) associadas as
menores concentraes (0-10%) da outra fonte de
carboidrato, provavelmente afetam negativamente o
enraizamento por meio do aumento do potencial osmtico
do meio, fator sabidamente conhecido como inibidor do
crescimento radicial, durante o processo de propagao
vegetativa (MALDANER et al., 2006).
Comportamento semelhante ao nmero de razes
deu-se para comprimento da parte area e nmero de folhas.
Maior comprimento da parte area de amoreira-preta cv.
Tupy foi verificado com 45 g L-1 de sacarose, sem a adio
de suco de uva (Figura 4). A adio de sacarose no meio de
cultivo pode atuar como substrato para o processo de
respirao celular, fornecendo quantidade de energia para
o processo de rizognese e tambm atuaria na manuteno
do potencial osmtico do meio. Os dados obtidos
corroboram com as afirmaes de vrios autores de que a
presena de carboidrato essencial para a induo e
desenvolvimento de razes in vitro de muitas espcies
frutferas (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998).
Quando se elevou a concentrao de sacarose, o
desenvolvimento da parte area diminuiu na maior
concentrao de suco de uva (20%). possvel que o
aumento do potencial osmtico e a consequente reduo
na absoro de nutrientes pelos explantes no tenha
evitado um efeito deletrio causado pela alta concentrao
do suco de uva. O aumento da concentrao de sacarose
no meio de cultivo no apenas elevou o suprimento de
carbono disponvel cultura, como tambm estimulou o
crescimento do material vegetal, conforme verificado na
ausncia e com a adio de 5% de suco de uva. J para
20% de suco de uva, o crescimento in vitro teve uma
resposta inversa, decorrente das altas concentraes de
fonte de carbono presentes no suco de uva, diminuindo
assim o potencial osmtico do meio.
A adio de 5% de suco de uva no meio de cultura
proporcionou maior massa fresca de brotaes, com
FIGURA 4 Comprimento da parte area de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de sucode uva e de sacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Y0% suco de uva = 1,57 + 0,1927x - 0,0017x2 R
2 = 0,88
Y5% suco de uva = 2,42 + 0,1555x - 0,0018x2 R
2 = 0,82
Y20% suco de uva = 4,94 - 0,0112x - 0,0006x2 R
2 = 0,73
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
0 10 20 30 40 50 60
Sacarose (g L-1
)
Com
prim
ento
da
pa
rte
are
a (c
m)
0% suco de uva 5% suco de uva 20% suco de uva
-
VILLA, F. et al.6
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009
FIGURA 5 Massa fresca da parte area de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de sucode uva e de sacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.
aumento de sacarose at a concentrao de 60 g L-1 (Figura
5). Embora a alta concentrao de sacarose possa ter
elevado o potencial osmtico, a absoro de nutrientes
pelos explantes no foi prejudicada.
Verificou-se a formao de calos na base dos
explantes de amoreira-preta. Os resultados obtidos nas
concentraes de 0 a 10% de suco de uva foram muito
prximos (Figura 6), porm destaque deve ser dado
ausncia do suco de uva no meio de cultivo, quando maior
massa fresca de calos foi obtida com 60 g L-1 de sacarose.
O aumento nas concentraes de sacarose verificou-se de
forma quadrtica uma intensa formao de calos. Esses
FIGURA 6 Massa fresca de calos de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de suco de uvae de sacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Y5% suco de uva = 1,09 + 0,0007x + 7E-05x2 R
2 = 0,97
Y0% suco de uva = 1,02 + 0,007x - 6E-05x2 R
2 = 0,82
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
0 10 20 30 40 50 60
Sacarose (g L-1
)
Mas
sa f
resc
a da
pa
rte
are
a (g
)
0% suco de uva 5% suco de uva
Y0% suco de uva = 0,99 + 0,0058x - 5E-06x2 R
2 = 0,97
Y5% suco de uva = 1,00 + 0,0072x - 6E-05x2 R
2 = 0,98
Y10% suco de uva = 1,04 + 0,0073x - 0,0001x2 R
2 = 0,87
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
0 10 20 30 40 50 60
Sacarose (g L-1
)
Mas
sa fr
esca
de
calo
s (g
)
0% suco de uva 5% suco de uva 10% suco de uva
-
Sacarose e um aditivo orgnico complexo... 7
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009
resultados esto de acordo com Erig et al. (2004), quando
elevadas concentraes de sacarose induziram a formao
de calo na base dos explantes de marmeleiro (Cydonia
oblonga Mill.), cultivares MC e Adams. Essa formao na
zona de enraizamento indispensvel, pois pode afetar a
qualidade das razes, principalmente no que se refere
conexo vascular com a planta (FACHINELLO et al., 1995).
Pela pouca diferena entre a ausncia de sacarose
e sua adio no meio de cultivo para massa fresca da parte
area e de calos, o melhor resultado verificado foi na
ausncia dessa fonte de carboidrato.
Outro aspecto a ser considerado que a sacarose
tambm contribui na diferenciao dos tecidos vasculares
(SRISKANDARAJAH & MULLINS, 1981). Observou-se
que nos diferentes tratamentos nos quais ocorreram pouca
ou nenhuma formao de calos na base dos explantes, as
razes formaram-se diretamente da epiderme, pois com a
formao de calos, as razes formadas no so diretamente
ligadas aos explantes, podendo acarretar grande taxa de
mortalidade das brotaes, por ocasio de transferncias
para o substrato na fase de aclimatizao.
A sacarose e o suco de uva, como fontes de
carboidratos, visam a suprir as necessidades metablicas
dos explantes de amoreira-preta, atuando como fonte de
esqueletos carbnicos na diferenciao celular e no
crescimento, porm em concentraes antagnicas (altas
concentraes de sacarose e baixas de suco de uva) foram
essenciais no desenvolvimento in vitro dessa cultivar.
CONCLUSES
Maiores concentraes de sacarose associadas a
baixas concentraes de suco de uva proporcionaram
melhor cultivo in vitro da amoreira-preta cv. Tupy.
Plantas com maior nmero de razes foram obtidas
na ausncia do suco de uva em meio de cultura, adicionado
de 45, 60 g L-1 de sacarose.
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Estudo da anatomia de plntulas da espcie... 9
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009
(Recebido em 31 de julho de 2008 e aprovado em 16 de maro de 2009)
ESTUDO DA ANATOMIA DE PLNTULAS DA ESPCIE Malusdomestica Borkh var. golden delicious CULTIVADA IN VITRO
ANATOMICAL STUDY OF Malus domestica var. golden delicious CULTIVATED IN VITRO
KELLY CRISTINA DE MACEDO BEZERRA1, MAGDI AHMED IBRAHIM ALOUFA2,JULIANA ESPADA LICHSTON3
1Biloga, MsC. Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Parnamirim, RN [email protected] Agrnomo, Dr., Professor Adjunto Departamento de Botnica Ecologia e Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Rua Engo Nelson Bahia, 1800 Cidade Jardim 59078-280 Natal, RN [email protected]
3Biloga, Dra., - Professora Adjunta - Departamento de Botnica, Ecologia e Zoologia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Avenida Salgado Filho s/n Lagoa Nova 59078-970 Natal, RN [email protected]
RESUMOA tcnica de cultura in vitro na fruticultura vem crescendo,
principalmente, para facilitar a produo de variedades resistentese de alta qualidade, havendo necessidade de novas alternativas afim de atender ao mercado consumidor. Neste trabalho objetivou-se analisar as estruturas anatmicas de plntulas de macieira(Malus domestica Borkh var. golden delicious) germinadasassepticamente in vitro e avaliar a taxa de germinao dassementes. As sementes de macieira foram escarificadas, inoculadasem meio MS bsico, e mantidas em condies controladas de luz,temperatura, fotoperodo e luminosidade. Para os estudosanatmicos, as plntulas germinadas foram fixadas em lcool, eutilizadas para confeco de lminas, pelo mtodo mo livre,como lminas permanentes. As sementes que tiveram o tegumentototalmente removido apresentaram a maior percentagem degerminao e a menor taxa de contaminao. No estudo histolgico,verificaram-se na raiz, em seco transversal, clulas da epidermecom espessamento na parede periclinal interna. Observou-se queseu sistema vascular composto por cinco plos de protoxilemaalternando-se com cinco do protofloema. No caule, o sistemavascular representado por um nmero variado de feixes do tipocolateral. A folha dorsiventral e hipoestomtica, e a epidermeapresenta acentuadas sinuosidades, com cutcula de espessuradelgada. Quanto anatomia, Malus domestica apresentaorganizao tecidual tpica das eudicotiledneas, havendodiferena entre os indivduos que crescem naturalmente e os decultivo in vitro.
Termos para indexao: Malus domestica, escarificao,histologia.
ABSTRACTThe technique of in vitro culture in horticulture has
grown mainly to facilitate the production of resistant high qualityvarieties, with the need of new alternatives in order to attendthe consumer market. The objective of this work was to analyse,in vitro, the anatomical structure of apple plantlets (Malusdomestica var. golden delicious) germinated aseptically in vitro,as well as to evaluate their seed germination rate. The appletree seeds underwent a scarification process being inoculated inbasic MS medium, and maintained under controlled conditions.
The germinated seedlings were scarified, for the anatomicalstudy, and both free hand and permanent laminae methods wereused. The seeds whose tegument was completely removedpresented the highest germination percentage and the lowestcontamination rate. For the histological study, it was found inthe root, using transverse section, cells of the epidermis withthickening in the internal periclinal wall. Five protoxylem polesalternated with five protophloem compose its vascular system.In the stem, the vascular system is represented by a variednumber of bunches of collateral type. The leaf is dorsiventraland hipostomatic, the epidermis presents accentuated sinuosity,with thin thickness cuticle. As for the anatomy, Malus domesticapresents the typical tissue organization of the eudicotyledons,showing difference among the individuals growing naturallyand those cultivated in vitro.
Index terms: Malus domestica, scarification, histology.
INTRODUO
O cultivo de diversas variedades de macieira est
consolidado como um empreendimento rentvel e vivel
no Brasil (CRUZ JUNIOR & RICARDO, 2002). A qualidade
da ma produzida no pas vem tornando o mercado
competitivo em relao ma importada (FREY, 1990).
Mas, na regio Sul do Brasil, onde ocorre maior produo
de macieira do pas, a maioria dos cultivares no tem sua
necessidade de frio invernal satisfatria, apresentando
srios distrbios fisiolgicos, como brotaes deficientes
e desuniformes, reduzindo a produtividade (CRUZ JUNIOR
& RICARDO, 2002).
A variedade golden delicious de origem americana,
uma das mais cultivadas do mundo. Sua casca verde,
com pontos escuros pequenos. Seu formato redondo e
regular. A polpa substancial, suculenta, doce e aromtica.
-
BEZERRA, K. C. de M. et al.10
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009
Foi introduzida no mercado mundial em 1914 (ESCLAPON,
1969).
A macieira por muitas vezes apresenta perodo
juvenil encurtado, ocasionando um longo intervalo de
tempo at a germinao, tornando mais difcil e longo o
programa de melhoramento gentico para esta espcie
(ROEN, 1994). As sementes da macieira apresentam
dormncia e necessitam de uma temperatura tima para a
sua superao (DANTAS et al., 2002). Nesse sentido, o
cultivo in vitro dessas sementes apresenta-se como uma
alternativa de propagao da espcie, de forma rpida e
como possvel fonte assptica de explantes para
experimentos posteriores. Quando a dormncia
ocasionada por um balano desfavorvel entre promotores
e inibidores de germinao, mtodos que aumentem a
concentrao dos promotores ou que atuem impedindo a
ao dos inibidores devero ser empregados, como o
caso da estratificao, lixiviao e aplicao direta de
citocinina e/ou giberelina (FERREIRA & BORGHETTI,
2004). As interaes entre fitoreguladores afetam a
superao da dormncia e a subsequente germinao das
sementes (DUNLAP & MORGAN, 1977). Um outro tipo
de dormncia verificado a imposta pelo tegumento, que
eficiente para retardar a germinao (KHAN, 1996). E
uma forma de permitir a quebra da germinao, pela
escarificao mecnica, que obtida pela ruptura ou
abraso do tegumento (COHN, 1996; FERREIRA et al.,
1992).
Segundo Calvete et al. (2002), o cultivo de sementes
in vitro promove alteraes anatmicas, morfolgicas e
fisiolgicas nas plantas. Por isso, importante a
identificao dos aspectos estruturais da plntula para uma
melhor compreenso. As plantas crescidas in vitro podem
apresentar caractersticas peculiares como: abundncia de
espaos intercelulares, sistema vascular pouco
desenvolvido e reduzida capacidade de sustentao (baixa
incidncia de tecidos como esclernquima e colnquima),
estmatos no funcionais e baixa atividade autotrfica,
dentre outros tipos de desordens (CAMPOSTRINI &
OTONI, 1996).
As estruturas morfoanatmicas dos vegetais
sofrem grande influncia das condies ambientais em que
vivem, embora a relao entre esses caracteres adaptativos
e condies ambientais, em muitos casos, seja difcil de
estabelecer. Segundo Reeve & Sherman (1993), o termo
adaptao tem sido utilizado em anatomia vegetal para
descrever certos caracteres anatmicos associados a
determinadas condies ambientais e de cultivo.
Plntulas removidas do ambiente in vitro
necessitam de um perodo de aclimatizao, que lhes
permitiro adaptar-se s condies de cultivo em campo.
Campostrini & Otoni (1996) alertam para a dificuldade de
transio do mecanismo heterotrfico para autotrfico em
plantas micropropagadas, em virtude das alteraes
epigenticas, anatmicas e fisiolgicas, induzidas pelas
condies in vitro. Os estudos das adaptaes vegetais
em cultivo in vitro so de grande relevncia para
compreender o processo de aclimatizao das espcies e
seu desenvolvimento tecidual em resposta s novas
condies ambientais.
Conduziu-se este trabalho, com o objetivo de
analisar as estruturas anatmicas de plntulas de ma
(Malus domestica Borkh var. golden delicious) germinadas
assepticamente in vitro, por meio de um processo de
escarificao de sementes de ma e avaliar a taxa de
germinao das sementes sob as condies citadas.
MATERIAL E MTODOS
O trabalho foi desenvolvido no Laboratrio de
Biotecnologia Vegetal, do Departamento de Botnica,
Ecologia e Zoologia, do Centro de Biocincias da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para o
experimento de germinao, utilizou-se o meio Murashige
& Skoog (1962), contendo sais, vitaminas, 0,1 g L-1 de mio-
inositol, 6,0 g L-1 de agar e 30 g L-1 de sacarose. O pH do
meio foi ajustado para 5,7 antes da autoclavagem.
Utilizaram-se sementes de macieira (Malus domestica var.
golden delicious), retiradas assepticamente a partir de
frutos maduros, que foram colocadas para germinar sob
trs tratamentos assim denominados: T1 (sementes que
-
Estudo da anatomia de plntulas da espcie... 11
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009
no sofreram nenhuma escarificao); T2 (a semente sofreu
um corte transversal) e T3 (remoo total do tegumento da
semente). Em seguida, as sementes foram inoculadas em
frascos contendo o meio acima citado. As culturas foram
mantidas em salas de crescimento com condies
controladas de luz (25 M m-2 s-1), fotoperodo (12h),
temperatura (262C) e umidade relativa (76%). Utilizou-se
o delineamento inteiramente casualizado, com trs
repeties de 10 frascos experimentais, onde cada frasco
apresentava uma semente. A cada 10 dias foram realizadas
as observaes, analisando a porcentagem de germinao
e contaminao.
Para o estudo anatmico, utilizaram-se razes, caules e
folhas de plntulas originadas de semente sem o tegumento
oriundas do cultivo in vitro, sendo retiradas do meio MS
aps 30 dias de incubao. As amostras foram retiradas a
partir de material fresco e fixadas em lcool 70% (JOHANSEN,
1940). Os cortes obtidos mo livre foram corados com azul
de astra e safranina (KRAUS & ARDUIM, 1998). As lminas
semi-permanentes foram montadas em gelatina glicerinada
50%. Para a confeco de lminas permanentes, o material foi
submetido s tcnicas usuais em anatomia vegetal (SASS,
1958), seccionados transversal e longitudinalmente, sendo
corados com azul de astra e safranina e montados em resina
sinttica (KRAUS & ARDUIM, 1998). Testes histoqumicos
foram realizados em corte de material fresco com a utilizao
de sudan IV para evidenciar substncias lipoflicas,
floroglucina para elementos lignificados, lugol para
evidenciar reservas de amido e cloreto frrico para sinalizar
substncias fenlicas (JOHANSEN, 1940). Para a obteno
de fotomicrografias, foi utilizado o equipamento
fotomicroscpio ZEISS. Os cortes histolgicos foram
observados com o auxilio de objetivas de 10X, 40X e 100X
de aumento. Utilizou-se tambm microscpio eletrnico de
varredura para a anlise das plntulas.
RESULTADOS E DISCUSSO
Germinao das Sementes
Os resultados obtidos neste trabalho mostraram
que no tratamento T1 (sementes sem corte), apenas
4,45% das sementes germinaram, obtendo-se a menor
porcentagem de germinao entre os tratamentos,
mostrando a dificuldade de embebio imposta pelo
tegumento e uma taxa de contaminao de 63,33% que
provavelmente ocorreu pelo fato das sementes no ter
passado por um processo de desinfestao, pois as
mas eram flambadas e cortadas dentro da capela de
fluxo laminar e as sementes eram logo colocadas em
frascos com meio de cultura. No tratamento T2 (com
corte), observou-se 15,55% de germinao resultado que
mostra que sementes parcialmente escarificadas
apresentam um aumento de germinao, comprovando
que a retirada parcial do tegumento torna o ambiente
das sementes mais favorvel ao seu desenvolvimento,
essa idia reforada quando se retira totalmente o
tegumento no tratamento T3 (sem tegumento) onde a
taxa de germinao alcanou 72,22%, mostrando que a
retirada total do tegumento bastante eficiente,
favorecendo uma melhor embebio para dar incio
germinao. Estando de acordo com Santos et al. (2003),
que trabalhando com sementes de Smilax japicanga
Grisebach, no obtiveram germinao nas suas sementes
sem escarificao. Em relao contaminao o maior
ndice 75,55% ocorreu no tratamento 2 provavelmente
em razo da inciso na semente, permitindo a entrada de
microorganismo alm dos presentes no tegumento e o
menor ndice 25,5% ocorreu no tratamento 3, mostrando
que a retirada total do tegumento, tem relao direta,
tanto com a germinao como a contaminao (Figura
1). A escarificao mecnica do tegumento tambm foi
eficiente na superao da dormncia das sementes de
vrias espcies com tegumento impermevel, como as
de Bauhinia monandra Kurz e B. ungulata L. (ALVES
et al. , 2000) e Dimorphandra mollis Benth
(HERMANSEN et al., 2000). Podemos inferir que as
sementes de macieira da variedade golden delicious,
possuem uma impermeabilidade do tegumento, como
mostra o tratamento T1, concordando com os trabalhos
de Barbosa et al. (1996) e Crepaldi et al. (1998), no que
diz respeito dureza do tegumento das sementes.
-
BEZERRA, K. C. de M. et al.12
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009
As sementes de muitas espcies frutferas,
principalmente daquelas que possuem frutos carnosos,
germinam em tempo relativamente curto quando colocadas
em condies de solo e ambiente favorvel, porm outras,
nas mesmas condies, no germinam (LEDO &
CABANELAS, 1996).
Caracteres estruturais da raiz
Em estudos realizados com a raiz, ao nvel da zona
pilfera, em seco transversal, verificou-se uma epiderme
unisseriada, destacando espessamento em algumas clulas
no sentido periclinal, pelos absorventes curtos e numerosos,
com cutcula delgada. A exoderme, tambm apresentou
paredes espessadas. A regio cortical compreende cerca de
sete camadas de clulas parenquimticas, com grandes
espaos intercelulares. Limitando o crtex, a endoderme
caracteriza-se pela parede delgada, no sendo observada
estrias de Caspary, reforos de suberina que sustentam o
feixe vascular, comumente encontrado nas razes de
angiospermas (GLRIA & GUERREIRO, 2006). O periciclo
unisseriado, com clulas maiores que as observadas na
endoderme e paredes delgadas. No cilindro central, o xilema
formado por cinco plos de protoxilema (pentarca), cujo
espessamento delgado. O arco procambial se mostra
evidente. A regio da medula ocupada por um parnquima
de parede delgada e poucos espaos intercelulares, sendo
FIGURA 1 Taxa de contaminao e germinao de sementes de macieira em trs tratamentos diferentes.
4,45
15,55
72,22
63,3375,55
25,55
0,00
15,00
30,00
45,00
60,00
75,00
90,00
Sem corte Com corte Sem tegumento
Porc
enta
gem
mdias das taxas de germinao
mdias das taxas de contaminao
registrada pouca substncia ergsticas identificadas pela
colorao escura dada pelos corantes lugol e cloreto frrico.
Caracteres estruturais do caule
Na seco transversal do caule, na estrutura
primria, observa-se uma epiderme unisseriada, e a cutcula
se mostra delgada. Sob a epiderme, verificam-se dois
estratos de clulas do colnquima, que de acordo com o
espessamento do tipo angular. Verificaram-se ainda, nesta
regio, clulas com contedo fenlico, determinado pela
colorao escura dada pela reao com o cloreto frrico. O
parnquima cortical formado por cerca de cinco estratos,
com formato isodiamtrico, deixando poucos espaos
intercelulares (Figura 2). Delimitando o crtex, v-se uma
camada de clulas parenquimticas, a bainha amilfera. O
sistema vascular circular, fechado e do tipo colateral.
Idioblastos fenlicos surgem entre os feixes vasculares,
principalmente prximos aos elementos do floema. A medula
ampla e constituda por clulas parenquimticas com
poucos espaos intercelulares (Figura 3).
Caracteres estruturais da folha
Na figura 4, representa-se um corte paradrmico da
folha de M. domestica. Verifica-se que as clulas da
epiderme da superfcie adaxial so delgadas, e menores
quando comparadas s da superfcie abaxial (Figura 4 e 5).
-
Estudo da anatomia de plntulas da espcie... 13
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009
FIGURA 2
Seco transversal do caule de Malusdomestica de plntulas oriundas do cultivo in vitro emestrutura primria, revelando epiderme (ep), colnquima(co), crtex (c), xilema (x) floema (f) (40X). Barra = 30 m.
FIGURA 3 Pormenor do caule de plntulas oriundas docultivo in vitro de Malus domestica, observando o siste-ma vascular. Crtex (c), compostos fenlicos (cf), floema(f), xilema (x) e medula (m) (100X). Barra = 30 m.
As paredes das clulas da superfcie abaxial so delgadas
apresentando maiores sinuosidades; os estmatos so
grandes e do tipo anomocticos. Na figura 5, verificou-se
que a maioria dos estmatos est aberto, com clulas-
guarda em formato arredondado, tpico de eudicotiledneas
(RAVEN et al., 2001). Assim sendo, como os estmatos
so pouco funcionais, as plantas respondem muito
lentamente ao estresse hdrico (PREECE & SUTTER, 1991).
Os estmatos se localizam acima das demais clulas
da epiderme (Figura 6 e 7). Verificou-se ainda crista
estomtica. A cmara subestomtica ampla e as clulas-
guarda possuem espessamento nas paredes periclinal
externa e interna, sendo mais espessada a periclinal externa.
Em seco transversal, a folha hipoestomtica e
FIGURA 4
Vista frontal da epiderme, superfcieadaxial da folha de Malus domestica (100X). Barra =50 m.
FIGURA 5 Vista frontal da epiderme da superfcie abaxialda folha de Malus domestica, evidenciando estmatos(es) arredondados e abertos (100X). Barra = 50 m.
dorsiventral, sendo observada apenas uma camada de
clulas palidicas, contguas com numerosos cloroplastos;
o parnquima lacunoso apresenta grandes espaos.
A cera foliar epicuticular constitui interface natural
entre as folhas e o meio, tendo como funo bsica conferir
ao vegetal uma maior resistncia perda d gua e a doenas
(HARBORNE & TURNER, 1984) e adicionalmente, pode
ser importante na interao inseto-planta (BALSDON et
al., 1995; SUGAYAMA & SALATINO, 1995).
Nas Figuras 6 e 7, evidencia-se a morfologia da
cera foliar epicuticular de M. domestica cultivada in vitro,
classificada segundo Barthlott et al. (1998) como uma cera
do tipo filme com circunvolues como crostas sobrepostas
epiderme, no caracterizando cristais de cera.
-
BEZERRA, K. C. de M. et al.14
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009
FIGURA 6 Superfcie abaxial da folha de macieira.
FIGURA 7 Superfcie adaxial da folha de macieira.
Vrios pesquisadores afirmam que a morfologia da
cera foliar epicuticular reflete a sua constituio qumica
(BARTHLOTT, 1998; BONDADA et al., 1996). Segundo
Salatino et al. (1986), a cera inicia o depsito sobre a
cutcula, como uma camada amorfa que pode receber
camadas adicionais que se cristalizam e sugerem que ceras
que permanecem amorfas devem ter predomnio de
terpenides, substncias que determinam um alto poder
de impermeabilizao foliar e conferem defesa contra
fungos. Considerando a possibilidade da cera foliar
epicuticular de M. domestica ter um predomnio de
terpenides, estes constituintes qumicos podem ter
influenciado no equilbrio hdrico da variedade em cultivo
in vitro, evidenciado pela ausncia de estresse hdrico.
Na variedade golden delicious, encontramos 7
camadas de clulas parenquimticas, com grandes espaos
intercelulares, o periciclo unisseriado e o cilindro central
formado com 5 plos de protoxilema, diferindo do estudo
realizado por Rodrigues et al. (2006) com macieira da
variedade gala, cuja raiz se observa uma regio cortical,
apresentando cerca de 4 a 5 camadas de clulas
parenquimticas, com pequenos espaos intercelulares,
periciclo do tipo uniestratificado e cilindro central formado
por 4 a 6 plos de protoxilema. As variedades citadas acima
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Estudo da anatomia de plntulas da espcie... 15
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009
apresentam semelhana na regio da medula, na qual
apresentam um parnquima de parede delgada e poucos
espaos intercelulares. Mas, de acordo com Fahn (1990),
na maioria das espcies, o nmero de plos de protoxilema
pode variar entre plantas diferentes, ou em raiz diferentes
na mesma planta.
Na estrutura caulinar, observamos que a variedade
golden delicious apresenta um sistema vascular do tipo
circular, fechado e colateral, confirmando o sistema de
classificao de Foster & Gifford Junior (1974), o qual
confirma que as eudicotiledneas apresentam sistema
vascular do tipo eustele. O caule da plntula de macieira
variedade golden delicious apresentou as mesmas
caractersticas da macieira variedade gala, como relatado
por Rodrigues et al. (2006). Como a conexo entre o sistema
vascular do caule e das razes ainda precria para permitir
o fluxo transpiratrio adequado e o nmero de elementos
condutores reduzido, estes tambm podem ser
considerados fatores de risco na aclimatizao
(JOHANSSON et al., 1992; PREECE & SUTTER, 1991).
Nas folhas de macieira, desenvolvidas in vitro,
observou-se que, sua espessura menor quando
comparadas com as espcies desenvolvidas naturalmente.
A cutcula se mostra tambm menos espessa e os estmatos
acima das clulas, como mencionado nos trabalhos de
Donnely & Vidaver (1984) e Johansson et al. (1992).
Resultado semelhante foi verificado por Barboza et al (2006)
em estudo com plantas micropropagadas de abacaxizeiro.
Vrios autores afirmam que plantas sob condies
satisfatrias de suprimento hdrico e alto ndice de umidade
tendem a desenvolver uma cutcula foliar menos espessa
(SUGAYAMA & SALATINO, 1995), minimizando o gasto
energtico contra a dessecao. Em condies de cultivo
in vitro, a macieira evita o gasto metablico excessivo com
a produo de cutcula, uma vez que a planta encontra-se
adaptada ao ambiente mido e com grande oferta de gua
caracterstico deste meio de cultivo.
As clulas da epiderme da superfcie adaxial so
menores em relao da abaxial. O mesofilo compreende
apenas uma camada de clulas palidicas apresentando
espaos intercelulares. Nos estudos realizados por Brainerd
& Fuchigami (1981) para as folhas de ameixeira
micropropagadas in vitro, verificou-se que a camada de
clulas palidicas era formada apenas por uma camada.
Esse mesmo comportamento foi observado na espcie
framboesa vermelha (DONNELLY & VIDAVER, 1984),
videira (SMITH et al., 1986) e morangos (FABBRI et al.,
1986), as plantas crescidas no campo apresentam outro
comportamento, como a presena de tricomas unicelulares.
Em relao aos estmatos, alguns autores relatam
inabilidade de fechamento dos estmatos de plantas
cultivadas in vitro, quando removidas do meio de cultura.
A forma arredondada dos estmatos de Malus domestica
difere das clulas-guarda existentes em grandes variedades
de ma (BLANKE & BELCHER, 1989). Na variedade
estudada, a maioria dos estmatos est aberta,
concordando com os estudos realizados por Brainerd &
Fuchigami (1981). Resultados idnticos foram obtidos com
folhas incisadas de Solanum laciniatum Ait. (CONNER &
CONNER, 1984). Foi observado por Sutter (1988) que
estmatos de brotos de mas permaneceram abertos
aps a sua remoo do meio de cultura, porm cerca de
78% dos estmatos das cerejas e plantas de goma doce
desenvolvida in vitro se fecharam aps uma hora de
exposio s condies ambientais numa bancada de
laboratrio.
As plantas micropropagadas crescem em condies
de alta umidade relativa do ar, baixa luminosidade e trocas
gasosas restritas, resultando em baixas taxas de
transpirao e fotossntese (POSPSILOV et al., 1999;
PREECE & SUTTER, 1991). Durante a aclimatizao, as
plantas sofrem mudanas morfolgicas, anatmicas e
fisiolgicas, que as tornam capazes de crescer em um novo
ambiente (SUTTER et al., 1992). Essas alteraes
anatmicas nas plantas cultivadas in vitro podem
inviabilizar a aclimatizao das mesmas (ALBARELLO et
al., 2001). Brainerd & Fuchigami (1981) relataram a
necessidade da aclimatizao das plantas provenientes da
cultura in vitro, porque elas so sensveis e tenras, a
cutcula pouco desenvolvida, resultando em alta
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BEZERRA, K. C. de M. et al.16
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009
transpirao e a parede celular no apresenta rigidez
suficiente para a sustentao.
CONCLUSES
Sementes de Malus domestica cultivadas in vitro e
desprovidas de tegumentos, promoveram uma germinao
de forma mais rpida e com menor ndice de contaminao.
As plntulas desenvolvidas in vitro apresentaram
caractersticas anatmicas que no permitem coloc-las
de imediato para aclimatizao, por isso recomendvel
que seja feita uma pr-aclimatizao para maior sucesso
das plantas propagadas.
O estudo anatmico de plntulas cultivadas in vitro
mostra-se como uma importante ferramenta para programar
as etapas do processo de aclimatizao do vegetal
maximizando as chances de viabilidade da espcie em
campo.
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Crescimento in vitro de pequizeiro (Caryocar... 19
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009
(Recebido em 26 de maio de 2008 e aprovado em 19 de maro de 2009)
CRESCIMENTO IN VITRO DE PEQUIZEIRO (Caryocar brasilienseA. St.-Hil.): INFLUNCIA DA POLARIDADE E LUMINOSIDADE
IN VITRO GROWTH OF Caryocar brasiliense A. St.-Hil.: INFLUENCE OF POLARITY AND LIGHT
BRENO RGIS DOS SANTOS1, RENATO PAIVA2, SANDRO BARBOSA3,PATRCIA DUARTE DE OLIVEIRA PAIVA4, DAIANE PEIXOTO VARGAS5, CRISTIANO MARTINOTTO6
1Engenheiro Agrnomo, Dr., Professor, Universidade Federal de Alfenas/UNIFAL Rua Gabriel Monteiro da Silva 700 Centro
37130-000 Alfenas, MG [email protected] Agrnomo, Dr., Professor, Universidade Federal de Lavras/UFLA
Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected], Dr., Professor, Universidade Federal de Alfenas/UNIFAL Rua Gabriel Monteiro da Silva 700 Centro 37130-000
Alfenas, MG [email protected] Agrnoma, Dra., Professora, Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected], Dra., Bolsista FAPEMIG Universidade Federal de Lavras/UFLA
Cx. P. 3037 37200-00 Lavras, MG [email protected] Agrnomo, Dr., Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P. 3037 37200-00 Lavras, MG
RESUMODecorrente da devastao do Cerrado, a propagao
natural do pequizeiro tem sido comprometida. Alm disso,suas sementes apresentaram srios problemas de dormnciategumentar e uma possvel presena de inibidores. Nessecontexto, a cultura de tecidos torna-se uma alternativa para apropagao do pequizeiro. Objetivou-se avaliar o efeito dapolaridade de explantes foliares e nodais durante o cultivo invitro e verificar a influncia da luminosidade na calognese ena induo de brotaes de pequizeiro. O estudo da polaridadena calognese foi observado por meio da inoculao desegmentos foliares em meio WPM. O efeito da luminosidadena calognese foi verificado por meio da inoculao de explantesfoliares em meio WPM, acrescido de 1 mg L-1 de TDZ e 2 mgL-1 de 2,4-D, permanecendo os explantes aps a inoculao napresena e ausncia de. O efeito da luminosidade na induode brotaes foi averiguado por meio da inoculao desegmentos nodais em meio WPM acrescido com 0,75 mg L-1
de BAP e 0,05 mg L-1 de ANA, sendo que, aps a inoculaoos explantes foram mantidos na presena e ausncia de luz.Para a induo de calos em explantes foliares, a inoculaocom a superfcie abaxial voltada para o meio de cultivo e naorientao horizontal apresentou melhores resultados. Paraexplantes nodais, a orientao horizontal mostrou-se maiseficiente, uma vez que, este procedimento permitiu obter 3,88brotos/explantes, em mdia, sendo este valor superior aoencontrado na orientao vertical (1,5 brotos/explantes). Aformao de calos foi 38,31% maior na ausncia de luz. Asbrotaes em segmentos nodais desenvolveram-se melhor napresena de luz.
Termos para indexao: Micropropagao, Caryocarbrasiliense, explante.
ABSTRACTDue to the great devastation of cerrado, the natural
propagation of Caryocar brasiliense has been seriously affected.Besides, its seeds present serious problems of coat dormancyand possible presence of inhibitors. In this context, plant tissueculture becomes an alternative for the especies propagation. Theobjective of this work was to evaluate the effect of the polarityon leaf and nodal explants of Caryocar brasiliense during in vitrocultivation and verify the influence of light on callus and shootinduction. The study of the polarity influence on callus inductionwas observed inoculating leaf segments on WPM. The influenceof light on callus induction was investigated inoculating leafexplants on WPM supplemented with 1.0 mg L-1 TDZ and 2.0mg L-1 2.4-D, and maintained under the presence and absence oflight. The influence of light on shoot induction was evaluatedinoculating nodal segments on WPM supplemented with 0.75mg L-1 BAP and 0.05 mg L-1 NAA and maintained in the presenceand absence of light. For callus induction, inoculation of leafexplants with the abaxial surface in contact with the cultivationmedium on the horizontal position showed better results. Fornodal explants, the horizontal orientation showed to be moreeffective resulting in an average production of 3.88 shoots/explantwhen compared with the vertical position (1.5 shoots/explant).Callus induction was 38.31% higher in the absence of light. Shootsinduced on nodal segments developed better in the presence oflight.
Index terms: Micropropagation, Caryocar brasiliense, explant.
INTRODUO
O cerrado considerado um ecossistema com
recursos renovveis se manejado adequadamente.
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SANTOS, B. R. dos et al.20
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009
Entretanto, vem sendo destrudo e, com ele, espcies
frutferas importantes que poderiam ser utilizadas com
propsito econmico e social (POZO, 1997).
O pequizeiro (Caryocar brasiliense A. St,-Hil.)
destaca-se pelo uso de seus frutos na culinria, extrao
de leos para a fabricao de cosmticos ou mesmo na
medicina popular para tratamento de problemas
respiratrios. Alm disso, sua madeira considerada de
tima qualidade e resistncia (ALMEIDA & SILVA, 1994).
Em razo da grande devastao do cerrado e matas
ciliares, a propagao natural do pequizeiro tem sido
comprometida e, alm disso, suas sementes apresentam
srios problemas de dormncia tegumentar e presena de
inibidores (DOMBROSKI, 1997; MELO & GONALVES,
1991).
As dificuldades encontradas no processo de
propagao do pequizeiro por meio de sementes valorizam
a busca por solues alternativas para a produo de
mudas de maneira rpida e eficiente, o que, sem dvida,
pode significar um maior estmulo ao cultivo econmico
do pequizeiro. Nesse contexto, a cultura de tecidos
apresenta-se como uma soluo que pode favorecer a
obteno de mudas de pequizeiro, tornando possvel a
produo destas em grande quantidade.
Os explantes inoculados in vitro normalmente
exibem uma acentuada polaridade na proliferao celular e
na morfognese, de maneira a estarem relacionados com a
posio em que o rgo ou tecido se encontra na planta
intacta e tambm com sua orientao dentro do recipiente
de cultivo (SANTANA, 2003). Outro fator importante
que na micropropagao no basta conseguir altas taxas
de multiplicao, o importante obter uma taxa mdia
satisfatria por explante (ERIG & SCHUCH, 2002). Para
isso, necessrio estudar os fatores que influenciam as
respostas morfognicas no cultivo in vitro de plantas.
Santos et al. (2006) estabeleceram protocolos de
micropropagao para o pequizeiro e relataram que o melhor
tratamento para induo de brotaes foi aquele que
utilizou meio WPM suplementado com 0,05 mg L-1 de ANA
combinado com 0,75 mg L-1 de BAP, proporcionando a
maior taxa de multiplicao. Contudo, os autores no
trabalharam com os efeitos da influncia da luminosidade
e polaridade na micropropagao dessa planta.
Neste trabalho objetivou-se avaliar o efeito da
polaridade de explantes foliares e nodais durante o cultivo
in vitro e estudar a influncia da luminosidade na
calognese e na induo de brotaes in vitro de
pequizeiro, para otimizao dos protocolos de cultura de
tecidos e a produo eficiente de mudas micropropagadas.
MATERIAL E MTODOS
Efeito da polaridade de explantes foliares na obteno decalos in vitro
Folhas retiradas de plantas matrizes mantidas em
sala de crescimento sob irradincia luminosa de 67 mol
m-2 s-1, temperatura de 28 3 C e umidade relativa mdia
de 63% foram lavadas em gua corrente por 12 horas. Em
seguida, efetuou-se a desinfestao em cmara de fluxo
laminar, utilizando lcool etlico 70% por 1 minuto e
hipoclorito de sdio comercial (2,5% de cloro ativo) por
10 minutos, com subsequente lavagem, por trs vezes,
em gua estril.
Aps a assepsia, as folhas foram excisadas em
fragmentos de 3 cm2 e inoculadas em tubos de ensaio,
contendo 15 mL de meio WPM (Wood Plant Mdium)
(LLOYD & MCCOWN, 1980), suplementado com 30 g L-1
de sacarose, solidificado com 7g L-1 de gar e acrescido
com 1 mg L-1 de TDZ e 2 mg L-1 de 2,4-D. O pH do meio de
cultura foi ajustado para 5,8; autoclavado a 121C e presso
de 1 atm, por 20 minutos. Os explantes foram mantidos em
sala de crescimento com fotoperodo de 16 h e temperatura
de 25 1C.
O experimento foi conduzido em delineamento
experimental inteiramente casualizado, com 2 tratamentos
e 25 repeties, sendo cada repetio composta por um
tubo de ensaio contendo um explante. O tratamento 1
correspondeu inoculao do explante foliar com a
superfcie abaxial voltada para o meio de cultivo e o
tratamento 2 correlata-se inoculao do explante foliar
com a superfcie adaxial voltada para o meio de cultivo.
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Crescimento in vitro de pequizeiro (Caryocar... 21
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009
Foram avaliados, aos 30 dias aps a inoculao, a
porcentagem de calos formados e o peso da matria fresca
dos mesmos.
A anlise estatstica dos dados foi realizada com
base no teste T-student, considerando significncia de
5%.
Efeito da polaridade dos segmentos nodais na obtenode brotaes in vitro
Foram utilizados segmentos nodais de pequizeiro,
com aproximadamente 1 cm, possuindo 2 gemas, obtidos
de plantas matrizes mantidas em sala de crescimento, sob
as mesmas condies citadas no item 1. Aps a
desinfestao, os seguimentos foram inoculados em tubos
de ensaio, contendo 15 mL de meio WPM suplementados
e ajustados conforme item 1, porm acrescidos de 0,05 mg
L-1 de ANA; 0,75 mg L-1 de BAP e 800 mg L-1 de PVP. Os
explantes foram mantidos em sala de crescimentos com
fotoperodo de 16 horas e temperatura de 25 1C.
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualizado, constando de 2 tratamentos
(inoculao com a base do segmento inserido no meio de
cultivo na posio vertical e na horizontal) e 15 repeties,
cada uma composta por um tubo.
Aos 30 dias de cultivo, foram avaliados os nmeros
de brotaes, o nmero de gemas por explantes, o nmero
de folhas, o comprimento da maior brotao e a taxa de
multiplicao que se refere razo entre o nmero de gemas
obtidas como resposta aos tratamentos empregados e o
nmero de gemas iniciais contidas no explante utilizado,
segundo metodologia descrita por Erig & Schuch (2000).
Para este estudo, foi realizado o teste de Kruskall-Wallis
(TRIOLA, 1999), considerando significncia de 5%.
Efeito da luminosidade na obteno de calos in vitro apartir de explantes foliares
Folhas foram retiradas de plantas matrizes mantidas
em sala de crescimento e lavadas em gua corrente por 12
horas, ao trmino das quais, efetuou-se a desinfestao
em cmara de fluxo laminar conforme procedimento descrito
no item 1.
Aps a assepsia, as folhas foram excisadas em
fragmentos de aproximadamente 3 cm2 e inoculados em
tubos de ensaio, contendo 15 mL de meio WPM
suplementados e ajustados conforme item 1.
O experimento foi conduzido em delineamento
experimental inteiramente casualizado com 2 tratamentos e
15 repeties, em que o tratamento 1 correspondeu
permanncia dos explantes aps a inoculao sob
irradincia de 36 mol m-2 s-1, fornecida por lmpadas
fluorescentes frias, com fotoperodo de 16 horas, o
tratamento 2 correspondeu permanncia dos explantes
na ausncia de luz. Os tratamentos foram mantidos a uma
temperatura de 25 1C.
Foi avaliada, aos 30 dias aps a inoculao a
formao de calos, o peso da matria fresca dos calos
formados e o aspecto visual dos mesmos. Para a anlise
dos dados, foram utilizados os testes de T-student e Teste
de F, considerando significncia de 5%.
Efeito da luminosidade na induo de brotaes emsegmentos nodais de pequizeiro
Segmentos nodais, consistindo de 2 gemas e
tamanho aproximado de 1 cm foram extrados de plntulas
com aproximadamente 6 cm de altura, obtidas por meio da
germinao in vitro de sementes. Os materiais botnicos
foram inoculados em meio WPM, acrescido de 800 mg L-1
de PVP, 30 g L-1 de sacarose, 0,05 mg L-1 de ANA e 0,75 mg
L-1 de BAP, sendo solidificado com 7 g L-1 de gar, sendo o
pH ajustado para 5,8 e autoclavado a 121C e presso de 1
atm, por 20 minutos.
Aps a inoculao, os explantes foram mantidos
em sala de crescimento a uma temperatura de 25 1C na
ausncia de luz e em fotoperodo de 16 h, irradincia de 36
mol m-2 s-1. Aos 30 dias de cultivo, foram avaliados o
nmero de brotos, o nmero de gemas por explante, nmero
de folhas, a taxa de multiplicao e o comprimento da maior
brotao. A taxa de multiplicao foi determinada
dividindo-se o nmero de gemas formadas por explante,
obtidos aos 40 dias, pelo nmero de gemas do explante no
momento da inoculao (ERIG & SCHUCH, 2002).
-
SANTOS, B. R. dos et al.22
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009
O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualizado com 2 tratamentos e 15 repeties,
sendo a unidade amostral composta por um tubo contendo
um explante. Para a anlise dos dados foi utilizado o teste
de probabilidade Kruskall-Wallis (TRIOLA, 1999),
considerando significncia de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSO
Efeito da polaridade de explantes foliares na obteno decalos in vitro
Os resultados apresentados na Tabela 1 referem-se
anlise dos pesos obtidos da matria fresca dos calos
formados em explantes foliares de pequizeiro nos dois
tratamentos. Os tratamentos no diferiram pelo teste t-
student para um nvel de significncia de 5%.
TABELA 1 Peso da matria fresca dos calos formadosem explantes foliares de Caryocar brasiliense submetidosa diferentes polaridades. Lavras, 2008.
Esse resultado demonstra que, para a formao de
calos em explantes foliares de pequizeiro, no h
necessidade de se observar a posio em que este ser
inoculando no meio de cultivo. O mesmo resultado foi
obtido por Martins et al. (2001) quando trabalharam com
explantes foliares de macieira.
Mesmo que os dados da porcentagem de induo
de calos no tenham sido significativos a 5% de
probabilidade, a diferena numrica da mdia de induo
obtida quando se inoculam os explantes com a superfcie
abaxial em contato com o meio de cultivo (49,2%), chega
a ser 52% maior do que a superfcie adaxial no meio de
cultivo (25,6%) (Figura 1). Do ponto de vista biolgico, a
polaridade influenciou a calognese in vitro de explantes
foliares de pequizeiro, sendo mais eficiente a inoculao
dos explantes com a superfcie abaxial voltada para o
meio de cultivo.
FIGURA 1
Mdias de calos formados em funo dapolaridade de inoculao dos explantes foliares depequizeiro. Lavras, 2008.
49,2
25,6
0
10
20
30
40
50
60
Abaxial Adaxial
Polaridade de inoculao
For
ma
o d
e ca
los
(%)
2 Efeito da polaridade dos segmentos nodais na obtenode brotaes in vitro
A posio de inoculao dos segmentos nodais
(vertical ou horizontal) influenciou a resposta morfognica
significativamente, segundo o teste de Kruskall-Wallis a
5% para o nmero de brotos formados por explante,
nmero de gemas observado e taxa de multiplicao
(Tabela 2).
TABELA 2
Mdias para as variveis: nmero debrotaes, de folhas, de gemas, comprimento e taxa demultiplicao para segmentos nodais de pequizeiro paraorientao vertical e horizontal de inoculao. Lavras,2008.
Varivel Tratamento Mdias
Vertical 8,00 a Nmero de brotaes Horizontal 23,0 b
Vertical 13,3 a Nmero de folhas Horizontal 17,7 a
Vertical 9,00 a Nmero de gemas Horizontal 22,0 b
Vertical 18,0 a Comprimento
Horizontal 13,0 a
Vertical 9,00 a Taxa de multiplicao Horizontal 22,00 b
* Mdias seguidas pela mesma letra no diferemestatisticamente pelo teste de Kruskall-Wallis 5%.
Tratamento Mdia
Abaxial (0) 0,319
Adaxial (1) 0,313
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Crescimento in vitro de pequizeiro (Caryocar... 23
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009
As caractersticas comprimento da maior brotao
e nmero de folhas no apresentaram resultados
significativos. McClelland & Smith (1990), testando a
influncia da orientao na induo de brotaes em
segmentos nodais de Amelanchier spicata K. Koch., Acer
rubrum L., Malus domestica Borkh. e Betula nigra L.,
observaram que no houve diferena entre os
comprimentos das brotaes desenvolvidas a partir dos
explantes inoculados na orientao horizontal e vertical. O
mesmo resultado foi observado por Erig & Schuch (2002)
para o comprimento da maior brotao em segmentos
nodais de macieira (Malus prunifolia).
Para todas as caractersticas avaliadas, os maiores
valores observados foram obtidos quando se inoculou o
segmento nodal na posio horizontal, embora no tenham
sido detectadas diferenas estatsticas pelo teste Kruskall-
Wallis (5%) para nmero de folhas e com maior brotao.
Ao se inocular os segmentos nodais na orientao
horizontal, induziu-se a formao de 3,88 brotos por
explante, em mdia, mais do que o dobro de brotos obtidos
nos explantes que foram inoculados na orientao vertical
(1,5 broto/explante). A orientao horizontal promoveu um
maior nmero de brotaes por explantes em 5 espcies
lenhosas estudadas por McClelland & Smith (1990)
(Amelanchier spicata Lam., Acer rubrum L., Malus
domestica Borkh., Betula nigra L., Forsythia intermedia
Zab.), em relao inoculao dos segmentos nodais na
orientao vertical, corroborando os resultados
encontrados neste trabalho.
Apesar da no significncia estatstica, as
brotaes provenientes dos segmentos nodais inoculados
na orientao horizontal produziram 1,3 folha a mais do
que as brotaes desenvolvidas a partir dos explantes
inoculados na orientao vertical. Antagonicamente, no
comprimento da maior brotao, os valores dos caracteres
avaliados foram maiores nas brotaes provenientes dos
segmentos nodais inoculados na orientao vertical,
apresentando mdia de 12,14 mm, enquanto as brotaes
provenientes dos segmentos nodais inoculados na
horizontal tiveram o comprimento mdio de 9,88 mm.
Em relao ao nmero de gemas e taxa de
multiplicao, os resultados dos explantes inoculados na
orientao horizontal foram quase trs vezes maiores que
os obtidos pela inoculao destes na posio vertical. O
nmero de gemas por explante obtido pela inoculao na
orientao horizontal foi de 9,13 e, para os inoculados na
orientao vertical, 3,71. A taxa de multiplicao que um
dos fatores mais importantes para a micropropagao de
uma espcie por fornecer mais explantes para os
subcultivos, foi em mdia, de 4,56 para os explantes que
foram inoculados na orientao horizontal, e de 1,86 para
os segmentos nodais inoculados na orientao vertical.
Segundo Erig & Schuch (2002) um maior nmero de
brotaes, maior nmero de gemas e maior taxa de
multiplicao foram obtidos ao se inocular explantes nodais
de macieira (Malus prunifolia Steud.) na orientao
horizontal, assim como os resultados encontrados para a
induo de brotaes em segmentos nodais de pequizeiro.
Santana (2003), ao estudar a influncia da orientao
dos explantes na induo de brotaes em fruta-do-conde
(Annona squamosa L.), observou resultados inversos ao
encontrado neste trabalho, tendo o melhor resultado sido
encontrado na inoculao dos explantes na posio
vertical, com mdia de 8,3 brotos/explante. Em seus estudos
com outras anonceas, o autor relata que a influncia da
polaridade no potencial morfognico um fenmeno
provavelmente ligado ao transporte de fitorreguladores
no explante. Pelos resultados deste trabalho, pode-se
sugerir que os segmentos nodais de pequizeiro inoculados
na posio vertical tm predominncia de auxinas
endgenas, pois, segundo Taiz & Zeiger (2004), estas
inibem a formao de mltiplas brotaes, estabelecendo
a dominncia apical. A obteno de um maior nmero de
brotaes com o segmento nodal na orientao horizontal
deve-se, principalmente, quebra da dominncia apical
(ERIG & SCHUCH, 2002) que poderia ser ocasionada pela
maior concentrao endgena de citocininas, em
detrimento do contedo de auxinas, o que explicaria o
surgimento de vrias brotaes no mesmo explante
inoculado na orientao horizontal. Taiz & Zeiger (2004)
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SANTOS, B. R. dos et al.24
Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009
comentam que a razo auxina/citocinina regula a
morfognese de tecidos cultivados in vitro o que permite
inferir que a modificao da orientao do explante no
cultivo in vitro, pode sim alterar a relao endgena de
auxinas e citoc