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ISSN 1808-9909 Volume 5, Número 1, 2009 PLANT CELL CULTURE & MICROPROPAGATION Cultura de Células & Micropropagação de Plantas Publicação Científica da Associação Brasileira de Cultura de Tecidos de Plantas Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, MG, v. 5, n. 1, p. 1-70, 2009

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  • ISSN 1808-9909 Volume 5, Nmero 1, 2009

    PLANT CELL CULTURE&

    MICROPROPAGATION

    Cultura de Clulas&

    Micropropagao de Plantas

    Publicao Cientfica da Associao Brasileirade Cultura de Tecidos de Plantas

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, MG, v. 5, n. 1, p. 1-70, 2009

  • A revista Plant Cell Culture & Micropropagation , editada semestralmente pela Editora daUniversidade Federal de Lavras (Editora UFLA), publica artigos cientficos da rea de cultura de tecidosde plantas por membros da comunidade cientfica nacional e internacional. Com uma tiragem de 600exemplares distribuda aos membros da ASSOCIAO BRASILEIRA DE CULTURA DETECIDOS DE PLANTAS (ABCTP) em dia com a anuidade.

    Para se associar ABCTP consulte o site:

    PERMUTA

    A revista Plant Cell Culture & Micropropagation deseja fazer permuta com revistas de reas afins.

    ABCTP

    Universidade Federal de Lavras Departamento de BiologiaSetor de Fisiologia Vegetal Caixa Postal: 3037 Lavras MG CEP 37200-000

    E-mail: [email protected]

    FICHA CATALOGRFICA

    http://www.abctp.ufla.br>
  • Diretoria

    Presidente Renato Paiva UFLASecretrio Moacir Pasqual UFLA

    Secretrio Adjunto Antnio Carlos Torres EMBRAPA HortaliasTesoureiro Guilherme Augusto Canella Gomes Benger do Brasil

    Comisso Editorial

    Editor ChefeRenato Paiva UFLA

    Conselho EditorialAntnio Carlos Torres EMBRAPA Hortalias

    Moacir Pasqual UFLARenato Paiva UFLA

    SecretariaDaiane Peixoto Vargas UFLA

    Diogo Pedrosa Corra da Silva UFLAGabriela Ferreira Nogueira UFLA

    Nomenclatura CientficaManuel Losada Gavilanes UFLA

    Reviso de PortugusRose Mary Chalfoun Bertolucci

    Reviso de InglsRenato Paiva UFLA

    Reviso de Referncias BibliogrficasMrcio Barbosa de Assis

    Editorao EletrnicaLuciana Carvalho Costa Editora UFLA

    Christyane Aparecida Caetano Editora UFLAIsabel Cristina de Oliveira Editora UFLA

  • Consultoria Cientfica (v.5, n.1, 2009)

    Adriana Madeira Santos Jesus EMBRAPAAna Cardoso Clemente Filha Ferreira de Paula UNIFENAS

    Antonio Carlos Torres EMBRAPAtila Francisco Mogor UFPRCarlos Vincio Vieira UFMT

    Celso Luiz Salgueiro Lage UFRJElisabeth Atalla Mansur de Oliveira UERJ

    Eunice Oliveira Calvete UPFEvaristo Mauro de Castro UFLA

    Fabiano Guimares da Silva CEFET-RVJos Raniere F. Santana UEFSLilia Gomes Willadino UFRPE

    Luciana Lopes Fortes Ribas UFPRMagdi Ahmed Ibrahim Aloufa UFRN

    Marcelo Murad Magalhes UFLAMauricio Reginaldo Alves dos Santos EMBRAPA

    Osmar Alves Lameira EMBRAPARodrigo Kelson Silva Rezende UFGDTherezinha Rangel Cmara UFRPE

  • Plant Cell Culture & Micropropagation

    ISSN 1808-9909

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-70, 2009

    CONTEDO

    Sacarose e um aditivo orgnico complexo na micropropagao de amoreira-preta (Rubus sp.) Sucrose and a complex organic addictive on micropropagation of Blackberry (Rubus sp.) Fabola Villa, Moacir Pasqual, Franscinely Aparecida Assis, Leila Aparecida Salles Pio .. 1

    Estudo da anatomia de plntulas da espcie Malus domestica var. Golden delicious cultivada in vitro Anatomical study of Malus domestica var. Golden delicious cultivated in vitro Kelly Cristina de Macedo Bezerra, Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa, Juliana Espada Lichston .................... 9

    Crescimento in vitro de pequizeiro (Caryocar brasiliense a. St.-hil.): influncia da polaridade e luminosidade In vitro growth of Caryocar brasiliense a. St.-hil.: influence of polarity and light Breno Rgis dos Santos, Renato Paiva, Sandro Barbosa, Patrcia Duarte de Oliveira Paiva, Daiane Peixoto Vargas, Cristiano Martinotto ........................................................................................................... 19

    Factors affecting in vitro germination of passion fruit seeds Fatores afetando a germinao in vitro de sementes de maracujazeiro Rodrigo Sobreira Alexandre, Flvio Alencar D arajo Couto, Jos Maria Moreira Dias, Wagner Campos Otoni, Paulo Roberto Cecon, Simone Bhering de Souza Gomes ................................................................. 27

    Assepsia de rizomas e pices caulinares de Curcuma alismatifolia Asepsis of Curcuma alismatifolia rhizomes and shoot tips Tatiana Michlovsk Rodrigues, Jos Magno Queiroz Luz, Leandro de Oliveira Lino, Carlos Ribeiro Rodrigues, Geraldo Batista de Melo .................................................................................................................................................................. 36

    Teor de flavonas e do cido 3,5-O-dicafeoilqunico em calos e em plantas in vitro e in vivo de carqueja [Baccharis trimera (LESS) dc.] Flavones and 3,5-O-dicaphenoilchinic acid contents on callus and on in vitro and in vivo Baccharis trimera (LESS) dc. plants Fabiano Guimares Silva, Ana Helena Janurio, Jos Eduardo Brasil P. Pinto, Vivian Elias Nascimento, Wellington dos Santos Barizan, Suzelei de Castro Frana ........................................................................... 42

    Comparison of two particle bombardment devices using histochemical and fluorimetric assays of -glucuronidase in soybean embryogenic suspensions

    Comparao de dois aparelhos de bombardeamento de partculas utilizando os ensaios histoqumicos e fluorimtricos da -glucuronidase em suspenses embriognicas de soja Marcelo Murad Magalhaes, Pon Samuel Jayakumar, Hee Sook Song, Sonitichai Chanprame, Jack Milton Widholm ............................................................................................................................................ 50

    COMUNICAO CIENTFICA

    Aclimatizao do hbrido de orqudea em substratos a base de p de bagao de cana-de-acar Acclimatization of orchid hybrid in sugar cane bagasse powder based substrates Lilian Yukari Yamamoto, Vanessa Stegani, Ricardo Tadeu de Faria, Ins Cristina de Batista Fonseca, Bruno Luiz Domingues de Angelis ........................................................................................................... 60

  • Micropropagation of black pepper (Piper nigrum) Micropropagao da pimenta-do-reino (Piper nigrum) Elisa Ferreira Moura, Ilmarina Campos de Menezes, Oriel Filgueira de Lemos, Osmar Alves Lameira Leila Mrcia Souza do Amaral, Clarisse Beltro Rosas Rocha .................................................................... 65

  • Sacarose e um aditivo orgnico complexo... 1

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009

    (Recebido em 8 de janeiro de 2008 e aprovado em 16 de maro de 2009)

    SACAROSE E UM ADITIVO ORGNICO COMPLEXO NAMICROPROPAGAO DE AMOREIRA-PRETA (Rubus sp.)

    SUCROSE AND A COMPLEX ORGANIC ADDICTIVE ON MICROPROPAGATIONOF BLACKBERRY (Rubus sp.)

    FABOLA VILLA1, MOACIR PASQUAL2, FRANSCINELY APARECIDA ASSIS3, LEILA APARECIDA SALLES PIO4

    1Engenheira Agrnoma, Dra., Bolsista FAPEMIG Empresa de Pesquisa Agropecuria de Minas Gerais/EPAMIG Setor de Fruticultura - Rua Washington Alvarenga Viglione Vargedo 37200-000 Maria da F, MG [email protected]

    2Engenheiro Agrnomo, Dr., Professor Titular do DAG Universidade Federal de Lavras/UFLA 37200-000 Lavras, MG [email protected] Agrnoma, Mestranda em Entomologia no DEN Universidade Federal de Lavras/UFLA 37200-000 Lavras, MG [email protected] Agrnoma, Dra., Bolsista da FAPEMIG Universidade Federal de Lavras/UFLA 37200-000 Lavras, MG [email protected]

    RESUMOA micropropagao de amoreira-preta utilizada,

    principalmente, para a obteno de plantas livres de vrus eem curto espao de tempo. Com o objetivo de aprimorartcnicas de cultivo in vitro de amoreira-preta cv. Tupy, testou-se o uso de concentraes de sacarose (0, 15, 30, 45 e 60 g L-1)e de suco de uva (SuFresh ) (0, 5, 10, 15 e 20%) adicionadasao meio MS acrescido de 1,0 mg L-1 de BAP, 6,0 g L-1 de gare pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem a 121C e 1,0atm por 20 minutos. Segmentos nodais, oriundos de brotaespr-estabelecidas in vitro foram excisados e inoculados emtubos de ensaio contendo 15 mL do meio de cultura e mantidosem sala de crescimento com temperatura de 25 2C, irradinciade 32 mol m 2 s 1 e fotoperodo de 16 horas. O delineamentoexperimental utilizado foi inteiramente casualisado,utilizando-se 4 repeties com 12 segmentos cada. Oexperimento foi avaliado aps 70 dias de cultivo in vitro.Melhores resultados na micropropagao da amoreira-pretacv. Tupy ocorrem com a adio de altas concentraes desacarose (45-60 g L-1) associadas a baixas concentraes desuco de uva (0-5%).

    Termos para indexao: cultivo in vitro, meio de cultura MS,carboidrato, suco de uva, Rubus.

    ABSTRACTThe blackberry micropropagation is used, mainly to

    produce virus-free plants in a short period of time. With theobjective to improve the techniques of in vitro blackberry cv.Tupy cultivation, different concentrations of sucrose (0, 15,30, 45 and 60 g L-1) and grape juice (SuFresh ) (0, 5, 10, 15 and20%) added to MS medium supplemented with 1.0 mg L-1

    BAP, 6.0 g L-1 agar and pH adjusted to 5.8 prior sterilization at121C and 1 atm for 20 minutes were tested. Nodal segments,originated from in vitro plants were excised and inoculated intubes containing 15 mL of culture medium and then transferred

    to a growth room with temperature of 25 2C, irradiance of32 mol m-2 s-1 and photoperiod of 16 hours. The experimentwas a complete randomized design with four replicates and 12segments each. The experiment was evaluated after 70 days ofin vitro cultivation. Best results for micropropagation of theblackberry cv. Tupy were obtained using high (45-60 g L-1)sucrose concentrations associated with reduced (0-5%)concentrations of grape juice.

    Index terms: In vitro culture, MS culture medium, carbohydrate,grape juice, Rubus.

    INTRODUO

    A amoreira-preta (Rubus sp.) uma frutfera de clima

    temperado pertencente famlia Rosaceae, que contm

    aproximadamente 740 espcies. Estima-se que a rea

    cultivada no Brasil esteja ao redor de 250 hectares, sendo

    o Rio Grande do Sul o principal produtor, seguido de Santa

    Catarina, Paran, So Paulo e Sul de Minas (ANTUNES &

    RASEIRA, 2004).

    A sua propagao se faz por meio de estacas de

    razes, brotos (rebentos) originados de plantas cultivadas,

    ou ainda por estacas herbceas. Alm disso, com a

    micropropagao da amoreira-preta, possvel obter

    plantas livres de vrus, geneticamente uniformes e em curto

    espao de tempo, sendo assim uma alternativa vivel

    (SKIRVIN et al., 1981).

    Um dos objetivos da micropropagao a

    maximizao da multiplicao de gemas. Muita ateno para

  • VILLA, F. et al.2

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009

    sua obteno tem sido dada manipulao de reguladores

    vegetais no meio. Vrios meios de cultura para amoreira-

    preta tm sido testados e um especfico identificado pela

    composio de sais minerais, enquanto as vitaminas,

    reguladores vegetais e outros suplementos orgnicos

    variam em concentrao (ERIG et al., 2002; VILLA et al.,

    2004, 2008).

    O meio nutritivo composto por gua, elementos

    essenciais, vitaminas, aminocidos, acares, agente

    solidificante, reguladores vegetais e eventualmente

    aditivos como antibiticos, carvo ativado e aditivos

    orgnicos complexos. Essas so preparaes obtidas de

    produtos naturais, de composio indefinida, mas que

    atendem ao propsito de enriquecimento do meio, visando

    a melhor resposta no padro de crescimento das plantas

    in vitro (TORRES et al., 2001).

    Vrios elementos aditivos complexos como coco

    (endosperma, gua, leite), peptona de carne, polpa de

    banana, sucos de frutas, foram utilizados no meio de cultura

    de tecidos (orqudeas) (STANCATO et al., 2008); (citros)

    (FERREIRA et al., 2004). Entretanto, os dados

    comparativos disponveis no permitem uma discusso

    razovel sobre o efetivo estmulo ao crescimento

    promovido por esses elementos (GEORGE, 2008). Sucos

    de frutas so considerados fontes de carboidrato

    alternativas, em substituio sacarose (SILVA, 2003).

    A sacarose um componente importante no meio

    de cultura, servindo como fonte de esqueleto de carbono

    e energia. Sua concentrao tambm um fator

    determinante no crescimento e dependente do tipo de

    explante. Estudos comprovaram que 75 a 85% do aumento

    da biomassa se devem incorporao de carbono pela

    adio de sacarose (CALDAS et al., 1990). Para amoreira-

    preta cv. Tupy, esse aumento se deu em meio de cultura

    MS 150%, acrescido de 45-60 g L-1 de sacarose (VILLA et

    al., 2004).

    Conduziu-se este trabalho, com o objetivo de avaliar

    os efeitos da sacarose e de outra fonte de acar, como o

    suco de uva industrializado, no cultivo in vitro de amoreira-

    preta cv. Tupy.

    MATERIAL E MTODOS

    Segmentos nodais de amoreira-preta, cv. Tupy,

    contendo duas gemas axilares e 2 cm de comprimento,

    oriundos de dois subcultivos in vitro de brotaes

    preestabelecidas, foram excisados e introduzidos em tubos

    de ensaio (20x150mm), contendo 15 mL de meio MS

    (MURASHIGE & SKOOG, 1962). Este meio foi acrescido

    de 1,0 mg L-1 de BAP, 6 g L-1 de gar (Merck) e de

    combinaes de sacarose (0, 15, 30, 45 e 60 g L-1) e de suco

    de uva (Su Fresh - 0, 5, 10, 15 e 20%). O pH foi ajustado

    para 5,8 antes da esterilizao a 121C e 1 atm por 20 minutos.

    Posteriormente, os tubos de ensaio contendo os explantes

    foram transferidos para a sala de crescimento, para os quais

    as condies de cultivo foram mantidas a 25 2C,

    irradincia de 32 mol m 2 s 1 e fotoperodo de 16 horas.

    Ao final de 70 dias de cultivo in vitro, foram

    avaliados nmero de brotos, nmero de folhas, massa

    fresca da parte area, comprimento da parte area, nmero

    de razes e massa fresca de calos.

    O delineamento experimental utilizado foi o

    inteiramente casualisado com quatro repeties

    constitudas de trs explantes cada uma, totalizando 12

    brotaes. Os dados foram analisados por meio do software

    Sisvar (FERREIRA, 2000) e as concentraes de sacarose

    e suco de uva comparadas por regresso polinomial.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Os resultados da anlise de varincia so

    apresentados na Tabela 1. A interao entre as

    concentraes de suco de uva e de sacarose promoveu

    efeito significativo para todas as variveis analisadas.

    Maior valor absoluto para nmero de folhas foi

    obtido com 5% de suco de uva associado a 60 g L-1 de

    sacarose. Por outro lado, sob o ponto de vista econmico,

    melhores resultados (25,85) foram verificados com 20% de

    suco de uva adicionado ao meio de cultivo MS e na ausncia

    de sacarose (Figura 1).

    No meio MS, contendo 0% e 5% de suco de uva,

    maior nmero de folhas foi obtido com 60 g L-1 de sacarose,

    enquanto que no meio MS contendo 20% de suco de uva

  • Sacarose e um aditivo orgnico complexo... 3

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009

    TABELA 1 Resumo da anlise de varincia para nmero de folhas (NF), nmero de brotos (NB), nmero de razes(NR), comprimento da parte area (CP) e peso da matria fresca da parte area (PMF). UFLA, Lavras, MG, 2007.

    FV GL Quadrados mdios

    NF NB NR CP PMF

    Sac. 4 93,40** 0,0447 n.s. 0,8083** 7,0976** 0,033**

    Suco 4 199,04** 0,3944 n.s. 0,9287** 4,544** 0,0362**

    Sac. x suc. 16 219,38** 0,3595** 0,2979** 8,9457** 0,0135**

    erro 71 0,1 0,6 0,12 1,91 0,004

    CV% 23,27 18,20 19,50 2,67 5,09

    ** Significativo ao nvel de 5% de probabilidade de erro pelo teste F.sac. = sacarose; suc. = suco de uva; n.s. = no significativo.

    FIGURA 1 Nmero de folhas de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de suco de uva e desacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.

    Y5% suco de uva = 13,94 + 0,2028x + 0,0032x2 R2 = 0,76

    Y20% suco de uva = 25,84 - 0,2068x - 0,0015x2 R2 = 0,98

    Y0% suco de uva = 9,04 + 0,63x - 0,0064x2 R2 = 0,94

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    0 10 20 30 40 50 60

    Sacarose (g L-1)

    Nm

    ero

    de fo

    lhas

    0% suco de uva 5% suco de uva 20% suco de uva

    houve tendncia de reduo nesse nmero em relao ao

    aumento da concentrao de sacarose. O comportamento

    do nmero de brotos dessa cultivar foi semelhante ao

    nmero de folhas, sendo estimulado pelo aumento da

    concentrao de sacarose associado a 0 e 5% de suco de

    uva (Figura 2).

    Maior nmero de brotos ocorreu com 5% de suco

    de uva associado a 60 g L-1 de sacarose, corroborando

    assim com Villa et al. (2004, 2008), cujos autores estudando

    diferentes meios para micropropagao da amoreira-preta,

    afirmaram que, o uso de 60 g L-1 de sacarose proporcionou

    maior nmero de brotos (2,8) das cultivares bano e Tupy.

    Porm, Cao et al. (2003) afirmaram que, maior nmero de

    brotos de Vaccinium corymbosum L. cvs. Bluecrop, Duke

    e Georgiagem deu-se com a adio de 15 g L-1 de sacarose

    adicionado ao meio de cultura WPM modificado.

    Mesmo na ausncia de sacarose foi observada a

    produo de brotos de amoreira-preta, corroborando assim

    com Souza (1995), cujo autor verificou que na ausncia de

    sacarose ocorreu uma produo mdia de 2,9 brotos/

  • VILLA, F. et al.4

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009

    explante e com 35,3 g L-1 de sacarose a produo passava

    de 18,2 brotos/explante. Essa resposta, divergente do

    presente estudo, sugere que o explante utilizado pode ter

    usado suas prprias reservas de carbono na induo de

    novas brotaes, sendo dispensvel a sacarose como

    fonte de carbono.

    Com o aumento nas concentraes de sacarose,

    verificou-se um aumento quadrtico no nmero de razes,

    sendo que maior nmero ocorreu entre 45-60 g L-1 de

    sacarose na ausncia de suco de uva adicionado ao meio

    de cultura (Figura 3). Leite et al. (2000) tambm afirmaram

    que a percentagem de enraizamento de porta-enxerto de

    FIGURA 2 Nmero de brotos de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de suco de uva e desacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.

    Y5% suco de uva = 1,80 + 0,0141x + 1E-06x2 R

    2 = 0,83

    Y15% suco de uva = 2,50 - 0,0299x + 0,0003x2

    R2 = 0,83

    Y0% suco de uva = 1,43 + 0,0415x - 0,0005x2 R

    2 = 0,99

    0,0

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    3,0

    0 10 20 30 40 50 60

    Sacarose (g L-1

    )

    Nm

    ero

    de b

    roto

    s

    0% suco de uva 5% suco de uva 15% suco de uva

    FIGURA 3 Nmero de razes de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de suco de uva e desacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.

    Y0% suco de uva = 0,99 + 0,0312x - 0,0002x2 R

    2 = 0,97

    Y10% suco de uva = 1,05 + 0,0055x + 0,0001x2 R

    2 = 0,74

    Y5% suco de uva = 1,22 + 0,0037x + 1E-04x2 R

    2 = 0,60

    0,0

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    0 10 20 30 40 50 60

    Sacarose (g L-1

    )

    Nm

    ero

    de ra

    zes

    0% suco de uva 5% suco de uva 10% suco de uva

  • Sacarose e um aditivo orgnico complexo... 5

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009

    pereira OH x F97 apresentaram comportamento quadrtico

    significativo, com aumento nas concentraes de sacarose

    estudadas.

    Maior percentual de enraizamento foi obtido na

    presena de uma situao oposta, ou seja, pela combinao

    da maior concentrao de sacarose associada menor de

    suco de uva industrializado. A combinao de altas

    concentraes de sacarose (60 g L-1) associadas as

    menores concentraes (0-10%) da outra fonte de

    carboidrato, provavelmente afetam negativamente o

    enraizamento por meio do aumento do potencial osmtico

    do meio, fator sabidamente conhecido como inibidor do

    crescimento radicial, durante o processo de propagao

    vegetativa (MALDANER et al., 2006).

    Comportamento semelhante ao nmero de razes

    deu-se para comprimento da parte area e nmero de folhas.

    Maior comprimento da parte area de amoreira-preta cv.

    Tupy foi verificado com 45 g L-1 de sacarose, sem a adio

    de suco de uva (Figura 4). A adio de sacarose no meio de

    cultivo pode atuar como substrato para o processo de

    respirao celular, fornecendo quantidade de energia para

    o processo de rizognese e tambm atuaria na manuteno

    do potencial osmtico do meio. Os dados obtidos

    corroboram com as afirmaes de vrios autores de que a

    presena de carboidrato essencial para a induo e

    desenvolvimento de razes in vitro de muitas espcies

    frutferas (GRATTAPAGLIA & MACHADO, 1998).

    Quando se elevou a concentrao de sacarose, o

    desenvolvimento da parte area diminuiu na maior

    concentrao de suco de uva (20%). possvel que o

    aumento do potencial osmtico e a consequente reduo

    na absoro de nutrientes pelos explantes no tenha

    evitado um efeito deletrio causado pela alta concentrao

    do suco de uva. O aumento da concentrao de sacarose

    no meio de cultivo no apenas elevou o suprimento de

    carbono disponvel cultura, como tambm estimulou o

    crescimento do material vegetal, conforme verificado na

    ausncia e com a adio de 5% de suco de uva. J para

    20% de suco de uva, o crescimento in vitro teve uma

    resposta inversa, decorrente das altas concentraes de

    fonte de carbono presentes no suco de uva, diminuindo

    assim o potencial osmtico do meio.

    A adio de 5% de suco de uva no meio de cultura

    proporcionou maior massa fresca de brotaes, com

    FIGURA 4 Comprimento da parte area de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de sucode uva e de sacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.

    Y0% suco de uva = 1,57 + 0,1927x - 0,0017x2 R

    2 = 0,88

    Y5% suco de uva = 2,42 + 0,1555x - 0,0018x2 R

    2 = 0,82

    Y20% suco de uva = 4,94 - 0,0112x - 0,0006x2 R

    2 = 0,73

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    0 10 20 30 40 50 60

    Sacarose (g L-1

    )

    Com

    prim

    ento

    da

    pa

    rte

    are

    a (c

    m)

    0% suco de uva 5% suco de uva 20% suco de uva

  • VILLA, F. et al.6

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009

    FIGURA 5 Massa fresca da parte area de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de sucode uva e de sacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.

    aumento de sacarose at a concentrao de 60 g L-1 (Figura

    5). Embora a alta concentrao de sacarose possa ter

    elevado o potencial osmtico, a absoro de nutrientes

    pelos explantes no foi prejudicada.

    Verificou-se a formao de calos na base dos

    explantes de amoreira-preta. Os resultados obtidos nas

    concentraes de 0 a 10% de suco de uva foram muito

    prximos (Figura 6), porm destaque deve ser dado

    ausncia do suco de uva no meio de cultivo, quando maior

    massa fresca de calos foi obtida com 60 g L-1 de sacarose.

    O aumento nas concentraes de sacarose verificou-se de

    forma quadrtica uma intensa formao de calos. Esses

    FIGURA 6 Massa fresca de calos de amoreira-preta, cv. Tupy, cultivada em diferentes concentraes de suco de uvae de sacarose, aps 70 dias de cultivo in vitro. UFLA, Lavras, MG, 2007.

    Y5% suco de uva = 1,09 + 0,0007x + 7E-05x2 R

    2 = 0,97

    Y0% suco de uva = 1,02 + 0,007x - 6E-05x2 R

    2 = 0,82

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1,0

    1,2

    1,4

    1,6

    0 10 20 30 40 50 60

    Sacarose (g L-1

    )

    Mas

    sa f

    resc

    a da

    pa

    rte

    are

    a (g

    )

    0% suco de uva 5% suco de uva

    Y0% suco de uva = 0,99 + 0,0058x - 5E-06x2 R

    2 = 0,97

    Y5% suco de uva = 1,00 + 0,0072x - 6E-05x2 R

    2 = 0,98

    Y10% suco de uva = 1,04 + 0,0073x - 0,0001x2 R

    2 = 0,87

    0,0

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1,0

    1,2

    1,4

    0 10 20 30 40 50 60

    Sacarose (g L-1

    )

    Mas

    sa fr

    esca

    de

    calo

    s (g

    )

    0% suco de uva 5% suco de uva 10% suco de uva

  • Sacarose e um aditivo orgnico complexo... 7

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 1-8, 2009

    resultados esto de acordo com Erig et al. (2004), quando

    elevadas concentraes de sacarose induziram a formao

    de calo na base dos explantes de marmeleiro (Cydonia

    oblonga Mill.), cultivares MC e Adams. Essa formao na

    zona de enraizamento indispensvel, pois pode afetar a

    qualidade das razes, principalmente no que se refere

    conexo vascular com a planta (FACHINELLO et al., 1995).

    Pela pouca diferena entre a ausncia de sacarose

    e sua adio no meio de cultivo para massa fresca da parte

    area e de calos, o melhor resultado verificado foi na

    ausncia dessa fonte de carboidrato.

    Outro aspecto a ser considerado que a sacarose

    tambm contribui na diferenciao dos tecidos vasculares

    (SRISKANDARAJAH & MULLINS, 1981). Observou-se

    que nos diferentes tratamentos nos quais ocorreram pouca

    ou nenhuma formao de calos na base dos explantes, as

    razes formaram-se diretamente da epiderme, pois com a

    formao de calos, as razes formadas no so diretamente

    ligadas aos explantes, podendo acarretar grande taxa de

    mortalidade das brotaes, por ocasio de transferncias

    para o substrato na fase de aclimatizao.

    A sacarose e o suco de uva, como fontes de

    carboidratos, visam a suprir as necessidades metablicas

    dos explantes de amoreira-preta, atuando como fonte de

    esqueletos carbnicos na diferenciao celular e no

    crescimento, porm em concentraes antagnicas (altas

    concentraes de sacarose e baixas de suco de uva) foram

    essenciais no desenvolvimento in vitro dessa cultivar.

    CONCLUSES

    Maiores concentraes de sacarose associadas a

    baixas concentraes de suco de uva proporcionaram

    melhor cultivo in vitro da amoreira-preta cv. Tupy.

    Plantas com maior nmero de razes foram obtidas

    na ausncia do suco de uva em meio de cultura, adicionado

    de 45, 60 g L-1 de sacarose.

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  • Estudo da anatomia de plntulas da espcie... 9

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009

    (Recebido em 31 de julho de 2008 e aprovado em 16 de maro de 2009)

    ESTUDO DA ANATOMIA DE PLNTULAS DA ESPCIE Malusdomestica Borkh var. golden delicious CULTIVADA IN VITRO

    ANATOMICAL STUDY OF Malus domestica var. golden delicious CULTIVATED IN VITRO

    KELLY CRISTINA DE MACEDO BEZERRA1, MAGDI AHMED IBRAHIM ALOUFA2,JULIANA ESPADA LICHSTON3

    1Biloga, MsC. Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Parnamirim, RN [email protected] Agrnomo, Dr., Professor Adjunto Departamento de Botnica Ecologia e Zoologia Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Rua Engo Nelson Bahia, 1800 Cidade Jardim 59078-280 Natal, RN [email protected]

    3Biloga, Dra., - Professora Adjunta - Departamento de Botnica, Ecologia e Zoologia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Avenida Salgado Filho s/n Lagoa Nova 59078-970 Natal, RN [email protected]

    RESUMOA tcnica de cultura in vitro na fruticultura vem crescendo,

    principalmente, para facilitar a produo de variedades resistentese de alta qualidade, havendo necessidade de novas alternativas afim de atender ao mercado consumidor. Neste trabalho objetivou-se analisar as estruturas anatmicas de plntulas de macieira(Malus domestica Borkh var. golden delicious) germinadasassepticamente in vitro e avaliar a taxa de germinao dassementes. As sementes de macieira foram escarificadas, inoculadasem meio MS bsico, e mantidas em condies controladas de luz,temperatura, fotoperodo e luminosidade. Para os estudosanatmicos, as plntulas germinadas foram fixadas em lcool, eutilizadas para confeco de lminas, pelo mtodo mo livre,como lminas permanentes. As sementes que tiveram o tegumentototalmente removido apresentaram a maior percentagem degerminao e a menor taxa de contaminao. No estudo histolgico,verificaram-se na raiz, em seco transversal, clulas da epidermecom espessamento na parede periclinal interna. Observou-se queseu sistema vascular composto por cinco plos de protoxilemaalternando-se com cinco do protofloema. No caule, o sistemavascular representado por um nmero variado de feixes do tipocolateral. A folha dorsiventral e hipoestomtica, e a epidermeapresenta acentuadas sinuosidades, com cutcula de espessuradelgada. Quanto anatomia, Malus domestica apresentaorganizao tecidual tpica das eudicotiledneas, havendodiferena entre os indivduos que crescem naturalmente e os decultivo in vitro.

    Termos para indexao: Malus domestica, escarificao,histologia.

    ABSTRACTThe technique of in vitro culture in horticulture has

    grown mainly to facilitate the production of resistant high qualityvarieties, with the need of new alternatives in order to attendthe consumer market. The objective of this work was to analyse,in vitro, the anatomical structure of apple plantlets (Malusdomestica var. golden delicious) germinated aseptically in vitro,as well as to evaluate their seed germination rate. The appletree seeds underwent a scarification process being inoculated inbasic MS medium, and maintained under controlled conditions.

    The germinated seedlings were scarified, for the anatomicalstudy, and both free hand and permanent laminae methods wereused. The seeds whose tegument was completely removedpresented the highest germination percentage and the lowestcontamination rate. For the histological study, it was found inthe root, using transverse section, cells of the epidermis withthickening in the internal periclinal wall. Five protoxylem polesalternated with five protophloem compose its vascular system.In the stem, the vascular system is represented by a variednumber of bunches of collateral type. The leaf is dorsiventraland hipostomatic, the epidermis presents accentuated sinuosity,with thin thickness cuticle. As for the anatomy, Malus domesticapresents the typical tissue organization of the eudicotyledons,showing difference among the individuals growing naturallyand those cultivated in vitro.

    Index terms: Malus domestica, scarification, histology.

    INTRODUO

    O cultivo de diversas variedades de macieira est

    consolidado como um empreendimento rentvel e vivel

    no Brasil (CRUZ JUNIOR & RICARDO, 2002). A qualidade

    da ma produzida no pas vem tornando o mercado

    competitivo em relao ma importada (FREY, 1990).

    Mas, na regio Sul do Brasil, onde ocorre maior produo

    de macieira do pas, a maioria dos cultivares no tem sua

    necessidade de frio invernal satisfatria, apresentando

    srios distrbios fisiolgicos, como brotaes deficientes

    e desuniformes, reduzindo a produtividade (CRUZ JUNIOR

    & RICARDO, 2002).

    A variedade golden delicious de origem americana,

    uma das mais cultivadas do mundo. Sua casca verde,

    com pontos escuros pequenos. Seu formato redondo e

    regular. A polpa substancial, suculenta, doce e aromtica.

  • BEZERRA, K. C. de M. et al.10

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009

    Foi introduzida no mercado mundial em 1914 (ESCLAPON,

    1969).

    A macieira por muitas vezes apresenta perodo

    juvenil encurtado, ocasionando um longo intervalo de

    tempo at a germinao, tornando mais difcil e longo o

    programa de melhoramento gentico para esta espcie

    (ROEN, 1994). As sementes da macieira apresentam

    dormncia e necessitam de uma temperatura tima para a

    sua superao (DANTAS et al., 2002). Nesse sentido, o

    cultivo in vitro dessas sementes apresenta-se como uma

    alternativa de propagao da espcie, de forma rpida e

    como possvel fonte assptica de explantes para

    experimentos posteriores. Quando a dormncia

    ocasionada por um balano desfavorvel entre promotores

    e inibidores de germinao, mtodos que aumentem a

    concentrao dos promotores ou que atuem impedindo a

    ao dos inibidores devero ser empregados, como o

    caso da estratificao, lixiviao e aplicao direta de

    citocinina e/ou giberelina (FERREIRA & BORGHETTI,

    2004). As interaes entre fitoreguladores afetam a

    superao da dormncia e a subsequente germinao das

    sementes (DUNLAP & MORGAN, 1977). Um outro tipo

    de dormncia verificado a imposta pelo tegumento, que

    eficiente para retardar a germinao (KHAN, 1996). E

    uma forma de permitir a quebra da germinao, pela

    escarificao mecnica, que obtida pela ruptura ou

    abraso do tegumento (COHN, 1996; FERREIRA et al.,

    1992).

    Segundo Calvete et al. (2002), o cultivo de sementes

    in vitro promove alteraes anatmicas, morfolgicas e

    fisiolgicas nas plantas. Por isso, importante a

    identificao dos aspectos estruturais da plntula para uma

    melhor compreenso. As plantas crescidas in vitro podem

    apresentar caractersticas peculiares como: abundncia de

    espaos intercelulares, sistema vascular pouco

    desenvolvido e reduzida capacidade de sustentao (baixa

    incidncia de tecidos como esclernquima e colnquima),

    estmatos no funcionais e baixa atividade autotrfica,

    dentre outros tipos de desordens (CAMPOSTRINI &

    OTONI, 1996).

    As estruturas morfoanatmicas dos vegetais

    sofrem grande influncia das condies ambientais em que

    vivem, embora a relao entre esses caracteres adaptativos

    e condies ambientais, em muitos casos, seja difcil de

    estabelecer. Segundo Reeve & Sherman (1993), o termo

    adaptao tem sido utilizado em anatomia vegetal para

    descrever certos caracteres anatmicos associados a

    determinadas condies ambientais e de cultivo.

    Plntulas removidas do ambiente in vitro

    necessitam de um perodo de aclimatizao, que lhes

    permitiro adaptar-se s condies de cultivo em campo.

    Campostrini & Otoni (1996) alertam para a dificuldade de

    transio do mecanismo heterotrfico para autotrfico em

    plantas micropropagadas, em virtude das alteraes

    epigenticas, anatmicas e fisiolgicas, induzidas pelas

    condies in vitro. Os estudos das adaptaes vegetais

    em cultivo in vitro so de grande relevncia para

    compreender o processo de aclimatizao das espcies e

    seu desenvolvimento tecidual em resposta s novas

    condies ambientais.

    Conduziu-se este trabalho, com o objetivo de

    analisar as estruturas anatmicas de plntulas de ma

    (Malus domestica Borkh var. golden delicious) germinadas

    assepticamente in vitro, por meio de um processo de

    escarificao de sementes de ma e avaliar a taxa de

    germinao das sementes sob as condies citadas.

    MATERIAL E MTODOS

    O trabalho foi desenvolvido no Laboratrio de

    Biotecnologia Vegetal, do Departamento de Botnica,

    Ecologia e Zoologia, do Centro de Biocincias da

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Para o

    experimento de germinao, utilizou-se o meio Murashige

    & Skoog (1962), contendo sais, vitaminas, 0,1 g L-1 de mio-

    inositol, 6,0 g L-1 de agar e 30 g L-1 de sacarose. O pH do

    meio foi ajustado para 5,7 antes da autoclavagem.

    Utilizaram-se sementes de macieira (Malus domestica var.

    golden delicious), retiradas assepticamente a partir de

    frutos maduros, que foram colocadas para germinar sob

    trs tratamentos assim denominados: T1 (sementes que

  • Estudo da anatomia de plntulas da espcie... 11

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009

    no sofreram nenhuma escarificao); T2 (a semente sofreu

    um corte transversal) e T3 (remoo total do tegumento da

    semente). Em seguida, as sementes foram inoculadas em

    frascos contendo o meio acima citado. As culturas foram

    mantidas em salas de crescimento com condies

    controladas de luz (25 M m-2 s-1), fotoperodo (12h),

    temperatura (262C) e umidade relativa (76%). Utilizou-se

    o delineamento inteiramente casualizado, com trs

    repeties de 10 frascos experimentais, onde cada frasco

    apresentava uma semente. A cada 10 dias foram realizadas

    as observaes, analisando a porcentagem de germinao

    e contaminao.

    Para o estudo anatmico, utilizaram-se razes, caules e

    folhas de plntulas originadas de semente sem o tegumento

    oriundas do cultivo in vitro, sendo retiradas do meio MS

    aps 30 dias de incubao. As amostras foram retiradas a

    partir de material fresco e fixadas em lcool 70% (JOHANSEN,

    1940). Os cortes obtidos mo livre foram corados com azul

    de astra e safranina (KRAUS & ARDUIM, 1998). As lminas

    semi-permanentes foram montadas em gelatina glicerinada

    50%. Para a confeco de lminas permanentes, o material foi

    submetido s tcnicas usuais em anatomia vegetal (SASS,

    1958), seccionados transversal e longitudinalmente, sendo

    corados com azul de astra e safranina e montados em resina

    sinttica (KRAUS & ARDUIM, 1998). Testes histoqumicos

    foram realizados em corte de material fresco com a utilizao

    de sudan IV para evidenciar substncias lipoflicas,

    floroglucina para elementos lignificados, lugol para

    evidenciar reservas de amido e cloreto frrico para sinalizar

    substncias fenlicas (JOHANSEN, 1940). Para a obteno

    de fotomicrografias, foi utilizado o equipamento

    fotomicroscpio ZEISS. Os cortes histolgicos foram

    observados com o auxilio de objetivas de 10X, 40X e 100X

    de aumento. Utilizou-se tambm microscpio eletrnico de

    varredura para a anlise das plntulas.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Germinao das Sementes

    Os resultados obtidos neste trabalho mostraram

    que no tratamento T1 (sementes sem corte), apenas

    4,45% das sementes germinaram, obtendo-se a menor

    porcentagem de germinao entre os tratamentos,

    mostrando a dificuldade de embebio imposta pelo

    tegumento e uma taxa de contaminao de 63,33% que

    provavelmente ocorreu pelo fato das sementes no ter

    passado por um processo de desinfestao, pois as

    mas eram flambadas e cortadas dentro da capela de

    fluxo laminar e as sementes eram logo colocadas em

    frascos com meio de cultura. No tratamento T2 (com

    corte), observou-se 15,55% de germinao resultado que

    mostra que sementes parcialmente escarificadas

    apresentam um aumento de germinao, comprovando

    que a retirada parcial do tegumento torna o ambiente

    das sementes mais favorvel ao seu desenvolvimento,

    essa idia reforada quando se retira totalmente o

    tegumento no tratamento T3 (sem tegumento) onde a

    taxa de germinao alcanou 72,22%, mostrando que a

    retirada total do tegumento bastante eficiente,

    favorecendo uma melhor embebio para dar incio

    germinao. Estando de acordo com Santos et al. (2003),

    que trabalhando com sementes de Smilax japicanga

    Grisebach, no obtiveram germinao nas suas sementes

    sem escarificao. Em relao contaminao o maior

    ndice 75,55% ocorreu no tratamento 2 provavelmente

    em razo da inciso na semente, permitindo a entrada de

    microorganismo alm dos presentes no tegumento e o

    menor ndice 25,5% ocorreu no tratamento 3, mostrando

    que a retirada total do tegumento, tem relao direta,

    tanto com a germinao como a contaminao (Figura

    1). A escarificao mecnica do tegumento tambm foi

    eficiente na superao da dormncia das sementes de

    vrias espcies com tegumento impermevel, como as

    de Bauhinia monandra Kurz e B. ungulata L. (ALVES

    et al. , 2000) e Dimorphandra mollis Benth

    (HERMANSEN et al., 2000). Podemos inferir que as

    sementes de macieira da variedade golden delicious,

    possuem uma impermeabilidade do tegumento, como

    mostra o tratamento T1, concordando com os trabalhos

    de Barbosa et al. (1996) e Crepaldi et al. (1998), no que

    diz respeito dureza do tegumento das sementes.

  • BEZERRA, K. C. de M. et al.12

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009

    As sementes de muitas espcies frutferas,

    principalmente daquelas que possuem frutos carnosos,

    germinam em tempo relativamente curto quando colocadas

    em condies de solo e ambiente favorvel, porm outras,

    nas mesmas condies, no germinam (LEDO &

    CABANELAS, 1996).

    Caracteres estruturais da raiz

    Em estudos realizados com a raiz, ao nvel da zona

    pilfera, em seco transversal, verificou-se uma epiderme

    unisseriada, destacando espessamento em algumas clulas

    no sentido periclinal, pelos absorventes curtos e numerosos,

    com cutcula delgada. A exoderme, tambm apresentou

    paredes espessadas. A regio cortical compreende cerca de

    sete camadas de clulas parenquimticas, com grandes

    espaos intercelulares. Limitando o crtex, a endoderme

    caracteriza-se pela parede delgada, no sendo observada

    estrias de Caspary, reforos de suberina que sustentam o

    feixe vascular, comumente encontrado nas razes de

    angiospermas (GLRIA & GUERREIRO, 2006). O periciclo

    unisseriado, com clulas maiores que as observadas na

    endoderme e paredes delgadas. No cilindro central, o xilema

    formado por cinco plos de protoxilema (pentarca), cujo

    espessamento delgado. O arco procambial se mostra

    evidente. A regio da medula ocupada por um parnquima

    de parede delgada e poucos espaos intercelulares, sendo

    FIGURA 1 Taxa de contaminao e germinao de sementes de macieira em trs tratamentos diferentes.

    4,45

    15,55

    72,22

    63,3375,55

    25,55

    0,00

    15,00

    30,00

    45,00

    60,00

    75,00

    90,00

    Sem corte Com corte Sem tegumento

    Porc

    enta

    gem

    mdias das taxas de germinao

    mdias das taxas de contaminao

    registrada pouca substncia ergsticas identificadas pela

    colorao escura dada pelos corantes lugol e cloreto frrico.

    Caracteres estruturais do caule

    Na seco transversal do caule, na estrutura

    primria, observa-se uma epiderme unisseriada, e a cutcula

    se mostra delgada. Sob a epiderme, verificam-se dois

    estratos de clulas do colnquima, que de acordo com o

    espessamento do tipo angular. Verificaram-se ainda, nesta

    regio, clulas com contedo fenlico, determinado pela

    colorao escura dada pela reao com o cloreto frrico. O

    parnquima cortical formado por cerca de cinco estratos,

    com formato isodiamtrico, deixando poucos espaos

    intercelulares (Figura 2). Delimitando o crtex, v-se uma

    camada de clulas parenquimticas, a bainha amilfera. O

    sistema vascular circular, fechado e do tipo colateral.

    Idioblastos fenlicos surgem entre os feixes vasculares,

    principalmente prximos aos elementos do floema. A medula

    ampla e constituda por clulas parenquimticas com

    poucos espaos intercelulares (Figura 3).

    Caracteres estruturais da folha

    Na figura 4, representa-se um corte paradrmico da

    folha de M. domestica. Verifica-se que as clulas da

    epiderme da superfcie adaxial so delgadas, e menores

    quando comparadas s da superfcie abaxial (Figura 4 e 5).

  • Estudo da anatomia de plntulas da espcie... 13

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009

    FIGURA 2

    Seco transversal do caule de Malusdomestica de plntulas oriundas do cultivo in vitro emestrutura primria, revelando epiderme (ep), colnquima(co), crtex (c), xilema (x) floema (f) (40X). Barra = 30 m.

    FIGURA 3 Pormenor do caule de plntulas oriundas docultivo in vitro de Malus domestica, observando o siste-ma vascular. Crtex (c), compostos fenlicos (cf), floema(f), xilema (x) e medula (m) (100X). Barra = 30 m.

    As paredes das clulas da superfcie abaxial so delgadas

    apresentando maiores sinuosidades; os estmatos so

    grandes e do tipo anomocticos. Na figura 5, verificou-se

    que a maioria dos estmatos est aberto, com clulas-

    guarda em formato arredondado, tpico de eudicotiledneas

    (RAVEN et al., 2001). Assim sendo, como os estmatos

    so pouco funcionais, as plantas respondem muito

    lentamente ao estresse hdrico (PREECE & SUTTER, 1991).

    Os estmatos se localizam acima das demais clulas

    da epiderme (Figura 6 e 7). Verificou-se ainda crista

    estomtica. A cmara subestomtica ampla e as clulas-

    guarda possuem espessamento nas paredes periclinal

    externa e interna, sendo mais espessada a periclinal externa.

    Em seco transversal, a folha hipoestomtica e

    FIGURA 4

    Vista frontal da epiderme, superfcieadaxial da folha de Malus domestica (100X). Barra =50 m.

    FIGURA 5 Vista frontal da epiderme da superfcie abaxialda folha de Malus domestica, evidenciando estmatos(es) arredondados e abertos (100X). Barra = 50 m.

    dorsiventral, sendo observada apenas uma camada de

    clulas palidicas, contguas com numerosos cloroplastos;

    o parnquima lacunoso apresenta grandes espaos.

    A cera foliar epicuticular constitui interface natural

    entre as folhas e o meio, tendo como funo bsica conferir

    ao vegetal uma maior resistncia perda d gua e a doenas

    (HARBORNE & TURNER, 1984) e adicionalmente, pode

    ser importante na interao inseto-planta (BALSDON et

    al., 1995; SUGAYAMA & SALATINO, 1995).

    Nas Figuras 6 e 7, evidencia-se a morfologia da

    cera foliar epicuticular de M. domestica cultivada in vitro,

    classificada segundo Barthlott et al. (1998) como uma cera

    do tipo filme com circunvolues como crostas sobrepostas

    epiderme, no caracterizando cristais de cera.

  • BEZERRA, K. C. de M. et al.14

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009

    FIGURA 6 Superfcie abaxial da folha de macieira.

    FIGURA 7 Superfcie adaxial da folha de macieira.

    Vrios pesquisadores afirmam que a morfologia da

    cera foliar epicuticular reflete a sua constituio qumica

    (BARTHLOTT, 1998; BONDADA et al., 1996). Segundo

    Salatino et al. (1986), a cera inicia o depsito sobre a

    cutcula, como uma camada amorfa que pode receber

    camadas adicionais que se cristalizam e sugerem que ceras

    que permanecem amorfas devem ter predomnio de

    terpenides, substncias que determinam um alto poder

    de impermeabilizao foliar e conferem defesa contra

    fungos. Considerando a possibilidade da cera foliar

    epicuticular de M. domestica ter um predomnio de

    terpenides, estes constituintes qumicos podem ter

    influenciado no equilbrio hdrico da variedade em cultivo

    in vitro, evidenciado pela ausncia de estresse hdrico.

    Na variedade golden delicious, encontramos 7

    camadas de clulas parenquimticas, com grandes espaos

    intercelulares, o periciclo unisseriado e o cilindro central

    formado com 5 plos de protoxilema, diferindo do estudo

    realizado por Rodrigues et al. (2006) com macieira da

    variedade gala, cuja raiz se observa uma regio cortical,

    apresentando cerca de 4 a 5 camadas de clulas

    parenquimticas, com pequenos espaos intercelulares,

    periciclo do tipo uniestratificado e cilindro central formado

    por 4 a 6 plos de protoxilema. As variedades citadas acima

  • Estudo da anatomia de plntulas da espcie... 15

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009

    apresentam semelhana na regio da medula, na qual

    apresentam um parnquima de parede delgada e poucos

    espaos intercelulares. Mas, de acordo com Fahn (1990),

    na maioria das espcies, o nmero de plos de protoxilema

    pode variar entre plantas diferentes, ou em raiz diferentes

    na mesma planta.

    Na estrutura caulinar, observamos que a variedade

    golden delicious apresenta um sistema vascular do tipo

    circular, fechado e colateral, confirmando o sistema de

    classificao de Foster & Gifford Junior (1974), o qual

    confirma que as eudicotiledneas apresentam sistema

    vascular do tipo eustele. O caule da plntula de macieira

    variedade golden delicious apresentou as mesmas

    caractersticas da macieira variedade gala, como relatado

    por Rodrigues et al. (2006). Como a conexo entre o sistema

    vascular do caule e das razes ainda precria para permitir

    o fluxo transpiratrio adequado e o nmero de elementos

    condutores reduzido, estes tambm podem ser

    considerados fatores de risco na aclimatizao

    (JOHANSSON et al., 1992; PREECE & SUTTER, 1991).

    Nas folhas de macieira, desenvolvidas in vitro,

    observou-se que, sua espessura menor quando

    comparadas com as espcies desenvolvidas naturalmente.

    A cutcula se mostra tambm menos espessa e os estmatos

    acima das clulas, como mencionado nos trabalhos de

    Donnely & Vidaver (1984) e Johansson et al. (1992).

    Resultado semelhante foi verificado por Barboza et al (2006)

    em estudo com plantas micropropagadas de abacaxizeiro.

    Vrios autores afirmam que plantas sob condies

    satisfatrias de suprimento hdrico e alto ndice de umidade

    tendem a desenvolver uma cutcula foliar menos espessa

    (SUGAYAMA & SALATINO, 1995), minimizando o gasto

    energtico contra a dessecao. Em condies de cultivo

    in vitro, a macieira evita o gasto metablico excessivo com

    a produo de cutcula, uma vez que a planta encontra-se

    adaptada ao ambiente mido e com grande oferta de gua

    caracterstico deste meio de cultivo.

    As clulas da epiderme da superfcie adaxial so

    menores em relao da abaxial. O mesofilo compreende

    apenas uma camada de clulas palidicas apresentando

    espaos intercelulares. Nos estudos realizados por Brainerd

    & Fuchigami (1981) para as folhas de ameixeira

    micropropagadas in vitro, verificou-se que a camada de

    clulas palidicas era formada apenas por uma camada.

    Esse mesmo comportamento foi observado na espcie

    framboesa vermelha (DONNELLY & VIDAVER, 1984),

    videira (SMITH et al., 1986) e morangos (FABBRI et al.,

    1986), as plantas crescidas no campo apresentam outro

    comportamento, como a presena de tricomas unicelulares.

    Em relao aos estmatos, alguns autores relatam

    inabilidade de fechamento dos estmatos de plantas

    cultivadas in vitro, quando removidas do meio de cultura.

    A forma arredondada dos estmatos de Malus domestica

    difere das clulas-guarda existentes em grandes variedades

    de ma (BLANKE & BELCHER, 1989). Na variedade

    estudada, a maioria dos estmatos est aberta,

    concordando com os estudos realizados por Brainerd &

    Fuchigami (1981). Resultados idnticos foram obtidos com

    folhas incisadas de Solanum laciniatum Ait. (CONNER &

    CONNER, 1984). Foi observado por Sutter (1988) que

    estmatos de brotos de mas permaneceram abertos

    aps a sua remoo do meio de cultura, porm cerca de

    78% dos estmatos das cerejas e plantas de goma doce

    desenvolvida in vitro se fecharam aps uma hora de

    exposio s condies ambientais numa bancada de

    laboratrio.

    As plantas micropropagadas crescem em condies

    de alta umidade relativa do ar, baixa luminosidade e trocas

    gasosas restritas, resultando em baixas taxas de

    transpirao e fotossntese (POSPSILOV et al., 1999;

    PREECE & SUTTER, 1991). Durante a aclimatizao, as

    plantas sofrem mudanas morfolgicas, anatmicas e

    fisiolgicas, que as tornam capazes de crescer em um novo

    ambiente (SUTTER et al., 1992). Essas alteraes

    anatmicas nas plantas cultivadas in vitro podem

    inviabilizar a aclimatizao das mesmas (ALBARELLO et

    al., 2001). Brainerd & Fuchigami (1981) relataram a

    necessidade da aclimatizao das plantas provenientes da

    cultura in vitro, porque elas so sensveis e tenras, a

    cutcula pouco desenvolvida, resultando em alta

  • BEZERRA, K. C. de M. et al.16

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 9-18, 2009

    transpirao e a parede celular no apresenta rigidez

    suficiente para a sustentao.

    CONCLUSES

    Sementes de Malus domestica cultivadas in vitro e

    desprovidas de tegumentos, promoveram uma germinao

    de forma mais rpida e com menor ndice de contaminao.

    As plntulas desenvolvidas in vitro apresentaram

    caractersticas anatmicas que no permitem coloc-las

    de imediato para aclimatizao, por isso recomendvel

    que seja feita uma pr-aclimatizao para maior sucesso

    das plantas propagadas.

    O estudo anatmico de plntulas cultivadas in vitro

    mostra-se como uma importante ferramenta para programar

    as etapas do processo de aclimatizao do vegetal

    maximizando as chances de viabilidade da espcie em

    campo.

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  • Crescimento in vitro de pequizeiro (Caryocar... 19

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009

    (Recebido em 26 de maio de 2008 e aprovado em 19 de maro de 2009)

    CRESCIMENTO IN VITRO DE PEQUIZEIRO (Caryocar brasilienseA. St.-Hil.): INFLUNCIA DA POLARIDADE E LUMINOSIDADE

    IN VITRO GROWTH OF Caryocar brasiliense A. St.-Hil.: INFLUENCE OF POLARITY AND LIGHT

    BRENO RGIS DOS SANTOS1, RENATO PAIVA2, SANDRO BARBOSA3,PATRCIA DUARTE DE OLIVEIRA PAIVA4, DAIANE PEIXOTO VARGAS5, CRISTIANO MARTINOTTO6

    1Engenheiro Agrnomo, Dr., Professor, Universidade Federal de Alfenas/UNIFAL Rua Gabriel Monteiro da Silva 700 Centro

    37130-000 Alfenas, MG [email protected] Agrnomo, Dr., Professor, Universidade Federal de Lavras/UFLA

    Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected], Dr., Professor, Universidade Federal de Alfenas/UNIFAL Rua Gabriel Monteiro da Silva 700 Centro 37130-000

    Alfenas, MG [email protected] Agrnoma, Dra., Professora, Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected], Dra., Bolsista FAPEMIG Universidade Federal de Lavras/UFLA

    Cx. P. 3037 37200-00 Lavras, MG [email protected] Agrnomo, Dr., Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P. 3037 37200-00 Lavras, MG

    [email protected]

    RESUMODecorrente da devastao do Cerrado, a propagao

    natural do pequizeiro tem sido comprometida. Alm disso,suas sementes apresentaram srios problemas de dormnciategumentar e uma possvel presena de inibidores. Nessecontexto, a cultura de tecidos torna-se uma alternativa para apropagao do pequizeiro. Objetivou-se avaliar o efeito dapolaridade de explantes foliares e nodais durante o cultivo invitro e verificar a influncia da luminosidade na calognese ena induo de brotaes de pequizeiro. O estudo da polaridadena calognese foi observado por meio da inoculao desegmentos foliares em meio WPM. O efeito da luminosidadena calognese foi verificado por meio da inoculao de explantesfoliares em meio WPM, acrescido de 1 mg L-1 de TDZ e 2 mgL-1 de 2,4-D, permanecendo os explantes aps a inoculao napresena e ausncia de. O efeito da luminosidade na induode brotaes foi averiguado por meio da inoculao desegmentos nodais em meio WPM acrescido com 0,75 mg L-1

    de BAP e 0,05 mg L-1 de ANA, sendo que, aps a inoculaoos explantes foram mantidos na presena e ausncia de luz.Para a induo de calos em explantes foliares, a inoculaocom a superfcie abaxial voltada para o meio de cultivo e naorientao horizontal apresentou melhores resultados. Paraexplantes nodais, a orientao horizontal mostrou-se maiseficiente, uma vez que, este procedimento permitiu obter 3,88brotos/explantes, em mdia, sendo este valor superior aoencontrado na orientao vertical (1,5 brotos/explantes). Aformao de calos foi 38,31% maior na ausncia de luz. Asbrotaes em segmentos nodais desenvolveram-se melhor napresena de luz.

    Termos para indexao: Micropropagao, Caryocarbrasiliense, explante.

    ABSTRACTDue to the great devastation of cerrado, the natural

    propagation of Caryocar brasiliense has been seriously affected.Besides, its seeds present serious problems of coat dormancyand possible presence of inhibitors. In this context, plant tissueculture becomes an alternative for the especies propagation. Theobjective of this work was to evaluate the effect of the polarityon leaf and nodal explants of Caryocar brasiliense during in vitrocultivation and verify the influence of light on callus and shootinduction. The study of the polarity influence on callus inductionwas observed inoculating leaf segments on WPM. The influenceof light on callus induction was investigated inoculating leafexplants on WPM supplemented with 1.0 mg L-1 TDZ and 2.0mg L-1 2.4-D, and maintained under the presence and absence oflight. The influence of light on shoot induction was evaluatedinoculating nodal segments on WPM supplemented with 0.75mg L-1 BAP and 0.05 mg L-1 NAA and maintained in the presenceand absence of light. For callus induction, inoculation of leafexplants with the abaxial surface in contact with the cultivationmedium on the horizontal position showed better results. Fornodal explants, the horizontal orientation showed to be moreeffective resulting in an average production of 3.88 shoots/explantwhen compared with the vertical position (1.5 shoots/explant).Callus induction was 38.31% higher in the absence of light. Shootsinduced on nodal segments developed better in the presence oflight.

    Index terms: Micropropagation, Caryocar brasiliense, explant.

    INTRODUO

    O cerrado considerado um ecossistema com

    recursos renovveis se manejado adequadamente.

  • SANTOS, B. R. dos et al.20

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009

    Entretanto, vem sendo destrudo e, com ele, espcies

    frutferas importantes que poderiam ser utilizadas com

    propsito econmico e social (POZO, 1997).

    O pequizeiro (Caryocar brasiliense A. St,-Hil.)

    destaca-se pelo uso de seus frutos na culinria, extrao

    de leos para a fabricao de cosmticos ou mesmo na

    medicina popular para tratamento de problemas

    respiratrios. Alm disso, sua madeira considerada de

    tima qualidade e resistncia (ALMEIDA & SILVA, 1994).

    Em razo da grande devastao do cerrado e matas

    ciliares, a propagao natural do pequizeiro tem sido

    comprometida e, alm disso, suas sementes apresentam

    srios problemas de dormncia tegumentar e presena de

    inibidores (DOMBROSKI, 1997; MELO & GONALVES,

    1991).

    As dificuldades encontradas no processo de

    propagao do pequizeiro por meio de sementes valorizam

    a busca por solues alternativas para a produo de

    mudas de maneira rpida e eficiente, o que, sem dvida,

    pode significar um maior estmulo ao cultivo econmico

    do pequizeiro. Nesse contexto, a cultura de tecidos

    apresenta-se como uma soluo que pode favorecer a

    obteno de mudas de pequizeiro, tornando possvel a

    produo destas em grande quantidade.

    Os explantes inoculados in vitro normalmente

    exibem uma acentuada polaridade na proliferao celular e

    na morfognese, de maneira a estarem relacionados com a

    posio em que o rgo ou tecido se encontra na planta

    intacta e tambm com sua orientao dentro do recipiente

    de cultivo (SANTANA, 2003). Outro fator importante

    que na micropropagao no basta conseguir altas taxas

    de multiplicao, o importante obter uma taxa mdia

    satisfatria por explante (ERIG & SCHUCH, 2002). Para

    isso, necessrio estudar os fatores que influenciam as

    respostas morfognicas no cultivo in vitro de plantas.

    Santos et al. (2006) estabeleceram protocolos de

    micropropagao para o pequizeiro e relataram que o melhor

    tratamento para induo de brotaes foi aquele que

    utilizou meio WPM suplementado com 0,05 mg L-1 de ANA

    combinado com 0,75 mg L-1 de BAP, proporcionando a

    maior taxa de multiplicao. Contudo, os autores no

    trabalharam com os efeitos da influncia da luminosidade

    e polaridade na micropropagao dessa planta.

    Neste trabalho objetivou-se avaliar o efeito da

    polaridade de explantes foliares e nodais durante o cultivo

    in vitro e estudar a influncia da luminosidade na

    calognese e na induo de brotaes in vitro de

    pequizeiro, para otimizao dos protocolos de cultura de

    tecidos e a produo eficiente de mudas micropropagadas.

    MATERIAL E MTODOS

    Efeito da polaridade de explantes foliares na obteno decalos in vitro

    Folhas retiradas de plantas matrizes mantidas em

    sala de crescimento sob irradincia luminosa de 67 mol

    m-2 s-1, temperatura de 28 3 C e umidade relativa mdia

    de 63% foram lavadas em gua corrente por 12 horas. Em

    seguida, efetuou-se a desinfestao em cmara de fluxo

    laminar, utilizando lcool etlico 70% por 1 minuto e

    hipoclorito de sdio comercial (2,5% de cloro ativo) por

    10 minutos, com subsequente lavagem, por trs vezes,

    em gua estril.

    Aps a assepsia, as folhas foram excisadas em

    fragmentos de 3 cm2 e inoculadas em tubos de ensaio,

    contendo 15 mL de meio WPM (Wood Plant Mdium)

    (LLOYD & MCCOWN, 1980), suplementado com 30 g L-1

    de sacarose, solidificado com 7g L-1 de gar e acrescido

    com 1 mg L-1 de TDZ e 2 mg L-1 de 2,4-D. O pH do meio de

    cultura foi ajustado para 5,8; autoclavado a 121C e presso

    de 1 atm, por 20 minutos. Os explantes foram mantidos em

    sala de crescimento com fotoperodo de 16 h e temperatura

    de 25 1C.

    O experimento foi conduzido em delineamento

    experimental inteiramente casualizado, com 2 tratamentos

    e 25 repeties, sendo cada repetio composta por um

    tubo de ensaio contendo um explante. O tratamento 1

    correspondeu inoculao do explante foliar com a

    superfcie abaxial voltada para o meio de cultivo e o

    tratamento 2 correlata-se inoculao do explante foliar

    com a superfcie adaxial voltada para o meio de cultivo.

  • Crescimento in vitro de pequizeiro (Caryocar... 21

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009

    Foram avaliados, aos 30 dias aps a inoculao, a

    porcentagem de calos formados e o peso da matria fresca

    dos mesmos.

    A anlise estatstica dos dados foi realizada com

    base no teste T-student, considerando significncia de

    5%.

    Efeito da polaridade dos segmentos nodais na obtenode brotaes in vitro

    Foram utilizados segmentos nodais de pequizeiro,

    com aproximadamente 1 cm, possuindo 2 gemas, obtidos

    de plantas matrizes mantidas em sala de crescimento, sob

    as mesmas condies citadas no item 1. Aps a

    desinfestao, os seguimentos foram inoculados em tubos

    de ensaio, contendo 15 mL de meio WPM suplementados

    e ajustados conforme item 1, porm acrescidos de 0,05 mg

    L-1 de ANA; 0,75 mg L-1 de BAP e 800 mg L-1 de PVP. Os

    explantes foram mantidos em sala de crescimentos com

    fotoperodo de 16 horas e temperatura de 25 1C.

    O delineamento experimental utilizado foi o

    inteiramente casualizado, constando de 2 tratamentos

    (inoculao com a base do segmento inserido no meio de

    cultivo na posio vertical e na horizontal) e 15 repeties,

    cada uma composta por um tubo.

    Aos 30 dias de cultivo, foram avaliados os nmeros

    de brotaes, o nmero de gemas por explantes, o nmero

    de folhas, o comprimento da maior brotao e a taxa de

    multiplicao que se refere razo entre o nmero de gemas

    obtidas como resposta aos tratamentos empregados e o

    nmero de gemas iniciais contidas no explante utilizado,

    segundo metodologia descrita por Erig & Schuch (2000).

    Para este estudo, foi realizado o teste de Kruskall-Wallis

    (TRIOLA, 1999), considerando significncia de 5%.

    Efeito da luminosidade na obteno de calos in vitro apartir de explantes foliares

    Folhas foram retiradas de plantas matrizes mantidas

    em sala de crescimento e lavadas em gua corrente por 12

    horas, ao trmino das quais, efetuou-se a desinfestao

    em cmara de fluxo laminar conforme procedimento descrito

    no item 1.

    Aps a assepsia, as folhas foram excisadas em

    fragmentos de aproximadamente 3 cm2 e inoculados em

    tubos de ensaio, contendo 15 mL de meio WPM

    suplementados e ajustados conforme item 1.

    O experimento foi conduzido em delineamento

    experimental inteiramente casualizado com 2 tratamentos e

    15 repeties, em que o tratamento 1 correspondeu

    permanncia dos explantes aps a inoculao sob

    irradincia de 36 mol m-2 s-1, fornecida por lmpadas

    fluorescentes frias, com fotoperodo de 16 horas, o

    tratamento 2 correspondeu permanncia dos explantes

    na ausncia de luz. Os tratamentos foram mantidos a uma

    temperatura de 25 1C.

    Foi avaliada, aos 30 dias aps a inoculao a

    formao de calos, o peso da matria fresca dos calos

    formados e o aspecto visual dos mesmos. Para a anlise

    dos dados, foram utilizados os testes de T-student e Teste

    de F, considerando significncia de 5%.

    Efeito da luminosidade na induo de brotaes emsegmentos nodais de pequizeiro

    Segmentos nodais, consistindo de 2 gemas e

    tamanho aproximado de 1 cm foram extrados de plntulas

    com aproximadamente 6 cm de altura, obtidas por meio da

    germinao in vitro de sementes. Os materiais botnicos

    foram inoculados em meio WPM, acrescido de 800 mg L-1

    de PVP, 30 g L-1 de sacarose, 0,05 mg L-1 de ANA e 0,75 mg

    L-1 de BAP, sendo solidificado com 7 g L-1 de gar, sendo o

    pH ajustado para 5,8 e autoclavado a 121C e presso de 1

    atm, por 20 minutos.

    Aps a inoculao, os explantes foram mantidos

    em sala de crescimento a uma temperatura de 25 1C na

    ausncia de luz e em fotoperodo de 16 h, irradincia de 36

    mol m-2 s-1. Aos 30 dias de cultivo, foram avaliados o

    nmero de brotos, o nmero de gemas por explante, nmero

    de folhas, a taxa de multiplicao e o comprimento da maior

    brotao. A taxa de multiplicao foi determinada

    dividindo-se o nmero de gemas formadas por explante,

    obtidos aos 40 dias, pelo nmero de gemas do explante no

    momento da inoculao (ERIG & SCHUCH, 2002).

  • SANTOS, B. R. dos et al.22

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009

    O delineamento experimental utilizado foi o

    inteiramente casualizado com 2 tratamentos e 15 repeties,

    sendo a unidade amostral composta por um tubo contendo

    um explante. Para a anlise dos dados foi utilizado o teste

    de probabilidade Kruskall-Wallis (TRIOLA, 1999),

    considerando significncia de 5%.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Efeito da polaridade de explantes foliares na obteno decalos in vitro

    Os resultados apresentados na Tabela 1 referem-se

    anlise dos pesos obtidos da matria fresca dos calos

    formados em explantes foliares de pequizeiro nos dois

    tratamentos. Os tratamentos no diferiram pelo teste t-

    student para um nvel de significncia de 5%.

    TABELA 1 Peso da matria fresca dos calos formadosem explantes foliares de Caryocar brasiliense submetidosa diferentes polaridades. Lavras, 2008.

    Esse resultado demonstra que, para a formao de

    calos em explantes foliares de pequizeiro, no h

    necessidade de se observar a posio em que este ser

    inoculando no meio de cultivo. O mesmo resultado foi

    obtido por Martins et al. (2001) quando trabalharam com

    explantes foliares de macieira.

    Mesmo que os dados da porcentagem de induo

    de calos no tenham sido significativos a 5% de

    probabilidade, a diferena numrica da mdia de induo

    obtida quando se inoculam os explantes com a superfcie

    abaxial em contato com o meio de cultivo (49,2%), chega

    a ser 52% maior do que a superfcie adaxial no meio de

    cultivo (25,6%) (Figura 1). Do ponto de vista biolgico, a

    polaridade influenciou a calognese in vitro de explantes

    foliares de pequizeiro, sendo mais eficiente a inoculao

    dos explantes com a superfcie abaxial voltada para o

    meio de cultivo.

    FIGURA 1

    Mdias de calos formados em funo dapolaridade de inoculao dos explantes foliares depequizeiro. Lavras, 2008.

    49,2

    25,6

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    Abaxial Adaxial

    Polaridade de inoculao

    For

    ma

    o d

    e ca

    los

    (%)

    2 Efeito da polaridade dos segmentos nodais na obtenode brotaes in vitro

    A posio de inoculao dos segmentos nodais

    (vertical ou horizontal) influenciou a resposta morfognica

    significativamente, segundo o teste de Kruskall-Wallis a

    5% para o nmero de brotos formados por explante,

    nmero de gemas observado e taxa de multiplicao

    (Tabela 2).

    TABELA 2

    Mdias para as variveis: nmero debrotaes, de folhas, de gemas, comprimento e taxa demultiplicao para segmentos nodais de pequizeiro paraorientao vertical e horizontal de inoculao. Lavras,2008.

    Varivel Tratamento Mdias

    Vertical 8,00 a Nmero de brotaes Horizontal 23,0 b

    Vertical 13,3 a Nmero de folhas Horizontal 17,7 a

    Vertical 9,00 a Nmero de gemas Horizontal 22,0 b

    Vertical 18,0 a Comprimento

    Horizontal 13,0 a

    Vertical 9,00 a Taxa de multiplicao Horizontal 22,00 b

    * Mdias seguidas pela mesma letra no diferemestatisticamente pelo teste de Kruskall-Wallis 5%.

    Tratamento Mdia

    Abaxial (0) 0,319

    Adaxial (1) 0,313

  • Crescimento in vitro de pequizeiro (Caryocar... 23

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009

    As caractersticas comprimento da maior brotao

    e nmero de folhas no apresentaram resultados

    significativos. McClelland & Smith (1990), testando a

    influncia da orientao na induo de brotaes em

    segmentos nodais de Amelanchier spicata K. Koch., Acer

    rubrum L., Malus domestica Borkh. e Betula nigra L.,

    observaram que no houve diferena entre os

    comprimentos das brotaes desenvolvidas a partir dos

    explantes inoculados na orientao horizontal e vertical. O

    mesmo resultado foi observado por Erig & Schuch (2002)

    para o comprimento da maior brotao em segmentos

    nodais de macieira (Malus prunifolia).

    Para todas as caractersticas avaliadas, os maiores

    valores observados foram obtidos quando se inoculou o

    segmento nodal na posio horizontal, embora no tenham

    sido detectadas diferenas estatsticas pelo teste Kruskall-

    Wallis (5%) para nmero de folhas e com maior brotao.

    Ao se inocular os segmentos nodais na orientao

    horizontal, induziu-se a formao de 3,88 brotos por

    explante, em mdia, mais do que o dobro de brotos obtidos

    nos explantes que foram inoculados na orientao vertical

    (1,5 broto/explante). A orientao horizontal promoveu um

    maior nmero de brotaes por explantes em 5 espcies

    lenhosas estudadas por McClelland & Smith (1990)

    (Amelanchier spicata Lam., Acer rubrum L., Malus

    domestica Borkh., Betula nigra L., Forsythia intermedia

    Zab.), em relao inoculao dos segmentos nodais na

    orientao vertical, corroborando os resultados

    encontrados neste trabalho.

    Apesar da no significncia estatstica, as

    brotaes provenientes dos segmentos nodais inoculados

    na orientao horizontal produziram 1,3 folha a mais do

    que as brotaes desenvolvidas a partir dos explantes

    inoculados na orientao vertical. Antagonicamente, no

    comprimento da maior brotao, os valores dos caracteres

    avaliados foram maiores nas brotaes provenientes dos

    segmentos nodais inoculados na orientao vertical,

    apresentando mdia de 12,14 mm, enquanto as brotaes

    provenientes dos segmentos nodais inoculados na

    horizontal tiveram o comprimento mdio de 9,88 mm.

    Em relao ao nmero de gemas e taxa de

    multiplicao, os resultados dos explantes inoculados na

    orientao horizontal foram quase trs vezes maiores que

    os obtidos pela inoculao destes na posio vertical. O

    nmero de gemas por explante obtido pela inoculao na

    orientao horizontal foi de 9,13 e, para os inoculados na

    orientao vertical, 3,71. A taxa de multiplicao que um

    dos fatores mais importantes para a micropropagao de

    uma espcie por fornecer mais explantes para os

    subcultivos, foi em mdia, de 4,56 para os explantes que

    foram inoculados na orientao horizontal, e de 1,86 para

    os segmentos nodais inoculados na orientao vertical.

    Segundo Erig & Schuch (2002) um maior nmero de

    brotaes, maior nmero de gemas e maior taxa de

    multiplicao foram obtidos ao se inocular explantes nodais

    de macieira (Malus prunifolia Steud.) na orientao

    horizontal, assim como os resultados encontrados para a

    induo de brotaes em segmentos nodais de pequizeiro.

    Santana (2003), ao estudar a influncia da orientao

    dos explantes na induo de brotaes em fruta-do-conde

    (Annona squamosa L.), observou resultados inversos ao

    encontrado neste trabalho, tendo o melhor resultado sido

    encontrado na inoculao dos explantes na posio

    vertical, com mdia de 8,3 brotos/explante. Em seus estudos

    com outras anonceas, o autor relata que a influncia da

    polaridade no potencial morfognico um fenmeno

    provavelmente ligado ao transporte de fitorreguladores

    no explante. Pelos resultados deste trabalho, pode-se

    sugerir que os segmentos nodais de pequizeiro inoculados

    na posio vertical tm predominncia de auxinas

    endgenas, pois, segundo Taiz & Zeiger (2004), estas

    inibem a formao de mltiplas brotaes, estabelecendo

    a dominncia apical. A obteno de um maior nmero de

    brotaes com o segmento nodal na orientao horizontal

    deve-se, principalmente, quebra da dominncia apical

    (ERIG & SCHUCH, 2002) que poderia ser ocasionada pela

    maior concentrao endgena de citocininas, em

    detrimento do contedo de auxinas, o que explicaria o

    surgimento de vrias brotaes no mesmo explante

    inoculado na orientao horizontal. Taiz & Zeiger (2004)

  • SANTOS, B. R. dos et al.24

    Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.1, p. 19-26, 2009

    comentam que a razo auxina/citocinina regula a

    morfognese de tecidos cultivados in vitro o que permite

    inferir que a modificao da orientao do explante no

    cultivo in vitro, pode sim alterar a relao endgena de

    auxinas e citoc