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SEE-AC Coordenao de Ensino Mdio LCT Portugus 154
*MDULO 1*
Organizao textual Gneros argumentativos
Recursos para convencer
Nos gneros argumentativos, o autor geralmente tem
a inteno de convencer seus interlocutores e, para isso,
precisa apresentar bons argumentos, que consistem em
fatos e opinies. comum encontrarmos circulando no
rdio, na TV, nas revistas, nos jornais e na internet temas
polmicos que exigem uma posio por parte dos
ouvintes, espectadores e leitores. Num jornal, por
exemplo, podemos identificar vrios gneros
argumentativos o artigo de opinio, o editorial, a
coluna. Por vezes, alguns textos de carter informativo,
como reportagens, podem trazer juzos de valor ou
adotar um posicionamento crtico (veja a reportagem
reproduzida em Atividades 1).
O importante, para se preparar para a prova do
ENEM, saber reconhecer estratgias argumentativas e
procedimentos de argumentao. Os procedimentos
implicam estruturar o texto de acordo com o receptor
(uso de linguagem adequada e construo coerente da
argumentao), e as estratgias so recursos que podem
ser usados para reforar a argumentao. Agora,
analisemos alguns gneros que, de imediato, podem ser
identificados como argumentativos:
Artigo opinativo: comum nos jornais e revistas, ele ,
em geral, escrito por colaboradores ou
personalidades convidadas e no reflete
necessariamente a opinio do veculo de
comunicao. Analisa um fato ou uma srie de fatos
em relao ao contexto poltico, social, econmico ou
comportamental. Segue a estrutura de um texto
dissertativo: introduo/desenvolvimento/concluso.
Pode ser escrito na primeira ou na terceira pessoa.
Coluna: um espao dos jornais e revistas
prioritariamente destinado informao exclusiva, ao
bastidor da notcia comporta a manifestao do
colunista sobre aquele fato que est informando ou
analisando, muitas vezes com postura crtica em
relao aos acontecimentos. Dois exemplos:
Gustavo Ioschpe, da revista Veja, e Clvis Rossi, do
jornal Folha de S. Paulo.
Editorial/Carta ao leitor: espao reservado nos
jornais e revistas para manifestar a opinio do
veculo, da instituio opinio que, na verdade,
definida pelos dirigentes (muitas vezes, o prprio
dono) da empresa. Diferentemente dos outros
formatos, o editorial no tem nenhuma preocupao
em informar o leitor, mas em formar opinio. Em vez
de fatos, traz argumentos, que se tornam
convincentes graas a recursos de retrica. Por
emitir a opinio do veculo, o texto pode vir sem a
assinatura do autor ou ento ser assinado pelo
editor, em nome da publicao.
Esses so apenas alguns gneros. importante
saber que a argumentao e a persuaso esto
presentes no texto publicitrio, nas cartas argumentativas
e, principalmente, em textos de carter teoricamente
informativo.
REPRODUO
Campanha da Prefeitura de So Paulo mostra bons motivos para adotar um animal de estimao com responsabilidade
Os gneros argumentativos tm a finalidade de
persuadir e convencer o leitor a respeito de
determinado assunto.
As estratgias argumentativas podem ser
construdas a partir de exemplos e comparao,
citaes, menes a dados numricos, uso de ironia
ou, ainda, na apresentao de uma ideia para, em
seguida, contradiz-la ou diminuir sua importncia.
A falcia construda quando se d segmento a um
raciocnio errado, fazendo-o aparentar verdadeiro.
Argumentos que se destinam persuaso podem
parecer convincentes para grande parte do pblico
apesar de conter falcias, mas no deixam de ser
falsos.
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Articulao de ideias Coeso e coerncia
Articular ideias estabelecer a relao entre
palavras e frases. Devidamente conectadas, elas
formam um todo que tem sentido para determinado
grupo de pessoas em determinada situao.
H dois fatores importantes para tornar um texto
inteligvel: coeso e coerncia.
A coeso consiste nas articulaes gramaticais
existentes entre as palavras, oraes, frases, e
pargrafos que garantem sua conexo textual. Um
dos recursos mais comuns o uso de conectivos,
como as conjunes, por exemplo. Para cada tipo de
relao que se pretende estabelecer entre duas
oraes, existe uma conjuno que se adapta a ela.
Algumas conjunes:
aditivas: e, nem, no s... como tambm
adversativas: mas, porm, contudo, todavia,
entretanto
concessivas: embora, apesar de
explicativas: pois (antes de verbo), porque
conclusivas: portanto, logo, por isso, pois (depois de
verbo)
Coerncia o resultado da articulao das ideias de
um texto. a estrutura lgico-semntica que faz com
que, numa situao discursiva, palavras e frases
componham um todo significativo para os
interlocutores. Ela est, portanto, ligada
possibilidade de compreenso daquilo que se ouve
ou l.
Recursos expressivos: as figuras de linguagem ou
de estilo so empregadas para valorizar o texto,
tornando a linguagem mais rica e expressiva. Usam-
se, para isso, as palavras em seu sentido conotativo,
e no com seu significado literal. As principais so:
comparao
metfora
metonmia
ironia
Pontos de vista Recursos persuasivos
Para se preparar para a prova do ENEM,
importante desenvolver a capacidade de ler,
compreender e interpretar textos de diferentes
gneros e linguagens, como fotos, charges e poesia.
Identificar diferentes pontos de vista No so
apenas os artigos opinativos das revistas e dos
jornais que apresentam uma postura sobre
determinado assunto. Ao resolver questes que
mostram pontos de vista diversos, importante
distinguir frases ou perodos que evidenciem (ou
representem argumentos que reforcem) a opinio do
autor.
Em questes que exigem a anlise de textos
opinativos, fundamental responder de acordo com
a opinio expressa no texto, e no a partir de sua
prpria. No h posicionamento certo ou errado, mas
maneiras de expor um ponto de vista.
Existem duas principais estratgias de persuaso. A
explcita expe claramente seu ponto de vista e
recorre a argumentos lgicos e racionais, s vezes
propositalmente incorretos. A implcita, mais sutil,
apela para o emocional.
Organizao textual Gneros narrativos
Tipos de texto Basicamente, h seis tipos de texto:
descrio, narrao, injuno, argumentao,
exposio e agrupamento tipolgico relatar. De
modo geral, podemos dizer que a descrio se
caracteriza por ser um retrato verbal de pessoas,
objetos, animais, sentimentos, cenas ou ambientes;
a narrao um entrelaamento de fatos contados
por um narrador, envolvendo personagens,
localizadas no tempo e no espao; e a argumentao
a expresso de opinio a respeito de um assunto.
Elementos do texto narrativo:
Enredo: sequncia de acontecimentos narrados na
histria.
Foco narrativo (1. e 3. pessoa): presena de
narrador (narrador-personagem, narrador-
-observador).
Personagens (protagonista, antagonista e
coadjuvante).
Tempo (cronolgico e psicolgico).
Espao.
Os gneros narrativos so inmeros; os mais
conhecidos so: romance, crnica, conto, novela,
fbula. H ainda: piada, mito, novela etc.
Romance: narrativa longa, de enredo normalmente
imaginrio, mas verossmil. Os personagens so
mais elaborados psicologicamente.
Crnica: narrativa curta, inspirada em algum fato
cotidiano. Pode fazer uma crtica indireta ou ter
toques de humor.
A diferena entre anttese e paradoxo que a
anttese se baseia na comparao por contraste ou
justaposio de contrrios, enquanto o paradoxo se
reconhece como uma relao interna de contrrios:
Anttese: Eu sou tmido, voc extrovertido.
Paradoxo: Eu sou um tmido extrovertido.
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********** ATIVIDADES 1 **********
Texto para a questo 1.
Por que tantas tragdias?
H um imenso equvoco no modo de ocupao do solo brasileiro. Construmos casas nas vrzeas e nas encostas ngremes
O Brasil foi premiado pela natureza por rios de imenso
volume dgua e, como consequncia, algumas das
maiores vrzeas (reas originalmente florestadas) do
mundo. Isso a razo de nossa proverbial fertilidade e
explica nossa aptido para produzir comida, a base da
nossa atual prosperidade. No entanto, h um imenso
equvoco no modo de ocupao do solo brasileiro.
Construmos nossas casas nas vrzeas que, num
ecossistema equilibrado, absorviam a gua que
transbordava dos rios e nas encostas ngremes.
Esse erro cometido mais ou menos do mesmo jeito
no pas todo, o que explica por que regies to diversas
como Santa Catarina, Alagoas e Par tenham problemas
semelhantes. Vrzea ocupada aquilo que os noticirios
chamam de enchente. Encosta ocupada mais
conhecida como deslizamento. A questo central agora
desocupar essas regies para que, no ano que vem,
quando chover de novo, no haja ningum mais morando
l.
E onde botamos as pessoas que vivem em vrzeas e
encostas? Para responder a essa pergunta, importante
antes entender por que essas regies foram ocupadas. A
resposta complexa, mas pode ser simplificada em duas
palavras: especulao imobiliria.
No Brasil, pas de economia historicamente instvel,
sempre foi timo negcio ser dono de terra e ficar l
sentado nela sem fazer nada. O modelo de urbanizao
do pas, que concentrava a economia no centro da
cidade e ia se expandindo para fora, garantia a certeza
de que um terreno distante ontem viraria centro amanh
e seu valor se multiplicaria. Por conta disso, h na regio
central das maiores cidades brasileiras uma quantidade
imensa de terrenos vazios ou subutilizados, s
esperando valorizao. Isso faz os preos de imveis
disparar, e os trabalhadores demandados pelas cidades
acabam indo se espremer em vrzeas e encostas, nicas
terras baratas.
Isso um problema para as cidades, porque fora os
trabalhadores a atravessar dezenas de quilmetros de
asfalto para chegar ao trabalho, no centro. E a que
mora nossa grande oportunidade.
O que o Brasil precisa fazer agora tirar as pessoas
das encostas e vrzeas e coloc-las nesses pedaos
vazios do centro da cidade (a ltima coisa que queremos
colocar as pessoas ainda mais longe, aumentando
ainda mais o trnsito e os custos do transporte pblico).
Isso trar vrias vantagens. Permitir s cidades fazerem
grandes parques lineares em volta dos rios, onde hoje h
avenidas, com instalaes esportivas e ciclovias. Levar
trabalhadores para as regies centrais, diminuindo a
presso no transporte pblico e no trnsito. Embelezar
as cidades, criar oportunidades econmicas, mover a
economia e far o Brasil rodar.
Mas como fazer os especuladores colaborar? O
remdio tem trs doses: educao, fiscalizao e
punio. Primeiro ensina-se os proprietrios a adaptarem
sua situao para que os terrenos vazios parem de
prejudicar a cidade e sejam ocupados. D-se a eles um
prazo para se adaptar e prazos curtos funcionam muito
melhor do que prazos longos. Quem no se adapta paga
impostos cada vez mais altos ou desapropriado.
Precisamos comear a fazer isso rpido, assim que as
chuvas pararem. Mas o planejamento precisa ser de
longussimo prazo, coisa de 30 anos, para que as obras
de 2011 no sejam apenas a maquiagem de sempre
(piscines, muros, dragas e aumentos de calha), mas o
primeiro passo de uma reforma profunda no sistema de
ocupao do Brasil.
Blog Sustentvel Pouco. Adaptado. Disponvel em:
< http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/ >.
1. (AED-SP)
O texto tem uma estrutura dissertativo-argumentativa
h um posicionamento do autor e ele encadeia ideias
para sustentar seu ponto de vista. Quais foram os
argumentos utilizados?
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2. (ENEM-MEC)
O ento presidente Lula assinou, em 29 de setembro de
2008, decreto sobre o Novo Acordo Ortogrfico da
Lngua Portuguesa. As novas regras afetam
principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do
trema e do hfen.
Longe de um consenso, muita polmica tem-se levantado
em Macau e nos oito pases de lngua portuguesa: Brasil,
Angola, Cabo Verde, Guin-Bissau, Moambique,
Portugal, So Tom e Prncipe e Timor Leste.
Comparando as diferentes opinies sobre a validade de
se estabelecer o acordo para fins de unificao, o
argumento que, em grande parte, foge a essa discusso
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(A) A Academia (Brasileira de Letras) encara essa
aprovao como um marco histrico. Inscreve-se,
finalmente, a Lngua Portuguesa no rol daquelas que
conseguiram beneficiar-se h mais tempo da
unificao de seu sistema de grafar, numa
demonstrao de conscincia da poltica do idioma e
de maturidade na defesa, difuso e ilustrao da
lngua da Lusofonia.
SANDRONI, C. Presidente da ABL. Disponvel em:
< http://www.academia.org.br >.
(B) Acordo ortogrfico? No, obrigado. Sou contra.
Visceralmente contra. Filosoficamente contra.
Linguisticamente contra. Eu gosto do c do actor e o
p de cepticismo. Representam um patrimnio, uma
pegada etimolgica que faz parte de uma identidade
cultural. A pluralidade um valor que deve ser
estudado e respeitado. Aceitar essa aberrao
significa apenas que a irmandade entre Portugal e o
Brasil continua a ser a irmandade do atraso.
COUTINHO, J. P. Folha de S. Paulo. Ilustrada.
28 set. 2008, E1 (adaptado).
(C) H um conjunto de necessidades polticas e
econmicas com vista internacionalizao do
portugus como identidade e marca econmica.
possvel que o [Fernando] Pessoa, como produto de
exportao, valha mais do que a PT [Portugal
Telecom]. Tem um valor econmico nico.
RIBEIRO, J. A. P. Ministro da Cultura de Portugal. Disponvel em:
< http://ultimahora.publico.clix.pt >.
(D) um acto cvico batermo-nos contra o Acordo
Ortogrfico. O acordo no leva a unidade nenhuma.
No se pode aplicar na ordem interna um
instrumento que no est aceito internacionalmente
e nem assegura a defesa da lngua como patrimnio,
como prev a Constituio nos artigos 9. e 68..
MOURA, V. G. Escritor e eurodeputado. Disponvel em:
< www.mundoportugues.org >.
(E) Se para ter uma lusofonia, o conceito [unificao
da lngua] deve ser mais abrangente e temos de
estar em paridade. Unidade no significa que temos
que andar todos ao mesmo passo. No necessrio
que nos tornemos homogneos. At porque o que
enriquece a lngua portuguesa so as diversas
literaturas e formas de utilizao.
RODRIGUES, M. H. Presidente do Instituto Portugus
do Oriente, sediado em Macau. Disponvel em:
< http://taichungpou.blogspot.com > (adaptado).
________________________________________________ *Anotaes*
3. (ENEM-MEC)
A Herana Cultural da Inquisio
A Inquisio gerou uma srie de comportamentos
humanos defensivos na populao da poca,
especialmente por ter perdurado na Espanha e em
Portugal durante quase 300 anos, ou no mnimo quinze
geraes.
Embora a Inquisio tenha terminado h mais de um
sculo, a pergunta que fiz a vrios socilogos,
historiadores e psiclogos era se alguns desses
comportamentos culturais no poderiam ter-se
perpetuado entre ns.
Na maioria, as respostas foram negativas, ou seja,
embora alterasse sem dvida o comportamento da
poca, nenhum comportamento permanece tanto tempo
depois, sem reforo ou estmulo continuado.
No sou psiclogo nem socilogo para discordar, mas
tenho a impresso de que existem alguns
comportamentos estranhos na sociedade brasileira, e
que fazem sentido se voc os considerar resqucios da
era da Inquisio. []
KANITZ, S. A Herana Cultural da Inquisio. In: Revista Veja.
Ano 38, n. 5, 2 fev. 2005 (fragmento).
Considerando-se o posicionamento do autor do
fragmento a respeito de comportamentos humanos, o
texto
(A) enfatiza a herana da Inquisio em
comportamentos culturais observados em Portugal e
na Espanha.
(B) contesta socilogos, psiclogos e historiadores sobre
a manuteno de comportamentos gerados pela
Inquisio.
(C) contrape argumentos de historiadores e socilogos
a respeito de comportamentos culturais inquisidores.
(D) relativiza comportamentos originados na Inquisio e
observados na sociedade brasileira.
(E) questiona a existncia de comportamentos culturais
brasileiros marcados pela herana da Inquisio.
Textos para as questes 4 e 5.
Texto I
praticamente impossvel imaginarmos nossas vidas
sem o plstico. Ele est presente em embalagens de
alimentos, bebidas e remdios, alm de
eletrodomsticos, automveis etc. Esse uso ocorre
devido sua atoxicidade e inrcia, isto : quando em
contato com outras substncias, o plstico no as
contamina; ao contrrio, protege o produto embalado.
Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos
plsticos em larga escala: so leves, quase no alteram
o peso do material embalado, e so 100% reciclveis,
fato que, infelizmente, no aproveitado, visto que, em
todo o mundo, a percentagem de plstico reciclado,
quando comparado ao total produzido, ainda
irrelevante.
Revista Me Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado).
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Texto II
Sacolas plsticas so leves e voam ao vento. Por
isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando
enchentes. So encontradas at no estmago de
tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos
por sufocamento.
Sacolas plsticas descartveis so gratuitas para os
consumidores, mas tm um custo incalculvel para o
meio ambiente.
Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitrio do
Instituto Akatu pelo Consumo Consciente.
4. (ENEM-MEC)
Na comparao dos textos, observa-se que
(A) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da
reciclagem de materiais plsticos; o texto II justifica o
uso desse material reciclado.
(B) o texto I tem como objetivo precpuo apresentar a
versatilidade e as vantagens do uso do plstico na
contemporaneidade; o texto II objetiva alertar os
consumidores sobre os problemas ambientais
decorrentes de embalagens plsticas no recicladas.
(C) o texto I expe vantagens, sem qualquer ressalva, do
uso do plstico; o texto II busca convencer o leitor a
evitar o uso de embalagens plsticas.
(D) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de
embalagens plsticas, mostrando por que elas
devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento
de consumidores comuns, que buscam praticidade e
conforto.
(E) o texto I apresenta um alerta a respeito da
possibilidade de contaminao de produtos
orgnicos e industrializados decorrente do uso de
plstico em suas embalagens; o texto II apresenta
vantagens do consumo de sacolas plsticas: leves,
descartveis e gratuitas.
5. (ENEM-MEC)
Em contraste com o texto I, no texto II so empregadas,
predominantemente, estratgias argumentativas que
(A) atraem o leitor por meio de previses para o futuro.
(B) apelam emoo do leitor, mencionando a morte de
animais.
(C) orientam o leitor a respeito dos modos de usar
conscientemente as sacolas plsticas.
(D) intimidam o leitor com as nocivas consequncias do
uso indiscriminado de sacolas plsticas.
(E) recorrem informao, por meio de constataes,
para convencer o leitor a evitar o uso de sacolas
plsticas.
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*Anotaes*
6. (ENEM-MEC)
Cientistas da Gr-Bretanha anunciaram ter
identificado o primeiro gene humano relacionado com o
desenvolvimento da linguagem, o FOXP2. A descoberta
pode ajudar os pesquisadores a compreender os
misteriosos mecanismos do discurso que uma
caracterstica exclusiva dos seres humanos. O gene
pode indicar por que e como as pessoas aprendem a se
comunicar e a se expressar e por que algumas crianas
tm disfunes nessa rea. Segundo o professor
Anthony Monaco, do Centro Wellcome Trust de Gentica
Humana, de Oxford, alm de ajudar a diagnosticar
desordens de discurso, o estudo do gene vai possibilitar
a descoberta de outros genes com imperfeies. Dessa
forma, o prosseguimento das investigaes pode levar a
descobrir tambm esses genes associados e, assim,
abrir uma possibilidade de curar todos os males
relacionados linguagem.
Disponvel em: < http://www.bbc.co.uk > (adaptado).
Para convencer o leitor da veracidade das informaes
contidas no texto, o autor recorre estratgia de
(A) citar autoridade especialista no assunto em questo.
(B) destacar os cientistas da Gr-Bretanha.
(C) apresentar citaes de diferentes fontes de
divulgao cientfica.
(D) detalhar os procedimentos efetuados durante o
processo da pesquisa.
(E) elencar as possveis consequncias positivas que a
descoberta vai trazer.
Texto para as questes 7 e 8.
Quando eu falo com vocs, procuro usar o cdigo de
vocs. A figura do ndio no Brasil de hoje no pode ser
aquela de 500 anos atrs, do passado, que representa
aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de
hoje no o Brasil de ontem, tem 160 milhes de
pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para c
asiticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser
brasileiro. A importante pergunta que ns fazemos :
qual o pedao de ndio que vocs tm? O seu cabelo?
So seus olhos? Ou o nome da sua rua? O nome da
sua praa? Enfim, vocs devem ter um pedao de ndio
dentro de vocs. Para ns, o importante que vocs
olhem para a gente como seres humanos, como pessoas
que nem precisam de paternalismos, nem precisam ser
tratadas com privilgios. Ns no queremos tomar o
Brasil de vocs, ns queremos compartilhar esse Brasil
com vocs.
TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes
locais. Rio de Janeiro: Garamond, 2000 (adaptado).
7. (ENEM-MEC)
Na situao de comunicao da qual o texto foi retirado,
a norma-padro da lngua portuguesa empregada com
a finalidade de
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(A) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa
lngua materna.
(B) situar os dois lados da interlocuo em posies
simtricas.
(C) comprovar a importncia da correo gramatical nos
dilogos cotidianos.
(D) mostrar como as lnguas indgenas foram
incorporadas lngua portuguesa.
(E) ressaltar a importncia do cdigo lingustico que
adotamos como lngua nacional.
8. (ENEM-MEC)
Os procedimentos argumentativos utilizados no texto
permitem inferir que o ouvinte/leitor, no qual o emissor
foca o seu discurso, pertence
(A) ao mesmo grupo social do falante/autor.
(B) a um grupo de brasileiros considerados como no
ndios.
(C) a um grupo tnico que representa a maioria europeia
que vive no pas.
(D) a um grupo formado por estrangeiros que falam
portugus.
(E) a um grupo sociocultural formado por brasileiros
naturalizados e imigrantes.
9. (ENEM-MEC)
DIGA NO AO NO
Quem disse que alguma coisa impossvel?
Olhe ao redor. O mundo est cheio de coisas que,
segundo os pessimistas, nunca teriam acontecido.
Impossvel.
Impraticvel.
No.
E ainda assim, sim.
Sim, Santos Dumont foi o primeiro homem a decolar a
bordo de um avio, impulsionado por um motor
aeronutico.
Sim, Visconde de Mau, um dos maiores
empreendedores do Brasil, inaugurou a primeira rodovia
pavimentada do pas.
Sim, uma empresa brasileira tambm inovou no pas.
Abasteceu o primeiro voo comercial brasileiro.
Foi a primeira empresa privada a produzir petrleo na
Bacia de Campos.
Desenvolveu um leo combustvel mais limpo, o OC
Plus.
O que necessrio para transformar o no em sim?
Curiosidade. Mente aberta. Vontade de arriscar.
E quando o problema parece insolvel, quando o desafio
muito duro, dizer: vamos l.
Solues de energia para um mundo real.
Jornal da ABI. n. 336, dez. 2008 (adaptado).
O texto publicitrio apresenta a oposio entre
impossvel, impraticvel, no e sim, sim, sim.
Essa oposio, usada como um recurso argumentativo,
tem a funo de
(A) minimizar a importncia da inveno do avio por
Santos Dumont.
(B) mencionar os feitos de grandes empreendedores da
histria do Brasil.
(C) ressaltar a importncia do pessimismo para
promover transformaes.
(D) associar os empreendimentos da empresa petrolfera
a feitos histricos.
(E) ironizar os empreendimentos rodovirios de
Visconde de Mau no Brasil.
10. (ENEM-MEC)
Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e
sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si,
malcriados, instantes cada vez mais completos. A
cozinha era enfim espaosa, o fogo enguiado dava
estouros. O calor era forte no apartamento que estavam
aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas
que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse
podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte.
Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha
na mo, no outras, mas essas apenas.
LISPECTOR, C. Laos de famlia.
Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no
fragmento apresentado. Observando aspectos da
organizao, estruturao e funcionalidade dos
elementos que articulam o texto, o conectivo mas
(A) expressa o mesmo contedo nas duas situaes em
que aparece no texto.
(B) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreenso,
se usado no incio da frase.
(C) ocupa posio fixa, sendo inadequado seu uso na
abertura da frase.
(D) contm uma ideia de sequncia temporal que
direciona a concluso do leitor.
(E) assume funes discursivas distintas nos dois
contextos de uso.
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11. (ENEM-MEC)
O Flamengo comeou a partida no ataque, enquanto
o Botafogo procurava fazer uma forte marcao no meio-
-campo e tentar lanamentos para Victor Simes, isolado
entre os zagueiros rubro-negros. Mesmo com mais posse
de bola, o time dirigido por Cuca tinha grande dificuldade
de chegar rea alvinegra por causa do bloqueio
montado pelo Botafogo na frente da sua rea.
No entanto, na primeira chance rubro-negra, saiu o
gol. Aps cruzamento da direita de Ibson, a zaga
alvinegra rebateu a bola de cabea para o meio da rea.
Klberson apareceu na jogada e cabeceou por cima do
goleiro Renan. Ronaldo Angelim apareceu nas costas da
defesa e empurrou para o fundo da rede quase que em
cima da linha: Flamengo 1 a 0.
Disponvel em: < http://momentodofutebol.blogspot.com > (adaptado).
O texto, que narra uma parte do jogo final do
Campeonato Carioca de futebol, realizado em 2009,
contm vrios conectivos, sendo que
(A) aps conectivo de causa, j que apresenta o
motivo de a zaga alvinegra ter rebatido a bola de
cabea.
(B) enquanto tem um significado alternativo, porque
conecta duas opes possveis para serem aplicadas
no jogo.
(C) no entanto tem significado de tempo, porque ordena
os fatos observados no jogo em ordem cronolgica
de ocorrncia.
(D) mesmo traz ideia de concesso, j que com mais
posse de bola, ter dificuldade no algo
naturalmente esperado.
(E) por causa de indica consequncia, porque as
tentativas de ataque do Flamengo motivaram o
Botafogo a fazer um bloqueio.
12. (ENEM-MEC)
No ano passado, o governo promoveu uma campanha a
fim de reduzir os ndices de violncia. Noticiando o fato,
um jornal publicou a seguinte manchete:
CAMPANHA CONTRA A VIOLNCIA DO GOVERNO DO ESTADO ENTRA EM NOVA FASE
A manchete tem um duplo sentido, e isso dificulta o
entendimento. Considerando o objetivo da notcia, esse
problema poderia ter sido evitado com a seguinte
redao:
(A) Campanha contra o governo do Estado e a violncia
entram em nova fase.
(B) A violncia do governo do Estado entra em nova fase
de Campanha.
(C) Campanha contra o governo do Estado entra em
nova fase de violncia.
(D) A violncia da Campanha do governo do Estado
entra em nova fase.
(E) Campanha do governo do Estado contra a violncia
entra em nova fase.
13. (ENEM-MEC)
Aumento do efeito estufa ameaa plantas, diz estudo
3
6
9
O aumento de dixido de carbono na atmosfera,
resultante do uso de combustveis fsseis e das
queimadas, pode ter consequncias calamitosas
para o clima mundial, mas tambm pode afetar
diretamente o crescimento das plantas. Cientistas
da Universidade de Basel, na Sua, mostraram
que, embora o dixido de carbono seja essencial
para o crescimento dos vegetais, quantidades
excessivas desse gs prejudicam a sade das
plantas e tm efeitos incalculveis na agricultura de
vrios pases.
O Estado de S. Paulo, 20 set. 1992, p.32.
O texto acima possui elementos coesivos que promovem
sua manuteno temtica. A partir dessa perspectiva,
conclui-se que
(A) a palavra mas, na linha 4, contradiz a afirmao
inicial do texto: linhas de 1 a 4.
(B) a palavra embora, na linha 7, introduz uma
explicao que no encontra complemento no
restante do texto.
(C) as expresses consequncias calamitosas, na linha
3, e efeitos incalculveis, na linha 10, reforam a
ideia que perpassa o texto sobre o perigo do efeito
estufa.
(D) o uso da palavra cientistas, na linha 5,
desnecessrio para dar credibilidade ao texto, uma
vez que se fala em estudo no ttulo do texto.
(E) a palavra gs, na linha 9, refere-se a combustveis
fsseis e queimadas, nas linhas 2 e 3, reforando
a ideia de catstrofe.
14. (ENEM-MEC)
O mundo grande
O mundo grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar grande e cabe
Na cama e no colcho de amar.
O amor grande e cabe
No breve espao de beijar.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
Neste poema, o poeta realizou uma opo estilstica: a
reiterao de determinadas construes e expresses
lingusticas, como o uso da mesma conjuno para
estabelecer a relao entre as frases. Essa conjuno
estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de
(A) oposio.
(B) comparao.
(C) concluso.
(D) alternncia.
(E) finalidade.
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15. (FUVEST-SP)
Belo Horizonte, 28 de julho de 1942.
Meu caro Mrio,
Estou te escrevendo rapidamente, se bem que haja
muitssima coisa que eu quero te falar (a respeito da
Conferncia, que acabei de ler agora). Vem-me uma
vontade imensa de desabafar com voc tudo o que ela
me fez sentir. Mas longo, no tenho o direito de tomar
seu tempo e te chatear.
Fernando Sabino.
No texto, o conectivo se bem que estabelece relao
de:
(A) conformidade.
(B) condio.
(C) concesso.
(D) alternncia.
(E) consequncia.
16. (ENEM-MEC)
Texto I
Ser brotinho no viver em um pncaro azulado;
muito mais! Ser brotinho sorrir bastante dos homens e
rir interminavelmente das mulheres, rir como se o
ridculo, visvel ou invisvel, provocasse uma tosse de riso
irresistvel.
CAMPOS, Paulo Mendes. Ser brotinho. In: SANTOS, Joaquim
Ferreira dos (Org.). As cem melhores crnicas brasileiras.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 91.
Texto II
Ser gag no viver apenas nos idos do passado:
muito mais! saber que todos os amigos j morreram e
os que teimam em viver so entrevados. sorrir,
interminavelmente, no por necessidade interior, mas
porque a boca no fecha ou a dentadura maior que a
arcada.
FERNANDES, Millr. Ser gag. In: SANTOS, Joaquim Ferreira
dos (Org.). As cem melhores crnicas brasileiras.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2005, p. 225.
Os textos utilizam os mesmos recursos expressivos para
definir as fases da vida, entre eles,
(A) expresses coloquiais com significados semelhantes.
(B) nfase no aspecto contraditrio da vida dos seres
humanos.
(C) recursos especficos de textos escritos em linguagem
formal.
(D) termos denotativos que se realizam com sentido
objetivo.
(E) metalinguagem que explica com humor o sentido de
palavras.
Texto para as questes 17 e 18.
Cidade grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indstria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe to notria,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que j tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983.
17. (ENEM-MEC)
Entre os recursos expressivos empregados no texto,
destaca-se a
(A) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem
referir-se prpria linguagem.
(B) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora
outros textos.
(C) ironia, que consiste em se dizer o contrrio do que se
pensa, com inteno crtica.
(D) denotao, caracterizada pelo uso das palavras em
seu sentido prprio e objetivo.
(E) prosopopeia, que consiste em personificar coisas
inanimadas, atribuindo-lhes vida.
18. (ENEM-MEC)
No trecho Montes Claros cresceu tanto,/ (...),/ que j tem
cinco favelas, a palavra que contribui para estabelecer
uma relao de consequncia. Dos seguintes versos,
todos de Carlos Drummond de Andrade, apresentam
esse mesmo tipo de relao:
(A) Meu Deus, por que me abandonaste / se sabias que
eu no era Deus / se sabias que eu era fraco.
(B) No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu /
a ninar nos longes da senzala e nunca se
esqueceu / chamava para o caf.
(C) Teus ombros suportam o mundo / e ele no pesa
mais que a mo de uma criana.
(D) A ausncia um estar em mim. / E sinto-a, branca,
to pegada, aconchegada nos meus braos, / que rio
e dano e invento exclamaes alegres.
(E) Penetra surdamente no reino das palavras. / L
esto os poemas que esperam ser escritos.
________________________________________________ *Anotaes*
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19. (ENEM-MEC)
Metfora
(Gilberto Gil)
Uma lata existe para conter algo,
Mas quando o poeta diz: Lata
Pode estar querendo dizer o incontvel
Uma meta existe para ser um alvo,
Mas quando o poeta diz: Meta
Pode estar querendo dizer o inatingvel
Por isso no se meta a exigir do poeta
Que determine o contedo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe,
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabvel
Deixe a meta do poeta no discuta,
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metfora.
Disponvel em: < http://www.letras.terra.com.br >.
A metfora a figura de linguagem identificada pela
comparao subjetiva, pela semelhana ou analogia
entre elementos. O texto de Gilberto Gil brinca com a
linguagem remetendo-nos a essa conhecida figura. O
trecho em que se identifica a metfora :
(A) Uma lata existe para conter algo.
(B) Mas quando o poeta diz: Lata.
(C) Uma meta existe para ser um alvo.
(D) Por isso no se meta a exigir do poeta.
(E) Que determine o contedo em sua lata.
Texto para as questes 20 e 21.
A carreira do crime
Estudo feito por pesquisadores da Fundao Oswaldo
Cruz sobre adolescentes recrutados pelo trfico de
drogas nas favelas cariocas expe as bases sociais
dessas quadrilhas, contribuindo para explicar as
dificuldades que o Estado enfrenta no combate ao crime
organizado.
O trfico oferece aos jovens de escolaridade precria
(nenhum dos entrevistados havia completado o ensino
fundamental) um plano de carreira bem-estruturado, com
salrios que variam de R$ 400,00 a R$ 12.000,00
mensais. Para uma base de comparao, convm notar
que, segundo dados do IBGE de 2001, 59% da
populao brasileira com mais de dez anos que declara
ter uma atividade remunerada ganha no mximo o piso
salarial oferecido pelo crime. Dos traficantes ouvidos
pela pesquisa, 25% recebiam mais de R$ 2.000,00
mensais; j na populao brasileira essa taxa no
ultrapassa 6%.
Tais rendimentos mostram que as polticas sociais
compensatrias, como o Bolsa-Escola (que paga
R$ 15,00 mensais por aluno matriculado), so por si ss
incapazes de impedir que o narcotrfico continue
aliciando crianas provenientes de estratos de baixa
renda: tais polticas aliviam um pouco o oramento
familiar e incentivam os pais a manterem os filhos
estudando, o que de modo algum impossibilita a opo
pela delinquncia. No mesmo sentido, os programas
voltados aos jovens vulnerveis ao crime organizado
(circo-escolas, oficinas de cultura, escolinhas de futebol)
so importantes, mas no resolvem o problema.
A nica maneira de reduzir a atrao exercida pelo
trfico a represso, que aumenta os riscos para os que
escolhem esse caminho. Os rendimentos pagos aos
adolescentes provam isso: eles so elevados
precisamente porque a possibilidade de ser preso no
desprezvel. preciso que o Executivo federal e os
estaduais desmontem as organizaes paralelas
erguidas pelas quadrilhas, para que a certeza de punio
elimine o fascnio dos salrios do crime.
Editorial. Folha de S. Paulo, 15 jan. 2003.
20. (ENEM-MEC)
No Editorial, o autor defende a tese de que as polticas
sociais que procuram evitar a entrada dos jovens no
trfico no tero chance de sucesso enquanto a
remunerao oferecida pelos traficantes for to mais
compensatria que aquela oferecida pelos programas do
governo. Para comprovar sua tese, o autor apresenta
(A) instituies que divulgam o crescimento de jovens no
crime organizado.
(B) sugestes que ajudam a reduzir a atrao exercida
pelo crime organizado.
(C) polticas sociais que impedem o aliciamento de
crianas no crime organizado.
(D) pesquisadores que se preocupam com os jovens
envolvidos no crime organizado.
(E) nmeros que comparam os valores pagos entre os
programas de governo e o crime organizado.
21. (ENEM-MEC)
Com base nos argumentos do autor, o texto aponta para
(A) uma denncia de quadrilhas que se organizam em
torno do narcotrfico.
(B) a constatao de que o narcotrfico restringe-se aos
centros urbanos.
(C) a informao de que as polticas sociais
compensatrias eliminaro a atividade criminosa a
longo prazo.
(D) o convencimento do leitor de que para haver a
superao do problema do narcotrfico preciso
aumentar a ao policial.
(E) uma exposio numrica realizada com o fim de
mostrar que o negcio do narcotrfico vantajoso e
sem riscos.
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22. (ENEM-MEC)
Texto I
O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de
sua lngua; se outra for a orientao, vamos cair na
lngua brasileira, refgio nefasto e confisso nojenta de
ignorncia do idioma ptrio, recurso vergonhoso de
homens de cultura falsa e de falso patriotismo. Como
havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade
se somos os primeiros a descuidar daquilo que exprime e
representa o idioma ptrio?
ALMEIDA, N. M. Gramtica metdica da lngua portuguesa.
Prefcio. So Paulo: Saraiva, 1999 (adaptado).
Texto II
Alguns leitores podero achar que a linguagem desta
Gramtica se afasta do padro estrito usual neste tipo de
livro. Assim, o autor escreve tenho que reformular, e
no tenho de reformular; pode-se colocar dois
constituintes, e no podem-se colocar dois
constituintes; e assim por diante. Isso foi feito de caso
pensado, com a preocupao de aproximar a linguagem
da gramtica do padro atual brasileiro presente nos
textos tcnicos e jornalsticos de nossa poca.
REIS, N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramtica descritiva
do portugus. So Paulo: tica, 1996.
Confrontando-se as opinies defendidas nos dois textos,
conclui-se que
(A) ambos os textos tratam da questo do uso da lngua
com o objetivo de criticar a linguagem do brasileiro.
(B) os dois textos defendem a ideia de que o estudo da
gramtica deve ter o objetivo de ensinar as regras
prescritivas da lngua.
(C) a questo do portugus falado no Brasil abordada
nos dois textos, que procuram justificar como
correto e aceitvel o uso coloquial do idioma.
(D) o primeiro texto enaltece o padro estrito da lngua,
ao passo que o segundo defende que a linguagem
jornalstica deve criar suas prprias regras
gramaticais.
(E) o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da
lngua, enquanto o segundo defende uma
adequao da lngua escrita ao padro atual
brasileiro.
________________________________________________ *Anotaes*
23. (ENEM-MEC)
Apesar da cincia, ainda possvel acreditar no sopro divino o momento em que o Criador deu vida at ao mais insignificante dos microrganismos?
Resposta de Dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de
So Paulo, nomeado pelo papa Bento XVI em 2007:
Claro que sim. Estaremos falando sempre que, em
algum momento, comeou a existir algo, para poder
evoluir em seguida. O ato do Criador precede a
possibilidade de evoluo: s evolui algo que existe. Do
nada, nada surge e evolui.
LIMA, Eduardo. Testemunha de Deus. Superinteressante,
So Paulo, n. 263-A, p. 9, mar. 2009 (com adaptaes).
Resposta de Daniel Dennett, filsofo americano ateu e
evolucionista radical, formado em Harvard e Doutor por
Oxford:
claro que possvel, assim como se pode acreditar
que um super-homem veio para a Terra h 530 milhes
de anos e ajustou o DNA da fauna cambriana,
provocando a exploso da vida daquele perodo. Mas
no h razo para crer em fantasias desse tipo.
LIMA, Eduardo. Advogado do Diabo. Superinteressante,
So Paulo, n. 263-A, p. 11, mar. 2009 (com adaptaes).
Os dois entrevistados responderam a questes idnticas,
e as respostas a uma delas foram reproduzidas aqui.
Tais respostas revelam opinies opostas: um defende a
existncia de Deus e o outro no concorda com isso.
Para defender seu ponto de vista,
(A) o religioso ataca a cincia, desqualificando a Teoria
da Evoluo, e o ateu apresenta comprovaes
cientficas dessa teoria para derrubar a ideia de que
Deus existe.
(B) Scherer impe sua opinio, pela expresso claro
que sim, por se considerar autoridade competente
para definir o assunto, enquanto Dennett expressa
dvida, com expresses como possvel,
assumindo no ter opinio formada.
(C) o arcebispo critica a teoria do Design Inteligente,
pondo em dvida a existncia de Deus, e o ateu
argumenta com base no fato de que algo s pode
evoluir se, antes, existir.
(D) o arcebispo usa uma lacuna da cincia para
defender a existncia de Deus, enquanto o filsofo
faz uma ironia, sugerindo que qualquer coisa
inventada poderia preencher essa lacuna.
(E) o filsofo utiliza dados histricos em sua
argumentao, ao afirmar que a crena em Deus
algo primitivo, criado na poca cambriana, enquanto
o religioso baseia sua argumentao no fato de que
algumas coisas podem surgir do nada.
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24. (ENEM-MEC)
Texto I
O chamado fumante passivo aquele indivduo que
no fuma, mas acaba respirando a fumaa dos cigarros
fumados ao seu redor. At hoje, discutem-se muito os
efeitos do fumo passivo, mas uma coisa certa: quem
no fuma no obrigado a respirar a fumaa dos outros.
O fumo passivo um problema de sade pblica em
todos os pases do mundo. Na Europa, estima-se que
79% das pessoas esto expostas fumaa de segunda
mo, enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos no
fumantes acabam fumando passivamente. A Sociedade
do Cncer da Nova Zelndia informa que o fumo passivo
a terceira entre as principais causas de morte no pas,
depois do fumo ativo e do uso de lcool.
Disponvel em: < www.terra.com.br > (fragmento).
Texto II
Disponvel em: < www.rickjaimecomics.blogspot.com >.
Ao abordar a questo do tabagismo, os textos I e II
procuram demonstrar que
(A) a quantidade de cigarros consumidos por pessoa,
diariamente, excede o mximo de nicotina
recomendado para os indivduos, inclusive para os
no fumantes.
(B) para garantir o prazer que o indivduo tem ao fumar,
ser necessrio aumentar as estatsticas de fumo
passivo.
(C) a conscientizao dos fumantes passivos uma
maneira de manter a privacidade de cada indivduo e
garantir a sade de todos.
(D) os no fumantes precisam ser respeitados e
poupados, pois estes tambm esto sujeitos s
doenas causadas pelo tabagismo.
(E) o fumante passivo no obrigado a inalar as
mesmas toxinas que um fumante, portanto depende
dele evitar ou no a contaminao proveniente da
exposio ao fumo.
25. (ENEM-MEC)
MOSTRE QUE SUA MEMRIA MELHOR DO QUE A DE COMPUTADOR E GUARDE
ESTA CONDIO: 12 X SEM JUROS.
Campanha publicitria de loja de eletroeletrnicos. Revista poca, n. 424, 3/7/2006.
Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como
prticas de linguagem, assumindo configuraes
especficas, formais e de contedo. Considerando o
contexto em que circula o texto publicitrio, seu objetivo
bsico
(A) influenciar o comportamento do leitor, por meio de
apelos que visam adeso ao consumo.
(B) definir regras de comportamento social pautadas no
combate ao consumismo exagerado.
(C) defender a importncia do conhecimento de
informtica pela populao de baixo poder aquisitivo.
(D) facilitar o uso de equipamentos de informtica pelas
classes sociais economicamente desfavorecidas.
(E) questionar o fato de o homem ser mais inteligente
que a mquina, mesmo a mais moderna.
26. (ENEM-MEC)
Se os tubares fossem homens
Se os tubares fossem homens, eles seriam mais
gentis com os peixes pequenos?
Certamente, se os tubares fossem homens, fariam
construir resistentes gaiolas no mar para os peixes
pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal
como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem
sempre gua fresca e adotariam todas as providncias
sanitrias.
Naturalmente haveria tambm escolas nas gaiolas.
Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a
goela dos tubares. Eles aprenderiam, por exemplo, a
usar a geografia para localizar os grandes tubares
deitados preguiosamente por a. A aula principal seria,
naturalmente, a formao moral dos peixinhos. A eles
seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime
o sacrifcio alegre de um peixinho e que todos deveriam
acreditar nos tubares, sobretudo quando estes
dissessem que cuidavam de sua felicidade futura. Os
peixinhos saberiam que este futuro s estaria garantido
se aprendessem a obedincia.
Cada peixinho que na guerra matasse alguns
peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena
Ordem das Algas e receberia o ttulo de heri.
BRECHT, B. Histrias do Sr. Keuner. So Paulo:
Editora 34, 2006 (adaptado).
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Como produo humana, a literatura veicula valores que
nem sempre esto representados diretamente no texto,
mas so transfigurados pela linguagem literria e podem
at entrar em contradio com as convenes sociais e
revelar o quanto a sociedade perverteu os valores
humanos que ela prpria criou. o que ocorre na
narrativa do dramaturgo alemo Bertolt Brecht mostrada.
Por meio da hiptese apresentada, o autor
(A) demonstra o quanto a literatura pode ser alienadora
ao retratar, de modo positivo, as relaes de
opresso existentes na sociedade.
(B) revela a ao predatria do homem no mar,
questionando a utilizao dos recursos naturais pelo
homem ocidental.
(C) defende que a fora colonizadora e civilizatria do
homem ocidental valorizou a organizao das
sociedades africanas e asiticas, elevando-as ao
modo de organizao cultural e social da sociedade
moderna.
(D) questiona o modo de organizao das sociedades
ocidentais capitalistas, que se desenvolveram
fundamentadas nas relaes de opresso em que os
mais fortes exploram os mais fracos.
(E) evidencia a dinmica social do trabalho coletivo em
que os mais fortes colaboram com os mais fracos, de
modo a gui-los na realizao de tarefas.
Texto para as questes 27 e 28.
Negrinha
Negrinha era uma pobre rf de sete anos. Preta?
No; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruos e olhos
assustados.
Nascera na senzala, de me escrava, e seus
primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da
cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre
escondida, que a patroa no gostava de crianas.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do
mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e
camarote de luxo reservado no cu. Entaladas as banhas
no trono (uma cadeira de balano na sala de jantar), ali
bordava, recebia as amigas e o vigrio, dando
audincias, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora
em suma dama de grandes virtudes apostlicas, esteio
da religio e da moral, dizia o reverendo.
tima, a dona Incia.
Mas no admitia choro de criana. Ai! Punha-lhe os
nervos em carne viva.
[...]
A excelente dona Incia era mestra na arte de judiar
de crianas. Vinha da escravido, fora senhora de
escravos e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o
bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime
novo essa indecncia de negro igual.
LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos
brasileiros do sculo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento).
27. (ENEM-MEC)
A narrativa focaliza um momento histrico-social de
valores contraditrios. Essa contradio infere-se, no
contexto, pela
(A) falta de aproximao entre a menina e a senhora,
preocupada com as amigas.
(B) receptividade da senhora para com os padres, mas
deselegante para com as beatas.
(C) ironia do padre a respeito da senhora, que era
perversa com as crianas.
(D) resistncia da senhora em aceitar a liberdade dos
negros, evidenciada no final do texto.
(E) rejeio aos criados por parte da senhora, que
preferia trat-los com castigos.
28. (AED-SP)
O fragmento apresenta caracterstica marcante do
gnero narrativo conto ao:
(A) relatar um enredo imaginrio, mas de carter
verossmil, e apresentar personagens vivendo uma
sequncia de conflitos, em vrios captulos.
(B) estruturar-se em uma narrativa curta, que gira em
torno de um s conflito, com poucos personagens.
(C) inspirar-se em temas do cotidiano, constituindo um
relato pessoal do autor sobre determinado fato do dia
a dia.
(D) estruturar-se exclusivamente em 1. pessoa: o
narrador, autor da histria, relata os fatos.
(E) desenvolver uma narrativa eminentemente factual
sobre a realidade, sobrepondo o contedo real ao
imaginrio.
29. (ENEM-MEC)
Depois de um bom jantar: feijo com carne-seca,
orelha de porco e couve com angu, arroz-mole
engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo
enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e
um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um
prato fundo de canjica com torres de acar, Nh Tom
saboreou o caf forte e se estendeu na rede. A mo
direita sob a cabea, guisa de travesseiro, o
indefectvel cigarro de palha entre as pontas do indicador
e do polegar, envernizados pela fumaa, de unhas
encanoadas e longas, ficou-se de pana para o ar,
modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e no deita, a comida no aproveita,
pensava Nh Tom... E ps-se a cochilar. A sua modorra
durou pouco; Tia Policena, ao passar pela sala, bradou
assombrada:
h! Sinh! Vai drumi agora? No! Num presta...
D pisadra e pde morr de ataque de cabea! Despois
do armoo num far-m... mais despois da janta?!
Cornlio Pires. Conversas ao p do fogo. So Paulo:
Imprensa Oficial do Estado de So Paulo, 1987.
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Nesse trecho, extrado de texto publicado originalmente
em 1921, o narrador
(A) apresenta, sem explicitar juzos de valor, costumes
da poca, descrevendo os pratos servidos no jantar
e a atitude de Nh Tom e de Tia Policena.
(B) desvaloriza a norma culta da lngua porque incorpora
narrativa usos prprios da linguagem regional das
personagens.
(C) condena os hbitos descritos, dando voz a Tia
Policena, que tenta impedir Nh Tom de deitar-se
aps as refeies.
(D) utiliza a diversidade sociocultural e lingustica para
demonstrar seu desrespeito s populaes das
zonas rurais do incio do sculo XX.
(E) manifesta preconceito em relao a Tia Policena ao
transcrever a fala dela com os erros prprios da
regio.
Texto para as questes 30 e 31.
Amor fogo que arde sem se ver;
ferida que di e no se sente;
um contentamento descontente;
dor que desatina sem doer.
um no querer mais que bem-querer;
solitrio andar por entre a gente;
nunca contentar-se de contente;
cuidar que se ganha em se perder.
querer estar preso por vontade;
servir a quem vence, o vencedor;
ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos coraes humanos amizade,
se to contrrio a si o mesmo Amor?
(Lus de Cames)
30. (ENEM-MEC)
O poema tem como caracterstica a figura de linguagem
denominada anttese, relao de oposio de palavras
ou ideias. Assinale a opo em que essa oposio se faz
claramente presente.
(A) Amor fogo que arde sem se ver.
(B) um contentamento descontente.
(C) servir a quem vence, o vencedor.
(D) Mas como causar pode seu favor.
(E) se to contrrio a si o mesmo Amor?.
31. (ENEM-MEC)
O poema pode ser considerado como um texto
(A) argumentativo.
(B) narrativo.
(C) pico.
(D) de propaganda.
(E) teatral.
32. (ENEM-MEC)
Miguilim
De repente l vinha um homem a cavalo. Eram dois.
Um senhor de fora, o claro de roupa. Miguilim saudou,
pedindo a bno. O homem trouxe o cavalo c bem
junto. Ele era de culos, corado, alto, com um chapu
diferente, mesmo.
Deus te abenoe, pequenino. Como teu nome?
Miguilim. Eu sou irmo do Dito.
E o seu irmo Dito o dono daqui?
No, meu senhor. O Ditinho est em glria.
O homem esbarrava o avano do cavalo, que era
zelado, mantedo, formoso como nenhum outro. Redizia:
Ah, no sabia, no. Deus o tenha em sua guarda...
Mas que que h, Miguilim?
Miguilim queria ver se o homem estava mesmo
sorrindo para ele, por isso que o encarava.
Por que voc aperta os olhos assim? Voc no
limpo de vista? Vamos at l. Quem que est em tua
casa?
Me, e os meninos...
Estava Me, estava tio Terez, estavam todos. O
senhor alto e claro se apeou. O outro, que vinha com ele,
era um camarada.
O senhor perguntava Me muitas coisas do
Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo: Miguilim,
espia da: quantos dedos da minha mo voc est
enxergando? E agora?
Joo Guimares Rosa. Manuelzo e Miguilim.
9. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Essa histria, com narrador-observador em terceira
pessoa, apresenta os acontecimentos da perspectiva de
Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter
Miguilim como referncia, inclusive espacial, fica
explicitado em
(A) O homem trouxe o cavalo c bem junto.
(B) Ele era de culos, corado, alto (...)
(C) O homem esbarrava o avano do cavalo, (...)
(D) Miguilim queria ver se o homem estava mesmo
sorrindo para ele, (...)
(E) Estava Me, estava tio Terez, estavam todos.
________________________________________________ *Anotaes*
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33. (ENEM-MEC)
Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da
atualidade, autor de Bicho urbano, poema sobre a sua
relao com as pequenas e grandes cidades.
Bicho urbano
Se disser que prefiro morar em Pirapemas
ou em outra qualquer pequena cidade do pas
estou mentindo
ainda que l se possa de manh
lavar o rosto no orvalho
e o po preserve aquele branco
sabor de alvorada.
.....................................................................
A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas guas
suas aves que so como aparies
me assusta quase tanto quanto
esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabea.
Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro:
Jos Olympio Editora, 1991.
Embora no opte por viver numa pequena cidade, o
poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das
pequenas comunidades. Para expressar a relao do
homem com alguns desses elementos, ele recorre
sinestesia, construo de linguagem em que se mesclam
impresses sensoriais diversas. Assinale a opo em
que se observa esse recurso.
(A) e o po preserve aquele branco / sabor de
alvorada.
(B) ainda que l se possa de manh / lavar o rosto no
orvalho
(C) A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios
suas guas
(D) suas aves que so como aparies / me assusta
quase tanto quanto
(E) me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de
gases e de estrelas
________________________________________________ *Anotaes*
34. (ENEM-MEC)
O acar
O branco acar que adoar meu caf
nesta manh de Ipanema
no foi produzido por mim
nem surgiu dentro do aucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afvel ao paladar
como beijo de moa, gua
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este acar
no foi feito por mim.
Este acar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[ dono da mercearia.
Este acar veio
de uma usina de acar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este acar era cana
e veio dos canaviais extensos
que no nascem por acaso
no regao do vale.
(...)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este acar
branco e puro
com que adoo meu caf esta manh em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro:
Civilizao Brasileira, 1980, p. 227-8.
A anttese que configura uma imagem da diviso social
do trabalho na sociedade brasileira expressa
poeticamente na oposio entre a doura do branco
acar e
(A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o
acar.
(B) o beijo de moa, a gua na pele e a flor que se
dissolve na boca.
(C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco,
onde se produz o acar.
(D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no
regao do vale.
(E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas
escuras.
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35. (ENEM-MEC)
O jivaro
Um Sr. Matter, que fez uma viagem de explorao
Amrica do Sul, conta a um jornal sua conversa com um
ndio jivaro, desses que sabem reduzir a cabea de um
morto at ela ficar bem pequenina. Queria assistir a uma
dessas operaes, e o ndio lhe disse que exatamente
ele tinha contas a acertar com um inimigo.
O Sr. Matter:
No, no! Um homem, no. Faa isso com a
cabea de um macaco.
E o ndio:
Por que um macaco? Ele no me fez nenhum mal!
(Rubem Braga)
O assunto de uma crnica pode ser uma experincia
pessoal do cronista, uma informao obtida por ele ou
um caso imaginrio. O modo de apresentar o assunto
tambm varia: pode ser uma descrio objetiva, uma
exposio argumentativa ou uma narrativa sugestiva.
Quanto finalidade pretendida, pode-se promover uma
reflexo, definir um sentimento ou to somente provocar
o riso.
Na crnica O jivaro, escrita a partir da reportagem de
um jornal, Rubem Braga se vale dos seguintes
elementos:
ASSUNTO MODO DE
APRESENTAR
FINALIDADE
(A) caso
imaginrio
descrio
objetiva
provocar
o riso
(B) informao
colhida
narrativa
sugestiva
promover
reflexo
(C) informao
colhida
descrio
objetiva
definir um
sentimento
(D) experincia
pessoal
narrativa
sugestiva
provocar
o riso
(E) experincia
pessoal
exposio
argumentativa
promover
reflexo
________________________________________________ *Anotaes*
********** ATIVIDADES 2 **********
C1 Aplicar as tecnologias da comunicao e da informao na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterizao dos sistemas de comunicao.
36. (ENEM-MEC)
Observe a imagem:
< http://www.sunhill-phuket.com >.
O logotipo acima da rede hoteleira Sun Hill, na
Tailndia. Ele trabalha formas que sugerem elementos
da paisagem ____________. Os traos dessas formas e
os das letras so ____________, evocando a imagem
do(a) ____________.
Qual a alternativa que completa as lacunas?
(A) campestre, arredondados, lua.
(B) martima, irregulares, mar.
(C) campestre, irregulares, vegetao.
(D) martima, arredondados, sol.
(E) urbana, irregulares, vegetao.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicao e informao para resolver problemas sociais.
37. (ENEM-MEC)
Jos Dias precisa sair de sua casa e chegar at o
trabalho, conforme mostra o Quadro 1. Ele vai de nibus
e pega trs linhas: 1) de sua casa at o terminal de
integrao entre a zona norte e a zona central; 2) deste
terminal at outro entre as zonas central e sul; 3) deste
ltimo terminal at onde trabalha. Sabe-se que h uma
correspondncia numrica, nominal e cromtica das
linhas que Jos toma, conforme o Quadro 2.
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Jos Dias dever, ento, tomar a seguinte sequncia de
linhas de nibus, para ir de casa ao trabalho:
(A) L. 102 Circular zona central L. Vermelha.
(B) L. Azul L. 101 Circular zona norte.
(C) Circular zona norte L. Vermelha L. 100.
(D) L. 100 Circular zona central L. Azul.
(E) L. Amarela L. 102 Circular zona sul.
H3 Relacionar informaes geradas nos sistemas de comunicao e informao, considerando a funo social desses sistemas.
38. (ENEM-MEC)
Para verificarmos essa ideia de linguagem como forma
de representao da realidade, vamos ler os dois trechos
seguintes. Neles, dois jornais diferentes apresentam um
mesmo assunto: a presena de comerciais inseridos em
programas de televiso (o chamado merchandising), de
forma mais ou menos implcita.
Texto A JORNAL A
MERCHANDISING
Quanto mais discreto melhor
Impulsionado pelos reality shows e novelas, o comercial
subliminar ganha novo flego e se adapta ao
temperamento de apresentadores e roteiristas.
O Estado de S. Paulo, So Paulo, 7 jul. 2002.
Caderno Telejornal, p. 4.
Texto B JORNAL B
Quanto vale o show?
A publicidade invadiu programas e novelas, para alegria
das emissoras e apreenso dos que acham que a prtica
extrapolou.
Folha de S. Paulo, So Paulo, 7 jul. 2002. Caderno
TVFolha, p. 6-7. Fornecido pela Agncia Folha.
Tendo em vista que as duas reportagens tratam de um
mesmo assunto e foram publicadas na mesma data,
pode-se afirmar que:
(A) apenas o texto A levanta os aspectos negativos do
merchandising, a partir da opinio de roteiristas e
apresentadores.
(B) os dois textos transmitem diferentes vises sobre o
assunto: em A foram levantados os aspectos
positivos (marcados pelos termos melhor, ganha e
se adapta); em B, os negativos (marcados pelos
termos invadiu, apreenso e extrapolou).
(C) apenas o texto B levanta os aspectos positivos do
merchandising, a partir da opinio de jornalistas.
(D) os dois textos transmitem a mesma viso sobre o
assunto: em ambos, verifica-se 20% de aumento no
merchandising em programas de TV.
(E) os dois textos usam a mesma estratgia para noticiar
o merchandising e ambas as notcias so favorveis
a ela.
H4 Reconhecer posies crticas aos usos sociais que so feitos das linguagens e dos sistemas de comunicao e informao.
39. (ENEM-MEC)
Em alguns supermercados, comum observar que
produtos como arroz, feijo, leite, carnes etc. ficam nos
ltimos corredores. Na entrada e nas laterais, ficam
bolachas, biscoitos, produtos de beleza, artigos
importados, bebidas etc. Essa maneira de organizar o
espao faz parte de uma estratgia comercial que tem
por finalidade
(A) atrair o consumidor para os gneros de primeira
necessidade.
(B) estimular o consumo de produtos que no so de
primeira necessidade.
(C) organizar melhor o espao para que o consumidor se
sinta satisfeito.
(D) facilitar as compras do consumidor.
(E) levar o consumidor a comprar mais arroz, feijo e
leite.
40. (ENEM-MEC)
Comunicao contra o preconceito
Imagine assistir, na TV, a uma histria infantil em que
o prncipe se apaixona por uma dama do Palcio dos
Macacos. Ela representada por uma atriz branca com
o rosto inteiramente pintado de preto.
Ao ser beijada pelo prncipe, selando a unio sob as
benes do rei, ela se transforma: some a tinta preta e
ela agora uma princesa toda branca.
O estarrecedor preconceito manifesto na histria no
foi veiculado em programa humorstico (o que no o
tornaria menos condenvel), nem em uma produo
estrangeira pobre e inconsequente, nem em produo
independente brasileira. Foi levado ao ar na maior rede
de televiso da Amrica Latina, umas das maiores do
mundo, em um dos programas infantis de maior
audincia do Brasil.
LORENZO, Ald. Opinio. Jornal Educao Pblica, 19/11/2003.
Os termos de concesso de emissoras no Brasil preveem
compromissos com a educao, a informao e o
entretenimento. A leitura do texto anterior permite afirmar
que a emissora
(A) educou para a igualdade entre as etnias.
(B) informou sobre a cultura afro-brasileira.
(C) incorreu em manifestao de preconceito.
(D) esclareceu sobre a diversidade tnica.
(E) contou uma histria isenta de preconceito.
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