reorganizacao sistema transportes - area metropolitana porto
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Trata-se, neste texto, de algumas reflexões sobre a necessidade de um novo modelo de gestão do sistema de transportes na Área Metropolitana do Porto.Constatam-se, por um lado, diversas ineficiências do enquadramento jurídicoinstitucionaldaquele sistema, e, por outro, vários bloqueios ao verdadeiro desenvolvimento de uma nova forma de gestão mais adequada e adaptável aos desafios que os clientes e a vida da cidade nos impõem (participação dos cidadãos naquela vida e criação de novas formas e volume de emprego).Não se pretende, aqui, descobrir o “Toque de Midas” para a resolução dosproblemas daquele sistema de transportes, mas só levantar alguma “poeira” provocatória de outras reflexões complementares que se impõem.A atitude da reflexão é, sempre, a da inovação de novos modelos organizacionais da instalação e modernização de serviços públicos, procurando integrar (ou actualizar), sempre que possível, a tradição jus-administrativa portuguesa, tendo emconta que os novos desafios que se impõem a nível comunitário e nacional, exigem que o enfoque do estudo destas questões (dada a evolução da consciência axiológica geral em termos de exigências para com o cumprimento das obrigações da Administração Pública) se desloque da contraposição Estado vs. SociedadeCivil para a integração/participação/compromisso/cumplicidade (commitements) da Administração Pública em relação aos seus Clientes.Nascem estas preocupações da necessidade que existe na actualidade de se porem em comum (comunicar) as diferentes áreas do conhecimento humano, bem como os diversos actores (directos e indirectos, públicos e privados, decisores e técnicos)do palco urbano.Em duas palavras: passagem do binómio Administração-Utentes para o da Comercialização-Clientes.TRANSCRIPT
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A REORGANIZAÇÃO
DO
SISTEMA DE TRANSPORTES
NA ÁREA METROPOLiTANA DO PORTO
Março 1996
Miguel Alves do Vale
Paulo Sarmento e Cunha
Baptista da Costa
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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ÍNDICE
Página
NOTA INTRODUTÓRIA 1
I - COMPLEMENTARIDADE E COOPERAÇÃO ENTRE OS
OPERADORES DE TRANSPORTE COLECTIVO COMO
APOSTA DE FUTURO
2
II - DA ADMINISTRAÇÃO À COMERCIALIZAÇÃO DOS
SERVIÇOS DE TRANSPORTES COLECTIVOS NA ÁREA
METROPOLITANA DO PORTO
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III - EM DIRECÇÃO À SOCIEDADE DA NEGOCIAÇÃO 18
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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NOTA INTRODUTÓRIA
Trata-se, neste texto, de algumas reflexões sobre a necessidade de um novo
modelo de gestão do sistema de transportes na Área Metropolitana do Porto.
Constatam-se, por um lado, diversas ineficiências do enquadramento jurídico-
institucional daquele sistema, e, por outro, vários bloqueios ao verdadeiro
desenvolvimento de uma nova forma de gestão mais adequada e adaptável aos
desafios que os clientes e a vida da cidade nos impõem (participação dos cidadãos
naquela vida e criação de novas formas e volume de emprego).
Não se pretende, aqui, descobrir o “Toque de Midas” para a resolução dos
problemas daquele sistema de transportes, mas só levantar alguma “poeira”
provocatória de outras reflexões complementares que se impõem.
A atitude da reflexão é, sempre, a da inovação de novos modelos organizacionais
da instalação e modernização de serviços públicos, procurando integrar (ou
actualizar), sempre que possível, a tradição jus-administrativa portuguesa, tendo em
conta que os novos desafios que se impõem a nível comunitário e nacional, exigem
que o enfoque do estudo destas questões (dada a evolução da consciência
axiológica geral em termos de exigências para com o cumprimento das obrigações
da Administração Pública) se desloque da contraposição Estado vs. Sociedade
Civil para a integração/participação/compromisso/cumplicidade (commitements)
da Administração Pública em relação aos seus Clientes.
Nascem estas preocupações da necessidade que existe na actualidade de se porem
em comum (comunicar) as diferentes áreas do conhecimento humano, bem como
os diversos actores (directos e indirectos, públicos e privados, decisores e técnicos)
do palco urbano.
Em duas palavras: passagem do binómio Administração-Utentes para o da
Comercialização-Clientes.
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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I. A COMPLEMENTARIDADE E COOPERAÇÃO ENTRE OS
OPERADORES DE TRANSPORTE COLECTIVO COMO APOSTA DE
FUTURO
No futuro, o sistema de transportes da AMP irá sofrer alterações significativas, em
consequência da entrada de um novo operador público de transportes colectivos, o
Metro Ligeiro do Porto.
Este projecto, pelo entusiasmo político que lhe é dedicado, começa a tornar-se
credível aos olhos da população e a criar a vontade de participação das mais
diversas entidades da Região.
A gestão destas sinergias é uma tarefa difícil.
É fundamental promover a opinião, detectando-se interesses e aspirações,
prevendo-se ou evitando-se conflitos futuros, reflectindo-se, desde já, em opções de
projecto: é este o único modo de criar o apadrinhamento ao projecto pela
comunidade e, em particular, por aqueles que interferem directamente no sistema de
transporte da Região (os Operadores, os Decisores, os Clientes, etc.).
Este quadro proporciona uma excelente ocasião para a reestruturação dos
transporte colectivos, de um modo participado e profundo, que poderá resultar num
Plano de Acção para o Sistema de Transportes, baseado no já existente Plano
Estratégico de Transportes, mas adoptando-se um tratamento mais pormenorizado e
agarrado ao terreno, podendo até extrapolar o seu conteúdo para outras áreas como
seja a do urbanismo, a do ambiente e a da segurança.
A inexistência actual de uma entidade vocacionada para o desempenho desta tarefa,
leva a que possam ser os mais directos intervenientes, os operadores, a tomar
iniciativa de provocar a mudança: mas nunca exclusivamente eles; já que
demasiadamente voltados para si próprios.
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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Está em causa a transferência da importância isolada da empresa operadora, a
favor da eficiência do sistema de transportes, onde se integram, e o seu
fortalecimento através dos decisores.
COMPLEMENTARIDADE E COOPERAÇÃO
Excluindo relações de participação de capital e outras situações pontuais, até ao
presente momento, as iniciativas de cooperação entre o Metro do Porto e os outros
operadores, limitam-se à STCP: todas de carácter voluntarista, resultantes da mútua
consciência do seu do desempenho futuro, especializando-se no serviço para os
quais estão mais vocacionados e onde podem operar com maior qualidade e
menores custos, contribuindo assim na construção de um cenário de sucesso.
A empresa Metro do Porto, S.A., ao longo dos próximos anos, irá dedicar-se
sucessivamente a tarefas diferentes, consoante o estado de implementação da
estrutura.
Se, simplificadamente, seccionarmos a vida da empresa nas fases de Projecto,
Construção e Operação, sentimos que é de todo verdade o que se disse.
Vejamos:
1ª Fase (Projecto)
Na 1ª fase (Projecto), o que está em causa prende-se com a própria estratégia da
região, com as opções de planeamento territorial e optimização de recursos.
É, portanto, o nível das grandes opções da própria Região.
Na Área Metropolitana do Porto, todas as intenções de intervenção no Sistema de
Transporte deverão ter em conta a harmonização com as Políticas de Ordenamento
do Território, baseadas em investimentos realistas, envolvendo, neste caso, a
necessidade de rentabilizar as infraestruturas ferroviárias pesadas já existentes e de
optar por soluções apropriadas, de fácil concretização e maleáveis perante a
adequação a cenários futuros.
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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Naturalmente, o sistema de transportes deverá ser diversificado, bem dimensionado,
em qualidade e quantidade, e capaz de dispor de uma gama de serviços compatível
com as características da procura. Dentro deste espírito, a empresa METRO DO
PORTO, S.A., deverá fomentar a complementaridade e cooperação com todos os
operadores, quer com a intenção de cooperar na criação de interfaces e em
sistemas de bilhética compatíveis, quer, até, na sintonia das políticas tarifárias.
Sem querer menosprezar as características do TI que o tornam insubstituível para
certos tipos de viagem, é importante conquistar uma elevada repartição modal a
favor dos Transportes Colectivos (TC). Só uma forte aposta na qualidade dos
serviços prestados pelos TC, onde o traçado da rede, a comodidade, frequência,
regularidade, segurança, rapidez, preço e articulação com os outros modos,
constituirão factores condicionantes da opção dos clientes.
Esta tendência de cada modo de transporte se dedicar apenas ao mercado para o
qual está mais vocacionado e, supostamente, onde é mais competitivo, contribui
para a rentabilização global do sistema. Para esse objectivo e dada a rigidez da
futura estrutura, o Metro do Porto terá um papel activo, quer no fomento de políticas
concertadas entre os principais agentes de transporte da região, quer criando
condições para a promoção de uma rede de interfaces, de modo a permitir uma
eficaz articulação intermodal.
É na procura de soluções que dêm resposta cabal a estes objectivos, que o Metro
do Porto deverá aproveitar, desde já, a experiência da STCP: o operador que por ser
público e local proporciona canais de comunicação mais fáceis.
Mas não nos devemos esquecer de outros operadores, ou pelo menos os serviços
que desempenham, como é o caso da CP, ao nível da operação suburbana na Área
Metropolitana do Porto; dos operadores privados de transporte colectivo, associados
na ANTROP e até mesmo os operadores de táxis, essenciais na cobertura de certos
tipos de viagens ocasionais ou nocturnas.
A futura existência da Rede de Metro irá provocar uma revisão e replanificação das
carreiras de autocarros urbanos. Este processo é imprescindível para o
estabelecimento de um sistema de transportes urbanos mais eficiente e coordenado
e, consequentemente, atractivo e económico para o cliente.
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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2ª Fase (Construção)
Nesta Fase, as necessidades de cooperação com os operadores de transporte
colectivo deverão incidir na tentativa de minimização das perturbações causadas
pelas próprias obras.
Para esta fase, é fundamental a constante comunicação entre todas as empresas
operadoras, de modo a que antecipadamente se reestruturem serviços e se
comuniquem eficazmente aos clientes estas situações temporárias.
3º Fase (Operação)
Nesta altura, além de se dever concretizar a perfeita complementaridade entre os
serviços de cada operador que, em limite, mais do que o serviço de transportar,
deve oferecer a acessibilidade ao serviço de outros operadores, existem vários
outros campos em que os operadores podem unir os seus esforços.:
Um deles é, com certeza, o da Informação ao público.
Sem cair na tentação da perda de identidade de cada um (é importante que o cliente
sinta qual a entidade que o transporta e, consequentemente, quem pode
responsabilizar, exigir ou até elogiar), os operadores de transporte deverão construir
uma comunicação conjunta e integrada, informando sobre o sistema de transportes
da região e não apenas do serviço de cada operador.
Os operadores deverão também fomentar a utilização de canais comuns de
distribuição de títulos de transportes, situação que resultaria na rentabilização de
recursos, optando-se sempre por meios e suportes largamente vulgarizados.
Outra área de actividade onde se antevêem grandes vantagens de cooperação será
no intercâmbio de dados de exploração, fornecendo informações fiáveis e completas
contribuindo para a adequação da capacidade da oferta, através do melhor
conhecimento da procura.
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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Resta a referência a um ponto importante. Na necessidade de oferecer serviços
mínimos aos clientes, por exemplo os nocturnos, é fundamental que este tipo de
serviço seja assegurado pelo operador que melhor se adeque, quer em termos de
qualidade de serviço, permitindo, assim, uma melhor racionalização dos meios.
M E T R O
METRO DO PORTO, S.A.
Estimação dos Valores da Procura
Concepção e Dimensionamento dos InterfacesComuns
Complementaridade dos Serviços a Prestar
PROJECTO
CONSTRUÇÃO
OPERAÇÃO
ÁREAS DE COOPERAÇÃO ENTRE a STCP e o MP
Soluções Alternativas ao Serviço da C.P.
Minimização das Perturbações Causadas na Fase deConstrução
Política de Bilhética Comum
Canais de Distribuição de Títulos de Transporte
Informação ao Público
Intercâmbio de Dados de Exploração
Garantia de Serviços Mínimos
Para alcançar os objectivos aqui delineados e executar as tarefas que se adivinham,
as empresas operadoras juntamente com as entidades gestoras do território,
deverão instituir grupos de trabalho, constituídos por técnicos recrutados no seu
seio, com formação pluridisciplinar, mas mantendo-se alguma independência das
organizações que lhe deram origem.
Esses grupos de trabalho criarão condições para a comunicação entre as entidades
envolvidas e desenvolverão projectos indo ao encontro dos mais diversos
interesses.
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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II. DA ADMINISTRAÇÃO À COMERCIALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE
TRANSPORTES COLECTIVOS NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
A ADMINISTRAÇÃO
Referem-se, desde já, algumas ineficiências do enquadramento jurídico e da
organização institucional dos transportes colectivos na AMP:
Complexidade Institucional
A existência de várias entidades (autoridades) públicas no sector, dependentes de
tutelas diferentes, actuantes de forma autónoma e sem coordenação, dando origem
a que muitas vezes apareçam manchas de sobreposição de competências de
origem diversa, ou a campos onde não existem competências, leva à inoperância
dos seus poderes e descrédito na AUCTORITAS de que as entidades públicas
deveriam estar investidas.
Como exemplo pode-se rapidamente referir que, na AMP, quanto a autoridades no
sector dos transportes existe (entre outros):
- DGTT - licenciamento
- Autarquias - concessão de TC na sua área (mas sob tutela do Poder Central)
- AMP - articulação de serviços de âmbito supramunicipal no sector dos transportes
- CCRN - aprovação dos PDM`s
- Estado - através da participação directa no capital de alguns operadores
- JAE - pelas atribuições de execução do Plano Rodoviário
Toda esta dispersão da competência advém da utilização de antigas formas de
administração dos serviços públicos.
Vejamos: a Lei de Bases do Sistema de Transportes Terrestres (Lei nº 10/90),
procurando actualizar o enquadramento jurídico dos transportes terrestres, optou
pela perspectiva da coordenação regional descentralizada, no que respeita aos
transportes urbanos e em áreas metropolitanas(capítulo IV - e criação da Comissão
Metropolitana de Transportes - CMT); e por uma filosofia de desregulamentação e
liberalização para os transportes supra-regionais; desembocando todo o seu espírito
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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numa administração centralista por parte da CMT, fazendo prever o choque dos
diversos poderes das autoridades locais e das instâncias operacionais.
Nunca foi regulamentada.
Utilizou modelos de Administração Pública advindos do princípio do século e ainda
hoje perfeitamente enraizados no Direito Administrativo Português (Gestão Directa e
Gestão Indirecta, por delegação ou concessão), nunca reinventando novas formas
de Gestão nem sequer actualizando as existentes. Impedindo assim a evolução
natural do Direito face ás exigências sempre actuais da Sociedade; e, muito menos,
se antecipou a elas.
Nunca organizou a participação dos diferentes actores (autoridades, clientes e
operadores)
Daí a desagregação da autoridade, levando ao correspondente descrédito o que é o
mesmo que dizer-se “falta de autoridade”.
Gestão Burocrática e Legalista
Por outro lado, ao nível da gestão dos serviços públicos atinge-se um elevado grau
de complexidade de regulamentação e dos formalismos conexos com a implantação,
fiscalização e polícia da actividade transportadora.
São incontáveis os diplomas legais que (des)organizam o sistema de transportes na
Área Metropolitana do Porto. O seu conhecimento profundo não pode existir.
Não se consegue saber qual a melhor forma de implantar uma nova rede ou linha de
transportes terrestres.
A quem se deve pedir autorização? Como obter financiamentos? Como
responsabilizar as diversas autoridades? Quem fiscaliza e policía o cumprimento das
obrigações assumidas pelos operadores? Quanto tempo demora a executar-se uma
obra pública? Como garantir a integração urbanística de um novo projecto no sector
dos transportes? Como dar resposta às questões ambientais? E as questões
sociais? E o funcionamento das cidades, sempre dependente das pessoas que são
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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transportadas? E o planeamento estratégico do sector (pelo menos a nível
regional)?
Numa lista de diplomas legais e regulamentares relativos a estes assuntos
rapidamente se consegue chegar a um número que ronda o milhar.
Tudo questões para que tem de haver uma resposta. Tudo questões cuja resposta
está dependente de uma máquina altamente burocrática e consequentemente
esclerosada.
Falta de Uniformidade nos Financiamentos
Neste ponto surge-nos um “Grand Canyon” entre o financiamento dos operadores
públicos e dos operadores privados.
Os operadores públicos de transportes têm, de uma forma ou outra, à sua
disposição o Orçamento Geral do Estado para a compensação do “custo social” dos
títulos de transportes: ora são financiamentos directos à exploração, ora
participações directas nos capitais das empresas operadoras, ora saneamentos
financeiros de grandes empresas públicas, ora “indemnizações compensatórias”...
Por qualquer modo compensam-se as ineficiências da produção do serviço através
de esquemas de financiamento que levam ao aparecimento de um abismo entre as
capacidades financeiras dos operadores públicos e dos operadores privados para a
exploração de uma linha ou rede de transportes colectivos. Existe uma total
descoordenação dos investimentos públicos no sector.
O “custo social” do transporte é sempre transferido, nunca reduzido: a sociedade, o
cliente, se não paga de uma maneira há-de pagar de outra.
Os transportadores privados, essenciais para a operação dos operadores públicos,
obrigados a tarifas semelhantes aos públicos, terão de sobreviver sem qualquer
esquema de incentivo, ou apoio, à sua actividade, também ela de serviço público.
![Page 12: Reorganizacao Sistema Transportes - Area Metropolitana Porto](https://reader035.vdocument.in/reader035/viewer/2022081211/56d6be8e1a28ab301692a27c/html5/thumbnails/12.jpg)
A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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Desta forma se criam bloqueios e indisciplinas na actuação destes operadores, sem
que a autoridade dispersa possa actuar de modo a integrar e fazer participar na
organização do sistema de transportes estes actores.
Urge, portanto, organizar também a participação dos operadores privados numa
nova forma de gestão do sistema de transportes na Área Metropolitana do Porto,
que equilibre as possibilidades/oportunidades financeiras de todos os operadores.
Qualquer análise económica e sociológica da repartição dos custos e
responsabilidades entre, por um lado, os vários operadores (públicos e privados) e,
por outro, entre as gerações actuais e futuras, levará à necessidade do equilíbrio
entre os diversos produtores de serviços de transportes públicos na Área
Metropolitana do Porto.
Desta caracterização sumária surgem os principais estrangulamentos ao sistema de
transportes na Área metropolitana do Porto:
- deficiente integração das infraestruturas rodoviárias e ferroviárias;
- elevados custos (operacional e social) dos transportes;
- fraca qualidade dos serviços prestados;
- ausência de um verdadeiro planeamento estratégico nos transportes;
- inexistência de uma estratégia de diálogo dos transportes com o meio urbano
envolvente.
O Enquadramento deste tema deve ser também reflectido no contexto da
“Modernização e Reforma Administrativa”, bem como no da “Regionalização”, onde
ele tem o maior cabimento; pois é urgente, por um lado, substituir neste âmbito uma
dispersão (e correspondente volatilidade) da AUCTORITAS das entidades públicas,
por uma INTEGRAÇÃO das várias competências numa AUTORIDADE ÚNICA (que
organize a dispersão e reabilite a auctoritas) e, por outro, TRANSFORMAR as
relações dessa autoridade com os operadores (públicos e privados), por forma a
atingir-se uma maior qualidade dos serviços prestados e redução do custo dos
transportes.
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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A COMERCIALIZAÇÃO
Neste âmbito há que alterar o Status Quo, aproveitando-se para tal a
oportunidade/novidade da futura instalação de uma rede de metro ligeiro na Área
Metropolitana do Porto.
O pressuposto é o da necessidade da cooperação (em diferentes áreas) e
complementaridade entre as duas redes principais de transportes na AMP (STCP e
METRO).
Existe a necessidade de passar da situação actual (atrás caracterizada
sumariamente) para uma nova situação (suportada pela concentração da autoridade
e pelo necessidade de um novo modelo organizacional).
M E T R O
METRO DO PORTO, S.A.
SITUAÇÃO ACTUAL NOVA SITUAÇÃO
• Autoridade Dispersa
•Modelo de Gestão e FiscalizaçãoInadequado
• Necessidade de um Novo ModeloOrganizacional
• Autoridade Concentrada
PROCESSO
Possibilidade de Contributo da STCP e do METRO
Criação de um
Gabinete de Estudos Permanente
Protocolo
Nível Táctico
Nível Estratégico
• Fomento da Complementaridadedos respectivos DAE´s
• Fomento da Cooperação
• Desenvolvimento de umaProposta do Novo ModeloOrganizacional de Gestão Globale Integrada
GEP“Costumer Oriented”
Neste processo, a possibilidade do contributo das duas empresas (STCP e METRO
do PORTO, S.A.) passa pela criação, desde já (Março de 1996), de um Gabinete de
![Page 14: Reorganizacao Sistema Transportes - Area Metropolitana Porto](https://reader035.vdocument.in/reader035/viewer/2022081211/56d6be8e1a28ab301692a27c/html5/thumbnails/14.jpg)
A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
14
Estudos Permanente (GEP), formalizado através de um Protocolo, que substitua o
voluntarismo na cooperação por obrigações reais de participação.
A intenção é a criação de sinergias através do contributo de equipas
multidisciplinares com a participação de técnicos das mais diversas áreas
(engenharia, direito, gestão, economia, sociologia, ciência humanas...). A
potenciação das diferentes experiências por forma a diminuir a entropia inerente aos
sistemas complexos.
Este GEP deverá actuar em duas frentes:
- Ao Nível Táctico desenvolverá o fomento da complementaridade dos diferentes
Domínios de Actividade Estratégicos (DAE`s) e o fomento da cooperação das
diversas experiências. Trata-se de por em comum os diferentes meios (materiais e
humanos) e rentabilizar as infraestruturas de cada empresa, por forma a atingir um
resultado global de melhoria das acessibilidades na AMP e redução dos respectivos
custos (social e operacional);
- Ao Nível Estratégico deverá participar no desenvolvimento de uma proposta de
um Novo Modelo Organizacional de Gestão Global e Integrada do sistema de
transportes na AMP. Inicia o desenvolvimento de um novo esquema de gestão
daquele sistema que organize a participação das autoridades e dos operadores,
num resultado global de gestão integrada dos diversos subsistemas.
O fio condutor dos dois níveis de reflexão é a do “Costumer Oriented”. Todos os
esforços serão orientados tendo em conta as necessidades expressa e implícitas
dos clientes dos transportes, isto é, das pessoas que se querem deslocar no seio da
AMP, utilizem elas transportes colectivos ou não; se possível antecipar a satisfação
daquelas necessidades.
O GEP, começando por ser um centro de discussão e resolução de problemas
práticos e pontuais das duas empresas, poderá desenvolver-se e futuramente
integrar funções da gestão comum às duas empresas.
Por outro lado ele traçaria o caminho da sua própria morte. Pois que a sua actuação
ao nível estratégico poderá levar à conclusão da necessidade de fundir a gestão de
ambas as empresas numa só, devido à forte necessidade da complementaridade
entre as diferentes áreas de actuação de cada uma delas, que só por si poderá
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
15
justificar uma gestão comum dos diferentes recursos, separando-se, no entanto as
actuações ao nível táctico.
Na antecipação daquilo que poderá ser um Novo Modelo Organizacional pensa-se
que ele deverá ser baseado numa Autoridade de Transportes Colectivos na AMP
(AUTORIDADE), organizada com seguintes pressupostos:
- Concentração da Autoridade
- Compromisso Político (local; metropolitano/regional; central)
- Competência Técnica.
M E T R O
METRO DO PORTO, S.A.
AUTORIDADE DE TRANSPORTES COLECTIVOS DA AMP
Autarquias / AMP (Região) / Estado
Operadores Privados STCPMETRO C.P. Suburbana Porto
NOVO MODELO ORGANIZAZIONAL
FERRAMENTAS DO NOVO MODELO
• Contratos de Prestação de Serviços de Curto/Médio Prazo
• Bases Contratuais Universais - ISO 9000
• Outras Ferramentas de Gestão
A Concentração da Autoridade exige-se pela dispersão actual da mesma que
atrás ficou exposta.
O Compromisso Político é indispensável para a organização da participação,
responsabilização e harmonização das instâncias decisoras, quer ao nível dos
transportes, quer ao nível da gestão do espaço.
![Page 16: Reorganizacao Sistema Transportes - Area Metropolitana Porto](https://reader035.vdocument.in/reader035/viewer/2022081211/56d6be8e1a28ab301692a27c/html5/thumbnails/16.jpg)
A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
16
Este compromisso (cumplicidade - commmitement, no sentido de empenho para a
solução de problemas) integraria o próprio Estado (Governo Central), as
Autarquias Locais de per si, a Área Metropolitana do Porto (e nela, novamente,
mas numa outra plataforma as Autarquias Locais) e - porque não? - um Governo
Regional (mais uma instância, ou em substituição da AMP).
A participação dos Governo Central é indissociável do problema dos financiamentos
da actividade.
A das Autarquias Locais de per si é necessária para a execução de estratégias de
transportes a nível municipal, inter-municipal e supra municipal (é difícil esta gestão
estar a cargos de Associações de Municípios), bem como para a gestão do seu
espaço urbano.
A da AMP e/ou Governo Regional é insubstituível como local de discussão
necessária à harmonização do sector.
O certo é que o centro de decisão sobre a solução dos problemas do sector deverá
estar situado no terreno.
A par do Compromisso Político terá de haver uma Competência Técnica rigorosa,
colaborante com as Universidades e Empresas, capaz de dar resposta às
solicitações para as decisões que a AUTORIDADE pretenda tomar na execução do
Plano Estratégico de Transportes para a AMP. Esta competência resultará também
da integração de equipas multidisciplinares e utilização das suas sinergias. Poderá
tornar-se num Conselho Consultivo da AUTORIDADE, ou num Gabinete de Estudos
detida por ela. O essencial é que seja sobretudo vocacionada para a análise dos
diferentes modos de gestão e domínio das tecnologias que o sector exige.
Como FUNÇÕES a desempenhar pela AUTORIDADE apontam-se, sumariamente,
as seguintes:
- harmonização dos operadores públicos
- disciplina dos operadores privados
- definição das políticas de investimento
- gestão das infraestruturas de transporte
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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A harmonização dos operadores públicos (STCP, METRO, CP/suburbana/PORTO)
é um ponto fulcral para que estes se possam organizar por forma integrar os
serviços complementares que actual ou futuramente prestem.
A disciplina dos operadores privados é essencial para que estes saibam quem é a
entidade que os fiscaliza e controla, de modo a melhorarem a qualidade dos
serviços prestados e se adaptarem ao Plano elaborado pela AUTORIDADE.
A definição das políticas de investimentos e a gestão das infraestruturas de
transportes serão as funções mestras da AUTORIDADE, pois aqui ela desenvolverá
o seu Plano de melhoria e desenvolvimento das acessibilidades na AMP, sempre na
perspectiva do CLIENTE, por forma a adequá-lo às necessidades daqueles.
No Novo Modelo Organizacional deverão ser estabelecidas as relações
equidistantes com todos os operadores de tal forma que não se suscitem
desconfianças, e respectivos bloqueios, entre os operadores públicos e os privados.
M E T R O
METRO DO PORTO, S.A.
NOVO MODELO ORGANIZACIONAL
Baseado em:
Concentração da Autoridade
Compromisso Politico:- Local- Metropolitano / Regional- Central
Competência Técnica
Função:
Harmonização dos Operadores Públicos
Disciplina dos Operadores Privados
Definição de Politicas de Investimento
Gestão de Infraestruturas
Uma Autoridade de Transportes está já criada desde 17de Março de 1990 - Lei nª 10/90
CMT
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A REORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE TRANSPORTES NA ÁREA METROPOLITANA DO PORTO
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Basear-se-ão, essas relações, em Novas Ferramentas de Gestão com o intuito de
alcançar a melhoria da qualidade dos transportes e a redução dos custos (sociais e
operacionais) do sistema de transportes na AMP.
Como exemplo do que poderão ser essas Novas Ferramentas, podem-se apresentar
as seguintes:
- Contratos de Prestação de Serviço de curto e médio prazo (conforme a
infraestrutura ao dispor do operador respectivo), onde a AUTORIDADE definiria o
nível de serviço em termos de qualidade e custos; níveis esses que teriam de ser
cumpridos pelo operador-contratante de uma forma clara e transparente, e onde o
operador se responsabilizaria por manter o nível de serviço acordado, sob pena de,
findo o prazo, lhe ser retirada a autorização para operar.
Em limite poder-se-á falar de uma renda mensal que a AUTORIDADE entregaria ao
operador como forma de pagamento do serviço público por ele prestado; pondo
assim em pé de igualdade os operadores públicos e os operadores privados;
- A prestação de serviços deverá ser fundada em bases contratuais universais
como as Normas ISO 9000, pelas quais se realizaria a equidistância e igualdade
comparativa das exigências de serviço; sempre acompanhadas de um controlo das
exigências de qualidade permanente.
- Outras ferramentas de gestão poderão ser utilizadas sempre em direcção a uma
oferta adequada às exigências dos clientes, quer em quantidade, quer em qualidade.
As relações entre a AUTORIDADE e os operadores (agora, prestadores de serviços
a um cliente-ela própria), organizadas desta forma levariam à uniformização tarifária
desejável, a práticas concertadas de implantação de redes e complementaridade
modal, ao equilíbrio financeiro dos diferentes operadores, e, em limite, poderão levar
ao desenvolvimento de sistemas de bilhética comuns (os chamados títulos
intermodais), podendo, assim, pensar-se numa emissão e distribuição de títulos
realizada pela AUTORIDADE, que deste modo, passaria a deter um forte potencial
de gestão das receitas, e, ao nível urbanístico, passaria a deter um importante
instrumento para a realização de novos modelos de cidade das Autarquias nela
integradas.
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III. EM DIRECÇÃO À SOCIEDADE DA NEGOCIAÇÃO
- resolução de conflitos - aumento do volume de emprego
As evoluções em muitos sectores de actividade mostram que os ganhos de
produtividade crescem mais rapidamente que os ganhos de criatividade.
Hoje o desafio não é só ao nível da inovação dos processos de transportar as
pessoas na Área Metropolitana do Porto, mas principalmente apostar nas inovações
de produtos que lhe possam ser associados, na inovações sociais e na inovações
organizacionais, em particular quanto à partilha do poder que a implantação do
Metro do Porto terá que implicar no sistema global de transportes.
As inovações de processo são as principais responsáveis pela diminuição do volume
de emprego, pelo que há que inovar nos outro domínios, o que passa pela criação
de um novo modelo de organização que também incentive o aparecimento de novas
actividades co-relacionadas com este novo sistema de transporte.
Mas, mesmo as decisões ao nível do processo devem ser equacionadas pois o
decisor é sempre mais muito mais seduzido pela complexidade técnica que o
utilizador, este é mais sensível é facilidade e eficácia de utilização.
Há que valorizar a eficácia real do sistema a implantar, mais do que a façanha
técnica sendo que esta é favorecida pela organização hierárquica e os circuitos de
decisão existentes, em particular pelo facto de raramente os utilizadores serem
chamados a participar.
É necessário negociar uma nova organização dos transportes da AMP. Com efeito
as negociações são uma necessidade económica e a resposta a uma procura social
de partilha do poder, devem ter lugar não só no momento da concepção do novo
sistema, mas também durante a sua exploração.
É preciso estar conscientes dos limites á negociação. Negociar quer dizer:
informação recíproca, debates, troca de argumentos, tentativa de compreensão dos
objectivos de cada um, dos limites e dos constrangimentos de cada um, procura de
compromisso. Mas negociação não quer dizer sucesso assegurado. As negociações
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podem reduzir uma parte das causas de conflito, mas não podem suprimir
imediatamente todas as causas iniciais e estruturais.
Há que criar uma nova organização que dê resposta à necessidade de criar
empregos mais qualificados e mais interessantes. Empregos qualificados porque é
uma condição para reagir mais rapidamente às novas necessidades, e de empregos
mais interessantes porque é uma das condições de desenvolvimento dos homens e
da manutenção da atenção.
Criar empregos mais qualificados e mais interessantes será um dos objectivos do
novo modelo a par de colocar o cliente final no centro das decisões.
Na fase de concepção o tempo perdido a informar, formar e discutir é tempo ganho
aquando da implementação do novo modelo organizacional.