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Taylor Smith ou Martins Antunes? Como é que o género, a etnia e o nível de qualificação influenciam a perceção de empregabilidade de candidatos ao primeiro emprego? Patrícia Martins Viana Dissertação Mestrado Economia e Gestão de Recursos Humanos i

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Taylor Smith ou Martins Antunes?

Como é que o género, a etnia e o nível de qualificação influenciam a perceção

de empregabilidade de candidatos ao primeiro emprego?

Patrícia Martins Viana

Dissertação Mestrado Economia e Gestão de Recursos Humanos

Orientadora

Prof. Luísa Helena Ferreira Pinto, PhD

2017

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Nota Biográfica

Patrícia Martins Viana nasceu a 11 de Janeiro de 1992, em Esposende, Portugal.

Frequentou o ensino básico na Escola Básica 2,3 António Correia de Oliveira, na mesma

cidade. A paixão pela área da Gestão e da Economia fizeram com que fosse para o curso de

ciências socioeconómicas, na escola secundária Rocha Peixoto na Póvoa de Varzim. Mais

tarde, em 2010, entrou para a Faculdade de Economia da Universidade do Porto para o

curso de Gestão.

Ao longo da sua curta estadia pela Faculdade de Economia ingressou em várias

atividades extracurriculares, primeiramente na AIESEC, e posteriormente fundou a

U.DREAM, primeira empresa júnior do país, como responsável de Recursos Humanos. Foi

nesta altura que nasceu o entusiasmo pela área de Recursos Humanos. Posteriormente, foi

diretora geral interna da organização, tendo como principais responsabilidades a

coordenação das áreas internas (Finanças, Recursos Humanos e Marketing).

Entre 2013 e 2014, estudou em Madrid através do programa Erasmus, na IE

Business School. Nesse mesmo ano, terminou a licenciatura em gestão, com média final de

14 valores.

Em 2014, ao mesmo tempo que ingressou no mestrado de Economia e Gestão de

Recursos Humanos na Faculdade de Economia do Porto, começou a trabalhar como Human

Resource Trainee, na Parfois. Em 2015, mudou para a equipa de payroll & legal, ficando

responsável por 37 lojas em Portugal.

Em meados de 2016 foi convidada para um novo projeto profissional, estando

atualmente como responsável do departamento de recursos humanos da empresa Lion of

Porches e Decenio, em Portugal e Espanha.

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Agradecimentos

Felizmente, ao longo deste percurso tive a orientação de muitas pessoas, ao qual

gostaria de deixar um agradecimento especial.

Começo por agradecer à minha orientadora, Luísa Pinto (PhD) pela sua partilha de

experiência e conhecimento, motivação e entusiasmo com que sempre encarou este projeto.

Sem dúvida que sem este alicerce não era capaz de obter os resultados pretendidos. Foi

verdadeiramente uma honra e um privilégio partilhar este projeto com ela.

Agradeço aos meus pais, irmãs e noivo, por toda a paciência, carinho e motivação

com que me acompanharam ao longo destes anos. Por todos os valores e tradições que me

transmitiram sem nunca duvidarem de que eu era capaz de ultrapassar esta etapa. À restante

família por todas as mensagens de coragem e apoio com que me acompanharam nesta longa

caminhada, muito obrigado.

Um reconhecimento a todos os meus amigos e colegas de trabalho que nunca

desistiram de me apoiar e de estarem ao meu lado. As suas opiniões foram, sem dúvida,

determinantes durante este percurso académico.

Finalmente, gostaria de agradecer a todas as pessoas que participaram neste estudo,

caso contrário o resultado final não teria sido possível.

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Resumo

Todos os anos milhões de jovens em todo o mundo entram no mercado de trabalho.

Apresentam os seus curriculums, contendo dados pessoais, formações académicas,

atividades extracurriculares e eventuais experiências profissionais. O curriculum vitae é um

instrumento de comunicação elementar, pelo que é fundamental analisar como o seu

conteúdo influencia a avaliação dos candidatos. Nesse sentido, este estudo analisa como o

género, a etnia e o nível de qualificação influenciam as avaliações de adequação e

empregabilidade dos jovens candidatos a uma função de entrada no mercado de trabalho.

Para o efeito este estudo emprega uma metodologia quantitativa e um design “quasi-

experimental” para recolher as avaliações dos trabalhadores portugueses sobre oito

curriculums fictícios que diferiam quanto ao género (masculino x feminino), etnia (inglês x

português) e nível de qualificação (ensino superior x ensino secundário). No total,

obtiveram-se 297 respostas completas. Os resultados mostram que não há diferenças em

adequação à função, possibilidade de progressão e competências de empregabilidade

associadas às variáveis independentes: género e etnia mas existem diferenças para o nível

de qualificação. Os resultados também evidenciam que quando o respondente se identifica

com o candidato, lhe atribui uma melhor avaliação, revelando um efeito de similarity bias.

Os resultados do estudo têm implicações teóricas e práticas para a empregabilidade

e gestão internacional de recursos humanos dos jovens candidatos ao mercado de trabalho

que são também discutidas.

Apesar da crescente investigação nesta área, esta permanece inconclusiva acerca do

efeito do género, etnia e do nível de qualificação de uma minoria étnica em Portugal

considerada dominante, cosmopolita e prestigiada. O presente estudo pretende preencher

esta lacuna da investigação.

Palavras-chave: perceção de empregabilidade, candidatos a um primeiro emprego,

maioria local, minoria étnica local, design “quasi-experimental”.

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Abstract

Every year millions of graduates worldwide enter the labor market. They expose

their Curriculum Vitae, with personal information, academic experience, extracurricular

activities and eventual professional experiences to the world. Since, CV is an elementary

instrument of communication, it is essential to analyze how its content influences the

candidate evaluation. Having this in consideration, the purpose of this study, is to

understand how the gender, ethnic and level of professional qualifications influence the

candidate level of adequacy and employability to a determined professional role.

This study uses a quantitative method and the data was collected following a quasi-

experimental design, in order to collect the evaluations of Portuguese working adults about

eight fictional cv´s, that differ in gender (male x female), ethnic (English x Portuguese) and

level of professional qualification (higher education x high school). In sum it was collected

297 complete answers. Overall, the results show that in one hand job suitability,

progression and employability competences, have no related impact with the following

independent variables, gender and ethnic, but in the other hand there are differences when it

comes to level of qualification. We can also conclude that when a respondent identifies

himself with the candidate he evaluates him with a better score, revealing a similarity bias

effect.

These findings have both theoretical and practical implications on graduate

candidates for employability and international resource management that are discussed

further.

Despite of the crescent investigation around this theme, it continues to be

inconclusive when it comes to relate gender, ethnic and level of qualification of dominant,

cosmopolitan and prestigious ethnic minority, in Portugal. This study pretends to fill this

gap.

Keywords: ethnic discrimination, minority discrimination, higher education,

perceived employability, résumé screening, experimental design

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ÍndiceNota Biográfica...............................................................................................................ii

Agradecimentos.............................................................................................................iii

Resumo..........................................................................................................................iv

Abstract...........................................................................................................................v

Índice.............................................................................................................................vi

Índice de Tabelas.........................................................................................................viii

CAPÍTULO I – Introdução............................................................................................ix

CAPÍTULO II – Revisão da Literatura.........................................................................11

1. Empregabilidade..............................................................................................11

2. Competências de Empregabilidade.................................................................14

3. A Teoria da Identidade Social e a Discriminação Étnica no Mercado de

Trabalho 19

4. Migração de Ingleses para Portugal................................................................23

CAPITULO III - Modelo Teórico e Hipóteses.............................................................26

1. As implicações da literatura para a formulação das hipóteses........................26

2. Modelo Teórico e Hipóteses............................................................................29

CAPÍTULO IV – Metodologia.....................................................................................31

1. Método e Design.............................................................................................31

2. Materiais de Estímulo e Pré-Testes.................................................................32

3. Medidas...........................................................................................................34

4. Procedimento de Recolha de Dados e Amostra..............................................37

CAPÍTULO V – Resultados.........................................................................................40

1. Diferenças da amostra por condição experimental..........................................40

vii

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2. Análises Descritivas........................................................................................41

3. Teste de Hipóteses...........................................................................................42

CAPÍTULO VI – Discussão, limitações e implicações................................................47

1. Limitações e Sugestões de Investigação.........................................................50

2. Implicações Práticas........................................................................................51

CAPÍTULO VII – Conclusões......................................................................................52

Referências Bibliográficas............................................................................................53

Anexos..........................................................................................................................59

viii

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Índice de Tabelas

Tabela 1. Resumo condições experimentais ………………………………….……..

31

Tabela 2 - Descrição análise confirmatória ……………………………………...….

36

Tabela 3 - Composição da amostra por condição experimental …………………….

38

Tabela 4 - ANOVA – Diferenças das caraterísticas da amostra entre as condições

experimentais ………………………………………………………………………………..

40

Tabela 5 – Análise descritiva e correlacional para as principais variáveis em estudo

41

Tabela 6 – Resultados das ANCOVA para as competências de empregabilidade ….

43

Tabela 7- Resultados das ANCOVA para adequação à função e possibilidade de

progressão ………………………………………………………………………………...…

44

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CAPÍTULO I – Introdução

O Mercado Único, estabelecido em 1993 entre os Estados-membros da União

Europeia (UE), eliminou as fronteiras internas aduaneiras, fiscais e técnicas, criando um

espaço económico interno, facilitando a livre circulação de bens, capitais, pessoas e

serviços em toda a UE. Na Europa como no mundo, o número de indivíduos em mobilidade

tem aumentado nas últimas décadas, originado um mercado de trabalho mais competitivo,

diversificado, heterogéneo e produtivo (Healy e Oikelome, 2007).

Portugal não é exceção a este fluxo de movimento, tendo hoje um mercado de

trabalho mais competitivo e diferente. De acordo com o PORDATA em 2016, residiam em

Portugal, com estatuto legal de residente cerca de 392 969 indivíduos, dos quais 19 384 de

nacionalidade Inglesa. Em 2010, os números eram consideravelmente mais baixos, a

população inglesa em Portugal registava os 14 096 indivíduos, de um total de 207 587

habitantes. Assim, é importante compreender como é que em Portugal estas minorias são

percecionadas, sobretudo quando se apresentam ao mercado de trabalho.

Embora a investigação neste domínio tenha aumentado, incluindo estudos efetuados

em Portugal (e.g. Neto, 2014), a maioria visa as minorias étnicas de menor estatuto ou

localmente discriminadas (e.g. muçulmanos, paquistaneses e turcos nos outros países

europeus e os imigrantes dos países da língua oficial Portuguesa (PALOPs) no caso

Português). Tanto quanto é do nosso conhecimento, é muito escassa ou mesmo omissa a

investigação com minorias étnicas localmente prestigiadas (para uma exceção ver o estudo

de McGinnity e Lunn (2011) para o mercado Irlandês).

Por isso, este estudo visa abordar esta lacuna da investigação e analisar como uma

minoria étnica em Portugal, considerada historicamente dominante, cosmopolita e

prestigiada, como são os ingleses residentes no país, é apreciada ao entrar no mercado de

trabalho. Em particular, pretende-se investigar como o género, a etnia e o nível de

qualificação influenciam as avaliações de adequação e empregabilidade dos jovens

candidatos a uma função de entrada no mercado de trabalho. Por outras palavras, pretende-

se analisar se, em igualdade de circunstâncias, os candidatos com apelido inglês serão

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melhor avaliados (favoritismo do outgroup) do que os candidatos portugueses, ou se pelo

contrário serão discriminados (favoritismo do ingroup) como a literatura sugere.

Este documento é composto por sete capítulos, dos quais o primeiro refere-se a esta

introdução com a apresentação da problemática em estudo e dos objetivos do trabalho.

O segundo capítulo analisa a revisão da literatura, com foco nas minorias locais,

tendo por base a teoria da identidade social (Tajfel e Turner, 1986) e as competências de

empregabilidade mais desejadas nos jovens candidatos a um primeiro emprego (Evers,

Rush e Berdrow, 1998).

O terceiro capítulo sumariza o modelo teórico e as hipóteses em investigação.

O quarto capítulo descreve o caminho metodológico seguido. Descrevem-se os

procedimentos de recolha de dados, as medidas e a amostra.

O quinto capítulo compreende os resultados obtidos através do inquérito por

questionário administrados aos trabalhadores portugueses.

O sexto capítulo apresenta a discussão dos resultados do estudo, as limitações e as

implicações teóricas e práticas.

Por fim, no último capítulo, apresentam-se as conclusões deste trabalho.

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CAPÍTULO II – Revisão da Literatura

Num contexto em que o mercado de trabalho é altamente competitivo e está

fortemente saturado (OECD, 2016b), torna-se essencial que os candidatos sejam capazes de

se diferenciar dos restantes. Todos os anos milhões de jovens em todo o mundo, incluindo

recém-licenciados, entram no mercado de trabalho (Brown, et al, 2003), todos eles

apresentando curriculums descrevendo formações académicas, atividades extracurriculares

e experiências profissionais muito similares (Brown, 1994). Torna-se, portanto, importante

analisar que outras características do CV poderão influenciar positivamente a avaliação dos

candidatos.

Na transição da universidade para o mercado de trabalho, o desempenho académico

e as atividades extracurriculares são elementos diferenciadores que têm impacto na

empregabilidade dos recém-licenciados, como concluíram Pinto e Ramalheira (2017).

Contudo, existem outras características do curriculum vitae (CV) que também podem

contribuir para essa diferenciação.

Este capítulo aborda a temática da empregabilidade em Portugal, nomeadamente a

empregabilidade das minorias étnicas. A revisão da literatura revela investigação recente

neste domínio, relacionada com diversas áreas de conhecimento, como a gestão

internacional de recursos humanos, emigração ou sociologia. Apesar dessa diversidade, a

maioria dos estudos estão focados na empregabilidade dos locais e das minorias étnicas não

prestigiadas ou negativamente discriminadas, havendo pouca informação sobre a integração

no mercado de trabalho das minorias cosmopolitas e prestigiadas. Esta lacuna é abordada

nesta investigação.

1. Empregabilidade

O termo “empregabilidade” tem várias definições e alguns autores têm formas

diferentes de o definir (Harvey, 2001). Começou a ser usado no início do séc. XX pelos

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Anglo-Saxónicos para distinguir os indivíduos que estão empregados dos que estão

desempregados (Almeida, 2007), sendo este termo também utilizado para nomear a

necessidade de adquirir novas competências e novas experiências que permitam reter e

enriquecer os indivíduos, dando-lhes a possibilidade de crescerem dentro da organização ou

mudarem (Kovács, 2002).

Van der Heijde (2006) resume alguns elementos-chave da definição de

empregabilidade (pág. 453): (a) a empregabilidade aumenta os resultados coletivos da

empresa e os resultados dos trabalhadores; (b) ajuda no bom desempenho diário de cada

trabalhador e da organização a longo prazo; (c) pode conter elementos pessoais, como

personalidade, atitudes, motivação e habilidade; e por fim (d) a empregabilidade

“representa a combinação das competências específicas e gerais dos indivíduos”.

Na mesma linha de pensamento, Hillage e Pollard (1998) definem a

empregabilidade como a capacidade para: (a) conseguir o primeiro emprego, sendo

fundamental no início a instituição de ensino; (b) após conseguir o primeiro emprego,

conseguir mantê-lo, sendo crucial a fase de aprendizagem e crescimento organizacional; (c)

capacidade, se necessário, de mudar de emprego.

Neste sentido, interessa investigar o que os empregadores consideram ser uma

pessoa empregável hoje em dia e que aspetos mais valorizam no CV para se conseguir

passar a primeira fase de seleção de candidatos, ou seja, vencer a triagem curricular.

O CV é a fonte de informação mais importante e utilizada pelos recrutadores quando

iniciam um processo de seleção na perspetiva de encontrar um determinado candidato

(Piotrowski e Armstrong, 2006). Inicia-se este processo normalmente com a triagem

curricular (Cole et al., 2007). O curriculum contém as informações mais relevantes para

esta primeira fase de seleção, nomeadamente dados pessoais, formação académica e

experiência profissional. Após ter despertado o interesse do recrutador, o curriculum é

validado, e o indivíduo passa para a próxima fase de seleção, por ser considerado adequado

para o desempenho da função em questão (Cole et al., 2007).

No entanto, esta triagem pode ser suscetível a influências cognitivas (Derous, Ryan

e Serlie, 2015). Nos curriculums que têm apenas uma ou duas páginas de apresentação, a

informação está limitada e, inevitavelmente, o candidato será julgado prematuramente com

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base em certos estereótipos, que os recrutadores poderão deter após uma análise primária do

curriculum (Derous et al., 2015).

Pela sua visibilidade, as caraterísticas pessoais como o género, a idade, a etnia ou o

aspeto físico, são informações frequentemente reportadas no CV que são suscetíveis de

gerar inferências baseadas em estereótipos que conduzem a discriminação no mercado de

trabalho (Cole et al., 2009).

Por exemplo, a questão do género, é difícil de disfarçar no CV, com a indicação do

nome. As estatísticas na Europa (OECD, 2015b; 2016b) e em Portugal (PORDATA, 2017)

revelam que a taxa de desemprego das mulheres é sempre superior à dos homens, seja qual

for o nível de qualificação, o que sugere a continuidade da discriminação de género no

acesso ao emprego. Também a etnia é difícil de camuflar, com a menção do apelido no CV.

Estudos recentes revelam que o efeito negativo do apelido pode ser tão demolidor em

alguns mercados de trabalho que as famílias emigrantes renunciam ao seu nome (Arai e

Thoursie, 2009) ou alteram o nome dos filhos (Wykes, 2017) para facilitarem a integração

local.

Em Portugal (PORDATA, 2017), como nos restantes países da OCDE (OECD,

2015b; 2016b), a taxa de desemprego é superior para as mulheres (independentemente das

qualificações), para os indivíduos sem escolaridade superior e para os mais jovens.

Acrescem desigualdades similares em termos de rendimento, o que revela que os grupos

mais desprotegidos são consistentemente as mulheres, os mais jovens e os menos

qualificados.

Por estes motivos, este estudo investiga como o género, a etnia e o nível de

qualificação influenciam as avaliações de adequação e empregabilidade dos jovens

candidatos a uma função de entrada no mercado de trabalho, controlando a função alvo,

assim como o modo como as caraterísticas pessoais dos respondentes (género, idade,

qualificação e etnia) interagem com as avaliações dos candidatos num conjunto de

competências de empregabilidade.

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2. Competências de Empregabilidade

A média obtida num curso é um dos primeiros fatores de decisão durante o processo

de seleção, após a análise de um curriculum vitae (Campion e Bown, 1994; Rynes, Orlitzky

e Bretz, 1997; Thoms, McMasters, Roberts e Dombkowski, 1999).

Os candidatos com as médias mais altas obtêm melhores avaliações, do que os

candidatos com médias mais baixas (Hassanbeigi, Askari, Nakhjavani, Shirkhoda,

Barzegar, Mozayyan e Fallahzadeh, 2011; Thoms et al., 1999), o que aumenta a

probabilidade de passar para a próxima fase de seleção, nomeadamente, a entrevista de

seleção (Thoms et al., 1999).

No entanto, num mundo tão competitivo e globalizado, a média tem de ser

acompanhada por outros fatores de decisão que orientem o empregador nesta seleção.

Nessa perspetiva, as competências pessoais, ditas “transversais”, tornam-se uma

componente chave para a diferenciação dos indivíduos no mercado de trabalho.

Existem, em geral, dois tipos de competências: competências transversais e

competências técnicas (Cabral-Cardoso, Estêvão e Silva, 2006; Ceitil, 2006). As

competências técnicas são específicas a uma determinada atividade profissional ou a uma

função (Cabral-Cardoso et al., 2006). Na maioria dos casos, estas competências não são

suficientes para um desempenho profissional de sucesso, uma vez que é necessário que o

indivíduo tenha algumas competências transversais (Evers et al., 1998). Assim, define-se as

competências transversais, também designadas como competências de empregabilidade

(Harvey, 2001; Wilton, 2008), como sendo as habilidades desenvolvidas por nós próprios,

em diversas situações; por outras palavras são as competências que não são adquiridas em

contextos profissionais, nem educacionais.

Evers et al (1998) definiram o termo competência como a capacidade para definir as

tarefas necessárias para atingir um dado objetivo, delegando por vezes tarefas aos outros,

acompanhando o processo, e revendo o mesmo assim que surgem novas informações. São

exemplos de competências transversais: as competências de comunicação, liderança,

resolução de problemas, entre outros (Evers et al., 1998; Neves, Garrido e Simões, 2006).

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Entre as competências de empregabilidade consideradas importantes pelos

empregadores para o exercício de funções de gestão (Evers et al., 1998), destacam-se as

competências de organização e gestão de tempo, assim como as competências de

aprendizagem (Gonçalves, 2010) que serão avaliadas neste estudo. Além destas, também as

competências de relacionamento interpessoal podem fazer a diferença entre os candidatos a

emprego locais e as minorias. Do mesmo modo, as exigências de apoio por parte dos

colegas assim como as limitações de carreira têm sido evocadas para limitar o acesso das

minorias ao mercado de trabalho (Beijl, 2000; Midtboen, 2016), razão porque também se

incluem neste estudo.

2.1 Relacionamento Interpessoal

Uma pessoa que tem uma boa capacidade de relacionamento interpessoal trabalha

bem com os outros, sejam superiores ou colegas de trabalho, mesmo que estes sejam

diferentes dele em vários aspetos; compreende as necessidades de outrem e compreende e

aceita as suas opiniões (Evers e Rush, 1996, pp. 280-281). Esta competência foi incluída

neste estudo, pois é uma competência que as empresas têm em consideração no processo de

seleção. A preferência pelo trabalho em equipa, a capacidade de criar um bom ambiente de

trabalho, o facto de ser compreensivo com os outros, e de conseguir estabelecer os seus

objetivos, assim como os objetivos da empresa, é uma mais-valia para a organização.

Quer no trabalho de Evers et al. (1998), quer no estudo realizado em Portugal por

Gonçalves (2010), verifica-se que as mulheres se percecionam mais favoravelmente do que

os homens, nas aptidões de escuta, relacionamento interpessoal e comunicação escrita,

apreciação corroborada pelos empregadores. Estes resultados sugerem diferenças de género

respeitantes a estas habilidades, pelo menos na apreciação dos candidatos a emprego.

2.2 Planeamento e Organização

A competência de planeamento e organização é definida como a “capacidade de

determinar as tarefas a realizar para levar a cabo o cumprimento dos objetivos (estratégicos

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e táticos), possivelmente delegando algumas dessas tarefas a outros, acompanhando os

progressos efetuados de acordo com o plano inicial, revendo-o de modo a incluir novas

informações, e ainda, tendo em conta as dimensões do tempo, materiais e imprevistos”

(Evers e Rush, 1996, pp. 280-281).

No trabalho original de Evers et al. (1998) e no estudo realizado em Portugal por

Gonçalves (2010), verifica-se que a competência gestão de pessoas e tarefas, na qual se

insere a aptidão de planeamento e organização, as mulheres (finalistas e graduadas) obtêm

melhores resultados, revelando maior capacidade de gestão de conflitos e planeamento e

organização do que os homens. Estes resultados sugerem diferenças de género quando estas

aptidões são avaliadas no mercado de trabalho.

2.3 Competências de Aprendizagem

Seguindo o mesmo modelo “bases of competence” de Evers et al. (1998), a

competência de aprendizagem é uma variável importante a ter em consideração. Esta

competência é definida como a capacidade para adquirir conhecimentos através das

experiências do quotidiano e manter-se atualizado relativamente aos desenvolvimentos na

área profissional (Evers e Rush, 1996, pp. 280-281).

Cada vez mais as pessoas são autodidatas e procuram informações sozinhas, quer

através dos meios de comunicação ou simplesmente pela vivência do dia-a-dia. Com a

evolução da tecnologia e dos meios de comunicação, a quantidade de informação

disponível é incalculável, e perceber se os candidatos procuram informação e tentam

enriquecer o seu conhecimento é um potencial indicador do crescimento profissional do

candidato e da organização.

A universidade assume uma função preponderante no desenvolvimento desta

competência. Através dos grupos de trabalho, os estudantes desenvolvem não só a

capacidade de trabalhar em equipa, como a disponibilidade para a aprendizagem contínua e

a vertente de recolha e tratamento da informação. Frequentemente isso ocorre num

ambiente marcado pela multiculturalidade e pela diversidade o que estimula a capacidade

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de questionar, a vertente de planeamento-ação, assim como as competências de

planeamento e de organização anteriormente referidas.

2.4 Recetividade dos Colegas

Na mesma linha de pensamento das relações interpessoais, a recetividade dos

colegas de trabalho a um novo membro pode influenciar a decisão que o empregador irá

tomar. Esta expectativa estará ligada à forma como a equipa recebe e integra os novos

membros, considerando que, caso não se adeque ao grupo, poderá originar problemas na

equipa, falta de colaboração entre colegas e uma má integração dos novos candidatos. É um

problema a que os recrutadores dão atenção, uma vez que afeta toda a organização.

Pinder e Schroeder (1987) analisaram quanto tempo um indivíduo demora a

integrar-se numa organização, considerando que a recetividade dos colegas é um fator que

acelera esse processo. Essa hipótese foi confirmada pelos resultados obtidos, isto é, quanto

mais recetivos foram os elementos da equipa, mais rápida foi a integração dos novos

colaboradores. Pelo contrário, no caso das minorias étnicas, é possível que a perceção das

diferenças com o grupo dissuada a sua seleção, para evitar dificuldades de aceitação, o que

sugere diferenças de etnia, para esta variável quando os curriculums de diferentes

candidatos são avaliados.

2.5 Progressão na Carreira

Além do apoio dos colegas, as perspetivas de progressão de carreira reconhecidas

nos candidatos, associadas ao género, à etnia ou ao nível de qualificação, podem ter

influência no processo de seleção.

A progressão na carreira também foi estudado por Evers et al. (1998), e foi definida

como a capacidade de o indivíduo ajudar a empresa a crescer, através da inovação, do

desenvolvimento e da investigação, paralelamente com os interesses dos stakeholders.

Assim, uma pessoa que consiga crescer dentro da organização e seja orientada para os

objetivos da mesma, tem todas as oportunidades de ser promovido profissionalmente. Evers

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et al. (1998) verificou que os licenciados do sexo masculino apresentavam uma maior

probabilidade de serem promovidos do que as mulheres licenciadas, o que sugere a

possibilidade de serem encontradas diferenças de género no mercado de trabalho, desde

logo quando se procede à triagem de curriculums no processo de seleção. É possível

igualmente que subsistam diferenças para a etnia e o nível de qualificação, como a seguir se

ilustram.

19

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3. A Teoria da Identidade Social e a Discriminação Étnica no Mercado

de Trabalho

A Teoria da Identidade Social (TIS) proposta por Tajfel e Turner (1986), explica a

relação entre o indivíduo e a sociedade na qual vive. O indivíduo, enquanto membro da

sociedade, partilha características, e formas de agir e de pensar com as outras pessoas,

originando assim a criação de grupos sociais. A TIS foi desenvolvida com o intuito de

estudar as relações entre os indivíduos e os grupos sociais com que interagem.

Segundo Tajfel e Turner (1986), e Hogg e Abrams (1988), um grupo social é

formado quando dois ou mais indivíduos apresentam características e comportamentos

semelhantes entre si. No entanto, há algumas condições necessárias a serem cumpridas: (a)

os membros do grupo têm de reconhecer as características e comportamentos que os

distinguem dos restantes, (b) têm de se identificarem com esse grupo; e (c) têm de ser

reconhecidos pelos outros grupos sociais.

Um dos pressupostos da Teoria da Identidade Social é o da autoimagem positiva

que o grupo cria dos seus elementos e do seu próprio grupo; por outras palavras, os

membros procuram criar e manter uma autoimagem positiva deles e do grupo, para que,

quando vistos em sociedade, apenas tenham impressões positivas de si mesmos (Turner e

Reynolds, 2004). Ainda assim, Abrams e Hogg (1990) referem que o indivíduo não precisa

necessariamente de ter uma relação com os outros membros do grupo, apenas tem de

considerar que o seu grupo é diferente e que é melhor que todos os outros.

A Teoria da Identidade Social refere que haverá favoritismo ingroup sempre que

um membro avalia outro do mesmo grupo, conquanto essa pertença seja clara. Ou seja, um

candidato com apelido português, em igualdade de circunstâncias, será sempre melhor

avaliado por outros Portugueses do que um candidato de outra nacionalidade, uma vez que

os avaliadores se identificarão naturalmente com o primeiro, reconhecendo-o e avaliando-o

como “um dos seus” e por isso sendo melhor (Abrams e Hogg, 1990)

Em situações de avaliação, como acontece no recrutamento e na seleção, em que

existem etapas de comparação e de avaliação de indivíduos muito diferentes, é crucial

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compreender se existe favoritismo do ingroup ou se, pelo contrário, se consegue avaliar de

forma neutra e sem preconceito os candidatos diferentes, designadamente os provenientes

de minorias locais. A literatura indica que há preferência sistemática por um dos

candidatos, nomeadamente os candidatos nativos (maioria local), destacando-se

essencialmente pelo apelido do candidato (Arai e Thourise, 2009; Carlsson e Rooth, 2008).

O apelido de uma pessoa faz parte da identidade social de cada um (Erwin, 1999) e pode

estar relacionado com expectativas de inteligência, popularidade e sucesso no trabalho

(Bruning, Polinko, Zerbast e Buckingham, 2000), como também com a discriminação no

emprego.

Ao nome pode estar associado uma etnia forte ou afiliações religiosas que o

identificam a um grupo social, e que o distinguem dos restantes (Khosravi, 2012). Quanto

maior for essa identificação, mais difícil se torna uma avaliação transparente pelos

recrutadores. Tendo em conta a perspetiva dos empregadores, “um nome estrangeiro evoca

associações à nacionalidade ou religião, e não apenas à origem étnica” (Khosravi, 2012, p.

66); Snellman e Ekenammar (2005) defendem que “os grupos étnicos que são considerados

culturalmente e socialmente desviantes são classificados inferiores aos outros” (p. 90).

A evidência empírica anterior não é consistente quanto a esta questão. Por exemplo,

de acordo com Berdahl e Moore (2006) as mulheres imigrantes num país são o alvo mais

discriminado; enquanto para Sidanius e Pratto (1999) são os homens imigrantes os mais

discriminados no emprego. Outros autores (e.g. Beijl, 2000) defendem ainda que a

discriminação no emprego depende da função e dos requisitos pedidos.

Alguns exemplos provêm de estudos recentes realizados na Europa, Por exemplo,

um estudo conduzido na Alemanha por Kaas e Manger (2012) revelou que, após a análise

do CV de candidatos turcos e alemães, os candidatos turcos receberam menos chamadas

para passar à próxima fase de seleção do que os candidatos alemães, mesmo quando todas

as características no curriculum eram similares, com exceção do apelido.

Noutra investigação realizada na Noruega por Midtboen (2016), no âmbito da qual

foram analisadas 900 candidaturas a emprego com características e competências similares

quanto ao género, idade, etc., verificou-se uma preferência sistemática por um dos

candidatos. Concluiu-se que as candidaturas com nomes noruegueses tinham em média

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25% mais probabilidades de serem chamados para entrevista do que os candidatos

paquistaneses igualmente qualificados. Essa preferência deve-se sobretudo ao apelido, uma

vez que era a principal característica distintiva nas 900 candidaturas analisadas. Tendo em

conta a extensão da amostra, os resultados revelam uma clara preferência pelos candidatos

da maioria local o que corrobora as estatísticas sobre a discriminação no acesso ao mercado

de trabalho. A conclusão deste estudo vai para além do mercado de trabalho, já que, mesmo

na sociedade, os imigrantes, ou filhos de imigrantes (chamada segunda geração) são

frequentemente considerados “invisíveis”. Como se observou, os curriculums com nomes

estrangeiros são associados a candidaturas de imigrantes e por isso, preteridos

independentemente da restante informação (Midtboen, 2016).

No estudo realizado por McGinnity e Lunn (2011) na Irlanda, foram analisados 500

curriculums a uma vaga de emprego em Dublin. Existindo candidaturas de locais e de

outras nacionalidades, este é um dos poucos estudos que compara empiricamente o efeito

do prestígio relativo dessas minorias. Os resultados mostram que os candidatos com nomes

irlandeses receberam o dobro das chamadas para entrevista do que os candidatos com

nomes africanos, asiáticos e alemães, não havendo qualquer preferência entre estes grupos.

Para além de se constatar uma preferência sistemática pelos nativos (maioria local), ou seja,

favoritismo do ingroup, não se observaram diferenças associadas por exemplo ao maior

prestigio associada à proveniência europeia e alemã. Também no Reino Unido, Wykes

(2017) verificou que os candidatos com nomes ingleses são mais procurados para

entrevistas depois de se candidatarem do que os candidatos com nomes africanos e

asiáticos.

Na Suécia, Carlsson e Rooth (2008) concluíram que os candidatos nativos têm 77%

mais probabilidade de serem chamados para entrevista do que os candidatos com nomes

não nativos, quaisquer que estes sejam, o que foi corroborado por Khosravi (2012). Este

autor estudou a população de muçulmanos imigrantes e a opinião que os suecos têm dela.

Independentemente do tempo que já passaram na Suécia, e do seu nível social e

educacional, os imigrantes foram considerados “intragáveis”. Como na Suécia, os

imigrantes muçulmanos têm sido subordinados, socialmente excluídos e invisíveis, este

estudo também revelou que, após a mudança do nome (muçulmano para um nome sueco), a

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probabilidade dessas pessoas receberem uma chamada para entrevista aumentou cinquenta

por cento. Esta mudança não eliminou totalmente a discriminação, mas diminui o risco

desses indivíduos serem discriminados logo na fase de triagem curricular, apenas pelo

apelido. A mudança do nome não afetou apenas o acesso ao mercado de trabalho, como

também melhorou a integração na sociedade. Segundo Khosravi (2012), foram vários os

motivos apresentados pelos muçulmanos para solicitarem a mudança de nome: (a) o

passado e os estereótipos associados a esse apelido influenciam a forma como são tratados

na sociedade; (b) a mudança facilita a integração na sociedade; (c) a mudança aumenta a

oportunidade de ser chamado para uma entrevista, passando a fase de triagem curricular e

de discriminação pelo nome; (d) a mudança diminui a discriminação que os filhos possam

eventualmente sofrer. Neste caso, o valor acrescentado da mudança do apelido revelou-se

diretamente proporcional ao aumento dos níveis salariais que estes auferiram após a

mudança.

Do exposto conclui-se que é fundamental analisar estas disparidades, uma vez que a

maioria dos estudos já realizados revelam discriminação no acesso ao emprego para os

candidatos de minorias étnicas, o que se revela prejudicial para a empregabilidade e para a

gestão de recursos humanos. Como se desconhece a situação em Portugal, sobretudo para

as minorias não provenientes dos PALOPs e não é claro que todos os indivíduos das

minorias étnicas sejam igualmente objeto de discriminação no emprego (Derous, Nguyen e

Ryan, 2009), este estudo pretende analisar se, em igualmente de circunstâncias, os

candidatos com apelido inglês serão melhor avaliados (favoritismo do outgroup) do que os

candidatos portugueses, ou se pelo contrário serão discriminados (favoritismo do ingroup)

como a literatura sugere.

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4. Migração de Ingleses para Portugal

Portugal, conhecido como um país de emigração, principalmente até aos anos 60,

conheceu nas décadas seguintes o inverso desse movimento. A partir dos anos 80, o número

de imigrantes em Portugal aumentou significativamente e de diversas formas. Primeiro,

regressaram a Portugal imigrantes dos PALOPs, seguidos por imigrantes oriundos da União

Europeia e América, e, por último, de Europa de Leste e China (Rego, Mendes, Rebelo e

Magalhães, 2010).

A aliança de Portugal com o Reino Unido é a mais antiga da nossa história. Esta

união tornou-se mais sólida durante a I Guerra Mundial, em que Portugal lutou ao lado dos

Britânicos na Europa e em África. Estes países solidificaram as suas relações através das

suas entradas na UE e na NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que lhes

permitiu um aumento do comércio bilateral, dos investimentos estrangeiros e do turismo, e

a implementação de condições de circulação de cidadãos 1. Desta união surgem fortes

comunidades britânicas a viver, trabalhar e a estudar em Portugal, e vice-versa, aumentando

de 3.6% (2009) para 4.5% (2015) relativamente ao total de residentes em Portugal (anexo

A.1).

Se por um lado interessa compreender como o mercado de trabalho português reage

a estas minorias locais e integra os candidatos com apelidos estrangeiros; por outro, é

relevante começar por perceber como os candidatos da minoria inglesa, tradicionalmente

cosmopolita e prestigiante, são percebidos por comparação com os candidatos locais. Como

a gestão de recursos humanos lida com todos estes candidatos, uma vez que as empresas

(incluindo as nacionais) competem num mundo cada vez mais livre de fronteiras, é

fundamental compreender estas questões para melhorar não só o processo de recrutamento

e seleção, como a gestão de recursos humanos em geral.

Existe uma nova área de interesse e literatura crescente sobre a imagem dos países e

o modo como esta influencia a gestão internacional, seja através dos grandes investimentos

1 Fonte AICEP (agência para o investimento e comércio externo de Portugal, EPE) – Ficha Mercado Reino Unido

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seja através dos fluxos comerciais. A evidência atual indica que os compradores industriais

e os consumidores desenvolvem imagens estereotipadas sobre os países e/ou produtos que

afetam as suas decisões de compra (Baughn e Yaprak, 1991). Estes estereótipos são mais

frequentes quando os compradores desconhecem a verdadeira qualidade do produto e não

podem ter uma experiência direta com o país, como, por exemplo, através de viagens, e/ou

através de fontes externas de informação, internet, etc.

Por exemplo, ao analisar-se a imagem do Reino Unido que é veiculada por diversas

fontes oficiais (e.g. US News - Overall best countries ranking; Banco Mundial, 2016;

AICEP, 2017) observa-se que:

1. Foi considerado em 2017, o 3º melhor país do mundo em 80 observados,

seguido pela Suíça e o Canadá2;

2. Foi considerado a 5ª economia mundial e a 2ª da União Europeia, segundo o

Banco Mundial3.

3. Foi o 5º importador mundial de bens (2º europeu) e o 5º em serviços (3º

europeu), em 2015.

4. Foi o 2º exportador mundial de serviços (1º europeu), e o 9º de bens (4º

europeu), em 2015.

5. É o principal mercado para Portugal em termos de receitas geradas pelo turismo,

com cerca de 2,0 mil milhões de Euros em 2015 (+14,8% face ao ano anterior),

ou seja 17,5% do total.4

Não haverá dúvidas que, tendo em conta esta informação se possa concluir que o

Reino Unido é um país internacionalmente prestigiado. No entanto, as decisões mais

recentes quanto à saída do Reino Unido da União Europeia poderão estar a afetar essa

imagem, pelo menos entre os países Europeus como Portugal, o que reforça a oportunidade

deste estudo. Dada a relação histórica do Reino Unido com Portugal e a preferência que os

Portugueses revelam por este destino (de acordo com os relatório estatístico de 2016 do

Observatório da Emigração, o Reino Unido é o primeiro destino de emigração para os

2US News - overall best countries ranking3PIB 2015 (fonte Banco Mundial, Outubro 2016).4Fonte AICEP (agência para o investimento e comércio externo de Portugal, EPE)

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Portugueses), é razoável supor que possa haver preferência e não discriminação pelos

candidatos desta minoria.

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CAPITULO III - Modelo Teórico e Hipóteses

O presente estudo analisa o efeito do género, da etnia e do nível de qualificação nas

perceções de empregabilidade dos candidatos ao primeiro emprego. Mais concretamente,

este estudo analisa como um curriculum, contendo informação sobre o género, a etnia e o

nível de qualificação é avaliado em termos de: (a) competências de empregabilidade (i.e.,

relacionamento interpessoal, planeamento e organização e aprendizagem); (b) adequação à

função; (c) recetividade dos colegas, e (d) progressão na carreira. A principal questão em

investigação é a de saber:

Como é que o género, a etnia e o nível de qualificação influenciam a perceção de

empregabilidade dos candidatos ao primeiro emprego?

1. As implicações da literatura para a formulação das hipóteses

Tendo por base a literatura, esta suporta a possibilidade de se observarem três

efeitos distintos. Em primeiro lugar, um efeito de género, ou seja, a possibilidade de que os

curriculums (e os candidatos), em igualdade de circunstâncias, sejam discriminados pelo

género, associado ao nome. Em segundo lugar, um efeito de etnia, ou seja, a possibilidade

de que os curriculums (e os candidatos), em igualdade de circunstâncias, sejam

discriminados pela etnia – maioritária ou minoritária – sugerida pelo apelido. E por último,

um efeito do nível de qualificação, ou seja, a possibilidade de que os curriculums (e os

candidatos), em igualdade de circunstâncias, sejam discriminados pelo nível de qualificação

que indicam.

Efeito Género

Como anteriormente se referiu: (a) as mulheres parecem apresentar mais vantagens

que os homens nas competências de escuta, relacionamento interpessoal e comunicação

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escrita (Evers et al., 1998 e Gonçalves, 2010); (b) as mulheres são reconhecidas pela sua

maior capacidade de planeamento e organização do que os homens (Evers et al.,1998 e

Gonçalves, 2010); (c) os licenciados do sexo masculino apresentam uma maior

probabilidade de serem promovidos que as mulheres licenciadas (Evers et. al., 1998); (d)

persistem as desigualdades de género contra as mulheres, quanto ao emprego e ao

rendimento, nos países da OCDE.

Dadas estas evidências, espera-se que:

H1: Os candidatos do sexo feminino serão melhor avaliados em termos de: (a)

relacionamento interpessoal e (b) planeamento e organização, do que os candidatos do sexo

masculino, independentemente da etnia e do nível de qualificação.

H2: Os candidatos do sexo feminino serão pior avaliados em termos de progressão

na carreira, do que os candidatos do sexo masculino, independentemente da etnia e do nível

de qualificação.

Efeito Etnia

Como se referiu: (a) de acordo com a teoria da identidade social, os portugueses

serão mais recetivos a candidatos do seu grupo, ou seja, àqueles que têm um apelido

português, do que acontecerá com os candidatos de outros grupos, nomeadamente aos que

têm apelido inglês (favoritismo do ingoup); (b) evidências anteriores (Kaas e Manger,

2011; Midtboen, 2016), revelam que no acesso ao mercado de trabalho há um efeito de

favoritismo pelos candidatos do ingroup e discriminação em relação a todos os restantes;

(c) a imagem de um país condiciona a opinião que os consumidores têm dos produtos desse

país; quanto mais positiva a imagem do país, maior a confiança na qualidade do produto

(Baughn et al, 1991), o que torna possível que, no acesso ao mercado de trabalho haja

preferência pelos candidatos de etnias prestigiantes (favoritismo do outgroup). No caso do

Reino Unido, em face da longa relação histórica com Portugal e da preferência que os

Portugueses revelam por este destino e pela educação anglo-saxónica, é possível que se

verifique um efeito de favoritismo em relação aos ingleses, no acesso ao mercado de

trabalho.

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Assim, espera-se que:

H3: Os candidatos portugueses (maioria local) serão pior avaliados do que os

candidatos ingleses (minoria prestigiante) em termos de: (a) relacionamento interpessoal;

(b) planeamento e organização; e (c) aprendizagem, independentemente do género e do

nível de qualificação.

H4: Os candidatos ingleses (minoria) serão melhor avaliados do que os candidatos

portugueses (maioria local) em termos de: (a) adequação à função e (b) progressão de

carreira; mas (c) menos positivamente avaliados em recetividade por parte dos colegas,

independentemente do género e do nível de qualificação.

Efeito Nível de Qualificação

Como se evidenciou, a instituição de ensino, o desempenho académico, a formação

académica e a experiência extracurricular são as características principais para conseguir

um primeiro emprego (Hillage e Pollard, 1998). Além disso, o ensino superior permite o

desenvolvimento dos indivíduos em termos de capacidade de aprendizagem, uma vez que

promove a comunicação, e a gestão do self (Evers et al., 1998, 2010). Acresce que na

OECD (OECD, 2015) como em Portugal, a taxa de desemprego dos candidatos com ensino

superior é menor do que os candidatos sem ensino ou com ensino secundário, o que sugere

uma preferência do mercado de trabalho por este nível de qualificação.

Assim, espera-se que:

H5: Os candidatos mais qualificados (licenciados) serão melhor avaliados do que os

candidatos menos qualificados (com ensino secundário) em termos de: (a) relacionamento

interpessoal; (b) planeamento e organização; e (c) aprendizagem, independentemente do

género e da etnia.

H6: Os candidatos mais qualificados (licenciados) serão melhor avaliados que os

candidatos menos qualificados (com ensino secundário) em termos de: (a) adequação à

função e (b) progressão na carreira, independentemente do género e da etnia.

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Efeito Género x Etnia x Nível de Qualificação

De acordo com as predições anteriores, será de esperar:

H7: Os candidatos ingleses (minoria), mais qualificados (licenciados) e do sexo

masculino serão os melhor avaliados em termos de: (a) adequação à função e (b) progressão

na carreira.

2. Modelo Teórico e Hipóteses

Segue o modelo teórico e o resumo das hipóteses de investigação:

Figura 1 – Modelo teórico e hipóteses

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Perceção de empregabilidade em

termos de:

a) Adequação à Função

b) Relacionamento Interpessoal

c) Planeamento e Organização

d) Competências de Aprendizagem

e) Recetividade dos colegas

f) Progressão na Carreira

Etnia

Nível de Qualificação

GéneroH1+, H2-, H7+

H3-, H4+, H7+

H5+, H6+, H7+

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H1: Os candidatos do sexo feminino serão melhor avaliados em termos de: (a)

relacionamento interpessoal e (b) planeamento e organização, do que os candidatos do sexo

masculino, independentemente da etnia e do nível de qualificação.

H2: Os candidatos do sexo feminino serão pior avaliados em termos de progressão

na carreira, do que os candidatos do sexo masculino, independentemente da etnia e do nível

de qualificação.

H3: Os candidatos portugueses (maioria local) serão pior avaliados do que os

candidatos ingleses (minoria prestigiante) em termos de: (a) relacionamento interpessoal;

(b) planeamento e organização; e (c) aprendizagem, independentemente do género e do

nível de qualificação.

H4: Os candidatos ingleses (minoria) serão melhor avaliados do que os candidatos

portugueses (maioria local) em termos de: (a) adequação à função e (b) progressão de

carreira; mas (c) menos positivamente avaliados em recetividade por parte dos colegas,

independentemente do género e do nível de qualificação.

H5: Os candidatos mais qualificados (licenciados) serão melhor avaliados do que os

candidatos menos qualificados (com ensino secundário) em termos de: (a) relacionamento

interpessoal; (b) planeamento e organização; e (c) aprendizagem, independentemente do

género e da etnia.

H6: Os candidatos mais qualificados (licenciados) serão melhor avaliados que os

candidatos menos qualificados (com ensino secundário) em termos de: (a) adequação à

função e (b) progressão na carreira, independentemente do género e da etnia.

H7: Os candidatos ingleses (minoria), mais qualificados (licenciados) e do sexo

masculino serão os melhor avaliados em termos de: (a) adequação à função e (b) progressão

na carreira.

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CAPÍTULO IV – Metodologia

1. Método e Design

O método escolhido para o estudo foi o método quantitativo através do uso de um

design fatorial 2 x 2 x 2 e do tipo “quasi-experimental” (Cooper and Schindler, 2014).

Foram usadas como variáveis independentes, o género (masculino x feminino), a etnia

(portuguesa x inglesa) e o nível de qualificação (secundário x licenciatura). Um curriculum

foi, portanto, elaborado para cada condição experimental, com o objetivo de estudar o seu

efeito destas variáveis nas variáveis dependentes, designadamente (a) competências de

empregabilidade (i.e., relacionamento interpessoal, planeamento e organização e

aprendizagem); (b) adequação à função; (c) recetividade dos colegas, e (d) progressão na

carreira.

A tabela abaixo resume as condições experimentais e a respetiva manipulação

relativamente à etnia, nível de qualificação e género. Por exemplo, a condição A

corresponde ao curriculum fictício de um candidato inglês (minoria local), licenciado e do

sexo masculino, enquanto a condição H corresponde ao curriculum fictício de um candidato

português (maioria local), com o ensino secundário e do sexo feminino.

A função alvo ao qual concorriam todos os candidatos e constava das instruções

comuns do questionário, indicava uma função de admissão/júnior, na área de

contabilidade/gestão.

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Condição Etnia Nível de Qualificação Género

ABCDEFGH

InglêsInglêsInglêsInglêsPortuguêsPortuguêsPortuguêsPortuguês

QualificadoQualificadoNão QualificadoNão QualificadoQualificadoQualificadoNão QualificadoNão Qualificado

MasculinoFemininoMasculinoFemininoMasculinoFemininoMasculinoFeminino

Tabela 1-. Resumo condições experimentais

2. Materiais de Estímulo e Pré-Testes

Para as oito condições experimentais foi usado um curriculum fictício básico,

seguindo o modelo usado por Pinto e Ramalheira (2017). Cada curriculum contem apenas

uma página de informação. O layout do curriculum, bem como a informação sobre os

dados pessoais, objetivos profissionais, educação e formação complementar, foram

desenhados por Pinto e Ramalheira (2017) e refletem o conteúdo esperado do curriculum

(Brown & Campion, 1994; Knouse, 1994). Além disso, nenhuma foto nem experiência

profissional foram incluídas, para evitar outras possíveis avaliações de atratividade (Pegors,

Mattar, Bryan e Epstein, 2015). Em relação à data de nascimento, esta foi igual para todas

as condições, tendo em conta o nível de formação, uma vez que um licenciado termina o

curso com 21 anos. Na mesma perspetiva e em relação ao original (Pinto e Ramalheira,

2017) as primeiras letras do e-mail do CV foram alteradas, tendo em conta os nomes e

apelidos dos candidatos. Em relação às competências linguísticas, para o candidato com

apelido inglês, escolheu-se como língua materna a língua portuguesa, e foi estabelecido um

nível avançado de inglês. Foi igualmente indicado que possuía a dupla nacionalidade, para

prevenir as limitações de trabalho aplicáveis aos não-residentes permanentes. O candidato

com apelido português é nativo em português, e possui o nível avançado em espanhol.

Cada curriculum apenas difere em termos de manipulação das variáveis

independentes: género, etnia e nível de qualificação (ver anexo B). Para o CV português, o

apelido selecionado foi “Martins Antunes”, já testado anteriormente por Pinto e Ramalheira

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(2017). Mantiveram-se igualmente os nomes próprios portugueses “João” e “Joana” para

distinguir os géneros. Para o CV inglês, escolheu-se os apelidos mais comuns no Reino

Unido (FOREBEARS) “Taylor” e “Smith”, e os mesmos nomes próprios anteriores “João”

e “Joana”, dada a dupla cidadania e igualdade de informação. Consistentemente, definiu-se,

para cada condição, a nacionalidade do candidato, isto é, as condições A, B, C, D (com

apelido inglês) têm dupla nacionalidade, portuguesa e inglesa, e as condições E, F, G, H

têm apenas a nacionalidade portuguesa.

A última manipulação separa os candidatos mais qualificados (i.e. com ensino

superior) dos menos qualificados (i.e. com ensino secundário). Para o candidato mais

qualificado, definiu-se a licenciatura em gestão pela Universidade do Porto (cf. Pinto e

Ramalheira, 2017), e para o menos qualificado, um curso técnico de contabilidade,

equivalente ao 12º ano de escolaridade, pela Escola de Comércio do Porto. Ambas as

instituições de ensino e respetivos cursos foram escolhidos tendo em conta o ranking das

melhores escolas em Portugal. A média do curso não foi incluída, uma vez que há

evidencia de que esta afeta a avaliação dos candidatos (Pinto e Ramalheira, 2017). Em

relação às atividades extracurriculares, três tipos de atividades foram incluídas em todos os

currículos: participação em associações de estudantes (área financeira), voluntariado

(V.OU.) e desporto (prática de andebol).

Para testar a compreensibilidade e a qualidade destas manipulações, testaram-se os

oito currículos com 16 trabalhadores portugueses (Cooper e Schindler, 2014), antes de

inserir o inquérito online. Este teste piloto consistiu em mostrar um tipo de curriculum e

pedir uma avaliação geral do candidato. Em seguida, mostrou-se um outro curriculum e

pediu-se novamente que o curriculum fosse avaliado e que uma opinião fosse emitida. Por

último, pediu-se que fosse feita uma análise comparativa de ambos, e que fossem apontadas

as diferenças encontradas. No final, também se pediu que fosse indicada uma preferência

entre os dois currículos, assim como os motivos dessa escolha. Como se referiu, este

procedimento pretendeu a clareza do curriculum e a adequação das informações constantes

no mesmo.

Tendo em conta a informação recebida, foi feita uma única alteração ao curriculum:

a inclusão no curriculum menos qualificado da equivalência ao 12º ano de escolaridade (ou

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seja, a menção “o curso técnico de contabilidade é equivalente ao 12º ano”), uma vez que

muitos respondentes não diferenciavam o candidato mais qualificado do menos qualificado.

3. Medidas

A maioria das variáveis dependentes usadas neste estudo provêm de escalas

anteriormente traduzidas e adaptadas para Portugal, como a seguir se descreve (ver também

anexo B):

Relacionamento Interpessoal - Esta variável foi desenvolvida por Evers et al.

(1998) e usada posteriormente em Portugal por Gonçalves (2010) e Capa Pereira (2016).

Mede como os inquiridos avaliam, a partir do CV, as aptidões de relacionamento

interpessoal do candidato. Esta medida utiliza uma escala de resposta de Likert, com cinco

níveis: (1) corresponde a um nível de competência/capacidade muito baixo, (2) a um nível

de competência/capacidade baixo, (3) a um nível de competência/capacidade médio, (4) a

um nível de competência/capacidade elevado e (5) a um nível de competência/capacidade

muito elevado. Seguem alguns exemplos dos itens usados: “Este candidato é capaz de se

relacionar bem com os colegas de trabalho”, “Este candidato é capaz de se relacionar

bem com os seus superiores” e “Este candidato é capaz de se relacionar bem com os seus

subordinados”. A consistência interna (medida pelo alfa de Cronbach) foi de 0.80 no

estudo original (Evers et al, 1998), de 0.96 no estudo de Capa Pereira (2016), e de 0.88

neste estudo, o que é considerado como sendo uma boa consistência (Pestana e Gageiro,

2008).

Planeamento e Organização - Esta variável foi desenvolvida por Evers et al. (1998)

e usada posteriormente em Portugal por Gonçalves (2010) e Pinto e Ramalheira (2017).

Mede como os inquiridos avaliam o candidato em termos de gestão de tempo e

35

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organização. Esta medida utiliza a mesma escala de resposta de Likert, com cinco níveis,

anterior. Seguem alguns exemplos dos itens usados: “Este candidato é capaz de

estabelecer prioridades” e “Este candidato é capaz de gerir o tempo de forma eficiente”.

A consistência interna (alfa de Cronbach) foi de 0.83 no estudo original (Evers et al, 1998),

de 0.88 no estudo de Pinto e Ramalheira (2017), e de 0.86 neste estudo, o que é

considerado como sendo uma boa consistência (Pestana e Gageiro, 2008).

Competências de Aprendizagem - Esta variável foi desenvolvida por Evers et al.

(1998) e usada posteriormente em Portugal por Gonçalves (2010) e Pinto e Ramalheira

(2017). Mede como os inquiridos avaliam o candidato, em termos de capacidade para

aprenderem. Esta medida utilizou a mesma escala de resposta anterior. Seguem os dois

itens usados: “Este candidato é capaz de adquirir conhecimentos através de experiências

do quotidiano” e “Este candidato é capaz de se manter atualizado sobre os

desenvolvimentos na sua área profissional”. A consistência interna (alfa de Cronbach) foi

de 0.67 no estudo original (Evers et al., 1998), de 0.72 no estudo de Pinto e Ramalheira

(2017) e de 0.66 neste estudo, o que é considerado como uma consistência razoável para

uma escala de dois itens (Pestana e Gageiro, 2008).

Adequação à Função - Esta medida foi adaptada por Pinto e Ramalheira (2017) da

medida homónima usada por McElroy et al. (2014). Mede como os inquiridos avaliam o

candidato a emprego quanto à sua adequação à função a que concorrem (neste caso uma

função júnior em contabilidade/gestão). Esta medida utiliza uma escala de resposta de

Likert, com sete níveis, em que (1) = Discordo Totalmente, (2) = Discordo, (3) = Discordo

em parte, (4) = Não concordo nem discordo, (5) = Concordo em parte, (6) = Concordo e (7)

= Concordo Totalmente. Seguem alguns exemplos dos cinco itens usados: “Este candidato

é qualificado para exercer uma função na área de contabilidade/gestão”, “Este candidato

tem boas hipóteses de ser chamado para uma entrevista para uma função na área de

contabilidade/gestão” e “Este candidato reúne os requisitos para exercer uma função na

área de contabilidade/gestão”. A consistência interna (alfa de Cronbach) foi de 0.89 no

estudo original (McElroy et al., 2014) para a amostra 1 (estudantes) e de 0.97 para a

amostra 2 (trabalhadores); de 0.86 no estudo de Pinto e Ramalheira (2017) e de 0.89 neste

estudo, o que é considerado como sendo uma boa consistência (Pestana e Gageiro, 2008).

36

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Recetividade dos Colegas - Esta medida foi adaptada por Pinder e Schroeder

(1987). Mede como os inquiridos avaliam o candidato a emprego quanto à recetividade dos

colegas (neste caso uma função júnior em contabilidade/gestão). Esta medida utiliza uma

escala de resposta de Likert, com cinco níveis, em que (1) = Discordo Totalmente, (2) =

Discordo, (3) = Não concordo nem discordo, (4) = Concordo e (5) = Concordo Totalmente.

Seguem alguns exemplos dos cinco itens usados: “Os colegas de trabalho modificarão a

sua forma habitual de fazer as coisas para facilitarem o trabalho a este novo

colaborador”, “Será difícil para este novo colaborador falar com os colegas de trabalho”

e “Os colegas de trabalho estarão disponíveis para este novo colaborador quando as

coisas lhe corrrerem mal.”. A consistência interna neste estudo (alfa de Cronbach) foi de

0.52, enquanto no estudo de Pinder e Schroeder (1987) foi de 0.77. Esta medida não foi

utilizada no teste de hipóteses, uma vez que o valor é considerado inadmissível (Pestana e

Gageiro, 2008).

A tabela abaixo resume a informação sobre a consistência interna das medidas

usadas.

Alfa Cronbach

Deste Estudo Evers. (1998) Pinto e Ramalheira (2017)

Relacionamento Interpessoal 0.88 0.80 0.96

Planeamento & Organização 0.86 0.83 0.88

Competência de Aprendizagem 0.66 0.67 0.72

Adequação à Função 0.89 0.89*0.97* 0.86

Apoio dos Colegas 0.52* McElroy et al., (2014)

Tabela 2 - Descrição análise confirmatória

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Outras variáveis - No fim do inquérito, todos os respondentes foram questionados

sobre dados pessoais, tais como a sua idade, género, educação, naturalidade, etnia,

residência no estrangeiro, experiência anterior em recrutamento e seleção, de modo a

controlar possíveis efeitos nas respostas relacionados com estas caraterísticas e o grau de

semelhanças com o candidato (El Ouirdi et al., 2016). A idade foi obtida em anos. O

género foi codificado em três níveis (0 = Feminino; 1= Masculino; 2 = Prefere não

responder). A educação foi codificada em dois níveis (0 = Não tem ensino superior; 1=

Tem ensino superior). A naturalidade foi classificada em três itens (0 = Outros; 1=

Português; 2 = Inglês). A etnia foi controlada em dois aspetos (0 = Outro; 1= Branca). A

residência no estrangeiro e a experiência anterior em recrutamento e seleção foram

codificados com base no mesmo código (0 = Não; 1= Sim).

4. Procedimento de Recolha de Dados e Amostra

O inquérito, disponibilizado online através do Qualtrics foi divulgado através da

rede de contactos da autora, por mensagem privada e em algumas redes sociais,

nomeadamente, Facebook e Linkedin, Também foi enviado por e-mail para algumas

empresas, através de algumas redes de contacto profissionais. O Qualtrics é das melhores

ferramentas existentes para utilizar neste tipo de investigação, uma vez que, a cada

respondente, atribui aleatoriamente uma condição nova, usando um contador para que o

número de respostas por condição seja semelhante. Além disso, permite identificar as

repostas provenientes do mesmo IP o que facilita o controlo de qualidade dos dados. Após

consentir em participar, cada inquirido foi direcionado aleatoriamente para uma das oito

condições experimentais. O pedido de participação dirigiu-se a todos os trabalhadores

portugueses, e não apenas aos responsáveis de recrutamento e seleção, uma vez que o

tecido económico português é composto principalmente por pequenas e médias empresas

(PME´s), pelo que as decisões de recrutamento são frequentemente realizadas pelos

responsáveis das diversas áreas. Do total de respondentes a esta questão, 54.6%

confirmaram ter experiência a recrutar e selecionar candidatos.

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A amostra deste estudo é composta por 297 trabalhadores portugueses. A tabela

abaixo descreve a composição da amostra por condição experimental.

NIdade

(Média)

Género

%

E.S.*2

%

Local

%Etnia

(Branca)

Residência

Estrangeiro

(Sim)

R&S

(Sim)

*3M. F

Não

Resp

*1

A 34 34 35.3% 64.7% 0.0% 84.9% 78.1% 100% 28.1% 58.6%

B 34 34 55.9% 44.1% 0.0% 88.2% 87.9% 79.3% 27.3% 63.6%

C 33 31 45.5% 54.5% 0.0% 87.9% 93.9% 96.4% 39.4% 36.7%

D 42 31 40.5% 59.5% 0.0% 95.1% 97.4% 100% 30.0% 62.2%

E 45 35 35.6% 64.4% 0.0% 88.9% 88.4% 85.3% 23.3% 62.5%

F 38 33 47.4% 50.0% 2.6% 81.6% 97.4% 100.0% 42.1% 51.4%

G 35 31 34.3% 62.9% 2.9% 80.0% 85.7% 95.8% 31.4% 51.5%

H 36 31 44.4% 52.8% 2.8% 91.4% 87.9% 92.3% 47.1% 50.0%

Total 297 32 42.1% 56.9% 1.0% 87.3% 89.6% 93.6% 33.6% 54.6%

*1Prefere não responder; *2Percentagem de licenciados: inclui os respondentes que têm, pelo menos, o ensino

superior.*3 Percentagem de respondentes que participam em processos de recrutamento e seleção.

Tabela 3 - Composição da amostra por condição experimental

Da amostra total (297 respondentes), 56.9 % são do sexo feminino, e a idade média

é de 32 anos. Em relação à educação, em média, 87.3% dos inquiridos tinham pelo menos o

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ensino superior (licenciatura), o que indica que a amostra é altamente qualificada. Além

disso, 89.6% dos participantes são de naturalidade portuguesa e 93.6% identificam-se com

a etnia branca, exceto nas condições A, D e F (para as quais essa percentagem foi de

100%). Em relação à naturalidade, nenhum respondente tem naturalidade inglesa, e apenas

33.6% do total de respondentes residiu no estrangeiro.

Partindo da composição demográfica por condição experimental, verifica-se que a

maioria dos respondentes são do sexo feminino, embora, na condição B, se registe o

contrário. Sobre esta questão, convém ressalvar que 1% do total de respondentes prefere

não responder, principalmente nas condições F, G e H. Em termos de idade, os resultados

foram semelhantes em todas as condições. Além disso, em termos de educação, o nível de

qualificação dos respondentes é inferior à média da amostra (87.3%), nas condições A, F e

G (84.9%, 81.6% e 80.0% respetivamente).

Quando se comparam os dados da naturalidade e etnia verificam-se resultados

muito semelhantes. Na condição A, apesar da percentagem de respondentes com

naturalidade portuguesa ser inferior à média (78.1% comparado com 89.6%), estes

identificam-se a 100% com a etnia branca. Seguindo a mesma tendência, mas com

percentagens diferentes, estão as condições G e H.

Em relação à residência no estrangeiro verifica-se um maior número nas condições

C, F e H, as únicas com percentagens acima da média.

Relativamente à participação em processos de recrutamento e seleção registou-se

um maior número nas condições B, D e E coincidente com a maior percentagem de

respondentes mais qualificados.

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CAPÍTULO V – Resultados

As estatísticas descritivas para as principais variáveis para cada condição

experimental foram computadas antes de iniciar o teste de hipóteses. Para determinar se as

características da amostra descritas anteriormente se encontram uniformemente distribuídas

pelas oito condições experimentais, várias análises de variância (ANOVA unidirecional)

foram também realizadas.

1. Diferenças da amostra por condição experimental

Conforme observado, a atribuição das condições experimentais aos respondentes foi

feita aleatoriamente. Assim, para determinar as diferenças demográficas da amostra entre as

condições experimentais, foram calculadas várias análises de variância (ANOVA). Os

resultados da tabela seguinte mostram que não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas para as principais variáveis demográficas entre as condições

experimentais, com exceção da etnia, corroborando a adequação da manipulação

experimental. Este resultado suporta a manipulação experimental e confirma que os “efeitos

de confusão” (p. 147) foram dispersos para todas as condições experimentais (Sekaran,

2010), com exceção da etnia. Como se reportou anteriormente, o número de respondentes

da etnia Portuguesa é inferior na Condição A do que nas restantes.

ANOVA F Sig.Idade 1.38 0.21

Género 0.84 0.55

Educação 0.85 0.55

Naturalidade 1.63 0.13

Etnia 3.07 0.004

Residência no Estrangeiro 1.13 0.35

Experiência

Recrutamento1.08 0.38

*p < 0.05

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Tabela 4 - ANOVA – Diferenças das caraterísticas da amostra entre as condições experimentais

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2. Análises Descritivas

Segue na tabela abaixo a análise descritiva (média e desvio padrão) e correlacional para as principais variáveis deste

estudo.

Variáveis N Média

DP 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15Dados Demográficos

1. Idade 296 32,49 9,27 1,000 0,095 -0,109 -.293** -.192** 0,048 .128* 0,023 0,008 0,007 -0,046 0,012 0,076 0,060 -0,095

2. Género (1 = Masculino) 297 0,44 0,52 1,000 -0,033 0,040 0,056 0,096 -0,006 -0,107 -0,077 -0,073 -0,079 -0,021 -0,109 -0,027 -0,039

3. Educação (1 = HE) 294 0,87 0,33 1,000 -0,026 -0,044 0.204** 0,096 -0,031 -0,050 -0,056 -0,004 -0,026 -0,077 0,004 -0,045

4. Naturalidade (1 = Local) 286 0,90 0,30 1,000 .274** -.332** 0,021 -0,003 -0,017 -0,034 0,029 0,043 -0,020 0,016 0,000

5. Etnia (1 = White) 231 ,94 0,25 1,000 -0,072 0,016 0,013 0,054 0,009 -0,015 0,021 -0,077 -0,002 0,044

6. Residência Estrangeiro (1 =Yes) 288 ,33 0,47 1,000 0,062 -0,095 -.116* -.168** -0,042 -0,059 -0,054 0,010 -0,064

7. Experiência Recrutamento 271 ,55 0,50 1,000 -.121* -0,104 -.122* -0,015 -0,031 -0,079 -0,101 -0,087

Variáveis Critério

8. Relacionamento Interpessoal 297 3,5 ,59 1 .703** .676** .324** .130* .216** .290** .238**

9. Planeamento & Organização 297 3,39 ,69 1,000 .713** .446** .174** .295** .238** .307**

10. Capacidade Aprendizagem 297 3,51 ,68 1,000 .443** .188** .273** .252** .248**

11. Adequação à Função 297 5,03 1,15 1,000 .163** .262** .267** .279**

12. Apoio dos Colegas 297 3,22 ,50 1,000 .243** .225** 0,035

13. Possibilidade de Progressão 297 2,61 ,86 1,000 .160** .356**

14. Transparência do Candidato 297 3,37 ,64 1,000 .164**

15. Semelhança do Candidato 297 2,21 1,00 1,000*p < .05. **p < .01. n = 297

Tabela 5 – Análise descritiva e correlacional para as principais variáveis em estudo

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Como se observa todas as variáveis critério estão positivamente inter-

correlacionadas.

Em relação aos dados demográficos dos inquiridos, as inter-correlações mais

significativas ocorrem entre a idade, a naturalidade e a etnia. Além disso, a residência no

estrangeiro também é negativa em relação à avaliação dos candidatos, quanto ao

planeamento e organização e às competências de aprendizagem. A experiência anterior em

recrutamento e seleção também se correlaciona negativamente com a avaliação do

relacionamento interpessoal e a competência de aprendizagem dos candidatos.

3. Teste de Hipóteses

Diversas análises univariadas de covariância (ANCOVA) foram realizadas para

testar as hipóteses e detetar se existiam diferenças de médias estatisticamente significativas

entre as oito condições experimentais e para cada uma das variáveis dependentes: (a)

competências de empregabilidade (i.e., relacionamento interpessoal, planeamento e

organização e aprendizagem); (b) adequação à função; (c) recetividade dos colegas, e (d)

progressão na carreira. Usaram-se como covariantes as variáveis demográficas dos

respondentes que se correlacionaram com as variáveis deste estudo, designadamente:

residência no estrangeiro e experiência anterior em recrutamento e seleção. Em relação à

etnia dos respondentes e apesar de diferir entre condições, não foi usada como covariante

por não se correlacionar com as variáveis critério. Apresentam-se nas tabelas abaixo os

resultados dessas análises ANCOVA, organizados por variável dependente.

44

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M SD df F p Partial η2 M SD df F p Partial η2 M SD df F p Partial η2

Efeito GéneroMasculino (ACEG) 131 3,57 0,7 5 0,41 0,52 0,002 3,40 0,7 1 0,2 0,7 0,001Feminino (BDFH) 150 3,50 0,5 3,4 0,7

Efeito EtniaPORT (ABEF) 154 3,50 0,60 1 1,51 0,22 0,006 3,3 0,71 1 4,1 0 0,015 3,5 0,69 1 3,4 0,1 0,013INGL (CDGH) 143 3,57 0,57 3,5 0,66 3,6 0,65

Efeito FunçãoMais Qualificado (ACEG) 151 3,52 0,6 1 1,33 0,25 0,005 3,4 0,7 1 0 0,9 0,000 3,6 0,66 1 0,2 0,7 0,001Menos Qualificado (BDFH) 146 3,56 0,6 3,4 0,7 3,5 0,68

Efeitos entre condições NRelacionamento Interpessoal Capacidade AprendizagemPlaneamento & Organização

Tabela 6 – Resultados das ANCOVA para as competências de empregabilidade

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Possibilidade Progressão

M SD df F p Partial η2 M SD df F p Partial η2

Efeito GéneroMasculino (ACEG) 131 2,63 0,86 1 0,20 0,7 0,001Feminino (BDFH) 150 2,55 0,90

Efeito EtniaPORT (ABEF) 154 5,03 2 1 0,41 0,5 0,002 3,22 0,47 1 0,40 0,5 0,002INGL (CDGH) 143 5,11 1,1 3,24 0,55

Efeito FunçãoMais Qualificado (ACEG) 151 5,33 1,00 1 11,05 0 0,04 2,71 0,86 1 2,1 0,1 0,008Menos Qualificado (BDFH) 146 4,78 1,2 2,46 0,89

Efeitos entre condições NAdequação à Função

Tabela 7- Resultados das ANCOVA para adequação à função e possibilidade de progressão

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Efeito Género – Hipóteses 1 e 2

A Hipótese H1 previa que os candidatos do sexo feminino seriam melhor avaliados

em termos de: (a) relacionamento interpessoal e (b) planeamento e organização, do que os

candidatos do sexo masculino, independentemente da etnia e do nível de qualificação. Os

resultados da Tabela 6 não suportam essa predição. De facto, e para o modelo completo, os

valores médios para os homens até foram superiores aos das mulheres (Mfem = 3.50 versus

Mmasc = 3.57) para a variável relacionamento interpessoal) mas estas diferenças não são

estatisticamente significativas, o que não suporta da H1.

A Hipótese H2 predizia que os candidatos do sexo feminino seriam pior avaliados

em termos de progressão na carreira, do que os candidatos do sexo masculino,

independentemente da etnia e do nível de qualificação, o que também não é confirmado

pelos resultados da Tabela 7.

Efeito Etnia – Hipóteses 3 e 4

De acordo com a Hipótese H3 os candidatos portugueses (maioria local) serão pior

avaliados do que os candidatos ingleses (minoria prestigiante) em termos de: (a)

relacionamento interpessoal; (b) planeamento e organização; e (c) aprendizagem,

independentemente do género e do nível de qualificação.

Os resultados da Tabela 6 não suportam esta predição para o relacionamento

interpessoal (H3a), mas suportam as predições da hipótese H3b) e suportam,

marginalmente, a hipótese H3c). Por outras palavras, os candidatos ingleses são avaliados

de forma mais favorável do que os candidatos portugueses nas competências de

planeamento e organização e competências de aprendizagem.

De acordo com a Hipótese H4 os candidatos ingleses (minoria) serão melhor

avaliados do que os candidatos portugueses (maioria local) em termos de: (a) adequação à

função e (b) progressão de carreira; mas (c) menos positivamente avaliados em recetividade

por parte dos colegas, independentemente do género e do nível de qualificação. De acordo

com os resultados da Tabela 7, os valores médios para estas variáveis são sempre

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superiores para os candidatos ingleses, mas as diferenças entre os grupos não são

estatisticamente significativas.

Efeito Nível de Qualificação – Hipóteses 5 e 6

Quanto à Hipótese H5, predizia que os candidatos mais qualificados (licenciados)

serão melhor avaliados do que os candidatos menos qualificados (com ensino secundário)

em termos de: (a) relacionamento interpessoal; (b) planeamento e organização; e (c)

aprendizagem, independentemente do género e da etnia. Os resultados da Tabela 6 não

suportam nenhuma destas predições, pelo que a hipótese H5 não é suportada.

Quanto à Hipótese H6, segundo a qual, os candidatos mais qualificados

(licenciados) serão melhor avaliados que os candidatos menos qualificados (com ensino

secundário) em termos de: (a) adequação à função e (b) progressão na carreira,

independentemente do género e da etnia. Os resultados da Tabela 7 suportam essas

diferenças para a variável adequação à função mas não para a progressão na carreira, o que

confirma apenas a hipótese H6a).

Efeito Género x Etnia x Nível de Qualificação

Finalmente, a Hipótese H7 previa que os candidatos ingleses (minoria), mais

qualificados (licenciados) e do sexo masculino seriam os melhor avaliados em termos de:

(a) adequação à função e (b) progressão na carreira. Embora os candidatos desta condição

tenham obtido avaliações superiores às restantes e na direção do que era esperado, as

diferenças não são estatisticamente significativas, o que não suporta a H7.

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CAPÍTULO VI – Discussão, limitações e implicações

O presente estudo responde à questão de saber como o género, a etnia e o nível de

qualificação influenciam a perceção de empregabilidade dos candidatos a primeiro

emprego. Em particular, analisa como a informação contida nos CVs sobre o género, a

etnia e o nível de qualificação influencia as avaliações sobre: (a) competências de

empregabilidade (i.e., relacionamento interpessoal, planeamento e organização e

aprendizagem); (b) adequação à função; (c) recetividade dos colegas, e (d) progressão na

carreira, dos candidatos.

A tabela seguinte resume as hipóteses e os resultados obtidos.

Hipóteses Descrição Resultado

H1

Os candidatos do sexo feminino serão melhor avaliados em termos de: (a) relacionamento interpessoal e (b) planeamento e organização, do que os candidatos do sexo masculino, independentemente da etnia e do nível de qualificação.

Não Suportado

H2

Os candidatos do sexo feminino serão pior avaliados em termos de progressão na carreira, do que os candidatos do sexo masculino, independentemente da etnia e do nível de qualificação.

Não Suportado

H3

Os candidatos portugueses (maioria local) serão pior avaliados do que os candidatos ingleses (minoria prestigiante) em termos de: (a) relacionamento interpessoal; (b) planeamento e organização; e (c) aprendizagem, independentemente do género e do nível de qualificação.

SuportadoH3b) e H3c)

H4

Os candidatos ingleses (minoria) serão melhor avaliados do que os candidatos portugueses (maioria local) em termos de: (a) adequação à função e (b) progressão de carreira; mas (c) menos positivamente avaliados em recetividade por parte dos colegas, independentemente do género e do nível de qualificação.

Não Suportado

H5 Os candidatos mais qualificados (licenciados) serão melhor avaliados do que os candidatos menos qualificados (com ensino secundário) em termos de: (a) relacionamento interpessoal; (b) planeamento e organização; e (c)

Não Suportado

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Hipóteses Descrição Resultadoaprendizagem, independentemente do género e da etnia.

H6

Os candidatos mais qualificados (licenciados) serão melhor avaliados que os candidatos menos qualificados (com ensino secundário) em termos de: (a) adequação à função e (b) progressão na carreira, independentemente do género e da etnia.

Suportado H6a)

H7

Os candidatos ingleses (minoria), mais qualificados (licenciados) e do sexo masculino serão os melhor avaliados em termos de: (a) adequação à função e (b) progressão na carreira.

Não Suportado

Tabela 8 - Resumo dos resultados do teste de hipóteses

Contrariamente às predições, não foram encontradas diferenças de género para as

competências de empregabilidade e adequação à função dos candidatos ao primeiro

emprego. Apesar de contradizer os resultados reportados por Evers e Rush (1996) com

finalistas de gestão Canadianos, estes resultados corroboram pesquisas recentes que não

mostraram diferenças de género em termos de empregabilidade quando os candidatos

possuem credenciais semelhantes (Cole et al., 2007; Cole et al., 2009; Pinto e Ramalheira,

2017; Capa Pereira, 2016).

Quanto ao efeito da etnia dos candidatos, os ingleses foram melhor avaliados do que

os candidatos Portugueses com iguais credenciais, nas competências de planeamento e

organização e aprendizagem, o que é indicativo da presença de um efeito de favoritismo do

outgroup, pelo menos para estas competências de empregabilidade.

Os resultados também revelam que no acesso ao primeiro emprego e no diz respeito

à adequação à função, os candidatos com melhores credenciais (e.g. licenciados) são

melhor avaliados, independentemente do género ou e da etnia. Este resultado confirma a

importância atribuída em Portugal às qualificações de nível superior (OECD, 2015; Pinto e

Ramalheira, 2017).

Finalmente, estas descobertas fornecem uma compreensão mais ampla, mas mais

complexa, da empregabilidade das minorias prestigiadas em Portugal. Por um lado, a

literatura sugere que as minorias são maioritariamente discriminadas e desfavorecidas no

acesso ao mercado de trabalho. Por outro lado, as minorias prestigiadas, amplamente

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ignoradas nos estudos anteriores, podem ser favorecidas (como se observou para duas das

competências de empregabilidade) ou estar ao mesmo nível dos candidatos locais, sendo

avaliados da mesma forma. Por outras palavras, os adultos Portugueses que avaliaram os

currículos de candidatos Portugueses e Ingleses, de ambos os géneros e diferentes níveis de

qualificação, em igualdade de circunstâncias, não conseguiram distingui-los com base na

etnia e, quando o fizeram, consideraram que os candidatos ingleses são melhores em

planeamento, organização e aprendizagem. Embora esta apreciação não se tenha traduzido

em avaliações similares quanto à adequação à função e à progressão de carreira destes

indivíduos, é possível que conceda a estes candidatos mais oportunidades de passarem a

uma entrevista e virem a ser selecionados no futuro. Este aspeto poderá vir a ser alvo de

investigação futura.

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1. Limitações e Sugestões de Investigação

Os resultados deste estudo e as suas implicações devem ser compreendidos

considerando as suas limitações.

Em primeiro lugar, é possível que a informação inserida no CV não tenha sido

suficiente para gerar uma opinião informada. Os inquiridos foram solicitados a responder a

um inquérito tendo por base apenas o curriculum que leram. E alguns mencionaram que a

informação constante no curriculum não era suficiente para exporem uma opinião objetiva

e clara, tendo dificuldade em responder às questões, principalmente sobre as capacidades

interpessoais do candidato e a adequação à função.

Em segundo lugar, o conjunto de competências utilizadas para avaliar os candidatos

foi limitado. Poderiam ter sido utilizadas, por exemplo, o pensamento crítico, a

autoconfiança, a competência intercultural, a visão e a assunção de riscos (Cai, 2013;

Garcia-Aracil et al., 2004), porventura mais distintivas. A recetividade dos colegas

inicialmente considerada também acabou por não ser usada no teste de hipóteses porque o

nível de consistência interno foi considerado inadmissível (Pestana e Gageiro, 2008).

Futuras investigações poderão utilizar outras medidas e outras competências transversais

para melhor avaliar a perceção de empregabilidade das minorias étnicas no país.

É importante notar que este estudo fornece evidências de que as minorias étnicas

não são sempre negativamente discriminadas e, portanto, nem sempre estão sujeitas à

derrogação dos membros do outgroup. Do ponto de vista teórico, no entanto, este estudo é

menos informativo sobre as condições em que isso acontece. Poderá depender do prestígio

do país de origem das minorias, do grau de semelhança percebida entre os avaliadores e os

alvos (visto que todos os candidatos ingleses tinham um percurso escolar similar aos

portugueses e residência permanente no país), ou de outros aspetos. Estudos futuros

poderão avaliar com mais pormenor estes fatores e contribuir para o crescimento da gestão

internacional de recursos humanos.

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2. Implicações Práticas

Os resultados deste estudo têm também implicações práticas, para as entidades

empregadoras e para os recrutadores, para os candidatos ao primeiro emprego na área de

contabilidade e gestão, e para as instituições de formação.

Para as entidades empregadoras e para os recrutadores os resultados mostram uma

complexidade na compreensão deste estudo. Por um lado, as minorias são maioritariamente

discriminadas e desfavorecidas no acesso ao mercado de trabalho; por outro lado, as

minorias prestigiadas podem ser favorecidas e estar ao mesmo nível dos candidatos locais.

Embora neste estudo, as avaliações não se tenham traduzido em melhores avaliações para

as minorias locais, os resultados tendem a ir nessa direção. Assim, é crucial que as

entidades empregadoras e os recrutadores acompanhem estas investigações e as suas mais-

valias, a fim de acompanhar este novo paradigma do mercado de trabalho.

Para os candidatos ao primeiro emprego na área de contabilidade e gestão, os

resultados sugerem que não há diferenças de género para as competências de

empregabilidade e adequação à função. Ao nível da qualificação, regista-se diferenças na

adequação à função, em que os candidatos mais qualificados são melhor avaliados. O que

recomenda que os candidatos a primeiro emprego estejam cientes das mudanças no

mercado de trabalho, um mercado mais competitivo, heterogéneo e diversificado.

Por fim, para as instituições de formação, confirma-se a importância da formação

superior em contabilidade/gestão como requisito que melhora a adequação a um primeiro

emprego nesta área, embora não garanta a progressão na carreira. Isto significa que as

instituições de ensino devem desenvolver melhores estratégias para melhor preparar os seus

alunos no acesso ao mercado de trabalho. As instituições de ensino devem incentivar a

formação, atividades extracurriculares, desempenho académico dos seus alunos de forma a

aumentar as probabilidades de entrar no mercado de trabalho.

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CAPÍTULO VII – Conclusões

Este estudo teve como objetivo principal investigar como o género, a etnia e o nível

de qualificação influenciam as avaliações de adequação e empregabilidade dos jovens

candidatos a uma função de entrada no mercado de trabalho. Pretendeu corresponder a uma

lacuna encontrada na literatura que subestima o acesso ao mercado de trabalho das minorias

cosmopolitas e prestigiadas. Por outras palavras, procurou determinar se, em Portugal e em

igualdade de circunstâncias, os candidatos com apelido inglês seriam melhor avaliados

(favoritismo do outgroup) do que os candidatos portugueses ou se, pelo contrário, seriam

discriminados (favoritismo do ingroup) como a literatura sugere.

Os resultados destacam os candidatos mais qualificados (com ensino superior)

como os mais adequados para uma função de entrada no mercado de trabalho,

independentemente do género e da etnia. Os resultados indicam também que não há

diferenças de género. Surpreendentemente, os resultados também revelam que não há

diferenças entre os candidatos portugueses (maioria local) e os candidatos ingleses (minoria

prestigiada), para a maioria das variáveis critério e, quando essa diferença existe, ela é

favorável aos candidatos ingleses. Face a CVs iguais, os candidatos ingleses possuem

aptidões similares aos candidatos portugueses. Candidatos ingleses e portugueses são tidos

como igualmente adequados a uma função de entrada no mercado de trabalho e possuem

iguais probabilidades de progressão de carreira. Ainda assim, os candidatos ingleses

possuem aptidões superiores em planeamento e organização e aprendizagem.

54

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Taxa - %

Anos 1992 2016 1992 2016 1992 2016 1992 2016UE28 - União Europeia (28 Países) x 8.6 x 16.1 x 7.8 x 5.1DE - Alemanha 6.3 4.1 9.0 10.1 6.4 3.7 4.2 2.2AT - Áustria x 6.0 x 12.7 x 5.8 x 3.6BE - Bélgica 6.7 7.8 9.4 15.9 6.5 8.1 3.0 4.2BG - Bulgária x 7.6 x 22.2 x 6.7 x 3.4CY - Chipre x 13.1 x 15.6 x 14.4 x 10.9HR - Croácia x 13.1 x 17.3 x 14.6 x 7.8DK - Dinamarca 9.0 ┴ 6.2 10.1 ┴ 9.1 10.2 ┴ 5.2 3.7 ┴ 4.9SK - Eslováquia x 9.7 x 31.6 x 9.2 x 5.7SI - Eslovénia x 8.0 x 14.5 x 8.1 x 6.1ES - Espanha 17.7 19.6 18.7 28.0 19.6 19.2 11.9 11.7EE - Estónia x 6.8 x 12.7 x 7.8 x 3.9FI - Finlândia x 8.8 x 16.7 x 9.5 x 5.8FR - França 10.2 10.1 x 18.0 x 10.7 x 5.7GR - Grécia 7.9 23.6 6.1 26.4 12.5 26.2 5.5 18.0HU - Hungria x 5.1 x 13.2 x 4.8 x 1.8IE - Irlanda 15.1 7.9 21.1 13.9 11.3 9.0 6.1 4.8IT - Itália 9.3 11.7 9.2 15.7 10.7 11.1 5.2 6.8LV - Letónia x 9.6 x 20.6 x 11.3 x 4.3LT - Lituânia x 7.9 x 25.1 x 10.4 x 2.9LU - Luxemburgo 2.0 6.3 2.2 9.9 u 1.9 6.7 § 4.0MT - Malta x 4.7 x 7.6 x 3.4 x u 1.4NL - Países Baixos 5.6 6.0 x 9.8 x 6.1 x 3.5PL - Polónia x 6.2 x 14.5 x 6.9 x 3.3PT - Portugal 4.0 11.2 4.4 12.1 4.3 12.3 1.1 8.4UK - Reino Unido 9.8 4.8 12.1 8.3 9.3 5.4 4.3 2.9CZ - República Checa x 4.0 x 20.5 x 3.5 x 1.9RO - Roménia x 5.9 x 7.6 x 6.2 x 3.1SE - Suécia x 7.0 x 18.8 x 5.7 x 4.0IS - Islândia x 3.0 x 4.5 x 3.1 x 1.7NO - Noruega x 4.7 x 9.9 x 4.1 x 3.0CH - Suíça x 4.7 x 9.5 x 4.5 x 3.1

Taxa de desemprego, dos 15 aos 74 anos: total e por nível de escolaridadeFontes de Dados: Eurostat | Institutos Nacionais de Estatística - Inquérito ao EmpregoFonte: PORDATAÚltima actualização: 2017-05-03

Simbologia┴ Pro Pre Valor preliminar... x e Dado inferior a metade do módulo da unidade utilizada// f § Dado com coeficiente de variação elevado- Rv (R) Dados rectificados pela entidade responsável

N s u Valor incerto ou não confiávelAusência de valor Valor revistoValor negligenciável Valor estimado

Quebra de série Valor provisórioConfidencial Valor não disponívelNão aplicável ou zero ou zero por defeito Valor previsto

Grupos/PaísesNível de ensino

Total Sem nível de ensino ou com ensino básico (ISCED 0-2)

Do ensino secundário ao ensino pós-secundário não superior (ISCED 3-4) Ensino superior (ISCED 5-8)

AnexosAnexos A - Gráficos

Gráfico 1: Taxa de Desemprego, dos 16 aos 74 anos: total e por nível de

escolaridade

61

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Anexo B – Condições Experimentais

Condição Experimental A

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Condição Experimental B

63

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Condição Experimental C

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Condição Experimental D

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Condição Experimental E

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Condição Experimental F

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Condição Experimental G

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Condição Experimental H

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Anexo C - Medidas

Estudo Variável Tradução PortuguesaConfiabiilidade

da Escala

McElroy

et al.

(2014)

Adequação à

função

5 Itens

Q1.1 – Este candidato é qualificado para exercer

uma função júnior na área de

contabilidade/gestão.

Q1.2 – Este candidato tem boas hipóteses de ser

chamado para uma entrevista para uma função

júnior na área de contabilidade/gestão.

Q1.3 – Este candidato reúne os requisitos para

exercer uma função júnior na área de

contabilidade/gestão.

Q1.4 – Não contrataria este candidato para exercer

uma função júnior na área de contabilidade/gestão

(código inverso).

Q1.5 – Este candidato teria boas hipóteses de ser

incluído na lista final de candidatos selecionados

para uma função júnior na área de

contabilidade/gestão.

Cronbach Alfa :

0.89 for sample

1 and 0.97 for

sample 2

Evers et

al. (1998)Relacionamento

Interpessoal

Trabalha bem com outros (superiores e colegas),

mesmo que diferentes em vários aspectos de si

mesmo, compreendendo as suas necessidades,

sendo capaz de ser compreensivo(a) e de tomar a

perspectiva do outro.

Cronbach Alfa :

0.801

Planeamento e

Organização

É capaz de determinar as tarefas a realizar para

levar a cabo o cumprimento dos objectivos

(estratégicos e tácticos), possivelmente delegando

algumas dessas tarefas a outros, acompanhando os

progressos efectuados de acordo com o plano

inicial, revendo-o de modo a incluir novas

informações, e ainda, tendo em conta as

dimensões tempo, materiais e imprevistos

0.787

74

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Aprendizagem

Apresenta a capacidade de aquisição de

conhecimentos através das experiências do

quotidiano e de manter-se actualizado(a) sobre os

desenvolvimentos na sua área profissional.

0.669

Rocha et

al. (2008)

Pensamento

crítico

Demonstra ser bem informado (a), curioso (a),

flexível, justo (a) e prudente nas suas avaliações,

honesto (a) relativamente a algum viés por ele (a)

motivado sendo capaz de reconsiderar; é claro (a)

e sistemático (a) relativamente a matérias

sensíveis ou difíceis. É ainda diligente na procura

de informação relevante, focado (a) e persistente

na procura de resultados tão precisos quanto a

metodologia proposta utilizada permite

 

Pinder &

Schroede

r (1987)

Apoio dos

colegas

1) Os colegas de trabalho modificarão a sua forma

habitual de fazer as coisas para facilitarem o

trabalho a este novo colaborador

2) Será difícil para este novo colaborador falar

com os colegas de trabalho (reverse score)

3) Os colegas de trabalho estarão disponíveis para

este novo colaborador quando as coisas lhe

correrem mal no trabalho

4) Os colegas de trabalho demorarão algum tempo

a aceitar este novo colaborador (reverse score)

5) Os colegas de trabalho estarão disponíveis para

ouvir os problemas pessoais deste novo

colaborador

α = .77

Deprez-

Sims &

Morris

(2010)

Grau de

Semelhança

Qual o grau de semelhança entre si e este

candidato?

Anexo D – Inquérito realizado

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https://qtrial2017q1az1.az1.qualtrics.com/jfe/form/SV_0CHk9NysN0MEcXb

A EMPREGABILIDADE EM CONTABILIDADE/GESTÃO O presente inquérito, dirigido a trabalhadores portugueses, insere-se numa investigação sobre Empregabilidade desenvolvida pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto. O tempo de resposta às questões é de cerca de 10 minutos. É garantida a total confidencialidade sobre os dados fornecidos e os resultados obtidos serão apenas utilizados para efeito de investigação. Se desejar, poderá pedir informações e esclarecimentos adicionais através do contacto: Rita Portugal (FEP_UP) - [email protected] e/ou Patrícia Viana (FEP_UP) - [email protected].

Muito obrigado pela sua participação.

Aceita prosseguir?

Em baixo apresentamos o Curriculum Vitae de um candidato a uma função júnior na

área de Economia/Gestão, o qual solicitamos que observe e leia atenta e

cuidadosamente.

76

Sim

Não

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Competências do CandidatoResponda por favor às seguintes questões, sabendo que (1) corresponde a um nível de competência/capacidade Muito baixo, (2) a um nível de competência/capacidade Baixo, (3) a um nível de competência/capacidade Médio, (4) a um nível de competência/capacidade Elevado e (5) a um nível de competência/capacidade Muito Elevado.

Muito baixo (1)

Baixo (2) Médio (3) Elevado (4)

Muito elevado (5)

Este candidato é capaz de se relacionar bem com colegas de trabalho.Este candidato é capaz de se relacionar bem com os seus superiores.

Este candidato é capaz de se relacionar bem com os seus subordinados.Este candidato é capaz de ser compreensivo com os outros.Este candidato é capaz de compreender as necessidades dos outros.Este candidato é capaz de estabelecer prioridades.Este candidato é capaz de gerir o tempo de forma eficiente.

Este candidato é capaz de gerir/supervisionar várias tarefas em simultâneo.Este candidato é capaz de cumprir prazos.

Este candidato é capaz de adquirir conhecimentos através de experiências do quotidiano.Este candidato é capaz de se manter atualizado sobre os desenvolvimentos na sua área profissional.Este candidato demonstra estar bem informado e ser prudente nas suas avaliações.Este candidato demonstra ser honesto relativamente a algum viés por ele motivado, sendo capaz de reconsiderar as suas posições.Este candidato é claro e sistemático relativamente a matérias sensíveis ou difíceis.Este candidato é diligente na procura de informação relevante.

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Apoio dos Colegas

Tendo em conta toda a informação que leu sobre o candidato e na eventualidade do

mesmo ser selecionado para a função, como ajuíza o comportamento dos colegas de

trabalho? Para cada um dos itens, assinale a opção que melhor corresponde à sua

opinião, sabendo que (1) significa Discordo Totalmente e (5) significa Concordo

Totalmente

Discordo totalmente

(1)

Discordo (2)

Não concordo

nem discordo

(3)

Concordo (4)

Concordo totalmente

(5)

Os colegas de trabalho modificarão a sua forma habitual de fazer as coisas para facilitarem o trabalho a este novo colaborador.Será difícil para este novo colaborador falar com os colegas de trabalho.

Os colegas de trabalho estarão disponíveis para este novo colaborador quando as coisas lhe corrrerem mal.Os colegas de trabalho demorarão algum tempo a aceitar este novo colaborador.Os colegas de trabalho estarão disponíveis para ouvir os problemas pessoais deste novo colaborador.

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Adequação do Candidato à FunçãoResponda por favor às seguintes questões, sabendo que (1) = Discordo Totalmente, (2) = Discordo, (3) =Discordo em parte, (4) = Não concordo nem discordo, (5) = Concordo em parte, (6) = Concordo e (7) = Concordo Totalmente. 

Discordo totalmente

(1)

Discordo (2)

Discordo em parte

(3)

Não concordo

nem discordo

(4)

Concordo em

parte (5)

Concordo (6)

Concordo totalmente

(7)

Este candidato é qualificado para exercer uma função na área de contabilidade/gestão.Este candidato tem boas hipóteses de ser chamado para uma entrevista para uma função na área de contabilidade/gestão.Este candidato reúne os requisitos para exercer uma função na área de contabilidade/gestão.Não contrataria este candidato para exercer uma função na área de contabilidade/gestão.Este candidato teria boas hipóteses de ser incluído na lista final de candidatos selecionados para uma função na área de contabilidade/ gestão.

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Transparência do CandidatoResponda por favor às seguintes questões, sabendo que (1) = Discordo totalmente, (2) = Discordo, (3) = Não concordo nem discordo, (4) = Concordo e (5) = Concordo totalmente. 

Discordo totalmente

(1)

Discordo (2)

Não concordo

nem discordo

(3)

Concordo (4)

Concordo totalmente

(5)

A informação constante no CV deste candidato é verdadeira.

O candidato alterou deliberadamente a informação constante no CV para suscitar mais interesse.

PromotabilidadeResponda por favor à seguinte questão, sabendo que (1) = Muito baixa, (2) = Baixa, (3) = Média (4) = Elevada e (5) = Muito elevada.

Muito baixa (1)

Baixa (2) Média (3) Elevada (4)

Muito elevada

(5)Qual é a probabilidade de que, ao ser admitido, o candidato venha a ser promovido dentro de um ano?

Responda por favor à seguinte questão, sabendo que (1) = muito baixa semelhança, e

(5) = muito alta semelhança

Muito baixa

semelhança (1)

Baixa semelhança

(2)

Semelhança média (3)

Alta semelhança

(4)

Muito alta semelhança

(5)

80

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Na sua opinião, quão semelhante é este candidato consigo?

Para finalizar as suas respostas ao presente estudo, por favor preencha os

seguintes dados: 

Género:

Idade:

Qual o nível de escolaridade mais elevado que concluiu? 

81

Masculino

Feminino

Prefere não responder

Ensino Básico ou inferior

Escolaridade Obrigatória (12º ano)

Licenciatura

Mestrado

Pós-graduação

Doutoramento

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Qual a sua ocupação atual?

Se está a trabalhar neste momento ou se já esteve empregado, qual é a sua função?

Qual a dimensão da sua empresa/instituição atual ou aquela na qual trabalhou

anteriormente? 

82

Outro (por favor especifique):

Estudante

Trabalhador-estudante

Trabalhador por conta de outrem

Trabalhador por conta própria

Desempregado

Reformado/Pensionista

Micro Empresa / Instituição Nacional

Micro Empresa / Instituição Internacional

Pequena /Média Empresa / Instituição Nacional

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Qual o setor em que trabalha (ou)?

A sua empresa atual (ou a empresa anterior), emprega trabalhadores

estrangeiros?

83

Pequena /Média Empresa / Instituição Internacional

Grande Empresa / Instituição Nacional

Grande Empresa / Instituição Internacional

Não trabalho

Outro (por favor indique)

Público

Privado

Não trabalho

Outro (por favor indique)

Não

Sim

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Mencione as 3 primeiras nacionalidades.

Qual o seu local/país de nascimento?

Com qual ou quais raças/etnias se identifica?

Já residiu no estrangeiro?

84

Branco

Negro ou Afro-Europeu

Indígena Americano Outro

Hawaiano ou das ilhas do Pacífico

Asiático

Não

Sim

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Por quanto tempo? (duração aproximada, em anos)

Em que país ou países?

Tem familiares diretos (avós, pais, filhos) que tenham residido ou residam, por

mais de 1 ano, no estrangeiro?

Em que país ou países?

Já participou diretamente no processo de recrutamento e seleção de diplomados, nomeadamente na avaliação de um Curriculum Vitae?

Deseja receber uma cópia com os resultados da presente investigação? Por favor

selecione apenas uma das seguintes opções:

85

Não

Sim

Não

Sim

Não

Sim

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Se sim, por favor indique-nos o seu endereço de e-mail: 

Esta informação foi

apresentada

Segurança quanto à inclusão da

informação

Verdadeiro Falso 1 2 3 4 5 6 7

O candidato descrito no CV concorria a

uma função júnior na área de

Economia/Gestão

O candidato descrito no CV era um

homem

O candidato descrito no CV era uma

mulher

O candidato descrito no CV era

licenciado em gestão

O candidato descrito no CV tinha um

curso técnico-profissional em

contabilidade

O candidato descrito no CV tinha

nacionalidade Chinesa

O candidato descrito no CV tinha

nacionalidade Portuguesa

O candidato descrito no CV tinha

nacionalidade Inglesa

Sobre a descrição que leu no início, por favor assinale a informação que foi apresentada, usando a seguinte escala de resposta: 0 = Falso e  1 = Estou muito inseguro sobre a inclusão desta informação a 7 = Tenho a certeza sobre a inclusão desta informação.

86

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Tem alguma sugestão relativamente ao inquérito e/ou investigação que queira partilhar connosco?

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