resolucao 283 pgrss.pdf

73
Neste módulo vocŒ vai estudar 4 Os princípios bÆsicos de gerenciamento de re- síduos nos estabelecimentos de saœde. 4 A trajetória dos resíduos desde a geraçªo atØ a disposiçªo final MÓDULO 5 CONTROLE DE RES˝DUOS DE SERVI˙OS DE SAÚDE

Upload: carlosmilfont

Post on 03-Sep-2015

229 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Neste mdulo voc vai estudar

    4 Os princpios bsicos de gerenciamento de re-

    sduos nos estabelecimentos de sade.

    4 A trajetria dos resduos desde a gerao at a

    disposio final

    MDULO 5

    CONTROLE DE RESDUOS DESERVIOS DE SADE

  • CAPTULO 1 CLASSIFICAO DOS RSS

    onforme vimos nos mdulos anteriores, os resduos gerados pelos

    estabelecimentos de sade podem ser gerenciados, dentro e fora do

    estabelecimento, por meio de um conjunto de aes definidas no PGRSS,

    que compreendem:

    1. caracterizar os resduos gerados;

    2. classificar os resduos, segundo a legislao vigente;

    3. implantar um sistema de manejo interno, que compre-

    ende gerao, segregao, acondicionamento, identifi-

    cao, tratamento preliminar, coleta e transporte inter-

    nos, armazenamento temporrio e externo. Alm de

    higienizao e segurana ocupacional; e

    4. acompanhar as fases do manejo realizadas fora do

    estabelecimento de sade, como a coleta e transporte

    externo, que so geralmente realizados por outras insti-

    tuies mas que continuam sendo de responsabilidade

    do estabelecimento gerador.

    O responsvel pelo gerenciamento e aqueles que lidam com os RSS

    devem garantir a implementao e o cumprimento dos procedimentos defi-

    nidos para o PGRSS, para cada etapa do manejo dos resduos, que sero

    descritas nos Captulos 2 a 9 deste mdulo. O PGRSS deve ser estruturado

    de modo a atender s recomendaes apresentadas e s demais normas

    aplicveis a cada etapa. recomendvel providenciar treinamento para o

    pessoal dos diferentes nveis, desde que baseado nestas definies.

    C

  • 248 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Todas as atividades, entre elas os servios de sade, implicam de

    alguma forma a gerao de resduos, porm os resduos variam conforme o

    processo gerador, ou seja, para cada tipo de processo so gerados resduos

    com caractersticas especficas.

    Os resduos recolhidos das residncias e dos pequenos estabeleci-

    mentos comerciais so denominados resduos domiciliares. Geralmente, apli-

    ca-se o termo resduos domiciliares aos resduos no perigosos. Esses

    resduos, recolhidos pela coleta domiciliar, assim como os resultantes das

    demais atividades de limpeza urbana como varrio, limpeza de logradouros

    pblicos, poda e capina, conservao do sistema de drenagem urbana, so

    genericamente denominados resduos urbanos, cuja gesto de responsabi-

    lidade das prefeituras.

    Os RSS constituem uma categoria especfica dos resduos slidos devido

    a suas particularidades, especialmente em razo da presena dos resdu-

    os com risco biolgico. Observamos, no entanto, que os estabeleci-

    mentos de sade passaram por uma enorme evoluo, especialmente

    nas ltimas cinco ou seis dcadas, devido ao desenvolvimento da cin-

    cia mdica, onde a cada dia novas tecnologias so incorporadas aos mtodos

    de diagnstico e tratamento, agregando novos materiais, substncias e equi-

    pamentos. Esse processo, assim como ocorre em outros setores, reflete-se na

    composio dos resduos gerados, que tambm se tornam mais complexos e,

    em alguns casos, mais perigosos para o homem e para o meio ambiente.

    Para minimizar os riscos causados pelos RSS, fundamental estabe-lecer um PGRSS, determinado pelas Resolues n 5/93 e n 283/01 do CONAMA. O PGRSS deve contemplar aspectos desde a gera-o, segregao, identificao, acondicionamento, coleta interna,transporte interno, armazenamento, coleta externa, transporte exter-no, tratamento e disposio final, incluindo a definio do sistema dereciclagem de resduos.

    Risco BiolgicoReveja o Mdulo 1, Captulo5 para conceituao sobrerisco.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 249

    No que se refere classificao dos resduos slidos quanto aos riscos

    potenciais ao meio ambiente e sade pblica, a NBR 10004 - Resduos

    Slidos - Classificao estabelece trs classes, conforme apresentado abaixo,

    com exceo dos rejeitos radioativos, os quais so de competncia exclusiva

    da CNEN.

    4Resduos de Classe I Perigosos: resduos que em

    funo de suas propriedades fsico-qumicas e infecto-

    contagiosas, podem apresentar risco sade pblica e

    ao meio ambiente. Devem apresentar ao menos uma das

    seguintes caractersticas: inflamabilidade, corrosividade,

    reatividade, toxicidade e patogenicidade.

    4Resduos de Classe II No Inertes: aqueles que no

    se enquadram nas classificaes de resduos de classe I

    ou classe III. Apresentam propriedades tais como com-

    bustibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em gua.

    4Resduos de Classe III Inertes: Quaisquer resduos

    que submetidos a um contato esttico ou dinmico com

    gua, no tenham nenhum de seus componentes solubi-

    lizados a concentraes superiores aos padres de pota-

    bilidade de gua.

    A classificao dos RSS, estabelecida nas Resolues do CONAMA,

    com base na composio e caractersticas biolgicas, fsicas e qumicas,

    tem como finalidade propiciar o adequado gerenciamento desses resdu-

    os, no mbito interno e externo dos estabelecimentos de sade.

    Os RSS esto classificados em quatro grupos distintos:

    GRUPO A: RESDUOS COM RISCO BIOLGICO

    GRUPO B: RESDUOS COM RISCO QUMICO

    GRUPO C: REJEITOS RADIOATIVOS

    GRUPO D: RESDUOS COMUNS

    Resolues do CONAMAResolues n. 05/93 e n.283/01

  • 250 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    GRUPO A Resduos com risco biolgico: resduos que apresentam

    risco potencial sade e ao meio ambiente devido presena de agentes

    biolgicos:

    4bolsas de sangue, sangue e hemocomponentes;

    4secrees, excrees e outros fluidos orgnicos, quando

    coletados considerando somente a parte destinada anlise;

    4meios de cultura inoculados e vacinas de microorga-

    nismos vivos ou atenuados;

    4peas anatmicas, tecidos, membranas, rgos,

    placentas incluindo membros (pernas, ps, braos, mos

    e dedos) do ser humano, que no tenham mais valor

    cientfico ou legal, e/ou quando no houver requisio

    pelo paciente ou familiares;

    4produto de fecundao sem sinais vitais, com peso

    menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 cent-

    metros ou idade gestacional menor que 20 semanas, da

    mesma forma que os anteriores, que no tenham mais

    valor cientfico ou legal, e/ou quando no houver requi-

    sio pelo paciente ou familiares;

    4animais mortos de experimentao, carcaas e vsce-

    ras provenientes de estabelecimentos veterinrios, de

    universidades e de centros de controle de zoonoses e

    de outros similares ou animais suspeitos de serem porta-

    dores de doenas transmissveis, camas desses animais

    e suas forraes. Excluem-se deste item os animais er-

    rantes e os domsticos sadios, que no so considerados

    resduos de servios de sade;

    4todos os resduos provenientes de paciente em isola-

    mento, incluindo alimentos, absorventes higinicos, fral-

    das, papis sanitrios;

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 251

    4filtros de sistemas de ar condicionado de rea de iso-

    lamento; membranas filtrantes de equipamentos mdi-

    co-hospitalares e de pesquisas, entre outros similares;

    materiais perfurocortantes lminas de barbear, bistu-

    ris, agulhas, escalpes, ampolas de vidro e outros asse-

    melhados provenientes de estabelecimento de sade,

    com exceo daqueles contaminados com quimioterpi-

    cos ou radionucldeo, que devero ser classificados como

    resduo qumico ou rejeito radioativo respectivamente;

    4materiais descartveis que tenham entrado em contato

    com quaisquer fluidos orgnicos algodo, gaze, atadu-

    ra, esparadrapo, equipo de soro, equipo de transfuso,

    kits de aferese, kits de linhas arteriais endovenosas, ca-

    pilares, gesso, luvas, entre outros similares;

    4lodo de estao de tratamento de esgoto de estabele-

    cimento de sade;

    4quaisquer resduos do GRUPO D, comuns, com risco de

    estarem contaminados por agentes biolgicos (BRASIL, 2001).

    Dentro dos resduos com risco biolgico, os perfurocortantes apresen-

    tam risco adicional devido s seguintes possibilidades:

    4de atuar como reservatrios onde os patgenos sobre-

    vivem por longo tempo, devido presena de sangue;

    4de conduzir os patgenos diretamente ao fluxo san-

    guneo ao perfurar a pele;

    4valor comercial para reciclagem, sendo objetos de bus-

    ca pelos catadores de lixo;

    4alto nmero de acidentes ocupacionais.

    GRUPO B Resduos com risco qumico: resduos que apresentam

    risco potencial sade pblica e ao meio ambiente devido s suas caracte-

    rsticas prprias, tais como corrosividade, reatividade, inflamabilidade,

    toxicidade, citogenicidade e explosividade:

  • 252 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    4resduos perigosos, antimicrobianos, hormnios sint-

    ticos, quimioterpicos e materiais descartveis por eles

    contaminados;

    4medicamentos vencidos, contaminados, interditados,

    parcialmente utilizados e demais medicamentos impr-

    prios para consumo;

    4objetos perfurocortantes contaminados com quimiote-

    rpico ou outro produto qumico perigoso;

    4mercrio, outros resduos de metais pesados aml-

    gamas, lmpadas, termmetros, esfignomanmetros de

    coluna de mercrio, pilhas, baterias, entre outros;

    4saneantes e domissanitrios;

    4lquidos reveladores de filmes;

    4quaisquer resduos do GRUPO D, comuns, com ris-

    co de estarem contaminados por agente qumico

    (BRASIL, 2001).

    GRUPO C Rejeitos radioativos: considerado rejeito radioativo

    qualquer material resultante de at ividades humanas que contenha

    radionucldeos em quantidades superiores aos limites de eliminao especifi-

    cados na norma CNEN-NE-6.02 Licenciamento de instalaes radioativas.

    So enquadrados neste grupo todos os resduos dos grupos A, B e D

    contaminados com radionucldeos, tais como seringas, equipos, restos de

    frmacos administrados, compressas, vestimenta de trabalho, luvas, sapati-

    lhas, forrao de bancada, objetos perfurocortantes contaminados com

    radionucldeos, entre outros assemelhados. Devem ser obedecidos as nor-

    mas e os procedimentos adotados pela CNEN (BRASIL, 2001).

    Uma classificao especifica para os rejeitos radioativos estabelecida

    pela Resoluo Federal CNEN NE 6.05/85, de 17 de dezembro de 1985,

    por meio de duas categorias principais: resduos com emissores beta/gama

    (rejeitos lquidos, slidos e gasosos) e resduos com emissores alfa (lquidos

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 253

    e slidos), segundo o estado fsico, natureza da radiao, concentrao e

    taxa de exposio.

    Essa resoluo estabelece, ainda, os nveis de concentrao de rejeitos

    radioativos, definies e nveis de radiao, especificaes da instalao

    para o armazenamento provisrio de resduos e os anexos.

    GRUPO D Resduos comuns: so todos aqueles que no se enqua-

    dram nos grupos descritos anteriormente. Suas caractersticas so similares s

    dos resduos domsticos comuns.

    RESUMO

    Neste captulo estudamos a definio de resduos slidos e a classifi-cao dos resduos de servios de sade, que subsidiam a elaboraodo Plano de Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade (PGRSS).Essa classificao baseada no tipo de risco apresentado pelos res-duos: resduos com risco biolgico (grupo A), resduos com risco qumico(grupo B), rejeitos radioativos (grupo C) e os resduos comuns (grupoD), estes ltimos considerados no perigosos.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 10004.Resduos slidos - Classificao. So Paulo: ABNT, 1987. 10 p.

    BRASIL. Conselho Nacional de Energia Nuclear. Resoluo NE - 6.05,de 1985. Gerncia de rejeitos radioativos em instalaes radiativas.Dirio Oficial da Repblica Federativa do Brasil, Braslia, 17 dez.1985.

    BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resoluo n. 5, de 5 deagosto de 1993. Define os procedimentos mnimos para o gerenciamentode resduos slidos provenientes de servios de sade, portos eaeroportos. Estende exigncias aos terminais rodovirios e ferrovirios.Braslia. 4 p.

    BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resoluo n. 283, de12 de julho de 2001. Dispe sobre o tratamento e destinao final dosresduos de servios de sade. Braslia. 4 p.

  • 254 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    EXERCCIO PARA ELABORAO DO PLANO

    Reveja o formulrio FCE-07 (caracterizao dos as-

    pectos ambientais) que voc j preencheu anteriormen-

    te. Verifique se no deixou alguma informao penden-

    te. Em caso afirmativo, complete as afirmaes que fal-

    tam. Mesmo que no tenha deixado nenhuma pendncia,

    verifique se h necessidade de acrescentar mais infor-

    maes a partir dos novos conhecimentos que obteve.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 255

    CAPTULO 2 DA GERAO AO TRANSPORTE EXTERNO

    necessrio conhecer os resduos gerados em um estabelecimento de

    sade, atravs de uma metodologia de caracterizao. Esse processo

    inclui a avaliao qualitativa (composio) e quantitativa (quantidade

    atual e projetada) desses materiais, observando as seguintes etapas:

    4 identificao de resduos dos diferentes grupos

    (A,B,C e D);

    4 segregao, coleta e armazenamento na fonte de gera-

    o, de acordo com a classificao estabelecida;

    4 pesagem, durante sete dias consecutivos, para determi-

    nar a quantidade gerada.

    Estudos realizados no Laboratrio de Pesquisas em Resduos Slidos da

    UFSC (SOARES et al., 1997) introduziram o conceito de leito ocupado, o

    qual representa um avano em relao aos dados fornecidos por outras

    fontes bibliogrficas. O leito a unidade de referncia dos hospitais; entre-

    tanto, no tocante gerao de resduos, a representao em termos de leito

    ocupado aumenta a margem de segurana, pela melhor representatividade,

    de utilizao dos resultados obtidos.

    Os resultados de estudos realizados no Hospital Universitrio da Uni-

    versidade Federal de Santa Catarina, pelo Laboratrio de Pesquisas em Res-

    duos Slidos da UFSC (SOARES et al., 1997), indicaram valores de gerao

    de resduos da ordem de 4,57 kg de resduos/leito ocupado/dia, dos quais

    3,35 kg resduo comum por leito ocupado/dia e 1,22 kg de resduo do

    grupo A/leito ocupado/dia. Por outro lado, em termos de leitos em geral, o

    resultado pode ser igualmente apresentado com o valor de 3,47 kg de

    resduos/leito/dia.

  • 256 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Outra informao importante para a gesto dos resduos pode ser ob-

    tida pela relao da quantidade de resduos por funcionrios do estabeleci-

    mento de sade. Os resultados podem, ento, ser expressos pelos seguintes

    valores: 0,56 kg de resduo/funcionrio/dia, ou seja, 0,41 kg de resduo

    comum/funcionrio/dia e 0,15 kg de resduo contaminado/funcionrio/dia.

    Em termos de composio desses materiais, a Figura 24 apresenta os resul-

    tados de uma caracterizao destes resduos (SOARES et al., 1997).

    Figura 24 Distribuio da gerao dos resduos do HU da UFSC

    O Quadro 13 ilustra uma possvel situao de identificao dos resduos

    gerados de acordo com os locais ou modalidade de atendimento (Ministrio da

    Sade - REFORSUS, 2001). Porm, recomenda-se que cada unidade seja avalia-

    da de acordo com os procedimentos nela realizados e a sua realidade local. Em

    cada um desses locais so gerados resduos que devem ser manejados de

    acordo com o grupo a que pertencem, como veremos mais adiante.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 257

    QUADRO 13 TIPOS DE RESDUOS GERADOS EM UM ESTABELECIMENTO DE SADE PORMODALIDADE DE ATENDIMENTO/LOCAL

    FONTES GERADORAS

    Nos Hospitais

    Medicina Interna

    Centro Cirrgico

    Unidade de Terapia Intensiva

    Isolamento

    Urgncia / Emergncia

    Ambulatrio

    Autpsia

    Radiologia

    Nos Laboratrios

    Bioqumica

    Microbiologia

    Hematologia

    Coleta

    Patologia Clnica

    Medicina Nuclear

    Nos servios de apoio

    Banco de Sangue

    Farmcia

    Central de Esterilizao

    Lavanderia

    Cozinha

    Almoxarifado

    Administrao

    rea de circulao

    GRUPO Aresduos comrisco biolgico

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    GRUPO Bresduoscom riscoqumico

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    GRUPO Crejeitos radio-ativos

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    GRUPO Dresduoscomuns

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    X

    Fonte Ministrio da Sade, REFORSUS, 2001

  • 258 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Segregao e Acondicionamento

    A segregao consiste em separar e selecionar os resduos segundo a

    classificao adotada, na fonte de gerao, sendo fundamental a capacitao

    do pessoal responsvel. Os principais objetivos da segregao so:

    4 minimizar a contaminao de resduos considerados

    comuns;

    4 permitir a adoo de procedimentos especficos para

    o manejo de cada grupo de resduos;

    4 possibilitar o tratamento especfico para cada catego-

    ria de resduo.

    4 reduzir os riscos para a sade;

    4 diminuir os custos no manejo dos resduos;

    4 reciclar ou reaproveitar parte dos resduos comuns

    (grupo D).

    O acondicionamento dos RSS serve como barreira fsica, reduzindo os

    riscos de contaminao, facilitando a coleta, o armazenamento e o transpor-

    te. O acondicionamento deve observar regras e recomendaes especficas

    e ser supervisionado de forma rigorosa.

    Grupo A (resduos com risco biolgico)

    Os resduos do grupo A devem ser acondicionados em saco plstico

    branco leitoso, resistente, impermevel, de acordo com a NBR 9190 - Clas-

    sificao de Sacos Plsticos para Acondicionamento de Lixo, devidamente

    identificado com rtulo de fundo branco, desenho e contorno preto, conten-

    do o smbolo universal de substncia infectante, baseado na Norma da ABNT,

    NBR 7500 S mbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e

    Armazenamento de Materiais. Sugere-se a inscrio Risco Biolgico.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 259

    Os sacos plsticos devem ser acomodados no interior de contenedores

    (cestos de lixo) na cor branca, com tampa e pedal, devidamente identificados

    com rtulo de fundo branco, desenho e contorno preto, contendo o smbolo

    universal de substncia infectante, baseado na Norma da ABNT, NBR 7500 -

    Smbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento de

    Materiais e a inscrio Risco Biolgico.

    Algumas categorias de resduos com risco biolgico merecem cui-

    dados especiais no acondicionamento. importante manejar em separa-

    do os resduos anatmicos, que devero receber uma etiqueta com smbolo

    universal de substncia infectante e com as inscries Risco Biolgico e

    Pea Anatmica.

    Os objetos perfurocortantes contaminados com resduos com risco bio-

    lgico devem ser acondicionados em recipientes rgidos, que no devero ser

    preenchidos em mais de dois teros de seu volume. Os recipientes devem

    ser colocados em sacos plsticos brancos e etiquetados com o smbolo univer-

    sal de substncia infectante, com as inscries Risco Biolgico e

    Perfurocortante.

    Grupo B (resduos com risco qumico)

    Os resduos do grupo B devem ser acondicionados em saco plstico

    branco leitoso, resistente, impermevel, de acordo com a NBR 9.190 - Clas-

    sificao de sacos plsticos para acondicionamento de lixo, devidamente

    identificado com rtulo de fundo branco, desenho e contorno preto , con-

    tendo o smbolo universal de substncia txica, baseado na Norma da ABNT,

    NBR 7500 Smbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e

    Armazenamento de Materiais, com a inscrio Risco Qumico.

    No acondicionamento dos resduos do grupo B deve ser observada

    a compatibilidade entre suas caractersticas evitando-se, assim, reaes qu-

    micas indesejveis. Esse procedimento visa facilitar a aplicao dos trata-

    mentos especficos.

    O acondicionamento de resduos qumicos no estado lquido deve ser

    feito na embalagem original, dentro de recipiente inquebrvel e envolvido

    em saco plstico branco leitoso, etiquetado com o smbolo universal de

  • 260 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    sustncia txica e a inscrio Risco Qumico. Podem ser utilizadas garrafas

    plsticas rgidas, resistentes e estanques, com tampa rosqueada, etiquetadas

    com as informaes necessrias para identificao do produto, caso no

    possua mais a embalagem original.

    Os resduos contaminados com quimioterpicos, por sua vez, devem

    ser acondicionados em separado de outros resduos qumicos, em saco pls-

    tico branco leitoso, etiquetado com o smbolo universal de substncia txica

    e as inscries Risco Qumico e Quimioterpico.

    Para os perfurocortantes com risco qumico, utilizar-se-, alm dos

    procedimentos prprios aos riscos qumicos, os mesmos cuidados j menci-

    onados a respeito dos perfurocortantes com risco biolgico.

    Grupo C (rejeitos radioativos)

    Os rejeitos radioativos, assim como os demais, devem ser manejados e

    armazenados por pessoal capacitado, devido sua alta periculosidade. Esses

    resduos devem ser acondicionados de acordo com a norma CNEN NE 6.05 -

    Gerncia de Rejeitos Radioativos em Instalaes Radioativas, para eliminao

    da radioatividade dos resduos contaminados.

    Os rejeitos radioativos devero ser coletados em recipientes especiais

    blindados. Esses recipientes devem ser identificados com rtulos contendo

    o smbolo universal de substncia radioativa, baseado na Norma da ABNT

    7500 - Smbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Armazenamento

    de Materiais, e com a inscrio Rejeito Radioativo, contendo a inscrio

    em fundo branco, desenho e contornos pretos. exigido que a identificao

    do radioistopo e informaes sobre tempo de decaimento, entre outras,

    estejam posicionadas de modo claro e visvel.

    Existe, por outro lado, a possibilidade de um resduo possuir carac-

    tersticas de risco classificado em mais de um grupo (A, B, C). Neste

    caso, a identificao deve ser feita de forma acumulativa, ou seja,

    devem estar presentes os smbolos e inscries referentes a cada um dos

    grupos. Especialmente no caso dos perfurocortantes, destaca-se a necessi-

    dade do uso de recipientes rgidos.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 261

    Depois de transcorrido o tempo de decaimento, o smbolo e a inscri-

    o de radioatividade devem ser retirados da embalagem e substitudos

    pelo smbolo e a inscrio do grupo correspondente A, B ou D. Para os

    materiais perfurocortantes, no entanto, deve-se manter a inscrio

    Perfurocortante.

    Grupo D (resduos comuns)

    Os resduos comuns tm as mesmas caractersticas dos resduos do-

    msticos. Podem, portanto, ser acondicionados em sacos plsticos comuns,

    de qualquer cor, de acordo com a NBR 9190 Classificao de sacos plsti-

    cos para o acondicionamento de lixo.

    A reciclagem desses resduos recomendada na Resoluo n 5/93 do

    CONAMA, que afirma: na elaborao do plano de gerenciamento de resduos

    slidos, devem ser considerados princpios que conduzam reciclagem [---].

    Caso o estabelecimento recicle os resduos, estes devero ser acondi-

    cionados no local de gerao em recipientes especficos para cada tipo de

    material reciclado (papel, plstico, metal, vidro). As cores dos recipientes

    devem estar de acordo com a Resoluo n 273/01 do CONAMA que

    estabelece o seguinte cdigo de cores para identificar o tipo de resduo:

    4 Vidro cor verde;

    4 Plstico cor vermelha;

    4 Metal cor amarela;

    4 Papel cor azul;

    Os resduos orgnicos (sobras de alimentos, podas de jardinagem, etc.)

    devem ser acondicionados em recipientes na cor marrom. E podem ser

    aproveitados como adubo orgnico por meio do processo de compostagem

    de energia por meio da biodigesto. Ou, ainda, reutilizados para alimenta-

    o de animais, aps processamento de acordo com as normas sanitrias.

    Os resduos no aproveitveis devem ser acondicionados em recipi-

    entes na cor cinza, mesma cor que deve ser utilizada para os resduos do

  • 262 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    grupo D, caso o estabelecimento no realize reciclagem. Quando a Resolu-

    o n 273/01 do CONAMA entrou em vigor, em 2001, o projeto REFORSUS

    j havia sugerido a cor laranja para recipientes de acondicionamento desses

    resduos, tendo em vista que era a cor adotada para acondicionamento dos

    resduos urbanos.

    Coleta e Transporte Interno

    Coleta Interna

    As operaes de coleta interna podem ser divididas em dois nveis:

    coleta interna I e coleta interna II. A coleta interna I consiste na remoo

    dos recipientes do local de gerao dos resduos para o local de

    armazenamento temporrio (sala de resduos). Na coleta interna II os res-

    duos so transportados do local de armazenamento temporrio para o local

    de armazenamento externo. Dependendo do tamanho do estabelecimento

    de sade e da quantidade de resduos gerados (pequenos geradores), pode-

    r haver somente uma coleta interna, com a remoo dos resduos dos locais

    de gerao para o local de armazenamento externo.

    A coleta interna deve ser realizada por pessoal treinado e devidamente

    provido de EPI. A equipe deve ainda ser imunizada contra ttano,

    hepatite e outras doenas determinadas pelo Servio Especializado de

    Engenharia de Segurana e Medicina doTrabalho (SESMT). As caracte-

    rsticas do EPI devem estar de acordo com o tipo de resduo coletado e

    com o procedimento realizado.

    Na coleta deve-se observar o uso de EPI, de acordo com as normas de

    medicina e segurana do trabalho (NR6).

    No caso de ocorrer acidente durante o manejo dos resduos, como, por

    exemplo, o rompimento de um saco plstico ou derramamento, a primeira

    providncia a ser tomada a remoo imediata do material do local. Logo aps,

    deve-se realizar a limpeza com desinfeco e notificar o ocorrido chefia do setor.

    Equipamentos de Proteo Individual:uniforme, sapato fechado e meias,avental, luvas, mscara, culos egorro.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 263

    Procedimentos de Coleta Interna I

    A coleta interna I deve ser feita, no que se refere periodicidade,

    freqncia e horrio, de acordo com as necessidades das unidades gerado-

    ras. O funcionrio de cada turno de trabalho deve identificar e recolher o

    saco plstico de resduos, verificar se o recipiente no est sujo, substituin-

    do o saco plstico para o acondicionamento no turno seguinte. Alm de

    realizar a coleta, deve colocar o saco plstico no carro de coleta, segurano-

    o pela parte superior, sem arrast-lo.

    LEMBRE-SE:

    o fundamental manusear o resduo o mnimo necessrio!!!

    Os contenedores (cestos de lixo) devem ser lavados diariamente, na

    rea de higienizao, com gua e sabo, alm de outros meios de desinfec-

    o necessrios.

    Procedimentos de Coleta Interna II

    Na coleta interna II o funcionrio verifica se no h vazamento em

    algum recipiente antes de remov-lo do local de armazenamento tempor-

    rio. Em seguida, o funcionrio transporta os recipientes para o armazenamento

    externo.

    Transporte Interno

    O transporte interno dos RSS deve ser executado em rotas especficas e

    planejadas, utilizando o itinerrio de menor percurso entre as fontes geradoras.

    Deve-se evitar o rompimento dos sacos plsticos, alm de esforo excessivo e

    de acidentes. Os resduos devem ser transportados devidamente acondiciona-

    dos em seus recipientes, em carrinhos de coleta exclusivos para esse fim.

  • 264 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Para o transporte dos resduos, o estabelecimento deve possuir carros

    com rodas de borracha macia, de modo a evitar rudo, construdos com

    material resistente, rgido e que evite vazamento de lquidos. recomend-

    vel tambm que os carros tenham cantos arredondados para no causar

    acidentes, tampa articulada no prprio corpo e identificao de acordo com

    o grupo dos resduos transportados. Os carros devem ser exclusivos para o

    transporte de um determinado grupo de resduos.

    As rotas do transporte interno devem evitar horrios e locais de gran-

    de fluxo de pessoas e outros transportes ou servios do estabelecimento de

    sade, evitando riscos adicionais de acidentes.

    Armazenamento de Resduos

    O armazenamento consiste na estocagem dos resduos de forma segura

    em locais apropriados do estabelecimento. O armazenamento dos resduos

    pode ser dividido em armazenamento temporrio e armazenamento externo.

    Armazenamento Temporrio

    O objetivo do armazenamento temporrio manter os resduos em

    condies seguras at o momento mais adequado para a realizao da coleta

    interna II. recomendado que cada unidade geradora de um estabelecimen-

    to de sade tenha ao menos um local interno apropriado para armazenamento

    temporrio dos resduos. A partir dessas salas, os resduos devem ser reco-

    lhidos, em horrios estabelecidos, e levados para o local de armazenamento

    externo, onde aguardaro a coleta externa.

    Os resduos de diferentes grupos podem ficar armazenados em conjunto

    no local de armazenamento temporrio, desde que devidamente acondiciona-

    dos e identificados nos carros de transporte ou em compartimentos separados.

    O local de armazenamento temporrio facultativo para os pequenos

    geradores. Nesse caso, os resduos gerados podem ser encaminhados dire-

    tamente para o local de armazenamento externo.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 265

    O local de armazenamento temporrio deve atender s seguintes

    especificaes (adaptado de Ministrio da Sade - FUNASA, 1999 e NBR

    12809):

    4 rea no inferior a 4,00 m2;

    4 piso, paredes e teto devero ser revestidos com ma-

    terial liso, lavvel e impermevel;

    4 caimento do piso superior a 2% (0,02m/m) em dire-

    o ao lado oposto entrada, onde dever ser instalado

    ralo sifonado ligado ao sistema do esgotamento sanitrio

    do estabelecimento;

    4 ventilao, com abertura de no mnimo 1/20 da rea

    do piso e no inferior a 0,20 m2 ou ventilao mecnica

    que proporcione presso negativa;

    4 lavatrio e torneira com gua corrente para facilitar a

    limpeza aps a retirada dos resduos, ou sempre que se

    fizer necessrio;

    4 ser exclusiva para o armazenamento interno dos RSS,

    preferencialmente com separao dos resduos de acor-

    do com o grupo a que pertencem;

    4 deve ser lavada e desinfetada diariamente ou sem-

    pre que ocorrerem vazamentos;

    4 porta com dimenses suficientes para entrada com-

    pleta dos carros de coleta interna I e coleta interna II;

    4 ponto de iluminao artificial, adequado s ativida-

    des realizadas;

    4 ser de cor clara e ter na porta o smbolo de substn-

    cia infectante quando utilizada apenas para o grupo A.

  • 266 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    De acordo com as normas da ANVISA (RDC 50, de 21 de fevereiro de

    2002), admite-se a possibilidade de guarda temporria dos RSS em salas de

    utilidade (expurgo), desde que acrescidas de uma rea de, no mnimo 2m2,

    reservada para esta finalidade e que os resduos permaneam em conteineres

    ou compartimentos fechados.

    Armazenamento Externo

    O armazenamento externo consiste na guarda dos RSS em locais espe-

    cficos no prprio estabelecimento at a coleta externa. No local de

    armazenamento externo, os resduos devem estar separados de acordo com

    o grupo a que pertencem, para evitar mistura e focos de contaminao. A

    figura w apresenta um exemplo de implantao desta instalao, denomina-

    da abrigo externo.

    O local de armazenamento externo deve ter as seguintes especificaes

    (adaptado de Ministrio da Sade FUNASA, 1999 e NBR 12810):

    4 ser construdo em alvenaria, fechado e com cobertura;

    4 dotado de aberturas para ventilao com dimenses

    correspondentes a pelo menos 1/20 da rea do piso e

    no inferiores a 0,20 m2, protegidas com tela de malha

    de 2 mm, para impedir o acesso de vetores;

    4 as paredes internas, o piso e o teto devero ser

    revestidos com material liso, lavvel, resistente, imper-

    mevel, no corrosvel e de cor clara para salientar as

    sujidades;

    4 Caimento do piso superior a 2% (0,02 m/m) em dire-

    o ao lado oposto entrada, onde dever ser instalado

    ralo sifonado ligado rede de esgotamento sanitrio do

    estabelecimento;

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 267

    4 junto ao depsito dever existir um lavatrio e tor-

    neira com gua corrente para os procedimentos de higi-

    enizao do depsito, dos carrinhos de transporte e de-

    mais equipamentos utilizados. A higienizao dever ser

    feita de acordo com a rotina estabelecida no estabeleci-

    mento ou sempre que se fizer necessria, e o efluente

    resultante da lavao dever ser canalizado para a rede

    de tratamento de esgotos;

    4 proteo no vo entre a porta e o piso que impea a

    entrada de vetores (insetos e pequenos animais);

    4 iluminao suficiente nas partes interna e externa do

    depsito;

    4 dimenses do depsito suficientes para abrigar a

    gerao de resduos slidos de dois dias, se a coleta

    pblica for diria, e de trs dias, se a coleta pblica for

    feita em dias alternados;

    4 acesso restrito somente a funcionrios que estiverem

    ligados diretamente ao servio;

    4 entrada com advertncias e identificaes de acordo

    com o grupo de RSS armazenado.

    4 possuir salas individualizadas, com acessos indepen-

    dentes para cada grupo de resduos, no mnimo um para

    o grupo A e um para o grupo D.

    4 rea externa com espao suficiente para acesso e

    manobras do veculo da coleta externa.

    4 porta dotada de fechaduras, mantida trancada, po-

    dendo ser aberta apenas para deposio de resduos

    ou para retirada de recipientes de resduos nos hor-

    rios de coleta.

  • 268 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    rea de Higienizao

    A rea de higienizao, que deve estar situada prxima do local de

    armazenamento externo, destinada limpeza e desinfeco dos carros de

    coletas internas, utenslios e demais equipamentos. Como sugesto, a rea

    de higienizao deve ser dotada de:

    4 cobertura;

    4 ventilao;

    4 piso impermevel e bem drenado;

    4 um tanque tipo lavador de roupa para lavagem e

    higienizao de equipamentos;

    4 um dispositivo apropriado onde para secagem das

    luvas aps lavagem;

    4 ponto de gua com mangueira para lavagem e desin-

    feco;

    4 lavatrio para higienizao das mos;

    4 iluminao adequada s atividades realizadas;

    4 paredes impermeveis e no porosas, evitando na medida

    do possvel cantos vivos, onde possam ficar retidos resduos;

    4 depsito para os materiais de limpeza.

    Coleta e Transporte Externo

    A coleta externa dos resduos (grupos A e D) deve ser preferencial-

    mente diria, sendo admissvel sua realizao, no mnimo, trs vezes por

    semana. Evita-se, assim, o armazenamento por um tempo superior a dois

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 269

    dias, o que aumentaria o risco de contaminao ambiental, a proliferao de

    vetores e odores desagradveis. A coleta dos resduos do grupo A deve ser

    realizada com equipamento especfico e exclusivo, em separado dos de-

    mais resduos. A segregao dos RSS permite o manejo seguro dos resduos

    comuns (grupo D), possibilitando, mediante acordo com a prefeitura, a coleta

    e transporte pela mesma instituio/empresa que se ocupa do manejo dos

    resduos slidos urbanos.

    Dependendo do estabelecimento, h a necessidade de coleta espec-

    fica para os resduos do grupo B. Esse tipo de coleta deve estar de acordo

    com as caractersticas do resduo e obedecer s normas de transporte de

    produtos perigosos. O IMETRO o rgo responsvel pela fiscalizao do

    transporte de produtos perigosos.

    Normalmente, no h necessidade de se coletarem os resduos do

    grupo C, j que estes resduos so tratados no prprio estabelecimento, pois

    ento sero reclassificados como pertencentes a outro grupo. Caso seja

    necessria a coleta externa dos resduos do grupo C, deve ser realizada sob

    superviso e com a autorizao da CNEN.

    O estabelecimento, de acordo com a infra-estrutura e disponibilidade

    local, pode realizar o prprio transporte externo ou terceirizar essa ativida-

    de. Os responsveis pela coleta externa dos RSS devem considerar os se-

    guintes fatores:

    4 roteiros, freqncia e horrios;

    4 caractersticas dos meios de transporte;

    4 carga e descarga;

    4 manuteno e desinfeco de equipamentos e utenslios;

    4 medidas de segurana;

    4 capacitao do pessoal envolvido.

    4 exigncias legais tais como licenciamento, responsa-

    bilidade tcnica, etc.

  • 270 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    No transporte externo deve ser utilizado o roteiro mais curto possvel,

    evitando as vias e horrios de maior trnsito, com o propsito de reduzir os

    efeitos negativos em caso de acidentes e derramamentos.

    Os veculos utilizados para o transporte dos resduos com risco biol-

    gicos (grupo A) devem ter as seguintes caractersticas:

    4 a carroceria do veculo deve ser isolada da cabine e

    deve permanecer fechada durante todo o transporte;

    4 o interior da carroceria do veculo deve permitir a

    lavagem e ter sistema de drenagem;

    4 a carroceria do veculo deve ser estanque, no per-

    mitindo o vazamento de lquidos para o meio externo;

    4 quando for utilizada forma de carregamento manual,

    a altura de carga deve ser inferior a 1,20m, de forma a

    evitar riscos ergonmicos e de acidentes;

    4 o veculo deve estar equipado com p, rodo e sacos

    plsticos para resduos do grupo A e soluo desinfetan-

    te para o caso da ocorrncia de derramamento de

    resduos;

    4 o veculo deve ser na cor branca e estar devidamente

    identificado com rtulo de fundo branco, desenho e con-

    torno preto, contendo o smbolo universal de substncia

    infectante, baseado na Norma da ABNT NBR 7500

    Smbolos de Risco e Manuseio para o Transporte e Arma-

    zenamento de Materiais, e a inscrio Risco Biolgico.

    Outras recomendaes para a coleta dos resduos do grupo A:

    devem ser evitados sistemas de carga e descarga que favoream orompimento e o esmagamento dos sacos, como, por exemplo, o le-vantamento hidrulico e despejo diretamente no interior da carroce-ria, bem como dispositivos de acomodao e compactao. A formade operao mais indicada o transporte dos RSS nos contineresonde estavam acondicionados, reduzindo-se, assim, o risco de ruptu-ra e esmagamento dos sacos.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 271

    Ao trmino de cada dia de trabalho dever ser realizada a lavagem e

    desinfeco dos veculos e contineres, mesmo que no tenha ocorrido

    nenhum derramamento.

    A empresa que realiza a coleta e o transporte externo deve estar

    devidamente capacitada para realizar procedimentos adequados no manejo

    dos RSS. Os funcionrios da coleta externa devem utilizar os mesmos EPI

    indicados para a coleta interna II, e receber programa de treinamento, imu-

    nizao, e estar sob superviso do SESMT.

    O prestador de servio de coleta externa deve oferecer a seus funcio-

    nrios condies de higiene e segurana do trabalho, tais como:

    4 troca de roupa e higienizao ao final da jornada de

    trabalho;

    4 refeies durante o turno de trabalho;

    4 lavagem diria dos uniformes e higienizao dos EPI,

    preferencialmente em lavanderia do tipo hospitalar.

    Em caso de vazamento ou derramamento de resduos, deve-se provi-

    denciar seu imediato recolhimento, sendo novamente acondicionados os

    resduos e realizada a limpeza e desinfeco da rea atingida, utilizando-se

    para isso os equipamentos auxiliares anteriormente mencionados. Todas as

    ocorrncias devem ser registradas e comunicadas chefia da empresa de

    coleta e ao estabelecimento gerador. Entre as ocorrncias que devem ser

    comunicadas, destacamos: vazamentos, perfurocortantes e outros resduos

    inadequadamente acondicionados, presena de resduos de outros grupos,

    acidentes com perfurocortantes, rompimento de embalagens, falta de condi-

    es de limpeza no local de armazenamento externo. interessante regis-

    trar essas informaes numa ficha.

    Recomenda-se a consulta da NBR 12 810 Coleta de resduos deservios de sade.

  • 272 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    RESUMO

    Neste captulo discutimos conceitos relacionados com o gerenciamentodos RSS. Inicialmente, apresentamos os diferentes locais de geraodos resduos dentro de um estabelecimento de sade. Posteriormente,as seguintes etapas do manejo dos RSS: segregao, acondicionamen-to, coleta e transporte internos, armazenamentos temporrio e exter-no, coleta e transporte externos. Para cada etapa destacamos suascaractersticas e especificaes.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. Smbolos derisco e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais. NBR7500. Rio de Janeiro, 1987. 81 p.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. Sacos plsticospara acondicionamento de lixo - Classificao. NBR 9190. Rio de Janeiro,1993.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. Manuseio deresduos de servios de sade Procedimento. NBR 12809. Rio de Janeiro,1993.

    CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resoluo n. 5, de 5de agosto de 1993. Define os procedimentos mnimos para ogerenciamento de resduos slidos provenientes de servios de sade,portos e aeroportos. Estende exigncias aos terminais rodovirios eferrovirios. Braslia. 4 p.

    BRASIL. MINISTRIO DA SADE FUNDAO NACIONAL DASADE. Manual de saneamento. Braslia, 1999.

    BRASIL. MINISTRIO DA SADE - REFORSUS. Gerenciamento deresduos dos servios de sade. Braslia, 2001. 115 p.

    SOARES, S. R.; BORGES DE CASTILHOS, A.; MACEDO, M. C.Diagnstico da produo de resduos de servios de sade: estudo decaso: Hospital Universitrio, Florianpolis - SC. 19 Congresso deEngenharia Sanitria e Ambiental, ABES - Associao Brasileira deEngenharia Sanitria, Foz do Iguau. Anais..., 1997

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 273

    EXERCCIO PARA ELABORAO DO PLANO

    1) Levante as informaes necessrias e preencha o

    formulrio FMR-01 (Caracterizao dos Resduos Sli-

    dos) com os tipos de resduos slidos gerados por local

    (setor, especialidade, rea) do estabelecimento. Lem-

    bre-se de que, conforme j estudamos, os resduos sli-

    dos no necessariamente encontram-se no "estado .

    2) Preencha os seguintes formulrios, aps levanta-

    mento das informaes solicitadas;

    a) FMR-02 (Armazenamento temporrio);

    b) FMR-03 (Armazenamento externo);

    c) FMR-04 (Coleta interna I);

    d) FMR-05 (Coleta interna II);

    e) FMR-06 (Coleta interna procedimentos alterna-

    tivos). Estes formulrios devem ser utilizados nos casos

    em que existir uma nica coleta interna (do local de ge-

    rao para o tratamento ou disposio final).

  • CAPTULO 3 TRATAMENTO E DISPOSIO FINAL

    Resoluo CONAMA n 283/01 define um sistema de tratamen-

    to de resduos de servios de sade como o conjunto unidades,

    processos e procedimentos que alteram as caractersticas fsi-

    cas, fsico-qumicas, qumicas ou biolgicas dos resduos e conduzam

    minimizao do risco sade pblica e qualidade do meio ambiente,

    podendo ser realizado tratamento interno ou externo ao estabelecimento de

    sade.

    As estratgias de tratamento devem ser precedidas, sempre que poss-

    vel, de procedimentos de reduo na fonte dos resduos gerados, com o uso

    de tecnologias associadas preveno de poluio (tecnologias limpas),

    reduo do desperdcio de matrias-primas e modificao de processos

    existentes de forma a minimizar riscos. Alm disso, o estabelecimento de

    sade deve valorizar seus resduos, encontrando formas de aproveitamento,

    atravs da reutilizao ou reciclagem.

    Os sistemas de tratamento de resduos esto condicionados ao

    licenciamento pelo rgo ambiental e sanitrio competente e devem ser

    submetidos a monitoramento peridico de acordo com os parmetros e

    periodicidade definidos.

    Existem vrios procedimentos de tratamento dos RSS. Esses tratamen-

    tos esto associados aos diferentes grupos de resduos, conforme apresenta-

    do na Tabela 11.

    A

  • 276 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    TABELA 11 TRATAMENTOS ADEQUADOS A CADA GRUPO DE RSS

    Fonte: Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade, Ministrio da Sade REFORSUS, 2001

    No caso de resduos que possuam caracterstica que os enquadrem em

    mais de um grupo, o tratamento deve compatibilizar as exigncias de cada

    grupo. Resduos com risco biolgico contaminados com rejeitos radioativos,

    por exemplo, devero ser tratados, inicialmente, como rejeitos radioativos

    e, posteriormente (aps o tempo de decaimento), como resduos com risco

    biolgico. Resduos com risco biolgico contaminado com resduos com

    risco qumico devem ser tratados como resduos com risco qumico.

    Tratamento dos Resduos do Grupo A

    Em estabelecimentos de sade, de forma geral, o termo tratamento

    est associado aos resduos com risco biolgico (grupo A). Existe dificulda-

    de em estabelecer critrios para definir o melhor tipo de tratamento. A

    segregao pode ser encarada como parte integrante do tratamento, pois

    para cada grupo de resduos existem tratamentos especficos.

    Tratamento

    Incinerao

    Autoclave

    Tratamento Qumico

    Microondas

    Ionizao

    Decaimento

    Grupo ARisco Biolgico

    X

    X

    X

    X

    X

    Grupo BRisco Qumico

    X

    Grupo CRadioativos

    X

    Grupos dos RSS

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 277

    Todos os tratamentos de resduos do grupo A tm como objetivo a

    reduo dos agentes biolgicos. Esse processo pode atingir diferentes n-

    veis. O mais indicado para os resduos do grupo A, de uma maneira geral,

    a desinfeco. Apenas em casos especficos, indicada a esterilizao.

    Desinfeco o processo que elimina a maioria dos microorganismos

    patognicos, exceto os esporos bacterianos de superfcies inanimadas.

    Os tratamentos podem ser assim apresentados:

    a) desinfeco, que pode ser realizada pelos seguintes

    mtodos:

    4 autoclave;

    4 microondas;

    4 tratamento qumico;

    4 radiao ionizante;

    b) destruio trmica, que pode ser realizada pelos se-

    guintes mtodos:

    4 incinerao;

    4 pirlise;

    4 plasma;

    As formas de tratamento apresentadas a seguir podem ser realizadas pelo

    prprio estabelecimento ou por empresas terceirizadas. Existe ainda a opo

    de alguma forma de cooperao ou consrcio entre diversos estabelecimentos

    geradores de RSS, principalemente quando se trate de destruio trmica.

  • 278 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Autoclave

    Na autoclave a desinfeco realizada por meio da exposio dos

    resduos a vapor d'gua com temperaturas entre 105o C e 150o C, sob deter-

    minadas condies de presso, no interior de uma cmara estanque, onde

    previamente extrado todo o ar presente. Em uma autoclave os resduos

    so aquecidos basicamente de duas formas: pelo contato com o vapor aque-

    cido e pela conduo trmica. Dess0a forma, os recipientes devem permitir

    o contato dos resduos com o vapor. No se recomenda a utilizao de

    recipientes hermeticamente fechados, devendo ser destampados, com os

    devidos cuidados no manuseio. Quando os resduos estiverem acondiciona-

    dos em recipientes no resistentes s temperaturas de tratamento, devem

    ser colocados em outros recipientes, mais resistentes, para evitar sujar ou

    danificar o interior da autoclave.

    Uma vez garantida a exposio da massa de resduos ao vapor aqueci-

    do, a eficcia do tratamento por autoclave fica condicionada temperatura,

    presso e ao perodo de exposio, sendo condies habituais de funciona-

    mento, temperaturas acima de 121 oC e perodos de exposio acima de 60

    minutos (Ministrio da Sade REFORSUS, 2001). Em virtude desses dois

    fatores, deve-se prestar ateno na carga de resduos da autoclave, pois

    volumes maiores necessitam de um perodo de exposio mais prolongado.

    No caso de grandes volumes, a massa de resduos dificilmente atinge

    as temperaturas necessrias, sendo recomendvel a diviso dos resduos em

    pequenas cargas, o que pode inviabilizar o tratamento devido ao aumento

    do tempo do processo. A definio da carga ideal a ser tratada depende do

    tipo de autoclave, devendo ser utilizadas as especificaes fornecidas pelo

    fabricante e dados experimentais.

    A autoclave mais indicada para resduos de baixa densidade, nos

    quais a penetrao do vapor facilitada. Para resduos de alta densidade,

    como peas anatmicas e fetos, indicada a utilizao de outros mtodos,

    pois os tempos de exposio tornam-se muito longos, alm de continuarem

    reconhecveis aps o tratamento. Resduos citotxicos no devem ser

    autoclavados, pois no so degradados nas temperaturas de operao e os

    vapores txicos formados durante o processo acabam sendo liberados no

    ambiente pelo sistema de exausto de gases do equipamento.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 279

    Alm da manuteno peridica, com a verificao de aspectos tcni-

    cos do equipamento, devem ser utilizados indicadores qumicos e biolgi-

    cos para validao da eficcia do tratamento. Determinados indicadores qu-

    micos indicam somente se a temperatura especificada foi ou no atingida,

    no avaliando o tempo de exposio. Dessa forma, indicadores biolgicos,

    como a deteco da presena do Bacillus stearothermophilus, so mais

    confiveis.

    Depois de realizado o tratamento, os resduos so acondicionados e

    encaminhados para um sistema de disposio final de resduos licenciado

    pelo rgo ambiental. Uma vez que a autoclavagem no descaracteriza os

    resduos, no recomendvel autoclavar as peas anatmicas. Devem ser

    tomadas precaues, no entanto, quanto aos riscos com os perfurocortantes.

    Os efluentes lquidos gerados pela autoclave devem ser lanados na

    rede de esgoto sanitrio.

    O pessoal responsvel pela operao da autoclave deve estar capaci-

    tado para tal e, ao fazer uso de equipamentos de proteo, deve adotar

    prticas que evitem a exposio a riscos, como uso de equipamentos de

    proteo individual. Deve tambm realizar procedimentos que visem redu-

    zir a gerao de aerossis e tomar os devidos cuidados para evitar derrama-

    mento dos resduos durante a operao de carga e descarga da autoclave.

    O tratamento por autoclave apresenta as seguintes vantagens:

    4 facilidade de operao;

    4 baixo custo operacional, com manuteno simples e barata.

    Como desvantagens, podemos citar:

    4 gerao de odores desagradveis e aerossis;

    4 baixa ou nenhuma reduo do volume dos resduos

    tratados

    4 necessidade de aquisio de recipientes termorresis-

    tentes de alto custo;

    4 no adequado para resduos anatmicos.

  • 280 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Microondas

    Os sistemas de microondas se baseiam na ao do calor produzido

    pelos geradores de radiao eletromagntica de alta freqncia, cujo

    principal diferena em relao aos outros mtodos a melhor capacida-

    de de penetrao da radiao e melhor uniformidade da conduo da

    energia trmica.

    O sistema mais comumente encontrado para tratamentos de resduos

    por microondas constitudo por uma entrada de carga, onde os resduos

    so depositados de forma manual ou mecnica e seguem para o triturador

    que, por sua vez, desmembra os resduos at que adquiram a forma granula-

    da. Os resduos so umedecidos com vapor para umidificar e avanam para

    a cmera de desinfeco, onde esto instalados vrios emissores de radia-

    o eletromagntica de alta freqncia (na faixa dos gigahertz) para aque-

    cer a carga com temperaturas entre 95 oC e 100 oC. A radiao eletromagn-

    tica atua sobre as molculas de gua presentes nos resduos, fazendo que

    vibrem em alta velocidade, o que gera calor. A umidificao e triturao

    prvia dos resduos so formas de acelerar o processo. O tempo de exposi-

    o depende do equipamento e da composio dos resduos. Na cmera

    existe um dispositivo para revolver os resduos, garantindo que toda a mas-

    sa receba a radiao de maneira uniforme.

    Existe ainda a possibilidade de utilizao de equipamentos de menor

    porte, com funcionamento semelhante aos fornos de microondas domsti-

    cos, no local de gerao dos resduos ou outros que associam o princpio

    das microondas com outras fontes de calor, como tambm o uso da tecnologia

    de autoclavagem.

    No tratamento com sistemas de microondas freqentemente constata-

    da a descontaminao eficiente de bactrias e vrus, assim como outros

    microorganismos, com exceo das formas esporuladas, que no so destrudas.

    O processo no adequado para o tratamento de grandes

    quantidades de resduos (acima de 800 kg por dia), alm de apre-

    sentar o problema da gerao de aerossis que podem conter subs-

    tncias perigosas. De uma maneira geral, os equipamentos de tra-

    Alguns equipamentos de microon-das podem apresentar restriesquanto quantidade de metal nacarga a ser tratada.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 281

    tamento por microondas no devem receber produtos qumicos, em especial

    quimioterpicos, devido ao risco de formao de vapores txicos.

    As vantagens da desinfeco por microondas so:

    4 operao contnua;

    4 descaracterizao e reduo de volume quando utili-

    zada triturao.

    Como desvantagens citam-se:

    4 custo operacional alto em relao aos demais mtodos;

    4 capacidade de operao limitada;

    4 risco de emisso de aerossis, vapores txicos e radiao.

    Existem outros equipamentos com princpio semelhante ao microondas,

    porm com o uso de faixas de freqncia diferentes, incluindo ondas de rdio.

    Tratamento Qumico

    O tratamento qumico se baseia na ao de produtos qumicos, associ-

    ados a outros fatores (temperatura, triturao, controle de pH), e visa

    eliminao dos microorganismos.

    Certos produtos qumicos podem sofrer processo de inativao na pre-

    sena de matria orgnica e, de maneira geral, sofrem os efeitos de diluio

    em lquidos e baixo poder de penetrao em resduos slidos. A eficcia do

    tratamento depende ainda do tipo e concentrao do produto qumico utili-

    zado, alm do perodo de exposio.

    Existem basicamente duas possibilidades de tratamento qumico:

    4 tratamento qumico local; e

    4 sistemas de tratamento qumico.

  • 282 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    O tratamento qumico local destina-se desinfeco de resduos na

    gerao, no entanto tem aplicao limitada devido sua baixa eficcia e

    dificuldades operacionais, inclusive exposio dos operadores a riscos qu-

    micos e biolgicos. Esse processo, quando aplicado a perfurocortantes, s

    eficaz se todas as partes do resduo forem devidamente expostas ao produ-

    to qumico utilizado.

    Sistemas de tratamento qumico podem ser implementados, havendo

    a triturao prvia dos resduos que so carregados em um equipamento de

    forma semelhante a apresentada no tratamento por microondas. Os resduos

    granulados so submetidos a uma soluo desinfetante, onde permanecem

    por alguns minutos. Antes da descarga, a massa de resduos passa por um

    estgio de extrao dos lquidos, que so reaproveitados no processo e

    neutralizados antes do descarte. Como os sistemas utilizam compostos clorados

    no tratamento, deve-se monitorar o nvel de cloro presente nos resduos

    tratados e no ar dos ambientes prximos.

    Como vantagens, o tratamento qumico apresenta:

    4 custo operacional baixo;

    4 baixo investimento inicial para o caso do tratamento

    local;

    4 possibilidade de realizao na gerao (para o trata-

    mento local).

    Porm, o mtodo apresenta as seguintes desvantagens:

    4 ineficaz contra patognicos resistentes ao desinfe-

    tante utilizado;

    4 no h reduo de volume (a no ser que exista

    triturao); e

    4 necessidade de cuidados adicionais com os efluen-

    tes gerados.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 283

    Ionizao

    Neste processo, os resduos so submetidos ao de raios gama,

    utilizando-se uma fonte radioativa que destri os microorganismos. A ionizao

    mais utilizada na esterilizao de produtos farmacuticos e alimentos,

    sendo ainda pouco utilizada como tratamento de RSS. No h registro no

    Brasil, at hoje, de sua utilizao para este fim. Devido ao rigor tcnico

    necessrio e aos requisitos de estrutura e tecnologia para sua utilizao, a

    ionizao no tem sido empregada para o tratamento dos RSS.

    Entre as vantagens do tratamento podemos citar:

    4 alta eficincia;

    4 grande poder de penetrao da radiao.

    O tratamento por ionizao apresenta as seguintes desvantagens em

    relao aos demais mtodos apresentados:

    4 complexidade de operao para manuteno das con-

    dies de segurana;

    4 alto custo de instalao; e

    4 no fim da vida til do equipamento, a fonte de irradi-

    ao se torna rejeito radioativo de alta periculosidade,

    causando um problema quanto sua disposio final.

    Incinerao

    Existem diferentes tipos de tratamento que utilizam a combus-

    to dos resduos sob condies especficas como forma de desinfec-

    o. Sero discutidos a seguir os mtodos de incinerao e suas

    variaes, pirlise e plasma trmico.

    Reveja no Mdulo 3 a discussosobre os gases gerados no proces-so de incinerao (Item PoluentesGerados nos Processos deCombusto).

  • 284 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Incinerao um processo de oxidao a altas temperaturas, com a

    decomposio dos resduos, transformando-os em cinzas e efluentes gaso-

    sos. Normalmente, o excesso de oxignio empregado na incinerao de

    10% a 15% acima das necessidades de queima dos resduos (Monteiro et al.,

    2001). Na incinerao, ocorre grande reduo no volume e massa dos res-

    duos tratados, restando cerca de 10% do volume inicial.

    De forma geral, os incineradores para tratamento de RSS, que podem

    ser encontrados com diferentes configuraes e capacidades, so compos-

    tos de pelo menos duas cmaras de combusto (primria e secundria). Na

    primeira, os resduos so queimados em temperaturas em torno de 800 oC ,

    at a combusto completa dos resduos. Os gases gerados na primeira etapa

    permanecem na cmara de combusto secundria por um curto perodo,

    onde se combinam com o ar externo e realizada a queima completa dos

    gases, a fim de se evitar a gerao de substncias nocivas.

    Os gases da combusto secundria, devem passar por uma seqncia

    de tratamentos antes da eliminao na atmosfera (lavagem qumica, ciclones

    ou precipitadores eletrostticos, filtros, etc.).

    Sabendo-se que a eficcia no tratamento de gases depende doresfriamento, a recuperao de calor para a gerao de energiadeve ser analisada cuidadosamente.

    Na incinerao, destruda a maioria dos resduos slidos perigosos,

    incluindo os farmacuticos e os qumicos orgnicos, no sendo aplicvel

    aos rejeitos radioativos, aos recipientes pressurizados e a vidros.

    A maioria dos incineradores projetados para RSS permite tratar quase

    todos os resduos do grupo A. Alguns resduos do grupo B, especialmente

    os contaminados com quimioterpicos, podem necessitar de equipamentos

    mais sofisticados, como os incineradores industriais. Os rejeitos do grupo C

    no devem ser incinerados.

    Todo sistema de incinerao deve prever o destino adequado para as

    cinzas e escrias, assim como outros resduos provenientes do tratamento

    de resduos gasosos. As cinzas resultantes da incinerao so classificadas

    como resduos perigosos classe I devido aos altos nveis de metais pesados

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 285

    e devem ser encaminhadas, portanto, para aterro de resduos perigosos,

    classe I, ou vala sptica, no caso de serem incinerados os RSS. As valas

    spticas devem ser construdas de acordo com a Norma da ABNT, NBR

    10157 Aterros de Resduos Perigosos. O mesmo cuidado se aplica ao

    material especfico retido pelo sistema de tratamento de gases. Outros pro-

    dutos resultantes do sistema de tratamento de efluentes necessitam de trata-

    mento especfico.

    Na operao dos incineradores, utiliza-se leo ou gs natural como

    combustvel, para dar incio ao processo de combusto, at que se atinjam

    as temperaturas de operao. Posteriormente, de acordo com o poder calorfico

    dos resduos, passa a ser utilizada uma menor quantidade de combustvel,

    apenas para o controle da temperatura. Esse um dos motivos de se buscar

    a operao contnua dos incineradores, alm do resultante aumento da vida

    til do equipamento, j que as paradas contribuem para a deteriorao dos

    revestimentos refratrios.

    Os incineradores so equipamentos sujeitos a alto desgaste, sendo

    necessria a manuteno constante, o que representa uma parcela conside-

    rvel dos custos de operao, demandando a disponibilidade de servios

    qualificados de operao e manuteno.

    Devido ao alto custo de instalao e operao de um incinerador ade-

    quado ao tratamento de RSS, alm da necessidade de operao de forma

    contnua, recomenda-se a opo de incinerao centralizada. A incinerao

    centralizada pode ser realizada de trs maneiras (MINISTRIO DA SADE

    REFORSUS, 2001):

    4 uso de um incinerador para tratar os resduos de

    vrios estabelecimentos de sade;

    4 tratamento dos RSS em incineradores para resduos

    industriais perigosos;

    4 utilizao de usinas de incinerao de resduos do-

    msticos com equipamentos capazes de incinerar RSS

    de forma segura.

  • 286 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    O tratamento dos RSS atravs da incinerao apresenta as seguintes

    vantagens:

    4 alta eficincia na destruio;

    4 reduo do volume (de 80% a 95%) dos resduos tratados;

    4 especialmente vantajoso para o tratamento dos res-

    duos anatomopatolgicos, devido ao alto nvel de des-

    caracterizao dos resduos.

    Como desvantagens, a incinerao apresenta:

    4 custo operacional e de manuteno elevado, princi-

    palmente em funo do sistema de tratamento de gases;

    4 necessidade de manuteno constante;

    4 risco de contaminao do ar por dioxinas e outros

    compostos perigosos presentes nos efluentes gasosos;

    4 custo elevado do monitoramento das emisses gasosas;

    4 no indicado caso no exista volume de resduos sufi-

    ciente para utilizao do incinerador de forma contnua.

    O tratamento por incinerao no deve ser confundido com queimade resduos. A simples queima, a cu aberto ou em equipamentosprecrios, no apresenta condies adequadas para a degradaotrmica e desinfeco: temperatura, tempo de residncia, tratamen-to dos gases gerados, etc.

    Uma variante do processo de incinerao, conhecida como reator

    piroltico, baseada na decomposio trmica dos resduos de origem orgni-

    ca e posterior queima dos gases gerados, no tem apresentado bons resulta-

    dos no tratamento de RSS. Isso ocorre devido grande variao na composi-

    o desses resduos, o que dificulta a determinao dos parmetros do equi-

    pamento e sua operao.

    Um dos mtodos vistos como promissores para o tratamento de resdu-

    os perigosos, incluindo os RSS, a pirlise e vitrificao utilizando tocha de

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 287

    plasma. Esse mtodo utiliza plasma (considerado o quarto estado da mat-

    ria) que produzido atravs da criao de um arco eltrico em uma atmos-

    fera controlada, composta por gs ionizado, formando uma tocha de plasma,

    de grande potencial energtico, que direcionada para a incinerao de

    resduos. Como principal vantagem, aps o tratamento, no restam cinzas

    ou escrias, apenas um resduo vitrificado e inerte, de altssima dureza,

    semelhante a um mineral de origem vulcnica.

    As temperaturas de operao so da ordem de 1600 oC a 4000 oC, com

    a destruio dos patgenos, substncias qumicas txicas e fundio de me-

    tais e outros materiais. A reduo do volume do resduo tratado superior

    a da incinerao convencional. Por outro lado, as emisses gasosas so

    semelhantes s dos outros incineradores, exigindo os mesmos cuidados.

    Em virtude do custo extremamente elevado do equipamento e princi-

    palmente devido ao grande consumo de energia, esses equipamentos ainda

    no se tornaram economicamente viveis.

    Seleo do Tratamento para Resduos do Grupo A

    Para a seleo do tipo de tratamento mais adequado dos RSS, convm

    avaliar os seguintes fatores (MINISTRIO DA SADE REFORSUS, 2001):

    4 impacto ambiental;

    4 custos de instalao e manuteno;

    4 capacidade do equipamento;

    4 fatores de segurana.

    Quanto ao impacto ambiental, deve-se avaliar, com o uso de dados

    confiveis, alm de anlises adicionais, os impactos relacionados com a insta-

    lao e operao dos diferentes sistemas de tratamento. Vrios so os aspec-

    tos que determinam o maior ou menor impacto quando comparados dois

    sistemas de tratamento, variando de acordo com a forma de operao, tipos

    de resduos gerados, alm de fatores tcnicos da construo do equipamento.

  • 288 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    A instalao dos equipamentos apresenta as seguintes categorias de

    custos: aquisio de terrenos, obras e demais componentes da infra-estrutu-

    ra, servio da empresa responsvel pela instalao, valor do equipamento

    (incluindo sistemas de tratamento de gases e efluentes lquidos), alm dos

    custos financeiros associados ao processo de compra do equipamento. Nos

    custos de operao esto includos: salrios de operadores, treinamento,

    energia (eltrica e combustveis), servios de manuteno, peas de reposi-

    o (partes danificadas do equipamento, filtros e outros acessrios).

    O equipamento deve ter capacidade de tratamento de acordo com a

    quantidade de resduos gerados no estabelecimento, sem exceder seus limi-

    tes nem subutiliz-lo. Nesse sentido, deve-se especificar o equipamento

    com base na capacidade atual, considerando previses de aumento ou redu-

    o da gerao de resduos que necessitam tratamento. A utilizao de equi-

    pamentos com capacidade muito acima da quantidade de resduos gerados,

    alm de no ser interessante do ponto de vista econmico, inviabiliza a

    operao contnua do equipamento, o que, como j vimos, pode reduzir sua

    vida til.

    Fatores de segurana dizem respeito ao risco de ocorrncia de impac-

    tos ambientais fora das condies normais de funcionamento, por exemplo,

    na liberao de gases txicos devido falha no equipamento. Deve-se

    privilegiar equipamentos com dispositivos de segurana eficientes, o que,

    por outro lado, contribui para o aumento dos custos.

    Alm desses fatores, no planejamento de sistemas de tratamento, deve-

    se observar os requisitos legais de cada opo, incluindo avaliao de pers-

    pectivas futuras. Um equipamento hoje visto como boa opo pode ter seu

    uso inviabilizado no futuro prximo, por no atender aos parmetros mais

    restritos de uma nova da legislao.

    Qualquer sistema de tratamento de RSS dever ser devidamente licen-

    ciado pelo rgo ambiental. obrigatrio observar se ess a licena encontra-

    se dentro da validade e se est enquadrada no tipo exato do resduo tratado,

    como tambm se foram cumpridas as exigncias com relao ao

    monitoramento do processo.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 289

    Os sistemas de tratamento dos resduos do grupo A requerem instala-

    es especficas para a recepo e estocagem dos resduos, higienizao

    das instalaes e, eventualmente, dos veculos coletores. Essas instalaes

    devem seguir as mesmas recomendaes aplicveis aos abrigos de resduos

    e demais instalaes existentes no estabelecimento de sade.

    Os operadores do sistema de tratamento devem cumprir as mesmas

    normas operacionais, incluindo o uso de EPI e outros cuidados com a segu-

    rana ocupacional, j descritas nos itens que tratam da coleta interna e

    externa dos RSS.

    Tratamento dos Resduos do Grupo B

    Um estabelecimento de sade diariamente utiliza um grande nmero

    de produtos qumicos, como, por exemplo, solventes (lcool etlico), deter-

    gentes (alquilbenzeno sulfonatos), medicamentos (quimioterpicos), metais

    (mercrio), etc. Na Tabela 132 so apresentados tipos de resduos com risco

    qumico gerados em diferentes unidades de um estabelecimento de sade.

    TABELA 12 CLASSES DE SUBSTNCIAS QUMICAS RESIDUAIS EM CERTAS UNIDADES DOSESTABELECIMENTOS DE SADE

    PRODUTO QUMICO POR LOCAL DE GERAO

    COZINHA

    Detergentes

    leos

    Graxas

    LAVANDERIA

    Detergentes

    leos

    Graxas

    LIMPEZA

    Detergentes

    Desinfetantes

    Oxidantes

    LABORATRIO

    Metais

    Solues qumicas

    Reagentes qumicos

    RADIOLOGIA

    Metais

    SANITRIOS

    Desinfetantes

    Detergentes

    Medicamentos

  • 290 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Os resduos com risco qumico (grupo B) devero ser submetidos a

    tratamento e disposio final especficos, de acordo com as caractersticas

    de toxicidade, inflamabilidade, corrosividade e reatividade, segundo exi-

    gncias do rgo ambiental competente (Resoluo CONAMA n 5/93).

    O lanamento de restos de produtos qumicos junto com os efluentes

    lquidos gera poluio, provoca efeitos graves nos organismos vivos que

    compem o ecossistema e prejudica a sade das pessoas expostas a essas

    substncias. A Tabela 13 nos mostra alguns desses efeitos negativos

    provocadas por certas classes de substncias qumicas.

    TABELA 13 DANOS CAUSADOS POR RESDUOS COM RISCO QUMICO

    Fonte: Adaptado de LORA 2000

    POLUENTES

    Orgnicos biodegradveis

    Metais

    cidos e Bases

    Desinfetantes (Cl2, H2O2, Fenis)

    ons (Fe3+, Ca2+, Mg2+, Cl-, SO42-)

    Oxidantes/ Redutores

    (NH3, NOx,S2-,SO3

    2-)

    Poluentes organolpticos

    EFEITOS

    Consumo de oxignio, condies anaerbias,morte de peixes, odores.

    Morte de peixes, envenenamento de animais evegetais aquticos, acumulao na carne de peixese moluscos.

    Mudana no sistema de compensao do pH nosorganismos e no sistema abitico, com repercus-ses ecolgicas.

    Morte seletiva de microorganismos, aparecimentode sabor e odor desagradveis na gua.

    Mudanas nas caractersticas dagua:aparecimento da cor, dureza, salinidade eincrustaes.

    Alterao do balano qumico por esgotamentorpido do oxignio, aparecimento de odores ecrescimento seletivo de microorganismos.

    Espuma, slidos sedimentveis e flotantes;odores; decomposio anaerbia no leito; leos egorduras.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 291

    No Quadro 14, apresentamos os passos a serem seguidos no tratamen-

    to dos resduos com risco qumico, contemplando medidas de preveno na

    gerao de resduos com potencial poluidor, alm de atividades que contri-

    buem para a diminuio da gerao da carga poluidora.

    QUADRO 14 AES DE REDUO DOS RISCOS ASSOCIADOS AOS RESDUOS DOGRUPO B

    Diminuio na Comprade Produtos Qumicos

    Perigosos

    Busca de InformaesTcnicas sobre o Destinodos Produtos Qumicos

    Controle na Compre/Usodos Produtos Qumicos

    Reciclagem/Reuso dosProdutos Qumicos

    Substituio de produ-tos qumicos perigosos

    Substituio de equi-pamentos clssicospor eletrnicos (ex.: ter-mmetro de mercriopor termmetro eletr-nico).

    Substituir mtodos qu-micos por fiscos (ex.:vapor superaquecido)na desinfeco.

    Considerar se o vendedor/fabricante preocupadocom o meio ambiente.

    Se aceita a devoluo deprodutos no utilizadosou reciclveis.

    Informar o usurio sobrecaractersticas e manu-seio dos produtos.

    Observar validade nacompra e no decorrerda estocagem.

    Compra centralizadacom controle de fluxo edestino dos produtos.

    Reciclar a prata do ma-terial radiolgico.

    Compostar resduos dacozinha no contaminados.

    Reutilizar material de vi-dro e plstico aps de-sinfeco apropriada.

    Devolver tubos de aeros-sis ao fabricante pararecarga do contedo.Comprar pequenas

    quantidades de produ-tos instveis.

    Uso em quantidadesexatas (na limpeza).

  • 292 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Tratamento dos Resduos do Grupo C

    O tratamento dos rejeitos radioativos gerados nos estabelecimentos de

    sade com servios de medicina nuclear deve ser realizado de

    acordo com o que determina a Norma CNEN NE 6.05 Gerncia

    de rejeitos radioativos em instalaes radiativas. O nico trata-

    mento capaz de eliminar as caractersticas de periculosidade o

    armazenamento para decaimento de sua radioatividade. O tempo

    necessrio para o decaimento varia de acordo com a meia vida

    de cada elemento radioativo.

    Depois da segregao, os resduos slidos contaminados, de acordo

    com o radionucldeo e sua respectiva meia vida, devem ser acondicionados

    em recipientes blindados com chumbo e revestidos com saco plstico. No

    final dos trabalhos, os sacos plsticos devem ser fechados e rotulados. No

    rtulo devem estar contidas todas as informaes relativas aos resduos, tais

    como a procedncia, o tipo e a data de gerao. Cuidados especiais devem

    ser tomados para no misturar radionucldeos diferentes. Deve-se evitar,

    tambm, que haja contaminao de grandes quantidades de material, como

    caixas de papelo, embalagens de seringas, etc.

    Aps o acondicionamento, os rejeitos radioativos devem ser encaminha-

    dos para decaimento em depsito construdo de acordo com as especificaes

    do Plano de Radioproteo, documento exigido pelo CNEN, para o

    licenciamento das instalaes. Passado o tempo estipulado para o decaimento

    da radioatividade do rejeito (Tabela 13), deve ser feito o monitoramento para

    verificar se o nvel de radiao atingiu o limite de liberao.

    A meia vida o tempo paraque o elemento radioativoperca metade de seusradioistopos. Quanto menora meia vida, mais rapidamen-te o elemento tem suapericulosidade reduzida.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 293

    TABELA 13 TEMPO DE DECAIMENTO DOS RADIOISTOPOS MAIS COMUNS

    Fonte: Gerenciamento de Resduos de Servios de Sade (MS-REFORUS, 2001)

    Depois do decaimento, qualquer referncia radioatividade (smbolo

    e inscrio) deve ser descaracterizada, e os resduos podem ser encami-

    nhados para disposio f inal , ou tratamento, conforme seu novo

    enquadramento (grupo A, grupo B, ou grupo D).

    Tratamento dos RSS do Grupo D

    O resduo de servios de sade do grupo D (comuns) tem caractersti-

    cas similares s dos resduos domiciliares. Como no so considerados

    resduos perigosos, no so exigidos sistemas de tratamento especfi-

    co. recomendvel, no entanto, alguma forma de valorizao destes

    Caractersticas

    Istopos mais utilizadosnos estabelecimentos desade

    Outros istopos

    Istopo

    TC99

    Ga67

    I130

    I125

    Cr51

    Ti201

    Fe59

    An196

    Co57

    Ni63

    Si90

    C14

    Cs137

    Lr192

    Am241

    Meia vida

    6 horas

    3,26 dias

    8 dias

    60,20 dias

    27,80 dias

    3,08 dias

    45,60 dias

    2,69 dias

    270 dias

    92 anos

    27,70 anos

    5,73 anos

    30 anos

    5 anos

    458 anos

    Tempo de segurana

    60 horas

    32,6 dias

    80 dias

    602,0 dias

    278,0 dias

    30,8 dias

    456,0 dias

    26,9 dias

    2.700 dias

    920 anos

    277,0 anos

    57,3 anos

    300 anos

    50 anos

    4.580 anos

    Valorizar aumentar o tempode vida til de produtos oumateriais, retardando a dispo-sio final dos mesmos.

  • 294 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    resduos, prolongando o tempo de vida til dos materiais que os com-

    pem.

    A valorizao dos resduos comuns gerados no estabelecimento de-

    pende da forma de segregao para este grupo adotada no PGRSS. Para que

    se viabilize a valorizao dos resduos, fundamental que se realize a

    separao dos diferentes tipos de resduos comuns, o que deve ser feito no

    momento de gerao.

    A valorizao apresenta diversos benefcios, como reduo da polui-

    o, economia de matrias-primas e reduo de custos, alm de possibilitar

    rendimentos extras com a comercializao de materiais.

    Na elaborao do PGRSS deve ser feita pesquisa para avaliar quais

    tipos de materiais podem ser comercializados e quais podem ser aproveita-

    dos internamente. Podem ser comercializadas chapas de raios-x; restos de

    embalagens de papel , papelo e vidro; entre outros materiais . O

    reaproveitamento interno ainda mais diversificado. Por exemplo, alguns

    estabelecimentos utilizam embalagens PET de refrigerantes, que so com-

    prados em grande quantidade, para acondicionar produtos de limpeza. Essa

    simples ao traz pelo menos trs benefcios: retarda o fim da vida til da

    embalagem PET, permite reduo do consumo de embalagens plsticas do

    produto de limpeza (uma embalagem de grande capacidade tem menos

    plstico que vrias menores) e reduz o custo de aquisio desse item.

    Com a introduo de artigos descartveis, tais como luvas, seringas e

    mscaras, houve um aumento na gerao de resduos. Contribui para isso a

    sofisticao das embalagens (com envoltrios plsticos, papis, bandejas

    plsticas, alumnio, esponjas), que em muitos casos so utilizadas ao mes-

    mo tempo (como nos kits cirrgicos) e acarretam mais acmulo de resdu-

    os. Os estabelecimentos de sade incorporam essa prtica como essencial

    para a qualidade da assistncia prestada. Porm, importante repensar o

    conceito totalmente descartvel e investigar a idia da valorizao atra-

    vs de reuso seguro.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 295

    Entre as possveis formas de valorizao dos RSS do grupo D, discuti-

    remos os processos de reciclagem dos diversos resduos, inclusive a

    compostagem de matria orgnica.

    Reciclagem

    A reciclagem reduz consideravelmente o volume de resduos encami-

    nhados para tratamento ou disposio final. Por isso, a reciclagem, propor-

    cionada pela segregao e coleta seletiva dos resduos, muito importante

    no processo de gerenciamento dos RSS. Os quadros a seguir (15 a 19)

    indicam quais as principais fontes de cada tipo de material reciclvel (pa-

    pel, metal, plstico, vidro, outro).

    QUADRO 15 RECICLVEIS E NO RECICLVEIS - PAPEL

    Reciclvel

    4 Papel de jornal.

    4 Papel branco: computador,caderno, sulfite, fotocpias (nobrilhante), escritrio (sem etiquetas,janelas de plstico, selos, clipes,grampos e fitas colantes), etc.

    4 Papel colorido: revistas, etc.

    4 Papelo.

    4 Papel misturado: no sujo.

    No Reciclvel

    4 Papel brilhante / espelhado:parafinado, aluminizado, laminado, betumado(carbono), vegetal, papel de fax (brilhante),papel de fotocpia (brilhante), papel defotografia, papel de bala.

    4 Fita crepe.

    4 Papel com cola.

    4Papel sujo: papel higinico, guardanapo;fraldas descartveis, toco de cigarro; papelsujo e/ou contaminado em geral.

    PAPEL

  • 296 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    QUADRO 16 RECICLVEIS E NO RECICLVEIS - METAL

    QUADRO 17 RECICLVEIS E NO RECICLVEIS - PLSTICO

    Reciclvel

    Ao leve (latas):

    4 Latas de folhas-de-flandres (estanhada). Ex.: extrato detomate, salsicha, sardinha, leite em p, compota, etc.

    4 Latas de folha cromada. Ex.: tampa de lata de tinta.

    4 Latas de folhas no revestidas. Ex.: lata de leo comestvel.

    Ao pesado (barras):

    4 Sucata de ferro.

    4 Sucata de cobre.

    4 Sucata de metais no ferrosos (no atrados por im).

    4 Sucata de alumnio: lata, panela, etc.

    Miudezas:

    4 Arame.

    4 Prego.

    4 Tampinhas.

    4 Tubo de pasta de dente.

    No Reciclvel

    4 Esponja de ao.4 Filtros de ar deveculos.

    METAL

    Reciclvel

    4 PVC: canos e tubos de conexes de gua, equipa-mento mdico-cirrgico, embalagens de vinagre, etc.

    4 PET: garrafas de refrigerantes (verde e transparen-te), garrafas de gua mineral, leo vegetal, etc.

    4 PEAD: sacos de leite, embalagens de suco, lcool,gua mineral, gua sanitria, detergente, leo, xampus,leo lubrificante, brinquedos, engradados de bebidas,baldes, bombonas, frascos de produtos de limpeza.

    4 PEBD: sacos de arroz, acar, feijo; sacolas desupermercado; sacos de adubo; sacos de leite;embalagem de biscoitos, etc.

    4 PP: embalagem de iogurte, embalagem de deter-gente, embalagem para massas e biscoitos, potes demargarina, sacos de rfia, etc.

    No Reciclvel

    4 Cabos de panela.4 Tomadas de eletricidade.4 Baquelite (usado em algunsequipamentos eltricos).4 Poliuretanos e poliaceta-dos de etileno vinil, usados,por exemplo, em solados decalados.

    PLSTICO

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 297

    QUADRO 18 RECICLVEIS E NO RECICLVEIS - VIDRO

    QUADRO 19 OUTROS MATERIAIS NO RECICLVEIS

    O sistema de segregao de resduos para fins de reciclagem o que

    vai determinar quais materiais podero ser reciclados. A forma de segrega-

    o dos resduos, suas condies de estocagem bem o encaminhamento

    dado aos resduos reciclveis devem estar contidos no PGRSS.

    Reciclvel

    4 Garrafas e copos (cacos):marrom, verde e incolor.

    4 Frascos: remdios, produtos delimpeza.

    4 Potes: molhos, condimentos ealimentos.

    No Reciclvel

    4 Vidros planos (janela).4 Vidro tipo pirex.4 Cristal.4 Lmpadas.4 Objetos ornamentais.4 Espelhos.4 Formas, travessas, e panelas de vidrotemperado.4 Tubos de televiso.

    VIDRO

    OUTROS MATERIAIS NO RECICLVEIS

    4 Loua.

    4 Porcelana.

    4 Celofane.

    4 Retalhos de tecidos e carpete.

    4 Isopor.

    4 Espuma.

    4 Estopa.

    4 Borracha.

  • 298 SADE AMBIENTAL E GESTO DE RESDUOS DE SERVIOS DE SADE

    Pense na reciclagem no apenas em seu estabelecimento de sade.Avalie a composio de seu lixo domiciliar e reflita sobre o quantopoderia ser reciclado.

    Os materiais orgnicos, especificamente os restos de alimentos, po-

    dem ser utilizados para a nutrio de animais, desde que respeitadas as

    normas sanitrias que exigem, entre outras coisas, a fervura (100 oC) do

    material por pelo menos meia hora.

    Compostagem

    Os resduos orgnicos do grupo D podem ser valorizados com o uso

    da compostagem, que consiste na decomposio de materiais de origem

    animal e vegetal pela ao de microorganismos, com a vantagem de no ser

    necessria a adio de qualquer forma de energia ou substncia.

    A compostagem anaerbica se d pela ao de microorganismos que

    vivem sem necessidade de oxignio, em baixa temperatura, com a desvan-

    tagem de gerar fortes odores e de ser lenta. A compostagem aerbica, mais

    indicada para o tratamento de RSS do grupo D, proporcionada por orga-

    nismos dependentes de oxignio, gerando temperaturas de at 70 oC, com

    odores mais fracos e um menor tempo de decomposio.

    Durante o processo de compostagem, parte da massa de resduos

    convertida em matria dos organismos decompositores, a umidade

    evaporada, e o restante transformado em hmus. O composto base de

    hmus pode ser utilizado na agricultura, em funo da grande quantidade

    de micronutrientes e caractersticas fsicas que contribuem, entre outras coi-

    sa, para o controle de eroso dos solos. Adicionalmente, h a alternativa de

    uso como alimentao de animais, que vem sendo realizada de forma expe-

    rimental no Brasil (BIDONE; POVINELLI, 1999).

    O tratamento por compostagem e sua variao, vermicompostagem,

    que faz uso de minhocas para formao do hmus, pode ser adotado tanto

    de forma local, sendo realizado pelo prprio estabelecimento, como pelo

    Municpio, tratando os resduos comuns dos estabelecimentos de sade em

    conjunto com resduos domiciliares.

  • MDULO 5 CONTROLE DE QUALIDADE DA GUA DE ABASTECIMENTO 299

    Disposio Final de RSS

    A disposio final a ltima etapa do sistema de resduos de servios

    de sade. Conforme j discutimos anteriormente neste mdulo, so muitas

    as formas de se evitar a gerao de resduos ou de se buscarem alternativas

    de valorizao e reciclagem. Mesmo empregando-se alguns sistemas de

    tratamento, muito importante destacar que sempre restar uma certa quan-

    tidade de resduo a ser encaminhado a uma unidade de disposio final.

    Nesta unidade, os resduos devero ser dispostos no solo, pois ali permancero

    em definitivo. Embora seja desejvel a busca de todas as alternativas poss-

    veis para a reduo da quantidade de resduos encaminhados disposio

    final, admite-se que a reciclagem ou o tratamento dos resduos esto sujei-

    tos limitaes tecnolgicas, operacionais e principalmente financeiras,

    que determinam sua viabilidade ou a extenso da sua aplicabilidade. Conclui-

    se, assim, que as unidades de disposio final so indispensveis a qualquer

    sistema de RSS, devendo, portanto, receber a devida ateno por parte dos

    responsveis pelo planejamento e gesto dos sistemas de RSS.

    As tcnicas mais usuais de disposio final de resduos slidos so:

    aterro sanitrio (para resduos no perigosos, domiciliares ou RSS do grupo

    D); aterros de resduos perigosos (para resduos perigosos classe I ou classe

    II); e valas spticas (para RSS do grupo A e alguns resduos dos grupo B).

    Qualquer que seja o sistema, devero ser asseguradas as condies de pro-

    teo ao meio ambiente e sade pblica previstas na legislao e atendi-

    dos os requisitos dos processos de licenciamento ambiental. Essas medidas

    diferenciam as instalaes regulares dos chamados lixes, infelizmente ain-

    da bastante freqentes no Brasil. Ainda existe muita falta de informao