revista ppged-ufu - 25 anos

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Tempo m m e e m m o o r r i i a a ´

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A publicação Tempo e Memória, disponibiliza registros de memórias do percurso dos 25 anos do PPGED/UFU. Sua composição é construída por narrativas que reconstroem sua gênese, seu percurso e o tempo presente. Com essa publicação, nos mobiliza a intenção de “atualizar o passado” e “remontar o presente” para contribuir com uma síntese - ainda que parcial e concisa - da história do PPPGED/UFU, mediante possibilidades do presente reencontrar o passado.

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Page 1: Revista PPGED-UFU - 25 anos

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Revista de Comemoração dos 25 anos do Programa de Pós-Graduação emEducação da Faculdade de Educação (FACED)

11998899 -- 22001144

PPPPGGEEDD

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U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e U b e r l â n d i a

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Page 3: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDTempo e Memóriamaio2014 03

a revista

Apresentação

O Programa de Pós-Graduação emEducação da Universidade Federal deUberlândia (PPGED/UFU), completa,em 2014, 25 anos de existência. As di-

visões do tempo em ciclos temporais são construc-tos culturais e simbologias sociais. Assim, aos nosreferenciarmos neste recorte temporal, não preten-demos substancializar o tempo histórico de formareificada ou a partir da ideia linear de progresso.Buscamos, por meio das memórias, narrativas e do-cumentos disponibilizar registros, ensejar reflexões,promover debates e diálogos indagativos sobre opercurso vivenciado pelo conjunto de docentes,discentes e técnicos que construíram e constroem ahistória desse Programa.

Ao longo dessas duas décadas e meia, con-tribuímos efetivamente para a elaboração deaproximadamente 600 teses e dissertações, alémde centenas de livros, capítulos de livros, artigospublicados em periódicos científicos e relatóriosde pesquisas. Esses números, à primeira vista, po-dem nos parecer meras abstrações quantitativas,mas, diferentemente deste ângulo, eles são em-blemáticos do profícuo trabalho desenvolvido pordocentes e discentes que sedimentam a existênciado PPGED. Destacamos, em especial, o importan-te trabalho dos docentes no processo de qualifi-cação de quadros para a Educação Básica eSuperior, mediante múltiplas modalidades de tra-balho e pelos diferentes contributos oferecidos aoprocesso de produção e difusão do conhecimento.

Contamos atualmente com 02 técnicos ad-ministrativos, 59 professores e 187 discentes distri-buídos em 05 Linhas de Pesquisa. Destarte, ahistória do PPGED/UFU é construída diuturnamentepor esse conjunto de sujeitos, que, de forma compro-

metida e árdua, têm contribuído sistematicamentepara sua consolidação: “Estamos falando de homense mulheres, em sua vida material, em suas relaçõesdeterminadas, em sua experiência dessas relações,e em sua autoconsciência dessa experiência"(Thompson, 1981, p. 111).

A publicação Tempo e Memória, disponibilizaregistros de memórias do percurso dos 25 anos do PP-GED/UFU. Sua composição é construída por narrativasque reconstroem sua gênese, seu percurso e o tempopresente. Segundo Le Goff (2003: 119) “memória é umconjunto de funções psíquicas, graças às quais o homempode atualizar impressões ou informações passadas, ouinformações que ele representa como passadas”. Comessa publicação, nos mobiliza a intenção de “atualizar opassado” e “remontar o presente” para contribuir comuma síntese - ainda que parcial e concisa - da históriado PPPGED/UFU, mediante possibilidades do presentereencontrar o passado. A história é produzida por todosos sujeitos, e, por isso, manifestamos nosso reconheci-mento e nossa gratidão a todos os secretários, discentes,coordenadores e docentes (atuais e aposentados) quecontribuíram e contribuem para a construção da históriado Programa de Pós-Graduação em Educação da Uni-versidade Federal de Uberlândia.

Desejamos a todos uma boa leitura!

LE GOFF, Jacques . His tória e Memória . 5ª Edição . SãoPau lo : Copyrigh t Edito ra , 2003 .THOMPSON, E . Pa lm er. A m iséria da Teo ria . R io de Jan e i-ro : Zah ar, 1 981 .

Compositor de destinosTambor de todos os ritmos

Tempo, tempo, tempo, tempo(Caetano Veloso)

Maria Vieira Si lva1

1Maria Vie ira S i lva é dou to ra em Educação pela UNICAMP.É professo ra da Facu ldade de Educação , com atuação n oCurso de Pedago gia e n o Pro grama de Pós -Graduação emEducação , on de exerce , a tua lm en te , a fun ção de co o rden a-do ra (Gestão 201 3 -201 5) .

Page 4: Revista PPGED-UFU - 25 anos

O paradoxo da construçãodo saber

04 Tempo e Memória maio2014

editorial

Gerson de Sousa1

(Editor Responsável)

Qual o significado das pesquisas doPrograma de Pós-Graduação em Educa-ção (PPGED) da Faculdade de Educa-ção na UFU para estruturar o campo

educativo no Brasil? De que forma o processo deconstrução de conhecimento, no período de duasdécadas e meia, no PPGED contribui para a socie-dade potencializar a valorização dos saberes deeducação e da cultura? As questões acima sinali-zam aspectos iniciais da pauta estruturada para oconjunto de matérias desta revista. Os discentes docurso de Comunicação Social: habilitação em Jor-nalismo e mestrandos do Programa Tecnologia, Co-municação e Educação da FACED-UFU foraminstigados a produzir, nas matérias, uma análise quepudesse desvelar a amplitude e a profundidadedas pesquisas sobre a educação. Os repórteres fo-ram convidados a exercitar o jornalismo crítico.

A defesa deste tipo de jornalismo está pri-meiro em afirmar que o trabalho de produção jor-nalística está estruturado na articulaçãointerdisciplinar dos saberes científicos. Há aqui acritica sobre o olhar reducionista, amparado tam-bém em uma ideologia cientifica, de ser o jornalistamero reprodutor do fato, determinado somente amatéria informativa. O problema toma caráter exis-tencial quando a determinação científica e econô-mica que reduz a prática jornalística se estendepara definir também um padrão do sujeito jornalista.Da matéria meramente informativa para o sujeitoque se encerra no reducionismo dessa informação,esse discurso sustentado na ação ideológica trazcomo resultado a afirmação do valor da prática es-

truturado no processo irreversível da tecnologia.Essa lógica sacrifica em sua ação de política

repressiva o próprio saber jornalístico. Mais do queisso: desvia o olhar na profundidade e do conflito deestarmos em um processo comunicativo. A essênciada práxis jornalística está no próprio exercício do co-nhecimento repensado constantemente por meio daentrevista e mergulhado em outro contexto agora noespaço e tempo da escrita do repórter e do ato dedecodificação do leitor. A produção desta revistatem a proposta de revelar essa essência: no momen-to em que a crítica de intelectuais da educação daUFU é convidada a se debruçar sobre os sentidos daeducação, com o fio do passado contextualizado nacontemporaneidade, a mediação para provocar edesvelar esse debate coube ao saber jornalístico.

O cuidado para seguir a coerência crítica desteprocesso de produção está na concepção da importânciada entrevista. Entrevista significa concordar no acordo detempo de concessão de vida entre entrevistador e entre-vistado, ambos sujeitos do processo comunicativo e educa-tivo, cujo sentido está em prosseguir a tarefa de sujeitohistórico para um novo sentido do conhecimento. Mesmoque este conhecimento esteja inserido em fragmentos deaspectos de determinadas linhas inseridas em uma grandeárea. É com este propósito que devemos interpretar os tex-tos desta revista e tomar como referência que não se tratade esgotar assunto. As páginas devem servir como alimen-to para ter o parâmetro da importância do PPGED no ce-nário nacional e internacional.

A estrutura da revista está definida em artigosproduzidos por ex-coordenadores do Programa, emmatérias sobre a origem e contribuição das linhas de

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014

Tempo e Memóriamaio2014 05

Expediente

pesquisa, os eventos produzidos por essas linhas, umhistórico sobre o PPGED, as revistas produzidas e ascondições da pesquisa no Brasil, estendendo essa re-flexão tanto para educação básica, quanto para edu-cação superior. O resultado das 86 páginas é ummapeamento valorativo das perspectivas, dilemas,conflitos e desafios da pesquisa em educação desen-volvida por pesquisadores do Brasil. O movimento desentido da leitura para esta revista deve reconhecer aorigem do problema definido na pauta jornalística.

Refletir sobre o significado da pesquisa emeducação tem de ser amparado na complexidadedas esferas das relações de saber. Estão refletidasnas páginas o repensar a educação nas pesquisasdo mestrado e doutorado, as implicações deste co-nhecimento acadêmico para modificar a prática edu-cativa, as repercussões das transformações sociaisna redifinição da construção de identidade das li-nhas de pesquisa na FACED e os desafios de articu-lar uma política da educação diante do paradoxoda estrutura econômica que legitima o espaço de sa-ber escolar e violenta o tempo dos e nos sujeitosque demarcam pela história de vida a existência doque se concebe como educação.

A perspectiva é que a pausa para a leituradesta revista implique em um momento educativo pa-ra identificar as perspectivas de lutas no campo daeducação e retomar as forças com a consciência deatuar como sujeito coletivo. Os conflitos expostos pelossaberes de entrevistados e entrevistadores nesta revis-ta constituem como um espaço micro do movimento doconflito estruturante da história do país. Seja pelo pro-cesso educativo, seja pelo processo comunicativo.

Universidade Federal de Uberlândia

ReitorElmiro Santos Resende

Vice-reitorEduardo Nunes Guimarães

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoMarcelo Emílio Beletti

Pró-Reitora de Pesquisa e GraduaçãoMarisa Lomônaco de Paula Naves

Pró-Reitora de Extensão, Cultura e Assuntos EstudantisDalva Maria de Oliveira Silva

Diretor da Faculdade de Educação:Marcelo Soares Pereira da Silva

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED)Maria Vieira Silva

Editor GeralGerson de Sousa

EdiçãoGerson de Sousa

RedaçãoAna Beatriz Tuma, Anna Vitória Rocha, Brunner Macedo, Carlos Gabriel

Ferreira, Cíntia Sousa, Clarice Sousa, Daniela Malagoli, Diélen Borges,Felipe Saldanha, Giovana Matusita, Giovana Silveira, Isley Borges, JoséElias Mendes Neto, Laís Farago, Leidiane Campos, Marcos Reis, MarinaColli, Maysa Vilela, Natália Faria

FotografiaAnanda Dinato, Cíntia Sousa, Diélen Borges, Fausiene Victor, Felipe

Flores, Gerson de Sousa, Marcos Reis, Ricardo Carvalho

CapaLeidiane Campos, Giovana Silveira (Arte), Felipe Flores (Fotos)

Projeto GráficoGiovana Silveira, Leidiane Campos

RevisãoCintia Sousa, Marcos Reis

ImpressãoEDUFU - Editora da Universidade Federal de Uberlândia

www.edufu.ufu.br

Tiragem500 exemplares

Revista Tempo e Memória

1 Gerson de Sousa é Graduado em Comunicação Social: habilitaçãoem Jornalismo (UNIMEP-SP), especialista em Docência do EnsinoSuperior (Ceunsp-SP), Mestre e Doutor em Ciências daComunicação pela ECA-USP. Atua como professor da FACED nocurso de Comunicação Social: habilitação em Jornalismo e noPrograma de Pós-Graduação em Tecnologia, Comunicação eEducação FACED/UFU.

Page 6: Revista PPGED-UFU - 25 anos

06 Tempo e Memória maio2014

sumário

artigos

Programa de pós­graduação em Educação da UFU: registros históricos sucintosPrograma de pós­graduação em educação (1990 ­ 1993)Programa de pós­graduação em Educação da UFU (2000 ­ 2002)Tempos históricosEm busca de um perfilUma história em construçãoEntre desafios e perspectivasUma história e um ano que não terminouDualidade e gestãoSem pesquisa não se faz um bom ensino

função social da pesquisa

PPGED

PPGED consolida produção científica em múltiplos espaços educativos

Saberes e Práticas Educativas tem origem para acabar com dispersão temáticaEstado, políticas e gestão da educaçãoDialéticosEducação em Ciências e Matemática: a interdisciplinaridade como característicaNas linhas da histórida da educação

entrevista

p. 08p. 10p. 12p. 14p. 16p. 18p. 20p. 22p. 26p. 78

p. 28

p. 30p. 32p. 34p. 36p. 38

Dez anos na janela de vidroPor trás das cortinasHistória vivida como objeto de estudo

p. 40p. 42p. 44

Page 7: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014

Tempo e Memóriamaio2014 07

O mestrado como meio de transformação socialEducação inclusiva na mira da1a doutora pelo PPGED500a defesa aborda tema sobre escolarização negra no período republicano

Imagens memoráveis

Cadernos de História da Educação:para aprender e relembrarRevista fomenta debates nas práticas de aprendizagemRevista Educação e Politicas em debate

Políticas educacionais em pautaO "Uno e o Diverso" promove troca de experiências sobre a docênciaFalar de Foucault é precisoSeminário de Ciências e Matemática promove trocas de conhecimentoENPECPOP abre espaço para debate sobre educação e cultura popular

O papel do PPGED na formação de docentes para a educação básicaO processo necessário para formar docentes no Ensino SuperiorPesquisas respondem às necessidades eminentes da Sociedade BrasileiraPresidente da FAPEMIG: entrevista

p. 52p. 54p. 56

p. 46

p. 58p. 60p. 62

p. 64p. 66p. 68p. 70p. 72

p. 74p. 76p. 80p. 82

defesas históricas

fotos históricas

revistas do programa

eventos

condições da pesquisa

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Programa de pós­graduação emEducação da UFU:

Registros históricos sucintos

08 maio2014

artigo

Luis Ernesto Rodríguez Tapia1

A Resolução nº 25/88 do CONSUN, de28/10/1988 autoriza a implantação doCurso de Mestrado em Educação (Educa-ção Brasileira). A seguir apresenta-se alguns

registros extraídos do Relatório de Atividades do Progra-ma de Mestrado em Educação (Educação Brasileira), Pe-ríodo: Abril/1989-Abril/1991 e das 03 (três) primeiras Atasde Defesa de Dissertação de Mestrado. Registros acadê-micos estes sucintos, porém significativos no contexto e Zeit-geist político institucional da época.

Dentre as reuniões e deliberações do Colegiadode Curso destaca-se:

09/06/1989: Estabelecimento de critérios na in-corporação de professores da UFU ao corpo docentedo Mestrado em Educação Brasileira. Decisão da re-estruturação do Projeto do Mestrado com base nospareceres do GTC/CAPES, e início das aulas em feve-reiro de 1990. (Grifos nossos).

No item reuniões do Corpo Docente destaca-se:

15/12/1989: informações gerais:1) levantamento e registro de áreas e subáreas

de conhecimento na atuação dos membros do CorpoDocente do Mestrado em Educação com base na no-menclatura unificada da CAPES, CNPq e outros [...]

4) readequações no Projeto do Mestrado combase nos pareceres do GTC/CAPES: a) explicitação daárea de concentração; b) diferenciação de linhas depesquisa; c) aperfeiçoamento da grade curricular, atu-alização e incremento qualitativo e quantitativo da bi-bliografia das disciplinas; d) evidenciação e

detalhamento da produção científica do corpo docentee de sua experiência em Pós-graduação scricto sensu, e)atualização e incremento qualitativo e quantitativo doacervo de periódicos nacionais e estrangeiros em Edu-cação existentes na Biblioteca, levantamento do acervode livros em relação às linhas de pesquisa do Programae inclusão de obras de referência, [...]

8) encaminhamentos junto a prefeiturauniversitária e CEHAR para a obtenção deum ramal telefônico, [...]

16) encaminhamentos para a readequação dassalas 1G01 e 1G03 do Bloco “G” Campus SantaMônica para a instalação da Secretaria do Mestradoem Educação, da Coordenação, sala para professorvisitante e saletas de estudo para os alunos,

17) realização em 01/12/1989 do Seminário dePlanejamento e Avaliação Educacional com a participa-ção de Professores do Mestrado em Educação e da SE-Su/Ministério da Educação. (Grifos nossos).

Dentre as principais atividades ao nível da Coor-denação destaca-se:

Processo de seleção de candidatos ao Mestradoem Educação, participação na elaboração do cronogramae critérios de seleção; coordenação da elaboração de fo-lheto de divulgação, encaminhamento da divulgação doEdital de Seleção ao jornal O Triângulo, 16, 17 e 18 demaio de 1989; divulgação do Programa de Mestrado pe-la imprensa (Correio de Uberlândia, 17/05/89 p.3; Estadode Minas,19/05/89 supl.; O Triângulo, Uberlândia17/06/89 p.3; Correio de Uberlândia 19/07/89 p.5, assimcomo na Radio Universitária e TV Paranaíba). [...]

Tempo e Memória

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 09

Readequações no Projeto do Mestrado em Educação:

1) Coordenação geral das atividades dereformulação do Projeto e encaminhamento à CA-PES procurando atender rigorosamente as reco-mendações do GT/CAPES; [...]

4) Participação na XII Reunião Anual AN-PED (São Paulo) para o efeito de observar ten-dências educacionais visando a explicitação deidentidade própria para o Mestrado em Educa-ção Brasileira/UFU. [.. .] (Grifos nossos).

Representação do Programa de Mestrado:

Representação no Conselho do CEHAR, Dili-gências junto à PROPEP, PROAC, Reitoria, Diretoriade Biblioteca (encaminhamento de 53 títulos de livrosatualizados em Educação para incorporação do ace-vo, obtidos pela Coordenação junto aos respectivosEditores em São Paulo-Capital). [...]

Infraestrutura:

Em termos de infraestrutura física e equipamen-tos em 17/04/1990 tinha-se conseguido a readequa-ção da sala 1G01 do Bloco “G”, mas não tinha-seconseguido a reforma da sala 1G03, para estudo eorientação. Estava-se compartilhando o ramal telefôni-co da Coordenação do Curso de Letras, aparelhoemprestado pelo CEHAR sob termo de devolução. Ti-nha-se em vista conseguir um micro computador mo-delo antigo de segunda mão faltando a impressora.

Na infraestrutura financeira e de apoio o Pro-grama não obteve dotação por parte do CEHAR anode 1990. Da dotação por parte da PROPEP na rubri-ca recursos de manutenção, o Mestrado em Educaçãoobteve 13,4% (treze vírgula quatro por cento) do totalde NCz$ 910.000 atribuído para os 03 (três) Progra-mas de Mestrado existentes na época na UFU.

Primeiras 03 (três) Defesas de Dissertação

05/10/1992: Candidata: Betânia de OliveiraLaterza Ribeiro, Título da Dissertação: Estudo fenome-nológico do ensino-aprendizagem na escola noturna:casuística de evasão e repetência. Banca Examinado-ra: Prof. Dr. Luis Ernesto Rodriguez Tapia (UFU, Presi-dente), Prof. Dr. Aluísio Pimenta (UEMG, Titular), Prof. Dr.Antônio Chizzotti (PUC-SP/UFU, Titular). A candidataaprovada prosseguiu estudos de doutorado na USP.

08/11/1993: Candidata: Delma Faria Shimamoto,Título da Dissertação: O mundo existencial do aluno naaula de Ciências: perspectiva fenomenológica no ensi-no de ciências na escola pública de 1º grau (5ª a 8ªséries). Banca Examinadora: Prof. Dr. Luis Ernesto Rodri-guez Tapia (UFU, Presidente), Profa. Dra. Maria HermíniaMarques da Silva Domingues (UFG, Titular), Profa. Dra.Regina Célia Santis Feltran (UFU, Titular). A candidataaprovada prosseguiu estudos de doutorado na UFSCar.

19/11/1993: Candidata: Silma do CarmoNunes, Título da Dissertação: Concepções deMundo no Ensino de História de 5ª a 8ª séries naescola estadual em Minas Gerais (1959- 1979),Banca Examinadora: Prof. Dr. Luis Ernesto Rodri-guez Tapia (UFU, Presidente), Profa. Dra. ErnestaZamboni (UNICAMP, Titular), Prof. Dr. Antônio Chiz-zotti (PUC-SP/UFU, Titular). A candidata aprovadaprosseguiu estudos de doutorado na UNICAMP.

1 Luiz Hernesto Rodriguez Tápia foi coordenador do Programa deMestrado em Educação/UFU no periodo de 06/04/1989 a 30/04/1991

Certamente para osregistros acadêmicos da

época atual, contexto e 'Zeitgeist'político institucional são

positivamente outros.

Foto:Divulgação

Tempo e Memória

Page 10: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Programa de Pós­Graduaçãoem Educação (1990 ­ 1993)

10 maio2014

artigo

Osvaldo Freitas de Jesus1

Ao focar o passado, a história reconstróicenários, fatos e relações entre os agen-tes na vida social assim como o significa-do de suas ações; entretanto o passado

não deixará de estar distante. Mesmo aproximando opassado do presente, os cenários, fatos e as relaçõeshumanas não se reapresentam em sua completude. Par-te do passado permanecerá subjacente, porque o pre-sente não possui luz bastante para iluminá-lo. OPrograma de Pós-graduação em Educação da UFU temuma trajetória singular dentro da instituição e detalhesde seu início podem ser desconhecidos hoje.

Em 1988, assumiu o cargo de Reitor da UFU, oProf. Antonino Martins da Silva Júnior. Nessa época, ha-via dois programas de mestrado na UFU, a saber, en-genharia mecânica (1985) e engenharia elétrica (1985).O CEHAR, Centro de Ciências Humanas e Artes, atéentão, estava envolvido com pós-graduação lato sensu.

Por iniciativa do DEPOP, foi elaborado um projeto demestrado em educação, área de concentração em edu-cação brasileira, a ser submetido ao Conselho Universitá-rio em 1889. Aprovado naquela instância, a proposta foiremetida a CAPES, sendo Pró-reitor de Pós-graduação ePesquisa, o Prof. Walder Steffen Júnior.

O primeiro espaço físico, destinado ao Progra-ma de Mestrado em Educação da UFU, foi o últimomódulo, no térreo, corredor à direita, bloco G, noqual, a secretaria foi instalada e os dois módulos queantecediam à secretaria, foram destinados às salas deaula e reuniões do corpo docente. Na foto seguinte,pode-se observar um bloco na parte inferior, transver-sal em relação aos demais. É o bloco G e, na extremadireita, há um terreno baldio, no qual estão hoje o di-reito, a biblioteca e o bloco Q. O campus e a vidadentro do mesmo eram muito diferentes. Por exemplo,quase não havia carros estacionados.

Fotógrafo: Desconhecido (1990)

Tempo e Memória

Page 11: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 1 1

No início, o funcionamento geral assemelhava-se muito a uma especialização, pois faltava na áreade ciências humanas a experiência da pós-gradua-ção stricto sensu. O Programa de Mestrado em Edu-cação da UFU teve seu início em março de 1990. Seuprimeiro coordenador foi o Prof. Luis Ernesto Rodri-guez Tapia (1990-1991). O corpo docente, nos pri-meiros anos, era composto pelos seguintes docentesativos no programa:

1 – Prof. Fernando Leite (1990)2 – Prof. José Carlos Souza Araújo (1990)3 – Prof. Luis Ernesto Rodriguez Tápia (1990)4 – Prof. Osvaldo Freitas de Jesus (1990)5 – Profa. Regina Célia Feltran (1990)6 – Prof. Wenceslau Gonçalves Neto (1990)7 – Jefferson Ildefonso Gomes (1992)

O segundo coordenador do curso de Mestradoem Educação foi o Prof. Osvaldo Freitas de Jesus (1992-1993). Mediante as dificuldades enfrentadas pelo pro-grama junto da CAPES, para credenciamento, pareceuapropriado que o Prof. Antônio Chizotti, então vindo daPUC de São Paulo, dada sua vasta experiência, assu-misse o cargo de coordenador e conduzisse a reformu-lação do projeto inicial.

Ao final do primeiro semestre do segundo ano demandato (1993), por iniciativa própria, o Prof. OsvaldoFreitas de Jesus renunciou ao cargo de coordenador doPrograma de Educação, transferindo-se para o Progra-ma de Mestrado em Linguística da UFU, já credenciadopelo GTC da CAPES. Os primeiros mestrandos, a defen-der dissertação no Curso de Mestrado em Educaçãoda UFU foram os seguintes:

1 – Betânia de Oliveira Laterza Ribeiro2 – Nadir Soares Faria3 – Maria Tereza Borges4 – Maria Inês Wasconcelos5 – Alexandre Giffoni6 – Eneida Faleiros de Oliveira

A recomen-dação do Programade Mestrado emEducação da UFU, járeformulado, nãoaconteceu de imediato.Embora tivesse iniciado em1990, a aprovação do mesmo pela CAPES só aconteceria em dezembro de1994, quando foi recomendado pelo GTC daCAPES em Brasília.

Na sequência, o programa ganhou con-s is tência e o corpo docente adquir iu largaexper iência acadêmica . A part ir de sua reco-mendação, o Programa de Mestrado emEducação desenvolveu-se com segurança,tendo conquis tado sua ident idade e alcança-do paulat inamente uma posição de destaqueregional e mesmo nacional .

Os pioneiros não imaginavam que umdia a UFU pudesse se tornar respei tada tam-bém na área da Educação, pois na ocasião,a PUC de São Paulo, UNICAMP e UFMGeram merecedoras de grande prest íg io erespei to , em razão do que todo reconheci-mento lhes era atr ibuído . Já dentro da UFU, aárea de ciências , chamadas exatas , segura-va o cetro de maior prest íg io . A área de hu-manas, então a prima pobre, aos poucos,ganhou musculatura e hoje nem sabe maisque foi discr iminada no passado.

O Programa de Mestrado em Educa-ção da UFU começou, expandiu-se e tornou-se referência acadêmica. Mas seu início foimarcado por incertezas e dificuldades quehoje não seriam imagináveis .

1 Osvaldo Freitas de Jesus é professor aposentado da UFU.

Tempo e Memória

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Programa de Pós­ Graduação emEducação da UFU (2000 ­ 2002)

12 maio2014

artigo

Estivemos a frente da Coordenação doPrograma de Pós- Graduação em Educa-ção (PPGE/UFU) entre 2000/002, épocaem que o novo estatuto da UFU, aprovado

pelo Conselho Universitário, se encontrava em fase deimplantação. Os três Centros (CETEC, CEHAR e CEBIM)foram extintos e criadas as Unidades Acadêmicas (Facul-dades e Institutos) como órgãos básicos da estruturaacadêmica e administrativa.

Com isso, a instituição passou a ter cincoconselhos deliberativos, são eles: Conselho Univer-sitário, Conselho Diretor, Conselho de Graduação,Conselho de Pesquisa e Pós-Graduação, Conselhode Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis.

Nesse contexto de mudanças estruturais, en-contramos um PPPGE que também, necessitava mu-danças, tendo em vista o conceito que tinha aépoca (insatisfatório, ou nota 02) emitido pela co-missão de avaliação da CAPES. Essa avaliação im-pedia novas seleções e continuidade dasatividades do programa.

A situação era tensa e desagradável paratoda comunidade acadêmica. Precisávamos, emconjunto, encontrar soluções para o problema apart ir das sugestões e indicações feitas pelospareceristas CAPES.

O Programa se chamava “Pós Graduaçãoem Educação Brasileira” , denominação esta pordiversas vezes contestado pelas comissões deavaliação, sobretudo pela abrangência e faltade direcionamento que esse nome possibili tava.

Assumimos a Coordenação e iniciamos, emprincípio apenas com os colegas do Colegiado doPrograma, estudos e discussões na tentativa de di-recionar o curso e delimitar as áreas de concentra-ção. Com o decorrer do processo todos os docentesparticiparam efetivamente dessa construção.

O grande problema era encontrar uma de-nominação para o programa e suas áreas de con-

Apolônio Abadio do Carmo1

Tempo e Memória

Page 13: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 13

centração, que fosse capaz de abrigar com coerência, justiça econsenso, a diversidades de áreas e professores envolvidos. Ca-da professor representava uma linha de pesquisa e trabalhavaindividualmente fazendo com que o direcionamento do programafosse questionado.

Graça a contribuição dos professores conseguimos mudaro nome para Programa de Pós-Graduação em Educação Escolarcom duas áreas de concentração: Saberes e Práticas Educativase História e Historiografia da Educação. A história e historio-grafia escolar, seu cotidiano, conteúdos e metodologia de ensi-no passaram a direcionar a produção científica. Com isso, orespondemos a pergunta dos avaliadores: vocês são bons emque afinal?

Nosso corpo docente, mui to bem quali ficado e diverso(matemát ica, ciência , his tór ia , Educação Fís ica, letras , geo-grafia dentre outros ) podia seguramente dizer : em EducaçãoEscolar , sem correr o r isco da generalidade, indefinição efal ta de clareza que a ant iga denominação “Educação Bras i-le ira” deixava a entender .

Longos foram os per íodos de trabalho da co ordena-ção, do colegiado, da secretár ios e dos professores para adefinição da grade curr icular , modificação das ementas ,aprovação nos Conselhos Super iores da UFU e solici tação davis i ta da comissão CAPES.

O princípio do coletivo prevaleceu sobre o individual e oPrograma finalmente recebeu a nota 03, mínima, mas suficientepara que pudesse reerguer e continuar sua jornada.

A partir daí recebeu amplo e total apoio da administraçãosuperior, Faculdade de Educação e CAPES que enviou recursos ebolsas. Reformas foram realizadas (salas de estudos para alunos;salas de orientações e Secretaria) merecendo destaque a adap-tação de um espaço para defesa das dissertações. Essa ação so-mente foi possível graças ao consórcio realizado entre os PPGEe Programa de Pós Graduação em Estudos Linguísticos.

Atualmente quando vejo a grandeza, abrangência Nacio-nal e Internacional do PPGE/UFU (mestrado e doutorado) medi-das em sua produção; dedicação dos professores e qualidadedos trabalhos, fico orgulhoso em ter contribuído, de uma formaou de outra, com parte desse processo.

Espero que o Programa de Pós-graduação em Educação daUFU continue por meio do trabalho de seus docentes, alunos eadministrativos crescendo cada dia mais, aumentando seu raiode abrangência e contribuindo para a melhoria da educação es-colar no ensino médio/ fundamental brasileiro.1 Apolônio Abadio do Carmo é professor inativo da UFU.

Foto: Felipe Flores

Tempo e Memória

Page 14: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Tempos históricos

14 maio2014

artigo

Antonio Chizzotti

Tempo e Memória

Instado atrazer e reconstruir

a memória de um tempoda pós-graduação em educa-

ção da UFU, meu depoimentoprocura recuperar o real, outrora vi-

vido em comum, como afirma Halbwa-chs sobre a memória coletiva (São Paulo:

Vértice, 1990), impondo-me a capacidadede para reconstruir os acontecimentos vividos,

sincrônicos com a existência social e, desse mo-do, poder traduzir a sucessão de eventos da

aventura pessoal dentro do contexto, feito comoutras vidas em momento histórico definido.

Minha gestão iniciou-se em um período emque os Programas de Pós-graduação no Brasil ex-pandiam-se para atender a demanda crescentede mestres e doutores para o ensino superior. Al-gumas universidades mobilizaram-se para constituirprogramas de pós-graduação com o objetivo pri-meiro de prover seus quadros com professores pós-graduados e, segundo, atender a demanda doensino superior brasileiro. A expansão da pós-graduação veio acompanhada do movimento deavaliação das universidades, do final dos anos1980-90, acompanhada de exigências para

consolidar a pós-graduação brasileira.Na Universidade de Uberlândia, as ini-

ciativas de diversas áreas para formar aspós-graduações stricto sensu foram provi-

denciadas por áreas que dispunhamde um corpo básico de professores

titulados e deram início aos pro-gramas de pós-graduação.

Elas permaneciam confi-nadas às respecti-

vas áreas,

sem articu-lação entre si,nem uma política depós-graduação da Univer-sidade. Por outro lado, o Con-selho Técnico Científico (CTC) daCAPES começa a elevar os níveisde exigências dos programas de pós-graduação, estabelecendo critérios deavaliação, requerendo o doutorado narespectiva área de conhecimento paraatuar na pós-graduação. A exigência de ti-tulação na área visava corrigir o viés, quevinha acontecendo, de reunir titulados dasmais diferentes formações para compor oquadro docente dos programas. A par disso,esboçava-se a formulação de quesitos de ava-liação para garantir a qualidade dos progra-mas de pós-graduação.

Ao iniciar a minha gestão, o objetivo imedi-ato era providenciar a adequação da estrutura in-terna do Programa e consolidar a organização dasatividades acadêmico-administrativas da pós-gra-duação e sua inserção na Faculdade de Educaçãoe no Centro de Ciências Humanas. Havia urgên-cia de criar uma Comissão Geral de Pós-gradu-ação de toda a universidade, em atenção àsexigências da própria Universidade e da CA-PES, providência que a Reitoria, na época,começou viabilizar com a criação de umforo de discussão, com a finalidade dereunir os cursos pós-graduados exis-tentes e apoiar outras iniciativasembrionárias de pós-gradua-ção na UFU, sob coorde-nação única.

A re-

Page 15: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 15

Foto: Divulgação

Tempo e Memória

memoração pessoal dos acontecimentos não es-capa às malhas de solidariedades pessoais, quepermitiram dar maior consistência acadêmica àsatividades, e reativaram o dinamismo docente,discente e administrativo do curso de pós-gradua-ção em educação, na primeira metade da décadade 1990. Alguns professores tornaram-se os auto-res que, solidários com os objetivos da coordena-ção, empenharam-se, com excepcional dedicaçãopessoal na construção de um novo patamar cien-tífico do Curso de Pós-Graduação na UFU.

As pessoas que fizeram a direção colegia-da do curso eu deveria nomeá-las, porque fize-ram a história vivida do cotidiano e, sem elas, areconstrução da memória permaneceria a compi-lação de eventos desprovidos da qualidade edu-cacional, que caracterizou o período. Escuso-meà nomeação individual das presenças ativas dosdocentes e discentes, no período, para que asensibilidade pessoal não venha atribuir ao nar-rador ou às personalidades particulares as ações,os sentimentos e proezas, que foram inspiradas erealizadas pelo coletivo de professores.

Reconstruir a memória é reencontrar as pes-soas que ocuparam o espaço da vida e construíramum tempo histórico do curso. A celebração de umquarto de século do curso de pós-graduação emeducação da UFU atesta a relevância de um projetoque se tornou um movimento coletivo de professorese alunos do qual depende seu futuro. Reconheço-meparte dessa memória coletiva e me sinto grato nãosó aos professores do referido período, mas tam-bém, aos atuais, que trouxeram o curso a uma novaetapa da pós-graduação da UFU.

1 Antônio Chizzoti é doutor em Educação pela PUCSP, pós-doutoradono Institut National de Recherche Pédagogique, de Paris. Prof Titularaposentado da UFU, atualmente, professor associado do Departamentode Fundamentos da Educação da PUCSP e professor do Programa dePós-Graduação em Educação:Currículo da PUCSP. Coordenou o Progra-ma de Pós-Gradação da Universidade Federal de Uberlândia (1992-1995).

Page 16: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Em busca de um perfil

16 maio2014

artigo

Em março de 1993, o Reitor da UniversidadeFederal de Uberlândia, Dr. Nestor Barbosa deAndrade, oficializou a Comissão de Reestrutu-ração do Curso de Mestrado em Educação

Brasileira. A Comissão já desenvolvia essa atividade desde1992, no âmbito do próprio Curso. Com a oficialização,passou a ter caráter de Comissão da Universidade. Uma desuas iniciativas foi solicitar à CAPES um grupo de avaliaçãoe apoio às propostas de reformulação do Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado.

Em conversa pessoal com o Prof. Dr. Pedro LaudinorGoergen, um dos membros desse grupo, ouvi a seguinte per-gunta: “O Programa de vocês é bom em quê?” Calei-me di-ante dessa pergunta, perplexo em perceber a complexidadedos seus significados. Entretanto, não pude me esquecer dodilema e busquei estabelecer um caminho.

Em uma abordagem mais imediata, parecia signi-ficar a determinação e qualificação dos produtos aca-dêmicos produzidos pelo Programa. Aí se escondia umatendência, de sabor pragmático, que vê a identidadedas pessoas e das coisas em seus resultados e produtos.Atualmente, tal tendência tem marcado significativa-mente as avaliações da CAPES.

Procurando focar nos professores, esbarrava-me comuma situação muito comum na época: formar um grupo de ilus-tres de diferentes áreas que representasse a qualidade do Pro-grama. Esta situação estava presente na experiência inicial doPrograma da UFU. Entretanto, já estava evidente a ausência daarticulação necessária para definir um norte ao Programa.

Um diferente caminho poderia orientar com mais segu-rança o Programa: Definir seu Perfil com a qualidade, a “bon-dade”, que se poderia esperar dele.

O perfil atinge o âmago do Programa, define suaconstituição e confere a identidade que lhe dá segurança emseu devir concreto. Sua “bondade” lhe é intrínseca e capaz deser a referência em todos os momentos, em meio aos percal-ços das necessárias mudanças e transformações que deveassumir. O perfil perde sua marca pragmática para reassumi-la em outro nível, como elemento complementar e necessárioao percurso de interferência concreta no processo histórico.

1Jefferson Ildefonso da Silva é doutor em Educação (História e Filosofia da Educação) e coordenou o Programa de Mestrado de 04/1005 a 07/1997. Professor Inativo (UFU)

Tempo e Memória

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Em busca de um perfil

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 17

Consequentemente, adquire um caráter de construção e des-construção contínuas, características de toda ação histórica.Não está dado para sempre. Aos participantes do Programacompete assumi-lo e renová-lo diuturnamente.

Essa reflexão demonstrou a necessidade de especifi-car e assumir as “condições de possibilidade” para cons-truir a identidade do Programa:

1. A busca de estabelecer a sua organicidade que pu-desse situá-lo no conjunto da Universidade e, especificamen-te, no interior dos Cursos de Pedagogia, de Metodologia eDidática e das Licenciaturas (atualmente, Faculdade de Edu-cação). Essa tarefa teve que superar o dilema da autonomiado Programa que envolvia a questão de situá-lo no recorren-te problema da “indissociabilidade entre ensino, pesquisa eextensão” e no âmago da “cultura organizacional da escola”.

2. A reestruturação curricular vai em busca do objetivode aprofundar os estudos centrados na educação e conse-quente recomposição do corpo docente focado nas questõesdo estudo e da pesquisa em educação.

3. A reorganização burocrática assume seu fococom o intuito de garantir a legalidade das normas aca-dêmicas para professores e alunos, assim como de esta-belecer a segurança jurídica necessária para prevenirtranstornos ou desvios prejudiciais à tranqüilidade etransparência da vida acadêmica.

Tais propostas de construção das “condições de possi-bilidade” estarão voltadas para o núcleo de identidade querequer cuidado e trabalho para ser continuamente construídoe reconstruído. Não está dada pelos canais burocráticos enem predefinida pelas construções teóricas. A prática, que sepensa e se revê, é o único caminho dessa construção. As pa-lavras-chave que poderão balizar esse caminho são: Educa-ção – Pesquisa – Universidade – Sociedade.

Este é um propósito inicial de conquistas demoradasque requer anos e anos de trabalho e que mostra a ne-cessidade de uma construção contínua e persistente doperfil do Programa. Permanecerá sempre inacabado, en-quanto vai definindo em que o Programa é BOM. O dile-ma se faz tarefa e persistência, anos a fio, para todos osalunos, professores e gestores.

J efferson I ldefonso da Silva1

1Jefferson Ildefonso da Silva é doutor em Educação (História e Filosofia da Educação) e coordenou o Programa de Mestrado de 04/1005 a 07/1997. Professor Inativo (UFU)

Foto:Divulgação

Tempo e Memória

Page 18: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Vinte e cinco anos, tempo de comemoração,de festejar, de pensar, de lembrar um aconte-cimento, uma história. Faço parte de uma ge-ração graduada na Universidade Federal de

Uberlândia, nos primeiros anos após a federalização. Ge-ração que sonhou e lutou, desde o movimento estudantil,para construir uma universidade pública, gratuita, compro-metida com o ensino e a pesquisa de qualidade. Naque-le tempo, uma travessia possível eram as estradas quenos levavam aos centros de pós-graduação em Campi-nas, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outrascapitais. Quantas e quantas horas de viagem! Algunspoucos foram para o exterior. O retorno de mui-tos foi para Uberlândia, mais precisamente,para a UFU.

Ingressei-me no Programa, comodocente, no final de 1996, um tempode mudanças na política educacionalbrasileira com a aprovação da LDB -Lei n.9394/96. Um período de deba-tes, crises e novas demandas educa-cionais. A avaliação bianual doPrograma, realizada pela CAPES, re-ferente ao biênio 1994-1995, apontouvários problemas na estrutura do Cursode Mestrado. Assim, tive o privilégio departicipar do esforço coletivo para superaros problemas identificados em relação à estru-tura curricular, ao corpo docente e à produção científi-ca. Foram incorporados ao Programa de Mestradocinco novos doutores, o que amenizou os problemas cau-sados pelas aposentadorias precoces ocorridas até en-tão. Incrementaram-se as atividades de pesquisa e deprodução docente nas duas novas linhas de pesquisa:“Saberes e Práticas Escolares” e “Historia e Historiogra-fia da Educação”. O Programa recebeu nota 3 e, suces-sivamente, nota 4 nas avaliações.

O Programa cresceu em termos quantitativos equalitativos, e ampliou o debate sobre sua própria experi-ência e a construção de sua identidade. Assim, o Currícu-lo e o Regulamento, implantados em 1997, foram objetos

Uma história em construção

18 maio2014

Selva Guimarães

de análise, discussão e reformulação, no decorrer do anode 2001, quando tive o privilégio e a confiança dos meuscolegas para assumir a coordenação do Programa. O de-safio como gestora, inicialmente, foi promover a reformula-ção curricular e regulamentar do PPGED no interior doprocesso de elaboração e implantação do Regimento Ge-ral da Pós-Graduação da UFU, concluído e aprovado em22 de janeiro de 2003, pelo CONPEP. Um espaço e umtempo de muitos aprendizados para todos nós que traba-lhávamos, coletivamente, pela consolidação e expansãoda pesquisa e da pós-graduação na UFU. A partir desse

ano, todos os Programas de Pós-Graduação da Uni-versidade implementaram reformas, com o ob-

jetivo de adequação de seus regulamentosinternos às novas normas gerais da Insti-

tuição.Outra travessia estava em cons-

trução: a FACED. Como registrado nosdocumentos históricos do PPGED,penso que quatro dimensões foramfundamentais para o desenvolvimentodo PPGED nos anos 2000: a compo-

sição de um corpo docente unido pelomesmo propósito; o aumento significati-

vo da produção científica, dos projetosde pesquisa, com apoio e financiamento ex-

terno; a crescente demanda por vagas no Pro-grama, o número de candidatos inscritos nos

processos seletivos cresceu, significativamente, ano após ano;e a estabilidade e apoio institucional da UFU e da FACED, cri-ada no ano 2000. Como fruto do trabalho de um grupo, oPrograma superou os problemas iniciais e a sua produção,aos poucos, foi reconhecida em âmbito nacional. Os indica-dores passaram a demonstrar resultados compatíveis com osparâmetros de qualidade exigidos pelos órgãos reguladorese fomentadores da pós-graduação brasileira.

Nesse novo contexto, esses fatores potencializarama construção do Projeto do Doutorado em Educação. Otrabalho coletivo e a troca de experiências propiciaram aformulação de um projeto curricular exitoso. Assim, o Proje-to de Implantação do Doutorado em Educação foi aprova-

Como fruto do trabalhode um grupo, o Programa

superou os problemas ini-ciais e a sua produção, aos

poucos, foi reconhecidaem âmbito nacional.

artigo

Tempo e Memória

Page 19: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014

do pelo Conselho Universitário da Universidade Federal deUberlândia no ano 2004 e, em 2005, foi autorizado e re-comendado pela CAPES. A primeira turma do Curso deDoutorado em Educação iniciou suas atividades em marçode 2006. Em 2007, o Programa obteve, pela primeiravez, a nota 5 na Avaliação Trienal (2004-2006) da CA-PES. Nesse momento, retornava do Estágio de Pós-Douto-rado e, novamente, tive a honra de contar com o irrestritoapoio de meus colegas para assumir mais um mandato nagestão do Programa. Foi um período fértil de debates naANPED, no FORPRED e com os nossos interlocutoresna CAPES, CNPq e FAPEMIG. Em 2009, o PPGEDformou a primeira turma de Doutores em Educa-ção pela Universidade Federal de Uberlândia.Um sonho partilhado e realizado!

O Programa tornou-se uma referênciae, neste sentido, novas demandas se colo-caram: os intercâmbios, os convênios e asparcerias nacionais e internacionais. Nes-ta trajetória, efetivamos os convênios doDINTER e PMCD (Programa Mineiro deCapacitação Docente). O DINTER –Doutorado Interinstitucional - UFU/UNI-FAP – faz parte do Programa “Ação No-vas Fronteiras”, que tem como finalidadeatender à demanda de formação de no-vos doutores em educação em instituiçõespúblicas de ensino, pesquisa e extensãoem região de fronteira, distante dos gran-des centros produtores de conhecimentos ci-entíficos do país. O processo de seleção paraos candidatos ao DINTER /UFU/UNIFAP foi reali-zado em outubro de 2009, em Macapá, na sededa Universidade Federal do Amapá. A Comissão deseleção foi composta por cinco professores do PP-GED/UFU. Ao final do processo, foram aprovados quatorzecandidatos, sendo que a maioria deles se formou em 2013.Um trabalho em parceria que julgo de grande relevânciasocial para o nosso país.

Enfim, para nós, que construímos juntos, esta históriaé motivo de orgulho e alegria. Uma história que demonstra

maio2014 19Tempo e Memória

1 Selva Guimarães é Selva Guimarães é Pesquisadora de Produtividadedo CNPq, nível 1C; Professora do PPGED desde 1996, tendo sido coor-denadora nos períodos 2001-2004 e de 2007 a 2009.

Foto:AnandaDinato

a responsabilidade política, social e científica de seusprotagonistas. Uma travessia real, possível, realizadacom muito trabalho. Uma trajetória que expressa o com-promisso de docentes, servidores técnico-administrativose alunos do PPGED, nas lutas cotidianas pela produçãode conhecimentos e pela educação brasileira! A histó-ria continua... O programa está em construção!

Page 20: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Fazer um breve balanço sobre o proces-so de implantação e consolidação do Pro-grama de Pós-Graduação em Educação,

da Universidade Federal de Uberlândia, nos remete àspalavras do poeta romano Horácio, ao observar que “as

adversidades despertam em nós capacidades que, em cir-cunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas”, ou ain-

da, às reflexões do teólogo inglês William George Ward,que dizia “há os que se queixam do vento, os que esperam

que ele mude e os que procuram ajustar as velas”. Estes temsido os vetores que norteiam as atividades do PPGED, ao lon-

go dos seus 25 anos, ou seja, enfrentar os desafios à melhoriada qualidade da educação brasileira, bem como promover osajustes necessários para atender as novas demandas colocadaspela sociedade do século XXI.

Esta preocupação é observada na produção científica dosprofessores e alunos do Programa, que pode ser mensurada peloexpressivo crescimento do número de artigos e livros publicadas acada ano. Por outro lado, no âmbito do Programa, também há pro-fessores cujos trabalhos têm se situado numa ambiência de diversi-dade temática, na qual a centralidade recai nas múltiplas formasde se pesar as realidades educacionais na região, no estado e nopaís, isto é, o propósito das pesquisas desenvolvidas pelos nossosdocente e discente é pôr em evidência as configurações e confli-tos da educação brasileira, mas ao mesmo tempo, seus estudosbuscam propor ações e solução de parte dos problemas ligas aouniverso educacional do país, estejam estes presentes nos espa-ços escolares ou não escolares.

Quando assumimos a Coordenação, no ano de2009 até o encerramento da nossa gestão em 2013, pro-curamos manter essa mesma perspectiva, com a finalida-de de continuar o trabalho realizado peloscoordenadores(as) que nos antecederam, mas tambémsendo necessário “ajustar as velas” do PPGED, dadoos novos desafios postos à pós-graduação no país.

Tendo em vista as exigências e demandas colo-cadas para a pós-graduação, o PPGED promoveu areformulação da sua estrutura curricular, objetivandoo aperfeiçoamento dos currículos do Doutorado e

20 maio2014

artigo

Entre desafios e perspectivasCarlos Henrique de Carvalho1

Tempo e Memória

Foto: Ananda Dinato

Page 21: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 21

Mestrado, visando aprimorar as dimensões de ensino,pesquisa e orientação no âmbito da Pós-Graduaçãoem Educação. Também buscamos promover os inter-câmbios institucionais (com ênfase nos internacionais),pois estes têm por objetivo a consolidação e amplia-ção do espaço institucional ocupado pelo Programade Pós-Graduação em Educação nos contextos regio-nal, nacional e internacional, bem como são importan-tes instrumentos de incremento das atividadesacadêmicas do próprio Programa. É oportuno desta-car, outro desafio: a necessidade de se estabelecer in-tercâmbios internacionais, pois eles se constituem emcondição essencial para a manutenção do conceito 5junto a CAPES e a médio prazo, alçá-lo ao conceito 6.

Outra linha de ação do PPGED foi promover al-gumas iniciativas para incrementar e diversificar a produ-ção científica dos nossos pesquisadores, por meio dapromoção e apoio à construção de fóruns especializadosde divulgação e debates sobre suas pesquisas, mas ten-do como horizonte o respeito às suas diversidades temá-ticas e teórico-metodológicas, próprias das Linhas dePesquisa do Programa. Ainda seguindo este vetor, manti-vemos, em gestão, ações desenvolvidas nos anos anteri-ores como a rede de parcerias interinstitucionais. Taisparcerias operacionalizam-se, sobretudo, nas atividadesde nucleação entre as universidades que integram o Fó-rum de Coordenadores de Programas de Pós-Gradua-ção em Educação da Região Centro-Oeste (FORPRED –CO), sob a coordenação, nos últimos dois anos, do PP-GED – UFU. O trabalho desenvolvido no âmbito do Fórumocorre de múltiplas formas, dentre elas destacamos a orga-nização contínua dos Encontros de Pesquisa em Educação.

Esses eventos são espaços privilegiados paraa divulgação das pesquisas produzidas no âmbito dosprogramados, os quais são organizados nas reuniõesentre os coordenadores das Instituições que compõemo referido Fórum. Além dessa atividade, que potenciali-za a nucleação, merece destaque também a participa-ção de docentes dos programas da região comomembros de Conselhos Editoriais dos Periódicos dasInstituições/publicações coletivas, envolvendo profes-sores de vários Programas do Centro-Oeste; promo-ção de eventos científicos, como seminários, reuniõesde grupos de pesquisa, etc.

Se a “palavra de ordem é internacionalizar aPós-Graduação do País” o PPGED não vem medindo

esforços no sentido de promover a realização deatividades de Estágio Pós-Doutoral no exterior, bemcomo incentiva seus docentes a desenvolvê-los, emconvênio com instituições de outros países. Já em re-lação aos discentes, a política do PPGED foi ampli-ar a participação de nossos alunos em instituiçõesinternacionais. Por isso, firmamos convênio, no âmbi-to do Programa de Alianças para a Educação e Ca-pacitação (PAEC) da Organização dos EstadosAmericanos e o Grupo Coimbra de UniversidadesBrasileiras (GCUB) - PAEC – GCUB, em 2012, quan-do recebemos alunos da Colômbia para realizarseus doutoramentos no PPGED. No último triênio, oPPGED viabilizou a ida de 10 bolsistas ao exterior,com a finalidade de realizarem seus estágios dedoutoramento, no âmbito do Programa de Doutora-do no País com Estágio no Exterior (PDEE). Assim, foipossível efetivar a presença dos nossos alunos nasUniversidades de Lisboa, Coimbra, Porto, Minho,Barcelona, Nova de Lisboa e Cuba.

Portanto, foram ações na direção de melhorar ascondições estruturais de pesquisa e docência, tanto paraos professores quanto para os alunos, o que repercutiuna produção científica do Programa (publicações de livros,artigos e substancial aumento de participações em eventosnacionais e internacionais).

Por outro lado, é sempre importante destacar quea tônica do trabalho dos coordenadores(as) anteriorespode ser resumida na seguinte frase: “as adversidadesdespertam em nós capacidades”. Ou seja, o empenho eo compromisso deles, somados aos dos professores ealunos possibilitaram resultados altamente positivos parao Programa, materializados hoje pela nota 5 atribuídaao Programa na última avaliação trienal pela CAPES.

Enfim, tudo que fazemos foi com a humildade pró-pria daqueles que têm a consciência de que nada – ab-solutamente nada – se constrói sozinho, senão emparceria, em conjunto com o próximo, com sinergia e espí-rito coletivo. Esse esforço coletivo contribuiu, sobremanei-ra, para mais um importante passo dado pelo PPGEDrumo ao seu processo de afirmação como Programa refe-rência no país e no exterior.

1 Carlos Henrique de Carvalho é doutor em História pela Universida-de de São Paulo (USP). Professor da FACED e do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFU. Foi Coordenador do PPGED entre2009 a 2013.

Tempo e Memória

Page 22: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Admitida na UFU em 06 de janeiro de1992, iniciei a carreira como professoraauxiliar da equipe de Metodologia deEnsino, do Departamento de Princípios

e Organização da Prática Pedagógica (DEPOPP), pa-ra atuar no Curso de Pedagogia. Havia então dois de-partamentos, o Departamento de Fundamentos daEducação (DEPFE) e DEPOPP, criados e mantidos noâmbito da Direção do Centro de Ciências Humanas eAtes (CEHAR), responsáveis prioritariamente pelo Cur-so de Pedagogia e proponentes do Curso de Mestra-do em Educação Brasileira, atual PPGED.

Primeira experiência no PPGED – como aluna

Em março de 1992 iniciei meu curso de Mestra-do em Educação no próprio PPGED, sob a orientaçãodo prezado professor Dr. Jefferson Ildefonso da Silva.

O Programa/Mestrado em Educação havia si-do criado recentemente, também no âmbito doCEHAR, em uma peculiar e difícil condição em que oDEPFE e o DEPOPP não podiam arcar por si mesmoscom a criação, manutenção e desenvolvimento inicialdo Programa, por não haver então um corpo docen-te suficientemente titulado. Fato que exigiu, naquelemomento, a fundamental colaboração de professoresde diferentes departamentos da UFU, tanto nas ativi-dades de docência, pesquisa e orientação, como na

administração acadêmica, para consolidar nossa pós-graduação stricto senso em educação junto à comunida-de externa e interna, e à Coordenação de Aperfeiçoa-mento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

São os anos 1990. A gestão do ensino superiorbrasileiro passa a ser pautada em controversas mudan-ças no relacionamento do Estado com as instituições, emtermos do financiamento, da profissão e do trabalho do-centes – aspectos extremamente marcados pela arga-massa da avaliação institucional e pessoal-profissional, aqual iria perdurar, tendencialmente, até os dias atuais.

Tendo concluído o curso de Mestrado em setembrode 1996, naturalmente me afastei do PPGED e fui cursaro Doutorado na Universidade Metodista de Piracicaba(UNIMEP), no período de 1997 a 2000, com liberação in-tegral das atividades na UFU por três anos e meio.

O Programa/Mestrado em Educação se encontra,ao final deste período, em um novo contexto institucional –a reconfiguração estatutária e regimental da universidade,que instituiu as Unidades Acadêmicas como órgãos básicosde sua nova estrutura organizaciona4l, entre elas a Facul-dade de Educação (FACED) criada mediante a fusão doDEPFE e do DEPOPP, em janeiro de 20005. Vejamos:

[...] desde o início dos anos 80, discute-se a obso-lescência do primeiro estatuto [da UFU], elaborado nosmoldes da Reforma Universitária de 1968. Aqui, os argu-mentos favoráveis a instalação de um processo estatuintedemonstraram, segundo o Relatório de Gestão da Reito-

Uma história e um ano quenão terminou

22 maio2014

artigo

Mara Rúbia Alves Marques1

[...] é preciso saber narrar. Discursosfacilmente se banalizam, tornam­sesolenes, sentimentais em excesso,causando o efeito contrário do que

pretendem. 2

Quanto à minha gestão, caso eu sejafisiológica e psicologicamente resistente

[...] penso ser promissora. 3

Tempo e Memória

Page 23: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 23

ria – 1992-1996, um expressivo consenso com aquelesutilizados em várias universidades brasileiras. Além disso,a história da UFU vinha sendo marcada pela fragmenta-ção ainda maior da estrutura originalmente concebida,pois muitos departamentos foram subdivididos. (UFU, FA-CED, 2007, p.209-210).

A participação do PPGED na Assembléia Estatuin-te, convocada ainda em 1994, se deu, sobretudo, medi-ante a atuação do então Coordenador do Programa,professor Jefferson Ildefonso da Silva. Na condição de re-presentante discente do PPGED tive a honra e a oportu-nidade de participar da “estatuinte”, cujosdesdobramentos, contudo, não pude acompanharem fun-çãode meu ingresso no curso de Doutorado.

São os anos 2000. A gestão do ensino superiorbrasileiro passa a ser pautada em evidentes alteraçõesno comportamento governamental relativamente ao setordas universidades públicas, expressas na expansão de ins-tituições (cursos de graduação e de pós-graduação), comreposição e/ou ampliação de vagas docentes e discen-tes,ampliação de um corpo docente altamente qualifica-do; mas, também, com a diversificação e intensificação dotrabalho acadêmico e dos processos administrativos, bemcomo como aumento de recursos orçamentários, po-rém,obviamente condicionadospela equação metas/cro-nograma/desempenho/avaliação.

Segunda experiência no PPGED – como professora

Tendo concluído o curso de Doutorado em novem-bro de 2000, novamente me aproximei do PPGED aosolicitar e ser aprovada como docente efetiva do Progra-ma6, inserida na então Linha de Pesquisa Políticas e Ges-tão da Educação, e admitida logo em seguida comomembro do Colegiado, por solicitação da então Coorde-nadora, professora Graça Aparecida Cicillini7.

Em tempos da cultura do desempenhoe da avalia-ção, não é demais transcrever: O parecer deste relator éfavorável à aprovação do ingresso da Profa. [...] O seucurriculum vitae, relativamente aos últimos cinco anos –

Fotos:ArquivoPessoal

Tempo e Memória

Page 24: Revista PPGED-UFU - 25 anos

aliás, é basicamente a partir de 1996 que se desenhao seu perfil acadêmico –, expressa qualidades signifi-cativas que permitem esperar por parte dela envolvi-mento institucional e capacidade de resposta àsdemandas político-educacionais que hoje vigem rela-tivamente à pós-graduação. (UFU, FACED, PPGED,PROCESSO No. 001/01, 2001, p. 2).

Entendo que o relator tenha sintetizado, sensi-velmente,as singularidades profissionais. Evidenciou,além disso, potencialidades que, a meu ver, têm se con-cretizado em atividades de ensino, pesquisa, orientaçãoe produção-científica desenvolvidas até o momento nagraduação e na pós-graduação – o que não cabe des-tacar por serem processos inerentes que, de fato, “hojevigem relativamente à pós-graduação.”

TerceiraexperiêncianoPPGED–comocoordenadora..

Em abril de 2004 fui nomeada substituta oficialda então Coordenadora do PPGED8, professora SelvaGuimarães (a quem fui obviamente grata pela confian-ça), para casos de eventuais ausências e impedimentos.Lembro-me de, nesta condição, participar, orgulhosa-mente, de longas e por vezes cansativas reuniões doConselho de Pesquisa e Pós-Graduação (CONPEP) – oorgulho, nesse caso, deveio de uma quase total inexpe-riência em cargos administrativos9.

Fui designada para assumir o cargo de Coorde-nadora pró-tempore do Programa de Pós-Graduaçãoem Educação da Faculdade de Educação, a partir de01 de agosto de 200410, em substituição à professoraSelva Guimarães, que solicitou exoneração a partir definal de julho de 2004.

Desnecessário seria falar do crescimento pessoal-profissional por minha participação contínua no Colegia-do do PPGED, no CONPEP, no Conselho Universitário(CONSUN) e no Fórum Nacional de Coordenadores deProgramas de Pós-Graduação em Educação da ANPEd(FORPRED). Quero destacar, todavia, entre as ações doPPGED realizadas ou concluídas no período de minhaCoordenação11: o apoio financeiro à realização do Con-gresso de Pesquisa e Ensino em História da Educação, naFUNREI, de 05 a 08 de maio de 200512; o Catálogo deDissertações (1992-204) comemorativo dos 10 anos derecomendação do PPGED pela CAPES/MEC13; a apro-vação do Curso de Doutorado em Educação14; o I Coló-quio Internacional História, Políticas e Saberes emEducação Escolar (março de 2005), com a presença do

24 maio2014

artigo

professor Bernard Charlot15.Evoco,especialmente,o I Colóquio Internacional

para uma síntese de duas tendências atuais da Educaçãoem geral, e particularmente da Educação Superior e dapós-graduação: a internacionalização e a judicialização16.

É claro que só retrospectivamente e pela forçada experiência, elaborei esta síntese em termos de umacrescente tensão sobre as instituições, o trabalho e assubjetividades de professores e gestores; no presentecaso, no contexto do PPGED. Numa ponta o I ColóquioInternacional, na outra o primeiro processo judicial en-volvendo o PPGED/Mestrado em Educação (ProcessoJudicial 2001.38.03.000682-0 que, por várias razões,não acompanhei e não tinha ciência das suas reais di-mensões) – nesse último aspecto penso que não sabía-mos, ainda, o que estava por vir.

Uma síntese de certa forma trágica, em que o ín-timo e o oficial, o pessoal e o público se expressaramnum acontecimento. Confusão intensa de entusiasmos,ressentimentos e decepções sob a qual minhas fisiologiae psicologia acabaram por ceder (sempre as paixões!).

Em reuniãode rotina do Colegiado, de 25 de abrilde 2005, 17após a conclusão de um único item pautadoas colegas do Colegiado manifestaram repúdio pelo fatode a“[...] Profa. Dra. Rossana Valéria de Souza e Silva terparticipado da composição da Mesa de realização dapalestra do Prof. Dr. Bernard Charlot [...] considerando ofato ocorrido como um afronte [sic] se se considerar osacontecimentos e fatos históricos, Processo Judicial2001.38.03.000682-0, movido contra o PPGE/UFU,quando a Profa. [...] ainda participava do Programa.” (UFU,FACED, PPGED, 2005). Embora tratasse de esclarecer“[...] que a Profa. [...] foi convidada a compor a Mesa pelopalestrante, Prof. Dr. Bernard Charlot.” (UFU, FACED, PP-GED, 2005), o descontentamento evidenciado e minhaperplexidade levaram a um difícil desfecho. A despeitoda expectativa de me candidatar à coordenação efetivado Programa em eleição prevista para breve, anunciei adecisão, evidentemente intempestiva, de não continuar àfrente da administração a partir de 02 de julho de 2005.Meu pedido de exoneração se deu em 31 de maio de2005,18 a exatos dois dias de completar 11 meses degestão – de fato, um ano que não terminou.

Contudo, hoje percebo ter se tratado de umepisódio nem um pouco banal,mas nem tão grave afi-nal quando entendido num contexto de necessário eespecial cuidado com a instituição (o PPGED) e com oórgão por ela responsável (a Coordenação).Um difícil

Tempo e Memória

Page 25: Revista PPGED-UFU - 25 anos

1 Mara Rúbia Alves é professora da FACED/UFU. Coordenadora pró-tempore do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) no pe-ríodo de 01 de agosto de 204 a 31 de maio de 2005.2 LAUB, Michel. Nomes do horror. Folha de S. Paulo, Caderno E/Ilus-trada, 9 de maio de 2013,p. 12.3 Declaração feita, originalmente, a propósito de minha gestão à frente aDireção da FACED (2008-2012). In: UFU, FACED. Retrospectiva &Perspectiva, março de 2010. Revista comemorativa dos 50 anos do Cur-so de Pedagogia, 10 anos da Faculdade de Educação e 1 ano do Curso deJornalismo. Entrevista, p.34-37.4 Conforme o Estatuto e Regimento Geral da Universidade Federal deUberlândia, impresso pela Imprensa Universitária, s/d, 124 p. .5 Conforme o Regimento Interno da Faculdade de Educação, aprovadopelo Conselho da FACED (CONFACED) em sua 11ª Reunião do ano de2000; e conforme o Plano de Desenvolvimento e Expansão da Faculdadede Educação (PDE/FACED) Período 2000-2006, aprovado pelo CON-FACED em 05 de julho de 2000.Ambos os documentos In: UFU, FA-CED, I caderno informativo da Faculdade de Educação, 2007, 227 p.6 UFU, FACED, PPGED. PROCESSO No. 001/01 , referente a Solicita-ção de Ingresso no Corpo Docente do Programa de Mestrado em Educa-ção, relatado pelo Professor José Carlos Araújo em 02/04/01 .7UFU, FACED, PPGED. MI 037/01COPEB/UFU, de 06 de abril de 2001.8 UFU. PORTARIA R No. 0293/04, de 15 de abril de 2004, pelo Reitorda UFUArquimedes Cilone.9 Eu havia eventualmente substituído a professora Antónia Miorim na chefiado DEPOPP.UFU. PORTARIA No. 0457/PROHEH/96, de 02 de maio de1996; UFU. PORTARIANo. 0464/PROHEH/96, de 06 de maio de 1996.10 UFU. PORTARIA R No. 0790/04, de 02 de julho de 2004, pelo Reitorda UFUArquimedes Cilone.11 Com a colaboração da UFU, da FACED, dos docentes do Programa,destacadamente do Colegiado: Selva Guimarães, Graça Cicillini, CarlosLucena, Wenceslau Neto, e a mestranda Michele Moura.12 UFU, FACED, PPGED. Ata da oitava reunião ordinária do ano de doismil e quatro do Colegiado Programa de Pós-Graduação em Educa-ção/Mestrado em Educação, de 20 de dezembro.13 UFU, FACED,PPGED.Catálogo de dissertações - Programa de Pós-Graduação em Educação da UFU, 2005. CD-ROM.14 “Em 2004 foi apresentado o Projeto relativo a Implantação do Douto-rado em Educação na UFU, tendo sido aprovado pelo Conselho Universi-tário da Universidade Federal de Uberlândia em 2005, autorizado erecomendado pela CAPES. A primeira turma do Curso de Doutorado emEducação iniciou suas atividades em março de 2006.” Disponível em<www.ppged.faced.ufu. br> , acesso em 05 de março de 2014.15 Evento depois assumido pela Linha de Políticas e Gestão da Educa-ção, como Simpósio Internacional: O Estado e as Políticas Educacionaisno Tempo Presente.16 A questão da judicialização na UFU foi originalmente o tema de meuEstágio de Pós-Doutorado na UFMG (2012). A propósito consultar MAR-QUES, Mara R. A. A judicialização da política e da educação superior noBrasil e a questão da autonomia. In: Anais do VII Simpósio Internacional:o Estado e as Políticas Educacionais no tempo presente, 2013. CD-ROM.17 UFU, FACED, PPGED. Ata da quarta reunião extraordinária do anode dois mil e cinco do Colegiado Programa de Pós-Graduação em Educa-ção/Mestrado em Educação, de 25 de abril.18 UFU. PORTARIA R No. 0601/05, de 31 de maio de 2005, pelo Reitorem exercício Elmiro Resende.

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 25

dizer, em todo caso: “[...] porque sensações não viram palavrascom facilidade: um universo oceânico e abstrato de lembranças[...] só pode ser comunicado por um instrumento, a linguagem,naturalmente mais estreito.” (LAUB, 2013, p. 12).

Foto:GersondeSousa

Tempo e Memória

Page 26: Revista PPGED-UFU - 25 anos

O que esperamos ao ingressar comoprofissionais de uma universidade?Inicio minha atuação no Ensino Superi-or na Universidade Federal de Uber-

lândia (UFU) num momento de reestruturação doDepartamento de Pedagogia que, pou-co antes do meu ingresso2, subdivi-diu-se em três: Fundamentos daEducação, Filosofia da Edu-cação e Departamento dePrincípios e Organiza-ção da Prática Peda-gógica (DPOPP),pertencentes naépoca ao Centrode Ciências Huma-nas e Artes(CEHAR). E as mu-danças não parampor aí...

Entre osanos de 1999 e2000 ocorre a revi-são do Regimento In-terno da UFU comsignificativas alterações:a estruturação em trêsgrandes Centros, congregan-do diferentes áreas do conheci-mento (Exatas, Humanas e Biológicas),é extinta, passando a vigorar a formação em

unidades (27) denominadas Faculdades e/ou Institu-tos. Nesse momento, os três departamentos oriun-dos do antigo Departamento de Pedagogia, acimamencionados, congregam-se constituindo a atual

Faculdade de Educação na qual o Programade Pós-Graduação em Educação está

alocado.A passagem pela Coorde-

nação por, aproximadamente,um ano e meio3, em diferen-

tes espaços e tempos vi-venciados- Fórum deCoordenadores, instânci-as diversas da Universi-dade, salas de aula,outras instituições visi-tadas – possibilitaramcontatos, aprendiza-gens, laços de amiza-de eterna... Tambémreconhecemos, hoje, a

vivência de dualidadesmarcantes dessa época:

equilíbrios/intempéries, ra-zão/emoção, liberdade

/submissão, indivíduo/ coletivo.É complexa a relação en-

tre as pessoas! Como lidar compensamentos e posições às vezes tão

divergentes e em outros momentos comaproximações?

Dualidades e gestão:a Coordenação do Programa de Pós­

Graduação em Educação

26 maio2014

artigo

Graça Aparecida Cici ll in i 1

Foto: Divulgação

Tempo e Memória

Foto:Divulgação

Page 27: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 27

Até onde somos livres ou submissos à macroestrutura e àmacropolítica às quais a Pós-Graduação se vincula? Pensamos,neste instante, diretamente nas avaliações às quais os Programasde Pós estão submetidos. De repente temos que enfrentar umamudança conjuntural de “Educação de qualidade” para uma con-cepção de Educação de “produtividade”; neste caso a valoriza-ção numérica das publicações sobrepuja a qualidade dasmesmas. O tempo dedicado às pesquisas de mestrado e dedoutorado, anteriormente com duração aproximada de quatroe cinco anos respectivamente, é restringido para dois e quatroanos. Isto sem considerar a ampliação do número de vagasoferecidas a cada processo seletivo e as demais atividadespróprias da docência no Ensino Superior sustentada pelo tripéEnsino/Pesquisa/Extensão e o incentivo à relação Graduação/Pós-graduação.

Individual/coletivo traz à baila as parcerias, os rompimen-tos, as ponderações. Para além das “tormentas”, das dificuldadesque essa díade propicia, ela traduz também a sensação de luta,de “harmonia”, de vitória e de crescimento. Quantos momentostensos em situações de definição de currículo, de processos de se-leção de alunos a cada ano de funcionamento do Curso, de ava-liações trienais... Mas também quanta sensação de alegria acada etapa e/ou vitória conquistada.

Nessa perspectiva, acredito que tais sentimentos contradi-tórios, advindos dessas situações duais, nos propiciaram chegaronde estamos hoje aos nossos 25 anos de existência: um Progra-ma com 57 docentes, aproximadamente setecentas defesas entreteses e dissertações e, mais do que números, uma contribuiçãoefetiva na formação de educadores em nível, principalmente locale regional, mas também em nível nacional.

Entre conflitos e parcerias se finda, em meados de2001, um período intenso de trabalho com o Programa se su-perando no processo avaliativo: após uma longa permanên-cia com nota três, atribuída pela CAPES, passamos para anota quatro. A consequência desse crescimento pela avaliaçãoexterna possibilitou a criação do Curso de doutorado, hoje no-ta cinco nesse processo avaliativo.

A gestão como Coordenadora termina, mas os conflitos,próprios das dualidades, continuaram e continuam na participa-ção efetiva junto ao Colegiado, nas aulas, nas pesquisas nos pro-cessos de orientação e defesas.

Nesse processo de intensas reminiscências finalizamos, commuita emoção, lembrando de Fernando Pessoa: “Tudo vale a pe-na, quando a alma não é pequena”.

1 Graça Aparecida Cicillini é doutora em Metodologia de Ensino pela UnicampAtualmente é professora da FACED/UFU, no curso de Pedagogia e no Progra-ma de Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado). Atuou como co-ordenadora do PPPGED no período de 01/1999-05/2001 . .2 Julho de 1987, até então trabalhando da Secretaria Estadual da Educaçãoem São Paulo e cursando Mestrado em Educação na UNICAMP.3 Período correspondente ao ano 2000 até meados de 2011 .

Tempo e Memória

Foto: Felipe Flores

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28 maio2014

PPGED

PPGED consolida produção científicaem múltiplos espaços educativos

Felipe Saldanha1

(Da Redação)

Em 1988, surgia na UFU o Curso de Mestradoem Educação Brasileira. Esta foi a semente parao que se tornou, vinte e cinco anos depois, o Pro-grama de Pós-Graduação em Educação (PP-

GED). Os ex-coordenadores relatam que, ao longo desteperíodo, foi preciso superar muitos desafios e realizar diversasmudanças. O resultado foi um programa consolidado em todosos seus aspectos, das linhas de pesquisa à produção científica.

O Mestrado em Educação Brasileira foi criado noCentro de Ciências Humanas e Artes (CEHAR) com professo-res de diversas áreas. Além das pós-graduações em Elétricae em Mecânica, o curso era o único deste nível na UFU. Aten-dia uma demanda nascente: mais que especializações latosensu, o público “já estava percebendo que era preciso termestrado e doutorado”, de acordo com o professor OsvaldoFreitas de Jesus, segundo a coordenar o programa (ver boxpágina ao lado), no período de 1992 a 1993. Para o docen-te, a missão do mestrado era “formar pesquisadores e pesso-as mais qualificadas para trabalhar na Educação”.

No entanto, as dificuldades enfrentadas nos primeirosanos não foram poucas. “Havia vários problemas no programa:produção científica considerada insuficiente, poucos projetos depesquisa, dispersão temática e um currículo que não atendiaao que a Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pesso-al de Nível Superior, ligada ao Ministério da Educação] já de-senhava como padrão ou ‘ideal’ para um programa depós-graduação”, explica a professora Selva Guimarães, coor-denadora do PPGED de 2001 a 2004 e de 2007 a 2009.

Outras adversidades são relatadas nas atas das primei-ras reuniões entre docentes e discentes: espaço físico reduzido,orçamento limitado, equipamentos precários e falta de apoiodentro do CEHAR. Estes problemas contribuíram para que ocredenciamento do programa pela CAPES só fosse realizado em1994. Por outro lado, nessa época, o curso já começava a definir suaidentidade, à medida que aprovava projetos e envolvia seus alunoscom grupos de pesquisa, como observa o professor Osvaldo.

Contudo, o momento ainda era de crise. Muitos profes-sores estavam se aposentando e deixando o curso, o que re-fletia em todo o trabalho desenvolvido. “A pós-graduação émais ou menos igual a um xadrez: você tira uma peça e elamexe em todo o jogo”, diz Osvaldo. Em 1996, um relatório daCapes apontou vários problemas, em especial quanto à estru-tura curricular. Assim, antigos e novos professores do PPGEDse uniram para colocar em prática uma reforma que resultou,no ano seguinte, na reformulação da área temática – de Edu-cação Brasileira, tornou-se Educação Escolar – e no agrupa-mento das pesquisas em duas linhas: História e Historiografiada Educação e Saberes e Práticas Escolares.

“Essa reforma curricular deu outra identidade para oprograma. Era um grupo de professores pequeno, mas que sededicava profundamente a dois campos do saber”, afirma aprofessora Selva, referindo-se às duas linhas de pesquisa. As mu-danças, consideradas bem-sucedidas, levaram a Capes a atri-buir nota 3 para o programa, numa escala de 0 a 5.

Na mesma época, a recém-aprovada Lei de Diretrizes eBases da Educação Nacional (nº 9.394 de 1996), conhecidacomo LDB, passou a exigir das universidades que um terço deseu corpo docente tivesse mestrado ou doutorado. Isso levou,segundo Selva, a uma “busca desenfreada por pós-gradua-ção”, de tal maneira que, no fim da década, a demanda eratão significativa a ponto de os processos seletivos do PPGED re-gistrarem uma relação de cerca de 15 candidatos por vaga.

Na virada do milênio, a UFU passaria por grandes mu-danças. Em 2000, os Centros foram extintos e a recém-criada Fa-culdade de Educação (FACED) agora abrigava o programa e amaioria de seus professores. A criação de um regulamento geralpara todos os cursos de pós-graduação da universidade, em2003, motivou nova reforma curricular do PPGED. Nessa oca-sião, um grupo de professores da linha rebatizada como Saberese Práticas Educativas deu origem a uma nova linha, atualmentenomeada Estado, Políticas e Gestão em Educação.

Nesse período, alguns professores obtiveram bolsa de

Foto: Ananda Dinato

Tempo e Memória

Programa superou adversidades e hoje é considerado referência

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 29

produtividade junto ao Conselho Nacional de DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico (CNPq), ligado ao Ministério da Ciência,Tecnologia e Inovação. Com isso, o curso de mestrado obteve umimpulso e a Capes subiu sua nota para 4. Ao mesmo tempo, con-forme relata a professora Selva, os professores do PPGED busca-vam ocupar espaços em associações científicas e agências defomento à pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado de Minas Gerais (FAPEMIG), e órgãos como o CNPq e aCapes. Dessa forma, a relevância do programa deixou de serapenas regional e passou a ser nacional.

Estavam alcançadas, enfim, as condições necessárias efavoráveis para o programa investir em um novo projeto: oDoutorado em Educação, “um sonho nosso”, afirma a professoraSelva, “desde os primeiros coordenadores”. O novo curso, frutoda ação coletiva dos professores do PPGED com a contribui-ção de docentes de outras unidades acadêmicas, foi aprovadopela Capes em 2005 e recebeu nota 4.

A última reforma curricular do programa foi realizadaem 2011, após vários debates internos no âmbito das linhasde pesquisa e do colegiado, como relata o professor CarlosHenrique de Carvalho, coordenador de 2009 a 2013. Duaslinhas foram criadas: Trabalho, Sociedade e Educação e Edu-cação em Ciências e Matemática. “Essas linhas incorpora-ram demandas de novos trabalhos que a sociedadecolocava para o PPGED”, diz Carlos.

A área de concentração também se tornou menos restritae passou a abranger a educação de maneira geral, sendo de-signada apenas como Educação. “A escola não deixou de ser o

locus privilegiado dos nossos estudos, mas hoje nós pesquisamosdiversos e múltiplos espaços educativos”, afirma Selva.

Atualmente, tanto o mestrado quanto o doutorado pos-suem nota 5, o que caracteriza o PPGED como um programade referência, e já registraram a aprovação de 474 disserta-ções e 69 teses (até fevereiro de 2014). Os cursos reúnem alu-nos de todo o país, do Amapá ao Rio Grande do Sul. Oprofessor Carlos Henrique aponta o perfil democrático do pro-grama, por absorver um público amplo, que vai dos professo-res da Educação Infantil aos graduados de outras áreas, quetêm a possibilidade de articular seus projetos de pesquisa coma educação “em todas as suas dimensões e potencialidades”.

Carlos e Selva concordam que o grande desafio,agora, é a internacionalização do programa. O professor su-gere promover mais pesquisas conjuntas com grupos interna-cionais e buscar parcerias com um maior número de países,além de promover essa internacionalização em mão dupla –não apenas recebendo professores para ministrar aulas aqui,mas levando docentes para lecionar no exterior. Selva lem-bra que essa troca deve envolver também os alunos.

Para os próximos vinte e cinco anos, a ex-coordenadoraacrescenta os desafios de pensar a relação entre mídias e co-nhecimento científico e de aprofundar o diálogo com a escola,contribuindo para a melhoria de sua qualidade. “Não só for-mando professores, mas produzindo conhecimento e saberesque sejam de fato significativos e possam impactar a educa-ção básica de forma positiva”.

Prof. Luis Ernesto Rodriguez TapiaProf. Osvaldo de Freitas JesusProf. Antônio ChizottiProf. Jefferson Ildefonso da SilvaProf. Apolônio Abadio do CarmoProf. Geraldo Inácio Filho

Profa. Graça Aparecia CicilliniProfa. Selva GuimarãesProfa. Mara Rúbia AlvesProfa. Selva GuimarãesProf. Carlos Henrique de Carvalho(2013 - atual) Profa. Maria Vieira Silva

Relação histórica de ex­coordenadores PPGED

• Educação em Ciências e Matemática (Mestrado e Doutorado) - Coordenação: Profa. Elenita Pinheiro de Queiroz Silva• Estado, Políticas e Gestão da Educação (Mestrado e Doutorado) - Coordenação: Profa. Lázara Cristina da Silva• História e Historiografia da Educação (Mestrado e Doutorado) - Coordenação: Prof. Décio Gatti Júnior• Saberes e Práticas Educativas (Mestrado e Doutorado) - Coordenação: Profa. Andréa Maturano Longarezi• Trabalho, Sociedade e Educação (Mestrado e Doutorado) - Coordenação: Prof. Antônio Bosco de Lima

Linhas de Pesquisa

1 Felipe Saldanha é graduado em Comunicação Social: habilitação em Jornalismo pela FACED/UFU e mestrando no Programa de pós-graduação emTecnologias, Comunicação e Educação da FACED/UFU.

Foto: Ananda Dinato

Tempo e Memória

Page 30: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Saberes e Práticas Educativas tem origempara acabar com dispersão temática

30 maio2014

Temas da pesquisas são reformulados a partir da análise da realidade vivida em sala de aula.

Maysa Vi lela1

(Da redação)

função social da pesquisa

“O objeto de estudo que nos unia era os saberesescolares e as práticas pedagógicas dentro das escolas”,conta Selva Guimarães, professora e uma das fundadorasde uma das primeiras linhas de pesquisa criada no Pro-grama de Pós-graduação em Educação. A linha surgiuapós uma reforma curricular recomendada pela Capes(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pesquisa de NívelSuperior), em 1996, a fim de aglutinar os professores emlinhas de pesquisa, visando acabar com a dispersão te-mática existente até então. Intitulada Saberes e PráticasEscolares, a linha reuniu de 10 a 12 professores de dife-rentes áreas, que compartilhavam o mesmo objeto de es-tudo, constituindo, desde o início, uma identidade múltipla.

Com professores das áreas de didática, metodologia,ensino das diversas disciplinas, currículo, gestão, entre outros,a linha Saberes e Práticas Escolares agia em torno do pro-cesso de ensinar e aprender, trazendo a tona, além do estu-do das metodologias de ensino, discussões sobre o direito àaprendizagem. Esse processo seguiu desta forma até 2002,período em que uma reforma curricular conduziu, por meiode alguns professores da área de políticas públicas e gestãoda educação, a linha de Políticas e Gestão da Educação.

No mesmo ano, os professores que continuaram nalinha Saberes e Práticas Escolares sentiram a necessidadede ampliar seu objeto de investigação. Ao mudarem a no-menclatura para Saberes e Práticas Educativas, o objetoantes restrito à escola passa a atingir outros espaços.“Práticas educativas e saberes não são produzidos só naescola, mas em diversos espaços educativos”, salienta Sel-va. A partir dessa mudança aparentemente simples, o ob-jeto de estudo dos pesquisadores da linha começa achegar às instituições de educação infantil, aos meios decomunicação de massa, às organizações não governa-mentais, entre muitos outros.

Os processos de reformulação na ementa das linhasde pesquisa são naturais e acompanham toda a história desuas existências no programa. A mais recente alteração nalinha de Saberes aconteceu por volta de 2010, foi a cria-ção da linha Educação em Ciências e Matemática pelosprofessores que trabalhavam especificamente com o ensinonessas áreas. Segundo a atual coordenadora da linha Sa-beres e Práticas Educativas, Andréa Longarezi, a linha con-tinua sofrendo alterações a partir das áreas específicas deestudo dos novos professores que vão senso credenciadosno programa. Para Selva Guimarães, esse processo é inte-ressante, pois “com a história da linha podemos apreendercomo o programa cresceu e ampliou tanto seu quadro do-cente quanto seus quadros de pesquisa”.

A linha conta hoje com 15 professores de diferen-tes áreas do conhecimento, didática, psicologia educacio-nal, alfabetização, educação especial, educação popular,trabalhando o processo do ensino de maneira ampla, as-sim como metodologia e formação de professores. Os te-mas utilizados pelos diversos profissionais em suaspesquisas são alterados e reformulados a partir da análi-se da realidade vivida em sala de aula.

Segundo Andréa, a partir da investigação de ex-periências educativas exitosas ou não, é possível que sedesenvolva projetos novos que supram essa demanda.“Nós temos condições de reconfigurar os saberes e aprodução de conhecimento em parceria com alunos quesão professores e pesquisadores das escolas”, afirma Sel-va. Tais reformulações vão delineando os objetos de estu-do, o que repercute na constituição da linha.

Segundo a atual coordenadora, os maiores emba-tes da linha de pesquisa se encontram na pluralidade deconcepções e enfoques teóricos dos professores. “Essa di-versidade implica em embates conceituais, interpretativos,

Tempo e Memória

Page 31: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 31

analíticos e, em consequência, de intervenção junto à realida-de”. Já para Selva, os embates são tanto de ordem teóricaquanto política acadêmica. A professora acredita que os dife-rentes referenciais são saudáveis por proporcionarem a hete-rogeneidade conceitual do programa e enriquecerem aprodução de conhecimento, mas, ao mesmo tempo, “apesardo esforço que a coordenação tem feito para manter a unida-de, é um elemento que dificulta o trabalho coletivo da linha”.

A partir dos projetos realizados pela linha Saberes ePráticas Educativas as contribuições para pensar educaçãosão analisadas pelas professoras. Para Andréa Longarezi, noâmbito acadêmico, elas se dão no sentido da produção deconhecimento que a linha tem possibilitado. Selva Guimarãespontua que este campo de pesquisa também traz grandescontribuições na área de formação de professores da edu-cação infantil até o ensino superior, assim como na qualidadedo ensino e da aprendizagem no interior das escolas. Demaneira geral, a linha se envolve primordialmente com aqualidade do ensino em todos os âmbitos.

De identidade múltipla, a linha Saberes e PráticasEducativas é caracterizada pela união de professores comenfoques em pesquisas diversos, mas pensando os processosde aprendizagem e as metodologias no sentido da melhorana qualidade do ensino. “Hoje nós temos projetos que fazemintervenção nas escolas, o que de alguma forma repercutecomo contribuição social à medida que intervém na realida-de buscando melhorar a qualidade do ensino”, conta An-dréea. Já para a professora Selva, que acompanha asreformulações da linha desde a sua fundação, ela representaum dos eixos de sustentação do Programa de Pós-gradua-ção desde 1996. “A linha de Saberes dá uma contribuiçãomuito rica para o avanço da produção de conhecimento”.

Foto:FelipeFlores

1 Maysa Vilela é graduanda do terceiro ano do Curso de ComunicaçãoSocial: habilitação em Jornalismo FACED/UFU

Tempo e Memória

Andréa Longarezi

Selva Guimarães

Foto:Ananda

Dinato

Page 32: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Estado, políticas e gestão daeducação

32 maio2014

função social da pesquisa

I sley Borges1

(Da redação)

Talvez, se os governantes voltassem os seus olhos para as pesquisas desenvolvidas nauniversidade acerca das políticas educacionais, sofreríamos menos com equívocos.

Tudo emerge por alguma razão

Falar de linhas de pesquisa de um programade pós-graduação é ressuscitar histórias, tanto aque-las da própria Faculdade de Educação (FACED) denossa universidade, quanto outras, que acabampor costurar a trajetória educacional tupi-niquim. As produções científicas dessaslinhas de concentração de investiga-ções refletem a realidade socialda educação no Brasil e, aomesmo tempo, o resultado detais estudos pode subsidiar oEstado na criação de políticaseducacionais mais palpáveis ecalcadas na realidade.

A linha de pesquisa intitu-lada “Estado, Políticas e Gestãoda Educação” foi fundada em2001, primeira década de um milê-nio que prometia e, agora observamosque de fato assim ocorre, uma revoluçãonos costumes e no modo como entendemos o nos-so país e o mundo. Como pano de fundo desse con-texto de fundação da linha de pesquisa, temos aspolíticas infindáveis de privatização empreendidaspelo governo da época.

As associações de pesquisa da área da Peda-gogia como a Associação Nacional de Política e Ad-ministração da Educação (ANPAE) e a AssociaçãoNacional de Pesquisadores em Educação (ANPED) jáaglutinavam, naquele contexto, pesquisadores do

campo das políticas educacionais e, especificamente aANPAE, já contava com um grupo de trabalho (GT)com a temática “Estado e Políticas Educacionais”. Mar-celo Pereira, pesquisador da linha de pesquisa “Estado,

Políticas e Gestão da Educação”, afirma queera um momento de muita resistência às

políticas educacionais propostas pelogoverno FHC. “Queria-se uma bre-

cha, uma possibilidade diferentedaquela proposta pelo governoFHC (Fernando Henrique Cardoso)para as políticas educacionais bra-sileiras, que tomavam os rumos daprivatização”, completa.

Falando localmente,da realidade de nossa “ufulân-

dia”, nos anos de 1998 e 1999,aproximadamente, alguns professo-

res tiveram a ideia de criar uma linhade pesquisa que tivesse foco nos temas re-

lativos às políticas educacionais. Podemos citaros professores Sandra Vidal Nogueira, Marilúcia deMenezes, Marcelo Pereira, Mara Rúbia Marques eMaria Vieira, que estavam em fase de conclusão dodoutorado e Robson França, iniciando o doutorado. Pe-reira é taxativo quando diz que “a junção da realidadedo campo educacional em nível nacional com avontade, o desejo e a dedicação de professores quepesquisavam as políticas educacionais deu fôlegopara o nascimento da linha de pesquisa”.

"A junção darealidade do campo

educacional a nível nacionalcom a vontade, o desejo e a

dedicação de professores quepesquisavam as políticas

educacionais deu fôlego parao nascimento da linha de

pesquisa."

Tempo e Memória

Marcelo PereiraFoto: Divulgação

Page 33: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 33

Fio da meada: as pesquisas, os desafios

Partindo do pressuposto de que a universidadedeve produzir ciência para a sociedade e dela incor-porar os saberes populares, em uma relação dialógica,as pesquisas desenvolvidas na pós-graduação da FA-CED são, inerentemente, pautadas por questões con-temporâneas. Pereira, todavia, diz que “as pesquisaspodem contribuir com a sociedade, mas o que orienta adefinição de políticas públicas para a educação é muitomenos estudos e pesquisas e muito mais a correlação deforças políticas presentes no governo” .

Maria Vieira, componente da linha depesquisa em questão, esclarece que, apesar dastemáticas das pesquisas terem sofrido mudanças desdea criação da linha, os estudos dos discentes centram-se, geralmente, em temáticas que estabelecemconexões entre as esferas macro e microssocial. Atendência predominante das pesquisas realizadas nointerior da Linha é apreender as políticas educacionaise sua materialização nos sistemas educativos ouinterior da escola, em suas determinações históricas,econômicas e políticas de determinados fenômenosestudados. Ela ainda ressalta que outros temasadvindos de questões colocadas pelas políticaseducacionais também são visíveis, como é o caso dasinvestigações em torno da precarização do trabalhodocente, do ensino médio noturno em escolasperiféricas e da educação inclusiva

Pereira destaca desafios trazidos pelasúl t imas pesquisas : d iscut ir a redefinição dos pa-péis e formas de atuação do Estado bras ile iro nocampo da educação, sobretudo, a mudança deintervenção desse Estado na educação no gover-no de Fernando Henr ique Cardoso e a redefini-ção ou rearranjo do papel de tal Estado nosgovernos de Lula e Dilma .

CONAE - Tendo cumprido as suas etapas municipais eestaduais, a Conferência Nacional da Educação (CO-NAE) não chegou ao ponto onde deveria, uma vezque a etapa nacional da conferência foi cancelada.Prevista para ocorrer de 17 a 22 de fevereiro de 2014,iria discutir um Plano Nacional da Educação (PNE) que,quem sabe, respondesse aos anseios do segmentoeducacional e da juventude. O Ministério da Educação(MEC) justificou o cancelamento do evento por ausên-cia de infra-estrutura necessária para a realização domesmo. Na opinião de Pereira, o cancelamento da eta-pa final da CONAE foi uma decisão política e arbitrá-ria por parte do MEC. “Em um ano que temos Copado Mundo e eleições presidenciais não seria recomen-dável para o governo que essa etapa final ocorresse.Essa decisão é muito menos técnica do que se pensa”,afirma. O professor ainda salienta que a determinaçãodo cancelamento dessa última etapa da conferênciadeve-se ao fato das estruturas de poder tradicionaisestarem fragilizadas e, por essa razão, não saberem li-dar com uma nova configuração dos movimentos soci-ais. “O governo precisou evitar aglutinação de pessoasem um contexto difícil”, completa.REUNI – O Plano de Expansão e Reestruturação dasUniversidades Federais despontou no segundo manda-to do presidente Lula e, mesmo já consolidado e finda-do, o programa ainda gera polêmica. Pereira diz quetrata-se de uma política de governo e, não de uma po-lítica de Estado. “A educação superior ainda é vista co-mo privilégio, não como direito. E isso quer dizer muito,porque nós não temos um arcabouço burocrático sólidonem legitimidade social suficiente para dizer que essesinvestimentos em expansão são políticas de Estado”, diz.Vieira reconhece os pontos positivos da expansão, masdiz que os cenários são particulares, uma vez que cadauniversidade apresenta graus de dificuldadesespecíficas, em sua estrutura fisica, financeira e derecursos humanos, ocasionando, em algumas situações,a oferta precária da Educação Superior.

Educação e Contemporaneidade

1 Isley Borges é graduando do quarto ano do Curso de ComunicaçãoSocial: habilitação em Jornalismo FACED/UFU

Tempo e Memória

Marcelo Pereira

Page 34: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Dialéticos

34 maio2014

Pesquisas e contradições na linha “Trabalho, Sociedade e Educação”

Diélen Borges1

(Da redação)

função social da pesquisa

Como nasce uma linha de pesqui-sa? A história se mistura à memóriados pesquisadores. Na linha “Traba-

lho, Sociedade e Educação” estão os professoresAntônio Bosco de Lima, Carlos Alberto Lucena,Fabiane Santana Previtali, Robson Luiz de Françae Adriana Cristina Omena dos Santos.

Robson se apresenta como “um filho” doPrograma de Pós-Graduação em Educação (PP-GED). “Eu entrei na turma de 1994. Naquelaépoca o mestrado era quatro anos, havia umadiferença grande, tínhamos outra configuraçãode professores, que atuavam quase que exclusiva-mente na pós-graduação”, recorda.

Carlos e Fabiane já se conheciam dostempos em que faziam doutorado na Universida-de Estadual de Campinas (Unicamp) quando eleveio para o PPGED, na UFU, em 2002. “Quan-do cheguei aqui, eu tinha pesquisa sobre rees-truturação produtiva do capital e me alojei nalinha de Políticas. Pouco tempo depois, o Robsonvoltou do doutorado, a Fabiane prestou concur-so nas Ciências Sociais e foi aprovada e a gen-te começou gradativamente a pesquisar e aescrever algumas coisas juntos”, relembra. Entreos problemas de pesquisa de então, buscavamresponder se realmente era necessário que ostrabalhadores tivessem nível de qualificaçãoprofissional maior na era tecnológica ou se issoseria um discurso de cunho ideológico.

Os estudos foram conquistando financia-mento externo e “pessoas encorpadas” (LUCENA,2014) (!). Materialistas históricos dialéticos quesão, lançaram luz sobre contradições: “o progra-ma foi pensado para a escola formal, mas nós tí-nhamos a preocupação com a educação nãoformal, com a educação do partido, com a edu-

cação dos movimentos sociais, com a educação daempresa”, explica Carlos. A fundamentação nas li-nhas histórico-críticas do marxismo é lembrada porRobson como outra diferenciação desse grupo depesquisadores em relação à linha de Políticas eGestão da Educação.

Veio a fase de reestruturação do PPGED,em 2011, quando foram criadas duas novas linhas:“Educação em Ciências e Matemática”, originária de“Saberes e Práticas Educativas”; e “Trabalho, Socie-dade e Educação”, que nasceu de “Estado, Políticas eGestão da Educação”. Com “História e Historiografiada Educação”, somavam-se cinco linhas de pesquisa.

Antônio Bosco é o atual coordenador da li-nha “Trabalho, Sociedade e Educação”. Fabiane estáem Portugal fazendo seu pós-doutorado na Universi-dade Nova de Lisboa. E a caçula do grupo é a co-municóloga Adriana, que entrou em 2011 com odesafio de trabalhar com tecnologia em uma linhamarxista. “A gente tenta trabalhar as contradiçõesdentro da tecnologia, [observar] como a opinião pú-blica está lidando com essa invasão tecnológica nes-sa sociedade contemporânea, sem desconsiderar aquestão do trabalhador, da exploração, da precari-zação do trabalho”, explica.

“O que fazemos com nossas pesquisas?”, pro-blematiza Adriana. “Penso que é uma função impres-cindível da universidade, da educação, daprodução científica, estar atenta às necessidades dasociedade e conseguir devolver para a sociedadeo que se produz, o que se pensa aqui”, opina, citan-do outras pesquisas que desenvolve, sobre comuni-cação pública da ciência.

Adriana interroga que a educação superiorno Brasil, hoje, vive um impasse: “eu parei para mededicar à questão da precarização do trabalho do

Tempo e Memória

Page 35: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 35

professor do ensino fundamental, mas o trabalho conti-nua precarizado. O que nós estamos fazendo com is-so? Temos aí um gargalo. E não é a UFU, não é oprograma, nem a nossa linha. A educação superior noBrasil hoje vive um gargalo”.

Fazer diagnósticos, para Carlos, é cumprir umafunção social da pesquisa. Um levantamento da linha re-velou, por exemplo, que o número de trabalhadores em-pregados em Uberlândia cresceu 70,16% entre 2001 e2010 (passou de 107.758 para 183.371), mas a massasalarial, no mesmo período, cresceu apenas 2,96% (deaproximadamente 431 mil reais passou a 444 mil reais).

Carlos aponta duas funções para o grupo depesquisa: ter um espaço para as pessoas estudarem esocializar resultados. Robson lembra que, se no passadoa apresentação dos trabalhos em eventos era o maisimportante, hoje isso acontece em relação aos livros eàs revistas com conceito alto, conforme valoração daCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NívelSuperior (Capes). Adriana defende que, além da publi-cação, é preciso que pesquisas em áreas como a edu-cação e a comunicação cheguem ao cotidiano daspessoas, como já consegue fazer a área da saúde, porexemplo: “a gente não tem ainda uma cultura de inova-ção e de propriedade intelectual”. Ela também cita ex-periências na Europa e nos Estados Unidos, onde aciência consegue transpor a barreira acadêmica e che-gar à sociedade por meio de parcerias com empresas,ONGs e instituições – o que, segundo Adriana, nãofunciona no Brasil porque entende-se que seria a “pri-vatização” da universidade.

A linha “Trabalho, Sociedade e Educação” épredominantemente de investigação marxista. A funda-mentação epistemológica é o materialismo histórico di-alético, que aposta na contradição, que tem comoponto de partida a dúvida.

1 Diélen Borges é graduada em Letras e Comunicação Socialhabilitação em Jornalismo pela FACED/UFU e mestranda no Pro-grama de Pós-Graduação em Tecnologias, Comunicação e Educaçãopela FACED /UFU.

Foto: Ananda Dinato

Tempo e Memória

Antônio Bosco

Page 36: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Educação em Ciências e Matemática: ainterdisciplinaridade como característica

36 maio2014

Linha de Pesquisa é recente e recebe estudantes e professores com variada formação

Ana Betriz Tuma 1

(Da redação)

função social da pesquisa

Uma pesquisa analisa a compreensãodos estudantes do curso de CiênciasBiológicas da Universidade Federal deUberlândia (UFU), que participam do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Do-cência (PIBID), sobre o tema sexualidade e a relaçãoentre este assunto e a futura atuação deles comoprofessores. Outro estudo procura identificar, analisare demarcar as possibilidades e os limites da melhorado conhecimento matemático construído por meio daproposta de criação de jogos virtuais produzida poralunos, que são orientados por uma equipe de pro-fessores. Esses são alguns dos trabalhos, respectiva-mente, de mestrado e de doutorado realizados naLinha coordenada por Elenita Pinheiro, professora daárea de educação em ciências da Linha de PesquisaEducação em Ciências e Matemática, do Programade Pós-Graduação em Educação (PPGED).

Essa linha interdisciplinar tem pesquisas re-centes, devido ao fato desta ter sido criada em2011 e implantada em 2012. No entanto, osestudos sobre educação em Ciências e educaçãoem Matemática feitos no PPGED podem seridentificados em data anterior. Como explicaElenita, os professores orientadores desses camposestavam inseridos em outra linha, a Saberes ePráticas Educativas e, consequentemente, osestudantes com pesquisas na área.

O primeiro processo seletivo para in-gresso na Educação em Ciências e Matemáti-ca aconteceu no final de 2011 e a primeiraturma de alunos vinculada à Linha se iniciou em2012, com dez mestrandos e quatro doutoran-

dos. Em 2013 e 2014 ingressaram nove alunos demestrado em cada ano e, respectivamente, oito ecinco de doutorado. Para orientar esses estudan-tes, há um corpo docente interdisciplinar compos-to por 10 professores, que são da Faculdade deMatemática (FAMAT), do Instituto de Biologia(INBIO), do Instituto de Física (INFIS) e da Facul-dade de Educação (FACED).

Segundo Elenita Pinheiro, essa linha temestudos desenvolvidos a respeito do âmbito es-colar (educação infantil ao ensino superior) oufora dele e que têm distintos espaços educativoscomo foco. Para contribuir com as pesquisas ecom a divulgação de conhecimentos, a professo-ra afirma que a Educação em Ciências e Mate-mática promove algumas ações. Assim, há trêsgrupos de pesquisa cadastrados no ConselhoNacional de Desenvolvimento Científico e Tec-nológico (CNPq): Docência e Formação para oEnsino de Ciências, cujo líder é o professorMarcos Daniel Longhini; Gênero, Corpo, Sexua-lidade e Educação (GPECS), que tem como lídera professora Elenita Pinheiro e Núcleo de Pes-quisa em Mídias na Educação (NUPEME), sendoArlindo José de Souza Júnior o líder. Além disso,a linha realizou, em 2012, o “I Encontro de Edu-cação em Ciências e Matemática” e, segundoElenita, o “II Encontro” será realizado este ano.A coordenadora acrescenta que, periodicamen-te, os membros de Educação em Ciências e Ma-temática organizam o evento “diálogos.com”junto com as demais linhas de pesquisa paradiscutir o ensino em educação.

Tempo e Memória

Page 37: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 37

Educação em Ciências“A ciência inclui a pesquisa e o ensino em

áreas disciplinares do grande campo das ciênci-as da natureza [física, química e todas as subdi-visões da biologia, como a genética]”, defineElenita Pinheiro. Dessa maneira, a professoraconta que a Educação em Ciências atrai peda-gogos, biólogos, f ís icos, químicos, profissionaisde alguns campos da saúde, entre outros.

Para Elenita, a principal distinção do queacontece nos espaços escolares da educação bási-ca e nos dessa Pós-Graduação é que nestes, obri-gatoriamente, se discute e reflete do ponto de vistateórico-prático a educação em ciências. “No nossocaso, nós discutimos e pensamos a prática pedagó-gica, mas há uma preocupação de como os estudosdesenvolvidos podem contribuir com essa prática ecom a escola”, explica.

Como a maioria dos pós-graduandos sãoprofessores da educação básica ou do ensinosuperior, ao realizarem trabalhos sobre estes,“ao problematizar, ao discutir e tentar compre-ender os processo educativos no âmbito daspesquisas, há um processo de formação deles edevolução disso na prática que têm nos espaçosescolares”, afirma a professora.

Educação em Matemática“A matemática é pensada por nós como um

processo dinâmico, o qual possibilita ao aluno de-senvolver determinadas habilidades intelectuais,que geram a compreensão de uma série de fatos e

fenômenos que ocorrem na vida cotidiana”. Essa éa caracterização de matemática dada por Gui-lherme Saramago, professor da área de Educaçãoem Matemática da linha de pesquisa.

A inserção do indivíduo no contexto so-cial por meio da contribuição do conhecimen-to matemático, segundo o professor, é o quese procura estudar em educação matemática.“Não é uma matemática de reprodução, deimitação e de memória, mas de pensamento,de problematização, de questionamento soci-al”, explica. Guilherme Saramago afirma que,de maneira geral e principalmente na educa-ção básica, predominam práticas educacio-nais de exposição de informações, detreinamento e de avaliação e não as que va-lorizam a participação ativa do aluno no pro-cesso de sua própria formação.

“O que a gente tenta levar para asescolas por meio das pesquisas são refle-xões, contr ibuições teóricas, estratégias eprocedimentos que possam instrumentalizaros sistemas educacionais para ir melhorandoe aprimorando os trabalhos que lá são de-senvolvidos” , conta. Além disso, o professorobserva que os mestrandos e doutorandoslevam seus aprendizados da Pós-Graduaçãopara seus contextos de trabalho.

1 Ana Beatriz Tuma é graduada em Comunicação Social:habilitação em Jornalismo pela FACED/UFU

Fotos:FelipeFlores

Tempo e Memória

Elenita Pinheiro

Guilherme Saramago

Page 38: Revista PPGED-UFU - 25 anos

38 maio2014

função social da pesquisa

Tempo e Memória

Nas linhas da História da EducaçãoDa origem de um núcleo de pesquisa à consolidação de uma linha de pesquisa no PPGED/UFU

J osé Elias Mendes Neto 1

(Da redação)

Uma linha de pesquisa se define portemas aglutinadores de estudos ci-entíficos que se fundamentam emtradição investigativa e originam

projetos cujos resultados guardam afinidades en-tre si. A linha de História e Historiografia da Edu-cação – uma dentre as duas primeiras linhas depesquisa do PPPGED/UFU – tem sua gênese co-mo núcleo de pesquisa antes mesmo da efetiva-ção de linha de pesquisa no Programa.

A origem das pesquisas em História da Edu-cação na UFU remontam ao início da década de1990, “[...] como resultado da participação em umareunião convocada pela Unicamp para a criação doGrupo de Estudos e Pesquisas 'História, Sociedade eEducação no Brasil' (Histedbr)”, como informa o pro-fessor José Carlos Souza Araujo, que leciona na UFUdesde 1978 e esteve à frente da criação do núcleoque daria origem à linha de pesquisa.

O professor Geraldo Inácio Filho, na UFUdesde 1979 e ex-ocupante do cargo de coordena-ção do PPGED, explica que a proposta original doHistedbr era a de criar, em todos os estados brasi-leiros, núcleos de pesquisa em História da Educaçãotendo como centro aglutinador a Unicamp. “Com oPPGED recém-fundado, a UFU também entrou nes-sa e, em 1992, tivemos a primeira defesa de mes-trado: a da professora Betânia, hoje lotada àFaculdade de Ciências Integradas do Pontal (FACIP)e vinculada como docente/pesquisadora à linha depesquisa História e Historiografia da Educação doPrograma”, relembra o professor.

No entanto, foi somente em 1997 que umaexigência da Coordenação de Aperfeiçoamentode Pessoal de Nível Superior (Capes) trouxe à tonaa organização dos programas de pós-graduaçãoem linhas de pesquisa, o que levou o núcleo já exis-

tente a tornar-se a atual linha de pesquisa História eHistoriografia da Educação, ao mesmo tempo em quese criava a linha Saberes e Práticas Escolares.

Dada a experiência anterior do núcleo depesquisa com o levantamento de fontes de interessepara a História da Educação na região do TriânguloMineiro e Alto Paranaíba, estabeleceram-se inicial-mente dois grandes temas de pesquisa na linha: Edu-cação na Imprensa e História das Instituições Escolares.Sobre o segundo tema, o professor Geraldo esclare-ce: “Nós mapeamos os principais colégios centenáriosque havia na região e nossos alunos começaram a es-tudá-los, o que resultou em um número significativo dedissertações e, mais recentemente, de teses”.

Atualmente, a linha de pesquisa de História eHistoriografia da Educação, devido a incorporação denovos docentes/pesquisadores ao longo dos últimosanos, ampliou seu escopo de investigações, “envolvendoestudos sobre história e memória educacional, história daorganização da instrução pública, história das ideias pe-dagógicas, imprensa e educação, história das instituiçõesescolares, história das disciplinas, história da educação erepresentações, história da profissão docente, concep-ções e história da educação superior e da universidadebrasileira, história da alfabetização, gênero e educação”.

O atual coordenador da linha, professor Dé-cio Gatti Junior, que ingressou na UFU em 1994, relataque a linha conta hoje com um corpo docente formadopor 15 professores doutores, provenientes a maiorparte da Faculdade de Educação, mas também de ou-tras faculdades e institutos da UFU, com destaque paratrês docentes vinculados à FACIP. “O que temos conse-guido nestes últimos anos é o crescimento do grupo,com a manutenção da qualidade e da coesão de pro-pósitos e de iniciativas, dentre as quais se destacam: aemergência de novos grupos de pesquisa, a criação emanutenção do importante periódico Cadernos de

Page 39: Revista PPGED-UFU - 25 anos

História da Educação e, mais recente-mente, a criação e manutenção da cole-

ção de livros 'História, Pensamento eEducação', sendo que a maior parte dos

pioneiros da pesquisa em História da Edu-cação na UFU continuam colaborando inten-samente conosco”, garante o coordenador.

A linha mantém, nos dias de hoje, cin-co grupos de pesquisa cadastrados no Diretó-

rio do CNPq. O primeiro deles, Grupo dePesquisa em História e Historiografia da Educa-

ção Brasileira, é aquele que deu origem à linha,coordenado pelos professores Wenceslau Gon-çalves Neto e José Carlos Souza Araujo. Os de-mais grupos surgem com o desenvolvimento daspesquisas no interior da linha já existente, sendoeles: o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre aDisciplina História da Educação, coordenado pe-los professores Décio e Carlos Monarcha, daUnesp Araraquara; Grupo de Pesquisas em His-tória do Ensino Rural, coordenado pela professo-ra Sandra Cristina Fagundes de Lima; o Grupode Pesquisa História da Alfabetização: lugares deformação, cartilhas e modos de fazer, coordena-do pela professora Sônia Maria dos Santos e pe-la professora Marília Villela de Oliveira, quepertence a outra linha de pesquisa do PPGED; oGrupo de Pesquisa em História da Educação eHistória Regional no Interior Paulista, coordenadopela professora Raquel Discini de Campos.

Iniciativas da linha de pesquisa degrande impacto na área de História da Educaçãono país e no exterior foram: os congressos orga-nizados, II Congresso de Pesquisa e Ensino emHistória da Educação em Minas Gerais (2003) eo VI Congresso Luso-Brasileiro de História daEducação (2006); a publicação, desde 2002,do periódico científico “Cadernos de Históriada Educação”; a manutenção na Edufu, desde2009, da coleção de livros “História, Pensa-mento e Educação”, subdividida em séries, quejá publicou seis diferentes títulos, com outrosdois em fase final de publicação e mais cincopropostas em análise.

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 39Tempo e Memória

1 José Elias Mendes Neto é graduando do quarto anodo Curso de Comunicação Social: habilitação emJornalismo FACED/UFU

Foto: Gerson de Sousa

Geraldo Inácio Filho

Page 40: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Na secretaria de uma faculdade, buro-cracia e prática se encontram, profes-sores e alunos se apoiam, os cursos sesustentam. Dos 25 anos do Programa

de Pós-Graduação em Educação, dez passaram pe-las mãos do secretário Jesus Ferreira de Sousa. For-mado em Geografia (1997) e Direito (2008) pelaUFU, hoje Jesus tem 46 anos e é servidor do TribunalRegional Federal. Quem lidou com as pessoas e ospapéis na janela de vidro da FACED durante umadécada tem histórias para contar.

Redação - Em qual época você trabalhou naFaculdade de Educação e o que fazia?

Jesus - Eu trabalhei de novembro de 1995 aagosto de 2005. Eu era secretário da pós. Na épocaera só mestrado. A faculdade estava com dificuldadeno corpo de servidores para atender à secretaria. Euera da FAEPU [Fundação de Assistência, Estudo ePesquisa de Uberlândia], eu não era servidor da uni-versidade. Aí eu fiz um concurso, fui chamado paratrabalhar na secretaria e daí eu fiquei, de novembrode 1995 a abril de 1996, como prestador de serviçoe, em abril de 1996, eu fui efetivado pela FAEPU. Láeu permaneci até 2005.

Redação - Como foi trabalhar na Educação, lidandodiretamente com profissionais e pesquisadores da área?

Jesus - Eu, de certa forma, já tinha um contato[com a Educação] devido à graduação que eu havia fei-to, mas do outro lado, como discente. É uma experiên-cia interessante porque você trabalha com pessoas comdiversos conhecimentos. Nas relações interpessoais ede trabalho você vê o tanto que a questão pessoal in-fluencia diretamente. Às vezes a gente ouvia comentári-os de alunos: “o professor tal é ótimo”, “esse é meio

Dez anos najanela de vidro

40maio2014

entrevista

Diélen Borges1

(Da redação)

De 1995 a 2005, o secretário da Pós­Graduação emEducação foi Jesus

Foto: Diélen Borges

Tempo e Memória

Jesus Sousa

Page 41: Revista PPGED-UFU - 25 anos

complicado, na disciplina puxa muito”. Eu achava in-teressante essa diferença que tinha entre esses pro-fessores. Para mim, de certa forma, era novidadeporque eu tinha trabalhado em vendas e como ban-cário, então, diretamente na área de educação, eunão tinha essa experiência.

Redação - Desses dez anos, você tem lembran-ça de algum momento mais marcante?

Jesus - O que marcava a gente,normalmente, era quando ia ter adefesa da dissertação. Tinha umpreparo: convite de banca, re-messa para os membros exter-nos... No dia da defesa vocêtinha que preparar tudo e per-cebia a angústia das pessoasque iam defender. Outros nemtanto, já ficavam tranquilos, comtudo sob controle. Tinha oseventos também que o programapromovia e trazia membros de ou-tras instituições. Esses eventos cha-mavam atenção da comunidade.

Redação - Havia dificuldades?Jesus - De maneira expressiva não. Tivemos pro-

blemas em relação ao processo seletivo, acho que de2004 ou 2003, eu não me recordo. Houve uma mudan-ça no decorrer do processo e causou certo mal estar. In-clusive, teve professores que resolveram se desligar doprograma. Mas isso foi superado e se prosseguiu. Logojá foi aprovado o programa para o doutorado. Eu saí,então, eu não sei o desfecho que se teve.

Redação - Por que você saiu da FACED?Jesus - Eu fui aprovado no concurso do Tribunal Re-

gional Federal da 1ª Região, aí eu tive que pedir demissãopara assumir. Coincidentemente, eu tinha feito concurso pa-ra a UFU e uma semana após eu ter tomado posse no Tri-bunal, me enviaram a carta me convocando para assumircomo técnico da universidade. Mas, por questões de carrei-ra e salário, eu optei por ficar no Tribunal.

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 41

Redação - Qual a sua opinião, hoje, sobre apesquisa na área da Educação?

Jesus - Na minha época, no mestrado, trabalha-vam-se duas linhas de pesquisa: História e Historiografiada Educação e Saberes e práticas educativas. Quandoeu estava saindo foi implantada a terceira linha, acho quede políticas e gestão. Pela estrutura da linha, você via aformação dos professores, o histórico acadêmico deles em

relação ao foco da pesquisa. Por exemplo, os alu-nos de História e Historiografia tentavam

resgatar a história da educação, algu-ma instituição, o trabalho de um pro-

fessor ou acadêmico que teveinfluência na educação. Já a linhaSaberes era múltipla. Todas aspossibilidades podiam ser traba-lhadas: currículo, aprendizagem,resgate dos ensinadores históri-cos, Piaget, Foucault... A gente

percebia nas pesquisas, nos tra-balhos dos alunos. Querendo ou

não, você tinha um certo conheci-mento, mesmo que superficial, que te

dava alguma referência. E tinha trabalhosinteressantes! Quando ia ocorrer a defesa, fa-

zia-se uma divulgação e a comunidade acadêmica cor-respondia bem. Outros temas nem tanto, você ia numadefesa e estava meio vazia.

Redação - Mais algum comentário?Jesus - Foi um período bastante valioso para mim.

Aprendi muita coisa. Principalmente, você vê as diferençasentre o jeito e a maneira de trabalhar. Eu tive vários co-ordenadores do programa. É interessante a atitude, o jei-to de lidar com os pares, de certa forma isso marca agente. Uns são arrojados, têm seu próprio estilo. Outros jásão mais ponderados. Claro, todos tentando fazer o me-lhor possível para o programa.

1 Diélen Borges é graduada em Letras e Comunicação Social: Jor-nalismo pela FACED/UFU e mestranda no Programa de Pós-Gra-duação em Tecnologias, Comunicação e Educação pelaFACED/UFU.

Tempo e Memória

Page 42: Revista PPGED-UFU - 25 anos

A escolha de uma profissão represen-ta um importante passo em nossas vi-das. Muitos já sabem o que desejamfazer desde pequenos, outros deci-

dem por impulso, no calor do momento ou por in-fluência familiar. Alguns acertam, enquanto outrospercebem que o caminho escolhido não era a dire-ção correta.

Assim aconteceu com a sorridente GiannyCarlos Freitas Barbosa. Natural do interior deGoiás, Gianny veio para Uberlândia porcausa da Universidade Federal deUberlândia. Até hoje a instituiçãofaz parte de sua vida: antes comoestudante, agora como local detrabalho. A atual secretária dapós-graduação da FACED acre-ditava que a odontologia seriao seu destino: ingressou no cursoquando tinha apenas 16 anos edepois de quatro anos recebeu otão desejado canudo. Recém-gra-duada, mudou-se para o MatoGrosso para exercer a profissão. Emterras mato-grossenses, percebeu que aárea biomédica não era o caminho certo."Acho que na época que eu desisti da odontologiafoi um período difícil, mas depois eu vi que eu real-mente não ia ser feliz", relembra.

Gianny começou a prestar concursos públi-cos. "Eu passei em vários, passei no da CaixaEconômica, no Banco do Brasil, na Infraero, na UFU.O que me chamou primeiro foi a Caixa Econômica.Eu fiquei lá seis meses no ano de 2005, só que eufiquei em Ituiutaba. Como eu não tinha previsão dequando eu conseguiria remoção para Uberlândia,

quando a UFU chamou, eu falei: vou embora. Aí euvim, em novembro de 2005", revive.

Na posse, Gianny fez um único pedido: nãoqueria trabalhar no Campus Umuarama. "Eu nãoqueria voltar para lá, acho que é até um certo trau-ma mesmo". O destino apresentou-lhe a Faculdadeda Educação. "Quando eu cheguei, fui recepcionadapelo professor Marcelo Soares. Ele me perguntou seeu aceitaria fazer a função de secretária", relembra

Gianny, que enfrentou o desafio.Gianny acompanhou o crescimento

do programa e viu o doutorado nascer."Hoje o corpo docente em relação

ao que era antes, ele triplicou, odiscente eu acho que multiplicouumas quatro vezes", avalia. O seutrabalho é por trás das cortinas,mas sem o qual não haveria o es-petáculo. Gianny auxilia os profes-sores e alunos do programa. Ela é

a responsável pelas atas das reu-niões do colegiado, em que se de-

cide dilações de prazo, formaçõesde bancas, homologações de defesas.

"É muito trabalho, porque, assim, a gente,não tem, por exemplo, um período tranquilo,

porque as bancas elas acontecem o ano inteiro, al-gumas adiantam, algumas têm dilações, mas o anointeiro tem aquele movimento, independente de féri-as", descreve a sua rotina.

A dedicação ao trabalho é reconhecida nãoapenas pelos colegas de faculdade. Gianny é refe-rência na instituição quando o assunto é o preenchi-mento do 'temido' relatório anual da Coordenaçãode Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior(Capes). "Quando você termina, a Pró-reitoria faz

Por trás das cortinas

42 maio2014

entrevista

Cíntia Sousa1

(Da redação)

"Acho que na época queeu desisti da odontologiafoi um período difícil, masdepois eu vi que eu real-mente não ia ser feliz"

Gianny Carlos, secretária da pós, deixou a Odontologia para se dedicar ao serviço público

Tempo e Memória

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 43

uma varredura do relatório e eles veem que estátudo casadinho, está tudo vinculado, está tudo cer-to. É bom, porque é um reconhecimento do seu tra-balho", orgulha-se.

Gianny acredita que a educação é o me-lhor caminho para a construção de um país melhor."Nossa, eu acho que é essencial, essencial, porqueacho que só uma pessoa que vai estudando, vaitendo mais esclarecimento, que vai lutar pelas coi-sas que ela quer, tem condição de buscar coisasmelhores. Infelizmente, assim, eu já senti, que de-pois que eu estou aqui, que o governo investe pri-meiro nas exatas, depois na parte de saúde,biomédica. Eu acho que as humanas, nessa partede orçamento, é a que fica mais prejudicada".

Com quase dez anos dedicados aosbastidores, a secretária não se arriscaria em serprotagonista de uma linha de pesquisa. "Eu achoque é uma carga de leitura muito grande e que,talvez eu acho que assim, você tem ter um pré-requisito daquela base teórica, tudo que eu nãotive, porque o meu curso é voltado para a médi-ca odontológica. Então eu acho que eu teriamuita dificuldade", avalia.

Mas, com um sincero brilho no olhar, Gi-anny orgulha-se do seu ambiente de trabalho etem certeza que fez a opção correta. "Então, assimacaba que a gente vai ficando amigo mesmo dosoutros e até dos professores. A gente brinca e tal,porque se fica um ambiente tão engessado, achoque a vida fica muito triste, né? Então, tem que seruma coisa assim, mais, que consegue vincular asduas coisas tanto o trabalho, mas também essaparte mais social ", finaliza.

1 Cintia Sousa é graduada em Letras e em Comunicação Social:habilitação em Jornalismo pela FACED/UFU

Foto: Cíntia Sousa

Tempo e Memória

Gianny Carlos

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"Uma pessoa que precisa apren-der mais, porque a gente não sa-be tudo e a gente precisa decada vez mais desenvolver os

nossos talentos" . É assim que o uberlanden-se James Madson de Mendonça se descre-ve. Mas se engana quem se deixa levarpelas modestas palavras. James é uma peçafundamental do programa de pós-gradua-ção da Faculdade de Educação.

A família é o seu porto seguro. A com-panheira de todas as horas, Soneli de Men-donça, também dedica-se à educação: ela ésecretária de uma escola da rede estadual.Os filhos não seguiram os caminhos dos pais.Hudson Mendonça é aluno de Administraçãode Empresas, enquanto a jovem Isabela Lon-go estuda Fisioterapia. "Tô muito satisfeito dever a alegria deles", emociona-se o pai.

James viu o programa de pós-gradua-ção crescer: ele está há quatorze anos na se-cretaria atendendo e auxiliando alunos eprofessores. "O mestrado tinha 20 alunos, ho-je tem quase 300, é muita coisa. Então, não ésó mestrado, em 2004 veio o doutorado tam-bém. Então, eu vi tudo isso, vi crescer muitacoisa e tô muito satisfeito", orgulha-se. Mas ahistória de James com a Universidade Federalde Uberlândia (UFU) é mais antiga. Ele ingres-sou na instituição no ano de 1977. Naquelaépoca, exerceu a função de digitador, profis-são que hoje está esquecida. O sonho de cur-sar medicina fez o homem se afastar dainstituição por um ano. Mas, 'o bom filho a ca-sa torna': James voltou à UFU, lugar em queestá até hoje. "Bom, eu sempre trabalhei com

História vivida como objeto de estudo

Cíntia Sousa1

(Da redação)

James Madson faz parte do programa de pós­graduação em educação há 14 anos

informática, na época não era nada desses com-putadores pessoais, né? Era um computador cen-tral, na época era o 1130, eu trabalhei com oprimeiro computador que fez os cálculos para ohomem ir à lua", brinca James.

Com o passar dos anos, o trabalho deoperador de máquina não trazia mais desafios,era preciso sair da rotina: "Eu queria, assim, sairdaquela área que eu estava, porque eu não es-tava aprendendo nada, eu estava, assim, muitoinoperante, sabe? Quando você não aprendenada, daí você se sente improdutivo. Então, aíeu prestei um outro concurso, vim para a áreada educação", relembra.

James mudou-se para o Departamentode Princípios e Organização da Prática Peda-gógica que, em 2000, após uma reestrutura-ção na universidade, juntou-se aoDepartamento de Fundamentos da Educaçãoque resultou na Faculdade de Educação. Com amudança, James foi convidado para a secreta-ria do mestrado, lugar em que desejava estar:"aí, eu fui convidado para trabalhar no mestra-do em Educação, que eu sempre gostei" .

James deixava o universo das máquinase passava para o mundo da educação, ondenovos desafios surgiram. "Então todos veem,perguntam, questionam e a gente, assim, temque ser mais flexível, porque, por exemplo, àsvezes chega a pessoa nervosa, vem falando al-to, vem solicitando informações, talvez a gentenão tem informação, tem que procurar informa-ção. A gente não sabe tudo, né?", comenta.

E a educação não ficou restrita ao tra-balho. James se rendeu à licenciatura e gradu-ou-se em Ciências com habilitação em Matemática.

44maio2014

entrevista

Tempo e Memória

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1 Cintia Sousa é graduada em Letras e em Comunicação Social:habilitação em Jornalismo pela FACED/UFU

Foto: Cíntia Sousa

E foi mais além transformou a sua relação com após-graduação em educação em objeto de es-tudo. "O meu TCC da pós, que eu fiz nessa áreada educação, é isso, eu historicizei a minha vidadentro da pós-graduação, dizendo o boom dapós, que foi o boom, eu sei através de gráficosesse aumento dos alunos", explica. O orientadorda pesquisa foi o amigo e professor do progra-ma Carlos Henrique de Carvalho: "por sinal, umótimo professor, eu gosto muito dele, a gente sedeu muito bem", avalia James.

De secretário a aluno da faculdade. Ja-mes deseja fazer mestrado: "Agora, eu na ver-dade, eu quero fazer o meu mestrado". Então,James não vai mais poder 'fugir' da tão temidahora da divulgação dos resultados do processoseletivo do programa de pós-graduação.Este é um dos momentos maistensos da sua função, poisos candida- tos queremsaber por- que nãoforam aprova-dos. E qual foi a solu-ção en- contradapor James para dri-blar as per- guntas?"Então o quê a gente faz, agente quando solta o resultado, a gen-te dá um jeito de ir embora. Porque eles tele-fonam, querem quest ionar, queremperguntar para a gente, e nós, não fomosnós que corrigimos as provas, né?, diverte-se James, que um dia espera ver o seu no-me na lista de aprovados.

"Agora, eu naverdade, eu quero

fazer o meumestrado."

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James Mendonça

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46 maio2014

fotos históricas

Tempo e Memória

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fotos históricas

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50 maio2014

fotos históricas

Tempo e Memória

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O mestrado como meio detransformação social

52 maio2014

defesas históricas

Daniela Malagoli 1

(Da redação)

o conhecimento não fosse abstrato”. Para ele, só teriasentido estudar fórmulas se estas se relacionassem àvida do estudante que trabalhasse, por exemplo; do

contrário, seria desneces-sário empregar cálculosque não fossem aplicadosna realidade. O Pós-Doutorem Psiquiatria comentaque, na época, se referiaao ensino noturno como sefosse uma “caverna, masno sentido platônico, nãosó com mera escuridão,mas com frestas de luz”.

Betânia Laterza Ri-beiro realizou seu doutoradona Faculdade de Educaçãoda Universidade de SãoPaulo (USP-SP) e construiusua tese de doutoramento apartir de depoimentos dealunas do Curso de Peda-gogia. A investigação tevecomo objeto as relações degênero e os projetos de vidade alunas-trabalhadoras e,por meio do referencial teó-rico sócio-histórico-existenciale da análise do material dapesquisa, evidenciou que as

discentes enfrentaram preconceitos e desconfianças porparte de seus familiares por estarem fazendo o curso depedagogia no período noturno.

Segundo a educadora, os depoimentos dasentrevistadas foram profundos e os descontentamen-tos apresentados se configuravam em dor e angústia

A primeira defesa de mestrado daFaculdade de Educação (FACED) daUniversidade Federal de Uberlândia(UFU) ocorreu

em cinco de outubro de1992. Betânia de OliveiraLaterza Ribeiro, graduadaem Pedagogia pela Univer-sidade de Uberaba, apre-sentou a dissertação“Estudo Fenomenológico doensino e aprendizagem naescola noturna: casuísticade evasão e repetência”.

A proposta do temasurgiu, segundo Betânia , daconexão entre sua vida en-quanto professora e o pro-jeto de ampliar oconhecimento por meio domestrado. “Sentia uma des-conexão entre o que eraensinado na escola e o queos alunos necessitavam pa-ra sua vida social”, comenta.Segundo a Pedagoga, aescola noturna era poucoestudada na época e haviamuito desinteresse e evasãodos alunos, era como se “aescola caminhasse de um lado e o aluno de outro”. Ri-beiro acredita que não há vinculação do conteúdo es-colar com o mundo significativo do discente: “eu sóaprendo aquilo que eu autorizo aprender”.

O psicólogo e orientador da dissertação, LuizErnesto Rodriguez Tápia explica: “era importante que

“É a forma de crescer enquanto ser humano e de possibilitar ao outro, por meio de olhos científicos, retirar osestigmas e fazer com que a sociedade avance”

Ata de defesa do mestrado de Betânia

Tempo e Memória

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 53

com consequências sérias. Os resultados dessa inves-tigação proporcionaram interesse pela aprendiza-gem de alunos com transtornos psicóticos e o papeldo educador nesse contexto educacional, o queconstituiu sua pesquisa de Pós-Doutorado. Para tanto,Betânia Laterza Ribeiro frequentou e estudou a histó-ria do hospital psiquiátrico da Instituição HospitalDia, o qual, segundo a Educadora, é uma InstituiçãoEducacional, na qual é possibilitado ao paciente psi-cótico vários tipos de aprendizagem.

A dissertação da Pós-Doutora também pela USP-SP se transformou em livro, intitulado: “O ensino noturno: atravessia para a esperança”. Lançado em 1994 pela Glo-bal Editora(SP), se encontra na Secretaria de Cultura daItália, Portugal, Venezuela e Bolívia, com mais de 2000exemplares vendidos. A Pedagoga também teve a oportu-nidade de discutir sobre a pesquisa em vários programasem canais de televisão, como a TV Cultura.

De acordo com a educadora, a pesquisa cumprepapel de extrema relevância: “A Escola que temos hoje éherdeira de muitas lutas, resultado das ações governa-mentais cristalizadas em instrumentos burocráticos quederivam da concepção de Estado Neoliberal vigente".Betânia explica ainda, que o ensino no período noturnojá existia no Brasil Império. As classes de alfabetização,destinadas ao trabalhador funcionavam à noite, em lo-cais improvisados, dirigidas por mestres que ganhavampequena gratificação, e a freqüência dos alunos dimi-nuía muito no decorrer do ano letivo.

O psicólogo Dr. Luis Ernesto Tápia acredita quea pesquisa científica é importante, pois permite, peloestudo de temas socialmente relevantes, como educa-ção, saúde e meio ambiente, possível a sintonia com apolítica pública. Além disso, apresenta qualidade não sócientífica, mas ética. No que diz respeito à dissertaçãode Ribeiro, o professor comenta que hoje continua sen-do relevante e, no âmbito socio-regional, contribuiu namedida em que tentou humanizar o ensino noturno. Ele

acredita que a pesquisa deve ser feita para comuni-car, e não para mostrar o quanto se sabe a respeitode determinado assunto.

A educadora também afirma que a pesquisaproporciona aprofundamento dos aspectos teóricos,educacionais, econômicos e sociais, o que possibilitadivulgação e reflexão: “fico preocupada com um paíssem memória, sem pesquisa. Como ele avança? Elaé a base do conhecimento humano, pois nos retirado achismo, preconceito e estereótipos. A pesquisapossibilita a travessia”. Ribeiro acredita que a investi-gação pode contribuir e até interferir nas políticaseducacionais do Estado brasileiro.

Segundo Ribeiro, mesmo com a expansão doensino público brasileiro vivemos uma política neoli-beral excludente. Para ela, há uma aparência denormalidade nas escolas, mas “quando você vai aosbastidores, aí você descobre os problemas”. Ribeiro,afirma que é necessário repensar o currículo brasi-leiro, para que esse seja o mundo significativo doaluno: “precisamos ouvir mais o aluno e descobrir oque precisa no mundo do trabalho para que hajauma aprendizagem significativa”. A dissertação, pa-ra a pedagoga, “naquela época era uma denúnciae hoje seria uma denúncia ampliada”.

Atualmente, Betânia é docente do Cursode Pedagogia na Faculdades de Ciências Inte-gradas do Pontal e do Programa de Pós Gradu-ação em Educação da FACED UFU. “É fruto detodo o investimento no mestrado, estou agoraestou dando o retorno para a universidade”,afirma. Para ela, o papel do pesquisador é de-nunciar e anunciar: “Precisamos nos preocuparverdadeiramente, e não somente nos ocuparcom as questões”, finaliza.1 Daniela Malagoli é graduanda do quarto ano do curso deComunicação Social: habilitação em Jornalismo daFACED/UFU.

Tempo e Memória

Betânia de Oliveira

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Educação inclusiva na mira da1a doutora pelo PPGED

54 maio2014

defesas históricas

Tese investigou relação com políticas de formação de professores

Felipe Saldanha1

(Da redação)

A professora Lázara Cristina da Silvafoi a primeira a receber o título de“Doutora em Educação” pelo Programade Pós-Graduação em Educação (PP-

GED) da UFU. Ela concluiu o curso no prazo mínimo detrês anos, ao defender a tese “Políticas públicas e for-mação de professores: vozes e vieses da educação in-clusiva” em 2009, sob orientação da professoraMarilúcia de Menezes Rodrigues. De aluna ligada à li-nha de pesquisa Estado, Políticas e Gestão em Educa-ção, Lázara – que já era docente da FACED – passou acoordenadora da linha no ano seguinte.

“Educação especial” é um tema que acompanhaa professora desde 1992. Ao longo do mestrado e dodoutorado, não foi diferente. Na dissertação, defendidaem 1998 na Universidade de Brasília (UnB), Lázara pes-quisou a relação do sucesso escolar com a participaçãodo aluno, dentro da perspectiva da educação inclusiva(aquela que trata do “direito de todos de estar, apren-der e se desenvolver na escola” e dentro da qual seencontra a educação especial, segundo a docente). Natese, o foco foi a relação entre as políticas de formaçãode professores e de inclusão educacional em universi-dades públicas da região Centro-Oeste, mais especifi-camente no tocante às pessoas com deficiência.

“A principal conclusão foi a de que essas polí-ticas não dialogam muito”, relata a docente. O tra-balho demonstrou que as secretarias do Ministérioda Educação responsáveis pela implantação de taispolíticas não conversam entre si. Quanto às institui-ções de ensino, a professora percebe que não hápreocupação com o assunto. As ações que existemneste sentido não são institucionais, mas sim pontu-ais, ligadas às pessoas que trabalham na área de in-clusão. “Se as pessoas que têm interesse, que

trabalham na área, deixarem de estar nessa institui-ção, provavelmente essas ações vão com elas”, diz.

Lázara considera que a principal contribuiçãoda sua tese para o PPGED foi colocar a discussãosobre educação inclusiva em pauta. “Com a minhapresença, a princípio, enquanto doutoranda do pro-grama, eu comecei a incomodar muito e trazer essasdiscussões para cá”. A professora observa que, apósobter o título e tornar-se docente permanente doprograma, a linha de pesquisa que passou a coorde-nar tem contribuído muito para a temática.

A tese incentiva “uma reflexão importante so-bre a necessidade de as instituições de ensino pú-blicas trazerem para as políticas de formação deprofessor essa discussão”, segundo Lázara. Ela de-fende que a inclusão das pessoas com deficiênciana educação vai além da mera matrícula e deman-da práticas pedagógicas apropriadas “para quehaja sucesso nesta imersão”. O assunto, atual e re-levante, deveria ser debatido na graduação e noscursos de formação de professores, com o intuito depromover mudanças na sociedade. “A gente preci-sa mudar a educação para a juventude ter umaperspectiva diferente, um modo diferente de inter-relacionar com estas pessoas”.

Ao ser perguntada sobre possíveis desdobra-mentos do trabalho, Lázara sugere ampliar a pesqui-sa para outras regiões do país, uma vez que oquadro constatado na região Centro-Oeste pareceser mais agravado no Norte e Nordeste do país enão muito diferente nas demais regiões. A docentereforça, ainda, a importância de as políticas de inclu-são deixarem de acontecer de forma isolada. “Comoa gente vai produzir um trabalho articulado se cadauma das políticas puxa para um lado?”

Tempo e Memória

Fotos: Gerson de Sousa

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 55

1 Felipe Saldanha é graduado em Comunicação Social: habilitação em Jornalismo pelaFACED/UFU e mestrando no Programa de pós-graduação em Tecnologias, Comunicação eEducação da FACED/UFU.

Tempo e Memória

Leia um trecho da tese nº 1:

[...] desconfiamos de que a presença e/ou a ausência no interior dasinstituições e, por conseguinte, de seus cursos, de professores quepossuem interesse acadêmico na área da educação especial e/ouinclusiva, seja um elemento chave para a inserção da mesma noscurrículos dos seus cursos. Esta nossa desconfiança se fortalece pelofato de a inserção da temática apresentar-se em 100% dos cursosanalisados, contemplada em forma de um ou mais componentescurriculares, não sendo explorada considerando o princípio geral datransversalidade da mesma. Neste desenho, cabe apenas ao professorque é pesquisador e/ou possui inserção na área a responsabilidade emdesenvolver um trabalho acadêmico com a mesma, isentando osdemais de também se envolverem, aprenderem e de compreenderemsuas demandas para promoção coletiva de um trabalho que de fatovise à inclusão educacional dos egressos dos cursos. [...]

Referência: SILVA, Lázara Cristina da. Políticas públicas e formação deprofessores: vozes e vieses da educação inclusiva. 2009. 344 f. Tese(Doutorado) - Curso de Educação, Programa de Pós-graduação em Educação,Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2009.A tese pode ser acessada na íntegra na Biblioteca Digital de Teses eDissertações da UFU, disponível no endereço: www.bdtd.ufu.br

Fotos: Gerson de Sousa

Page 56: Revista PPGED-UFU - 25 anos

me com os temas ligados a Filosofia da Educaçãoe História da Educação. Comecei a aprofundar osestudos e busquei um amadurecimento teórico.

Redação - O que levou você a se debruçarsobre a população negra para os seus estudos?

Gilca Ribeiro - Desde criança, por in-fluência materna, tenho contato com organiza-ções do Movimento Negro. Este contato me fezmilitante e a dificuldade do acesso da popula-ção negra à educação letrada, o analfabetismode minha mãe e a pouca instrução escolar demeu pai instigaram-me a compreender o pro-cesso de inserção da população negra na esco-larização. Buscando entender as dificuldadesvivenciadas por essa camada da população emter acesso e permanência no sistema oficial deensino, iniciei o levantamento das fontes para aelaboração do projeto de pesquisa. Entretanto,deparei-me com o silenciamento das fontes. Estesilenciamento me conduziu a buscar conheci-mento de como essa escolarização se deu na

500a defesa aborda temasobre escolarização negra no

período republicano

56 maio2014

defesas históricas

Influência familiar instiga pesquisadora a ter contato com organizações do Movimento Negro

Carlos Gabriel Ferreira1

(Da redação)

Gilca Ribeiro dos Santos é auto-ra da 500ª defesa da pós-gra-duação da FACED. Atualmente,ela mora em São Bernardo do

Campo, em São Paulo, mas foi no ano passadoque finalizou sua dissertação de mestrado inti-tulada “O Pensamento Educacional de Francis-co Lucrécio e Ironides Rodrigues”. Sob a linhade pesquisa “História e historiografia da edu-cação” e orientação do professor ArmindoQuillici, Gilca nos conta um pouco sobre seuprocesso no PPGED.

Redação - Como surgiu a oportunidadede cursar o PPGED?

Gilca Ribeiro - Em 2010, tive a oportunida-de de participar de uma Formação Continuadapara Professores da rede pública e privada, mi-nistrada por docentes da FACIP/Ituiutaba. O cur-so era anual e dividido em módulo contemplandodiversas temáticas. Isto me permitiu um contatocom diferentes referenciais teóricos. Identifiquei-

Foto: Felipe Flores

Tempo e Memória

Page 57: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 57

região e as influências do movimento de luta pelaeducação da população negra, empreendida porvárias organizações negras no país.

Redação - E foi assim que Francisco Lucré-cio e Ironides Rodrigues se tornaram protagonis-tas de sua pesquisa?

Gilca Ribeiro - Meu encontro com FranciscoLucrécio e Ironides Rodrigues, se deu quando come-cei a pesquisar sobre a escolarização da popula-ção negra no período republicano e suas diversasiniciativas educacionais. Entre elas, a criação da es-cola primária pela Frente Negra Brasileira, uma or-ganização fundada em 1931, para reivindicar osdireitos sociais e políticos da população negra nacidade de São Paulo, cujo professor é Francisco Lu-crécio, e do Curso de Alfabetização do Teatro Ex-perimental do Negro, entidade do movimento negrofundada em 1944, cujo objetivo principal era com-bater o racismo, tendo à frente o professor IronidesRodrigues. O Estado, que deveria ter se responsabi-lizado pela educação da população negra, nãocumpriu esse papel. Coube a providência de ofere-cer escola aos integrantes dessa camada, às orga-nizações negras. As duas iniciativas podem serentendidas como resposta ao anseio do segmentonegro pelo direito ao saber escolarizado.

Redação - Já finalizado o seu Mestrado,quais foram os resultados de seu estudo? E ainda:quais as suas perspectivas com novas pesquisas?

Gilca Ribeiro - Ao aprofundarmos nossoestudo, constatamos uma aproximação da prá-tica educativa de Lucrécio e Ironides com oprojeto iluminista de educação. As ideias ilumi-nistas eram o referencial teórico para os edu-cadores brasileiros que atuavam na educaçãonaquele momento. Porém, a concepção de edu-cação desses educadores não encontra rela-ção simplesmente com a escolarização. Suaspráticas incorporam a perspectiva emancipató-ria de seus alunos no seu percurso polít ico esocial . O pensamento educacional de Francis-co Lucrécio e Ironides Rodrigues encaminha pa-ra um repensar da estrutura escolar a fim deque seu caráter excludente seja abolido, pro-movendo o sentido da liberdade e da supera-ção dos limites das relações humanas.

Atualmente, desenvolvo a elaboraçãodo projeto de doutorado, acredito na contribui-ção das propostas pedagógicas do MovimentoNegro para o pensamento educacional brasi-leiro. Busco saber que conhecimentos, informa-ções e dados, acumulados por militantes negrose negras durante sua trajetória de vida, pode-riam contribuir para a reconstrução do pensa-mento educacional brasileiro.

1 Carlos Gabriel Ferreira é graduando do quarto ano do curso deComunicação Social: habilitação em Jornalismo FACED/UFU

Tempo e Memória

Foto: Divulgação

Gilca Ribeiro

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Cadernos de História da Educação:para aprender e relembrar

58 maio2014

revistas do programa

Revista, avaliada pelo Qualis/Capes no estrato A2, propicia troca de conhecimento com pesquisadores estrangeiros

Marina Colli 1

(Da redação)

A revis ta Cadernos de Histór iada Educação foi cr iada em2002 com o objet ivo de pro-porcionar a troca de ideias

entre pesquisadores bras ile iros e estran-geiros , e divulgar estudos e pesquisas naárea de Histór ia e Histor iografia da Educa-ção. Até o ano de 2008, sua per iodicidadeera anual , a part ir de 2009 começou a serlançada semestralmente .

Em sua trajetória, a revista sofreu tambémmodificações estéticas. Desde seu início, a capada publicação levava uma foto antiga relacio-nada ao tema História da Educação noTriângulo Mineiro e Alto Paranaí ba. Segundo oprofessor Décio Gatti Júnior, presidente da co-missão editorial da revista e professor doPrograma de Pós-Graduação em Educação daUFU, “a partir da edição comemorativa de dezanos da revista, o layout da capa foi alterado,mantendo a presença da foto, mas permitindo,agora, uma liberdade maior quanto à forma eao tamanho da imagem”.

A revista Cadernos de História da Educa-ção classificada no último Qualis/Capes noestrato A2, o segundo maior em excelência na-cional para revistas científicas. O professorGatti prevê melhorar esse desenvolvimento pa-ra os próximos anos. “Na próxima avaliaçãopretendemos manter o estrato A2 ou quem sabe

Tempo e Memória

Décio Gatti

Foto:Divulgação

Page 59: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 59

alcançar o almejado A1, a mais alta em âmbito nacio-nal”, explica. O crescimento rápido na avaliação doMinistério da Educação (MEC) ajuda no reconheci-mento da revista no cenário nacional e internacional.

Os textos enviados pelos colaboradoressão submetidos à avaliação por duas pessoascom experiência em História da Educação e quesejam, preferencialmente, membros do ConselhoConsultivo da revista. Caso haja divergência en-tre as opiniões dos avaliadores, uma terceira pes-soa é chamada para emitir um novo parecer efacilitar à tomada de decisão pelos responsáveispela revista. Além de colaboradores brasileiros, apublicação conta também com textos de pesquisa-dores de diferentes países. Gatti conta que “osartigos internacionais podem ser publicados nalíngua de origem, ou de forma bilíngue dependen-do da proximidade do idioma com o português”.

O periódico estabelece relação de permutacom nove revistas do país e do exterior e está emnegociação com outras revistas. Além disso, aversão impressa da publicação é disponibilizada emdezessete instituições de ensino no exterior e cin-quenta e quatro no Brasil. Todos os artigos podemser encontrados integralmente na versão online doperiódico. O site de acesso é:www.seer.ufu.br/index.php/che/.1 Marina Colli é graduanda do terceiro ano do curso de ComunicaçãoSocial: habilitação em Jornalismo pela FACED/UFU

Foto: Felipe Flores

Tempo e Memória

Page 60: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Revista fomenta debates naspráticas de aprendizagem

60 maio2014

revistas do programa

Tempo e Memória

Clarice Sousa1

(Da redação)

Periódico da pós­graduação divulga pesquisas de alunos e professores da Pedagogia

A revista Ensino em Revista comemo-ra, este ano, 22 anos desde a pri-meira publicação o que a vinculacomo elo essencial na comemoração

do jubileu de prata do Programa de Pós Gradu-ação em Educação (PPGED) da Faculdade deEducação (FACED) da Universidade Federal deUberlândia (UFU. No entanto, nem sempre o pe-riódico esteve vinculado ao PPGED. O primeironúmero foi publicado em 1992, como parte dostrabalhos feitos pelo Laboratório Pedagógico(LAPED), conta a professora Selva Campos.

A professora esclarece que o LaboratórioPedagógico foi criado em 1988 e os professoresda equipe de metodologia de ensino - línguaportuguesa, alfabetização, ciências, história, ge-ografia e matemática - sentiram necessidade depublicar os trabalhos que eram desenvolvidosno Laboratório, na área de ensino e aprendiza-gem dessas diversas disciplinas, elaborados tan-to por professores, quanto por alunos. “Aidentidade da revista, como o próprio nome in-dica, é ensino em revista. Re-vista. Um novoolhar, uma revisão do olhar, uma RE-visão daspráticas de ensino. Ela foi criada, a primeira pu-blicação do Laboratório Pedagógico e uma dasmetas foi a necessidade de divulgar os traba-lhos desenvolvidos no LAPED”, explica.

O coordenador editorial da revista, Mar-cos Daniel Longhini, completa que se trata deum periódico científico dirigido a pesquisadores,

professores e estudantes da área da Educação,para a publicação de textos científicos relativosaos processos pedagógicos que abrangem dife-rentes âmbitos da Educação. Esses âmbitos en-volvem tempos e espaços educativos diversosde forma a efetivar o debate e a reflexão parapromover a divulgação da produção científicanos âmbitos nacional e internacional. “Anual-mente, publica dois dossiês temáticos (um porsemestre), organizados por pesquisadores daárea-tema, trazendo artigos de especialistasconvidados – brasileiros e estrangeiros – e abar-cando assuntos de interesse e discussão atuaisde diversas áreas da Educação”, comenta.

Longhini também faz uma análise sobre aproposta inicial da produção da revista, que cri-ada pela equipe de professores da área de Me-todologia de Ensino do Departamento dePrincípios e Organização da Prática Pedagógica(DPOPP), da UFU, constituiu-se, em 1993, noveículo oficial de divulgação científica anual dodepartamento citado. Em 1999, com a união doDPOPP e do Departamento de Fundamentos daEducação (DEPFE), tornou-se um Periódico à res-ponsabilidade da FACED, mas nunca deixou deter a sua característica de ser vinculada ao en-sino e à aprendizagem.

Selva esclarece sobre esse ponto: “Ela [arevista] não nasceu vinculada à Pós-graduação,mas vinculada à Graduação. Hoje, ela está liga-da às Linhas do PPGED, mas como o seu foco é

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 61Tempo e Memória

a aprendizagem, e la es tá aber ta às publica-ções dos t rabalhos cient í fi cos dos a lunos docurso de Pedagogia , dos professores da Peda-gogia e também dos a lunos da Pós gradua-ção , só que ho je e la tem uma caracter í s t icanaciona l e in ternaciona l ” .

No úl t imo ano , a rev i s ta de ixou de serimpressa e passou a ser completamente e le-t rônica , mas Se lva é firme ao defender o pe-r iód ico : “A rev i s ta é um espaço de publicaçãofundamenta l para a pós-graduação, porque após graduação têm que publicar os seus resul-tados de pesqui sa , e la tem que comunicar osseus resul tados de pesqui sa . E e la cumpre es-se papel de divulgar o meio cient i fi co bras i-le iro , ar t igos que são fru tos das pesqui sas dosprofessores e dos a lunos” . Já Longhini concor-da que na medida em que socia liza resul tadosde pesqui sas , não só de pesqui sadores daprópr ia ins t i tuição e de seus programas depós-graduação, ass im como de profi s s iona i sde out ras ins t i tuições do país e de fora dele ,a rev i s ta cont r ibui para as d i scussões . “Nessesent ido , e la fomenta o debate sobre d i feren-tes aspectos re lacionados ao ens ino , o quealavanca novos es tudos na área” , fina liza .

1 Clarice Sousa é graduada em Comunicação Social: habilitação emJornalismo pela pela FACED/UFU

Foto:GersondeSousa

Daniel Longhini

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Revista ‘Educação e políticas em debate’:pela democratização dos espaços de debate científico

62 maio2014

revistas do programa

Tempo e Memória

Referência na discussão das políticaseducacionais, há três anos nascia a RevistaEletrônica Educação e Políticas em Debate, noPPGED – UFU. Fruto da Linha de Pesquisa Estado,

Políticas e Gestão da Educação, a relevância do periódico se refleteno volume e na qualidade do conteúdo publicado e no forte viés

social. Nos 25 anos do PPGED, a professora Maria Vieira, editora daRevista e coordenadora do programa, destaca a vitalidade da

publicação.

Da Redação - O que constitui a identidade da revista apartir dos artigos e da temática dos números?

Maria Vieira Silva - A identidade da Revista Educação e Políticas emDebate, é ancorada em estudos, pesquisas e reflexões que promovamanálises em torno das políticas educacionais contemporâneas em suasinterfaces com o Estado. As políticas educacionais estão intrinsecamenteligadas às novas configurações do Estado, seu papel e modalidades deintervenção, aparecem como um dos temas mais controversos e polêmicos nocampo da educação e assumem centralidade na arena dos debates destaRevista. Proporcionar espaços de indagações, críticas e divulgação dosestudos e pesquisas que se propõem à sua investigação, avaliação e impactosna realidade escolar, torna-se fundamental para as universidades e seusdiferentes dispositivos de disseminação do conhecimento, como os periódicoscientíficos. O grande desafio que se instaura é a criação de mecanismos parapossibilitar conexões mais estreitas entre a difusão da produção doconhecimento veiculadas em periódicos dessa natureza e os sistemaseducativos, a educação básica e os profissionais da educação quevivenciam a materialização dessas políticas no cotidiano da escola.

Da Redação – Como você analisa, pelo histórico, a propostainicial da produção da revista?

Maria Vieira Silva - A proposta de implementação de umperiódico científico no campo das políticas educacionais guarda estreitasconexões com a expansão da produção de pesquisas nesta área doconhecimento e a necessária e legítima socialização destes saberesproduzidos para a sociedade. Ao completar dez anos de fundação,em 2011, a Linha de Pesquisa Estado, Políticas e Gestão da Educaçãodo Programa de Pós-Graduação em Educação da UFUdemonstrava um potencial organizativo interno expressivo comintercâmbios estabelecidos entre os professores vinculados à Linhae pesquisadores de diferentes universidades brasileiras e

Brunner Macedo1

(Da redação)

Foto: Ricardo Ferreira Carvalho

Maria Vieira

Page 63: Revista PPGED-UFU - 25 anos

.Da Redação - De que forma os impasses no

campo político e educativo no Brasil contribuíram para osartigos?

Maria Vieira Silva - A tendência predominante dostextos que compõem os números da Revista pauta-se em nexose interfaces entre as políticas educacionais e o panoramasocial mais amplo, que, no tempo presente, encontra-seconectado a, pelo menos, quatro grandes dispositivos: areestruturação produtiva e as mudanças no mundo dotrabalho; a ascensão do neoliberalismo; a globalização e osprocessos de transnacionalização do capital e areconfiguração do papel do Estado. Tais mutações sociais,aliadas à expansão da literatura na área das políticaseducacionais, ensejam reflexões e análises sobre aorganização do sistema educacional brasileiro e seus alcancesno cotidiano da escola, tendo como pano de fundo os nexosentre as reformas educacionais e as mutações societais, asquais se processaram de forma coetânea. Assim, com ohorizonte de colaborar para o alargamento das reflexões noâmbito das políticas educacionais e dos campos correlatos, aRevista disponibiliza um conjunto de textos derivados deestudos e pesquisas sobre temas candentes na realidadebrasileira e mundial, como também elaborações teóricasreferenciadas em autores clássicos do campo da educação eda política como possibilidade de alicerçar e adensar asanálises contemporâneas.

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 63Tempo e Memória

estrangeiras. Coetaneamente a esse processo evidenciava-se,no panorama nacional, a expansão e o fortalecimento docampo de pesquisas em políticas educacionais, mas,paradoxalmente, um número relativamente pequeno deperiódicos científicos com esse foco e escopo. Neste sentido,motivados pela possibilidade de contribuir com mais uminstrumento de difusão de pesquisas estudos e reflexões, osprofessores vinculados à referida Linha envidaram esforços para acriação da Revista Eletrônica Educação e Políticas em Debate.Assim, o surgimento dessa Revista emergiu da convicção de umgrupo de professores acerca da importância de contribuir paraampliação dos espaços de difusão dos conhecimentos científicose de democratização da produção intelectual pela política deacesso livre, absolutamente gratuita e sem fins lucrativos,fomentando conexões de saberes, interlocuções entrepesquisadores e mediações com a sociedade.

Da Redação - Qual a contribuição da revista parao debate e a pesquisa sobre Educação e Política?

Maria Vieira Silva - As contribuições mais potentesdessa Revista no debate “Educação e Política” se alicerçam noconjunto de textos nela contido, o qual possibilita ao leitor novosângulos de análises e críticas sobre as mutações presentes nasociedade contemporânea, em suas interfaces com a educação,propiciando a vinculação entre as políticas educacionais e osprocessos macrossociais, referenciados predominantemente nalógica societal excludente. Vivemos em um continente com muitascontradições e injustiças sociais; conquistamos o direito àeducação, o qual figura potencialmente como condição básicapara os demais. Contudo, esse direito fundamental positivadona esfera do direito constitucional ainda encontra-senegligenciado em suas formas mais explícitas e objetivas ou deforma tácita substantivada em mecanismos de repetência eabandono escolar. A educação brasileira vive movimentospendulares de perdas e ganhos. A Constituição Federal de1988 inseriu muitos dispositivos que traduzem e reforçam o deverdo Estado para com a educação. Contudo, aos estratos sociaisempobrecidos é negado o acesso aos direitos básicos dacidadania em pleno século XXI. Especialmente na década 1990,a partir de um grande fluxo de reformas educacionais ecurriculares, houve a necessidade de uma resposta acadêmicamais atualizada aos novos efeitos de tais reformas, assim comoproblematizações concernentes às configurações, do papel e aoalcance das políticas educacionais na realidade escolar. Aeducação está intrinsecamente vinculada à política. Assim, oprincipail contributo da Revista na interface educação/políticas éproblematizar a intricada teia de relações que negligenciamdireitos, naturalizam desigualdades e desestabilizamcoletividades, mediante análises e avaliações das políticaseducacionais, como também, por contradição, apreender erealçar os efeitos positivos de determinadas políticas que primampor processos inclusivistas

1 Brunner Macedo é graduando do quarto ano do curso deComunicação Social: habilitação em Jornalismo pela FACED/UFU

v. 1, n. 1 (2012)

v. 1, n. 2 (2012) v. 2, n. 1 (2013)

v. 2, n. 2 (2013)

Edições da revista:Educação e PolÍtica em Debate

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Políticas educacionais em pauta

64 maio2014

Tempo e Memória

eventos

Simpósio, organizado pelo PPGED da UFU, estimula debates interdisciplinares sobre o campo da educação

Marcos Reis1

(Da redação)

A realização do VII Simpósio Inter-nacional: “O Estado e as PolíticasEducacionais no Tempo Presente”,em junho de 2013, caracteriza uma

proposta da linha de pesquisa "Estado, Políticas eGestão da Educação": estimular reflexões sobre aspolíticas educacionais em diferentes países e a partirde múltiplos atores sociais. O Simpósio, promovidopelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PP-GED) da UFU, teve como proposta fomentar a cons-trução e a difusão de conhecimentos em umaperspectiva multidisciplinar e interinstitucional. Oevento congregou pesquisadores em educação eáreas afins, professores universitários, profissionais daEducação Básica, estudantes de graduação e pós-graduação e integrantes dos movimentos sociais.Proposições, diretrizes operacionais e reformas edu-cacionais estiveram entre as preocupações dos par-ticipantes.

Maria Vieira Silva, coordenadora doPPGED, conta que o simpósio trouxe contribui-ções significativas nos âmbitos da FACED eda UFU e em nível nacional . Os debates en-volveram pesquisadores de diferentes áreasdo conhecimento e instituições de ensino. Ma-ria Vieira aponta como aspecto importante doseminário a integração entre os diversosagentes sociais ali presentes, “conectados pe-la intenção em analisar e problematizar aspolít icas educacionais" . Tal pluralidade de vo-zes viabilizou debates que, a partir da efetivaconstrução e divulgação de conhecimentos esaberes, contribuem para a transformação darealidade educacional brasileira.

Para Vieira, a configuração do SimpósioInternacional "O Estado e as Políticas Públicas

Educacionais no Tempo Presente" é essencial paraque se evidenciassem "as contradições, injustiças elacunas, mas também os avanços em relação àsconquistas dos direitos sociais". Além disso, tambémcontribuiu para o aprofundamento dos referenciaisepistemológicos, teóricos e metodológicos dessecampo. A coordenadora relata que a principal mo-tivação da equipe organizadora do evento foi "aintenção de contribuir com a função social da uni-versidade pública mediante processos de divulga-ção e socialização do conhecimento. Mobilizou-noso desejo de promovermos intercâmbios mediante odebate, a crítica, as análises e as reflexões".

As transformações no campo da educaçãodecorridas em países como a América Latina, confor-me reformas educacionais e processos regulatóriosespecíficos, demandam reflexões aprofundadas. Estaspossibilitam o entendimento de tais fenômenos notempo presente e de seus desdobramentos no futu-ro. Maria Vieira conta: "Essas mutações no âmbito daescola, induzidas, em certa medida, por mudançasocorridas no setor produtivo, tem influenciado pes-quisadores a problematizarem, reterem e analisaremsistematicamente os efeitos desses processos".

A coordenadora questiona a valorizaçãoda quantidade em detrimento da qualidade noambiente acadêmico. Para ela, esse movimentodesvia o profissional daquilo que deveria ser suaprioridade: "Em um contexto em que cada vezmais somos cobrados por um produtivismo de ca-ráter quantitativo, muitas vezes a busca pelo certi-ficado ou o título secundariza o sentido principalque nos agrega", relata a coordenadora. Assim,"a origem da palavra 'simpósio' nos convida a re-cuperar o sentido que a mesma carrega: a pala-vra 'sympósion' é de origem grega e é formada

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 65Tempo e Memória

por 'syn', junto, e 'posis', beber. Ou seja, beberjuntos. Na Grécia era um banquete, no qual pos-teriormente se travavam muitas discussões entreintelectuais. No tempo presente, preserva o senti-do do debate, da troca de ideias, de análises ereflexões desenvolvidas sob diversos ângulos”.

As mesas-redondas do simpósio conta-ram com temáticas diversificadas. Balançosanalíticos sobre a participação da sociedadecivil na formulação, implementação e controlesocial das políticas educacionais nos 25 anosposteriores à promulgação da Constituição Fe-deral, os avanços e as fragilidades das políti-cas educacionais concernentes à gestãodemocrática e o Plano Nacional de Educaçãoestiveram entre os assuntos abordados.

A história do Simpósio Internacional seiniciou em 2005, quando as três linhas depesquisa do Programa de Pós-Graduação emEducação da UFU organizaram o eventoconjuntamente. A primeira edição contou com otema "Histórias, Políticas e Saberes emEducação". Em 2006, a linha "Estado, Políticas eGestão em Educação" promoveu o segundoSimpósio, já com o título "O Estado e as PolíticasEducacionais no Tempo Presente". A partir deentão, reedições do evento ocorreram nos anosde 2007 (em parceria com a Assessoria deRelações Internacionais e Interinstitucionais daUFU), 2008, 2009, 2011 e, finalmente, 2013.

O simpósio

1 Marcos Reis é graduando do quarto ano do Curso de ComunicaçãoSocial: habilitação em Jornalismo pela FACED/UFU

Foto:Divulgação

Page 66: Revista PPGED-UFU - 25 anos

O "Uno e o Diverso" promove trocade experiências sobre a docência

66 maio2014

eventos

Evento da FACED se consolida como referência de incentivo ao intercâmbio científico entre asuniversidades brasileiras

Natália Faria1

(Da redação)

Realizado periodicamente desde oano de 2000, “O Uno e Diverso naEducação Escolar” se consolidou, aolongo dos anos, como um evento de

referência na área de pesquisa em FACED/UFU, co-mo no cenário acadêmico brasileiro. Nascido compretensões de alcance local, o evento apresentahoje abrangência nacional e recebe, a cada edi-ção, pesquisadores renomados de diversas regiõesdo país. O “Uno e Diverso” está inserido na linha depesquisa Saberes e Práticas do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFU (PPGED) e reali-zou sua 12ª edição em novembro do ano passado.

Maria Irene Miranda, coordenadora daúltima edição do evento, esclarece que o objeti-vo principal do “Uno e Diverso” é promover umespaço de troca de experiências sobre o exercí-cio da docência e da pesquisa, seus desafios esuas possibilidades. “No evento, as trocas deideias, saberes, instrumentos de pesquisa e pon-tos de vista são muito ricas”, afirma.

Arlete Miranda, que também coordena oevento, afirma que essa troca favoreceu, ainda, ointercâmbio científico entre o PPGED e outros gru-pos, sejam eles da UFU sejam de outras universi-dades, fortalecendo a multiplicidade de temas, suainterdisciplinaridade e incentivando a formação deredes e grupos interinstitucionais. “Abordamos di-versos aspectos da Educação no evento, como aquestão da exclusão e inclusão escolar, questõeseducativas na sociedade e trabalho, a psicope-

Tempo e Memória

Foto:FausieneVictor

Maria Irene

Page 67: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 67

dagogia, a própria docência, entre muitos outrostemas debatidos por diversos grupos de pesqui-sa, aqui da UFU e de fora dela e mesmo em tra-balhos conjuntos”, conclui.

Contribuição Acadêmica e Social

De acordo com a coordenação do even-to, o “Uno e Diverso” proporciona uma trocafundamental entre os pesquisadores de outrasinstituições, estudantes do programa de pós-graduação e também entre alunos que aindanão finalizaram a graduação, mas que desejamconhecer e, porventura, seguir o caminho dacarreira acadêmica. Segundo a docente MariaIrene, “dessa forma, o evento incentiva tambéma formação inicial de novos pesquisadores,além de contribuir para a formação continuadadaqueles que já trabalham na área”.

Além da comunidade acadêmica, a sociedadetambém é beneficiada com eventos de fomento àpesquisa como o “Uno e Diverso”. Para Maria Irene, apesquisa é um veículo de produção do conhecimentoque tende a ter uma repercussão positiva na socie-dade, especialmente na nossa, que tanto carece depráticas educativas efetivas.

1 Natália Faria é graduada em Comunicação Social: habilitaçãoem Jornalismo pela FACED/UFU

Foto:GersondeSousa

Tempo e Memória

Arlete Miranda

Page 68: Revista PPGED-UFU - 25 anos

Falar deFoucault é

preciso

68 maio2014

eventos

“Para Foucault, o pensamento temcomo tarefa fazer do tempo presen-te o nosso próprio problema, fazerdo presente a indagação do que é

feito desse tempo e nesse tempo, a fim de quesejamos capazes de nos tornarmos diferentesde nós mesmos: diferentes do que nos oprime,discrimina e exclui, impedindo-nos do exercícioda diferença, da democracia, da liberdade”

É assim que o professor Haroldo de Re-sende, coordenador geral do Colóquio MichelFoucault, define a importância de se aprofundar noconhecimento e debate da obra do multifacetadofilósofo francês, que é considerado um dos pensa-dores mais importantes do século XX. A terceiraedição do evento aconteceu entre os dias 15 e 17de outubro de 2013 - iniciada na data em que Fou-cault completaria 87 anos -, na Universidade Fede-ral de Uberlândia (UFU), e foi uma iniciativa daPrograma de pós-graduação em Educação (PP-GED) da Faculdade de Educação (FACED).

Tendo abordado os temas Educação,Filosofia e História - Transversais e O Governoda Infância nos anos anteriores, o enfoque pa-ra 2013 foi Política - Pensamento e Ação. Resen-de justifica a escolha a partir do contextohistórico vivenciado nos últimos tempos. “A di-mensão política, travestida de ares naturais,

Legado do multifacetado filósofo frânces funcionacomo 'caixa de ferramentas' para examinar as

construções históricas e interrogar o tempo presente

Anna Vitória Rocha1

(Da redação)Foto:GersondeSousa

Tempo e Memória

Haroldo de Resende

Page 69: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 69

atravessa as questões sociais, econômicas, cultu-rais e institucionais que, por sua vez, se revestemde grande potência de manutenção do regimede verdade instituído e de conservação das re-lações de dominação”, explica.

O professor adiciona também que paraalém de recortes específicos, Foucault se firmou co-mo um crítico da modernidade. Seu legado, citandoo próprio, funciona como uma "caixa de ferramen-tas" para examinar as construções históricas, de mo-do a interrogar o tempo presente.

"Dessa forma, trabalhar com Foucault é,de certa maneira, suspeitar a verdade e por à pro-va nossa relação com ela", explica o professor. "Éescrutinar que efeitos ela produz nas relações soci-ais – sempre atravessadas por relações de poder –e como se pode modificar a verdade, e conse-quentemente seus efeitos", prossegue.

O conceito ou as construções da verdaderevelam uma discussão pertinente no âmbito daeducação. É na escola, afinal, que se observa coti-diana e maciçamente as relações entre o saber epoder . "A educação tem, imbricado nas suas fun-ções, o dizer verdadeiro que instaura modos decompreensão e apreensão da realidade, que temcomo efeito a produção de subjetividades, tanto so-ciais quanto individuais. São modos de ser verda-deiros que são construídos nos processoseducacionais", esclarece Resende. Daí a importân-cia de se trazer à tona esses debates, com todasas "pirotecnias" oferecidas pelo saber foucaultiano.

O professor Haroldo toma emprestado maisum termo utilizado pelo teórico ao falar daquilo queé usado em guerras. Para Foucault, a verdade daverdade é a guerra, e ela prevalece pelos mecanis-mos de poder que a asseguram. Ele complementa:“Foucault não vai nos dizer a verdade sobre as coi-sas, o que ele nos provoca é a suspeição e nos aju-da a compreender como e por que aquilo que éconsiderado verdadeiro tornou-se um dia verdade.”

Para além dos muros da universidade e dediscussões teóricas, as inquietações foucaultianassão relevantes no contexto social mais amplo. Re-sende destaca que não podemos dissociar o pen-samento da ação, pois ambos estão instituídos nocotidiano das relações sociais. Num contexto demo-

crático, de participação, principalmente num mo-mento onde a política se insere em peso em diver-sas esferas de nossas vidas, é preciso estar atentopara que o debate não se encerre nas discussões,mas seja efetivado: “A discrepância entre dispositi-vos discursivos e práticas efetivas denotam ausên-cia do cuidado da verdade, como coerência entreo que se diz e o que se faz”.

O III Colóquio Nacional Michel Foucault pro-moveu em seus três dias de duração um intercâm-bio de experiências, pesquisas, estudos e leiturasacerca da obra do pensador. Palestrantes de uni-versidades de todo o Brasil, de Pernambuco à San-ta Catarina, passando pela Paraíba, Brasília, Paraná,dentre outros estados, compartilharam suas vivênciasacadêmicas, além das sessões de comunicação detrabalho e lançamentos de livros afins.

O balanço que o coordenador geral faz nãosó da mais recente, mas das outras três edições doevento, é bastante satisfatório. “Considero que signifi-ca a consolidação de um espaço que oportuniza aefetivação de debates, discussões, aprofundamentos,divulgação e produção de novos conhecimentos nesserecorte teórico-prático circunscrito pela obra e pensa-mento de Foucault”, declara Haroldo Resende. Alémdisso, prossegue, é importante destacar que o esforçoempreendido pelo PPGED na realização dos colóqui-os contribui para o deslocamento do eixo de eventose debates dessa natureza para o interior do país,consolidando as ações da Pós-Graduação na região.

A partir da experiência do primeiro colóquio, re-alizado em 2008, foi lançado o livro "Michel Foucault:transversais entre educação, filosofia e história" pelaeditora Autêntica. Uma obra referente ao segundoevento, Michel Foucault: o governo da infância, está emprocesso de edição e tem previsão de lançamentopara este ano. Seguindo o padrão bienal, o PPGEDtem intenção de promover a quarta edição do coló-quio, em celebração aos 40 anos de uma das obrasmais importantes de Michel Foucault, o livro “Vigiar ePunir”. O título do evento será “'O ronco surdo da ba-talha - 40 anos de Vigiar e punir”.

1 Anna Vitória Rocha é graduanda do terceiro ano do curso deComunicação Social: habilitação em Jornalismo pelaFACED/UFU

Tempo e Memória

Page 70: Revista PPGED-UFU - 25 anos

I Encontro de Educação em Ciências eMatemática promove trocas de conhecimento

70 maio2014

eventos

Temas são construídos no diálogo com a pauta de discussão geral e local sobre a Educação na área

Giovana Si lveira Santos1

(Da redação)

A Linha de Pesqui saEducação em Ciênc ia s eMatemát i ca do Programa depós -graduação em Educação

(PPGED) da UFU organizou em 2012 , eorganizará nes te ano , o Encon t ro deEducação em Ciências e Matemát i ca . Abase do even to são apresen tações det raba lhos e pesqui sas . O objet i vo pr in-c ipa l do Encon t ro é fomen tar debates ereflexões e d ivulgar pesqui sas cien t í fi-cas na área “Educação em Ciências eMatemát i ca” en t re pesqui sadores , e s tu-dan tes de pós -graduação e graduaçãoe profes sores da educação bás ica .

O I Encont ro , idea lizado pela linhade pesqui sa “Educação em Ciências , eMatemát ica” , segundo a professoraEleni ta Pinhe iro , cont r ibuiu para ofor ta lecimento des ta linha de pesqui sa“por meio da divulgação e debate ,tanto da apresentação quanto dosresul tados das pesqui sas , provocando asocia lização de pressupos tos teór icos ,metodológ icos e de exper iências nocampo gera l da educação” .

Os temas do I Encontro, como ex-plica a professora Pinheiro, “são pensa-dos no diálogo com a pauta de

discussão geral e local acerca da Educa-ção em Ciências e Matemát ica” . Es taspau tas se re lacionam com as pesqui sase exper iências do campo tan to na Uni-vers idade , quan to nos espaços de con-cret ização das propos tas educat i vas ,esco lares ou não esco lares .

A realização do I Encontro , a lém depromover d i scussões e debates de traba-lhos apresentados , poss ibili tou a troca deexper iências e reflexão entre professores ,es tudantes e pesqui sadores da educaçãobás ica . “A divulgação desses es tudosocorreu tanto nos momentos da apresen-tação, quanto por meio dos anais doevento que são entregues a seus/suaspar t icipantes e disseminados em outro lo-ca i s ” , a firma Eleni ta .

O pr imeiro Encontro contou com apart icipação média de 300 pessoas e fo-ram apresentados 82 trabalhos . Eleni tad iz que “o evento serv iu como espaço dedivulgação da linha no âmbi to loca l , reg i-ona l e nacional . E contou com a part ici-pação de estudantes e pesqui sadores deoutros es tados bras ile iros” .1 Giovana Silveira Santos é graduanda do terceiro ano do cursode Comunicação Social: habilitação em Jornalismo pelaFACED/UFU

Tempo e Memória

Page 71: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 71

Foto:Divulgação

Tempo e Memória

Page 72: Revista PPGED-UFU - 25 anos

ENPECPOP abre espaço para debatesobre educação e culturas populares

72 maio2014

eventos

II Encontro abordou temática sobre direitos humanos, saberes e resistências

Giovana Matusita1

(Da redação)

Tempo e Memória

Page 73: Revista PPGED-UFU - 25 anos

15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 73

O Segundo Encontro Nacional dePesquisadores(as) em Educação eCulturas Populares – II ENPECPOP -,vinculado à linha de pesquisa “Saberes

e Práticas Educativas”, é um evento organizado ecoordenado pelo Grupo de Pesquisa em Educação eCulturas Populares (GPECPOP). É uma das atividadesacadêmico-científicas do Programa de Pós-Graduaçãoda FACED. Esse encontro, em sua segunda edição, tevecomo tema central “Educação e culturas populares:direitos humanos, saberes e resistências”.

O II ENPECPOP teve como objetivo criarespaços de diálogos entre professores,pesquisadores, educadores popula-res, mestres das culturas populares,estudantes e demais pessoas in-teressadas no referido tema. Aproposta é socializar e discutirpesquisas científicas, e outrasexperiências que se têm reali-zado, no Brasil, sobre questõesreferentes às diferentes dimen-sões e significados da educaçãoe culturas populares na atualida-de.

O evento também se propôsa contribuir com a discussão sobre anecessidade de produzir e socializarconhecimentos que fundamentem leituras eintervenções favoráveis à Educação. Essaproposta foi possível frente a metodologia doencontro, que envolve divulgação e discussão daspesquisas por meio da criação de espaços deinterlocução entre diferentes segmentos dacomunidade científica, acadêmica e educacionaldo Brasil.

Para isso, privilegiou-se as rodas de conversa,as comunicações e as mesas-redondas sobre osdiferentes aspectos investigados acerca da

educação e das culturas populares. O temacentral do evento foi objeto de discussãosimultânea em 10 rodas de conversas entretodos os congressistas e abordado nas mesasredondas que contaram com a participação deconvidados com expressivas pesquisas, ações epublicações na área.

O encontro levantou as problemáticasenfrentadas por aqueles que estão na práticaeducativa. O professor João Augusto Nevesexemplifica que um dos assuntos tratados é como

deve ser feita a inserção de novastecnologias nas escolas. Para que haja

o processo de troca e construçãode novos saberes, são feitas

mesas-redondas, rodas deconversa, celebraçõesartístico-culturais eapresentações de trabalhosna forma de comunicaçãooral.

Neves acredita que oENPECPOP é relevante

para o curso de pós-graduação, pois a relação da

universidade com pesquisa epráticas de educação e cultura

popular deve ser estreita. “É importantepara a pós-graduação para que possamentender que este é também um campo depesquisa. Há conhecimento a sereminvestigados e compreendidos entre ossaberes populares e os saberes construídosdentro da academia”, define.

"Há coisas a sereminvestigadas e

compreendidas entre ossaberes populares e os

saberes construídosdentro da academia"

1 Giovana Matusita é graduanda do terceiro ano do curso deComunicação Social: habilitação em Jornalismo pelaFACED/UFU

Tempo e Memória

Foto:Divulgação

Page 74: Revista PPGED-UFU - 25 anos

O papel do PPGEDna formação dedocentes para aeducação básica

74 maio2014

condições da pesquisa

Perfil de profissional é estar preparado paradialogar com o novo perfil de aluno inserido na

era digital

Laís Farago1

(Da redação)

No ano em que o Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) daFACED/UFU completa 25 anos, torna-se essencial discutir o significado da

pós-graduação na formação de professores para aeducação básica. E, por meio deste debate, trazerà tona e evidenciar os problemas nesse setor daeducação em nosso país.

A educação básica corresponde aos primeirosanos de educação escolar e se estende até o terceiroano do ensino médio, que em termos de Ministério daEducação está composta por um período de 12 anos.De acordo com o professor e ex-coordenador do Pro-grama de Pós-Graduação em Educação, Carlos Hen-rique de Carvalho, podemos defini-la como “a educa-ção que vai fazer todo processo orientador de apre-sentar os principais elementos do conhecimentohumano acumulado às crianças que iniciam seu proces-so de escolarização. É por isso que se chama educa-ção básica.” A professora da pós-graduação, SôniaMaria dos Santos, acrescenta que a educação foi re-estruturada de acordo com a Lei de Diretrizes e Basespara a Educação (LDB) e por isso compreende a edu-cação infantil, ensino fundamental e ensino médio: “Atu-almente a educação básica é entendida comoprioritária para os brasileiros”, afirma.

Devido as mudanças e a intensa evolução datecnologia, faz-se importante capacitar professores

Foto:GersondeSousa

Tempo e Memória

Sônia Santos

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para lidar com essas transformações e auxiliar seusalunos para que desfrutem de todo o aparato tec-nológico em favor da educação. Para o professorCarlos Henrique, este é um ponto importante noperfil de um profissional que atue na educação bá-sica: “Ele deve conseguir compreender essas de-mandas. Nós passamos por uma mudança emtermos de acesso à informação descomunal. Isso im-pacta no aluno”, analisa. Carvalho ainda acrescen-ta que “em termos de informação, a maioria dosalunos a possuem mais que os professores, porqueos professores não conseguem acompanhar todoprocesso informacional.” Por isso, o perfil de um pro-fissional da educação básica é estar preparadopara dialogar com o novo perfil de aluno, que estáinserido na era digital, na sociedade globalizada enas redes sociais. “A universidade, principalmente após-graduação, tem um papel importante: compre-ender esse momento de transformação e trabalhar,no sentido de contribuir, para que esse professorpossa adquirir as habilidades necessárias para tera compreensão desse perfil do aluno da educaçãobásica”, explica Carvalho.

Para Sônia Santos, é difícil traçar o perfilde um profissional para atuar nesta área daeducação: “como ela é dividida em educação in-fantil, ensino fundamental e ensino médio, nãoexistem características unificadas, pois se tratade públicos alvos diferentes”, explica. A docentedescreve pontos comuns que considera impor-tantes ao profissional da educação básica: acre-ditar no ser humano, acrescentar a ele deacordo com as características do professor e aobrigatoriedade por lei de estar habilitado.

A pesquisa, acrescentam os docentes, é umaspecto significativo e contribui na formação deprofessores e no aperfeiçoamento de seus currículosque passam a revelar os vínculos entre a pesquisateórica e acadêmica, associando-as à vivência doprofessor em seu ambiente de trabalho. CarlosHenrique explicita sobre o edital de Pesquisa naEducação Básica, criado em parceria com a Coor-denação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NívelSuperior (Capes) e a Fundação de Amparo à Pes-quisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), junta-

mente a professores da Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), Pontifícia Universidade Ca-tólica de Minas Gerais (PUC-MG) e do Centro Fe-deral de Educação Tecnológica de Belo Horizonte(CEFET-BH). O edital estabelece que haja a presen-ça de um profissional da educação básica no proje-to, que possui três níveis: discutir a metodologiapara a educação básica, discutir tecnologias e de-senvolvimento e por fim, um processo de acompa-nhamento dentro da própria escola. “Os projetosnão vão resolver os problemas, mas é uma iniciati-va importante”, ressalta Carlos Henrique.

A professora Sônia Santos atua na linha depesquisa de Historiografia da Educação e narraque, nesta área, a pesquisa é fundamental paraapontar os erros, acertos e as possibilidades deatuação na formação docente, mas principalmentepara revelar os caminhos percorridos. Além disso,Sônia afirma que a pesquisa torna-se importantepara sacudir o poder publico em relação à realida-de do ensino e para o professor se atentar as pra-ticas executadas nas escolas.

Santos relata que a função da pós-gra-duação em Educação ainda é confundida. “Exis-tem àqueles que acreditam que a formaçãocontinuada deve complementar estudos não re-alizados na licenciatura, o que não é verdade,pois não é possível preencher as lacunas deixa-das anteriormente”, avalia. A pós-graduaçãona formação de professores para a educaçãobásica possui como perspectiva ampliar as pes-quisas, responder perguntas e questões impor-tantes e aprofundar ainda mais todo oconhecimento das práticas docentes vivencia-das em um ambiente escolar. De acordo com aprofessora, é válido ressaltar que “a pós-gradu-ação da UFU passa por um período de muita lu-cidez, pois socializa os teóricos já conhecidos,aprofunda pesquisas importantes sobre práticasinovadoras e metodologias”.

1 Laís Farago é graduanda do terceiro ano do curso deComunicação Social: habilitação em Jornalismo pelaFACED/UFU

Tempo e Memória

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O processo necessário para formardocentes no Ensino Superior

76 maio2014

condições da pesquisa

Ações básicas da pós consistem em pensar, elaborar e discutir a formação crítica do docente do Ensino Superior

Leidiane Campos1

(Da redação)

A notável expressividade conquis-tada pelo Programa de pós-gradu-ação da Faculdade de Educação(FACED) pode ser identificada pelaformação dos professores para a

docência no Ensino Superior. Os números atuaisreforçam a importância do programa que atingeduas décadas e meia. Dados obtidos, por meiodo Censo da Educação Superior de 2013, reve-lam que o Brasil possui cerca de 7 milhões deestudantes universitários. Esse fator implica quea formação dos docentes do Ensino Superioresteja centrada para integrar os professores dagraduação a esse contexto social.

O professor José Carlos de SouzaAraújo, que atua na UFU desde 1978, acom-panhou os processos históricos e o crescimen-to da pós-graduação da FACED. Araújotrabalha com a linha de pesquisa História eHistoriografia da Educação, desde 1997, epontua que houve um aumento expressivo noquantativo de professores atuando na pós-graduação. “A linha de História da Educaçãoreunia basicamente, nos anos 90, três profes-sores”, ressalta. Araújo destaca que, com odecorrer de 25 anos, a pós-graduação dauniversidade conquistou “uma significação re-gional na formação para a pesquisa e naformação do professor de ensino superior”.

Para o docente Armindo Quillici Neto,

que também integra a linha de pesquisa deHistória e Historiografia da Educação, “a pós-graduação da UFU é um espaço de desenvolvi-mento intelectual, pessoal e acadêmico.” Deacordo com o professor, a formação possibilita-da por este programa da FACED fortalece ocrescimento intelectual e pessoal dos professo-res do Ensino Superior. Para Neto, é com estacapacitação que o docente “passa a desenvol-ver, conhecer e enxergar outras viabilidadesdidáticas e metodológicas”.

A importância da pós-graduação na for-mação de professores do Ensino Superior éconfirmada também por José Carlos. Segundo odocente, o profissional que passa por esta ca-pacitação “sai com uma ótica de compreensãodo Ensino Superior diferenciada”. A relevânciadada à pesquisa por esta formação é outro fa-tor de destaque que a distingue dos demais ti-pos de especialização. “Forma-se um professor,formando-o para a pesquisa”, aponta Araújo.

Armindo salienta que “se o professor nãopassa pela experiência da pós-graduação enão vivencia uma pesquisa na área que estáatuando, ele vai sempre ser um repetidor dassuas aulas, da sua formação.” Dessa maneira,pensar, elaborar e discutir a formação críticado docente do Ensino Superior são algumasdas ações básicas da pós-graduação. Ainda deacordo com Neto, esta preocupação com a cri-

Tempo e Memória

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ticidade do alunado é importante, pois “propõe umprocesso de transformação quando aquele alunovolta para a sua realidade e para o seu trabalho”.

Por es tar conso lidada , a pós -gradua-ção da FACED atende a uma s igni fi ca t i vademanda reg iona l . “Dada a sua loca lidade ,a demanda é grande” , aponta Armindo ,que tem sua sede de t raba lho no Campusdo Ponta l , em I tui u taba . O docente atua naUFU desde 2009 e ava lia que ao passarpe lo cargo de d iretor da Faculdade de Ci-ências In tegradas do Ponta l ( FACIP ) , rece-beu profes sores formados no programa depós -graduação da própr ia univers idade .Neto res sa l ta que esses profi s s iona i s “ sãoót imos profes sores , bem formados e com-promet idos com a rea lidade da educação ,com a rea lidade do pa í s . ” O docente des-taca que esse fa to demons t ra um fa tor po-s i t i vo para a UFU , “porque a própr iaunivers idade es tá formando seus profes so-res , seu quadro docente” , a firma . Comolembra o pesqui sador José Car los , “nosanos 80 todos os profes sores [da UFU] quefaz iam pós -graduação , faz iam fora” ; umquadro d i fe ren te da rea lidade que ho je év ivenciada na univers idade .

A comemoração dos 25 anos da pós-gra-duação da FACED, deste modo, vem demons-trar a expressividade e a importância deprogramas como este para a capacitação docorpo docente do país. Como analisa Armindo,“25 anos significa um processo de consolidaçãode um projeto de educação”. Somado a isso, aoobservar o atual cenário social brasileiro, o do-cente ressalta que “é inesgotável a necessidadede formação de professores, seja ele do ensinosuperior seja da escola básica”.

1 Leidiane Campos é graduanda do terceiro ano do curso deComunicação Social: habilitação em Jornalismo pela FACED/UFU

Fotos:FelipeFlores

Tempo e Memória

José Carlos

Armindo Quillici

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78 maio2014

Tempo e Memória

artigo

Sem pesquisa não se faz um bom ensino:isso vale também para a graduação

A comemoração dos 25 anos deexistência do Programa de Pós-Gra-duação em Educação (PPGED) daFACED-UFU é uma propícia ocasião

para colocar em relevo a importância desse projetoacadêmico que oferece um ensino de excelência,porquanto forma bons pesquisadores e qualifica pro-fessores para todos os níveis do ensino. Nesta opor-tunidade, procurarei destacar um tema que, ao longodesses anos, mantém-se presente nas reflexões dosdocentes que integram o PPGED: a integração entrea pós-graduação e a graduação ou, a articulaçãoentre pesquisa e ensino, como um dos preceitos cons-titutivos da qualidade universitária.

Se considerarmos uma diferença entre após-graduação e a graduação que ainda per-siste nos meios universitários em geral, não se-ria novidade a constatação de um contraste:na pós-graduação, pela pesquisa, produz-se oconhecimento; na graduação, pelo ensino, oconhecimento é transmitido.

Essa inquietadora ideia que associa gra-duação exclusivamente ao ensino e à formaçãode profissionais utilitários do conhecimento, epós-graduação à pesquisa e à formação deprofessores pesquisadores por certo exerceuma influência no estabelecimento de uma frá-gil articulação entre a graduação e a pós-gra-duação. Sobre essa fragilidade muitosestudiosos já se manifestaram com a intençãode produzir mudanças naquele entendimento,no entanto, não é ainda possível confirmar que

as universidades tenham conseguido estabeleceruma boa interação entre esses dois níveis do en-sino. O tema está, portanto, aberto. Para contri-buir, destaco um texto escrito por SérgioCastanho (Castanho, 2005)2, por ocasião de suavinda à UFU, à convite da Pró-Reitoria de Gradu-ação, em 2004, porque mostra uma íntima rela-ção entre o ensino, o aprendizado e a pesquisa,conforme pretendo aqui, brevemente, partilhar.

Escreve o autor que o ensino não se sepa-ra da aprendizagem, porque somente há ensinoquando alguém efetivamente aprende. De fato,por esse modo de entender, ensino e aprendiza-gem, configuram-se como os dois lados de umamesma moeda. Aprender é apropriar-se dos co-nhecimentos, é incorporar algo novo ao que jáse tem. Para que alguém aprenda, é preciso queestabeleça relações entre fatos, entre conheci-mentos e entre saberes, pois o aprendizado efe-tivo mobiliza, inevitavelmente, o aprendiz para abusca de novidades, ou de novas e possíveis co-nexões para um entendimento amplo e seguro. E,o que seria essa busca? Nada mais, nada menosque a pesquisa, diz Castanho. (Op.cit. p. 80).

Na busca, o estudante trilha o caminho doaprendizado. Pela pesquisa ele se envolve noprocesso coletivo do conhecimento, encontra ummodo de lidar com as informações que o profes-sor lhe apresenta e compreende o sentido e aimportância da disseminação do conhecimentopara toda a sociedade. Nessa perspectiva qualseria então, o papel do ensino senão o de levar

Marisa Lomônaco de Paula Naves1

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 79Tempo e Memória

o estudante, por meio da pesquisa, a uma toma-da de consciência das questões com que, nabusca, ele próprio se depara, e provocar neleuma atitude de invenção e reflexão, favorecendoa (re)descoberta dos problemas e das soluções?O bom ensino é, portanto, intimamente enreda-do na pesquisa.

Na graduação, assim como na pós-gradu-ação, o ensino, qualificado pela pesquisa, nãose limita, portanto, à simples transmissão. Ele serealiza quando o estudante age como um investi-gador, participando de um processo que envol-ve suas atitudes de busca e as ações de seuprofessor pesquisador, implicados, nesse proces-so, o rigor metodológico, a produção de conhe-cimento e sua transmissão.

No meu entendimento, é deste modo queaquele princípio basilar, que sustenta a ideia deque a pesquisa e o ensino não se dissociam,confirma a essencialidade da pesquisa para agraduação. Consolidar a compreensão de quesem pesquisa não se faz um bom ensino de gra-duação continua a ser um dos nossos maioresdesafios, cuja superação passa, necessariamen-te, pelo exercício da docência universitária, esta,especialmente preparada na pós-graduação.

1 Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação daFACED/UFU. Pró-Reitora de Graduação da UFU (Gestão 2013-2016).2 CASTANHO, Sérgio. Ensino com pesquisa na graduação. IN:VEIGA e NAVES (Orgs). Currículo e Avaliação na EducaçãoSuperior. Araraquara: Junqueira e Marins, 2005, p. 79-96.

Foto: Ricardo Ferreira Carvalho

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80 maio2014

condições da pesquisa

Pesquisas respondem àsnecessidades eminentes da

sociedade brasileiraJefferson Mainardes argumenta sobre a necessidade de lutar pela valorização da área de Humanas

Brunner Macedo1

(Da redação)

O panorama da pesquisa em Educa-ção hoje é muito diferente do que exis-tia em 1989, quando o Programa depós-graduação em Educação (PPGED)

da UFU iniciava seus trabalhos. É o que garante Jef-ferson Mainardes, coordenador do Programa dePós-Graduação em Educação da Universidade Esta-dual de Ponta Grossa (PPGE-UEPG) e coordenadordo Fórum Nacional de Coordenadores de Progra-mas de Pós-Graduação (FORPRED). Para Mainar-des “diversas mudanças tecnológicas, o uso dainternet, a possibilidade de utilizar bases de periódi-cos eletrônicos de outros países, a ampliação daspublicações, entre outros aspectos, tornaram o pro-cesso de pesquisa mais ágil”.

O período também foi marcado por ex-pansões. Nesses 25 anos o número de programasde pós-graduação stricto sensu (mestrado e douto-rado) em Educação oferecidos no Brasil aumentousignificantemente e os números falam por si. Enquan-to no fim da década de 1980 havia cerca de 40cursos no Brasil, atualmente há 153 programas naárea, sendo 62 com mestrado e doutorado, 62 mes-trados acadêmicos e 20 mestrados profissionais. Es-se círculo envolve mais de 3.000 professores eaproximadamente 10.000 estudantes produzindopesquisas em educação e aprimorando uma forma-ção voltada tanto para a pesquisa quanto para umacompreensão mais ampla da área.

Tempo e Memória

Jefferson Mainardes

Foto:Divulgação

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As pesquisas em Educação têm se destaca-do por responder a necessidades eminentes da so-ciedade brasileira. Elas propiciam, afirmaMainardes, compreensões da realidade que vãoalém das salas de aula, revelam dados da realidadesocial, educacional e escolar que permitem um co-nhecimento profundo e determinante para o plane-jamento educacional. Além disso, esses estudos têminterferido em situações de exclusão, vulnerabilidadesocial, melhoria de práticas, e luta pelo direito àeducação. Apesar de todo esse dinamismo, a áreaprecisa de mais valorização. “A área de Humanas éconsiderada prioridade 3 na Capes e, em con-sequência, recebe menos recursos, menos bolsas. Háuma luta com o apoio da Anped para que esse qua-dro seja alterado”, defende o coordenador.

Na defesa da valorização dos cursos da áreada Educação, Mainardes reconhece a importância doPPGED-UFU, destacando a seriedade do programa naformação de mestres e doutores, nas publicações, naspesquisas de docentes e alunos e nos eventos realiza-dos. “A estrutura do PPGED-UFU, assim como da UFUcomo um todo, propicia uma base muito sólida para asatividades. Para além da base material, o PPGED con-ta com um corpo docente altamente capacitado e re-conhecido e discentes muito comprometidos com arealização de pesquisas de alta qualidade”, afirma.

1 Brunner Macedo é graduando do quarto ano do curso deComunicação Social: habilitação em Jornalismo pela FACED/UFU

Foto:FelipeFlores

Tempo e Memória

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82 maio2014

condições da pesquisa

Presidente da FAPEMIG destaca a importância deaproximar a pesquisa do cotidiano das pessoas

Tempo e Memória

Brunner Macedo1

(Da redação)

O sucesso das pes-quisas do PPGED-UFUnos seus 25 anos de

existência deve-se, em parte,pelas conquistas junto a ór-gãos de financiamento, queacreditam e investem no de-senvolvimento dos estudosem Educação. A FAPEMIG éum desses agentes que viabi-lizam as produções na UFU.

Nesta data comemorativa, oprofessor Mario Neto, presi-

dente da FAPEMIG, parabenizao programa e discute os desafi-

os e perspectivas da pesquisa emEducação no Brasil :

Mário Neto

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15Revista de comemoração dos 25 anos da Pós Graduação da FACEDmaio2014maio2014 83Tempo e Memória

O PPGED-UFU está completando 25anos, quais são as principais diferenças en-tre fazer pesquisa hoje e em 1989?

Primeiramente gostaria de registrar meuscumprimentos pelo Jubileu de Prata do Programade Pós-Graduação em Educação da UniversidadeFederal de Uberlândia. Certamente muita coisaavançou nestes últimos vinte e cinco anos e “fazerpesquisa” foi uma delas. Primeiro pelo fato do Paíshoje valorizar mais a pesquisa e entender sua im-portância como vetor de desenvolvimento. Segun-do pelo fato de termos acumulado muitoconhecimento neste período e, dessa forma, asmetodologias de pesquisa e os temas também ti-veram que evoluir no período. Outra importantemudança é que hoje se busca mais relevância pa-ra a pesquisa acadêmica procurando trazê-lamais perto dos anseios da sociedade.

A pesquisa em Educação no Brasilé valorizada?

Podemos dizer que sim, mas nem tantoquanto deveria. A pesquisa no geral ainda estálonge da realidade do dia a dia das pessoas e,por essa razão, elas não valorizam adequada-mente como deveriam. No âmbito da Academiaa pesquisa em Educação é cada vez mais valori-zada. O que temos que fazer é levar este valorpara a sociedade como um todo e, para fazerisso, repito, temos que tornar a pesquisa mais re-levante para a sociedade.

Qual a importância da pesquisa emEducação para a FAPEMIG?

É de fundamental importância não só pelasua natureza acadêmica de fazer expandir asfronteiras do conhecimento, mas também porconsiderarmos que a Educação é um dos princi-pais vetores do desenvolvimento das nações. Pormeio da educação é que podemos fazer avan-

çar o País qualificando as pessoas e dando aelas melhores oportunidades profissionais epessoais. Isso fica demonstrado nas atividadesda FAPEMIG não só por ter uma Câmara deAssessoramento na área de ciências humanasonde a educação é um setor muito forte, mastambém por termos, em parceria com a CAPES,lançado um edital - pioneiro no País - apoian-do a pesquisa em educação com atuação dire-ta no ensino básico buscando melhorar aqualidade do mesmo. É um investimento de R$10 milhões só neste edital piloto.

Como as pesquisas em Educação têmcontribuído com a sociedade brasileira?

Muito do que a educação avançou noPaís se deve as pesquisas que vem sendo de-senvolvidas, incluindo aquelas do Curso de PGem Educação da UFU. Mesmo assim precisamosfazer mais e melhor pois a qualidade da educa-ção no Brasil ainda precisa melhorar muito. Oscursos de pós-graduação podem contribuir for-temente para esse aprimoramento especialmen-te quando se dedicam a pesquisar e apresentarsoluções para nossa realidade educacional.

Qual a sua avaliação sobre aposição do PPGED – UFU no cenárioacadêmico nacional?

Neste caso só posso me basear no con-ceito da CAPES que avalia os cursos trienalmen-te e que resultou no conceito 5 para o curso. Issosignifica um conceito muito bom e próximo deatingir o padrão internacional. A FAPEMIG vaitorcer e apoiar o curso para que ele, na próximaavaliação, seja promovido para o conceito 6. Pa-rabéns e Sucesso para o PPGED – UFU.

1 Brunner Macedo é graduando do quarto ano do curso deComunicação Social: habilitação em Jornalismo pelaFACED/UFU.

Fotos: Divulgação

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Foto:FelipeFlores

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U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d e U b e r l â n d i a

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