revista rock meeting #39

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Revista Rock Meeting #39 - Destaques: Capa - Paradise Lost, Colunas - Review, Rock Game, Doomal, Show - Crucified Barbara | Warhammer, Entrevista: Mutação | ArchiTyrants, World Metal, O que estou ouvindo?, Top 5 de 2012, Diário de Bordo - Slash. [email protected] | rockmeeting.net

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Table of Contents

04 - Coluna - Doomal07 - News - World Metal12 - Entrevista - ArchiTyrants19 - Show - Crucified Barbara24 - Show - Warhammer27 - Capa - Paradise Lost38 - Diário de bordo - Slash44 - Coluna - Review47 - Entrevista - Mutação61 - Retrospectiva 201268 - Top 5 - Melhores de 201271 - Coluna - Rock Game73 - Coluna - O que estou ouvindo?

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Direção Geral Pei Fon

Revisão Katherine Coutinho Rafael Paolilo

Capa Alcides Burn

Ilustração Thiago Santos

Diagramação Pei Fon Conteúdo Breno Airan Daniel Lima Isabela Pedrosa João Marcelo Cruz Jonas Sutareli Lucas Marques Colaboradores Mário Lucas Rodrigo Bueno

CONTATO

Email: [email protected]: Revista Rock MeetingTwitter: @rockmeetingVeja os nossos outros links:www.meadiciona.com/rockmeeting

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Editorial

2012 indo embora. Vamos fazer os apontamentos dos que você pensou em fa-zer durante este ano: conseguiu? Diria que também não. Bons e maus momentos aconteceram, o que tirar de bom? O que fica para os planos de 2013? Pense direitinho... Fazendo um retrospecto superficial, 2012 foi um ano de muitos shows, de tudo quanto foi natureza. Sonhos e promessas desfeitos. Fracasso total. O que esperar para o próximo ano? Bom, primeiro é tor-cer para que a profecia Maya não se cum-pra, e sem segundo plano, já deixe anotado

quais serão seus próximos passos. Sonhe alto. Não seja medíocre a aceitar qualquer coisa. Vive-se uma única vez, não a desperdice. Sabe do que mais? Aproveite. Seja sábio e não saia fazendo loucura por aí que não pode resolver. Enquanto mídia digital, desejamos tudo de bom para todos os nossos leito-res. Que as bandas brasileiras lancem mais material, sejam mais valorizadas e que fal-sos promotores de eventos sejam banidos. Mais respeito para quem faz deste estilo tão único e apaixonante, onde não cabe fingimento, ou gosta ou não gosta.

2000 e doce

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Por Rodrigo Bueno (Funeral Wedding)

Tríplice aliança do Doom - MY dYING bRIDE A última banda dessa “Tríplice Aliança do Doom” é uma das mais importantes do es-tilo e também uma das responsáveis por defi-ní-lo como conhecemos nos dias atuais. For-mada em Halifax em 1990, a My Dying Bride começa como um quarteto, tendo Andrew acumulando o posto de guitarrista e baixis-ta na banda, o baterista Rick Miah, Calvin na outra guitarra e o vocalista Aaron. Com essa formação gravaram a demo “Towards the Si-nister” no decorrer daquele ano. Essa demo começou abrir as portas para esses britânicos e no ano seguinte lançam via Listenable Re-cords o 7”, “God is Alone”, contendo apenas 2 faixas com pouco mais de 4 minutos cada. Em 1992 a banda lança o EP “Sym-phonaire Infernus et Spera Empyrium”, que contém a faixa homônima, além das duas que fizeram parte do 7”. Segundo informações, a

faixa que dá nome ao EP, que também figu-rou na demo, teve seu tempo aumentado com acréscimo de uma orquestração, que ficou por conta do então músico convidado Martin Po-well (teclado/violino) e como comentado pelo vocalista Aaron foi algo como: “Agora que as-sinamos com o selo para o lançamento desse material e não sabemos se a banda sobrevi-verá depois, então vamos fazer algo bem fei-to”. Tão bem feito que foi que no mesmo ano a banda lança seu full-lenght “As the Flower Withers”, que para mim é um dos melhores debut lançado por uma banda. Neste mesmo ano é lançado ainda mais um EP “The Thrash of Naked Limbs”, contendo 3 faixas que não

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entraram no debut. Em 1993 a banda lança o que muitos consideram como seu melhor trabalho, eu ainda prefiro o debut, mas não posso negar que esse “Turn Loose the Swans” é muito bom. Trazendo alguns vocais limpos e uma sonoridade mais coesa, este álbum traz “clássicos” como “Your River”, “The Songless Bird” e “The Crown of Sympathy”. Tudo cor-ria de acordo com esses ingleses e no ano de 94, um single e um EP são lançados além de um Boxed Set, chamado “The Sories”, que continha os 3 EPs anteriormente lançados e que já se encontrava fora de catálogo. Em 1995 a banda lança um dos melho-res álbuns, “The Angel and the Dark River”, e mantinha em seu lineup a mesma formação de seu debut e esse álbum contém “The Cry of Mankind”, uma das melhores faixas com-postas por eles e que rendeu até um vídeo.

É verdade que a faixa tem 12 minutos e ape-nas 6 minutos são tocados e os outros 6 restantes são

viagens sonoras. A faixa “Black Voyage” lem-bro de quando a escutei pela primeira vez me senti um pouco sem ar. Por várias vezes ela me sufocava mas ao passar do tempo fui me acostumando com a música. A Sea to Suffer In é outra faixa poderosa do disco. Na ver-são que tenho desse material, contém um cd bônus com 4 músicas ao vivo no festival holandês Dynamo Open Air ’95 e essa faixa é uma das mais empolgantes. Na sequência temos “Two Winters Only”, que é tocada em sua metade de forma acústica. É uma das fai-xas mais inspiradas feita pela banda. Em 1996 a banda lança “Like Gods of the Sun”, um disco bom, mas que eu nunca fui de escutar muito e ainda preferir os traba-lhos anteriores a ele. Esse disco rendeu mais um vídeo para a banda com a faixa “For You”. É um tanto intrigante assistir a banda tocan-do e um cara se debatendo no banheiro que está a inundar. Foi a partir desse disco que começaram os altos e baixos da banda, pri-

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meiramente com a saída do baterista Rick Miah e depois o tecladista/violi-nista Martin Powell, que deixa o pos-to e deve ter uma breve passagem pelo Anathema. Mesmo com essas baixas, a banda encara o estúdio e grava o seu mais polêmico álbum 34.788%... Com-plete. As pouquíssimas vezes que ouvi não me agradou, até vou dar mais uma nova chance a ele e ver se consigo com-preender o que se passava na cabeça deles na época. Lembro que a única faixa que havia gostado foi “The Whore, the Cook and the Mother”, agora o restante do álbum... A partir desse álbum o My Dying Bri-de nunca mais foi o mesmo. Vê a partida do guitarrista Calvin e a cada lançamento a banda sempre deixa uma expectativa, nem sempre positiva. Mesmo após ter lançado ex-celentes álbuns como “The Light at the End of the World”, “The Dreadful Hour” e “Songs of Darkness, Words of Light”, mesmo tendo conseguido substitutos a altura de seus ex-membros, após o “Songs of Darkness, Words of Light”, para mim a banda foi perdendo a graça. Não sei se é por causa da não perma-nência de um baterista na banda, vide que Shaun Taylor-Steels foi meio que obrigado a deixar a banda devido uma cirurgia no joe-

lho e os bateristas seguintes não conseguiram captar o “feeling” deles. Apesar de os dois últimos lançamen-tos, o EP “The Barghest o’ Whitby” e “A Map of All Our Failures”, serem com Shaun nas baquetas como músico convidado, são álbuns mais inspirados do que os anteriores. Agora, para os primeiros meses de 2013, está previs-ta a primeira visita da banda na América do Sul, com apresentações marcadas para o Chi-le e Argentina. Resta torcer para que algum produtor se habilite e traga-os para tocar em solo brasileiro, pois aqui há um público fiel e dedicado a banda.

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Tio Ted xinga muito

O vocalista e guitarrista Ted Nugent nunca gostou do ostracismo. Falastrão, sempre arruma polêmica aqui e ali. E des-sa vez ele teve atenção, mas pela sua conta do Twitter. Pela plataforma de 140 carac-teres, o músico estadunidense de 63 anos fez comentários mordazes à reeleição do democrata Barack Obama. “As putas, os pirralhos relaxados e seus apoiadores sem alma têm um presidente para destruir a América [leia-se EUA]”, postou ele após a contagem dos votos. “Então, o Obama ainda exige que os que dão duro supram os desempregados. Opor-tunidades compartilhadas, uma porra”, pontuou o autor de clássicos como “Cat Scratch Fever” e “Stranglehold”. E questionou: “Que verme subumano acredita que os outros devem pagar por suas obesidade, cachaça, celulares, abortos e vidas?”. Ainda em tom sarcástico e inconformado, o conservador Tio Ted ainda soltou que os estadunidenses são “tolos sem alma”.

Down em mim

Segundo o site oficial da banda Down, o grupo liderado pelo lendário vocalista Phil Anselmo deve desembarcar em abril de 2013 em solo sul-americano, mais precisamente na Argen-tina e Chile, nos dias 11 e 13, respectivamente. No Chile, a banda se apresentará no festival “The Metal Fest”, e na Argentina, o só deve ocorrer no “El Teatro Flores”, em Buenos Ai-res. E, ainda segundo o Facebook do quinteto, podemos ter mais novidades. Só resta torcer para que o Brasil entre nessa agenda.

Andando de novo

Parece que as referências ao aniversário de 20 anos do clássico Vulgar Display of Power, de 1992, não vão parar. No começo deste último mês de novembro, o Pantera relançou em vi-nil o EP “Walk”, originalmente divulgado em 1993. A tiragem foi de apenas 2.500 cópias, isto é, colecionadores têm de “andar”, ou me-lhor, correr logo. Já o preço sugerido pela Rhi-no Records foi de U$ 16,98 (algo em torno dos R$ 35) pelo LP em cor preta ou vermelha.

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Novidades no RiR

Após especulações da vinda de Rob Zombie para terras tupiniquins no Rock in Rio 2013 - nada confirmado ainda -, foi a vez de as bandas Alice in Chains e Muse atestarem seus passaportes para a Cidade Maravi-lhosa. A assessoria do evento reiterou o fato no início da noite desta segun-da-feira (12). Ambas foram escaladas para o Palco Mundo. Só se sabe, por enquanto, que a banda grunge de Seattle toca no mesmo dia do Metal-lica. Outros nomes que já estão ofi-cialmente no festival são Ben Harper, Bruce Springsteen, Iron Maiden, George Benson, Ivan Lins, Sepultura e Tambores do Bronx. Os ingressos - vendidos a R$ 260, a inteira - voltarão a ser comercializados em abril do ano que vem. O rosário de shows ocorre em setembro.

Novo Stratovarius

A banda finlandesa Stratovarius gravou um pequeno vídeo e postou no canal do Youtu-be da gravadora “earMUSIC”, onde anuncia que estão trabalhando em um novo álbum de estúdio. No vídeo, o vocalista Timo Kotipel-to e o tecladista Jens Johansson falam sobre lançar o novo projeto no primeiro semestre de 2013, que será o primeiro do grupo depois da substituição do antigo e veterano baterista Jörg Michael.

Malmsteen cantando

Isso mesmo, o guitarrista sueco Yngwie Malmsteen anunciou que será o vocalista do seu novo álbum, “Spellbound”, que será lançado oficialmente no início deste mês de dezembro, já que não contou com os vocais de Tim Ripper Owens, por motivos de força maior. Agora só falta saber como será a turnê.

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Uma quase tragédia

Paul McCartney e sua esposa Nancy Shevell não faziam ideia de que estiveram a poucos pas-sos de um terrível acidente de helicóptero na pri-mavera passada, depois do helicóptero ter pou-sado com segurança. O Daily Mail informou que o casal estava sendo levado para casa, quando o piloto ficou desorientado pelo mau tempo e qua-se atingiu a copa de uma árvore. O mau tempo em East Sussex levou ao incidente em maio deste ano, que agora está sendo investigado. O piloto percebeu que seu altímetro marcava dois pés, ou seja, ele estava apenas 24 centímetros de um objeto fixo, neste caso as árvores. Ele pa-rou e optou por pousar em um aeroporto nas proximidades de Lydd, em Kent, em vez de parar no complexo McCartney. O helicóptero era um Sikorsky S-76C fretado, com nove lugares, que pesava mais de cinco toneladas. O Daily Mail relatou que nem o cantor de 70 anos de idade ou Shevell de 52 anos de idade, estavam cientes do quão perto eles estiveram de sofrer um aciden-te que poderia ter tirado suas vidas, oito meses depois eles se casaram.

Pai do rock se despede

Durante a homenagem do Rock and Roll Hall Of Fame, realizada no final de outubro, Chuck Berry agradeceu estar vivo para ver alguém como Barack Obama na presidência dos Estados Unidos. Ao falar sobre o futuro, Chuck decretou o fim de seus dias de palco. “Meus dias de cantor acabaram. Minha voz se foi e mal consigo ouvir direito. A garganta está gasta e os pulmões não aguentam mais. Acho que isso explica tudo”. Durante a entre-vista, Berry, que tem 86 anos, precisou de au-xílio para compreender algumas perguntas.

Melhor que sexo

Para os britânicos, não é novidade que a canção Bohemian Rhapsody, do Queen, é uma das mais notáveis e emblemáticas de sua música. Mas uma pesquisa feita pela Spoti-fy, encabeçada pelo psicólogo musical Daniel Müllensiefen, da Universidade de Londres, foi além, chegando a afirmar que o hit era “mel-hor do que sexo”. A música “Sexual Healing”, de Marvin Gaye, é ideal para se ouvir durante uma relação sexual, enquanto a do Queen foi citada como melhor até que o próprio ato.

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Solução do mundo

Após a polêmica envolvendo o Kiss, o frontman do Aerosmith soltou mais uma assertiva que renderá notas em diversos tabloides mundo afora. Ao periódico britânico The Guardian, Steven Tyler afirmou que “o que está faltando no mundo é que as pessoas não transam o suficiente”. Ele resu-miu os problemas da Terra ao ato se-xual em si. “Não é só chegar e foder, mas sim fazer amor com paixão. O mundo não faz amor o suficiente”, reitera ele. A banda está prestes a lançar o álbum de inéditas “Music From Another Dimension” – a previsão é para o dia 6 de novembro – e o vocalista apro-veitou para dizer que o play está recheado de canções que falam disso. “Eu não sou socialmente relevante, mas escrevo músicas sobre o amor e a paixão – e isso é bacana! É o que eu acho que uma banda de Rock N’ Roll deveria fazer”, pontua. Ainda durante a entrevista, Tyler retratou a genitália feminina como o “cálice sagrado”, afirmando que essa é sua “força criativa”.

Recorde de vendas

Mesmo sem saber em que dia as atrações podem cair, o público fanático do Rock in Rio compareceu e, diga-se, muito bem às vendagens dos ingressos via web. Os tíquetes chamados de “Rock in Rio Cards” acabaram em menos de uma hora após o começo das vendas, nesta madrugada do último dia 30 de novembro, a partir das 0h. Cinquenta e dois minutos depois não havia mais nada para ser distribuído.

Fim dos excessos

O INXS acabou oficialmente. A banda austra-liana de rock/pop anunciou ontem, segunda-feira, que está se separando depois de 35 anos no ramo. “Entendemos que isso pode pegar a todos de surpresa, mas eventualmente, tudo tem um fim.” Disse a banda em um comuni-cado através do site Billboard.com.

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Por Rodrigo Bueno (Funeral Wedding)Fotos: Divulgação

A versão virtual do álbum foi lançada no início do ano, como está a aceitação dele?As pessoas que tem escutado, têm elogiado bastante o trabalho. Inclusive, tivemos uma resenha feita no site Grego METALKAOZ, logo quando disponibilizamos os CD’s. Esta foi a resenha mais expressiva, sendo que de-pois tivemos muitos pedidos de adição na fanpage da banda no facebook.

A faixa de abertura do álbum tem uma linha melancólica de vocal, especial-mente no trecho final “... Like a pro-moted abortion or a infanticide / The mother agonizes not to die before the host...” Gostaria que comentasse sobre

essa passagem.O tema “Black Water Revelation” é a expres-são para o manto negro de ignorância, ao qual a humanidade vive abaixo. Não saber qual a sua verdadeira origem, porque esta foi oculta propositalmente por interesses ines-cusáveis de poder e dominação durante as Eras, é apenas um dos fatores que tornam a humanidade ovelhas num grande rebanho, e quando não, lobos que se alimentam des-sas ovelhas e de si mesmos! Todos os temas da Banda pensam a humanidade como uma grande praga que parasita a Terra. Pensan-do esta com um Ser de Grandeza Universal, e que foi violado criminosamente. Como poe-ticamente a Terra é a grande Mãe, em algu-mas místicas; A Mãe Terra luta para expul-

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sar a praga humana, provocando um aborto daqueles que ainda não nasceram, e agoniza, pelo sofirmento deste ato, mas não antes da morte do hospedeiro... O termo infanticídio foi usado numa analogia do crime, quando a mãe mata seu filho logo após o nascimento, em estado puerperal. A praga humana que sorve as forças da Terra a milhares de anos, e como colônias de parasitas, como intrusos num Ecosistema diverso. A “Mãe Terra” deve ser poupada, em detrimento a praga humana, ela repele o intuso indesejado, pois este não sabendo sua própria origem, é levado ao “sta-tus” de “bastardo”. A praga é fruto não quisto, de uma violação! A faixa Melancholic Sings of the Souls tem uma introdução bem diferente do usual, dando a impressão de ter sido feito meio que de improviso. Como surgiu a ideia para essa música?O método de composição é o mesmo para to-das as músicas. Claro que elas vão se aper-feiçoando no decorrer dos ensaios, bem como nas experimentações de estúdio para a grava-ção. Basicamente, fazemos a música relativa-mente “crua”, e depois vamos potencializan-do as idéias e incorporando-as às fórmulas. A Música quando pensada, certamente irá ter diferentes elementos, principalmente quan-do ela começa a ser absorvida por todos os membros da banda que exercem influência própria, a musica ficará mais bem elaborada. Quando executadas ao vivo, ganham outra forma no mesmo eixo e métrica, e não seria diferente no momento de grava-las. Fazemos vários experimentos em estúdio.

Temos um trecho interessante na mú-sica Melancholic Sings of the Souls, onde encontramos umas vocalizações

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gregorianas. Como conceberam a ideia para essa parte?A ideia sugiu do mesmo modo como ja foi falado. Em pricípio não foi algo pensado, apenas foi dobrado várias vezes os vocais e adicionado efeitos que levaram ao resultado em questão. Já estudei canto Gregoriano, em tempos idos, e nesse sentido estamos elabo-rando algo muito interessante e influenciado, para o proximo CD.

O que quer dizer o acrônimo A.S.O.M.N.?Quer dizer: Antiga e Sagrada Ordem do Man-to Negro. Já mencionei este termo perguntas passadas. O apreciador deve observar esta obra de maneira minuciosa, pois os pensa-mentos se interligam e formam o contexto. Não quisemos deixar nada explícito, pois o sentido é obter a atenção de seres pensantes que enchergam mais que um CD de uma ban-da. Querem saber o que essa banda tem a di-zer, qual a mensagem. Porém essa mensagem só será perceptível à medida que o apreciador absorva e se alimente intelectualmente deste humilde trabalho.

A música A.S.O.M.N. é cantada em português. Você acha que num futuro próximo o ArchiTyrants investirá nas letras em português, ou foi somente para essa faixa em específico?Não é um critério obrigatório. Não só a A.S.O.M.N. como uma passagem na Melan-cholic, nas vocalizações com leves influências Gregorianas, foram pensadas naturalmente. Porém é provável que tenhamos algo no mes-mo sentido no proximo álbum. Mesmo por-que o Doom Metal propicía climas excelentes para frases em português, que a meu ver têm uma sonoridade magnífica e profunda. Es-

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sencialmente as musicas serão em inglês, até mesmo por toda a Universalidade do Metal e porque nossas idéias podem ser acolhidas ou contestadas por pessoas do mundo inteiro.

Quando que vocês decidiram deixar para trás o nome “A Tribute to the Pla-gue” e renascerem como ArchiTyrants?Foi quando vimos que não tinhamos nada mais com ATTTP, musicalmente, ideológi-camente (talvez pensar a humanidade como uma praga seja o último vestígio que nos liga ao primitivo), mesmo porque restava apenas um último membro original da sua forma-ção, que logo após resolveu deixar a banda. Entramos num consenso e resurgimos como ARCHITYRANTS, uma nomenclatura que expressa melhor o sentido do nosso trabalho, visto que o nosso discurso lírico é acerca das tiranias e a natureza perniciosa da humani-dade, política (religiosa), social, econômi-ca, utilizadas como forma de dominação das massas de “zumbis”. Como na Morbid Peace: “Unidades biológicas que se comunicam por grunhidos”. Foi um acerto, assim contamos nossa própria história, desvinculado do pas-sado remoto, sem depreciação dos que lá esti-veram, e isto está registrado, em honrosa ho-menagem, no CD, para a ATTTP. RIP ATTTP! Nós sabemos nossa Origem!

Recentemente a banda passou por uma reformulação em sua lineup, como está a atual situação dela?

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Sim. Agora estamos com um lineup mais coe-so musicalmente e que ao vivo mostra real-mente quem somos e a que viemos. Primeiro Kostav Thorn assumiu as baquetas e ja deu outra pegada mais rebuscada e buscada por nós. Já toquei com esse irmão em outras ban-das no passado e não teve erro! Depois do comunicado inesperado do antigo baixista e fundador do ATTTP, dizendo de sua saída, chamamos o Thiago Valença, ex-baixista do Lachrimatory, com grande experiência já no cenário. Nítidamente o som ficou mais pe-sado, harmonioso e cadênciado. Sem dúvida uma bela transformação que veio para nos dar o reforço necessário para encarar grandes eventos. Ainda mais com esses dois mons-tros!

Lembro de ter ouvido a primeira demo da “Doomsday Ceremony” e ter ficado abismado com os vocais limpos, pois já conhecia alguns trabalhos seus de bandas anteriores, onde você fazia um vocal gutural cavernoso. Quando você decidiu por essa mudança e porquê?Logo depois que deixei o Imperious Malevo-lence, fiz uns ensaios no Murder Rape, porém o meu lado “Sabbathiano” falou mais alto e investi definitivamente no estilo ao qual es-tou até hoje. A demo do Doomsday Ceremony foi muito legal à época (apesar das minhas li-mitações vocálicas), foi algo que diferenciou o cenário. Foi uma banda que conquistou um grande carisma e não perdeu até hoje, pois

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as bandas de “scream e gutural” predomina-vam nos festivais no Underground. Foi nesse momento que procurei aulas e acabei tendo contato com o canto gregoriano, que apenas estudei, mas não desenvolvi nada a respeito. Apenas “Tentei” enriquecer meus conheci-mentos.

Obrigado pela entrevista, e deixo o es-paço livre para suas últimas considera-ções.Quero agradecer o espaço cedido pela Rock Meeting e sem mais delongas, convidar todos os leitores a se tornarem ouvintes do nosso CD, bem como entrar em contato conosco por

meio do nosso facebook, visitar nossa myspa-ce, e dizer que em breve esperamos tocar e in-teragir com todos as que curtem nosso som. Também oferecer meu contato no facebook para aqueles que se interessarem em adquirir o CD. ARCHITYRANTS vos saúda!!!Stay Doom!

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Show

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em Maceió

Pei Fon

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Crucified Barbara em Maceió

Por Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])Fotos: Pei Fon (@poifang | [email protected])

A banda sueca de Heavy Metal passou pela capital alagoana, em única apresentação no Nordeste, seguindo o calendário da “The Midnight Chase Brazil Tour 2012”

Em 2012, o Brasil recebeu muitos sho-ws internacionais e várias bandas invadiram o país com shows em lugares que normalmente não estão nas rotas desse tipo de evento. Ma-ceió foi uma dessas cidades. Este ano vieram atrações de peso e uma dessas foi a Crucified Barbara, com lindas garotas que vieram da Suécia para fazer seis shows pelo Brasil. A única apresentação no Nordeste aconteceu em Maceió no dia 17 de novembro.O público compareceu ao Jaraguá Tênis Clu-be para assistir à apresentação da Crucified Barbara, que foi pequena, mas bastante ani-mado. O show iniciou com “The Crucifier”, que é a primeira faixa do álbum lançado este ano, intitulado The Midnight Chase. “Play Me Hard” veio em seguida. O show seguiu va-riando entre os três álbuns, que se chamam In Distortion We Trust (2005), Til Death Do Us Party (2009) e o que foi citado anterior-mente, lançado este ano. “Rock Me Like The Devil” é mais uma do recente disco e deu con-tinuidade à apresentação. Elas se mostravam bastante animadas e batiam cabeça o tempo inteiro.O show seguiu e a balada “Jennyfer” trouxe uma calmaria junto a “Rules & Bones”, que é um pouco mais agitada. O show voltou a pegar fogo com “Into The Fire” e o público cantou ao som de “Sex Action”, um clássico

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do Crucified Barbara, que tem disponível o vídeoclipe. As meninas tocaram um cover: “Killed By Death” do Motorhead. Elas execu-taram com muita consistência e agradaram aos fãs, que cantaram junto. Para encerrar a primeira parte do show, “Lo-sing The Game” fez todos aplaudirem e pedi-rem a volta da banda para o bis, solicitação que foi atendida. Tocaram “Count Me In”, “Rock’n Roll Bachelor” e encerraram a apre-sentação com “In Distortion We Trust”. Cru-cified Barbara fez uma apresentação de tirar o chapéu. Mostraram que a música está evo-luindo e que elas não são apenas mulheres lindas, mas também possuem talento de so-bra e sabem usá-lo. Diferente de muitas “me-nininhas” que estão na mídia.As apresentações continuaram com o show da Morcegos, banda bastante conhecida do pú-blico alagoano. Com mais de duas décadas na

estrada, eles tocaram músicas já consagradas pelo público, como “Dead City”, que Franks-tone (vocalista e guitarrista) disse ser dedica da à cidade de Maceió. “Cry” é uma daquelas faixas que não pode faltar no repertório da Morcegos e sem falar que as pessoas sempre pedem. Este não foi a primeira apresentação deles nesse dia, durante a tarde haviam feito um show em outro evento, no “Quintal Cul-tural”, mas a disposição continuava a mes-ma. Eles fizeram um grande trabalho e no dia seguinte teriam outro round, que está nesta edição.Para encerrar à noite, a banda Raiser que faz uma variação interessante entre o Thrash e o Death Metal Melódico. Isso é algo que nota-se no repertório. O show iniciou com a mú-sica “Locks of Souls”, essa música estará na demo que se chamará From the End to The Beginning - que já está saindo do forno em

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breve. Eles tocaram alguns covers que com-põe o repertório, entre eles estavam “Enemy Within” e “Nemesis” da banda Arch Enemy. E assim foi o sábado com Crucified Barbara, Morcegos e Raiser. No dia seguinte (domin-go) teve outro show internacional, mas as meninas da Suécia deram o pontapé inicial neste, que foi um final de semana atípico para os headbangers alagoanos. A apresentação iniciou na hora certa e, quem estava acostu-mado a chegar tarde por causa dos constan-tes atrasos nos shows, se deu mal e perdeu o início ou como aconteceu com alguns, chegou no final. Paciência e fica para a próxima.

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Warhammer: mais um show internacional

em Maceió24

Show

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Por Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])Fotos: Pei Fon (@poifang | [email protected])

No dia anterior, Maceió já havia sido invadida por uma banda interna-cional para sair um pouco da roti-

na. A alemã Warhammer veio para a capital alagoana com a turnê “Brazilian Tour 2012”, que passou por oito cidades, das quais cinco são nordestinas. Além da banda principal, se apresentaram as alagoanas Morcegos, Black Verse e Raiser. O primeiro grupo a se apresentar foi Morcegos, que fez um show bastante parecido com o do dia anterior. O público era pequeno e se manteve assim até o final e, ao contrá-rio do que aconteceu no dia anterior, houve um atraso de mais ou menos duas horas para o início das apresentações. Isso não tirou o ânimo de quem estava esperando e só fez au-mentar a ansiedade para que tudo iniciasse. Morcegos fez um show bastante agressivo, como sempre, e tocou os velhos clássicos da banda. Em seguida veio Black Verse, aper-tando o freio e diminuindo a velocidade das músicas com seu Death/Doom Metal. Esta é uma das poucas bandas do estado que tocam esse estilo, se não a única. O repertório foi basicamente com músicas próprias e contou com a estreia do guitarrista Eduardo Moraes, que também é guitarrista da banda DarkTale. Com isso, Welton Cavalcante, que tocava gui-tarra, assumiu o teclado. O gutural do voca-lista Rafael Braga faz a sonoridade da banda ficar mais obscura e o ambiente assumiu um ar mais sombrio. E assim foi o show da Black Verse, que saiu bastante aplaudida. A terceira banda a subir no palco tam-bém havia se apresentado no dia anterior, com as meninas do Crucified Barbara. Ela se

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chama Raiser e também fez um repertório parecido com o do dia anterior. Iniciaram a com a música “Locks of Souls”, que estará na demo “From the End to The Beginning”, que será lançada no início do próximo ano. Eles tocaram além das músicas próprias, dois covers do Arch Enemy e para encerrar houve uma surpresa - que na verdade foram duas: Victor (vocalista) assumiu o baixo para fazer o cover das músicas “Angel Of Death” e “Rai-ning Blood” do Slayer. O circle pit se formou e assim acabou a apresentação.A banda Warhammer, última a subir ao pal-co, veio para mais uma apresentação no Bra-sil, a última da turnê. Os alemães fizeram oito apresentações pelo País e em Maceió mostra-ram como foram os shows nas outras cidades por onde passaram. Thrash Metal Old School, para não deixar ninguém sem bater cabeça, e novamente o circle pit se formou para a pan-cadaria começar. Eles vieram com a turê do disco “No Beast So Force”, que foi lançado em 2009, mas só chegou ao Brasil em 2011. Este que é o quinto trabalho da banda. Eles conta-ram com a participação de Victor Whipstri-ker, que é baixista da banda Farscape/Whip-striker - grupo que já se apresentou na capital alagoana. A performance da Warhammer foi ótima e deixou os headbangers alagoanos sa-tisfeitos.Maceió está entrando na rota de shows inter-nacionais e isso é muito bom para os alagoa-nos, que costumam viajar para outros estados do Nordeste - e até do sudeste - para verem suas bandas favoritas. Aos poucos o mercado local está se consolidando e muito ainda está por vir.

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Paul Harries

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“Nós esperamos que o novo ál-bum tenha sido bem recebido!”

Prestes a desembarcarem no Brasil para mais uma turnê sul americana, fomos conversar com o vocalista Nick Holmes para sa-ber mais a respeito do novo álbum “Tragic Idol”. Conversamos tam-bém sobre a ideia do clip “Honesty in Death”, da lembrança que tem da sua primeira visita ao Brasil em 1995 entre outros assuntos.

Por Rodrigo Bueno (Especial para a Rock Meeting - Funeral Wedding)Foto: Ester SegarraTradução: Marcelo Bauducco

O álbum Tragic Idol foi lançado em abril desse ano. Como está a aceitação deste novo trabalho?Nick Holmes - Até agora, muito positiva! A prova normalmente são os shows e as novas faixas estão descendo tão bem quanto qual-quer outra!

Eu li na internet que este álbum foi mais difícil de escrever, no que diz res-peito às letras. O quão difícil foi? E que parte, especificamente? Nick Holmes - Este é o nosso 13º álbum, é pra ficar mais difícil! Se você pensa que já escreveu seu melhor trabalho, então já seria hora de parar! As letras não são tão difíceis de escrever, compor as linhas melódicas é a parte mais complicada. O Paradise Lost sempre teve letras cheias de sentimento, introspecção e algumas mais “fortes” e isso tudo se refletiu na parte final do vídeo de “Ho-nestly In Death”. Você poderia comen-tar a concepção geral da música e do

vídeo?Nick Holmes - Nós somos grandes fãs de filmes de suspense e terror e recentemente fi-camos muito impressionados com o nível de desespero no filme “The Road”. Decidimos que queríamos um nível si-milar de depressão, só que em um vídeo de quatro minutos! Pra mim, a faixa “Fear of Impending Hell” tem o mesmo clima que as mú-sicas que compõem o álbum Icon. Eu sei que não foi intencional, mas vocês sentiram como se pudessem resgatar alguma coisa que soasse como o velho Paradise Lost?Nick Holmes – São as mesmas pessoas compondo as músicas, então eu acho que qualquer coisa considerada mais pesada vai ser comparada aos nossos álbuns mais anti-gos.

“The Glorious End” tem uma letra mui-to introspectiva. Você pode ver o mun-do em ruínas e algumas almas choran-

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do por piedade. Como você teve a ideia de escrever esta letra?Nick Holmes - A música tem um clima de música de encerramento, então acho que apenas segui este aspecto quando escrevi a letra e, obviamente, o título. Para algumas pessoas, a morte é o final de tudo; para outras, é o começo. Qual é a sua relação com a morte?Nick Holmes - Eu considero a morte o fim e ninguém nunca provou o contrário. Eu não acredito em nenhuma religião ou teoria de vida após a morte. Quanto mais velho eu fico, mais eu tenho certeza disso. A morte é a úni-ca coisa eterna. Embora já tenham passado cinco ál-buns do Host, você acha que os fãs ain-da estão receosos de se surpreenderem como aconteceu com aquele álbum?Nick Holmes - Musicalmente, muito é in-fluência do que o Greg está ouvindo no mo-mento em que um álbum é escrito. Nos úl-timos anos, ele tem ouvido death metal dos anos 90 e bandas clones de Swedish Dischar-ge. Acho que ninguém precisa se preocupar com outro Host tão cedo.

Vocês tocaram pela primeira vez aqui no Brasil em 1995. Que lembranças você tem dessa época?Nick Holmes - Foi muito legal ver lugares que a gente só tinha visto na TV, as grandes plateias, encontrar o Ozzy… praticamente o sonho de toda jovem banda de metal. A única coisa que estragou a viagem para a América do Sul foi pegar salmonela na Cidade do Mé-xico. Nunca me senti tão mal na vida! Qual a sua expectativa para esta turnê

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na América Latina e o que podemos es-perar dela?Nick Holmes - Neste exato momento, nós esperamos que o novo álbum tenha sido bem recebido! Isto costuma se refletir nos shows, tanto em número de pessoas quanto na ener-gia da multidão. Nós vamos tocar umas quatro músicas do TI, mais ou menos… Apesar de um line-up estável, vocês sempre tiveram “problemas” com ba-teristas. Você acredita que o Adrian vai ficar bastante tempo na banda?Nick Holmes - Não exatamente problemas, se você observar as coisas a longo prazo. As pessoas vêm e vão. A vida é assim. Contudo, nós somos bem amigos do Adrian. Ele obviamente é um grande baterista e se encaixa muito bem. Ele já está na banda há três anos e meio. O tempo voa.

Cada baterista trouxe novas ideias e in-fluências. Gostaria de saber o que cada um adicionou ao som do Paradise Lost hoje.Nick Holmes - As partes de bateria já são escritas antes da gente gravar, é mais um caso de desenvolver o estilo deles para cada parte Uma pergunta que eu sempre faço é a respeito dos downloads ilegais. A que ponto eles ajudam ou atrapalham o Pa-radise Lost?Nick Holmes - Eles beneficiam as bandas na hora de conseguir turnês, abrindo portas em novos territórios, mas do ponto de vista do lucro, os downloads ilegais colocaram a indústria de joelhos. É muito difícil para no-vas bandas viver de música. As bandas estão

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saindo em turnê freneticamente, mais do que nunca, o circuito ao vivo está saturado e as pessoas têm o po-der da escolha. Como resultado, a música está mais descartável. Que música você não gostaria mais de tocar, mas ainda é obrigado?Nick Holmes - Fácil. As I Die.

Qual foi o pior show que você já fizeram? Por quê?Nick Holmes - Shows ruins normalmente acon-tecem por apenas uma ou duas razões, sem contar os ocasionais públicos mornos de segundas à noite. Equipamentos ruins e shows madrugadas adentro normalmente são os culpados. Este último não acon-tece muito hoje em dia, somos velhos demais pra virar a noite tocando! Mas shows ruins podem acabar sendo shows “engraçados”, então é melhor olhar o lado bom. Você passou por muita coisa nestes anos de banda. Que histórias você lembra que te dei-xam triste? E que história que você lembra que te faz rir sozinho?Nick Holmes - Tentar manter relacionamentos e equilibrar a vida familiar em paralelo à vida de turnês e gravações pode ser muito difícil. A única coisa que faz com que eu me sinta triste são problemas pessoais. Aconteceram centenas de histórias engraçadas. As melhores normalmente são aquelas que na época fo-ram terríveis. Nossa primeira turnê nos Estados Uni-dos e a gravação de “Shades Of God” são momentos fantásticos em retrospecto. Obrigado pela entrevista. Você gostaria de deixar alguma palavra final para seus fãs bra-sileiros?Nick Holmes - Para todos os nossos fãs brasileiros, confiram o Tragic Idol! Nós estamos ansiosos para to-car aí de novo em breve. Obrigado pelo apoio!

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Por Victor Avner (Jornalista - [email protected])

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Todo mundo tem sua banda preferida. No fundo, pode até reconhecer que não é a que tem os integrantes mais

técnicos, mais virtuosos. Mas fã que é fã vai sempre brigar pra defender que sua banda preferida é a melhor da história. Bem, eu sei que Guns N’ Roses reinou supremo na músi-ca mundial por muitos anos. E, como bom fã, posso afirmar sem temor que esta foi a me-lhor banda que já houve nesta “Era dos Homo sapiens sapiens”. É impossível ouvir um disco do Guns e deixar de falar a cada faixa: “Essa música é f...”. Infelizmente nasci em 1989. No meio do caminho da trajetória do Guns, como bem é destacado no disco Live Era: ‘87-’93. A pou-ca idade não permitiu minha ida ao Rock in Rio II, em 1991, tampouco a pegar o auge do “Appetite for Destruction”. As apresenta-ções seguintes em solo brasileiro já não me atraíam tanto. A banda não era – e não é – mais a mesma. Desde que o Guns se tornou um mal feito projeto solo do vocalista Axl Rose, não consegui encontrar muitos moti-vos para ir a um show. O Guns de Axl não é o Guns de “Appetite for Destruction”. De forma diametralmente oposta se encontra o Slash. O ex-guitarrista do Guns conseguiu levar a vida e o sucesso musical adiante. E é incrível como todos os projetos em que entrou geraram músicas boas. Desde o Snakepit, passando pelo conturbado Velvet Revolver, até chegar nessa fase solo. Em cada disco lançado tem um pouco daquele feeling que existiu lá no “Appetite for Destruction” Por uma falha de planejamento, perdi aque-las três apresentações da Slash World Tour em abril de 2011. Um erro que não poderia cometido de novo. E não o fiz. No dia 3 de novembro cheguei em Brasília. Não era uma simples data, mas era

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a véspera do show de Slash, Myles Kennedy and The Conspirators. Resumindo: SHOW DO SLASH. A viagem foi mais planejada do que o meu TCC – que ainda nem concluí, vale frisar. O ingresso e a passagem foram com-prados no dia 9 de julho, quatro meses antes do show. E não só por mim. Eu e mais qua-tro amigos: Diogo Ferreira, Raniery Ferreira, Priscilla Magalhães e Caio Bruno. Lá, na capi-tal federal, encontraríamos outros três: Die-go Ferreira, Olívia Ugarte e Sarah Mendonça. Todos fãs de Guns N’ Roses desde pequenos. Já na véspera, começamos a nos preparar. A empolgação para o show, então, nem se fala. Uma empolgação, aliás, que já esta-va valendo no voo para Brasília. Foi só a co-missária de bordo avisar que equipamentos eletrônicos poderiam ser ligados que peguei meu celular, botei o fone de ouvido e passei a escutar as músicas do disco mais novo. Em Brasília, poderíamos falar da chefe do Die-go, minutos depois a conversa voltava para o Slash. Poderíamos falar sobre minha ma-nia de ficar ao celular, depois voltava para o Slash. Enfim, fomos dormir. Nunca quis tan-to que a noite de sono fosse curta. No dia seguinte, o nosso set list já esta-va pronto: da hora que acordamos até a hora que saímos de casa, só poderia tocar músicas com participação do Slash. Acabou que nos atrasamos – na hora em que os portões do show estavam sendo abertos, nem sequer es-távamos prontos. A correria foi enorme. Mas não obscureceu nem um pouco nossa empol-gação. Aliás, nem sequer impediu uma pausa para foto com todos e Slash, através de uma imagem congelada na TV. Chegamos atrasado ao show. A banda escolhida para abrir os shows dessa passa-gem pelo Brasil foi Edguy. Muita gente ficou louca ao saber disso. Para mim, não tinha

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qualquer importância. O foco era Slash. En-quanto muitas pulavam e gritavam ao som de Edguy, eu só torcia para que aquela apresen-tação acabasse logo. Era muita expectativa. E eis que, poucos minutos após o fim da apresentação de Edguy, a cortina do Ope-ra Hall começa a ser aberta. Uma guitarra co-meça a tocar. É “Halo”, a sexta faixa do disco “Apocalyptic Love”. É o show do Slash come-çando. Todo mundo entra em êxtase. O som estava perfeito, tudo se encaixava: guitar-ras, vocais, baixo e bateria. A música é curta, mas emenda com um clássico: “Nightrain”. E como não se empolgar com a bateria e a gui-tarra que iniciam a música? Um coral acom-panhou Myles Kennedy nos primeiros versos da música. As três músicas seguintes foram dessa nova fase solo de Slash: “Ghost”, “Standing in the Sun” e “Back From Cali”. Todas muito boas, devo frisar. Mas não tanto quanto a se-guinte, Mean Bone, do Slash’s Snakepit. Era um dos principais desafios de Myles no show, porque o vocal original é muito diferente. Posso afirmar que os versos “I got one mean bone in my body / (And one I want to pick with you) / I got one mean bone in my hand” saíram perfeitos. E todo o restante da música.

O solo de Slash, então, nem se fala. Em seguida, mais um pouco da fase Guns. A bateria anunciava o começo de Mr. Brownstone. A música é muito boa, uma das minhas favoritas. Mas, para mim, foi apenas um aperitivo comparada a que tocou em se-guida. Dessa vez, bateria e baixo revelaram a canção: “Rocket Queen”. Essa é, de longe, minha música preferida do Guns. Na hora, corri para pegar uma boa posição para filmar. Não poderia deixar essa lembrança apenas na memória. Queria o vídeo disso. Foram pouco mais de 10 minutos de muita felicidade. Na sequência, vieram “One Last Th-rill”, “Not for Me”, “We’re All Gonna Die” e “Out Ta Get Me”. E aqui vale um destaque para Todd Kerns, baixista que integra o The Conspirators. Essas duas últimas músicas fo-ram cantadas por ele. Em “Out Ta Get Me”, tenho que admitir que senti um pouco de falta

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do Axl. Mas Kerns não deixou nem um pouco a desejar. Empolgou a galera e se mostrou um ótimo vocalista para as músicas mais gritadas da carreira do Slash – coisa que Myles Ken-nedy ainda não consegue fazer com primor. Myles, aliás, voltou ao palco com “No More Heroes” e “Starlight”. Depois saiu de novo. Era hora do grande momento, o cara que fez toda aquela multidão ir ao Opera Hall. Slash iniciou seu solo de guitarra. Um momento, por si só, incrível. Não é toda hora que vemos um cara que, embora não seja o mais técnico dos guitarristas, consegue criar riffs e hits que marcam gerações. Acontece que o que eu achava que não poderia melhorar, melhorou. Inesperada-mente, Slash iniciou o famoso e clássico solo tema do filme “The Godfather”, conhecido nas terras tupiniquins como “O Poderoso Chefão”. Um dos meus músicos preferidos

tocando a música-tema de meu filme prefe-rido. Quem me conhece sabe que sou fecha-do, mas foi impossível conter a única lágrima de emoção que escorria pelo meu rosto nesse momento. Ali o show poderia acabar, minha noite estava ganha. Não. Ainda faltavam alguns clássicos. A banda tocou “Anastasia” e “You’re a Lie”, também do “Apocalyptic Love”. As música muito boas, porém não dava para competir com a seguinte. Arrisco dizer que é o riff mais famoso do mundo. Começou “Sweet Child O’ Mine”. Todos presentes no show, sem ex-ceção, entraram em êxtase. Admitamos: é impossível não entrar no coro de “Ooohh, oooohhh! Sweet child o’ mine!! Ohh! Ohh! Ohhh! Sweet love o’ mine!”. Depois disso veio Slither, do álbum Contraband, do Velvet Revolver. E a música veio como a água benta citada na letra, la-

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vando os pecados de todos os presentes. A música acaba as cortinas fecham. Alguns co-meçam a sair. Eu não, sabia que tinha mais. Tem que ter mais. Não dá para ir a um show com Slash e deixar de ouvir “Paradise City.” A banda voltou, claro. No bis, eles tocaram “Fall to Pieces,” do mesmo disco que “Slither” Acho que foi o mo-mento mais fora de contexto do show. Apre-cio muito a música, acho que o clipe também foi muito bem feito. Entretanto, ela foi incluí-da fora de contexto. A apresentação estava muito animada, todo mundo em êxtase em vários momentos. Não foi legal tocar uma ba-lada meio depressiva. Não tirou o brilho. Por fim, a última música. “Paradise City”, é claro. Lembra dos amigos que foram comigo? Repito: Diogo Ferreira, Raniery Fer-reira, Priscilla Magalhães, Caio Bruno, Diego Ferreira, Olívia Ugarte e Sarah Mendonça. Não éramos mais os mesmos. Toda a empol-

gação da música foi vivida por nós. Dançá-vamos, pulávamos e trombávamos. Foi, sem sombra de dúvidas, um dos momentos mais animados do show. Fechou – e perdoem-me o jargão, mas é fato – com chave de ouro. Não houve chuva de prata, como na apresentação que aconteceu dois dias antes, no Rio de Janeiro. O meu prêmio por ter es-colhido Brasília, contudo, foi muito melhor. Nada vai apagar da minha cabeça o solo do Slash, incluindo o emocionante tema de “The Godfather”. O que vi foi um guitarrista de 47 anos, com a disposição dos 21 anos gravados em “Appetite for Destruction”. Vi um músico que não vive da sombra do passado, mas con-seguiu manter uma carreira sólida 26 anos após seu surgimento. Vi uma apresentação inesquecível. E que ouso afirmar: não deixou espaço para qualquer sentimento de saudade do Guns N’ Roses.

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Por Rodrigo Bueno

Mais uma banda espanhola de doom metal e de qualidade. Mas não pense que es-ses catalães apenas executam um som depri-mente, pelo contrário, a linha que seguem é mais voltada ao doom tradicional, com algu-mas passagens mais lentas. Guitarras pesadas, bateria precisa e um baixo marcado são a tônica desse álbum 1936. Delta Frame abre esse play. Já nas pri-meiras palavras podemos notar que algo está “diferente” do usual, visto que a banda canta suas letras em espanhol. Os vocais de Emílio Casal, em algumas passagens, lembram o de Fernando Ribeiro (Moonspell). Em 1936 temos uma levada mais ca-denciada e chegando a lembrar em alguns momentos o próprio Black Sabbath. Apesar de sua longa duração, pouco mais de 10 mi-nutos, em momento algum ela se torna ma-çante. Mesmo após a primeira execução do refrão, tão logo ele retorna, o ouvinte se pega cantarolando. Destaque para a letra dessa faixa que é

repleta de significados religiosos.1000km é outra faixa longa e pesada, tam-bém com pouco mais de 10 minutos e muita viagem sonora. Fica quase impossível o ou-vinte não estar a 1000km daqui. “Es Así” é uma faixa com uma pegada mais stoner em um primeiro momento e não menos pesada que as anteriores. Na quebra de andamento, podemos sentir uma grande influência de Type O Negative em seu som. “Traición/Tentación” começa num cli-ma meio cabaré, trazendo logo a mente aque-las bandas que tocavam nos inferninhos que Laura Palmer frequentava em seus dias de Twin Peaks. Logo o clima Sabbathiano toma conta da faixa e nos brinda com bons mo-mentos de peso e melodia. E para encerrar esse álbum, temos “Detrás del Pulso”, uma faixa lenta e carre-gada de melancolia. Mesmo com uma passa-gem mais animada, essa melancolia toda não é quebrada e sua letra cheia de significados a deixa ainda mais introspectiva.Este disco está disponível pelo site: AQUI

Treitum

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Por Rodrigo Bueno Por Daniel Lima

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Primeiro disco de inéditas desse “cult doom act” desde seu retorno em 2008 e esse “Lillie: F-65″ já nasceu para ser clássico.Uma banda com tantos discos e clássicos dentro do estilo que fica até complicado fazer uma resenha sem parecer piegas ou mesmo puxa-saco. Mas desde a faixa de abertura com Let Them Fall, passando por The Bleeding Grou-nd, Blessed Night, The Waste of Time, não há uma faixa abaixo da média. Mesmo a instru-mental Vertigo acaba se tornando uníssona no meio de todas essas músicas. Mesmo com esse nivelamento das fai-xas anteriores, é lá no final do álbum que está uma das melhores do disco. “Dependence” começa de uma forma psicodélica e, mesmo que o ouvinte não seja adepto de substâncias ilícitas (como esse escriba), é tão fácil se sen-tir como tal já na viagem do riff de abertura. Uma coisa que deixaria de lado seria a faixa que encerra o álbum, Withdrawal, com toda aquela microfonia que se estende da fai-xa anterior. Bem que ela poderia emendar numa outra tão empolgante quanto o restan-te do álbum, mas como dizem por aí: cada um com sua “pira”. Nesse retorno grandioso, mostra que os “velhos” estão em boa forma e ainda po-dem garantir muita diversão em seu doom metal. Esteja onde estiver, Armando Acosta se sente orgulhoso desse novo trabalho de seus, hoje, ex-companheiros de banda.

Vindos de Itapetininga–SP, a banda de Death Metal Vulture lançou em janeiro des-te ano o álbum “Destructive Creation”, o ter-ceiro álbum da banda. Além dos três discos, eles possuem dois EP’s e cinco demos, sendo três demos em K7. A banda está na estrada há 17 anos e a formação atual fica por conta de Adauto (vocais e guitarra), Yuri (guitarra e backing vocal), André (Bateria) e Max (baixo). No álbum “Destructive Creation” é pos-sível identificar influências de Thrash Metal e outros subgêneros do Metal. São dez faixas de Death Metal com muita agressividade, gui-tarras gritantes e uma bateria que parece uma metralhadora destruidora. A sonoridade é bem agradável por conseguir identificar cada elemento nas músicas que estão bem traba-lhadas. Algumas faixas que merecem destaque e entre elas está “A Night Of The Unholy Fla-me” por ter muitas variações sem perder o seg-mento da música, “Murderous Disciples” que é um Death Metal mais tradicional, “Carrasco de Si Mesmo” na qual a letra é em português e “A Step To Hell” que é notável a influência de Thrash Metal como foi dito no anteriormente. Lógico que cada um tem seus gostos, mas jun-tando um pouco do que cada integrante gosta é que se pode chegar a um resultado final. A banda Vulture está de parabéns pelo álbum “Destructive Creation”, que é uma obra--prima do Death Metal nacional e com certeza vem apresentando grandes bandas por todo Brasil. Muito ainda está por vir e quem real-mente quer um trabalho sério está se desta-cando como a banda Vulture.

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Mutação“O nosso tempo é agora!”

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Por Jonas Sutareli (@Sutareli | [email protected])Fotos: Divulgação

E aí galera, beleza? Satisfação incomensurá-vel fazer essa entrevista com vocês. Fiquem à vontade, o espaço é todo de vocês!

Como de praxe, para começar: quem faz a Mutação hoje? Entre banda, staff e afins, quais são os nomes?Então, a Mutação hoje é Saulo Lessa (voz), Felipe De Vas e Jonas Lucena (Guitarra), Carlos Peixoto (Baixo) e Eu (Bateria), além disso, outras pessoas também fazem parte da equipe, dentre elas nosso técnico de som Tá-cio Mendes, contamos com o JV (coletando imagens, vídeos), Saulo Magno (assistente de palco) e outros amigos e familiares que estão dando uma grande força pra essa volta da banda.

De quem partiu a ideia dessa volta (ou continuação) da Mutação? O quanto a banda amadureceu neste tempo que esteve parada?Carlos Magno (Bozó): Eu nunca quis parar com a banda, mas somado a isso, não conseguíamos encontrar alguém pra suprir a falta do Alan. Várias pessoas chegaram a fa-zer alguns testes, mas não conseguíamos en-contrar alguém dentro do que procurávamos. Não buscávamos um outro Alan Huston, nós queríamos alguém com personalidade e que pudéssemos moldar algumas coisas ao estilo da Mutação. O Saulo demonstrou ser a pessoa ideal. Nos primeiros ensaios com ele, assumo, achei que ele não iria conseguir, digamos que de 0 a 10 eu daria nota 5, o que não era nem um pouco próximo da nota 8 (mínimo que bus-cávamos) porem, apesar de não ter ido tão

bem quanto eu gostaria que ele tivesse ido, ele mostrou ter potencial, ou seja, tinha um timbre que com um pouco de estudo, esforço e trabalho chegaria no que precisávamos. Meu consolo é que ainda nos restavam 3 meses até o dia do show, então preferi acre-ditar que daria tempo. Muitas coisas envol-viam o show de volta, acho que os únicos que tinham a noção exata da responsabilidade desse show desde o início eram eu e o Jonas, com pouco tempo o Felipinho começou a sen-tir e a entrar também no clima do show jun-to com o Carlos Peixoto, mas durante algum tempo eu me preocupei com o Saulo, a ponto de cogitar chamar outra pessoa. Eu olhava para o Saulo, e para ele parecia ser apenas mais um show, mas pra mim e pro Jonas não

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era, então nós meio que pegamos no pé dele, pra que ele se dedicasse mais. Ficamos 3 me-ses ensaiando duas vezes por semana, às vez-es três. Precisávamos fazer um grande show, o público esperava isso, e nós, não podíamos decepciona-los. À cada dia/ensaio eu passei a sentir a evolução no Saulo, tanto na questão do vocal, como na interação conosco. Ele é um cara gente boa pra caralho, que faço questão de sempre que possível está perto, isso é fun-damental numa banda, uma família precisa está unida pra crescer e desfrutar os frutos juntos. Hoje vejo o Saulo cada dia evoluindo mais como músico e pessoa, na verdade todos na banda estão vivendo algo parecido. Nós somos uma banda que nos co-bramos muito, apesar de estarmos distantes

de sermos os melhores músicos de Brasil, não cansamos em tentar melhorar em ser cri-ativos, em buscar influências nas bandas que curtimos, isso nos ajuda. O Amadurecimento de todos, como pessoa, nos ajuda a lidar melhor um com os outros. Desde que voltamos, nunca discuti-mos de forma ríspida, respeitamos o ponto de vista alheio, e nos colocamos a disposição pra ouvir as críticas.Jonas Lucena: A ideia surgiu do Carlin-hos Bozó quando conversou com Carlinhos Peixoto para que voltássemos a trabalhar em músicas novas, só por criação mesmo, sem nenhum objetivo concreto de chegar a tocar em algum evento ou show. O Carlinhos Bozó mandou um e-mail perguntando se eu (Jonas) estava a fim de participar disso, daí então logicamente con-cordei e avisamos ao Felipinho e pronto, formou! Fomos trabalhando nas músicas e chegamos a gravá-las (6), algumas já tocá-vamos nas antigas, mas resolvemos dar uma nova roupagem em algumas delas e outras permaneceram como antes. Nada mais natural do que você quer-er mostrar seu trabalho depois de tempos de dedicação, então surgiu a grande ideia de vol-tarmos a tocar a partir desse show do Dead Fish. Então chegou a tarefa difícil de conven-cer o “chato” da banda. Essas quatro figuras foram atrás de mim pra perguntar o que eu achava sobre isso (3 meses antes do show) e então conversamos e chegamos ao que esta-mos hoje. Graças a Deus, tá dando tudo certo e o retorno tem sido muito positivo. Questão de amadurecimento? Não posso dizer em relação à banda e sim aos integrantes. Hoje estamos mais velhos e to-mamos rumos diferentes, temos outras res-ponsabilidades, etc. Se for pra falar da ban-

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da, musicalmente falando, creio que deu uma evoluída com a entrada dos novos integran-tes, acho que é perceptível, mas continuamos mantendo a essência, que é o mais importan-te.Carlos Peixoto: A Ideia inicial partiu do Carlos Magno, mas todos abraçaram a causa e caíram de cabeça, pra mim é uma continua-ção do trampo da Mutação, acho que a obra estava incompleta e a gente veio dar conti-nuidade (risos). Os integrantes mais novos da atual formação sempre foram bem ativos na cena Hardcore local. Ninguém estava parado, todos estavam trabalhando em seus projetos, o Carlos Magno e o Jonas também não pa-raram completamente, então isso só facilitou na hora de voltar aos ensaios e a compor as músicas novas.

Disco novo tem previsão e/ou preten-são? Shows, singles, novidades para os fãs?Carlos Magno (Bozó): Já temos 6 músi-cas prontas e mais de 30 letras à nossa dis-posição. Precisamos de 15 músicas pra lançar esse disco novo, e vamos nos empenhar pra conseguir o feito até junho de 2013. Tiramos uma semana de férias (risos) mas semana que vem, o trabalho de composição e criação das músicas volta com força total. O Alan, apesar de não ser mais o vocalista da banda, ainda é um cara que faz parte da banda. Continua es-crevendo as letras e ajudando como pode, ele é algo como o sexto integrante (risos).Jonas Lucena: Disco novo? É claro que vem por aí sim! Estamos voltando e não tem porque não gravarmos mais músicas e dispo-nibilizá-las para nosso público. Se não fizer-mos isso será mais uma frustração tanto pra gente quanto pros nossos amigos que acom-panham e estão dando essa força pra gente

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voltar com todo o gás. Em relação a Shows, temos mais um marcado para o dia 01/12, Festa Summer que vai rolar no Clube da Assembleia (em frente ao Laguna). Estamos também tentando fe-char algo maior pra representar o hardcore alagoano numa cidade que sempre quería-mos tocar, mas nunca conseguimos, prefiro não falar agora, mas assim que tiver tudo cer-to, todos irão saber através das nossas pági-nas do Facebook e comentários boca a boca, tranquilo? Esse lance de fã, eu particularmente não me sinto à vontade com esse termo “fã”, prefiro chama-los de amigos da banda, pois amigos são aqueles que te dão força, mas também “enchem o saco” quando você está fazendo algo errado e nós nunca tivemos essa distância entre banda e público, tanto é que em todos os shows que vamos não ficamos presos em um camarim e sim no meio do show conversando com todo mundo. Se vai ter novidades pra eles? Acho que a volta já foi uma grande novidade. Ago-ra, é acompanhar nossa página do Facebook, que as informações que forem rolando serão atualizadas lá.Carlos Peixoto: O objetivo agora é voltar aos palcos com força, fazer bastante shows, uma possível tour Sudeste, ir compondo e gravando com naturalidade de acordo com a Vibe que for rolando. Vamos compor o novo CD de forma bem natural e sem pressa. Já temos 6 músicas novas em processo de pré--produção e em breve deve rolar novidades.

De fato, Mutação é uma banda impor-tantíssima na história do nosso rock. Quiçá, a banda de maior influência para o hardcore alagoano. Como vocês veem a Mutação (e sua importância)

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na cena do rock alagoano?Carlos Magno (Bozó): Eu acho que a ban-da cresceu depois que parou. Isso é muito en-graçado. É algo tipo, aqueles artistas globais, que quando morrem, tem um quadro dedica-do só a eles no Faustão, ou um especial no Jô Soares. Nossa vantagem é que temos a opção de voltar à vida, e poder desfrutar novamente um pouco dessa mídia que sempre rola com um fim de algo. Não tenho a real noção do quanto que somos importantes e se realmen-te somos importantes, não tocamos com essa preocupação, apenas fazemos um som que nos agrada, e se nos agrada, provavelmente vai agradar a pessoas parecidas com nós, pois como disse, nos cobramos muito com relação a isso, se achamos que a música não ta legal, jogamos ela pra escanteio e voltamos a traba-lhar novamente nela quando for a hora certa. A maior prova disso vai ser uma música que gravamos pra entrar no primeiro CD e que não entrou porque, na hora de finalizar o dis-co, achamos que ela tava horrível. Com uma nova cabeça, fizemos uma nova versão com arranjos numa outra linha, com pegada mais Rancid. O nome da música é Renovando Des-tinos, mas a chamamos de “aquela do baixo”.Jonas Lucena: É algo até que nos deixa um pouco sem jeito em relação a isso, mas que temos que concordar que realmente conse-guimos alcançar patamares que não esperá-vamos e vemos isso como um reconhecimen-to do nosso esforço e dedicação, até porque o retorno não vem do nada, tivemos que traba-lhar muito e passar por diversas adversida-des que fizeram com que chegássemos a esta situação. Mas vemos a banda apenas como mais uma banda que participa de eventos alterna-tivos da nossa terra. Não nos vemos como “a mais importante”, apenas como mais uma

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banda. Ainda bem que nossa cidade tem mui-tas bandas boas, e algumas bandas que já acabaram, de qualidade tão boa quanto à mutação. Tenho o maior respeito e admira-ção por bandas que estão há muito tempo no cenário alternativo e até hoje continuam ex-pondo suas ideias e insatisfação da realida-de em que vivemos, como a Misantropia que está há mais de 18 anos e a galera ainda tem gás, e muito saco, pra continuar fazendo um som de responsa e transmitindo suas ideias e ideais. Outras bandas nasceram durante essa pausa da mutação e novos personagens se movimentaram pra organizar shows (corajo-sos) e isso foi, e está sendo, muito bom para a continuidade da cena musical alagoana. Falando nisso, acho muito interessan-te quando rola as tretas da galera descendo a lenha nos organizadores de show, porque parece que alguns se rebelam e tentam orga-nizar, e assim vai se criando uma “cultura de panelas” e em cada panela tocam as bandas dos amigos e o público só tende a ganhar com isso, porque quanto mais panelas mais op-ções de comidas diferentes (shows, bandas), só não me agrada a forma como tratam os or-ganizadores, tipo agredindo verbalmente, às vezes até problemas pessoais são envolvidos e acho que dessa forma acaba prejudicando a harmonia entre as bandas, ficam situações escrotas e só tende a piorar, dessa forma essa rebeldia eu não acho válida. E só pra constar, é opinião minha, eu não sou corajoso pra or-ganizar um show e acho que também devem ter percebido certo sarcasmo em relação às panelas (risos).Carlos Peixoto: Cara, antes de entrar para a banda eu já considerava a Mutação como um dos grandes nomes do Hardcore do Nor-

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deste. A Mutação junto com toda galera que participou da cena Hardcore entre 99 e 2006 colocaram Alagoas na rota de turnês das prin-cipais bandas do Hardcore Nacional. Isso é bastante claro hoje em dia quando eu troco ideias com os caras das bandas do Sudeste/Sul/Centro-Oeste que vem tocar em Maceió. Quando eu entrei na banda, senti que a res-ponsabilidade era muito grande, a cobrança da galera que curte a Mutação há anos é in-tensa, mas isso só me deu gás pra entrar de cabeça nessa nova formação e fazer um traba-lho bem feito e sem perder a essência. Recentemente vocês lançaram na in-ternet o DOC. Documentário contando o início e um pouco da história da Mu-tação. Como surgiu a ideia? Como foi a produção dele?Carlos Magno (Bozó): A ideia inicial par-tiu do Saul. A principio seria apenas um tea-ser de no máximo 3 minutos, só que o JV se empolgou tanto que quando vimos já estava

com 18 minutos, e não falamos nem 1% da história da banda. O mais legal nessa produ-ção, foi que o JV e o Felipinho, tem uma visão muito artística da coisa, já eu, e o Carlos Pei-xoto, curtimos uma coisa mais dinâmica, co-mercial, tipo filmes de surf. O Saulo e o Jonas são mais versáteis, no fim, acho que conse-guimos fazer um meio termo, e atingir o obje-tivo que é ter um pouco de cada integrante no DOC. Temos mais material em vídeo hoje do que já tivemos um dia. Vai rolar muita coisa ainda. Podem esperar.Jonas Lucena: A ideia era fazer um “tea-ser” para o show, apenas uma chamada ao público e tirar a secura da galera por saber quem seria a pessoa que havia assumido os vocais da banda. Mas aí a ideia foi evoluindo e decidi-ram fazer esse mini doc, embora tenha um tempo considerável, não deu pra falar muita coisa em + ou - 18 minutos. Tanto é que deixamos de falar de per-sonagens muito importantes que fizeram his-

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tória junto com a banda, como é o caso do nosso antigo baixista, o André, que fez parte desde quando a banda foi formada. A ideia, se não me engano, partiu do Saulo, o estagiário já chegou trazendo inova-ções pra galera e realmente ficou muito bom. Acho que o próximo passo será um ...deixa acontecer, aguardemmmm!!! (by Sílvio San-tos).Carlos Peixoto: A ideia partiu do Saulo Lessa junto com o JV, era pra ser um Teaser de 3min, mas, é impossível contar a historia da Mutação em um espaço tão curto de tem-po, acabou ficando com 18 min que ainda é muito pouco.

Pra descontrair. Rola certa ‘confusão’ com dois ‘Carlinhos’ em uma banda só? (risos). Não tem como né?Carlos Magno (Bozó): (risos) Eu sou o C1 e o Carlos Peixoto é o C2, ele não assume isso, mas é a verdade (risos). Hoje a galera ta co-meçando a chamar mais o Carlinhos (baixo) de PEIXOTO e me chamando mais de BOZÓ, isso tá ajudando um pouco a minimizar a confusão.Jonas Lucena: (risos) Pior que rola! Isso é até um fato curioso na banda. Foi uma po-lêmica que lancei quando fiquei de apresen-tar a banda no show, mas é mais uma piada interna...então deixa pra lá, apenas fiquem sabendo que há um C1 e um C2, agora quem é quem, até hoje há uma disputa entre eles. (risos)Carlos Peixoto: É simples, Carlos Magno = C1. Carlos Peixoto = C2 (risos).

Mutação gosta muito de falar dos pro-blemas sociais e das indagações huma-nas em suas letras. Vocês acham que parte do sucesso da banda se deve a

isso? Por abordar assuntos pertinen-tes a quem curte o som?Carlos Magno (Bozó): Acho que é um con-junto. Mas, o principal de fato, são as letras. Acho que um dos pontos mais positivos é que as letras da banda são simples, sem ser pobre, ou seja, apesar de passear por termos chulos, elas possuem intrinsecamente um sentimen-to metafórico que leva as pessoas a criarem suas interpretações pessoais. Às vezes o que você entende com algo dito, nem sempre é o que de fato queríamos dizer, isso é o mais le-gal pra mim. Jonas Lucena: Acredito que sim. Embo-ra as letras sejam “antigas”, elas continuam “atuais”, viajei, não? Enfim, as pessoas se identificam com as letras, acredito que isso seja um dos fatores de sucesso da banda, mas também, acho que a forma como compomos as melodias também agrada nosso público. Carlos Peixoto: Foi isso que me identificou com a Mutação antes de entrar pra banda. No inicio, o instrumental me chamou muito atenção, as influências claras de Bad Reli-gion, Pennywise, No Fun At All, bandas que eu curto desde moleque e um estilo de som que eu cresci ouvindo e tocando. Mas, quan-do eu comecei a prestar atenção nas letras, e na forma como o Alan cantava e expressava a sua indignação com a sociedade, política e o mundo em que vivemos me senti represen-tado. Acho que muitos tiveram esse mesmo sentimento. Por isso existe essa grande quan-tidade de fã espalhados pelo Brasil.

Como vocês acham que a música (prin-cipalmente o rock) pode interferir no cotidiano se valendo das letras para to-car nas feridas da sociedade?Carlos Magno (Bozó): Para mim, música é sentimento. O que se fala ou se faz numa

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música é capaz de aflorar um sentimento de amor ou de revolta, no nosso caso, a maior parte das músicas inspira revolta. Acho que isso faz as pessoas a se questionarem sobre o que acontece, a pensar sobre si mesmo e ten-tar ao menos ser uma pessoa melhor. As mu-danças começam mais próximo do que ima-ginamos. Às vezes ficamos reclamando dos políticos, e esquecemos de sermos melhores para nós e para o próximo (amigos, família, namoradas). Mutação tem um pouco disso, mudança não só exterior, mas principalmen-te interior, um mundo com pessoas melhores e mais inteligentes, será um mundo com po-líticos melhores.Jonas Lucena: Cara, o poder que a música age sobre o indivíduo pra mim pode até ser tese de mestrado, se é que isso já não foi ex-plorado. É incrível como você percebe as dife-rentes expressões no rosto das pessoas quan-do você está tocando. Você vê gente choran-do, gente com ódio no olhar, gente sorrindo, gente se jogando, gente sentindo prazer em se bater, é inexplicável. A música pode ser trilha sonora de mo-mentos revolucionários, íntimos, entre ou-tras. Enfim, a música é um mistério, é algo mágico e dependendo como usada pode tra-zer coisas boas.

O que os integrantes da Mutação espe-ram para a Mutação, daqui pra frente?Carlos Magno (Bozó): Precisamos gravar o novo disco, isso é fato. Deve rolar em 2013 por bem ou por mal (risos). Estamos tentando fazer as coisas de forma organizada, para que possamos nos dedicar à banda intensamente, mas sem prejudicar nossas outras atividades. Recebemos uma notícia recentemente que nos deixou muito contentes, assim que con-

firmado vocês vão ficar sabendo. Eu particularmente espero dar sequên-cia e colher bons frutos, como vêm aconte-cendo. Graças a Deus, como já disse anterior-mente, o retorno do público tem sido bastan-te positivo e isso está nos dando muito mais força e coragem pra continuar e levar o lance pra frente. Espero que a gente conquiste mais amigos e mais experiência em outros estados e tentaremos levar o nome de Maceió, e do Nordeste, para o restante do Brasil e quem sabe, adquirir respeito em relação ao hardco-re nacional. Estamos voltando agora e temos muito pra planejar e executar, mas podem ter cer-teza que vamos fazer o possível e o impossí-vel para que tudo dê certo, e que no final, a

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gente continue se divertindo e saindo satis-feito a cada apresentação e a cada experiência adquirida. Mas é claro que não faremos isso sozinhos, sempre teremos que contar com as bandas amigas, público, a galera em geral.Carlos Peixoto: Eu estou muito instigado pra continuar a saga (rsrs), principalmen-te depois dessa tour com Dead Fish, Coffee-Shop e Varial . Foi a melhor Tour até agora que eu já participei e rolou um sentimento de união muito forte. E a convivência entre os integrantes, que para mim, o mais importan-te, tá fluindo de forma bem natural e inten-sa. Já considero uma família. Sempre segui a ideia do PMA (Positive Mental Attitude) que aprendi ouvindo Bad Brains, uma de minhas bandas favoritas, quem me conhece sabe que não desisto das coisas que eu acredito e levo banda muito a sério. Também venho sentin-

do esse compromisso na Mutação atual.

Estamos sabendo que vocês vão tocar no Hangar 110 ao fim deste ano. Conte-nos como surgiu o convite, a reação da banda e seus planos para lá.Carlos Magno (Bozó): Posso responder logo como foi a Reação individual de cada um?Eu: CaralhoooooooooooJonas: Num pira manFelipinho: ôhhhh tá falando sério velho?Saulo Lessa: Bixo se isso rolar, vou nem co-mentar, certeza que é churro? Que não é pi-poca? HahahaCarlos Peixoto: Porra que fodaaa, Irado, só, issaê. Num contexto geral a reação de todos num primeiro momento foi de surpresa. Eu, particularmente, me surpreendi porque nós já tínhamos feito outros shows com o Dead Fish, então na minha cabeça, eles já tinham visto o que precisavam ver da banda, não achava que poderíamos fazer algo que pudes-se impressioná-los ao ponto de sermos con-vidados pra abrir um show dos caras na casa mais histórica do HC brasileiro, e de fato, acho que não fomos nós que fizemos alguma coisa. Penso que essa ida pra sampa, nós de-vemos ao público de Maceió, Aracajú e Ara-piraca, eles foram os reais responsáveis por quaisquer boas impressões que possamos ter causado nos caras. Tanto que o convite veio logo após o show de Arapiraca. Lembro que quando terminou nosso show em Arapiraca, o Felipinho chegou pra mim e falou: “bixo, o Saulo disse que o Alyand ia arrumar um show para nós no Hangar, mas não comenta nada.” Sabe quando você ouve algo e uma mistura de sentimentos tomam conta de você? Foi as-sim que me senti na hora, pois queria mui-

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to comemorar, mas naquele momento, ouvir aquilo não passava de: “um dia quem sabe os caras dêem uma força pra que isso se concre-tize,” sei lá, algo nessa linha. Então no dia se-guinte, fui no hotel dos caras pra darmos um rolé e então o Alyand me chamou e disse que ia tentar nos colocar pra abrir o show deles e do ação direta no início de dezembro no Han-gar 110. Eu acho que na hora fiz uma cara de “será que ele ta falando sério?” Tanto que o Marcão tava na conversa e falou. “Carlinhos se o Negão ta prometendo é porque vai rolar.” Isso é meio louco, e cada vez mais acredito que, cada coisa tem sua hora e seu momen-to pra acontecer, quem sabe se isso tivesse acontecido em 2004, menos maduros, não

conseguiríamos aproveitar essa oportunida-de. A ficha provavelmente só vai cair na hora que eu subir no palco e disserem, “vai, pode começar, tá valendo.” Já compramos as pas-sagens, agora é esperar “nosso dia chegar.”

Espero que tenham gostado da entre-vista. Deixem um recado para os leito-res da rock meeting e fãs da Mutação.Carlos Magno (Bozó): Obrigado pela oportunidade da entrevista, e fiquem ligados no que rola sobre a banda acessando nossa página no Facebook. Vem muita novidade por ai e obrigado a todos os amigos que vão aos shows.Jonas Lucena: Bom, mais uma vez agrade-

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cemos a todos que estão nos incentivando e dando essa energia positiva pra continuidade da banda, agradecemos o espaço cedido pra Mutação. Ao nosso público, nossos amigos, pedi-mos que continuem nos acompanhando, pois tão felizes quanto vocês ficam, quando vão ao nosso show, também ficamos quando vemos a presença de vocês. Assim como vocês esperam sempre um bom show, também sempre esperamos con-tar com um bom público (não estou dizendo quantidade e sim qualidade, vocês que sem-pre vão pra realmente curtir, cantar e se di-vertir, se vier em grande quantidade que seja nesse espírito).

Uma frase bastante usada nessa mini turnê e que achei de grande efeito, se aplica a todo mundo que comparece aos shows: “O hardco-re uniu nossas vidas!”.A gente deixa um grande abraço para todos e, de coração, dizemos que estamos juntos nes-sa vida hardcore! “Falow”Jonas Lucena, ou simplesmente “o man”. Carlos Peixoto: Obrigado a Rock Meeting mais uma vez pelo espaço!!! O que tenho a dizer é o seguinte: O nosso tempo é agora! O que rolou no passado foi muito significativo e importante pra nossa formação, mas estamos dando continuidade a tudo o que acreditamos e ainda queremos disseminar.

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Retrospectiva

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Relembre o que foi notícia nas

páginas da Rock Meeting em 2012

Por Jonas Sutareli (@Sutareli | [email protected])Fotos: Pei Fon (Arquivo RM)

Nem parece que já faz três anos que a Rock Meeting está aqui com vocês. Já estamos entrando no quarto ano

de nossa existência enquanto grupo, sempre contando com a ajuda e apoio dos amigos e a gratificação de você leitor, que é o principal motivo pelo qual fazemos esta revista. Já que estamos findando mais um ano, nada mais justo do que mostrarmos um apa-nhado de tudo o que vimos na RM durante os últimos meses. Para você relembrar seus me-lhores shows, as entrevistas que mais gostou e, se não viu, voltar lá no nosso arquivo e dar

uma olhada em tudo o que for do seu interes-se. Vamos lá?! Janeiro já começou raivoso com o cros-sover da Lei do Cão, que teve sua primeira passagem por Maceió durante sua turnê pelo Nordeste. Na ocasião ainda fizemos uma en-trevista com o guitarrista/vocalista e o bate-rista da banda. O material está na edição 29 da RM. Confere lá! Continuando na Pancada-ria, Farscape e Whipstriker também deram as caras por aqui. Janeiro foi só brutalidade! Na edição 30, no mês de fevereiro, con-seguimos uma entrevista com a banda italia-

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na Lacuna Coil. Exclusiva, que foi capa desta edição. De shows por aqui, tivemos o retorno da Cangaço, banda pernambucana que parti-cipou do Wacken em 2010 e já tinha apareci-do aqui em Maceió para se apresentar em um de nossos aniversários, que veio junto com a Necromesis de São Paulo. Suprema também deu o ar da graça divulgando seu novo álbum “Traumatic Scenes”. Ainda tivemos um fes-tival de rock com bandas da terra, contando com Black Verses, Wanted, LiB e Introspec-tor. A lendária banda brasileira de rock RPM estampou a capa da edição de núme-ro 31, que veio junto com um especial sobre Randy Rhoads e os anúncios sobre os shows de Paul McCartney. A grande polêmica da edição foi o entrave jurídico entre Lobão (co-nhecido músico brasileiro) e ‘Lobo’ Anivaldo Luiz (o ‘Lobão das Alagoas’), onde o primeiro reivindicava o direito único de usar ‘Lobão’ como nome artístico. Em abril, NervoChaos apareceu na capa da RM, já que no mês seguinte protago-nizaria um show na terra dos marechais junto com as bandas Unearthly, Falling in Disgrace e Morcegos. Além do ‘diário de bordo’ sobre o show de Paul McCartney e também, é cla-ro, como em abril de todos os anos, ‘Abril pro Rock’, completando 20 anos. Tivemos tam-bém Desalma e Warcursed na edição 32. A nota triste desta edição fica a cargo do fiasco que foi o Metal Open Air (MOA) realizado em São Luiz, MA. Para a 33ª edição, a capa foi Mário Li-nhares (Dark Avenger/Harllequin). Os gran-des destaques ficam por conta da saída de Edu Falaschi do Angra, as entrevistas com Andralls, Torture Squad e um especial sobre o Aerosmith, além do review dos shows das bandas que foram destaque na edição ante-

Desireé Galeotti

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rior. Uneartlhy foi a capa da edição 34, com uma bela e longa entrevista. Esta edição caiu no mês das festas juninas. Como não pode-ria faltar, um Arraiá do Rock estava presente na edição. O grande destaque de junho fica a cargo do anúncio da volta de King Diamond e também o marco da lembrança de um ano da morte de Amy Winehouse. Na edição de julho, Claustrofobia es-teve presente, já que havia se apresentado aqui em Maceió, num show devastador. Nas palavras da própria banda: “é pior que febre, Claustrofobia é peste!”. O grande destaque fica para o show dos Titãs em Maceió, com um longo review. Esta edição ainda teve uma generosíssima e boníssima entrevista com a banda Madame Saatan do Pará. Ratos de Porão. 30 anos de estrada, um show por vir em Maceió e capa da edição 36 de nossa querida Rock Meeting! Ainda com um especial sobre os 50 anos de carreira dos Rolling Stones. Ainda com diário de bordo sobre Dream Theater em São Paulo, preview do show de três anos de nosso aniversário, re-view sobre o show da Assassin, banda alemã que passou por aqui e deixou sua marca de brutalidade e também uma matéria sobre a prisão das meninas do Pussy Riot. Na edição 37 tivemos uma bela entre-vista com o Dead Fish, review do show da Bullet Bane em Maceió, review do show dos Ratos de Porão. A edição mais hardcore já lançada pela RM! Ainda tivemos reviews das apresentações de Viper e de nosso aniversá-

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rio. Estampando a capa da edição passada, tivemos The Black Pacific, The Gaslight An-them e Born Iron Pain com entrevistas exclu-sivas. Os grandes destaques ficam para a pré-via sobre a passagem do Warhammer aqui em Maceió que aconteceu no dia 18 de novembro e o review do magnífico show do Dead Fish, com a volta da banda alagoana Mutação. Ain-da tivemos entrevistas com Monster Coyote e Panzer.Claro que, em meio a tantas coisas boas, hou-ve perdas significativas. Fica aqui o nosso momento de reflexão já que perdemos mú-sicos como Jon Lord, que nos deixou um le-gado enorme. A ele e a todos que estão num lugar melhor, a nossa singela homenagem! Descansem em paz! Em 2013 muitas coisas estão por vir. Novidades, shows, parcerias. O ano que está se findando foi muito bom para o rock ala-goano e os anos que se passaram também vem sendo bastante generosos com o rock de uma maneira geral. Esperamos muito que vocês leitores, continuem nos acompanhando sempre e compartilhando nossas publicações, para que possamos cada vez atingir mais pessoas como vocês. E diferentes também! A cada edição a equipe Rock Meeting busca dar o seu melhor, para que nosso trabalho seja feito com amor e qualidade. Visitem nossa página no Face-book, agradecemos todo o feedback e apoio dado por vocês. Obrigado por mais este ano e seja o que vier no próximo, continuemos com o Rock N’ Roll!

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A Rock Meeting, através de sua equipe e de seus colaboradores, trazem uma lista dos melhores lançamentos de 2012. Confira!

Alcides Burn - Designer

Breno Airan

1. Septic Flesh - The Great Mass2. Sanctifier - Daemoncraft3. Moonspell - Alpha Noir4. Testament - Dark Roots of Earth5. Kamelot - Silverthorn

1. Jack White – Blunderbuss2. Noel Gallagher’s - High Flying Birds 3. Slash – Apocalyptic Love4. Rush – Clockwork Angels5. Kreator – Phantom Antichrist

Ainda na lista: - Paradise Lost - Tragic Idol - Kreator - Phanton Antichrist- André Matos - The Turn of the Lights- Anathema - Whearther Systems- Headhunter D.C - In Unholy Morning

Ainda na lista: - The Darkness – Hot Cakes- Testament – Dark Roots of Earth- Kiss – Monster- Aerosmith – Music From Another Dimen-sion- Jorn – Bring Heavy Rock to The Land

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Daniel Lima

Jonas Sutareli

1. Torture - Cannibal Corpse2. Miseration - Tragedy Has Spoken3. Eluveitie - Helvetios 4. Alcest - Les Voyages De L’Âme5. Ultraje A Rigor e Raimundos - O Embate do Século

1. Soundgarden: King Animal2. Stone Sour: “House of Gold & Bones – Part 1″3. NOFX: Self Entitled4. Epica: Requiem for the Indifferent5. Ill Niño: Epidemia

Ainda na lista: - Kreator - Phantom Antichrist- Blaze Bayley - The King of Metal- Iron Maiden - En Vivo!- Van Halen – A Different Kind of Truth- Kiss – Monster

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Pei Fon

Rodrigo Bueno - Colunista

1. Lamb of God – Resolution2. Eluveitie – Helvetios3. Adrenaline Mob – Omertà4. As I Lay Dying - Awakened5. The Gaslight Anthem – Handwritten

1. Saint Vitus - Lillie: F-652. Paradise Lost - Tragic Idol3. Saturnus - Saturn in Ascension4. ArchiTyrants - Black Water Revelation5. Ultraje a Rigor vs. Raimundos - O Embate do Século

Ainda na lista: - Cannibal Corpse – Torture- Moonspell – Alfa Noir/Omega White- Abnormality - Contaminating The Hive Mind- Science of Sleep - Affiction- Tarja Turunen - Act I : Live in Rosario

Ainda na lista: - When Nothing Remains - As All Torn Asunder- The Foreshadowing - Second World- Evadne - The Shortest Way- Evilhorse - Cabeza de Vaca- Abske Fides - Abske Fides

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Por Jonas Sutareli (@xSutarelix | [email protected])

Acho que já falei aqui das principais in-fluências para os jogos mais recentes que en-volvem Rock n’ Roll. Hoje em dia temos mui-tos jogos musicais. Pump, Rock Band, Guitar Hero, DJ Hero, Band Hero, uma infinidade. Como nosso foco é os jogos de rock, e nessas duas décadas não tem apenas jogos musicais que abordam rock, mãos na massa! Voltaremos no tempo, mais precisa-mente para 1986, para falar do Castlevania. Este jogo foi lançado e não sei se havia algu-ma influência de rock em seu princípio. No Japão o primeiro jogo ficou conhecido como ‘Vampire Killer’, que no jogo, é o nome do poderoso chicote usado pelo clã dos Belmont que são ferozes caçadores de vampiros. Em diversos jogos da série elementos de arquitetura, vestuário e arte góticas esti-veram presentes, também na trilha sonora, onde diversos jogos desta franquia tiveram

Rock n’ Roll inseridos. Mas o ponto alto de Castlevania no Rock foi em ‘Castlevania: Cur-se of Darkness’, onde o protagonista Hector usa uma guitarra elétrica como arma. Seme-lhante também a este jogo, está Devil May Cry 3. Jogo lançado em 2005, que tem como pro-tagonista Dante, que é meio humano, meio demônio e é impiedoso caçador da raça que é sua metade não-humana. Dante gosta muito de armas de fogo, ao contrário dos persona-gens de Castlevania que estão ambientados em séculos longínquos às vezes em épocas que nem existiam armas de fogo, Dante é um caçador de demônios da era moderna e gos-ta de mandar bala. Devil May Cry não deixa de lado o rock n’ roll sequer na jogabilidade. A trilha sonora nem se fala. Em certo ponto do jogo Dante adquire uma guitarra elétrica e desfere golpes de onda sonora tocando um belo Rock N’ Roll.

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Passando para os jogos musicais, temos uma enxurrada nos últimos anos. Os games tem sempre uma temática completamente voltada para o rock, já que são musicais feitos especificamente com bandas de rock, para o público do rock, onde o principal objetivo é dominar o “instrumento” e ser um rockstar. O mais famoso deles, Guitar Hero, foi lança-do em 2005, com uma trilha sonora passean-do por vários anos e estilos do Rock N’ Roll, contando com bandas como Joan Jett & The Blackhearts, Ramones, Megadeth, Nirvana, Bad Religion, ZZ Top, Audioslave, Incubus, Judas Priest, Motorhead, Pantera, Ozzy, Jimi Hendrix, Black Label Society, Deep Purpple, Black Sabath, entre outros grandes nomes. O primeiro jogo foi apenas uma porta. Depois dele vieram Guitar Hero 2, 3 e mais

alguns dedicados ao Metallica e Van Halen. Apareceram também outras produtoras com a mesma proposta de jogo. Rock Band teve como principal homenagem os Beattles. Mais recentemente temos o RockSmith, que tem uma proposta bastante interessante (estou curiosíssimo para jogá-lo) mas pelo que vejo da repercussão da mídia não vingou muito. Acho que justamente pela sua proposta. O jogo sugere que os players deixem as guitar-rinhas de plástico e instrumentos falsos (uti-lizados em todos os outros jogos musicais) para tocar com guitarra de verdade. E alegam que os jogadores não precisam de experiên-cias anteriores com guitarras de verdade para poder jogar. Plugue sua guitarra real e come-ce a tocar. Aprenda a tocar, seja um verdadei-ro rockstar.

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William Fitzsimmons

Pode soar estranho como alguém pode passar mais de um mês sem escutar metal, se este é um dos seus estilos preferi-dos. Porém, estou muito desligada das ve-locidades dos riffs, das melodias agressivas e vocais assustadoramente agradáveis. É preciso muito mais do que gostar do estilo, é reflexo do seu estado de espírito, preferi relaxar para pensar na vida. Meu destaque vai para norteameri-cano William Fitzsimmons: Indie, calmo e que facilita dormir (risos). Tenho estado assim, mesmo em meio a tanta turbulência. É algo bom para retirar os pesos das costas. Talvez você nunca ouviu falar sobre ele, po-rém se assistiu o seriado americano “Grey’s

Anatomy” já deve ter ouvido duas músicas dele: “Passion Play” e “Please Don’t Go”. O cd em destaque é o “The Sparrow and the crow” de 2008. Conheci o carinha através de uma indicação, gostei logo de cara. Se fosse em outros tempos, dificil-mente eu gostaria, como meu momento é pacificação, o estilo de Fitzsimmons me encantou na primeira ouvida. As minhas canções preferidas são “I don’t feel it anymore (song of the Spar-row)”, “We feel alone”, “If you would come back home”, “You still hurt me”, “They’ll never take a good years” e “Good Mor-ning”. Escute o cara e abra a sua mente!

Pei Fon (@poifang | [email protected])

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Como o próprio nome já sugere, os caras são uma banda cristã. Mas eu penso que isso não é algo que deva influen-ciar para quem goste de escutar Metalcore. Demon Hunter desce a madeira, com um Metalcore bem executado e di-ferenciado dos demais. A banda foi fundada no ano 2000, pelos irmãos Don e Ryan Clar, em Siattle, conhecida por ser berço de boas bandas de Grunge. Mas desta vez surgiu uma boa de Metalcore. (!)

Os caras alternam entre um som mais pesado e bala-dinhas. Mas não tantas baladinhas, algumas apenas para quebrar o clima. The World Is A Thorn, Storm The Gates of Hell, The Triptych e Summer of Darkness são os discos que eu mais destaco. ‘My heartstrings come undone’, que é do album ‘Summer of Darkness’, fez parte da trilha sonora de um dos filmes da série Resident Evil, com KillSwitch En-gage, H.I.M., Slipknot, Cradle of Filth, The Cure, Deftones, Rammstein e outros grandes nomes do Rock. Se quiser dar uma scada no som dos caras, é só acessar o myspace deles.

Jonas Sutareli (@Sutareli | [email protected])Demon HunterJonas Sutareli (@Sutareli | [email protected])

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Cannibal Corpse

2012 foi um ano com muitos lançamen-tos incríveis e é até meio difícil dizer qual é o melhor. Não é uma tarefa das mais fá-ceis, e depois de ouvir vários fiquei em dú-vida entre dois álbuns que por acaso são do mesmo estilo: “Death Metal”. Depois de uma dúvida cruel resolvi escrever sobre o disco Torture do Cannibal Corpse, eles que iniciaram as atividades em 1988 e já possuem 13 álbuns gravados. Sendo um ao vivo, o “Live Cannibalism” de 2000.

Este contém 12 faixas e é um daqueles que você ouve do começo ao fim sem pu-lar nenhuma música. O disco começa com “Demented Aggression” e realmente é uma agressão demente, já que a pancadaria é extrema e faz qualquer maluco se acabar no circle pit. É uma variação entre bater cabeça e circle pit durante todo o disco.

O instrumental foi muito bem elabo-rado (como sempre) e o baterista Paul

Mazurkiewicz fez um trabalho excelente. As guitarras são sempre gritantes e virtuo-sas, sem contar o vocal do George Fisher que detona do começo ao fim.

Além da faixa inicial, “Demented Aggression”, gostaria de destacar também “Sarcophagic Frenzy”, “Followed Home Then Killed” e principalmente “The Stran-gulation Chair” pelo solo de baixo que se inicia aos dois minutos e quatorze segun-dos. Nota-se que o “solinho” é executado como base durante uma parte da música. O cara é um monstro.

Esse é um álbum que eu realmente gos-to. Sempre achei o Gore Obsessed o melhor álbum deles, até lançarem o Torture que me deixou numa dúvida imensa. Mas com certeza os dois estão entre os melhores.

Cannibal Corpse dispensa apresenta-ção e com certeza tanto o álbum como a banda, eu recomendo.

Daniel Lima (@daniellimarm | [email protected])

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Mopho

Uma profusão de novos sentidos. Essa expressão rebuscada é o que se sente ao assistir a um show da banda alagoana Mopho.É algo único. Cada espetáculo é um unísso-no de vozes e imagens em nossa cabeça, se fecharmos os olhos. O bolor lisérgico do agora quinteto reformulado traz consigo a certeza de que os anos 1970, sem clichê algum, existe – ou pelo menos invada – cada um de seus ou-vintes. Quem nunca saboreou o que estou aqui a tilintar com a ponta dos dedos, pre-cisa ver o vocalista e guitarrista João Paulo em ação. O modo como sua mão percorre sua guitarra Gibson Les Paul Standard lembra as investidas nos limiares das seis cordas devassadas pelo mestre Jimmy Page.Sim, João Paulo – apesar de ter no nome um misto de Lennon e McCartney e ser fã incondicional dos Fab Four – é nosso Page, mas a seu modo. Ao lado de Hélio Pisca (bateria), Mar-co Túlio (violão e backing vocals), Leonar-do Luiz (teclado e backing vocals) e Júnior Beatle (baixo e backing vocals), ele viajou

para São Paulo no mês passado para poder compor material novo. Com a saída do baixista Júnior Bo-cão – ele, no entanto, não era fundador do grupo. Na verdade, o primeiro a ocupar seu posto foi Alessandro Aru –, a Mopho perde um pouco de sua vibe. Mas com o grande retorno de Leonardo Luiz, que havia sido substituído por Dinho Zampier, a psicode-lia é certa, para esta banda que já foi taxada de ‘Os Mutantes dos anos 2000’. O grupo alagoano está planejando viajar mais, a fim de divulgar o atual tra-balho de estúdio, o excelso “Volume 3”, de 2011. Nele, há composições em sua maio-ria de Bocão e Pisca. Canções como “Dani Rabiscou”, “Quanto Vale um Pensamento Seu”, “Pessoas São de Vidro” e “Você Sabe Muito Bem” fazem do álbum uma das mais belas proezas nacionais dos últimos anos. Há várias participações neste CD, como a de Wado, Billy Magno e também Luiz Carlini, guitarrista da Tutti Frutti, que inclusive gravou lap steel guitar em “A Mal-vada”. O projeto gráfico da capa e encarte assinado por Paulo Blob. Vale o dinheiro e mais ainda a audição!

Breno Airan (@brenoairan | [email protected])

Page 76: Revista Rock Meeting #39