revista touché! setembro 2011

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Revista Touché! Setembro 2011

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editorial

Distribuição Gratuitaexpediente

Produção: Laser Press Comunicação Integradawww.laserpress.net – 11 4587-6499Diretor Executivo: André Luiz de Barros LeiteEditora: Mônica Tozetto

Textos: Mônica Tozetto (MTB 33.120) Capa: Vinicius ChecchinatoDesigner: Alexandra TorricelliTiragem: 6.000 exemplares

w w w . r e v i s t a t o u c h e . c o m . b r

Mônica Tozetto, editora

[email protected]

índice

Nas prateleiras

144

9Destino:Cuba

Artigo: Tecnologia 10 x Polícia 0

17ProjetoCidadonos 20Artigo:

Tempo,cartas e vida instantânea

21Artigo: Vinho desobremesa

Entrevista com IveteBarbarini

19

Ao fim da Segunda

Grande Guerra, os líde-

res vencedores do conflito

se reuniram em Potsdam,

nos arredores de Berlim, e

repartiram o mundo. Co-

meçava a guerra fria e um

mundo bipolar, dividido

entre comunistas e capi-

talistas. Quatro décadas e

pouco depois, ruiu a corti-

na de ferro e os capitalis-

tas acabaram dominando o

planeta. Não todo ele, ain-

da restam pequenos exem-

A ilhaplares do modelo comu-

nista, e Cuba é uma dessas

preciosidades.

Nesta edição a touché!

traz uma reportagem es-

pecial da ilha comandada

pelos Castro, com fotos

deslumbrantes. Cercada de

contradições, belezas e de-

sencantos, Cuba é um desti-

no perfeito para quem bus-

ca entender um pouco mais

a história do mundo.

Nesta edição ainda

uma entrevista com Ivete,

a pessoa por trás dos me-

lhores doces da cidade. Sua

história é um comovente

relato de superação e seus

doces são para inspiração.

Mas a touché! traz ainda

muitas outras atrações –

um relato histórico sobre

o bairro do Caxambu, de-

senvolvido por João Borin,

os melhores artigos espe-

cialmente produzidos por

nossos colunistas, beleza e

outras delícias que você só

encontra aqui. Aproveite.

Page 4: Revista Touché! Setembro 2011

g e n t e )(

4 touché!

Por Mônica Tozetto

Quem já comeu um doce da Ivete Bolos sabe que o sabor é inesquecível e sem

comparação. Quem não comeu, ainda não conheceu aquilo que pode ser comparado

a um pequeno pedaço do paraíso. Agora, melhor do que tudo isso é conhecer a dona

das mãos capazes de construir tamanha maravilha. Uma figura deliciosa, para dizer o

mínimo. De uma simplicidade, doçura e simpatia ímpares. Com quem quer que seja.

A história contada aqui foi ouvida na oficina de dona Ivete, como é chamada. Ela

aconteceu em meio a aromas de bolos, doces e salgados. E foi interrompida algumas

vezes, porque a famosa boleira gosta de atender a todas as solicitações.

Ivete Barbarini

A doçura de Ivete

Os filhos Marcelo, Gio-

vana e Mateus são o

grande orgulho do casal.

Marcelo é professor-dou-

tor na USP. Giovana ad-

ministra a empresa Ivete

Bolos. Como a mãe gosta

de ressaltar, “com muito

carinho”. Mateus, o mais

novo, trabalha na área de

Marketing.

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5touché!

O casal Antonio e Maria Barbarini vivia uma vida sem luxos na cidade de Pirituba. Ele era ferroviário da estrada de ferro Santos-Jundiaí. Ela, costureira de mão cheia. Dessa união resultaram cinco filhos. Perderam, porém, uma meni-na, na época que passaram um tempo em Jundiaí, onde mo-rava a maior parte da família. Ivete Barbarini é a mais velha dos quatro – duas mulheres e um homem.

Da sua infância, Ivete se recorda da luta dos pais em proporcionar aos filhos uma vida digna. Tanto esforço deu alguns frutos. Das linhas e bo-tões de Maria saiu a entrada para uma casa própria. “Me lembro que minha mãe fez a roupa de toda uma família para um casamento. Com esse tra-balho, meus pais conseguiram realizar parte de um sonho”. A

outra parte viria alguns anos depois, quando Antonio pode, finalmente, adquirir uma pe-quena casa na praia, que por muito tempo foi o local prefe-rido de lazer dos Barbarini.

A vida de trabalho chegou cedo para Ivete. Antes dos 12 anos ela já era funcionária de uma tecelagem. Trabalhava duro, mas gostava do que fazia. Lembra que tinha até um salá-rio bom. “Ganhava quase mais do que meu pai, coitado”. Ficou lá por mais de dez anos. Depois, trabalhou durante um período em São Paulo, antes de se casar.

ArcênioDançar era uma das ativi-

dades preferidas das meninas Barbarini. O pai, severo, não era muito favorável a esse pas-satempo. Como havia muitos parentes em Jundiaí, deram um jeito de se associarem ao Grêmio C.P. Foi lá, durante

um rodopio e outro, que Ivete conheceu Arcênio Morandini. A sintonia foi à primeira vista e não foi preciso muito tempo de namoro para saber que que-riam viver juntos pelo resto da vida. Depois de um ano e meio estavam casados e morando na Rua Senador Fonseca.

O idílio não durou muito

tempo. O primeiro filho de Ive-te e Arcênio chegou ao mun-do com um grave problema de saúde. Foram necessárias dez cirurgias – que levaram dez anos – para que Marcelo conseguisse ter o canal da ure-tra funcionando normalmente. “Nessa época, minha vida era uma loucura. Tinha que ir pra

Aqui, com os irmãos

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6 touché!

São Paulo toda semana, o tra-tamento era caro”. Mas sua dedicação foi profícua. Hoje Marcelo é professor doutor na Universidade de São Pau-lo. É casado e tem uma filha, a Rafaela.

A boleiraAli pelos 40 anos, Ivete ti-

nha sua vida nos eixos. O me-nino Marcelo estava recupe-rado. Havia nascido Giovana. A vida da família não era de sobras, mas passeavam bas-tante, principalmente na casi-nha de praia de Antonio. “Fi-cávamos janeiro inteiro lá. As crianças adoravam. E também, nós nunca fomos de gastar de-mais”. Foi por essa época que Arcênio perdeu seu emprego e ficou doente.

Ivete não encontrou ou-tro jeito senão começar a tra-balhar. Foi ajudar a vizinha, Diva, que fornecia marmita. “Disse pra ela: Diva, você não precisa me pagar. Se você me der almoço e janta, pronto, é uma maneira de eu ajudar o Arcênio”. E assim foi. O mari-do também tinha recebido al-gum dinheiro de indenização. “Ah, todo mundo me ajudava”, lembra ela, que tinha 42 anos nessa época.

As clientes de Diva come-çaram a pedir por sobremesas também. Assim, aos sábados, já saiam com o almoço e o doce, eliminando todas as pre-ocupações gastronômicas. Ela

então sugeriu que Ivete assu-misse essa função. Lá foi ela. Sacou de seu caderninho de receitas iniciado em 1963, de onde tirou delícias como torti-nha de goiabada, pudim, bolos, bombocado de fubá... “E Maria Mole, hum, minha Maria Mole é muito gostosa”. E a clientela começou a nascer.

MateusDurante uma fornada e

outra, Ivete descobriu-se grá-vida pela terceira vez. Suas gestações eram complicadas e exigiam repouso absoluto. “Ai, lindinha, tinha que ficar como uma estátua pra não perder o bebê”, conta. Teve que parar de trabalhar. Embora lamentasse,

a fé inabalável em Jesus Cristo jamais deixou o casal se abater. “Fazemos parte, há 35 anos, da comunidade do catecume-nato da catedral. Desde então, temos como meta anunciar o amor de Deus, fazer as coisas pelo bem do nosso próximo e ajudar a quem podemos. Nós entregamos nossa vida pra Je-

A parceria com a Nestlé é antiga e começou com a visita de uma vendedora. Encantada com os quitutes de Ivete – que garante que desde sempre só usa produtos Nestlé - ela levou a notícia até seus superiores. A boleira não acreditava, mas um dia eles apareceram. Deram dicas e técnicas. Hoje ela tem uma parceria fechada com a empresa e produz bolos e doces para grandes eventos da marca, como a Fispam. “Fizemos bem-casado, docinho, musse. Era tudo Ivete bolos”, comemora. Na foto, com Giovana.

“ “Fazemos parte, há 35 anos, da comunidade do catecumenato da catedral. Desde então, temos como meta anunciar o amor de Deus, fazer as coisas pelo bem do nosso próximo e ajudar a quem podemos. Nós entregamos nossa vida pra Jesus Cristo

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7touché!

sus Cristo”.Novamente, a ajuda apa-

receu de todo lado. Ivete não precisou comprar sequer uma peça de roupa para o novo re-bento. Completando a alegria, Arcênio conseguiu emprego em Campinas. O salário não era aquelas coisas, mas ajuda-va. Mateus nasceu prematuro, mas com saúde. “Ele sempre foi um molecão que nunca me deu muitos problemas”.

RecomeçoA crença de que seus dons

culinários seriam esqueci-dos por conta da gravidez mostrou-se infundada. Assim que o menino pôs os pezinhos neste mundão de meu Deus, as clientes voltaram como abelhas no mel. Queriam pão, tortinha e claro, Maria Mole. Empedernida como ela só, bo-tou o pequeno num “redondo” localizado no meio da cozinha. E, entre um chamego e outro, os doces iam novamente pre-enchendo os paladares mais exigentes.

Foi então, quando estava com 45 anos, que uma outra vi-zinha pediu que ela fizesse um bolo. “Lindinha, eu não sei fa-zer bolo”. E explicou que fazia em casa, para os filhos, mesmo que até com certa criatividade, como palhaços e trenzinhos. Mas tudo restrito à família. “Foi aí, de fato, que começou a minha história de seguir como boleira”.

Pegando no pesadoDepois de provar o bolo

de Ivete, Jane, proprietária da antiga lanchonete Chaplin, no centro da cidade, não pensou muito para bater na porta da boleira e contratá-la. Com hu-mildade, novamente, ela recu-sa. Explicou que não tinha nem matéria prima nem utensílios. Jane sai e volta momentos de-pois com o carro carregado de todos os itens necessários para uma produção maior. “Ela confiou em mim cegamente. Depois da minha vizinha, era o empurrão que faltava. E, com muito medo, comecei”. E não

havia quem provasse os bolos de Ivete que não virasse fã. Depois de Jane veio a Marli, da bomboniere Caju.

As receitas atuais tiveram origem, porém, graças a uma festa da padroeira, onde Ivete e Arcênio foram convidados a participarem como um dos casais festeiros. A comissão se reunia em um determina-do local para a confecção dos quitutes. Fazia parte do grupo Odila L’angela, boleira famo-sa. Quando viu a habilidade de Ivete, encontrou ali sua su-cessora. Alguns dias depois da festa, Odila, que tinha inaugu-rado um novo negócio, passou para Ivete toda sua clientela. E mais que isso, seus segredos. “Ela foi uma estrela que sur-giu e pousou sobre mim. Com ela aprendi a fazer pão de mel, cake, o camafeu, o melhor que tem. Odila me ajudava muito, me dava todas as dicas que precisasse. Foi como uma mãe que ensina o filho, pegando pela mão”, lembra.

E muitas encomendas co-meçaram a aparecer. No co-meço, além de Ivete, punham a mão na massa filhos, marido, irmãs. Muitas madrugadas fo-ram varadas na cozinha. “Nós não sabíamos trabalhar e, com pouca estrutura, fazíamos o que podíamos”. Com tanta dedicação, novas criações apa-receram, como a raspa de cho-colate, criada por Arcênio. “Ele pegou o cortador e saiu a ras-pa. Se eu tivesse patenteado... Hoje todo mundo copia”.

Ela lembra que foi nes-sa época – há 26 anos – que surgiu na vida da família um novo membro: Edna, menina abandonada, que morou por um tempo na rua e acabou che-gando em Jundiaí. Depois de idas e vindas, ela foi acolhida e adotada pelo casal Morandini. “Quando ela veio morar com a gente, levamos no médico, compramos roupa. Fizemos tudo que devíamos fazer por uma filha. Inclusive eram nos-sos nomes – meu e de Arcênio – que estava em seu convite de casamento”. Edna ainda está com Ivete, é casada e tem três filhos. “Meus netos postiços, maravilhosos.

A primeira lojaEm 1995, a filha do meio,

Giovana, havia concluído o Ensino Médio. Tentou uma universidade pública – Ivete não podia pagar uma particu-lar nessa época – mas não con-seguiu passar. A alternativa era começar a trabalhar. “Eu já tinha até arrumado um empre-go pra ela”, conta. Mas o des-tino interferiu. “Ai, lindinha, mais uma vez a mão de Jesus Cristo na minha vida”. Quando fazia uma entrega em uma loja do Mercadão, a jovem foi con-

Depois de uma vida difícil, o casal Ivete e Arcênio aposta numa vida mais tranquila de trabalho e recheada de viagens. Já conheceram muitos países e na agenda há vários outros. “Nossa vida sempre foi muito simples. Não gastamos dinheiro em coisas supérfluas. Guardamos pra viajar, que é do que gostamos”. O carro, garantem, usam até quando dá. Na foto, paparicando as netas.

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8 touché!8 touché!

vidada a comprar a parte de uma sócia, que decidira mudar de rumos. Entusiasmada com a proposta, conseguiu convencer os pais. “Fizemos das tripas, coração”.

E assim foi. De manhã, Giovana ajudava a mãe. À tar-de ficava na loja e à noite – com o dinheiro que ganhava – cur-sou a faculdade de Direito no Anchieta. A loja passou a ven-der mais. “Quanto frango que eu temperei pra elas. Tudo que punha, vendia”. Hoje, o ponto forte da empresa ainda é a loja do Mercadão.

fiz questão disso”. Nunca fre-quentou cursos. “Uma vez eu fui, mas quando cheguei lá, a professora usava gordura hi-drogenada, credo”, disse ela, que garante nunca ter utili-zado desse recurso. Mantém grande parte das receitas de seu caderninho iniciado em 1963. O brigadeiro é seu carro chefe. “Tem gente famosa que vem aqui só pra isso”.

Nenhum problema de saú-de ou de percurso tirou de Ivete o dinamismo. Começou a pegar no pesado aos 45 anos. Hoje, aos 69, continua traba-

“ “

O que posso dizer foi que o senhor nos abençoou. Muitas pessoas que passam por essa

vida não tem a oportunidade que tivemos

IdentidadeAtualmente, a Ivete Bolos

possui duas lojas e cerca de 50 funcionários. A boleira mudou de casa várias vezes e agora mora num apartamento com o marido. Algumas novidades aterrissaram nas vitrines, mas a dona das mãos mais preciosas da região manteve sua identida-de. Continua mexendo o tacho todos os dias. “Agora menos, por conta de uma tendinite”.

Um de seus maiores se-gredos – e ela não tem medo de revelar – é com a qualidade de seus ingredientes. “Sempre

lhando todo dia. O coração cansado e as sequelas de um pé quebrado dão suas caras dia ou outro. Mas ela segue em fren-te. “O que posso dizer foi que o senhor nos abençoou. Muitas pessoas que passam por essa vida não tem a oportunidade que tivemos”, afirma.

Durante todo o tempo que contou sua história à touché!, as lembranças dos dias mais difíceis trouxeram algumas sombras aos olhos de Ivete. As lágrimas derramadas, porém, me remetiam a uma aconche-gante calda de açúcar.

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9touché!

d e s t i n o( )

Luz, calor, cores e sabores. Cuba desperta o melhor em nossos sentidos!

Viva Cuba!Fotos: Adilson Gandia Junior. Texto: Verônica Schwarz

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10 touché!

Localizada no Golfo do México, a Ilha de Fidel tem uma população de mais de 11 milhões de habitantes. Um povo acolhedor se mistura a paisagens diversificadas, de rara beleza e contrastes. No verão, a temperatura ultra-passa 35 graus e durante 11 meses no ano, os dias são en-solarados. O idioma oficial é o espanhol, porém o cubano tem domínio de inglês, além de não passar vergonha no francês e alemão. Para os estrangeiros, a moeda usada é o peso cubano convertible (CUC), equiparado ao Euro. O dólar é inflacionado em cerca de 20%.

Visitar “La Habana Vieja” é como voltar no tempo. Os pré-dios, datados de quase cinco séculos atrás, exibem uma ri-queza arquitetônica onde pre-domina a influência espanhola. Em 1982, o centro histórico foi tombado pela UNESCO. Vale a pena visitar o Castelo da Força Real, que exibe troca de guardas. Seu “tiro de canho-naço” marcava o fechamento do porto de havana, sempre às 21 horas. Outras paradas imperdíveis são a Marina He-mingway, Malecon (avenida à beira mar), restaurante La Bodeguita Del Médio – pra tomar o melhor Mojito. O Bar

La Floridita possui uma está-tua de Ernest Hemingway em tamanho natural. Lá foi criado o drink daiquiri.

Não deixe de passar na Fá-brica de Charutos Partagás. Lá é possível degustar antes de comprar. Com 10 CUCs é pos-sível visitar o interior do local. Para apreciadores, no Clube de Habana encontra-se Mister Moon, um dos maiores espe-cialistas no assunto.

Havana possui cerca de 14 quilômetros de praias de alto padrão. Entre as principais, Ji-bacoa e Tropico. O Capitólio, cópia idêntica ao americano, é parada para foto obrigatória, Hoje está transformado no Museu da Revolução. De ma-neira geral, a cidade é muito limpa. Dificilmente se encon-tra sujeira no chão.

Os hotéis de Cuba são em sua maioria padrões 4 e 5 es-trelas, com atendimento de óti-ma qualidade. Entre as opções culturais, teatros, balés, con-certos, feiras e congressos. A vida noturna do país é intensa.

O Balneário de Varadero, na província de Matanzas, é considerado o principal ponto turístico de praia, com vôos de helicóptero, ultra leve e práti-ca de paraquedismo. Existem outras opções e todas incluídas

no roteiro de praticantes de mergulho.

Quem mergulha pode co-nhecer uma grande variedade de formação coralínea, como coral negro, esponjas tubula-res, cânions, paredes verticais. Há mais de 500 pontos de mer-gulho em todo o litoral.

Conhecer Cuba é uma su-cessão de surpresas agradá-

veis. É preciso concordar com o poeta espanhol Frederico Garcia Lorca, que disse: “Ha-vana se ergue sobre as planta-ções de açúcar, o som das ma-racás, os trompetes divinos e as marimbas (...) E os negros, com seus ritmos que descubro, tão profundos e típicos, felizes que dizem com orgulho: somos latinos”.

Carros antigos enfeitam as ruas

Castelo da Força Real

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11touché!

Como chegarVia Panamá é a melhor opção. São seis horas de vôo par-

tindo de Guarulhos e mais duas horas até Havana. Vila Lima são 4h40m e mais 4h50 até Havana. As companhias que le-vam são Avianca, Taca e Copa, esta última se destacando pelo melhor atendimento e serviço de bordo.

Capitólio

Arquitetura do centro antigo

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12 touché!

Onde ficarHá opções excelentes, como Melia Hotels

Resorts, Tryp Hotels e Sol Hoteles. Se quiser ficar próximo à Havana Velha, a opção é o Ho-tel Telegrafo, com ar condicionado, excelentes acomodações e atendimento. Há outras alter-nativas, mas certifique-se antes de confirmar, questões de umidade e circulação de ar.

Atendimento

médicoPara turistas, é feito em

unidades específicas. Cuba exige seguro viagem para entrada na ilha. Uma consul-ta médica custa em torno de 40 euros. Segurança

A criminalidade em Cuba é baixíssima. O alto índice de acidentes de trânsito é causado pelo consumo de álcool, mas se limitam à categoria de leves. Não compre charu-tos das mãos de qualquer pessoa. Podem ser de má qualidade.

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13touché!

Feira de ArtesanatoDepois que o cubano foi autorizado na abertura de empresas,

houve uma mudança significativa na qualidade do artesanato. Em um galpão enorme, a feira exibe trabalhos em madeira, cerâmica, coral negro e telas. Os preços são excelentes.

TrânsitoFácil, porém intenso. Há muitos carros antigos em circulação, o

que dá um charme especial à cidade. Além deles, é possível encon-trar os Cocos Taxis e Bicicletas Taxis. Com relação a táxis, melhor utilizar os oficiais, que além de novos, estão equipados com ar con-dicionado. As últimas medidas do governo cubano possibilitaram a entrada de marcas como Honda, Fiat e Hyundai.

Melhor época – Fevereiro a setembro

DELLOS VIAGENS DIFERENCIADASMercadão da Cidade – BOX 85 - 11 – 4521-5329 – Nextel 44223*1

Quem leva

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14 touché!

Ballet nas unhasQuatro cores cintilantes e cremosas marcam as novidades

da coleção “Ballet”. A novidade foi apresentada no desfile Nails Fashion Week e causou frisson. Feminilidade e alegria para a pri-mavera que chega, incorporando a cartela de cores da marca, com 38 opções. Para comprar, procure sua revendedora ou: 0800-708-2866. Loja virtual: www.avon.com.br

Nas prateleiras

Cheiro de verãoAs novas fragrâncias da

linha “´Águas e Brisas”, da Avon, são perfeitas para a pri-mavera que vem chegando. As notas vibrantes prolongam a sensação de frescor que senti-mos logo após o banho. Dispo-nível em dois tamanhos: 150 ml (R$ 32,00) e 300 ml (R$ 51,00). Para comprar, procure sua revendedora ou: 0800-708-2866.Loja virtual: www.avon.com.br.

LiftingA Avon lança duas alternativas inovadoras para o tratamento cos-

mético com efeito lifting, que atuam instantaneamente para levantar e firmar a pele: Renew Clinical Lift & Firm Pro Serum (facial) e Re-new Clinical Eye Lift Pro (olhos). As fórmulas desenvolvidas com in-gredientes de qualidade injetável e de alta pureza ajudam a aumentar a produção natural de elastina. Para comprar, procure sua revendedo-ra ou: 0800-708-2866. Loja virtual: www.avon.com.br

Fragrância internacionalToda a sensualidade e feminilidade da cantora Fergie marcam

a nova fragrância internacional da Avon: Outspoken Intense by Fergie. Criada pelo perfumista Laurent Le Guernec, da Casa de Fragrância IFF, tem em sua composição carambola vibrante, gar-dênia, flor de laranjeira, além de nuances almiscaras, envoltas por âmbar branco e um toque exótico de kumquat. Preço sugerido: R$ 70,00. Para comprar, procure sua revendedora ou: 0800-708-2866. Loja virtual: www.avon.com.br

Entre 19 de setembro a 23 de outubro, cerca de 80 lojas de Jundiaí participam do 3º AT! Bazar da Ateal. O evento, que reúne marcas expres-sivas a custos menores, acontece nos Pavilhões do Parque da Uva, entre 10 e 22 horas.

Ateal realiza3ª AT! Bazar

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16 touché!

No início de agosto, a in-corporadora FA Oliva lançou o Quinta do Pinhal, primeiro empreendimento em Cabreúva, onde antes existia uma fazenda destinada à produção de vinhos. O projeto possui lotes com mil metros quadrados e o grande desafio foi preservar a histó-ria do local, como os barris da adega, que servem para decorar ambientes.

Os terrenos – 213 no total – já estão prontos para receber as construções. Com infraestru-tura completa, as ruas foram projetadas seguindo o conceito de sistema viário inteligente, que evita cruzamento das vidas. O loteamento é totalmente fe-chado, com uma portaria única, vigiada 24 horas.

Na área de lazer, piscinas – inclusive climatizadas, sauna,

FA Oliva lança empreendimentoem antiga fazenda de vinho

academia, quadra de squash, salão de jogos, quadras de tê-nis, esportiva, futebol society. Uma praça linear rodeada por árvores frutíferas incentiva as crianças nas brincadeiras de outros tempos, como empinar pipa, andar de bicicleta, correr e se divertir.

A Fazenda do Pinhal tinha 145 hectares e foi adquirida em 1948 pelo imigrante italiano Hermes Traldi. Lá eram planta-dos uvas, pêssegos, marmelos, figos e frutas típicas. Dentre as variedades de uva, destinadas à vinificação, estavam Moscatel, Seyve Villard e Seibel 2. Em seu ápice, nas décadas de 50 e 60 do século passado, era a maior produtora individual de uvas do Brasil, chegando a ter um mi-lhão de videiras cultivadas em suas terras.

lançamento)(

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17touché!

Gerson Sartori foi candi-

dato a Prefeito em Jundiaí nas

eleições de 2008 pelo Partido

dos Trabalhadores, presidiu a

Comissão Municipal de Em-

prego e mantém um atuante

trabalho no segmento de mobi-

lidade urbana, discutindo além

do pedágio, a implantação do

bilhete único.

Foram quase 6 meses de avaliação popular, mais de 684 propostas, 309 problemas, 5655 comentários e 14.012 apoios. Esse é o saldo do proje-to Cidadonos, levado ao ar pelo site Cidade Democrática que teve o projeto do Bilhete Único, de autoria de Gerson Sartori, como o mais apoiado, receben-do 778 votos. Logo atrás ficou o deputado Federal, Luiz Fer-nando Machado, que apostou na qualificação profissional.

Após a apuração, as 12 pro-postas devem compor a agenda cidadã, que será encaminhada para as autoridades públicas, turbinadas pelo apoio popular. Do mesmo grupo por trás do Cidadonos, outros projetos li-

Com bilhete único liderando, Projeto Cidadonos elege prioridades para Jundiaí

gados a cidadania já foram le-vados adiantes de forma exem-plar, como o voto consciente, mostrando o atual momento de forte participação popular, gestado a partir das mídias so-ciais.

Mobilidade UrbanaGrande parte das propos-

tas mais votadas, inclusive a vencedora, tratam de um tema comum nas grandes ci-dades brasileiras – a mobili-dade urbana.

“Sem dúvida essa é uma questão presente no dia-a-dia das pessoas e que precisa de muita disposição do poder público para modificar a con-dição que vivemos atualmen-te”, acredita Gerson Sartori. Segundo ele, seria um erro demonizar o aumento do vo-lume de veículos, principal-mente aqueles conquistados pelas classes sociais que estão tendo a oportunidade de, pela primeira vez, terem um carro.

“Há várias razões para o estado caótico do trânsito e

Bilhete Único em Jundiaí Gerson Sartori 778 apoiosQualifica Jundiaí Luiz F. Machado 508 apoiosÔnibus por R$ 1,00 Diretório UniAcheita 514 apoioTransporte publico eficiente Marilena Negro 404 apoiosCiclovias Luiz Ballas 349 apoioUni. Federal em Jundiaí Pedro Santiago 396 apoioOrçamento Participativo Durval Orlato 280 apoioMetas Legistaltivas Voto Consciente 300 apoioAluguel de Bicicletas Paulo Tafarello 287 apoioResponda, Deputado Voto Consciente 250 apoioDivulgar o “Cidade Democrática” Henrique P. Parra 250 apoioIncentivo a cultura Valeria Ballas 246 apoio

algumas saídas. Melhorar o transporte público, por exem-plo, pode significar menos car-ros nas ruas. Agora seria uma tremenda injustiça atribuir a culpa ao crescimento econô-mico, que pela primeira vez na história do pais está promo-vendo um razoável distribui-ção de renda”, acredita.

Vejas as 12 propostas da Agenda Cidadã

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18 touché!

Cabreuva ganha Centro de NegóciosO interior de São Paulo,

definitivamente, é a bola da vez do impulso econômico do Brasil. Por onde se olha em nossa região, há cons-truções subindo, empresas se instalando, universidades sendo inauguradas e oportu-nidades surgindo. Cabreúva não faz por menos.

Já está em fase de im-plantação o CECOM – Cen-tro Empresarial e Comercial Cabreuva – que ocupará uma área de mais de 300 me-tros quadrados, entregando um completa infra-estrutura num lugar para lá de privi-legiado.

Os interessados podem acessar www.cecomcabreu-va.com.br ou ligar 11-4529-7630

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[email protected]

Infelizmente, pude pro-var mais uma vez o gosto amargo dessa tese. Fui rou-bado. Surripiaram meu Ipad sem dó nem piedade. Estava viajando. Em Berlim. Assim que dei por sua falta, me de-sesperei, mas uma chama de esperança riscou meu cora-ção – em meu Ipad estava instalado um localizador, uma gentileza da Apple para casos como esse.

Vai ser fácil e esses bandidos verão o sol nas-cer quadrado, pensei. Afi-nal tudo parecia conspirar a meu favor. Eu iria saber onde estavam e contava com a ajuda da polícia. Da polícia alemã. Assim que os malditos larápios ligaram

tecnologia

Tecnologia 10 x Polícia 0

Avanços tecnológicos sempre estiveram muito à frente da capacidade de resposta da sociedade. Desde a invenção da máquina a vapor, passando pelo rádio, telégrafo, telefone e naturalmente os modernos meios informáticos, leis, procedimentos e uma forma eficiente de lidar com essas tecnologias se arrastam. As autoridades simples-mente não conseguem acompanhar os avanços.

meu bebê, surgiu na tela do computador em que eu to-caiava os meliantes, o local onde ele estava. No Google maps uma bola azul loca-lizou o pequeno. Mostrou a quadra, o prédio, a rua com uma precisão cirúrgica. Agora os malditos chucru-tes iriam ver, mexeram com o brasileiro errado.

Imprimi o mapa e, com ajuda da embaixada brasi-leira, dei o serviço para os policiais. Vão lá meninos, fa-çam seu serviço, prendam os bandidos e recuperem meu Ipad. Doce ilusão. A polícia germânica parecia incrédu-la diante dos meus argu-mentos. Não poderiam ir até o local, não sem um manda-

to, algo assim. No máximo, uma patrulha passaria em frente, daria uma volta nas proximidades. Sabe como é, uma incerta. Sei.

Talvez, eles imagina-vam, ao ver o carro da po-lícia passando por ali, os gatunos iriam se render. Diante da cena, apenas sor-ri discreto em sinal do meu desapontamento.

Não havia um CSI Ber-lim? Não havia uma forma mais eficiente de agir? Por acaso, um justiceiro mas-carado não estaria por per-to? Nada. Não havia nada. Os homens da lei apenas pareciam interessados em registrar tudo de forma efi-ciente, mas davam a nítida

André Barros,desconfiava, mas agora tem

certeza que a realidade diante dos filmes mostra que a eficiência dos policiais são sempre ficção, mas os

bandidos, esses são reais.

impressão de não acreditar na remota possibilidade de recuperar meu bem. Mesmo com o endereço embaixo de seus narizes. Me resignei, e voltei para casa deixando meu pobre gadget em terras estranhas, nas mãos de des-conhecidos. Malditos sejam.

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v i v e r b e m

Fernando Balbino Graduado em Educação

Física pela UNESP de Rio Claro, mestre em Filosofia

da Educação pela UNIMEP, doutor em Ciências Sociais

pela PUC de São [email protected]

v i v e r b e m

Vivemos “de olho no fu-turo” mesmo que as coisas aconteçam no presente. Talvez disto surja o fracasso ou des-respeito ao tempo. Indianistas atestaram que outras culturas têm compreensão temporal diferente da nossa, sem a pres-são gerada pelas preocupações com o amanhã. Vivem passiva-mente o presente e encontram felicidade nas tarefas e na vida. Luxo não permitido na nossa cultura.

Mandou uma carta? Cartas demoram algum tempo para chegar, devido a concretude da viagem material. Percorrem ruas, estradas, céus e mares levando sonhos daqueles que se tornam cúmplices. Cartas dizem muito sobre o tempo. Vão além de acontecimentos e fatos. São mais do que uma simples mensagem. Nas letras o registro inconfundível e ina-

Tempo, cartas evida instantânea.

O tempo absorve, assusta e admira: de tão complexo foi negado enquanto concei-to devido a sua imaterialidade. Pensadores defenderam teses de que o tempo é uma invenção da cultura, sendo impossível de ser “medido” por nossas mentes. Se filoso-ficamente tudo pode ser rejeitado, da negação surge a afirmação. Estamos presos a linearidade dos acontecimentos. Somos escravos do tempo e consequentemente da nossa finitude.

lienável de alguém e da perso-nalidade inimitável. Carrega marcas indeléveis de alguém, que de certa forma, segue den-tro de um envelope. Na chega-da traz um pouco do outro. Na letra, que é única, um pedaço do autor. Peça única. Talvez até um perfume...

Cartas de amor ainda são enviadas? Quem recebe uma carta quase sempre sabe que a mesma estava a caminho. Du-rante o tempo necessário para o transporte vão se inflando os sentimentos. Antes que a carta chegue existe o momen-to da espera, o lapso temporal em que o pensamento divaga aguardando por conteúdos e sentimentos. A mente, mais rápida, recria a vida, assuntos e histórias. Algumas pessoas têm o precioso papel amarela-do com lembranças de alguém que já se foi. Casos de amor são

eternizados. Cartas de amor são marcas de uma geração, ou de afortunados que registra-ram a razão de uma vida, que transcorreu num instante. São loucos sentimentos tatuados em papel. Quer algo mais ínti-mo e intenso do que escrever de próprio punho o quanto se ama? Da originalidade nasce a preciosidade. Sei da existên-cia de algumas belas cartas, mensagens e lembranças de outro tempo, ou será de outro mundo?

A internet nos deu ou tirou algumas coisas? Se a comuni-cação melhorou e se tornou mais eficiente, a personaliza-ção da mensagem está diferen-te. Ganhos e perdas. Saudosas lembranças do tempo em que havia obrigatoriamente a espe-ra. Para os jovens parece absur-do a simples ideia de esperar uma carta! E-mails e mensa-

gens de celular são simultâne-os. A vida ocorre instantânea. Novos tempos, evidente que, nem melhores ou piores. Mas por isto não se mandam mais cartas, nestes tempos em que esperar por qualquer coisa são qualidades quase impossíveis. Somos seres viventes on line, em que tudo acontece em tem-po real. Na internet quase não existem conflitos temporais. As mensagens são transmiti-das e chegam quase ao mesmo tempo. Não existe espera. Vi-vemos o “just in time”. Na fi-bra ótica ou ondas de rádio a viagem das mensagens é prati-camente imaterial, mesmo que discordem os físicos com suas teorias quânticas. Tudo isto é parte destes “novos tempos”, que alguns até dizem que não existe...

Assista “A casa do Lago”. Uma caixa de cartas contém muitas histórias, além de car-tas. Pode ser um portal do tempo. Em nosso percurso ad-quirimos objetos ou experiên-cias que quando evocados são viagens a lugares e situações mágicas. Coisas do tempo!

Aproveite que os correios ainda existem. Mande uma carta para quem você ama! Mas não deixe para amanhã...

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t a s t e

Godofrêdo Sampaio Médico, escritor e aficionado

por vinhos, charutos e boa mesa. Membro e ex-presidente da

Academia Jundiaiense de [email protected]

Os vinhos de sobremesa, desconhecidos da maioria das pessoas, por suas caracterís-ticas (doces, com elevado teor alcoólico, extremamente fruta-dos e potentes), são ideais para serem servidos no final de uma série de outros vinhos, acom-panhando bem a sobremesa. A presença de açúcares naturais das uvas após a elaboração é o diferencial técnico com a maio-ria dos vinhos. Para ser consi-derado um vinho de sobreme-sa, há necessidade de controlar o açúcar residual para que não ultrapasse 40 gramas por litro. Os vinhos que ultrapassam essa marca são denominados de licorosos. Alguns vinhos são denominados como “sua-ves”, e divergem dos de sobre-mesa exatamente por recebe-rem adição de açúcar no final da fermentação.

Os principais produtores mundiais são a Hungria, Fran-ça, Alemanha, Itália, Chile e Austrália. Entre os melhores,

Algumas pessoas, mesmo com certa experiência com vinhos, têm dificuldade na hora de indicar a ordem de servir essa bebida. A princípio, divulgo uma regra simples que facilita o serviço, indicando os mais leves antes das refeições e os mais encor-pados depois, terminando com um vinho de sobremesa. Fica claro quando falamos de vinhos simples de aromas primários na entrada, ou mesmo dos mais nobres, com qualidade e maior intensidade de sabores durante as refeições, mas as dúvidas sur-gem quando nos referimos ao vinho de sobremesa.

os mais conhecidos são: Mus-cat, Sauternes e Takaji. As uvas Muscats (Moscato na Itá-lia, ou Moscatel entre nós) dão origem a um vinho encorpado, doce, com forte perfume a al-míscar. Existem quatro varie-dades de uvas (Blanc à Petits Grains, Ottonel, Hamburg e Alexandria), e acredita-se que teve origem na Grécia anti-ga. O Muscat é fabricado pelo método da colheita tardia (late harvest), que consiste em co-lher a uva após várias semanas da data ideal de maturação, o que provoca a desidratação e consequente aumento no teor de açúcar.

Os Sauternes são origi-nários da região de Bordeaux (França) e produzidos pelo método da “podridão nobre”. Neste processo, as parreiras são atacadas pelo Botrytis Ci-nérea, um fungo que faz pe-quenos furos na uva, que por sua vez perdem grandes por-ções de líquidos e concentram

maior quantidade de açúcar. Os vinhos Sauternes pos-suem aromas que vão do mel a toques de frutas. A região de Barsac, próxima a Sauternes, produz um vinho muito seme-lhante e com preço bem menor que os Sauternes, que são con-siderados caros.

O Tokay (ou Takaji), pro-duzido na Hungria pelo mes-mo método dos Sauterns e Barsacs (“podridão nobre”), é considerado por muitos como o melhor vinho de sobremesa do mundo. As uvas utiliza-das são: Furmint, Hárslevelü, Muscat Blanc à Petits Grains e a Orem. Os Tokays são classi-ficados conforme a quantidade de açúcar residual, recebendo notas de 2 a 8, denominadas de “Puttonvos”. Quanto mais açúcar, maior o Puttonvos, e o vinho é considerado melhor. Assim, o Puttonvos 8 (Tokay Aszú Essencia) é o melhor de todos. O consumidor deve fi-car atento à origem do Toakay,

uma vez que existe um vinho produzido na Alsácia (França) que também é denominado de Tokay, porém totalmente dife-rente do vinho húngaro.

Além dos métodos da “co-lheita tardia” e da “podridão nobre”, existem mais dois mé-todos de produção de vinhos de sobremesa: o congelamen-to das uvas e a passificação, que são utilizados nos vinhos menos conhecidos. Alguns vi-nhos exóticos da Alemanha servem de exemplo para o mé-todo de congelamento, como: o Eiswein, o Trockenbeere-nauslese e o Gewürztraminer. O processo de passificação, o mesmo da produção de uvas passas, consiste na colheita da uva no tempo ideal de matura-ção e secagem em esteira den-tro de galpões, o que provoca a desidratação do fruto, con-sequentemente, aumentando a concentração de açúcar. Esse é o processo mais utilizado na Itália, originando os vinhos doces Passitos da Sicília, Emí-lia-Romana, e os Rociotos do Veneto. Embora classificados como uma bebida digestiva, os vinhos do Porto também são considerados como de sobre-mesa. Estes vinhos estão se tor-nando cada vez mais populares, inclusive no Brasil, que não tem tradição na arte de harmonizar alimentos e bebidas.

VINHOS DESOBREMESAVINHOS DESOBREMESA

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