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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR

    INSTITUTO DE TECNOLOGIA

    FACULDADE DE ENGENHARIA MECNICA

    VITOR DIAS DO VALE / 05021002401

    PROPOSTA DE APLICAO DO

    TEOREMA DE CASTIGLIANO

    BELM

    2013

  • VITOR DIAS DO VALE / 0502102401

    PROPOSTA DE APLICAO DO

    TEOREMA DE CASTIGLIANO

    Trabalho de Concluso de Cursoapresentado ao Colegiado da Faculdade deEngenharia Mecnica do Instituto deTecnologia da Universidade Federal do Parpara obteno do grau de EngenheiroMecnico.

    Orientador: Prof. Me. Eng. Mauro JosGuerreiro Veloso.

    BELM

    2013

  • VITOR DIAS DO VALE / 0502102401

    PROPOSTA DE APLICAO DO

    TEOREMA DE CASTIGLIANO

    Trabalho de Concluso de Curso

    apresentado para obter o grau de Engenheiro

    Mecnico pela Universidade Federal do

    Par. Submetido banca examinadora

    constituda por:

    Prof. Me. Eng. Mauro Jos Guerreiro Veloso

    UFPA Orientador, Presidente

    Prof. Dr. Eng. Jerson Rogrio Pinheiro Vaz

    UFPA - Membro

    Prof.Eng. Arielly Assuno Pereira

    UFPA - Membro

    Julgado em ____ de _________ de _______.

    Conceito:

    BELM

    2013

  • Se o relgio indica a existncia do relojoeiro, se

    o palcio anuncia o arquiteto, como poderia o

    universo no demonstrar a inteligncia

    suprema? Que planta, que animal, que

    elemento, que astro, no traz a marca daquele a

    quem Plato chamava o Eterno Gemetra?...

    Provas contra a existncia de uma Inteligncia

    Suprema nunca ningum as deu.

    Voltaire

  • Dedico esta obra, primeiramente, aos meus

    pais Vitor e Vilma, por todo empenho e apoio

    incondicional para que eu pudesse chegar onde

    estou. A toda minha famlia e amigos, que

    estiveram comigo em todos os momentos.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus, por todas as condies favorveis encontradas para que chegasse a concluso

    desse trabalho. A minha famlia, que me deu toda a ajuda necessria durante o longo caminho

    at a finalizao desta obra. Aos meus tios e tias, em especial minha tia Selma, por todo

    incentivo e motivao que me fazem sempre seguir em frente.

    Muito Obrigado!

  • RESUMO

    O presente trabalho visa a elaborao de uma metodologia simplificada de aplicao do

    Teorema de Castigliano, o qual corresponde a um mtodo energtico aplicado ao clculo de

    deflexo de vigas. Para alcanar esse objetivo foi desenvolvido um quadro de equaes

    contendo o resultado da anlise de aplicao do Teorema, onde foram selecionadas as equaes

    para os casos de solicitao por trao, cisalhamento, toro e flexo. Para uma abordagem

    correta e ampla do Teorema de Castigliano, foram demonstrados, ao longo deste trabalho, os

    conceitos bsicos necessrios ao seu entendimento, tais como: deformao de um corpo e

    energia de deformao. Ao final, duas aplicaes tericas e dois estudos de casos foram

    apresentados com a finalidade de demonstrar a aplicabilidade do quadro.

    Palavras-chave: Cisalhamento. Deformao. Energia de deformao. Flexo. Teorema de

    Castigliano. Torque. Trao.

  • ABSTRACT

    The present paper aims at the development of a simplified methodology for the

    application of Castigliano's theorem, which corresponds to a power method applied to the

    calculation of deflection of beams. To achieve this goal was developed a table of equations

    containing the result of the analysis of the application of the theorem, where the equations were

    selected for the cases of request for traction, shear, torsion and bending. For a correct approach

    and wide of Castigliano's theorem, were demonstrated, throughout this work, the basic

    concepts necessary for their understanding, such as: a body deformation and deformation

    energy. In the end, two theoretical and two case studies were presented to demonstrate the

    applicability of the table.

    Keywords: Bending. Deformation. Shear. Strain energy. Theorem of Castigliano. Traction.

    Twist.

  • LISTA DE SMBOLOS

    : derivada parcial.

    A: rea da seo transversal.

    W: trabalho virtual.

    dx: variao espacial no eixo x.

    dy: variao espacial no eixo y.

    dz: variao espacial no eixo z.

    E: mdulo de elasticidade.

    G: mdulo de elasticidade transversal.

    I: momento de inrcia.

    J: momento polar de inrcia.

    kc : coeficiente de correo para energia de deformao por cisalhamento.

    ko : constante de rigidez torcional.

    l: comprimento longitudinal de um corpo.

    M: momento fletor.

    N: fora normal (axial).

    P: fora qualquer.

    Q: carga generalizada.

    T: torque ou momento torcional.

    U: energia de deformao.

    V: fora cortante ou cisalhante.

    : deformao angular longitudinal para corpos cilndricos.

    : deslocamento.

    : alongamento relativo.

    : deformao angular por cisalhamento.

    : tenso axial.

    : deformao angular na toro.

    : tenso de cisalhamento.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO....................................................................................................................10

    1.1 Consideraes iniciais.......................................................................................................10

    1.2 Objetivos............................................................................................................................10

    1.3 Justificativa........................................................................................................................11

    1.4 Metodologia........................................................................................................................11

    1.5 Estrutura do trabalho ......................................................................................................12

    2 HISTRICO SOBRE O TEOREMA E SEU AUTOR.....................................................14

    3 O TEOREMA DE CASTIGLIANO...................................................................................18

    3.1 Teorema de Castigliano pelo Princpio da Energia Potencial Estacionria.................23

    3.2 Problemas estaticamente indeterminados.......................................................................25

    4 ENERGIA DE DEFORMAO........................................................................................29

    4.1 Energia de deformao na trao....................................................................................30

    4.2 Energia de deformao no cisalhamento........................................................................33

    4.3 Energia de deformao na toro....................................................................................35

    4.4 Energia de deformao elstica na flexo.......................................................................38

    5 O TEOREMA NA PRTICA.............................................................................................41

    5.1 Para carregamento axial...................................................................................................41

    5.2 Para carregamento cisalhante transversal......................................................................41

    5.3 Para carregamento torcional............................................................................................42

    5.4 Para Carregamento por momento fletor........................................................................43

    5.5 Proposio de quadro.......................................................................................................43

    5.6 Utilizaes do quadro........................................................................................................44

    6 APLICAES.....................................................................................................................46

    6.1 Aplicao 01.......................................................................................................................46

    6.2 Aplicao 02.......................................................................................................................49

    6.3 Estudo de caso 01..............................................................................................................54

    6.4 Estudo de caso 02..............................................................................................................59

    7 CONCLUSES....................................................................................................................67

    REFERNCIAS......................................................................................................................69

  • 10

    1 INTRODUO

    1.1 Consideraes iniciais

    O presente Trabalho de Concluso de Curso tratar de uma proposta de aplicao do

    Teorema de Castigliano, o qual consiste em um mtodo matemtico que possibilita o clculo

    da variao na posio de um ponto sobre um corpo, no qual est sendo aplicada uma

    determinada fora, sendo a variao calculada na mesma linha de atuao da fora. Tal

    mtodo baseia-se principalmente na anlise da energia de deformao.

    A energia de deformao, de acordo com Hibbeler (2004), corresponde energia

    armazenada em um corpo deformado devido ao de uma carga que atua sobre ele. Caso

    no haja perdas, o trabalho externo realizado por essa carga ser totalmente transformado em

    trabalho interno, que se apresenta sempre de forma positiva, e provocado pelo surgimento

    de tenses no corpo. Sendo essa energia responsvel por fazer o corpo voltar ao seu estado

    no deformado.

    Ainda de acordo com Hibbeler, a necessidade de se estabelecer limites para o valor da

    deflexo (ou deformao), que uma viga ou eixo, pode suportar quando submetido a cargas,

    se apresenta de forma corriqueira. Norton (2010) diz que um projetista necessita conhecer,

    no apenas as tenses geradas em uma viga de material dctil, mas tambm as suas deflexes,

    sendo que qualquer carga que venha a ser aplicada em uma determinada viga, inevitavelmente

    esta causar uma certa deflexo, e se tal deflexo no causar deformao alm do ponto de

    escoamento, a viga retornar ao seu estado inicial (no deformado) ao se remover tal carga.

    Porm, se a deflexo levar o material de composio da viga a exceder seu ponto de

    escoamento, tal material escoar, pois ter entrado em sua zona plstica o que resultar em

    deformaes permanentes ou at mesmo a ruptura do material.

    1.2 Objetivos

    Tem-se por objetivos, a realizao de uma reviso bibliogrfica, demonstrao terica,

    aplicaes e elaborao de um quadro composto das variaes do Teorema de Castigliano,

    que corresponde a um mtodo energtico para o clculo da deflexo de vigas com base na

    energia de deformao, fora/carga aplicada e deformao resultante observada em uma

    determinada viga, que se apresente dentro da zona elstica do grfico tenso/deformao

  • 11

    (). Apresenta-se como objetivo maior deste trabalho, a elaborao de uma maneira verstil

    de aplicao do Teorema de Castigliano atravs da implementao do quadro que conter as

    diversas combinaes que podem resultar da juno entre a equao de tal teorema com as

    equaes existentes para o clculo da energia de deformao nos casos de trao/compresso,

    cisalhamento, toro e flexo. Esses objetivos esto apresentados na listagem abaixo.

    Objetivo especfico:

    Elaborar um quadro de equaes baseado no Teorema de Castigliano.

    Objetivos gerais:

    Desenvolver uma metodologia simplificada para o uso do Teorema de

    Castigliano em situaes prticas;

    Aplicar a metodologia proposta a dois estudos de caso.

    1.3 Justificativa

    O clculo de deflexo de viga apresenta-se como forma de garantir a segurana

    pessoal/patrimonial nas corriqueiras aplicaes de cargas adicionais em uma determinada

    estrutura. Pois, atravs desse clculo pode-se prever que a estrutura ter ou no capacidade de

    suportar carga adicional sem que haja deformao permanente que causaria comprometimento

    da estabilidade de tal estrutura. Apresenta-se, portanto, o Teorema de Castigliano, um mtodo

    prtico e eficaz para que se possa efetuar tal clculo. Porm, tal Teorema apresentado apenas

    de forma genrica em todas as literaturas pesquisadas, enxergando-se assim, a necessidade de

    implementao de equaes derivadas do Teorema em questo, na forma de um quadro de

    equaes que venha a contribuir para uma forma simplificada de sua aplicao.

    1.4 Metodologia

    Para a parte inicial do Trabalho foi feita uma pesquisa bibliogrfica com a finalidade

    de expor a formulao terica a respeito do Teorema e identificar os princpios no qual ele se

    baseia. Partiu-se ento para o entendimento do Teorema, onde foi identificada a necessidade

    da abordagem sobre Energia de Deformao. Como o Teorema leva o nome de seu autor,

    tambm foi realizada uma pesquisa sobre a biografia desse ilustre engenheiro.

    Aps a seleo dos assuntos e autores, partiu-se ento para a montagem do quadro de

  • 12

    equaes proposto. Como a simples montagem do quadro, por si s, no explicaria muita

    coisa, definiu-se que tambm seria necessria a busca de exemplos que servissem de base para

    uma explicao de como o quadro dever ser usado. Sendo ento possvel comprovar a

    aplicabilidade do quadro.

    1.5 Estrutura do trabalho

    A presente seo configura-se como uma sntese de todo o trabalho, sendo de vital

    importncia para o entendimento do contedo que vem a seguir, bem como a sua finalidade,

    pois cada um dos prximos captulos representa o desdobramento do que foi proposto neste.

    Na seo seguinte, foi reservado um espao para falar sobre a histria de vida de Carlo

    Alberto Castigliano e seu teorema, o qual a base deste trabalho, apontando no apenas fatos

    relevantes elaborao do seu teorema, como trechos interessantes sobre sua vida pessoal,

    que mostraram que ele no foi apenas um grande estudioso e engenheiro, mas um grande

    exemplo de vida a ser seguido.

    Posteriormente, na seo 3, feita a abordagem do Teorema de Castigliano,

    utilizando-se dos argumentos de trs autores distintos para a demonstrao dos princpios que

    norteiam a sua base terica, bem como as condies de aplicabilidade desse Teorema.

    Na seo 4, constam explicaes sobre Energia de Deformao, assunto no qual o

    Teorema de Castigliano se baseia. Nessa seo ficaro mais evidentes as situaes onde o

    Teorema em questo se faz til, esclarecendo para os casos de tenso, cisalhamento, toro e

    flexo como se chegar ao clculo da energia de deformao constante nessas trs situaes

    para posterior utilizao, com o Teorema de Castigliano, para se achar a deflexo de um corpo

    devido a aplicao de uma fora, ou a fora que resultou em tal deflexo.

    seo 5 ficou reservada a tarefa de se expor como o Teorema de Castigliano se une

    s equaes de Energia de Deformao para ento gerar as novas equaes que possibilitaro

    o calculo das deflexes ou foras geradoras de tais deflexes. Sendo tambm neste captulo

    feita a elaborao do quadro proposto neste trabalho bem como sua aplicabilidade.

    Na seo 6 feita a demonstrao da utilizao do quadro proposto no captulo

    anterior, utilizando-se de duas aplicaes e dois estudos de caso. Sendo na primeira aplicao

    utilizado a forma tradicional de aplicao do teorema e na aplicao seguinte e nos dois

    estudos de caso utilizado o quadro de equaes proposto.

  • 13

    Por fim, na seo 7 constam as concluses e consideraes resultantes da elaborao

    deste trabalho bem como sugestes de trabalhos futuros. Sendo ento, este Trabalho de

    Concluso de Curso composto por sete sees.

  • 14

    2 HISTRICO SOBRE O TEOREMA E SEU AUTOR

    O teorema em questo foi proposto em 1879 pelo engenheiro ferrovirio, Carlo

    Alberto Castigliano (figura 1), que publicou, em um livro intitulado Thorie de lquilibre

    des systmes lastiques, et ses applications (em portugus: Teoria de Equilbrio de Sistemas

    Elsticos e Suas Aplicaes), o mtodo para determinar o deslocamento e a inclinao de um

    ponto em um determinado corpo (Boley, 2008).

    Figura 1 Carlo Alberto Castigliano

    Fonte: ROBERTSON, 1997

    De acordo com Norton (2006), o Teorema de Castigliano apresenta-se como um dos

    mtodos mais utilizados na engenharia para a resoluo de problemas envolvendo deflexo de

    vigas. Norton ressalta ainda que, essa larga utilizao decorre principalmente do fato de ser

    possvel a soluo de problemas de vigas estaticamente indeterminadas, alm de vrios

    motivos.

    Boley (2008) relata que o teorema foi decorrncia do surgimento de um grande grupo

    de engenheiros estruturais na Itlia, durante a segunda metade do sculo XIX, que, em sua

    grande parte, foi responsvel pela criao e popularizao dos vrios mtodos de anlise

    estrutural com base nos conceitos de trabalho-energia. Este grupo inclua homens de diversas

    vocaes, e a lista proposta por Boley (2008), contendo os nomes, considerados como

    principais pelo autor, notvel, tanto pela versatilidade dos indivduos relacionados, quanto

  • 15

    pelas provas que apresentam o vigor intelectual e cientfico daqueles tempos: Alessandro

    Dorna (1825 - 1866, engenheiro e astrnomo), Luigi Menabrea (1809-1896, general e

    estadista), Francesco Emilio Sabbia (1838-1914, em geral), Angelo Genocchi (1817-1889,

    matemtico), Enrico Betti (1823-1892, matemtico e engenheiro), Vincenzo Cerruti (1850-

    1909, engenheiro e matemtico), Francesco Crotti (1839-1896, engenheiro), Luigi Donati

    (1846-1932, fsico), e, claro, Castigliano.

    Na publicao de Robertson (1997), encontra-se a afirmao que Castigliano nasceu

    em 8 de novembro de 1847 na cidade de Asti na regio de Piemont no noroeste da Itlia, em

    uma famlia de origem humilde, filho de Giovanni e Orsola Cerrato. Seu pai faleceu quando

    ele tinha 16 anos, porm sua me casou-se novamente, e ele recebeu apoio de seu padrasto

    para seguir com seus estudos. Por quatro anos estudou no Instituto Tcnico de Terni, na

    mbria. Boley (2008) afirma que durante a estadia de Castigliano na mbria, ele tambm

    teria lecionado Projeto de Mquinas e Mecanismos em tal Instituto, e voltou em 1870 para a

    regio de Piemont para estudar no Instituto Politcnico de Turim (figura 2). Boley conta ainda

    que, como estudante l, foi que ele comeou seu trabalho sobre a teoria das estruturas,

    levando-o sua primeira publicao, que foi a sua celebre dissertao em 1873. A

    Giovannardi (2009) relata que durante a graduao de Engenheiro Mecnico pelo Instituto

    Politcnico de Turim, ele precisou conciliar seus estudos com empregos para poder

    complementar sua renda. Aps aprovao no Real Museu Industrial de Turim, ele se tornou

    professor de Matemtica aplicada nessa mesma instituio.

    Giovannardi conta ainda que, em 1873, Castigliano foi contratado pela Strade Ferrate

    Alta Italia, companhia ferroviria italiana que o lotou, inicialmente na cidade de Alba, mas

    decorrido um ano, ele foi transferido pra o escritrio de projetos da companhia, em Turim. Em

    fevereiro de 1875, a sede do Instituto de Artes, em Milo, o chamou para a concepo e

    acompanhamento de todas as grandes obras da rede ferroviria no norte da Itlia, que exigiam

    alto nvel tcnico de conhecimento. Sua alta eficincia, fez com que, decorrido apenas trs

    anos na funo, ele fosse promovido a chefe da seo. Boley (2012) acrescenta que ele

    manteve essa ultima posio at sua morte, porm durante todo o tempo continuou a estudar e

    a escrever. A morte de Carlo Alberto Castigliano ocorreu em Milo, na noite de 25 de outubro

    de 1884, aos 36 anos, vtima de pneumonia. Conforme o descrito em Giovannardi (2009).

    Boley (2008) expe que as principais contribuies de Castigliano so os dois

    teoremas conhecidos pelo seu nome. O primeiro destes, contido na sua tese, Intorno ai sistemi

    elastici, afirma que a derivada parcial da energia de deformao considerada como uma

  • 16

    funo das foras aplicadas (ou momentos) que atuam sobre uma estrutura linear elstica,

    com relao a apenas uma dessas foras (ou momentos), igual ao deslocamento (ou rotao)

    na direo da fora (ou momento) do seu ponto de aplicao. Boley afirma ainda que,

    Castigliano incluiu o caso de reaes externas, no prescritas, observando que quando o apoio

    correspondente a essas reaes no for flexvel, a derivada parcial zero e que o seu teorema,

    em seguida, reduz-se ao "princpio do menor esforo" de autoria de Luigi Federico Menabrea.

    Em 1875 Castigliano publicou seu segundo teorema, em que a energia de deformao

    considerada uma funo dos deslocamentos indeterminveis de pontos de limite discretos; sua

    derivada em relao a um destes deslocamentos resulta na fora correspondente atuante no

    corpo.

    Boley (2008) expe ainda que outros marcos histricos de princpios energticos deste

    tipo foro a comprovao, por Clapeyron, em 1827, do princpio da conservao do trabalho,

    igualando o trabalho realizado pelas foras externas aplicadas com o trabalho interno

    realizado pelas tenses; desenvolvimento por Menabrea de seu princpio do menor esforo, e

    comprovao independente de Cotterill (desconhecido para Castigliano) dos Teoremas de

    Castigliano.

    Robertson (1997) afirma que a seguinte proposio foi a feita por Castigliano em sua

    primeira dissertao, e que posteriormente passou a ser chamada de Teorema de Castigliano,

    em sua homenagem:

    ... a derivada parcial da energia de deformao, considerada como uma funo das

    foras aplicadas que atuam sobre uma estrutura linear elstica, com relao a uma dessas

    foras, igual ao deslocamento na direo do ponto de aplicao da fora. (subcitao: B A

    Boley, Biography in Dictionary of Scientific Biography (New York 1970-1990))

    Robertson (1997) afirma ainda que, os resultados de Castigliano adotavam o princpio

    do menor esforo como sendo um caso especial, e isso o levou a uma disputa com Luigi

    Frederico Menabrea, disputa na qual Castigliano no se saiu to bem quanto ele esperava.

    Para Boley (2012) est claro que o princpio de Menabrea pode ser considerado como

    incluso nos teoremas de Castigliano, porm as provas apresentadas por Menabrea na poca,

    no foram satisfatrias para comprovar sua tese e foram de fato repetidamente modificadas

    por ele devido s vrias crticas sofridas. A nova demonstrao de Menabrea sobre o seu

    princpio foi dada por ele em 1875 com base em alguns dos resultados recm-publicados por

    Castigliano, que, no entanto, foram referidos apenas em nota de rodap. Castigliano ops

    fortemente a essa falta de reconhecimento suficiente em uma carta cheia de indignao juvenil

  • 17

    enviada ao presidente da Accademia dei Lincei, hoje conhecida como Accademia Nazionale

    dei Lincei. Menabrea respondeu nos tons fundamentados e um tanto condescendente, tpicos

    de um estadista mais velho, ressaltando a prioridade de seu trabalho. O matemtico e

    engenheiro Luigi Cremona, atuando como presidente de uma reunio da Academia, deu uma

    sentena salomnica sobre a polmica, afirmando que ele acreditava que a denncia de

    Castigliano no estava suficientemente fundamentada, afirmando que o teorema em questo

    seria o resultado da obra de ambos os autores, e que as provas no estavam cem por cento

    livres de objees. Deduzindo que no havia objeto para disputa, e concluindo ainda que

    Castigliano pode ter tido a honra de ter feito um bom trabalho, porm, ningum seria capaz de

    tirar de Menabrea o mrito de ter tornado popular e de uso comum um princpio geral, que

    estaria certamente destinado a receber uma aplicao mais extensa.

    Outras contribuies menores de Castigliano foram um manual do engenheiro;

    estudos sobre a teoria da lamina e toro em molas (publicado em um livro, em Viena, 1884.),

    em arcos de alvenaria, no golpe de arete, e a inveno de um tipo de extensmetro (Boley,

    2012).

    Boley (2012) comenta ainda que a principal obra de Castigliano, embora no isento de

    falhas conceituais, representou um avano definitivo em relao de seus antecessores. Para

    avaliar a importncia de sua contribuio, no entanto, importante notar que, embora haja

    alguma validade na atribuio de popularizao dos mtodos de energia Menabrea, por

    Cremona, precisamente neste aspecto que se destaca Castigliano. Ele resolveu um nmero

    surpreendente de problemas estruturais importantes por seus mtodos, afirmando atravs de

    comparaes com solues previamente conhecidas, a superioridade e exatido de seus

    mtodos, estabelecendo de uma vez por toda a sua convenincia e versatilidade. Como ele

    afirma no prefcio de sua obra Thorie de lquilibre des systmes lastiques, et ses

    applications, este foi realmente um de seus objetivos explcitos, e o sucesso que ele alcanou

    notvel devido sua curta carreira (morrendo aos trinta e seis) mesmo com a ausncia de

    fortes laos acadmicos.

  • 18

    3 O TEOREMA DE CASTIGLIANO

    Na abordagem de Norton (2010), o Tefiguraorema de Castigliano dado como um

    mtodo de carter mais prtico do que a maioria dos outros mtodos para clculo de deflexo

    de vigas, por ser um mtodo energtico, ressaltando que o Teorema de Castigliano configura-

    se como um dos mais utilizados para o clculo de deflexo de vigas sendo, tal mtodo,

    tambm capaz de solucionar casos de vigas estaticamente indeterminadas. Norton expe ainda

    que, o princpio que norteia o Teorema de Castigliano est no fato de que quando um corpo

    elstico sofre deslocamento devido aplicao de uma determinada fora, torque ou

    momento, uma energia armazenada nesse corpo em forma de tenso. Para pequenos

    deslocamentos em vrios tipos de geometria, a relao entre a fora, momento ou toque

    aplicado e o deslocamento resultante pode possuir um carter linear conforme o mostrado na

    figura 2.

    Figura 2 Energia armazenada em uma mola

    Fonte: NORTON, 2010

    Essa relao tambm pode ser chamada de razo de mola do sistema (k). A rea dentro

    da curva de deflexo do carregamento corresponde energia de deformao U armazenada.

    Quando a relao linear, tal rea corresponde rea do triangulo, que em termos

    equacionais corresponde a (NORTON, 2010):

  • 19

    U=P i i

    2 (3.1)

    onde Pi corresponde ao carregamento aplicado e i ao deslocamento.

    Norton expe ainda que Castigliano observou que quando um corpo elasticamente

    fletido por uma carga qualquer, a deflexo na direo em que o carregamento aplicado

    igual derivada parcial da energia de deformao com relao carga. Sendo U a energia de

    deformao, Q um carregamento qualquer, e um certo deslocamento, tem-se que:

    = U Q

    (3.2)

    Ao expor o Teorema de Castigliano, Rocha (1969) considera uma viga sujeita a vrias

    foras P, que realizam um trabalho de deformao na viga em questo, sendo essa

    deformao igual energia interna adquirida pela pea, ou energia de deformao (U). Se um

    acrscimo infinitesimalmente pequeno for introduzido em uma das foras atuantes na viga (Pi,

    por exemplo), a energia interna tambm sofrer um acrscimo, o qual ser equivalente a:

    U total=U + U P i

    dP i (3.3)

    Dando sequncia explicao de Rocha, se o processo inverso for feito, ou seja, se a

    mesma viga estiver previamente sujeita fora infinitesimalmente pequena dPi e em seguida

    todas as foras P forem aplicadas, essas cargas realizaram um trabalho de deformao na pea

    causando um deslocamento i na direo da fora Pi. Sendo assim, o trabalho total realizado

    aps a adio das foras P, ser o trabalho previamente existente resultante da fora dPi mais

    o trabalho de deformao das foras P. Dessa forma, o acrscimo da energia interna devido ao

    acrscimo na fora Pi, corresponder ao trabalho de dPi realizado com a aplicao das foras

    P.

    U P i

    d P i=d P i . i

  • 20

    ou

    U P i

    =i (3.4)

    O que corresponde ao Primeiro Teorema de Castigliano: A derivada parcial da

    energia interna em relao a uma fora qualquer aplicada igual ao deslocamento que se

    realiza na direo da fora considerada.

    Porm, atribuindo-se um deslocamento infinitesimalmente pequeno i ao sistema

    carregado com foras P na direo de uma fora qualquer, como Pi, o acrscimo de energia

    interna ser:

    Ui

    d i=P i . d i

    ou

    U i

    =P i (3.5)

    O que corresponde ao Segundo Teorema de Castigliano: A derivada parcial da

    energia interna em relao a um dos deslocamentos da pea, igual fora aplicada na

    direo do deslocamento considerado.

    Rocha (1969) ressalta que a condio de aplicabilidade desses teoremas que tanto a

    fora P1 quanto o deslocamento i sejam variveis independentes, ou seja, ao se fazer um

    acrscimo em Pi ou i as outras foras ou deslocamentos no devem se modificar. Sendo

    tambm vlida a lei da superposio dos eventos.

    Uma explicao mais detalhada sobre o Teorema de Castigliano dada por Popov

    (1978), ao afirmar que a energia de deformao de um dado corpo pode ser expressa por uma

    funo quadrtica das foras externas P1, P2,..., Pk,..., Pn, M1, . . . , Mp, isto :

    U=U (P1 , P2 P k Pn ,M 1 ,M 2 M p) (3.6)

    Dando continuidade ao raciocnio de Popov, supondo-se que essa energia corresponda

    energia de deformao de um corpo como mostrado na Fig. 3(a), o aumento infinitesimal

  • 21

    nessa funo (dU), para um aumento infinitesimal em todas as foras aplicadas dPk e dMm,

    decorre da aplicao da regra da cadeia na diferenciao. Isso resultar em:

    U= U P1

    d P1+ U P2

    d P2++ U Pk

    d P k + U

    M pd M p (3.7)

    Figura 3 Sequncias possveis para aplicao de carga em um sistema elstico

    Fonte: POPOV, 1987

    Nessa expresso os P e os M so usados, por Popov (1978), no lugar da notao

    diferencial ordinria, para enfatizar a independncia linear dessas quantidades. Desse ponto de

    vista, se apenas a fora Pk variasse de uma quantidade dPk, Fig. 3(b), o incremento de energia

    de deformao seria:

    U= U P k

    d P k (3.8)

    Dessa forma, como o trabalho das reaes zero, a energia total de deformao U'

  • 22

    correspondente aplicao de todas as foras externas e dPk, Fig. 3(c), :

    U =U+U =U+ U Pk

    d P k (3.9)

    Analogamente a explicao da equao 3.9, Popov (1978) formula uma nova equao

    invertendo-se a sequncia de aplicao da carga, como se pode constatar nas figuras. 3(a),

    3(b) e 3(d). Aplicando-se dPk primeiro, provoca-se um deslocamento infinitesimal dk. Para

    um corpo linearmente elstico, o correspondente trabalho externo de dPk k /2, pode ser

    desprezado porque de segunda ordem. Alm disso, o trabalho externo We realizado pelas

    foras P1, P2, . . . , Pk , . . . , Mp afetado pela presena de dPk. Por outro lado, durante a

    aplicao dessas foras, a fora dPk realiza trabalho ao se mover de k, na direo de Pk. Esse

    trabalho adicional igual a (dPk)k. Dessa forma, o trabalho total W'e realizado pelo sistema

    externo de carregamento, incluindo o trabalho efetuado por dPk, (figura 3(d)), :

    W ' e=W e+(d Pk )k (3.10)

    Essa relao pode ser igualada equao. 3.9, porque a ordem de aplicao da carga

    no interfere no resultado final, e o trabalho externo igual energia interna de deformao:

    W e+(d Pk ) k=U +( U Pk

    )d Pk (3.11)

    Simplificando, tem-se:

    k= U P k

    (3.12)

    Resultando finalmente no Primeiro Teorema de Castigliano, igual ao exposto por

    Rocha (1969). Norton (2010) tambm afirma que, a relao proposta por Castigliano pode ser

    aplicada a qualquer carregamento seja ele axial, deflexo, cisalhamento ou toro. Se mais de

    um desses casos existirem em um mesmo corpo analisado, seus efeitos podem ser sobrepostos

  • 23

    usando a equao de Castigliano para cada caso e somando-se os resultados em seguida.

    3.1 Teorema de Castigliano pelo Princpio da Energia Potencial Estacionria

    Boresi (1993) expe que tambm possvel chegar ao Teorema de Castigliano atravs

    da utilizao do conceito de Coordenadas Generalizadas. E, desde que as sees transversais

    planas dos membros analisados se mantenham planas, as alteraes nas coordenadas

    generalizadas indicaram translao e rotao da seo transversal do membro.

    Para expor o Teorema de Castigliano pelo Princpio da Energia Potencial Estacionria,

    Boresi (1993) apresenta um sistema com um nmero finito de graus de liberdade que se

    encontra em configurao de equilbrio (x1, x2, ..., xn) de forma que um deslocamento virtual

    imposto a tal sistema de forma que sua nova configurao passa a ser (x1 + dx1, x2 + dx2, ... , xn+ dxn), onde (dx1, dx2, ..., dxn) representa o deslocamento virtual. Dessa forma o trabalho

    virtual dW correspondente ao deslocamento virtual ser dado por:

    dW=Q1 dx1+Q 2 dx2++Qi dx i++Qn dxn (3.13)

    Onde (Q1, Q2, ..., Qi, ..., Qn), explica Boresi, so os componentes da carga

    generalizada, que so funes das coordenadas generalizadas. Sendo Qi definido por uma

    dada seo transversal da estrutura, Qi ser uma carga unidirecional se dxi for uma translao

    da seo transversal, e Qi ser um momento ou torque se dxi for uma rotao da seo

    transversal.

    Para um corpo deformvel o trabalho virtual dW, correspondente ao deslocamento

    virtual de um sistema mecnico, poder ser separado de acordo com a seguinte soma

    (BORESI, 2013):

    dW=dW e+dW i (3.14)

    Onde dWe corresponde ao trabalho virtual gerado pelas foras externas e dWicorresponde ao trabalho virtual gerado pelas foras internas.

    Analogamente a expresso para dW na equao 3.13, para um deslocamento virtual

  • 24

    (dx1, dx2, ..., dxn) obtm-se:

    dW e=P1 dx1+P2 dx2++Pn dxn (3.15)

    Onde (P1, P2, ..., Pn) so funes das coordenadas generalizadas (x1, x2, ..., xn). Por

    analogia com os Qi na equao 3.13, as funes (P1, P2, ..., Pn) so chamadas de componentes

    do carregamento externo generalizado. Se as coordenadas gerais (x1, x2, ..., xn) representam

    deslocamentos e rotaes que ocorrem no sistema, as variveis (P1, P2, ..., Pn) podem ser

    chamadas de componentes das foras externas pr-existentes e binrios que agem no sistema

    (BORESI, 2013).

    Dando sequncia a explicao de Boresi, admitindo-se agora um deslocamento virtual

    que conduz um sistema completamente por um caminho fechado. Ao final de tal caminho,

    ser observado que os deslocamentos dx1 = dx2 = ... = dxn = 0. E por isso, pela equao 3.15,

    We = 0. Para a anlise em questo so considerados apenas sistemas submetidos ao

    comportamento elstico. Sendo assim, o trabalho virtual dWi resultante das foras internas

    ser igual ao negativo da variao virtual na energia de deformao elstica dU, ou seja:

    dW i=dU (3.16)

    Onde U = U(x1, x2, ..., xn) corresponde a energia de deformao total do sistema. Desde

    que o sistema se desloque por um caminho fechado, ele retornar ao seu estado inicial e,

    sendo assim, dU = 0. Consequentemente pela equao 3.16, dWi = 0. E, analogamente o

    trabalho virtual total dW (equao 3.14) tambm ser igualado a zero caso percorra um

    caminho fechado. A condio para dW = 0 para deslocamentos virtuais que conduzem um

    corpo por um caminho fechado, indica que o sistema conservativo. A condio dW = 0

    conhecida como Princpio da Energia Potencia Estacionria (BORESI, 2013).

    Boresi explica ainda que, para um sistema conservativo (estrutura elstica carregada

    por uma fora externa conservativa), a variao virtual na energia de deformao dU da

    estrutura sob um deslocamento virtual (dx1, dx2, ..., dxn) ser dada por:

    dU= U x1

    dx1+ U x2

    dx2++ U xn

    dxn (3.17)

  • 25

    Dessa forma, a devida substituio das equaes 3.13, 3.15 e 3.17 na equao 3.14

    resultar em:

    Q1dx1+Q2 dx2++Qn dxn=.

    .=P1 dx1+P2 dx2++Pn dxn U x1

    dx1 U x 2

    dx2U xn

    dxn

    ou

    Qi=PiU x i

    (3.18)

    Para qualquer sistema com finitos graus de liberdade, se os componentes Qi da fora

    generalizada forem igualados a zero, ento o sistema est em equilbrio. Portanto, pela

    equao 3.18, um sistema elstico com n graus de liberdade estar em equilbrio se:

    P i= U x i

    , i=1,2 , , n (3.19)

    A relao dada pela equao acima corresponde ao Segundo Teorema de Castigliano

    (Equao 3.5). Para uma trelia a energia de deformao ser obtida pela soma das energias

    de deformao de todos os seus membros.

    3.2 Problemas estaticamente indeterminados

    Shigley (2005) define um problema estaticamente indeterminado como um sistema no

    qual as leis da mecnica esttica no so suficientes para que todas as foras ou momentos

    atuantes desconhecidos sejam determinados, sendo necessrio para solucion-los escreverem-

    se as equaes apropriadas de equilbrio esttico mais as equaes adicionais que estejam

    relacionadas deformao da pea em anlise. Ao total, o nmero de equaes deve ser igual

    ao nmero de incgnitas.

    Norton (2010) afirma que o mtodo de Castigliano tambm fornece uma forma

    conveniente de resolver tais problemas estaticamente indeterminados, pois reaes em apoios

  • 26

    redundantes atuando em uma viga, por exemplo, podem ser encontradas igualando-se a

    deflexo no apoio redundante a zero e calculando fora em seguida, ou seja, igualando-se a

    equao 3.4 a zero, que resultar na equao 3.20. Dessa forma o Teorema de Castigliano

    passa a ser a equao relacionada ao deslocamento da pea, porm com deslocamento igual

    zero.

    U P i

    =0 (3.20)

    Boresi (1993) exemplifica melhor essa operao ao expor as seguintes situaes

    expostas na figura 4, onde a viga pinada pela extremidade no ponto B, caso da figura 4(a),

    possui quatro reaes internas desconhecidas (atuantes em um mesmo plano), que so VA que

    impede que a barra deslize verticalmente, NA que impede que a viga se mova ao longo de seu

    prprio eixo vertical, MA que impede que a viga rotacione em torno do ponto A e RB que

    representa a reao ao apoio em B, como pode der observado na figura 4(b). Porm, apenas

    trs equaes da esttica podem ser aplicadas, que so o somatrio das foras verticais, o

    somatrio das foras horizontais e o somatrio dos momentos. O apoio em B pode ser

    considerado como um apoio redundante, pois caso ele seja retirado a viga torna-se um

    problema estaticamente determinvel, com a quantidade de incgnitas iguais ao numero de

    equaes. E o fato de o apoio em B impedir a flexo da viga, possibilita a elaborao de uma

    equao adicional, quando associado ao Teorema de Castigliano para flexo, para o clculo da

    reao RB.

    Para o caso do membro ABCDE, na figura 4(c), o suporte em E (ou A) pode ser

    considerado como apoio redundante. Sendo assim, tanto o suporte em A ou em E podem ser

    retirados (mas no ambos) para tornar a estrutura estaticamente determinvel. Para o caso de o

    suporte em E considerado como redundante (figura 4(d)), as suas trs reaes redundantes

    (VE, TE e ME) podem ser calculadas atravs do Teorema de Castigliano em conjunto com o fato

    de que o suporte em E impede que a flexo, toro e translao atuem no ponto E do membro,

    bastando para isso aplicar as respectivas Energias de Deformao para cada caso e igualar as

    suas deflexes a zero.

  • 27

    Figura 4 Estruturas com apoios redundantes

    Fonte: BORESI, 1993

    Boresi (1993) aponta que no apenas apoios redundantes podem ser calculados pela

    equao de Castigliano, mas tambm estruturas estaticamente indeterminadas que contenham

    membros redundantes tambm podem ter as reaes nesses membros encontradas, como o

    caso da estrutura mostrada na figura 5(a), em que caso o membro BE (ou CD) um membro

    redundante, visto que a retirada do membro BE ou CD (mas no de ambos) torna a estrutura

    estaticamente determinvel. Sendo assim, desde que a trelia na figura 6(a) seja ligada por

    pinos, o membro BE, por exemplo, estar sujeito a uma fora axial (trao), como mostra a

    figura 5(b) que ser a nica fora interna redundante. O membro redundante ABC da estrutura

    mostrada na figura 5(c) pode suportar trs reaes internas, a fora axial N, o cisalhamento V

    e o momento M, como mostra a figura 5(d). Tais foras redundantes tambm podem ser

    calculadas pelo Teorema de Castigliano, desde que as deflexes sejam consideradas zero.

    (d)(c)

    (b)(a)

  • 28

    Figura 5 Estruturas com membros redundantes

    Fonte: BORESI, 1993

    (a) (b)

    (c) (d)

  • 29

    4 ENERGIA DE DEFORMAO

    De acordo com Timoshenko (1981) as equaes para o clculo da energia de

    deformao, que sero apresentadas a seguir, s podem ser aplicadas se as seguintes

    condies forem satisfeitas:

    O material do elemento analisado segue a lei de Hooke, ou seja, possui

    comportamento linear elstico;

    As condies so tais que pequenos deslocamentos, devidos a deformao, no

    afetam a ao das foras exteriores e so desprezveis no clculo das tenses.

    Timoshenko (1980) explica que, quando uma barra submetida a trao simples, as

    foras em suas extremidades realizam certa quantidade de trabalho quando a barra

    distendida por um alongamento representado por . Ento, seja o elemento mostrado na figura

    10 submetido somente a tenses normais x (figura 6(a)), resulta uma fora x d y d z que

    realiza trabalho para um alongamento x dx . A relao entre essas duas quantidades durante o

    carregamento representada por uma linha reta, como OA na figura 6(b). E o trabalho

    realizado durante a deformao fornecido pela rea A= 12

    Px do tringulo OAB, sendo

    P= x dy dz e x= x dx . Designando tal trabalho por dU , resulta:

    dU=12

    x x dx dy dz (4.1)

    Timoshenko (1980) afirma que tal trabalho convertido na energia de deformao

    esttica, a qual permanecer acumulada no corpo em quanto ele permanecer deformado dentro

    do seu limite elstico.

    Considerando-se que o termo x d y d z nada mais do que a tenso sendo

    multiplicada por unidade de rea, ou seja, dA=F , e que x d x corresponde ao alongamento

    sofrido na direo de x e ainda que o trabalho realizado na deformao corresponde energia

    de deformao, a definio de Shigley (2005) para a energia de

  • 30

    Figura 6 Corpo submetido a esforo de trao

    Fonte: TIMOSHENKO, 1980

    deformao pode ser adotada, pois Shigley afirma que a energia de deformao

    correspondente ao trabalho externo feito sobre um membro elstico para deform-lo, sendo

    este trabalho transformado em energia potencial, que tambm pode ser chamado de energia de

    deformao. E se o membro deformado de uma distncia x, tal energia igual ao produto da

    fora mdia pela deflexo, ou seja, a equao 4.1 pode assumir a seguinte forma:

    U=12

    Px (4.2)

    4.1 Energia de deformao na trao

    Timoshenko (1981) ressalta que, para um corpo sob trao, a fora P atuante dividida

    por unidade de rea da seo transversal do corpo corresponde a tenso, sendo a fora P uma

    normal (N):

    = NA

    (4.3)

    A Lei de Hooke representada por =E , onde E o mdulo de elasticidade do

    material e o alongamento relativo dado pela diviso da variao de comprimento do corpo

    ( l= ) aps a aplicao da carga pelo comprimento inicial do corpo (l), ou seja

    (a)(b)

  • 31

    (Timoshenko, 1981):

    = l

    (4.4)

    Fazendo as devidas substituies entre as equaes 4.3, 4.4 e a lei de Hooke, chega-se

    a equao:

    NA=E.

    l (4.5)

    Isolando-se o termo da equao 4.5, resulta em:

    = NlAE

    (4.6)

    E isolando-se o termo N da equao 4.5, resulta em:

    N= AEl (4.7)

    Substituindo a equao 4.6 no local de x da equao 4.2, pode-se encontrar a equao

    para o clculo da energia de deformao para o caso especfico de trao ou compresso, com

    relao carga atuante:

    U= N2 l

    2 AE (4.8)

    Se refizermos a mesma operao, porm substituindo a equao 4.7 no lugar de N da

    equao 4.2, pode-se encontrar a equao para o clculo da energia de deformao para o caso

    especfico de trao ou compresso com relao a sua deformao:

  • 32

    U= AE 2

    2 l (4.9)

    Para um elemento infinitesimal dx, o acrscimo da energia de deformao dU ser

    (Branco 1998):

    dU= N2 dx

    2 AE (4.10)

    E para se chegar energia ao longo de todo o corpo, basta submeter a equao 4.10 a

    integrao de zero a l, sendo l o comprimento total do corpo:

    U=0

    l N 2

    2 AEdx (4.11)

    Porm o mesmo autor resalta que para aplicaes prticas, a energia por unidade de

    volume, ou energia especfica de deformao ( U 0 ), muitas vezes de grande importncia,

    podendo ser encontrado a partir das equaes 4.8 e 4.9, dividindo-as por Al:

    U 0=UAl

    = N2l

    2 AE. 1

    Al=( NA )

    2 l2 El

    U 0=12

    2

    E (4.12)

    ou

    U 0=UAl

    = AE 2

    2 l1Al

    =( l )2 AE

    2 A

    U 0=12

    2 E (4.13)

    onde = NA representa a tenso de trao e =

    l representa o alongamento relativo.

    Timoshenko (1981) ressalta que a maior quantidade de energia especfica de

  • 33

    deformao que pode ser acumulada em uma barra, sem que tal barra atinja a zona de

    deformao plstica determinada pela substituio de (da equao 4.12) pelo limite de

    elasticidade do material. O autor ressalta tambm que em certos casos tambm se faz

    necessrio conhecer a maior quantidade de energia de deformao por unidade de peso (U')

    do material que pode ser acumulada sem que esse atinja a zona plstica, sendo essa

    quantidade calculada atravs da diviso de U 0 pela massa de um centmetro cbico do

    respectivo material.

    4.2 Energia de deformao no cisalhamento

    A energia de deformao armazenada em um elemento submetido tenso cisalhante

    (figura 7), de acordo com Timoshenko (1981), pode ser calculada pelo mtodo usado no caso

    da trao, bastando para isso considerar a face interior oc do elemento como fixa, sendo

    necessrio apenas o clculo do trabalho realizado pela deformao da fora V na face superior

    ab.

    Figura 7 Corpo sujeito a cisalhamento

    Fonte: TIMOSHENKO, 1981

  • 34

    Admitindo-se que o material segue a lei de Hooke, Timoshenko (1981) afirma que a

    deformao por cisalhamento proporcional tenso de cisalhamento, sendo o diagrama que

    representa essa relao, semelhante ao mostrado na figura 6. Sendo assim, o trabalho

    produzido pela fora V e armazenado sob a forma de energia de deformao pode ento ser

    encontrado pela aplicao da equao 4.2.

    Analisando-se a figura 7, constata-se que, para pequenos deslocamentos, onde a face

    ao no sofra encurvamento considervel a curvatura l . Um coeficiente de correco kc

    torna-se necessrio para uma maior exatido da expresso para a energia de deformao

    cisalhante U, que passa a ser definido por kcU. Sendo os valores de kc para perfis I igual a 1 e

    para perfis retangulares igual a 1,5. Por tanto, a energia de deformao cisalhante para uma

    viga submetida a uma fora V, com a aplicao da equao 4.2, ser (Boresi, 1993):

    U=kc U'=1

    2k c V (4.14)

    Boresi (1993) ressalta que =l , que a tenso cisalhante =VA e que =

    G , onde

    G representa o mdulo de elasticidade transversal.

    U=k c V

    2l2 AG

    (4.15)

    e

    U= AG 2

    2l (4.16)

    onde a equao 4.15 representa a energia de deformao com relao fora aplicada e a

    equao 4.16 representa a energia de deformao com relao tenso (Timoshenko, 1981).

    Para um elemento infinitesimal dy o acrscimo da energia de deformao dU ser:

    dU=k c V

    2

    2 AGdy (4.17)

  • 35

    E para o corpo todo com comprimento l:

    U=0

    l kc V2

    2 AGdy (4.18)

    Analogamente ao que foi feito na seo 4.1, a energia por unidade de volume, ou

    energia especfica de deformao por cisalhamento resulta da diviso das equaes de energia

    de deformao por cisalhamento pelo volume do elemento (Al):

    U 0=UAl

    = V2 l

    2 AG1Al

    =(VA )2 l2 Gl

    U 0=2

    2G (4.19)

    ou

    U 0=UAl

    = AG 2

    2 l1Al

    =( l )2 AG

    2 A

    U 0=2 G

    2 (4.20)

    onde =VA

    representa a tenso de cisalhamento e = l

    representa a deformao de

    cisalhamento.

    E, por conseguinte, a energia especfica de deformao por cisalhamento que pode ser

    acumulada no elemento, sem que aja deformao plstica obtida atravs da substituio do

    termo (da equao 4.19) pelo respectivo limite de elasticidade do material do elemento em

    questo.

    4.3 Energia de deformao na toro

    O clculo da energia de deformao por toro, conforme demonstrado por

    Timoshenko (1981), pode ser efetuado atravs do diagrama de toro (figura 8(a)) de uma

    barra cilndrica , no qual o momento toror representado pela ordenada e o ngulo de toro

    pelas abscissas, sendo o ngulo toro proporcional ao momento toror, quando analisados

  • 36

    dentro do limite elstico do material em questo, conforme pode ser observado pela linha

    inclinada AO do grfico da figura 8(a). Nesse grfico a rea estreita tracejada representa o

    trabalho produzido pelo momento de toro durante um acrscimo de d no ngulo de toro

    causado pelo torque T (figura 8(b)). Sendo assim, a rea do triangulo OAB representa a

    energia total armazenada no eixo durante a toro, resultando:

    Figura 8 Diagrama da energia de deformao na toro

    Fonte: TIMOSHENKO, 1981

    OAB=U=12

    T (4.21)

    Dado um plano de coordenadas xy onde o eixo x paralelo ao eixo axial da barra

    cilndrica, a energia de deformao torcional ser (Boresi, 1993):

    U=dU = 12 Td (4.22)

    Analisando a figura 8(b), Boresi (1993) constata que, sendo o raio r da seo

    transversal do cilindro, r=l e assumindo que:

    = G

    (4.23)

    (b)

    (a)

  • 37

    =TrJ (4.24)

    onde J representa o momento polar de inrcia da seo transversal da barra cilndrica, Boresi

    (1993) demonstra que ao substituir a expresso de e na relao r=l uma expresso para

    o ngulo pode ser determinada:

    r= G

    l r= TrGJ

    l

    Simplificando:

    = TlGJ (4.25)

    E substituindo a equao 4.25 na equao 4.22 pode-se ento encontrar a equao para

    a energia de deformao torcional:

    U= M2l

    2 GJ (4.26)

    ou

    U=2 G I P

    2 l (4.27)

    Na equao 4.26 a energia dada em funo do momento toror e na equao 4.27 ele

    dado em funo do ngulo de toro.

    Para um elemento dx da barra cilndrica a equao 4.26 assume a forma:

    dU= M2

    2GJdx (4.28)

    E para a extenso total da barra cilndrica:

  • 38

    U=0

    l M 2

    2GJdx (4.29)

    Conforme ressalta Timoshenko (1981), o ngulo de toro entre duas sees

    transversais adjacentes obtido pela equao:

    ddx

    dx=M Tko

    dx (4.30)

    onde ko representa a constante de rigidez torcional. Sendo assim, a energia de deformao por

    toro de um elemento infinitesimal do eixo :

    12

    M Tddx

    dx=ko2 ( ddx )

    2

    dx (4.31)

    Sendo a energia total de deformao dada por:

    U=k o2 0

    l

    ( ddx )2

    dx (4.32)

    4.4 Energia de deformao elstica na flexo

    Para explicar a energia de deformao por flexo, Boresi (1993) considera uma barra

    prismtica (figura 9(a)) com seo transversal uniforme ao longo do seu eixo longitudinal.

    Com as foras P Q e R sendo aplicadas no plano xy. Para esse caso, a expresso para tenso

    na flexo ser:

    x=M z y

    I z (4.33)

  • 39

    onde M z representa o momento fletor em relao ao eixo z (que perpendicular ao plano

    xy), I z representa o momento de inrcia da seo transversal x com relao ao eixo z e y

    mensurado a partir do plano xz.

    Figura 9 Viga sob flexo

    Fonte: BORESI, 1993

    Antes da aplicao das foras P, Q e R, considerando duas sees planas BC e DE

    separadas por uma distncia dx, se apresentam paralelas uma a outra, porm aps a aplicao

    das foras, as respectivas sees so deslocadas para BC e DE onde permanecem planas. O

    diagrama de corpo livre deste segmento da barra est representado na figura 9(b) onde nota-se

    que o plano DE sofreu uma rotao angular d com relao ao plano BC. Para um corpo

    de material com comportamento linear elstico, d variar linearmente com o momento Mxonde o grfico d-M ser similar ao apresentado na figura 2. Considerando que a tenso de

    cisalhamento seja desprezvel, a energia de deformao na flexo ser igual rea do

    triangulo formado por esse grfico (Boresi, 1993).

    (a)

    (b)

  • 40

    U=dU = 12 M z d (4.34)

    Boresi (1993) ressalta que:

    d= dy

    (4.35)

    d= x dx (4.36)

    E assumindo que:

    x= xE

    (4.37)

    Ento d pode assumir a forma:

    d= x dxEy

    (4.38)

    E substituindo o termo x pela expresso 4.33, chega-se ento expresso para a

    deformao d em funo do momento M:

    d=M z dxE I z

    (4.39)

    Substituindo, ento o termo d da equao 4.34 pela equao 4.39, chega-se ento a

    expresso para a energia de deformao para o momento fletor:

    U= M z2

    2 E I zdx (4.40)

  • 41

    5 O TEOREMA NA PRTICA

    Tendo a base terica sido construda, pode-se agora partir para o objetivo maior deste

    trabalho, o qual se apresentar sob a forma de um quadro que sintetizar as equaes expostas

    nos captulos anteriores de forma que se consiga apresentar o Teorema de Castigliano em um

    conjunto de equaes que j contenham tanto o Teorema quanto as equaes de energia de

    deformao.

    Para alcanar esse objetivo as sees a seguir iro demonstrar como a equao de

    Castigliano une as equaes de Energia de Deformao para formar a equao que ir

    produzir o resultado final.

    5.1 Para carregamento axial

    Para um carregamento axial, a deflexo dada pela substituio da equao de energia

    de deformao na deflexo axial (eq. 4.8) no Teorema de Castigliano (eq. 3.3):

    =12

    Q ( N

    2 lEA ) (5.1)

    Isso vlido somente se A e E no variarem ao longo do comprimento l. Se eles

    variarem ao longo do eixo x do corpo em questo, ento a integrao se far necessria:

    =12

    Q (0

    l NEA

    dx ) (5.2)

    5.2 Para carregamento cisalhante transversal

    Para um carregamento cisalhante transversal, a energia de deformao ser dada em

    funo da forma da seo transversal, carregamento e comprimento. Para uma viga com seo

    transversal retangular, a deflexo ser encontrada substituindo-se a equao de energia de

    deformao para cisalhamento (equao 4.15) no Teorema de Castigliano (eq. 3.3):

  • 42

    =12

    Q (V

    2lGA ) (5.3)

    Obtendo-se, a seguinte equao para o caso de haver variao nas caractersticas

    fsicas no corpo:

    =12

    Q (0

    l V 2

    GAdx) (5.4)

    onde V a fora cisalhante, que pode estar em funo de x. O efeito de um carregamento

    cisalhante transversal em deflexo em uma viga, geralmente ser menor que 6% do efeito

    devido a um momento fletor, de acordo com Norton (2004), quando o quociente entre o

    comprimento e profundidade (ou vice-versa) for maior que 10. Assim, somente vigas muito

    pequenas tero um efeito significante de carregamentos cisalhante transversal.

    5.3 Para carregamento torcional

    A deflexo resultante de um carregamento torcional substitui-se a equao da energia

    de deformao na toro (Eq. 4.26), no Teorema de Castigliano (eq. 3.3), e ento se obtm:

    =12

    Q (T

    2 lGJ ) (5.5)

    onde T o torque aplicado, G o modulo de rigidez e J o momento polar de inrcia com

    relao a seo transversal.

    Obtendo-se, a seguinte equao para o caso de haver variao nas caractersticas

    fsicas no corpo:

    =12

    Q0

    l T 2

    GKdx (5.6)

  • 43

    5.4 Para Carregamento por momento fletor

    Para a flexo, a deflexo ser encontrada substituindo-se e equao da energia de

    deformao (equao 4.40) no Teorema de Castigliano (eq. 3.3), obtendo-se:

    =12

    Q (M

    2lEI ) (5.7)

    Como o ngulo de deflexo varia ao longo a seguinte equao dever ser usada ao

    invs de a anterior.

    =12

    Q (0

    l M 2

    EIdx ) (5.8)

    onde M o momento fletor, que est em funo de x.

    5.5 Proposio de quadro

    O estudo da aplicao do Teorema de Castigliano resultou na observao de que

    determinados procedimentos que so comuns durante a sua aplicao. Os procedimentos

    observados foram: a identificao do tipo de solicitao (trao, cisalhamento, toro, flexo);

    determinao da energia de deformao; substituio do valor da energia de deformao no

    Teorema de Castigliano, dentre outros. Porm, para efeito de elaborao do quadro apenas

    estes trs sero considerados. Devido a limitao do espao de pgina, as equaes no

    estaro dispostas em um nico quadro, mas sim em quatro.

    Tais procedimentos podem ser sintetizados nos quadro a seguir, onde as equaes

    correspondem as que foram elaboradas nas sees de 5.1 a 5.4.

  • 44

    Quadro 1 Teorema de Castigliano para deflexo na trao e cisalhamento

    Varivel Trao Cisalhamento

    U com relao a P =12

    P ( N

    2 lAE ) =12 P (V

    2 lAG )

    Fonte: Autoria nossa

    Quadro 2 Teorema de Castigliano para deflexo na toro e flexo

    Varivel Toro Flexo

    U com relao P =12

    P (T

    2lGI ) =12 P ( M

    2 lEI )

    Fonte: Autoria nossa

    Quadro 3 Teorema de Castigliano para carga na trao e cisalhamento

    Varivel Trao Cisalhamento

    U com relao P=12

    ( AE

    2

    l ) P=12 ( AG 2

    l )Fonte: Autoria nossa

    Quadro 4 Teorema de Castigliano para carga na toro e flexo

    Varivel Toro Flexo

    U com relao P=12

    (

    2G I Pl ) P= 12 (

    2 E I zl )

    Fonte: Autoria nossa

    5.6 Utilizaes do quadro

    Atravs da proposio desse quadro, espera-se que a tarefa de se calcular a deflexo de

    uma viga, ou a fora que resultou em uma determinada deflexo, possa ser facilitada, pois os

    trs procedimentos observados podero ser substitudos por apenas um, que corresponde ao

    emprego do quadro.

    Levando-se em conta as limitaes da empregabilidade do Teorema de Castigliano, ao

    se deparar com uma situao em que seja necessrio calcular uma deflexo ou fora que

    causou determinada flexo os seguintes passos devero se empregados:

  • 45

    1. Identificar o tipo de deformao sofrida pelo corpo;

    2. Identificar qual incgnita deve ser calculada (deflexo ou carga);

    3. Selecionar a equao adequada contida em um dos quadros de equaes do

    Teorema de Castigliano atravs do quadro 5, cruzando-se o tipo de solicitao

    com a incgnita;

    4. Adequao a equao e substituio dos dados;

    5. Efetuar o clculo da equao.

    Quadro 5 Seleo da equao para o Teorema de Castigliano

    Incgnita Trao/Compresso Cisalhamento Toro Flexo

    Deflexo Quadro 1 Quadro 1 Quadro 2 Quadro 2Carga Quadro 3 Quadro 3 Quadro 4 Quadro 4

    Fonte: Autoria nossa

  • 46

    6 APLICAES

    A seguir so expostos quatro aplicao do Teorema, sendo as duas primeiras

    aplicaes, casos tericos, retirados da bibliografia consultada, seguidas de dois estudos de

    caso de situaes reais. primeira aplicao ficou reservada a utilizao do Teorema de

    forma Tradicional e s trs aplicaes seguintes a utilizao do Teorema em conjunto com o

    quadro de equaes proposto. E atravs de comparao entre essas aplicaes, na seo 7,

    ser mostrada a eficincia do quadro de equaes proposto.

    6.1 Aplicao 01 (Boresi, 1993)

    Duas barras AB e CB de comprimentos l1 e l2, respectivamente, esto pinadas em uma

    fundao rgida pelos pontos A e C, conforme o mostrado na figura 10. A rea da seo

    transversal da barra AB A1 e da barra CB A2. Os mdulos de elasticidades so E1 e E2correspondentes s barras AB e CB respectivamente.

    Figura 10 Exemplo 01

    Fonte: BORESI, 1993

  • 47

    Sob a ao da fora horizontal P e da fora vertical Q, o pino em B submetido a um

    deslocamento finito na horizontal e vertical com componentes u e v, respectivamente (figura

    11(b)). Mesmo aps tal deslocamento as barras permanecem linearmente elsticas. E os pino

    apresenta as reaes internas conforme a figura 11(a).

    Figura 11 Deslocamento do pino em B para B'

    Fonte: Autoria nossa

    Sendo E1 A1

    l1=k1=2,00 N /mm e

    E2 A2l 2

    =k 2=3,00 N /mm , b1=h=400mm e

    b2=300mm pode-se ento, encontrar a dimenso das foras P e Q atravs do seguinte

    procedimento.

    Considerando as deflexes nas barras AB e CB como 1 e 2, tais deflexes podem ser

    obtidas atravs de:

    (l 1+1 )2=(b1+u )

    2+( h+v )2 , l 12=b1

    2+h2

    (l 2+ 2 )2=(b2u)

    2+ (h+v )2 , l 22=b2

    2+h2

    (b)

    (a)

    (a)

  • 48

    Isolando-se 1 e 2 tem-se respectivamente:

    1=(b1+u )2+(h+v )2l 1 2= (b2+u )2+ (h+v )2l 2Considerando que cada barra permanece em comportamento linear elstico, as

    energias de deformao U1 e U2, das barras AB e CB respectivamente, sero:

    U 1=12

    N 1 1=E1 A12l1

    12

    (c)

    U 2=12

    N 2 2=E2 A22 l2

    22

    Onde N1 e N2 correspondem s foras de trao nas barras AB e CB respectivamente. A

    deflexo das duas barras pode ser dada pela relao i=N i l iE i Ai

    . A energia de deformao total

    U para a estrutura ser igual soma U1 + U2 correspondente s energias de deformao das

    duas barras. Dessa forma:

    U=E1 A12 l 1

    12+

    E2 A22 l 2

    22

    E as magnitudes de P e Q sero obtidas pela diferenciao da equao (d) com relao

    a u e v, respectivamente.

    P= U u

    =E1 A1 1

    l 1 1 u

    +E2 A2 2

    l 2 2 u

    (e)

    Q= U v

    =E1 A1 1

    l1 1 v

    +E2 A2 2

    l 2 2 v

    A derivada parcial de 1 e 2 com relao a u e a v obtida atravs das equaes (b).

    Obtendo-se as derivas e substituindo-as na equao (e), obtm-se:

    P=E1 A1 (b1+u )

    l 1 (b1+u )2+ (h+v )2l1 (b1+u )2+ (h+v )2

    E2 A2 (b2+u )

    l 2(b2+u )2+( h+v )2l 2(b2+u )2+ ( h+v )2

    (f)

    Q=E1 A1 ( h+v )

    l 1 (b1+u )2+( h+v )2l 1 (b1+u )2+ ( h+v )2

    E2 A2 (h+v )

    l 2(b2+u )2+( h+v )2l 2(b2+u )2+( h+v )2

    (b)

    (d)

  • 49

    Substituindo os valores de k1, k2, b1, b2, h, l1, l2, u e v obtm-se os seguintes resultados:

    P=43,8 N

    Q=112,4 N

    Os valores de P e Q podem ser confirmados atravs da determinao das foras de

    teno N1 e N2 nas duas barras.

    6.2 Aplicao 02 (Hibbeler, 2004)

    A trelia conectada por pinos exibida na figura 12 feita de um material cujo E= 200

    GPa. As magnitudes da carga P = 100 kN. A rea da seo transversal de cada elemento

    igual a 400 mm2. Sendo assim, pretende-se encontrar o deslocamento vertical do n C.

    Figura 12 Exemplo 02

    Fonte: HIBBELER, 2004

    Para isso, uma fora vertical P dever ser aplicada ao n C, j que este se apresenta

    como ponto de anlise. As reaes dos apoios A e D da trelia e as foras de trao N foram

    calculadas e os resultados mostrados na figura 13. Como no existe carga real no n C da

    trelia, preciso que P = 0.

  • 50

    Figura 13 Exemplo 02 (reaes)

    Fonte: HIBBELER, 2004

    Reaes para a estrutura:

    Fx=0 RAx+RDx=0

    RAx=RDx

    Fy=0100P+RAy=0

    RAy=100[kN ]+P

    M A=0 100.4P.2+RDx .2=0

    RDx=400+2P

    2

    RDx=200+P

    RAx=RDx=200 [kN ]+P

  • 51

    Reaes para o pino A:

    Fx=0 RAxRAC cos 45+RAB=0

    200+PRAC cos 45RAB=0

    Fy=0 RAy+RAC sen 45=0

    100P+RAC sen45=0

    RAC=100+Psen 45

    RAC=141,4 [kN ]+1,414 P

    200+P( 100+Psen 45 )cos 45RAB=0 200+P100PRAB=0

    RAB=100 [kN ]

    Reaes para o pino B:

    RBA=RAB=100 [kN ]

    RBC=RAB

    cos 45= 100

    cos 45

    RBC=141,4 [kN ]

    Devido s unies entre as barra serem feitas por pinos, apenas esforos de trao e

    compresso esto submetidos a estrutura, sendo necessrio a aplicao a equao 4.8 para a

    determinao da energia de deformao de cada membro.

    Sendo:

    N AB=100kN

    N BC=141,4 kN

    N AC=141,41414,4 P [kN ]

  • 52

    N CD=200+P [kN ]

    As derivadas de N com relao a P sero:

    N AB P

    =0

    N B C P

    =0

    N A C P

    =1 , 414 [kN ]

    N CD P

    =1[kN ]

    E igualando-se a fora P=0, pois uma fora fictcia:

    N AB(P )=100 kN

    N BC (P)=141,4 kN

    N AC (P )=141,4kN

    N CD (P)=200 kN

    Com:

    LAB=4m

    LBC=2,828m

    LAC=2,828m

    LCD=2m

    Ento, a equao de Castigliano para deformao na trao, dada pelo quadro 5, ser:

    =12

    P ( N

    2 lAE )

    Ajustando-a:

    = 1AE

    N N l P

    Como so vrios corpos, uma somatria se far necessria:

  • 53

    = 1AE N

    N P

    l

    Ento:

    = 1AE

    [(100 . 0 . 4)+(141,4 . 0 . 2,828)+(1 , 414.141,4 . 2,828 )+1. 200 .2]

    = 1AE

    [0+0+565,7+400]

    =965,7AE

    Com E= 20,0 GPa e A=400 mm2, resulta:

    c=965,7 kN.m

    [ 400 (106 )m2 ]200 (106) kN /m2=0,01207 m=12,1mm

  • 54

    6.3 Estudo de caso 01

    O Pau de carga (ou guincho de coluna) apresentado na figura 14, est instalado na

    planta siderrgica da Albras, possui a finalidade de iamento de cargas de at 1 tonelada (ou

    10 kN), e h a necessidade de confirmao de sua capacidade estrutural de suportar tal

    solicitao.

    Figura 14 Pau de carga

    Fonte:Autoria nossa

    Como no haviam informaes seguras sobre o material usado na sua confeco,

    foram adotados os parmetros de vigas metlicas constantes nos catlogo da Gerdau [201-?].

    Em loco, foi confirmado que o perfil I horizontal, possui bitola de 6 (152,4 mm) e base de

    84,63 mm. O perfil I de apoio diagonal, possui bitola de 4 (101,6 mm) e base de 67,6 mm.

    Pelo catlogo da Gerdau, por padro os perfis I so construdos com ao ASTM A36, que

    possuem mdulo de elasticidade E=200 GPa. O perfil horizontal possui momento de inrcia I

    = 919 cm4. O perfil diagonal possui rea da seo transversal A = 14,5 cm2.

    Os dados dimensionais da estrutura constam na figura 15, com dimenses em

    milmetros:

  • 55

    Figura 15 Dimenses do pau de carga

    Fonte: Autoria nossa

    As reaes de apoio constam na figura 16:

    Figura 16 Reaes internas no pau de carga

    Fonte: Autoria nossa

  • 56

    Para o clculo das reaes foram aplicadas as equaes equilbrio da mecnica esttica

    e relaes trigonomtricas, considerando o momento MA nulo, pois o binrio RDx Rax se

    sobrepe a ele. Todas as foras sero deixadas em funo de P, pois o Teorema de Castigliano

    necessita de integrao com relao a essa fora:

    Reaes para a seo AB:

    F x=0 RAxRCx=0

    F y=0 RCyRAyP=0

    RAy=RCyP

    M A=0 P . 2,6+RCy .1 ,0392=0

    P . 2,6RCy .1,0392

    RCy=2,5019 P

    RAy=RCyP=2,5019 PP

    RAy=1,5019 P

    RAx=RCx=RCy

    tg 30=2,5019 P

    tg 30=4,3334 P

    RC=RCy

    sen30=2,5019 P

    sen30=5,0038P

    Reaes para a seo DC:

    RD=RC=5,0038 P

    RDx=RCx=4,3334 P

  • 57

    RDy=RCy=2,5019 P

    O clculo do deslocamento do ponto B na direo da carga P se dar pela soma das

    energias de deformao resultantes da fora axial (RD) que atua no perfil diagonal CD e dos

    dois momentos fletores (resultantes da carga P e da reao RDx) que atuam no membro AB.

    Pelo quadro 5, a equao para o Teorema de Castigliano para a deflexo na trao

    corresponde a primeira equao do quadro 1 =12

    P ( N

    2 lAE ) , e para o momento fletor

    corresponde a segunda equao do quadro 2 =12

    P (M

    2lEI ) . Por tanto o Teorema de

    Castigliano corresponder derivada da soma dessas equaes, ou seja:

    =12

    P ( N

    2 lAE

    +M 1

    2lEI

    +M 2

    2 lEI )

    Como os momentos fletores M1 no trecho AC e M2 para o trecho CB so dados

    respectivamente por (figura 17):

    Figura 17 Momentos fletores no elemento AB

    Fonte: Autoria nossa

    M 1=1,5019 P.x1

    M 2=P.x2

    Ento:

    =12

    P ( N

    2 lAE )+ 120

    l 1 P ( M 1

    2

    EIdx)+ 120

    l2 P ( M 2

    2 lEI

    dx )

  • 58

    = N lAE

    +0

    l 1

    M 1 M 1 P

    dxEI

    +0

    l 2

    M 2 M 2 P

    dxEI

    = N lAE

    + 1EI 0

    l 1

    1,5019. P . x11,5019. x1 dx+1EI 0

    l 2

    P.x2. x2 dx

    = N lAE

    +2,2557 . P x133 EI 0l 1

    +P x233 EI 0l 2

    = N lAE

    + 0,9565 PEI

    + 1,2674 PEI

    = N lAE

    + 2,2239 PEI

    Sendo N = RC = 5,0038P kN; P = 10 kN; l = 1,2 m; l1 = 1,0392 m; l2 = 1,5608m; A =

    0,00145 m2; I = 919.10-8 m4, E = 200000000 kPa:

    = 5,0038. 20 .1,20,00145. 200 . 106

    + 2,2239. 20200 . 106 .919.108

    =0,000165111+0,038908052=0,039073163 m

    Limite de escoamento para AB:

    Pelo catlogo da Gerdau [201-?], a tenso de escoamento (esc) para o ao ASTM NBR

    A36 encontra-se no valor de 250 MPa. Porm, Hibeller (2004)ressalta a necessidade de se

    garantir que a estrutura s seja submetida a tenses menores que a tenso de escoamento,

    tornando-se necessria a utilizao de uma tenso admissvel (adm). A tenso admissvel ser

    dada por:

    FS=escadm

    onde FS representa o coeficiente de segurana, que para este caso sera de 1,15. Por tanto:

    1,15= 250 adm

    adm=217,39 MPa

    Sendo a tenso de flexo dada pela equao 4.33:

  • 59

    =M yI

    Como momento fletor mximo na viga AB pode ser dado por M 2=P.x2 com P = 10

    kN, x2 = 1,5608 m, y equivalente a metade da bitola do perfil I de 6 (y = 6/2= 152,4/2 mm =

    76,2 mm = 0,0762 m) e I = 919.10-8 m4. Ento a tenso de flexo,ser:

    =M 2 y

    I=(10.1,5608). 0,0762

    919.108

    =1,29.1011 kPa=0,001291014 MPa

    Logo o membro AB suportar a condio ao qual poder ser exposto, pois:

    0,001291014 MPa

  • 60

    Figura 18 Monovia

    Fonte: Autoria nossa

    Para esta monovia tambm foram aplicados os clculos de acordo os parmetros do

    catlogo da Gerdau [201-?], devido a falta de informaes seguras sobre as especificaes

    tcnicas da viga. A monovia constituda de um perfil I com bitola de 6 (152,4 mm) e base

    de 84,63 mm. Pelo catlogo da Gerdau [201-?], por padro os perfis I so construdos com ao

    ASTM A36, que possuem mdulo de elasticidade E = 200 GPa. O perfil em questo possui

    momento de inrcia I = 919 cm4.

    Os dados dimensionais da estrutura constam na figura 19, com dimenses em

    milmetros, onde as linhas pontilhadas correspondem s bases onde a monovia soldada,

    sendo que, para os clculos apenas a seo contida na elipse pontilhada foi utilizada, devido a

    essa seo conter os pontos com maior espaamento entre os apoios soldados o que resulta em

    um maior brao de alavanca, que por sua vez, gerar os maiores momentos fletores. E caso a

    viga suporte os esforos nessa seo, seguramente ela suportara os esforos nos outros pontos.

  • 61

    Figura 19 Dimensionamento da monovia

    Fonte: Autoria nossa

    Calculo da deflexo para carga aplicada no ponto D:

    As reaes de apoio para a situao onde a carga encontra-se no meio do espao entre

    os pontos AB constam na figura 20. No ponto D haver a maior flexo para essa seo da

    monovia, desprezando-se atrao.

  • 62

    Figura 20 Reaes para a monovia com carga entre os pontos A e B.

    Fonte: Autoria nossa

    Pelas equaes de equilbrio sabe-se que cada apoio em A e em B ter uma reao

    normal e equivalente a metade da carga de P no ponto D. O clculo para a seo da AB da

    viga que se encontra sob flexo ser feito, de acordo com o quadro 5, com a aplicao do

    Teorema de Castigliano para deflexo na flexo, retirado do quadro 2:

    =12

    P (M

    2lEI )= 1EI 0

    l

    M M P

    dx

    Como os momentos fletores a direita e a esquerda da carga P so iguais (figura 21) e a

    variao entre os ngulos em A e em B igual a zero, de acordo com Popov (1978) pelo

    mtodo da rea de momento, o momentos MA ser:

    M A=M B=P12

    x

    =2 1EI 0

    l

    M M P

    dx= 2EI 0

    l

    ( P12 x )( x12 )dx

    = 2EI P x

    3

    36 0l

    = P l3

    18 EI

  • 63

    Figura 21 Momentos fletores na seo AB

    Fonte: Autoria nossa

    Sendo P = 20 kN; l = 1,2875 m; E = 200.106 kPa; I = 919.10-8 cm4.

    = 20.(1,2875)3

    18.200.106. 919.108

    =0,00129019=1,29019 .103 m

    Calculo da deflexo para carga aplicada no ponto C:

    Para situao onde a caga se localiza no ponto C as reaes sero calculadas pelo

    mtodo da superposio, inicialmente os momentos MA e MB sero anulados pois tornam a

    estrutura estaticamente indeterminada, sendo assim, as reaes ficaro da seguinte maneira

    (figura 22):

    Figura 22 Reaes para a monovia com carga no o ponto C

    Fonte: Autoria nossa

    F y=0RAy+RByP=0

    M A=0

  • 64

    RBy . 2,575P .(2,575+0,920)=0

    RBy=3,495 . P

    2,575

    RBy=1,3573. P

    M B=0P . 0,92+RAy . 2,575=0

    RAy=0,92. P2,575

    RAy=0,3573. P

    Os momentos fletores M1, na seo AB, e M2, na seo BC, (pela figura 23) so

    calculados a baixo:

    Figura 23 Momentos fletores na seo AC

    Fonte: Autoria nossa

    M 1+RAy . x1=0

    M 1=RAy . x1

    M 1=0,3573 . P . x1

    M 2P . x2=0

    M 2=P. x2

    Aplicando-se agora somente os momentos MA e MB eles devero possuir tais

    magnitudes que anulem os efeitos dos momentos M1 e M2 mximos, ou seja, MA = M1 e MB =

    M2. Como os momentos M1 e M2 mximos sero encontrados em x1 = 2,575 e x2 = 0,92:

    M A=M 1=(0,3573. P ). 2,575=0,92 P

  • 65

    M B=M 2=0,92. P

    Ento, reaplicando as reaes no sistema, os novos momentos M1' e M2' (figura 24)

    sero, iguais a M1' e M2', de acordo com o mtodo da sobreposio:

    Figura 24 Anlise do sistema completo

    Fonte: Autoria nossa

    Sendo assim, como a viga em anlise tambm encontra-se em flexo e necessita-se

    saber sua deflexo, novamente pelo quadro 5, o Teorema de Castigliano para deflexo na

    flexo ser retirado do quadro 2, e ser aplicado tanto para a seo AB quanto AC:

    =12

    P (M

    2lEI )= 1EI M M P dx

    = 1EI 0

    l1

    M 1 M 1 P

    dx+ 1EI 0

    l2

    M 2 M 2 P

    dx

    = 1EI 0

    l1

    (0,3573 . P . x1) .(0,3573 . x1)dx+1

    EI 0

    l2

    (P . x2) .(x2)dx

    = 1EI 0

    l1

    0,1277 .P . x12 dx+ 1

    EI 0

    l2

    P . x22 dx

    = 1EI 0,1277. P . x1

    3

    3 0l 1

    + 1EI P . x2

    3

    3 0l 2

    =0,1277. P . l 1

    3

    3 EI+

    P . l 23

    3 EI

    Sendo P = 20 kN; l1 = 2,5750 m; l2 = 0,9200 m; E = 200.106 kPa; I = 919.10-8 cm4.

    =0,1277.20.(2,575)3

    3.200.106. 919.108+

    20 .(0,923)3.200.106 .919.108

  • 66

    = 14,5355+5,1912200.106 .919.108

    =1,0733.102 m

    Limite de escoamento para carga no ponto D:

    Como o material de composio da monovia o mesmo do pau de carga do Estudo de

    Caso 01, ento a tenso admissvel para a monovia tambm ser adm=217,39 MPa . Sendo a

    tenso de flexo dada pela equao 4.33:

    =M yI

    Como momento fletor mximo na viga pode ser dado por M= P2

    x com P = 20 kN, x

    = 1,2875 m, y equivalente a metade da bitola do perfil I de 6 (y = 6/2= 152,4/2 mm = 76,2

    mm = 0,0762 m) e I = 919.10-8 m4. Ento a tenso de flexo,ser:

    =M yI

    =(20.1,2875) .0,0762

    2.919.108=1,0675 .103 kPa=1,0675.106 MPa

    Logo a monovia suportar a condio ao qual poder ser exposto, pois:

    1,0675.106 MPa

  • 67

    7 CONCLUSES

    Carlo Alberto Castigliano foi um engenheiro de grande importncia visto suas

    relevantes contribuies na rea de Resistncia dos Materiais onde, mesmo estando no meio

    industrial, no se afastou do meio cientfico continuando a estudar por conta prpria. Embora

    os frutos de seus estudos no tenham recebido o devido mrito, na poca em que Castigliano

    viveu, sua importncia notria nos dias atuais, em face da raridade de livros que abordam a

    rea de Resistncia dos Materiais que no contenham uma seo, ou mesmo um captulo

    dedicado ao seu teorema.

    Por ser um mtodo energtico, o Teorema de Castigliano baseado no princpio de

    energia de deformao. Esse mtodo muito til para o clculo de deflexo de pontos

    especficos em um sistema. A equao = U Q

    relaciona fora e deflexo atravs da energia

    de deformao. Para um sistema fletido por mais de um carregamento, os efeitos individuais

    podem ser sobrepostos usando uma combinao das equaes de energia de deformao para

    carregamento axial, torsional, fletor e cisalhante. Quando carregamentos fletor e torsional

    esto presentes, os seus respectivos componentes defletores geralmente iro ser

    significantemente maiores que aqueles resultantes de um carregamento axial qualquer

    existente. Por essa razo os efeitos axiais podem ignorados algumas vezes.

    A deflexo em pontos em que no h carregamento atuante pode ser encontrada

    aplicando-se uma carga imaginria no ponto em questo e ento o submetendo a uma das

    equaes da energia de deformao, considerando a carga imaginria igual a zero.

    Para achar a deflexo mxima, necessria alguma noo do seu posicionamento na

    viga. Pois, embora o Mtodo de Castigliano seja muito eficiente e dado como um dos mtodos

    mais prticos para o clculo de deflexo de vigas, ele no fornece equaes que possam

    calcular a deflexo sofrida em vrios pontos distintos ao longo de uma viga, j que a equao

    do teorema diz respeito somente ao ponto presente na linha de atuao da fora analisada.

    Caso seja necessrio o conhecimento dos pontos de deflexo mxima e/ou mnima a consulta

    a outros mtodos mais abrangentes se far necessria.

    O Teorema de Castigliano calcula somente a quantidade de deflexo sofrida por um

    corpo, sendo necessrio recorrer a outras fontes de dados, como catlogos ou manuais do

    fabricante, para saber se a deflexo apontada pelo Teorema resultar ou no em deformao

    plstica.

  • 68

    O quadro proposto, conta somente das equaes que foram encontradas na literatura

    consultada, no garantindo esteja cobrindo todas as possibilidades de aplicao em conjunto

    com as equaes de Energia de Deformao. Porm, por acreditar-se que a literatura

    consultada aborda os principais aspectos da aplicao de tal Teorema, conclusse que a

    validade, bem como a eficincia do quadro proposta, no estejam comprometidas devido

    possibilidade de ainda haverem outras variaes do Teorema.

    Atravs dos quatro exemplos mostrados na seo 6, pode-se perceber que por meio do

    quadro de equaes elimina-se a anlise de energia de deformao, que ocorre no primeiro

    exemplo, que se no se faz necessria nos trs seguintes, j que as equaes de energia de

    deformao j encontram embutidas nas equaes do quadro proposto.

    Por tanto, conclui-se que os objetivos propostos no inicio deste Trabalho Acadmico

    de Concluso foram alcanados e se prope como sugesto de trabalhos futuros, um estudo

    mais abrangente sobre a influncia da variao do formato das vigas, como cilndricos,

    prismticos e tubulares, a aplicao de um estudo de caso e comparao com outros mtodos

    para clculo de deflexo de vigas.

  • 69

    REFERNCIAS

    BOLEY, B. A. Castigliano, (Carlo) Alberto: Complete dictionary of scientific biography.2008. Disponvel em: . Acessoem: 14 abr. 2012.

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    GIOVANNARDI, F. E. Gustavo Colonnetti e le origini dell'ingegneria in Italia. 2009.Disponvel em: . Acesso em:30 nov. 2012.

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