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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Dislexia e a aquisição do segundo idioma Vanessa de Cássia Alves da Costa Orientadora: Drª. Profª. Dayse Serra Fevereiro, 2010.

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Dislexia e a aquisição do segundo idioma

Vanessa de Cássia Alves da Costa

Orientadora: Drª. Profª. Dayse Serra

Fevereiro, 2010.

ii

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Dislexia e a aquisição do segundo idioma

Vanessa de Cássia Alves da Costa

Psicopedagogia

Turma: G008

Matrícula: G 200337

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à Universidade Cândido Mendes, Instituto a Vez do Mestre, como requisito parcial para a obtenção do título de Pós graduada – Lato Sensu, em Psicopedagogia, sob a orientação do (a), Drª. Professora Dayse Serra.

iii

Dedicatória

Ao meu Caríssimo Odisseu e Ex.ma. Atena. A

todos aqueles que querem. Façam. Dedico,

com muito carinho, aos educandos que

decidiram vencer.

iv

Resumo

O disléxico é capaz de aprender um segundo idioma? Como facilitar a aprendizagem para esse educando?

O constante contato com pessoas que enfrentam as diversas dificuldades de aprendizagem impulsionou o desejo de pesquisar a respeito. Como a dislexia apresenta-se de diversas formas, o interesse aumentou, não só em entender do que se trata, mas de como ela afeta o individuo, e perceber a capacidade de aprendizagem que o mesmo detém, provavelmente diante do estímulo correto. Por conseguinte, demonstrar uma forma facilitadora do aprendizado do segundo idioma pelo o disléxico, que é a metodologia de ensino que utiliza a neurolinguística para veicular o aprendizado seria uma forma de ampliar as possibilidades de desenvolvimento destes educandos.

A metodologia calçada na neurolinguística é a que melhor desenvolve a fluência oral em indivíduos com dislexia por ser extremamente auditiva, uma vez que a dificuldade do disléxico está na produção oral e escrita. Quando utilizada com uma ênfase maior na reprodução oral do conteúdo aplicado, respeitando a velocidade e naturalidade do ritmo do educando, a alça fonológica da memória de curto prazo é estimulada, levando a uma melhor assimilação dos disléxicos, promovendo o estímulo do seu sistema de representação auditivo.

v

Metodologia

A metodologia teórica empírica foi à escolhida e adotada para a

pesquisa, em detrimento de quase dez anos de experiência em lecionar sob a

metodologia baseada na neurolinguística, adotada na rede de ensino de

idiomas WIZARD. A instituição tem por meta, não só o ensino de idiomas, mas

a capacitação e desenvolvimento do educando no âmbito sócio interativo, além

de embasamento teórico de autores conhecedores do assunto, como Capovilla

(2000), Ellis (1995).

vi

Dislexia e a aquisição do segundo idioma

TRABALHO DE Conclusão de Curso para obtenção do título de

Especialista em PSICOPEDAGOGIA pela Universidade Cândido Mendes -

Instituto A Vez do Mestre.

Conceito: __________

Professor (a) Orientador (a): Drª. Dayse Serra

Professor Avaliador:

__________________________________

Professor (a)

Rio de Janeiro __ / __ / ____

7

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 08

2. – Compreendendo A Dislexia .................................................................09

2.1 Etimologia e contextualização do termo................................ 10

2.2 O Cérebro Humano............................................................... 10

2.3 A Dislexia, suas causas e apresentações............................. 12

2.4 O processo ontogênico da aquisição da leitura – A

diferença no cérebro do educando disléxico................................................14

3. - Compreendendo a Neurolinguística.....................................................15

4. – O uso da combinação Neurolinguística e Psicolinguística como

metodologia para o ensino do segundo idioma:

ajustando a vida do educando com

dislexia......................................................................................................... 17

4.1 A metodologia de ensino da instituição..................................18

5. – Por que a metodologia obtém bons resultados na aquisição do

segundo idioma pelo educando disléxico.....................................................26

6. Conclusão...............................................................................................32

7. Referências Bibliográficas....................................................................33

8

1. INTRODUÇÃO

Bem maior do que se imagina, é a presença de alunos

disléxicos nos institutos de idiomas, movido pelo impulso dos familiares,

necessidade mercadológica, ou até mesmo por seus próprios sonhos.

Porém, se esse educando não perpassou por tratamentos para que sua

dislexia tivesse sido reduzida ou até mesmo curada? Deveria ele, então,

abrir mão dessa nova vertente de aprendizado? Através da

Psicopedagogia, que estuda o processo de aprendizagem e suas

dificuldades, a fim de contribuir na recuperação das habilidades cognitivas,

emocionais, sociais, visando o sucesso nos diversos contextos onde se

mostra atuante, esse trabalho tem como objetivo entender a dislexia em sua

forma e como afeta o indivíduo, para, assim auxiliar professores, familiares

e instituições a detectar o problema e resolvê-lo, ajudando o educando a

seguir a jornada, evitando o fracasso e promulgando a não desistência e

vontade de aprender.

A metodologia proposta para o avanço do educando disléxico é a

baseada na Neurolinguística, ciência que cria uma ponte facilitadora de

manipulação e aquisição do idioma através da memória auditiva, Cayrol

(1997), perpassando Neurociência, pela Programação Neurolinguística,

Psicolinguística, ciência que toma como abordagem central o

relacionamento entre o pensamento (comportamento) e a linguagem

Proncko (1946).

9

2 – Compreendendo A Dislexia

2.1 Etimologia e contextualização do termo

O termo “dislexia” tem origem no grego – prefixo “dys” que

significa distúrbio, e “lexia”, que no latim significa leitura e no grego

linguagem, logo, dificuldades na linguagem = leitura e escrita. A etimologia

da palavra “dislexia” presume a incapacidade de lidar com o léxico, ou seja,

com as palavras que fazem parte do dia a dia do homem. Essa

incapacidade envolve o aprendizado da leitura e da escrita, e pode

manifestar-se sob várias formas. A identificação do problema e o

desenvolvimento de projetos para tratá-lo é de suma importância para o

desenvolvimento acadêmico do educando, uma vez que a dislexia atinge a

linguagem, a escrita, a fala a visão, o raciocínio, a audição, resultando em

um conjunto de problemas relacionados aos sentidos que permitem que o

educando aprenda.

São inúmeras as causas da dislexia: o mau funcionamento do

Sistema Nervoso Central, um distúrbio cerebral, traumas emocionais,

podendo ainda ser causada por fatores congênitos ou sociais. É conhecida

como Dislexia Desenvolvimental ou verdadeira, uma vez que o indivíduo

pode ter herdado dos pais ou Dislexia adquirida, em virtude de um “trauma”.

Ainda assim, com uma metodologia adequada, paciência e dedicação,

alguns professores tem conseguido fazer com que seus educandos

disléxicos aprendam, deixando as estatísticas de resultados negativos no

passado.

10

A dislexia pode apresentar-se nos seguintes aspectos: como a

Disgrafia, que pode ainda ser mencionada como dislexia de superfície ou

ortográfica, Discalculia, Disortografia, Deficiência de Atenção,

Hiperatividade e Hipoatividade.

Segundo Drouet, muitos países onde a dislexia foi pesquisada por

Lester e Muriel Tarnopol existem crianças inteligentes que apresentam

grande dificuldade para aprender a ler ou escrever, em uma matriz

educacional normal. Isso nos leva a ratificar que uma adaptação nos nossos

métodos às necessidades especiais se faz necessária, pois estes

educandos não são incapazes de aprender, sendo então de

responsabilidade do corpo docente a criação de um ambiente pedagógico

facilitador da aprendizagem para eles.

2.2 O cérebro humano

Conhecer o funcionamento cerebral se faz necessário para

entender a dislexia. Cada parte do cérebro exerce funções específicas.

Sendo a área esquerda do cérebro, denominada hemisfério esquerdo,

relacionada à gestão da linguagem falada, dentre outras habilidades,

enquanto a área direita, denominada hemisfério direito, relacionada à

interpretação da linguagem através de gestos, movimentos faciais e

emoções, a palavra como um todo – sentido e significado; pragmática e

11

semântica. Logo, ambos os hemisférios interveem no processo de aquisição

de linguagem.

No hemisfério esquerdo foram identificadas três sub áreas

distintas, uma processando fonemas, a seguinte analisando palavras e a

última reconhecendo-as. Quando atuando em conjunto, possibilitam o

aprendizado da leitura e da escrita.

Damasio & Damasio, 1998

Veremos, nos capítulos seguintes, que no cérebro do educando

disléxico o processo é diferente.

12

2.3 A Dislexia, suas causas e apresentações

As causas da Dislexia, de acordo com a interdisciplinalidade entre

as áreas da medicina e ciências humanas, podem ter classificação

neurológica, genética e traumática, que podem ser agravadas por fatores

emocionais, situação sócio econômica e cultural.

Segundo estudos desenvolvidos por essas áreas, algumas

definições conclusivas foram feitas, dentre elas, destacando-se:

• Base genética da dislexia: fator genético, transmitido por

um gene do cromossomo # 6, tornando a Dislexia

hereditária1; ou ainda, exposição do feto durante a sua

formação, a altas doses de testosterona, importante

hormônio masculino.

• Base neurológica: hiperdesenvolvimento de área

específica do hemisfério cerebral lateral direito, além da

normalidade, justificando significativamente o aumento do

potencial ligado a artes, esportes, mecânica, criatividade

na solução de problemas e habilidades intuitivas, porém

apresentando precocidade psicomotora ou conflito em

domínio e colaboração hemisférica cerebral direita e

esquerda.

• Base traumática: através de trauma ou lesão cerebral.

1 http://www.dislexia.com.br/ consulta 18/10/2009

13

O educando disléxico encontra dificuldades na aprendizagem da

leitura, embora possua desenvolvimento intelectual adequado para esse

processo. Ele geralmente apresenta comportamento depressivo em

detrimento ao fracasso repetitivo diante de anos de esforço e a comparação

permanente com os demais educandos.

A seguir, perpassaremos pelas possíveis vertentes da dislexia:

• Disgrafia – atraso ou inaptidão no desenvolvimento da

linguagem escrita;

• Discalculia – dificuldades no processo lógico matemático;

dificuldades provindas da impercepção de tempo e espaço,

ordem de fatos matemáticos.

• Deficiência de atenção – dificuldade em deter

concentração, impossibilitando a compreensão,

discriminação e assimilação do objetivo central de um

estímulo.

• Hiperatividade – excessividade na atividade psicomotora,

detendo um comportamento arrebatado e inquieto.

• Hipoatividade – baixo nível de atividade psicomotora, com

obtenção baixa a qualquer estímulo, pouco envolvimento

com o grupo.

14

2.4 O processo ontogênico da aquisição da leitura – A

diferença no cérebro do educando disléxico

O processo de aprendizagem de leitura de um educando passa

pelo reconhecimento e processamento de fonemas, através da

memorização das letras e seus respectivos sons. Outra parte do cérebro

passa a ser desenvolvida à medida que esse processo evolui, construindo

uma memória permanente, reconhecendo palavras que lhe são familiares

de imediato. O esforço exigido pela leitura passa a ser menor ao passo que

a outra parte do cérebro passa a se desenvolver e a dominar o processo.

Todo esse processo de leitura conta com quatro módulos cognitivos: o

módulo perceptivo, que se refere à percepção, sobretudo visual, o módulo

léxico, que se refere ao traçado das letras e a memorização dos demais

grafemas do idioma, e o módulo sintático, relacionado à organização da

estrutura da frase e ao significado que as palavras trazem em seus fonemas

(Martins 1997).

No cérebro do educando disléxico, já que ocorrem falhas nas

conexões cerebrais, o funcionamento difere, uma vez que no ato da leitura,

este cérebro recorre à área que processa os fonemas. Como resultado, o

educando encontra dificuldade na diferenciação entre fonemas e sílabas,

em detrimento a inatividade da área cerebral responsável por esta análise

e, consequentemente, o educando não reconhece palavras que já tenha

tido contato. Por conseguinte, a leitura torna-se laboriosa, pois toda palavra

parece ser nova.

15

3 – Compreendendo a Neurolinguística

O termo “neuro” tem origem grega – neuron para nervo,

linguística, do latim língua = linguagem, o que indica que processos neurais

são representados, organizados e seqüenciados em modelos e estratégias

através da linguagem e sistemas de comunicação, Vilela (2002).

A Neurolinguística é um ramo da Linguística Aplicada. É o estudo

das relações entre cérebro e linguagem, com enfoque no campo das patologias

cerebrais, cuja investigação relaciona determinadas estruturas do cérebro com

distúrbios ou aspectos específicos da linguagem, Caplan (1987). Tem por

objetivo teorizar sobre o “como” a linguagem é processada no cérebro, Menn &

Obler (1990). Senda assim, ela estuda o processo, a organização cerebral da

linguagem, sendo usada diretamente, como recurso de nossa inteligência, A

Neurolinguística é, naturalmente, uma ciência interdisciplinar, pois transita

entre os campos da Linguística, Neurobiologia e Engenharia informática, entre

outros.

Não há como falar de neurolinguística, sem mencionar

Programação Neurolinguística e Psicolinguística. Esta procura elucidar os

mecanismos cognitivos da língua empregando as técnicas tradicionais da

Psicologia experimental, incluindo a análise de indicadores como o tempo de

reação, número de erros e movimento dos olhos.

A Programação Neurolinguística tem como ponto principal

desenvolver a capacidade pessoal mais afetiva de comunicação,

proporcionando mudanças positivas no indivíduo, através de pesquisas dos

padrões fundamentais da linguagem e técnicas de renomados terapeutas

especialistas em hipnoterapia – facilitadora da sugestão, psicologia da forma

16

ou Gestalt – que acredita na capacidade do indivíduo de articular-se através de

sua organização e lei interna.

17

4 – O uso da combinação Neurolinguística e

Psicolinguística como metodologia: ajustando a

vida do educando com dislexia

Através do uso de experiência profissional própria de dez anos de

dedicação exclusiva, como professora da língua inglesa, em um centro de

idiomas renomado em todo país e no exterior, detentor de mais de vinte

anos de experiência no marcado educacional, e, atualmente, totalizando

duzentas escolas entre Brasil, Estados Unidos, Japão e Irlanda, foi possível

experimentar os resultados da combinação positiva da Neurolinguística e

Psicolinguística como fonte para a criação da metodologia utilizada pela

instituição, no ensino do idioma, para os educandos normais e disléxicos,

sendo eles crianças, jovens ou adultos.

O objetivo do trabalho não é a divulgação mercadológica do

centro de idiomas, e sim tratar da possibilidade de aquisição do segundo

idioma através da metodologia empregada, tão pouco a relevância do

educando disléxico ter concluído o período necessário estabelecido pela

marca, para ser considerado falante fluente do idioma, e sim o progresso do

educando disléxico diante do desafio de adquirir outro idioma, sendo

irrelevante a condição básica, intermediária ou avançada na qual ele se

gradue.

18

4.1 A metodologia de ensino da instituição e sua

administração

Diante da utilização de avançadas técnicas fundamentadas na

neurolinguística, o educando é estimulado a falar em um novo idioma desde o

primeiro dia de aula.

Esta metodologia de ensino possibilita a prática da conversação,

leitura, escrita e compreensão auditiva em um curto período de tempo. Através

do avançado método, o aluno é estimulado a se expressar livremente, vencer

inibições e a romper bloqueios durante o aprendizado.

Os cursos acompanham as faixas de idade e os interesses

específicos de cada estudante. O que prepara o aluno para aproveitar ao

máximo o seu processo de aprendizagem.

Para compor uma estrutura de ensino de alta qualidade, são

utilizados diversos materiais e recursos que fazem parte do seu revolucionário

método. Os educandos recebem, juntamente com os livros, preparados por

educadores altamente capacitados, um cd com todo o conteúdo das aulas.

Assim podem treinar a pronúncia correta do idioma de estudo no local que

desejarem. O educando também recebe o estímulo para desenvolver ainda

mais sua capacidade de automotivação e de técnicas de liderança, objetivando

assim, uma capacitação profissional superior. Tanto a conversação quanto a

gramática são alvos de intenso estudo. Em todas as aulas, os professores,

19

promovem momentos de descontração e interação entre os alunos, o que

estabelece uma saudável relação entre o estudante e o educador. Os alunos

são sempre estimulados a terem antes de tudo, confiança e segurança nos

assuntos abordados. O que gera interesse pela aula e facilita o aprendizado do

estudante. 2

A faixa etária é muito importante na metodologia, pois ela delimita

a abordagem adotada.

Os idiomas oferecidos pela marca são: Inglês, Francês, Italiano,

Espanhol, Japonês, Chinês, Alemão e Português para estrangeiros. Neste

trabalho, usaremos o inglês na identificação das nomenclaturas utilizadas pela

metodologia.

Diante da apresentação da metodologia em seu site, já é possível

visualizar a aplicabilidade das duas ciências, quando, no primeiro parágrafo,

a neurolinguística é mencionada. É possível constatar que a habilidade

auditiva é o principal enfoque do trabalho. Porém, como seria desenvolvido

um educando que demonstrasse dificuldades ou já dito disléxico?

A administração da metodologia dar-se-á da seguinte forma: o

conteúdo programático é dividido em trinta lições para as crianças, trinta e

três lições em caso de adolescentes de pré adolescentes. Aos adultos é

apresentado trinta e cinco lições. Revisões a cada dez lições de conteúdo

apresentadas aos pré adolescentes e adolescentes. Aos adultos, revisões a

cada seis lições. Cada lição tem a diagramação de lição par – a que traz o

conteúdo, chamada de input, lição par, e lição ímpar, chamada de output.

Cada lição tem duração de sessenta minutos. Ao término da aula, o

educando recebe orientações de como fazer seu homework, os exercícios

² http://www.wizard.com.br/Sistema/Metodo/ consulta em 11/10/2009

20

de casa, onde ele estará revendo todo o conteúdo aplicado, trabalhando a

parte escrita do idioma alvo.

Podemos visualizar o desenvolvimento da abordagem no quadro

a seguir:

ADMINISTRAÇÃO DA ABORDAGEM DA METODOLOGIA

PÚBLICO /

ABORDAGEM

CRIANÇAS

5 a 10 anos

JOVENS

11 a 16 anos

ADULTOS

3Faixa etária

livre

INPUT 15 15 15

OUTPUT 15 15 15

REVISÕES 0 3 5

TOTAL DE LIÇÕES 30 33 35

Quadro A. Explicativo da abordagem da metodologia

A lição par, input, é dividida em Verbs, Vocabulary, Expressions e

Grammar. No bloco Verbs, o educando conhece, em média, dois verbos; no

bloco Vocabulary, o educando é exposto a dez palavras do vocabulário do

idioma. Já no bloco Vocabulary, são apresentadas quatro expressões

idiomáticas e, no bloco Grammar, há a massificação do tópico gramatical

abordado ao longo da lição. O procedimento ocorre, sem que sejam

tratadas as identificações gramaticais do idioma, ou seja, sem que o

3 Permitido a jovens, ainda que de dezesseis anos, que estejam cursando o segundo ano do Ensino Médio no ano vigente

21

professor ou o educando trate os elementos pela nomeação da gramática

normativa do idioma, a estrutura da língua. Acredita-se que, dessa

maneira, o educando terá em mente sua participação, não correlacionando

a aprendizagem desse momento a qualquer dificuldade já enfrentada por

ele, diante da aquisição da língua portuguesa.

Ao educando a apresentação é feita por partes: primeiramente os

Verbs são ditos pelo professor, em voz alta e firme, no idioma alvo, e o

educando o reproduz, logo após o professor, da maneira que o ouviu,

entendeu. Esse procedimento se deu duas vezes. Em seguida, o professor

vai dizê-los, em português, mas o educando vai reproduzi-lo no idioma alvo.

Esse procedimento também acontece duas vezes. Com isso, totaliza-se

quatro vezes que o educando reproduziu o conteúdo. A marca trata o passo

a passo da metodologia do resultado apresentado pelo educando, como

reprodução e não repetição, pois, segundo Holanda (software POSITIVO,

2005), a repetição consiste no ato ou efeito de repetir (-se), repetência, o

indivíduo refazendo algo sem a inferência, observação própria, enquanto

que a reprodução consiste no ato ou efeito de produzir (-se), contando com

a inferência, a observação do indivíduo. Por conseguinte, o educando

reproduz o proposto, produzindo através de sua própria articulação

fonológica, o som ouvido.

Após a reprodução, por parte do educando, do idioma alvo por

quatro vezes, o professor chama a atenção do educando para apresentar o

verbo em uso, ou seja, um pronome pessoal e o verbo flexionado, em

formato de frase, sem nomeação normativa, e sim a frase única, e é

seguido pelo educando, reproduzindo a frase em questão. O professor a

traduz para o português, enquanto que o educando irá reproduzi-la no

idioma alvo. Vejamos na representação a seguir:

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PROFESSOR EDUCANDO

To drink. To drink.

To eat. To eat.

To drink. To drink.

To eat. To eat.

Beber. To drink.

Comer. To eat.

Beber. To drink.

Comer. To eat.

Atenção. I drink. I drink.

Eu bebo. Como se diz Eu bebo? I drink.

Mais uma vez. Eu bebo. I drink.

Atenção. I eat. I eat.

Eu como. Como se diz Eu como? I eat.

Mais uma vez, Eu como. I eat.

Quadro B. Representação da primeira fase, aplicação de Verbs.

23

Na sequência, o professor apresenta, no idioma alvo, o

Vacabulary, com a mesma postura aplicada na primeira fase – Verbs, voz

alta e firme, e é seguido pela reprodução do educando. Assim segue,

também, na apresentação das Expressions. Esse procedimento é feito duas

vezes professor – idioma alvo, reprodução do educando e duas vezes

professor – português e reprodução do educando no idioma alvo,

totalizando quatro vezes em que o educando reproduziu o idioma alvo.

Após esse passo, o professor passa para a aplicação de frases, chamadas

drills, onde ele apresenta frases em português para o educando que, por

sua vez, deve transformá-la no idioma alvo, segundo as informações

recebidas previamente. Vejamos na representação a seguir:

PROFESSOR EDUCANDO

Beber. To drink.

Comer. To eat.

Eu bebo. I drink.

Eu como. I eat.

Eu bebo água. I drink water.

Suco. I drink juice.

Leite. I drink Milk.

Café. I drink coffee.

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Comer. To eat.

Eu como. I eat.

Carne. I eat meat.

Peixe. I eat fish.

Pão. I eat Bread.

Queijo. I eat cheese.

Eu bebo café de manhã. I drink coffee in the morning.

Água à noite. I drink water in the evening.

Eu como pão com manteiga. I eat bread and butter.

Quadro C. Representação da quarta fase, aplicação dos Drills.

Ao término dos Drills, o professor faz a apresentação da quinta

fase, o Grammar, onde o conteúdo e suas inflexões são revistos. Essa

apresentação é feita da mesma maneira que na fase de Verbs, Vocabulary

e Expressions, duas vezes no idioma alvo, duas vezes em português, por

parte do professor, enquanto o educando faz as reproduções quatro vezes,

após o professor, sempre no idioma alvo. Adiante, novos Drills são

aplicados, com o mesmo perfil metodológico que o representado no quadro

C. O fim da lição se caracteriza com a reprodução mecânica do cd, seguida

da reprodução do educando.

Existem condições importantes a serem seguidas dentro da

metodologia, a fim de evitar o fracasso do educando. Tais condições são

25

expressas no contrato social que o educando ou seu responsável afirma

junto à marca e em material à parte, entregue ao mesmo, junto a seu

material didático. Baseado nas condições, o recurso de apoio é oferecido ao

educando, para que ele possa ser atendido por um professor, a fim de

sanar suas dificuldades.

O educando tem o direito a aula de apoio. Esta objetiva tratar o

ponto exato onde a dificuldade está centralizada. Esta aula pode ter o

molde da aula normal, ou seja, o educando pode refazer a aula, na íntegra;

uma aula visando à escrita, o educando refaz os exercícios escritos,

acompanhado do professor explicando os pontos onde ele demonstrou

dificuldade, e a aula somente com o recurso auditivo, voz do professor, e o

educando fazendo as reproduções propostas.

26

5. Por que a metodologia obtém bons

resultados na aquisição do segundo idioma pelo

educando disléxico

O método conta com uma estratégia ou rota de leitura

desenvolvida por Ellis e Young (1988), que vem a ser uma versão do

modelo de leitura proposto por Morton (1969). Segundo Capovilla (2000),

Ellis e Young atestam que existem basicamente, duas rotas para a leitura: a

fonológica e a lexical. Em detrimento à extensão por meio de observações

clínicas e de estudos experimentais que a realidade psicológica desse

modelo de dupla rota de leitura vem sido trabalhado e obtendo resultados

positivos, Seymour (1987), e uma vez que o objetivo da marca é fazer com

que o educando adquira o idioma mais rapidamente, de maneira eficiente e

eficaz, a rota fonológica foi a escolhida e adotada para que o educando seja

capaz de adquirir sua leitura e escrita no idioma.

Ainda que o educando venha precisar de aula de apoio, esta

pode ser ministrada dentro da linha da metodologia, segundo proposta feita

pela própria.

Segundo Pinto de Almeida (2005), o disléxico possui um maior

desenvolvimento da área específica do hemisfério cerebral lateral direito,

em comparação com os leitores normais. Logo, explica-se sua facilidade de

desenvoltura no que esteja relacionado às artes, sensibilidade, atletismo e

criatividade. Uma vez que, dentre outras habilidades, está relacionado ao

hemisfério direito a interpretação da linguagem através de gestos, emoções,

27

movimentos faciais, esse potencial pode ser aproveitado para o

desenvolvimento da cura e aprendizagem do disléxico. E esse

desenvolvimento pode ser promovido através de estímulos auditivos.

Dentro das estratégias para a leitura e escrita, existe um sistema

de processamento de leitura em voz alta, um sistema de reconhecimento e

nomeação de figuras e de sons, e um de repetição em voz alta, de palavras

ouvidas, Seymour (1987), Capovilla e Capovilla (2000). Entende-se como

figura uma representação pictografal de algo reconhecível dominável

Capovilla (2000). O oposto pode chamar de pseudofigura, algo

irreconhecível.

O entendimento de figura e pseudofigura são importantes para o

processamento de informações lingüísticas no espaço de trabalho cerebral,

Zaidel & Peters (1981). Este processamento que é lingüístico no hemisfério

dominante e imagético no não dominante, Paivio (1986). Sendo assim,

inferimos que, em um cérebro normal, a linguagem falada, o discurso

racional, o pensamento consciente, conhecimento aprendido

academicamente, dentre outras habilidades, que são processadas no

hemisfério esquerdo – dominante nesta habilidade, inverterão os papéis

com o hemisfério direito – área de maior desenvolvimento do cérebro

disléxico, que detém a interpretação da linguagem através de gestos, os

sonhos, o não verbal, o conhecimento por meio de prática, especializado

em reconhecer rostos, lugares, objetos e músicas, dentre outras

habilidades.

Ao recebermos o estímulo auditivo a palavra relógio, exemplo

segundo Capovilla e Capovilla (2000), pode inferir que, ao ouvirmos a

palavra, fomos estimulados auditivamente. Tal atitude permitiu um

processamento duplo, primário imagético e secundário linguístico. Ao passo

28

que, ao ouvirmos geiórol, uma pseudofigura, apenas o processo da

imaginação, do que vem a ser, ocorrerá. Isto justifica a conclusão de

Whitehouse (1981) e de Zaidel e Peters (1981), sobre a superioridade da

memória em reconhecer figuras melhor do que pseudofiguras. O mesmo

acontece com os sons linguísticos. Estes abrangem tanto as palavras como

as pseudopalavras. De acordo com os pesquisadores Alessandra G.S.

Capovilla e Fernando César Capovilla, 2000, p.13:

“As palavras correspondem a sequências

de caracteres que compõe um todo pronunciável e

ao qual corresponde um dado significado, como, por

exemplo, relógio. As pseudopalavras correspondem

a sequências de caracteres que compõe um todo

pronunciável, mas carente de significado, como, por

exemplo, geiórol. Do mesmo modo, sons não

linguísticos correspondem tantos os conhecidos (e.g.

trinado de pássaro, latido de cachorro, dobrar de

sinos, ruído de motor) quanto os desconhecidos (i.e.

não identificáveis).

29

Ao recebermos o estímulo visual, devemos considerar a

subdivisão do léxico em cinco:

• Léxico ortográfico = sistema de ativação das

representações ortográficas. Possui a representação da

escrita das palavras conhecidas, permitindo o

reconhecimento quando visualizadas.

• Léxico auditivo linguístico = sistema de ativação das

formas fonológicas. Acumula o som das palavras

conhecidas, permitindo o reconhecimento quando ouvidas.

• Léxico semântico = sistema de ativação das

representações semânticas. Acumula os significados das

palavras.

• Léxico não linguístico auditivo - Acumula os sons da

natureza conhecidos, isto é, suas imagens auditivas

conhecidas, permitindo seu reconhecimento quando

ouvidos.

• Léxico não linguístico visual – Acumula as imagens

conhecidas, permitindo o reconhecimento das mesmas

quando revistas.

A partir daí, analisaremos parte da adaptação provido dos

modelos de fluxograma de Capovilla e Capovilla (1987b), Ellis (1995), Ellis e

Young (1988), Morais (1995), Partz (1997) e Baddeley (1986, 1992), que

inclui, além das rotas de leitura e de nomeação de itens visuais ou auditivos

conhecidos, e as rotas de repetição de sons linguísticos, tanto conhecidos

quanto desconhecidos.

30

Na situação de educandos expostos ao aprendizado do segundo

idioma, sobretudo em fase iniciais, a grande maioria dos sons é classificada

como pseudopalavras, pois, não há reconhecimento no léxico auditivo

linguístico. Sendo assim, o sistema de produção fonológica é acionado,

levando o educando a repetir a pseudopalavra, por processo

fonoarticulatório superficial, isto é, não passando pelo léxico. Partindo desse

princípio, obtemos o quadro explicativo do fluxograma parcial da adaptação

a partir dos modelos de fluxograma de Capovilla e Capovilla (1987b), Ellis

(1995), Ellis e Young (1988), Morais (1995), Partz (1997) e Baddeley (1986

1992).

Estímulo Auditivo – sistema de análise auditiva identifica som da fala ou não.

Se som da fala = Estímulo auditivo linguístico

Se sons da natureza = Estímulo auditivo não linguístico

Sons da fala = palavras ou pseudopalavras

Quando Estímulo auditivo linguístico, o sistema de reconhecimento de sons

linguísticos é ativado, processa informações lingüísticas e determina o

reconhecimento. Se reconhecido = palavra; senão = pseudopalavra

Quando pseudopalavra, o sistema de produção fonológica é ativado

Logo, educando repete a pseudopalavra, em voz alta, com base no

processamento fonoarticulatório superficial.

Resultado = ESTRETÉGIA FONOLÓGICA SUPERFICIAL OU DIRETA –

31

permite a leitura em voz alta de palavras desconhecidas ou pseudopalavras

Quadro D. Resumo explicativo do fluxograma parcial da adaptação a partir dos

modelos de fluxograma de Capovilla e Capovilla (1987b), Ellis (1995), Ellis e Young (1988),

Morais (1995), Partz (1997) e Baddeley (1986 1992).

O sistema de produção fonológica e o buffer fonológico –

armazenador fonológico passivo, Baddeley (1986), estão inclusos nos

sistemas ligados a área de trabalho cerebral, responsável pelo

armazenamento de pseudopalavras longas ou palavras desconhecidas. O

buffer fonológico armazena as palavras por um curto período de tempo, até

pronunciada. Esse processo permite o ensaio da pronúncia, pois a

pseudopalavra foi armazenada e perpassou pelo processo fonoarticulatório.

É neste ínterim que acontece um dos processos da neurociência,

a aprendizagem passando pelo corpo, não só neurocientificamente, mas, o

educando experimentando. E, na condição de educando disléxico, a

condição criada pela própria área de trabalho cerebral, fazendo com o que o

hemisfério dominante na linguagem - esquerdo, dê espaço ao hemisfério

direito – área mais desenvolvida em educandos disléxicos, e, com isso, a

aprendizagem flua, as chances de retenção de conteúdo tornam-se mais

plausíveis. Dessa maneira, o processo torna-se mais ameno, ensaio e erro,

porém, amparado pelas técnicas da neurolinguística e da programação

neurolinguística, onde o conforto e o apoio prestado ao educando será

condição sine qua non para a evolução positiva do educando, vencendo

suas dificuldades.

32

6 – Conclusão

Entendendo a palavra aquisição como um processo ontogênico,

como em tudo no período de vida de um indivíduo, trata-se de evolutivo, o

processo de aquisição do segundo idioma para todos os seres humanos.

No entanto, como intencionalmente, um indivíduo propõe-se a aprender

outro idioma para comunicar-se, há, então, de se entender a semântica da

comunicação. Dentre diversos verbetes que classificam o significado dessa

palavra, está: fazer saber, participar, tornar comum, transmitir, difundir.

Igualmente, se entendermos que existem duas formas de comunicação que

englobam suas vertentes: a verbal e a não verbal, conseguimos aceitar que,

qualquer indivíduo com dislexia, é capaz de se comunicar, através da

qualquer linguagem que ele adote. Fato é, que o que determinará o tempo,

a maneira, o aproveitamento e se prazeroso ou não, é o ambiente, a

disposição, a determinação e a metodologia a qual o educando estiver

exposto.

A metodologia que traz a combinação entre Neurolinguística,

Psicolinguística, Programação neurolinguística, Neurociência,

Psicopedagogia e Psicologia, ciências diretamente relacionadas ao

compromisso com o bem estar fisiológico, psicológico, institucional e

acadêmico deste educando, tendem a não somente acertar o objetivo da

aprendizagem, mas, detectar os problemas, colaborar para a redução ou

futuramente, a extinção dessas dificuldades.

33

7 - Referências bibliográficas

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César.Problemas de leitura e escrita. – São Paulo: Memmon. 2000.

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