universidade do vale do itajaÍ prÓ-reitoria de …siaibib01.univali.br/pdf/flaviana maria...

45
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE ENSINO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA - BIGUAÇU FLAVIANA MARIA MURARO BRINQUEDO TERAPÊUTICO: UMA ESTRATÉGIA DE ENFRETAMENTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA BIGUAÇU 2009

Upload: others

Post on 15-Nov-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PRÓ-REITORIA DE ENSINO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA - BIGUAÇU

FLAVIANA MARIA MURARO

BRINQUEDO TERAPÊUTICO: UMA ESTRATÉGIA DE

ENFRETAMENTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA

BIGUAÇU

2009

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

FLAVIANA MARIA MURARO

BRINQUEDO TERAPÊUTICO: UMA ESTRATÉGIA DE

ENFRETAMENTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

requisito para obtenção do grau de Bacharel em

Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no

Curso de Psicologia. Orientador Mauro Jose da

Rosa

BIGUAÇU

2009

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

FLAVIANA MARIA MURARO

ÁREA DE PESQUISA: Saúde

TEMA: Brinquedo Terapêutico

BRINQUEDO TERAPÊUTICO: UMA ESTRATÉGIA DE

ENFRETAMENTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA

BANCA EXAMINADORA

Profª. Mauro Jose da Rosa (orientador)

Categoria Profissional: Mestre em Psicologia

Profª. Ivânia Jann Luna

Titulação: Mestre em Psicologia Clínica

DRª Patricia Salles

Titulação: Médica em especialização em Pediatria.

Profª. Mirella Alves de Britto

Coordenadora do Curso de Psicologia

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

AGRADECIMENTO

Dedico esta monografia, a minha família, aos meus amigos, a todos os profissionais

que participaram da pesquisa, ao orientador que esteve durante um ano contribuindo com seus

conhecimentos, a todos que acreditam que podem contribuir para melhorar o ambiente em que

vivemos. E em especial ao meu noivo.

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

Sonhar faz parte da existência humana, a todo o momento em todo

lugar, a cada minuto de nossas vidas.

Construímos sonhos, embalamos projetos, voamos ao mais

profundo céu, pois somos seres construtores, sonhadores e

planejadores.

Somos seres movidos pela única motivação: amor!!!

Amor pelo que fazemos,

Amor pelo que acreditamos,

Amor pelo que ainda está por vir...

A mudança está na sua frente, ao seu lado, na sua mente, não veja

como um obstáculo, como um problema impossível de realizar,

entenda que o cada dia construímos um novo ciclo, porque somos

protagonistas de nossas vidas, vista-se de entusiasmo, abra-se para

o futuro. Acredita, sonhe com o novo.

Flaviana Maria Muraro, 23 de junho de 2009.

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

RESUMO

MURARO, F. M. Brinquedo Terapêutico: uma estratégia de enfretamento da criança

hospitalizada. 2009. Trabalho de conclusão de curso (graduação em Psicologia)-Universidade

do Vale do Itajaí, 2009.

O trabalho discorre sobre a importância do brinquedo terapêutico no ambiente hospitalar

infantil. Inicialmente, promoveu-se teoricamente uma breve compreensão que a criança tem

em relação à hospitalização, por conseqüência, as suas reações psicológicas e a importância

do brincar no enfretamento da mesma. A partir daí, acredita-se que o brincar contribui no

processo de vinculação entre o profissional da área da saúde e a criança hospitalizada,

minimizando o desconforto em relação à utilização dos procedimentos hospitalares realizados

na mesma. A pesquisa partiu como metodologia qualitativa com a pesquisa exploratória,

tendo como objetivo: identificar junto aos profissionais da saúde as principais reações

emocionais da criança hospitalizada diante dos procedimentos hospitalares; investigar junto

aos profissionais da saúde quais os meios utilizados para realização dos procedimentos

hospitalares na criança; identificar os possíveis benefícios da utilização do brinquedo

terapêutico no processo de hospitalização infantil. E meio a isto, as informações obtidas

contribuíram para identificar quais os principais brinquedos a serem utilizados por esses

profissionais no âmbito hospitalar, além das informações acima desejadas.

Palavras-chave: hospitalização infantil, profissionais da saúde, enfretamento, brinquedo

terapêutico.

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

SUMÁRIO

RESUMO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. .7

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA.......................................................................9

2.1 A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO TERAPÊUTCO NO

ENFRENTAMETO DA HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL.................................9

2.1.1 Hospitalização Infantil ...................................................................................................9

2.1.2 Reações Psicológicas Frente à Hospitalização Infantil ............................................. 10

2.1.3 Brincar: contexto social ............................................................................................... 12

2.1.4 Brinquedo Terapêutico ................................................................................................ 15

3 METODOLOGIA ......................................................................................... 18

3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................................ 18

3.2 AMOSTRA ........................................................................................................................ 18

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .................................................................. 20

3.4 PROCEDIMENTOS .......................................................................................................... 21

3.5 TÉCNICA DE ANÁLISE DOS DADOS ..........................................................................21

3.6 CUIDADOS ÉTICOS.............................. ..........................................................................22

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................... 23

4.1 Roteiros das entrevistas e o ambiente hospitalar infantil.............................................23

4.1.1 Categoria 1 - Procedimentos hospitalares...................................................................24

4.1.2 Categoria 2 - Meios utilizados por profissionais da saúde para aceitação da criança

diante dos procedimentos hospitalares.................................................................................24

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

4.1.3 Categoria 3 - Reações da criança diante aos procedimentos hospitalares................26

4.1.4 Categoria 4 - Medidas de prevenção hospitalar e a faixa etária de compreensão da

criança diante à hospitalização..............................................................................................28

4.1.5 Categoria 5 - Utilização do brinquedo terapêutico como estratégia de enfretamento

da hospitalização infantil e conhecimento dos profissionais a respeito do mesmo...........29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................33

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 37

APÊNDICES ..................................................................................................... 40

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

7

1 INTRODUÇÃO

O tema proposto a ser investigado surgiu do interesse de contribuir com os

profissionais da área da saúde que trabalham com crianças hospitalizadas, os quais estes

utilizam o brinquedo terapêutico como estratégia de enfrentamento dessa hospitalização.

Conforme Martins et al (2001) o brinquedo terapêutico é uma técnica que o profissional da

saúde utiliza um brinquedo junto à criança hospitalizada, em que simula situações

hospitalares, desta forma, a criança receberá explicações dos procedimentos que serão

utilizados na mesma.

Vale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

diferenciando a questão de que não será um terapeuta que utilizará a técnica, mais qualquer

profissional da área da saúde que tiver um contato direto com a criança. Tendo objetivo em

comum às preocupações em fazer com que os medos e os temores desapareçam, diante dos

procedimentos hospitalares, e que a criança consiga maior assimilação e adaptação à realidade

que o cerca.

Motta e Enumo (2002) afirmam que a criança quando permanece hospitalizada passa

por várias circunstâncias que podem afetar o seu estado emocional, uma vez que as

experiências de estar dentro dos hospitais podem ocasionar na criança sentimentos como a

angústia, ansiedade e medo do desconhecido, por decorrência desses sentimentos, acabam

comprometendo a sua hospitalização, interferindo nos procedimentos técnicos a serem

utilizados, no processo de vínculo entre os profissionais da saúde e a criança. Portanto, o

profissional poderá utilizar o brinquedo terapêutico para amenizar esses sofrimentos

psíquicos.

Em meio a isto, na revisão bibliográfica realizada pela autora, é possível perceber

que o brincar passa a ser um meio utilizado no processo de hospitalização, que, se apresenta

como uma possibilidade de estruturação de um modelo de atenção à saúde da criança

(MITRE; GOMES, 2007). Atenção esta, que pode ser encontrada a partir dos aspectos

trazidos pelo brincar no ambiente hospitalar. Assim, é de importância salientar que o objeto

de estudo torna-se mais claro, no sentido de compreensão, quando se estabelecem objetivos e

métodos a serem alcançados.

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

8

Segundo Martins et al (2001) a criança no ambiente hospitalar enfrentam pessoas

estranhas, procedimentos hospitalares, e outros. Quando a mesma não é preparada para

realização dos procedimentos hospitalares tende a desenvolver ansiedade e insegurança.

Nesse percurso podem ocorrer diversas mudanças, sejam previsíveis ou imprevisíveis e que

pode influenciar de forma significativa no processo de hospitalização infantil.

Em meio a este acontecimento acredita-se que o brincar contribui no processo de

vinculação entre o profissional da saúde e a criança, minimizando o desconforto em relação à

utilização dos procedimentos hospitalares realizados na mesma. Assim, qual a importância do

brinquedo terapêutico no enfrentamento da hospitalização infantil? Quais as reações das

crianças diante dos procedimentos hospitalares?

Enquanto categorias de assunto investigou-se: Os procedimentos hospitalares mais

utilizados no setor; os meios utilizados pelo profissional da saúde para facilitar a aceitação da

criança diante aos procedimentos hospitalares; a visão dos profissionais da área da saúde em

relação à utilização de brinquedo como estratégia de enfrentamento da hospitalização infantil.

É evidente que uma pesquisa ou um projeto de pesquisa, não é algo fechado e

acabado, está sempre aberto a novas possibilidades, podendo ter continuidade para pesquisas

futuras, tendo consciência que o mesmo possui relevância científica social, pois se trata de

informações e conhecimento de um determinado objeto de pesquisa, que faz parte de uma

realidade dentro de um contexto social. Acredita-se que a utilização do brinquedo terapêutico

no processo de hospitalização contribuirá com os cuidados à criança hospitalizada, partindo

de uma discussão de princípios de ações integral voltada a essa clientela. A partir de então, é

necessário compreender os diferentes caminhos da experiência da utilização do brincar e as

conseqüências destas experiências em relação à criança, em âmbito hospitalar.

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

9

2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO TERAPÊUTICO NO

ENFRENTAMENTO DA HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL

O trabalho discorre sobre a importância do brinquedo terapêutico no ambiente

hospitalar infantil. Inicialmente, promoveu-se uma breve compreensão que a criança tem em

relação à hospitalização, por conseqüência, as suas reações psicológicas e a importância do

brincar no enfretamento da mesma.

2.1.1 Hospitalização infantil

No ambiente hospitalar é possível que a criança venha a passar por condições

impostas pelo tratamento que demandem um tempo considerável de hospitalização, ou seja,

no período em que a criança se encontra no hospital, segundo Mendéz et al (1996 apud Motta

e Enumo, 2002) a criança passa a ter que se adaptar à rotina do hospital, tendo que se afastar

das atividades escolares, dos familiares, parentes e amigos.

Ainda, a equipe hospitalar segundo Alcantaral (2007) deverá desde o primeiro

momento deixar que a mãe ou responsável esteja presente nas realizações dos procedimentos

hospitalares, assim como os primeiros exames médicos, desta forma permitem amenizar

sofrimentos diante aos mesmos. Na visão de Chiattone (2003 apud Alcantaral 2007) a

hospitalização é uma agressão à criança, pois afeta a sua integridade o seu desenvolvimento

emocional e mental e a equipe de saúde devem preocupar-se em relação a minimizar o

sofrimento da mesma.

Para Ferro e Amorim (2007) o hospital é um local de regras, onde a criança não

poderá correr pelos corredores, falar alto, brincar. A partir daí, ressaltam que essas repressões

físicas e emocionais poderão surgir na criança novas experiências agravantes para a saúde da

mesma.

Ainda, a hospitalização poderá ser vista pela criança como um local de sofrimento

físico e emocional. As situações em que a criança é submetida dentro do hospital, apontando

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

10

especificamente os procedimentos e medicamentos podem ser visto por ela como um aspecto

de desconhecimento em relação aos atos dos profissionais da saúde. O mesmo tem que

manipular o seu corpo, e por conseqüência disso, poderá se instalar uma percepção “invasiva”

e dolorosa; outro aspecto seria a dos profissionais da área da saúde em oferecerem pouca ou

nenhuma informação em relação à utilização dos procedimentos na criança, afirmando ainda

mais a ela que esse ambiente hospitalar é hostil. (FERRO e AMORIM, 2007).

Para Oliveira, Dantas e Fonsêca (2004), no ambiente hospitalar a criança fica restrita

ao leito e isso lhe submete à passividade, pois está cercada de pessoas desconhecidas trazendo

ainda mais sofrimento e dor. Além disso, os procedimentos o serem realizados na criança, por

exemplo, raio-x, exames laboratoriais, eletrocardiograma, eletroencefalograma e ultra-

sonografia, traz a tona o medo de sentir a dor, se estabelecendo fortemente quando não há

informações do que vai ser realizado na criança.

Em suma, a hospitalização poderá causar à criança uma experiência positiva ou

negativa; dependerá das explorações a serem acometidas no seu corpo ou explicações diante

das realizações dos procedimentos necessários para seu tratamento, pela submissão a

restrições e pela forma que a equipe hospitalar maneja essa experiência. Neste sentido, a

criança precisa adaptar-se a essa nova situação sendo necessária estratégia para enfrentar as

circunstâncias na hospitalização, pois as reações psicológicas da criança diante da mesma

poderão interferir na sua saúde.

2.1.2 Reações Psicológicas Frente à Hospitalização Infantil

A criança no período em que se encontra hospitalizada tende a permanecer a

presença do medo do desconhecido. Padilha (2004) descreve que as fantasias e imagens que a

criança elabora em relação à hospitalização são persecutórias, ou seja, se remetem a

abandono, solidão e perda; essas reações, segundo a autora, poderão transformar-se em

experiências agravantes no seu estado clínico.

Ainda, para Gonçalves (2001 apud Alcantaral 2007), a idade cronológica, a sua

personalidade, as experiências anteriores em relação à hospitalização, o afastamento do lar, o

relacionamento afetivo com a mãe, o equilíbrio e a dinâmica familiar, dentre outros, também

influenciam nas reações das crianças diante da hospitalização.

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

11

Na visão de Ferro e Amorim (2007) as reações dependem do nível do

desenvolvimento psíquico na ocasião, da intensidade de apoio familiar, o tipo da doença e das

atitudes da equipe da saúde. Como mostrada no quadro abaixo:

Faixa etária Reações das crianças diante da hospitalização infantil

4 meses aos 2 anos Associado o afastamento da mãe, a criança passa a estimular aflição e

desespero.

2 aos 5 anos Preocupa-se com maior intensidade a acerca da separação da mãe,

aumentando o medo em relação ao dano corporal, ocorre uma sensibilidade

maior em relação à dor, feridas, sangue e aos procedimentos da equipe de

saúde.

Dos 5 aos 7 anos Preocupação em relação à morte, desaparecimento, desenvolvendo atenção

maior por seu destino, dos seus entes queridos e por outros pacientes.

7 aos 9 anos Preocupar-se em ficar inválido por toda a vida, medo de ser abandonado,

pois hospitalizadas se encontram longe de casa, dos amigos, das escolas, e

outros.

Dos 9 aos 11 anos Preocupar-se com própria idade escolar em relação a sua capacidade

intelectual, social e física.

Dos 11 aos 13 anos Aparecem preocupações da pré-puberdade em relação a funções corporais,

dos orgânicos, da exposição do corpo diante as pessoas desconhecidas.

Quadro 1: Adaptado de Ferro, F. de O; e Amorim, V. C. 2007.

Na visão de Oliveira, Dantas e Fonseca (2004), os despreparos dos profissionais que

trabalham com crianças hospitalizadas no caso da utilização dos procedimentos hospitalares

na mesma tende aparecer nas crianças reações como o medo, podendo apresentar novas

fantasiais, mecanismo de defesa como regressão, por exemplo, é como se retornasse a uma

fase anterior a sua idade cronológica; esse comportamento é observado como uma forma de

proteção.

Ainda, durante o período da hospitalização a criança utiliza mecanismo de defesa

que segundo Ferro e Amorim (2007) são formas que a psique tem em proteger-se das tensões

internas e externas a serem acometidas na mesma, esse mecanismo ocorre para que ela não

seja dominada pela ansiedade, afastando ou distorcendo de sua realidade. Deste modo, os

hábitos da criança poderão ocorrer de diversas maneiras, tais como; conduta de regressão a

uma fase anterior a idade real, em que poderá utilizar a sucção do polegar, retornar a

mamadeira e também agredir seu próprio corpo com balanços contra a cama ou o balancear o

tronco indefinidamente; esse balanço o autor focaliza como uma forma de recordação no

ventre materno. Ainda, os comportamentos regressivos apresentado pela criança representam

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

12

atividades de prazer e também de medo de pessoas estranhas, maior dependência dos pais, em

especial a mãe. Algumas vezes, a regressão poderá causar na criança o descontrole dos

esfíncteres.

Já em estudo de caso realizado por Souza, Camargo e Bulgacov (2003) constataram

que a criança quando se encontra hospitalizada tem a predominar os comportamentos de

repressão dos sentimentos, pois neste local muitas vezes não conseguem expressar suas

emoções, por exemplo, o choro, a raiva e a dor. Neste caso, a criança não exterioriza seus

sentimentos é como se não estivesse denunciando relações impessoais que negam sua

identidade e os autores traz como proposta que a equipe deverá deixar que a criança não se

prive dessas emoções, ou seja, reprimi-la na sua forma de expressão.

Portanto, para Ferro e Amorim (2007) as reações psicológicas a serem apresentadas

pela criança como medo, inibição, ansiedade, angústia, agressividade, irritabilidade, falta de

iniciativa, tende a ocorrer por conseqüência de outras adaptações hospitalares e se é

necessário prepará-la nas situações em que se encontra hospitalizada, para que seus medos e

fantasias sejam amenizados, já que a mesma poderá perceber a doença, os procedimentos e a

hospitalização como uma agressão externa, e este sentimento poderá comprometer todo o

processo de tratamento.

Partindo dessa preocupação de fazer com que a criança entenda a real necessidade

da hospitalização e dos procedimentos a serem realizados na mesma, nota-se a importância de

utilizar o brincar no processo de elaboração de suas fantasias diante da sua hospitalização.

Sendo essa prática, segundo Pedrosa et al (2007), próprias de seu momento de vida, pois

através do brincar a criança descobre, inventa, experimenta, estimula sua habilidade, iniciativa

e autoconfiança, além de facilitar na prática dos profissionais da equipe de saúde.

2.1.3 Brincar: contexto social

Quando nascemos, passamos a fazer parte de um contexto social, em que as crenças,

valores e conceitos são contribuídos ao longo das gerações que nos antecederam. Em meio a

isto, o brincar supõe esse contexto social, conforme afirma Vygotsky:

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

13

Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem

um significado próprio num sistema de comportamento social, e sendo dirigidas a

objetivos definidos, são refratadas através do prisma do ambiente da criança. O

caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa.

(VYGOTSKY, 1989 apud NONES, 2003, p.17).

Portanto, neste caso é importante permitir que a criança brinque em um espaço onde

proporcione interações; por exemplo, um ambiente institucional de atendimento hospitalar,

pois é através do brincar que a criança desenvolve passando a representar a impressão do que

tem da realidade e recriando momentos a serem vivenciados. De tal modo, o adulto utiliza a

fala para expressar o que sente e a criança usa o brincar como uma forma de expressar suas

emoções, idéias, e conhecer o mundo que o cerca.

Para Wasjkop (2001 apud NONES, 2003) a criança quando brinca passa a construir

a consciência da realidade, e o vive uma possibilidade de modificá-la. Assim sendo, o brincar

é uma forma infantil, em que experimenta, cria e domina algumas situações em relação a sua

realidade, enquanto brinca, a criança conversa, movimenta, experimenta fantasias e desejos.

Na visão de Souza, Camargo e Bulgacov (2003) o brincar é como uma forma natural

de auto expressão que a criança tem de lidar com a realidade interior e exterior, no momento

em que brinca, cria um jogo a partir dos objetos que lhe são oferecidos e passam a atuar ao

mesmo tempo em sua vida. Além disso, Mitre e Gomes (2007) referem que o brincar não

passa ser somente conhecido como uma única forma de expressão ou apenas como mais uma

brincadeira, mas como uma possibilidade de estruturação de um modelo de atenção à saúde da

criança, atenção esta, que pode ser encontrada como um recurso terapêutico.

Vejamos brevemente sobre a descoberta da “Técnica do Brincar”. Esta veio a ser

desenvolvida por Melaine Klein em 1919, na qual usava a técnica psicanalítica dos

brinquedos infantis para analisar as crianças, através desta, alcançava fixações e experiências

mais profundas existente nela. Inicialmente a técnica surgiu a partir de uma análise de um

menino de cinco anos de idade, em que Klein desafiou as regras estabelecidas para a época,

partindo do tratamento realizado na casa da criança e utilizando os seus próprios brinquedos.

Através dessa técnica lançava interpretações no qual surgia com mais urgência, ou seja,

percebeu a importância de concentrar-se na ansiedade da criança. Deste modo percebeu-se a

melhora progressiva, pois a criança desde o início da técnica do brinquedo expressava suas

fantasias e ansiedades enquanto brincava. A partir daí, teve como conclusão que o brincar é a

forma que ela tem em expressar-se (KLEIN, 1982).

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

14

Sendo assim, o brincar representa um valor terapêutico, pois passa a influenciar no

seu desenvolvimento e restabelecimento emocional da criança. Para Lebovici e Diatkine

(1985), observa-se que ao longo da obra Kleiniana, o brinquedo não é somente satisfação dos

desejos, mas o triunfo e domínio sobre a realidade frustrante, em que o brincar transforma a

angústia da criança em prazer. Portanto, o desenvolvimento desse tema é motivado pela

convicção de que através do brincar a criança se constitui no mundo e que a utilização do

brinquedo terapêutico contribuirá para elaborações de nova vida habitual. Como afirmam

Motta e Enumo (2002), a criança quando brinca no hospital, possivelmente tem resultado

positivo em relação à hospitalização, pois a criança ao brincar altera o seu ambiente tornando-

o mais familiar e menos ameaçador.

Diante disso, para alterar a visão da criança em relação ao ambiente hospitalar,

propõe-se à utilização do brinquedo terapêutico, sendo este uma situação em que o

profissional da saúde utiliza o brinquedo, em qualquer criança que esteja hospitalizada. Desta

forma, este profissional obtém um resultado satisfatório em relação à compreensão dos

sentimentos e necessidade da criança diante da realização dos procedimentos hospitalares

oferecendo a ela a oportunidade de reorganizar sua vida, durante o período em que se

encontra hospitalizada (MARTINS et al; 2001). Mas vale ressaltar a visão de Ribeiro, Sabatés

e Ribeiro (2001), em que citam como o brincar deve ser utilizado, ressaltando que é

necessário aplicar sempre que a criança encontra-se com dificuldades em compreender e lidar

com as novas experiências.

Portanto, o brincar poderá ser utilizado de diversas formas, ou seja, por meio de

manipulações de materiais hospitalares, bonecos, dramatizações, ensaios, atividades lúdicas,

através de desenhos, visitas aos ambientes ou pessoas envolvidas nas práticas hospitalares,

por pessoas vestidas de palhaços, com a função de alegrar o ambiente e amenizar as sensações

desagradáveis da hospitalização. Fazer com que a criança consiga obter informações sobre

quaisquer procedimentos hospitalares a serem realizados na mesma e por conseqüência a

aceitação do mesmo se tornará mais fácil. (MOTTA e ENUMO 2002).

Segundo Martins et al (2001), o brinquedo terapêutico é um processo de brinquedo

não diretivo que dá a criança à liberdade de poder expressar-se verbalmente, e que essa

técnica se desenvolveu a partir da ludoterapia, mas com variações, já que a mesma é uma

técnica psiquiátrica usada em crianças com distúrbios emocionais neuróticos ou psicóticos,

em que cada sessão poderá ser conduzida por profissionais especializados como: psicólogo e

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

15

psiquiatra. Sua meta é a compreensão da criança sobre seu sentimento e comportamento, no

caso da análise o terapeuta deverá refletir sobre as expressões verbais e não verbais da

criança. As sessões da ludoterapia normalmente são de uma hora e poderá continuar por

vários meses.

Nessa perspectiva, observa-se a necessidade de se encontrar formas de auxiliar a

criança na construção ou compreensão no âmbito hospitalar, tendo em vista que a utilização

do brinquedo terapêutico é mais viável no processo de hospitalização, pois contribuirá para

preservação da saúde mental da mesma e colaborando para possíveis procedimentos

hospitalares da equipe de saúde. Conforme Martins et al (2001), na técnica do brinquedo

terapêutico é utilizado um brinquedo por um profissional da saúde que acompanha a criança, e

esta técnica poderá ser realizada em uma sala de brinquedos, no quarto da criança ou em

qualquer área hospitalar que lhe é conveniente. E sua meta é fazer com que esse profissional

compreenda as necessidades e sentimentos da criança, mas somente deverá ser interpretada

por ele a expressão verbal e não as suas atividades praticadas. A partir daí, os profissionais da

área da saúde que trabalham no hospital poderão utilizar bonecos de pano e materiais

hospitalares como forma de simulação dos possíveis procedimentos hospitalares a serem

realizados na criança.

2.1.4 Brinquedo Terapêutico

O brincar, a brincadeira ou até mesmo o jogo no ambiente hospitalar, é uma prática

que vem sendo valorizada; um desses trabalhos é o grupo de pessoas denominadas “Doutores

da Alegria”, sendo este atuante nos hospitais infantis (ISAYAMA et al, 2005). Além disso,

Werneck (1997 apud ISAYAMA et al, 2005), ressalta que é comum remetermos à vivência

do brincar como uma fase da infância, mais a intenção é esclarecer que representa uma fase da

vida, que neste momento deve ser aproveitada e vivenciada da melhor maneira possível, pois

através do brincar possibilita que a criança consiga lidar de forma criativa e prazerosa as

experiências vivenciadas.

A partir daí, para que essas vivências venham à tona e, por conseqüência, o alívio da

ansiedade diante da hospitalização, o brincar proporcionará melhora no estado físico e mental

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

16

da criança. Afirmando Faleiros, Sadala e Rocha (2002) o brincar passa ser uma forma de que

a criança promova a assimilação do meio externo, adaptando-se de acordo com suas

experiências anteriores e, por conseqüência, consegue expressar-se de uma forma menos

traumática e aceitável socialmente.

Portanto, a cada situação ou a demanda existente é de suma importância entender as

necessidades de cada criança e a relação com os brinquedos, ou seja, o nível de compreensão

de acordo com sua idade, podendo ser utilizado por diversas formas, tais como, desenhos,

manipulações de materiais hospitalares, bonecos, palhaços, em fim, utilizando sempre

conforme a sua compreensão, deste modo será mais fácil que a criança elabore suas fantasias,

sentimentos pertencentes, além de buscar a conscientização e aceitação das reais necessidades

da sua hospitalização.

Ao brincar no hospital, a criança altera o ambiente em que se encontra,

aproximando-o de sua realidade cotidiana, o que pode ter um efeito bastante positivo

em relação à hospitalização. Com isso a própria atividade recreativa, livre e

desinteressada, tem um efeito terapêutico, quando se considera terapêutico tudo

aquilo que auxilia na promoção do bem estar da criança. (MOTTA; ENUMO, 2002,

v. 3, n.1, p. 38-39).

Assim sendo, o brincar colabora para que a criança possa ampliar seus

conhecimentos sobre si mesmo e dos procedimentos hospitalares que será submetido.

Portanto, ao utilizar o brinquedo terapêutico, sendo este segundo Ribeiro, Sabatés e Ribeiro

(2001), constituído por brinquedo estruturado para criança, em que a mesma a utiliza para

aliviar a ansiedade causada pelas experiências que costumam ser ameaçadoras. Além obter

finalidade de descarregar a tensão da criança e possivelmente promover o bem-estar

psicofisiológico da mesma. Os autores sugerem que a técnica do brinquedo terapêutico deve

ser usada pela enfermeira que assiste a criança, tendo por objetivo fazer com que a mesma

tenha compreensão da sua real necessidade.

Ainda, o uso do brinquedo terapêutico na assistência da criança poderá facilitar

ainda mais as respostas positivas da mesma, colaborando no caso em que ela tenha que se

submeter aos procedimentos da hospitalização (RIBEIRO, P.; SABATÉS, A.; RIBEIRO, C.,

2001). E para facilitar essa elaboração o profissional poderá utilizar instrumentos, tais como:

bonecos, agulhas e seringas; utilizando a mesma para detectar conceitos equivocados a

respeito dos procedimentos e própria hospitalização, desta forma conseguirá obter

informações acerca de seus medos irreais e fantasiosos no processo hospitalar.

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

17

Afirmando Martins et al (2001) o brinquedo terapêutico a ser utilizado com a

criança, tende a proporcionar a oportunidade de reorganizar-se na sua vida, por exemplo, os

sentimentos e ansiedade podem ser reconhecidos pela mesma, ou seja, ela passa a reconhecer

seus sentimentos e compreende o que está se passando no contexto hospitalar e esclarecendo

conceitos errôneos. Portanto, para a criança que está hospitalizada o brincar é de suma

importância porque a brincadeira faz com que a mesma preserve a sua saúde mental e por

conseqüência consegue aderir ao tratamento.

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

18

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

Tendo em vista o período de elaboração do trabalho, bem como a disponibilidade de

tempo da acadêmica do curso de Psicologia, considerou-se conveniente e útil neste momento,

o possível emprego de uma metodologia que oportunizasse a compreensão dos profissionais

da área da saúde na utilização do brinquedo terapêutico no espaço hospitalar infantil, ou seja,

o hospital a ser pesquisado não emprega a técnica do brinquedo terapêutico, então, pretende-

se saber o que eles pensam a respeito da utilização desta técnica no ambiente em que

trabalham.

A referida pesquisa tem como princípio a utilização do método qualitativo que

segundo Martins e Bicudo (1994) ressaltam a busca de uma compreensão particular daquilo

que estuda, não se preocupa com as generalizações, princípios e leis. Por sua vez, as

generalizações passam a ser abandonada e a atenção é focalizada no específico, ou seja, no

indivíduo em especial, tendo em vista a compreensão e não as explicações dos fenômenos.

Assim, pretende-se trabalhar com a pesquisa qualitativa exploratória, utilizando o

método indutivo que segundo Richardson

[...] é um processo pelo qual, partindo de dados ou observações particulares

constatas [...] parte de premissas dos fatos observados para chegar a uma conclusão

que contem informações sobre o fatos ou situações não observadas.

(RICHARDSON, 1999, p. 35-36).

A partir desse método buscou-se situar a análise lógica dos profissionais da área da

saúde com a pesquisa de campo. Através da ida a campo foi possível obter informações a

respeito das necessidades da utilização do brinquedo terapêutico e reações da criança

hospitalizada frente à realização dos procedimentos hospitalares

3.2 AMOSTRA

A amostra da pesquisa teve como proposta utilizar a forma intencional, que segundo

Fachin (2003) é aquela em que o pesquisador através de uma técnica adequada consiga

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

19

escolher uma amostra mais representativa, ou seja, aqueles funcionários/empregadores que

mais se situam no problema de pesquisa. Isso serve para o pesquisador obter idéias de uma

dada situação.

Primeiramente a amostra seria realizada com quatro (4) profissionais da área da

saúde que estão inseridos na área de atuação hospitalar, tais como: um representante da equipe

médica, um enfermeiro, e dois técnicos em enfermagem. Mas, no decorrer da pesquisa

observou-se à disponibilidade e interesse da participação de outros membros da equipe de

saúde. Diante deste fato optou-se em entrevistar mais integrantes da equipe totalizando nove

(9) participantes; resultando em enriquecimento maior da pesquisa.

Finalizou-se o trabalho com a participação de quatro médicos, um enfermeiro, e

quatro técnicos em enfermagem, sendo três participantes do sexo masculino e seis do sexo

feminino, na faixa etária entre 39 e 55 anos, com atuação e experiências profissionais entre 06

meses a 19 anos na área da Saúde Pública, especificamente na emergência pediátrica da

instituição pesquisada.

A população alvo dessa pesquisa foi escolhida por preencherem os seguintes

critérios:

- Ser um hospital geral que tenha uma unidade de emergência pediátrica, onde atenda criança

que permaneça num período de menos de 24 horas. Essa instituição passou a ser referência,

pois atende uma demanda de criança em sua região, atende pelo SUS e também por contarem

em seus quadros de trabalho com uma equipe multiprofissional.

- Profissionais atuantes da área da saúde que trabalham com crianças hospitalizadas de 0 a 14

anos 11 meses e 29 dias.

Vale ressaltar que desde o inicio da pesquisa os entrevistados receberam nomes

fictícios, garantindo o sigilo de suas identidades conforme a Carta de Apresentação e Termo

de Consentimento Livre o Esclarecido. Foram sugeridos nomes de Flores que identificassem

as iniciais dos profissionais da área da saúde pesquisada, ou seja, “T” para técnicos em

enfermagem, “E” para enfermeiro e “M” para médicos, conforme quadro abaixo.

Nome Sexo Profissão Idade Tempo de trabalho

no setor.

Tulipa amarela feminino Técnico em enfermagem 39 anos 16 anos

Tulipa vermelha feminino Técnico em enfermagem 55 anos. 07 anos.

Tango feminino Técnico em enfermagem 42 anos 11 anos

Tritomo masculino Técnico em enfermagem 50 anos 10 anos

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

20

Estrelicia: masculino Enfermeiro 39 anos 12 anos

Margarida feminino Médica Pediátrica 47 anos 10 anos.

Mimoso masculino Médico Pediátrico 53 anos 19 anos

Magnólia: feminino Médica Pediátrica 38 anos. 05 meses.

Malmequer feminino Médica Pediátrica 46 anos 2 anos

Quadro 2: Público alvo da pesquisa. Muraro, 2009.

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Rey (2002) ressalta que o instrumento passa ser uma ferramenta interativa, não mais

como uma via objetiva com capacidade de refletir diretamente a natureza do estudado

independentemente do pesquisador. Assim, a coleta de dado foi realizada mediante as

entrevistas semi-estruturada (apêndice C) que parte de questionamentos básicos, partindo de

informações obtidas pelo sujeito interrogado, e se necessário, novas perguntas podem se fazer

presente. Afirma Triviños (1987), este tipo de entrevista oferece condições possíveis para que

o informante consiga atingir a liberdade e espontaneidade necessária a um resultado

satisfatório numa pesquisa qualitativa.

Portanto, utilizou-se com os profissionais da área da saúde, a entrevista semi-

estruturada com questões que contemplem sobre os significados de experiência, dificuldades,

facilidades, resultados e estruturação do brincar na hospitalização infantil. Especificamente,

enfatizando a análise na questão sobre quais as perspectivas que os profissionais têm em

relação com o brincar no enfrentamento da hospitalização infantil. A partir daí, a intenção é

de compreender como o brinquedo terapêutico poderá contribuir frente a essa hospitalização.

Foi solicitada a permissão para a gravação das entrevistas com os envolvidos na

pesquisa, sendo que o mesmo assinou o “Termo de Consentimento Livre Esclarecimento”

(apêndice A). Assim, a entrevista foi conduzida sem nenhuma imposição de ordem rígida de

questões, deixando o entrevistado livre para discorrer sobre o tema.

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

21

3.4 PROCEDIMENTOS

No mês de agosto de 2007, foi realizado um contato direto para entrega de uma carta

de apresentação (apêndice B) a um integrante da comissão de ética do hospital, localizado na

região da grande Florianópolis - Santa Catarina, para averiguar a possibilidade de realização

da coleta de dados para a pesquisa em questão.

Diante disso, a pesquisadora aguardou o parecer da comissão examinadora, do

comitê de ética do hospital e da Universidade. Após, o resultado de aprovações das

instituições, iniciou-se a pesquisa no mês de março de 2009; apresentando o projeto à equipe

a ser pesquisada da área de saúde do hospital mediante a Carta de Apresentação do Projeto

juntamente com o Termo de Compromisso do Pesquisador.

A partir daí, a pesquisadora coletou os dados seguindo a entrevista semi-estruturada

(individual com cada participante) com a utilização de um gravador portátil e posteriormente

foram feitas às transcrições dos relatos na íntegra e da forma mais fidedigna possível para

garantir a qualidade das respostas e a confiabilidade da pesquisa. “A entrevista é uma

conversação efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistador,

verbalmente, a informação necessária” (LAKATOS, 1992, p 107). As perguntas serviram

como um roteiro e foram direcionadas aos empregadores/funcionários com uma linguagem

clara.

Vale ressaltar que os profissionais da área da saúde não sofreram nenhum prejuízo

durante a participação da coleta de dados, pois definiram o local, data e horário da mesma,

sendo que, foram adotados os seguintes procedimentos: contato direto com os funcionários da

área da saúde para apresentação da pesquisa a ser realizada, confirmando sua participação e

assinando o Termo de Consentimento Livre Esclarecimento.

3.5 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS

A análise de dados para Minayo (1994), é de essencial importância para

compreensão do fenômeno, em que o produto final da análise e de pesquisa deve ser encarado

de forma provisória e aproximativa, sendo que se trata de um processo de transformação e

construção constante. A partir daí, as entrevistas coletadas foram transcritas para uma análise

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

22

mais precisa, sem que se perdesse detalhe importante para a organização e análise da

pesquisa.

As informações obtidas pela coleta de dados foram analisadas através da análise de

conteúdo. Segundo Bardin (1977 apud Rey 2002), representa um momento analítico no

processamento de informação e nesse sentido interpõe no curso fluido dos processos de

construção teórica do pesquisador que acompanham e passam a ser parte da qualidade da

informação produzida pela pesquisa.

3.6 CUIDADOS ÉTICOS

Em se tratando de pesquisas feitas com os seres humanos são necessários alguns

cuidados a serem tomados em relação ao participante pesquisado, que dizem respeito à

proteção e preservação da vida do mesmo, podendo envolver questões de sigilo e respeito

com a liberdade de escolhas e autonomia, dentre outros.

Ainda, segundo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, “exige que toda

pesquisa se processe após consentimento livre e esclarecido dos participantes, indivíduos ou

grupos que por si ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência em relação à

pesquisa”. Portanto, os participantes pesquisados foram informados das condições que a

pesquisa irá proporcionar para futuras investigações e sua participação nos mesmos, além de

ser informado que após a conclusão da pesquisa, será realizada a devolutiva de forma

individualizada para cada participante. Para tanto foi necessário que os participantes

assinassem um Termo de Consentimento Livre o Esclarecido (apêndice A), atestando a

aceitação da sua participação na pesquisa.

Atendendo aos princípios éticos da pesquisa que envolve seres humanos, a

pesquisadora também se compromete em apagar as informações gravadas durante o processo

da pesquisa, após conclusão da mesma.

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

23

4 ANÁLISE E INTERPPRETAÇÃO DOS DADOS

Neste tópico serão analisados, discutidos e interpretados os resultados obtidos a

partir das experiências e dos relatos dos participantes entrevistados. Ainda, foram construídas

categorias de respostas, a partir dos tópicos das entrevistas.

No primeiro momento a pesquisadora foi a campo, tendo contato direto

individualizado com os participantes da instituição dando início à pesquisa, conforme sua

disponibilidade para coletas de informações, respeitando as normas de sigilo e seguindo a

elaboração do roteiro pré-estabelecido na realização das entrevistas.

4.1 Roteiros das entrevistas e ambiente hospitalar infantil

Na entrevista semi-estruturada foram abordadas nove questões que circundam os

profissionais da área da saúde em relação à hospitalização infantil. Para tanto, foi necessário

investigar aspectos referentes:

- À percepção do profissional de saúde em relação à emergência pediátrica no momento atual;

- À demanda de atendimentos diários do local;

- Às doenças diagnosticadas mais freqüentes no atendimento hospitalar;

- Aos procedimentos hospitalares mais utilizados no setor;

- Às reações da criança diante dos procedimentos hospitalares;

- À vinculação dos profissionais da saúde em relação às crianças hospitalizadas;

- Aos meios utilizados pelos profissionais da saúde para facilitar a aceitação da criança diante

dos procedimentos hospitalares;

- Ao conhecimento dos profissionais a respeito do brinquedo terapêutico;

- À percepção dos profissionais da área da saúde em relação à utilização do brinquedo

terapêutico como estratégia de enfretamento da hospitalização infantil.

A partir daí, foram destacadas informações que norteiam o âmbito hospitalar;

segundo Oliveira, Dantas e Fonsêca (2004) as crianças ficam restritas aos procedimentos

hospitalares e aos leitos ficando submetidas à passividade com comportamento mais

obediente ou regredido, ao sofrimento e a dor; além de maior agressividade em relação ao

tratamento e aos profissionais de saúde, já que na hospitalização envolve pessoas que não

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

24

estão presentes na vida diária destas, especificamente, os profissionais técnicos em

enfermagem, enfermeiros e médicos.

4.1.1 Categoria 1 – Procedimentos Hospitares

As crianças hospitalizadas passam por diferentes procedimentos hospitalares, por

exemplo: exames laboratoriais, medicações injetáveis, curativos, nebulizações. Como pode

ser observada na fala de Mimoso, Tritomo, Estrelicia e Tango.

[...] normalmente são feitos medicações sintomáticas. Então, a criança chega vomitando “faz

remédio” contra vômito, e se a criança fica com febre “faz antitérmico”. A criança está com

infecção pode-se “fazer antibiótico”, principalmente quando a criança chega desidratada

“pode fazer uma hidratação endovenosa”. Então, aqui basicamente é medicação sintomática

e hidratação. (Mimoso);

O que a gente usa mais aqui é, nebulizações, aplicações de injeções, coleta de matérias para

exames laboratoriais; mas esses procedimentos. (Tritomo);

Punciona bastante veia, faz medicações endovenosas, intramusculares, nebulização,

hidratação, atendimento com parada cardíaca e convulsão. (Estrelicia);

Punção venosa, aplicação de medicamentos intramuscular, curativo [...]. (Tango).

Pode-se analisar seguindo visão de Ferro e Amorim (2007), que a hospitalização

infantil poderá ser vista pela criança como um local de sofrimento físico e emocional, pois os

procedimentos e medicamentos realizados na mesma podem ser visto como aspecto de

desconhecimento em relação às atitudes técnicas dos profissionais da área da saúde, já que o

mesmo tem que manipular o seu corpo, e por conseqüência disso, poderá se instalar uma

percepção “invasiva” e dolorosa.

4.1.2 Categoria 2 - Meios utilizados por profissionais da saúde para aceitação da criança

diante dos procedimentos hospitalares

Os profissionais da saúde ao manipular as crianças com os procedimentos

hospitalares e para facilitar a aceitação da mesma, de forma a amenizar o sofrimento

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

25

hospitalar, alguns profissionais entrevistados citaram que os meios mais utilizados para

aceitação são:

Conversa, explica, tem que ter paciência, pois tem criança que é difícil quando você vai

puncionar uma veia; se você conversa, faz uma brincadeirinha, isso ajuda bastante durante

os procedimentos hospitalares, você mostra um desenho na parede para distrair [...]. (Tulipa

amarela).

[...] conversar calmamente com a criança explicando qual o procedimento que vai ser feito,

não mentir, principalmente no caso se puncionar uma veia, aplicar uma injeção, explicar

para ela que dói, mas que é para bem dela, que ela vai ficar boazinha, eu acho que tem que

explicar, tendo calma e paciência e conversar que no fim a criança aceita, e não se estressar

e em nenhum momento agir com grosseria. (Tritomo).

Geralmente eu falo que já está quase acabando o procedimento e que ele já vai embora,

geralmente eu falo isso. E quando vai ficar a noite inteira, eu falo que vai dormir no hospital,

porque eu vou ficar a noite inteira no hospital e que não é tão ruim assim [...]. (Malmequer).

Assim sendo, durante os procedimentos hospitalares a criança poderá obter

informações positivas ou negativas, dependerá dos profissionais que explorará o seu corpo e

as informações que envolvem os procedimentos a serem realizados enquanto estiver

hospitalizada. Afirmando Oliveira, Dantas e Fonseca (2004), os profissionais que estiverem

despreparados em relação à utilização dos procedimentos hospitalares na criança poderão

despertar na mesma o medo e fantasias, interferindo de forma negativa no seu estado clínico.

Além disso, a autora Alcantaral (2007) ressalta que a equipe de profissionais da área

da saúde deverá na chegada da criança ao ambiente hospitalar, tornar o menos angustiante

possível, ou seja, não separar imediatamente a criança da mãe ou responsável, permitindo que

todos os procedimentos a serem realizados na mesma sejam feitos em sua companhia, assim

como o primeiro exame médico. Exemplo esse observado no relato de Mimoso: O principal

meio é começar examinar a criança no colo da mãe, esse é um ponto chave, se a criança

colabora com a realização dos procedimentos, pode pedir para mãe por na maca, caso não

ocorra você tem que examinar no colo da mãe, pois escultar o pulmão e coração com a

criança chorando é inviável, depois, por exemplo, você pode examina a orofaringe com a

criança deitada independente dela esta chorando ou não, sempre no primeiro momento

examinar a criança no colo da mãe.

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

26

Ainda, Alcantaral (2007) destaca sobre a importância e a necessidade de informar à

criança que ela está ali no hospital porque está doente e precisa se tratar, não mentir ou

enganar. Para ela a criança tem condições de entender explicações, e poderá demonstrar

descrédito ou frustração se for enganada.

A afirmação da autora encontra-se com o relato de Margarida que atua há dez anos

no hospital, no qual ressalta: Explico para ela, que ela tem um problema; e que esse problema

tem que ser resolvido com medicação, dependendo da doença, como broncoespasmo, tem que

melhorar o cansaço, se fizer uma medicação endovenosa que tem o efeito mais rápido; ou se

estar vomitando não tem como dar medicação pela boca, porque vai vomitar, então, sou

obrigada fazer a medicação injetável [...] em geral à maioria entende e aceita, porque visto

que está realmente com problema, é pouco aquele que persiste em choro abusivo e rejeitando

a medicação. Portanto, é de suma importância que todos os envolvidos esclareçam as dúvidas

ou interesse que a criança tenha em relação à hospitalização infantil. (ALCANTARAL, 2007).

4.1.3 Categoria 3 - Reações da criança diante aos procedimentos hospitalares

Visto que, a criança no ambiente hospitalar tende apresentar mecanismo de defesa,

tais como, o medo em relação a algo que para criança seja desconhecido; aparecem imagens e

fantasiais, além do abandono, solidão e perda (PADILHA, 2004). Em relatos de alguns dos

entrevistados, por exemplo, Tulipa amarela, Tulipa vermelha e Tango, apontam as reações

mais freqüentes quando a criança está hospitalizada:

Na maioria das vezes elas choram, elas não querem, não aceitam os procedimentos a serem

realizadas, crianças que converse antes, que os pais expliquem que tenham uma abordagem

antes da realização dos procedimentos fica mais fácil, dependendo da conversa ou não com a

criança é bem mais fácil de lidar e fazer os procedimentos com elas, principalmente quando

os pais preparam antes, já explicam, fica mais fácil. (Tulipa amarela).

Choram, gritam é uma defesa deles. (Tulipa Vermelha).

Assustadora, assustadora, elas tem medo [...] as reações é o medo, até adulto tem medo de

nós. (Tango).

Muitas são as reações das crianças diante a hospitalização; e podem se instalar

fatores negativos, como citam Chiattone (2003 e Gonçalves 2001 apud Alcantaral 2007), a

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

27

questão intrínseca à própria criança em relação à idade, a sua personalidade, em casos de

experiências anteriores de adoecimento e vivência nas hospitalizações. Se confirmando em

relatos de Tritomo que cita que as crianças: Ficam assustadas [...] geralmente as crianças

que vem ao hospital já passaram outras vezes e daí elas já tem trauma [...] mesmo que não

façam aplicações de medicamentos, e por outras vezes terem vindo e tomado injeções

anteriormente, elas já estão com esse trauma que geralmente ninguém gosta e doe então elas

acham que já entrando no hospital já vão ter que tomar injeção, mas nem sempre é

necessário. É perceptível em relato de Tritomo que as crianças que tem experiências

hospitalares anteriores, tende aparecer mais frequentemente reações de sofrimento e medo

antes mesmo dos diagnósticos realizados pelos médicos.

Ainda, outras reações podem ser destacadas; a questão do afastamento do lar, a

capacidade de adaptação, a situação psicoafetiva no momento do aparecimento da doença e da

hospitalização, o relacionamento anterior com a mãe, se a criança é do tipo segura,

equilibrada ou não. Neste caso, Chiattone (2003 apud Alcantaral 2007) afirma que a maneira

como a criança reage à situação de doença e hospitalização, também é reflexo do equilíbrio e

da dinâmica familiar, se ocorrem na família apoio e compreensão entre seus membros, trocas

afetivas ou não.

Assim, observou-se em relatos de cinco entrevistados que ressaltaram que a família

contribui na hospitalização infantil no caso de Magnólia que afirma: As crianças já vêm

bastante assustadas, geralmente elas têm medo, os próprios pais são um pouco responsáveis

pelo medo das crianças, porque eles já vêm falando que elas vêm tomar injeção, em vez de

tentar acalmar, por exemplo, se a criança é mais hiperativa, eles falam: se ficar quieto não

vai precisar tomar remédio, os próprios pais são responsáveis pelo medo da criança, elas se

sentem acuadas mesmo, elas sentem muito medo.

Cita Margarida: Geralmente as crianças não ficam felizes de fazer algum

procedimento hospitalar [...] depende do perfil de cada família que levam informações para

criança a respeito de questões de medicação [...] questões hospitalares. Ainda, [...] para

mim o mais problemático não é a criança são os pais, de absorver o que estou falando sobre

a doença, e desvincularem das suas crendices ou do que foi passado para eles por parentes e

familiares, isso que é a parte mais chata [...].

Além disso, é perceptível em relato de Mimoso: [...] tem criança que já é

traumatizada em casa, aquela criança que não quer comer em casa, tipo: a mãe, a mãe é

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

28

difícil, mais principalmente o pai, os tios, os avôs, olha se você não quer comer você vão ao

hospital tomar injeção, ai eles já chegam chorando traumatizado com medo e achando que

irão tomar injeção. Outro, dizem: eu não tenho medo de tomar injeção e consulto

normalmente [...].

Na visão de Malmequer: a hospitalização, os procedimentos hospitalares, quem

atrapalha mais é a família, as crianças em modo geral elas choram, só reclamam é tranqüilo,

a família é mais ansiosa, a mãe é mais ansiosa, as crianças em geral aceitam bem. E para

finalizar Tango ressalta que o medo permeia no caso da criança hospitalizada afirmando:

[...] medo de nós enfermeiro e técnicos, os pais que colocam isso na cabeça das crianças [...].

Para Alcantaral (2007), a dinâmica familiar pode modificar-se em relação a essa

situação, ou seja, sendo responsável à doença e ao tratamento, numa relação interdependente.

Já que no adoecimento infantil, a família adoece também, se culpando, isso resulta na

desestruturação do grupo familiar.

4.1.4 Categoria 4 - Medidas de prevenção hospitalar e a faixa etária de compreensão da

criança diante à hospitalização

Segundo Chiattone (2003 apud Alcantaral 2007) cita que as medidas preventivas no

caso da hospitalização infantil deverão ser preparadas pelos pais, devendo ser realista,

respeitando a faixa etária e o nível de entendimento dos filhos, por exemplo, em caso de

questões e dúvidas em relação à hospitalização infantil, devem ser esclarecidas e repetidas

sempre quando for necessário, ressalta que poderá omitir, mas nunca mentir. Como exemplo

visto nos relatos de alguns profissionais como: Tango, Tritomo e Magnólia reforçam isso

dizendo: não utilizo nenhuma mentira, falo a verdade, digo o que vai acontecer, já trabalhei

muito tempo em hospital de criança e tem várias maneiras de como você atender uma criança

com problema sério ou criança que às vezes não tem nada [...] dizer a verdade é a melhor

forma. (Tango).

[...] conversar calmamente com a criança, explicar qual o procedimento que vai ser feito

nela, não mentir [...] acho que tem que explicar, tendo calma e paciência e conversar que no

fim a criança aceita [...]. (Tritomo).

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

29

Já para Magnólia: Conversa própria para idade, distração, brincadeiras, acho que isso é

válido e deixa mais tranqüila a criança”.

A partir das informações oferecidas às crianças é importante ressaltar os autores

Ferro e Amorim (2007) que afirmam que as reações da criança diante da hospitalização

dependem do nível do desenvolvimento psíquico na ocasião, da intensidade de apoio familiar,

o tipo da doença e das atitudes da equipe da saúde. Lembrando a respeito do que ocorre com a

criança em uma faixa etária quando está no ambiente hospitalizar, por exemplo, faixa etária

de 4 meses aos 2 anos, e associado o afastamento da mãe, passa a estimular na criança aflição

e desespero; dos 2 aos 5 anos a preocupação é maior acerca dessa separação, aumentando

mais o medo em relação ao dano corporal, neste caso ocorre uma sensibilidade maior em

relação à dor, feridas, sangue, aos procedimentos da equipe de saúde em geral; dos 5 aos 7

anos passa ser evidente na criança a preocupação em relação à morte, desaparecimento,

desenvolvendo uma atenção maior por seu destino, de seus entes queridos e até por outros

pacientes; dos 7 aos 9 anos tende a preocupar-se em ficar inválido por toda a vida, medo de

ser abandonado, pois se encontra longe de casa, amigos, escola, dentre outros. Dos 9 aos 11

anos passa a preocupar-se com própria idade escolar em relação a sua capacidade intelectual,

social e física; dos 11 aos 13 anos são apontados preocupações da pré-puberdade em relação a

funções corporais, dos orgânicos, da exposição do corpo diante a pessoas desconhecidas, tanto

pacientes quanto aos profissionais da área da saúde.

Compreendendo a visão de Ferro e Amorim (2007), e destacando o entrevistado que

atua no hospital há 19 anos, percebe-se que dependendo da pessoa que vai fazer procedimento

na criança deverá estar preparado para atende - la, ou seja: [...] o tato de quem atende essa

criança, desde a hora que ela chega, e colocam na balança, até chegar ao consultório,

precisa de uma Psicologia muito bem aplicada. (Mimoso).

4.1.5 Categoria 5 - Utilização do brinquedo terapêutico como estratégia de enfretamento

da hospitalização infantil e conhecimento dos profissionais a respeito do mesmo

Destacando o brinquedo terapêutico como estratégias utilizadas por profissionais da

área da saúde como forma de facilitar a aceitação da criança nos procedimentos hospitalares,

para que a mesma enfrente a hospitalização de forma mais positiva. Portanto, foi necessário

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

30

investigar o conhecimento dos profissionais da área da saúde a respeito do tema brinquedo

terapêutico, e tais informações foram colhidas:

Tulipa amarela: Já ouvir falar [...] um trabalho de duas meninas, e uma eu participei

bastante do TCC dela, que foi sobre a parte lúdica na internação da criança; todo o

procedimento que a gente fazia nas crianças, a gente levava uma boneca, um brinquedo, por

exemplo, se fosse puncionar a veia a gente levava a bonequinha, fazia na boneca o que iria

fazer na criança, se você fosse dar um banho na criança levava um bichinho para ela

brincar; é lógico que facilita bastante [...] já participei de outros trabalhos que envolvem a

relação do brinquedo durante a internação hospitalar.

Tulipa vermelha: Conheço, já vi pela televisão [...] as pedagogas brincando com as crianças

para ajudar na recuperação deles no ambiente hospitalar.

Magnólia: Não trabalho com; mas já vi algumas coisas, acho que é de suma importância

principalmente quando paciente que vai sofrer um procedimento mais agressivo, ou ficar

internado por mais tempo.

Mimoso: Acho que isso é uma maneira de amenizar o sofrimento da criança, sem dúvida

quanto mais você centralizar o drama, o sofrimento é menor, o brinquedo é uma boa arma na

destraumatização da criança, claro que vai depender de cada criança, em média o efeito vai

ser bom, satisfatório.

Malmequer: Eu já ouvi algo sobre sala de brinquedo em hospital, brinquedoteca em hospital,

mais a palavra brinquedo terapêutico não.

A partir destas informações podemos perceber que as experiências, crenças e

conceitos são encontrados a respeito do tema brinquedo terapêutico e em relatos de alguns

participantes percebeu-se que é importantes que a criança brinque no ambientes hospitalares.

Como afirma Wasjkop (2001 apud NONES, 2003), no momento em que a criança brinca

constrói a consciência da realidade, vivendo uma possibilidade de modificá-la, é o momento

em que experimenta, cria e domina algumas situações a respeito de sua realidade. Além de

lidar de forma criativa e prazerosa as experiências vividas. (WERNECK 1997 apud

ISAYAMA, 2005).

Visto que as intervenções dos profissionais da saúde necessitam ser adequadamente

adaptada e coerente com as necessidades da criança, contribuindo para o seu bem-estar geral,

no sentido de preservar o princípio básico de saúde integral. Portanto, o brincar no hospital

segundo Motta e Enumo (2002), altera o ambiente da criança, no qual se aproxima de sua

realidade, tornado um efeito terapêutico, pois auxilia na promoção do bem estar da mesma.

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

31

Ainda, Riberio, Sabates e Ribeiro (2001), o brinquedo terapêutico tem a finalidade de

descarregar tensão e promover o bem estar psicofisiológico da criança. Além de facilitar

respostas positivas na realização dos procedimentos hospitalares.

Em relatos os profissionais pesquisados acham importante à utilização do brinquedo

no processo de aceitação das crianças diante a hospitalização. Citando:

Eu acho ótimo, eu acho ótimo; eu percebo que a criança que fica internada, hospitalizada ela

está lá tristinha e se você coloca o brinquedinho na caminha dela ela já muda e fica

diferente, então, é super importante, quando a criança esta lá no hospital, ou quando a

agente está fazendo algum procedimento, é importante ter um brinquedinho por perto que

chame a atenção, eu acho muito importante, muito legal, acho que deveria ter mais

brinquedo, outras atividades quando a criança está hospitalizada, internada tem que ter a

parte de recreação com a criança, desta forma interagem mais com a equipe de enfermagem,

com a unidade, com outras crianças e quando acaba o brinquedo, a brincadeira, a criança

vai ao quarto do outro, já ficam amiguinho, já tem amizades com a gente e com as crianças.

E a aceitação é melhor quando se faz um procedimento na criança e se utilizar o brinquedo,

sem duvida nenhuma se você tem um brinquedinho um fantoche na hora que você for

puncionar uma veia é impressionante como eles aceitam, distrai eles, e é feito com bem mais

facilidade os procedimentos hospitalares. (Tulipa amarela).

Uma recreação ajudaria a criança no ambiente hospitalar. (Tulipa vermelha).

Magnólia reforça isso dizendo: Acho que é essencial e todo estabelecimento deveria ter, torna

tudo mais fácil, o tratamento, a aceitação, acho que tem que ter mesmo; mesmo os serviços

públicos deveriam disponibilizar isso ai para crianças.

Já para Mimoso [...] só tem fatores positivos, tem que ser bem aplicado usado com muita

delicadeza e saber que nem sempre vai funcionar, mas é um recurso que você pode usar a

mais no ambiente hospitalar, e provavelmente irá obter bom resultado com a criança

hospitalizada.

[...] as utilizações desse brinquedo terapêutico seriam muito produtivas, em relação até a

aceitação de alguns procedimentos que a gente vai fazer com a criança, porque toda a

criança gosta de brinquedo, então acho que isso seria muito importante. (Tritomo).

O brinquedo terapêutico segundo Martins (2001), proporciona na criança a

oportunidade de reorganizar os sentimentos vivenciados, passando a reconhecer e

compreender o que está passando no seu contexto hospitalar, como afirma Malmequer [...]

deve facilitar um pouco o atendimento da criança, no entendimento da criança diante aos

procedimentos realizados, na situação em se encontra; de repente mostra uma bonequinha

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

32

que está doente, que está tomando o remédio, está tomando injeção, e ter brinquedo que

torne o ambiente mais lúdico, é interessante.

Portanto, a proposta do trabalho é a utilização do brinquedo terapêutico por

profissionais da área da saúde, quando os mesmos tiverem que realizar procedimentos

hospitalares necessários para tratamento clínico da criança.

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

33

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta do trabalho foi investigar como o brinquedo terapêutico poderá

contribuir com os profissionais da área da saúde na realização dos procedimentos hospitalares

infantil e como poderá intervir positivamente no enfrentamento da criança diante dos mesmos.

A pesquisa foi desenvolvida na emergência pediátrica localizada na região da grande

Florianópolis, com nove profissionais da área da saúde, entre homens e mulheres que atuam

na instituição no período de seis meses a dezenove anos de experiência profissional.

A partir dos dados coletados, verificou-se que algumas estratégias podem ser

utilizadas para minimizar os efeitos causados na criança diante dos procedimentos

hospitalares. Revelando-se a necessidade de humanizar o atendimento hospitalar, pois a

hospitalização segundo Chiattone (2003 apud Alcantaral 2007), é uma agressão, um ataque à

criança, que afeta a sua integridade, seu desenvolvimento emocional e mental, sendo que a

equipe de saúde deve ter por princípio minimizar o sofrimento da mesma.

A partir daí, identificou-se através das entrevistas as reações emocionais mais

freqüentes da criança no âmbito hospitalar diante dos procedimentos hospitalares, no qual

resultou em: choros, gritos, chegam assustadas, tem medo, sentem-se acuadas, chegam

traumatizadas por outras experiências anteriores da hospitalização, além de questionamentos

sobre os procedimentos a serem realizados.

Através das entrevistas percebeu-se que as reações emocionais das crianças não

impediam que os profissionais da área da saúde utilizassem os procedimentos hospitalares

necessário para diagnóstico e tratamento da criança. Em meio a isto, a investigação dos meios

utilizados por esses profissionais para realização dos procedimentos hospitalares, contribuiu

para identificar quais são as técnicas utilizadas para minimização desse sofrimento, tais como:

- Comunicação clara e coerente conforme a faixa etária;

- Brincadeiras e distração;

- Mantém sempre o responsável próximo da criança.

Como visto em seus relatos:

[...] conversar calmamente com a criança explicar qual o procedimento que vai ser feito, não

mentir [...] tem que explicar, tendo calma e paciência (Tritomo);

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

34

[...] conversando com a criança é a única maneira [...] conversar fazendo o procedimento

[...]. (Tulipa Vermelha);

Conversa, explica, [...] ter paciência; [...] se você conversa, faz uma brincadeirinha, [...]

mostra um desenho na parede para distrair [...] isso ajuda bastante durante os

procedimentos hospitalares [...]. (Tulipa amarela).

Conversa [...], distração, brincadeiras [...] isso é válido e deixa mais tranqüila a criança.

(Magnólia);

Explico para ela, que ela tem um problema; [...] tem que ser resolvido com medicação [...]

em geral a maioria entende e aceita [...]. (Margarida);

[...] não utilizo nenhuma mentira, falo a verdade. (Tango);

[...] sempre no primeiro momento examinar a criança no colo da mãe. (Mimoso).

Várias são as formas de atuação dos profissionais da saúde que podem ser adotadas

com o objetivo de diminuição do sofrimento inerente ao processo de hospitalização. Através

disso, foi identificado os possíveis benefícios da utilização do brinquedo terapêutico no

processo de hospitalização infantil, que segundo Martins (2001), é o uso do brinquedo por

profissionais da área da saúde como forma de simular os procedimentos hospitalares

realizados na criança, possibilitando que a mesma compreenda o que serão realizados.

Apontam Mitre e Gomes (2004), o brincar na perspectiva hospitalar passa a tornar um

espaço terapêutico, pois aparecem como uma possibilidade da criança expressar seus

sentimentos, seus receios e hábitos, além de servir como mediação entre as situações novas ou

ameaçadoras. Por fim, o brincar é importante instrumento para garantir a adesão ao

tratamento.

Entrevistando os noves (09) profissionais da área da saúde, sete (07) ressaltaram a

importância da utilização do brinquedo no momento da realização dos procedimentos

hospitalares. Exemplo observado no relato de Tulipa Amarela “[...] quando a gente está

fazendo algum procedimento, é importante ter um brinquedinho por perto que chame a

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

35

atenção, eu acho muito importante, muito legal, acho que deveria ter mais brinquedo, outras

atividades quando a criança está hospitalizada [...]. Ainda, [...] e a aceitação é melhor

quando se faz um procedimento na criança e que se utiliza o brinquedo [...]”.

Vale ressaltar a visão de Martins (2001) citando que os materiais hospitalares poderão

ser utilizados como forma de brincar, evitando brinquedos que foram manuseados por várias

crianças e/ou adultos, caso venha a ocorrer, os profissionais da saúde deverão fazer a

higienização (realizar assepsia), mantendo os brinquedos sempre limpos, desta forma

contribui com menor risco de contaminação em ambiente hospitalar, já que excesso de

brinquedos poderão ser mais um meio de transmissão de doenças. Como afirma uma

entrevistada: [...] acredito que o brinquedo sempre acaba contaminando passando de uma

criança para outra, pela transmissão [...] e a higienização não tem como ser feita pela

questão da estrutura mesmo. Ainda, [...] mesmo a gente tomando os cuidados de higiene,

lavando as mãos, mantendo os aparelhos higienizados, os cuidados que a gente tem nos

consultórios, a gente sabe que através de pesquisa cientificas que o índice de contaminação

em ambientes hospitalares é enorme, imagina um brinquedo que a criança vai “baba”, vai

botar na boca, uma criança que está em plena atividade da doença [...]. (Margarida).

Em meio a isto, Motta e Enumo (2002), sugere a utilização do brincar por

profissionais da saúde, nos quais os mesmos manipulam materiais que serão usados na criança

e depois descartados como: seringas, agulhas, medicamentos, matérias para curativos, punção

lombar, nebulizações, dentre outros. Portanto, quaisquer materiais utilizados uma única vez

no âmbito hospitalar que possibilitem o manuseio do mesmo. Ainda, poderão dramatizar os

procedimentos através de bonecos, desenhos, ensaios, leituras, visitas as pessoas envolvidas

nas práticas hospitalares ou crianças que já realizaram os procedimentos hospitalares. Visto

que, esses materiais a serem manuseados para ilustrar os procedimentos, serão descartados ou

armazenados para esterilização. Desta forma, preservando menor número de contaminações

e/ou infecções hospitalares.

Por fim, a pesquisadora pode concluir que o brinquedo terapêutico contribui no

processo da hospitalização infantil diante dos procedimentos hospitalares, pois através do

brincar a criança minimiza o sofrimento manifestado, como: medo, irritabilidade, desespero,

ansiedade, angústia, etc. Ainda, descobre, inventa, estimula sua habilidade, iniciativa,

confiança e experimenta em relação à hospitalização infantil. (PEDROSA et al 2007).

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

36

Além disso, identificou quais os meios e/ou materiais, os profissionais da área da

saúde poderão utilizar no enfrentamento da mesma, ainda, sugere que os profissionais da

saúde e principalmente aos Psicólogos que atuarem com brinquedo e/ou brincar no ambiente

hospitalar tenham o compromisso de:

- Atuar tentando aliviar o sofrimento da criança quando a mesma teme a doença e a

hospitalização, incentivando quando possível a atividades produtivas e expressivas;

- Levantar e orientar problemas apresentados pelas crianças, diminuindo o

sofrimento inerente à hospitalização e ao processo de doença;

- Melhorar a qualidade de vida da criança, fazer com que a mesma e a família

compreendam a situação da doença e a hospitalização;

- Evitar situações difíceis e traumáticas sempre que possível, fazer da criança e da

família elementos ativos no processo hospitalar, buscando conviver da melhor forma possível;

- Ajudar a criança conviver com a nova situação, conversar, dar espaço para que a

mesma expresse e elabore seus sentimentos. (CHIATTONE, 2003 apud ALCANTARAL,

2007).

Nessa perspectiva aponto algumas sugestões de intervenções para o próximo

trabalho que envolva a criança no ambiente hospitalar, tais como: Pesquisa em relação aos

índices de contaminação em ambiente hospitalar infantis, implantar a utilização do brinquedo

terapêutico nas unidades que trabalham com crianças hospitalizadas, apresentar através de

seminários ou palestras nas unidades hospitalares sobre a importância da utilização do

brinquedo terapêutico nas unidades hospitares infantis, publicar artigos a respeito do mesmo,

elaborar um folder informativo para os profissionais da área da saúde, contendo informações a

respeito da pesquisa realizada. Por fim, elaborar um boneco para que os profissionais da área

saúde o manipule como forma de ilustrar os procedimentos hospitalares a serem realizados na

criança hospitalizada.

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

37

REFERÊNCIAS

ALCANTARAL, B, E. Criança hospitalizada: o impacto do ambiente hospitalar no seu

equilíbrio emocional. Rev Virtual de Psicologia hospitalar e da Saúde. Belo Horizonte, ago

2007-jan 2008, Ano 3, n.6. Disponível em:

<http://susanaalamy.sites.uol.com.br/psicopio_n6_38.pdf> Acesso 20 mar 2009.

BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96. IV Consentimento livre e

esclarecido. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos.

Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/res/19696.htm> . Acesso em 02 ago. 2007.

FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

FALEIROS, F.; SADALA, M. L. A.; ROCHA, E. M. Relacionamento terapêutico com

criança no período perioperatório: utilização do brinquedo e da dramatização. Rev Esc

Enferm. São Paulo (USP), v.36, n.1, p.58-65, 2002. Disponível em:

<http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/633.pdf>. Acesso em: 10 set. 2007.

FERRO, F. de O; AMORIM, V. C. de A. As emoções emergentes na hospitalização infantil.

Revista Eletrônica de Psicologia. Maceió, v.1, n.1, jul. 2007. Disponível em:

<http://www.pesquisapsicologia.pro.br/pub01/fabricya.htm>. Acesso em: 08 out. 2007.

ISAYAMA, H. F. et al. Vivências lúdicas no hospital: intervenção socioeducativas da

Educação Física com crianças da Clínica de Hematologia. Anais do 8º encontro de extensão

da UFMG Belo Horizonte, 2005. Disponível em:

<http://www.psicosite.com.br/tra/inf/ansiedade_i.htm>. Acesso em: 04 set. 2007.

KLEIN, M. Psicologia. Organizadores: Herrmann, F.A.; Lima, A.A. São Paulo: Ática, 1982.

LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa

bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 4. ed. São Paulo: Atlas,

1992.

LEBOVICI, S.; DIATKINE, R. Significado e função do brinquedo na criança. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1985.

MARTINS, M. do R et al. Protocolo de preparo da criança pré-escolar para punção venosa,

com utilização do brinquedo terapêutico. Rev Latino-am Enfermagem, São Paulo, v.9, n.2,

p.76-85, mar. 2001. Disponível em: <http://www.eerp.usp.br/rlanef> . Acesso em: 19 ago.

2007.

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

38

MARTINS, J.; BICUDO, M. A. V. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e

recursos básicos. 2 ed. São Paulo: Morais, 1994.

MINAYO, M. C. Pesquisa social: teoria, métodos e técnicas. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.

MITRE, R. de A.; GOMES, R. A perspectiva dos profissionais de saúde sobre a promoção do

brincar em hospitais. Ciência e Saúde Coletiva, Manguinhos (R.J.), v.12, n.5, p.1277-1284,

set./out. 2007. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttexepid=

S1413-81232007000500025elng=ptenrm=iso>. Acesso em 04 out. 2007.

MOTTA, A. B.; ENUMO, S. R. F. Brincar no hospital: câncer infantil e avaliação do

enfrentamento da hospitalização. Psicologia, Saúde e Doença, v.3, n.1, p.23-41. Disponível

em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/362/36230103.pdf>. Acesso em: 08 set. 2007.

MOTTA, A. B; ENUMO, S. R. F. Brincar no hospital: estratégia de enfrentamento da

hospitalização infantil. Psicologia em Estudo, Maringá, v.9, n.1, p.19-28. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/pe/v9n1/v9n1a04.pdf> . Acesso em: 08 set. 2007.

NONES, E. J. P. Brincar: uma reflexão sobre esta oportunidade irrestrita na educação

infantil. Itajaí, 2003. 42f. Monografia (Graduação em Psicologia)- UNIVALI, 2003.

OLIVEIRA, G. F. de; DANTAS, F. D. C.; FONSÊCA, P. N. da. O impacto da hospitalização

em crianças de 1 a 5 anos de idade. Revista da SBPH, Rio de janeiro, v.7, n.2, p.37-42, dez.

2004. Disponível em: <http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttexepid=S1516-

0858200400200...> . Acesso em: 08 nov. 2007.

PADILHA, S. Hospitalização: o impacto na criança, no adolescente e no psicólogo hospitalar.

Psico-USF, São Paulo, v.9, n.2, p.225-226, jul./dez. 2004. Disponível em: <http://pepsic.bvs-

psi.org.br/pdf/psicousf/v9n2/v9n2a15.pdf>. Acesso em: 10 out. 2007.

PEDROSA, A. M. et al. Diversão em movimento: um projeto lúdico para crianças

hospitalizadas no Serviço de Oncologia Pediátrica do Instituto Materno Infantil Prof.

Fernando Figueira, IMP. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, v.7, n.1, p. 99-106,

jan./mar. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v7n1/a12v07n1.pdf>. Acesso

em: 11 set. 2007.

REY, G. Pesquisa qualitativa em Psicologia: caminhos e desafios. São Paulo: Pioneira,

2002.

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

39

RIBEIRO, P. de J.; SABATÉS, A. L.; RIBEIRO, C. A. Utilização do brinquedo terapêutico,

como instrumento de intervenção de enfermagem, no preparo de crianças submetidas a coleta

de sangue. Ver Esc Enferm, São Paulo, v.35, n.4, p. 420-428, 2001. Disponível em:

<http://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/622.pdf> . Acesso em: 12 out. 2007.

RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999. p.

35-36.

SOUZA, S. V. de; CAMARGO, D. de; BULGACOV, Y. L. M. Expressão da emoção por

meio do desenho de uma criança hospitalizada. Psicologia em Estudo, Maringá, v.8, n.1,

p.101-109, jan/jun. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pe/v8n1/v8n1a13.pdf>.

Acesso em: 11 set. 2007.

TRIVIÑOS, A. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em

educação. São Paulo: Atlas, 1987.

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

40

APÊNDICES

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Nome:_______________________________________________________________

Data de nascimento:_____/____/______Sexo:_______________________________

Naturalidade:______________________

Telefone contato:____________________________________________________________

Profissão:_________________________

Identidade:________________________

Foi informado detalhadamente sobre a pesquisa intitulada:

BRINQUEDO TERAPÊUTICO: UMA ESTRATEGIA DE ENFRENTAMENTO DA

CRIANÇA HOSPITALIZADA.

O (A) senhor (a) foi plenamente esclarecido de que participará de uma pesquisa, a

cujo objetivo é compreender como o brinquedo terapêutico poderá influenciar no

enfrentamento da hospitalização infantil. Tal pesquisa consistirá em entrevista semi-

estruturada, com cada participante em individual, sendo utilizado um gravador em um

encontro a ser agendado com data, horário e local da entrevista. No entanto se o (a) senhor (a)

sentir qualquer tipo de insatisfação, antes ou depois da entrevista poderá desistir a qualquer

momento. Pelo fato desta pesquisa ter único e exclusivo interesse científico como pré-

requisito de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). A mesma foi aceita espontaneamente

pelo (a) senhor (a). Por ser voluntária e sem interesse financeiro, não haverá nenhuma

remuneração para ambos as partes. Os dados referentes ao (a) senhor (a) serão sigilosos e

privados e a divulgação do resultado visará mostrar os possíveis benefícios da utilização do

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

41

brinquedo terapêutico em um ambiente hospitalar e que estará disponível somente no trabalho

de conclusão de curso da acadêmica e poderá ser utilizados em pesquisas científicas futuras.

Sendo que o (a) senhor (a) poderá solicitar informações durante todas as fases do mesmo,

inclusive após a publicação.

Este documento deve ser lido e assinado pelos participantes que estiverem de acordo

com os termos acima declarados.

Biguaçu,____________de_____________________de 2009

_________________________________________________

Assinatura do participante

_________________________________________________

Flaviana Maria Muraro

(Acadêmica pesquisadora)

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

42

APÊNDICE B

Universidade do vale do Itajaí – Univali

Curso de psicologia – campus Biguaçu

A Comissão de Ética do Hospital Regional Dr Homero de Miranda Gomes –

São José/ SC.

Como graduada do curso de psicologia da Univali, estou desenvolvendo uma

pesquisa como requisito para TCC (Trabalho de Conclusão do Curso) e para sua

concretização, solicito autorização para desenvolvimento deste projeto no HRSJHMG de São

José/ SC, que acontecerá no setor da emergência pediátrica, através da realização de

entrevistas individuais no período de março de 2009.

Informo, conforme os preceitos éticos em pesquisa, que os dados coletados durante

o estudo serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa cientifica, sendo mantido sigilo

sobre a identidade dos profissionais participantes.

Comprometo-me também em fornecer a esta instituição uma cópia do relatório final

do estudo, afim de que possam ser divulgados seus resultados juntos aos profissionais

interessados.

Portanto, sua aprovação será de fundamental importância para este estudo.

Coordenador do Curso de Psicologia Coordenadora do TCC

_____________________________ _________________________

Almir Pedro Sais Maria Suzete Salib

Orientador da Pesquisa Pesquisadora

_____________________________ ___________________________

Mauro José da Rosa Flaviana Maria Muraro

Biguaçu,______/______/_______.

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ PRÓ-REITORIA DE …siaibib01.univali.br/pdf/Flaviana Maria Muraro.pdfVale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,

43

APÊNDICE C

ENTREVISTA

ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

Iniciais do Nome:

Qual sua profissão?

Qual o tempo de trabalho no setor?

1) Qual sua percepção em relação à Emergência Pediátrica no momento atual?

2) Qual a demanda de atendimentos diários do local?

3) Quais as doenças diagnosticadas mais freqüentes no atendimento hospitalar?

4) Quais são os procedimentos hospitalares mais utilizados no setor?

5) Quais as reações da criança diante aos procedimentos hospitalares?

6) Como é o seu relacionamento em relação ao vínculo com as crianças hospitalizadas?

7) Quais os meios utilizados pelo profissional da saúde para facilitar a aceitação da criança

diante aos procedimentos hospitalares?

8) Qual é seu conhecimento a respeito do brinquedo terapêutico?

9) Qual a sua visão em relação à utilização de brinquedo como estratégia de enfretamento da

hospitalização infantil?