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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PRÓ-REITORIA DE ENSINO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA - BIGUAÇU
FLAVIANA MARIA MURARO
BRINQUEDO TERAPÊUTICO: UMA ESTRATÉGIA DE
ENFRETAMENTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA
BIGUAÇU
2009
FLAVIANA MARIA MURARO
BRINQUEDO TERAPÊUTICO: UMA ESTRATÉGIA DE
ENFRETAMENTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
requisito para obtenção do grau de Bacharel em
Psicologia na Universidade do Vale do Itajaí no
Curso de Psicologia. Orientador Mauro Jose da
Rosa
BIGUAÇU
2009
FLAVIANA MARIA MURARO
ÁREA DE PESQUISA: Saúde
TEMA: Brinquedo Terapêutico
BRINQUEDO TERAPÊUTICO: UMA ESTRATÉGIA DE
ENFRETAMENTO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA
BANCA EXAMINADORA
Profª. Mauro Jose da Rosa (orientador)
Categoria Profissional: Mestre em Psicologia
Profª. Ivânia Jann Luna
Titulação: Mestre em Psicologia Clínica
DRª Patricia Salles
Titulação: Médica em especialização em Pediatria.
Profª. Mirella Alves de Britto
Coordenadora do Curso de Psicologia
AGRADECIMENTO
Dedico esta monografia, a minha família, aos meus amigos, a todos os profissionais
que participaram da pesquisa, ao orientador que esteve durante um ano contribuindo com seus
conhecimentos, a todos que acreditam que podem contribuir para melhorar o ambiente em que
vivemos. E em especial ao meu noivo.
Sonhar faz parte da existência humana, a todo o momento em todo
lugar, a cada minuto de nossas vidas.
Construímos sonhos, embalamos projetos, voamos ao mais
profundo céu, pois somos seres construtores, sonhadores e
planejadores.
Somos seres movidos pela única motivação: amor!!!
Amor pelo que fazemos,
Amor pelo que acreditamos,
Amor pelo que ainda está por vir...
A mudança está na sua frente, ao seu lado, na sua mente, não veja
como um obstáculo, como um problema impossível de realizar,
entenda que o cada dia construímos um novo ciclo, porque somos
protagonistas de nossas vidas, vista-se de entusiasmo, abra-se para
o futuro. Acredita, sonhe com o novo.
Flaviana Maria Muraro, 23 de junho de 2009.
RESUMO
MURARO, F. M. Brinquedo Terapêutico: uma estratégia de enfretamento da criança
hospitalizada. 2009. Trabalho de conclusão de curso (graduação em Psicologia)-Universidade
do Vale do Itajaí, 2009.
O trabalho discorre sobre a importância do brinquedo terapêutico no ambiente hospitalar
infantil. Inicialmente, promoveu-se teoricamente uma breve compreensão que a criança tem
em relação à hospitalização, por conseqüência, as suas reações psicológicas e a importância
do brincar no enfretamento da mesma. A partir daí, acredita-se que o brincar contribui no
processo de vinculação entre o profissional da área da saúde e a criança hospitalizada,
minimizando o desconforto em relação à utilização dos procedimentos hospitalares realizados
na mesma. A pesquisa partiu como metodologia qualitativa com a pesquisa exploratória,
tendo como objetivo: identificar junto aos profissionais da saúde as principais reações
emocionais da criança hospitalizada diante dos procedimentos hospitalares; investigar junto
aos profissionais da saúde quais os meios utilizados para realização dos procedimentos
hospitalares na criança; identificar os possíveis benefícios da utilização do brinquedo
terapêutico no processo de hospitalização infantil. E meio a isto, as informações obtidas
contribuíram para identificar quais os principais brinquedos a serem utilizados por esses
profissionais no âmbito hospitalar, além das informações acima desejadas.
Palavras-chave: hospitalização infantil, profissionais da saúde, enfretamento, brinquedo
terapêutico.
SUMÁRIO
RESUMO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. .7
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA.......................................................................9
2.1 A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO TERAPÊUTCO NO
ENFRENTAMETO DA HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL.................................9
2.1.1 Hospitalização Infantil ...................................................................................................9
2.1.2 Reações Psicológicas Frente à Hospitalização Infantil ............................................. 10
2.1.3 Brincar: contexto social ............................................................................................... 12
2.1.4 Brinquedo Terapêutico ................................................................................................ 15
3 METODOLOGIA ......................................................................................... 18
3.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................................ 18
3.2 AMOSTRA ........................................................................................................................ 18
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .................................................................. 20
3.4 PROCEDIMENTOS .......................................................................................................... 21
3.5 TÉCNICA DE ANÁLISE DOS DADOS ..........................................................................21
3.6 CUIDADOS ÉTICOS.............................. ..........................................................................22
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................... 23
4.1 Roteiros das entrevistas e o ambiente hospitalar infantil.............................................23
4.1.1 Categoria 1 - Procedimentos hospitalares...................................................................24
4.1.2 Categoria 2 - Meios utilizados por profissionais da saúde para aceitação da criança
diante dos procedimentos hospitalares.................................................................................24
4.1.3 Categoria 3 - Reações da criança diante aos procedimentos hospitalares................26
4.1.4 Categoria 4 - Medidas de prevenção hospitalar e a faixa etária de compreensão da
criança diante à hospitalização..............................................................................................28
4.1.5 Categoria 5 - Utilização do brinquedo terapêutico como estratégia de enfretamento
da hospitalização infantil e conhecimento dos profissionais a respeito do mesmo...........29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................33
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 37
APÊNDICES ..................................................................................................... 40
7
1 INTRODUÇÃO
O tema proposto a ser investigado surgiu do interesse de contribuir com os
profissionais da área da saúde que trabalham com crianças hospitalizadas, os quais estes
utilizam o brinquedo terapêutico como estratégia de enfrentamento dessa hospitalização.
Conforme Martins et al (2001) o brinquedo terapêutico é uma técnica que o profissional da
saúde utiliza um brinquedo junto à criança hospitalizada, em que simula situações
hospitalares, desta forma, a criança receberá explicações dos procedimentos que serão
utilizados na mesma.
Vale ressaltar que o brinquedo terapêutico seguirá os princípios da ludoterapia,
diferenciando a questão de que não será um terapeuta que utilizará a técnica, mais qualquer
profissional da área da saúde que tiver um contato direto com a criança. Tendo objetivo em
comum às preocupações em fazer com que os medos e os temores desapareçam, diante dos
procedimentos hospitalares, e que a criança consiga maior assimilação e adaptação à realidade
que o cerca.
Motta e Enumo (2002) afirmam que a criança quando permanece hospitalizada passa
por várias circunstâncias que podem afetar o seu estado emocional, uma vez que as
experiências de estar dentro dos hospitais podem ocasionar na criança sentimentos como a
angústia, ansiedade e medo do desconhecido, por decorrência desses sentimentos, acabam
comprometendo a sua hospitalização, interferindo nos procedimentos técnicos a serem
utilizados, no processo de vínculo entre os profissionais da saúde e a criança. Portanto, o
profissional poderá utilizar o brinquedo terapêutico para amenizar esses sofrimentos
psíquicos.
Em meio a isto, na revisão bibliográfica realizada pela autora, é possível perceber
que o brincar passa a ser um meio utilizado no processo de hospitalização, que, se apresenta
como uma possibilidade de estruturação de um modelo de atenção à saúde da criança
(MITRE; GOMES, 2007). Atenção esta, que pode ser encontrada a partir dos aspectos
trazidos pelo brincar no ambiente hospitalar. Assim, é de importância salientar que o objeto
de estudo torna-se mais claro, no sentido de compreensão, quando se estabelecem objetivos e
métodos a serem alcançados.
8
Segundo Martins et al (2001) a criança no ambiente hospitalar enfrentam pessoas
estranhas, procedimentos hospitalares, e outros. Quando a mesma não é preparada para
realização dos procedimentos hospitalares tende a desenvolver ansiedade e insegurança.
Nesse percurso podem ocorrer diversas mudanças, sejam previsíveis ou imprevisíveis e que
pode influenciar de forma significativa no processo de hospitalização infantil.
Em meio a este acontecimento acredita-se que o brincar contribui no processo de
vinculação entre o profissional da saúde e a criança, minimizando o desconforto em relação à
utilização dos procedimentos hospitalares realizados na mesma. Assim, qual a importância do
brinquedo terapêutico no enfrentamento da hospitalização infantil? Quais as reações das
crianças diante dos procedimentos hospitalares?
Enquanto categorias de assunto investigou-se: Os procedimentos hospitalares mais
utilizados no setor; os meios utilizados pelo profissional da saúde para facilitar a aceitação da
criança diante aos procedimentos hospitalares; a visão dos profissionais da área da saúde em
relação à utilização de brinquedo como estratégia de enfrentamento da hospitalização infantil.
É evidente que uma pesquisa ou um projeto de pesquisa, não é algo fechado e
acabado, está sempre aberto a novas possibilidades, podendo ter continuidade para pesquisas
futuras, tendo consciência que o mesmo possui relevância científica social, pois se trata de
informações e conhecimento de um determinado objeto de pesquisa, que faz parte de uma
realidade dentro de um contexto social. Acredita-se que a utilização do brinquedo terapêutico
no processo de hospitalização contribuirá com os cuidados à criança hospitalizada, partindo
de uma discussão de princípios de ações integral voltada a essa clientela. A partir de então, é
necessário compreender os diferentes caminhos da experiência da utilização do brincar e as
conseqüências destas experiências em relação à criança, em âmbito hospitalar.
9
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA
2.1 A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO TERAPÊUTICO NO
ENFRENTAMENTO DA HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL
O trabalho discorre sobre a importância do brinquedo terapêutico no ambiente
hospitalar infantil. Inicialmente, promoveu-se uma breve compreensão que a criança tem em
relação à hospitalização, por conseqüência, as suas reações psicológicas e a importância do
brincar no enfretamento da mesma.
2.1.1 Hospitalização infantil
No ambiente hospitalar é possível que a criança venha a passar por condições
impostas pelo tratamento que demandem um tempo considerável de hospitalização, ou seja,
no período em que a criança se encontra no hospital, segundo Mendéz et al (1996 apud Motta
e Enumo, 2002) a criança passa a ter que se adaptar à rotina do hospital, tendo que se afastar
das atividades escolares, dos familiares, parentes e amigos.
Ainda, a equipe hospitalar segundo Alcantaral (2007) deverá desde o primeiro
momento deixar que a mãe ou responsável esteja presente nas realizações dos procedimentos
hospitalares, assim como os primeiros exames médicos, desta forma permitem amenizar
sofrimentos diante aos mesmos. Na visão de Chiattone (2003 apud Alcantaral 2007) a
hospitalização é uma agressão à criança, pois afeta a sua integridade o seu desenvolvimento
emocional e mental e a equipe de saúde devem preocupar-se em relação a minimizar o
sofrimento da mesma.
Para Ferro e Amorim (2007) o hospital é um local de regras, onde a criança não
poderá correr pelos corredores, falar alto, brincar. A partir daí, ressaltam que essas repressões
físicas e emocionais poderão surgir na criança novas experiências agravantes para a saúde da
mesma.
Ainda, a hospitalização poderá ser vista pela criança como um local de sofrimento
físico e emocional. As situações em que a criança é submetida dentro do hospital, apontando
10
especificamente os procedimentos e medicamentos podem ser visto por ela como um aspecto
de desconhecimento em relação aos atos dos profissionais da saúde. O mesmo tem que
manipular o seu corpo, e por conseqüência disso, poderá se instalar uma percepção “invasiva”
e dolorosa; outro aspecto seria a dos profissionais da área da saúde em oferecerem pouca ou
nenhuma informação em relação à utilização dos procedimentos na criança, afirmando ainda
mais a ela que esse ambiente hospitalar é hostil. (FERRO e AMORIM, 2007).
Para Oliveira, Dantas e Fonsêca (2004), no ambiente hospitalar a criança fica restrita
ao leito e isso lhe submete à passividade, pois está cercada de pessoas desconhecidas trazendo
ainda mais sofrimento e dor. Além disso, os procedimentos o serem realizados na criança, por
exemplo, raio-x, exames laboratoriais, eletrocardiograma, eletroencefalograma e ultra-
sonografia, traz a tona o medo de sentir a dor, se estabelecendo fortemente quando não há
informações do que vai ser realizado na criança.
Em suma, a hospitalização poderá causar à criança uma experiência positiva ou
negativa; dependerá das explorações a serem acometidas no seu corpo ou explicações diante
das realizações dos procedimentos necessários para seu tratamento, pela submissão a
restrições e pela forma que a equipe hospitalar maneja essa experiência. Neste sentido, a
criança precisa adaptar-se a essa nova situação sendo necessária estratégia para enfrentar as
circunstâncias na hospitalização, pois as reações psicológicas da criança diante da mesma
poderão interferir na sua saúde.
2.1.2 Reações Psicológicas Frente à Hospitalização Infantil
A criança no período em que se encontra hospitalizada tende a permanecer a
presença do medo do desconhecido. Padilha (2004) descreve que as fantasias e imagens que a
criança elabora em relação à hospitalização são persecutórias, ou seja, se remetem a
abandono, solidão e perda; essas reações, segundo a autora, poderão transformar-se em
experiências agravantes no seu estado clínico.
Ainda, para Gonçalves (2001 apud Alcantaral 2007), a idade cronológica, a sua
personalidade, as experiências anteriores em relação à hospitalização, o afastamento do lar, o
relacionamento afetivo com a mãe, o equilíbrio e a dinâmica familiar, dentre outros, também
influenciam nas reações das crianças diante da hospitalização.
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Na visão de Ferro e Amorim (2007) as reações dependem do nível do
desenvolvimento psíquico na ocasião, da intensidade de apoio familiar, o tipo da doença e das
atitudes da equipe da saúde. Como mostrada no quadro abaixo:
Faixa etária Reações das crianças diante da hospitalização infantil
4 meses aos 2 anos Associado o afastamento da mãe, a criança passa a estimular aflição e
desespero.
2 aos 5 anos Preocupa-se com maior intensidade a acerca da separação da mãe,
aumentando o medo em relação ao dano corporal, ocorre uma sensibilidade
maior em relação à dor, feridas, sangue e aos procedimentos da equipe de
saúde.
Dos 5 aos 7 anos Preocupação em relação à morte, desaparecimento, desenvolvendo atenção
maior por seu destino, dos seus entes queridos e por outros pacientes.
7 aos 9 anos Preocupar-se em ficar inválido por toda a vida, medo de ser abandonado,
pois hospitalizadas se encontram longe de casa, dos amigos, das escolas, e
outros.
Dos 9 aos 11 anos Preocupar-se com própria idade escolar em relação a sua capacidade
intelectual, social e física.
Dos 11 aos 13 anos Aparecem preocupações da pré-puberdade em relação a funções corporais,
dos orgânicos, da exposição do corpo diante as pessoas desconhecidas.
Quadro 1: Adaptado de Ferro, F. de O; e Amorim, V. C. 2007.
Na visão de Oliveira, Dantas e Fonseca (2004), os despreparos dos profissionais que
trabalham com crianças hospitalizadas no caso da utilização dos procedimentos hospitalares
na mesma tende aparecer nas crianças reações como o medo, podendo apresentar novas
fantasiais, mecanismo de defesa como regressão, por exemplo, é como se retornasse a uma
fase anterior a sua idade cronológica; esse comportamento é observado como uma forma de
proteção.
Ainda, durante o período da hospitalização a criança utiliza mecanismo de defesa
que segundo Ferro e Amorim (2007) são formas que a psique tem em proteger-se das tensões
internas e externas a serem acometidas na mesma, esse mecanismo ocorre para que ela não
seja dominada pela ansiedade, afastando ou distorcendo de sua realidade. Deste modo, os
hábitos da criança poderão ocorrer de diversas maneiras, tais como; conduta de regressão a
uma fase anterior a idade real, em que poderá utilizar a sucção do polegar, retornar a
mamadeira e também agredir seu próprio corpo com balanços contra a cama ou o balancear o
tronco indefinidamente; esse balanço o autor focaliza como uma forma de recordação no
ventre materno. Ainda, os comportamentos regressivos apresentado pela criança representam
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atividades de prazer e também de medo de pessoas estranhas, maior dependência dos pais, em
especial a mãe. Algumas vezes, a regressão poderá causar na criança o descontrole dos
esfíncteres.
Já em estudo de caso realizado por Souza, Camargo e Bulgacov (2003) constataram
que a criança quando se encontra hospitalizada tem a predominar os comportamentos de
repressão dos sentimentos, pois neste local muitas vezes não conseguem expressar suas
emoções, por exemplo, o choro, a raiva e a dor. Neste caso, a criança não exterioriza seus
sentimentos é como se não estivesse denunciando relações impessoais que negam sua
identidade e os autores traz como proposta que a equipe deverá deixar que a criança não se
prive dessas emoções, ou seja, reprimi-la na sua forma de expressão.
Portanto, para Ferro e Amorim (2007) as reações psicológicas a serem apresentadas
pela criança como medo, inibição, ansiedade, angústia, agressividade, irritabilidade, falta de
iniciativa, tende a ocorrer por conseqüência de outras adaptações hospitalares e se é
necessário prepará-la nas situações em que se encontra hospitalizada, para que seus medos e
fantasias sejam amenizados, já que a mesma poderá perceber a doença, os procedimentos e a
hospitalização como uma agressão externa, e este sentimento poderá comprometer todo o
processo de tratamento.
Partindo dessa preocupação de fazer com que a criança entenda a real necessidade
da hospitalização e dos procedimentos a serem realizados na mesma, nota-se a importância de
utilizar o brincar no processo de elaboração de suas fantasias diante da sua hospitalização.
Sendo essa prática, segundo Pedrosa et al (2007), próprias de seu momento de vida, pois
através do brincar a criança descobre, inventa, experimenta, estimula sua habilidade, iniciativa
e autoconfiança, além de facilitar na prática dos profissionais da equipe de saúde.
2.1.3 Brincar: contexto social
Quando nascemos, passamos a fazer parte de um contexto social, em que as crenças,
valores e conceitos são contribuídos ao longo das gerações que nos antecederam. Em meio a
isto, o brincar supõe esse contexto social, conforme afirma Vygotsky:
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Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem
um significado próprio num sistema de comportamento social, e sendo dirigidas a
objetivos definidos, são refratadas através do prisma do ambiente da criança. O
caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa.
(VYGOTSKY, 1989 apud NONES, 2003, p.17).
Portanto, neste caso é importante permitir que a criança brinque em um espaço onde
proporcione interações; por exemplo, um ambiente institucional de atendimento hospitalar,
pois é através do brincar que a criança desenvolve passando a representar a impressão do que
tem da realidade e recriando momentos a serem vivenciados. De tal modo, o adulto utiliza a
fala para expressar o que sente e a criança usa o brincar como uma forma de expressar suas
emoções, idéias, e conhecer o mundo que o cerca.
Para Wasjkop (2001 apud NONES, 2003) a criança quando brinca passa a construir
a consciência da realidade, e o vive uma possibilidade de modificá-la. Assim sendo, o brincar
é uma forma infantil, em que experimenta, cria e domina algumas situações em relação a sua
realidade, enquanto brinca, a criança conversa, movimenta, experimenta fantasias e desejos.
Na visão de Souza, Camargo e Bulgacov (2003) o brincar é como uma forma natural
de auto expressão que a criança tem de lidar com a realidade interior e exterior, no momento
em que brinca, cria um jogo a partir dos objetos que lhe são oferecidos e passam a atuar ao
mesmo tempo em sua vida. Além disso, Mitre e Gomes (2007) referem que o brincar não
passa ser somente conhecido como uma única forma de expressão ou apenas como mais uma
brincadeira, mas como uma possibilidade de estruturação de um modelo de atenção à saúde da
criança, atenção esta, que pode ser encontrada como um recurso terapêutico.
Vejamos brevemente sobre a descoberta da “Técnica do Brincar”. Esta veio a ser
desenvolvida por Melaine Klein em 1919, na qual usava a técnica psicanalítica dos
brinquedos infantis para analisar as crianças, através desta, alcançava fixações e experiências
mais profundas existente nela. Inicialmente a técnica surgiu a partir de uma análise de um
menino de cinco anos de idade, em que Klein desafiou as regras estabelecidas para a época,
partindo do tratamento realizado na casa da criança e utilizando os seus próprios brinquedos.
Através dessa técnica lançava interpretações no qual surgia com mais urgência, ou seja,
percebeu a importância de concentrar-se na ansiedade da criança. Deste modo percebeu-se a
melhora progressiva, pois a criança desde o início da técnica do brinquedo expressava suas
fantasias e ansiedades enquanto brincava. A partir daí, teve como conclusão que o brincar é a
forma que ela tem em expressar-se (KLEIN, 1982).
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Sendo assim, o brincar representa um valor terapêutico, pois passa a influenciar no
seu desenvolvimento e restabelecimento emocional da criança. Para Lebovici e Diatkine
(1985), observa-se que ao longo da obra Kleiniana, o brinquedo não é somente satisfação dos
desejos, mas o triunfo e domínio sobre a realidade frustrante, em que o brincar transforma a
angústia da criança em prazer. Portanto, o desenvolvimento desse tema é motivado pela
convicção de que através do brincar a criança se constitui no mundo e que a utilização do
brinquedo terapêutico contribuirá para elaborações de nova vida habitual. Como afirmam
Motta e Enumo (2002), a criança quando brinca no hospital, possivelmente tem resultado
positivo em relação à hospitalização, pois a criança ao brincar altera o seu ambiente tornando-
o mais familiar e menos ameaçador.
Diante disso, para alterar a visão da criança em relação ao ambiente hospitalar,
propõe-se à utilização do brinquedo terapêutico, sendo este uma situação em que o
profissional da saúde utiliza o brinquedo, em qualquer criança que esteja hospitalizada. Desta
forma, este profissional obtém um resultado satisfatório em relação à compreensão dos
sentimentos e necessidade da criança diante da realização dos procedimentos hospitalares
oferecendo a ela a oportunidade de reorganizar sua vida, durante o período em que se
encontra hospitalizada (MARTINS et al; 2001). Mas vale ressaltar a visão de Ribeiro, Sabatés
e Ribeiro (2001), em que citam como o brincar deve ser utilizado, ressaltando que é
necessário aplicar sempre que a criança encontra-se com dificuldades em compreender e lidar
com as novas experiências.
Portanto, o brincar poderá ser utilizado de diversas formas, ou seja, por meio de
manipulações de materiais hospitalares, bonecos, dramatizações, ensaios, atividades lúdicas,
através de desenhos, visitas aos ambientes ou pessoas envolvidas nas práticas hospitalares,
por pessoas vestidas de palhaços, com a função de alegrar o ambiente e amenizar as sensações
desagradáveis da hospitalização. Fazer com que a criança consiga obter informações sobre
quaisquer procedimentos hospitalares a serem realizados na mesma e por conseqüência a
aceitação do mesmo se tornará mais fácil. (MOTTA e ENUMO 2002).
Segundo Martins et al (2001), o brinquedo terapêutico é um processo de brinquedo
não diretivo que dá a criança à liberdade de poder expressar-se verbalmente, e que essa
técnica se desenvolveu a partir da ludoterapia, mas com variações, já que a mesma é uma
técnica psiquiátrica usada em crianças com distúrbios emocionais neuróticos ou psicóticos,
em que cada sessão poderá ser conduzida por profissionais especializados como: psicólogo e
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psiquiatra. Sua meta é a compreensão da criança sobre seu sentimento e comportamento, no
caso da análise o terapeuta deverá refletir sobre as expressões verbais e não verbais da
criança. As sessões da ludoterapia normalmente são de uma hora e poderá continuar por
vários meses.
Nessa perspectiva, observa-se a necessidade de se encontrar formas de auxiliar a
criança na construção ou compreensão no âmbito hospitalar, tendo em vista que a utilização
do brinquedo terapêutico é mais viável no processo de hospitalização, pois contribuirá para
preservação da saúde mental da mesma e colaborando para possíveis procedimentos
hospitalares da equipe de saúde. Conforme Martins et al (2001), na técnica do brinquedo
terapêutico é utilizado um brinquedo por um profissional da saúde que acompanha a criança, e
esta técnica poderá ser realizada em uma sala de brinquedos, no quarto da criança ou em
qualquer área hospitalar que lhe é conveniente. E sua meta é fazer com que esse profissional
compreenda as necessidades e sentimentos da criança, mas somente deverá ser interpretada
por ele a expressão verbal e não as suas atividades praticadas. A partir daí, os profissionais da
área da saúde que trabalham no hospital poderão utilizar bonecos de pano e materiais
hospitalares como forma de simulação dos possíveis procedimentos hospitalares a serem
realizados na criança.
2.1.4 Brinquedo Terapêutico
O brincar, a brincadeira ou até mesmo o jogo no ambiente hospitalar, é uma prática
que vem sendo valorizada; um desses trabalhos é o grupo de pessoas denominadas “Doutores
da Alegria”, sendo este atuante nos hospitais infantis (ISAYAMA et al, 2005). Além disso,
Werneck (1997 apud ISAYAMA et al, 2005), ressalta que é comum remetermos à vivência
do brincar como uma fase da infância, mais a intenção é esclarecer que representa uma fase da
vida, que neste momento deve ser aproveitada e vivenciada da melhor maneira possível, pois
através do brincar possibilita que a criança consiga lidar de forma criativa e prazerosa as
experiências vivenciadas.
A partir daí, para que essas vivências venham à tona e, por conseqüência, o alívio da
ansiedade diante da hospitalização, o brincar proporcionará melhora no estado físico e mental
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da criança. Afirmando Faleiros, Sadala e Rocha (2002) o brincar passa ser uma forma de que
a criança promova a assimilação do meio externo, adaptando-se de acordo com suas
experiências anteriores e, por conseqüência, consegue expressar-se de uma forma menos
traumática e aceitável socialmente.
Portanto, a cada situação ou a demanda existente é de suma importância entender as
necessidades de cada criança e a relação com os brinquedos, ou seja, o nível de compreensão
de acordo com sua idade, podendo ser utilizado por diversas formas, tais como, desenhos,
manipulações de materiais hospitalares, bonecos, palhaços, em fim, utilizando sempre
conforme a sua compreensão, deste modo será mais fácil que a criança elabore suas fantasias,
sentimentos pertencentes, além de buscar a conscientização e aceitação das reais necessidades
da sua hospitalização.
Ao brincar no hospital, a criança altera o ambiente em que se encontra,
aproximando-o de sua realidade cotidiana, o que pode ter um efeito bastante positivo
em relação à hospitalização. Com isso a própria atividade recreativa, livre e
desinteressada, tem um efeito terapêutico, quando se considera terapêutico tudo
aquilo que auxilia na promoção do bem estar da criança. (MOTTA; ENUMO, 2002,
v. 3, n.1, p. 38-39).
Assim sendo, o brincar colabora para que a criança possa ampliar seus
conhecimentos sobre si mesmo e dos procedimentos hospitalares que será submetido.
Portanto, ao utilizar o brinquedo terapêutico, sendo este segundo Ribeiro, Sabatés e Ribeiro
(2001), constituído por brinquedo estruturado para criança, em que a mesma a utiliza para
aliviar a ansiedade causada pelas experiências que costumam ser ameaçadoras. Além obter
finalidade de descarregar a tensão da criança e possivelmente promover o bem-estar
psicofisiológico da mesma. Os autores sugerem que a técnica do brinquedo terapêutico deve
ser usada pela enfermeira que assiste a criança, tendo por objetivo fazer com que a mesma
tenha compreensão da sua real necessidade.
Ainda, o uso do brinquedo terapêutico na assistência da criança poderá facilitar
ainda mais as respostas positivas da mesma, colaborando no caso em que ela tenha que se
submeter aos procedimentos da hospitalização (RIBEIRO, P.; SABATÉS, A.; RIBEIRO, C.,
2001). E para facilitar essa elaboração o profissional poderá utilizar instrumentos, tais como:
bonecos, agulhas e seringas; utilizando a mesma para detectar conceitos equivocados a
respeito dos procedimentos e própria hospitalização, desta forma conseguirá obter
informações acerca de seus medos irreais e fantasiosos no processo hospitalar.
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Afirmando Martins et al (2001) o brinquedo terapêutico a ser utilizado com a
criança, tende a proporcionar a oportunidade de reorganizar-se na sua vida, por exemplo, os
sentimentos e ansiedade podem ser reconhecidos pela mesma, ou seja, ela passa a reconhecer
seus sentimentos e compreende o que está se passando no contexto hospitalar e esclarecendo
conceitos errôneos. Portanto, para a criança que está hospitalizada o brincar é de suma
importância porque a brincadeira faz com que a mesma preserve a sua saúde mental e por
conseqüência consegue aderir ao tratamento.
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3 METODOLOGIA
3.1 TIPO DE PESQUISA
Tendo em vista o período de elaboração do trabalho, bem como a disponibilidade de
tempo da acadêmica do curso de Psicologia, considerou-se conveniente e útil neste momento,
o possível emprego de uma metodologia que oportunizasse a compreensão dos profissionais
da área da saúde na utilização do brinquedo terapêutico no espaço hospitalar infantil, ou seja,
o hospital a ser pesquisado não emprega a técnica do brinquedo terapêutico, então, pretende-
se saber o que eles pensam a respeito da utilização desta técnica no ambiente em que
trabalham.
A referida pesquisa tem como princípio a utilização do método qualitativo que
segundo Martins e Bicudo (1994) ressaltam a busca de uma compreensão particular daquilo
que estuda, não se preocupa com as generalizações, princípios e leis. Por sua vez, as
generalizações passam a ser abandonada e a atenção é focalizada no específico, ou seja, no
indivíduo em especial, tendo em vista a compreensão e não as explicações dos fenômenos.
Assim, pretende-se trabalhar com a pesquisa qualitativa exploratória, utilizando o
método indutivo que segundo Richardson
[...] é um processo pelo qual, partindo de dados ou observações particulares
constatas [...] parte de premissas dos fatos observados para chegar a uma conclusão
que contem informações sobre o fatos ou situações não observadas.
(RICHARDSON, 1999, p. 35-36).
A partir desse método buscou-se situar a análise lógica dos profissionais da área da
saúde com a pesquisa de campo. Através da ida a campo foi possível obter informações a
respeito das necessidades da utilização do brinquedo terapêutico e reações da criança
hospitalizada frente à realização dos procedimentos hospitalares
3.2 AMOSTRA
A amostra da pesquisa teve como proposta utilizar a forma intencional, que segundo
Fachin (2003) é aquela em que o pesquisador através de uma técnica adequada consiga
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escolher uma amostra mais representativa, ou seja, aqueles funcionários/empregadores que
mais se situam no problema de pesquisa. Isso serve para o pesquisador obter idéias de uma
dada situação.
Primeiramente a amostra seria realizada com quatro (4) profissionais da área da
saúde que estão inseridos na área de atuação hospitalar, tais como: um representante da equipe
médica, um enfermeiro, e dois técnicos em enfermagem. Mas, no decorrer da pesquisa
observou-se à disponibilidade e interesse da participação de outros membros da equipe de
saúde. Diante deste fato optou-se em entrevistar mais integrantes da equipe totalizando nove
(9) participantes; resultando em enriquecimento maior da pesquisa.
Finalizou-se o trabalho com a participação de quatro médicos, um enfermeiro, e
quatro técnicos em enfermagem, sendo três participantes do sexo masculino e seis do sexo
feminino, na faixa etária entre 39 e 55 anos, com atuação e experiências profissionais entre 06
meses a 19 anos na área da Saúde Pública, especificamente na emergência pediátrica da
instituição pesquisada.
A população alvo dessa pesquisa foi escolhida por preencherem os seguintes
critérios:
- Ser um hospital geral que tenha uma unidade de emergência pediátrica, onde atenda criança
que permaneça num período de menos de 24 horas. Essa instituição passou a ser referência,
pois atende uma demanda de criança em sua região, atende pelo SUS e também por contarem
em seus quadros de trabalho com uma equipe multiprofissional.
- Profissionais atuantes da área da saúde que trabalham com crianças hospitalizadas de 0 a 14
anos 11 meses e 29 dias.
Vale ressaltar que desde o inicio da pesquisa os entrevistados receberam nomes
fictícios, garantindo o sigilo de suas identidades conforme a Carta de Apresentação e Termo
de Consentimento Livre o Esclarecido. Foram sugeridos nomes de Flores que identificassem
as iniciais dos profissionais da área da saúde pesquisada, ou seja, “T” para técnicos em
enfermagem, “E” para enfermeiro e “M” para médicos, conforme quadro abaixo.
Nome Sexo Profissão Idade Tempo de trabalho
no setor.
Tulipa amarela feminino Técnico em enfermagem 39 anos 16 anos
Tulipa vermelha feminino Técnico em enfermagem 55 anos. 07 anos.
Tango feminino Técnico em enfermagem 42 anos 11 anos
Tritomo masculino Técnico em enfermagem 50 anos 10 anos
20
Estrelicia: masculino Enfermeiro 39 anos 12 anos
Margarida feminino Médica Pediátrica 47 anos 10 anos.
Mimoso masculino Médico Pediátrico 53 anos 19 anos
Magnólia: feminino Médica Pediátrica 38 anos. 05 meses.
Malmequer feminino Médica Pediátrica 46 anos 2 anos
Quadro 2: Público alvo da pesquisa. Muraro, 2009.
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Rey (2002) ressalta que o instrumento passa ser uma ferramenta interativa, não mais
como uma via objetiva com capacidade de refletir diretamente a natureza do estudado
independentemente do pesquisador. Assim, a coleta de dado foi realizada mediante as
entrevistas semi-estruturada (apêndice C) que parte de questionamentos básicos, partindo de
informações obtidas pelo sujeito interrogado, e se necessário, novas perguntas podem se fazer
presente. Afirma Triviños (1987), este tipo de entrevista oferece condições possíveis para que
o informante consiga atingir a liberdade e espontaneidade necessária a um resultado
satisfatório numa pesquisa qualitativa.
Portanto, utilizou-se com os profissionais da área da saúde, a entrevista semi-
estruturada com questões que contemplem sobre os significados de experiência, dificuldades,
facilidades, resultados e estruturação do brincar na hospitalização infantil. Especificamente,
enfatizando a análise na questão sobre quais as perspectivas que os profissionais têm em
relação com o brincar no enfrentamento da hospitalização infantil. A partir daí, a intenção é
de compreender como o brinquedo terapêutico poderá contribuir frente a essa hospitalização.
Foi solicitada a permissão para a gravação das entrevistas com os envolvidos na
pesquisa, sendo que o mesmo assinou o “Termo de Consentimento Livre Esclarecimento”
(apêndice A). Assim, a entrevista foi conduzida sem nenhuma imposição de ordem rígida de
questões, deixando o entrevistado livre para discorrer sobre o tema.
21
3.4 PROCEDIMENTOS
No mês de agosto de 2007, foi realizado um contato direto para entrega de uma carta
de apresentação (apêndice B) a um integrante da comissão de ética do hospital, localizado na
região da grande Florianópolis - Santa Catarina, para averiguar a possibilidade de realização
da coleta de dados para a pesquisa em questão.
Diante disso, a pesquisadora aguardou o parecer da comissão examinadora, do
comitê de ética do hospital e da Universidade. Após, o resultado de aprovações das
instituições, iniciou-se a pesquisa no mês de março de 2009; apresentando o projeto à equipe
a ser pesquisada da área de saúde do hospital mediante a Carta de Apresentação do Projeto
juntamente com o Termo de Compromisso do Pesquisador.
A partir daí, a pesquisadora coletou os dados seguindo a entrevista semi-estruturada
(individual com cada participante) com a utilização de um gravador portátil e posteriormente
foram feitas às transcrições dos relatos na íntegra e da forma mais fidedigna possível para
garantir a qualidade das respostas e a confiabilidade da pesquisa. “A entrevista é uma
conversação efetuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistador,
verbalmente, a informação necessária” (LAKATOS, 1992, p 107). As perguntas serviram
como um roteiro e foram direcionadas aos empregadores/funcionários com uma linguagem
clara.
Vale ressaltar que os profissionais da área da saúde não sofreram nenhum prejuízo
durante a participação da coleta de dados, pois definiram o local, data e horário da mesma,
sendo que, foram adotados os seguintes procedimentos: contato direto com os funcionários da
área da saúde para apresentação da pesquisa a ser realizada, confirmando sua participação e
assinando o Termo de Consentimento Livre Esclarecimento.
3.5 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE DADOS
A análise de dados para Minayo (1994), é de essencial importância para
compreensão do fenômeno, em que o produto final da análise e de pesquisa deve ser encarado
de forma provisória e aproximativa, sendo que se trata de um processo de transformação e
construção constante. A partir daí, as entrevistas coletadas foram transcritas para uma análise
22
mais precisa, sem que se perdesse detalhe importante para a organização e análise da
pesquisa.
As informações obtidas pela coleta de dados foram analisadas através da análise de
conteúdo. Segundo Bardin (1977 apud Rey 2002), representa um momento analítico no
processamento de informação e nesse sentido interpõe no curso fluido dos processos de
construção teórica do pesquisador que acompanham e passam a ser parte da qualidade da
informação produzida pela pesquisa.
3.6 CUIDADOS ÉTICOS
Em se tratando de pesquisas feitas com os seres humanos são necessários alguns
cuidados a serem tomados em relação ao participante pesquisado, que dizem respeito à
proteção e preservação da vida do mesmo, podendo envolver questões de sigilo e respeito
com a liberdade de escolhas e autonomia, dentre outros.
Ainda, segundo a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, “exige que toda
pesquisa se processe após consentimento livre e esclarecido dos participantes, indivíduos ou
grupos que por si ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência em relação à
pesquisa”. Portanto, os participantes pesquisados foram informados das condições que a
pesquisa irá proporcionar para futuras investigações e sua participação nos mesmos, além de
ser informado que após a conclusão da pesquisa, será realizada a devolutiva de forma
individualizada para cada participante. Para tanto foi necessário que os participantes
assinassem um Termo de Consentimento Livre o Esclarecido (apêndice A), atestando a
aceitação da sua participação na pesquisa.
Atendendo aos princípios éticos da pesquisa que envolve seres humanos, a
pesquisadora também se compromete em apagar as informações gravadas durante o processo
da pesquisa, após conclusão da mesma.
23
4 ANÁLISE E INTERPPRETAÇÃO DOS DADOS
Neste tópico serão analisados, discutidos e interpretados os resultados obtidos a
partir das experiências e dos relatos dos participantes entrevistados. Ainda, foram construídas
categorias de respostas, a partir dos tópicos das entrevistas.
No primeiro momento a pesquisadora foi a campo, tendo contato direto
individualizado com os participantes da instituição dando início à pesquisa, conforme sua
disponibilidade para coletas de informações, respeitando as normas de sigilo e seguindo a
elaboração do roteiro pré-estabelecido na realização das entrevistas.
4.1 Roteiros das entrevistas e ambiente hospitalar infantil
Na entrevista semi-estruturada foram abordadas nove questões que circundam os
profissionais da área da saúde em relação à hospitalização infantil. Para tanto, foi necessário
investigar aspectos referentes:
- À percepção do profissional de saúde em relação à emergência pediátrica no momento atual;
- À demanda de atendimentos diários do local;
- Às doenças diagnosticadas mais freqüentes no atendimento hospitalar;
- Aos procedimentos hospitalares mais utilizados no setor;
- Às reações da criança diante dos procedimentos hospitalares;
- À vinculação dos profissionais da saúde em relação às crianças hospitalizadas;
- Aos meios utilizados pelos profissionais da saúde para facilitar a aceitação da criança diante
dos procedimentos hospitalares;
- Ao conhecimento dos profissionais a respeito do brinquedo terapêutico;
- À percepção dos profissionais da área da saúde em relação à utilização do brinquedo
terapêutico como estratégia de enfretamento da hospitalização infantil.
A partir daí, foram destacadas informações que norteiam o âmbito hospitalar;
segundo Oliveira, Dantas e Fonsêca (2004) as crianças ficam restritas aos procedimentos
hospitalares e aos leitos ficando submetidas à passividade com comportamento mais
obediente ou regredido, ao sofrimento e a dor; além de maior agressividade em relação ao
tratamento e aos profissionais de saúde, já que na hospitalização envolve pessoas que não
24
estão presentes na vida diária destas, especificamente, os profissionais técnicos em
enfermagem, enfermeiros e médicos.
4.1.1 Categoria 1 – Procedimentos Hospitares
As crianças hospitalizadas passam por diferentes procedimentos hospitalares, por
exemplo: exames laboratoriais, medicações injetáveis, curativos, nebulizações. Como pode
ser observada na fala de Mimoso, Tritomo, Estrelicia e Tango.
[...] normalmente são feitos medicações sintomáticas. Então, a criança chega vomitando “faz
remédio” contra vômito, e se a criança fica com febre “faz antitérmico”. A criança está com
infecção pode-se “fazer antibiótico”, principalmente quando a criança chega desidratada
“pode fazer uma hidratação endovenosa”. Então, aqui basicamente é medicação sintomática
e hidratação. (Mimoso);
O que a gente usa mais aqui é, nebulizações, aplicações de injeções, coleta de matérias para
exames laboratoriais; mas esses procedimentos. (Tritomo);
Punciona bastante veia, faz medicações endovenosas, intramusculares, nebulização,
hidratação, atendimento com parada cardíaca e convulsão. (Estrelicia);
Punção venosa, aplicação de medicamentos intramuscular, curativo [...]. (Tango).
Pode-se analisar seguindo visão de Ferro e Amorim (2007), que a hospitalização
infantil poderá ser vista pela criança como um local de sofrimento físico e emocional, pois os
procedimentos e medicamentos realizados na mesma podem ser visto como aspecto de
desconhecimento em relação às atitudes técnicas dos profissionais da área da saúde, já que o
mesmo tem que manipular o seu corpo, e por conseqüência disso, poderá se instalar uma
percepção “invasiva” e dolorosa.
4.1.2 Categoria 2 - Meios utilizados por profissionais da saúde para aceitação da criança
diante dos procedimentos hospitalares
Os profissionais da saúde ao manipular as crianças com os procedimentos
hospitalares e para facilitar a aceitação da mesma, de forma a amenizar o sofrimento
25
hospitalar, alguns profissionais entrevistados citaram que os meios mais utilizados para
aceitação são:
Conversa, explica, tem que ter paciência, pois tem criança que é difícil quando você vai
puncionar uma veia; se você conversa, faz uma brincadeirinha, isso ajuda bastante durante
os procedimentos hospitalares, você mostra um desenho na parede para distrair [...]. (Tulipa
amarela).
[...] conversar calmamente com a criança explicando qual o procedimento que vai ser feito,
não mentir, principalmente no caso se puncionar uma veia, aplicar uma injeção, explicar
para ela que dói, mas que é para bem dela, que ela vai ficar boazinha, eu acho que tem que
explicar, tendo calma e paciência e conversar que no fim a criança aceita, e não se estressar
e em nenhum momento agir com grosseria. (Tritomo).
Geralmente eu falo que já está quase acabando o procedimento e que ele já vai embora,
geralmente eu falo isso. E quando vai ficar a noite inteira, eu falo que vai dormir no hospital,
porque eu vou ficar a noite inteira no hospital e que não é tão ruim assim [...]. (Malmequer).
Assim sendo, durante os procedimentos hospitalares a criança poderá obter
informações positivas ou negativas, dependerá dos profissionais que explorará o seu corpo e
as informações que envolvem os procedimentos a serem realizados enquanto estiver
hospitalizada. Afirmando Oliveira, Dantas e Fonseca (2004), os profissionais que estiverem
despreparados em relação à utilização dos procedimentos hospitalares na criança poderão
despertar na mesma o medo e fantasias, interferindo de forma negativa no seu estado clínico.
Além disso, a autora Alcantaral (2007) ressalta que a equipe de profissionais da área
da saúde deverá na chegada da criança ao ambiente hospitalar, tornar o menos angustiante
possível, ou seja, não separar imediatamente a criança da mãe ou responsável, permitindo que
todos os procedimentos a serem realizados na mesma sejam feitos em sua companhia, assim
como o primeiro exame médico. Exemplo esse observado no relato de Mimoso: O principal
meio é começar examinar a criança no colo da mãe, esse é um ponto chave, se a criança
colabora com a realização dos procedimentos, pode pedir para mãe por na maca, caso não
ocorra você tem que examinar no colo da mãe, pois escultar o pulmão e coração com a
criança chorando é inviável, depois, por exemplo, você pode examina a orofaringe com a
criança deitada independente dela esta chorando ou não, sempre no primeiro momento
examinar a criança no colo da mãe.
26
Ainda, Alcantaral (2007) destaca sobre a importância e a necessidade de informar à
criança que ela está ali no hospital porque está doente e precisa se tratar, não mentir ou
enganar. Para ela a criança tem condições de entender explicações, e poderá demonstrar
descrédito ou frustração se for enganada.
A afirmação da autora encontra-se com o relato de Margarida que atua há dez anos
no hospital, no qual ressalta: Explico para ela, que ela tem um problema; e que esse problema
tem que ser resolvido com medicação, dependendo da doença, como broncoespasmo, tem que
melhorar o cansaço, se fizer uma medicação endovenosa que tem o efeito mais rápido; ou se
estar vomitando não tem como dar medicação pela boca, porque vai vomitar, então, sou
obrigada fazer a medicação injetável [...] em geral à maioria entende e aceita, porque visto
que está realmente com problema, é pouco aquele que persiste em choro abusivo e rejeitando
a medicação. Portanto, é de suma importância que todos os envolvidos esclareçam as dúvidas
ou interesse que a criança tenha em relação à hospitalização infantil. (ALCANTARAL, 2007).
4.1.3 Categoria 3 - Reações da criança diante aos procedimentos hospitalares
Visto que, a criança no ambiente hospitalar tende apresentar mecanismo de defesa,
tais como, o medo em relação a algo que para criança seja desconhecido; aparecem imagens e
fantasiais, além do abandono, solidão e perda (PADILHA, 2004). Em relatos de alguns dos
entrevistados, por exemplo, Tulipa amarela, Tulipa vermelha e Tango, apontam as reações
mais freqüentes quando a criança está hospitalizada:
Na maioria das vezes elas choram, elas não querem, não aceitam os procedimentos a serem
realizadas, crianças que converse antes, que os pais expliquem que tenham uma abordagem
antes da realização dos procedimentos fica mais fácil, dependendo da conversa ou não com a
criança é bem mais fácil de lidar e fazer os procedimentos com elas, principalmente quando
os pais preparam antes, já explicam, fica mais fácil. (Tulipa amarela).
Choram, gritam é uma defesa deles. (Tulipa Vermelha).
Assustadora, assustadora, elas tem medo [...] as reações é o medo, até adulto tem medo de
nós. (Tango).
Muitas são as reações das crianças diante a hospitalização; e podem se instalar
fatores negativos, como citam Chiattone (2003 e Gonçalves 2001 apud Alcantaral 2007), a
27
questão intrínseca à própria criança em relação à idade, a sua personalidade, em casos de
experiências anteriores de adoecimento e vivência nas hospitalizações. Se confirmando em
relatos de Tritomo que cita que as crianças: Ficam assustadas [...] geralmente as crianças
que vem ao hospital já passaram outras vezes e daí elas já tem trauma [...] mesmo que não
façam aplicações de medicamentos, e por outras vezes terem vindo e tomado injeções
anteriormente, elas já estão com esse trauma que geralmente ninguém gosta e doe então elas
acham que já entrando no hospital já vão ter que tomar injeção, mas nem sempre é
necessário. É perceptível em relato de Tritomo que as crianças que tem experiências
hospitalares anteriores, tende aparecer mais frequentemente reações de sofrimento e medo
antes mesmo dos diagnósticos realizados pelos médicos.
Ainda, outras reações podem ser destacadas; a questão do afastamento do lar, a
capacidade de adaptação, a situação psicoafetiva no momento do aparecimento da doença e da
hospitalização, o relacionamento anterior com a mãe, se a criança é do tipo segura,
equilibrada ou não. Neste caso, Chiattone (2003 apud Alcantaral 2007) afirma que a maneira
como a criança reage à situação de doença e hospitalização, também é reflexo do equilíbrio e
da dinâmica familiar, se ocorrem na família apoio e compreensão entre seus membros, trocas
afetivas ou não.
Assim, observou-se em relatos de cinco entrevistados que ressaltaram que a família
contribui na hospitalização infantil no caso de Magnólia que afirma: As crianças já vêm
bastante assustadas, geralmente elas têm medo, os próprios pais são um pouco responsáveis
pelo medo das crianças, porque eles já vêm falando que elas vêm tomar injeção, em vez de
tentar acalmar, por exemplo, se a criança é mais hiperativa, eles falam: se ficar quieto não
vai precisar tomar remédio, os próprios pais são responsáveis pelo medo da criança, elas se
sentem acuadas mesmo, elas sentem muito medo.
Cita Margarida: Geralmente as crianças não ficam felizes de fazer algum
procedimento hospitalar [...] depende do perfil de cada família que levam informações para
criança a respeito de questões de medicação [...] questões hospitalares. Ainda, [...] para
mim o mais problemático não é a criança são os pais, de absorver o que estou falando sobre
a doença, e desvincularem das suas crendices ou do que foi passado para eles por parentes e
familiares, isso que é a parte mais chata [...].
Além disso, é perceptível em relato de Mimoso: [...] tem criança que já é
traumatizada em casa, aquela criança que não quer comer em casa, tipo: a mãe, a mãe é
28
difícil, mais principalmente o pai, os tios, os avôs, olha se você não quer comer você vão ao
hospital tomar injeção, ai eles já chegam chorando traumatizado com medo e achando que
irão tomar injeção. Outro, dizem: eu não tenho medo de tomar injeção e consulto
normalmente [...].
Na visão de Malmequer: a hospitalização, os procedimentos hospitalares, quem
atrapalha mais é a família, as crianças em modo geral elas choram, só reclamam é tranqüilo,
a família é mais ansiosa, a mãe é mais ansiosa, as crianças em geral aceitam bem. E para
finalizar Tango ressalta que o medo permeia no caso da criança hospitalizada afirmando:
[...] medo de nós enfermeiro e técnicos, os pais que colocam isso na cabeça das crianças [...].
Para Alcantaral (2007), a dinâmica familiar pode modificar-se em relação a essa
situação, ou seja, sendo responsável à doença e ao tratamento, numa relação interdependente.
Já que no adoecimento infantil, a família adoece também, se culpando, isso resulta na
desestruturação do grupo familiar.
4.1.4 Categoria 4 - Medidas de prevenção hospitalar e a faixa etária de compreensão da
criança diante à hospitalização
Segundo Chiattone (2003 apud Alcantaral 2007) cita que as medidas preventivas no
caso da hospitalização infantil deverão ser preparadas pelos pais, devendo ser realista,
respeitando a faixa etária e o nível de entendimento dos filhos, por exemplo, em caso de
questões e dúvidas em relação à hospitalização infantil, devem ser esclarecidas e repetidas
sempre quando for necessário, ressalta que poderá omitir, mas nunca mentir. Como exemplo
visto nos relatos de alguns profissionais como: Tango, Tritomo e Magnólia reforçam isso
dizendo: não utilizo nenhuma mentira, falo a verdade, digo o que vai acontecer, já trabalhei
muito tempo em hospital de criança e tem várias maneiras de como você atender uma criança
com problema sério ou criança que às vezes não tem nada [...] dizer a verdade é a melhor
forma. (Tango).
[...] conversar calmamente com a criança, explicar qual o procedimento que vai ser feito
nela, não mentir [...] acho que tem que explicar, tendo calma e paciência e conversar que no
fim a criança aceita [...]. (Tritomo).
29
Já para Magnólia: Conversa própria para idade, distração, brincadeiras, acho que isso é
válido e deixa mais tranqüila a criança”.
A partir das informações oferecidas às crianças é importante ressaltar os autores
Ferro e Amorim (2007) que afirmam que as reações da criança diante da hospitalização
dependem do nível do desenvolvimento psíquico na ocasião, da intensidade de apoio familiar,
o tipo da doença e das atitudes da equipe da saúde. Lembrando a respeito do que ocorre com a
criança em uma faixa etária quando está no ambiente hospitalizar, por exemplo, faixa etária
de 4 meses aos 2 anos, e associado o afastamento da mãe, passa a estimular na criança aflição
e desespero; dos 2 aos 5 anos a preocupação é maior acerca dessa separação, aumentando
mais o medo em relação ao dano corporal, neste caso ocorre uma sensibilidade maior em
relação à dor, feridas, sangue, aos procedimentos da equipe de saúde em geral; dos 5 aos 7
anos passa ser evidente na criança a preocupação em relação à morte, desaparecimento,
desenvolvendo uma atenção maior por seu destino, de seus entes queridos e até por outros
pacientes; dos 7 aos 9 anos tende a preocupar-se em ficar inválido por toda a vida, medo de
ser abandonado, pois se encontra longe de casa, amigos, escola, dentre outros. Dos 9 aos 11
anos passa a preocupar-se com própria idade escolar em relação a sua capacidade intelectual,
social e física; dos 11 aos 13 anos são apontados preocupações da pré-puberdade em relação a
funções corporais, dos orgânicos, da exposição do corpo diante a pessoas desconhecidas, tanto
pacientes quanto aos profissionais da área da saúde.
Compreendendo a visão de Ferro e Amorim (2007), e destacando o entrevistado que
atua no hospital há 19 anos, percebe-se que dependendo da pessoa que vai fazer procedimento
na criança deverá estar preparado para atende - la, ou seja: [...] o tato de quem atende essa
criança, desde a hora que ela chega, e colocam na balança, até chegar ao consultório,
precisa de uma Psicologia muito bem aplicada. (Mimoso).
4.1.5 Categoria 5 - Utilização do brinquedo terapêutico como estratégia de enfretamento
da hospitalização infantil e conhecimento dos profissionais a respeito do mesmo
Destacando o brinquedo terapêutico como estratégias utilizadas por profissionais da
área da saúde como forma de facilitar a aceitação da criança nos procedimentos hospitalares,
para que a mesma enfrente a hospitalização de forma mais positiva. Portanto, foi necessário
30
investigar o conhecimento dos profissionais da área da saúde a respeito do tema brinquedo
terapêutico, e tais informações foram colhidas:
Tulipa amarela: Já ouvir falar [...] um trabalho de duas meninas, e uma eu participei
bastante do TCC dela, que foi sobre a parte lúdica na internação da criança; todo o
procedimento que a gente fazia nas crianças, a gente levava uma boneca, um brinquedo, por
exemplo, se fosse puncionar a veia a gente levava a bonequinha, fazia na boneca o que iria
fazer na criança, se você fosse dar um banho na criança levava um bichinho para ela
brincar; é lógico que facilita bastante [...] já participei de outros trabalhos que envolvem a
relação do brinquedo durante a internação hospitalar.
Tulipa vermelha: Conheço, já vi pela televisão [...] as pedagogas brincando com as crianças
para ajudar na recuperação deles no ambiente hospitalar.
Magnólia: Não trabalho com; mas já vi algumas coisas, acho que é de suma importância
principalmente quando paciente que vai sofrer um procedimento mais agressivo, ou ficar
internado por mais tempo.
Mimoso: Acho que isso é uma maneira de amenizar o sofrimento da criança, sem dúvida
quanto mais você centralizar o drama, o sofrimento é menor, o brinquedo é uma boa arma na
destraumatização da criança, claro que vai depender de cada criança, em média o efeito vai
ser bom, satisfatório.
Malmequer: Eu já ouvi algo sobre sala de brinquedo em hospital, brinquedoteca em hospital,
mais a palavra brinquedo terapêutico não.
A partir destas informações podemos perceber que as experiências, crenças e
conceitos são encontrados a respeito do tema brinquedo terapêutico e em relatos de alguns
participantes percebeu-se que é importantes que a criança brinque no ambientes hospitalares.
Como afirma Wasjkop (2001 apud NONES, 2003), no momento em que a criança brinca
constrói a consciência da realidade, vivendo uma possibilidade de modificá-la, é o momento
em que experimenta, cria e domina algumas situações a respeito de sua realidade. Além de
lidar de forma criativa e prazerosa as experiências vividas. (WERNECK 1997 apud
ISAYAMA, 2005).
Visto que as intervenções dos profissionais da saúde necessitam ser adequadamente
adaptada e coerente com as necessidades da criança, contribuindo para o seu bem-estar geral,
no sentido de preservar o princípio básico de saúde integral. Portanto, o brincar no hospital
segundo Motta e Enumo (2002), altera o ambiente da criança, no qual se aproxima de sua
realidade, tornado um efeito terapêutico, pois auxilia na promoção do bem estar da mesma.
31
Ainda, Riberio, Sabates e Ribeiro (2001), o brinquedo terapêutico tem a finalidade de
descarregar tensão e promover o bem estar psicofisiológico da criança. Além de facilitar
respostas positivas na realização dos procedimentos hospitalares.
Em relatos os profissionais pesquisados acham importante à utilização do brinquedo
no processo de aceitação das crianças diante a hospitalização. Citando:
Eu acho ótimo, eu acho ótimo; eu percebo que a criança que fica internada, hospitalizada ela
está lá tristinha e se você coloca o brinquedinho na caminha dela ela já muda e fica
diferente, então, é super importante, quando a criança esta lá no hospital, ou quando a
agente está fazendo algum procedimento, é importante ter um brinquedinho por perto que
chame a atenção, eu acho muito importante, muito legal, acho que deveria ter mais
brinquedo, outras atividades quando a criança está hospitalizada, internada tem que ter a
parte de recreação com a criança, desta forma interagem mais com a equipe de enfermagem,
com a unidade, com outras crianças e quando acaba o brinquedo, a brincadeira, a criança
vai ao quarto do outro, já ficam amiguinho, já tem amizades com a gente e com as crianças.
E a aceitação é melhor quando se faz um procedimento na criança e se utilizar o brinquedo,
sem duvida nenhuma se você tem um brinquedinho um fantoche na hora que você for
puncionar uma veia é impressionante como eles aceitam, distrai eles, e é feito com bem mais
facilidade os procedimentos hospitalares. (Tulipa amarela).
Uma recreação ajudaria a criança no ambiente hospitalar. (Tulipa vermelha).
Magnólia reforça isso dizendo: Acho que é essencial e todo estabelecimento deveria ter, torna
tudo mais fácil, o tratamento, a aceitação, acho que tem que ter mesmo; mesmo os serviços
públicos deveriam disponibilizar isso ai para crianças.
Já para Mimoso [...] só tem fatores positivos, tem que ser bem aplicado usado com muita
delicadeza e saber que nem sempre vai funcionar, mas é um recurso que você pode usar a
mais no ambiente hospitalar, e provavelmente irá obter bom resultado com a criança
hospitalizada.
[...] as utilizações desse brinquedo terapêutico seriam muito produtivas, em relação até a
aceitação de alguns procedimentos que a gente vai fazer com a criança, porque toda a
criança gosta de brinquedo, então acho que isso seria muito importante. (Tritomo).
O brinquedo terapêutico segundo Martins (2001), proporciona na criança a
oportunidade de reorganizar os sentimentos vivenciados, passando a reconhecer e
compreender o que está passando no seu contexto hospitalar, como afirma Malmequer [...]
deve facilitar um pouco o atendimento da criança, no entendimento da criança diante aos
procedimentos realizados, na situação em se encontra; de repente mostra uma bonequinha
32
que está doente, que está tomando o remédio, está tomando injeção, e ter brinquedo que
torne o ambiente mais lúdico, é interessante.
Portanto, a proposta do trabalho é a utilização do brinquedo terapêutico por
profissionais da área da saúde, quando os mesmos tiverem que realizar procedimentos
hospitalares necessários para tratamento clínico da criança.
33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta do trabalho foi investigar como o brinquedo terapêutico poderá
contribuir com os profissionais da área da saúde na realização dos procedimentos hospitalares
infantil e como poderá intervir positivamente no enfrentamento da criança diante dos mesmos.
A pesquisa foi desenvolvida na emergência pediátrica localizada na região da grande
Florianópolis, com nove profissionais da área da saúde, entre homens e mulheres que atuam
na instituição no período de seis meses a dezenove anos de experiência profissional.
A partir dos dados coletados, verificou-se que algumas estratégias podem ser
utilizadas para minimizar os efeitos causados na criança diante dos procedimentos
hospitalares. Revelando-se a necessidade de humanizar o atendimento hospitalar, pois a
hospitalização segundo Chiattone (2003 apud Alcantaral 2007), é uma agressão, um ataque à
criança, que afeta a sua integridade, seu desenvolvimento emocional e mental, sendo que a
equipe de saúde deve ter por princípio minimizar o sofrimento da mesma.
A partir daí, identificou-se através das entrevistas as reações emocionais mais
freqüentes da criança no âmbito hospitalar diante dos procedimentos hospitalares, no qual
resultou em: choros, gritos, chegam assustadas, tem medo, sentem-se acuadas, chegam
traumatizadas por outras experiências anteriores da hospitalização, além de questionamentos
sobre os procedimentos a serem realizados.
Através das entrevistas percebeu-se que as reações emocionais das crianças não
impediam que os profissionais da área da saúde utilizassem os procedimentos hospitalares
necessário para diagnóstico e tratamento da criança. Em meio a isto, a investigação dos meios
utilizados por esses profissionais para realização dos procedimentos hospitalares, contribuiu
para identificar quais são as técnicas utilizadas para minimização desse sofrimento, tais como:
- Comunicação clara e coerente conforme a faixa etária;
- Brincadeiras e distração;
- Mantém sempre o responsável próximo da criança.
Como visto em seus relatos:
[...] conversar calmamente com a criança explicar qual o procedimento que vai ser feito, não
mentir [...] tem que explicar, tendo calma e paciência (Tritomo);
34
[...] conversando com a criança é a única maneira [...] conversar fazendo o procedimento
[...]. (Tulipa Vermelha);
Conversa, explica, [...] ter paciência; [...] se você conversa, faz uma brincadeirinha, [...]
mostra um desenho na parede para distrair [...] isso ajuda bastante durante os
procedimentos hospitalares [...]. (Tulipa amarela).
Conversa [...], distração, brincadeiras [...] isso é válido e deixa mais tranqüila a criança.
(Magnólia);
Explico para ela, que ela tem um problema; [...] tem que ser resolvido com medicação [...]
em geral a maioria entende e aceita [...]. (Margarida);
[...] não utilizo nenhuma mentira, falo a verdade. (Tango);
[...] sempre no primeiro momento examinar a criança no colo da mãe. (Mimoso).
Várias são as formas de atuação dos profissionais da saúde que podem ser adotadas
com o objetivo de diminuição do sofrimento inerente ao processo de hospitalização. Através
disso, foi identificado os possíveis benefícios da utilização do brinquedo terapêutico no
processo de hospitalização infantil, que segundo Martins (2001), é o uso do brinquedo por
profissionais da área da saúde como forma de simular os procedimentos hospitalares
realizados na criança, possibilitando que a mesma compreenda o que serão realizados.
Apontam Mitre e Gomes (2004), o brincar na perspectiva hospitalar passa a tornar um
espaço terapêutico, pois aparecem como uma possibilidade da criança expressar seus
sentimentos, seus receios e hábitos, além de servir como mediação entre as situações novas ou
ameaçadoras. Por fim, o brincar é importante instrumento para garantir a adesão ao
tratamento.
Entrevistando os noves (09) profissionais da área da saúde, sete (07) ressaltaram a
importância da utilização do brinquedo no momento da realização dos procedimentos
hospitalares. Exemplo observado no relato de Tulipa Amarela “[...] quando a gente está
fazendo algum procedimento, é importante ter um brinquedinho por perto que chame a
35
atenção, eu acho muito importante, muito legal, acho que deveria ter mais brinquedo, outras
atividades quando a criança está hospitalizada [...]. Ainda, [...] e a aceitação é melhor
quando se faz um procedimento na criança e que se utiliza o brinquedo [...]”.
Vale ressaltar a visão de Martins (2001) citando que os materiais hospitalares poderão
ser utilizados como forma de brincar, evitando brinquedos que foram manuseados por várias
crianças e/ou adultos, caso venha a ocorrer, os profissionais da saúde deverão fazer a
higienização (realizar assepsia), mantendo os brinquedos sempre limpos, desta forma
contribui com menor risco de contaminação em ambiente hospitalar, já que excesso de
brinquedos poderão ser mais um meio de transmissão de doenças. Como afirma uma
entrevistada: [...] acredito que o brinquedo sempre acaba contaminando passando de uma
criança para outra, pela transmissão [...] e a higienização não tem como ser feita pela
questão da estrutura mesmo. Ainda, [...] mesmo a gente tomando os cuidados de higiene,
lavando as mãos, mantendo os aparelhos higienizados, os cuidados que a gente tem nos
consultórios, a gente sabe que através de pesquisa cientificas que o índice de contaminação
em ambientes hospitalares é enorme, imagina um brinquedo que a criança vai “baba”, vai
botar na boca, uma criança que está em plena atividade da doença [...]. (Margarida).
Em meio a isto, Motta e Enumo (2002), sugere a utilização do brincar por
profissionais da saúde, nos quais os mesmos manipulam materiais que serão usados na criança
e depois descartados como: seringas, agulhas, medicamentos, matérias para curativos, punção
lombar, nebulizações, dentre outros. Portanto, quaisquer materiais utilizados uma única vez
no âmbito hospitalar que possibilitem o manuseio do mesmo. Ainda, poderão dramatizar os
procedimentos através de bonecos, desenhos, ensaios, leituras, visitas as pessoas envolvidas
nas práticas hospitalares ou crianças que já realizaram os procedimentos hospitalares. Visto
que, esses materiais a serem manuseados para ilustrar os procedimentos, serão descartados ou
armazenados para esterilização. Desta forma, preservando menor número de contaminações
e/ou infecções hospitalares.
Por fim, a pesquisadora pode concluir que o brinquedo terapêutico contribui no
processo da hospitalização infantil diante dos procedimentos hospitalares, pois através do
brincar a criança minimiza o sofrimento manifestado, como: medo, irritabilidade, desespero,
ansiedade, angústia, etc. Ainda, descobre, inventa, estimula sua habilidade, iniciativa,
confiança e experimenta em relação à hospitalização infantil. (PEDROSA et al 2007).
36
Além disso, identificou quais os meios e/ou materiais, os profissionais da área da
saúde poderão utilizar no enfrentamento da mesma, ainda, sugere que os profissionais da
saúde e principalmente aos Psicólogos que atuarem com brinquedo e/ou brincar no ambiente
hospitalar tenham o compromisso de:
- Atuar tentando aliviar o sofrimento da criança quando a mesma teme a doença e a
hospitalização, incentivando quando possível a atividades produtivas e expressivas;
- Levantar e orientar problemas apresentados pelas crianças, diminuindo o
sofrimento inerente à hospitalização e ao processo de doença;
- Melhorar a qualidade de vida da criança, fazer com que a mesma e a família
compreendam a situação da doença e a hospitalização;
- Evitar situações difíceis e traumáticas sempre que possível, fazer da criança e da
família elementos ativos no processo hospitalar, buscando conviver da melhor forma possível;
- Ajudar a criança conviver com a nova situação, conversar, dar espaço para que a
mesma expresse e elabore seus sentimentos. (CHIATTONE, 2003 apud ALCANTARAL,
2007).
Nessa perspectiva aponto algumas sugestões de intervenções para o próximo
trabalho que envolva a criança no ambiente hospitalar, tais como: Pesquisa em relação aos
índices de contaminação em ambiente hospitalar infantis, implantar a utilização do brinquedo
terapêutico nas unidades que trabalham com crianças hospitalizadas, apresentar através de
seminários ou palestras nas unidades hospitalares sobre a importância da utilização do
brinquedo terapêutico nas unidades hospitares infantis, publicar artigos a respeito do mesmo,
elaborar um folder informativo para os profissionais da área da saúde, contendo informações a
respeito da pesquisa realizada. Por fim, elaborar um boneco para que os profissionais da área
saúde o manipule como forma de ilustrar os procedimentos hospitalares a serem realizados na
criança hospitalizada.
37
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40
APÊNDICES
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
Nome:_______________________________________________________________
Data de nascimento:_____/____/______Sexo:_______________________________
Naturalidade:______________________
Telefone contato:____________________________________________________________
Profissão:_________________________
Identidade:________________________
Foi informado detalhadamente sobre a pesquisa intitulada:
BRINQUEDO TERAPÊUTICO: UMA ESTRATEGIA DE ENFRENTAMENTO DA
CRIANÇA HOSPITALIZADA.
O (A) senhor (a) foi plenamente esclarecido de que participará de uma pesquisa, a
cujo objetivo é compreender como o brinquedo terapêutico poderá influenciar no
enfrentamento da hospitalização infantil. Tal pesquisa consistirá em entrevista semi-
estruturada, com cada participante em individual, sendo utilizado um gravador em um
encontro a ser agendado com data, horário e local da entrevista. No entanto se o (a) senhor (a)
sentir qualquer tipo de insatisfação, antes ou depois da entrevista poderá desistir a qualquer
momento. Pelo fato desta pesquisa ter único e exclusivo interesse científico como pré-
requisito de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). A mesma foi aceita espontaneamente
pelo (a) senhor (a). Por ser voluntária e sem interesse financeiro, não haverá nenhuma
remuneração para ambos as partes. Os dados referentes ao (a) senhor (a) serão sigilosos e
privados e a divulgação do resultado visará mostrar os possíveis benefícios da utilização do
41
brinquedo terapêutico em um ambiente hospitalar e que estará disponível somente no trabalho
de conclusão de curso da acadêmica e poderá ser utilizados em pesquisas científicas futuras.
Sendo que o (a) senhor (a) poderá solicitar informações durante todas as fases do mesmo,
inclusive após a publicação.
Este documento deve ser lido e assinado pelos participantes que estiverem de acordo
com os termos acima declarados.
Biguaçu,____________de_____________________de 2009
_________________________________________________
Assinatura do participante
_________________________________________________
Flaviana Maria Muraro
(Acadêmica pesquisadora)
42
APÊNDICE B
Universidade do vale do Itajaí – Univali
Curso de psicologia – campus Biguaçu
A Comissão de Ética do Hospital Regional Dr Homero de Miranda Gomes –
São José/ SC.
Como graduada do curso de psicologia da Univali, estou desenvolvendo uma
pesquisa como requisito para TCC (Trabalho de Conclusão do Curso) e para sua
concretização, solicito autorização para desenvolvimento deste projeto no HRSJHMG de São
José/ SC, que acontecerá no setor da emergência pediátrica, através da realização de
entrevistas individuais no período de março de 2009.
Informo, conforme os preceitos éticos em pesquisa, que os dados coletados durante
o estudo serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa cientifica, sendo mantido sigilo
sobre a identidade dos profissionais participantes.
Comprometo-me também em fornecer a esta instituição uma cópia do relatório final
do estudo, afim de que possam ser divulgados seus resultados juntos aos profissionais
interessados.
Portanto, sua aprovação será de fundamental importância para este estudo.
Coordenador do Curso de Psicologia Coordenadora do TCC
_____________________________ _________________________
Almir Pedro Sais Maria Suzete Salib
Orientador da Pesquisa Pesquisadora
_____________________________ ___________________________
Mauro José da Rosa Flaviana Maria Muraro
Biguaçu,______/______/_______.
43
APÊNDICE C
ENTREVISTA
ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
Iniciais do Nome:
Qual sua profissão?
Qual o tempo de trabalho no setor?
1) Qual sua percepção em relação à Emergência Pediátrica no momento atual?
2) Qual a demanda de atendimentos diários do local?
3) Quais as doenças diagnosticadas mais freqüentes no atendimento hospitalar?
4) Quais são os procedimentos hospitalares mais utilizados no setor?
5) Quais as reações da criança diante aos procedimentos hospitalares?
6) Como é o seu relacionamento em relação ao vínculo com as crianças hospitalizadas?
7) Quais os meios utilizados pelo profissional da saúde para facilitar a aceitação da criança
diante aos procedimentos hospitalares?
8) Qual é seu conhecimento a respeito do brinquedo terapêutico?
9) Qual a sua visão em relação à utilização de brinquedo como estratégia de enfretamento da
hospitalização infantil?