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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE SEDIMENTOLOGIA
DEIVSON LUCAS DA SILVA SILVA
SEDIMENTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA DA SEQUÊNCIA “TAIPUS-MIRIM” NA PORÇÃO ONSHORE NA BACIA DE CAMAMU-BA.
Salvador 2010
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DEIVSON LUCAS DA SILVA SILVA
SEDIMENTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA DA SEQUÊNCIA “TAIPUS-MIRIM” NA PORÇÃO ONSHORE NA BACIA DE CAMAMU-BA.
Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Graduação em Geologia, instituto de Geociências Universidade Federal da Bahia, com requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia.
Orientador: Prof. Dr. Michael Holz
Salvador
2010
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TERMO DE APROVAÇÃO
DEIVSON LUCAS DA SILVA SILVA
(Bolsista PRH/ ANP/UFBA de Graduação em Geologia)
SEDIMENTOLOGIA E ESTRATIGRAFIA DA SEQUÊNCIA “TAIPUS-MIRIM” NA PORÇÃO ONSHORE NA BACIA DE CAMAMU-BA.
Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia, Universidade Federal da Bahia.
Comissão Examinadora:
____________________________________
Roberto Rosa da Silva (Petrobras e UFBA)
---------------------------------------------------------
João Maurício Figueiredo Ramos (Petrobras)
___________________________________
Michael Holz (Orientador/ UFBA) Salvador 2010
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"Para realizar grandes conquistas,
Devemos não apenas agir, mas também
Sonhar; não apenas planejar, mas
“Também acreditar.”
Anatole France
A Deus.
A Minha Família.
A Meus Amigos.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por iluminar os meus passos e me guiar pelos melhores caminhos. A
minha família que me deu apoio nessa jornada de lutar e dedicação, em especial aos meus pais
Sonia Maria e Valter Santos, que sempre mim deram força nos momentos difíceis e no final
vibrando com minhas vitórias. Ao meu irmão, Denis Matheus que esteve sempre do mau lado. Aos
professores pelos ensinamentos, docentes como Haroldo Sá, Ângela, Tânia, Gisele, Aroldo Misi
entre outros que contribuíram para minha formação acadêmica. Ao mestre Michael Holz, pela
dedicação e paciência e conhecimento passado durante esse período de orientação. Aos meus
amigos, Caio, Antonio Jorge, Karlos, Cleiton, Cleison, Mateus, Asafe, Danilo, Fabiane, Moises,
Adriano, Eldes, Michele, Pank, Verônica, Carlinha, Antonia, Michel e tantos outros. Ao professor
Sato que junto com Agência Nacional de Petróleo viabilizou o suporte financeiro, logístico
necessário para a execução do trabalho.
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RESUMO
A Bacia de Camamu faz parte das bacias marginais brasileiras, está situada na faixa costeira
do estado da Bahia, entre os paralelos 13° e 14° S, com uma área de 12.929 Km².
As lítologias presentes na área de estudo estão inseridas no Grupo Camamu, que é subdividida
nas formações Taipus-Mirim, que foi depositado durante o Aptiano e a formação Algodões que foi
depositado durante Albiano ao Cenoniano.
Segundo Caixeta (2007), a formação Taipus-Mirim, é constituída por evaporitos e clásticos
grossos (arenitos e conglomerados), e intercalações de folhelhos carbonáticos do Membro
Serinhaem e os calcários, folhelhos e halita do Membro Igrapiuna.
A Bacia de Camamu é dividida em trezes seqüências básicas (CAIXETA, 2007), tendo as
seqüências que correspondem a formação Taipus-Mirim, que foi detalhada nesse estudo, é limitada
na base pela discordância Pré-Alagoas e seu topo pela discordância correspondente a Formação
Algodões.
As Ilhas de Pedra Furada e Ilha Grande estão inseridas na formação Taipus-Mirim, e são
compostas por cinco fácies sedimentares:
– i) conglomerados matriz-suportado;
– ii) arenito bioclastico;
– iii) arenito com wavy;
– iv) arenito médio a fino;
– v) lamitos.
Todas as fácies são provenientes de canais fluvias e leques aluvias, que se depositaram durante a
fase de extensão da bacia (rifte), durante o cretáceo.
O presente trabalho tem por objetivo de apresentar os resultados da análise sedimentológica e
estratigráfica da formação Taipus-Mirim contribuindo assim para elaboração de modelo
deposicional.
Palavras-chaves: Sedimentologia, Estratigrafia de Seqüências, Discordâncias e Fácies.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------------------------13
1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ---------------------------------------------------------------14
1.2 JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO ---------------------------------------------------------------14
1.3 OBJETIVOS ---------------------------------------------------------------------------------------------15
1.3.1 OBJETIVO ESPECIFICOS -------------------------------------------------------------------15
1.4 LOCALIZAÇÕES E VIAS DE ACESSOS ---------------------------------------------------------16
2 METODOLOGIA ------------------------------------------------------------------------------------------17
2.1- ETAPA PRÉ – CAMPO ------------------------------------------------------------------------------17
2.1.1 Levantamento Bibliográfico -------------------------------------------------------------------17
2.1.1 Sensoriamento Remoto ------------------------------------------------------- -----------------17
2.1.3 Bases Cartográficas -----------------------------------------------------------------------------19
2.2 ETAPA DE CAMPO -----------------------------------------------------------------------------------18
2.2.1- Descrição e Classificação de Fácies --------------------------------------------------------19
2.2.2 – Construção de Foto-Mosaico e Perfis de Afloramento -------------------------------19
2.2.3 Analise Estrutural------------------------------------------------------------------------------20
2.3 ETAPA PÓS – CAMPO ------------------------------------------------------------------------------20
2.3.1 Integração dos Dados --------------------------------------------------------------------------20
3 GEOLOGIA REGIONAL --------------------------------------------------------------------------------21
3.1 FASE PRÉ-RIFTE -------------------------------------------------------------------------------------26
3.2 FASE RIFTE --------------------------------------------------------------------------------------------27
3.3 FASE PÓS-RIFTE -------------------------------------------------------------------------------------27
3.4 ARCABOUÇO ESTRUTURAL ---------------------------------------------------------------------28
3.5 COMPARTIMENTAÇÃO LITOESTRATIGRÁFICA ------------------------------------------29
3.5.1 Embasamento Cristalino ------------------------------------------------------------------------29
3.5.2 Formação Afligidos ------------------------------------------------------------------------------29
3.5.3 Grupo Brotas --------------------------------------------------------------------------------------31
3.5.3.1 Formação Aliança --------------------------------------------------------------------------------32
3.5.3.2 Formação Sergi -------------------------------------------------------------------------------32
3.5.3.3 Formação Itaípe -------------------------------------------------------------------------------32
3.5.4 Grupo Almada --------------------------------------------------------------------------------------33
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3.5.4.1 Formação Morro do Barro -------------------------------------------------------------------33
3.5.4.2 Formação Rio de Contas ---------------------------------------------------------------------34
3.5.5 Grupo Camamu ------------------------------------------------------------------------------------35
3.5.5.1 Formação Taipus-Mirim --------------------------------------------------------------------35
3.5.5.2 Formação Algodões -------------------------------------------------------------------------35
3.5.6 Grupo Espírito Santo- ---------------------------------------------------------------------------35
4 ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS ---------------------------------------------------------------37
4.1 INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------------37
4.2 FATORES CONTROLADORES ---------------------------------------------------------------------37
4.2.1 Variação Eustática do Nível do Mar------------------------------------------------------------38
4.2.2 Tectônica----------------------------------------------------------------------------------------------39
4.2.3 Aporte Sedimentar ---------------------------------------------------------------------------------39
4.2.4 Clima---------------------------------------------------------------------------------------------------40
4.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS ----------------40
4.3.1 Acomodação -----------------------------------------------------------------------------------------40
4.3.2 Nível de Base ----------------------------------------------------------------------------------------41
4.3.3 Variação Relativa do Nível do Mar ------------------------------------------------------------41
4.3.4 Trangressão-Regressão Normal-Regressão Forçada ---------------------------------------42
4.3.5 Padrão de Empilhamento Estratigráfico ------------------------------------------------------43
4.3.6 Superfície da Estratigrafia de seqüências -----------------------------------------------------43
4.3.7 Discordância Subaréa-DS ------------------------------------------------------------------------43
4.3.8 Superfície Basal da Regressão Forçada -------------------------------------------------------44
5 ESTRATIGRAFIA DE SEQÜÊNCIAS DA BACIA DE CAMAMU----------------------------45
5.1 Supersequências Paleozóicas---------------------------------------------------------------------------46
5.1.1 Seqüências Permianas------------------------------------------------------------------------------46
5.2 SUPERSEQUÊNCIAS PRÉ-RIFTE-------------------------------------------------------------------46
5.2.1 Seqüências A (J20-K05) --------------------------------------------------------------------------47
5.3 SUPERSEQUÊNCIAS RIFTE---------------------------------------------------------------------------47
5.3.1 Seqüências A (K10-K20)--------------------------------------------------------------------------48
5.3.2 Seqüências A1 (K30)-------------------------------------------------------------------------------49
5.3.3 Seqüências A2 ( K40)------------------------------------------------------------------------------50
9
5.4 SUPERSEQUÊNCIAS PÓS-RIFTE---------------------------------------------------------------------51
5.4.1 Seqüências B (K50) --------------------------------------------------------------------------------52
5.5 SUPERSEQUÊNCIAS DRIFTE-------------------------------------------------------------------------52
5.5.1 Seqüências C ( K60-K84)--------------------------------------------------------------------------52
5.5.2 Seqüências D (K86-K90) e D1 (K100-K130)--------------------------------------------------53
5.5.3 Seqüências E (E70-N10) e E1 (N20-N50)------------------------------------------------------54
5.5.4 Seqüências N60--------------------------------------------------------------------------------------54
6 ANALISE FACIOLÓGICA E PETROGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO-------------------55
6.1 AFLORAMENTOS DAS ILHAS DE PEDRA FURADA------------------------------------------55
6.2 AFLORAMENTOS DE ILHA GRANDE-------------------------------------------------------------61
7 MODELO DEPOSICIONAL-----------------------------------------------------------------------------69
8 CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------------------------------------72
9 REFERÊNCIAS---------------------------------------------------------------------------------------------73
ANEXOS
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LISTA DE FIGURAS
Figura1-Mapa de localização e vias de acesso da Ilha de Pedra Furada e Ilha Grande localizada a 8 km da sede municipal de Camamu-Ba.------.----------------------------------------------------------------16 Figura 2- Imagens de satélite relativa á carta SD-24-V-D-VI da região NE da bacia de Camamu-BA. Em destaque área de estudo. -----------------------------------------------------------------------------18 Figura 3 – Reconstrução tectônica das bacias sedimentares na configuração pré-deriva continental-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------22 Figura 4- Mapa esquemático apresentando a junção tríplice de Salvador, que gerou o sistema de bacias rifte de Camamu-Almada, Jacuípe, Recôncavo, Tucano, Jatobá, Sergipe-Alagoas e seus correlatos africanos.---------------------------------------------------------------------------------------------23 Figura 5- Modelo de evolução da margem brasileira com seus respectivos estágios, litológias e fatores principais.------------------------------------------------------------------------------------------------24 Figura 6- Coluna estratigráfica generalizada da Bacia de Camamu--------------------------------------25 Figura 7- Figura mostrando as seqüências deposicionais de 2ª ordem para as fases pré-rifte e pós-rifte, e seqüências de 3ª ordem para a fase rifte de Camamu-Almada-----------------------------------26 Figura 8- Mapa estrutural da região de Camamu-Ba, mostrando os seus principais domínios estrutural----------------------------------------------------------------------------------------------------------29 Figura 9- Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu-------------------------------------------------31 Figura 10- Fatores controladores das variações dos estratos e da distribuição de litofácies em bacias sedimentares: variação eustática, subsidência tectônica, volume de sedimentos-----------------------37
Figura 11 – Figura esquemática demonstrando a relação entre nível do mar, nível eustático e espaço disponível para acumulação de sedimentos-----------------------------------------------------------------41
Figura 12 - Esquema ilustrativo de transgressão e regressão marinha----------------------------------42
Figura 13- Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu – Parte I-------------------------------------45 Figura 14- Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu – Parte II -----------------------------------46 Figura 15: Sequências K40, mostrando o seu padrão de empilhamento---------------------------------50 Figura 16- Imagem de satélite CBERS-2b, mostrando os afloramento de Ilha Grande que ficam cerca de 9 km de distância da sede municipal de Camamu -----------------------------------------------64 Figura 17- Modelo deposicional da área de estudo---------------------------------------------------------70 Figura 18- Perfil de raio gama e resistividade mostrando as principais fácies do poço 1-BAS-3----71
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LISTA DE FOTOS
Foto 01-Fotomosaico dos afloramentos localizados na Ilha da Pedra Furada, mostrando as principais características da ilha que está cerca de 8 km da sede municipal de Camamu. Coordenadas 0500128/8463355-------------------------------------------------------------------------------57 Foto 02-Conglomerado matriz-suportado, com clastos angulosos e subangulosos, mal selecionados, localizados na Ilha de Pedra de Furada. Com coordenadas 0500129/8463362------------------------58 Foto 03 – Afloramento localizado na Ilha de Pedra Furada, mostrando os conglomerados matriz-suportados. Com coordenadas 0500128/8463355----------------------------------------------------------60
Foto 04- Conglomerado matriz-suportado, apresentando os seixos angulosos e subangulosos e mal selecionado. Coordenadas 0500127/8463555---------------------------------------------------------------60
Foto 05- Afloramento localizado na ilha de Pedra furada, apresentando uma coloração amarelada e com contatos curvos com as fácies sobrepostas. Encontra-se cerca de 8 km da sede municipal de Camamu.Coordenadas 0500129/8463362-------------------------------------------------------------------61 Foto 06 – Afloramento com baixa a média intensidade intempérica, composta por minerais de quartzo, fragmentos de rochas e alguns minerais pesados. Localizado na ilha de Pedra Furada com coordenadas 0500129/8463362-------------------------------------------------------------------------------62
Foto 07-Afloramento apresentando estruturas de deformação, onde se observa a formação de estruturas de pseudonódulos. Com Coordenadas 0500069/8463545. -----------------------------------63
Foto 8 - Arenitos finos, apresentando uma coloração amarelada a esverdeada, com baixa intensidade intemperica,composta por minerais de quartzo, mica branca, ilmenita. Com coordenadas 0500129/8463362.----------------------------------------------------------------------------------------------65
Foto 09 - Arenito fino mostrando estruturas do tipo de wavy, formada por fluxos de ondas. O afloramento encontra-se cerca de 1 km da ilha de Pedra Furada, com coordenadas 0500005/8463354.----------------------------------------------------------------------------------------------66 Foto 10- Arenito deformado, mostrando algumas fraturas e dobras, devido a sua capacidade rúptil-ductil.Coordenadas 0500090/8463362-----------------------------------------------------------------------67
Foto 11 - Arenito mostrando estrutura de carga, devido á deposição de uma camada mais densa sobre uma camada mais plástica.Coordenadas 0500140/8463391---------------------------------------67 Foto 12- Lamitos apresentando uma coloração esverdeada, com baixa intensidade intempérica, composta por minerais de quartzo, mica branca e muscovita. Coordenadas 0500069/8463555-----68
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LISTA DE FOTOMICROGRAFIAS
Fotomicrografia 01: Contato curvo e ondulado entre os grãos de quartzo, matriz fina. Ocular 10X, objetiva 2,5X, nicois cruzados---------------------------------------------------------------------------------59
Fotomicrografia 02: Lamina composta, matriz calcitica composta por quartzo, mica branca e calcita
.Ocular 10X, objetiva 2,5X, nicois cruzados----------------------------------------------------------------59
Fotomicrografia 03: Lamina composta, dolomita, e cimento esparito.Ocular 10X, objetiva 2,5X, nicois cruzados--------------------------------------------------------------------------------------------------63
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fácies identificadas durante os trabalhos de campo e sua interpretação. Seguindo a proposta de Miall (1996)-----------------------------------------------------------------------------------------55
Tabela 2: Modelo interpretativo de preenchimento da bacia------------------------------------------------69
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1 INTRODUÇÃO
Por muito tempo definiu-se a estratigrafia como apenas a ciência de estratos, entendendo-se
por estrato uma camada de rocha sedimentar. O seu desenvolvimento acentuou-se no início do
século passado, na década de 30, com o progresso da indústria do petróleo. Ao longo dos anos, vem
se tornando cada vez mais aperfeiçoada com a utilização de novas ferramentas que lhe permite uma
maior precisão nas informações obtidas.
No inicio dos anos 70, a sísmica ganhou um grande impulso com a indústria do petróleo,
nesse período se desenvolveram técnicas de sísmica digital, que passaram a ser uma ferramenta
indispensável para a prospecção e interpretação dos novos plays exploratórios. Segundo Della
Fávera (2001), a estratigrafia de sequências é o estudo de relações de rochas sedimentares dentro de
um arcabouço cronoestratigráfico de estratos relacionados geneticamente, o qual é limitado por
superficies de erosão ou não-deposição, ou por suas concordâncias relativas que derivam
basicamente da sismoestratigrafia.
Durante muitos anos, foi reconhecido que o registro estratigráfico tem como mecanismos
controladores a tectônica global e as mudanças do nível do mar. Um dos primeiros trabalhos
apresentados sobre a estratigrafia de sequências foi realizado em 1949 por Sloss, onde se fez um
estudo sobre a distribuição do espaço-temporal das rochas sedimentares sobre o cráton da América
do Norte. O conceito de Sloss de correlacionar e delimitar as seqüências e discordância ajudou a
revolucionar o estudo da geologia sedimentar. Depois de alguns anos, os geólogos da EXXON (Vail
et al., 1977), com base em seus estudos, estabeleceram seqüências básicas e modelos estratigráficos
que forneceram informações para a descrição das geometrias deposicionais e suas relações
cronoestratigráficas, ajudando assim a constituir a base da estratigrafia de sequências atual (Wilgus
et al ,1988).
Muito antes do conhecimento e do aperfeiçoamento da estratigrafia de sequências havia a
necessidade da descoberta de petróleo nas bacias marginais brasileiras, impulsionado pelas
necessidades dos derivaldos de petróleo após a revolução industrial. As atividades exploratórias na
bacia sedimentar de Camamu iniciou-se com a perfuração de quatro poços estratigráficos terrestres
rasos na Ilha de Itaparica e nos arredores da Baía de Camamu entre 1922 e 1943. A partir de 1970,
as atividades exploratórias foram direcionadas principalmente para a plataforma continental. As
descobertas da bacia em terra são: Morro do Barro (gás/óleo), Jiribatuba (óleo) e cinco acumulações
marítimas. Que são representadas pelos campos Manati (gás/óleo), Sardinha (gás/óleo) e Pinaúna.
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As pesquisas exploratórias que levaram a estas descobertas ampliaram o conhecimento da
evolução geológica desta bacia e das bacias marginais semelhantes. “A Bacia de Camamu contém
algumas acumulações de óleo e gás em terra e no mar, todas consideradas como originadas a partir
das rochas geradoras lacustres eocretáceas da Formação Morro do Barro” (Gonçalves, 2000).
Segundo Born (2009) a Bacia de Camamu é classificada com uma bacia geotectônica do tipo
rifte, sendo uma região que se têm ainda muitas informações do sistema petrolífero em aberto.
1.1 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Poucos trabalhos a respeito da estratigrafia de seqüências da Bacia de Camamu foram
realizados, necessitando de estudo mais apropriados a respeito dos principais sistemas
deposicionais, e uma melhor definição das suas sequências e hirarquias. Permitindo assim, entender
com uma maior definiçãos, os principais análogos de reservatórios e as suas unidades de fluxo.
A escassez dessas informações se da em função de poucos afloramentos expressivos na parte
onshore. Além disso, nessa bacia, se faz necessário de um estudo mais apropriado da estratigrafia
de seqüências, da sismoestratigrafia e da e análise de poço, que favorecem um estudo mais
especifico utilizando para isso ferramentas mais apropriadas.
1.2 JUSTIFICATIVAS DO TRABALHO
Este estudo visa definir e caracterizar a sedimentologia e a estratigrafia de seqüências da
região de Camamu-BA, e com isto, ampliar os conhecimento sobre as fácies e os processos
sedimentares, colaborando para uma melhor compreensão dos principais sistemas deposicionais.
Cada vez mais a indústria do petróleo busca informações e conhecimentos específicos que
contribuem no detalhamento litoestratigráficos das bacias sedimentares, favorecendo com maior
precisão as descobertas de novos campos petrolíferos.
Para isso, utilizam-se ferramentas como: estratigrafia de seqüências, sismoestratigrafia,
perfilagem geofísica, além da análise de afloramentos. Esta ultima pode auxiliar numa ligação entre
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as ferramentas de engenharia de reservatório e o conhecimento geológico, assim, permitindo o
planejamento e previsão do comportamento futuro de campos petrolíferos.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivos Específicos
Pretende-se com este trabalho:
• obter um maior detalhamento do conhecimento geológico e petrográfico acerca da
Formação Taipus Mirim;
• um maior detalhamento sobre as seqüências deposicionais, referente á Fm. Taipus-Mirim;
• uma caracterização dos principais sistemas deposicionais;
• elaboração de um modelo deposicional.
1.4 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E VIAS DE ACESSOS
O Município de Camamu localiza-se na Costa do Dendê, litoral Sul do estado da Bahia. A área
de estudo fica cerca de 8 km de distância da sede municipal de Camamu, em duas localidades
conhecida como Ilha da Pedra Furada e Ilha Grande.
A melhor maneira de acessar a área é partir de Salvador para a região de Camamu utilizando-se
a BR-324 (que liga Salvador a Feira de Santana), depois segue pela BR-101(que liga Conceição de
Jacuipe a Cruz das Almas) e a BR-420 (que liga Santo Antonio de Jesus a Camamu) chegando-se
assim na BA-001 que liga Salvador a mesma.
Outra opção de acesso é sair de Salvador utilizando o terminal de ferry-boat com destino para
Bom Despacho em seguida segue pela estrada que liga Bom Despacho – a cidade de Nazaré.
Chegando a Nazaré segue-se para sul pela BA-001 até chegar a Camamu. Depois que chegar em
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Camamu utiliza-se de transporte por barco que pode ser locado no terminal marítimo de Camamu
para que se possa chegar nas Ilhas denominadas de Pedra Furada e Ilha Grande (Figura 1).
Figura 1 -Mapa de localização e vias de acesso da Ilha de Pedra Furada e Ilha Grande localizada a 8 km da sede municipal de Camamu-Ba. Fonte: Base SEI 2008.
Camamu
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2 METODOLOGIA
A metodologia implementada foi divididas em três etapas:
2.1 ETAPA PRÉ-CAMPO
2.1.1 Levantamento Bibliográfico
Nesta fase foram realizados uma série de estudos bibliográficos sobre Bacia de Camamu,
assim como as demais bacias marginais brasileiras, revisando os trabalhos publicados através de
artigos, teses, projetos, livros e outros, além de uma maior revisão conceitual, referente à Formação
Taipus-Mirim que pertence ao intervalo da fase rifte da bacia.
2.1.2 Sensoriamento remoto
Para essa etapa foram utilizados diferentes tipos de imagens que foram obtidas por sensores
remotos, buscando maiores detalhes a respeito das características de relevos, vegetação, dados
estruturais, vias de acesos e outros, todas as imagens foram georreferenciadas e integradas em
ambiente SIG, no programa Spring 5.1.5, onde foi possível á elaboração de mapas temáticos. As
imagens utilizadas foram:
Imagens CBERS 2B
Estas imagens foram obtidas através do site da INPE (www.dgi.inpe.br/cdsr/), com uma câmera
de alta resolução CCD possuindo cinco faixas espectrais (5 bandas), com faixa de 113 Km de
largura, com uma resolução de 20m. Essas imagens foram descarregadas e tratadas gratuitamente
no programa Spring 5.1.1(32 Bits) onde passaram por tratamentos de imagens para que pudesse ter
uma melhor visibilidade, podendo assim extrair um maior numero de informações da mesma. Foi
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feitas composição coloridas RGB (Red-Green-Blue) com as bandas 2,3,4. Para que a partir daí
pudesse extrair dados a respeito da geomorfologia como: padrão de drenagem, relevo, vegetação,
localidades, tipos de contatos, delimitação do embasamento e outros (Figura 2).
Figura 2 - Imagens de satélite CBERS_2b relativa á carta SD-24-V-D-VI da região NE da bacia de Camamu-BA.Em destaque área de estudo. Fonte: INPE, 2010.
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2.1.3 – Bases Cartográficas.
As bases cartográficas utilizadas foram a SD-24-V-D na escala de 1:100.000, que corresponde
a carta topográfica de Ituberá e Velha Boipeba, que é obtida a partir do site do IBGE, onde foram
lançadas gratuitamente no programa Spring 5.1.5. Essas bases serviram para a obtenção dos mapas
temáticos de localização e vias de acessos.
2.2 - ETAPA DE CAMPO.
As etapas de mapeamento e a amostragem foram realizadas em missão de campo visando
checar as diferentes fácies, através das análises sedimentológicas e estratigráficas. Os melhores
afloramentos foram encontrados no litoral de Camamu, especificamente nas ilhas de Pedra Furada
e Ilha Grande, cujo acesso foi feito de lancha, nos períodos de maré baixa, quando os afloramentos
estão mais expostos podendo-se fazer uma melhor descrição macroscópica, além de boas coletas de
amostras que foram georeferenciadas.
2.2.1 – Descrição e Classificação de Fácies
A partir das características macroscópicas observadas em campo como: maturidade textural
(tamanho dos grãos, arredondamento e selecionamento), composição mineralógica, conteúdo
fossilífero, estruturas sedimentares, além das características estruturais presentes, foi possível a
diferenciação de algumas fácies sedimentares, o estudo dessas fácies levou a determinação dos
principais processos sedimentares que atuaram na origem dos depósitos estudados.
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2.2.2 – Construção de Foto-mosaico e Perfis de Afloramentos
A obtenção das fotos tirada em campo possibilitou a elaboração de um foto-mosaico, onde se
fez necessária da utilização de programas adequados para sua construção. Essas fotos foram tiradas
a uma distância considerável dos afloramentos, para que a escala permanecesse a mesma, enquanto
que o perfil vertical foi obtido a partir da anotação das descrições faciológicas em fichas de
afloramentos, onde se tem na parte horizontal os valores granulométricos e na parte vertical a
espessura de cada camada.
2.2.3 – Análise Estrutural
Nesta fase foram obtidas algumas características estruturais da área de estudo, utilizando para
isso a bússola. Onde se verificou o grau de basculamento das camadas, a presença de estruturas
rúpteis (falhas e fraturas), estruturas sin-deposicionais (pseudo-nodulos e dobras convolutas).
2.3 - ETAPA PÓS-CAMPO
2.3.1 – Integração dos dados
Essa etapa consiste na integração dos dados que foram obtidos durante as fases pré-campo,
campo e pós-campo com intuito de fornecer maiores descrições a respeito das características
observadas.
Na fase pós-campo foi feito as descrições das laminas petrográficas das amostras coletadas na
fase de campo, além da elaboração de modelo deposicional da área de estudo e a interpretação e
intergração de todos os dados obtidos durante as três fases.
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3 GEOLOGIA REGIONAL
A Bacia de Camamu faz parte das bacias marginais brasileiras, está situada na faixa costeira do
estado da Bahia, entre os paralelos 13° e 14°S, com uma área de 12.929 Km², se considerada sua
porção emersa e sua porção marinha até a cota batimétrica de 3.000 (CAIXETA et al., 2007). A
bacia pertence ao conjunto de bacias meso-cenozóicas da margem continental brasileira, o qual
apresenta história evolutiva e composição estratigráfica comum umas às outras (Figura 3). No
jurássico Superior desenvolveu-se na região nordeste do Brasil uma ampla bacia sedimentar,
alongada na direção N-S, conhecida como “Depressão Afro-brasileira” e está relacionada ao
processo de estiramento crustal que culminou com a ruptura do continente Gondwana e a formação
do Oceano Atlântico (GONÇALVES, 2001) A quebra do Gondwana deu-se a partir de grandes
lineamentos proterozóicos e paleozóicos os quais são reconhecidos atualmente em cinturões de
dobramentos, grandes províncias, crátons e bacias sedimentares continentais paleozóicas (CHANG
et al, 1991). A partir da separação continental entre América do Sul e África, foram formadas
inúmeras bacias sedimentares espalhadas ao longo da costa do Estado da Bahia. A Bacia de
Camamu apresenta uma orientação geral N0°-N10° e se estende desde a cidade de Itacaré até as
proximidades da cidade de Valença (CORRÊA-GOMES et al., 2005).
A Bacia de Camamu-Almada possui uma evolução geológica caracterizada por três fases
geotectônica distintas, divididas em fases pré-rifte, fase rifte e fase pós-rifte sendo a fase rifte
correlacionada ao longo, de praticamente, toda a margem brasileira e riftes interiores, utilizando os
andares Rio da Serra (145 - 135 Ma), Aratu (135 - 128Ma), Buracica (128 - 126Ma), Jiquiá (126 -
123Ma) e Alagoas (123 - 111Ma) como marcadores cronológicos da evolução do sistema de riftes
que geraram a abertura do Oceano Atlântico. A fase rifte foi constituída por um regime distensivo
e intenso, até a quebra do Gondwana (Neocomiano a Aptiano, ou Rio da Serra a Alagoas), a qual é
admitida como assimétrica da Bacia de Santos (MACEDO, 1991). A Bacia de Camamu-Almada
teve o seu preenchimento no Cretáceo na fase de extensão da bacia (fase rifte), e a partir do inicio
do Eocretáceo o seu preenchimento assumiu características de margem passiva (drift).
22
Figura 3 – Bacias sedimentares brasileiras. Fonte: Extraido de Souza-Lima, (2003).
A Bacia de Camamu-Almada apresenta um ponto de bifurcação da junção tríplice oriunda do
sistema de riftes que antecederam a abertura do oceano atlântico e separação da América do Sul e
da África. Esta junção tríplice teve um dos braços abortados, gerando o aulacógeno das bacias do
Recôncavo, Tucano e Jatobá, enquanto que nos braços onde a deformação concentrou-se, ocorreu a
quebra e formou-se o sistema de margem passiva atual (DIAS, 1991) (Figura 4).
23
Figura 4- Mapa esquemático apresentando a junção tríplice de Salvador, que gerou o sistema de bacias rifte de Camamu-Almada, Jacuípe, Recôncavo, Tucano, Jatobá, Sergipe-Alagoas e seus correlatos africanos. Fonte: Kuchle, 2004 apud DIAS, 1991.
A Bacia de Camamu-Almada possui uma evolução tectono-sedimentar. E essa evolução das
bacias do sistema de riftes do leste brasileiro segue um padrão sistemático geral. A evolução
tectono-sedimentar é formada na base pela fase pré-rifte, seguida de uma fase rifte, que
conseqüentemente passa por um período transicional onde comumente é evaporítica, evoluindo para
uma seqüência marinha (pós-rifte) que seria um período de calmaria na bacia (Figura 5). E a
seqüência marinha inicia com uma plataforma carbonática passando para uma seqüência marinha
transgressiva e culminando com uma seqüência regressiva (CHANG et al 1988; 1991).
24
Figura 5- Modelo de evolução da margem brasileira com seus respectivos estágios, litológias e fatores principais. Fonte: Extraído de Kuchle et al .,(2005) apud Chang et al. (1991)
Já segundo Gonçalves et al., (2000) a evolução tectono-sedimentar da Bacia de Camamu,
pode ser descrita como uma sucessão dos seguintes estágios: (1) pré-rifte, que agrupa os sedimentos
flúvio-lacustres, juro-eocretáceos das formações Aliança, Sergi e Itaípe; (2) rifte, representado pelas
depósitos lacustres eocretáceos das formações Morro do Barro e Rio de Contas; e (3) drift, que
compreende os sedimentos transicionais aptianos da Formação Taipus-Mirim e os estratos marinhos
cretáceos e terciários, das formações Algodões,Urucutuca, Rio Doce e Caravelas (Figura 6).
25
Figura 6- Coluna estratigráfica generalizada da Bacia de Camamu. Fonte: Extraído de Gonçalves et al. (2000).
Segundo Kuchle et al. (2005) a Bacia de Camamu-Almada apresenta três seqüências
deposicionais de segunda ordem, onde foram divididas em seqüência pré-rift (SEQ-A), seqüência
sin-rift (SEQ-B) que apresenta um estilo estrutural e deposicional característico de fase rift, onde
são observados falhamentos normais lístricos, falhas sin-sedimentares com crescimento de seção, e
altos estruturais internos á bacia, gerando sistemas de meio-graben e seqüência pós-rift associada a
plataformas carbonáticas (SEQ-C) e uma seqüência pós-rift associada a um sistema de margem
passiva (SEQ-D) (Figura 7).
26
Figura 7- Figura mostrando as seqüências deposicionais de 2ª ordem para as fases pré-rifte e pós-rifte, e seqüências de 3ª ordem para a fase rift de Camamu-Almada. Fonte: Extraído de Kuchle et al .(2005).
3.1 FASE PRÉ- RIFTE
Na fase inicial pré-rifte da Bacia de Camamu predomina um estilo de sinéclise intracontinental
no período NeoJurássico a Neocomiano Inferior, no Gondwana que ainda não se fragmentou,
agrupando os sedimentos flúvio-lacustres, juro-eocretáceos das formações Aliança, Sergi e Itaípe.
27
3.2 FASE RIFTE
Segundo Chang et al. (1991), o começo da fase principal do rifte no Cretáceo inferior, gerou
uma série de meio – grábens, rapidamente subsidentes, ao longo de toda margem leste. A fase rifte é
representada pelos depósitos lacustres eocretáceos das formações Morro do Barro e Rio das Contas.
O preenchimento sin-rifte é inicialmente caracterizado pela deposição de clásticos grosseiros,
conglomerados e arenitos associados a sistemas aluvionares/fluviais na porção norte do sistema de
bacias rifte preservado na margem brasileira, enquanto que na porção sul ocorre apenas rochas
vulcânicas com restritos e raros sistemas aluvionares (Chang et al., 1992).
Durante os Andares Rio da Serra e Aratu, ao norte, uma série de lagos profundo foram
formados e preenchidos por folhelhos escuros, ricos em matéria orgânica e turbiditos associados
com clásticos flúvio-deltáico (Chang et al ., 1991).
3.3 FASE PÓS-RIFTE
Por fim, um período pós-rifte, que compreende os sedimentos transicionais Aptianos que se
formou ao longo de toda a margem leste brasileira a partir do norte da Bacia de Pelotas e resultou
na deposição de uma completa suíte de evaporitos cuja espessura é estimada em torno de 2000m
(Chang et al ., 1988), conhecida na Bacia de Camamu como á Formação Taipus-Mirim. Durante o
Albiano, a abertura da estreita passagem marinha fez com que os evaporitos fossem sucedidos por
uma extensa plataforma carbonática de alta energia. No final do Albiano, a seqüência de carbonatos
de alta energia deu lugar a uma seqüência de baixa energia, com características transgressivas
(Chang et al ., 1991).
O pós-rifte inicia-se com carbonatos, de idade Albiana, que se depositaram em toda a margem
brasileira, com a ocorrência de sistemas clásticos deltáicos/aluvionares proximais. Os carbonatos
Albianos de pós-rifte atualmente são de pequena expressão, pois foram intensamente erodidos no
período Santoniano-Coniaciano, evento registrado como uma discordância correlacionável em
várias bacias. Acima da discordância é depositado no pacote pós-rifte marinho transgressivo,
denominado Megasseqüência Marinha Transgressiva por Chang et al.,(1992), que tem como
controle principal a variação do nível do mar. Por fim, ocorre um pacote marinho regressivo,
28
denominado por Chang et al.,(1992) como Megasseqüência Marinha Regressiva, controlado
principalmente pelo aporte sedimentar.
3.4 ARCABOUÇOS ESTRUTURAL
A Bacia de Camamu-Almada é limitada ao norte, com a bacia do Recôncavo e Jacúipe,
através da Falha da Barra, que é uma importante feição regional que corta a bacia na direção leste-
oeste. Enquanto que ao sul, o limite é apenas geográfico com a Bacia de Almada, observando-se
uma continuidade tanto estrutural quanto estratigráfica entre ambas as bacias (CAIXETA, 2007).
Na porção oeste da Bacia de Camamu o sistema de falhas de Maragogipe, é formada por uma
série de falhas menores que se conectam, controla um longo sistema de grábens interconectados
denominado Gráben de Maragogipe (Born,2009)
A Bacia de Camamu pode ser estruturalmente dividida em três compartimentos de orientação
geral NNE- SSW, sendo chamado de Plataforma do Jequiriçá, o Patamar de Boipeba e o Baixo da
Costa (Netto et al 1990).
Segundo Destro et al., 1994 as falhas de transferência na porção terrestre da Bacia de
Camamu são responsáveis pelo deslocamento que a borda da bacia sofre em direção ao mar, ao sul
da cidade de Camamu.
Cuiñas Filho (2004) sugere que a Falha de Maragogipe pode ser reflexo do primeiro pulso de
abertura do Atlântico sul, tendo a linha de charneira posteriormente migrada para leste á procura de
zona de fraquezas (figura 8).
29
Figura 8- Mapa estrutural da região de Camamu-Ba, mostrando os seus principais domínios estrutural. Fonte: Extraido de Souza-Lima, 2003.
3.5 COMPARTIMENTAÇÃO LITOESTRATIGRÁFICA
Neste presente trabalho será apresentado o arcabouço litoestratigráfico definido por Caixeta et
al.,(2007), da formação mais antiga para a mais nova (Figura 9).
Área de Estudo
30
3.5.1 Embasamento Cristalino
Segundo Alkimim. (2004), embasamento cristalino da Bacia de Camamu, e caracterizado por
rochas gnassicas pertencentes ao Cinturão Proterozóico do leste da Bahia, constituinte do Cráton do
São Francisco, cujos terrenos foram estabilizados a mais de 1.8 Ga.
3.5.2 Formação Afligidos
Está formação possui idade Permiana Kunguriano, com base em palinomorfos (CAIXETA et al., 2007).
Segundo Aguiar et al, 1990 a Fm. Afligidos é subdivididas nos membros Pedrão que é
constituído por intercalações de arenito de depósito de maré com finas camadas de lamitos, pelitos e
evaporitos e o membro Cazumba que é composto por folhelho vermelho de ambiente lacustre com
intercalação de siltito. A Fm. Afligidos representa uma sedimentação marinha rasa a supramaré em
clima árido, gradando para uma sedimentação lacustre no topo (CAIXETA et al., 2007).
31
Figura 9 - Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu. Fonte: Caixeta et al.,(2007).
3.5.3 Grupo Brotas
O Gr. Brotas foi originalmente definido por Viana et al.,(1971), agrupando as formações
Afligidos, Aliança e Sergi. O Grupo Brotas ocorre nas bacias Recôncavo, Tucano e Jatoba, e é
32
correlacionavel com as Formações Bananeira da Bacia de Sergipe-Alagoas e com o Grupo Mearim
da Bacia do Parnaiba (Caixeta et al ., 2007).
3.5.3.1 Formação Aliança
Abrangem os arcósios finos a médios com estratificação cruzada do Membro Boipeba que é
interpretado como resultante da deposição por sistemas fluviais meandrantes e os folhelhos
vermelho tijolo do Membro Capianga de ambiente flúvio lacustre em clima árido de idade Dom
João (Neojurássico). Esta formação assenta-se em discordância erosiva regional sobre a Fm.
Afligidos (Netto et al, 1996).
3.5.3.2 Formação Sergi
É composta por arenitos finos a conglomeráticos com estratificação cruzada acanalada de
ambiente fluvial entrelaçado com retrabalhamento eólico com intercalações de folhelhos vermelhos
e cinza esverdeados (VIANA et al., 1971).
Segundo Bruhn et al ., (1987), a Fm. Sergi foi definida na Bacia do Recôncavo e consiste de
arenitos finos conglomeraticos, sub-maturo, depositados durante o Jurássico Superior por sistemas
fluviais, eólicos e lacustre em clima semi-árido a árido.
Na Bacia de Camamu, a Fm. Sergi ocorre de forma similar ao Recôncavo, e segundo a Scherer
et al. (2007) apresentam uma análise estratigráfica detalhada da Fm. Sergi na Bacia do Recôncavo
na qual identificaram três seqüências deposicionais( pré-rifte, rifte, pós-rifte).
3.5.3.3 Formação Itaipe
Segundo Netto et al. (1994), a Fm. Itaípe são formada pelos depósitos clásticos finos sobreposto
aos arenitos da Fm. Sergi e sotoposto aos clásticos finos e grossos da Fm. Morro do Barro. Está
unidade compreende um pacote de folhelho cinzento, podendo apresentar camadas de arenitos
médios na sua porção intermediária.
33
As datações de ostracodes indicam uma idade Rio da Serra inicial (NRT 002) – Neocomiano
(Caixeta et al., 2007). A Fm. Itaípe representa a transição da fase pré-rifte para a fase sin-rifte a
partir de uma sedimentação flúvio-lacustre (Netto et al., 1994).
A Fm. Itaípe está restrita á Bacia de Almada, onde não se reconhece a mesma estratigrafia do
Recôncavo (Caixeta et al.,2007).
3.5.4 Grupo Almada
O Grupo Almada compreende a sedimentação Neocomiana inferior (Barriasiana) ao EoAptiano
(Jiquiá), compartimentado em formação Morro do Barro e Formação Rio de Contas (Netto et al.,
1994). As unidades deste grupo refletem a sedimentação em lagos de origem tectônica, controlados
por grábens e meio-grábens durante a Megassequência Rifte.
3.5.4.1 Formação Morro do Barro
Essa unidade é composta por arenitos granulosos, com seixos equigranular, pelíticos do
Membro Tinharé, e de folhelhos cinza esverdeados a castanho escuro calcífero, carbonosos, com
intercalações de arenitos granulosos ricos em fragmentos de rochas carbonáticas do Membro
Jeribatuba, e que alcançam uma espessura total de 1.451m. Define-se para esta unidade deposição
em ambiente subaquoso, dominado por fluxo gravitacional em lago tectônico (Barroso 1994). E as
rochas geradoras dessa unidade são os folhelhos negros lacustres de água doce á salobra da Fm.
Morro do Barro (Mb. Jiribatuba), depositados durante a fase rifte no Neocomiano inferior
(Gonçalves et al., 1997).
Netto et al. (1994) definem a Formação Morro do Barro para abrigar os sedimentos
clásticos grossos (membro Tinharé) e os finos (Membro Jiribatuba) que ocorrem em Camamu-
Almada.
A reconstituição paleolimnológica indica que a Formação Morro do Barro foi formada em
condições de lago profundo, com águas doces a salobras, uma termoclina estável favorecendo a
preservação da matéria orgânica e o desenvolvimento de rochas geradoras com altos índices de
hidrogênio (Araujo, 2007).
Estudos feitos por Gonçalves et al.,1997 das características geoquímicas, moleculares e
isotópicas para as formações Morro do Barro, concluiu-se que a matéria orgânica nestas unidades é
basicamente de origem fitoplanctônica e/ou bacteriana, com as variações nos índices de hidrogênio
e oxigênio.
34
A Fm. Morro do Barro é correlata com parte da Fm. Candeias da Bacia do Recôncavo e
Tucano, e com parte das Formações Penedo e Barra de Itiúba, da Bacia de Sergipe-Alagoas
(NETTO et al., 1994). Está unidade é de idade Rio da Serra, devido à identificação de ostracodes
não-marinhos.
3.5.4.2 Formação Rio de Contas
Esta unidade é constituída por arenitos finos a grossos, margas, biocalcarenitos e dolomitos
do Membro Mutá de ambiente lacustre, de leques deltaicos, e por folhelhos vermelhos a cinza
esverdeados intercalados a arenitos muito finos do Membro Ilhéus. Na Formação Rio de Contas há
um intervalo com cerca de 90m de espessura (aproximadamente entre 1.070 e 1.160m de
profundidade) onde predominam calcilutitos e margas de coloração creme e cinza-claro. A
Formação Rio de Contas apresenta uma seqüência de fácies, da área proximal para a distal, que
indica uma sucessão de ambientes de leques deltaicos, plataformais e talude (Netto et al., 1994).
Segundo Gonçalves et al.,1997 as rochas geradoras da Formação Rio de Contas depositaram-
se num lago mais raso e amplo, de águas variando de salobras a doces, e clima progressivamente
mais úmido. Com a maior área superficial e o conseqüente aumento do fetch, a termoclina do lago
tornou-se mais profunda, favorecendo a reciclagem dos nutrientes e proporcionando uma melhor
oxigenação da massa d’água. A Fm. Rio de Contas é correlata com a Fm. Coqueiro Seco e parte da
Fm. Penedo, da Bacia de Sergipe-Alagoas, e com parte da Fm. Cricaré, da Bacia do Espirito Santo
(Netto et al., 1994).
3.5.5 Grupo Camamu
O grupo é composto pelas Fm. Taipus-Mirim e Algodões. Segundo Caixeta et al .(2007), a
porção inferior do Grupo Camamu, foi depositada durante o Aptiano e encerra os últimos
sedimentos da fase rifte.
35
3.5.5.1 Formação Taipus- Mirim
Essa unidade é constituída por evaporitos e clásticos, e intercalações de arenitos e folhelho
carbonosos do Membro Serinhaém; e dos calcários, folhelhos e halitas do Membro Igrapiúna. A
Fm. Taipus-Mirim pode ser correlacionada com a Fm. Mariricu da Bacia do Espírito Santos até a
Bacia do Jequitinhonha, com a Fm. Marizal, do Recôncavo e Tucano, com a Fm. Muribeca da
Bacia de Sergipe, e com todas as demais unidades evaporiticas de idade Alagoas da margem
brasileira (Caixeta et al., 2007).
As datações disponíveis a partir de palinomorfos permitem caracterizá-las como idade Neo-
Alagoas. Essa seria a idade estimada para o surgimento de crosta oceânica nas partes mais distais da
Bacia de Camamu (NETTO et al., 1994).
3.5.5.2 Formação Algodões
Está seqüência é constituída pelos calcarenitos e calcirruditos ooliticos/oncoliticos do Membro
Germânia e pelos calcilutitos com foraminíferos plantônicos do Membro Quiepe, ambos de
ambiente de plataforma carbonática nerítica. Esta unidade apresenta-se sotoposta á Formação
Urutuca e sobreposta á Formação Taipús Mirim. A espessura da Fm. Algodão não ultrapassa os 500
metros, e seu topo encontra-se intensamente erodido pela discordância regional Santoniana-
Coniaciana, que limita a Fm. Algodões e a Fm. Urucutuca.
A Fm. Algodões é correlata com a Fm. Macaé da Bacia de Campos, com a Fm. Regências das
Bacias de Espírito Santo e Cunuruxatiba, com a Fm. Riachuelo da Bacia de Sergipe e com as
demais unidades Albo-Turonianas carbonáticas da margem brasileira (Netto et al., 1994).
3.5.6 Grupo Espírito Santo
O Grupo Espírito Santo comporta as rochas sedimentares mais novas desta bacia, e são
constituída pelos arenitos da Fm. Rio Doce, pelos carbonatos da Formação Caravelas e folhelhos da
Formação Urucutuca. A deposição deste grupo se distribui até no Holoceno, formando um sistema
36
transgressivo e posteriormente regressivo, onde se reconhece os ambientes neríticos, batial e abissal
como ambiente de deposição predominante.
A Fm. Caravelas é composta por calcarenitos e calcilutitos de idade Oligocena ao recente,
depositada em uma plataforma marinha carbonática.
A Fm. Rio Doce é composta por arenitos finos a médio intercalados com pelitos cinzas ou
esverdeados, interpretados como sistemas deltaicos marinho, seu contato com as Formações
Urucutuca e Caravelas é gradacional, enquanto que seu contato com a Formação Barreiras e com
sedimentos Holocênicos é marcado por uma discordância.
A Fm. Barreiras, composta por conglomerados, diamictitos, arenitos, folhelho e crosta de
limonita. Esta formação possui idade pliocena a Pleistocena e é interpretada como registro de
sistemas aluvionares e parálicos (Netto et al., 1994).
37
4 ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS
4.1 INTRODUÇÃO
A Estratigrafia de Seqüência estuda as mudanças nas tendências deposicionais em resposta à
interação entre espaço de acomodação e taxas de aporte sedimentar, a partir da escala individual de
cada um dos sistemas deposicionais em bacias sedimentares (Catuneanu, 2006). A unidade
fundamental é a Seqüência, que é uma sucessão relativamente concordante de estratos
geneticamente relacionados e limitados, no topo e na base por discordâncias e suas conformidades
correlativas (Vail, 1987).
4.2 FATORES CONTROLADORES
Existem quatro fatores principais que controlam as variações dos padrões de empilhamento dos
estratos e a distribuição de litofácies nas bacias sedimentares: 1) variação eustática do nível do mar;
2) subsidência tectônica; 3) volume de sedimentos; 4) clima (figura 10).
Figura 10- Fatores controladores das variações dos estratos e da distribuição de litofácies em bacias sedimentares: variação eustática, subsidência tectônica, volume de sedimentos e clima. Fonte: Extraido de Catuneanu, 2006 apud Vail, (1987). Segundo Bosence (1998) os principais fatores controladores da estratigrafia de seqüências em
bacias do tipo rifte são a tectônica, o clima e o magmatismo, e estes fatores controlam direta, ou
indiretamente as taxas de criação e destruição de espaço de acomodação e as taxas de aporte
sedimentar.
38
O controle tectônico é representado por variações na posição do substrato da bacia por efeito
de movimentos da crosta terrestre, ocorre em diferentes escalas, desde variações no volume das
cadeias meso-oceânicas, acarretando um efeito global, até pequenas variações nas taxas de
subsidência, de efeito local.
A subsidência e o soerguimento do embasamento são os principais efeitos tectônicos que
modulam o preenchimento das bacias. O fator clima é representado por variações atmosféricas,
globais ou locais, relacionadas à temperatura, umidade, pluviosidade, regimes de correntes
oceânicas, etc. O clima controla, juntamente com a tectônica, o aporte de sedimentos para a bacia,
enquanto que o volume de sedimentos transportados e produzidos na bacia são fatores que controla
a geometria de seu preenchimento.
4.2.1 Variação Eustática do nível do Mar
É a variação, em escala global na elevação do nível mar em relação a um datum estacionário
como o centro da terra, essa função de variações provoca uma variação no volume da bacia e no
volume de água dos oceanos. De acordo com a Escola da EXXON, durante a história dos oceanos
houve uma contínua variação eustática, que se manifestou em várias ordens de grandezas. E as
causas dessas variações eustáticas podem ser divididas em duas fases que são chamadas de tectono-
eustasia e a glacio-eustasia:
Tectono-Eustasia:
Refere-se a variações do volume das bacias por efeito de movimentação das placas
litosféricas, como o surgimento e desaparecimento de cadeias mesoceânicas ou variações nas taxas
de espalhamento do fundo oceânico. Este fenômeno provoca uma diminuição do volume dos
oceanos.
39
Glacio-Eustasia:
Refere-se a variações no volume de água dos oceanos por efeito climático, como glaciações e
deglaciações, responsáveis por variações no volume de gelo existente no planeta, onde relacionam-
se á formação de calotas glaciais em área continentais da terra em época determinadas.
4.2.2 Tectônica
Variação na posição do substrato da bacia ocorre por efeitos de movimentos da crosta
terrestre, ocorrem em diferentes escalas que variam em volumes das cadeias meso-oceânicas (efeito
global) até pequenas variações nas taxas de subsidências (efeito local).
A subsidência e o soerguimento são os principais efeitos tectônicos que modulam o
preenchimento das bacias, tendo uma bacia do tipo rifte praticamente quase todo espaço de
acomodação gerado ou destruído pelas atividades das falhas.
Dolson et al. (1996), foram os primeiros a sugerir que, em bacias rifte, a subsidência e o
soerguimento podem ocorrer simultaneamente em pontos distintos da bacia.
4.2.3 Aporte Sedimentar
È o volume de sedimentos transportados para a bacia (material siliciclástico) ou produzido
dentro dá próprio bacia (Carbonatos). O aporte sedimentar é uma função, principalmente, da
fisiografia da bacia, além disso, controla a geometria e o preenchimento da bacia através dos
processos progradacional, agradacional e retrogradacional.
A taxa e a natureza do suprimento sedimentar influenciam no tipo e na distribuição das fácies
na bacia, tendo uma bacia rifte, o aporte sedimentar controlado pela tectônica, pelo clima da área
fonte e pela natureza da área fonte. O arcabouço estrutural controla fortemente o desenvolvimento
das redes de drenagem, gerando caminhos preferenciais ou barreiras para que fluxo da água consiga
chegar ao depocêntro da bacia.
40
4.2.4 Clima
Segundo Prosser (1993), as variações climáticas influenciariam apenas nos ciclos de 5 º ordem
e seriam importantes na etapa em que a atividade das falhas cessa e a subsidência predominante
passa a ser termal.
O clima controla o tamanho e o potencial de transporte de rede de drenagens, ou seja, quanto
maior for á freqüência de chuvas, maior será a quantidade de rios perenes, também será maior a
taxa de interperismo, disponibilizando mais material detrítico para o transporte.
4.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS
4.3.1. Acomodação
A acomodação é o espaço disponível para potencial de acumulação de sedimentos, é medido
pela distância entre o nível de base e a superfície deposicional, e variação na acomodação equivale
à variação relativa do nível do mar (JERVEY, 1988).
Segundo Posamentier. (1988), em ambiente marinho, pode ser medida como a distância entre o
nível do mar e o fundo do mar onde o espaço de acomodação disponível em um dado momento
depende do balanço entre o espaço que é criado ou destruído por variações relativas do nível do mar
(Figura 11).
41
Figura 11 – Figura esquemática demonstrando a relação entre nível do mar, nível eustático e espaço disponível para acumulação de sedimentos. Fonte: Extarido de Posamentier et al, (1988).
4.3.2 Nível de Base
O nível de base é toda superfície de equilíbrio imaginária que define o limite entre deposição e
erosão. Em ambiente marinho, o nível de base é a própria superfície dos oceanos, considerado como
nível de base global (Catuneanu, 2006).
Os sistemas fluviais têm como nível de base o perfil de equilíbrio fluvial, que depende de fatores
como tectonismo, clima e variações do nível do mar. Em um contexto de soerguimento tectônico, o
perfil de equilíbrio fluvial fará com que os rios entalhem ao máximo seus talvegues, devido à energia
de fluxo buscando atingir o seu perfil de equilíbrio (Catuneanu, 2006).
4.3.3. Variação Relativa do Nível do Mar
É o resultado final da variação do nível de base devido à interação entre variações eustáticas e
tectonismo. Mais modernamente, Posamentier et al. (1988) introduzem a chamada taxa de variação
relativa do nível do mar, que combina a taxa da variação eustática e a taxa de subsidência .
42
Em contextos marinhos, a variação relativa do nível do mar controla o espaço para potencial
acumulação de sedimentos (acomodação). A batimetria é resultado da interação entre eustasia,
subsidência e aporte sedimentar, sendo medida entre a superfície do mar e o topo da capa de
sedimentos acumulados. A batimetria equivale à variação relativa do nível do mar subtraída da
espessura de sedimentos depositados.
4.3.4. Transgressão – Regressão Normal – Regressão Forçada
A transgressão e a regressão correspondem variações da posição da linha de costa provocadas
pela relação entre variações do nível de base e da sedimentação. A linha de costa representa o limite
entre os ambientes páralico e marinho. A regressão marinha representa a migração da linha de costa no
sentido do continente. Na regressão marinha a linha de costa migra no sentido do mar (Figura 12).
Figura 12 - Esquema ilustrativo de transgressão e regressão marinha. Note a migração da linha de costa. Fonte: Extraído de Ribeiro, (2001).
43
Existem dois tipos de regressão marinha, denominadas regressão normal e regressão forçada e a
regressão normal, que ocorre quando o suprimento sedimentar excede a taxa de criação de espaço
deposicional (acomodação). A regressão forçada independe do aporte sedimentar, ocorre quando há
redução do espaço de acomodação causado por queda relativa do nível do mar. Neste caso a linha de
costa é forçada a regredir por rebaixamento do nível de base, provocando o deslocamento de onlap
costeiro em direção à bacia.
4.3.5. Padrões de Empilhamento Estratigráfico
Os padrões de empilhamento são fundamentais para a construção de modelos estratigráficos. Os
padrões de empilhamento estratigráfico subdividem-se em progradacional, retrogradacional e
agradacional, a depender da relação entre as taxas de sedimentação e de variação do espaço de
acomodação.
A progradação ocorre quando a taxa de aporte sedimentar excede a taxa de criação de espaço de
acomodação. Fácies continentais sobrepõem-se sobre a fácies marinha, gerando tendências
granocrescentes ascendentes.
A retrogradação ocorre quando a taxa de aporte sedimentar for excedida pela de criação de espaço.
Fácies marinhas sobrepõem-se a fácies continentais resultando em tendências granodecrescentes
ascendentes.
A agradação ocorre quando as taxas de aporte sedimentar e de criação de espaço de acomodação se
equivalem.
4.3.6 Superfícies da Estratigrafia de Seqüências
Em análises estratigráficas nas escalas de perfis de poços e de afloramentos, a maneira mais
prática de se refinar a estratigrafia é através do reconhecimento e da hierarquização de superfícies
chave, que representam quebras ou variações nos padrões de sedimentação (Savini & Raja Gabaglia,
1997).
44
Superfícies estratigráficas é a chave da Estratigrafia de Seqüências, pois limitam internamente os
diferentes tratos de sistema (Catuneanu, 2006). Superfícies estratigráficas são formadas seja durante a
subida, seja durante a queda do nível de base. Durante a queda do nível de base, são formadas a
Superfície Basal da Regressão Forçada, a Superfície Regressiva de Erosão Marinha, a Discordância
Subaérea, e a Conformidade Correlativa. Durante a subida do nível de base são geradas a Superfície
Regressiva Máxima, a Superfície de Ravinamento Transgressivo, e a Superfície de Inundação
Máxima.
4.3.7 Discordância Subaérea-DS
A Discordância Subaérea é uma superfície de erosão ou não deposição formada durante a queda
do nível de base (Catuneanu, 2006). A incisão fluvial, degradação por ventos, pedogênese e
carstificação são os principais processos geradores dessa superfície. A DS estende-se gradualmente
em direção à bacia durante a regressão forçada e alcança sua extensão máxima ao final desta. Essa
superfície corresponde ao maior hiato estratigráfico no registro sedimentar e separa estratos que não
são geneticamente relacionados e que pertencem a diferentes ciclos de variação de nível de base,
marcando uma abrupta mudança de fácies em direção à bacia. A DS pode estar presente no topo de
qualquer depósito (fluvial, costeiro e marinho), mas sempre é sotoposto a depósitos não marinhos.
4.3.8 Superfície Basal da Regressão Forçada - SBRF
Esse termo foi introduzido por Hunt & Tucker (1992) para representar a base dos depósitos que se
acumulam no ambiente marinho durante a regressão forçada da linha de costa. Essa superfície
corresponde à “conformidade correlativa” de Posamentier & Vail (1988), e aproxima-se do paleo
fundo do mar no início da queda do nível de base na linha de costa, representando a base da clinoforma
mais antiga associada ao padrão offlap. Quando as clinoformas em padrão offlap não são preservadas,
a SBRF marca a mudança de um aumento (upsetting) para uma diminuição (downsetting) na
sedimentação das fácies costeiras, devido à nova adaptação do perfil de equilíbrio fluvial.
45
5 ESTRATIGRAFIA DE SEQUÊNCIAS DA BACIA DE CAMAMU
A Bacia de Camamu é representada por treze seqüências deposicionais representadas por rochas
sedimentares do Jurássico Superior ao Neógeno que compõem o registro estratigráfico da Bacia.
Para a descrição da estratigrafia de sequências da Bacia de Camamu, foi utilizada a carta
cronoestratigráfica de Caixeta et al (2007) (Figura 13 e 14).
Figura 13- Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu – Parte I. Fonte: Extraído de Caixeta et al., 2007
46
Figura 14- Carta cronoestratigráfica da Bacia de Camamu – Parte II (Caixeta et al., 2007) 5.1 SUPERSEQÜÊNCIA PALEOZÓICA
Segundo Aguiar e Mato (1990), essa supersequências engloba os sedimentos continentais e
marinhos de idade permiana e correspondentes, em termos litoestratigráficos, à Formação Afligidos,
definida na Bacia do Recôncavo, que é composta pelos membros Pedrão e Cazumba
47
5.1.1 Sequência P (Permiana)
Essa seqüência é limitada na base pelo limite de seqüências, em relação aos granulitos
pertencentes ao cinturão Salvador-Esplanada de idade arqueana, já no topo é limitada pelas
seqüências pré-rifte, com a formação de alguns hiatos deposicionais.
Segundo Caixeta et al.(1994), a discordância entre á seqüências Permiana e a seqüências pré-
rifte, é datada em cerca de 100 milhões de anos, abrangendo parte do permiano, todo triássico e
parte do jurássico.
Essa seqüência apresenta um conjunto de fácies formadas por conglomerados, arenitos finos e
médios, lamitos, folhelhos, formados em sistemas deposicionais do tipo supramaré-lacustre (Aguiar
e Matos, 1990), onde são depositados em uma suave sinéclise contemporânea.
Essa seqüência mostra um período onde a bacia passou por várias modificações no nível de
base, acarretando assim no aumento ou diminuição do espaço de acomodação, devido a variação no
padrão drenagem (aporte sedimentar) ou por efeito tectônico. Pode-se observar que na base dessa
sequência apresenta um padrão progradacional, com a migração da linha de costa no sentido do mar
(regressão), favorecendo a deposição das fácies costeiras. Já no topo da seqüência observa-se uma
inversão da bacia, onde ocorre um padrão retrogradacional com a sedimentação das fácies mais
lamosas (offshore) sobrepostas às fácies costeiras.
5.2 SUPERSEQUÊNCIAS PRÉ-RIFTE
5.2.1 Sequência J20 – K05 (Jurássica – Cretáceo)
Ao final do Permiano, ocorreu importante evento progradacional, onde se tinha a migração da
linha de costa no sentido do mar (regressão), as fácies não-marinhas sobrepostas as fácies marinhas.
Marcando assim o final da sedimentação marinha (Caixeta et al, 2007). Essa regressão gerou uma
discordância no topo da Formação Afligidos, devido a erosão subárea ou a não deposição, tendo na
parte onshore da bacia a formação de um hiato deposicional, que acarretou na deposição dá
Formação Morro do Barro diretamente sobre a Formação Afligidos.
48
Sobre essas discordâncias da fase pré-rifte foram depositados os sedimentos do Neojurássico,
correspondentes ao Grupo Brotas. Presente nas bacias do Recôncavo, Camamu e Almada, o Grupo
Brotas compreende as formações Aliança e Sergi (Caixeta, 2007).
O processo de queda do nível de base acarretou em mudanças no padrão de drenagem da bacia,
onde provocou um aumento na taxa de suprimento sedimentar, acarretando na sedimentação dos
sedimentos clásticos arenosos e folhelhos depositados por rios entrelaçados com retrabalhamento
eólico, que recobriram os lagos rasos e as depressões suaves, precursoras do rifteamento.
Através da análise da carta cronoestratigráfica de (Caixeta et al, 2007), foi possível observar
que na parte onshore e offshore da seqüência pré-rifte, ocorreu a deposição dos sedimentos
arenosos. Esses corpos arenosos apresentavam maiores espessuras em direção ao continente, esse
fato pode indicar queda no nível base da bacia, o que acarreta, no primeiro momento, na diminuição
do espaço de acomodação e o aumento no aporte sedimentar, onde se têm na base, a deposição das
fácies fluviais sobrepostas às fácies lacustres que correspondem ao Membro Cazumba (Formação
Afligidos), enquanto que no topo observa-se a deposição de uma sedimentação mais lamosa,
caracterizada pelo padrão retrogradacional, formado assim uma superfície transgressiva no topo da
sequência.
Essa sequência é limitada na base pelo limite de seqüência permiana e no topo pelo limite de
sequência pré-rifte que corresponde litoestratigraficamente a Formação Morro do Barro.
5.3 SUPERSEQUÊNCIAS RIFTE
A sedimentação rifte ocorreu durante o Eocretáceo, mais precisamente entre o Berriasiano e o
Aptiano, compreende os sedimentos do Grupo Almada e o Grupo Camamu, podem ser subdivididos
em pelo menos três seqüências: (A, A1 e A2). Essas seqüências correspondem as Formações Morro
do Barro, Rio de Contas e Taipus-Mirim (Caixeta, 2007). Que é sempre marcada na base por uma
sedimentação lacustre, gradando para uma sedimentação arenosa devido a variação na mudança do
nível de base.
Segundo Kuchle (2004), essas sequências marcam mudanças no estilo estrutural da bacia,
caracterizado pela geração dos sistemas de falhas normais (Horsts e Grabens), juntamente com a
geração de sistemas de meio-graben.
49
5.3.1 Seqüências K10-K20 (Cretáceo)
Segundo Netto et al. (1994), a Formação Morro do Barro, em sua totalidade é de idade
Barresiana a Valaginiana e subdivide-se nos membros Tinharé, que reúne os clásticos grossos, e
Jiribatuba, constituído por clásticos finos. Essas Sequências são constituídas por clastos de
granulometria grossa e fina, que teriam progradado sobre a sequência lacustre (Caixeta et al, 2007).
A unidade apresenta o seu limite de sequências basal, sobre á Fm. Itaipe, que corresponde a
sequências pré-rifte da bacia, que é representado por uma superfície de conformidade sobre os
folhelhos do topo da sequência. Esse limite de sequências possui um hiato temporal de cerca de 1 a
2 milhões de anos conforme a carta cronoestratigrafica de Caixeta et al. (2007). Já o limite de
sequência superior, ocorre sobre a discordância Pré-Aratu que marca o inicio da deposição e o seu
caráter erosivo.
Essas unidades representam uma sedimentação predominantemente subaquosa, dominada por
fluxos gravitacionais em um lago tectônico. O contato inferior com a seção pré-rifte, e, superior,
com a Formação Rio de Contas, são discordantes (Netto et al. 1994).
A partir das compartimentações faciológicas em sistemas deposicionais, foram observados
grandes tendências no padrão de empilhamento, podendo dividir em três padrões de empilhamentos
bem distintos. Tendo na base um padrão retrogradacional, representados pelos folhelhos
subordinados e intercalados com arenitos, que correspondem á Fm. Jiribatuba, já na parte
intermediaria sucede-se um padrão progradante, composto por arenitos maciços, que se encontra
sobrepostos as fácies lacustre, enquanto que no topo é marcado por um padrão retrogradante,
representados por folhelhos intercalados com arenitos.
5.3.2 Sequência K30 (Cretáceo)
A Seqüência K30 engloba á Formação Rio de Contas que é formado por matérias clásticos e
carbonatos representativos dos leques aluviais, rios e lagos que se instalaram durante o rifte, entre o
Hauteriviano e o Eoaptiano (Caixeta et al., 2007).
50
O contato inferior com a Formação Morro do Barro e o contato superior com a Formação
Taipus-Mirim são discordantes, esses contatos marcam um limite de seqüência, representados pelas
seções Pré-Aratu e Pré-Alagoas sucessivamente.
As sucessões faciológicas definem um sistema deposicional de margem lacustre,
dominantemente arenoso proximal, que grada para suas porções mais distais até atingir o sistema
deposicional lacustre profundo em eventos transgressivos. Esses eventos transgressivos marcam a
migração da linha de costa no sentido do continente, contribuindo para um empilhamento
retrogradacional das fácies, ou seja, fácies lacustres sobreposta às fácies fluviais. Podendo afirmar
que a taxa de acomodação criada foi relativamente muito maior do que o aporte sedimentar.
Nessas seqüências á evidências de hiatos deposicionais de pelo menos 3 milhões de ano
observados na carta cronoestratigrafica (Caixeta et al., 2007), onde se tem a deposição da Fm.
Urutucutuca, diretamente sobreposta a Fm. Morro do Barro, além da evidência de alguns diápiros
de folhelhos que cortam as seqüências.
Essa seqüência apresenta-se na base com um padrão de empilhamento retrogradacional, sob
condições de nível de base crescente, onde se tem a deposição das fácies mais lacustres, sobre as
fácies continentais, enquanto que no topo ocorre um padrão progradante, representado pelo Membro
Tinharé, onde se têm a deposição dos sedimentos continentais sobrepostos as fácies mais finas.
5.3.3 Seqüência K40 (Cretáceo)
Essa seqüência corresponde aos clásticos grossos (arenitos) e conglomerados, com
intercalações subordinadas de folhelhos depositadas durante o Aptiano onde encerra os últimos
sedimentos da fase rifte da bacia (Caixeta et al., 2007). Apresenta-se limitada na base pela
discordância Pre-Alagoas, enquanto que seu topo encontra-se limitado pela discordância da fase
Pré-rifte, que corresponde litoestratigrafia da Fm. Taipus-Mirim (Figura 15).
Figura 15: Sequências K40, mostrando o seu padrão de empilhamento.
51
Nessa unidade definem o Membro Itacaré (Fm. Taipus-Mirim), para a caracterização dessa
expressiva seção de clásticos (Caixeta et al., 2007), tendo a seqüência iniciado com a deposição de
sedimentos finos provenientes no período de calmaria na bacia. Com o aumento do nível de base
acarreta no afogamento do sistema fluvial evidenciando assim uma superfície transgressiva máxima
(Sim). Enquanto que no topo os corpos arenosos encontram-se dispostos na parte onshore e
offshore da bacia, apresentando um padrão de empilhamento progradacional, onde sem tem a
deposição da linha de costa em direção ao mar, favorecendo o aumento de aporte sedimentar para
dentro da bacia, onde se tem a deposição dos corpos arenosos sobreposto aos sedimentos das fácies
lacustre.
5.4 SUPERSEQÜÊNCIAS PÓS-RIFTE
5.4.1 Sequência K50 (Cretáceo)
Esta Seqüência deu-se no âmbito de bacia do tipo rifte-sag, formada em ambiente marinho
restrito que corresponde a listoestratigrafia da Fm. Rio de Contas, que retrata os arenitos
depositados sobre uma superfície erosiva de correlação regional (Caixeta et al., 2007). Essa
seqüência marcada no topo pela pelo limite de seqüências da Fm. Algodão, que retrata a erosão e
subseqüente a deposição inicial da Seqüência.
Segundo Kuchle (2004), essa sequência apresenta um padrão de empilhamento agradacional,
com discretos padrões retrogradacional, por vezes superimpostos indicando um evento
transgressivo não muito acentuado ou mascarado pelo alto aporte sedimentar.
Nas partes mais profundas da bacia, os dados sísmicos indicam a presença de halocinese,
evidenciada pelas intensas deformações associadas a fuga do sal em direção à Bacia de Almada
(Caixeta et al, 2007).
52
5.5 SUPERSEQÜÊNCIA DRIFTE
5.5.1 Seqüência K60-K84 (Cretáceo)
Foi formada durante o Albiano e o Cenomaniano, onde a Bacia de Camamu experimentou uma
sedimentação marinha-carbonática representada pela Formação Algodões. A Formação Algodões
subdivide-se nos membros Germânia e Quiepe, conforme definição de Caixeta et al. (2007).
Essa seqüência é limitada na base pelo limite de seqüências dá Fm. Taipus-Mirim, de caráter
erosivo regional, e com associação faciológica que indicam uma abrupta mudança no regime de
sedimentação da bacia, já seu topo é limitada pela discordância Cenomaniano que marca a erosão e
subseqüente a deposição da seqüência.
Esta unidade designa os carbonatos sotopostos a Formação Urucutuca, nas bacias de Jacuípe,
Camamu e Almada. O contato inferior com a Formação Taipus-Mirim é concordante e o contato
superior com a Formação Urucutuca é marcado por uma importante discordância regional. Essa
seqüência apresenta um padrão de empilhamento retrogradacional com a migração da linha da costa
em direção ao continente, onde sem tem a deposição dos carbonatos do Membro Quiepe sobreposto
diretamente aos cabornatos do Membro Germânia.
Para que ocorresse a formação dos cabornatos na bacia, seria necessário, um período de
calmaria, ou seja, uma diminuição no aporte de sedimentos siliciclásticos e um aumento no espaço
de acomodação, havendo a necessidade da atuação de alguns fatores físico-quimico, para que assim
pudesse haver a sua deposição.
Essa sequência apresenta processo de halocinese, onde se tem os depósitos de sais formados
durante a fase de transição, cortando diretamente essa seqüência, além da discordância formada
sobre os carbonatos do Membro Germânia, tendo á Fm.Urucutuca depositada diretamente sobre
esses carbonatos.
5.5.2 Seqüências D (K86-K90) e D1(K100-K130) - Cretáceo
Abrange um período deposicional de cerca de 90 milhões de ano, com idade variando do
Turoniano ao Recente (CAIXETA, 2007). No Turoniano se iniciou á formação de um oceano
aberto raso, onde se depositaram os sedimentos finos do talude da Formação Urucutuca, com
53
intercalações de arenitos turbidíticos. E esses sedimentos foram depositados devido à inversão no
nível de base, provocados por eventos tectônicos, onde acarretou no aumento de espaço de
acomodação.
Está seqüência foi formada em período marinho transgressivo raso, constituída basicamente,
por folhelhos, onde apresenta um padrão pogradante, ou seja, se tem a deposição dos sedimentos
lamosos, ao longo de todo da bacia, tanto na parte onshore quanto na parte offshore, devido ao fato
de apresentar a linha de costa migrando em direção ao continente. Tendo em alguns momentos
alguns pulsos de sedimentos que adentra na parte mais offshore, o que registram o afogamento dos
arenitos turbidíticos, relacionados provavelmente, aos rebaixamentos relativos do nível do mar.
Essa seqüência apresenta-se limitada na base e no topo pelas discordâncias Cenomaniano e
Intra-Campaniana de idade cretácea, que envolve a sedimentação nas partes mais offshore, além dá
evidencias de hiatos deposicionais e processo de halocinese nas partes mais distais dá bacia, onde se
tem os depósitos de sais formados durante á fase de transição, cortando diretamente essa seqüência.
5.5.3 Seqüências E (E10-E30) e E1 (40-E60) - Eoceno
A seqüência (E10-E30) corresponde aos depósitos de folhelhos da Formação Urucutuca e
eventuais depósitos turbidíticos, relacionados, sobretudo, à sedimentação paleocênica (CAIXETA,
2007). È limitada na base e no topo pelas discordâncias regionais do Paleoceno Inferior (base), e o
Eoceno Médio (topo). Essa seqüência engloba o pacote de sedimentos representativo de todo o
Paleoceno e do Eoceno Inferior (Caixeta et al., 2007).
Durante o período marinho profundo, ocorreu à deposição dos sedimentos lamosos
hemipélagicos, que provalmente acarretou numa seção condensada, que é constituída, basicamente,
por folhelhos e organismos. Essa seqüência apresenta um padrão retrogradacional, ou seja, se tem a
deposição dos sedimentos lamosos, ao longo de todo da bacia, tanto na parte onshore quanto na
parte offshore, tendo assim o afogamento dos arenitos turbidíticos,
A Seqüência E40-E60, na Bacia de Camamu e formada por folhelhos e calcilutitos (CAIXETA,
2007). Essas seqüências é limitada na base pela discordância do Eoceno Médio e seu topo pela
discordância do Oligoceno Inferior. A sedimentação assume o caráter regressivo, onde se tem a
migração da linha de costa em direção ao mar, caracterizando assim um padrão de empilhamento
progradacional, tendo as fácies continentais sobrepostas as fácies lamosa, das parte mais profunda
da bacia.
54
5.5.3 Seqüências E70-N10 e N20-N50 (Eoceno/Neoceno)
As seqüências E70-N10 e N20-N50 ocorrem a partir do Eo-oligoceno e se caracterizam pela
progradação das fácies proximais representadas pelas formações Caravelas e Rio Doce sobre a
sedimentação pelítica da Formação Urucutuca (Caixeta et al., 2007).
Nessa seqüência destaca-se também uma importante discordância erosiva do Mioceno Médio,
que, em águas profundas omite grande parte dos sedimentos oligocênicos através de cânions
submarinos. Essa seqüência apresenta um padrão progradante, onde se tem os depósitos da Fm. Rio
Doce sobreposto aos depósitos da Fm. Caravelas
5.5.4 Seqüência N60 (Neoceno)
A Seqüência N60 corresponde aos sedimentos atuais de praias e aluviões (SPA) do Pleistoceno
e do Holoceno, que compõem a fisiografia atual da Bacia de Camamu. São areias e argilas da
planície de inundação dos rios Jiquiriçá e Jaguaripe, bem como depósitos da foz desses rios. Insere-
se, também, a sedimentação de argilas, ainda inconsolidadas, que recobrem toda a extensão da
porção submersa da bacia (Caixeta et al., 2007).
55
6 ANÁLISE FACIOLOGICA E PETROGRAFICA DA AREA DE ESTUDO
Foram individualizadas cinco diferentes fácies ao longo das ilhas conhecidas como as Ilha da
Pedra Furada e Ilha Grande. Utilizando-se para isso critérios litológicos como granulométria,
composição, coloração e estruturas sedimentares e conteúdo fossilífero. Para todas as fácies foram
atribuídos códigos e uma interpretação em termo de processos sedimentares (Tabela 1).
Código Fácies Etruturas Processos
Sedimentar
Gm Conglomerado matriz-
suportado
Maciço Fluxo detritos
Ab Arenito Bioclástico Maciço Fluxo Unidirecional
Am Arenito Médio a Fino Maciço ou Laminado, às
vezes dolomitizadas
Fluxo Unidirecional
Aw Arenito fino Wavy Fluxo Oscilatório
Ll Lamito Lenticular Decantação
Tabela 1 – Fácies identificadas durante os trabalhos de campo e sua interpretação.
6.1 AFLORAMENTOS DA ILHA PEDRA FURADA
Afloramento localizado na Ilha da Pedra Furada com cerca de 8 km de distância da sede
municipal de Camamu, apresentando uma altimetria em torno de 7 m (Foto 01), com uma coloração
variando entre bege/acinzentada a avermelhada, composta basicamente por minerais de quartzo,
mica branca, minerais de carbonatos, minerais pesados e alguns materiais biogênicos, além de
56
possuírem uma espessura variando entre 6 a 9 m. As camadas apresentam-se basculadas com uma
direção para N120°, onde é possível a verificação de algumas estruturas de falhamentos e de
processos deformacionais.
57
Foto 01-Fotomosaico dos afloramentos localizado na Ilha da Pedra Furada, mostrando as principais características da ilha que está cerca de 8 km da sede municipal de Camamu. Coordenadas 0500128/8463355.
No afloramento foi possível a diferenciação de algumas fácies sedimentares utilizando para isso
critérios granulométricos, composicionais e fossiliferos.
58
Fácies Gm
Essa litofácies apresenta de forma tabular, formada por conglomerados matriz-suportados,
apresentando uma coloração acinzentada, com cerca de 4 m de comprimento, composta por
minerais de quartzo, mica branca, calcita e alguns minerais pesados, possui uma matriz areno-
argilosa e um cimento calcitico e silicoso. Esta camada apresenta uma granulométria variando de
argila á matacão, com blocos de seixos angulosos e subangulosos, mal selecionados, com um
aspecto granodecrescente, geralmente esses clastos apresentam-se imbricados, além de
apresentarem uma elevada imaturidade textural, devido uma quantidade grande de argila (foto 02).
Foto 02-Conglomerado matriz-suportado, com clastos angulosos e subangulosos, mal selecionados, localizados na Ilha de Pedra Furada. Com coordenadas 0500129/8463362.
Na lamina os grãos de quartzo estão dispostos de formas angulares a subangulares, encontram-
se bastante corrosivos e fraturados e com certas reentrâncias, apresenta-se de formas bipiramidal e
com arestas retas e contatos curvos com os minerais de mica e calcita além do próprio quartzo
(Fotomicrografias 01 e 02).
Clastos
59
Nessa fácies o contato com as camadas sobreposta ocorre de forma retilinea, não há
evidencias de estruturas sedimentares, apresentando apenas estrutura maciça, além disso, essa
camada apresenta-se basculadas, com alguns processos de deformação, com a presença de falhas,
juntas e microfraturas e processo de dissolução. Esse conglomerado matriz - suportado é típico de
processos de fluxo detritos, formados nas proximidades da área fonte, devido ao seu mal
selecionamento e as suas características texturais (foto 03 e 04).
Fotomicrografia 01: Contato curvo e ondulado entre os grãos de quartzo. Ocular 10X, objetiva 2,5X, nicois cruzados.
Fotomicrografia 02: Lamina composta, matriz calcitica, composta por quartzo, mica branca e calcita. Ocular 10X, objetiva 2,5X, nicois cruzados.
Calcita
Mica Branca Quartzo
Contatos curvos
60
Foto 03 – Afloramento localizado na Ilha de Pedra Furada, mostrando os conglomerados matriz-suportado. Com coordenadas 0500128/8463355.
Foto 04- Conglomerado matriz-suportado, apresentando os seixos angulosos e subangulosos e mal
selecionado. Coordenadas 0500127/8463555.
Conglomerado matriz-suportado
Microfraturas
Dissolução
61
Fácies Ab
Essa litofácies apresenta de forma horizontal, formada por arenito bioclásticos, com cerca de 2
metros de comprimento, apresentando uma coloração amarelada, composta por minerais de quartzo,
calcita e materiais bioclásticos, como fragmentos de conchas de organismos. Possui uma morfologia
onde os grãos de areia encontram-se dispostas de forma subarredondadas a arredondadas e bastante
polidos. Apresenta uma granulometria que varia de areia fina a areia média, bastante selecionados,
com alto grau de coesão, além de apresentarem bastante silicificados (Foto 05).
Foto 05- Afloramento localizado na ilha de Pedra furada, apresentando uma coloração amarelada e com contatos curvos com as fácies sobrepostas. Encontra-se cerca de 8 km da sede municipal de Camamu.Coordenadas 0500129/8463362.
Nessa fácie o contato com as camadas sotoposta e sobreposta ocorre de forma retilíneo-
ondulada, não há evidencias de estruturas sedimentares, apresentando apenas estrutura maciça.
Esses arenitos bioclásticos são formados por processo de fluxo unidirecional, além de apresentarem
Arenito Bioclástico
Conglomerado matriz-suportado
Contato
62
bastante retrabalhado, indicando assim que esses sedimentos foram transportados por longas
distâncias, até que se ocorra a sua deposição.
Fácies Am
Essa fácies está disposta de forma tabular, formada por arenitos médio a fino, apresentando
uma coloração avermelhada-esverdeada, com cerca de 1 a 2 m de comprimento, composta por
minerais de quartzo, calcita, dolomita, fragmentos de rochas e alguns minerais pesados. Apresenta
uma granulometria variando de areia fina á média, com os grãos sub- arredondados á arredondados,
bem selecionados, possuindo uma matriz arenosa, com um cimento silicoso (foto 06).
Foto 06 – Afloramento com uma baixa á média intensidade intemperica, composta por minerais de quartzo, fragmentos de rochas e alguns minerais pesados. Localizado na ilha de Pedra Furada com coordenadas 0500129/8463362.
Nessa fácies há evidência de estruturas sedimentares laminadas, além de apresentarem em
alguns momentos bastante deformados, onde se tem a deposição dos arenitos médios sobre os
63
arenitos finos, formando assim algumas estruturas de sobrecarga, podendo evoluir para estruturas de
pseudonódulos (Foto 07).
Foto 07-Afloramento apresentando pseudonódulos, onde se observar a formação de estruturas de deformação sin-deposicional. Com Coordenadas 0500069/8463545.
Na lamina é possível observar que esses arenitos, encontram-se algumas vezes dolomitizados e
apresentando assim uma elevada porosidade (Fotomicrografias 03).
Fotomicrografia 03: Lamina composta, dolomita, e cimento esparito.Ocular 10X, objetiva 2,5X, nicois cruzados.
Espaços vazios
Dolomito
Cimento Esparito
Pseudonódulos
64
6.2 AFLORAMENTOS DE ILHA GRANDE
Afloramentos localizados em Ilha Grande com cerca de 9 km de distância da sede municipal de
Camamu e 2 km das ilhas de Pedra Furada (Figura 15). Apresenta uma altimetria em torno de 4m,
com uma espessura variando entre 1 a 5m, com uma coloração acinzentada/amarelada a esverdeada,
composta basicamente por minerais de quartzo, mica branca, muscovita, calcita e minerais de
ilmenita .
Figura 16- Imagem de satélite CBERS-2b, mostrando a localização do afloramento de Ilha Grande que fica cerca de 9 km de distância da sede municipal de Camamu.
Ao longo de toda a ilha foi possível a diferenciação de algumas fácies sedimentares utilizando
para isso critérios granulométricos, composicionais e fossiliferos.
65
Fácies Aw
Essa litofácies apresenta de forma horizontal, mais com certo grau de basculamento na direção
N 160°, é formada por arenitos finos, apresentando uma coloração amarelada á esverdeada, com
cerca de 2 m de comprimento, composta por minerais de quartzo, mica branca calcita e ilmenita.
Esta fácies apresenta uma granulometria variando de silte a areia fina, com uma morfometria
onde os grãos encontram-se de forma subarredondadas a arredondadas, bem selecionados, com
baixa coesão, apresentando uma matriz areno-siltosa e com um cimento calcitico-silicoso (foto 8).
Foto 8 - Arenitos finos, apresentando uma coloração amarelada á esverdeada, com uma baixa intensidade intemperica,composta por minerais de quartzo, mica branca, ilmenita. Com coordenadas 0500129/8463362.
Nessa fácies o contato com as camadas sobreposta ocorre de forma ondulada, a evidências de
estruturas sedimentares do tipo wavy, que são estruturas formadas por fluxos oscilatórios (Foto 9 ).
66
Foto 09 - Arenito fino mostrando estruturas do tipo de wavy, que é formada por fluxo de ondas. O afloramento encontra-se cerca de 1 km das ilhas de Pedra Furada, com coordenadas 0500005/8463354.
Esses arenitos encontra-se em grande parte deformados, onde é possível a verificação de
algumas estruturas de fraturamentos e dobramentos devido a sua capacidade rúptil-ductil,
favorecendo assim a formação de algumas fraturas, além da formação de algumas dobras de carga
(Foto 10 e 11).
67
.
Foto 10- Arenito deformado, mostrando algumas fraturas e dobras, devido a sua capacidade rúptil-ductil.Coordenadas 0500090/8463362.
Foto 11 - Arenito mostrando dobra de carga, devido á deposição de uma camada mais densa sobre uma camada mais plástica.Coordenadas 0500140/8463391.
Fraturas Dobra de Carga
Dobra de Carga
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Fácies Ll
Essa fácies apresenta de forma horizontal, formada por lamitos, apresentando uma coloração
esverdeada, com uma baixa intensidade intempérica, e com cerca de 90 cm de comprimento,
composta por minerais de quartzo, serecita e muscovita.
Apresenta uma matriz argilosa com uma granulometria que varia de silte a argila, mal
selecionado, e com uma elevada imaturidade textural, devido uma quantidade grande de argila.
Nessa litofácies o contato com as camadas sobreposta e sotoposta ocorre de forma retilíneo-
ondulada, há evidencias de estruturas sedimentares do tipo lenticular (Foto 12).
Esses lamitos são típicos de processos de decantação, formados no ambiente de baixa energia
nas proximidades da área fonte, devido ao seu mal selecionamento e as suas características
texturais.
Foto 12- Lamitos apresentando uma coloração esverdeada, com uma baixa intensidade intempérica, composta por minerais de quartzo, mica branca e muscovita. Coordenadas 0500069/8463555.
Lamito
69
7 MODELO DEPOSICIONAL
A partir das descrições faciológicas, petrográficas e as suas associações, foram possíveis
determinar os principais sistemas deposicionais da área de estudo, possibilitando assim a construção
de um modelo deposicional (Tabela 2). Entretanto, não foi possível determinar na área de estudo os
principais elementos arquiteturais que compõem determinado sistema deposicional.
Tabela 2: Modelo interpretativo de preenchimento da bacia.
O modelo proposto para área de estudo consiste em sistema de leques aluviais e canais
fluviais, que tiveram inicio na fase rifte da Bacia de Camamu, durante o Cretáceo, onde ocorre o
processo de extensão da bacia, gerando assim um conjunto de falhas que favorece a formação de
alguns horsts e grabens.
O inicio da fase rifte ocorreu primeiramente com a formação de um lago, onde ocorre á
deposição dos sedimentos mais finos, que são provenientes de um sistema de baixa energia,
formado basicamente por processo de decantação, a medida que a continuação no processo de
Fácies
Associação de Fácies ou Sucessão de Fácies
Sistema Deposicional
Modelo de Fácies
Modelo Deposicional
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estiramento crustal da bacia irá acarretar na formação de alguns leques conglomeráticos controlado
por falhas, devido ao efeito tectônico. Esses leques conglomeráticos serão depositados no
depocentro da bacia e ao longo das falhas, sendo sobreposta aos sedimentos mais finos.
Consequentemente ao processo de extensão da bacia acarretará mudanças no nível de base da
bacia, fator esse que irá favorecer mudanças no padrão de drenagem, favorecendo a formação de
um sistema de canal fluvial que irão transportar os sedimentos para uma zona baixa, ou seja, um
novo nível de base onde serão depositados os sedimentos arenosos, formados em um ambiente de
alta energia e que serão sobrepostos aos sedimentos mais finos e aos leques conglomeráticos
(Figura 16).
Figura 17- Modelo deposicional da área de estudo.
Segundo Caixeta et al. (2007), o poço 1-BAS-3 que pertence litoestratigráficamente a Fm.
Taipus-Mirim, apresenta seis fácies sedimentares. Essas fácies são definidas a partir das
características dos perfis de raio gama e resistividade, tendo na profundidade 1360 metros os
conglomerados polimiticos (Figura 18), que na área de estudo apresenta na base da formação a
partir das análises dos afloramentos.
Arenito com wavy
Conglomerados
Arenito médio a
fino
Arenito bioclastico
71
Desta maneira, define-se, que o Membro Itacaré engloba espessa seqüência de conglomerados
matriz-suportado, arenitos muito finos a grossos, lamitos cinza esverdeados e siltitos.
Segundo Caixeta et al., (2007), a seqüências K40 foi amostrada por poços somente na área
proximal da bacia, Tendo um contexto deposicional não marinho.
A sedimentação predominantemente clástica grosseira reflete o gradativo assoreamento do
lago, cuja borda oestemigra em direção ao centro da bacia, expondo sedimentos das seqüências
mais antigas (Caixeta et al., 2007).
Figura 18- Perfíl de raio gama e resistividade mostrando as principais fácies do poço 1-BAS-3.
72
8 CONCLUSÃO
A presente monografia abordou de modo sucito a análise da sedimentologia e da estratigrafia de
sequências da Formações Taipus-Mirim, evidenciando as suas principais seqüências deposicionais,
através do detalhamento da carta cronoestratigráfica e do conhecimento faciológico e petrográfico
da área de estudo, permitindo assim uma maior caracterização dos principais sistemas
deposicionais.
Foram observados que poucos trabalhos utilizaram a ferramenta de estratigrafia de
sequências como base na análise estratigráfica da Bacia de Camamu. A maioria dos trabalhos
abordam apenas sobre os aspectos interpretativos e geneticos da litoestratigrafia da bacia, sendo que
não enfatizam de maneira detalhada a evolução geológica dessa bacia, com base em suas
sequências, limites e suas hierarquias deposicionais.
Atualmente o trabalho de Caixeta et al., (2007), define que a Bacia de Camamu é formada por
13 sequências, sendo que a supersequência rifte é onde está inserida a Formação Taipus-Mirim.
Essas seqüências correspondem aos arenitos e conglomerados, folhelhos, onde encerra os
últimos sedimentos da fase rifte da bacia e apresenta-se limitada na base pela discordância Pre-
Alagoas e ao topo limitado por uma superfície transgressiva, devido a subida do nível de base, com
um padrão de empilhamento retogradacional, favorecendo a diminuição do aporte sedimentar para
dentro da bacia.
As Ilhas de Pedra Furada e Ilha Grande, que está inserida na formação de Taipus-Mirim, são
compostas por cinco fácies sedimentares: (conglomerados matriz-suportado, arenito bioclastico,
arenito com wavy, arenito médio a fino, lamito), todos provinientes de canais fluvias e leques
aluvias, que se depositaram durante a fase de extensão da bacia (rifte), durante o cretáceo.
Trabalhos anteriores e atuais, baseados em correlações e empilhamentos litoestratigraficos
associam as fácies conglomeraticas ao topo da Formação Taipus-Mirim. Mais principamente na
porção onshore da bacia, não envidenciando está fácies na base da formação.
Já os conglomerados matriz-suportado inserido na área de estudo, encontram-se na base da
formação na porção onshore da bacia. A partir das características observados em campo, necessita-
se assim de mais estudos em outra localidade, alem de dados de perfis de poços e seções sismicas
para que possa detalhar com mais detalhe essa formação.
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