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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS FREDERICO ALEKHINE CHAVES GARCIA ASSEMBLEIA DE MACROINVERTEBRADOS EM POÇAS TEMPORÁRIAS DE CLIMA SEMIÁRIDO FORTALEZA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS

FREDERICO ALEKHINE CHAVES GARCIA

ASSEMBLEIA DE MACROINVERTEBRADOS EM POÇAS TEMPORÁRIAS DE

CLIMA SEMIÁRIDO

FORTALEZA

2014

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FREDERICO ALEKHINE CHAVES GARCIA

ASSEMBLEIA DE MACROINVERTEBRADOS EM POÇAS TEMPORÁRIAS DE

CLIMA SEMIÁRIDO

Dissertação submetida à Coordenação do

Curso de Pós-Graduação em Ecologia e

Recursos Naturais, da Universidade Federal do

Ceará como requisito parcial para a obtenção

do grau de mestre Ecologia e Recursos

Naturais.

Área de concentração: Ecologia

Orientador: Prof. Dr. José Roberto Feitosa Silva

FORTALEZA

2014

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FREDERICO ALEKHINE CHAVES GARCIA

ASSEMBLEIA DE MACROINVERTEBRADOS EM POÇAS TEMPORÁRIAS DE

CLIMA SEMIÁRIDO

Dissertação submetida à Coordenação do

Curso de Pós-Graduação em Ecologia e

Recursos Naturais, da Universidade

Federal do Ceará como requisito parcial

para a obtenção do grau de mestre

Ecologia e Recursos Naturais. Área de

concentração: Ecologia

Aprovada em ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. José Roberto Feitosa Silva (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

Prof. Dr. Luiz Felipe Mendes de Gusmão

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Profa. Dra. Ligia Queiroz Matias

Universidade Federal do Ceará (UFC)

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo amor com que me conduziu durante todo tempo.

Aos meus orientadores, pela imensa paciência dispensada a mim.

Aos familiares e amigos, pelo apoio incondicional nos momentos mais difíceis.

À minha companheira, pela ajuda prestada durante todo o percurso.

Aos amigos e colegas de curso, pelos momentos de companheirismo e reflexões ao

longo da caminhada acadêmica.

Aos professores do curso, pelos momentos de engrandecimento durante as

disciplinas e palestras.

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“A única coisa criada para a qual não podemos

olhar é a única coisa em cuja luz olhamos para

tudo. (Como o sol ao meio-dia, o misticismo explica

todas as outras coisas por meio da luz ofuscante

de sua vitoriosa invisibilidade). O intelectualismo

independente é (no sentido exato da frase popular)

só brilho de lua; pois é luz sem calor, e é luz

secundária, refletida por um mundo morto.”

(G. K. Chersterton)

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RESUMO

As poças temporárias são ambientes lênticos presentes em todos os biomas do

mundo, abrigando espécies de animais adaptadas a secas recorrentes. Este

trabalhou objetivou descrever a assembleia de macroinvertebrados em poças

temporárias do semiárido e relacioná-las à sazonalidade, fatores abióticos,

interações bióticas e diferentes estratégias de vida. Para isso, foram amostradas 22

poças no município de Itapipoca-Ce. Elas tiveram suas variáveis abióticas

mensuradas e macroinvertebrados coletados nos períodos de cheia e de seca. A

sazonalidade possuiu influência fundamental na assembleia de macroinvertebrados,

enquanto as variáveis abióticas e as interações bióticas com os peixes não

mostraram efeito significativo na composição de macroinvertebrados.

Palavras-chave: Ambiente lêntico. Estrutura de comunidade. Sazonalidade.

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ABSTRACT

Rock pools are lentic water environments that occur all over the world, hosting

animal species adapted to recurrent droughts. The present study aimed to describe

macroinvertebrate assemblages in semiarid rockpools and relate them to

seasonality, abiotic factors, biotic interactions with fish and different life-strategies. 22

rock pools were sampled in Itapipoca-CE. Their abiotic variables were measured and

macroinvertebrate were collected in each rock pool. This procedure was performed in

flood and dry periods. Seasonality had large influence on macroinvertebrate

assemblages, but abiotic factors and biotic interaction with fish had no significant

effects on macroinvertebrate composition.

Keywords: Lentic environment. Community structure. Seasonality.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 8

1.1 Objetivo Geral ............................................................................................ 16

1.2 Objetivos Específicos ............................................................................... 16

2 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 17

2.1 Área de estudo ...................................................................................................... 17

2.2 Caracterização física da poça .................................................................. 18

2.3 Parâmetros físico-químicos ...................................................................... 19

2.4 Coleta de macroinvertebrados aquáticos ............................................... 19

2.5 Análises estatísticas ............................................................................................ 20

3 RESULTADOS ............................................................................................ 22

4 DISCUSSÃO ............................................................................................... 30

5 CONCLUSÕES ........................................................................................... 35

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 36

7 PERSPECTIVAS FUTURAS ...................................................................... 37

REFERÊNCIAS .......................................................................................... 37

APÊNDICE A .............................................................................................. 45

APÊNDICE B............................................................................................................49

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1 Introdução

Os ambientes de água doce ocupam menos de 1% da superfície da terra e

representam 0,01% do total de água no planeta. Entretanto, são o habitat de pelo

menos 100.000 espécies (quase 6% de todas descritas), o que os caracterizam

como local de grande biodiversidade (Strayer; Dudgeon, 2010). Além disso, eles

proporcionam benefícios aos seres humanos, como disponibilidade de água potável

e para irrigação e indústria (Dudgeon et al., 2006).

Os ambientes aquáticos são classificados em lóticos e lênticos. O primeiro

tipo corresponde a rios e riachos (corpos d’água com fluxo de água contínuo e

unidirecional da nascente até a foz, descarregando no mar ou em outro rio). Esse

fluxo influencia o transporte e alimentação dos organismos e é um fator importante

na estrutura de comunidades aquáticas (Lampert; Sommer, 2007).

Os ambientes lênticos, como lagos e lagoas, não possuem fluxo unidirecional

de água. Isso faz com que haja uma estratificação dos componentes abióticos ao

longo da coluna d´água. Este gradiente leva a uma heterogeneidade na composição

biótica do ambiente.

Dentre os ambientes lênticos, destacam-se as poças temporárias, formadas

por depressões que eventualmente podem apresentar água devido às condições

hidrológicas. Esse tipo de ambiente é encontrado com alguma variação em todos os

grandes biomas do mundo (Williams et al., 2001).

Poças temporárias são corpos d’água oscilantes com fases secas

recorrentes, podendo abrigar vegetação e animais aquáticos em determinados

períodos do ano. Elas ocorrem em locais onde a evaporação consome, total ou

parcialmente, as precipitações, os afluentes superficiais e subterrâneos (Williams,

1985).

Em um sistema lêntico, muitos fatores influenciam a composição e

distribuição dos animais. Dentre eles, destacam-se os aspectos físico-químicos

(como pH, temperatura, condutividade e oxigênio dissolvido) da água, as dimensões

(área e profundidade) das poças, o regime hidrológico da região, as interações

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bióticas (competição e predação) e a estratégia de vida dos animais (Romanuk;

Kolasa, 2002; Hamilton IV et al., 2012).

Estudos em poças temporárias demonstram que elas possuem variações em

suas características físico-químicas maiores do que corpos d’água permanentes

(Smith; Pearson, 1987). Isso faz com que esses ambientes temporários possuam

condições abióticas desfavoráveis à maioria dos seres vivos (Bronmark; Hansson,

2005).

A temperatura determina, em parte, a composição e diversidade de

macroinvertebrados em ambientes lênticos. Além disso, influencia a distribuição dos

animais dentro das poças, uma vez que a região superficial tem uma exposição

maior ao sol do que as regiões mais profundas. O oxigênio dissolvido é um fator

limitante de ambientes lênticos temporários, fazendo com que muitos animais

habitem a região superficial da poça ou utilizem pigmentos respiratórios.

A acidez possui uma variação considerável ao longo do dia, como resultado

de processos metabólicos dos seres vivos. Valores extremos de pH podem tornar o

ambiente desfavorável, embora alguns grupos de animais estejam adaptados a

essas variações. Esses aspectos físico-químicos não devem ser analisados de

maneira isolada. Uma vez que um fator altera o valor de outro, a distribuição dos

macroinvertebrados é melhor entendida quando esses fatores são considerados de

forma única, e não separadamente.

Além desses parâmetros de qualidade ambiental, a dimensão da poça

também é um fator a ser levado em consideração. De maneira geral, as poças

diferem na sua forma, tamanho e profundidade, por isso espera-se encontrar

assembleias distintas, mesmo que os parâmetros físico-químicos sejam

semelhantes (Schwartz; Jenkins, 2000). As dimensões das poças também

interferem no volume e no tempo de permanência da coluna d’ água, dois atributos

que influenciam a riqueza de animais no ambiente (Garmendia; Pedrola-Monfort,

2010).

A duração da poça é consequência do seu balanço hídrico. De maneira geral,

esses aspectos dependem de diversos atributos da poça: substrato, área superficial

e profundidade, topografia do terreno e cobertura vegetal (Grilas et al., 2004). O

tamanho da poça implica na quantidade de água que ela pode reter, o substrato

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pode facilitar ou dificultar a perda de água por infiltração, a cobertura vegetal

interfere na evaporação e a topografia no transbordamento de água.

Poças que possuem água durante mais tempo no ano possibilitam que

animais com ciclos de vida mais longos possam habitar nelas, aumentando a

riqueza local (Kiflawi et al., 2003). A forma da poça também afeta essa dinâmica,

uma vez que quanto mais cilíndrica ela for, uma maior quantidade de água estará

em contato com o sol e haverá mais evaporação, diminuindo a duração da água na

poça.

A topografia da poça também interfere na dinâmica da seca e cheia, porque

uma chuva, mesmo de pouca duração, pode encher completamente uma poça, caso

esta tenha uma topografia que facilite esse processo. Além disso, a topografia pode

favorecer ou dificultar a perda de água por transbordamento durante o período

chuvoso.

Em um clima semiárido, marcado pela irregularidade das chuvas, o regime

hidrológico é um fator fundamental na seleção dos indivíduos. A dinâmica de seca e

cheia é caracterizada por três componentes: duração, frequência e previsibilidade

das chuvas (Urban, 2004). Para se inferir esses aspectos, são necessários dados

históricos sobre pluviosidade da região e características físicas das poças.

Durante o período anual de inundação em poças temporárias, algumas fases

características relacionadas ao regime hídrico são descritas: inundação, período

curto que ocorre a partir das primeiras chuvas; cheia, correspondente a um longo

período com maior estabilidade da coluna d´água; secagem, quando a evaporação

somada à infiltração se torna maior que a precipitação (Boix et al., 2004; Culioli et

al., 2006).

A composição biótica varia de acordo com esses períodos e pode ser

entendida a partir de um modelo de filtros hierárquicos descrito por Florencio et al.

(2013): Primeiro, os organismos precisam colonizar a poça logo após a fase inicial

de enchimento (dispersão). Depois, a assembleia é estabelecida a partir da

diferenciação de habitat (parâmetros físico-químicos do ambiente). Finalmente, a

poça é composta por espécies que permaneceram após a exclusão competitiva

(interações bióticas).

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As poças temporárias podem ocorrer em depressões endorréicas (sem

contato com o mar) que permanecem submersas por tempo suficiente para permitir

o desenvolvimento de solos e de comunidades de plantas e animais. No entanto,

existem aquelas que secam constantemente e não é possível o desenvolvimento do

solo e consequentemente a sucessão ecológica, impossibilitando o estabelecimento

de animais adaptados a ambientes estáveis e permanentes.

Deve-se ressaltar uma diferença em relação ao abastecimento de poças de

água doce. Existem poças cuja água é proveniente apenas da chuva, não havendo

conexão com rio ou lençol freático, e há poças que recebem água da chuva e de

outros corpos d’água (Jocque et al., 2010). Esses dois tipos de ambiente abrigam

espécies de animais diferentes. Poças que dependem exclusivamente da

pluviosidade abrigam animais adaptados a ambientes temporários, enquanto poças

conectadas a rios ou lençóis freáticos possuem também espécies típicas de

ambientes permanentes.

Os animais especialistas em ambientes temporários possuem adaptações

específicas à dissecação, um custo desnecessário para poças permanentes. Em

contrapartida, espécies que habitam corpos d’água permanentes gastam recursos

em atividades (como fugir da predação por peixes) desnecessárias em poças

isoladas de rios (Wissinger; Greig; McInotsh, 2009).

Dentre os animais que compõem o ambiente aquático, destacam-se os

macroinvertebrados aquáticos. São invertebrados que podem ser capturados por

uma malha maior que 500mm, pertencentes a diversos grupos taxonômicos: insetos,

crustáceos, moluscos e anelídeos são os mais comuns (Hauer, Resh, 2006). Estes

animais são, em sua maioria, provenientes do ambiente terrestre e desenvolveram

diferentes adaptações às condições aquáticas. Durante essa evolução, os animais

tiveram que modificar processos fisiológicos (como respiração e alimentação) e sua

morfologia para maior sobrevivência e reprodução nesses ambientes (Resh; Solem,

1996).

Uma vez que os macroinvertebrados aquáticos possuem diferentes origens

evolutivas, houve a seleção de respostas distintas para obstáculos semelhantes

encontrados no ambiente aquático. Por isso, esses animais diferem no que diz

respeito à fisiologia, morfologia e comportamento.

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Em um ambiente de água doce, os principais aspectos que requerem

adaptações fisiológicas dos indivíduos são o oxigênio dissolvido, salinidade,

temperatura e pH. Esses fatores são modificados com a mudança no nível da água

ao longo das estações e com a interferência humana no ambiente. De maneira

geral, os indivíduos possuem um nível considerado ótimo para cada um desses

parâmetros. As alterações nesses parâmetros causam uma mudança natural na

composição dos macroinvertebrados (Porst et al., 2012).

Devido a essa variação na taxa de sobrevivência em diferentes condições

ambientais, os macroinvertebrados começaram a ser utilizados para

biomonitoramento da qualidade de água (Hawkes, 1997). Através desse processo,

pode-se inferir o nível de poluição da água pela abundância e riqueza dos animais

encontrados. Sabe-se que alguns seres são mais sensíveis e outros mais tolerantes

à poluição. Dessa forma, ao se encontrar uma grande abundância de

macroinvertebrados tolerantes à poluição e poucos sensíveis, pode-se inferir que o

ambiente possui certo nível de contaminação, enquanto um local conservado

possuirá maior abundância de animais sensíveis à poluição do que tolerantes

(Ferreira; Paiva; Callisto, 2011).

Apesar de haver grande abundância e riqueza dos macroinvertebrados em

ambientes aquáticos, a maior parte deles ainda depende do ambiente terrestre para

completar o ciclo de vida, o que dificulta a ocorrência de indivíduos em poças

profundas (Anderson; Wallace, 1996).

Os macroinvertebrados aquáticos ocupam diversos habitats e são

componentes importantes do ambiente (Merrit; Cummins, 1996). Isso porque

regulam as taxas de produção primária, decomposição e estratificação térmica e são

a principal fonte de alimentos para muitos animais vertebrados (Graça, 2001;

Vaughn; Hakenkamp, 2001; Vanni, 2002). Eles podem ser classificados de acordo

com seu hábito alimentar: fragmentadores utilizam matéria orgânica maior que 1mm;

coletores e filtradores se alimentam de matéria orgânica menor que 1mm;,

raspadores ingerem perifíton e predadores matam outros animais para se alimentar

(Wallace; Webster 1980; Moreno; Callisto, 2006).

Uma vez que poças temporárias são ambientes dinâmicos, com variações ao

longo do tempo e do espaço, a estrutura e composição da comunidade biológica

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apresentam mudanças consideráveis como respostas a essas variações (Jacobsen

et al., 1997; Álvarez-Cabria et al., 2011). Para se entender as diferenças espaciais e

temporais na distribuição dos organismos, é preciso relacionar as distintas

condições ambientais com determinados padrões morfológicos, fisiológicos e

comportamentais desenvolvidos pelos animais (Southwood, 1977).

As estratégias de história de vida, principalmente em relação à reprodução,

permitem ao indivíduo lidar com uma abrangência de situações ecológicas diferentes

(Stearns, 1976). Para se entender a estratégia de vida de um organismo, é

necessário compreender diferentes aspectos, como reprodução e dispersão.

Em relação aos macroinvertebrados aquáticos, os padrões de história de vida

são complexos, uma vez que eles correspondem a diferentes grupos taxonômicos e

ocorrem em habitat diversos, desde rios perenes a poças temporárias. Em cada

ambiente, os parâmetros físico-químicos e a hidrologia influenciam a seleção de

determinadas estratégias de vida.

Existem quatro aspectos de história de vida que devem ser levados em

consideração para se inferir a estratégia de vida dos macroinvertebrados:

reprodução, dispersão, desenvolvimento e sincronização (Siepel, 1994). Para cada

tipo de estratégia, alguns aspectos podem ser considerados mais relevantes que

outros.

A reprodução pode ser entendida como a combinação do investimento de

recursos per capita nos descendentes com o investimento na longevidade do adulto.

De maneira geral, o investimento per capita diminui com o aumento da quantidade

de descendentes. O investimento na reprodução diminui com o aumento da

longevidade do adulto. A alocação de recursos para o desenvolvimento faz com que

os animais reproduzam com tamanhos menores. Entretanto, investimento no

crescimento e consequentes adaptações ambientais atrasam o tempo do

desenvolvimento. Essa taxa de crescimento pode ser uma adaptação bastante

flexível (Abrams et al., 1996). A sincronização também é um aspecto importante,

tendo em vista que eventos como diapausa e quiescência dos animais devem

ocorrer quando as condições físico-químicas forem adversas.

Além de diversas adaptações à seca, os macroinvertebrados podem se

dispersar em períodos desfavoráveis para regiões com água permanente. Esse

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movimento pode ser passivo, através da água, vento ou em outro animal, ou ativo,

geralmente por indivíduos alados (Williams, 1997). Os macroinvertebrados com

capacidade de dispersão ativa colonizam primeiro as poças e podem permanecer

nelas por mais tempo que os animais de dispersão passiva, por isso eles estão em

maior abundância quando as poças estão enchendo e secando (Ribera; Isart; Régil,

1994; Gascón et al., 2008).

Organismos que frequentemente convivem com distúrbios abióticos podem

desenvolver, ao longo do tempo evolutivo, adaptações fisiológicas, comportamentais

e/ou de história de vida que minimizem o efeito desses impactos (Díaz; Alonso;

Gutierrez, 2008). Cada modo de adaptação desenvolvido é mais afetado por

determinado componente do regime hídrico.

A alteração fisiológica mais importante em um regime de seca e cheia é o

animal possuir algum estágio de vida que sobreviva à seca até o próximo período

chuvoso. Esse tipo de padrão responde principalmente à frequência das chuvas,

uma vez que o organismo pode não conseguir resistir muito tempo durante um

período seco prolongado. Muitos macroinvertebrados de dispersão passiva possuem

capacidade de dormência no período seco.

As adaptações comportamentais podem estar relacionadas à previsibilidade

de seca e cheia da poça. Nesse caso, os macroinvertebrados aquáticos utilizam

gatilhos ambientais para prever quando determinada poça irá secar ou encher. Isso

permite o organismo reagir a eventos isolados. Portanto, em locais onde secas e

cheias são imprevisíveis, adaptações comportamentais tornam-se muito importantes

(Lytle; Poff, 2004).

Os padrões de história de vida tipicamente sincronizam eventos do ciclo de

vida, como crescimento e reprodução, à ocorrência de eventos relacionados ao

regime hídrico (Lytle, 2002), Desse modo, os animais se adaptam a um tempo médio

de secas e cheias, necessitando que esses eventos sejam previsíveis e frequentes.

Além dos aspectos abióticos (regime hídrico e qualidade da água), a

abundância e riqueza dos macroinvertebrados também são influenciadas por

possíveis interações bióticas. Dessa forma, a presença de predadores e

competidores (como peixes, anfíbios e outros macroinvertebrados) pode facilitar ou

dificultar a persistência dos indivíduos no ambiente (Diehl, 1992).

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Durante a fase de cheia, algumas poças podem conectar-se a rios. Quando

isso ocorre, pode haver a movimentação de peixes para as poças. Portanto, a fauna

de macroinvertebrados presente nesse ambiente deve ser adaptada não somente às

condições ambientais adversas, mas também fugir de um possível predador.

Portanto, vários fatores que atuam em diferentes escalas espaço-temporais

influenciam a estrutura da assembleia de macroinvertebrados em poças

temporárias. Em escala maior, o regime hídrico é um fator importante a ser levado

em consideração. Em menor escala, as características das poças e os parâmetros

físico-químicos da água e as interações bióticas devem ser levadas em conta.

Sistemas aquáticos pequenos, como as poças, possuem um grande potencial

para estudos de ecologia e biogeografia, pois é fácil de se realizar coletas e elas

estão espalhadas ao longo de gradientes ecológicos, o que permite uma

comparação maior entre os dados (Brendonck et al., 2010). Além disso, elas são de

fácil replicação e manipulação, devido ao seu tamanho pequeno. São sistemas

antigos e possuem comunidades com grande diversidade. Este tipo de ecossistema

abriga muitos animais e plantas raros. Esses aspectos fazem com que os estudos

de ecologia em poças tenham sido intensificados (Jocque et al., 2006).

Entretanto, Bilton et al., 2009 ressaltam que poucos trabalhos analisam a

estrutura de comunidade e o nível de conservação desses ambientes. De acordo

com Jackson; Fureder (2006), o fato de a maioria dos macroinvertebrados que

habitam essas poças não terem importância econômica ou médica dificulta o

investimento maior em pesquisas em longo prazo.

As principais ameaças à conservação biológica dos sistemas de água doce

são a perda ou degradação dos habitats (devido à perda da heterogeneidade do

ambiente), contaminação por substâncias químicas (provenientes da agricultura),

excesso de matéria orgânica (esgotos de cidades), introdução de espécies exóticas,

exploração comercial, manipulações hidrológicas (como barreiras e canalizações) e

mudanças climáticas globais (Abell, 2002; Carpenter et al., 2011; Strayer; Dudgeon,

2010).

Diante disso, a fim de se realizar projetos que visam à conservação de poças

temporárias no semiárido, é necessário o conhecimento de fatores abióticos destas

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e da sua relação com a composição e distribuição espaço-temporal das assembleias

de macroinvertebrados presentes nas mesmas.

Objetivo Geral

Analisar a composição e distribuição de macroinvertebrados aquáticos em

poças temporárias de clima semiárido.

Objetivos Específicos

1. Comparar a composição da assembleia de macroinvertebrados entre os

períodos de cheia e de seca

2. Identificar quais fatores abióticos determinam a composição e a distribuição

dos macroinvertebrados.

3. Verificar qual a importância da presença de peixes para a distribuição dos

macroinvertebrados aquáticos.

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2 Material e Métodos

Área de estudo

A pesquisa foi desenvolvida no Sítio Paleontológico Lajinhas (coordenadas:

03º25’18’’ S e 39º41’39’’ W), que faz parte do município de Itapipoca, noroeste do

Ceará (Figura 2.1). Ele abrange uma área de cerca de 2km2 e contém afloramentos

rochosos com tamanhos e formas variadas, que acumulam água durante o período

de cheia (Ximenes et al., 2008).

A região faz parte da sub-bacia hidrográfica do rio Cruxati, que integra a bacia

do litoral, com área de drenagem de 8.619km2. A pluviosidade média anual

ultrapassa 1000mm, mas as precipitações possuem variação espaço-temporal típica

de ambiente semiárido, o que torna essa região hidrográfica uma das mais áridas do

Ceará (Kelting, 2009).

Fig. 2.1. Poças do Sítio Paleontológico Lajinhas no Município de Itapipoca-CE.

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O nível de pluviosidade observado no ano de 2013 foi de 813mm, o que

representa um decréscimo de 22,7% em relação à média anual histórica

(FUNCEME, 2013). Entretanto, em alguns meses, como junho e julho, houve

precipitações acima da média (Figura 2.2). Desse modo, o período chuvoso iniciou e

terminou mais tardiamente do que o esperado.

Fig. 2.2. Precipitação total no município de Itapipoca-CE (FUNCEME, 2013).

Foram utilizadas vinte e duas poças da localidade Lajinhas para o

desenvolvimento do trabalho. Cada poça teve suas dimensões medidas, os

parâmetros físico-químicos verificados e a coleta de macroinvertebrados realizada.

Esses procedimentos ocorreram nos períodos de cheia (junho de 2013) e de seca

(setembro de 2013).

Caracterização física da poça

A dimensão da poça é uma informação importante para se entender a

distribuição dos macroinvertebrados aquáticos, tendo em vista que esse fator pode

determinar a persistência e abundância de determinados táxons ao longo dos

períodos (Garmendia; Pedrola-Monfort, 2010).

A área da superfície da poça foi inferida marcando-se diversos pontos com o

GPS ao redor do seu perímetro, e com o programa Quantum Gis 2.0 foi possível

calcular a área abrangida por essas coordenadas. A profundidade foi registrada com

0

80

160

240

320

Precipitação 2013(mm)

Média histórica 1974-2013

Pre

cip

itação

mensal (m

m)

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um bastão graduado a cada dez metros ao longo do maior comprimento da poça. A

profundidade máxima foi o maior valor encontrado.

Com a área de superfície e a profundidade medidas na estação seca e na

chuvosa, foi possível verificar se essas dimensões influenciam os componentes

bióticos de maneira semelhante em ambos os períodos. Além disso, cada uma

dessas medidas foi relacionada com abundância, diversidade e riqueza da

assembleia de macroinvertebrados.

Parâmetros físico-químicos

Além da medição de cada uma das poças em cada estação, foram verificados

quatro parâmetros físico-químicos de qualidade da água (pH, oxigênio dissolvido,

temperatura e condutividade). Eles foram registrados utilizando-se uma sonda multi

paramétrica “YSI 7000”.

Cada variável abiótica foi comparada entre as poças em uma mesma estação

e entre as estações, a fim de se relacionar a variação desses aspectos físico-

químicos com a abundância, riqueza e diversidade dos macroinvertebrados.

Coleta de macroinvertebrados aquáticos

Depois de mensuradas as variáveis abióticas das poças, foi realizada a coleta

dos macroinvertebrados. Para isso, foi necessário um puçá com malha de 0,25mm.

Em cada poça foram efetuados cinco arrastos de 1m cada com o puçá em

microhabitats diversos quando disponíveis (macrófitas, areia e perifíton).

Imediatamente após a coleta em cada poça, as amostras foram conservadas

em álcool a 70% até serem triadas no laboratório. No processo de triagem, os

animais foram separados do substrato com o auxílio de uma peneira de 0,5mm.

Após a triagem, os animais foram novamente conservados em álcool a 70% até a

etapa de identificação.

Esta foi realizada com auxílio de um microscópio estereoscópico binocular

Leica DFC 295, utilizando as chaves taxonômicas de Roldan-Pérez, (1988), Merrit;

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20

Cummings (1996) e Mugnai; Nessimian; Baptista (2009). Os animais foram

identificados até o mínimo nível taxonômico possível.

Análises estatísticas

As variáveis abióticas mensuradas entre as estações foram comparadas com

o teste de Mann-Whitney a fim de se verificar possíveis diferenças significativas

entre grupos de dados não normais. Foi realizada uma Análise de Componente

Principal (PCA) para ambas as estações com o intuito de calcular quais variáveis

abióticas são mais importantes para explicar a variação entre as poças.

Após a identificação dos macroinvertebrados, foram tabuladas as quantidades

destes por estação. Foi verificado também se há diferença na composição,

abundância, riqueza e diversidade de macroinvertebrados entre os períodos e entre

poças de uma mesma estação.

Para se verificar a existência de diferença na composição da assembleia

entre as estações, foi feita uma análise de agrupamento com o método de

similaridade de Raup-Crick (presença-ausência) com todas as poças dos dois

períodos. Esse método atribui valor de 0 a 1 de acordo com a semelhança de cada

par de poças, sendo 1 o valor de maior similaridade e 0 o de menor similaridade.

Além disso, foram calculadas abundância, riqueza e diversidade de Shannon-

Wiener das assembleias de macroinvertebrados e estes foram testados para

normalidade e homoscedasticidade. Uma vez que estes se mostraram não normais

e não homogêneos a comparação foi feita através do teste de Mann-Whitney para

se conferir a existência de diferença significativa entre os períodos de cheia e seca.

A fim de se comparar as riquezas de poças com abundâncias muito diferentes,

utilizou-se a técnica da rarefação para padronizar o tamanho amostral e estimar uma

riqueza padronizada.

Para se verificar a influência dos fatores abióticos na comunidade de

macroinvertebrados, foram realizadas correlações entre os fatores ambientais e a

abundância, riqueza e diversidade de macroinvertebrados. Uma vez que esses

dados não são normais, optou-se pela correlação de Spearman.

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21

Para analisar a influência das interações bióticas, as poças da estação

chuvosa foram classificadas de acordo com a presença ou ausência de peixes.

Esses dois grupos foram comparados em relação à assembleia de

macroinvertebrados.

Para isso, utilizou-se a análise de agrupamento de Raup-Crick para se

verificar se o fator presença de peixe agrupava adequadamente as poças em

relação à composição dos macroinvertebrados. Estes dois tipos de poças também

foram comparados em relação à abundância, riqueza e diversidade de

macroinvertebrados.

Os macroinvertebrados capturados também foram classificados de acordo

com o tipo de dispersão (ativa ou passiva). A abundância e riqueza desses grupos

foram comparadas nas duas estações, a fim de testar se determinada estratégia de

vida é predominante em algum dos períodos.

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22

3 Resultados

No período de cheia, os dados foram coletados de 22 poças. Dentre essas,

20 são oriundas de depressões rochosas do Sítio Paleontológico Lajinhas (Figura

3.1) e duas fazem parte do riacho da Lajinha, estas tendo areia como substrato

predominante (Figura 3.2).

Figura 3.1. Poça no sítio paleontológico Lajinhas,

Itapipoca-CE.

Figura 3.2. Poça no riacho da Lajinha, Itapipoca-

CE.

Durante a fase de seca, apenas quatro poças das 22 permaneceram com

água (poças 9, 10, 11 e 14). Elas persistiram devido a sua grande área superficial

(11 e 14) ou pela grande profundidade (9 e 10). Dentre as 22 poças da estação de

cheia, a área variou de 5,3m2 (poça 19) a 3.451,9m2 (poça 1) e a profundidade de a

11cm (poça 8) de 600cm (poça 9). Dentre os parâmetros limnológicos, a

condutividade, o pH e o oxigênio dissolvido sofreram variações significativas entre

as poças, mostrando condições variadas de habitat (tabela 3.1.

No período seco, foram medidas as variáveis abióticas das quatro poças

remanescentes. A área das poças variou de 10,83m2 (poça 9) a 620m2 (poça 11) e a

profundidade de 118cm a 49cm. Essas dimensões foram importantes na

diferenciação das poças na estação seca, uma vez que persistiram poças com

grande área e pouca profundidade ou com grande profundidade e pequena área.

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23

Tabela 3.1. Variáveis abióticas de 22 poças nas estações chuvosa (EC) e seca (ES) do Sítio

Paleontológico Lajinhas, Itapipoca-CE.

Área (m2) Profundidade (cm)

Temperatura (ºc)

Oxigênio dissolvido (mg/cm)

Condutividade (µS/cm)

pH

Poça EC ES EC ES EC ES EC ES EC ES EC ES

9 10,83 10,83 600 118 27,9 26,2 0,06 0,5 27,3 87,7 6,22 6,36

10 11,78 11,78 150 102 27,3 26,1 0,47 2,67 40,9 38,6 6,22 6,39

11 1.373 620 90 83 29,3 27 4,36 2,45 44 340,4 5,4 7,3

14 972 395 58 49 31,9 30 3,46 3,17 227,7 1254 6,71 9,1

1 3.451,9 - 34 - 25,6 - 1,34 - 93,4 - 6,7 -

2 2.880,4 - 38 - 26 - 2,7 - 110 - 6,3 -

3 164,81 - 24,5 - 26,4 - 2,3 - 60,8 - 6,1 -

4 118,95 - 16 - 27,2 - 3,5 - 110 - 5,96 -

5 32,97 - 65 - 26,3 - 0,24 - 68,4 - 6,1 -

6 13,92 - 56 - 27 - 2,07 - 12,9 - 5,8 -

7 58,68 - 11 - 27,1 - 2 - 41,8 - 5,47 -

8 111,95 - 11 - 28,4 - 3,3 - 35,8 - 5,73 -

12 1.053 - 18 - 30,1 - 3,73 - 76,4 - 6,13 -

13 297,24 - 39 - 32,5 - 1,66 - 217,9 - 6,38 -

15 115,43 - 45 - 27,5 - 0,76 - 45,3 - 6,05 -

16 22,87 - 41,5 - 30 - 6,59 - 32 - 9,17 -

17 11,62 - 10,5 - 26,7 - 0,06 - 59,5 - 6,19 -

18 18,79 - 32 - 27,5 - 3,9 - 68,3 - 6,46 -

19 5,51 - 13 - 30,5 - 6,1 - 52,5 - 8,89 -

20 5,3 - 23 - 29 - 5,8 - 100,1 - 7,69 -

21 200 - 42,5 - 30 - 5,1 - 503 - 7,07 -

22 200 - 83 - 34 - 5,67 - 508 - 8,05 -

Média 505,9 259,4 68,2 88 28,5 27,3 2,9 2,2 115,2 430,2 6,5 7,3

Na estação chuvosa, os dois componentes principais explicaram juntos 61,3%

da variação, sendo o primeiro componente responsável por 38,7% e o segundo por

22,6% (figura. 3.3). Na estação seca, os dois componentes principais explicaram

93,7% da variação entre as poças, sendo o primeiro componente responsável por

82,1% e o segundo por 11,6% (figura 3.4). Além disso, as PCAs mostraram que as

variáveis limnológicas (temperatura, condutividade, oxigênio dissolvido e pH) e as

dimensões da poça (área e profundidade) tiveram pouca influência no agrupamento

das poças tanto no período de cheia quanto no de seca.

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24

Figura 3.3. PCA das variáveis abióticas no período de cheia.

Figura 3.4. PCA das variáveis abióticas no período de seca.

Foi capturado um total de 9.289 macroinvertebrados, distribuídos em 35

famílias e 54 gêneros de Insecta; 3 famílias e 4 gêneros de Mollusca, 1 ordem de

Annelida e 1 classe de Crustacea. A maioria dos animais foi identificada até gênero.

As exceções foram: Ostracoda (classe), Oligochaeta (ordem), Chironomidae,

Dryopidae e Aphididae (família).

ÁreaProfundidade

Temperatura

Oxigênio dissolvido

Condutividade

pH

P9

P10

P11

P14

-3,0 -2,4 -1,8 -1,2 -0,6 0,0 0,6 1,2 1,8 2,4Componente 1

-0,9

-0,6

-0,3

0,0

0,3

0,6

0,9

1,2

1,5

1,8

Co

mp

one

nte

2

Área

Profundidade Temperatura

OxigênioCondutividade

pH

12

34

5

6

7 8

9

10

1112

13

14

15

16

17 18

19

20

21

22

-2,4 -1,6 -0,8 0,0 0,8 1,6 2,4 3,2 4,0Componente 1

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5C

om

po

ne

nte

2

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25

Foram coletados 56 táxons em 22 poças durante o período chuvoso

(Apêndice A) e 32 táxons em quatro poças no período seco (Apêndice B). Dentre os

grupos de macroinvertebrados coletados, 32 foram exclusivos do período de cheia, 7

exclusivos da estação seca e 25 comuns aos dois períodos.

Os grupos coletados nas amostras foram: Ostracoda (51,5%), Insecta

(40,5%), Mollusca (7,3%) e Oligochaeta (0,7%). Dentre os insetos, os grupos com

maior abundância foram Coleoptera (33%), Odonata (24%), Hemiptera (23%) e

Diptera (18%).

Foi realizada uma análise de Cluster com similaridade de Jaccard entre as 26

poças (22 do período chuvoso e 4 do período seco) em relação à composição da

assembleia de macroinvertebrados (figura 3.5). Foi possível agrupar as poças de

acordo com os períodos de cheia e de seca.

Figura 3.5. Agrupamento com similaridade de Raup-Crick das poças de acordo com a composição de

macroinvertebrados. PC – Poça no período chuvoso; PS – Poça no período seco.

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Sim

ila

rida

de

PS

9

PS

10

PS

11

PS

14

PC

14

PC

22

PC

18

PC

17

PC

21

PC

10

PC

11

PC

12

PC

16

PC

4

PC

9

PC

5

PC

2

PC

1

PC

7

PC

6

PC

3

PC

8

PC

19

PC

20

PC

13

PC

15

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26

Diferentes poças em uma mesma estação apresentaram maior similaridade

em relação à assembleia de macroinvertebrados do que a mesma poça entre

estações diferentes. Isso indica que mudança das estações ao longo do ano

apresenta uma influência significativa na distribuição dos macroinvertebrados.

As poças 21 e 22, pertencentes ao riacho da Lajinha, apresentaram grande

similaridade em relação à assembleia de macroinvertebrados (índice de 0,72). A

distância entre as poças não interferiu na distribuição dos animais, uma vez que

algumas mais próximas apresentaram baixa similaridade (poças 9 e 11 com índice

de 0,39) e algumas mais distantes tiveram alta similaridade (poças 2 e 8 com índice

de 0,8).

A diferença na composição da assembleia de macroinvertebrados entre as

estações ocorreu devido ao período de cheia ser caracterizado pelo predomínio de

insetos, enquanto o período de seca apresentou grande abundância de Ostracoda e

Molusco (figura 3.6).

Figura 3.6. Abundância de macroinvertebrados nas quatro poças presentes no período de cheia e de

seca.

A diferença entre as estações de cheia e de seca também é identificada

dentro do grupo dos insetos (figura 3.7). A ordem Odonata apresentou diminuição

considerável no período seco, enquanto Hemiptera foi o único táxon de inseto a

aumentar a abundância nessa estação. Os grupos Coleoptera e Diptera

permaneceram com abundâncias semelhantes em ambos os períodos.

0

1000

2000

3000

4000

Insecta Ostracoda Mollusca

Seca

Cheia

de

ind

ivíd

uo

s

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27

Figura 3.7. Abundância de insetos nas quatro poças presentes no período de cheia e de seca.

A abundância, a riqueza e o índice de diversidade de Shannon-Wiener dos

macroinvertebrados foram medidas nas poças em cada estação. No período

chuvoso, a riqueza por poça variou de 14 táxons (poça 9) a 32 (poça 11) e a

diversidade de 1,4 (poça 19) a 2,8 (poça 14). Na estação seca, a riqueza máxima foi

de 19 (poça 14) e a mínima foi de 13 (poça 9), enquanto a diversidade variou de 0,5

(poça 9) a 1,3 (poça 14).

A abundância e riqueza foram comparadas entre as estações de cheia e seca

nas quatro poças encontradas em ambas as estações (figuras 3.7 e 3.8,

respectivamente). Houve grande variação na abundância entre as estações (680

indivíduos na cheia e 4593 na seca). A abundância de macroinvertebrados na seca

é significativamente maior que na cheia (Mann-Whitney, p=0,028). A diversidade foi

maior no período de cheia (p=0,028) e a riqueza estimada não variou de forma

significativa entre os períodos (p=0,056).

Figura 3.7. Abundância das quatro poças presentes no período chuvoso e seco.

0

100

200

300

400

500

Coleoptera Diptera Odonata Hemiptera Outros

Seca

Cheia

de

ind

ivíd

uo

s

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28

Figura 3.8. Riqueza estimada das quatro poças remanescentes no período de cheia e seca.

Os grupos funcionais classificados de acordo com a dispersão também foram

analisados entre as estações (figura 3.9). Os animais que possuem dispersão ativa

dominaram durante o período chuvoso (as únicas poças que na tiveram domínio de

animais com dispersão passiva no período de cheia foram a 10, a 18 e a 21),

enquanto na estação seca houve predomínio de animais com dispersão passiva.

Figura 3.9. Abundância dos tipos de dispersão de macroinvertebrados nas quatro poças presentes

no período de cheia e de seca.

As variáveis ambientais também foram analisadas em relação à riqueza,

abundância e diversidade de macroinvertebrados de acordo com a correlação de

Spearman para as 26 poças estudaddas (Tabela 3.3).

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29

Tabela 3.3. Correlação de Spearman entre os fatores ambientais e a abundância, riqueza e

abundância de macroinvertebrados.

Abundância Diversidade Riqueza

Área 0,91 0,02 0,01

Profundidade 0,33 0,07 0,56

Temperatura 0,33 0,81 0,81

Oxigênio dissolvido

0,88 0,77 0,85

Condutividade 0,01 0,87 0,32

pH 0,21 0,01 0,09

. A abundância de macroinvertebrados mostrou-se correlacionada com a área

e o oxigênio dissolvido da poça. A diversidade apresentou maior correlação com a

temperatura e a condutividade, enquanto a riqueza de macroinvertebrados possuiu

maior relação com a temperatura e o oxigênio dissolvido.

A presença de peixes não influenciou de forma significativa a abundância de

Ostracoda (U=49,5, p=0,09), de Insecta (U=76, p=0,75) e de Mollusca (U=65,5,

U=38,8). Entretanto, há um indício de que a presença de peixe diminui a variação da

abundância de Insecta e Ostracoda entre as estações de cheia e seca.

A diversidade de macroinvertebrados não foi influenciada de forma

significativa pela presença de peixes (U=54, p=0,14). Entretanto, a riqueza de

macroinvertebrados na presença de peixes foi significativamente maior (U=44,

p=0,047) que na ausência.

Dentre os insetos, a maioria dos grupos teve um acréscimo na abundância

relativa em poças que não continham peixes. A única exceção foi o grupo Diptera,

que teve um pequeno aumento no número de indivíduos por poça na presença de

peixes (figura 3.10).

Figura 3.10. Abundância relativa dos grupos de insetos em relação à presença de peixes

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30

4 Discussão

A variação entre os parâmetros físico-químicos dos ambientes amostrados faz

com que cada poça seja um habitat único para os animais. Por isso, observou-se

uma grande variação na composição de macroinvertebrados entre as poças, mesmo

que a distância entre elas seja muito pequena.

A pequena diferença das variáveis abióticas entre a estação de seca e cheia

provavelmente foi devido à baixa precipitação no ano de 2013, fazendo com que os

níveis de água das poças na cheia fossem menores que o esperado. A baixa

quantidade de poças no período seco dificultou a comparação de médias utilizando-

se o teste de Mann-Whitney.

Em um ambiente com chuvas irregulares ao longo do ano, a maioria das

poças tem duração temporária, variando seu nível de água de acordo com o regime

hidrológico. Isso fez com que a composição da assembleia de macroinvertebrados

aquáticos no presente trabalho variasse ao longo das estações como encontrado em

ambientes temperados por Brooks (2000) e Álvarez-Cabria et al. (2011).

Essa mudança na composição relacionada ao ciclo hidrológico também foi

encontrada por Lahr et al. (1999),; Jocque et al. (2007), Vanschoenwinkel et al.

(2009). Entretanto, nesses trabalhos, as poças estudadas durante o período seco

praticamente não apresentavam macrófitas, enquanto as poças da presente

pesquisa permaneceram com vegetação até evaporarem completamente.

Isso fez com que as poças permanecessem com uma grande

heterogeneidade de habitats, mesmo no período de seca. O aumento na riqueza de

macroinvertebrados na presença de macrófitas também foi encontrado por Solimini

et al. (2003) e Walker; Wijnhoven; Velde (2012).

O ciclo hidrológico, além de determinar a quantidade de água, também

influencia os parâmetros limnológicos do ambiente, como temperatura e pH. Dessa

maneira, os macroinvertebrados precisam enfrentar diversas variações ambientais

ao longo do ano, o que dificulta uma mesma espécie permanecer o ano inteiro na

poça (Florencio et al., 2013).

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31

Diante disso, quando se comparou a composição de macroinvertebrados com

a similaridade de Jaccard, todas as poças de um mesmo período apresentaram

maior similaridade entre si do que com poças da outra estação. Dessa forma, o ciclo

hidrológico mostrou-se importante para se entender a mudança na composição dos

macroinvertebrados ao longo das estações.

A diferença entre as estações ocorreu principalmente pelo desaparecimento

de muitos grupos na transição da cheia para a seca, uma vez que apenas sete

grupos de macroinvertebrados que não estavam presentes na estação chuvosa

apareceram na seca. Isso pode ser evidência de que as condições do período seco

são desfavoráveis à persistência da maioria dos grupos de macroinvertebrados.

Outra diferença entre as poças ao longo do ano foi a variação da abundância

de insetos e ostracodas. No período de cheia, houve um grande predomínio da

classe Insecta, enquanto na estação seca a classe Ostracoda apresentou grande

abundância. Isso é reflexo da diferença na capacidade de dispersão dos animais.

Insetos possuem dispersão ativa, enquanto os ostracodas têm dispersão

passiva. Durante o período de cheia, as variáveis limnológicas permanecem mais

estáveis, favorecendo o estabelecimento de grupos competidores que colonizam a

poça através de dispersão ativa. Esses animais dominam o ambiente durante a fase

cheia, utilizando-a para se reproduzir antes que a poça seque.

A colonização da maioria dos grupos de macroinvertebrados de forma ativa

no mesmo período mostra uma sincronização com o evento de cheia. Durante essa

fase, o animal deve encontrar a poça e reproduzir rapidamente, para que seus

descendentes se desenvolvam na água e cresçam até a fase adulta antes da poça

secar.

Por isso, muitos animais nesse ambiente possuem ciclos de vida curtos e

sincronizados com o período de cheia, de modo que os descendentes desenvolvem-

se em adultos terrestres antes da seca ou em estágios de vida com capacidade de

resistência à seca (Lytle, 2002; Lytle; Poof, 2004; Díaz et al., 2008).

Os ostracodas, com dispersão passiva e capacidade de dormência, podem

permanecer na poça até a água desaparecer, sobrevivendo e durante o período

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32

seco em um estágio resistente a essa condição. Por isso, esse grupo apresentou

grande abundância nessa estação.

Apesar das poças serem formadas por depressões rochosas, a sucessão

ecológica ao longo do tempo foi acompanhada pela formação de vegetação e solo, o

que permite a permanência desses animais em estágios de dormência durante o

período de seca. Caso o ambiente fosse novo e a sucessão ecológica estivesse no

início, o substrato exclusivamente de rocha dificultaria a permanência desses

macroinvertebrados.

A abundância semelhante de indivíduos entre as 22 poças da cheia e as 4 da

seca mostram que durante esse último período há um grande predomínio dos táxons

que conseguem sobreviver às condições adversas e por isso dominam as poças

numericamente. Por isso, apesar de possuir uma menor riqueza, as poças do

período de seca têm uma abundância maior de macroinvertebrados do que no

período de cheia, como observado em relação gênero Biomphalaria e à classe

Ostracoda, ambos com dispersão passiva.

Estes dois táxons são dominantes no período seco possivelmente devido a

adaptações morfológicas (conchas) que protegem as suas partes moles da

dissecação. Além disso, há uma maior facilidade de coleta no período de seca, o

que pode favorecer a coleta de mais macroinvertebrados, provocando um aumento

da abundância desses animais.

Por outro lado, a diminuição significativa da riqueza e diversidade na transição

da cheia para a seca mostra que, apesar do período chuvoso possuir menos

indivíduos por poça, o aumento no nível da água favorece a reprodução e

permanência de uma grande quantidade de indivíduos diferentes, principalmente

devido à estabilidade nos níveis dos parâmetros físico-químicos e ao aumento do

número de microhabitats.

Durante o período de cheia, as poças apresentaram maior riqueza. Essa

relação era esperada, pois diversos trabalhos ressaltam que em poças temporárias

a quantidade de água é um fator determinante para a estrutura da assembleia de

macroinvertebrados (Underwood; Skilleter, 1996; Allen et al., 1998; Florencio et al.,

2009; Porst; Irvine, 2009; Schriever; Williams, 2013). Um ambiente com maior área e

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33

profundidade leva a uma menor variação dos parâmetros físico-químicos. Tendo em

vista que muitos animais não conseguem resistir a extremos desses parâmetros,

essa estabilidade permite uma maior riqueza no ambiente durante o período de

cheia do que de seca (Romanuk; Kolasa, 2002).

Os resultados mostraram que a riqueza de macroinvertebrados está

relacionada com a temperatura e o oxigênio dissolvido e tem pouca relação com a

área da poça. A relação área-espécie é bem conhecida e foi testada em diversos

trabalhos com macroinvertebrados. Esta relação foi considerada significativa em

alguns trabalhos (Spencer et al., 1999; Oertli et al., 2001; Maltchik et al., 2010;

Brooks; Colburn, 2012), enquanto outros não encontraram nenhuma relação área-

riqueza (Bilton et al., 2009; Hamilton IV et al., 2012).

A abundância de macroinvertebrados mostrou-se correlacionada com a área

da poça. Provavelmente, as poças persistentes do período seco, que tinham grande

área e muitos macroinvertebrados, contribuíram para essa relação. Isso corrobora a

ideia de que ambientes maiores abrigam populações maiores, que são extintas com

mais dificuldade (MacArthur; Wilson, 1967). Esta ideia foi verificado por Lassen et

al., 1975 em seu trabalho com moluscos.

O agrupamento com a similaridade de Raup-Crick mostrou que as

composições das assembleias de macroinvertebrados não pareceram ser afetadas

pela presença ou ausência de peixes. A abundância e diversidade de

macroinvertebrados foram semelhantes de forma independente à presença ou

ausência de peixes. Entretanto, a riqueza de macroinvertebrados foi

significativamente maior em poças que possuíam peixes do que nas que não tinham.

A entrada de um predador de topo pode aumentar a riqueza no ambiente ao

diminuir a população de um macroinvertebrado dominante em uma poça. Isso

acontece porque os peixes geralmente se alimentam de macroinvertebrados

carnívoros. Com isso, outros macroinvertebrados que são presas dessas espécies

dominantes terão mais chance de sobrevivência ao explorar o ambiente e a poça

pode abrigar um maior número de grupos de macroinvertebrados (Heino, 2000).

Além disso, as poças que continham peixes eram as de maiores área e

profundidade. Portanto, a presença de peixes pode não ser a causa de uma maior

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riqueza de macroinvertebrados, podendo estas ser consequências da maior

heterogeneidade de habitats, pois a riqueza de peixes, assim como a de

macroinvertebrados, aumenta em ambientes maiores e mais heterogêneos.

O fator que melhor explicou as diferenças entre as composições dos táxons

descritos foi o período da coleta (seca e cheia). Algumas poças de um mesmo

período possuíram níveis de variáveis abióticas bem diferentes entre si, mas ainda

assim a composição dos organismos foi semelhante. Por outro lado, poças de

diferentes estações com níveis variáveis abióticas parecidas tiveram grande

diferença na composição dos animais.

Dessa maneira, as diferentes estratégias de vida dos macroinvertebrados

parecem exercer um papel essencial na colonização desses ambientes.

Provavelmente, esses animais apresentam adaptações comportamentais

sincronizadas com os eventos de cheia e seca das poças.

Por isso, em ambientes semiáridos com poças temporárias, a limitação maior

para a reprodução é conseguir colonizar um corpo d’água com rapidez, a fim de que

os descendentes tenham tempo de se desenvolver em indivíduos adultos antes da

poça secar completamente.

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5 Conclusões

Algumas variáveis abióticas mensuradas foram preditoras importantes da

riqueza e diversidade da assembleia de macroinvertebrados. A área e profundidade

da poça possuíram grande influência na persistência dos animais no período de

seca, ressaltando a importância do ciclo hidrológico nesses ambientes.

A conservação das poças deve ser feita de modo a priorizar aquelas que

abriguem diversas espécies vegetais, uma vez que estas fornecem abrigo, alimento

e oxigênio dissolvido para os macroinvertebrados, aumentando a riqueza de

espécies desses animais. Além disso, as plantas reduzem a taxa de perda de água

das poças, possibilitando maior chance de sobrevivência aos animais de

colonização lenta e ciclo de vida mais longo.

A interação biótica com a presença de peixes não foi um fator importante na

composição e distribuição da assembleia de macroinvertebrados. Além disso, o

aumento na riqueza de macroinvertebrados em poças que continham peixes pode

ter ocorrido devido a essas poças serem maiores e possuírem mais macrófitas.

Nesses locais, o ciclo hídrico representou um fator essencial para a

sobrevivência e distribuição dos grupos de macroinvertebrados ao longo do ano.

Poças distantes e com microhabitats diferentes apresentaram assembleia de

macroinvertebrados parecidas em uma mesma estação, o que demonstrou a

diferença na composição de táxons entre as estações seca e chuvosa. Dessa forma,

o processo natural de variação hidrológica ao longo do ano permite a manutenção

dessas diferentes assembleias.

Portanto, uma ação humana para tornar essas poças temporárias em

permanentes durante todo o ano (prática comum em regiões semiáridas) deve ser

feita com cautela, pois dificultaria aos grupos adaptados ao período de seca

sobreviver e se reproduzir, provocando uma diminuição na riqueza e na diversidade

dos macroinvertebrados

Esta adaptação está relacionada a fatores como capacidade de dormência,

dependência da água para reprodução e tipo de dispersão. Ao longo do ciclo

hidrológico, animais com diferentes estratégias de vida são predominantes. Em

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ambientes com frequências e intensidades de chuvas imprevisíveis, ciclos de vida

curtos e grande dispersão são favorecidos.

Diante disso, a manutenção desses ecossistemas, que são muito importantes

para a comunidade local, deve levar em consideração não apenas as maiores poças

ou as que nunca secam. Antes, deve-se conservar o conjunto de poças existentes,

que permitem a sobrevivência e reprodução de um grande número de espécies de

animais com estratégias de vida diferentes.

6. Considerações finais

O presente trabalho descreveu e analisou diferentes assembleias de

macroinvertebrados em poças temporárias do semiárido nordestino, a fim de se

conhecer esse tipo de ambiente, bem como a variação de seus componentes

bióticos ao longo do ano.

A pesquisa confirma a importância do ciclo hidrológico para a composição e

distribuição dos animais no semiárido. Também foi verificada a importância das

diversas estratégias de vida dos macroinvertebrados e a prevalência de algumas

delas nos diferentes períodos do ano.

Entretanto, é necessário um trabalho a longo prazo que possa descrever os

macroinvertebrados em diferentes estações e em níveis de precipitações

variados, para que o papel do ciclo hidrológico na distribuição desses animais

seja melhor entendido no semiárido e seja mais fácil o desenvolvimento de um

trabalho de sustentabilidade desses ambientes.

Além disso, um trabalho de taxonomia para macroinvertebrados do semiárido

é essencial, pois a utilização de chaves taxonômicas feitas para animais em

climas temperados leva à dificuldade e a possíveis erros na identificação dos

macroinvertebrados do semiárido.

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7. Perspectivas futuras

As poças temporárias em clima semiárido representam um ambiente muito

importante por fornecer água à população local para os mais diversos usos

durante parte do ano. Além disso, suas características peculiares favorecem a

existência de espécies endêmicas, havendo uma alta diversidade de seres vivos

nesses ambientes.

Espera-se contribuir para a elaboração e execução de ações que visem

conservar e manter os ambientes de poças temporárias. Para isso, é necessário

um conhecimento das variáveis abióticas e dos componentes bióticos que

habitam esses locais.

O conhecimento dos macroinvertebrados que habitam as poças temporárias e

a sua relação com as variáveis abióticas podem auxiliar na realização de

biomonitoramento, que é a utilização de animais para se inferir o nível de alguns

parâmetros limnológicos de qualidade da água.

Dessa forma, será possível associar a abundância e riqueza de determinados

grupos a um ambiente mais degradado ou menos degradado, através de um

índice pré-estabelecido. Com isso, poderá se avaliar frequentemente a qualidade

da água e tentar identificar possíveis fontes poluidoras.

Esse processo já é utilizado no Brasil, com índices europeus modificados.

Entretanto, é necessária a adaptação para a região semiárida. Uma vez que os

animais dessa região possuem estratégias de vida diferentes de regiões

temperadas, a relação entre a sua abundância e os parâmetros limnológicos

provavelmente difere dos índices feitos em outros continentes.

Com um índice de biomonitoramento adaptado para a região, poderão ser

feitos projetos de educação ambiental na comunidade, a fim de que as pessoas

compreendam a importância desse ambiente, como utilizar melhor a água das

poças e de que forma elas podem prevenir a sua degradação.

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APÊNDICE A – COMPOSIÇÃO DE MACROINVERTEBRADOS NO PERÍODO DE CHEIA NAS POÇAS DO SÍTIO PALEONTOLÓGICO LAJINHAS, ITAPIPOCA-CE.

Táxon P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22 OLIGOCHAETA - 2 5 15 - - 7 2- 2 1 - - - - - - - - - - - -

INSECTA

Coleoptera

Curculionidae

Listrotonotus 2 1 1 7 2 - 2 1 - - 1 1 - - - - - 1 - - - -

Steremnius 4 1 7 17 14 1 28 14 1 2 4 13 1 2 - 2 11 20 - 1 - -

Dytiscidae

Agabus - - - - - - - - 2 - 2 - - - - - - - - - - -

Cybister 3 2 1 1 2 3 2 2 - 1 6 1 - 1 - 2 - 2 1 4 8 6

Dytiscus 1 - - - - - - - - - 3 1 - 9 - - - - 1 20 6 2

Uvarus - - - - - - - - - 2 1 - 3 - 3 1 - - - 11 8 1

Elmidae

Ancyronix - 5 7 5 1 - - 1 - - - - - - - - - - - - - -

Dubiraphia - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 10 1

Planocerus - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - -

Georyssidae

Georyssus 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Haliplidae

Haliplus 1 1 - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - -

Hydrophilidae

Anacaena 10 7 17 41 12 14 15 5 8 2 6 12 10 12 3 - 15 26 - 48 3 5

Derallus - - - - - - - - - - - - - 2 - - - - - - - -

Paracymus 34 10 20 62 32 20 25 12 10 5 14 17 12 21 6 - 20 44 1 68 8 10

Tropisternus - - - - 7 - - 4 - - - - - - 3 - - 11 - 2 - -

Staphylinidae

Bledius - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Stenus 3 1 3 8 1 - 10 3 1 3 - 2 - - - - - 1 - - - -

Diptera

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Ceratopogonidae

Alluaudomyia - - - - - - - - - - - - 1 - 1 - - - - - - -

Probezzia - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - -

Chironomidae 20 15 11 2 27 11 7 13 8 3 38 21 18 10 34 4 20 14 17 45 10 6

Culicidae

Deinocerites - - 1 - 4 - - - - - 3 1 - 1 1 - - - 1 22 - -

Orthopodomyia - - 2 1 2 - - - - 2 13 5 2 10 8 1 3 1 9 19 - -

Dryomizidae

Oedoparena - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - -

Muscidae

Limnophora - - - - - - - 2 - - - - - - - - - - - - - -

Stratiomyidae

Odontomyia - - - - - - - - - 1 2 - - 4 - - - - - - 1 -

Tabanidae

Chrysops 10 4 4 23 4 2 5 10 - - 6 4 2 - 4 - - 3 - 1 - -

Thaumaleidae

Thaumalea 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Ephemeroptera

Baetidae

Baetis - - - - 3 - - - - - - - - - - - - - - 32 12 13

Cloeon - - - - - - - - 4 - - - - - - - - - 1 11 2 -

Hemiptera

Aphididae 4 - - 9 - - - - - 4 2 13 9 1 9 4 2 24 - 3 - -

Belostomatidae

Abedus - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - 12 8

Gerridae

Rheumatobates - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - -

Macroveliidae

Macrovelia 3 1 13 31 11 1 2 1 - - 4 4 3 12 1 2 3 4 1 - 1 -

Mesoveliidae

Mesovelia 5 - 7 23 3 - 6 - 3 5 3 1 3 4 - - 1 1 3 1 1 -

Naucoridae

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47

Limnocoris - - - - - - - - - - 6 - - 3 - - - - - - - 13

Pelocoris - - - - - - - - - - 8 - - 2 - 2 - - - - - -

Notonectidae

Notonecta 7 - 1 - 1 2 - - 53 1 3 - - 7 4 18 7 - - 4 16 5

Pleidae

Paraplea - - - - - - 7 - - 25 - - 2 - 1 - - - - - - -

Veliidae

Microvelia - - - 2 - - - - 2 1 2 - 2 1 1 1 4 2 3 5 1 1

Lepidoptera

Crambidae

Crambus 2 2 2 6 3 - - 4 22 1 1 - - 1 4 - - - - - - -

Odonata

Aeshnidae

Aeshna 6 9 7 4 28 4 1- 6 - - 5 12 5 12 12 - 6 12 5 1 1 2

Anax 1 1 2 3 8 3 4 5 4 1 4 5 3 4 9 2 1 10 - 1 - -

Coryphaeschna - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - -

Gynacantha - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - -

Coenagrionidae

Chromagrion 19 15 15 14 78 2 5 7 - 2 10 13 2 9 8 - 24 4 - - - -

Hesperagrion - - - - - - - - - - 2 - - 3 - - - - - - - -

Gomphidae

Gomphus - - - - - - - - - - - - - 1 - - 1 - 2 - - 1

Lestidae

Lestes 2 1 2 - 4 - - - - - 1 1 - - - - 19 - - 1 - -

Libellulidae

Erythrodiplax 17 5 7 3 32 15 21 24 - 7 4 5 12 6 6 15 30 39 1 - 4 -

Plecoptera

Perlodidae

Isoperla

- - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - -

OSTRACODA 42 40 36 18 26 41 15 28 9 8 48 65 18 35 93 68 77 68 94 96 39 48

GASTROPODA

Architaenioglossa

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48

Táxon P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 P11 P12 P13 P14 P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21 P22 OLIGOCHAETA - 2 5 15 - - 7 2- 2 1 - - - - - - - - - - - -

INSECTA

Coleoptera

Curculionidae

Listrotonotus 2 1 1 7 2 - 2 1 - - 1 1 - - - - - 1 - - - -

Steremnius 4 1 7 17 14 1 28 14 1 2 4 13 1 2 - 2 11 20 - 1 - -

Dytiscidae

Agabus - - - - - - - - 2 - 2 - - - - - - - - - - -

Cybister 3 2 1 1 2 3 2 2 - 1 6 1 - 1 - 2 - 2 1 4 8 6

Dytiscus 1 - - - - - - - - - 3 1 - 9 - - - - 1 20 6 2

Uvarus - - - - - - - - - 2 1 - 3 - 3 1 - - - 11 8 1

Elmidae

Ancyronix - 5 7 5 1 - - 1 - - - - - - - - - - - - - -

Dubiraphia - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 10 1

Planocerus - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - - - -

Georyssidae

Georyssus 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Haliplidae

Haliplus 1 1 - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - -

Hydrophilidae

Anacaena 10 7 17 41 12 14 15 5 8 2 6 12 10 12 3 - 15 26 - 48 3 5

Derallus - - - - - - - - - - - - - 2 - - - - - - - -

Paracymus 34 10 20 62 32 20 25 12 10 5 14 17 12 21 6 - 20 44 1 68 8 10

Tropisternus - - - - 7 - - 4 - - - - - - 3 - - 11 - 2 - -

Staphylinidae

Bledius - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Stenus 3 1 3 8 1 - 10 3 1 3 - 2 - - - - - 1 - - - -

Diptera

Ceratopogonidae

Ampularidae

Pomacea 1 5 3 1 14 - - 1 - 6 1 - - - 1 - - - - - - -

Hygrophila

Physidae

Physa 3 5 - 2 7 - 2 - - 75 - - 27 2 8 2 - - - - 3 4

Planorbidae

Biomphalaria 4 - 3 - 34 1 - - - 9 2 1 4 1 1 6 - - - - 139 200

Depanotrema

7 3 - - 1 - - - - - 1 - - - - - - - - - 7 -

TOTAL 104 72 83 106 175 67 60 69 97 118 98 107 86 95 149 121 153 161 110 155 238 295

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49

Alluaudomyia - - - - - - - - - - - - 1 - 1 - - - - - - -

Probezzia - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - - -

Chironomidae 20 15 11 2 27 11 7 13 8 3 38 21 18 10 34 4 20 14 17 45 10 6

Culicidae

Deinocerites - - 1 - 4 - - - - - 3 1 - 1 1 - - - 1 22 - -

Orthopodomyia - - 2 1 2 - - - - 2 13 5 2 10 8 1 3 1 9 19 - -

Dryomizidae

Oedoparena - - - - - 1 - - - - - - - - - - - - - - - -

Muscidae

Limnophora - - - - - - - 2 - - - - - - - - - - - - - -

Stratiomyidae

Odontomyia - - - - - - - - - 1 2 - - 4 - - - - - - 1 -

Tabanidae

Chrysops 10 4 4 23 4 2 5 10 - - 6 4 2 - 4 - - 3 - 1 - -

Thaumaleidae

Thaumalea 1 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Ephemeroptera

Baetidae

Baetis - - - - 3 - - - - - - - - - - - - - - 32 12 13

Cloeon - - - - - - - - 4 - - - - - - - - - 1 11 2 -

Hemiptera

Aphididae 4 - - 9 - - - - - 4 2 13 9 1 9 4 2 24 - 3 - -

Belostomatidae

Abedus - - - - - - - - - - 1 - - - - - - - - - 12 8

Gerridae

Rheumatobates - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - - -

Macroveliidae

Macrovelia 3 1 13 31 11 1 2 1 - - 4 4 3 12 1 2 3 4 1 - 1 -

Mesoveliidae

Mesovelia 5 - 7 23 3 - 6 - 3 5 3 1 3 4 - - 1 1 3 1 1 -

Naucoridae

Limnocoris - - - - - - - - - - 6 - - 3 - - - - - - - 13

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ... · fluxo influencia o transporte e alimentação dos organismos e é um fator importante na estrutura de comunidades aquáticas

50

Pelocoris - - - - - - - - - - 8 - - 2 - 2 - - - - - -

Notonectidae

Notonecta 7 - 1 - 1 2 - - 53 1 3 - - 7 4 18 7 - - 4 16 5

Pleidae

Paraplea - - - - - - 7 - - 25 - - 2 - 1 - - - - - - -

Veliidae

Microvelia - - - 2 - - - - 2 1 2 - 2 1 1 1 4 2 3 5 1 1

Lepidoptera

Crambidae

Crambus 2 2 2 6 3 - - 4 22 1 1 - - 1 4 - - - - - - -

Odonata

Aeshnidae

Aeshna 6 9 7 4 28 4 1- 6 - - 5 12 5 12 12 - 6 12 5 1 1 2

Anax 1 1 2 3 8 3 4 5 4 1 4 5 3 4 9 2 1 10 - 1 - -

Coryphaeschna - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - -

Gynacantha - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - - -

Coenagrionidae

Chromagrion 19 15 15 14 78 2 5 7 - 2 10 13 2 9 8 - 24 4 - - - -

Hesperagrion - - - - - - - - - - 2 - - 3 - - - - - - - -

Gomphidae

Gomphus - - - - - - - - - - - - - 1 - - 1 - 2 - - 1

Lestidae

Lestes 2 1 2 - 4 - - - - - 1 1 - - - - 19 - - 1 - -

Libellulidae

Erythrodiplax 17 5 7 3 32 15 21 24 - 7 4 5 12 6 6 15 30 39 1 - 4 -

Plecoptera

Perlodidae

Isoperla

- - - - - - - - - - - - - - - - - 1 - - - -

OSTRACODA 42 40 36 18 26 41 15 28 9 8 48 65 18 35 93 68 77 68 94 96 39 48

GASTROPODA

Architaenioglossa

Ampularidae

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51

Pomacea 1 5 3 1 14 - - 1 - 6 1 - - - 1 - - - - - - -

Hygrophila

Physidae

Physa 3 5 - 2 7 - 2 - - 75 - - 27 2 8 2 - - - - 3 4

Planorbidae

Biomphalaria 4 - 3 - 34 1 - - - 9 2 1 4 1 1 6 - - - - 139 200

Depanotrema

7 3 - - 1 - - - - - 1 - - - - - - - - - 7 -

TOTAL 104 72 83 106 175 67 60 69 97 118 98 107 86 95 149 121 153 161 110 155 238 295

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52

APÊNDICE B – COMPOSIÇÃO DE MACROINVERTEBRADOS NO PERÍODO DE

SECA NAS POÇAS DO SÍTIO PALEONTOLÓGICO LAJINHAS, ITAPIPOCA-CE.

Táxon

P9

P10

P11

P14

OLIGOCHAETA 1 - 11 -

INSECTA

Coleoptera

Curculionidae Steremnius 1 - - -

Dryopidae 2 21 - -

Dytiscidae

Cybister - 1 - - Dytiscus - - - 6 Suphisellus - 1 1 12

Uvarus - - - 2

Hydrophilidae

Anacaena 3 - - 6 Derallus - - - 5 Hydrovatus - 1 - - Paracymus 1- - 1 11 Tropisternus 1 6 1 13

Diptera

Ceratopogonidae

Allauadomyia - - 1 -

Chironomidae

6

3

4-

36

Culicidae

Orthopodomyia - - - 1

Stratiomyidae

Odontomyia - - - 1-

Tabanidae

Chrysops - - - 6 Ephemeroptera

Baetidae Baetis - - 5 4

Hemiptera

Aphididae 58 3 - -

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ... · fluxo influencia o transporte e alimentação dos organismos e é um fator importante na estrutura de comunidades aquáticas

53

Belostomatidae

Abedus - - - 6

Macroveliidae

Macrovelia - - 3 3

Naucoridae

Pelocoris - - 2 9

Notonectidae

Notonecta - - 1 22

Pleidae

Paraplea 164 7 - -

Lepidoptera

Crambidae Crambus - 1 - -

Pyralidae

Paraponyx 4 1 - - Odonata

Coenagrionidae Chromagrion - - - 4

Libellulidae

Erythrodiplax - 5 15 12 LibelluLa 1 - 1 8

OSTRACODA

1694

1172

354

421

GASTROPODA

Hygrophila

Physidae Physa 2 7 - -

Planorbidae Biomphalaria 1 383 - -

TOTAL 1924 1579 381 489