universidade federal do oeste do parÁ prÓ-reitoria …...orescência de raios-x (efrx) e...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARAacute PROacute-REITORIA DE PESQUISA E POacuteS-GRADUACcedilAtildeO E
INOVACcedilAtildeO TECNOLOGICA PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM RECURSOS
NATURAIS DA AMAZOcircNIA
CARACTERIZACcedilAtildeO TECNOLOacuteGICA DO REJEITO DA
PLANTA DE BENEFICIAMENTO DE BAUXITA EM JURUTI- PARAacute
ANDSON PEREIRA FERREIRA
Santareacutem Paraacute Janeiro de 2016
ANDSON PEREIRA FERREIRA
CARACTERIZACcedilAtildeO TECNOLOacuteGICA DO REJEITO DA PLANTA DE BENEFICIAMENTO DE BAUXITA EM JURUTI-
PARAacute
Orientador Prof Dr Manoel Roberval Santos Co-orientador Prof Dr Bruno Figueira
Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universi-
dade Federal do Oeste do Paraacute ndash
UFOPA como parte dos requisitos
para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Recursos Naturais da Amazocircnia junto
ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
Stricto Sensu em Recursos Naturais da
Amazocircnia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo
e manejo de recursos naturais da Ama-
zocircnia
Santareacutem Paraacute Janeiro de 2016
ii
Agrave Valquiacuteria (in memoriam) e Maria Joseacute
iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ser o Mentor da minha vida das minhas
realizaccedilotildees e sonhos e por nunca me desamparar mesmo sem que eu
mereccedila
Agrave minha querida avoacute Maria Joseacute que deu continuidade aos sonhos
de minha matildee
Agrave Luane por ter me ajudado e me compreendido nos momentos em
que precisei
Agrave Eline por ter me incentivado a participar da seleccedilatildeo do mestrado
Agrave minha famiacutelia e amigos que satildeo alicerces para nos motivar a con-
quistar e realizar sonhos contribuindo de alguma forma para que este
trabalho pudesse ser elaborado
Ao Professor Roberval por natildeo ter desistido de ser meu orientador
e ao professor Bruno que aceitou o desafio de ser meu co-orientador
Agrave Alcoa na pessoa do Engenheiro Ever Dias que propiciou a coleta
das amostras
A todos os meus mais sinceros a g r a d e c i m e n t o s
iv
ldquoPor que ningueacutem nos leva a seacuterio Soacute o nosso mineacuteriordquo Edmar Rocha
v
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67
paacuteginas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais
da Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da
Amazocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
RESUMO
A necessidade de caracterizar tecnologicamente o rejeito da usina
de beneficiamento de Bauxita em Juruti-PA para identificar sua compo-
siccedilatildeo quiacutemica e mineraloacutegica levou agrave realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em
vista que eacute necessaacuterio conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quan-
tidade A preocupaccedilatildeo com os rejeitos de mineraccedilatildeo de bauxita veio agrave
tona com o rompimento de barragens em Miraiacute - Minas Gerais Esta
pesquisa foi feita atraveacutes da espect rometria de f luorescecircncia de raios-
x da difraccedilatildeo de raios-x e da anaacutelise teacutermica A espectrometria de
fluorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila de treze elementos quiacutemi-
cos ferro alumiacutenio siliacutecio titacircnio zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro Percebeu-se que as principais
fases mineraloacutegicas do rejeito satildeo representadas por gibbsita hema-
tita caulinita e anataacutesio Jaacute a anaacutelise teacutermica apontou que as mudanccedilas
de fase mais significativas soacute ocorrem com uma temperatura acima de
300 ordmC mostrando certa estabilidade teacutermica do rejeito Os resultados
demonstram que os componentes dos rejeitos do beneficiamento de bau-
xita em Juruti apresentam caracteriacutesticas apreciaacuteveis pela engenharia
civil apontando a possibilidade de seu uso para aumentar a resistecircncia
do concreto
Palavras-Chave Rejeitos de Mineraccedilatildeo Bauxita Juruti - PA
vi
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67 paacutegi-
nas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia Aacuterea
de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais da
Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da Ama-
zocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
ABSTRACT
The need for technologically characterize the waste from bauxite
processing plant in Juruti-PA to identify with your position-chemical and
mineralogical led to this work with a view that is necessary to know what
is being generated and how much Concern about the bauxite mining
waste came up with the breaking of dams in Miraiacute -Gerais Gerais This
research was done by fluorescence spectrometry x-rays the x-ray diffrac-
tion and thermal analysis The x-ray fluorescence spectrometry indicated
the presence of thirteen chemical elements iron aluminum silicon tita-
nium zirconium calcium vanadium potassium chromium sulfur cobalt
niobium and chlorine It is noticed that the main mineralogical phases of
the waste are represented by gibbsite hemat ite kaolinite and anatase
The thermal analysis showed that the phase changes most signifi -tive only
occur at a temperature above 300 degC showing some of the waste heat
stability The results demonstrate that the components of the Juruti baux-
ite beneficiation rejects exhibit appreciable characteristics of civil engi-
neering pointing to the possibility of its use to increase the strength of
concrete
Key Words Mining Tailings Bauxite Juruti - PA
vii
SUMAacuteRIO Paacuteg
1 INTROCcedilAtildeO GERAL 01
11 Generalidades 01
12 Objetivos 02
13 Problemaacutetica 02
14 Hipoacutetese 03
15 Justif icativa 04
16 Revisatildeo Bibl iograacutef ica 05
161 A Bauxita 05
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica 08
163 A Importacircncia Econocircmica da Bauxita 11
164 A Lavra da Bauxita em Juruti -PA 14
165 O Beneficiamento da Bauxita em Jurut i -PA 23
166 A Barragem de Rejeito 29
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 34
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo 34
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras 35
23 Teacutecnicas e Equipamentos 36
3 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 38
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios -X 38
32 Difratometria de Raios-X 42
33 Anaacutelise Teacutermica helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 48
4 CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS 53
viii
LISTA DE TABELAS
Paacuteg
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013 11
Tabela 02 Municiacutepios Brasileiros Produtores de Bauxita em 2015 12
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013 13
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013 14
Tabela 05 Cronograma de Amostragem 35
Tabela 06 Resultados da EFRX 38
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
ANDSON PEREIRA FERREIRA
CARACTERIZACcedilAtildeO TECNOLOacuteGICA DO REJEITO DA PLANTA DE BENEFICIAMENTO DE BAUXITA EM JURUTI-
PARAacute
Orientador Prof Dr Manoel Roberval Santos Co-orientador Prof Dr Bruno Figueira
Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Universi-
dade Federal do Oeste do Paraacute ndash
UFOPA como parte dos requisitos
para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em
Recursos Naturais da Amazocircnia junto
ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
Stricto Sensu em Recursos Naturais da
Amazocircnia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo
e manejo de recursos naturais da Ama-
zocircnia
Santareacutem Paraacute Janeiro de 2016
ii
Agrave Valquiacuteria (in memoriam) e Maria Joseacute
iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ser o Mentor da minha vida das minhas
realizaccedilotildees e sonhos e por nunca me desamparar mesmo sem que eu
mereccedila
Agrave minha querida avoacute Maria Joseacute que deu continuidade aos sonhos
de minha matildee
Agrave Luane por ter me ajudado e me compreendido nos momentos em
que precisei
Agrave Eline por ter me incentivado a participar da seleccedilatildeo do mestrado
Agrave minha famiacutelia e amigos que satildeo alicerces para nos motivar a con-
quistar e realizar sonhos contribuindo de alguma forma para que este
trabalho pudesse ser elaborado
Ao Professor Roberval por natildeo ter desistido de ser meu orientador
e ao professor Bruno que aceitou o desafio de ser meu co-orientador
Agrave Alcoa na pessoa do Engenheiro Ever Dias que propiciou a coleta
das amostras
A todos os meus mais sinceros a g r a d e c i m e n t o s
iv
ldquoPor que ningueacutem nos leva a seacuterio Soacute o nosso mineacuteriordquo Edmar Rocha
v
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67
paacuteginas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais
da Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da
Amazocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
RESUMO
A necessidade de caracterizar tecnologicamente o rejeito da usina
de beneficiamento de Bauxita em Juruti-PA para identificar sua compo-
siccedilatildeo quiacutemica e mineraloacutegica levou agrave realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em
vista que eacute necessaacuterio conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quan-
tidade A preocupaccedilatildeo com os rejeitos de mineraccedilatildeo de bauxita veio agrave
tona com o rompimento de barragens em Miraiacute - Minas Gerais Esta
pesquisa foi feita atraveacutes da espect rometria de f luorescecircncia de raios-
x da difraccedilatildeo de raios-x e da anaacutelise teacutermica A espectrometria de
fluorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila de treze elementos quiacutemi-
cos ferro alumiacutenio siliacutecio titacircnio zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro Percebeu-se que as principais
fases mineraloacutegicas do rejeito satildeo representadas por gibbsita hema-
tita caulinita e anataacutesio Jaacute a anaacutelise teacutermica apontou que as mudanccedilas
de fase mais significativas soacute ocorrem com uma temperatura acima de
300 ordmC mostrando certa estabilidade teacutermica do rejeito Os resultados
demonstram que os componentes dos rejeitos do beneficiamento de bau-
xita em Juruti apresentam caracteriacutesticas apreciaacuteveis pela engenharia
civil apontando a possibilidade de seu uso para aumentar a resistecircncia
do concreto
Palavras-Chave Rejeitos de Mineraccedilatildeo Bauxita Juruti - PA
vi
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67 paacutegi-
nas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia Aacuterea
de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais da
Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da Ama-
zocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
ABSTRACT
The need for technologically characterize the waste from bauxite
processing plant in Juruti-PA to identify with your position-chemical and
mineralogical led to this work with a view that is necessary to know what
is being generated and how much Concern about the bauxite mining
waste came up with the breaking of dams in Miraiacute -Gerais Gerais This
research was done by fluorescence spectrometry x-rays the x-ray diffrac-
tion and thermal analysis The x-ray fluorescence spectrometry indicated
the presence of thirteen chemical elements iron aluminum silicon tita-
nium zirconium calcium vanadium potassium chromium sulfur cobalt
niobium and chlorine It is noticed that the main mineralogical phases of
the waste are represented by gibbsite hemat ite kaolinite and anatase
The thermal analysis showed that the phase changes most signifi -tive only
occur at a temperature above 300 degC showing some of the waste heat
stability The results demonstrate that the components of the Juruti baux-
ite beneficiation rejects exhibit appreciable characteristics of civil engi-
neering pointing to the possibility of its use to increase the strength of
concrete
Key Words Mining Tailings Bauxite Juruti - PA
vii
SUMAacuteRIO Paacuteg
1 INTROCcedilAtildeO GERAL 01
11 Generalidades 01
12 Objetivos 02
13 Problemaacutetica 02
14 Hipoacutetese 03
15 Justif icativa 04
16 Revisatildeo Bibl iograacutef ica 05
161 A Bauxita 05
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica 08
163 A Importacircncia Econocircmica da Bauxita 11
164 A Lavra da Bauxita em Juruti -PA 14
165 O Beneficiamento da Bauxita em Jurut i -PA 23
166 A Barragem de Rejeito 29
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 34
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo 34
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras 35
23 Teacutecnicas e Equipamentos 36
3 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 38
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios -X 38
32 Difratometria de Raios-X 42
33 Anaacutelise Teacutermica helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 48
4 CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS 53
viii
LISTA DE TABELAS
Paacuteg
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013 11
Tabela 02 Municiacutepios Brasileiros Produtores de Bauxita em 2015 12
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013 13
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013 14
Tabela 05 Cronograma de Amostragem 35
Tabela 06 Resultados da EFRX 38
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
ii
Agrave Valquiacuteria (in memoriam) e Maria Joseacute
iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ser o Mentor da minha vida das minhas
realizaccedilotildees e sonhos e por nunca me desamparar mesmo sem que eu
mereccedila
Agrave minha querida avoacute Maria Joseacute que deu continuidade aos sonhos
de minha matildee
Agrave Luane por ter me ajudado e me compreendido nos momentos em
que precisei
Agrave Eline por ter me incentivado a participar da seleccedilatildeo do mestrado
Agrave minha famiacutelia e amigos que satildeo alicerces para nos motivar a con-
quistar e realizar sonhos contribuindo de alguma forma para que este
trabalho pudesse ser elaborado
Ao Professor Roberval por natildeo ter desistido de ser meu orientador
e ao professor Bruno que aceitou o desafio de ser meu co-orientador
Agrave Alcoa na pessoa do Engenheiro Ever Dias que propiciou a coleta
das amostras
A todos os meus mais sinceros a g r a d e c i m e n t o s
iv
ldquoPor que ningueacutem nos leva a seacuterio Soacute o nosso mineacuteriordquo Edmar Rocha
v
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67
paacuteginas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais
da Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da
Amazocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
RESUMO
A necessidade de caracterizar tecnologicamente o rejeito da usina
de beneficiamento de Bauxita em Juruti-PA para identificar sua compo-
siccedilatildeo quiacutemica e mineraloacutegica levou agrave realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em
vista que eacute necessaacuterio conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quan-
tidade A preocupaccedilatildeo com os rejeitos de mineraccedilatildeo de bauxita veio agrave
tona com o rompimento de barragens em Miraiacute - Minas Gerais Esta
pesquisa foi feita atraveacutes da espect rometria de f luorescecircncia de raios-
x da difraccedilatildeo de raios-x e da anaacutelise teacutermica A espectrometria de
fluorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila de treze elementos quiacutemi-
cos ferro alumiacutenio siliacutecio titacircnio zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro Percebeu-se que as principais
fases mineraloacutegicas do rejeito satildeo representadas por gibbsita hema-
tita caulinita e anataacutesio Jaacute a anaacutelise teacutermica apontou que as mudanccedilas
de fase mais significativas soacute ocorrem com uma temperatura acima de
300 ordmC mostrando certa estabilidade teacutermica do rejeito Os resultados
demonstram que os componentes dos rejeitos do beneficiamento de bau-
xita em Juruti apresentam caracteriacutesticas apreciaacuteveis pela engenharia
civil apontando a possibilidade de seu uso para aumentar a resistecircncia
do concreto
Palavras-Chave Rejeitos de Mineraccedilatildeo Bauxita Juruti - PA
vi
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67 paacutegi-
nas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia Aacuterea
de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais da
Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da Ama-
zocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
ABSTRACT
The need for technologically characterize the waste from bauxite
processing plant in Juruti-PA to identify with your position-chemical and
mineralogical led to this work with a view that is necessary to know what
is being generated and how much Concern about the bauxite mining
waste came up with the breaking of dams in Miraiacute -Gerais Gerais This
research was done by fluorescence spectrometry x-rays the x-ray diffrac-
tion and thermal analysis The x-ray fluorescence spectrometry indicated
the presence of thirteen chemical elements iron aluminum silicon tita-
nium zirconium calcium vanadium potassium chromium sulfur cobalt
niobium and chlorine It is noticed that the main mineralogical phases of
the waste are represented by gibbsite hemat ite kaolinite and anatase
The thermal analysis showed that the phase changes most signifi -tive only
occur at a temperature above 300 degC showing some of the waste heat
stability The results demonstrate that the components of the Juruti baux-
ite beneficiation rejects exhibit appreciable characteristics of civil engi-
neering pointing to the possibility of its use to increase the strength of
concrete
Key Words Mining Tailings Bauxite Juruti - PA
vii
SUMAacuteRIO Paacuteg
1 INTROCcedilAtildeO GERAL 01
11 Generalidades 01
12 Objetivos 02
13 Problemaacutetica 02
14 Hipoacutetese 03
15 Justif icativa 04
16 Revisatildeo Bibl iograacutef ica 05
161 A Bauxita 05
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica 08
163 A Importacircncia Econocircmica da Bauxita 11
164 A Lavra da Bauxita em Juruti -PA 14
165 O Beneficiamento da Bauxita em Jurut i -PA 23
166 A Barragem de Rejeito 29
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 34
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo 34
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras 35
23 Teacutecnicas e Equipamentos 36
3 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 38
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios -X 38
32 Difratometria de Raios-X 42
33 Anaacutelise Teacutermica helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 48
4 CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS 53
viii
LISTA DE TABELAS
Paacuteg
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013 11
Tabela 02 Municiacutepios Brasileiros Produtores de Bauxita em 2015 12
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013 13
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013 14
Tabela 05 Cronograma de Amostragem 35
Tabela 06 Resultados da EFRX 38
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
iii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ser o Mentor da minha vida das minhas
realizaccedilotildees e sonhos e por nunca me desamparar mesmo sem que eu
mereccedila
Agrave minha querida avoacute Maria Joseacute que deu continuidade aos sonhos
de minha matildee
Agrave Luane por ter me ajudado e me compreendido nos momentos em
que precisei
Agrave Eline por ter me incentivado a participar da seleccedilatildeo do mestrado
Agrave minha famiacutelia e amigos que satildeo alicerces para nos motivar a con-
quistar e realizar sonhos contribuindo de alguma forma para que este
trabalho pudesse ser elaborado
Ao Professor Roberval por natildeo ter desistido de ser meu orientador
e ao professor Bruno que aceitou o desafio de ser meu co-orientador
Agrave Alcoa na pessoa do Engenheiro Ever Dias que propiciou a coleta
das amostras
A todos os meus mais sinceros a g r a d e c i m e n t o s
iv
ldquoPor que ningueacutem nos leva a seacuterio Soacute o nosso mineacuteriordquo Edmar Rocha
v
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67
paacuteginas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais
da Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da
Amazocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
RESUMO
A necessidade de caracterizar tecnologicamente o rejeito da usina
de beneficiamento de Bauxita em Juruti-PA para identificar sua compo-
siccedilatildeo quiacutemica e mineraloacutegica levou agrave realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em
vista que eacute necessaacuterio conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quan-
tidade A preocupaccedilatildeo com os rejeitos de mineraccedilatildeo de bauxita veio agrave
tona com o rompimento de barragens em Miraiacute - Minas Gerais Esta
pesquisa foi feita atraveacutes da espect rometria de f luorescecircncia de raios-
x da difraccedilatildeo de raios-x e da anaacutelise teacutermica A espectrometria de
fluorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila de treze elementos quiacutemi-
cos ferro alumiacutenio siliacutecio titacircnio zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro Percebeu-se que as principais
fases mineraloacutegicas do rejeito satildeo representadas por gibbsita hema-
tita caulinita e anataacutesio Jaacute a anaacutelise teacutermica apontou que as mudanccedilas
de fase mais significativas soacute ocorrem com uma temperatura acima de
300 ordmC mostrando certa estabilidade teacutermica do rejeito Os resultados
demonstram que os componentes dos rejeitos do beneficiamento de bau-
xita em Juruti apresentam caracteriacutesticas apreciaacuteveis pela engenharia
civil apontando a possibilidade de seu uso para aumentar a resistecircncia
do concreto
Palavras-Chave Rejeitos de Mineraccedilatildeo Bauxita Juruti - PA
vi
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67 paacutegi-
nas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia Aacuterea
de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais da
Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da Ama-
zocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
ABSTRACT
The need for technologically characterize the waste from bauxite
processing plant in Juruti-PA to identify with your position-chemical and
mineralogical led to this work with a view that is necessary to know what
is being generated and how much Concern about the bauxite mining
waste came up with the breaking of dams in Miraiacute -Gerais Gerais This
research was done by fluorescence spectrometry x-rays the x-ray diffrac-
tion and thermal analysis The x-ray fluorescence spectrometry indicated
the presence of thirteen chemical elements iron aluminum silicon tita-
nium zirconium calcium vanadium potassium chromium sulfur cobalt
niobium and chlorine It is noticed that the main mineralogical phases of
the waste are represented by gibbsite hemat ite kaolinite and anatase
The thermal analysis showed that the phase changes most signifi -tive only
occur at a temperature above 300 degC showing some of the waste heat
stability The results demonstrate that the components of the Juruti baux-
ite beneficiation rejects exhibit appreciable characteristics of civil engi-
neering pointing to the possibility of its use to increase the strength of
concrete
Key Words Mining Tailings Bauxite Juruti - PA
vii
SUMAacuteRIO Paacuteg
1 INTROCcedilAtildeO GERAL 01
11 Generalidades 01
12 Objetivos 02
13 Problemaacutetica 02
14 Hipoacutetese 03
15 Justif icativa 04
16 Revisatildeo Bibl iograacutef ica 05
161 A Bauxita 05
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica 08
163 A Importacircncia Econocircmica da Bauxita 11
164 A Lavra da Bauxita em Juruti -PA 14
165 O Beneficiamento da Bauxita em Jurut i -PA 23
166 A Barragem de Rejeito 29
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 34
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo 34
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras 35
23 Teacutecnicas e Equipamentos 36
3 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 38
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios -X 38
32 Difratometria de Raios-X 42
33 Anaacutelise Teacutermica helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 48
4 CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS 53
viii
LISTA DE TABELAS
Paacuteg
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013 11
Tabela 02 Municiacutepios Brasileiros Produtores de Bauxita em 2015 12
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013 13
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013 14
Tabela 05 Cronograma de Amostragem 35
Tabela 06 Resultados da EFRX 38
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
iv
ldquoPor que ningueacutem nos leva a seacuterio Soacute o nosso mineacuteriordquo Edmar Rocha
v
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67
paacuteginas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais
da Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da
Amazocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
RESUMO
A necessidade de caracterizar tecnologicamente o rejeito da usina
de beneficiamento de Bauxita em Juruti-PA para identificar sua compo-
siccedilatildeo quiacutemica e mineraloacutegica levou agrave realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em
vista que eacute necessaacuterio conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quan-
tidade A preocupaccedilatildeo com os rejeitos de mineraccedilatildeo de bauxita veio agrave
tona com o rompimento de barragens em Miraiacute - Minas Gerais Esta
pesquisa foi feita atraveacutes da espect rometria de f luorescecircncia de raios-
x da difraccedilatildeo de raios-x e da anaacutelise teacutermica A espectrometria de
fluorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila de treze elementos quiacutemi-
cos ferro alumiacutenio siliacutecio titacircnio zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro Percebeu-se que as principais
fases mineraloacutegicas do rejeito satildeo representadas por gibbsita hema-
tita caulinita e anataacutesio Jaacute a anaacutelise teacutermica apontou que as mudanccedilas
de fase mais significativas soacute ocorrem com uma temperatura acima de
300 ordmC mostrando certa estabilidade teacutermica do rejeito Os resultados
demonstram que os componentes dos rejeitos do beneficiamento de bau-
xita em Juruti apresentam caracteriacutesticas apreciaacuteveis pela engenharia
civil apontando a possibilidade de seu uso para aumentar a resistecircncia
do concreto
Palavras-Chave Rejeitos de Mineraccedilatildeo Bauxita Juruti - PA
vi
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67 paacutegi-
nas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia Aacuterea
de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais da
Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da Ama-
zocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
ABSTRACT
The need for technologically characterize the waste from bauxite
processing plant in Juruti-PA to identify with your position-chemical and
mineralogical led to this work with a view that is necessary to know what
is being generated and how much Concern about the bauxite mining
waste came up with the breaking of dams in Miraiacute -Gerais Gerais This
research was done by fluorescence spectrometry x-rays the x-ray diffrac-
tion and thermal analysis The x-ray fluorescence spectrometry indicated
the presence of thirteen chemical elements iron aluminum silicon tita-
nium zirconium calcium vanadium potassium chromium sulfur cobalt
niobium and chlorine It is noticed that the main mineralogical phases of
the waste are represented by gibbsite hemat ite kaolinite and anatase
The thermal analysis showed that the phase changes most signifi -tive only
occur at a temperature above 300 degC showing some of the waste heat
stability The results demonstrate that the components of the Juruti baux-
ite beneficiation rejects exhibit appreciable characteristics of civil engi-
neering pointing to the possibility of its use to increase the strength of
concrete
Key Words Mining Tailings Bauxite Juruti - PA
vii
SUMAacuteRIO Paacuteg
1 INTROCcedilAtildeO GERAL 01
11 Generalidades 01
12 Objetivos 02
13 Problemaacutetica 02
14 Hipoacutetese 03
15 Justif icativa 04
16 Revisatildeo Bibl iograacutef ica 05
161 A Bauxita 05
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica 08
163 A Importacircncia Econocircmica da Bauxita 11
164 A Lavra da Bauxita em Juruti -PA 14
165 O Beneficiamento da Bauxita em Jurut i -PA 23
166 A Barragem de Rejeito 29
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 34
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo 34
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras 35
23 Teacutecnicas e Equipamentos 36
3 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 38
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios -X 38
32 Difratometria de Raios-X 42
33 Anaacutelise Teacutermica helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 48
4 CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS 53
viii
LISTA DE TABELAS
Paacuteg
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013 11
Tabela 02 Municiacutepios Brasileiros Produtores de Bauxita em 2015 12
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013 13
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013 14
Tabela 05 Cronograma de Amostragem 35
Tabela 06 Resultados da EFRX 38
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
v
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67
paacuteginas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia
Aacuterea de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais
da Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da
Amazocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
RESUMO
A necessidade de caracterizar tecnologicamente o rejeito da usina
de beneficiamento de Bauxita em Juruti-PA para identificar sua compo-
siccedilatildeo quiacutemica e mineraloacutegica levou agrave realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em
vista que eacute necessaacuterio conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quan-
tidade A preocupaccedilatildeo com os rejeitos de mineraccedilatildeo de bauxita veio agrave
tona com o rompimento de barragens em Miraiacute - Minas Gerais Esta
pesquisa foi feita atraveacutes da espect rometria de f luorescecircncia de raios-
x da difraccedilatildeo de raios-x e da anaacutelise teacutermica A espectrometria de
fluorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila de treze elementos quiacutemi-
cos ferro alumiacutenio siliacutecio titacircnio zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro Percebeu-se que as principais
fases mineraloacutegicas do rejeito satildeo representadas por gibbsita hema-
tita caulinita e anataacutesio Jaacute a anaacutelise teacutermica apontou que as mudanccedilas
de fase mais significativas soacute ocorrem com uma temperatura acima de
300 ordmC mostrando certa estabilidade teacutermica do rejeito Os resultados
demonstram que os componentes dos rejeitos do beneficiamento de bau-
xita em Juruti apresentam caracteriacutesticas apreciaacuteveis pela engenharia
civil apontando a possibilidade de seu uso para aumentar a resistecircncia
do concreto
Palavras-Chave Rejeitos de Mineraccedilatildeo Bauxita Juruti - PA
vi
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67 paacutegi-
nas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia Aacuterea
de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais da
Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da Ama-
zocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
ABSTRACT
The need for technologically characterize the waste from bauxite
processing plant in Juruti-PA to identify with your position-chemical and
mineralogical led to this work with a view that is necessary to know what
is being generated and how much Concern about the bauxite mining
waste came up with the breaking of dams in Miraiacute -Gerais Gerais This
research was done by fluorescence spectrometry x-rays the x-ray diffrac-
tion and thermal analysis The x-ray fluorescence spectrometry indicated
the presence of thirteen chemical elements iron aluminum silicon tita-
nium zirconium calcium vanadium potassium chromium sulfur cobalt
niobium and chlorine It is noticed that the main mineralogical phases of
the waste are represented by gibbsite hemat ite kaolinite and anatase
The thermal analysis showed that the phase changes most signifi -tive only
occur at a temperature above 300 degC showing some of the waste heat
stability The results demonstrate that the components of the Juruti baux-
ite beneficiation rejects exhibit appreciable characteristics of civil engi-
neering pointing to the possibility of its use to increase the strength of
concrete
Key Words Mining Tailings Bauxite Juruti - PA
vii
SUMAacuteRIO Paacuteg
1 INTROCcedilAtildeO GERAL 01
11 Generalidades 01
12 Objetivos 02
13 Problemaacutetica 02
14 Hipoacutetese 03
15 Justif icativa 04
16 Revisatildeo Bibl iograacutef ica 05
161 A Bauxita 05
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica 08
163 A Importacircncia Econocircmica da Bauxita 11
164 A Lavra da Bauxita em Juruti -PA 14
165 O Beneficiamento da Bauxita em Jurut i -PA 23
166 A Barragem de Rejeito 29
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 34
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo 34
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras 35
23 Teacutecnicas e Equipamentos 36
3 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 38
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios -X 38
32 Difratometria de Raios-X 42
33 Anaacutelise Teacutermica helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 48
4 CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS 53
viii
LISTA DE TABELAS
Paacuteg
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013 11
Tabela 02 Municiacutepios Brasileiros Produtores de Bauxita em 2015 12
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013 13
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013 14
Tabela 05 Cronograma de Amostragem 35
Tabela 06 Resultados da EFRX 38
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
vi
FERREIRA Andson P Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica do Rejeito da
Planta de Beneficiamento de Bauxita em Juruti- Paraacute 2016 67 paacutegi-
nas Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Recursos Naturais da Amazocircnia Aacuterea
de concentraccedilatildeo Bioprospecccedilatildeo e Manejo de Recursos Naturais da
Amazocircnia - Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Recursos Naturais da Ama-
zocircnia Universidade Federal do Oeste do Paraacute ndash UFOPA Santareacutem
2016
ABSTRACT
The need for technologically characterize the waste from bauxite
processing plant in Juruti-PA to identify with your position-chemical and
mineralogical led to this work with a view that is necessary to know what
is being generated and how much Concern about the bauxite mining
waste came up with the breaking of dams in Miraiacute -Gerais Gerais This
research was done by fluorescence spectrometry x-rays the x-ray diffrac-
tion and thermal analysis The x-ray fluorescence spectrometry indicated
the presence of thirteen chemical elements iron aluminum silicon tita-
nium zirconium calcium vanadium potassium chromium sulfur cobalt
niobium and chlorine It is noticed that the main mineralogical phases of
the waste are represented by gibbsite hemat ite kaolinite and anatase
The thermal analysis showed that the phase changes most signifi -tive only
occur at a temperature above 300 degC showing some of the waste heat
stability The results demonstrate that the components of the Juruti baux-
ite beneficiation rejects exhibit appreciable characteristics of civil engi-
neering pointing to the possibility of its use to increase the strength of
concrete
Key Words Mining Tailings Bauxite Juruti - PA
vii
SUMAacuteRIO Paacuteg
1 INTROCcedilAtildeO GERAL 01
11 Generalidades 01
12 Objetivos 02
13 Problemaacutetica 02
14 Hipoacutetese 03
15 Justif icativa 04
16 Revisatildeo Bibl iograacutef ica 05
161 A Bauxita 05
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica 08
163 A Importacircncia Econocircmica da Bauxita 11
164 A Lavra da Bauxita em Juruti -PA 14
165 O Beneficiamento da Bauxita em Jurut i -PA 23
166 A Barragem de Rejeito 29
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 34
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo 34
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras 35
23 Teacutecnicas e Equipamentos 36
3 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 38
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios -X 38
32 Difratometria de Raios-X 42
33 Anaacutelise Teacutermica helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 48
4 CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS 53
viii
LISTA DE TABELAS
Paacuteg
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013 11
Tabela 02 Municiacutepios Brasileiros Produtores de Bauxita em 2015 12
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013 13
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013 14
Tabela 05 Cronograma de Amostragem 35
Tabela 06 Resultados da EFRX 38
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
vii
SUMAacuteRIO Paacuteg
1 INTROCcedilAtildeO GERAL 01
11 Generalidades 01
12 Objetivos 02
13 Problemaacutetica 02
14 Hipoacutetese 03
15 Justif icativa 04
16 Revisatildeo Bibl iograacutef ica 05
161 A Bauxita 05
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica 08
163 A Importacircncia Econocircmica da Bauxita 11
164 A Lavra da Bauxita em Juruti -PA 14
165 O Beneficiamento da Bauxita em Jurut i -PA 23
166 A Barragem de Rejeito 29
2 MATERIAIS E MEacuteTODOS 34
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo 34
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras 35
23 Teacutecnicas e Equipamentos 36
3 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES 38
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios -X 38
32 Difratometria de Raios-X 42
33 Anaacutelise Teacutermica helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 48
4 CONCLUSAtildeO 51
REFEREcircNCIAS 53
viii
LISTA DE TABELAS
Paacuteg
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013 11
Tabela 02 Municiacutepios Brasileiros Produtores de Bauxita em 2015 12
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013 13
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013 14
Tabela 05 Cronograma de Amostragem 35
Tabela 06 Resultados da EFRX 38
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
viii
LISTA DE TABELAS
Paacuteg
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013 11
Tabela 02 Municiacutepios Brasileiros Produtores de Bauxita em 2015 12
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013 13
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013 14
Tabela 05 Cronograma de Amostragem 35
Tabela 06 Resultados da EFRX 38
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
ix
LISTA DE FIGURAS Paacuteg
Figura 01 Perf il Litoloacutegico da Mina de Jurut i 15
Figura 02 Esquema da Lavra Strip Mining 16
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada 17
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras 18
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6 18
Figura 06 Carregamento do Topsoil 19
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil 19
Figura 08 Decapeamento com TE D11 20
Figura 09 Escarif icaccedilatildeo com TE D11 21
Figura 10 Carregamento da Bauxita 22
Figura 11 Caminhatildeo com Bauxita 22
Figura 12 Etapas da lavra da Bauxita 23
Figura 13 Fluxograma do Beneficiamento da Bauxita em Jurut i 24
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio 24
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada 25
Figura 16Trommel 26
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo 27
Figura 18 Trem da Mina Jurut i 28
Figura 19 Embarque da Bauxita 28
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i 29
Figura 21 Lagoa de Sedimentaccedilatildeo 30
Figura 22 Barragem de Rejeito 30
Figura 23 Rio Contaminado com Rejeito de Bauxita 31
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Beneficiamento da Alcoa 32
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Jurut i 34
Figura 26 Difratogramas com Identif icaccedilatildeo dos P icos 43
Figura 27 Anaacutelise Termal 48
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
1
I
INTRODUCcedilAtildeO GERAL
11 Generalidades
O alumiacutenio eacute um metal cada vez mais necessaacuterio para o ser hu-
mano pois possui inuacutemeras aplicaccedilotildees e por isso sua demanda se man-
tem em alta haacute vaacuterios anos A uacutenica fonte economicamente viaacutevel de
alumiacutenio eacute a bauxita que tem o oacutexido de alumiacutenio como seu principal
componente Suas reservas mundiais satildeo 29 bilhotildees de toneladas das
quais 36 bilhotildees estatildeo no Brasil o que deixa o paiacutes com a terceira maior
reserva atraacutes de Guineacute e Austraacutelia (QUARESMA 2015)
Em 2013 a produccedilatildeo nacional de bauxita alcanccedilou 338 milhotildees de
toneladas deixando o Brasil como o quarto produtor mundial De acordo
com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral (DNPM) o Paraacute eacute
responsaacutevel por 865 da produccedilatildeo do paiacutes tendo nos municiacutepios de
Oriximinaacute Paragominas Jurut i e Terra Santa suas minas ativas que pro-
duzem cerca de 2924 milhotildees de toneladas anuais (DNPM 2016)
De acordo com Quaresma (2015) a recuperaccedilatildeo maacutessica da bauxita
eacute em meacutedia 70 Como 30 da bauxita lavrada eacute descartada durante
o processo de beneficiamento o Brasil gera anualmente cerca de 145
milhotildees de toneladas de rejeito do mineacuterio Esse material eacute armazenado
em grandes bacias de rejeitos o que gera um e levado custo em trans-
porte armazenamento e monitoramento para atender agraves normas ambi-
entais vigentes Em Minas Gerais dois casos de rompimento dessas bar-
ragens na cidade de Miraiacute (em 2006 e 2007) chamaram a atenccedilatildeo para
esse rejeito
O Departamento de Produccedilatildeo responsaacutevel pelo controle de quali-
dade na mineraccedilatildeo de bauxita em Juruti se preocupa em assegurar os
padrotildees exigidos pelos clientes que em geral incluem teores de alumina
ferro e siacutel ica aleacutem de umidade Entretanto ainda haacute uma carecircncia no
estudo e caracterizaccedilatildeo do rejeito produzido durante o processo de be-
neficiamento da bauxita
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
2
Neste trabalho eacute descrita pela primeira vez a caracterizaccedilatildeo tecno-
loacutegica de rejeitos da lavagem da bauxita coletados na bacia de rejeito
da usina de beneficiamento da mina de Jurut i (Paraacute) tendo em vista que
ateacute entatildeo apenas a lama vermelha tem sido alvo de estudos Para isso
foram util izadas as seguintes teacutecnicas analiacutet icas espectrometria de f lu-
orescecircncia de raios-x (EFRX) e difratometria de raios-x (DRX) Com os
resultados obtidos pretende-se contribuir com informaccedilotildees teacutecnicas
para estudos de importacircncia ambiental assim como reaproveitamento
destes materiais em aacutereas como a construccedilatildeo civi l
12 Objetivos
Os objetivos do trabalho foram divididos em objet ivos geral e
mais trecircs objet ivos especiacutef icos
121 Geral Caracterizar tecnologicamente o rejeito de bauxita da
mina de Jurut i-Pa
122 Especiacuteficos
Enumerar os elementos quiacutemicos maiores e traccedilos atraveacutes
da f luorescecircncia de raios-X
Identif icar as principais fases cristalinas por difraccedilatildeo de
raios-X
Complementar a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica das fases cris-
talinas e amorfas por transiccedilotildees de fases atraveacutes de anaacutelise teacutermica
13 Problemaacutetica
Em se tratando de atividade de extraccedilatildeo mineral as principais fon-
tes de degradaccedilatildeo satildeo a deposiccedilatildeo de material esteacuteri l e a deposiccedilatildeo
dos rejeitos decorrentes do processo de beneficiamento (IBRAM 1987)
O Conselho Nacional de Recursos Hiacutedricos (CNRH) define esteacuteri l
como qualquer material natildeo aproveitaacutevel como mineacuterio e descartado pela
operaccedilatildeo de lavra antes do beneficiamento em caraacuteter definit ivo ou tem-
poraacuterio Rejeito eacute definido como material descartado proveniente de
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
3
plantas de beneficiamento de mineacuterio (BRASIL 2002)
Em relaccedilatildeo ao esteacuteri l este natildeo apresenta problemas ambientais na
mineraccedilatildeo de bauxita pois a geraccedilatildeo desse resiacuteduo se daacute apenas
quando o mineacuterio precisa ser decapeado mas de maneira geral o esteacuteri l
de cobertura eacute depositado na proacutepria cava da qual o mineacuterio foi anteri-
ormente lavrado
O grande problema eacute a geraccedilatildeo de reje ito durante o beneficiamento
da bauxita Estes satildeo descartes de soacutelidos originados do overf low dos
hidrociclones com granulometria inferior a 400 mesh que satildeo armazena-
dos em barragem de rejeitos O ef luente eacute em forma de polpa (mistura
de soacutelido mineral e aacutegua) que geralmente contem 5 a 8 de soacutelidos
em peso e pH em torno de 70 (COELHO 2015)
A bacia de rejeito ou qualquer outro sistema de disposiccedilatildeo de re-
jeitos eacute uma estrutura de engenharia para contenccedilatildeo e deposiccedilatildeo de re-
siacuteduos originados de beneficiamento de mineacuterios captaccedilatildeo de aacutegua e
tratamento de ef luentes (BRASIL 2002) Os rejeitos de mineraccedilatildeo de
bauxita satildeo dispostos agrave superf iacutecie do terreno em locais preacute -seleciona-
dos e onde natildeo exista mineacuterio em subsuperfiacutecie ou em cavas antigas
Mesmo que os f inos da bauxita sejam de natureza soacutelida satildeo ori-
undos de um processo de lavagem resultando numa polpa ou seja o
rejeito de bauxita eacute inicialmente mais l iacutequido do que soacutelido
Assim a problemaacutetica levantada eacute qual os principais elementos
quiacutemicos e quais as principais fases mineraloacutegicas do rejeito de bauxita
da mina de Jurut i
14 Hipoacutetese
Levando-se em consideraccedilatildeo que a bauxita eacute composta basica-
mente de alumina (Al2O3) siacutel ica (SiO2) oacutexido de ferro (Fe2O3) e oacutexido
de titacircnio (TiO2) e que o processo de beneficiamento em Juruti envolve
apenas cominuiccedilatildeo (britagem) classif icaccedilatildeo (peneiramento e ciclona-
gem) lavagem (escrubagem) e f i lt ragem (f i lt ro prensa) eacute razoaacutevel espe-
rar que seu rejeito tambeacutem seja rico nesses mesmos componentes com
menor teor de alumina e maiores teores de siacutelica e ferro que no produto
f inal
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
4
Entretanto os demais oacutexidos que integram a bauxita satildeo muito va-
riados tanto em diversidade quanto em teores Aleacutem dos quatro oacutexidos
mais abundantes na bauxita espera -se encontrar no seu rejeito oacutexido de
caacutelcio (CaO) oacutexido de potaacutessio (K 2O) oacutexido de manganecircs (MnO) e oacutexido
de magneacutesio (MgO) em menores quantidades
15 Justificativa
O rejeito da bauxita na mina de Jurut i natildeo passa por qualquer anaacute-
lise ou tratamento antes de ser encaminhado para a bacia de rejeito onde
f ica depositado sem que haja nenhum monitoramento aleacutem daqueles re-
alizados na proacutepria estrutura da bacia de rejeito
Apesar de natildeo haver nenhum processo quiacutemico envolvido no be-
neficiamento da bauxita em Juruti isso natildeo garante que o rejeito gerado
natildeo represente perigo Os rejeitos de bauxita do Projeto Trombetas em
Oriximinaacute onde tambeacutem natildeo eacute usado qualquer processo quiacutemico causa-
ram alteraccedilotildees das caracteriacutest icas abioacuteticas e da estrutura das comuni-
dades de macroinvertebrados bentocircnicos 1 do Lago Batata (FONSECA e
ESTEVES 1999)
Estudos realizados em duas usinas de tratamento de bauxita da
Companhia Brasileira Alumiacutenio (CBA) em Minas Gerais por KURUSU et
al (2009) demonstraram que o rejeito ainda conteacutem grande quantid ade
de alumina sendo inclusive possivel seu reaproveitamento por meio da
f lotaccedilatildeo reversa
O primeiro passo para se encontrar uma alternativa para esses re-
siacuteduos eacute a sua caracterizaccedilatildeo Eacute necessaacuterio se definir o quecirc e quanto
estaacute sendo gerado quais suas caracteriacutest icas fiacutesico-quiacutemicas e quais as
possiacuteveis interaccedilotildees quiacutemicas Mesmo que nenhuma nova util idade seja
dada aos rejeitos conhececirc-los eacute importante tambeacutem para verif icar se
eles natildeo representam perigo para o meio ambiente
Por si soacute a necessidade de identif icar a composiccedilatildeo mineraloacutegica
do rejeito da bauxita justif ica a realizaccedilatildeo deste trabalho tendo em vista
1 Seres que se caracterizam por habitar o sedimento aquaacutetico ou sua superfiacutecie
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
5
que se precisa conhecer o que estaacute sendo gerado e em que quantidade
Mas haacute ainda a possibi l idade de se encontrar uma destinaccedilatildeo alternativa
para o rejeito contribuindo assim com a diminuiccedilatildeo do volume do mate-
rial descartado
16 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Abordaremos a seguir alguns pontos que satildeo relevantes para
trabalho Iniciando com um breve histoacuterico do alumiacutenio e a gecircnese da
bauxita com foco no nos depoacutesitos amazocircnicos Em seguida discutiremos
a importacircncia econocircmica da bauxita da alumina e do alumiacutenio no Brasil
Posteriormente falaremos da lavra e do beneficiamento na mina da Alcoa
em Juruti com a f inalidade de explicar a origem do rejei to que eacute o objeto
de estudo deste trabalho Por f im abordaremos tanque de sedimentaccedilatildeo
e a barragem de rejeito destino f inal do rejeito
161 A Bauxita
Haacute oito mil anos na Peacutersia jaacute eram produzidos vasos com um tipo
de barro contendo oacutexido de alumiacutenio Trecircs mil anos depois egiacutepcios e
babilocircnios usavam uma substacircncia contendo alumina na fabricaccedilatildeo de
cosmeacuteticos e remeacutedios (ABAL 2015) Mas ateacute entatildeo natildeo se conhecia o
metal como o conhecemos hoje
Apesar de ser o terceiro metal mais abundante do p laneta2 o alu-
miacutenio natildeo eacute encontrado puro na natureza Seu mineacuterio mais comum eacute a
bauxita que recebeu esse nome por ter sido descoberta proacutexima agrave aldeia
de Lecircs Baux na Franccedila por Pierre Berthier em 1821 (SAMPAIO AN-
DRADE E DULTRA 20O5)
Em 1854 Henry Devil le obteve pela primeira vez o alumiacutenio por
via quiacutemica e no ano seguinte expocircs um lingote do metal que chamou a
atenccedilatildeo por ser muito mais leve que o ferro Jaacute o processo de obtenccedilatildeo
do alumiacutenio por meio da reduccedilatildeo eletroliacutet ica da alumina dissolvida em
banho fundido de criolita foi desenvolvido separadamente por Paul Louis
2 O Ferro eacute o primeiro (3463 - em massa) e o Magneacutesio eacute o segundo (127 - em massa) O Alumiacutenio
responde por 109 da massa do planeta (COSTA 1996)
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
6
Toussaint Heacuteroult na Franccedila e Charles Mart in Hall nos Estados Unidos
simultaneamente em 1886 (SERMETAL 2015)
Esse processo f icou conhecido como Hall -Heroacuteult e foi fundamental
para a induacutestria global de alumiacutenio Apesar de ter passado por vaacuterias
atualizaccedilotildees e ter algumas variaccedilotildees os princiacutepios do meacutetodo Hall -He-
roacuteult satildeo mantidos na induacutestria ateacute os dias de hoje
O Alumiacutenio eacute o elemento metaacutelico mais abundante na Crosta Con-
tinental (813 ) 3 e o terceiro elemento mais abundante na natureza logo
apoacutes o oxigecircnio e o sil iacutecio (em massa pois em volume o elemento mais
abundante eacute o Nitrogecircnio) Devido agrave elevada af inidade com o oxigecircnio
natildeo eacute costume encontrar o alumiacutenio como substacircncia elementar mas
sim em formas combinadas tais como oacutexidos ou sil icatos (COIMBRA
2015)
O processo para obtenccedilatildeo da alumina a partir da bauxita foi desen-
volvido e patenteado por Karl Josef Bayer em 1888 e se baseia na ele-
vada solubil idade dos minerais portadores de alumiacutenio em soluccedilatildeo com
soda caacuteustica De maneira bem resumida as etapas do processo Bayer
satildeo digestatildeo separaccedilatildeo da lama vermelha cristal izaccedilatildeo do hid roacutexido
de alumiacutenio e calcinaccedilatildeo (SILVA FILHO ALVES e DA MATA 2007)
Em meacutedia 5 t de bauxita precisam ser submetidas ao ataque de
014 t de soda caacuteustica para produzir 2 t de alumina que submetida a um
processo de reduccedilatildeo que consome em cerca 13000 kW produz 1 t de
alumiacutenio (MAacuteRTIRES 2011)
Em 2013 as reservas mundiais de bauxita eram de 29 bilhotildees de
toneladas 36 bi lhotildees de toneladas 124 das quais em solo brasileiro
com grande destaque para estado do Paraacute que possui os maiores depoacute-
sitos de bauxita metaluacutergica do paiacutes (SANTANA 2014) Segundo Maacutert i-
res (2001) cinco estados brasi leiros (Satildeo Paulo Paraacute Santa Catarina
Minas Gerais e Maranhatildeo) satildeo detentores de reservas de bauxita de grau
metaluacutergico Somente no estado de Paraacute encontram -se 908 dessas
reservas que quando somadas agraves reservas de Minas Gerais perfazem
983
3 O Ferro eacute menos abundantes na Crosta destacando-se no manto e no nuacutecleo do planeta O Magneacutesio
destaca-se no Manto e tambeacutem na Crosta Oceacircnica (Costa 1996)
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
7
A bauxita eacute o principal mineacuterio da regiatildeo Oeste do Paraacute sendo
explotada pela Mineraccedilatildeo Rio do Norte (MRN) nas minas de Porto Trom-
betas (Oriximinaacute e Terra Santa) e pela Aluminium Company of America
(ALCOA) na mina de Juruti (Juruti) Aleacutem disso a Norsh Hydro t ambeacutem
explota bauxita na cidade de Paragominas (Nordeste do estado) e a Vo-
torantim Metais pretende instalar um complexo para extrair o mineacuterio e
produzir alumina na cidade de Rondon do Paraacute (Sudeste do estado)
Para Sampaio e Neves (2002) o termo bauxita faz alusatildeo agrave rocha
bauxito a qual pode ter as seguintes constituintes principais a boehmita
AlOOH mais comum na Europa diaacutesporo AlO(OH) mais comum na Aacutesia
e a gibbsita Al(OH)3 mais comum em regiotildees de clima Tropical como nas
Ameacutericas do Sul e Central Esses minerais satildeo conhecidos como Oxi -
hidroacutexidos de Alumiacutenio Neste trabalho eacute uti l izado o termo bauxita refe-
rindo-se ao mineacuterio de alumiacutenio
Algumas bauxitas tecircm composiccedilatildeo que se aproxima agrave da gibbsita
todavia em sua maioria formam uma mistura contendo impurezas como
siacutel ica oacutexido de ferro t itacircnio e outros elementos Como consequecircncia a
bauxita natildeo eacute considerada uma espeacutecie mineral 4
De acordo com a aplicaccedilatildeo a bauxita eacute classif ica em metaluacutergica e
natildeo-metaluacutergica (refrataacuteria) A bauxita metaluacutergica eacute aplicada na obten-
ccedilatildeo da alumina que eacute transformada em alumiacutenio A bauxita natildeo -metaluacuter-
gica eacute usada principalmente na induacutestria de refrataacuterios mas sua aplica-
ccedilatildeo se daacute ainda em abrasivos cimentos argi losos induacutestria quiacutemica an-
tiderrapante retardador de chama soldas etc (SAMPAIO e NEVES
2002) Quimicamente a diferenccedila se daacute principalmente pelo teor de oacutexido
de ferro (Fe2O3) que na bauxita metaluacutergica chega a 30 enquanto na
natildeo-metaluacutergica natildeo passa de 5 No Brasil em torno de 92 da bauxita
apresenta altos teores de ferro sendo classif icadas como metaluacutergica
(QUARESMA 2015)
4 Espeacutecie Mineral Para ter essa denominaccedilatildeo eacute necessaacuterio ter as seguintes caracteriacutesticas Estado Soacutelido composiccedilatildeo quiacutemica definida estrutura interna na forma de arranjo geomeacutetrico organizado dos aacutetomos que os constituem origem inorgacircnica e natural A bauxita natildeo atende agrave 2ordf caracteriacutestica
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
8
As maiores empresas na explotaccedilatildeo de bauxita no mundo satildeo Co-
malco Alcan Alcoa Rio Tinto e BHP na Austraacutelia a CVG na Guineacute e a
MRN no Brasil Os dois maiores produtores de alumiacutenio do mundo satildeo
Estados Unidos e Canadaacute mesmo nenhum deles possuindo reservas de
bauxita sendo totalmente dependentes da importaccedilatildeo do mineacuterio
(IBRAM 2011)
Aleacutem da alumina outras fases tambeacutem podem estar presentes na
bauxita tais como quartzo (SiO2) hematita (Fe2O3) anataacutesio (TiO2) e
caulinita (Al2SiO5) Dessa forma a composiccedilatildeo quiacutemica de amostras des-
tes mineacuterios se destaca por apresentar elevado teor de alumiacutenio (Al)
acompanhado por ferro (Fe) si l iacutecio (Si) e t itacircnio (Ti) Outros eleme ntos
costumam estar presentes poreacutem em quantidades menores como Caacutelcio
(Ca) Potaacutessio (K) Manganecircs (Mn) e Magneacutesio (MgO Menos abundan-
tes ocorrem ainda Boro (B) Baacuterio (Ba) Beriacutel io (Be) Cobalto (Co)
Cromo (Cr) Cobre (Cu) Liacutet io (Li) Molibdecircnio (Mo) Chumbo (Pb) Esta-
nho (Sn) Estrocircncio (Sr) Vanaacutedio (V) Iacute trio (Y) Zinco (Zn) e Zircocircnio (Zr)
como elementos traccedilos ou seja na escala de parte por milhatildeo (ppm)
(SILVA e OLIVEIRA 1992)
Um trabalho mais recente de Leonardi Ladeira e Santos (2010)
com perf is bauxiacuteticos no sudeste do Brasil (Minas Gerais e Satildeo Paulo)
inclui ainda como seus possiacuteveis componentes Pentoacutexido de Foacutesforo
(P2O5) Oacutexido de Soacutedio (Na2O) Gaacutelio (Ga) Nioacutebio (Nb) Rubiacutedio (Rb) e
Toacuterio (Th) todos em ppm
Deve-se ressaltar que haacute outros minerais com alto teor de alumiacutenio
na natureza como a alunita (KAl 3(OH)6(SO4)2 e anort i ta (CaAl2Si2O8)
(SAMPAIO ANDRADE e DUTRA 2005) poreacutem a obtenccedilatildeo de alumiacutenio
a partir desses minerais seria muito cara inviabilizando economicamente
o processo
162 Gecircnese da Bauxita Amazocircnica
A concentraccedilatildeo de elementos quiacutemicos ou minerais acima da abun-
dacircncia normal da crosta terrestre formado por processos geoloacutegicos eacute
denominada depoacutesito mineral (CAVALTI NETO e ROCHA 2010) Os de-
poacutesitos contecircm minerais de mineacuterio que no caso da bauxita eacute a alumina
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
9
Os depoacutesitos de bauxita da regiatildeo amazocircnica satildeo formados a partir de
processos superf iciais especif icamente em depoacutesitos residuais Esses
depoacutesitos satildeo formados por processos intempeacutericos que atuam tra nsfor-
mando ou concentrando minerais originando assim as jazidas lateriacutet icas
(BIONDI 2004)
A Concentraccedilatildeo de minerais primaacuterios ocorre pela acumulaccedilatildeo re-
lativa do mineral de interesse Eacute o caso do foacutesforo na apatita do ni oacutebio
no pirocloro e do cromo na cromita No caso da formaccedilatildeo de novos
minerais ocorre a destruiccedilatildeo do mineral primaacuterio e formaccedilatildeo de outro
mineral Como exemplo temos a hematita (ferro) anataacutesio (t itacircnio) e a
gibbsita (alumiacutenio) (GIANNINI 2000)
O intemperismo pode ser de trecircs tipos f iacutesico bioloacutegico ou quiacute-
mico O intemperismo fiacutesico causa a fragmentaccedilatildeo da rocha sem promo-
ver mudanccedilas quiacutemicas e ocorre devido a variaccedilotildees no niacutevel de pres-
sotildees que levam agrave fadiga do material O intemperismo bioloacutegico eacute cau-
sado pela accedilatildeo de vegetais a traveacutes da accedilatildeo desagregadora de aacutecido
huacutemico que eacute uma soluccedilatildeo aacutecida resultante da extraccedilatildeo de componentes
orgacircnicos do solo ou do subsolo normalmente huacutemus por soluccedilotildees
aquosas percolantes (LEMES 2014)
Jaacute os processos que levam ao intemperismo quiacutemico satildeo aqueles
que por meio de reaccedilotildees quiacutemicas resultam na decomposiccedilatildeo da estru-
tura dos minerais sendo muito importantes em regiotildees de clima tropical
uacutemido Processos quiacutemicos que atuam sobre os minerais constituintes
das rochas dissoluccedilatildeo oxidaccedilatildeo reduccedilatildeo oxirreduccedilatildeo hidrataccedilatildeo l ixi-
viaccedilatildeo e troca de iacuteons Os fatores envolvidos satildeo faci l idade de acesso
da aacutegua e do ar no material rochoso reatividade do maciccedilo rochoso em
relaccedilatildeo agrave aacutegua grau de agressividade da aacutegua e tempo (LEMES 2014)
Somente o intemperismo quiacutemico eacute capaz de concentrar metais
Ele ocorre porque todos os principais minerais em rochas iacutegneas e me-
tamoacuterf icas e alguns minerais de rochas sedimentares satildeo instaacuteveis na
superfiacutecie da Terra Esses minerais se alteram para novos minerais
estaacuteveis os mais comuns satildeo os argilo -minerais principalmente cauli-
nita montmori l lonita e il ita Satildeo acompanhados por vaacuterios oacutexidos e hi-
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
10
droacutexidos part icularmente aqueles de ferro alumiacutenio e t i tacircnio Isso ex-
plica a presenccedila desses elementos na baux ita e tambeacutem no seu rejeito
(GIANNINI 2000)
A bauxita se forma em regiotildees tropicais e subtropicais por accedilatildeo
do intemperismo quiacutemico sobre rochas aluminossil icaacutet icas Apesar de ser
frequentemente descrita como um mineacuterio de alumiacutenio a bauxita natildeo eacute
uma espeacutecie mineral propriamente dita mas um material heterogecircneo
formado de uma mistura de hidroacutexidos de alumiacutenio hidratados
([AlOx(OH)3-2x] 0ltxlt1) contendo impurezas A proporccedilatildeo de gibbsita
boehmita e diaacutesporo varia dependendo da localizaccedilatildeo geograacutefica do mi-
neacuterio (JESUS 2011) No Brasil a gibbisita eacute o mineral mais comum na
bauxita
O mineral fonte da gibbsita eacute o feldspato potaacutessio que sob a accedilatildeo
da aacutegua e do aacutecido carbocircnico (ambos geralmente oriundos das chuvas)
reage formando a caulinita o bicarbonato a siacutel ica e l iberando iacuteons de
potaacutessio conforme descrito na equaccedilatildeo abaixo
2KAlSi3O8(s) + 2H2CO3(aq) + H2O = Al2Si2O5(OH)4(s) + 2K+(aq) + K-Feldspato Aacutecido Carbono Aacutegua Caul in i ta Iacuteons Potaacutessio
2HCO3-(aq) + 4SiO2(aq) (i) Bicarbonato Siacute l ica
O Alumiacutenio nessa reaccedilatildeo f ica retido nos minerais argilosos residu-
ais e oacutexidos A extraccedilatildeo de alumiacutenio de si l icatos eacute economicamente pro-
ibit iva entretanto em climas tropicais como na Amazocircnia paraense a
grande disponibi l idade de aacutegua permite o desenvolvimento intenso do
intemperismo quiacutemico de tal forma que a siacutel ica eacute removida da caulinita
e um hidroacutexido de alumiacutenio permanece como resiacuteduo Por isso o depoacutesito
eacute denominado residual (BIONDI 2004)
Se parte da massa da rocha original eacute perdida em soluccedilatildeo durante
o intemperismo a concentraccedilatildeo de Alumiacutenio aumenta ateacute que quantida-
des econocircmicas sejam ating idas no resiacuteduo Dessa forma a caulinita
reagindo com a aacutegua forma a gibbsita e o oacutexido de si l iacutecio conforme re-
presentado na equaccedilatildeo abaixo
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
11
Al2Si2O5(OH)4(s) + H2O = 2Al(OH)3(s) + 2SiO2(aq) ( i i) Caul ini ta Aacutegua Gibbs i ta Oacutexido de Si l iacutec io
Na praacutetica o produto f inal do intemperismo natildeo eacute o hidroacutexido puro
mas uma mistura de oacutexidos e hidroacutexidos de alumiacutenio com composiccedilatildeo
meacutedia de Al(OH)3 que eacute a Gibbsita (BIONDI 2004) As quantidades das
principais impurezas presentes na bauxita variam com a regiatildeo de ori-
gem causando alteraccedilotildees no aspecto f iacutesico do mineacuterio que pode variar
de um soacutelido marrom-escuro ferruginoso ateacute um soacutelido de cor creme
duro e cristal ino (CONSTANTINO et al 2002)
163 Importacircncia Econocircmica da Bauxita no Brasil
De acordo com Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas de Pesquisa
Mineral (ABPM) os maiores produtores mundiais de bauxita satildeo Austraacute-
lia Indoneacutesia China e Brasil com 30 19 15 e 13 respectiva-
mente do total anual de 260 milhotildees de toneladas (ABPM 2014)
Em 2013 o Brasil produziu 338 milhotildees de toneladas Desse total
a distribuiccedilatildeo por empresa estaacute representada na tabela 01
Tabela 01 Produccedilatildeo Brasileira de Bauxita por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
MRN 173 512 Norsk Hydro 75 222 Alcoa 55 163 VotorantimmdashCBA 29 86 Outras 06 17 TOTAL 338 1000
Fonte ABAL 2014
Vale ressaltar que os dados de produccedilatildeo de bauxita atendem ao
criteacuterio base uacutemida Isso tem a f inal idade de tornaacute-los comparaacuteveis aos
divulgados por vaacuterias fontes Especif icamente no ano de 2013 o teor
meacutedio de umidade da bauxita foi da ordem de 12
Os nuacutemeros de 2013 apontam que a produccedilatildeo nacional de bauxita
apresentou uma leve queda de 18 em relaccedilatildeo ao ano anterior A esta-
bil idade da produccedilatildeo pode ser explicada pela demanda constante e ao
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
12
custo de energia eleacutetrica tendo em vista que o setor eacute um grande con-
sumidor de energia eleacutetr ica para a produccedilatildeo de alumiacutenio primaacuterio (SAN-
TANA 2014)
O estado do Paraacute continuou sendo o maior produtor nacional do
mineacuterio em 2013 com mais de 29 milhotildees de toneladas de bauxita pro-
duzidas o que representa um percentual de 865 da produccedilatildeo brasi-
leira (SANTANA 2014) Os trecircs municiacutepios paraenses que produziram o
mineacuterio naquele ano foram Oriximinaacute (MRN) Paragominas (Norsk Hydro -
Mineraccedilatildeo Paragominas) e Jurut i (Alcoa)
A part ir de 2014 o projeto Trombetas da Mineraccedilatildeo Rio do Norte
situado no municiacutepio de Oriximinaacute passou a lavrar bauxita em minas
localizadas no municiacutepio de Terra Santa - PA mas o beneficiamento con-
tinua ocorrendo em Porto Trombetas elevando para quatro o nuacutemero de
municiacutepios produtores de mineacuterio de alumiacutenio no Paraacute
Aleacutem do Paraacute a bauxita eacute lavrada em Minas Gerais Satildeo Paulo
Santa Catarina Goiaacutes e Espiacuterito Santo Os 20 municiacutepios produtores de
bauxita nesses 6 estados estatildeo na tabela 02
Tabela 02
Ord Municipio UF CFEM(R$)
01 Paragominas PA 2899298704 02 Oriximinaacute PA 2659403701 03 Terra Santa PA 1547752217 04 Juruti PA 1361088670 05 Satildeo Sebastiatildeo da Vargem Alegre MG 185888440 06 Divinolacircndia SP 59038496 07 Miraiacute MG 43356891 08 Barro Alto GO 34995187 09 Santa Baacuterbara MG 16018373 10 Santa Rita do Novo Destino GO 30831728 11 Poccedilos de Caldas MG 34662671 12 Lavrinhas SP 25233345 13 Correia Pinto SC 14077688 14 Caldas MG 13119314 15 Andradas MG 4217475 16 Itamarati de Minas MG 1251590 17 Senador Amaral MG 1145099 18 Rosaacuterio da Limeira MG 170651 19 Paracatu MG 25872 20 Afonso Claacuteudio ES 12196
TOTAL Fonte DNPM 2016
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
13
De acordo com o Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral
(DNPM) em 2015 a mineraccedilatildeo paraense de bauxita recolheu CFEM no
valor de R$ 8467543292 Desse montante Jurut i contribuiu com R$
1361088670 equivalente a 16 do total Levando-se em consideraccedilatildeo
que 65 do valor recolhido satildeo repassados diretamente para o municiacutepio
produtor Jurut i fez jus a R$ 884707635 em 2015 meacutedia de R$
73725636 ao mecircs
Do total da bauxita comercial cerca de 90 eacute usada para a produ-
ccedilatildeo metaluacutergica da cadeia do alumiacutenio (alumina e alumiacutenio primaacuterio) e
o restante 10 usadas para outros f ins como refrataacuterio abrasivo ci-
mentos argilosos velas de igniccedilatildeo quiacutemica (sulfato de alumiacutenio) e ou-
tros (QUARESMA 2015) No Brasil esse percentual chega a 95
A produccedilatildeo nacional de Alumina em 2013 foi de 994Mt distribuiacuteda
em 6 grandes empresas AlunorteNorsk Hydro (Barcarena - PA) Alcoa
(Satildeo Luiacutes - MA e Poccedilos de Caldas - MG) BHP Bill iton (Satildeo Luiacutes - MA)
VotorantimCBA (Alumiacutenio - SP) Alcan (Satildeo Luiacutes - MA) e Hindalco (Ouro
Preto - MG) A produccedilatildeo eacute vista na tabela 03
Tabela 03 Produccedilatildeo Brasileira de Alumina Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (Mt) Participaccedilatildeo ()
AlunorteNorsk Hydro 5377 541 Alcoa 2186 220 BHP Billiton 1239 124 Votorantim-CBA 0792 80 Outras (Alcan e Hindalco) 0347 35 TOTAL 9941 1000
Fonte ABAL 2015
O estado do Paraacute com a AlunorteNorsk Hydro tambeacutem lidera o
Ranking na produccedilatildeo de Alumina com 541 sendo que empresa locali-
zada em Barcarena recebe bauxita da Norsk Hydro e tambeacutem da MRN
Jaacute a bauxita de Juruti eacute levada para Satildeo Luiacutes no Maranhatildeo estado
que natildeo possui mina de bauxita mas responde por 344 da produccedilatildeo
de alumina no complexo Alumar das empresas Alcoa e BHP Bill iton
Jaacute a Votorantim-CBA localizada em no estado de Satildeo Paulo res-
ponde por 8 da alumina brasileira enquanto Alcan e Hindalco em Minas
Gerais produzem 35 Isso se deve ao fato de a maioria da bauxita de
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
14
Minas Gerais ser do tipo refrataacuteria o mesmo ocorrendo em Santa Cata-
rina e Goiaacutes esses uacutelt imos que natildeo produzem alumina
Apenas cinco empresas produzem alumiacutenio primaacuterio no paiacutes Voto-
rantim-CBA (Alumiacutenio - SP) Albras (Barcarena - PA) Alumar (Satildeo Luiacutes
- MA) Alcoa (Poccedilos de Caldas - MG) e Novelis (Ouro Preto - MG) A
unidade de reduccedilatildeo do consoacutercio Alumar tem como principais acionistas
as empresas Alcoa Alumiacutenio SA e BHP Bil l iton Metais SA A dis tribui-
ccedilatildeo da produccedilatildeo de alumiacutenio por empresa estaacute na tabela 04
Tabela 04 Produccedilatildeo Brasileira de Alumiacutenio por Empresa em 2013
Empresa Produccedilatildeo (1000t) Participaccedilatildeo ()
Votorantim-CBA 4133 317 Albras 4055 311 Alumar 3651 280 Alcoa 782 60 Novelis 417 32 TOTAL 13038 1000
Fonte ABAL 2015
Como grande parte da alumina produzida no Paraacute e no Maranhatildeo
satildeo exportadas estes satildeo o segundo e o terceiro estado na produccedilatildeo de
alumiacutenio respectivamente sendo Satildeo Paulo o maior produtor do Brasil
Natildeo por acaso a Votorantim-CBA estaacute localizada na cidade de Alumiacutenio
- SP
164 A Lavra da Bauxita em Juruti - PA
Para se entender como ocorre a lavra eacute necessaacuterio conhecer o
perf i l do corpo mineral izado da mina A bauxita em Jurut i estaacute localizada
numa profundidade de 25m a 185m sendo um corpo mineral de origem
sedimentar que tem no maacuteximo 6m de espessura O perf i l l i toloacutegico da
mina de Jurut i eacute apresentado na f igura 01
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
15
Figura 01 Perf i l L i to loacutegico da Mina de Jurut i Fonte ALCOA apud AMARAL 2015
O horizonte abaixo do solo orgacircnico eacute argi loso de coloraccedilatildeo ama-
relada denominada argila belterra formada basicamente por caulinita e
gibbsita Trata-se de uma camada altamente porosa e permeaacutevel apesar
de se argi losa Sua espessura pode variar de 1 a ateacute 12 m (ALCOA apud
AMARAL 2015)
A camada de bauxita nodular eacute formada por estruturas na forma de
noacutedulos com tamanhos entre 05 e 2 cm presos em uma matriz argi losa
similar agrave da cobertura Os noacutedulos podem ser mais aluminosos ou mais
ferruginosos dependendo da altura em que se localiza no perf i l Quanto
maior a profundidade mais ferruginosos eles seratildeo Estatildeo sendo reali-
zados estudos para procurar meacutetodos de concentraccedilatildeo que viabil izem
seu aproveitamento econocircmico A espessura desta camada pode chegar
a 3 m (BRELAZ 2013)
O horizonte seguinte eacute de laterita tambeacutem denominada bauxita fer-
ruginosa onde o elevado teor de fer ro confere uma coloraccedilatildeo escura
Apresenta noacutedulos maiores que podem formar grandes agregados
quando cimentados por oacutexidos de ferro A espessura desta camada eacute
bastante variaacutevel podendo ter de alguns centiacutemetros a 3m (SOUZA
2014)
Na camada de bauxita maciccedila eacute onde ocorre a maior concentraccedilatildeo
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
16
de gibbsita Haacute tambeacutem a presenccedila tanto de oacutexidos de ferro como de
caulinita mas em uma proporccedilatildeo muito menor Quartzo pode ser encon-
trado mais proacuteximo da zona ferruginosa O topo desta camada eacute mais
massivo e conteacutem pouca argi la Agrave medida que aumenta a profundidade
a camada deixa de ser massiva e passa a se apresentar em blocos com
preenchimento de argi la entre eles Esta camada varia de 35 a 6m
(SOUZA 2014)
No horizonte inferior tem-se a presenccedila de material argi loso e
ainda gibbsita e jaacute natildeo possui importacircncia econocircmica denominado argi la
variegada
A lavra de bauxita em Jurut i eacute feita de modo tradicional a ceacuteu
aberto com a recuperaccedilatildeo da aacuterea sendo feita contemporaneamente com
a extraccedilatildeo do mineacuterio meacutetodo conhecido como lavra em tiras ou strip
mining Nesse meacutetodo a lavra progride por meio de uma seacuterie de corte s
paralelos na forma de trincheiras profundas denominadas de tiras
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material O pro-
cesso eacute realizado esquematicamente conforme a f igura 02
Figura 02 Esquema da lavra strip mining Fonte Souza 2014
O material eacute removido da aacuterea intacta a part ir da parede lateral que
forma a trincheira Esse material eacute reposicionado na cava lateral na
forma de pilhas obedecendo ao acircngulo de repouso do material Na f igura
03 eacute possiacutevel ver uma tira pronta para ser lavrada
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
17
Figura 03 Tira de Bauxita Lavrada Fonte BRELAZ 2013
A lavra da mina de Jurut i tem a seguinte sequecircncia
a supressatildeo vegetal
b remoccedilatildeo do solo orgacircnico
c decapeamento
d desmonte mecacircnico
e carregamento e
f transporte
Atualmente a exploraccedilatildeo da bauxita em Jurut i acontece em quatro
frentes de lavra todas no platocirc Capiranga Todo mineacuterio vindo das dife-
rentes frentes de lavra passa pelo processo de blendagem isso acontece
devido variaccedilotildees de teores de cada tira
A supressatildeo vegetal consiste no desmatamento de uma aacuterea e em
seguida carregamento a vegetaccedilatildeo destinando-a para sua util izaccedilatildeo f inal
de acordo com as normas ambientais Na mina de juruti a supressatildeo
vegetal eacute realizada por empresas terceir izadas Realiza -se previamente
o afugentamento e captura da fauna e posteriormente o manejo da f lora
para o ref lorestamento da aacuterea minerada
Esta atividade eacute realizada com operadores de moto serra que satildeo
encarregados de cortar arvores de meacutedio e grande porte (Diacircmetro na
Altura do Peito gt 80 cm) e executar o retalhamento das mesmas trans-
formando-as em toras Na f igura 04 eacute possiacutevel verif icar o trabalho dos
operadores de motosserra
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
18
Figura 04 Supressatildeo Vegetal com Motosserras
Fonte AMARAL 2015
Em seguida satildeo ut il izados tratores de es teiras D61 da Komatsu
(f igura 05) para a l impeza da aacuterea desmatada e escavadeiras que auxi-
l iam no carregamento da galhada em caminhotildees que transportam este
material para os depoacutesitos de esteacuteri l que satildeo locais estrateacutegico s de re-
conformaccedilatildeo de aacutereas degradadas com a atividade de lavra
Figura 05 Supressatildeo Vegetal com Trator D6
Fonte SOUZA 2014
Na mina de Juruti as galhadas satildeo depositadas no fundo das cavas
para auxiliar na revegetaccedilatildeo de aacutereas jaacute lavradas Jaacute as toras de madei-
ras satildeo transportadas usando-se carregadeiras de rodas WA200 Koma-
tsu e caminhatildeo madeireiro 2423 da Mercedes Bens para serem estoca-
das e direcionadas para o processo f inal junto aos oacutergatildeos competentes
A etapa de Remoccedilatildeo do solo orgacircnico compreende a retirada da
primeira camada do solo de coloraccedilatildeo escura com uma espessura apro-
ximada de 30 cm rica em nutrientes Util iza -se escavadeiras PC400 e
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
19
caminhotildees basculantes Scania P420 A f igura 06 mostra o momento do
carregamento do caminhatildeo
Figura 06 Carregamento do Topsoil
Fonte AMARAL 2015
O topsoil removido eacute transportado para cima do esteacuteril que foi re-
movido da t ira que jaacute foi lavrada para reconformaccedilatildeo da aacuterea degradada
com o objet ivo de que este solo orgacircnico (r ico em nutriente e contendo
sementes de aacutervores nativas raiacutezes galhos troncos e etc) recomponha
o solo e as aacutervores nativas cresccedilam novamente fazendo um ref loresta-
mento natural meacutetodo chamado de ldquomatildeo de Deusrdquo
Na f igura 07 foi destacado a camada de solo orgacircnico que foi de-
volvido para a aacuterea jaacute minerada Eacute possiacutevel perceber ainda que jaacute haacute
vegetaccedilatildeo oriunda do ref lorestamento natural
Figura 07 Recomposiccedilatildeo com Topsoil
Fonte SOUZA 2014
O decapeamento compreende a remoccedilatildeo da camada de esteacuteril que
varia entre 10 e 12 m de espessura A remoccedilatildeo do esteacuteri l eacute feita pela
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
20
empresa terceirizada UampM para isso ela conta com 04 tratores de estei-
ras TE D11 TCD (para decapeamento das tiras) com capacidade de re-
mover ateacute 44 msup3 de argila por laminada 01 trator de esteiras TE D9 T 01
trator de esteiras TE D6R (para reconformaccedilatildeo do esteacuteri l e apoio) 01
escavadeira EH 365 D com capacidade de movimentar ateacute 45 msup3 por
ciclo 01 escavadeira EH 349D com capacidade de movimentar ateacute 31
msup3 por ciclo (todas da CATERPILLAR) 07 caminhotildees basculante 4844
da Mercedes Bens com capacidade de transportar ateacute 17 msup3 por ciclo
01 moto niveladora para apoio 01 caminhatildeo comboio para abasteci-
mento dos equipamentos e 01 caminhatildeo pipa para umectaccedilatildeo das vias
(AMARAL 2015)
A liberaccedilatildeo do mineacuterio soacute acontece apoacutes a remoccedilatildeo da camada de
laterita Toda laterita removida eacute empurrada para aacuterea de bota fora e
tambeacutem util izada na construccedilatildeo conformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo de vias de
acessos principais e intermediaacuterios que servem de traacutefego para maqui-
nas caminhotildees e caminhonetes A maior parte do esteacuteril eacute removida com
a lacircmina dos tratores processo esse que pode ser visto na f igura 0 8
Figura 08 Decapeamento com TE D11
Fonte AMARAL 2015
O desmonte da camada de bauxita eacute realizado no meacutetodo mecacircnico
tambeacutem com tratores TE D11 com auxil io um dispositivo em forma de
gancho denominado ldquo ripperrdquo que f ica acoplado na parte traseira do equi-
pamento que em contato com a rocha eacute capaz fragmentaacute-la Esse pro-
cesso eacute conhecido como escarif icaccedilatildeo A etapa de desmonte do mineacuterio
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
21
gera matacotildees que devem atender ao topsize (tamanho da capacidade
do britador) da planta que corresponde no a 12 m A f igura 09 mostra
um ripper f incado no mineacuterio realizando a escarif icaccedilatildeo
Figura 09 Escar if icaccedilatildeo com TE D11
Fonte AMARAL 2015
A tira em geral mede 200 m de comprimento e 25 m de largura e eacute
constituiacuteda de uma soacute bancada contendo de 07 ou 08 blocos (25 m X 25
m) As tiras possuem um padratildeo de nomenclatura na ordem alfabeacutetica
que vai de A a Z que satildeo demarcadas pela topografia no local com es-
taqueamento e bandeirolas numeradas
O carregamento e o transporte de mineacuterios satildeo feitos pela empresa
terceir izada O carregamento eacute feito por escavadeiras hidraacuteulicas EH
349D da caterpil lar que possui uma concha com capacidade de carregar
ateacute 31 msup3 de material uma lanccedila que juntamente com o braccedilo podem
alcanccedilar ateacute 6m de profundidade esteiras que lhe permite trafegar em
terrenos de d if iacuteceis acessos giro de 360ordm horaacuterio e anti -horaacuterio Eacute um
equipamento de porte meacutedio e tem capacidade de produzir ateacute 350 th
A f igura 10 mostra a escavadeira sobre a camada de mineacuterio realizando
o carregando no mesmo niacutevel do caminhatildeo o qual eacute visto jaacute cheio na
f igura 11
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
22
Figura 10 Carregamento da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Figura 11 Caminhatildeo com Baux ita Fonte AMARAL 2015
O transporte e feito por caminhotildees rodoviaacuterios 4844 da Mercedes
estes possuim uma caccedilamba com capacidade de transportar ateacute 21 msup3
(foi modif icada para suportar este volume) esses caminhotildees suportam
transportar uma massa de 37 t O mineacuterio sai das frentes de lavra e
segue ateacute o britador localizado na planta de beneficiamento Os cami-
nhotildees com a caccedilamba cheia f icavam abaixo da capacidade pois a bauxita
tem densidade relativamente baixa
As etapas da lavra satildeo ilustradas de maneira simplif icada na f igura
12 onde a primeira etapa representa a supressatildeo vegetal a segunda
etapa eacute representa a retirada do solo orgacircnico a terceira etapa o mostra
o decapeamento e a na quarta e uacutelt ima etapa jaacute eacute possiacutevel perceber o
desmonte do mineacuterio
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
23
Figura 12 Etapas da lavra da baux i ta Fonte SOUZA 2014
165 O Beneficiamento da Bauxita em Juruti-PA
O beneficiamento do mineacuterio eacute feito por etapas sucessi vas de bri-
tagem lavagem em scruber e peneiras trommel e classif icaccedilatildeo granulo-
meacutetrica em um conjunto de peneiras vibratoacuterias dotadas de ldquo spraysrdquo la-
vadores em duas linhas paralelas O retido das peneiras vai direto para
o paacutetio de produto natildeo sem antes passar por uma torre de amostragem
As fraccedilotildees mais f inas seguem sob a forma de polpa para baterias de
hidrociclones capazes de recuperar as fraccedilotildees f inas e superf inas conti-
das na polpa A fraccedilatildeo menor que 400 mesh sai como rejeito e segue por
tubulaccedilatildeo para os reservatoacuterios ou lagoas de rejeito O f luxograma da
planta de beneficiamento eacute apresentado de forma simplif icado na f igura
13 sendo possiacutevel verif icar todas as operaccedilotildees unitaacuterias realizadas na
planta desde a britagem ateacute a f i lt ragem
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
24
Figura 13 Fluxograma do Benef ic iamento da Baux i ta em Jurut i
Fonte ALCOA apud BATISTA 2014
O material proveniente da mina eacute basculhado na moega de onde o
alimentador de sapatas transporta a bauxita ateacute o britador primaacuterio que
possui um topsize de 1200 mm e sua saiacuteda de alimentaccedilatildeo para o brita-
dor secundaacuterio eacute de 340 mm que por sua vez reduz o mineacuterio ateacute 130
mm Os britadores primaacuterio e secundaacuterio satildeo do tipo rolos dentados de-
vido agrave baixa abrasividade do material A f igura 14 destaca os dentes do
rolo do britador
Figura 14 Rolos do Britador Primaacuterio
Fonte BATISTA 2014
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
25
Ao sair da britagem secundaacuteria o material al imenta o circuito de
transportadores que comeccedila pela correia de sacrif iacutecio que suporta a
queda por gravidade do material Logo no iniacutecio dessa transportadora
existe o extrator de sucatas que deve retirar contaminantes metaacutelicos da
correia transportadora caso este equipamento venha a falhar logo a
frente dele haacute um detector de metas que quando acionado desliga todo
o circuito pois materiais metaacutelicos podem danif icar os equipamentos
subsequentes
A correia transportadora conduz agraves empilhadeiras que fazem a ho-
mogeneizaccedilatildeo tipo windrow-chevron garantindo assim uma mistura de
teores do mineacuterio estocado no paacutetio de bauxita britada A f igura 15 mos-
tra a empilhadeira em operaccedilatildeo formando a pilha de mineacuterio britado
Figura 15 Pilha de Bauxita Britada
Fonte FERREIRA 2014
A alimentaccedilatildeo da planta de beneficiamento pode ser feita pelo mi-
neacuterio do paacutetio de homogeneizaccedilatildeo a traveacutes de carregadeiras que al imen-
tam uma correia transportadora a qual conduz o material para o preacutedio
de lavagem Esse processo eacute denominado off l ine
Outra possibil idade eacute que a correia transportadora encaminhe o
mineacuterio direto da britagem para o preacutedio de lavagem o que eacute denominado
alimentaccedilatildeo on l ine Esse meacutetodo vem sendo bastante util izado por re-
duzir custos Haacute ainda a possibil idade de uma alimentaccedilatildeo on line simul-
tacircnea com a off l ine Antes do preacutedio de lavagem o mineacuterio britado passa
por uma torre de amostragem parte integrante do controle de qualidade
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
26
No preacutedio de lavagem o mineacuterio eacute processado no conjunto scru-
bertrommel que faz parte do tambor de escrubagem e tem a funccedilatildeo de
desagregar a argila da bauxita Esse processo ocorre atraveacutes das a letas
que se encontram no interior do scruber Acoplado ao scruber estaacute o
trommel (peneira rotativa que atua na separaccedilatildeo por tamanho de partiacute-
culas por telas de accedilo com malhas de 4 3 e 2 polegadas A f igura 16
mostra o trommel que iraacute substituir o anter ior
Figura 16 Trommel
Fonte FERREIRA 2014
As partiacuteculas acima de 4 polegadas satildeo encaminhadas para o re-
britador de rolos dentados para adequaccedilatildeo granulomeacutetrica cujo produto
alimenta peneiras vibratoacuterias de dois decks dotadas de telas de accedilo de
2rdquo e 4 mm respectivamente A bauxita maior que 4 mm eacute descarregada
em um transportador de correia e incorporada ao produto f inal da planta
(produto granulado) enquanto o undersize (menor que 4 mm) eacute direcio-
nado agrave uacutelt ima etapa do peneiramento
Jaacute o mineacuterio menor que 2 rdquo que sai do trommel eacute encaminhado para
a peneira vibratoacuteria de dois decks com telas de accedilo com malha de 1rdquo e
frac14rdquo O oversize desse peneiramento eacute o produto f inal que eacute levado para
o paacutetio de bauxita lavada por um transportador de correia Jaacute o material
abaixo de 1rdquo se junta ao undersize da peneira do rebritador e eacute encami-
nhado para a uacutelt ima etapa de peneiramento em peneiras de dois decks
com telas de 4 mm e 16 mm O oversize eacute produto f inal e encaminhado
para o paacutetio de bauxita lavada
O mineacuterio menor que 16 mm eacute direcionado atraveacutes de calhas e
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
27
canaletas ateacute um tanque de polpa que seraacute levada para a etapa de recu-
peraccedilatildeo de f inos nas baterias de hidrociclones A ciclonagem primaacuteria
eacute feita por duas baterias cada uma com 10 ciclones de 2 6rdquo polegadas
O underflow desse estaacutegio al imenta um tanque que recebe diluiccedilatildeo de
aacutegua bruta e em seguida eacute bombeada para al imentar f i l tros que gera o
produto f inal denominado f ino de bauxita cujo granulometria eacute entre 16
mm e 150
Jaacute o overf low da ciclonagem de 26rdquo al imenta um tanque e em se-
guida eacute encaminhado para ciclonagem de 10rdquo O underflow dessa ciclo-
nagem eacute um material que possui granulometria menor que 150 e maior
que 400 o qual eacute direcionado para os f i ltros de correia e constitui o
produto f inal denominado superf ino de bauxita A f igura 17 mostra umas
das baterias de ciclone de 10 polegadas
Figura 17 Bateria de Hidrociclones de 10rdquo
Fonte FERREIRA 2014
O overflow das baterias de ciclones de 10rdquo eacute descartado para uma
tubulaccedilatildeo que se destina ao tanque de sedimentaccedilatildeo da planta e cons-
titui o rejeito do processo de beneficiamento da bauxita possuindo gra-
nulometria inferior a 400 mesh Esse eacute o objeto de estudo deste trabalho
Toda a produccedilatildeo da planta de beneficiamento (granulados e f inos)
compotildee um produto uacutenico que segue transportado pela ferrovia de 55
quilocircmetros por composiccedilotildees com nuacutemero variaacutevel de vagotildees (entre 20
e 40 vagotildees por composiccedilatildeo) cada um com capacidade de 80 toneladas
ateacute as instalaccedilotildees do porto A f igura 18 mostra o trem vazio no paacutetio de
bauxita lavada
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
28
Figura 18 Trem da mina Jurut i
Fonte AMARAL 2015
Na aacuterea do porto o produto eacute descarregado estocado e expedido
em navios com capacidade de ateacute 55 mil toneladas e transportado ateacute a
ref inaria da Alumar em Satildeo Luiacutes - MA Na f igura 19 eacute possiacutevel ver a
correia transportadora e o ship loader em operaccedilatildeo realizando o embar-
que da bauxita
Figura 19 Embarque da Baux i ta Fonte AMARAL 2015
Resumidamente o f luxograma do processo da mina de Juruti da
lavra ao embarque estaacute representado na f igura 20
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
29
Figura 20 Fluxograma do Processo da Mina de Jurut i
Fonte ALCOA apud BRELAZ 2015
A Mina de Juruti foi inaugurada em 15 de setembro de 2009 O
primeiro embarque de bauxita do Projeto Jurut i ocorreu no dia 05 outubro
de 2009 Para transportar o mineacuterio ateacute a capital maranhense o navio
cargueiro MV Norsul Camocim transportando 43 mil toneladas de bauxita
percorreu 16 mil qui locircmetros em 80 horas (IBRAM apud FERREIRA
2013)
166 A Barragem de Rejeito
O material com granulometria menor que 400 mesh que sai do over-
flow das baterias de ciclones de 10 polegadas segue por uma tubulaccedilatildeo
com destino ao reservatoacuterio ou lagoa de rejeito O primeiro destino po-
reacutem eacute a lagoa de sedimentaccedilatildeo que eacute completamente impermeabil izada
tanto nas laterais quanto no fundo O objetivo inicial eacute que a polpa que
chega com um teor de soacutelido entre 5 e 8 sedimente -se naturalmente no
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
30
fundo da lagoa A lagoa de sedimentaccedilatildeo que recebe o material descar-
tado da usina de beneficiamento eacute vista na f igura 21
Figura 21 Lagoa de sedimentaccedilatildeo
Fonte BRELAZ 2013
O segundo passo eacute a dragagem do rejeito sedimentado para a bar-
ragem de rejeito o que eacute feito atraveacutes de uma draga de succcedilatildeo As dra-
gas f lutuam na lacircmina drsquoaacutegua da lagoa de sedimentaccedilatildeo e conduzem o
material decantado para a barragem de rejeito que atualmente estaacute lo-
calizada ao lado da lagoa de sedimentaccedilatildeo Nesse momento a polpa de
rejeito estaacute com um percentua l de soacutelido entre 28 e 30
Diferentemente do primeiro reservatoacuterio a barragem de rejeito eacute
uma estrutura com impermeabilidade apenas nas laterais permitindo que
parte da aacutegua inf i lt re no solo jaacute que o objetivo eacute o armazenamento f inal
do rejeito Grande quantidade de aacutegua volta para a lagoa por transbordo
e o restante eacute simplesmente evaporado deixando apenas as partiacuteculas
soacutelidas A f igura 22 mostra uma barragem de rejeito da Mineraccedilatildeo Rio
do Norte jaacute no f im da sua vida uacutet il
Figura 22 Barragem de Reje ito
Fonte BRELAZ 2013
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
31
Assim dentro de alguns anos esse local f icaraacute cheio de material
sendo necessaacuterio providenciar uma nova aacuterea para destinaccedilatildeo do rejeito
Em Juruti jaacute estaacute sendo providenciada uma nova barragem de rejeito
localizada distante da a primeira pois aproveitaraacute uma aacuterea minerada
anteriormente
A aacuterea do rejeito possui um sistema de circuito fechado para ali-
mentar a planta de beneficiamento de aacutegua recuperada a lagoa de de-
cantaccedilatildeo recebe aacutegua de drenagem da barragem de rejeito e aacutegua nova
da base Capiranga no rio Juruti Velho (distante cerca de 15 quilocircme-
tros) Dessa forma a aacutegua da polpa do rejeito eacute recirculada para o pro-
cesso de lavagem da bauxita em um reaproveitamento que chega a 85
sendo necessaacuteria a capitaccedilatildeo de apenas 15
O monitoramento das barragens de rejeito estaacute muito mais r igoroso
devido a incidentes ocorridos recentemente em Minas Gerais A barra-
gem de rejeito de lavagem de bauxita da mineraccedilatildeo Rio Pomba Catagua-
ses instalada em Miraiacute - MG rompeu-se em marccedilo de 2006 despejando
cerca de 400 milhotildees de metros cuacutebicos de polpa de rejeito (lama) no rio
Fubaacute que eacute a af luente do rio Muriaeacute A f igura 23 mostra a coloraccedilatildeo
tiacutepica da polpa de bauxita no rio Fubaacute
Figura 23 Rio contaminado com reje ito de baux ita
Fonte ALMEIDA 2009
Menos de um ano depois em 10 de janeiro de 2007 a barragem
voltou a se romper provocando o vazamento de 2 bi lhotildees de metros de
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
32
lama que at ingiu dois municiacutepios mineiros e quatro muni ciacutepios f luminen-
ses aleacutem de deixar vaacuterios bairros de Miraiacute alagados (CETEM 2015)
A mineradora foi multada em 50 milhotildees de reais em 2006 e como
foi reincidente a multa em 2007 foi de 75 milhotildees de reais Aleacutem disso
a Rio Pomba teve que arcar com os custos da recuperaccedilatildeo das aacutereas
atingidas e indenizaccedilotildees aos moradores que f icaram desalojados A em-
presa diz que o rompimento da barragem foi provocado pelo excesso de
chuvas Mesmo assim o governo do estado interditou a mineradora por
tempo indeterminado
Para evitar problemas similares aleacutem das vistorias perioacutedicas nas
suas barragens a Alcoa mantem uma estaccedilatildeo meteoroloacutegica ao lado da
lagoa de sedimentaccedilatildeo com o objet ivo de medir a quantidade de aacutegua
precipitada e tambeacutem a quantidade evaporada mantendo a ssim uma
margem segura na vazatildeo de rejeito depositado
Vale ressaltar que o tanque de sedimentaccedilatildeo e a barragem de re-
jeitos ocupam uma aacuterea quase do mesmo tamanho da aacuterea destinada a
todas as outras instalaccedilotildees da planta de beneficiamento conforme se
verif ica na f igura 24
Figura 24 Vista Aeacuterea da Planta de Benef ic iamento da Alcoa
Fonte O IMPACTO 2015
A Alcoa completou recentemente seis anos de operaccedilatildeo e com a
produccedilatildeo atual ainda natildeo encheu a primeira barragem de rejeito Mas
quando isso ocorrer o destino da aacuterea deveraacute ser semelhante ao que
ocorre na Mineraccedilatildeo Rio do Norte (da qual a Alcoa eacute acionista) Laacute
quando a barragem enche eacute abandonada Posteriormente satildeo plantadas
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
33
gramiacuteneas leguminosas que favorecem a f ixaccedilatildeo de nitrogecircnio no solo
e apoacutes o seu desenvolvimento completo satildeo plantadas espeacutecies nativas
que constituem a revegetaccedilatildeo definit iva dessas aacutereas E assim encerra
o processo do rejeito da planta de beneficiamento
Fazendo-se a caracterizaccedilatildeo desse rejeito seraacute possiacutevel propor
sua util izaccedilatildeo de forma alternativa reduzindo -se com isso a necessidade
de se construir novos espaccedilos para o armazenamento desse material
contribuindo natildeo apenas com a economia da mineradora mas principal-
mente com o meio ambiente
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
34
II MATERIAIS E MEacuteTODOS
Este toacutepico inclui a descriccedilatildeo da aacuterea de estudo seleccedilatildeo e prepa-
raccedilatildeo das amostras aleacutem das teacutecnicas e equipamentos util izados
21 Descriccedilatildeo da Aacuterea de Estudo
O Municiacutepio de Juruti estaacute localizado no extremo Oeste do Estado
do Paraacute pertencendo agrave mesorregiatildeo do Baixo Amazonas e microrregiatildeo
de Oacutebidos A sede do municiacutepio localiza -se nas coordenadas geograacuteficas
02ordm 09rsquo 09rdquo S e 56ordm 05rsquo 42rdquo W Gr l imitando -se ao Norte com os municiacutepios
de Oriximinaacute e Oacutebidos a Leste com Oacutebidos e Santareacutem ao Sul com o
municiacutepio de Aveiro e a Oeste com os municiacutepios de Terra Santa e Pa-
rint ins este uacutelt imo jaacute no estado do Amazonas
A cidade de Juruti estaacute a 855 Km (em linha reta) distante de Beleacutem
capital do estado do Paraacute e a 450 Km de Manaus capital do Estado do
Amazonas Possui uma aacuterea de 8306298 Km 2 (PMJ 2005) A populaccedilatildeo
do municiacutepio eacute de 47086 habitantes de acordo com o censo 2010 com
uma estimativa de 53989 habitantes em 2015 o que corresponde a uma
densidade de 65 habitantes por quilocircmetro quadrado (IBGE 2016) A
f igura 25 daacute uma boa ideia de localizaccedilatildeo do municiacutepio evidenciando
inclusive a microrregiatildeo ao qual Jurut i pertence
Figura 25 Localizaccedilatildeo do Municiacutepio de Juruti
Fonte FERREIRA 2013
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
35
A mina de bauxita de Jurut i estaacute localizada a aproximadamente 60
Km da sede do municiacutepio e possui uma reserva que pode chegar a 700
milhotildees de toneladas meacutetricas apesar de apenas 180 milhotildees terem sido
confirmadas pela Alcoa o que jaacute signif ica um dos maiores depoacutesitos de
bauxita de alta qualidade do mundo (ALCOA 2015)
22 Seleccedilatildeo e Preparaccedilatildeo das Amostras
As amostras foram coletadas na polpa da lavagem proveniente do
oversize do hidrociclone de 10rdquo antes que este seja levado para a bacia
de rejeitos Foi encaminhado um ofiacutecio para o setor de processoscon-
trole de qualidade da Mina de Juruti solicitando amostras do rejeito A
metodologia adotada para a coleta eacute descrita abaixo
O periacuteodo de coleta foi discutido conjuntamente com a mineradora
e estabeleceram-se os meses de setembro outubro e novembro de 2012
sempre na primeira e na terceira semanas de cada mecircs totalizando as-
sim seis amostragens nos quatro meses de coleta O cronograma de co-
leta f icou definido conforme a tabela 05 apresentada a seguir
Tabela 05 Cronograma de amostragem
Mecircs Iniacutecio da Coleta
Teacutermino da Coleta
Setembro 1ordm Semana do mecircs 04092012 11092012 3ordm Semana do mecircs 18092012 25092012
Outubro 1ordm Semana do mecircs 02102012 09102012 3ordm Semana do mecircs 16102012 23102012
Novembro 1ordm Semana do mecircs 30102012 06112012 3ordm Semana do mecircs 13112012 20112012
Fonte Autor
Como a usina opera em duas linhas (Linha 01 e Linha 02) o rejeito
de ambas as linhas foi coletado conjuntamente acumulando -se durante
o periacuteodo de uma semana formando uma uacutenica amostra de 12 l itros de
polpa que foi encaminhada para o Laboratoacuterio Fiacutesico da proacutepria Alcoa
Em seguida a amostra foi decantada para se proceder agrave retirada
do sobrenadante (excesso de aacutegua) tomando-se os devidos cuidados
para natildeo remover os soacutelidos Apoacutes a maacutexima ret irada de aacutegua da amos-
tra esta foi colocada na estufa a uma temperatura de 120 Cordm durante 12
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
36
horas O procedimento mais usado para a retirada da umidade eacute o aque-
cimento a 105ordm mas no protocolo adotado pela Alcoa usa-se 120ordm para
evitar a oxidaccedilatildeo da amostra principalmente devido agrave presenccedila de mi-
nerais de ferro
Esse material seco foi acondicionado em embalagens contendo 500
g devidamente identif icado e nos entregue pessoalmente pelo supervi-
sor teacutecnico da Alcoa De posse das amostras o passo seguinte foi passa-
las individualmente no homogeneizador em Y para se obter amostras
mais homogecircneas Apoacutes o processo de homogeneizaccedilatildeo seguiu-se o
quarteamentos das amostras usando-se o quarteado Jones ateacute se obter
frac14 do volume inicial
De cada uma das 6 amostras jaacute quarteadas foram retiradas duas
caacutepsulas de um grama uma para a difraccedilatildeo de raios-x e outra para a
espectrometria de f luorescecircncia de raios -x total izando 12 caacutepsulas as
quais foram identif icadas em encaminhadas via sedex para o laboratoacuterio
de Fiacutesica da Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Os resultados das
anaacutelises foram encaminhados via correio eletrocircnico
Para a anaacutelise teacutermica tambeacutem foi retirada uma caacutepsula de um
grama de cada amostra Na Universidade Federal do Paraacute (UFPA) as
seis caacutepsulas foram misturadas umas com as outras e analisadas con-
juntamente
23 Teacutecnicas e Equipamento
Para a determinaccedilatildeo dos elementos quantitativos nas amostras de
rejeitos ut il izou-se a teacutecnica analiacutet ica espectrometria de f luorescecircncia de
raios-x O equipamento empregado foi um espectrocircmetro da Rigaku mo-
delo ZSXMini II Os teores dos elementos foram detectados em pasti lhas
fundidas preparadas a partir da fusatildeo de 10g da amostra pulverizada
com 70 g de tetraborato de liacutet io As condiccedilotildees analiacutet icas para a dosagem
dos elementos presentes nas amostras foram detectores selado e de
f luxo cristais analisadores PET Ge PX1 PX3 e LIF200 potecircncia do
tubo 24 kV e 90 mA ou 50 kV e 50 mA O software ut i l izado para a anaacutelise
quantitativa foi o SemiQ desenvolvido pela Phil ips Essa etapa foi rea li-
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
37
zada no Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universi-
dade Federal do Cearaacute
Para a caracterizaccedilatildeo mineraloacutegica dos rejeitos empregou-se um
difratocircmetro de raios-x modelo DMAXB As medidas de difraccedilatildeo de
raios-x foram realizadas pelo meacutetodo do poacute As condiccedilotildees experimentais
empregadas foram as seguintes extensatildeo (θ-2θ) 3ordm a 100ordm 20ordmmin
radiaccedilatildeo CuKa 50 kV 100 mAring fendas de divergecircncia = 10ordm espalha-
mento = 10ordm recepccedilatildeo=030 mm Essa etapa tambeacutem foi realizada no
Laboratoacuterio de Raios-X do Departamento de Fiacutesica da Universidade Fe-
deral do Cearaacute
O equipamento uti l izado para a anaacutelise teacutermica eacute Shimadzu 60H
Usou-se razatildeo de aquecimento de 10 20 e 30ordmCmin -1 desde a tempera-
tura ambiente ateacute 1100ordmC A massa da amostra ~7mg atmosfera com ar
sinteacutet ico e vazatildeo do gaacutes de arraste 50mLmim -1 Os dados obtidos na
anaacutelise nas razotildees de aquecimento citados foram aplicados ao modelo
cineacutetico Model Free Kinetics e Flynne Wall para a obtenccedilatildeo dos paracircme-
tros cineacuteticos relacionados agrave decomposiccedilatildeo da amostra
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
38
III RESULTADOS E DISCUSSOtildeES
Passaremos agora a apresentar os resultados e discutir cada teacutec-
nica separadamente Iniciaremos com a espectroscopia de f luorescecircncia
de raios-x Em seguida passaremos para os resultados da difraccedilatildeo de
raios-X Na conclusatildeo seraacute feita uma abordagem mais abrangente
31 Espectrometria de Fluorescecircncia de Raios-X
Os espectrogramas gerados pelas amostras satildeo bastante
relevantes para demonstrar qualitativamente os principais elementos
quiacutemicos constituintes do rejeito O Resultado laboratorial possibi l i tou a
elaboraccedilatildeo da tabela 06 com base na espectrometria de f luorescecircncia
de raios-x
Tabela 06 Resul tados da EFRX
Oacutexido Amostra 1 teor ()
Amostra 2 teor ()
Amostra 3 teor ()
Amostra 4 teor ()
Amostra 5 teor ()
Amostra 6 teor ()
Meacutedia teor ()
Fe2O3 66223 57912 65232 61002 63153 63192 62786
SiO2 13747 16816 14931 16175 14725 14523 15153
Al2O3 11762 16374 12646 14664 14250 14438 14022
TiO2 7689 7893 6518 7519 7477 7256 7392
ZrO2 0229 0247 0263 0267 0211 0333 0258
CaO 0156 0215 0143 0198 0101 0105 0153
V2O5 0000 0426 0000 0000 0000 0000 0071
K2O 0087 0000 0054 0101 0083 0000 0054
Cr2O3 0000 0117 0124 0000 0000 0000 0040
SO3 0107 0000 0089 0000 0000 0000 0033
Co2O3 0000 0000 0000 0000 0000 0141 0024
Nb2O5 0000 0000 0000 0074 0000 0000 0012
Cl 0000 0000 0000 0000 0000 0012 0002
TOTAL 100000 100000 100000 100000 100000 100000 100000 Fonte Autor
As amostras do rejeito mostram a presenccedila dos seguintes
elementos quiacutemicos em forma de oacutexido com as meacutedias de teores
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
39
Alto Fe2O3
Meacutedio SiO2 e Al2O3
Baixo TiO2
Traccedilos ZrO2 CaO V2O5 K2O Cr2O3 SO3 Co2O3 Nb2O5 e Cl
Arenare (2009) tambeacutem usando EFRX para caracterizar a bauxita
de Juruti encontrou os seguintes relaccedilatildeo entre os teores dos elementos
Alto F e O
Meacutedio Al
Baixo Si e Ti
Traccedilos Na Cl S P e Cr
A primeira diferenccedila encontrada foi em relaccedilatildeo ao sil iacutecio que apre-
senta baixo teor na bauxita e meacutedio teor no seu rejeito Isso ref lete a
uma caracteriacutestica dos rejeitos que eacute o aumento do teor dos minerais de
ganga em relaccedilatildeo mineacuterio in natura
A segunda diferenccedila se refere aos cinco elementos traccedilos que natildeo
foram relatados na bauxita e apareceram no rejeito Zr Ca V K e Nb Por
uacutelt imo haacute dois elementos P e Na que aparecem na bauxita e natildeo apa-
recem no rejeito
De acordo com Arenare (2009) os minerais de ganga mais comuns
associados ao mineacuterio de alumiacutenio satildeo caulinita quartzo hematita go-
ethita ruti lo e anataacutesio Jaacute os minerais de ganga secund aacuterios satildeo cran-
dall ita wavell ita calcita i l i ta l it ioforita magnesita dolomita dawsonita
celest ita pir itagahnita cromita shubnelita e zircatildeo
O oacutexido de ferro apresentou teor meacutedio de 62786 sendo que o
menor teor encontrado foi 57912 e o maior foi 66223 O oacutexido de
ferro eacute um dos principais componentes da bauxita e aparece na forma de
hematita (Fe2O3) eou goethita (FeOOH)
O dioacutexido de s il iacutecio apresentou teor meacutedio de 15153 registrando
um miacutenimo de 13747 e um maacuteximo de 16816 Embora o d ioacutexido de
sil iacutecio possa ser encontrado em diversas formas diferentes na natureza
inclusive topaacutezio e ametista na bauxi ta sua presenccedila se deve agrave caulinita
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
40
(Al2Si2O5(OH)4) e ao quartzo (SiO2)
A siacutel ica presente na bauxita constitui -se um problema para as mi-
nas de bauxita metaluacutergica e como o seu teor aumenta com a diminuiccedilatildeo
da granulometria esperava-se que sua concentraccedilatildeo fosse relat iva-
mente elevada no rejeito da lavagem Em todas as amostras o teor de
sil iacutecio no rejeito da bauxita foi superior ao teor de alumiacutenio
O oacutexido de alumiacutenio no rejeito tem teor meacutedio de 14022 apre-
sentando certa variaccedilatildeo de teores entre as amostras O teor miacutenimo de
alumina registrado foi 11762 e o maacuteximo de 16374 As pedras pre-
ciosas rubi e safira satildeo compostas principalmente por oacutexido de alumiacutenio
e as suas cores caracteriacutesticas satildeo -lhes dadas por traccedilos de impurezas
Na bauxita o alumiacutenio pode vir em forma de gibbsita bohemita e diaacutes-
poro aleacutem da caulinita
Como o quarto principal componente da bauxita eacute o oacutexido de t itacirc-
nio no rejeito natildeo eacute diferente O dioacutexido de t itacircnio apresentou um teor
meacutedio de 7392 sendo o menor teor igual a 6518 e o maior igual a
7893 O dioacutexido de titacircnio pode aparecer na bauxita como dois mine-
rais distintos Anastaacutesio Ruti lo
Os teores meacutedios dos oacutexidos de ferro alumiacutenio sil iacutecio e t itacircnio
somam 99353 dos oacutexidos identif icados nas amostras Os oacutexidos dos
demais elementos atocircmicos com menores teores na amostra d e rejeito
totalizam 0647 da massa Apenas dois outros oacutexidos estatildeo presentes
em todas as amostras oacutexido de zircocircnio e oacutexido de caacutelcio
O zircocircnio na bauxita se apresenta na forma de zircatildeo (ZrSiO4)
um sil icato de zircocircnio correspondendo a um teor teoacuterico de 67 de
ZrO2 e 33 SiO2 O zircatildeo apresenta propriedades parecidas agraves do t itacirc-
nio destacando-se sua alta dureza (75)
O caacutelcio geralmente aparece na bauxita na forma de calcita
(CaCO3) que eacute um mineral bastante comum e disseminado na natureza
se destaca por ser um dos principais componentes do cimento e usado
tambeacutem na fabricaccedilatildeo de argamassa
O vanaacutedio e o cromo que ocorrem na bauxita na forma dos minerais
shcherbinaita (Fe2(V2O8)2H2O) e cromita (FeCr2O4) respectivamente
destacam-se como elementos extremamente resistentes agrave corrosatildeo
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
41
O potaacutessio estaacute presente na bauxita na forma de il ita
(KAl2(Si3AlO10)(OH)2) Eacute um dos principais macro nutrientes dos vege-
tais mas Paula (2010) tentou usar o rejeito da bauxita como substrato
agriacutecola sem sucesso
O enxofre ocorre na forma de piri ta FeS2 que apresenta 534 de
enxofre e 466 de ferro tendo dureza 6 Lima (2012) estudou a aplica-
ccedilatildeo do enxofre na induacutestria de cimento mas natildeo na sua composiccedilatildeo e
sim no processo de fabricaccedilatildeo
O Cobalto que aleacutem de ser resistentes tem elevada dureza eacute mais
comumente encontrado nos minerais cobalt ita (CoAsS) e esmalti ta
(CoAs3) ambos associados ao Arnecircnio o qual apresenta riscos para a
sauacutede podendo contaminar a aacutegua Gonccedilalves (2011) verif icou que a
contaminaccedilatildeo da aacutegua por arsecircnio pode ocorrer ateacute mesmo d e forma
natural Embora apenas umas das seis amostras pesquisadas apresen-
tou cobalto eacute necessaacuterio aprofundar mais a pesquisa nesse sentido em
Jurut i
O nioacutebio eacute outro elemento bastante resistente agrave corrosatildeo inclusive
a altas temperaturas Por isso materiais resistentes agrave corrosatildeo podem
ser obtidos com adiccedilatildeo de nioacutebio em sua composiccedilatildeo (MARTINS e SAN-
TOS 2013)
Ao todo a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x aplicado agraves
amostras encaminhadas para o laboratoacuterio detectou a presenccedila de 13
elementos quiacutemicos dist intos atraveacutes dos seus oacutexidos Em ordem alfabeacute-
tica dos seus siacutembolos os elementos encontrados foram Alumiacutenio ( Al)
Caacutelcio (Ca) Cloro (Cl) Cobalto (Co) Cromo (Cr) Enxofre (S) Ferro
(Fe) Nioacutebio (Nb) Potaacutessio (K) Sil iacutecio (Si) Titacircnio (Ti) Vanaacutedio (V) e
Zircocircnio (Zr)
O graacutef ico 01 i lustra a composiccedilatildeo meacutedia das amostras de rejeito de
bauxita com o percentual em termos de massa Nesse graacutef ico eacute possiacutevel
identif icar claramente os quatro elementos mais abundantes nas amos-
tras Como a quantidade dos elementos traccedilos total iza 0647 esse va-
lor foi denominado ldquooutrosrdquo e detalhado tambeacutem em forma percentual
no graacutef ico 02 para facil itar a visualizaccedilatildeo e a comparaccedilatildeo de cada um
dos demais nove elementos identif icados nas amostras
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
42
Graacutef ico 01 Composiccedilatildeo do reje i to da baux ita (em )
Graacutef ico 02Elementos Traccedilos no reje i to da baux i ta (em )
32 Difratometria de Raios-X
Os difratogramas de raios-x satildeo capazes de fornecer
informaccedilotildees sobre os principais minerais presentes nos rejeitos A f igura
26 mostra os difratogramas gerados pelas cinco primeiras amostras
Fe2O362786
SiO215153
Al2O314022
TiO27392
Outros0647
Zr 0258
Ca 0153V 0071
K 0054
Cr 0040
S 0033
Co 0024 N 0012
Cl 0002
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
43
Figura 26 Dif ratogramas com ident i f icaccedilatildeo dos p icos
Os principais minerais encontrados no rejeito da bauxita satildeo
G= Gibbsita Al(OH)3
H= Hematita Fe2O3
C= Caulinita Al2Si2O5(OH)4
A= Anataacutesio TiO2
Q= Quatzo SiO2
Eacute possiacutevel identif icar nos difratogramas de todas as amostras 23
picos com intensidade signif icativa sendo 6 de gibbsita 6 de hematita
5 de caulinita 4 de anataacutesio e 1 de quartzo Tal identif icaccedilatildeo dos picos
estaacute de acordo com o trabalho de Antoniassi (2010) que estudou o mi-
neacuterio de bauxita da mina de Porto Trombetas PA ut il izando difraccedilatildeo de
raios-x com ref inamento Rietveld
Amostra 1
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
Amostra 5
Amostra 6
Posiccedilatildeo 2θ (graus)
Inte
nsi
dad
e (u
a)
AG
Q A A
HH
H+C
H HA+HC C+G
CC C GG GG
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
44
Eacute importante ressaltar que a quantidade de picos de cada fase cris-
talina natildeo estaacute relacionada com o percentual da fase na nas amostras
No entanto a intensidade dos picos fornece uma indicaccedilatildeo da signif icacircn-
cia da fase cristal ina na amostra embora natildeo seja o uacutenico fator que
contribui para o percentual da fase na amostra O percentual das fases
cristal inas na amostra eacute possiacutevel ser determinado util izando o ref ina-
mento pelo meacutetodo Rietveld poreacutem neste trabalho natildeo foi possiacutevel fazer
este tipo de anaacutelise devido agrave quantidade de fases cristalograacutef icas iden-
tif icadas na amostra
Os picos correspondentes agrave gibbsita foram identif icados com base
no padratildeo ICSD 027698 com estrutura cristal ina monocliacutenica e grupo
espacial P21n A hematita foi identif icada com base no padratildeo ICSD
201098 com estrutura cristalina romboeacutedrica e grupo espacial R-3c A
caulinta por sua vez foi identif icada com base no padratildeo JCPDF 00-029-
1488 com estrutura cristalina monocliacutenica e grupo espacial C O ana-
taacutesio foi identif icado com util izando -se o padratildeo JCPDF 01-073-1764
com estrutura cristalina tetragonal e grupo espacial I41amd Finalmente
o quartzo foi identif icado atraveacutes do padratildeo JCPDF 00-027-0605 com
estrutura cristal ina cuacutebica e grupo espacial Fd3m
Usando espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier (FTIR) Pontes Santos e Figueira (2015) tambeacutem encontraram
as mesmas cinco fases minerais em estudos prel iminares de caracteri-
zaccedilatildeo com rejeitos de bauxita da mina de Jurut i
Tambeacutem usando a difraccedilatildeo de raios-x sete fases minerais foram
identif icadas na bauxita ( in natura) de Jurut i por Arenare (2009) gibb-
sita caulinita hematita goethita magnetita anataacutesio e bohemita Trecircs
dessas fases (goethita magnetita e bohemita) natildeo foram encontradas no
rejeito Por outro lado o rejeito apresentou quartzo que natildeo foi identif i-
cado na bauxita
O maior pico foi registrado para a gibbsita poreacutem os picos mais
frequentemente identif icados satildeo de hematita Caulinita tambeacutem
apresenta vaacuterios picos enquanto o anataacutesio e quartzo satildeo claramente
as fases minoritaacuterias
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
45
Com isso constata-se que o rejeito do beneficiamento da Alcoa em
Jurut i tal qual a proacutepria bauxita apresenta grande fraccedilatildeo gibbsit iacuteca
(Al(OH)3) associada aos minerais de caulinita (Al 2Si2O5(OH)4) e
hematita (Fe2O3) contendo uma pequena quantidade de anataacutesio (TiO 2)
e quartzo (SiO2)
A gibbsita eacute um hidroacutexido de alumiacutenio constituiacutedo de oacutexido de
alumiacutenio eacute aacutegua na seguinte proporccedilatildeo
2Al(OH)3 = Al2O3 + 3H2O ( i i i )
Massas Atocircmicas Al = 2698 O = 16 e H = 1008
2Al(OH)3 = 2 x [2698+ (16 + 1008) x 3] =156008
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
3H2O = 3 x [(1008 x 2) + 16] = 54048
Oacutexido de Alumiacutenio= 10196 156008 = 6536
Aacutegua= 54156= 3464
A hematita eacute um oacutexido de ferro com cerca de 70 de ferro e 30
de oxigecircnio
2Fe2O3 = 4Fe + 3O2 (iv)
Massas Atocircmicas Fe = 5585 e O = 16
2Fe2O3 = 2 x [(5585 x 2) + (16 x 3)] = 3194
4Fe = 4 x 5585 = 2234
3O2 = 3 x (16 x 2 = 96
Ferro = 2234 3194 = 6994
Oxigecircnio = 96 3194 = 3006
Jaacute a caulinita eacute um si l icato de alumiacutenio hidratado sendo formada
por siacutel ica oacutexido de alumiacutenio e aacutegua
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
46
Al2Si2O5(OH)4 = 2SiO2 + Al2O3 + 2H2O (v)
Massas Atocircmicas Al = 2698 Si = 2808 O = 16 e H = 1008
Al2Si2O5(OH)4 = (2698 x 2) + (2808 x 2) + (16 x 5) + (16 + 1008) x 4 = 258152
2SiO2 = 2 x [2808 + (16 x 2)] = 12016
Al2O3 = (2698 x 2) + (16 x 3) = 10196
2H2O = 2 x [(1008 x 2) +16] = 36032
Siacutelica = 12016 258152 = 4654
Oacutexido de Alumiacutenio = 10196 258152 = 3950
Aacutegua= 36258 = 1396
O Anataacutesio eacute um oacutexido de t itacircnio com cerca de 60 de titacircnio e
40 de oxigecircnio
TiO2 = Ti + O2 (vi)
Massas Atocircmicas Ti = 4787 e O =16
TiO2 = 4787 +16 x 2= 7987
Ti = 4787
O2 = 2 x 16 = 32
Titacircnio = 4787 7987 = 5993
Oxigecircnio = 327987= 4007
Os compostos de ferro (hematita) e t i tacircnio (anataacutesio) encontrados
na bauxita satildeo geralmente insoluacuteveis em soluccedilotildees baacutesicas e tecircm pouco
efeito na extraccedilatildeo seletiva do alumiacutenio Os compostos de si l iacutecio presen-
tes na bauxita (caulinita) satildeo rapidamente dissolvidos na etapa de diges-
tatildeo do mineacuterio A presenccedila de siacutelica na bauxita pode causar problemas
na sua digestatildeo entre eles o consumo de NaOH devido agrave dissoluccedilatildeo e
reprecipitaccedilatildeo da siacutelica como um complexo de aluminossil icatos de soacutedio
e agrave formaccedilatildeo de incrustaccedilotildees especialmente em superf iacutecies trocadoras
de calor (JESUS 2011)
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
47
Kurusu (2009) propocircs a ut il izaccedilatildeo da separaccedilatildeo magneacutetica nos re-
jeitos de bauxita A fraccedilatildeo magneacutetica composta dos minerais de ti tacircnio
e ferro poderia ser usada como aditivo para a fabricaccedilatildeo de cimento
Portland Jaacute a fraccedilatildeo natildeo-magneacutetica formada principalmente por mine-
rais de si l iacutecio poderia ser usada como substituta da areia na construccedilatildeo
civil
Inuacutemeros pesquisados estudam a aplicaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita
vem ganhando espaccedilo nas pesquisas cientiacutef icas e tecnoloacutegicas em as-
sociaccedilatildeo ao cimento Podemos citar Si lva Fi lho Alves e Da Motta
(2007) Antunes Conceiccedilatildeo e Navarro (2011) Ribeiro et al (2011) Te-
lesca et al (2011) Todos porem se referiam ao rejeito do processo Ba-
yer ou seja a lama vermelha
A possibil idade de aplicaccedilatildeo dos rejeitos da induacutestria de alumina
como incremento ao cimento jaacute foi constatada em estudos anteriores
demonstrando que a presenccedila de minerais de ferro natildeo eacute inconveniente
A sugestatildeo de Kurusu (2009) de realizar a separaccedilatildeo magneacutetica para se
obter um concentrado de hematita e anataacutesio adicionar ao cimento en-
careceria o processo
A proposta que surge entatildeo eacute a aplicaccedilatildeo do rejeito da lavagem
de bauxita da mina de Juruti na composiccedilatildeo do concreto tendo em vista
que a hematita com alto teor de ferro com dureza entre 6 e 65 e o
anataacutesio com alto teor de titacircnio com dureza entre 55 e 6 podem ser
capazes de proporcionar maior resistecircncia ao concreto
Haacute ainda entre os elementos traccedilos o zircocircnio e o cobalto que tam-
beacutem apresentam durezas elevadas Aleacutem disso o rejeito conteacutem elemen-
tos muito resistente agrave corrosatildeo como vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto
zircocircnio Citamos ainda o fato do caacutelcio do potaacutessio e da proacutepria alu-
mina serem util izados na composiccedilatildeo do cimento e do quartzo ser o mi-
neral mais abundante da areia usada na preparaccedilatildeo do concreto
Liberato et al (2005) af irma que no caso do rejeito da induacutestria de
alumina nem eacute necessaacuterio realizar a calcinaccedilatildeo para aplicaccedilatildeo no ci-
mento Portland sendo uma alternativa para a ut il izaccedilatildeo de uma grande
quantidade deste t ipo de resiacuteduo
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
48
33 Anaacutelise Teacutermica
A anaacutelise termogravimeacutetrica (TGA) foi empregada para realizar uma
anaacutelise das mudanccedilas nas propriedades fiacutesicas e quiacutemicas do rejeito O
que se verif icou foi a ocorrecircncia de fenocircmenos quiacutemicos inicialmente
desidrataccedilatildeo e tambeacutem a decomposiccedilatildeo aleacutem de oxidaccedilatildeo ou reduccedilatildeo
A f igura 27 mostra a o resultado da anaacutelise termal das amostras
Figura 27 Anaacutelise Termal
A anaacutelise termal mostrou que ao se aquecer o rejeito ateacute 1100 ordmC ocorreu uma
perda de massa de cerca de 16 Podemos verificar claramente que os fenocircmenos
ocorreram nos seguintes intervalos de temperatura
A partir de 590 ordmC a amostra jaacute estaacute termicamente estaacutevel apresentando uma
pequena curvatura ateacute os 1100 ordmC Provavelmente cada um desses fenocircmenos estaacute
associado a um dos minerais presentes no rejeito O termograma mostra que o rejeito
apresenta trecircs perdas de massa claramente definidas
a) 348 entre 30-260 ordmC
b) 551 entre 260-460 ordmC
c) 536 entre 460-590 ordmC
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
49
A primeira perda de massa pode ser atribuiacuteda a dois fatores a perda de aacutegua
livre (temperatura proacutexima a 100 ordmC) e a decomposiccedilatildeo da gibbsita com a formaccedilatildeo
de uma alumina de transiccedilatildeo (x -Al2 O3) ou criptocristalina (250 ordmC) seguindo a rea-
ccedilatildeo
2Al(OH)3 rarr Al2 O3 + 3H2 O (vii)
A uacuteltima perda de massa estaacute associada agrave saiacuteda da aacutegua de constitui-
ccedilatildeo da caulinita formando a metacaulinita de acordo com a reaccedilatildeo
2Al2 Si2O5(OH)4 rarr 2(Al2O32SiO2) + 4H2O (viii)
Jaacute a anaacutelise termal atraveacutes da DTA apresenta sete pontos relevantes
representados nos seguintes intervalos de temperatura
I 30-100 ordmC
II 100-260 ordmC
III 260-300 ordmC
IV 300-340 ordmC
V 340-540 ordmC
VI 540-600 ordmC
VII 600-1100 ordmC
Temos diminuiccedilatildeo do volume em I III V e VII Jaacute nos intervalos II IV e
VI ocorre aumento de v o l u m e
No intervalo I que vai ateacute 100 ordmC claramente a diminuiccedilatildeo do volume
se deve agrave desidrataccedilatildeo tendo em vista que coincide exatamente com o ponto
de ebuliccedilatildeo da aacute g u a
O aumento volumeacutetrico observado entre 100 e 260 ordmC coincide com o
limite da primeira perda de massa verif icado na curva de TG podendo entatildeo
inferir que se deve ao mesmo fenocircmeno ou seja decomposiccedilatildeo da gibbsita
com a formaccedilatildeo de uma alumina de transiccedilatildeo que se consolida a cerca de
250 ordmC
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
50
Nos intervalos 260 ndash 300 ordmC e 300 -340 ordmC ocorre uma raacutepida reduccedilatildeo
de volume seguida de um aumento igualmente raacutepido inclusive os interva-
los de temperatura de ambos eacute o mesmo cerca de 40 ordmC Com isso o volume
a 340 ordmC volta a ser igual ao volume agrave 2 6 0 ordmC
Na curva DTA o evento endoteacutermico observado a entre 600 e 1200ordmC
eacute atribuiacutedo a fenocircmeno fiacutesico pois nenhuma variaccedilatildeo de massa eacute observada
nessa temperatura O aspecto desse evento teacutermico eacute caracteriacutestico de pro-
cesso de cristalizaccedilatildeo Esse fenocircmeno fiacutesico deve estar relacionado a tran-
siccedilatildeo da fase do anataacutesio para o rutilo pois a literatura embora seja diver-
gente aponta que isso ocorre entre 670 e 1200 ordmC
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
51
IV CONCLUSAtildeO
A preocupaccedilatildeo ambiental tem ganhado cada vez mais espaccedilo nas
atividades de mineraccedilatildeo e casos recentes de rompimento de barra gens
de rejeitos de bauxita em Miraiacute (em 2006 e 2007) e mineacuterio de ferro em
Mariana (2015) ambos em Minas Gerais trazem agrave tona o debate sobre
a composiccedilatildeo mineraloacutegica dos materiais descartados apoacutes o beneficia-
mento mineral
No caso da mina de bauxita de Juruti isso natildeo eacute tatildeo preocupante
devido a dois fatores O primeiro se refere ao fato de natildeo haver a adiccedilatildeo
de nenhum produto quiacutemico ao longo de todo o processo de beneficia-
mento O segundo fator diz respeito agrave proacutepria barragem de rejeito pois
a mesma tem uma capacidade volumeacutetrica relativamente pequena
quando comparada agraves bacias de os mineacuterios
Aleacutem disso o fato dessas bacias de rejeitos serem fechadas e sua
aacuterea ser ateacute mesmo revegetada mostra que oferece um menor potencial
ofensivo ao meio ambiente Por outro lado a busca de aproveitamento
dos rejeitos representa a produccedilatildeo de subprodutos e uma diminuiccedilatildeo do
material descartado aumentando a vida uacutetil das barragens de rejeito
Ao realizar a caracterizaccedilatildeo do rejeito da usina de beneficia-
mento a espectrometria de f luorescecircncia de raios-x apontou a presenccedila
de 13 elementos quiacutemicos com destaque para ferro a lumiacutenio si l iacutecio e
t itacircnio Os demais elementos satildeo zircocircnio caacutelcio vanaacutedio potaacutessio
cromo enxofre cobalto nioacutebio e cloro
Natildeo se verif icou a presenccedila de elementos que possam represen-
tar ameaccedila de dano ao meio ambiente Mas o cobalto encontrado em
uma das amostras pode ser visto como um indicativo da presencia de
arsecircnio tornando necessaacuterio portanto a realizaccedilatildeo de estudos mais
profundados sobre a presenccedila desse elemento pois isso pode demons-
trar um risco de contaminaccedilatildeo das aacuteguas subterracircneas decorrente da
percolaccedilatildeo
A difraccedilatildeo de raios-x leva-nos agrave conclusatildeo que tal qual o mineacuterio
de alumiacutenio o rejeito do beneficiamento da Alcoa em Juruti eacute formado
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
52
por uma grande fraccedilatildeo de gibbsita (Al(OH)3) que estaacute associada agrave cau-
linita (Al2Si2O5(OH)4) e agrave hematita (Fe2O3) contendo tambeacutem uma por-
ccedilatildeo menor de anataacutesio (TiO2) aleacutem de apontar a presenccedila de quartzo
Sendo a siacutel ica presente na caulinita e no quartzo um deleteacuterio
para o mineacuterio de alumiacutenio e sabendo que seu teor aumenta com a redu-
ccedilatildeo da granulometria percebe-se que o aproveitamento da gibbsita a
partir do seu rejeito da lavagem de bauxita eacute economicamente proibit ivo
Por outro lado a hematita que eacute composta por 70 de ferro e o
Anataacutesio que tem na sua composiccedilatildeo 60 de titacircnio presentam a alta
dureza como uma caracteriacutest ica comum Tendo em vista que a lama ver-
melha resiacuteduo gerado na produccedilatildeo de alumina estaacute se ndo empregado
na em misturas para cimento um possiacutevel uso do rejeito do beneficia-
mento da bauxita eacute como um dos componentes do concreto substituindo
parte da areia com o intuito de aumentar sua resistecircncia
A presenccedila entre os elementos traccedilos de anticorrosivos como o
cromo vanaacutedio cromo nioacutebio cobalto zircocircnio e elementos que jaacute fazem
parte da composiccedilatildeo do concreto seja no cimento como o caacutelcio e o
potaacutessio seja na areia como o sil iacutecio reforccedilam a ideia da possiacutevel apli-
caccedilatildeo do rejeito da mineraccedilatildeo em Juruti como agregado para a constru-
ccedilatildeo civi l na composiccedilatildeo do concreto
A anaacutelise termogravimeacutetrica foi importante para corroborar essas
informaccedilotildees Os resultados obtidos mostram que as mudanccedilas de fases
e de massa comeccedilam a ocorrem de maneira mais signif icativa com tem-
peraturas em torno de 300degC Como a preparaccedilatildeo do concreto natildeo en-
volve temperaturas elevadas essas mudanccedilas de fase natildeo representam
impedimento
A mina de Juruti tem uma produccedilatildeo meacutedia de 5 milhotildees de tone-
ladas de mineacuterio lavrado por ano com recuperaccedilatildeo maacutessica de 70
Assim o total de rejeito gerado nos 6 anos de operaccedilatildeo chega a 9 milhotildees
de toneladas A possibil idade de ut il izar parte desse material signif ica
um aumento na vida uacutetil das barragens de rejeito
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
53
REFEREcircNCIAS
ABAL Associaccedilatildeo Brasileira do Alumiacutenio Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em
lthttpwwwabalorgbraluminiohistoria-do-aluminiogt Acesso em 14 mai 2015
ABPM Associaccedilatildeo Brasileira de Empresas e Pesquisa Mineral BAUXITA Dispo-
niacutevel em lthttpwwwabpmnetbrdownloadsgt acesso em 25 ago 2014
ALCOA Juruti Disponiacutevel em httpswwwalcoacombrasilptinfo_pageJu-
rutiaspgt Acesso em 20 de mai De 2015
ALMEIDA Luciana Ibama multa Alunorte por vazamento de rejeitos em coacuter-
rego de Barcarena Ibama 29 abr 2009 Disponiacutevel em
lthttpwwwibamagovbr200904ibama-multa-alunorte-por-vazamento-de-rejei-
tos-em-corrego-de-barcarenagt Acesso em 06 mai 2015
AMARAL Alceu M Relatoacuterio de Tarefas Decapeamento na Minas de Juruti Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2015
ANTUNES M L P CONCEICcedilAtildeO F T NAVARRO G R B Caracterizaccedilatildeo da
Lama Vermelha Brasileira (Resiacuteduo do Refino da Bauxita) e Avaliaccedilatildeo de suas
Propriedades para Futuras Aplicaccedilotildees In International Workshop Advances in
Cleaner Production Satildeo Paulo 2011
ANTONIASSI Juliana L A Difraccedilatildeo de Raios X com Meacutetodo de Rientveld Apli-
cada a Bauxita de Porto Trombetas PA 111 pag Dissertaccedilatildeo (Mestrado em En-
genharia Mineral) ndash Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Departa-
mento de Engenharia de Minas e de Petroacuteleo Satildeo Paulo 2010
ARENARE D S Caracterizaccedilatildeo de Amostras de Bauxita Visando a Aplicaccedilatildeo
de Meacutetodos de Concentraccedilatildeo Graviacutetica 148 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenha-
ria Metaluacutergica e de Minas) ndash Escola de Engenharia Universidade Federal Minas Ge-
rais Belo Horizonte 2009
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
54
BATISTA Cristina C Relatoacuterio de Tarefas Britagem Primaacuteria e Secundaacuteria Cen-
tro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
BIONDI J C Processos Metalogeneacuteticos e os Depoacutesitos Minerais Brasileiros
Satildeo Paulo Oficina de Textos 2004
BRASIL Resoluccedilatildeo Nordm 29 de 11 de dezembro de 2002 - Define diretrizes para a
outorga de uso dos recursos hiacutedricos para o aproveitamento dos recursos minerais
Disponiacutevel em lthttpwwwaesapbgovbrlegislacaoresolucoescnrh29_2002_dire-
trizes_outorga_agua_mineralpdf gt Acesso em 14 mai 2015
BRELAZ Jacircnio S Relatoacuterio de Tarefas Coleta de Amostras para Determinaccedilatildeo
de Teores Centro Teacutecnico de Aprendizagem Juruti CTA 2013
LIBERATO Caio C Efeito da calcinaccedilatildeo do resiacuteduo de bauxita nas caracteriacutesti-
cas reoloacutegicas e no estado endurecido de suspensotildees com cimento Portland
Ambiente Construiacutedo Porto Alegre v 12 n 4 p 53-61 outdez 2012
CAVALCANTI NETO Maacuterio T O e ROCHA Alexandre M R Noccedilotildees de Prospec-
ccedilatildeo e Pesquisa Mineral para Teacutecnicos de Geologia e Mineraccedilatildeondash NatalRN Edi-
tora do IFRN 2010
CETEM Centro de Tecnologia Mineral Rompimento de barragem da Minera-
dora Rio Pomba Cataguases afeta qualidade da aacutegua em MG e no RJ Disponiacute-
vel em lthttpverbetescetemgovbrverbetesExibeVerbeteaspxverid=107gt
Acesso em 20 mai 2015
COELHO Joseacute Maacuterio Projeto de Assistecircncia Teacutecnica ao Setor de Energia Outras
rochas e minerais industriais Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256650P28_RT46_Perfil_da_Fluoritapdfe6daf01b-abb8-487f-
a478-960bf3682a6cgt Acesso em 14 mai 2015
COIMBRA Universidade de Alumiacutenio Histoacuteria Disponiacutevel em lthttpnauti-
lusfisucptst25scenes-peleme01310htmlgt Acesso em 14 mai 2015
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
55
CONSTANTINO VRL et al Preparaccedilatildeo de compostos de alumiacutenio a partir da
bauxita consideraccedilotildees sobre alguns aspectos envolvidos em um experimento di-
daacutetico Quiacutemica Nova Vol 25 (3) p490-498 2002 Satildeo Paulo SBQ 2002
DNPM Departamento Nacional de Produccedilatildeo Mineral Arrecadaccedilatildeo da
CFEM por substacircncia Disponiacutevel em lthttpssistemasdnpmgovbrar-
recadacaoextraRelatoriosarrecadacao_cfem_substanciaaspxgt
acesso em 20 jan 2016
FERREIRA Andson P Impactos Sociais e Econocircmicos da Implantaccedilatildeo da Mina
de Juruti in 6ordm Simpoacutesio Brasil-Alemanha de Desenvolvimento Sustentaacutevel Santa-
reacutem 2013
FERREIRA Marinete S Relatoacuterio de Estaacutegio Beneficiamento na Mineraccedilatildeo Rio
do Norte Instituto Federal de Educaccedilatildeo Ciecircncia e Tecnologia do Paraacute- PA Santa-
reacutem IFPA 2014
FONSECA J J L e ESTEVES A Influence of bauxite tailings on the structure of
the benthic macroinvertebrate community in an Amazonian Lake (Lago Batata
Paraacute - Brazil) Rev Bras Biol 59(3) 397-405 1999-08
GIANNINI PCF Depoacutesitos e Rochas Sedimentares In Teixeira W Toledo M
CM Fairchild T R Taioli F (Orgs) Decifrando a Terra Satildeo Paulo Oficina de
Textos 2000 Cap 14 p285-301
Gonccedilalves JA C A Contaminaccedilatildeo Natural por Arsecircnio em Solo e Aacutegua Sub-
terracircnea na Aacuterea Urbana de Ouro Preto (MG) 201198 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado
em Evoluccedilatildeo Crustal e Recursos Naturais) ndash Universidade Federal de Ouro Preto
Ouro Preto 2011
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Paraacute Juruti Disponiacutevel em
lthttpwwwcidadesibgegovbrxtrasperfilphplang=ampcodmun=150390ampse-
arch=para|jurutigt Acesso em 20 de jan de 2016
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
56
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Informaccedilotildees e Anaacutelises da Economia
Mineral Brasileira 6ordm Ediccedilatildeo 2011 Disponiacutevel em lthttpwwwibramorgbrsi-
tes1300138200001669pdfgt Acesso em 14 mai 2015
IBRAM Instituto Brasileiro de Mineraccedilatildeo Mineraccedilatildeo e Meio Ambiente Belo Hori-
zonte IBRAM 1987
JESUS Carolina P C Caracterizaccedilatildeo da lama vermelha e sua aplicabilidade no
tratamento do corante tecircxtil Reativo Azul 19 2011 114f Dissertaccedilatildeo (Mestrado)
Universidade Estadual Paulista ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo Faculdade de Engenharia
Bauru 2011
KURUSU Renata S et al Concentration of bauxite fines via froth flotation Re-
vista da Escola de Minas Ouro Preto 62(3) 271-276 jul set 2009
LEMES Rosimeire Intemperismo e Erosatildeo em Aacutereas Degradadas pela Minera-
ccedilatildeo Rio de Janeiro Guanabara 2014
LEONARDI Fernanda A LADEIRA Francisco S B e SANTOS Marcilene Perfis
Bauxiacuteticos do Planalto de Poccedilos de Caldas SPMG Anaacutelise Geoquiacutemica e Posi-
ccedilatildeo na Paisagem Revista de Geografia (Recife) Vol 27 No 1Esp 2010
MARTINS Victor M e SANTOS Givanildo A A Importacircncia do Nioacutebio nas Pro-
priedades do Accedilo Sinergia Satildeo Paulo v 14 n 3 p 191-196 setdez 2013
MAacuteRTIRES Raimundo A C Alumiacutenio In Anuaacuterio Mineral Brasileiro 2010 DNPM
Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwdnpmgovbrassuntosao-publicoanuario-mine-
ralarquivosANUARIO_MINERAL_2010pdfgtAcesso em 20012016
LIMA Rondinelli N Avaliaccedilatildeo da Incorporaccedilatildeo de Enxofre no Cliacutenquer em um
Forno de Cimento 2012109 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Quiacutemica) ndash
Departamento de Engenharia Quiacutemica Universidade Federal de Minas Gerais Belo
Horizonte 2013
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
57
O IMPACTO Fundo Juruti Relanccedila Edital e Convoca Interessados Disponiacutevel
em lthttpwwwoimpactocombrdesenvolvimentofundo-juruti-relanca-edital-e-
convoca-interessadosgt Acesso em 20 de mai De 2015
PAULA Eacuterica C M Atributos de Substratos com Rejeito de Lavra de Bauxita
Cultivados com Pueraacuteria (Pueraria phaseoloides) e Braquiaria (Brachiaria de-
cumbens) em Barro Alto Goias 2010160 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agrono-
mia Solo e Aacutegua) ndash Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos Universidade
Federal de Goiaacutes Goiacircnia 2010
PMJ Prefeitura Municipal de Juruti Localizaccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwpmju-
rutipagovbrportal1municipiolocalizacaoaspiIdMun=100115063gt Acesso em
20 de mai De 2015
PONTES Tatiana A SANTOS Manoel R P FIGUEIRA Bruno A M Estudos Pre-
liminares de Caracterizaccedilatildeo Tecnoloacutegica de Rejeitos da Mina de Juruti ndash PA
VI Jornada Acadecircmica Da UFOPA Santareacutem 2015
QUARESMA Luiz F Projeto de Assistecircncia ao Setor de Energia Cadeia do Alu-
miacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwmmegovbrdocu-
ments11387751256652P37_RT62_Perfil_do_Alumxniopdf0714cb96-3c40-
413c-8091-817ce96aa7c7gt Acesso em 19 mai 2015
RIBEIRO D V et al Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama
Vermelha em Argamassas Colantes e de Revestimento Ceracircmica Industrial v 16
n 1 p 31-42 janfev 2011
SAMPAIO Joatildeo A e NEVES Carlos H B Bauxita ndash M S L Minerais SA in Usinas
de Beneficiamento de Mineacuterios do Brasil Rio de Janeiro CETEM 2002 p 307-314
SAMPAIO Joatildeo A ANDRADE Monica C e DUTRA Achilles J B BAUXITA In
Luz Adatildeo B da Minerais e Rochas Industriais Usos e Especificaccedilotildees Rio de Ja-
neiro CETEMMCT 2005 p 279-304
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011
58
SANTANA Andreacute L Sumaacuterio Mineral 2014 Alumiacutenio Beleacutem DNPM 2014
SERMETAL Histoacuteria do Alumiacutenio Disponiacutevel em lthttpwwwsermetalalumi-
niocombraluminioaspxgt Acesso em 14 mai 2015
SILVA FILHO E B ALVES MCM DA MOTTA M Lama Vermelha da Induacutestria
de Beneficiamento de Alumina Produccedilatildeo Caracteriacutesticas Disposiccedilatildeo e Aplicaccedilotildees
Alternativas Mateacuteria Rio de Janeiro v 12 n 2 p 322-338 2007
SILVA Maria L M C e OLIVEIRA Socircnia M B Caracterizaccedilatildeo Mineraloacutegica e Quiacute-
mica das Bauxitas de Nazareacute Paulista (Satildeo Paulo) Revista Brasileira de Geociecircn-
cias 22 (1) 93-99 mar 1992
SOUZA Douglas S Relatoacuterio de Tarefas Amostragem em Canaletas Centro Teacutec-
nico de Aprendizagem Juruti CTA 2014
TELESCA A et al Calcium Sulfoaluminate Cements Obtained From Bauxite-Free
Raw Mixes In INTERNATIONAL CONGRESS ON THE CHEMISTRY OF CEMENT
13 Madrid 2011