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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS DESENVOLVIMENTO DE qPCR MULTIPLEX PARA DETECÇÃO DE SALMONELLA SPP. E TRYPANOSOMA CRUZI EM POLPA DE AÇAÍ DANILO LEONCIO AGUIAR PEREIRA Belém-Pará 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS

DESENVOLVIMENTO DE qPCR MULTIPLEX PARA DETECÇÃO DE

SALMONELLA SPP. E TRYPANOSOMA CRUZI EM POLPA DE AÇAÍ

DANILO LEONCIO AGUIAR PEREIRA

Belém-Pará

2018

DANILO LEONCIO AGUIAR PEREIRA

DESENVOLVIMENTO DE qPCR MULTIPLEX PARA DETECÇÃO DE

SALMONELLA SPP. E TRYPANOSOMA CRUZI EM POLPA DE AÇAÍ

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Biológica de Agentes

Infecciosos e Parasitários do Instituto de

Ciências Biológicas da Universidade

Federal do Pará como requisito para a

obtenção do grau de Doutor em Biologia de

Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Almeida

Machado

Belém-Pará

2018

DANILO LEONCIO AGUIAR PEREIRA

DESENVOLVIMENTO DE qPCR MULTIPLEX PARA DETECÇÃO DE

SALMONELLA SPP. E TRYPANOSOMA CRUZI EM POLPA DE AÇAÍ

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes

Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade

Federal do Pará, como requisito para a obtenção do grau de Doutor em Biologia

de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Almeida Machado

Laboratório de Virologia ICB/UFPA

Banca Examinadora:

Profa. Dra. Edilene Oliveira da Silva

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Prof. Dr. Felipe Bonfim Freitas

Instituto Evandro Chagas, SVS, MS

Profa. Dra. Cintya de Oliveira Souza

Instituto Evandro Chagas, SVS, MS

Profa. Dra. Jacqueline Cortinhas Monteiro

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA

Profa. Dra. Rosimar Neris Martins Feitosa

Instituto de Ciências Biológicas, UFPA (Suplente)

Belém, 28 de junho de 2018

À Profa. Dra. Ana Amélia Cavalcante,

que certo dia perto do final de 2007

disse: “Você começa amanhã” e me

ofereceu a primeira oportunidade de

vivenciar a rotina de um Laboratório.

Valeu a pena!

“Hey mãe, por mais que a gente

cresça, há sempre alguma coisa que

a gente não consegue entender...”

(Humberto Gessinger)

Agradecimentos

Aos meus pais, que não podiam me dar uma videogame quando eu tinha 10

anos, não podiam me dar um violão quando eu tinha 15 anos, mas criaram o

ambiente familiar e escolar mais propício possível para algum dia no futuro e ser

e ter o quisesse!

À Luiz Carlos Santana e a melhor equipe do Laboratório de Erros Inatos do

Metabolismos de todos os tempos: Erik, Clebson, Pedro, Cadu, Clebinho,

Nathalia, Patrick e Gustavo, vai ser difícil uma outra geração com tanto talento

no mesmo lugar! E que satisfação ter feito parte desse grupo e poder aprender

uma coisa ou outra com eles.

A Elisabete Santos que me acompanhou pelos melhores momentos e

principalmente quando os momentos não eram tão bons assim!

Ao prof. Dr. Luiz Fernando, que acreditou nesse projeto e na minha capacidade

de executa-lo, espero que venham mais pela frente chefe.

Aos colegas de Labvir tão importantes nas atividades extracurriculares: Mike,

Edilson, Geison, Duda, Karol, Cinthia, Larissa e Leonardo.

Aos pesquisadores do Instituto Evandro chagas (IEC) Dr. Igor Brasil Costa e Dra.

Cintya de Oliveira Souza, sem vocês esse estudo não teria sido desenvolvido,

pelo menos não como foi projetado.

À técnica do laboratório de bacteriologia do IEC, Dolores Dias dos Santos, você

foi 100%.

À técnica do Monitora Laboratórios Elem Maria Brown, por toda ajuda e

orientação no manuseio das culturas.

A Afonso e Santuscha amigos e sócios de desafios, por terem investido neste

projeto e transformado essa ideia em um empreendimento!

6

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE QUADROS E TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS OU SÍMBOLOS

RESUMO

ABSTRACT

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 16

1.1 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS ................................... 17

1.2 SALMONELLA ....................................................................................... 19

1.2.1 Salmonelose..... .................................................................................... 20

1.2.2 Custos econômicos ............................................................................. 23

1.3 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE MICRORGANISMOS EM ALIMENTOS............................................................................................24

1.3.1 Identificação de Salmonella spp. por meio de método tradicional baseado em cultura............... .............................................................. 27

1.3.1.1 Tipificação de Salmonella .................................................................... 28

1.3.2 Identificação de Salmonella por meio de testes rápidos ................ 29

1.3.2.1 Métodos imunológicos ......................................................................... 29

1.3.2.2 Métodos moleculares ........................................................................... 30

1.3.3 Desenvolvimento de métodos alternativos para detecção de Salmonella......... .................................................................................. .32

1.4 DOENÇA DE CHAGAS ......................................................................... 32

1.4.1 Trypanosoma cruzi .............................................................................. 35

1.4.2 Transmissão oral de DC ...................................................................... 38

1.5 AÇAÍ........... ........................................................................................... 46

1.6 OBJETIVOS ........................................................................................... 50

1.6.1 Objetivo geral.... ................................................................................... 50

1.6.2 Objetivos específicos .......................................................................... 50

7

2 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................... 51

2.1 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS PARA A EXTRAÇÃO DE DNA ....... 51

2.1.1 Preparação das cepas de Salmonella e bactérias não alvo para o teste de seletividade...... ...................................................................... 51

2.1.2 Preparação da cepa Esmeraldo de T. cruzi. ...................................... 52

2.2 CONTAMINAÇÃO ARTIFICIAL DA POLPA DE AÇAÍ COM T. CRUZI E SALMONELLA SPP..... .......................................................................... 52

2.3 EXTRAÇÃO DE DNA............................................................................. 52

2.3.1 Avaliação da concentração e pureza do DNA ................................... 52

2.4 CONTROLE INTERNO DE AMPLIFICAÇÃO (CIA) ............................... 53

2.5 INICIADORES E SONDAS PARA DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS PATÓGENOS ALVOS............................................................................53

2.6 ESTABELECIMENTO DA PRECISÃO E LIMITE DE DETECÇÃO DA qPCR.................... ................................................................................. 54

2.7 AMOSTRAGEM, COLHEITA, CONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS DE AÇAÍ. .................................................................. 55

2.8 PESQUISA DE SALMONELLA SPP. PELO MÉTODO TRADICIONAL BASEADO EM CULTURA....... .............................................................. 55

2.9 PADRONIZAÇÃO DA qPCR multiplex................................................... 56

2.9.1 Avaliação da concordância entre métodos. ...................................... 57

2.10 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ................................................................... 57

3 RESULTADOS ...................................................................................... 59

3.1 PUREZA E CONCENTRAÇÃO DAS AMOSTRAS DE DNA .................. 59

3.2 AVALIAÇÃO DA PRECISÃO DO CONTROLE INTERNO DE AMPLIFICAÇÃO (CIA) ........................................................................... 59

3.3 AVALIAÇÃO DA PRECISÃO DOS CONTROLES ALTO E BAIXO PARA DETECÇÃO DE TRYPANOSOMA CRUZI ............................................ 60

3.4 QUANTIFICAÇÃO E LIMITE DE DETECÇÃO DE SALMONELLA SPP.62

3.5 PADRONIZAÇÃO DA QPCR MULTIPLEX ............................................ 64

3.5.1 Controle interno de amplificação na qPCR multiplex....................... 64

3.5.2 Quantificação de Salmonella spp. ...................................................... 64

8

3.5.3 Detecção de Trypanosoma cruzi ........................................................ 65

3.5.4 Teste de seletividade da qPCR multiplex .......................................... 66

3.6 DETECÇÃO DE SALMONELLA SPP. E TRYPANOSOMA CRUZI EM AMOSTRAS DE CAMPO DE POLPA DE AÇAÍ .................................... 67

3.6.1 Sensibilidade, especificidade, exatidão da qPCR multiplex ............ 68

3.7 CONCORDÂNCIA ENTRE O MÉTODO DE REFERÊNCIA BASEADO Em CULTURA E A QPCR PARA DETECÇÃO DE SALMONELLA SPP. EM POLPA DE AÇAÍ............... ..................................................................... 69

4 DISCUSSÃO ......................................................................................... 73

5 CONCLUSÕES ..................................................................................... 86

6 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 87

9

Lista de figuras

Figura 1- Classificação do gênero Salmonella em espécies, subespécie, sorovares e afecções causadas ...................................................... 20

Figura 2 - Distribuição da doença de chagas no mundo. ................................ 33

Figura 3 - Triatomíneo eliminando fezes durante o repasto sanguíneo. .......... 34

Figura 4 - Ciclo de vida do Trypanosoma cruzi no homem e em inseto da família Reduviidae. ..................................................................................... 37

Figura 5 – Forma amastigota (A), tripomastigota: seta preta - cinetoplasto; vermelha - núcleo; azul - membrana ondulante; verde – flagelo (B) e epimastigota encontrado em tubo digestivo de inseto da família Reduviidae (C)................................................................................. 37

Figura 6 - Chagoma de inoculação na mão de técnico de laboratório em infecção acidental com T. cruzi (A), sinal de romaña em indivíduo picado por triatomíneo (B). ................................................................................ 38

Figura 7 - Paneiros carregados de açaí antes do transporte e distribuição. .... 41

Figura 8 - Notificações de casos de chagas no Brasil causados por ingestão de alimentos contaminados por T. cruzi entre os anos de 1965 e 2013. ........................................................................................................ 42

Figura 9 - Estudo retrospectivo epidemiológico de notificações de transmissão oral de doença de chagas por estados. ........................................... 43

Figura 10 - Açaizeiro em área de várzea (A). Açaizeiro cultivado em área de manejo (B). ...................................................................................... 47

Figura 11 - Produção do açaí por área plantada no estado do Pará entre os anos de 2003 e 2009................................................................................ 47

Figura 12 - Comercialização da produção do açaí proveniente do estado do Pará em 2010. ......................................................................................... 48

Figura 13 - Evolução das exportações de açaí do Pará (US$) no período de 2002 a 2010. ............................................................................................ 49

Figura 14 - Precisão do controle interno de amplificação realizado em sextuplicata. O controle negativo é representado na curva de cor rosa. ........................................................................................................ 60

Figura 15 - Curva padrão realizada em triplicata para determinação dos controles alto e baixo e limite de detecção de T. cruzi. ................... 61

10

Figura 16 - Controles alto e baixo usados para detecção de Trypanosoma cruzi a partir de DNA extraído de cultura da cepa esmeraldo.............. 62

Figura 17 - Curva padrão em triplicata construída a partir da diluição seriada tendo como ponto de menor Ct igual à 31,5ng/uL de DNA extraído de 1mL de Salmonella typhimurium ATCC 0028 em meio BHI. .. 63

Figura 18 - Controle interno de amplificação na reação de PCR multiplex funcionando juntamente com dois outros conjuntos de oligonucleotídeos usados neste estudo. ..................................... 64

Figura 19 - Curva padrão de Salmonella typhimurium ATCC 0028 construída a partir de DNA extraído de 1mL de polpa de açaí contaminado artificialmente com quantidades equivalentes à 6x106, 6x105, 6x104, 6x103, 6x102 bactérias. ..................................................... 65

Figura 20 - Curva padrão de Salmonella com cinco pontos que variam de quantidade de bactérias equivalente à 6x106à 6x102

. ................. 65

Figura 21 - Controles alto e baixo para detecção de T. cruzi em amostras de DNA extraídas a partir de polpa de açaí artificialmente contaminadas com o protozoário com quantidades equivalentes à 2x105 e 2x101 parasitas/mL de polpa de açaí. ............................ 66

Figura 22 - Amostras de campo de açaí in natura com amplificação tardia (Inconclusivo). ............................................................................. 68

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Lista de quadros e tabelas

Quadro 1 - Número de casos notificados e confirmados de doença de chagas aguda no estado do Pará de 2002 à 2016. ................................. 44

Quadro 2 - Cepas de Salmonella e bactérias não-alvos usadas no teste de seletividade neste estudo. ........................................................... 51

Quadro 3 - Oligonucleotídeos, regiões e genes alvos usados na qPCR multiplex. .................................................................................................... 54

Quadro 4 – Condições de amplificação da reação da qPCR multiplex. .......... 56

Quadro 5 - Reagentes, volume final, concentrações finais e fabricantes dos reagentes utilizados na reação de qPCR multiplex. .................... 56

Quadro 6 - Grau de pureza e concentração de DNA de amostras de Salmonella spp. T. cruzi e polpa de açaí medidas no espectrofotômetro nanodrop 2000 e quantificadas no Qubit® 2.0 ............................ 59

Quadro 7 - Teste de seletividade da qPCR multiplex usando cepas de Salmonella de diferentes sorovares e sorogrupos e cepas de bactérias não-alvos. .................................................................... 67

Quadro 8 - Avaliação da sensibilidade, especificidade e exatidão da qPCR multiplex para detecção de Salmonella spp. e T. cruzi ............... 69

Quadro 9 - Concordância entre o método de referência e a qPCR para detecção de Salmonella spp. em teste cego. ............................................. 69

Quadro 10 – Amostras de açaí pasteurizado usadas no teste cego para avaliação da sensibilidade, especificidade, exatidão da qPCR para Salmonella spp. e Trypanosoma cruzi e avaliação do grau de concordância entre o método de referência e a qPCR para detecção de Salmonella spp. ...................................................... 70

Tabela 1- Interpretação da intensidade de concordância de acordo com os valores do coeficiente kappa. ........................................................ 58

Tabela 2 - Média e desvio padrão do Ct dos cinco pontos da curva padrão de T. cruzi. .............................................................................................. 61

Tabela 3 - Avaliação da precisão dos controle alto e controle baixo para detecção de T. cruzi...................................................................................... 62

Tabela 4 - Média e desvio padrão do Ct dos sete pontos em triplicata da curva padrão de Salmonella typhimurium ATCC 0028. .......................... 63

12

Lista de abreviaturas, siglas ou símbolos

µL: Microlitro

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APPCC: Análises de Perigos e Pontos Críticos de Controle

ATCC: Coleção americana de culturas

BHI: Infusão de Coração Cérebro

BPLS: Verde Brilhante Vermelho de Fenol de Lactose de Sacarose

CDC: Centro de controle de Doenças

CIA: Controle Interno de Amplificação

CO2: Dióxido de Carbono

CT: Limiar de amplificação

CTAB: Brometo de hexa-decil-trimetil-amônio

DC: Doença de Chagas

DNA: Ácido Desoxirribonucléico

DP: Desvio Padrão

DTA: Doenças Transmitidas por Alimentos

EIEC: Escherichia coli Enteroinvasora

ELISA: Ensaio de imunoadsorção enzimática

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPEC: Escherichia coli Enteropatogênicas Patogênica

FAO: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Saúde

FDA: Administração de Alimentos e Fármacos

H2S: Gás sulfídrico

HIV: Vírus da imunodeficiência humana

ICSMF: Comissão Internacional de Especificações Microbiológicas para Alimentos

IEC: Instituto Evandro Chagas

ISO: Organização Internacional para Padronização

kDNA: DNA do cinetoplasto

LAMP: Amplificação Isotérmica Mediada por Loop

LIA: Ágar Lisina Ferro

MAPA: Ministério da agricultura pecuária e abastecimento

13

MIO: Mobilidade Indol Ornitina

mL: Mililitros

mPCR: Reação em cadeia mediada pela polimerase em multiplex

NASBA: Amplificação Baseada na Sequência de Ácidos Nucléicos

ng: Nanogramas

nM: Nanomolar

OMS: Organização Mundial de Saúde

OPAS: Organização Pan-Americana da Saúde

PCR: Reação em Cadeia Mediada pela Polimerase

qPCR: Reação em Cadeia Mediada pela Polimerase Quantitativa

RT-PCR: Reação em Cadeia Mediada pela Polimerase precedida por transcrição reversa

SAGRI: Secretaria de Estado da Agricultura

SDS: Dodecil Sulfato De Sódio

SEDAP: Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca

SEICOM: Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração

SINAN: Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SPSS: Pacote Estatístico para Ciências Sociais

SS: Ágar Salmonella-Shigella

TSI: Tríplice Açúcar Ferro

USDA: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

XLD: Ágar de Desoxicolato-Lisina-Xilose

14

RESUMO

Atualmente mais de 200 doenças transmitidas por alimentos são responsáveis por aproximadamente 600 milhões de infecções e intoxicações anualmente no mundo. Alguns patógenos como a Salmonella têm como principal via de infecção alimentos contaminados, enquanto outros podem em condições específicas serem transmitidos por essa via como Trypanosoma cruzi. O tempo de resposta até a confirmação da presença da Salmonella é um gargalo logístico para a indústria alimentícia, e surtos de doença de chagas transmitida pelo consumo de polpa de açaí contaminado é atualmente um problema de saúde pública podendo acarretar sérios prejuízos econômicos. O presente estudo teve como objetivo o desenvolvimento de uma qPCR multiplex com a inclusão de um controle interno de amplificação para a detecção de Salmonella spp. e Trypanosoma cruzi em polpa de açaí. Um total de 210 amostras de açaí das quais 150 foram amostras de campo e 60 foram amostras de açaí pasteurizado utilizadas em um teste cego onde algumas foram artificialmente contaminadas com Salmonella e Trypanosoma cruzi para verificar a exatidão, precisão, sensibilidade, especificidade e limite de detecção da qPCR além de verificar a concordância entre o método de referência e a qPCR para a detecção de Salmonella. Das 60 amostras do teste cego analisadas nesse estudo a qPCR multiplex apresentou sensibilidade de 98,0%, especificidade de 100% e exatidão de 97% em relação a detecção de Salmonella spp. Para Trypanosoma cruzi a sensibilidade, especificidade e exatidão foram de 100%. A concordância entre o método de referência baseado em cultura e a qPCR multiplex foi de 88,33% e o coeficiente kappa = 0,78. Das 150 amostras de campo analisadas, não foi detectado T. cruzi, sendo seis amostras inconclusivas para a presença de Salmonella spp. O controle interno de amplificação foi inserido com sucesso na qPCR e teve como alvo uma sequência do DNA de Euterpe oleracea. Os parâmetros usados na avaliação da qPCR multiplex desenvolvida neste estudo demonstraram alta sensibilidade, especificidade e exatidão, além de terem uma forte concordância com o método de referência para a detecção de Salmonella spp., além de apresentarem sensibilidade, especificidade e exatidão de 100% para a detecção de Trypanosoma cruzi em polpa de açaí. Adicionalmente, a presença do controle interno de amplificação garante a funcionalidade do teste. Neste estudo foi desenvolvida uma qPCR multiplex para detecção de Salmonella spp. e Trypanosoma cruzi em polpa de açaí. Esta qPCR multiplex pode ser usada como método alternativo para detecção de Salmonella spp., oferecendo um menor tempo de resposta. Adicionalmente o uso do controle interno de amplificação garante a funcionalidade do teste. Esta qPCR multiplex pode tornar mais rápida a pesquisa de Salmonella spp. e agregar valor à cadeia produtiva do açaí diminuindo o risco de surtos de doença de chagas transmitida por açaí contaminado.

Palavras chave: Salmonella spp. Trypanosoma cruzi, qPCR multiplex, açaí.

15

ABSTRACT

Currently more than 200 foodborne diseases are responsible for about 600 million infections and intoxications annually in the world. Some pathogens such as Salmonella has as main route of infection contaminated food, while others may under specific conditions be transmitted by this route as Trypanosoma cruzi. The response time to the confirmation of the presence of Salmonella is a logistical bottleneck for the food industry and outbreaks of chagas disease transmitted by consumption of contaminated pulp of açaí is a public health problem and may cause serious economic loss. The present study aim the development of a multiplex qPCR with the inclusion of an internal amplification control to the detection of Salmonella spp. and Trypanosoma cruzi in açaí pulp. To this were analyzed 150 samples from field and 60 samples used in a blind test of which some were artificially contaminated with Salmonella and Trypanosoma cruzi to verify the accuracy, precision, sensitivity, specificity and limits of qPCR detection in addition to checking the concordance between the reference and qPCR method for the detection of Salmonella. Of the 60 samples of blind test analyzed in this study the multiplex qPCR presented 98.0% sensitivity, specificity of 100%, and an accuracy of 97% for the detection of Salmonella spp. For Trypanosoma cruzi sensitivity, specificity and accuracy were 100 %. The correlation between the reference method based on culture and multiplex qPCR was 88.33% and the coefficient kappa = 0.78. Of the 150 analyzed field samples was not detected T. cruzi, and six samples were inconclusive for the presence of Salmonella spp. the internal amplification control was inserted successfully in qPCR and had targeted a string of DNA of Euterpe oleracea. The parameters used in the evaluation of multiplex qPCR developed in this study demonstrated high sensitivity, specificity and accuracy, and a strong agreement with the reference method for the detection of Salmonella, as well as submit sensitivity, specificity and accuracy of 100% for the detection of Trypanosoma cruzi in Acai pulp. Besides the presence of the internal amplification, control ensures the functionality of the test. In this study was developed a multiplex qPCR for detection of Salmonella spp. and Trypanosoma cruzi in açaí pulp. This multiplex qPCR can be used as alternative method for detection of Salmonella spp. by offering a shorter response time, and is the first test for the detection of Trypanosoma cruzi in pulp of açaí to include an internal amplification control offering greater reliability. This multiplex qPCR can make faster searching of Salmonella spp. and add value to the production chain of açaí by decreasing the risk of outbreaks of chagas disease transmitted by contaminated açaí.

Key words: Salmonella spp. Trypanosoma cruzi, qPCR multiplex, açaí.

16

1 INTRODUÇÃO

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), estimam que ocorram

600 milhões de casos de infecções/intoxicações anualmente no mundo

veiculadas por água e alimentos contaminados com, aproximadamente, 420 mil

óbitos por ano, sendo que um terço acometem crianças menores de 5 anos

(OMS, 2017). A contaminação pode ter origem química, porém a maior parte é

causada por microrganismos ou suas toxinas (Kirk et al., 2015). Vários

patógenos são responsáveis por mais de 200 doenças que podem variar de

diarreias ao câncer (Mughini-Gras et al., 2018; Safwat Mohamed et al., 2018).

A transmissão de doenças por meio de alimentos ocorrem pela ingestão

de água contaminada e alimentos crus ou mal cozidos (Kintz et al., 2017). Os

sintomas mais comuns são dores abdominais, náuseas, vômitos, diarreias, dor

de cabeça, febre, mialgia e artralgia (Switaj et al., 2015). O período de incubação

e a gravidade das infecções variam, sendo que, em alguns casos os sintomas

podem ser brandos e a infecção autolimitada não causando maiores prejuízos a

saúde da pessoa afetada, isso porém depende de vários fatores tais como o

patógeno ou toxina envolvidos, a quantidade de alimento ingerido, assim como

a idade e as condições do sistema imunológico do indivíduo afetado (Llanes et

al., 2013).

A ocorrência de surtos epidêmicos causados por agentes infecciosos e/ou

toxinas veiculadas por alimentos contaminados é um problema de saúde pública

que geram custos para o estado e prejuízos econômicos para indústria (Stephen

& Barnett, 2017). Dependendo da gravidade do surto ou do patógeno envolvido,

alguns casos podem levar a embargos e/ou sanções comerciais que podem

afetar todo o setor produtivo de um país (Holznagel et al., 2015). Dessa forma,

órgãos fiscalizadores e a indústria alimentícia tem investido em ferramentas de

gestão de qualidade e análises microbiológicas que avaliam se o alimento está

adequado para o consumo antes da distribuição e comercialização (Fortin,

2013).

Várias ferramentas de gestão de qualidade têm sido desenvolvidas e

estabelecidas para diminuir os riscos de contaminação por microrganismos.

Boas práticas de fabricação, avaliação de riscos microbiológicos, gerenciamento

17

de qualidade (série ISO) e principalmente o sistema análise de perigos e pontos

críticos de controle (APPCC) são importantes ferramentas que visam melhorar a

cadeia produtiva alimentícia (FAO, 2011). Apesar do desenvolvimento e

implementação dessas ferramentas de gestão de qualidade, as análises

microbiológicas são indispensáveis para a avaliação de presença ou ausência

de microrganismos ou toxinas nos alimentos ingeridos pela população (BRASIL,

2001).

Órgãos internacionais como a Comissão Internacional de Especificações

Microbiológicas para Alimentos (ICSMF), CODEX ALIMENTARIUS e no Brasil a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Ministério da Agricultura

Pecuária e Abastecimento (MAPA) são responsáveis por estabelecer normas e

parâmetros usados pelos laboratórios de controle de qualidade para garantir a

ausência de microrganismos em alimentos. Estes órgãos exercem importantes

funções através de exigências, diretrizes, normas, limites e padrões, e também

são responsáveis pela inspeção, controle, fiscalização e vigilância (ICSMF,

1978; BRASIL, 2001; CODEX ALIMENTARIUS, 2008).

1.1 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS

Doenças transmitidas por alimentos (DTA) são aquelas cuja causa é a

ingestão de um alimento contaminado por um agente infeccioso ou sua toxina

(Torso et al., 2015). Mais de 200 tipos de DTA desde envenenamentos causados

por toxinas naturais produzidas por cogumelos, toxinas de algas e peixes, a

alimentos contaminados por produtos químicos prejudiciais como o chumbo,

mercúrio e agrotóxicos são reconhecidas atualmente (Dorne & Fink-Gremmels,

2013). Porém, a maior parte das DTA é causada por microrganismos ou suas

toxinas (Torso et al., 2015).

As DTA podem ser classificadas em infecções, intoxicações ou

toxinfecções (Furuta et al., 2003; Croxen & Finlay, 2010; Remschmidt et al.,

2011). As infecções são causadas pela ingestão de alimentos contendo

microrganismos vivos patogênicos (Fatemeh et al., 2014). As intoxicações

ocorrem quando toxinas produzidas por determinados microrganismos estão

presentes no alimento ingerido (Mehrotra et al., 2000) e as toxinfecções resultam

18

da ingestão de alimentos contendo microrganismos que produzem e liberam

toxinas no organismo (Czerwinski et al., 2015).

A presença do patógeno no alimento, não significa necessariamente a

ocorrência da DTA. O patógeno deve estar em uma quantidade mínima

suficiente para causar uma infecção ou intoxicação, e isto está diretamente

relacionado com a quantidade de alimento consumida e o grau de contaminação

desse alimento (Humphrey et al., 1989). Adicionalmente, grupos vulneráveis

como pessoas com sistema imunológico comprometido, idosos e crianças

menores de cinco anos são fatores relevantes para manifestação da DTA (Gruter

et al., 2000).

Os sistemas de vigilância e ferramentas de gestão de qualidade de

alimentos tem avançado nas últimas décadas, não obstante, houve um aumento

de surtos de DTA nesse mesmo período (Nyachuba, 2010). Vários fatores

podem estar contribuindo para esse fato como o crescimento de grupos

populacionais vulneráveis a exemplo de pessoas infectadas com o Vírus da

imunodeficiência humana (Subramoney, 2015), citomegalovírus (Martinez &

Vera-Roman, 2002), vírus Epstein-Barr (Rigante et al., 2015), fatores

metabólicos como desnutrição, diabetes, uremia, disfunção hepática, pacientes

transplantados e com câncer (Bunning et al., 1997; FDA, 2017).

O aumento crescente da população idosa em todo o mundo também

contribui para uma maior suscetibilidade da ocorrência de infecções a esses

indivíduos (Goulet et al., 2012). Adicionalmente o crescimento populacional e a

exigência de rápida produção e distribuição dos alimentos para o consumo é um

importante fator a ser considerado pois pode acarretar em falhas no controle de

pontos críticos da cadeia produtiva (Nyachuba, 2010).

Embora alguns agentes infecciosos possam, em condições especiais, ser

transmitidos por meio de alimentos (Barreto-de-Albuquerque et al., 2015), existe

um grupo de patógenos que são transmitidos, quase exclusivamente, por meio

do consumo de produtos alimentícios (Marder Mph et al., 2018). Parasitas

multicelulares, protozoários, fungos, bactérias, vírus e príons estão entre os

agentes responsáveis pelas DTA (Balter, 2000; Slifko et al., 2000). Embora esses

patógenos representem perigos específicos e em diferentes graus de gravidade

quando ingeridos juntamente com alimentos, as bactérias são os principais

microrganismos reportados em surtos de DTA (Kim et al., 2018).

19

As bactérias têm uma ampla distribuição no meio ambiente e possuem

grande capacidade de multiplicação em condições adequadas (Franco &

Landgraf, 2008). Podem ser úteis compondo a microbiota normal do homem e

dos animais, na produção de alimentos, como simbióticos na agricultura e na

medicina (Kerwin & Nyholm, 2018; Wang,et al., 2018), não obstante são a

principal causa de DTA (Allard et al., 2018). Staphylococcus aureus, Clostridium

perfringens, Bacillus cereus, Shigella, Campylobacter, Listeria e sobretudo

Escherichia coli e Salmonella são comumente isoladas durante surtos de DTA

(Allard et al., 2018).

1.2 SALMONELLA

O gênero Salmonella é composto por bactérias gram-negativas

pertencentes a família Enterobacteriaceae que possuem forma de bastonetes,

são anaeróbicas facultativas, intracelulares e flageladas em sua maioria (Coburn

et al., 2007). Possuem algumas características bioquímicas que são usadas para

triagem e identificação preliminar durante infecções suspeitas de salmonelose

através de meios seletivos específicos (Sturod et al., 2014). O gênero Salmonella

agrupa duas espécies: Salmonella bongori e Salmonella entérica (Old, 1992;

Brenner et al., 2000b). A Salmonella bongori raramente é isolada em humanos

sendo mais comuns em animais de sangue frio e no ambiente (Fookes et al.,

2011). Por outro lado, estima-se que a Salmonella entérica seja responsável por

99% das salmoneloses em humanos (LaRock et al., 2015).

A espécie S. entérica compreende 6 subespécies: entérica (I), salamae

(II), arizonae (IIIa), diarizonae (IIIb), houtenae (IV), indica (VI) como mostrada na

Figura 1 (Old, 1992; Brenner et al., 2000b). Essas subespécies são divididas em

mais de 2500 sorovares que podem ser diferenciados através de estruturas

específicas contidas na superfície da membrana, flagelo e cápsula celular

(Brenner et al., 2000a). A caracterização dos sorovares é realizado usando o

esquema de kauffmann-white onde antígenos somáticos (O), flagelares (H) e

capsulares (Vi) são usados na caracterização antigênica das Salmonellas

(Grimont & Weill, 2008). O conjunto de sorotipos que compartilham antígenos

em comum, podem ser reunidos em sorogrupos (Brenner et al., 2000a).

20

Figura 1- Classificação do gênero Salmonella em espécies, subespécie, sorovares e afecções causadas

Fonte: Adaptado de Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC)

Para um microrganismo iniciar uma infecção ele deve estar presente em

uma quantidade mínima necessária para transpor as barreiras físicas e

imunológicas de um hospedeiro (Stoner et al., 2000). Essa quantidade mínima é

denominada dose infectante e varia entre microrganismos (Leggett et al., 2012).

Salmonelas podem apresentar diferentes doses infectantes, que podem variar

de 103 à 108 dependendo de vários fatores como alimentos ao qual estão

inseridas (BRASIL, 2011), suscetibilidade imunológica do indivíduo infectado

(Moon et al., 2013; Huaman et al., 2015) e do sorovar envolvido (Malheiros et al.,

2007).

1.2.1 Salmonelose

21

O primeiro surto de salmonelose foi descrito na Alemanha, no final do

século XIX envolvendo 59 pessoas, onde uma evoluiu ao óbito

(KARLINSKI, 1889). Atualmente a salmonelose é a DTA mais reportada durante

surtos em todo o mundo (CDC, 2018). A maioria dos sorotipos são patogênicos

ao homem, e os sinais clínicos ocorrem em média entre 12 e 36 horas após o

início da infecção (Scallan et al., 2018). Embora a transmissão possa ocorrer de

pessoa para pessoa em hospitais ou através do contato com animais infectados

em granjas ou fazendas (Wells et al., 2001; Ranjbar et al., 2018), a grande

maioria das infecções por Salmonella ocorre através da ingestão de água ou

alimentos contaminados (Wells et al., 2001; Ranjbar et al., 2018). Uma vez que

o trato intestinal do homem e de animais é o principal reservatório de Salmonella,

a transmissão ocorre quando água não tratada ou alimentos mal cozidos

contaminados com fezes são ingeridos pelo homem (Coburn et al., 2007).

Embora surtos envolvendo Salmonella ocorram em todo o mundo, há uma

maior incidência em países com baixos indicadores socioeconômicos por

reunirem condições que contribuem para a ocorrência desses surtos como

regiões densamente povoadas com condições precárias de saneamento básico

(Murphy et al., 2017). Uma ampla variedade de alimentos podem servir de via

para a infecção por salmonelose, sobretudo aqueles que oferecem nutrientes

adequados à sobrevivência e multiplicação de patógenos quando armazenados

em condições inadequadas como ovos e derivados, carnes bovinas, suínas, de

aves, além de queijos e leite (Coburn et al., 2007). A forma mais eficaz de

prevenção é evitar a ingestão de água não tratada, alimentos sem o cozimento

adequado como carnes mal passadas e leite cru, armazenar os alimentos em

condições de temperatura adequados além de hábitos regulares de higiene

como lavar bem os vegetais consumidos crus e lavar as mãos durante o preparo

das refeições (CDC, 2015).

Ao ser ingerida através de alimentos contaminados, a Salmonella

sobrevive à acidez do estomago e alcança a mucosa intestinal disseminando-se

pela submucosa originando a enterocolite aguda (Jugulete et al., 2013).

Dependendo do sorotipo e do sistema imunológico da pessoa acometida, os

sinais clínicos podem ser leves ou moderados e envolvem febre, dor abdominal,

náuseas, vômitos e diarreia que duram em torno de três dias (Wen et al., 2017).

Por outro lado, indivíduos subnutridos ou imunodeprimidos estão suscetíveis a

22

infecções mais graves e precisam de acompanhamento médico específico (Uche

et al., 2017).

As infecções por Salmonella podem apresentar cursos clínicos diferentes

como gastroenterite, septicemia, febre entérica e portadores crônicos

assintomáticos (Fierer, 2001). A gastroenterite é caracterizada pela inflamação

da mucosa intestinal que ocorre pela invasão desse tecido pela Salmonella ou

outros patógenos (Hefele et al., 2018). O período de incubação é de 8 a 48 horas

após a ingestão do alimento contaminado e os principais sintomas envolvem

febre, dor de cabeça, dores abdominais, náuseas, vômitos, falta de apetite,

diarreia com ou sem presença de sangue (Bruzzese et al., 2018). A intensidade

dos sintomas varia entre indivíduos, mas geralmente é autolimitada em adultos

e raramente evolui para septicemia (Gambino-Shirley et al., 2018). Porém em

grupos de indivíduos vulneráveis como idosos, crianças menores de cinco anos

e indivíduos imunodeprimidos podem ocorrer complicações (Preziosi et al.,

2012). Em alguns casos a infecção pode evoluir para a síndrome de cólon

irritado, que se caracteriza por diarreia branda persistente (Cremon et al., 2014).

A febre entérica ou febre tifoide é usualmente causada pelos sorovares S.

Typhi, S. Paratyphi A e C e S. Sendai embora eventualmente possa ser causada

por outros sorovares (Johnson et al., 2018). Os sinais clínicos envolvem febre

alta, dores de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite, retardamento do ritmo

cardíaco, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco, prisão de

ventre ou diarreia, tosse seca, hepatoesplenomegalia, úlcera, choque séptico,

peritonite, e nos casos mais graves pode evoluir para o óbito (Keestra-Gounder,

2015). Uma porcentagem significante de indivíduos contaminados com

sorovares tifoidais tornam-se portadores crônicos, e representam um problema

de saúde pública pois são fonte de propagação da infecção e irão eliminar as

bactérias através das fezes e urina por períodos de até um ano (Mortimer, 1999;

Ruby et al., 2012).

A septicemia é uma resposta inflamatória sistêmica resultante de um

processo infeccioso. Origina-se quando uma infecção local não é controlada, e

microrganismos alcançam a corrente sanguínea em quantidades elevadas

sendo necessária então uma resposta inflamatória sistêmica do organismo

(Polak et al., 2014). A septicemia por Salmonella inicia-se através de uma

infecção local quando a bactéria penetra a mucosa intestinal e alcança a corrente

23

sanguínea (Preveden et al., 2001). O compartilhamento inicial de sinais clínicos

com gastroenterites comuns, podem dificultar inicialmente o diagnóstico, no

entanto com a evolução do processo infeccioso e o aparecimento de sintomas

mais graves e específicos como evidência de perfuração visceral, oligúria,

edema pulmonar, acidose lática e alterações na coagulação sanguínea indicam

a ocorrência de septicemia (Polak et al., 2014).

A coagulação intravascular disseminada resultado de quadros mais

graves de septicemia impede a distribuição de oxigênio e nutrientes para os

órgãos vitais levando a falência múltipla de órgãos e consequentemente ao óbito

(Eddicks et al. 2016). Entre os sorovares mais importantes relacionados a

septicemia por Salmonella pode-se citar S. Enteritidis, S. Typhimurium, S.

Choleraesuis e S. Dublin (Eddicks et al., 2016; Silva et al., 2017).

1.2.2 Custos econômicos

A alta frequência de salmonelose causada por alimentos contaminados

representa um sério problema socioeconômico em todo o mundo (Kirk et al.,

2015). O controle de salmonelose é de grande interesse para vários segmentos

da cadeia produtiva, sobretudo para os sistemas de saúde pública e produtores

do setor de proteína animal (Arguello et al., 2018). Vários países ao redor do

mundo tem reportados prejuízos milionários na cadeia produtiva por conta de

contaminações de produtos alimentícios e surtos causados por Salmonella

(Ailes, 2013; Wierup & Widell, 2014; Evangelopoulou et al., 2015). Os custos

econômicos estimados da ocorrência de salmonelose só nos Estados Unidos

giram em torno de US$ 4 bilhões anuais (USDA, 2015). Na Holanda, entre 2012

e 2013, foram notificados 21.123 casos de infecção por Salmonella com custos

da ordem de € 7 milhões entre despesas médicas, perda de produtividade e de

produtos alimentícios (Suijkerbuijk et al., 2017).

Em países não desenvolvidos, as estimativas envolvendo prejuízos

econômicos, perda de produtividade e hospitalizações são precários (Fletcher et

al., 2013; Magwedere et al., 2015). Estimativas indicam que mais de 250 mil

casos de salmonelose deixam de ser notificados por ano, a ocorrência de casos

com sinais clínicos leves que deixam de ser notificados nos sistemas de saúde

respondem por parte da subnotificação (Scharff et al., 2016). Por outro lado, a

24

maior parte de casos subnotificados ocorre em países com sistemas de saúde

precários com problemas nos sistemas de vigilância e notificações (Fletcher et

al., 2013; Magwedere et al., 2015).

Sistemas de vigilância eficientes e análises adequadas em produtos

alimentícios, podem diminuir a ocorrência de surtos de Salmonelose e

consequentemente prejuízos econômicos (Scharff et al., 2016). Vários países

tem melhorado ou implementado sistemas de vigilância e principalmente através

de novos métodos mais rápidos e menos laboriosos para atender a nova

necessidade de rapidez com que a produção e distribuição de alimentos exige

na atualidade (Nadon et al., 2017). Sistemas de vigilância baseados em análises

moleculares tem sidos usados para tornar mais eficiente investigações durante

surtos de DTA (Lowther et al., 2017). Nos Estados Unidos a implementação do

sistema de vigilância através do programa PulseNet, evitou prejuízos

econômicos estimados em aproximadamente U$ 40 milhões de dólares entre os

anos de 2007 e 2008 (Scharff et al., 2016).

No Brasil, com o objetivo de reduzir a prevalência de salmonelose e

estabelecer um nível adequado de proteção ao consumidor, recentemente o

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) através da instrução

normativa n° 20, de 21 de outubro de 2016, passou a exigir de estabelecimentos

avícolas comerciais de frangos e perus de corte e nos estabelecimentos de abate

de frangos, galinhas, perus de corte e reprodução, a análise para detecção de

de Salmonella spp., S. typhimurium, S. enteritidis (sorovares de interesse da

saúde pública), S. pullorum e S. gallinarum sorovares de relevância para a saúde

animal (BRASIL, 2016). Essas medidas são importantes para melhorar o

monitoramento de Salmonella em alimentos associados à surtos de salmonelose

e proteger um importante setor econômico nacional contra eventuais embargos

econômicos de países importadores (BRASIL, 2016).

1.3 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE MICRORGANISMOS EM ALIMENTOS

Metodologias para amostragem, colheita, acondicionamento, transporte e

análises microbiológicas de amostras de produtos alimentícios devem obedecer

ao disposto por órgãos internacionais como: International Commission on

25

Microbiological Specifications for Foods (I.C.M.S.F.); Codex Alimentarius;

Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods e

Standard Methods for the Examination of Dairy Products entre outros em suas

últimas edições e ou revisões. A Comissão Internacional de Especificações

Microbiológicas para Alimentos (ICSMF), é um dos mais importantes órgãos

responsáveis pelos critérios microbiológicos para avaliação de alimentos. Essa

comissão estabelece um fluxograma bem definido para garantir uma análise

assertiva de produtos alimentícios, que inclui: plano de amostragem, definições

dos microrganismos no alimento a ser avaliado e a metodologia analítica a ser

adotada, além do estabelecimento de padrões, normas e especificações que

definirão a aprovação ou reprovação do produto (ICSMF, 1978).

No âmbito nacional a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

e o Ministério da Agricultura Abastecimento e Pecuária (MAPA) são

responsáveis por estabelecer padrões e limites microbiológicos através de

critérios e interpretações de resultados das análises de alimentos para o

consumo humano, muitas vezes baseados em normativas de órgãos

internacionais (ANVISA, 2001, MAPA, 2016, ICMSF, 1978; FDA, 2007; CODEX

ALIMENTARIUS, 2008). Para identificar se determinado alimento está dentro

das normas estabelecidas, é necessário submeter amostras do alimento a

análises microbiológicas (BRASIL, 2001). Atualmente diferentes métodos tem

sido empregados na detecção de microrganismos em amostras de alimentos e

podem ser classificados em tradicionais e rápidos (Law et al., 2014).

Métodos tradicionais são usados a mais de um século e envolvem várias

etapas até a identificação de gêneros e espécies (Yue et al., 2014). Todas essas

etapas tornam os métodos tradicionais laboriosos, demorados e exigem mão de

obra treinada. As várias etapas que envolvem desde a preparação dos materiais

utilizados até a interpretação dos resultados tornam esses métodos mais

propícios à eventuais falhas (Feder et al., 2001). Por outro lado, os métodos

rápidos surgiram nas últimas décadas e entre as principais vantagens estão a

possibilidade de automação, resultados mais precisos, são menos laboriosos,

necessitam de menos mão de obra e produzem uma quantidade menor de

resíduos (Law et al., 2014).

Os métodos tradicionais baseiam-se no crescimento de microrganismos

em meios específicos e são ainda hoje considerados como referência. A

26

abordagem desses métodos fundamentam-se no cultivo e identificação de

bactérias através de meios não seletivos, seletivos e diferenciadores (Park et al.,

2012). Para se determinar um grupo ou microrganismo específico, é necessário

a realização de etapas específicas essenciais para o sucesso do procedimento.

Essas etapas envolvem um pré-enriquecimento seguido de enriquecimento

seletivo, isolamento e seleção de colônias suspeitas em meios sólidos (Cabrera-

Diaz et al., 2018).

O pré-enriquecimento visa diminuir o estresse causado às células durante

o processamento seja por mudanças de temperatura ou acréscimo de

substâncias químicas que podem causar debilidade porém, sem inativa-las

biologicamente (Richardson et al., 2018). O enriquecimento seletivo baseia-se

na diminuição da microbiota acompanhante através de substâncias que

impedem o crescimento da maioria dos microrganismos e otimizam o

crescimento de um conjunto restrito de bactérias entre as quais estão as que se

deseja identificar (Mooijman, 2018). O isolamento e seleção de colônias

suspeitas é realizada após o plaqueamento dos caldos de enriquecimento em

meios sólidos que permitem o crescimento de colônias com características

morfológicas que indicam a presença dos microrganismos como ágar

MacConkey, xilose-lisina-desoxicolato, Salmonella-Shigella, Eosina azul de

metileno e outros (Maddocks et al., 2002).

Os testes bioquímicos atualmente utilizados nas análises de alimentos

baseiam-se na ocorrência de reações químicas entre enzimas secretadas ou

presentes nos microrganismos e determinadas substâncias químicas ou

moléculas existentes no meio (El-Zanfaly & Kassim, 1983). Essas reações

resultam em eventos específicos que pode ser a formação de gases, a mudança

de cor de um meio ou ainda um processo de coagulação (Aksoysan et al., 1981).

Para a identificação de bactérias da família Enterobacteriaceae como Salmonella

spp., são realizadas provas bioquímicas baseadas na presença de determinadas

enzimas produzidas pelas bactérias, emissão de gases e motilidade.

Fermentação de dextrose, sacarose e lactose (meio TSI), produção de uréase,

desaminação de lisina e formação de H2S (meio LIA), produção de indol e

atividade de ornitina descarboxilase (meio MIO), motilidade e prova do citrato

são algumas das provas realizadas para identificar os gêneros de bactérias

(BRASIL, 2003; ISO 6579-2003).

27

1.3.1 Identificação de Salmonella spp. por meio de método tradicional

baseado em cultura

O pré-enriquecimento realizado em amostras suspeitas de Salmonella é

realizado por meio de água peptonada tamponada na proporção de 1:10 de

amostra e diluente e incubada 36 ± 1ºC por 16 a 20 horas. O enriquecimento

seletivo é realizado em dois meios que podem ser tetrationato, selenito cistina

ou Rappaport Vassiliadis incubados à 41 ± 0,5ºC por 24 a 30 horas. Em seguida

realiza-se o isolamento e seleção de colônias em meios sólidos. Os mais comuns

são ágar verde brilhante vermelho de fenol lactose sacarose (BPLS),

Salmonella-Shigella, Ágar de desoxicolato-lisina-xilose (XLD), Rambach entre

outros (BRASIL, 2003).

A morfologia das colônias observadas nos meios sólidos podem ser

utilizadas como indicativo para a identificação de Salmonella. A ausência de

crescimento já indica a ausência de microrganismos. Por outro lado o

crescimento de colônias com características morfológicas compatíveis com

Salmonella sugerem a presença desse microrganismo ou de um grupo restrito

de microrganismos que compartilham um perfil bioquímico semelhante (Park et

al., 2012).

Apesar da identificação preliminar ou triagem poder ser realizada através

da morfologia da colônia em meios sólidos seletivos, e identificação de

Salmonella depende de características bioquímicas que são intrínsecas a família

Enterobacteriaceae (Ranjbar et al., 2012). Várias provas bioquímicas permitem

avaliar o perfil metabólico de colônias suspeitas e contribuir na identificação do

gênero Salmonella. Verificação da presença de citocromo oxidase; detecção de

pirrolidonil peptidase (PYRase); produção de urease; fermentação da glicose,

sacarose e lactose no meio TSI; detecção de beta-galactosidase;

descarboxilação da lisina; produção de H2S; motilidade e produção de indol são

algumas das mais importantes provas bioquímicas utilizadas em laboratórios

para identificar o perfil bioquímico de colônias suspeitas de Salmonella (BRASIL,

2003).

Além da identificação bioquímica, o reconhecimento de sorovares é muito

importante do ponto de vista médico epidemiológico (Hong et al., 2018). Entre

28

os mais de 2500 sorovares conhecidos, alguns são mais patogênicos e requerem

um maior cuidado durante surtos como os sorovares tifoidais (Organization,

2018). A identificação dos sorovares pode ser realizada através de métodos

fenotípicos ou moleculares (Ferrari et al., 2017). Os métodos fenotípicos

usualmente empregados são sorotipificação, fagotipificação e perfil de

suscetibilidade a antimicrobianos (Kwambana-Adams et al., 2015). Entre os

métodos moleculares o mais importante é a PCR, usada para detectar

sequencias específicas do DNA dos diferentes sorovares (Alzwghaibi et al.,

2018).

1.3.1.1 Tipificação de Salmonella

Entre os métodos fenotípicos, a sorotipificação é um dos mais tradicionais

e baseia-se na ligação específica entre anticorpos e antígenos presentes nas

estruturas celulares: antígenos somáticos (O), antígenos Flagelares (H) e

antígenos capsulares (Vi). Através desde esquema as Salmonellas podem ser

classificadas em sorotipos pelo esquema de Kauffmann-White (Brenner et al.,

2000a; Grimont & Weill, 2008).

A fagotipificação utiliza fagos altamente específicos que infectam somente

determinadas linhagens previamente conhecidas causando lise célular após a

infecção. Com essa técnica é possível diferenciar até certas cepas de um mesmo

sorotipo (Miller et al., 2018). A fagotipificação tem sido uma importante

ferramenta na identificação de clones epidemiologicamente importantes do

ponto de vista da saúde pública como o fagotipo DT 104 encontrado no sorovar

typhimurium que apresenta multirresistência a antimicrobianos (OMS, 2005).

Uma outra técnica fenotípica para tipificação de Salmonella é a

sensibilidade aos antimicrobianos. Essa técnica consiste na utilização de

pequenos discos de papel contendo diferentes antimicrobianos em uma placa

estriada com a cepa teste, após a incubação é realizada a verificação de

crescimento ou inibição ao redor de cada disco (Kwambana-Adams et al., 2015).

Através dessa técnica pode-se identificar a resistência a determinados

antimicrobianos e assim traçar o perfil da cepa (Neuert et al., 2018).

A tipificação de sorovares através da PCR depende da diferença de

sequencias de DNA entre os sorovares (Morita et al., 2006). A maior vantagem

29

desse método é a rapidez, a capacidade de análise em larga escala e pouca

mão de obra já que a maior parte da técnica é automatizada (Zhou et al., 2016).

Vários autores tem descrito diferentes perfis de reações de PCR para

identificação de sorovares, porém um dos pontos limitantes é a falta de

uniformização sobre a utilização de um conjunto consenso de iniciadores entre

os vários laboratórios (Kim et al., 2017; Scopes et al., 2017; Wang, Yang, et al.,

2018).

1.3.2 Identificação de Salmonella por meio de testes rápidos

1.3.2.1 Métodos imunológicos

Entre os métodos rápidos atualmente mais usados na detecção de

patógenos em alimentos estão os imunológicos (Law et al., 2014). Esses

métodos baseiam-se na interação entre anticorpos e antígenos específicos,

(CHO et al., 2014). As técnicas de imunocaptura, imunoimobilização,

coaglutinação, e Enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA), são alguns

métodos imunológicos usados para detecção de patógenos em alimentos (Law

et al., 2014).

Na imunocaptura os anticorpos ficam acoplados a esferas metálicas

cobertas de policarbonato, após a ligação com antígenos específicos, é aplicada

atração magnética para a separação de antígenos não específicos.

Subsequentemente, o material que não se ligou ao complexo esfera-anticorpo,

é removido e então é retirada a atração magnética e obtêm-se um produto

desejado para submissão a testes do microrganismo de interesse (ISO-

16654:2001; Kobayaschi et al., 2004). Na imunoimobilização, a adição de

anticorpos específicos bloqueia a mobilidade de bactérias cultivadas em meio

semi-sólido formando uma banda de precipitação visível (Laroche et al., 1981).

Por sua vez, a coaglutinação é uma técnica baseada na aglutinação de partículas

de látex sensibilizadas com anticorpos antitoxinas (Chattopadhyay & Rashid,

2003).

O ELISA é umas das técnicas imunológicas mais usada na detecção de

patógenos em alimentos (Liang et al., 2015). Além da detecção de patógenos,

30

essa técnica também pode ser aplicada na detecção de toxinas como a

enterotoxina estafilocócica e toxinas butolínicas (Regnath & Ignatius, 2014). A

possibilidade de automação e a disponibilidade de kits comerciais disponíveis

para vários patógenos e toxinas disponíveis hoje no mercado permitem a

implementação de análises em larga escala tornando o processo mais dinâmico

(Temelli et al., 2012).

1.3.2.2 Métodos moleculares

Em meados da década de 1980, Kary Mullis descreveu a técnica da

reação em cadeia da polimerase (PCR) revolucionando o campo da biologia

molecular (Mullis et al., 1986). Essa técnica baseada na amplificação de

sequencias específicas de ácidos nucleicos, propiciou importantes avanços no

campo da biologia molecular, desde estudos de doenças genéticas, investigação

forense até o diagnóstico de doenças infecciosas (Kaneko et al., 1989; Sommer

et al., 1989; Fregeau et al., 1993). No início da década de 1990, as primeiras

pesquisas utilizando a PCR para a detecção de patógenos em alimentos foram

realizadas, iniciando o desenvolvimento de testes para fins de controle de

qualidade a partir desta técnica (Desenclos et al., 1991; Saito et al., 1992; Makino

et al., 1995).

Com os avanços no conhecimento, várias modificações e variações foram

implementadas à técnica da PCR, o que possibilitou maior flexibilidade de

protocolos, diminuição dos riscos de contaminações cruzadas e do tempo de

resposta. A multiplex PCR (mPCR), reverse transcriptase PCR (RT-PCR) e mais

recentemente a PCR em tempo real ou PCR quantitativa (qPCR) são as mais

importantes (Herwaldt et al., 1994; Vannuffel et al., 1995; Furuta et al., 2003). A

mPCR é capaz de realizar a detecção de dois ou mais alvos simultaneamente

em uma mesma reação (Vannuffel et al., 1995). Por sua vez, na RT-PCR

moléculas de RNA, através da técnica de transcritase reversa são transcritas em

DNA complementar (cDNA) e subsequentemente amplificadas, sendo assim

uma importante ferramenta na detecção de vírus de RNA (Chou & Williams-Hill,

2018). Mais recentemente a qPCR acrescentou elementos fluorescentes durante

a amplificação dos ácidos nucléicos aumentando a sensibilidade, especificidade,

31

diminuindo o número de etapas até o resultado final e consequentemente o

tempo de resposta (Furuta et al., 2003).

A qPCR permite amplificação e quantificação de sequencias específicas

de ácidos nucleicos a partir da detecção de fluorescência emitida de acordo com

o número de cópias produzidas ao final de cada ciclo (Furuta et al., 2003). Assim,

os produtos de PCR podem ser detectados de duas formas: através de corantes

fluorescentes que se ligam a DNA dupla fita, ou sondas com marcações

fluorescentes sequência-específica (Dupouey et al., 2014). No caso dos corantes

fluorescentes intercalantes de dupla fita, o SYBR Green é o mais conhecido, por

outro lado, as sondas com marcações fluorescentes mais usadas são: molecular

beacons e TaqMan (Ryazantsev et al., 2014). As reações através de sondas

TaqMan são altamente específicas uma vez que o conjunto de três

oligonucleotídeos diminuem a possibilidade de reações inespecíficas, e por isso

são indicadas quando se deseja resultados mais confiáveis como detecção de

microrganismos para fins de diagnóstico e controle de qualidade de alimentos

(Quiles et al., 2015).

Todas as variações da PCR têm sido muito utilizadas como ferramentas

para detecção de patógenos em alimentos. No entanto a qPCR pode englobar

todas as outras variações já que pode ser realizada desde uma simples PCR

para a detecção de um único alvo, até uma multiplex e RT-PCR, todas com maior

sensibilidade, especificidade e menor risco de contaminação e tempo de

resposta (Fricker et al., 2007; Cremonesi et al., 2014). De fato, a qPCR possui a

grande vantagem de oferecer resultados de forma quantitativa podendo fornecer

o número de microrganismos presentes na amostra, o que é importante para fins

de controle de qualidade de alimentos (Hahm et al., 2015).

Outras técnicas moleculares baseadas na amplificação de ácidos

nucleicos descritas nas décadas de 1990 e nos anos 2000, tem sido aplicadas

para detecção de patógenos em alimentos (Law et al., 2014). Nucleic acid

sequence-based amplification (NASBA), Loop-Mediated Isothermal Amplification

(LAMP) e DNA Microarray são as mais importantes (Fan et al., 2012; Sugita-

Konishi et al., 2015; Tortajada-Genaro et al., 2015). Essas técnicas possuem

vantagens a serem exploradas, tais como kits comerciais disponíveis, alta

sensibilidade e potencial de implementação de análises em larga escala (Liew et

al., 2014). Apesar das vantagens, essas técnicas também têm suas limitações

32

como o alto custo para implementação em rotina, principalmente quando

encontra-se em ambientes com baixa demanda de amostras (Zhang et al., 2015).

1.3.3 Desenvolvimento de métodos alternativos para detecção de

Salmonella

O desenvolvimento de métodos alternativos para diagnóstico ou controle

de qualidade de alimentos devem ser avaliados através de vários parâmetros

para garantir a confiabilidade do protocolo (Grohmann et al., 2014). Entre os

parâmetros mais importantes podem ser citados a seletividade (inclusividade e

exclusividade), exatidão, precisão, especificidade, sensibilidade e limite de

detecção (Lemos et al). Além disso, é necessário comparar os resultados do

novo método ou protocolo com os resultados observados nos métodos de

referência para avaliar a concordância entre eles (Veterin & Distrito, 2009).

Atualmente um dos métodos alternativos mais descritos para controle de

qualidade de alimentos é a PCR e qPCR (Zhou et al., 2016; Scopes et al., 2017;

Wang, Yang, et al., 2018). Embora vários estudos tenham descritos iniciadores

e sondas para uma ampla gama de microrganismos reportados em surtos de

DTA, a ausência de experimentos que avaliem os parâmetros mínimos para

garantir a confiabilidade dos protocolos e ausência de comparação com o

método de referência é uma barreira para a utilização desses protocolos por

laboratórios (Vannuffel et al., 1995; Fricker et al., 2007; Cremonesi et al., 2014;

Quiles et al., 2015).

1.4 DOENÇA DE CHAGAS

A tripanossomíase americana ou doença de chagas (DC) é uma

antropozoonose causada por um protozoário flagelado da família

Trypanosomatidae (Carod-Artal, 2013). A área de ocorrência da DC abrange a

américa do sul e central (Figura 2) (CDC, 2017). A DC é considerada uma das

mais importante doenças negligenciadas e atualmente estima-se em torno de

oito milhões de pessoas infectadas, a maioria na américa latina (CDC, 2017). O

modo de transmissão, o vetor e o agente infeccioso dessa enfermidade foram

33

descritos por Carlos Justiniano Ribeiro das Chagas no início do século passado

(Chagas, 1909).

Figura 2 - Distribuição da doença de chagas no mundo.

Fonte: Organização Mundial de Saúde (OMS), 2013.

A DC apresenta duas fases: aguda e crônica (Nguyen & Waseem, 2017).

Na fase aguda ocorre a proliferação do parasita na corrente sanguínea e os

sinais clínicos que podem iniciar de uma e duas semanas após a infecção

envolvem febre, fadiga, dores no corpo, dor de cabeça perda do apetite, diarreia

e vômito (CDC, 2013). Em alguns casos os sinais clínicos durante a fase aguda

podem ser leves ou até mesmo assintomáticos impossibilitando o diagnóstico,

dependendo da cepa envolvida na infecção (Gulin et al., 2018), da forma de

transmissão (Barreto-de-Albuquerque et al., 2015) e de outras patologias nos

indivíduos acometidos (Tozetto-Mendoza et al., 2017).

Atualmente os únicos tratamentos disponíveis para DC são o

Benzonidazol e Nifurtimox que são muito eficazes se ministrados durante a fase

aguda da infecção (Rivera et al., 2009). Caso o indivíduo infectado não seja

tratado, a doença evolui para a fase crônica. Nessa fase os tratamentos são

pouco efetivos e embora possa ser assintomática, em 30% à 40% dos infectados

podem ocorrer distúrbios cardíacos, digestivos e no sistema nervoso que podem

34

levar ao óbito (Cordova et al., 2010; Peixoto et al., 2018; Panesso-Gomez et al.,

2018).

A forma clássica de transmissão ocorre por meio de insetos vetores da

família Reduviidae infectados, conhecidos popularmente como “barbeiros” (Lima

et al., 2018). São insetos hematófagos, que defecam durante o repasto

sanguíneo e as fezes contaminadas com agente etiológico podem cair na

corrente sanguínea através da lesão causada pela picada originando a doença

(Figura 3) (Hemmige et al., 2012). As principais espécies de insetos envolvidos

na infecção são Triatoma infestans, Panstrongylus geniculatus, Panstrongylus

lutzi, Panstrongylus megistus, Rhodnius nasutus, Rhodnius neglectus, Rhodnius

robustus, Rhodnius pictipes, Triatoma brasiliensis, Triatoma maculata, Triatoma

pseudomaculata, Triatoma rubrovaria, Triatoma rubrofasciata, Triatoma sordida

e Triatoma vitticeps (Carlos Pinto Dias et al., 2016). No Brasil o vetor mais

importante foi Triatoma infestans devido a sua ampla distribuição nos biomas e

seu habitat peridoméstico, o que potencializava o contato com a espécie humana

(Schofield et al., 2006).

Figura 3 - Triatomíneo eliminando fezes durante o repasto sanguíneo.

Fonte: Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Embora a via clássica de transmissão de DC ainda seja um problema de

saúde pública, nas últimas décadas vários países em regiões endêmicas

35

desenvolveram programas com o objetivo de interromper a transmissão de DC

através da melhoria das condições de habitação e principalmente eliminação dos

principais vetores (Silveira & Vinhaes, 1999). Em meados dos anos 2000, o Brasil

foi o primeiro país na américa latina a receber a certificação internacional pela

interrupção da transmissão da DC pelo Triatoma infestans, o mais importante

vetor da DC no país (OPAS, 2006). Dados de um inquérito de soroprevalência

realizado entre os anos de 2001 à 2008 (Ostermayer et al., 2011) e dados da

vigilância epidemiológica de 2000 à 2013 realizados em amostras de diferentes

regiões do país atestaram a ausência de transmissão domiciliar contínua,

embora transmissões esporádicas ainda ocorram (Ministério de Saúde, 2015).

Essas transmissões estão ligadas à vetores secundários e as transmissões

extradomiciliares (silvestres) que passaram a ter uma maior importância no

contexto da transmissão vetorial de DC no Brasil (Browne et al., 2017).

1.4.1 Trypanosoma cruzi

O agente etiológico da doença de chagas é o Trypanosoma cruzi (Carod-

Artal, 2013). Esse protozoário possui forma alongada (durante seu estágio

infectante), e um cinetoplasto que é uma estrutura funcionalmente semelhante à

mitocôndria que dá suporte energético ao único flagelo responsável pela

motilidade do parasita (Gonçalves et al., 2018). O ciclo de vida pode ser silvestre

ou doméstico e envolve hospedeiros vertebrados e invertebrados. No ciclo

silvestre o protozoário circula entre mamíferos silvestres e insetos vetores da

família Reduviidae, quando populações humanas invadem áreas de ocorrência

do ciclo silvestre sobretudo em condições de moradia precárias como casas de

pau-a-pique com frestas que servem de moradia para os vetores, a transmissão

vetor-humano ocorre e origina o ciclo doméstico (Dias et al., 2008).

O T. cruzi possui uma ampla heterogeneidade fenotípica, bioquímica e

genética (Panunzi & Aguero, 2014; Lima et al., 2014; Messenger et al., 2015).

Embora tenha sido proposto inicialmente que essa heterogeneidade resultou

somente de evoluções clonais, evidências posteriores indicam que trocas

genéticas entre parasitas tenham contribuído para a atual estrutura populacional

do T. cruzi (Stevens et al., 1999; Ramirez et al., 2017). A partir do final da década

de 1970 várias abordagens foram usadas para caracterizar a população desse

36

protozoário, e entre as diferentes designações pode-se citar: zymodemas e

schizodemas (Carneiro et al., 1991), biodemas (Devera et al., 2002), clones

(Bosseno et al., 2000), linhagens (Brisse et al., 2000) e eclades (Chiurillo et al.,

2016). No final do século passado com o aprimoramento de técnicas moleculares

como eletroforese de enzimas multilocus (MLEE), amplificação randômica de

DNA polimórfico (RAPD), sequenciamento de DNA dos mini-exons e da

subunidade ribossômica 24S, foi proposta uma nova divisão em dois grandes

grupos denominados T. cruzi I e T. cruzi II (Momen, 1999).

Mais recentemente com um melhor entendimento da diversidade da

população de T. cruzi e através de análises de genotipagem multilocus dos

grupos denominados T. cruzi I e T. cruzi II foi proposta uma nova nomenclatura

designada Unidades Discretas de Tipificação (UDT) (Zingales et al., 2009).

Nessa nova nomenclatura a população de T. cruzi é classificada em seis grupos

ou UDT: TcI, TcII, TcIII, TcIV, TcV e TCVI e é baseada em marcadores genéticos

e imunológicos comuns entre os integrantes de cada grupo (Brenière et al.,

2016). Essa nomenclatura foi estabelecida em 2009 pela necessidade de facilitar

a comunicação entre os pesquisadores que trabalham com esse protozoário

além de caracterizar do ponto de vista epidemiológico e de patogenicidade

levando em conta marcadores moleculares e imunológicos das diferentes cepas

conhecidas (Zingales et al., 2009).

O T. cruzi assume diferentes formas dependendo do hospedeiro e da sua

localização no organismo (Figura 4). Essas diferenciações morfológicas,

genéticas e bioquímicas estão ligadas com estratégias de sobrevivência nos

hospedeiros (Goncalves et al., 2018). Na corrente sanguínea de um mamífero

infectado, o T. cruzi apresenta-se sob a forma tripomastigota sanguíneo

(Acevedo et al., 2017). Os insetos da família Reduviidae ingerem essas formas

durante o repasto sanguíneo (Anderson & Belnap, 2015).

No intestino do inseto, os parasitas convertem-se em epimastigotas

(figura 5 C) e multiplicam-se antes de migrarem para o reto onde convertem-se

em tripomastigotas metacíclicos, forma infectante que é eliminada nas fezes

durante o repasto sanguíneo (Shaw et al., 2016). Uma vez que as fezes entram

em contato com a lesão causada pela picada, inicia-se a o ciclo de infecção no

hospedeiro vertebrado. Os tripomastigotas caem na corrente sanguínea (figura

5 B) e penetram nas células de tecidos onde convertem-se na forma amastigota

37

(figura 5 A) e multiplicam-se por fissão binária (Nguyen & Waseem, 2017).

Posteriormente as formas amastigotas migram para a corrente sanguínea,

enquanto convertem-se novamente para a forma tripomastigota. Um hospedeiro

vertebrado que contém a forma tripomastigota sanguínea passa a ser um

reservatório da doença e ao ser picado por um inseto vetor o ciclo é reiniciado

(Morales et al., 2017).

Figura 4 - Ciclo de vida do Trypanosoma cruzi no homem e em inseto da família Reduviidae.

Fonte: Adaptado de Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC)

Figura 5 – Forma amastigota (A), tripomastigota: seta preta - cinetoplasto; vermelha - núcleo; azul - membrana ondulante; verde – flagelo (B) e epimastigota encontrado em tubo digestivo de

inseto da família Reduviidae (C).

Fonte: Atlas Trypanosoma cruzi (UFRGS).

38

Além da transmissão vetorial, outras formas de infecção por DC podem

ocorrer tanto em regiões endêmicas quanto em outras regiões do mundo onde

não há a presença do T. cruzi em reservatórios naturais ou vetores (Araujo et al.,

2017; Zuleta-Duenas et al., 2017; Noya et al., 2017). Essas formas de infecção

podem ocorrer através de transplante de órgãos ou transfusões de sangue de

doadores infectados (Fearon et al., 2013; Kransdorf et al., 2014), infecção

congênita (Noya et al. 2017), acidentes laboratóriais (Hofflin et al., 1987) e

transmissão por via oral (Noya et al. 2017). Essas formas de infecção podem ser

de difícil diagnóstico, sobretudo em regiões não endêmicas (Antinori et al., 2017).

1.4.2 Transmissão oral de DC

Surtos de DC transmitidas por via oral possuem algumas características

específicas que podem ser utilizadas para facilitar o diagnóstico do agente

infeccioso. Normalmente esses surtos acometem pessoas da mesma família ou

nas vizinhanças onde está o alimento que foi fonte da infecção (Pinto et al.,

2001). Os infectados apresentam quadro clínico positivo com a fase aguda da

DC. Além disso, não são observadas lesões e/ou reações cutâneas como o

chagoma de inoculação ou sinal de romaña (Figura 6A) provocadas pela

resposta inflamatória à picada de insetos vetores e entrada do agente infeccioso

naquele ponto (Figura 6B) (de Noya et al., 2015). Combinados, esses eventos

podem indicar fortes indícios de um surto de DC por via oral.

Figura 6 - Chagoma de inoculação na mão de técnico de laboratório em infecção acidental com T. cruzi (A), sinal de romaña em indivíduo picado por triatomíneo (B).

Fonte: (A) Kinoshita-Yanaga et al., (2009), (B) Yanez et al., (2017)

39

Desde a década de 1940 experimentos em modelo animal indicam que o

T. cruzi é capaz de penetrar pela mucosa gastrointestinal e causar infecção (Dias

et al., 1940). Porém apenas em meados da década de 1960 um caso de infecção

de DC foi associado à transmissão oral no distrito de Teutônia, no estado

brasileiro do Rio Grande do Sul (Silva et al., 1968). Nas últimas décadas,

Argentina, Equador, Colômbia, Bolívia, Guiana Francesa, Venezuela além do

Brasil, tem reportado surtos de transmissão oral de DC (da Costa Santiago;

Dutra; Gollob; Andrade, 2014; Blanchet et al., 2014; Silva-Dos-Santos et al.,

2017). No Brasil, esses surtos já foram registrados na Bahia, Ceará, Piauí,

Paraíba, Santa Catarina, São Paulo, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso,

Amapá, Pará e Tocantins (Dias et al., 2008; OPAS, 2009). As fontes de

contaminação são diversas podendo envolver consumo de carne de caça mal

cozida, água, palmito, bacaba, suco de goiaba, caldo de cana de açúcar e polpa

de açaí (Ferreira et al., 2001; Pereira et al., 2009; Barbosa-Ferreira et al., 2010;

Toso M et al., 2011).

No Brasil os surtos de DC mais importantes do ponto de vista histórico

e/ou epidemiológico ocorreram em Teutônia em 1965 (Silva et al., 1968), Santa

Catarina em 2005 (Cardoso et al., 2006), e surtos provocados pelo consumo de

polpa de açaí na região amazônica (Vargas et al., 2018). Em Teutônia distrito do

município de estrela (RS), dezessete alunos de uma escola apresentaram ao

mesmo tempo sinais clínicos que envolviam febre, dor de cabeça, astenia. O

diagnóstico foi feito por meio do isolamento do protozoário no sangue dos

infectados e no tecido cardíaco durante a necropsia do infectados que vieram a

óbito (6/17). Não foram encontrados insetos vetores na escola, por outro lado,

análises em amostras de sangue realizadas em marsupiais da espécie Didelphis

marsupialis encontrados nas redondezas da escola incluindo um capturado na

escola, mostraram que esses mamíferos estavam infectados com T. cruzi. Assim

as evidências sugerem que as secreções do animal podem ter entrado em

contato com os alimentos ingeridos pelos indivíduos infectados. Este foi o

primeiro surto de DC associado à transmissão oral no Brasil (Silva et al., 1968).

O surto ocorrido no estado de Santa Catarina apresentou uma

característica incomum aos surtos de transmissão oral de DC. Normalmente

esses surtos são localizados e atingem uma família ou pessoas próximas à fonte

do alimento contaminado (Beltrao et al., 2009). Nesse caso específico o surto

40

espalhou-se por três cidades do estado de Santa Catarina: Navegantes, Penha

e Joinville. Investigações posteriores indicaram que a fonte da infecção foi um

quiosque de venda de caldo de cana localizado as margem da BR-101. O surto

originou-se quando acidentalmente insetos da espécie Triatoma tibiamaculata

portadores do T. cruzi caíram nas moendas de cana e foram ingeridos com o

alimento (Steindel et al., 2008).

Na região amazônica o açaí é o principal alimento associado a surtos de

DC (Pereira et al., 2009; Nobrega et al., 2009; Souza-Lima et al., 2013). Entre os

anos de 1986 e 2000, 50% dos casos de DC foram transmitidos por via oral, e

entre 2000 e 2010 essa porcentagem chegou a 70% dos casos, tornando a

principal via de transmissão de DC, o consumo de açaí contaminado (Benchimol

Barbosa, 2006; Shikanai-Yasuda & Carvalho, 2012). A via de contaminação do

açaí por T. cruzi foi descrita por Seccadio e colaboradores (2013).

De acordo com esse estudo, o inseto triatomíneo é atraído aos paneiros

(Figura 7) por eventos semelhantes aos ocorridos no corpo dos mamíferos que

são a fonte natural de alimentos desses insetos. Análises experimentais

mostraram que 10 paneiros de açaí produzem uma quantidade de calor

equivalente a um homem adulto, adicionalmente a respiração celular consome

oxigênio e libera CO2. Além disso durante o processo de transpiração do fruto,

são exalados odores que podem ser confundidos com o suor de mamíferos e

feromônios de fêmeas, dessa forma, os insetos são atraídos aos paneiros pelo

calor, emissão de CO2, e odores característicos de fontes de alimentos e atração

sexual. Nos paneiros os insetos podem defecar contaminando os frutos, ou ser

processados juntamente a estes durante o processo de despolpamento. A não

higienização e/ou pasteurização desse açaí antes da distribuição e consumo irá

então acarretar os surtos de DC (Seccadio, 2013).

41

Figura 7 - Paneiros carregados de açaí antes do transporte e distribuição.

Fonte: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA)

Dados de um estudo realizado por Barbosa e colaboradores (2010)

demonstraram a sobrevivência e infectividade do T. cruzi em polpa de açaí. No

experimento foram inoculadas artificialmente formas tripomastigotas em

amostras de polpa de açaí que posteriormente foram submetidas à diferentes

períodos de incubação e temperaturas (temperatura ambiente, refrigerada à 4°C

e congeladas à -20°C). Os resultados mostraram que os parasitas continuaram

viáveis por mais de 24 horas nas amostras congeladas, 48 horas à temperatura

ambiente e quase uma semana nas amostras refrigeradas. Essas resultados de

viabilidade/infectividade foram alcançados através de modelo experimental onde

camundongos foram artificialmente infectados com os tripomastigotas

recuperados e isolados das polpas depois do período de incubação por três

diferentes vias: intraperitoneal, oral e gavagem.

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)

mostram que a ocorrência de surtos de doença de chagas aguda por

transmissão oral tem ocorrido com mais frequência na última década (figura 8)

Embora outras fontes de alimentos sejam capazes de ser via de transmissão oral

de DC, o consumo de polpa de açaí in natura é a atualmente a principal via

(Pereira et al. 2009). Em 2006 dos 115 casos de DC confirmados 94 foram por

42

via oral, ou seja 82% dos casos, a maioria através do consumo do açaí

contaminado (Coura, 2006).

Um estudo retrospectivo realizado por Magalhões-Santos e colaboradores

(2014) mostra que a partir de 2007 as notificações de transmissão oral de DC

intensificaram-se, sobretudo no estado do Pará (figura 9 e quadro 1), com a

principal via de transmissão através da polpa de açaí. Nesse período ocorreram

em torno de 50% dos novos casos de DC do Brasil e 75% dos casos na

Amazônia entre os anos de 2007 e 2013 (Magalhães-Santos, 2014). Essa via de

transmissão tem sido um desafio para a saúde pública na região amazônica uma

vez que a polpa de açaí é historicamente um importante alimento na dieta da

população dessa região, e os surtos são imprevisíveis (Nogueira et al., 2013).

Figura 8 - Notificações de casos de chagas no Brasil causados por ingestão de alimentos contaminados por T. cruzi entre os anos de 1965 e 2013.

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN)

43

Figura 9 - Estudo retrospectivo epidemiológico de notificações de transmissão oral de doença de chagas por estados.

Fonte: Magalhães-Santos (2014)

44

Quadro 1 - Número de casos notificados e confirmados de doença de chagas aguda no estado do Pará de 2002 à 2016.

* % N/C: porcentagem de notificação confirmadas

Fonte: SINAN (2016)

Dados do sistema de informação sobre mortalidade (2012) evidenciam

que de forma geral a taxa de mortalidade de indivíduos com DC aumenta de

acordo com a faixa etária (Santo, 2008). A maioria desses óbitos ocorre em

indivíduos acima de 60, sendo a taxa de mortalidade de 18,3/100 mil habitantes

em mulheres e 25/100 mil habitantes em homens. Esses dados sugerem que a

45

taxa de mortalidade da DC está associada, na maioria dos casos, por danos aos

sistemas cardíaco, digestivo ou neurológico que podem ocorrer durante a fase

crônica (Mota et al., 2014).

A análise comparativa entre surtos de DC por via oral e à infecção vetorial,

têm evidenciado que a via de transmissão pode ser mais importante do que se

pensava com relação a evolução da infecção (Silva-Dos-Santos et al., 2017).

Barreto e colaboradores (2015) demonstraram experimentalmente que o ponto

de entrada do agente no organismo está diretamente ligado à gravidade da

infecção, ou seja, a via de transmissão pode alterar a intensidade e as

manifestações da doença. De fato, a taxa de mortalidade durante os surtos de

DC por via oral varia de 8% à 35%, enquanto nos casos de transmissão vetorial

a taxa de mortalidade é em torno de 5% durante a fase aguda da infecção (Rassi

et al., 2010).

As taxas de mortalidade mais altas reportadas em surtos de transmissão

oral de DC foram em Santa Catarina envolvendo consumo de caldo de cana de

açúcar contaminado onde 16% dos infectados vieram à óbito (Steindel et al.,

2008; Pereira et al., 2009), na Bahia com 28% de óbitos durante um surto

envolvendo água contaminada (Dias et al., 2008) e em Teutônia onde 35% dos

infectados vieram à óbito (Silva et al., 1968). Esses estudos reforçam os indícios

que a entrada do parasita através de conjuntiva oral ou gastrointestinal pode

causar mais danos do que através da lesão causada pelo inseto na pele.

Atualmente não há um método capaz de detectar a presença do parasita

no açaí. Assim o branqueamento e pasteurização são importantes ferramentas

para evitar os surtos de infecção (Oliveira et al., 2011). Não obstante, o pequeno

comerciante normalmente não faz uso desses processos, sobretudo nas

periferias e nas cidades do interior, o que torna as pessoas que consomem a

polpa de açaí nesses pontos de vendas um grupo vulnerável à transmissão oral

de DC (Nóbrega et al., 2009).

46

1.5 AÇAÍ

O açaizeiro é uma palmeira do gênero Euterpe que conta com 49 espécies

distribuídas na América do Sul e central. Ocorre especialmente na região

amazônica com maior abundancia na Colômbia (19 espécies), Brasil (10

espécies) e Venezuela (9 espécies) (Villachica, 1996). Das espécies que

ocorrem no Brasil a Euterpe oleracea é a mais importante socioeconomicamente

(Dutra et al., 2016; Neri-Numa et al., 2018). Seu desenvolvimento se dá em solos

alagados e várzea podendo atingir altura de até 25 metros e possui caule de 15

a 25 cm de diâmetro. Os frutos são do tipo baga com 1 a 1,5 cm de diâmetro de

cor violácea tornando-se quase negros depois de maduros (Villachica, 1996).

O açaí é uma das frutas mais nutritivas do planeta, rico em proteínas,

lipídios insaturados, vitaminas E, A e complexo B, fibras, potássio, cálcio, fósforo,

magnésio, zinco, ferro e outros minerais (Neida & Elba, 2007; da Silva Santos et

al., 2014; Souza et al., 2017; de Bem et al., 2018). A cor roxa vem das

antocianinas, que são anti-radicais livres (Garzon et al., 2017; Torma et al.,

2017). Vários autores tem realizado estudos relacionados ao potencial

antioxidante, propriedades anticonvulsivantes, efeitos citotóxicos em células

cancerígenas mostrando várias perspectivas para as mais diversas aplicações

desse fruto (Souza-Monteiro et al., 2015; Marques et al., 2017; Alessandra-Perini

et al., 2018). Toda essa riqueza nutricional e versatilidade torna o açaí uma fruta

extremamente atraente do ponto de vista nutricional, científico e comercial (Silva

et al., 2014; Souza-Monteiro et al., 2015).

A maior parte do açaí é obtida da atividade extrativista típica da agricultura

familiar, sendo esta a principal fonte de renda dos agricultores envolvidos. Em

menor escala, o açaí provém de açaizais manejados e cultivados (Figuras 10A

e 10B). Recentemente essa atividade de manejo vem apresentando um

importante crescimento nos últimos anos incluindo novas cultivares em terra

firme proveniente de melhoramento genético por instituições de pesquisa

aumentando assim a produção (SEICOM, 2012).

47

Figura 10 - Açaizeiro em área de várzea (A). Açaizeiro cultivado em área de manejo (B).

Fonte: Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (SEICOM, 2011)

A cadeia produtiva do açaí no estado do Pará é composta por

aproximadamente 300 mil pessoas (SEDAP, 2015). Só na grande Belém durante

o período de colheita, há em torno de 3.000 pontos de venda (SEDAP, 2015). A

produção apresentou um forte crescimento na última década (figura 11). Em

2012 a produção atingiu 851.829 Toneladas (SAGRI, 2013).

Figura 11 - Produção do açaí por área plantada no estado do Pará entre os anos de 2003 e 2009.

Fonte: Secretária de Estado da Agricultura (SAGRI, 2013)

48

A maior parte da produção ainda é consumida pela população local, no

entanto o açaí é atualmente uma das frutas amazônicas mais conhecidas fora

da região e com grande potencial de conquista de novos mercados (Neri-Numa

et al. 2018). Sua comercialização é crescente tanto no âmbito nacional quanto

internacional uma vez que em torno de 30% da produção já é comercializada

para outras regiões do país principalmente para o sudeste, e 10% é exportada

como mostra a figura 12 (SEICOM, 2011). Os Estados Unidos consomem 77%

de todo açaí que é exportado estabelecendo-se como o maior consumidor.

Alguns países da Ásia, Europa e América do Sul também estão entre os

principais mercados consumidores, com grande potencial de consumo, porém

ainda pouco explorados (SAGRI, 2013).

Figura 12 - Comercialização da produção do açaí proveniente do estado do Pará em 2010.

Fonte: Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (SEICOM, 2011)

Embora apenas uma pequena parte da produção seja destinada à

exportação, o mercado externo tem representado um papel importante para a

perspectiva econômica do açaí. Entre os anos de 2002 e 2009 o faturamento

com exportação de açaí aumentou de US$1.037,740 para US$ 24.014,995

49

(figura 13). Apesar do significativo aumento no faturamento, os mercados

nacional e internacional ainda possuem um grande potencial para expansão, e

as projeções indicam que a produção irá mais que duplicar na próxima década

(SAGRI, 2011).

Figura 13 - Evolução das exportações de açaí do Pará (US$) no período de 2002 a 2010.

Fonte: Secretária de Estado da Agricultura (SAGRI, 2011)

A comercialização do açaí tende a aumentar à medida que o processo

produtivo incorpore procedimentos que atendam exigências relacionadas à

higiene e controle de qualidade do produto exigidas pelo mercado nacional e

internacional (Cesar et al., 2014). Esses procedimentos têm sido incorporados

na cadeia produtiva nos últimos anos com a entrada no mercado de agroindústria

que utilizam métodos e equipamentos modernos para o processamento e

distribuição do produto, além de uma maior preocupação com a qualidade

microbiológica do açaí (Pereira et al., 2006; Eto et al., 2010).

50

1.6 OBJETIVOS

1.6.1 Objetivo geral

Desenvolver uma qPCR multiplex para detecção simultânea de Trypanosoma

cruzi e Salmonella spp. em polpa de açaí.

1.6.2 Objetivos específicos

Construir e incluir na qPCR um controle interno de amplificação baseado em uma

sequência alvo no genoma de Euterpe oleracea.

Avaliar a seletividade (inclusividade e exclusividade), exatidão, precisão,

sensibilidade, especificidade, e limite de detecção da qPCR multiplex.

Comparar o desempenho da qPCR multiplex para detecção de Salmonella spp.

com o método de referência baseado em cultura em amostras de polpa de açaí

artificialmente contaminadas em um teste cego.

Verificar a presença de Trypanosoma cruzi e Salmonella spp. em amostras de

de açaí provenientes de indústrias localizadas na região nordeste do estado do

Pará.

51

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS PARA A EXTRAÇÃO DE DNA

2.1.1 Preparação das cepas de Salmonella e bactérias não alvo para o

teste de seletividade.

Este estudo utilizou dezoito cepas de bactérias para o teste de

seletividade das quais sete eram de diferentes sorogrupos e/ou sorovares de

Salmonella spp. (inclusividade) e 12 cepas de bactérias não-alvos

(exclusividade) mostradas no quadro 2. As bactérias foram cultivadas em estufa

à 37°C por 20 horas em meio BHI e após o período de incubação, 1mL do meio

foi aliquotado e congelado a -20°C até o momento da extração de DNA. Essas

bactérias foram escolhidas baseadas em similaridades filogenéticas, por serem

encontradas no mesmo ambiente ou crescer nas mesmas condições dos

patógenos alvos desse estudo.

Quadro 2 - Cepas de Salmonella e bactérias não-alvos usadas no teste de seletividade neste estudo.

Cepas de Salmonella Bactérias não-alvos

Salmonella typhimurium ATCC 0028 Enterobacter aerogenes ATCC 13048

Salmonella sorogrupo B Staphylococcus epidermidis ATCC 0128

Salmonella sorogrupo C1 Proteus mirabilis

Salmonella sorogrupo C2 Citrobacter freundii

Salmonella sorogrupo D Klebsiella pneumoniae

Salmonella pullorum ATCC 9120 Escherichia coli EIEC

Salmonella typhimurium ATCC 14028 Escherichia coli 7

- Escherichia coli EPEC

- Serratia sp.

- Pseudomonas aeruginosa ATCC 0053

- Providencia sp.

- Staphylococcus aureus ATCC 0038

52

2.1.2 Preparação da cepa Esmeraldo de T. cruzi.

A partir de amostras da cepa esmeraldo de T. cruzi cedidas pelo

laboratório de Doença de Chagas do Instituto Evandro Chagas (IEC), foi

separada uma alíquota de 1mL de cultura (previamente contada em câmara de

Newbaeur) com concentração de 2x106 parasitas/mL e mantida à -20°C até o

momento da extração de DNA.

2.2 CONTAMINAÇÃO ARTIFICIAL DA POLPA DE AÇAÍ COM T. CRUZI E

SALMONELLA SPP.

A contaminação artificial do açaí foi realizada inoculando-se volumes de

50µL de cultura de T. cruzi contendo 2x105, 2x104, 2x103 2x102 e 2x101 parasitas

em alíquotas de 950µL de polpa de açaí pasteurizada. A partir de uma alíquota

da cepa ATCC de Salmonella typhimurium 0028 (NewProv, Pinhais, Brasil),

cultivada em caldo BHI à 36±1°C por 20 horas, foi realizada uma diluição seriada

com 7 pontos (6x106, 6x105, 6x104, 6x103 6x102 e 6x101, 6x100 unidades

equivalentes/mL). 50µL de cada diluição foi inoculada em 7 tubos diferentes

contendo 950µL de polpa de açaí pasteurizada.

2.3 EXTRAÇÃO DE DNA

A extração de DNA de Salmonella, cepas bacterianas não-alvos e T. cruzi

foi realizada com o PureLink® Genomic DNA Purification Kit (Invitrogen,

Carlsbad, USA) de acordo com as recomendações do fabricante. O DNA das

amostras de polpa de açaí foi extraído utilizando o Purelink® total plant genomic

DNA kit (Invitrogen, carlsbad, USA) de acordo com as recomendações do

fabricante.

2.3.1 Avaliação da concentração e pureza do DNA

A pureza do DNA extraído a partir das culturas de células e da polpa de

açaí foi avaliada através da medida da densidade óptica usando o

53

espectrofotômetro NanoDrop 2000 (Thermo Fisher Scientific, Massachusetts,

USA). Para verificar a concentração do DNA extraído das amostras foi usado o

Qubit® 2.0 (Invitrogen, Carlsbad, USA).

2.4 CONTROLE INTERNO DE AMPLIFICAÇÃO (CIA)

Para a construção do CIA foi usado uma sequência da subunidade alpha

(atpA) do gene F1-ATPase de Euterpe oleracea (n° acesso GenBank

AY299769). A partir dessa sequência foram desenhados os iniciadores e a sonda

marcada com fluoróforo VIC usando o software Primer Express® Software

v3.0.1. A similaridade dos oligonucleotídeos com a sequência alvo foi checada

no BLAST (Basic Local Alignment Search Tool) versão 2.6.0. A precisão do CIA

foi avaliada através do desvio padrão da média dos valores em sextuplicata.

2.5 INICIADORES E SONDAS PARA DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS

PATÓGENOS ALVOS

Os iniciadores e sonda para detecção de T. cruzi foram desenhados

usando o software Primer Express® Software v3.0.1, de acordo com as

sequencias de DNA publicadas no GenBank da região repetitiva do DNA satélite

de Trypanosoma cruzi (n° de acesso EU178927). A similaridade dos

oligonucleotídeos com a sequência alvo também foi avaliada no BLAST versão

2.6.0. Os iniciadores e sonda utilizados para detecção de Salmonella spp. foram

descritos por Malorny et al., (2004). Adicionalmente foi realizada uma análise no

software on-line OligoAnalizer 3.1 da Integrated DNA Technologies (IDT) para

avaliar possíveis formações de heterodímeros, homodímeros ou Hairpins entre

todos os oligonucleotídeos utilizados na reação em multiplex. Os

oligonucleotídeos utilizados nesse estudo são mostrados no Quadro 3.

54

Quadro 3 - Oligonucleotídeos, regiões e genes alvos usados na qPCR multiplex.

*Sequencias de oligonucleotídeos sob avaliação de patente.

2.6 ESTABELECIMENTO DA PRECISÃO E LIMITE DE DETECÇÃO DA

qPCR

O limite de detecção foi definido através de diluições seriadas para

definição das quantidades mínimas de DNA capazes de serem detectadas na

qPCR em multiplex. A detecção de T. cruzi foi avaliada baseada em dois

controles: Alto e baixo. Para determinar os valores de Ct desses controles foi

construída uma curva padrão de 5 pontos com concentrações equivalentes à

2x105, 2x104, 2x103, 2x102 e 2x101 parasitas/mL em triplicata. Os valores

extremos da curva padrão foram utilizados como controle alto e baixo, sendo o

controle baixo o limite de detecção. Após a definição dos valores de Ct dos

controles eles foram testados em reações de qPCR nas mesmas condições

durante 6 dias consecutivos para verificar a precisão dos controles.

A quantidade aproximada de Salmonella para a construção da curva

padrão foi definida através da quantificação em Qubit do DNA extraído a partir

da amostra incubada em meio BHI por 20 horas à 36°C. O DNA da amostra foi

extraído e quantificado sendo observado uma concentração de 31,5 ng/µL.

Como já é estabelecido (Malorny et al., 2004) o genoma de uma Salmonella é

equivalente à 5fg de DNA purificado, então a concentração inicial foi de

aproximadamente 6x106/mL. A partir dessa concentração inicial, foi realizada

uma diluição seriada de 7 pontos variando de 6x106 à 6x100 cópias

equivalentes/mL. Amplificações ocorridas após os limites de detecção

estabelecidos foram consideradas como resultado inconclusivo.

55

2.7 AMOSTRAGEM, COLHEITA, CONDICIONAMENTO E TRANSPORTE

DAS AMOSTRAS DE AÇAÍ.

Neste estudo foram utilizadas 150 amostras de campo de polpa de açaí

in natura com um volume de aproximadamente 200mL, cedidas por um

laboratório privado localizado no município de Belém-PA e 60 amostras de açaí

pasteurizado (posteriormente contaminadas artificialmente com os patógenos

analisados no presente estudo) para avaliar a sensibilidade, especificidade e

exatidão da qPCR multiplex, totalizando 210 amostras testadas. As 150

amostras de campo foram originárias de indústrias situadas na região nordeste

do estado do Pará e foram recebidas congeladas e acondicionadas em caixas

térmicas e adequadamente identificadas especificando origem, data, hora e local

da coleta e data do recebimento no laboratório. As 60 amostras de açaí

pasteurizado foram cedidos por uma indústria colaboradora neste estudo. As

análises foram iniciadas quando possível no mesmo dia da chegada das

mesmas ao laboratório e no máximo no dia seguinte. Antes do início das análises

as amostras foram homogeneizadas e separadas alíquotas para a realização de

análises pelo método de referência (pesquisa de Salmonella spp.) baseado em

cultura e a qPCR multiplex.

2.8 PESQUISA DE SALMONELLA SPP. PELO MÉTODO TRADICIONAL

BASEADO EM CULTURA

A preparação e análise das amostras para análise de Salmonella spp. foi

realizada de acordo com o estabelecido pela instrução normativa nº 62, de 26 de

agosto de 2003 do Ministério de Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).

As 210 amostras usadas neste estudo foram submetidas à análise

microbiológica tradicional e foram realizadas no laboratório privado colaborador

deste estudo.

O pré-enriquecimento foi realizado a partir de 25mL da amostra

adicionada à 225mL de água peptonada tamponada e incubada à 36 ± 1°C por

20 horas. Após esse período de incubação 1mL do meio pré-enriquecido foi

adicionado a 9mL de caldo selenito-cistina e tetrationato para enriquecimento

seletivo. As amostras foram novamente incubadas à 41 ± 0,5°C, sendo

56

tetrationato em banho maria e selenito cistina em estufa. Após 24 horas de

incubação uma alçada dos meios foi estriada em ágar Salmonella-Shigella (SS)

e ágar desoxicolato-lisina-xilose (XLD). As colônias que apresentarem

características morfológicas sugestivas ao gênero Salmonella foram repicadas

em ágar triptona de soja (TSI) e incubadas a 36 ±1ºC por 24 horas, a fim de

verificar a pureza da colônia. Para a confirmação bioquímica em amostras com

crescimento de colônias suspeitas foi realizado a confirmação por provas

bioquímicas no sistema automatizado VITEK® 2 (bioMérieux, Marcy-l'Étoile,

França) utilizando-se cartelas de identificação para gram-negativas (ID-NG) de

acordo com as recomendações do fabricante.

2.9 PADRONIZAÇÃO DA qPCR MULTIPLEX

A padronização da qPCR multiplex foi realizada no equipamento Rotor-

Gene Q (Qiagen, Hilden, Alemanha). O volume final da reação foi de 20 µL. O

perfil da reação e os reagentes usados são mostrados nos quadros 4 e 5.

Quadro 4 – Condições de amplificação da reação da qPCR multiplex.

Quadro 5 - Reagentes, volume final, concentrações finais e fabricantes dos reagentes utilizados na reação de qPCR multiplex.

*Concentrações de reagentes sob avaliação de patente.

57

2.9.1 Avaliação da concordância entre métodos.

Para avaliar a concordância entre o método tradicional baseado em

cultura e a qPCR multiplex, 60 amostras de açaí pasteurizado foram usadas em

um teste cego. Um técnico de um laboratório colaborador recebeu amostras de

açaí e foi orientado a contaminar as amostras com diferentes quantidades dos

patógenos (Salmonella typhimurium ATCC 0028 e T. cruzi cepa esmeraldo) de

forma que o pesquisador responsável pelas análises microbiológicas e de qPCR

multiplex não tivesse acesso a quais amostras estavam contaminadas e nem as

quantidades de cada patógeno. Entre as amostras com resultado presuntivo em

ágar XLD e SS foi realizada a identificação bioquímica no sistema automatizado

VITEK® 2 de acordo com as recomendações do fabricante. Como atualmente

não há um teste disponível para detecção de T. cruzi em polpa de açaí, para

esse patógeno foi avaliada somente a sensibilidade da qPCR nas amostras

artificialmente contaminadas.

2.10 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

A avaliação da precisão do controle interno de amplificação, curvas

padrão e controles alto e baixo foi medida através do desvio padrão das médias

observadas. A sensibilidade, especificidade e exatidão da qPCR foi realizada

nas 60 amostras do teste cego onde um número desconhecido de amostras de

açaí pasteurizado foram artificialmente contaminadas com Salmonella

typhimurium ATCC 0028 e Trypanosoma cruzi (cepa esmeraldo). As análises

acima citadas foram realizadas no software SPSS versão 19.0 (IBM, Chicago,

EUA). A concordância entre o método tradicional baseado em cultura e a qPCR

multiplex foi realizada através do coeficiente kappa ponderado utilizando o

software GraphPad (https://www.graphpad.com/quickcalcs/kappa2/). A

intensidade de concordância foi mensurada de acordo com o descrito por Landis

JR. & Koch GG (1977) (Tabela 1.)

58

Tabela 1- Interpretação da intensidade de concordância de acordo com os valores do coeficiente kappa.

Valor de Kappa Interpretação

<0,00 Nenhuma concordância

0,0 - 0,19 Concordância fraca

0,20 - 0,39 Concordância suave

0,40 - 0,59 Concordância moderada

0,60 - 079 Concordância substancial

0,80 - 100 Concordância quase perfeita

59

3 RESULTADOS

3.1 PUREZA E CONCENTRAÇÃO DAS AMOSTRAS DE DNA

A análise das amostras de DNA extraídas das culturas de T. cruzi,

Salmonella typhimurium (ATCC 0028). demonstrou um grau de pureza ~1.8 que

é o valor considerado ideal para a razão 260/280. A análise das amostras de

açaí revelou uma razão 260/280 em torno de 1.6. A concentração do DNA de T.

cruzi, Salmonella spp. e E. oleracea foram 36 ng/µL, 31,5 ng/µL e 50,7 ng/µL

respectivamente como mostrado no quadro 6.

Quadro 6 - Grau de pureza e concentração de DNA de amostras de Salmonella spp. T. cruzi e polpa de açaí medidas no espectrofotômetro nanodrop 2000 e quantificadas no Qubit® 2.0

Amostra Razão

260/280 Razão

230/260 Concentração

(ng/µL)

Trypanosoma cruzi 1.78 2.09 36,0 ng/µL

S. typhimurium (ATCC 0028) 1.81 2.11 31,5 ng/µL

Euterpe oleracea 1.60 1.78 50,7 ng/µL

3.2 AVALIAÇÃO DA PRECISÃO DO CONTROLE INTERNO DE

AMPLIFICAÇÃO (CIA)

Quando o threshold foi definido para um valor de fluorescência de 0,1 para

o fluoróforo VIC (detectado no canal amarelo), usado na marcação da sonda que

tem como alvo a sequência de DNA de E. oleracea usada como CIA, foi

observada uma excelente precisão em sextuplicata com Ct= 21,38 ± 0,16 (Figura

14).

60

Figura 14 - Precisão do controle interno de amplificação realizado em sextuplicata. O controle negativo é representado na curva de cor rosa.

3.3 AVALIAÇÃO DA PRECISÃO DOS CONTROLES ALTO E BAIXO PARA

DETECÇÃO DE TRYPANOSOMA CRUZI

Para a definição dos controles alto e baixo, inicialmente foi construída uma

curva padrão com 5 pontos realizada em triplicata a partir do DNA extraído da

cultura de T. cruzi da cepa esmeraldo. O ponto de maior concentração da curva

(Ct= 23,75±0,28) foi equivalente à 2x105 parasitas/mL, e o quinto ponto da curva

foi o limite de detecção (Ct=35,10±039) equivalente à 2x10 parasitas/mL.

Quando o threshold foi definido para um valor de fluorescência de 0,04 para a

sonda Cy5 (detectada no canal vermelho) a média e desvio padrão (DP) de todos

os pontos da curva padrão é mostrada na figura 15 e tabela 2. A eficiência da

reação foi de 128%, a correlação R2= 0,991e o Slope= - 2,801.

61

Tabela 2 - Média e desvio padrão do Ct dos cinco pontos da curva padrão de T. cruzi.

N° de parasitas/mL

2x105 2x104 2x103 2x102 2x101

Ct

23,49 25,62 28,79 31,75 35,48

24,05 26,11 29,44 32,24 35,15

23,70 25,98 29,10 31,87 34,69

Média e DP 23,75±0,28 25,90±0,25 29,11±0,32 31,95±0,25 35,10±0,39

Os valores extremos da curva padrão foram usados como controle alto

(Ct= 24,85 ± 0,74) e baixo (Ct= 34,93 ± 1,09) como mostra a figura 16. A tabela

3 mostra pouca variação entre os valores de Ct dos controles alto e baixo

testados durante seis dias consecutivos, evidenciando alta precisão.

Figura 15 - Curva padrão realizada em triplicata para determinação dos controles alto e baixo e limite de detecção de T. cruzi.

62

Figura 16 - Controles alto e baixo usados para detecção de Trypanosoma cruzi a partir de DNA extraído de cultura da cepa esmeraldo.

Tabela 3 - Avaliação da precisão dos controle alto e controle baixo para detecção de T. cruzi.

3.4 QUANTIFICAÇÃO E LIMITE DE DETECÇÃO DE SALMONELLA SPP.

A curva padrão realizada em triplicata mostrou alta precisão (figura 17 e

tabela 4) e o ponto de maior Ct da curva foi de 31,5fg que é equivalente à

aproximadamente 6 cópias do genoma de Salmonella.

63

Figura 17 - Curva padrão em triplicata construída a partir da diluição seriada tendo como ponto de menor Ct igual à 31,5ng/uL de DNA extraído de 1mL de Salmonella typhimurium ATCC

0028 em meio BHI.

Tabela 4 - Média e desvio padrão do Ct dos sete pontos em triplicata da curva padrão de Salmonella typhimurium ATCC 0028.

N° de cópias

equivalentes 6x106 6x105 6x104 6x103 6x102 6x101 6x100

Ct

14,86 18,36 21,72 24,90 28,29 31,75 34,77

14,77 18,19 21,62 25,01 28,66 31,53 34,86

14,85 18,28 21,61 25,05 28,65 31,69 34,66

Média e DP 14,83±0,05 18,28±0,08 21,65±0,06 24,98±0,07 28,53±0,21 31,65±0,11 34,76±0,10

64

3.5 PADRONIZAÇÃO DA QPCR MULTIPLEX

3.5.1 Controle interno de amplificação na qPCR multiplex

Não foi observada diferença significativa entre a média dos Ct na reação

em single e na reação em multiplex (Ct=20,68±0,57) em relação ao CIA (Figura

18). Esse dado mostra que o CIA não sofreu interferências e/ou perda de

eficiência quando utilizado com os outros oligonucleotídeos da reação.

Figura 18 - Controle interno de amplificação na reação de PCR multiplex funcionando juntamente com dois outros conjuntos de oligonucleotídeos usados neste estudo.

3.5.2 Quantificação de Salmonella spp.

Os dois pontos de menor concentração (equivalente à 6x101 e

6x100cópias/mL) da curva padrão perderam eficiência e/ou não apresentaram

amplificação quando inseridos na PCR multiplex. Dessa forma o limite de

detecção para quantificação de Salmonella spp. na PCR multiplex foi equivalente

à 6x102 cópias/mL (figura 19). A eficiência da reação foi de 90%, a correlação R2

foi 0,998 e o Slope= 3,589 (figura 20) estes dados atestam a confiabilidade da

reação para quantificação de Salmonella spp. em polpa de açaí.

65

Figura 19 - Curva padrão de Salmonella typhimurium ATCC 0028 construída a partir de DNA extraído de 1mL de polpa de açaí contaminado artificialmente com quantidades equivalentes à

6x106, 6x105, 6x104, 6x103, 6x102 bactérias.

Figura 20 - Curva padrão de Salmonella com cinco pontos que variam de quantidade de bactérias equivalente à 6x106à 6x102

.

3.5.3 Detecção de Trypanosoma cruzi

Não houve diferença estatisticamente significante entre os Ct dos

controles alto e baixo usados para determinar a presença ou ausência do T. cruzi

na reação em single e na reação em multiplex (figura 21).

66

Figura 21 - Controles alto e baixo para detecção de T. cruzi em amostras de DNA extraídas a partir de polpa de açaí artificialmente contaminadas com o protozoário com quantidades

equivalentes à 2x105 e 2x101 parasitas/mL de polpa de açaí.

3.5.4 Teste de seletividade da qPCR multiplex

As seis cepas de Salmonella utilizadas no teste de inclusividade foram

detectadas somente no canal verde (FAM) na reação em multiplex com Ct= 14,51

± 0,33, e não houve amplificação das 12 cepas de bactérias não-alvo testadas

para a exclusividade (Quadro 7). No canal vermelho (Cy5) só foram detectadas

o controle alto e baixo de T. cruzi (figura 21) e no canal amarelo somente CIA foi

amplificado (figura 18). Não ocorreu interferência entre as fluorescências nos

canais usados para a detecção dos três fluoróforos utilizados.

67

Quadro 7 - Teste de seletividade da qPCR multiplex usando cepas de Salmonella de diferentes sorovares e sorogrupos e cepas de bactérias não-alvos.

3.6 DETECÇÃO DE SALMONELLA SPP. E TRYPANOSOMA CRUZI EM

AMOSTRAS DE CAMPO DE POLPA DE AÇAÍ

Das 150 amostras de campo analisadas, em nenhuma foi detectada a

presença do protozoário e 6 foram inconclusivas para Salmonella spp. uma vez

que, apresentaram amplificação tardia, posterior ao limite de detecção

estabelecido no teste (figura 22). O CIA funcionou adequadamente em todas as

68

amostras confirmando a qualidade e consistência na extração de DNA e das

reações de PCR em multiplex.

Figura 22 - Amostras de campo de açaí in natura com amplificação tardia (Inconclusivo).

3.6.1 Sensibilidade, especificidade, exatidão da qPCR multiplex

A sensibilidade, especificidade e exatidão da qPCR para detecção de T.

cruzi em amostras avaliadas no teste cego foi de 100% (Quadro 9). A

sensibilidade, especificidade e exatidão da qPCR para a detecção de Salmonella

spp. foi de 97%, 100% e 98% respectivamente. Os valores observados para

calcular esses parâmetros são mostrados nos quadros 8 e 10, sendo que, 5

amostras apresentaram resultados inconclusivos para a detecção de Salmonella

spp. e foram excluídas das análises acima mencionadas. Os controles alto e

baixo para detecção de T. cruzi funcionaram adequadamente de acordo com os

valores de Ct estabelecidos previamente, e a curva padrão para

detecção/quantificação de Salmonella spp. estava de acordo com os valores

adequados de eficiência, correlação (R2) e Slope em todas as reações.

69

Quadro 8 - Avaliação da sensibilidade, especificidade e exatidão da qPCR multiplex para detecção de Salmonella spp. e T. cruzi

Amostras de açaí qPCR multiplex

Total Detectado Não detectado

Contaminadas 34 1 35

Não Contaminadas 0 20 20

Total 34 21 55

3.7 CONCORDÂNCIA ENTRE O MÉTODO DE REFERÊNCIA BASEADO EM

CULTURA E A qPCR PARA DETECÇÃO DE SALMONELLA SPP. EM

POLPA DE AÇAÍ

As 150 amostras de campo analisadas apresentaram resultado negativo

para Salmonella spp. pelo método tradicional baseado em cultura. Por outro lado,

seis amostras apresentaram amplificação tardia (após o limite de detecção

estabelecido na figura 19) para Salmonella spp. sendo inconclusivas na qPCR.

Das 60 amostras usadas no teste cego 33 apresentaram crescimento em ágar

XLD e SS e foram detectadas na qPCR, uma amostra foi detectada na qPCR e

não apresentou crescimento de colônias, e uma amostra apresentou

crescimento de colônias, mas não foi detectada na qPCR. Adicionalmente 5

amostras apresentaram amplificação tardia sendo inconclusivas na qPCR

(Quadros 9 e 10). O coeficiente kappa foi de 0,78 e o grau de concordância entre

os métodos foi de 88,33%, foi considerado forte segundo valores de

interpretação definidos por Landis JR. e Koch GG (1977) mostrado na tabela 1,

para a comparação entre métodos.

Quadro 9 - Concordância entre o método de referência e a qPCR para detecção de Salmonella spp. em teste cego.

70

Quadro 10 – Amostras de açaí pasteurizado usadas no teste cego para avaliação da sensibilidade, especificidade,

exatidão da qPCR para Salmonella spp. e Trypanosoma cruzi e avaliação do grau de concordância entre o método

de referência e a qPCR para detecção de Salmonella spp.

N° da amostra

Açaí contaminado artificialmente com Salmonella typhimurium ATCC 0028

Açaí contaminado artificialmente com Trypanosoma cruzi

Amostras

contaminadas Método de referência

qPCR multiplex Amostras

contaminadas qPCR multiplex

151 + Positivo Detectado - Não detectado

152 - Negativo Não detectado - Não detectado

153 - Negativo Não detectado + Detectado

154 - Negativo Não detectado + Detectado

155 + Positivo Detectado + Detectado

156 + Positivo Detectado + Detectado

157 - Negativo Não detectado + Detectado

158 - Negativo Não detectado + Detectado

159 + Positivo Detectado - Não detectado

160 + Positivo Detectado - Não detectado

161 - Negativo Não detectado + Detectado

162 + Positivo Detectado + Detectado

163 + Positivo Detectado - Não detectado

164 - Negativo Não detectado + Detectado

165 - Negativo Não detectado + Detectado

166 + Positivo Detectado - Não detectado

167 + Positivo Detectado + Detectado

168 - Negativo Não detectado + Detectado

169 - Negativo Não detectado + Detectado

170 + Positivo Detectado + Detectado

171 - Negativo Não detectado + Detectado

71

172 + Positivo Detectado - Não detectado

173 - Negativo Não detectado + Detectado

174 + Positivo Detectado - Não detectado

175 - Negativo Não detectado + Detectado

176 + Positivo Detectado + Detectado

177 - Negativo Não detectado + Detectado

178 - Negativo Não detectado + Detectado

179 + Positivo Não detectado - Não detectado

180 + Positivo Detectado - Não detectado

181 + Positivo Detectado + Detectado

182 - Negativo Não detectado + Detectado

183 + Positivo Detectado + Detectado

184 + Positivo Detectado - Não detectado

185 + Positivo Detectado - Não detectado

186 - Negativo Não detectado + Detectado

187 + Positivo Detectado + Detectado

188 - Negativo Inconclusivo + Detectado

189 + Positivo Detectado - Não detectado

190 + Negativo Detectado - Não detectado

191 + Positivo Detectado + Detectado

192 - Negativo Inconclusivo + Detectado

193 + Positivo Detectado + Detectado

194 + Positivo Detectado - Não detectado

195 - Negativo Não detectado + Detectado

196 + Positivo Detectado - Não detectado

197 - Negativo Não detectado + Detectado

198 + Positivo Detectado + Detectado

199 - Negativo Inconclusivo + Detectado

200 + Positivo Detectado + Detectado

72

201 + Positivo Detectado - Não detectado

202 + Positivo Detectado + Detectado

203 + Positivo Detectado - Não detectado

204 - Negativo Não detectado + Detectado

205 + Positivo Detectado - Não detectado

206 + Positivo Detectado + Detectado

207 - Negativo Inconclusivo + Detectado

208 + Positivo Detectado + Detectado

209 + Positivo Detectado - Não detectado

210 - Negativo Inconclusivo + Detectado

73

4 DISCUSSÃO

A transmissão oral de DC tornou-se na última década um sério problema

de saúde pública na região amazônica (Coura & Junqueira, 2015). A

imprevisibilidade dos surtos é um grande desafio para a contenção dos mesmos,

uma vez que a contaminação não ocorre de maneira contínua e somente através

de uma cadeia de eventos muito específicos que envolvem a presença do inseto

transmissor contaminado ou suas fezes em meio aos paneiros de açaí e o seu

consumo sem um processo de pasteurização ou branqueamento (Seccadio et

al., 2013). As populações de pequenas cidades e regiões periféricas das grandes

cidades são grupos de risco já que normalmente são nessas regiões que o açaí

costuma ser consumido sem uma maior preocupação com o processo de

higienização (SINAN, 2016). Isto porém não elimina o fato de que a transmissão

possa ocorrer mesmo em regiões centrais das grandes cidades, tudo vai

depender do correto processo de higienização.

Dados do SINAN (2016) demonstram que entre os anos de 2000 e 2016

foram notificados 16,807 casos suspeitos de DC aguda e 2.030 casos

confirmados em um total de 144 municípios do estado do Pará. A média anual

de casos confirmados nesse período foi de 135 casos/ano sendo o ano de 2016

o de maior incidência com a confirmação de 327 casos de DC aguda transmitida

por via oral. Os municípios com maior número de notificações foram Abaetetuba

(25%), Belém (10,2%) e Barcarena (9,6%), no entanto os casos confirmados em

Abaetetuba e Barcarena foram baixos, 8,8% e 7,4% respectivamente. Outros

municípios no entanto, apresentaram altas porcentagens de casos confirmados

como Bagre (83,7%), Anajás (54,9%) e Portel (44,9%).

A transmissão oral de DC pela ingestão da polpa de açaí contaminada é

um problema sazonal. A maior parte das notificações ocorrem no segundo

semestre do ano, especialmente de agosto a dezembro com o ápice ocorrendo

no mês de setembro (SINAN, 2016). O aumento das notificações coincide

precisamente com período em que ocorre o aumento da produção/colheita na

safra do açaí, onde somente na grande Belém o consumo chega a 200.000 litros

por dia (MAPA, 2017).

74

O fato do açaí ter ganhado notoriedade nos últimos anos com grandes

quantidades saindo da região amazônica em direção a várias regiões do país e

do exterior torna possível a transmissão oral de DC em regiões não endêmicas

(sobretudo os Estados Unidos), o que antes só ocorria através de transmissão

congênita ou doadores de sangue ou órgãos infectados. Dessa forma é

importante um melhor monitoramento da qualidade do açaí para a manutenção

do mercado consumidor e a economia da região amazônica. Com base nisso, o

desenvolvimento de um teste que possa detectar o T. cruzi em açaí é importante

para evitar novos surtos tanto locais quanto em regiões não endêmicas.

Atualmente vários testes podem ser realizados para o

diagnóstico/detecção de T. cruzi em pessoas com suspeita de DC (Gilber et al.,

2013; Saavedra et al., 2013; Sabino et al., 2015; Elisei et al., 2018). No exame

parasitológico ou visualização direta em microscópio, amostras de sangue de

pacientes com suspeita de DC aguda são avaliadas à procura do parasita. O

xenodiagnóstico que é um dos métodos mais invasivos e de maior tempo de

resultado, insetos ou ninfas da família Reduviidae são colocadas em contato com

a pele do paciente suspeito para o repasto sanguíneo, e após 40 a 60 dias são

analisados as fezes e o conteúdo intestinal do inseto a procura do parasita em

microscópio (Schenone, 1999).

O diagnóstico sorológico atualmente é um dos mais utilizados e a infecção

é confirmada pela presença de anticorpos anti-Trypanosoma cruzi. Esse teste é

realizado em pacientes suspeitos de DC aguda em regiões endêmicas, em

bancos de sangue para evitar contaminação transfusional e em inquéritos soro-

epidemiológicos (Abras et al., 2016). Vários estudos também têm utilizado a PCR

para a detecção de T. cruzi em amostras de sangue de pacientes suspeitos de

DC, sobretudo na fase aguda com alta parasitemia no sangue (Schijman et al.,

2011; Ramirez et al., 2015; Hernandez et al., 2018). Em pacientes na fase

crônica com baixa parasitemia no sangue esse teste pode apresentar resultados

falso-negativos (Hernandez et al., 2018).

Apesar de atualmente existir uma ampla variedade de exames que

possam ser utilizados para a confirmação de DC em pacientes suspeitos, apenas

a PCR pode ser usada como ferramenta para detectar o T. cruzi em amostras

não humanas.

75

Adicionalmente, a Salmonelose é uma da DTA de maior ocorrência no

mundo, sobretudo em países com baixos índices socioeconômicos e condições

precárias de saneamento básico (Qamar et al., 2015). O método de referência

para a pesquisa de Salmonella spp. atualmente adotado no Brasil é indicado pela

Instrução Normativa nº 62, de 26 de agosto de 2003 (MAPA, 2003). Essa

instrução normativa preconiza que a pesquisa de Salmonella spp. deve obedecer

as etapas de pré-enriquecimento, enriquecimento seletivo obrigatoriamente nos

caldos Rappaport Vassiliadis, selenito-cistina ou tetrationato onde

posteriormente uma alçada dos caldos devem ser plaqueados em meios sólidos

específicos (BRASIL, 2003). Após o isolamento e seleção de colônias nos meios

sólidos é necessário a realização de um conjunto de provas bioquímicas nos

meios TSI, LIA ou em testes de kits comerciais para a realização de provas em

equipamentos como o Vitek. Adicionalmente, caso seja de importância médica-

epidemiológica deve-se realizar a sorotipificação para a definição do sorovar

(Andino & Hanning, 2015). Todas essas etapas podem levar de cinco a sete dias

até a confirmação da presença de Salmonella nas amostras analisadas.

Complementariamente ao MAPA, a ANVISA normatiza o regulamento

técnico sobre padrões microbiológicos em alimentos no Brasil (BRASIL, 2001).

Através da resolução-RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001, a ANVISA estabelece

o plano de amostragem, os limites permitidos da presença de microrganismos

em cada tipo de alimento e o número máximo de unidades acima dos limites

estabelecidos aceitáveis. O açaí encontra-se juntamente com: Sucos e refrescos

"in natura", incluindo água de coco, caldo de cana, de açaí e similares, isolados

ou em misturas, em que é obrigatório a pesquisa de coliformes à 45°C e

Salmonella spp. sendo a tolerância para amostra indicativa é de 102 para

coliformes à 45°C e ausência em Salmonella spp. Os agentes causadores da

Salmonelose e sobretudo da doença de chagas podem ser detectados através

da técnica da PCR, uma vez que, não existe um método oficial regulamentado

para a detecção de T. cruzi em polpa de açaí. O sucesso da técnica da PCR vai

depender da metodologia adequada utilizada na extração do DNA a partir das

amostras de polpa de açaí.

Vários estudos tem demonstrado a importância na escolha do método

e/ou protocolo adequado a ser usado na extração de DNA. Essa escolha vai

depender do tipo de amostra, necessidade de rapidez de resultados e

76

concentração/qualidade de DNA desejados (Drabkova, 2014; Semagn, 2014;

Cheng et al., 2014). Adicionalmente com o aprimoramento das técnicas de

biologia molecular, novos reagentes e equipamentos mais robustos para a

realização de PCR tem sido desenvolvidos aumentando a sensibilidade,

especificidade e diminuindo o tempo de reação (Ellington et al., 2016).

Atualmente há vários métodos disponíveis para a extração de DNA a partir

de diferentes tipos de amostras (Oliveira et al., 2014; Psifidi et al., 2015). Esses

métodos podem ser denominados in-house, quando o DNA é extraído a partir de

protocolos que usam solventes orgânicos (Drabkova, 2014), ou métodos

baseados em kits comerciais (Phillips et al., 2012). Os métodos in-house

geralmente são usados em pesquisa por serem de baixo custo e oferecerem

uma alta concentração de DNA. Os mais conhecidos são o Fenol-Clorofórmio

usado na extração de DNA de amostras de sangue e fluidos corporais e

Hexadecil catiônico brometo de trimetil amônio (CTAB) usado na extração de

DNA a partir de amostras vegetais (Springer, 2010; Green & Sambrook, 2018).

Os métodos in-house geralmente são laboriosos não sendo adequados

quando se necessita realizar análises em larga escala, resultados mais rápidos

e reprodutíveis o que dificulta a implementação na rotina dos laboratórios. Além

disso, exigem o manuseio de substancias tóxicas e necessitam de mão de obra

qualificada uma vez que, não é incomum a presença de contaminantes que

inibem da reação de PCR presentes no DNA extraído por falhas na execução do

procedimento (Janabi et al., 2016). Os kits de extração de DNA oferecem um

DNA menos concentrado que os métodos in-house e possuem um custo mais

alto, por outro lado fornecem um DNA com alto grau de pureza além de

protocolos menos laboriosos e mais rápidos que variam entre 60 à 120 min

(Janabi et al., 2016).

Recentemente Ferreira e colaboradores (2016) avaliaram quatro métodos

para a extração de DNA de Trypanosoma cruzi em polpa de açaí. Nesse estudo

foi utilizado dois diferentes protocolos utilizando CTAB, DNAzol e um kit

comercial que fornecia como tampão de lise a proteinase k. Somente um dos

protocolos que utilizou CTAB forneceu DNA em quantidade e qualidade

necessários para PCR. Tanto o DNAzol quanto o kit comercial apresentaram

problemas na amplificação de PCR o que sugere falha na lise celular ou

presença de inibidores.

77

Um dos maiores desafios do presente estudo foi utilizar um método de

extração de DNA que fosse capaz de lisar os 3 tipos de células alvos: Eucariótica

(Trypanosoma cruzi), procariótica (Salmonella) e vegetal (E. oleracea). Cada tipo

de célula possui diferentes barreiras para se chega até o DNA. O Trypanosoma

cruzi é um protozoário unicelular que possue uma membrana celular que pode

ser rompida com o uso da proteinase K presente em vários kits comerciais (Poma

et al., 2012). A Salmonella é uma bactéria gram-negativa que possui

externamente a membrana celular uma parede constituída de peptideoglicanos,

lipoproteína e lipopolissacarídeo (Neuberger et al., 2018) e embora possua uma

barreira a mais que as células eucarióticas, a extração de bactérias gram-

negativas também é realizada com o uso da proteinase k e incubação à 56°C

por 15 à 30 minutos (Poma et al., 2012).

A parede celular vegetal por sua vez é mais complexa e a proteinase k

não é capaz de lisa-la (Drabkova, 2014). O Dodecil Sulfato de Sódio (SDS) é um

detergente muito utilizado em extrações de DNA a partir de amostras vegetais

por ser capaz de lisar a parede celular vegetal (Ahmed et al., 2009). Dessa forma

o Purelink genomic plant DNA purification kit foi a opção comercial escolhida por

disponibilizar como tampão de lise celular o SDS. Como pode ser visto no quadro

7 o kit foi eficiente para a extração de DNA em amostra de polpa de açaí

fornecendo uma concentração de DNA apropriada a análises por PCR.

Adicionalmente o kit foi capaz de lisar com eficácia a membrana celular de T.

cruzi e a parede celular de Salmonella fornecendo DNA em quantidades

adequadas para a realização da qPCR multiplex. Esse kit fornece um protocolo

de extração de aproximadamente 1 hora e 40 minutos que mostra-se adequado

à implementação na rotina de laboratórios que necessitam realizar análises em

larga escala e obter resultados em menor tempo.

Além da concentração de DNA, a qualidade/pureza também é um fator

importante para o sucesso da PCR (Foley et al., 2011). A presença de

contaminantes/inibidores de reação de PCR podem ser responsáveis por

resultados falsos positivos por impedirem ou diminuírem a eficiência da reação

(Hedman & Radstrom, 2013). Impurezas encontradas no DNA podem ser de

origem química quando resíduos de reagentes usados no processo de extração

como fenol, álcool, sais e outros estão presentes no DNA eluído, ou moléculas

78

orgânicas oriundas da própria amostra como carboidratos, proteínas e lipídios

(Hedman & Radstrom, 2013).

A qualidade/pureza do DNA extraído pode ser mensurada através de

espectrofotômetria (Schiebelhut et al., 2017). Ácidos nucléicos e proteínas tem

absorbância máxima de 260nm e 280nm respectivamente. Dessa forma é

calculada a razão A260/A280 que fornece um parâmetro para a avaliação da

qualidade da amostra. A razão A260/A280 que indica um DNA puro é de ~1.8,

valores inferiores indicam contaminação com proteínas (Desjardins et al., 2009).

Adicionalmente, a razão A230/A260 é usada para verificação de outros

contaminantes como carboidratos, resíduos de fenol, guanidina e glicogênio

(Shim et al., 2010). Esses contaminantes tem uma absorbância de 230nm, dessa

forma, a razão A230/A260 que indica um DNA puro varia de 2.0 à 2.2, valores

inferiores a esses podem indicar a presença de contaminantes com absorbância

de 230nm.

Os resultados do presente estudo mostram que a razão A260/A280 está de

acordo com o valor esperado ~1.8 nas culturas de T. cruzi e Salmonella e nas

amostras de polpa de açaí como foi mostrado no quadro 6, certificando a baixa

quantidade (ou ausência) de proteínas no DNA extraído. Por outro lado, foi

notado uma razão A230/A260 abaixo dos valores estabelecidos para uma amostra

pura. Uma vez que, a extração de DNA foi realizada através de kit comercial

utilizando colunas de sílica (o que descarta a contaminação com fenol) isto

sugere a presença de carboidratos e/ou lipídios, o que frequentemente é

reportado em amostras de DNA oriundas de amostras vegetais (Takakura &

Nishio, 2012).

Após a avaliação da concentração e qualidade de DNA, é muito

importante estabelecer os controles a serem utilizados durante a reação de uma

PCR (Buckwalter et al., 2014). A utilização de controles negativo e positivo é

essencial para garantir a confiabilidade da reação. O controle negativo garante

que os materiais e regentes utilizados estão livre de contaminação evitando

resultados falto-positivos, e o controle positivo comprova que os iniciadores,

reagentes e as condições de temperatura no termociclador estão ajustados para

o êxito da reação evitando assim resultados falso-negativos.

Recentemente dois estudos propuseram a detecção de T. cruzi em polpa

de açaí (de Souza Godoi et al., 2017; Mattos et al., 2017). Esses estudos

79

utilizaram como método de extração de DNA o CTAB e fenol-clorofórmio, dois

métodos que são laboriosos e dificultam a implantação para análises em larga

escala em rotinas de laboratórios. Adicionalmente apesar de utilizarem controles

negativo e positivo nas reações, esses estudos não incluíram um controle interno

de amplificação, o que impede a checagem do sucesso da extração de DNA

exigido no desenvolvimento de novos protocolos de PCR. Além disso é

necessário avaliar se o método de Fenol-Clorofórmio é capaz de lisar a parede

celular para a possível inclusão de um CIA em testes futuros utilizando esse

protocolo.

O controle interno de amplificação (CIA) é uma importante ferramenta

para implementação de um protocolo para detecção de microrganismos por

PCR. Geralmente o CIA é construído a partir de uma sequência alvo que está

presente nas amostras a serem analisadas e portanto deverá ser amplificado em

todas as reações juntamente com cada amostra (Bjornsdottir-Butler et al., 2011).

A utilização de um CIA é muito importante para a confiabilidade da reação uma

vez que, a correta amplificação desse controle indica que todas as etapas desde

a coleta e armazenamento da amostra, processo de extração/purificação de

DNA e execução da PCR foram realizadas de forma correta, além de atestar a

viabilidade das amostras, o funcionamento adequado do termociclador e a

funcionalidade dos reagentes utilizados (McIver et al., 2014).

O CIA desenvolvido para a qPCR do presente estudo demonstrou um

desempenho adequado medido através do desvio padrão das médias observado

em sextuplicata demonstrando alta precisão em todas as reações realizadas,

tanto em single, quanto nas reações em multiplex. Adicionalmente, através de

uma investigação das sequencias depositadas do GenBank, notou-se que os

oligonucleotídeos desenhados para amplificação do CIA da qPCR do presente

estudo poderia ser utilizado para detecção de T. cruzi também em amostras de

cana de açúcar (Saccharum officinarum, n° de acesso: LC107874.1)

demonstrando assim a versatilidade dessa qPCR. Além disso é possível verificar

em testes futuros a possibilidade do uso dessa qPCR multiplex em bacaba,

babaçu, goiaba e outros alimentos de origem vegetal que são reportados em

surtos de transmissão oral de DC uma vez que, não foi possível encontrar

sequencias compatíveis com o CIA aqui descrito depositadas no GenBank

80

devido à disponibilidade de poucas ou nenhuma sequência correspondente ao

alvo do CIA nessas espécies.

Um dos grandes desafios para o desenvolvimento de uma PCR para

detecção de T. cruzi é o estabelecimento de um par de iniciadores, concentração

de reagentes e condições de reação padronizados entre os diferentes

laboratórios. Atualmente vários autores têm descrito diferentes iniciadores para

a detecção de T. cruzi a partir de diferentes sequências/regiões do DNA do

parasita (Schijman et al., 2011; Sabino et al., 2015; Ramirez et al., 2015).

Duas regiões do genoma do T. cruzi tem sido muito utilizadas como alvo:

os mini-circulos presentes no cinetoplasto (kDNA) (Sturm et al., 1989) e a região

repetitiva do DNA satélite (Kirchhoff et al., 1996). A região do kDNA

conhecidamente possui origens de replicação de DNA compartilhadas por outros

membros da família Trypanosomatidae (Leishmania sp., T. brucei brucei, T.

brucei rhodesiense, T. brucei gambiense, e T. congolense) e isto pode diminuir

a especificidade da qPCR (Moser et al., 1989), dessa forma optou-se nesse

estudo em não utiliza-la como alvo para a construção dos iniciadores.

Em 1989, Moser e colaboradores descreveram um par de iniciadores e

sequenciaram uma região de 188pb em uma região repetitiva altamente

conservada de 195pb. Testes realizados em cepas de T. cruzi de várias regiões

na América (Estado do Texas, sudeste brasileiro, patagônia) demonstraram

sucesso na amplificação do material genético do T. cruzi e pouca variabilidade

dentro dessa sequência tornando-a adequada para o desenho de iniciadores

para reações de PCR ou qPCR. Adicionalmente, essa região possui entre 80.000

e 100.000 cópias o que aumenta substancialmente a sensibilidade da qPCR.

Uma reação de qPCR possui vários indicadores do sucesso e da

confiabilidade da reação. Esses indicadores são fatores críticos para o sucesso

de uma reação e entre eles estão a eficiência, o coeficiente de correlação (R2) e

o Slope (Zhong et al., 2016). Esses indicadores possuem valores mínimos e

máximos que oferecem um parâmetro da confiabilidade. Alguns estudos avaliam

que uma eficiência confiável deve ser entre 90% à 110%, valores acima ou

abaixo desses valores indicam interferência na qPCR seja de contaminantes ou

outros fatores como diluições incorretas de iniciadores/sonda ou ainda erros de

pipetagem (Broeders et al., 2014; ROGERS-BROADWAY & KARTERIS, 2015).

O R2 é um importante indicador da correlação em uma reação de quantificação,

81

quando se deseja saber a quantidade de DNA, patógenos ou cópias

equivalentes. Esse valor deve ser o mais próximo de 1 e valores abaixo de 0.980

tendem a ser descartados (Broeders et al., 2014). O Slope é o “caimento” dos

valores da curva padrão. Os valores ideais estão entre -3.3 e -3.8. O valor do

Slope está diretamente relacionado ao coeficiente R2 e a eficiência da reação

(Broeders et al., 2014).

A curva padrão construída para detecção de T. cruzi contou com cinco

pontos sendo a maior concentração equivalente à 105 parasitas/mL porque

reações realizadas com concentrações acima dessa não apresentaram

diferenças entre os Cts, sendo todos amplificados muito próximos. Embora o R2

esteja dentro de parâmetros aceitáveis para uma qPCR a eficiência de 128%

demonstra um desequilíbrio na reação durante a amplificação. Adicionalmente o

Slope foi de -2.8 e também ficou fora dos valores adequados. Esses dados

podem sugerir que o desequilíbrio nesses indicadores estejam ligados ao fato

dos oligonucleotídeos para T. cruzi terem como alvo uma região repetitiva o que

pode estar aumentando a eficiência da reação e desequilibrando o Slope da

curva padrão uma vez que, tanto o CIA quanto a curva padrão de Salmonella

estavam dentro dos valores esperados para uma qPCR confiável.

Dessa forma optou-se por não usar uma curva padrão para a

quantificação de T. cruzi nessa qPCR. Ao invés disso foram utilizados os dois

pontos extremos da curva padrão e a qPCR foi construída baseada em um

controle alto e um controle baixo. Como já explicado, o controle alto representa

uma concentração equivalente à 2x105 parasitas e o controle baixo 2x10

parasitas que foi o limite de detecção da qPCR. A avaliação da precisão dos

controles alto e baixo durante seis dias consecutivos atestam a precisão e

confiabilidade dos mesmos para a detecção de T. cruzi.

Todas as etapas envolvidas no desenvolvimento de um protocolo devem

ser avaliadas para garantir a robustez e confiabilidade dos resultados (Lemos et

al). A sensibilidade, especificidade, exatidão, precisão e limite de detecção são

importantes parâmetros que devem ser avaliados no desenvolvimento de novas

técnicas ou protocolos para fins de diagnóstico (Marino et al., 2017). É possível

mensurar esses parâmetros comparando-se os resultados do novo método ou

protocolo com métodos de referência ou com amostras conhecidamente

positivas e/ou negativas (Zhi et al., 2010).

82

A sensibilidade é a probabilidade de um teste identificar corretamente

amostras contaminadas com um analíto ou patógeno. No presente estudo a

sensibilidade para Salmonella spp. foi de 97% no teste cego, onde somente uma

amostra que havia sido contaminada artificialmente apresentou resultado não

detectado na qPCR. Como a mesma amostra foi identificada corretamente

através do método de referência, e o CIA funcionou adequadamente nessa

amostra eliminando a possibilidade de erro de pipetagem, é possível que possa

ter ocorrido algum problema com a sonda de Salmonella nessa reação

específica, ou a quantidade de bactérias estava abaixo do limite de detecção do

teste. A sensibilidade para T. cruzi foi de 100%, uma vez que todas as amostras

contaminadas artificialmente foram detectadas na qPCR multiplex.

A especificidade é a probabilidade de identificar corretamente as amostras

que não possuem o analíto ou patógeno. A especificidade tanto para a

Salmonella spp. quanto para T. cruzi foi de 100% já que, em nenhuma das

amostras não contaminadas no teste cego foi identificada amplificação na qPCR.

Complementariamente a sensibilidade e a especificidade, é possível mensurar a

exatidão de um teste, que é a capacidade de identificar corretamente as

amostras que contém um analíto e as que não contém o analíto em um conjunto

amostral comparando-se os resultados com um método de referência ou padrão

ouro (Zhi et al., 2010). A exatidão da qPCR multiplex foi de 98%, uma vez que

uma amostra identificada corretamente pelo método de referência não foi

detectada na qPCR e uma amostra detectada na qPCR apresentou resultado

negativo no método de referência. Como não há um método de referência

atualmente para detecção de T. cruzi em açaí, a exatidão foi mensurada através

dos resultados detectado e não detectado nas amostras artificialmente

contaminadas e não contaminadas no teste cego.

A precisão de um método é medida quando as análises são repetidas sob

as mesma condições com pouca variação nos resultados, seja em replicatas em

uma mesma reação, em testes realizados em dias diferentes ou ainda através

de testes de proficiência inter-laboratoriais (McClure & Lee, 2014). A precisão da

qPCR no presente estudo foi avaliada para o CIA, a curva padrão de Salmonella

spp. e controles alto e baixo para detecção de T. cruzi. Os valor dos DP dos Cts

para o CIA foi de 0,16 medido em sextuplicata e o maior DP observado na curva

padrão de Salmonella foi de 0,21 na concentração 6x102 demonstrando alta

83

precisão em ambos os casos. Os controles alto e baixo apresentaram DP de

0,74 e 1,09 respectivamente. É notável que a menor concentração demonstrou

maior variação dos Ct o que pode estar ligado a menor quantidade de DNA inicial

na reação ou ao fato do alvo ser uma região repetitiva. No entanto, mesmo um

DP mais alto para o controle baixo não afetou a confiabilidade ou o limite de

detecção da reação que foi padronizada para 45 ciclos com uma ampla margem

do Ct do controle baixo.

O limite de detecção indica qual a menor quantidade de um analíto é

possível ser detectado em um teste. No presente estudo o limite de detecção

está relacionado a menor quantidade de DNA capaz de ser amplificado na qPCR

para Salmonella spp. e T. cruzi. O limite de detecção de Salmonella spp. na

reação em multiplex foi de 6x102 cópias equivalentes, diferente de quando foi

realizado o teste em single (onde o limite de detecção foi equivalente à 6 cópias

equivalentes) com DNA oriundo da cultura pura. Uma vez que o CIA demonstrou

que o DNA extraído do açaí não havia impurezas que estivesse afetando a

reação, isto sugere uma interferência entre os oligonucleotídeos na qPCR

multiplex o que pode ter diminuído a eficiência dos oligonucleotídeos que tinham

como alvo Salmonella aumentando o limite de detecção. No caso do T. cruzi não

houve diferença entre o limite de detecção na reação em single e na multiplex.

Vários fatores estão envolvidos no início de uma infecção como a

presença de co-morbidades, carência nutricional, idade e outros fatores que

influenciam o sistema imunológico (Cristina & Vanetti, 2004). Adicionalmente, a

dose infectante é um importante fator a ser levado em conta para o início de uma

infecção (Song et al., 2015). Diferentes patógenos necessitam estar em uma

quantidade mínima necessária para iniciar uma infecção (Leggett et al., 2012),

no caso do T. cruzi por motivos éticos esse dado não é conhecido e portanto,

não pode ser mensurado uma quantidade mínima de parasitas necessários para

iniciar a infecção. No entanto, em um estudo realizado por Fairbain & Burtt (1946)

demonstram que a dose infectante em humanos de Trypanosoma rhodesiensi

que causam a Tripanosomíase africana é de 300 a 450 tripomastigotas

metacíclicos. Dessa forma a proximidade filogenética entre as duas espécies

podem oferecer um ponto de partida para se ter uma ideia da dose infectante de

T. cruzi. Ao se assumir uma dose infectante de T. cruzi semelhante ao T.

84

rhodesiense, a qPCR desenvolvida no presente estudo pode oferecer um limiar

seguro de detecção do parasita.

A possibilidade de detecção de Salmonella através de qPCR tem tornado

mais rápido o tempo de resposta das análises (Fang et al., 2018). Vários estudos

tem desenvolvido protocolos para a detecção de Salmonella spp. e de sorovares

específicos como Salmonella typhimurium, enteritidis, typhi entre outros. Estes

estudos também têm feito análises comparativas com os métodos de referência

atestando a validade dos resultados obtidos (Malorny et al., 2004).

No presente estudo foram utilizados os iniciadores e sonda descritos por

Malorny e colaboradores (2004), onde o autor valida a qPCR ao comparar os

resultados com o preconizado pela ISO 6579:2003. Adicionalmente, a qPCR

desenvolvida foi submetida a análises interlaboratoriais em diferentes matrizes

alimentícias como leite cru, carne moída, peixe e frango para avaliação da

precisão das análises. Os oligonucleotídeos utilizados nesse estudo passaram

por um rigoroso teste de seletividade que contou com 110 diferentes sorovares

de Salmonella e 87 bactérias não-alvo, demonstrando inclusividade e

exclusividade de 100%. Dessa forma o teste de seletividade realizado no

presente estudo tinha como objetivo avaliar se os oligonucleotídeos para T. cruzi

e E. oleracea (CIA) não estavam apresentando amplificação inespecíficas com

os sorovares de Salmonella e bactérias não alvos.

Não há na literatura muitos estudos reportando a presença de Salmonella

em açaí. Souza e colaboradores (1999) não encontraram Salmonella em

amostras de açaí coletadas na cidade de Macapá, embora tenham encontrado

coliformes à 35°C e à 45°C, bolores, leveduras e Staphylococcus aureus. Por

outro lado Cohen e colaboradores (2011) reportaram a presença de Salmonella

em amostras de açaí oriundas da cidade de Belém-PA. Embora o relato de

ocorrência de surtos de Salmonelose através do açaí não seja comum, a

detecção de Salmonella na qPCR multiplex desenvolvida nesse estudo é

importante do ponto de vista comercial uma vez que a análise de presença ou

ausência em açaí é exigida pela RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001 da

ANVISA.

Em comparação com os valores sugeridos para dose infectante de T.

cruzi, a Salmonella possui uma dose infectante mais alta, onde é necessária a

ingestão de uma quantidade entre 105 à 108 bactérias para iniciar uma infecção

85

(BRASIL 2011). Em pacientes imunocomprometidos no entanto, doses

infectantes menores que 103 têm sido observadas (BRASIL, 2011). Ainda assim

a qPCR desenvolvida neste estudo é capaz de oferecer um limiar seguro de

detecção para Salmonella spp.

Embora não seja comum notificações de Salmonelose através da

ingestão de açaí contaminado, em 6 das 150 amostras de campo foi observado

sinal de amplificação de Salmonella spp., no entanto essa amplificação ocorreu

posterior ao limite de detecção previamente estabelecido. O método de

referência realizado nessa amostra não apresentou crescimento de colônias em

ágar XLD e SS. Curiosamente as seis amostras foram originárias de um mesmo

lote de uma das indústrias que cederam amostras para este estudo o que exige

que uma análise mais minuciosa seja realizada. É possível que essas

amplificações possam ser a detecção de quantidades muito pequenas de

Salmonella que não cresceram nos meios de cultura, ou ainda células viáveis

mas não cultiváveis. Dessa forma a amplificação ocorrida após o limite é

considerada inconclusiva e em uma rotina laboratorial é indicado a repetição da

extração de DNA e da qPCR.

86

5 CONCLUSÕES

No presente estudo foi desenvolvida uma qPCR multiplex para a detecção

de Salmonella spp. e Trypanosoma cruzi em polpa de açaí.

Este método pode ser utilizado como método alternativo para a detecção

de Salmonella spp. Em polpa de açaí oferecendo menor tempo de resposta e

tornando mais dinâmica a cadeia produtiva.

Adicionalmente pode diminuir o risco de surtos de doença de chagas

transmitida por açaí contaminado com Trypanosoma cruzi agregando valor ao

produto

O controle interno de amplificação foi construído e inserido com sucesso

oferecendo confiabilidade à qPCR multiplex. O Uso desse controle garante a

funcionalidade do teste em todas as etapas da execução.

Todos os patógenos utilizados no teste de seletividade foram identificados

corretamente.

A sensibilidade, especificidade e exatidão para a detecção de Salmonella

spp. foram altas demonstrando a confiabilidade do teste.

A detecção de Trypanosoma cruzi demonstrou 100% sensibilidade,

especificidade e exatidão demonstrando a confiabilidade do teste.

A qPCR multiplex forneceu um baixo limite de detecção tanto para

Salmonella spp. quanto para Trypanosoma cruzi.

Houve forte concordância entre a qPCR multiplex e o método referência

para a detecção de Salmonella spp. o que o credencia para ser utilizado como

método alternativo.

As sequencias de nucleotídeos dos iniciadores e sondas utilizados para a

detecção de Trypanosoma cruzi e controle interno de amplificação, além das

respectivas concentração dos mesmos combinados na qPCR estão sendo

mantidos em sigilo até aprovação de patente a ser submetida no instituto

nacional de propriedade industrial (INPI)

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