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30/10/2018 1 30/10/2018 06:50 Metalografia e Tratamentos Térmicos Universidade Federal do Pará Instituto de Tecnologia Campus de Belém Curso de Engenharia Mecânica Prof. Dr. Jorge Teófilo de Barros Lopes 30/10/2018 06:50 Capítulo I Universidade Federal do Pará Instituto de Tecnologia Tratamentos Térmicos dos Materiais Campus de Belém Curso de Engenharia Mecânica METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    30/10/2018 06:50

    Metalografia e Tratamentos

    Térmicos

    Universidade Federal do Pará

    Instituto de Tecnologia

    Campus de Belém

    Curso de Engenharia Mecânica

    Prof. Dr. Jorge Teófilo de Barros Lopes

    30/10/2018 06:50

    Capítulo I

    Universidade Federal do Pará

    Instituto de Tecnologia

    Tratamentos Térmicos

    dos Materiais

    Campus de Belém

    Curso de Engenharia Mecânica

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    30/10/2018 06:50

    ❑ Introdução

    ❑ Microestruturas dos Aços

    ❑ Diagramas de Transformação

    ❑ Influência da Matéria-Prima nos Trats. Térmicos

    ❑ Variáveis do Tratamento Térmico

    ❑ Principais Tratamentos Térmicos

    ❑ Temperabilidade

    I – TRATAMENTOS TÉRMICOS

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    30/10/2018 06:50

    I – TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑ Introdução

    ❑ Microestruturas dos Aços

    ❑ Diagramas de Transformação

    ❑ Influência da Matéria-Prima nos TTs

    ❑ Variáveis do Tratamento Térmico

    ❑ Principais Tratamentos Térmicos

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    1.1 Introdução

    ➢ TRATAMENTO TÉRMICO

    ✓Pode ser definido, de uma forma geral, como o conjunto

    de operações de aquecimento e resfriamento a que são

    submetidos os aços e outros materiais, sob condições

    controladas de temperatura, tempo, atmosfera e

    velocidade de resfriamento, com o objetivo de alterar as

    suas propriedades ou conferir-lhes características

    determinadas sem modificar a forma do produto final.

    ✓Dessa forma, consegue-se obter uma variada gama de

    propriedades que permitem que tenhamos materiais mais

    adequados para cada aplicação, sem que com isto os

    custos sejam muito aumentados.METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    1.1 Introdução

    Gráfico ilustrativo das etapas de um processo de tratamento térmico.

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    100

    200

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    1000

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    Tem

    pera

    tura

    (°C

    )

    Tempo (horas)

    permanência

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    1.1 Introdução

    • Exemplo - Mola espiral do sistema de suspensão de um

    veículo automotor.

    ✓Tratamento térmico → permite que a mola sofra

    deformação sem perder as suas formas e geometria

    originais (deformação elástica).

    ✓Propriedades → elevadas resistência mecânica e

    elasticidade, para não sofrer deformação plástica.

    Esquema ilustrativo da mola

    espiral de um sistema de

    suspensão veicular (Almanaque

    do Danico, 2006).

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    1.1 Introdução

    ✓ Nem sempre os tratamentos térmicos são intencionais.

    ✓ Peças metálicas podem sofrer tratamentos térmicos

    durante o processo de fabricação – ocorre quando

    passam por ciclos de aquecimento ou resfriamento, os

    quais podem alterar as suas propriedades de forma

    prejudicial.

    • Exemplo - Operações de soldagem em estruturas de

    aço, que ao serem aquecidas a temperaturas elevadas

    podem sofrer têmpera e fragilização na ZTA,

    comprometendo a tenacidade da estrutura como um

    todo.

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    1.1 Introdução

    ✓ Os tratamentos térmicos dão frequentemente associados

    ao aumento de resistência mecânica do material.

    ✓ Também utilizados para a alterar características de

    fabricabilidade (usinabilidade e estampabilidade, por

    exemplo), ou ainda, na restauração de ductilidade após

    intenso processo de conformação plástica a frio.

    ✓ Assim, pode-se dizer que os tratamentos térmicos são

    processos de fabricação que facilitam outros processos

    de fabricação e aumentam o desempenho dos produtos

    por meio da elevação da resistência mecânica e

    alteração de outras propriedades.METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    1.1 Introdução

    ✓ No caso dos aços, o benefício trazido pelos

    tratamentos térmicos é muito grande.

    ✓ Os aços respondem de maneira eficaz aos diferentes

    tipos de tratamentos utilizados.

    ✓ Em um mesmo aço, dependendo do tipo de

    tratamento térmico a que for submetido, consegue-

    se obter níveis de resistência mecânica, ductilidade e

    tenacidade muito variadas, permitindo, por exemplo,

    amolecer o material para facilitar a sua usinagem, e

    endurecê-lo posteriormente para obter alta resistência

    mecânica.METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    1.1 Introdução

    ✓ Essa capacidade dos aços é uma das razões da sua

    grande utilização comercial, e a maior parte dos

    produtos ou peças que são submetidos aos tratamentos

    térmicos são constituídas desse material.

    ✓ Em função disso, o curso será inicialmente voltado ao

    estudo dos tratamentos térmicos dos aços,

    posteriormente outras ligas serão estudadas.

    ✓ Antes do estudo dos tratamentos térmicos serão

    discutidas as diversas microestruturas formadas

    durante os tratamentos térmicos dos aços, para melhor

    compreensão dos mesmos.

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    30/10/2018 06:50

    I – TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑ Introdução

    ❑ Microestruturas dos aços

    ❑ Diagramas de Transformação

    ❑ Influência da Matéria-Prima nos TTs

    ❑ Variáveis do Tratamento Térmico

    ❑ Principais Tratamentos Térmicos

    ❑ Temperabilidade

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ As microestruturas formadas durante os

    tratamentos térmicos dos aços podem ser

    originadas a partir de dois tipos de

    transformações: difusionais ou não difusionais.

    ✓ Transformações difusionais: transformações que

    ocorrem no estado sólido e dependem tanto do

    tempo quanto da temperatura.

    ✓ Transformações não difusionais: transformações

    no estado sólido que dependem fundamentalmente

    da temperatura.

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    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    • Dentre as transformações difusionais nos aços, a

    mais importante é a transformação eutetóide, na

    qual uma fase sólida se decompões em duas outras

    fases sólidas totalmente diferentes.

    • A reação eutetóide do aço envolve a formação

    simultânea de ferrita e cementita a partir da

    austenita com composição eutetóide (0,77%C), que

    ocorre a 727 °C (Figura), é reversível e expressa

    pela equação:

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    𝛾0,77%𝐶𝑟𝑒𝑠𝑓𝑟𝑖𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

    𝛼0,02%𝐶 + (𝐹𝑒3𝐶)6,67%𝐶

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    Diagrama Fe-Fe3C

    (Adaptada de

    ASKELAND &

    PHULÉ, 2003).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    Esquema de

    transformação da

    austenita (Adaptada

    de CALLISTER,

    2008).

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    • Como se formam simultaneamente, a ferrita e a

    cementita estão intimamente misturadas.

    • Essa mistura é caracteristicamente lamelar e a

    microestrutura resultante é denominada perlita.

    • Sua microestrutura consiste de uma matriz de

    ferrita em que se encontram regularmente

    distribuídas placas de cementita (Figuras).

    • Um aço que apresenta essa microestrutura é

    chamado de aço eutetóide.

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    Perlita com aumento de 1500 x. Mistura lamelar de ferrita (matriz clara) e

    cementita (mais escura) (Adaptada de VAN VLACK, 1970).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    Exemplos de microestruturas perlíticas – Aço eutetóide

    (FREITAS, 2014).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    Exemplos de microestruturas contendo somente perlita – Aço

    eutetóide (PUKASIEWICZ, 2003).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    Análise do

    resfriamento

    de um aço

    eutetóide

    (FREITAS,

    2014).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    • Para os aços hipoeutetóides (%C < 0,77) a

    estrutura final observada será de núcleos de

    perlita envoltos por grão de ferrita.

    Microestruturas de dois aços hipoeutetóides – 0,20% e 0,45%

    (PUKASIEWICZ, 2003).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    Análise do resfriamento de um aço hipoeutetóide (FREITAS, 2014).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    • Para os aços hipereutetóides (%C > 0,77) a

    estrutura final observada será de núcleos de

    perlita rodeados por cementita.

    Microestruturas de um aço hipereutetóide (PUKASIEWICZ, 2003).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    Análise do resfriamento de um aço hipereutetóide (FREITAS, 2014).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    Teor de perlita

    em função da

    porcentagem

    de C no aço

    (FREITAS,

    2014).

    • A porcentagem da perlita aumenta com a elevação

    do teor de carbono do aço, e atinge 100% quando o

    teor de carbono for igual a 0,77%; a partir desse

    valor, volta a diminuir (Figura).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    • Com o resfriamento lento a ferrita pró-eutetóide

    forma-se a partir da austenita entre 910 °C e 727 °C,

    e a ferrita eutetóide (forma lamelar na perlita) ao

    atingir 727 °C.

    • Em outras condições de resfriamento a ferrita pode

    se formar a partir de temperaturas mais baixas e,

    com isso, passa a apresentar até quatro morfologias,

    quais sejam: ferrita alotriomorfa de contorno de

    grão, idiomorfa intragranular, lamelas ou ripas de

    Widmänstatten e lamelas intragranulares.

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    − Ferrita alotriomorfa de contorno de grão:

    Cristais nucleados no contorno de grão da

    austenita formados a temperaturas mais altas, que

    tem interfaces curvas com a austenita, com

    formato equiaxial ou lenticular.

    − Idiomorfa intragranular: cristais nucleados no

    interior dos grãos da austenita, apresentando

    formato aproximadamente equiaxial e contornos

    curvos ou com características cristalográficas bem

    definidas.

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    Diferentes morfologias de ferrita pró-eutetóide em aço com C = 0,37%, Mn =

    1,50 %e V = 0,11%, transformado isotermicamente a 700°C. (CÂNDIDO,

    L.C, UFOP)

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .

    − Lamelas ou ripas de Widmänstatten (ferrita de

    Widmänstatten): são lamelas que nucleiam nos

    contornos de grãos austeníticos, mas crescem ao

    longo de planos bem definidos da matriz.

    Ferrita acicular (áreas claras) –

    aço com 0,2% C (FREITAS,

    2014).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    .(a) (b)

    Duas morfologias da ferrita (áreas claras) – aço com 0,2% C

    (FREITAS, 2014): acicular (a) e após recozimento completo (b).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    − Lamelas intragranulares: semelhantes às ripas de

    Widmänstatten, mas que nucleiam exclusivamente

    no interior dos grãos de austenita.

    Lamelas intragranulares – aço

    com 0,34% C - 15 min a 725 °C

    (TAVARES, 2009).

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Ferrita, cementita e Perlita:

    • A classificação dos cristais nucleados de cementita a

    diferentes temperaturas é semelhante à da ferrita.

    • O desenvolvimento inicial é de grãos equiaxiais nos

    contornos de grãos (cementita pró-eutetóide); a

    redução da temperatura favorece o crescimento de

    cementita na forma de lamelas ou ripas (cementita

    eutetóide).

    • Nos aços com teores mais elevados de carbono, as

    mudanças morfológicas apresentadas pela austenita no

    resfriamento rápido são muito mais significativas,

    formando-se uma nova estrutura, a martensita.

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • Denominação devido ao metalurgista alemão Adolf

    Martens, seu descobridor.

    • Usada por muito tempo para designar uma

    microestrutura dura encontrada como produto dos

    aços temperados.

    • A transformação martensítica também ocorre em

    alguns sistemas não ferrosos, tais como as ligas

    Cu-Al e Au-Cd, e em sistemas óxidos, como o

    SiO2 e o ZrO2, por exemplo.

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • As transformações de fases que envolvem a formação

    de ferrita e de cementita e, consequentemente,

    também da perlita, dependem do movimento dos

    átomos por difusão (transformações difusionais).

    • Estas transformações são caracterizadas, sob o

    aspecto do comportamento dos átomos individuais,

    como transformações “civis”, em que os átomos de

    uma fase atravessam, individualmente e de forma não

    coordenada a interface entre as fases, reorganizando-

    se na nova estrutura cristalina.

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • Essas transformações são também chamadas de

    reconstrutivas pelo fato de que os átomos, ao

    atravessarem a interface, constroem uma nova fase,

    com movimentos superiores a uma distância atômica.

    • Entretanto, mesmo quando não existem condições

    para que a organização dos átomos ocorra pela

    difusão e movimentos significativos dos átomos,

    através de uma interface, é possível que as ligas de

    ferro se reorganizem em estruturas de menor energia

    do que a austenita.

  • 30/10/2018

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • Estas transformações ocorrem normalmente em

    condições em que a difusão não mais atua de forma

    significativa (temperaturas baixas) e, portanto, não

    estão associadas à mudança de composição química,

    somente à mudança de estrutura cristalina.

    • Para que tais transformações ocorram em condições em

    que os átomos tem baixa mobilidade, é frequente que

    ocorra movimento ordenado de átomos, nas chamadas

    transformações “militares”, também chamada

    transformação “displaciva”, por causa do movimento

    coordenado de deslocamento dos átomos.

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • Nos aços e em outras ligas Fe-C, a transformação da

    austenita em martensita é originada num processo não

    difusional e, consequentemente, tem exatamente a

    mesma composição da austenita que lhe deu origem

    (até 2% C, dependendo da composição da liga).

    • Como o processo é não difusional, devido ao

    resfriamento rápido, os átomos de carbono não podem

    se distribuir entre a ferrita e a cementita, e ficam

    aprisionados nos sítios octaédricos da estrutura CCC

    (ferrita), produzindo uma nova fase, a martensita.

  • 30/10/2018

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • Com o resfriamento rápido, a solubilidade do

    carbono na estrutura CCC é excessivamente

    excedida – solução sólida supersaturada.

    • A solubilidade excessiva provoca uma distorção

    neste reticulado, o qual assume nova geometria, a

    tetragonal de corpo centrado (TCC) - célula

    unitária com o parâmetro “c” (altura da célula)

    maior que o parâmetro “a” da base.

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • Dentre as várias maneiras de visualizar as

    transformações “displacivas” que podem conduzir

    a estrutura da austenita (CFC) a uma estrutura

    TCC, a mais comumente aceita é a distorção de

    Bain (Figura).

    • Nesse modelo, a estrutura TCC pode ser

    visualizada como uma distorção da estrutura CCC

    em que o parâmetro da rede na direção [001] não é

    igual ao parâmetro das direções [010] e [100].

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    Representação esquemática da correspondência entre as redes CFC da

    austenita e TCC da martensita (modificada de BRADESHIA, 2001).

    Átomo de ferro

    Átomo de carbono

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    Representação esquemática mostrando a artensita da liga Fe-C obtida

    através de um resfriamento rápido a partir da temperatura de

    austenitização, relacionando com o processo de saída do carbono de

    dentro da célula CFC para formar uma célula TCC.

  • 30/10/2018

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    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • Quanto maior o teor de carbono na martensita maior o

    número de sítios intersticiais preenchidos, acarretando

    num acréscimo da tetragonalidade da rede TCC

    (Figura).

    • A tetragonalidade pode ser medida pelo quociente c/a

    entre os parâmetros do reticulado TCC da martensita

    (equação), e aumenta com o teor de carbono

    (BRADESHIA; HONEYCOMBE, 2006).

    𝑐

    𝑎= 1 + 0,045%𝑝𝐶

    Para um teor nulo de carbono

    a estrutura é CCC sem

    distorção (c = a).

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    Efeito do carbono no parâmetro a da austenita e nos parâmetros a e c da

    martensita (Adaptadas de COHEN, 1962 apud HUALLPA, 2011).

    %at C

    0 0,95 1,90 2,85 3,80 4,75 5,70 6,65

    0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4

    %p C

    3,02 ─

    2,98 ─

    2,94 ─

    2,90 ─

    2,86 ─

    2,82

    Ǻ

    %at C

    0 0,95 1,90 2,85 3,80 4,75 5,70 6,65

    3,66 ─

    3,62 ─

    3,58 ─

    3,54 ─

    3,500 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4

    %p C

    Ǻ

  • 30/10/2018

    23

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    Dureza da martensita em

    função do teor de carbono,

    comparada com a dureza da

    perlita obtida por

    resfriamento ao ar (lento).

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • A composição química da martensita formada é a

    mesma da austenita (matriz) que a originou;

    • A transformação á basicamente atérmica, isto é, a

    quantidade de austenita transformada depende da

    temperatura atingida e não do tempo em que o

    material é mantido na temperatura.

    • Em função da variação de volume associada à

    transformação de fase e ao mecanismo “displacivo”, a

    transformação ocorre com um nível elevado de

    tensões residuais.

  • 30/10/2018

    24

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • A martensita apresenta uma única fase formada

    nos aços (também pode ocorrer nos ferros

    fundidos), com estrutura cristalina e composição

    química próprias, além de uma interface bem

    definida com outras fases, quando houverem.

    • É metaestável - tende a retornar para um estado

    estável ou de equilíbrio ao longo do tempo ou

    quando um agente externo atua, como a

    temperatura.

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • Neste caso, no aquecimento da martensita, os

    átomos de carbono aprisionados no cristal TCC

    ganham mobilidade e se difundem, formando

    carbonetos.

    • O resultado é o alívio da estrutura, com a

    decomposição da martensita em uma mistura

    de ferrita e cementita.

  • 30/10/2018

    25

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • A austenita é relativamente dúctil, pois os

    átomos de carbono se acomodam perfeitamente

    na estrutura do ferro gama (CFC) e não

    dificultam os deslizamentos cristalinos quando o

    aço é deformado.

    • Na martensita, no entanto, o ferro está numa

    forma alfa modificada pelo excesso de carbono,

    cuja presença dificulta as transformações

    plásticas a tal ponto, que elas se tornam

    praticamente impossíveis.

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita:

    • Portanto, a alta dureza da martensita está

    relacionada a capacidade dos átomos

    intersticiais de carbono de restringir o

    movimento das discordâncias, bem como

    ao número relativamente pequeno de

    sistemas de escorregamento para a

    estrutura TCC.

  • 30/10/2018

    26

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita (morfologia):

    • Do ponto de vista morfológico, a martensita se revela

    ao microscópio de modo característico.

    • Pode se apresentar na forma de ripas, placas ou em

    uma mistura de ambas, dependendo do teor de

    carbono do aço (figura - gráfico), assim:

    - teor de carbono até 0,6% - tendência à formação

    martensita por ripas;

    - entre 0,6% e 1%, uma mistura de ripas e placas;

    - e acima de 1%, apenas por placas.

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita (morfologia):

    Aspecto micrográfico da martensita.Relação entre o teor de carbono e o tipo

    de martensita formada no aço (ZHAO

    NOTIS, 1995 apud HUALLPA, 2011).

  • 30/10/2018

    27

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita (morfologia):

    Martensita na forma de ripas e sua estrutura (MAKI;

    TSUZARA ; TAMURA, 1980 apud HUALLPA, 2011)

    Micrografia da martensita

    na forma de ripas - Aço

    4140 (KRAUSS, 1999

    apud HUALLPA, 2011)

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita (morfologia):

    (a) (b)

    Crescimento de placas de martensita com incremento do

    resfriamento abaixo de Ms: (a) Crescimento da placa

    interrompido pelo contorno de grão; (b) Propagação da

    martensita (PORTER; EASTERLING, 1982 apud

    HUALLPA, 2011)

    Microestrutura de martensita

    em placas com microtrincas –

    liga Fe-1,86%pC (KRAUSS,

    1999 apud HUALLPA, 2011)

  • 30/10/2018

    28

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Martensita (morfologia):

    • Em geral a estrutura martensítica em ripas está

    associada com alta dureza e ductilidade, porém

    menor resistência mecânica.

    • As estruturas martensíticas em placas têm alta

    resistência mecânica, mas não são dúcteis, e

    frequentemente contêm microtrincas decorrentes

    do impacto entre placas, que podem inicias

    falhas subsequentes (VOORT, 2009).

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Austenita:

    • A austenita é encontrada em temperatura ambiente em

    alguns aços inoxidáveis austeníticos e duplex (ferrita

    +austenita), ou em aços que sofreram têmpera.

    • Muitas vezes, por motivos relacionados

    principalmente à composição química, não tiveram

    sua transformação totalmente completada, restando

    certa porcentagem em temperatura ambiente

    (austenita retida).

    • Neste caso se apresentará juntamente à martensita

    (Figura).

  • 30/10/2018

    29

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Austenita:

    Micrografia mostrando a mistura de martensita e

    austenita retida (áreas claras) (FREITAS, 2014).

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Bainita:

    • A formação da bainita (nome dado em homenagem a

    Edgard Bain, um de seus descobridores) ocorre por

    um processo misto, envolvendo difusão, como nas

    transformações eutetóides, e forças de cisalhamento,

    como se observa nas transformações martensíticas -

    depende tanto do tempo quanto da temperatura.

    • Faixa de formação: está situada abaixo da temperatura

    de formação da perlita (cerca de 550-720 °C) e acima

    da transformação martensítica, daí o surgimento de

    duas morfologias distintas: bainitas superior e inferior.

  • 30/10/2018

    30

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Bainita:

    • Estas microestruturas são, frequentemente,

    agregados de ferrita e cementita (ou outros

    carbonetos, no caso de aços ligados) com

    dimensões características muito pequenas.

    • Assim a bainita pode ser definida como um

    produto de transformação formado em faixa de

    temperatura intermediária entre a transformação

    eutetóide (de formação da perlita) e a formação da

    martensita, constituído por agregados de ferrita e

    cementita (WANG, J. et al.)

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Bainita:

    • A principal diferença entre as duas microestruturas está

    na forma de precipitação dos carbonetos; tais

    diferenças, no entanto, não são observáveis em

    microscopia ótica.

    • A própria diferença entre a bainita e a martensita, por

    meio da microscopia ótica pode ser difícil, pois as duas

    estruturas estão, em geral, no limite de resolução da

    técnica.

    • Esta classificação é importante, devido as diferenças em

    termos de propriedades mecânicas das duas bainitas.

  • 30/10/2018

    31

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Bainita:

    • Bainita superior: forma-se em faixas de temperaturas

    imediatamente abaixo da faixa de formação da perlita, e

    é constituída de “pacotes” de cristais de ferrita paralelos

    entre si, que crescem através dos grãos de austenita, com

    carbonetos presentes entre os cristais de ferrita (Fig-a).

    • Bainita inferior: forma-se em temperaturas muito

    próximas da temperatura de início de formação da

    martensita, e é constituída por placas de ferrita longas,

    não paralelas, em uma microestrutura análoga à da

    martensita em placas (morfologia comumente

    caracterizada com acicular – forma de agulhas) (Fig-b).

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Bainita:

    (a) (b)

    (a) Bainita superior de um aço 4360; (b) Bainita inferior de um aço com 1,1%C.

  • 30/10/2018

    32

    30/10/2018 06:50

    1.2 Microestruturas dos Aços

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Dureza das microestruturas:

    .

    • Perlita grossa - mais dúctil que a perlita fina (86 a 97

    HRB).

    • Perlita fina - mais dura que a perlita grossa – a fase

    cementita forte e rígida restringe severamente a

    deformação da fase ferrita (20 a 30 HRC). Antigamente

    perlita muito fina = troostita (termo em desuso).

    • Aços bainíticos - possuem uma estrutura mais fina –

    são mais resistentes e duros. Bainita superior (40 a 45

    HRC); Bainita inferior (50 a 60 HRC).

    • Martensita - é fase mais dura, mais resistente e frágil

    (63 a 67 HRC).

    30/10/2018 06:50

    I – TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑ Introdução

    ❑ Microestruturas dos Aços

    ❑ Diagramas de Transformação

    ❑ Influência da Matéria-Prima nos TTs

    ❑ Variáveis do Tratamento Térmico

    ❑ Principais Tratamentos Térmicos

    ❑ Temperabilidade

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

  • 30/10/2018

    33

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Generalidades:

    • Explicam a formação de estruturas fora do equilíbrio que

    não dependem essencialmente de processos difusionais.

    • Mostram as curvas de resfriamento e as faixas de

    temperatura em que os diversos constituintes das

    transformações austeníticas se formam.

    • São uma importante ferramenta para a especificação dos

    parâmetros dos tratamentos térmicos dos aços, e podem

    ser de dois tipos: diagrama de transformação isotérmica

    ou diagrama de transformação em resfriamento

    contínuo.

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagrama de transformação isotérmica:

    • O diagrama de transformação isotérmica (Figura) é

    também denominado diagrama transformação-tempo-

    temperatura (diagrama TTT) ou diagrama IT

    (isothermal transformation) ou curva em C ou curva

    em S.

    • O diagrama TTT define as transformações da austenita

    em função do tempo a uma temperatura constante.

    • Mostra, portanto, as transformações que o aço passará

    de acordo com o tempo em que permanecer em

    determinada temperatura.

  • 30/10/2018

    34

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    Representação de

    um diagrama TTT.

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    • Construção de um diagrama TTT:

    - Se um determinado aço for aquecido a uma

    temperatura, de modo a se ter somente

    austenita (temperatura de austenitização), e

    posteriormente resfriado bruscamente até uma

    temperatura inferior a 727 °C (linha A1), ele

    levará um certo tempo para iniciar a sua

    transformação em perlita naquela temperatura,

    e a perlita, depois de iniciada, se completará

    após um certo tempo.

  • 30/10/2018

    35

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    • Construção de um diagrama TTT:

    - A obtenção do diagrama TTT consiste em se

    repetir o processo anteriormente descrito para

    vários corpos de prova, mas com intervalos de

    tempo determinados para cada um deles, antes

    de resfriá-los bruscamente até a temperatura

    ambiente.

    - Repete-se novamente o processo para várias

    temperaturas de transformação especificadas.

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    • Construção de um diagrama TTT:

    - Se o intervalo de tempo no qual o corpo de prova foi

    mantido na temperatura especificada não for

    suficiente para a transformação da austenita em

    perlita, então, no segundo resfriamento (brusco)

    aquela se transformará totalmente em martensita.

    - Portanto, na temperatura ambiente, o material

    apresentará uma certa área transformada

    isotermicamente em perlita e o restante se

    transformará em martensita no resfriamento brusco

    subsequente.

  • 30/10/2018

    36

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    • Construção de um diagrama TTT:

    - Pelo exame dessa série de corpos de prova pode-se

    acompanhar a evolução da transformação, o que

    permitirá traçar gráficos relacionando a porcentagem

    de produtos de transformação isotérmica com o

    tempo de permanência do corpo de prova nas

    diversas temperaturas escolhidas (Figura).

    - A partir dos tempos de início e fim das

    transformações obtidas desses gráficos, constrói-se o

    diagrama TTT (Figura).

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    Construção de

    um diagrama de

    transformação

    isotérmica

  • 30/10/2018

    37

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    • Como já visto anteriormente, tanto a perlita como

    a bainita são agregadas de ferrita e cementita; por

    isso, em alguns diagramas TTT as regiões

    correspondentes aos campos de existência da

    ferrita e da bainita poderão vir identificadas

    somente por F + C (ferrita + carboneto).

    • De um modo geral, as fases são indicadas pelos

    próprios nomes ou por suas iniciais: Austenita (A),

    Bainita (B), Cementita (C), Perlita (P) e Martensita

    (M).

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    • As curvas do diagrama TTT indicam:

    - o início e o fim da formação da perlita, que ocorre

    acima do nariz (cotovelo ou joelho) do diagrama;

    - a formação da bainita abaixo do nariz até o início da

    transformação martensítica, indicada pela letra Ms(martensite starter) ou Mi (martensita início), que no

    diagrama aparece como uma linha reta, visto que a

    transformação martensítica depende somente da

    temperatura;

    - A formação da martensita que ocorre entre as linhas

    Mi (martensita início) e Mf (martensita final).

  • 30/10/2018

    38

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    • A linha A1 (727 °C) assintótica à curva de início de

    transformação, delimita os campos de austenita

    estável (superior) e austenita instável (inferior).

    • A região compreendida entre as curvas de início e de

    fim de transformação corresponde à zona onde se

    processam isotermicamente as transformações.

    • Para outros composições que não a eutetóide,

    constituintes pró-eutetóides (ferrita ou cementita

    separadas dentro da zona crítica) coexistem com a

    perlita (Figura).

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    Diagrama TTT

    mais completo de

    um aço eutetóide

    M50M90

    A1 γestável

    Mi

    Mf

    γinstável

  • 30/10/2018

    39

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    Comparação do diagrama binário Fe-C (a) com uma curva TTT de um aço eutetóide

    (b) e um aço hipoeutetóide com 0,5% de C (c) (KRAUSS, 2005, p. 182)

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    (a) (b)

    Diagrama TTT de aços hipoeutetóides: (a) 0,20% C (1020); (b) 0,50% C (1050).

  • 30/10/2018

    40

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    (a) (b)

    Diagrama TTT de aços hipereutetóides: (a) 1,13% C (10113); (b) 1,3% C (10130).

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    (a) (b)

    Diagrama TTT: (a) Hipo 0,35% C (1035); (b) Hiper 0,90% C (1090).

  • 30/10/2018

    41

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação isotérmica:

    • Pode-se determinar para cada aço a temperatura do

    início da formação da martensita e às

    correspondentes às diversas porcentagens desse

    microconstituinte

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    • A maioria dos tratamentos térmicos para os aços

    envolve o resfriamento contínuo de uma amostra,

    com maior ou menor velocidade, desde a

    temperatura de austenitização até a temperatura

    ambiente.

    • Por este motivo os constituintes resultantes de

    transformação que requeiram tempo (difusão) serão

    formados em faixas de temperatura e, portanto, serão

    misturas de constituintes formados em diferentes

    temperaturas.

  • 30/10/2018

    42

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    • Só nos casos extremos de velocidades de resfriamento

    muito altas ou relativamente baixas é que se obtém

    constituintes bem definidos, como a martensita ou a

    perlita grosseira, respectivamente, pois as curvas de

    resfriamento cruzarão somente as zonas de formação

    desses constituintes no diagrama TTT.

    • Um diagrama de transformação isotérmica só é válido

    para temperatura constante e tal diagrama deve ser

    modificado para transformações com mudanças

    constantes de temperaturas.

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    • Técnicas semelhantes às utilizadas nos diagramas

    de transformação isotérmica poderão ser

    empregadas para a determinação de diagramas de

    transformação em resfriamento contínuo.

    • Em um dos métodos, séries de amostras são

    resfriadas com velocidade controlada, e ao se

    atingir determinadas temperaturas, as amostras

    são resfriadas bruscamente para bloquear o

    processo de transformação

  • 30/10/2018

    43

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    • A natureza e a quantidade dos constituintes

    formados até se atingir a temperatura determinada e

    a quantidade de martensita decorrente da austenita

    não transformada, permitirá, para diversas curvas de

    resfriamento, traçar os diagramas de transformação

    em resfriamento contínuo.

    • No resfriamento contínuo o tempo exigido para que

    uma reação tenha seu início e o seu término é

    retardado e as curvas são deslocadas para tempos

    mais longos e temperaturas menores.

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    • Comparando-se os dois tipos de diagramas de

    transformação do mesmo material (Figura), vê-se que

    as curvas de início de transformação do primeiro

    (resfriamento contínuo) se localizam em

    temperaturas mais baixas e à direita das curvas em C,

    de modo que, exceto para pata os TTs feitos com

    velocidades de resfriamento intermediárias, as curvas

    em C, apesar de serem curvas de transformação

    isotérmica, permitem predizer o comportamento

    relativo dos diferentes aços em face dos TTs a que

    venham a ser submetidos.

  • 30/10/2018

    44

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    • A transformação tem início após um período de

    tempo que corresponde à intersecção da curva de

    resfriamento com a curva de início da reação, e

    termina com o cruzamento da curva de resfriamento

    com o término da transformação.

    • Normalmente, não irá se formar bainita para aços

    ferro-carbono resfriados continuamente, pois toda a

    austenita se transformará em perlita.

    • Para qualquer curva de resfriamento que passe por

    AB a austenita não reagida transforma-se em

    martensita.

  • 30/10/2018

    45

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    Curvas de resfriamento de

    uma peça sobre um

    diagrama de resfriamento

    contínuo (aço eutetóide).

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    • Para o resfriamento contínuo de uma liga de aço

    existe uma taxa de têmpera crítica que representa a

    taxa mínima de têmpera para se produzir uma

    estrutura totalmente martensítica (a curva de

    resfriamento passa em A).

    • Para taxas de resfriamento superiores à crítica

    existirá apenas martensita (< A). Além disso existirá

    uma faixa de taxas (entre A e B) em que perlita e

    martensita são produzidas e finalmente uma estrutura

    totalmente perlítica (> B) se desenvolve para baixas

    taxas de resfriamento.

  • 30/10/2018

    46

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    Curvas de resfriamento de

    uma peça sobre um

    diagrama de resfriamento

    contínuo (aço eutetóide).

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

    AB

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    Curvas de resfriamento de

    uma peça sobre um diagrama

    de resfriamento contínuo (aço

    eutetóide)

    A- Forno = perlita grossa

    B- Ar = perlita mais fina

    (mais dura que a anterior)

    C- Ar soprado = perlita mais

    fina que a anterior

    D- Óleo = perlita mais

    martensita

    E- Água = martensita

    T- Taxa mínima = martensita

    ✓ Diagramas de transformação em resfriamento contínuo

  • 30/10/2018

    47

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Fatores que influenciam diretamente a posição das

    linhas de transformação dos diagramas TTT

    • Teor de carbono:

    - Quanto menor o teor de carbono (abaixo da

    composição eutetóide) mais difícil de se

    obter estrutura martensítica (Figura).

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    (a) (b)

    Diagrama TTT de aços hipoeutetóides: (a) 0,20% C (1020); (b) 0,50% C (1050).

  • 30/10/2018

    48

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Fatores que influenciam diretamente a posição das

    linhas de transformação dos diagramas TTT

    • Elementos de adição:

    - Quanto maior o teor e o número dos

    elementos de liga, mais numerosas e

    complexas são as reações.

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    (a) (b)

    Aços com o mesmo teor de carbono, mas com diferentes elementos de liga.

  • 30/10/2018

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    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Fatores que influenciam diretamente a posição das

    linhas de transformação dos diagramas TTT

    • Todos os elementos de liga (exceto o cobalto) deslocam

    as curvas de início e fim de transformação para a

    direita, ou seja:

    → retardam as transformações e promovem a formação

    de um joelho de separação para a bainita (Figura);

    → facilitam a formação de martensita;

    → como consequência, em determinados aços pode-se

    obter martensita mesmo com o resfriamento lento.

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    (a) (b)

    Aços com o mesmo teor de carbono, mas com diferentes elementos de liga.

  • 30/10/2018

    50

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Fatores que influenciam diretamente a posição das

    linhas de transformação dos diagramas TTT

    • O tamanho dos grãos da austenita:

    - Quanto maior o tamanho de grão (menos

    contornos de grão), mais para a direita

    deslocam-se as curvas TTT.

    - O tamanho de grão grande dificulta a formação

    da perlita, já que a mesma inicia-se no contorno

    de grão.

    - Então, o tamanho de grão grande favorece a

    formação da martensita.

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    (a) (b)

    Aços com a mesma composição, mas com diferentes tamanhos de grãos da austenita.

  • 30/10/2018

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    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Fatores que influenciam diretamente a posição das

    linhas de transformação dos diagramas TTT

    - Deve-se evitar tamanho de grão da

    austenita muito grande, pois:

    Diminui a tenacidade;

    Gera tensões residuais;

    É mais fácil de empenar ;

    É mais fácil de ocorrer fissuras.

    30/10/2018 06:50

    1.3 Diagramas de Transformação

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Fatores que influenciam diretamente a posição das

    linhas de transformação dos diagramas TTT

    • A homogeneidade da austenita:

    - Quanto mais homogênea a austenita, mais

    para à direita deslocam-se as curvas TTT.

    - Os carbonetos residuais ou regiões ricas

    em carbono atuam como núcleos para a

    formação da perlita.

    - Então, uma maior homogeneidade

    favorece a formação da martensita.

  • 30/10/2018

    52

    30/10/2018 06:50

    I – TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑ Introdução

    ❑ Microestruturas dos Aços

    ❑ Diagramas de Transformação

    ❑ Influência da Matéria-Prima nos TTs

    ❑ Variáveis do Tratamento Térmico

    ❑ Principais Tratamentos Térmicos

    ❑ Temperabilidade

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    30/10/2018 06:50

    1.4 Influência da Matéria-Prima nos TTs

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Generalidades:

    • Uma das causas principais das falhas em

    componentes metálicos está associada ao material.

    • Falha de um componente interfere na função de

    outros elementos.

    • Origem da falha – análise com segurança da causa –

    prevenir a recorrência.

    • As falhas que podem interferir nos tratamentos

    térmicos: seleção inadequada da liga, geometria do

    componente, defeitos da MP e defeitos de usinagem.

  • 30/10/2018

    53

    30/10/2018 06:50

    1.4 Influência da Matéria-Prima nos TTs

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ▪ Seleção inadequada da liga:

    − Caso em que o componente deverá ser submetido a TT

    com determinada finalidade – a escolha inadequada do

    material e/ou do tipo de TT poderá acarretar em falhas

    ou na necessidade de TTs adicionais, encarecendo o

    processo.

    EXEMPLO (FREITAS, 2014): Seleção da liga para

    cementação – se a camada cimentada for espessa, a

    escolha de ligas com alto Ni (>1,5%) tende a formar

    alto teor de γ retida, comprometendo a dureza desejada

    do componente ou encarecendo o processo com TTs

    adicionais para eliminar a γ retida.

    30/10/2018 06:50

    1.4 Influência da Matéria-Prima nos TTs

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ▪ Geometria do componente:

    − Aspectos de projetos que devem ser evitados a todo

    custo, pois geram campos de concentração de

    tensões, propiciando a nucleação de trincas em

    serviço ou durante o tratamento térmico de têmpera,

    com a consequente falha por fadiga do material,

    empenamentos etc.: cantos vivos, quinas e arestas

    não arredondadas; variações bruscas de secção;

    furos, sobretudo quando situados muito próximos da

    parede externa da peça; relação

    comprimento/largura desfavorável; e folgas

    inadequadas (entre punção e matriz).

  • 30/10/2018

    54

    30/10/2018 06:50

    1.4 Influência da Matéria-Prima nos TTs

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ▪ Defeitos na matéria-prima:

    − Falhas originadas na obtenção e no

    processamento do material devem ser

    consideradas.

    − Durante as operações de transformação do metal

    líquido em um produto sólido (bolsas, vazios,

    inclusões e segregações).

    30/10/2018 06:50

    1.4 Influência da Matéria-Prima nos TTs

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ▪ Defeitos provocados pela usinagem:

    − Operação que normalmente antecede os

    tratamentos térmicos.

    − Riscos causados por mau acabamento superficial;

    grandes remoção de material por fresagem ou

    torneamento; queimas e outros.

    − Marcas de usinagem na superfície da peça podem

    atuar como concentradores de tensão (início e

    propagação de trincas).

  • 30/10/2018

    55

    30/10/2018 06:50

    1.4 Influência da Matéria-Prima nos TTs

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ▪ Defeitos provocados pela usinagem:

    − Grandes avanços e elevadas velocidades de corte

    nas operações de desbaste, resultando em trincas

    superficiais muito pequenas, além de uma estreita

    camada encruada pela deformação plástica que

    acompanha o arranque de material na usinagem.

    − O calor gerado pela operação de arranque de

    cavaco é suficiente para aquecer localmente o aço

    até a sua austenitização – o arrefecimento

    subsequente pode dar origem a uma transformação

    martensítica.

    30/10/2018 06:50

    1.4 Influência da Matéria-Prima nos TTs

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ▪ Defeitos provocados pela usinagem:

    − A retífica final, utilizada para retirar a camada

    superficial alterada pela operação de desbaste,

    muitas vezes só é realizada após a têmpera e o

    revenimento, e durante a têmpera os defeitos

    produzidos pelas operações de usinagem anteriores

    as peças estarão suscetíveis à fissuração ou ao

    empeno.

    − As tensões internas e o encruamento provocados

    pela usinagem podem ser removidos ou atenuados

    por meio de um alívio de tensões antes da têmpera.

  • 30/10/2018

    56

    30/10/2018 06:50

    I – TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑ Introdução

    ❑ Microestruturas dos Aços

    ❑ Diagramas de Transformação

    ❑ Influência da Matéria-Prima nos TTs

    ❑ Variáveis do Tratamento Térmico

    ❑ Principais Tratamentos Térmicos

    ❑Temperabilidade

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Generalidades:

    • Representando o tratamento térmico um ciclo

    tempo-temperatura, os fatores a serem considerados

    na sua realização são:

    − Temperatura de aquecimento,

    − Taxa de aquecimento,

    − Tempo de permanência à temperatura,

    − Taxa de resfriamento, e

    − Atmosfera do recinto de aquecimento.

  • 30/10/2018

    57

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑Temperatura de aquecimento:

    − O caso mais frequente de tratamento térmico do

    aço é alterar uma ou mais de suas propriedades

    mecânicas, mediante uma determinada

    modificação que se processa na sua estrutura.

    − O aquecimento no início do processo é

    geralmente realizado a uma temperatura acima da

    crítica, para garantir a completa austenização do

    aço (total dissolução das fases no ferro gama -

    carboneto de ferro e ferrita).

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Assim, a austenização é o ponto de partida para as

    transformações posteriores desejadas, as quais se

    processarão em função da velocidade de

    esfriamento (taxa de resfriamento) adotada.

    − A temperatura de aquecimento é mais ou menos um

    fator fixo determinado pela natureza do processo e

    depende, evidentemente, das propriedades e das

    estruturas finais desejadas, assim como da

    composição química do aço, principalmente do seu

    teor de carbono.

    ❑Temperatura de aquecimento:

  • 30/10/2018

    58

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Quanto mais alta essa temperatura, acima da zona

    crítica, maior segurança se tem da completa

    dissolução das fases no ferro gama; em contra

    partida, maior será o tamanho de grão da austenita

    (Figura).

    − As desvantagens de um tamanho de grão excessivo

    são maiores que as desvantagens de não se ter total

    dissolução das fases no ferro gama, de modo que se

    deve procurar evitar temperaturas muito acima de

    linha superior da zona crítica.

    ❑Temperatura de aquecimento:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    Influência da temperatura e

    do tempo sobre o tamanho

    de grãos.

    ❑Temperatura de aquecimento:

  • 30/10/2018

    59

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Aços hipoeutetóides: na prática, o máximo que se

    admite é 50 ºC acima de A3.

    − Aços hipereutetóides: temperatura recomendada inferior

    à da linha Acm, pois a temperatura correspondente se

    eleva muito rapidamente com o teor de carbono, ou

    seja, são necessárias temperaturas muito altas para a

    completa dissolução do carboneto de ferro em ferro

    gama, com consequente e excessivo crescimento de

    grão de austenita - condição mais prejudicial que a

    presença de certa quantidade de carboneto não

    dissolvido.

    ❑Temperatura de aquecimento:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    Diagrama Fe-

    C, com

    destaque para

    as linhas de

    transformação:

    A1, A3 e Acm.

    ❑Temperatura de aquecimento:

  • 30/10/2018

    60

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑Taxa de aquecimento:

    − A velocidade de aquecimento, embora na maioria

    dos casos seja fator secundário, apresenta certa

    importância, principalmente quando os aços estão

    em estado de tensão interna ou possuem tensões

    residuais devidas a encruamento prévio ou ao

    estado inteiramente martensítico.

    − Nessas condições, um aquecimento muito rápido

    pode provocar empenamento ou mesmo

    aparecimento de fissuras.

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Para aços fortemente encruados que apresentam uma

    tendência para excessivo crescimento de grão quando

    aquecidos lentamente dentro da zona crítica, é

    conveniente realizar um aquecimento mais rápido

    através dessa zona de transformação.

    − Para certos aços especiais que exigem temperatura final

    de austenização muito elevada, quando no aquecimento

    a zona crítica é atingida, torna-se necessário que a

    mesma seja ultrapassada mais ou menos rapidamente

    para evitar excessivo crescimento de grãos de austenita

    .

    ❑Taxa de aquecimento:

  • 30/10/2018

    61

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − O efeito depende do volume do material a ser aquecido.

    − Quanto maior a taxa de aquecimento mais elevadas as

    temperaturas de transformação de fases em relação ao

    diagrama (Figuras).

    ❑Taxa de aquecimento:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑ Tempo de permanência na temperatura de tratamento:

    − A sua influência é mais ou menos idêntica à da máxima

    temperatura de aquecimento - quanto mais longo o

    tempo à temperatura considerada de austenização, tanto

    mais completa a dissolução do carboneto de ferro ou

    outras fases presentes (elemento de liga) em ferro gama,

    porém maior o tamanho de grão resultante (Figura).

    − O tempo de permanência à temperatura de aquecimento

    deve ser o estritamente necessário para que se obtenha

    uma temperatura uniforme através de toda a seção do

    aço e para que se consigam as modificações estruturais

    mais convenientes.

  • 30/10/2018

    62

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    o Tempo muito longo: maior a segurança da

    completa dissolução das fases para posterior

    transformação, mas propicia o crescimento de

    grão, oxidação dos contornos de grão e

    descarbonetação da superfície.

    o Tempo muito curto: o material não austenitiza

    completamente ou homogeneamente (núcleo

    pode manter estrutura original).

    ❑ Tempo de permanência na temperatura de tratamento:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Sob o ponto de vista de modificação estrutural,

    admite-se que uma temperatura ligeiramente mais

    elevada seja mais vantajosa do que um tempo

    mais longo a uma temperatura inferior, devido à

    maior mobilidade atômica.

    − De qualquer modo, o tempo à temperatura de

    tratamento deve ser pelo menos o suficiente a se

    ter sua uniformização através de toda a seção.

    ❑ Tempo de permanência na temperatura de tratamento:

  • 30/10/2018

    63

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑Taxa de resfriamento:

    − Fator mais importante: determinará efetivamente

    a estrutura e, em consequência, as propriedades

    finais dos aços (Figura).

    − Variação da velocidade de resfriamento: pode-se

    obter desde a perlita grosseira (baixa resistência

    mecânica e baixa dureza) até a martensita

    (constituinte mais duro resultante dos tratamentos

    térmicos).

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    Perlita + Fase

    pró-eutetóide

    Bainita

    Martensita

    revenida

    AUSTENITA

    Martensita

    Resfriamento lento Resfriamento

    moderado

    Resfriamento

    rápido

    Reaquecimento

    ❑ Tempo de permanência na temperatura de tratamento:

  • 30/10/2018

    64

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Como já visto anteriormente, a obtenção desses

    constituintes depende também da composição do

    aço (teor em elemento de liga, deslocando a

    posição das curvas em C), das dimensões (seção)

    das peças etc.

    ❑ Tempo de permanência na temperatura de tratamento:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑Taxa de resfriamento:

    − Seleção do meio de resfriamento - compromisso

    entre:

    o Obtenção das características finais desejadas

    (microestruturas e propriedades);

    o Ausência de fissuras e empenamento na peça; e

    o Minimização de concentração de tensões.

  • 30/10/2018

    65

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Seleção do meio de resfriamento:

    o O meio de resfriamento é o fator básico no

    que se refere à reação da austenita e, em

    consequência, aos produtos finais de

    transformação.

    o O fator inicial a ser considerado é o tipo de

    estrutura final desejada a uma determinada

    profundidade.

    ❑Taxa de resfriamento:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Seleção do meio de resfriamento:

    o A seção e a forma da peça influem

    consideravelmente na escolha do meio.

    Exemplo: a seção da peça é tal que a alteração

    estrutural projetada não ocorre à profundidade

    esperada.

    ❑Taxa de resfriamento:

  • 30/10/2018

    66

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Seleção do meio de resfriamento:

    o Em alguns casos a forma da peça é tal que um

    resfriamento mais drástico (como em água)

    pode provocar consequências inesperadas e

    resultados indesejáveis, tais como o

    empenamento e mesmo a ruptura da peça

    submetida ao resfriamento.

    ❑Taxa de resfriamento:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Seleção do meio de resfriamento:

    o Um meio de resfriamento menos drástico,

    como óleo, seria o indicado sob o ponto de

    vista de empenamento ou ruptura, pois reduz o

    gradiente de temperatura apreciavelmente

    durante o resfriamento, mas não pode

    satisfazer sob o ponto de vista de

    profundidade de endurecimento.

    ❑Taxa de resfriamento:

  • 30/10/2018

    67

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Seleção do meio de resfriamento:

    o Os meios de resfriamento mais usados: ambiente

    do forno (mais brando), ar, banho de sais ou metal

    fundido (mais comum é o de Pb), óleo, água,

    soluções aquosas de NaOH, Na2CO3 ou NaCl

    (mais severos).

    o Outro fator que deve ser levado em conta é o da

    circulação do meio de resfriamento ou agitação da

    peça no interior, podendo levar ao empenamento

    das peças e até mesmo fissuras.

    ❑Taxa de resfriamento:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Seleção do meio de resfriamento:

    o Para que isso não ocorra deve-se usar meios

    menos drásticos como óleo, água aquecida ou

    ar, banhos de sal ou banho de metal fundido.

    o A severidade da têmpera depende do meio onde

    o aço é resfriado (Tabela):

    MEIO Ar Óleo Água

    SEVERIDADE Baixa Moderada Alta

    DUREZA Baixa Moderada Alta

    ❑Taxa de resfriamento:

  • 30/10/2018

    68

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    Curvas Taxa de resfriamento

    x Temperatura para os vários

    meios de resfriamento.

    ❑Taxa de resfriamento:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑Atmosfera do forno:

    − Fenômenos muito comuns e prejudiciais no

    tratamento térmico dos aços, em função da reação

    deste com o meio:

    o a oxidação que resulta na formação

    indesejadas da “casca de óxido”, e

    o a descarbonetação, que pode provocar a

    formação de uma camada mais mole na

    superfície do metal.

  • 30/10/2018

    69

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Reações de oxidação mais comuns:

    o 2Fe + O2 = 2FeO, provocada pelo oxigênio

    o Fe + CO2 = FeO + CO, provocada pelo

    anidrido carbônico

    o Fe + H2O = FeO + H2, provocada pelo vapor

    de água

    ❑Atmosfera do forno:

    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Os agentes descarbonetantes usuais:

    o 2C + O2 = 2CO

    o C + CO2 = 2CO

    o C + 2H2 = CH4

    ❑Atmosfera do forno:

  • 30/10/2018

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    30/10/2018 06:50

    1.5 Variáveis do Tratamento Térmico

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − Os fenômenos de oxidação e de descarbonetação,

    são evitados pelo uso de uma atmosfera protetora

    ou controlada no interior do forno.

    − Essa atmosfera, ao prevenir a formação da “casca

    de óxido”, torna desnecessário o emprego de

    métodos de limpeza e, ao eliminar a

    descarbonetação, garante uma superfície

    uniformemente dura e resistente ao desgaste.

    ❑Atmosfera do forno:

    30/10/2018 06:50

    I – TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ❑ Introdução

    ❑ Microestruturas dos Aços

    ❑ Diagramas de Transformação

    ❑ Influência da Matéria-Prima nos TTs

    ❑ Variáveis do Tratamento Térmico

    ❑ Principais Tratamentos Térmicos

    ❑ Temperabilidade

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

  • 30/10/2018

    71

    30/10/2018 06:50

    1.6 Principais Tratamentos Térmicos

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Considerações iniciais:

    • De forma genérica, o recozimento objetiva eliminar os

    efeitos de quaisquer tratamentos térmicos ou

    mecânicos a que o metal tenha sido anteriormente

    submetido.

    • Genericamente, o tratamento térmico recozimento

    abrange os seguintes tratamentos específicos:

    1. Alívio de tensões 3. Total ou pleno

    2. Recristalização 4. Isométrico ou cíclico (aços)

    5. Homogeneização (peças fundidas).

  • 30/10/2018

    72

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ✓ Considerações iniciais:

    • Aplicações:

    ▪ Recozimento para alívio de tensões (qualquer liga

    metálica);

    ▪ Recozimento para recristalização (qualquer liga

    metálica);

    ▪ Recozimento total ou pleno (aços);

    ▪ Recozimento isotérmico ou cíclico (aços);

    ▪ Recozimento para homogeneização (peças fundidas

    ou lingotes fundidos).

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    1. Recozimento para alívio de tensões:

    • Consiste no aquecimento do metal a temperaturas

    abaixo do limite inferior da zona crítica (Linha A1).

    • OBJETIVOS:

    − Uniformizar ou reduzir tensões introduzidas por

    qualquer processo que gere tensões residuais

    (operações de usinagem, lixamento, soldagem,

    fabricação, resfriamento brusco e tratamentos

    termomecânicos).

  • 30/10/2018

    73

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    • TEMPERATURA:

    − Deve ser a mínima compatível com o tipo e as

    condições da peça, para que não se modifique sua

    estrutura interna, assim como não se produzam

    alterações sensíveis de suas propriedades

    mecânicas.

    − Deve relaxar as tensões residuais sem introduzir

    alterações microestruturais – redução do limite

    elástico que colabora para a redução das tensões

    residuais do material.

    1. Recozimento para alívio de tensões:

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    • TEMPERATURA:

    − Essas tensões começam a ser aliviadas em

    temperaturas logo cima da ambiente; entretanto, é

    aconselhável aquecimento lento até pelo menos

    500 ºC para garantir os melhores resultados.

    − Para os aços, geralmente na faixa dos 500 a 600

    °C (FREITAS, 2014) – a redução do limite

    elástico ocorre a partir dos 300 °C.

    − Quanto menor a temperatura escolhida, maior

    deverá ser o tempo de permanência na mesma.

    1. Recozimento para alívio de tensões:

  • 30/10/2018

    74

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    • TEMPERATURA:

    − O efeito da temperatura de tratamento é muito

    maior do que o do tempo de manutenção da peça

    naquela temperatura.

    − O percentual de alívio de tensões internas depende

    do tipo de material, basicamente da composição

    química e do limite de escoamento.

    1. Recozimento para alívio de tensões:

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    • TAXA DE AQUECIMENTO: mais lenta quanto

    menor for a tenacidade do material.

    • TAXA DE RESFRIAMENTO: Deve-se evitar

    taxas muito altas devido o risco de distorções.

    • Lenta (ao ar ou ao forno)

    1. Recozimento para alívio de tensões:

  • 30/10/2018

    75

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    • Consiste no aquecimento da peça a uma temperatura

    acima da temperatura de recristalização e abaixo da

    temperatura de transformação de fases do material.

    • No caso dos aços, abaixo de A1, em torno de 760

    °C.

    • Esse tratamento é utilizado em peças que sofreram

    operações de deformação a frio - aumentam a

    dureza e diminuem a ductilidade, podendo ocorrer

    ruptura entre duas operações consecutivas (Figura).

    2. Recozimento para recristalização:

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    • TRABALHO A FRIO:

    ▪ É uma deformação feita abaixo da temperatura

    de recristalização.

    ▪ O trabalho a frio é acompanhado do

    encruamento (do inglês “strain hardening”)

    do metal, que é ocasionado pela interação das

    discordâncias entre si e com outras barreiras

    (tais como contornos de grão), que impedem o

    seu movimento através da rede cristalina.

    2. Recozimento para recristalização:

  • 30/10/2018

    76

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    − TRABALHO A FRIO:

    ▪ Se a deformação é feita acima da temperatura

    de recristalização, será denominado de trabalho

    a quente.

    ▪ Um material trabalhado a quente não encrua,

    porque a recristalização pode ocorrer

    simultaneamente à distorção e neutralizar seus

    efeitos.

    2. Recozimento para recristalização:

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ▪ A deformação plástica produz também um

    aumento no número de discordâncias, as quais,

    em virtude de sua interação, resultam num

    elevado estado de tensão interna na rede

    cristalina.

    ▪ Um metal cristalino contém em média 106 a 108

    cm de discordâncias por cm3, enquanto que um

    metal severamente encruado apresenta cerca de

    1012 cm de discordâncias por cm3.

    2. Recozimento para recristalização:

  • 30/10/2018

    77

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ▪ A estrutura característica do estado encruado

    examinada ao microscópio eletrônico, apresenta

    dentro de cada grão, regiões pobres em

    discordâncias, cercadas por um emaranhado

    altamente denso de discordâncias nos planos de

    deslizamento.

    ▪ Tudo isto resulta macroscopicamente num

    aumento de resistência e dureza e num

    decréscimo da ductilidade do material (Figura).

    2. Recozimento para recristalização:

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    2. Recozimento para recristalização:

    Aumento do limite de escoamento e de resistência à tração e diminuição do alongamento

    (e redução de área na fratura)com o encruamento devidos ao trabalho a frio (CIMM).

  • 30/10/2018

    78

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    ▪ Num ensaio de tração, isso se traduz no aumento

    da tensão de escoamento e do limite de

    resistência, como também no decréscimo do

    alongamento total (alongamento até a fratura do

    corpo de prova).

    ▪ A microestrutura também muda (Figura), com

    os grãos se alongando na direção de maior

    deformação, podendo o material como um todo

    desenvolver propriedades direcionais

    (anisotropia).

    2. Recozimento para recristalização:

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    2. Recozimento para recristalização:

  • 30/10/2018

    79

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    2. Recozimento para recristalização:

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    • OBJETIVO DO RECOZIMENTO PARA

    RECRISTALIZAÇÃO:

    - Eliminar o encruamento gerado pela deformação a

    frio, recuperando a ductilidade do material.

    • PRINCIPAIS TRANSFORMAÇÕES:

    (a) Recuperação

    (b) Recristalização das microestruturas encruadas.

    2. Recozimento para recristalização:

  • 30/10/2018

    80

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    2. Recozimento para recristalização:

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - Durante o aquecimento, ainda em temperaturas

    relativamente baixas, ocorre a eliminação de

    microtensões, com pequena redução no limite de

    resistência. No prosseguimento, ocorre a redução

    da densidade de discordâncias.

    - Em temperaturas de cerca de 0,3 a 0,5Tf, as

    discordâncias são bastante móveis para formar

    arranjos regulares e mesmo se aniquilarem

    (somente as discordâncias de sinais opostos).

    2. Recozimento para recristalização:

    (a) Fase de recuperação

  • 30/10/2018

    81

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - É um processo que depende do tempo (Figura b)

    e, embora não mude a microestrutura, restaura

    parcialmente a maciez do material (menor

    resistência e maior ductilidade).

    2. Recozimento para recristalização:

    (a) Fase de recuperação

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    2. Recozimento para recristalização:

  • 30/10/2018

    82

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - Com o aumento da temperatura, novos grãos

    equiaxiais começam a ser formados, livres de

    deformação (início da recristalização).

    - A maciez original é inteiramente restaurada

    pelo aquecimento acima de T=0,5Tf, quando

    se formam novos grãos com baixa densidade

    de discordâncias.

    2. Recozimento para recristalização:

    (b) Fase de recristalização

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - Os grãos crescem continuamente até que a

    estrutura toda esteja RECRISTALIZADA.

    - Normalmente, a microestrutura resultante é

    equiaxial.

    - Tal processo de recozimento envolve difusão, e

    portanto é grandemente dependente da

    temperatura e do tempo (Figura c).

    2. Recozimento para recristalização:

    (b) Fase de recristalização

  • 30/10/2018

    83

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    2. Recozimento para recristalização:

    (b) Fase de recristalização

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - A temperatura de 0,5Tf é apenas uma referência

    aproximada, pois mesmo pequenos teores de

    elemento de liga podem retardar substancialmente

    a formação de novos grãos, elevando a

    temperatura de recristalização.

    - Na prática, a temperatura de recristalização é

    convencionalmente definida como aquela em que

    o metal severamente encruado recristaliza

    totalmente no espaço de uma hora.

    2. Recozimento para recristalização:

    (b) Fase de recristalização

  • 30/10/2018

    84

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - A tabela abaixo apresenta as temperaturas de

    recristalização para alguns metais e ligas de uso

    comum.

    2. Recozimento para recristalização:

    (b) Fase de recristalização

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - Portanto, a recristalização consiste do processo

    de difusão, com o surgimento de núcleos de

    novos grãos; com o desaparecimento por

    completo dos grãos deformados, começa a

    ocorrer o crescimento dos grãos, uns à custa de

    outros, que dependem da temperatura de

    recozimento, da duração do ciclo e do grau de

    deformação prévio.

    2. Recozimento para recristalização:

    (b) Fase de recristalização

  • 30/10/2018

    85

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    2. Recozimento para recristalização:

    • Resumidamente, os principais fatores que afetam a

    recristalização são:

    1.uma quantidade mínima de deformação prévia: se o

    trabalho a frio prévio é zero, não há energia de

    ativação para a recristalização e ficam mantidos os

    grão originais;

    2.quanto maior a deformação prévia, menor será a

    temperatura de recristalização;

    3.quanto menor a temperatura, maior o tempo

    necessário à recristalização;

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    2. Recozimento para recristalização:

    4. quanto maior a deformação prévia, menor será o

    tamanho de grão resultante (pois será maior o

    número de núcleos a partir dos quais crescerão os

    novos grãos).

    OBS: Uma estrutura de grãos grosseiros apresenta

    propriedades mecânicas pobres, ao passo que um

    tamanho de grão fino fornece ao material alta

    resistência sem diminuir-lhe muito a ductilidade.

    5. A adição de elementos de liga tendem a aumentar a

    temperatura de recristalização - retardam a difusão.

  • 30/10/2018

    86

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    2. Recozimento para recristalização:

    Efeitos do TF

    prévio e da

    temperatura de

    recozimento

    sobre o tamanho

    de grão do

    material recozido,

    para um tempo

    de recozimento

    constante.

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - Há um grau de encruamento mínimo crítico

    abaixo do qual não ocorre recristalização.

    - Se o grau de encruamento é maior que o

    mínimo, mas tem um valor pequeno, poucos

    núcleos isentos de deformação se formarão

    durante a recristalização, e o tamanho de grão

    recristalizado será grande.

    2. Recozimento para recristalização:

    • Graus de deformação

  • 30/10/2018

    87

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - Quanto maior o trabalho a frio (encruamento), mais

    núcleos e menor o tamanho de grão. Então:

    - Graus de deformação pequenos: o aquecimento não

    produz recristalização.

    - Graus de deformação da ordem de 3 a 15%: após o

    recozimento, os grãos crescem bruscamente,

    podendo superar o tamanho de grão original,

    diminuindo fortemente a resistência do metal.

    2. Recozimento para recristalização:

    • Graus de deformação

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - Nas aplicações industriais, o grau de encruamento é

    expresso frequentemente como uma medida

    convencional da deformação.

    - Exemplo: a redução percentual da área transversal

    da peça, r, onde Ao e Af são as áreas de seção

    transversal antes e após a conformação,

    respectivamente.

    𝑟 = Τ𝐴𝑜 − 𝐴𝑓 𝐴𝑜

    2. Recozimento para recristalização:

    • Graus de deformação

  • 30/10/2018

    88

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - Na laminação a frio de uma chapa de espessura

    inicial ho para a espessura final hf , a redução

    pode ser obtida pela expressão abaixo, visto que a

    sua largura praticamente não varia durante a

    laminação.

    𝑟 = Τℎ𝑜 − ℎ𝑓 ℎ𝑜

    2. Recozimento para recristalização:

    • Graus de deformação

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - Os artigos trabalhados a frio usualmente

    produzidos (como tiras, chapas e fios), agrupam-

    se segundo classificações que dependem do grau

    de encruamento, conforme mostrado na tabela

    abaixo, para chapas de aço laminadas a frio.

    - Cada estado (do inglês “temper”) indica uma

    diferente percentagem de trabalho a frio após o

    último recozimento.

    2. Recozimento para recristalização:

    • Graus de deformação

  • 30/10/2018

    89

    30/10/2018 06:50

    1.7 Recozimento

    METALOGRAFIA E TRATAMENTOS TÉRMICOS

    - A classificação varia conforme o metal, sendo

    em geral