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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

FACULDADE DE GEOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

MESTRADO PROFISSIONAL EM RECURSOS HÍDRICOS

Disciplina: Geotecnologias Aplicadas aos Recursos Hídricos

Prof. Dr. Leonardo Brasil Felipe

Período: 26/10 a 06/11 de 2015.

Local: IG – UFPA

Ementa: Conceitos e técnicas de geotecnologias visando seu uso como ferramenta

de apoio à tomada de decisões para fins de gerenciamento hidroambiental.

Conceitos de Cartografia Básica e Sistemas de Informação Geográfica, Formato de

Dados Espaciais, Entrada de Dados, Funções dos SIGs. Mapeamento e análise

ambiental. Sensoriamento remoto: princípios, tipos de sensores e aplicações

Plataforma de coleta de dados: categorias e aplicações na hidrologia,

hidrometeorológia e hidrogeologia. Aplicação de modelos hidrológicos,

hidrometeorológicos e hidrogeológicos aos Sistemas de Informação dos Recursos

Hídricos.

SUMÁRIO

1. CONCEITOS BÁSICOS DE CARTOGRAFIA: ................................................................................................. 4

1.1. HISTÓRICO E DEFINIÇÕES; .................................................................................................................. 4

1.2. PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS; ............................................................................................................ 5

1.3. DATUM; ............................................................................................................................................10

1.4. PRODUTOS CARTOGRÁFICOS; ...........................................................................................................11

1.5. SISTEMA UNIVERSAL TRANSVERSAL DE MERCATOR (UTM). ..............................................................13

2. SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS ...........................................................................................17

2.1. HISTÓRICO E DEFINIÇÕES; .................................................................................................................17

2.2. TIPOS DE DADOS PARA SIG: ..............................................................................................................20

2.3. APLICAÇÕES ......................................................................................................................................27

2.4. BANCO DE DADO GEOGRÁFICO .........................................................................................................28

2.5. ANÁLISE ESPACIAL .............................................................................................................................31

2.6. CARTOGRAFIA ...................................................................................................................................34

3. SENSORIAMENTO REMOTO ...................................................................................................................36

3.1. HISTÓRICO E DEFINIÇÕES; .................................................................................................................36

3.2. PRINCÍPIOS FÍSICOS DO SR ................................................................................................................39

3.3. RESOLUÇÃO ESPACIAL .......................................................................................................................42

3.4. RESOLUÇÃO TEMPORAL ....................................................................................................................43

3.5. RESOLUÇÃO ESPECTRAL ....................................................................................................................45

3.6. RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA .............................................................................................................46

3.7. IMAGENS ÓPTICAS ............................................................................................................................47

3.8. IMAGENS DE RADAR .........................................................................................................................51

3.9. APLICAÇÕES ......................................................................................................................................54

4. BIBLIOGRAFIA BÁSICA............................................................................................................................57

4

1. CONCEITOS BÁSICOS DE CARTOGRAFIA:

É imprescindível conhecer algumas técnicas específicas para trabalhar com

geotecnologias, sendo que uma delas está relacionada ao uso de bases

cartográficas confiáveis, o que implica diretamente à compreensão de códigos e

conceitos básicos a respeito dessa forma de representar a realidade.

1.1. HISTÓRICO E DEFINIÇÕES;

O conceito de Cartografia tem suas origens intimamente ligadas às

inquietações que sempre se manifestaram no ser humano, no tocante a conhecer a

forma do planeta em que habita.

Desde o apogeu da Grécia Antiga, muitos pensadores já acreditavam que a

Terra apresentava uma superfície esférica. Várias foram as investigações e

experimentos a fim de mensurar suas dimensões e definir sua forma específica.

No século XVII, o astrônomo francês Jean Richer observou em Caiena, na

Guiana Francesa, um relógio que atrasava cerca de dois minutos e meio por dia em

relação a um mesmo experimento feito sob as mesmas condições na capital da

França. Levando em consideração o princípio da Gravitação Universal de Newton, o

pesquisador concluiu que na zona equatorial, a distância entre a superfície e o

centro da Terra era maior do que a distância mensurada próximo aos polos.

Essas observações levaram os pesquisadores a ideia de que a forma real da

Terra não seria uma esfera perfeita, evidenciado pelo achatamento nos seus polos.

Com isso, o matemático alemão CARL FRIEDRICH GAUSS (1777-1855) definiu um

termo que é bastante utilizado para estudar a forma do Planeta, o chamado geóide,

que corresponde à superfície do nível médio do mar homogêneo (ausência de

correntezas, ventos, variação de densidade da água, etc.) supostamente prolongado

por sob continentes. Essa superfície se deve, principalmente, às forças de atração

gravitacional e força centrífuga.

Porém, várias foram as dificuldades na utilização do geóide como superfície

representativa da Terra, o que conduziu os pesquisadores buscarem um modelo

mais simples para representar o nosso planeta. Para contornar o problema lançou-

se mão de uma figura geométrica chamada ELIPSE que ao girar em torno do seu

eixo menor forma um volume, o ELIPSÓIDE DE REVOLUÇÃO, achatado no pólos.

5

Assim, o elipsóide é a superfície de referência utilizada nos cálculos fornecidos da

Geodésia, como subsídios para a elaboração de uma representação cartográfica.

A Geodésia é a ciência que estuda a forma e as dimensões da Terra e

estabelece o apoio básico (malha de pontos geodésicos com posição geográfica

precisa) para dar suporte à elaboração de mapas. A Geodésia utiliza instrumentos

semelhantes aos de Topografia, porém, dotados de alta precisão e associados a

métodos mais sofisticados (Timbó, 2001).

A Cartografia e a Geodésia estão intimamente ligadas, pois a geodésia

oferece os parâmetros matemáticos e os subsídios para que a realidade seja mais

fielmente representada. Portanto, “a cartografia é a Ciência e a Arte que se propõe a

representar por meio de mapas, cartas, plantas e outras formas gráficas, os diversos

ramos do conhecimento humano sobre a superfície e o ambiente terrestre e seus

diversos aspectos.”

Atualmente, com a divulgação da tecnologia de geoprocessamento e com a

proliferação dos SIGs (Sistemas de Informações Geográficas) no mercado de

trabalho, a cartografia vem sofrendo profundas modificações, sobretudo na

aquisição e manipulação de dados e confecção de mapas.

1.2. PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS;

Diversos métodos podem ser empregados para se obter essa

correspondência de pontos, constituindo os chamados “sistemas de projeções”.

A teoria das projeções compreende o estudo dos diferentes sistemas em uso,

incluindo a exposição das leis segundo as quais se obtêm as interligações dos

pontos de uma superfície (Terra) com os da outra (carta). São estudados também os

processos de construção de cada tipo de projeção e sua seleção, de acordo com a

finalidade em vista.

O problema básico das projeções cartográficas é a representação de uma

superfície curva em um plano. Em termos práticos, o problema consiste em se

representar a Terra em um plano. Como vimos, a forma de nosso planeta é

representada, para fins de mapeamento, por um elipsóide que é considerada a

superfície de referência a qual estão relacionados todos os elementos que

desejamos representar.

6

Podemos dizer que todas as representações de superfícies curvas em um

plano envolvem: "extensões" ou "contrações" que resultam em distorções ou

"rasgos". Diferentes técnicas de representação são aplicadas no sentido de se

alcançar resultados

que possuam certas propriedades favoráveis para um propósito específico.

A construção de um sistema de projeção será escolhido de maneira que a carta

venha a possuir propriedades que satisfaçam as finalidades impostas pela sua

utilização.

Classificação das projeções cartográficas

Quanto ao método

a) Geométricas - baseiam-se em princípios geométricos projetivos. Podem ser

obtidos pela interseção, sobre a superfície de projeção, do feixe de retas que passa

por pontos da superfície de referência partindo de um centro perspectivo (ponto de

vista).

b) Analíticas - baseiam-se em formulação matemática obtidas com o objetivo de se

atender condições (características) previamente estabelecidas (é o caso da maior

parte das projeções existentes).

Quanto à superfície de projeção

a) Planas - este tipo de superfície pode assumir três posições básicas em relação a

superfície de referência: polar, equatorial e oblíqua (ou horizontal)

Figura 1.2a. Fonte: INPE

b) Cônicas - embora esta não seja uma superfície plana, já que a superfície de

7

projeção é o cone, ela pode ser desenvolvida em um plano sem que haja distorções

e funciona como superfície auxiliar na obtenção de uma representação. A sua

posição em relação à superfície de referência pode ser: normal, transversal e

oblíqua (ou horizontal)).

Figura 1.2b. Fonte: INPE

c) Cilíndricas - tal qual a superfície cônica, a superfície de projeção que utiliza o

cilindro pode ser desenvolvida em um plano e suas possíveis posições em relação a

superfície de referência podem ser: equatorial, transversal e oblíqua (ou horizontal).

1.2c. Fonte: INPE

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d) Poli-Superficiais - se caracterizam pelo emprego de mais do que uma

superfície de projeção (do mesmo tipo) para aumentar o contato com a superfície de

referência e, portanto, diminuir as deformações (plano-poliédrica ; cone-policônica ;

cilindropolicilíndrica).

Figura1.2d. Fonte: Ministério Do Meio Ambiente Instituto Chico Mendes De

Conservação Da Biodiversidade Icmbio.

Quanto às propriedades

Na impossibilidade de se desenvolver uma superfície esférica ou elipsóidica sobre

um plano sem deformações, na prática, buscam-se projeções tais que permitam

diminuir ou eliminar parte das deformações conforme a aplicação desejada. Assim,

destacam-se:

a) Eqüidistantes - As que não apresentam deformações lineares para algumas

linhas em especial, isto é, os comprimentos são representados em escala uniforme.

b) Conformes - Representam sem deformação, todos os ângulos em torno de

quaisquer pontos, e decorrentes dessa propriedade, não deformam pequenas

regiões.

c) Equivalentes - Têm a propriedade de não alterarem as áreas, conservando

assim, uma relação constante com as suas correspondentes na superfície da Terra.

Seja qual for a porção representada num mapa, ela conserva a mesma relação com

a área de todo o mapa.

d) Afiláticas - Não possui nenhuma das propriedades dos outros tipos, isto é,

equivalência, conformidade e equidistância, ou seja, as projeções em que as áreas,

os ângulos e os comprimentos não são conservados.

9

As propriedades acima descritas são básicas e mutuamente exclusivas. Elas

ressaltam mais uma vez que não existe uma representação ideal, mas apenas a

melhor representação para um determinado propósito.

Quanto ao tipo de contato entre as superfícies de Projeção e referência

a) Tangentes - a superfície de projeção é tangente à de referência (plano- um

ponto; cone e cilindro- uma linha).

b) Secantes - a superfície de projeção secciona a superfície de referência (plano ou

linha; cone- duas linhas desiguais; cilindro- duas linhas iguais).

Através da composição das diferentes características apresentadas nesta

classificação das projeções cartográficas, podemos especificar representações

cartográficas cujas propriedades atendam as nossas necessidades em cada caso

específico.

PROJEÇÕES MAIS USUAIS E SUAS CARACTERÍSTICAS

Projeção policônica

- Superfície de representação: diversos cones;

- Não é conforme nem equivalente (só tem essas características próxima ao

Meridiano Central);

- O Meridiano Central e o Equador são as únicas retas da projeção. O MC é

dividido em partes iguais pelos paralelos e não apresenta deformações;

- Os paralelos são círculos não concêntricos (cada cone tem seu próprio ápice) e

não apresentam deformações;

- Os meridianos são curvas que cortam os paralelos em partes iguais;

- Pequena deformação próxima ao centro do sistema, mas aumenta rapidamente

para a periferia.

- Aplicações: Apropriada para uso em países ou regiões de extensão

predominantemente Norte-Sul e reduzida extensão Este-Oeste. É muito popular

devido à simplicidade de seu cálculo pois existem tabelas completas para sua

construção. É amplamente utilizada nos EUA.

No BRASIL é utilizada em mapas da série Brasil, regionais, estaduais e temáticos.

Projeção cônica normal de lambert (com dois paralelos padrão)

- Cônica.

- Conforme.

- Analítica.

10

- Secante.

- Os meridianos são linhas retas convergentes.

- Os paralelos são círculos concêntricos com centro no ponto de interseção dos

meridianos.

- Aplicações: A existência de duas linhas de contato com a superfície (dois

paralelos padrão) nos fornece uma área maior com um baixo nível de deformação.

Isto faz com que esta projeção seja bastante útil para regiões que se estendam na

direção este-oeste, porém pode ser utilizada em quaisquer latitudes.

A partir de 1962, foi adotada para a Carta Internacional do Mundo, ao Milionésimo.

Projeção cilíndrica transversa de mercator (secante)

- Cilíndrica.

- Conforme.

- Secante.

- Só o Meridiano Central e o Equador são linhas retas.

- Projeção utilizada no SISTEMA UTM - Universal Transversa de Mercator

desenvolvido durante a 2ª Guerra Mundial. Este sistema é em essência, uma

modificação da Projeção Cilíndrica Transversa de Mercator.

- Aplicações: Utilizado na produção das cartas topográficas do Sistema Cartográfico

Nacional produzidas pelo IBGE e DSG.

1.3. DATUM;

A adoção de uma superfície matemática rígida para representar a Terra não é

suficiente para definir o posicionamento de um ponto sobre a superfície terrestre

com precisão adequada.

Para isso, faz-se necessária a adoção de um sistema de coordenadas associado

aos pontos da superfície terrestre, chamado Sistema Geodésico de Referência

(SGR).

Um datum caracteriza-se por uma superfície de referência posicionada em

relação a Terra. Um datum planimétrico ou horizontal é formalmente estabelecido

por cinco parâmetros: dois para definir o elipsóide de referência e três para definir o

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vetor de translação entre o centro da Terra real e o do elipsóide. Os mapas mais

antigos do Brasil adotavam o datum planimétrico Córrego Alegre, que utiliza o

elipsóide de Hayford. Mais recentemente passou a ser utilizado como referência o

datum SAD-69 que utiliza o elipsóide de referência 1967. Existe também o datum

vertical ou altimétrico, que se refere à superfície de referência usada para definir as

altitudes de pontos da superfície terrestre. Na prática a determinação do datum

vertical envolve um marégrafo ou uma rede de marégrafos para a medição do nível

médio dos mares. No Brasil o ponto de referência para o datum vertical é o

marégrafo de Imbituba, em Santa Catarina.

1.4. PRODUTOS CARTOGRÁFICOS;

O processo cartográfico visando a geração de produtos precisa ser

atentamente avaliado, visando a geração de produtos adequados às reais

necessidades do usuário. Para isso, alguns autores observam a divisão do processo

em fases que classificam o produto e o definem de forma mais clara e objetiva,

determinando assim os elementos principais para o produto e sua correta aplicação.

Cada classe de representação pode ser definida segundo a escala e esta

combinação de classe x escala, já define e indica a aplicação mais adequada para o

produto cartográfico.

Nesse sentido, o produto cartográfico pode ser classificado:

Pelo traço:

Globo - representação cartográfica sobre uma superfície esférica, em escala

pequena, dos aspectos naturais e artificiais de uma figura planetária, com finalidade

cultural e ilustrativa.

Mapa - "Mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos

aspectos geográficos, naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na

superfície de uma figura planetária, delimitada por elementos físicos, político

administrativos, destinada aos mais variados usos, temáticos, culturais e

ilustrativos”.

Carta - "Carta é a representação no plano, em escala média ou grande, dos

aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária,

subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelos e meridianos -

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com a finalidade de possibilitar a avaliação de pormenores, com grau de precisão

compatível com a escala".

Planta - a planta é um caso particular de carta. A representação se restringe a uma

área muito limitada e a escala é grande, consequentemente o nº de detalhes é bem

maior. Sendo assim, “Carta é a representação de uma área de extensão

suficientemente restrita para que a sua curvatura não precise ser levada em

consideração, e que, em consequência, a escala possa ser considerada constante”.

Por imagem

Mosaico - é o conjunto de fotos de uma determinada área, recortadas e montadas

técnica e artísticamente, de forma a dar a impressão de que todo o conjunto é uma

única fotografia. Classifica-se em:

- controlado - é obtido a partir de fotografias aéreas submetidas a processos

específicos de correção de tal forma que a imagem resultante corresponda

exatamente a imagem no instante da tomada da foto. Essas fotos são então

montadas sobre uma prancha, onde se encontram plotados um conjunto de pontos

que servirão de controle à precisão do mosaico. Os pontos lançados na prancha tem

que ter o correspondente na imagem. Esse mosaico é de alta precisão.

- não-controlado - é preparado simplesmente através do ajuste de detalhes

de fotografias adjacentes. Não existe controle de terreno e as fotografias não são

corrigidas. Esse tipo de mosaico é de montagem rápida, mas não possui nenhuma

precisão. Para alguns tipos de trabalho ele satisfaz plenamente.

- semi-controlado - são montados combinando-se características do mosaico

controlado e do não controlado. Por exemplo, usando-se controle do terreno com

fotos não corrigidas; ou fotos corrigidas, mas sem pontos de controle.

Fotocarta - é um mosaico controlado, sobre o qual é realizado um tratamento

cartográfico (planimétrico).

Ortofotocarta - é uma ortofotografia - fotografia resultante da transformação de uma

foto original, que é uma perspectiva central do terreno, em uma projeção ortogonal

sobre um plano - complementada por símbolos, linhas e georeferenciada, com ou

sem legenda, podendo conter informações planimétricas.

Ortofotomapa - é o conjunto de várias ortofotocartas adjacentes de uma

determinada região.

Fotoíndice - montagem por superposição das fotografias, geralmente em

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escala reduzida. É a primeira imagem cartográfica da região. O fotoíndice é insumo

necessário para controle de qualidade de aerolevantamentos utilizados na produção

de cartas através do método fotogramétrico. Normalmente a escala do fotoíndice é

reduzida de 3 a 4 vezes em relação a escala de vôo.

Carta imagem - Imagem referenciada a partir de pontos identificáveis e com

coordenadas conhecidas, superposta por reticulado da projeção, podendo conter

simbologia e toponímia.

1.5. SISTEMA UNIVERSAL TRANSVERSAL DE MERCATOR (UTM).

O sistema UTM é, talvez, o mais empregado em trabalho que envolvam SIGs.

Suas facilidades dizem respeito a adoção de uma projeção cartográfica que trabalha

com paralelos retos e meridianos retos equidistantes. Essa projeção, concebida por

Gerhard Kremer, conhecido como Mercator, publicada em 1569, originou tal sistema.

Além de apresentar o sistema de coordenadas geográficas, o sistema UTM

caracteriza-se por adotar coordenadas métricas planas ou plano-retangulares. Tais

coordenadas possuem especificidades que aparecem nas margens das cartas,

acompanhando uma rede de quadrículas planas.

A origem do sistema é estabelecida pelo cruzamento do equador com um

Meridiano Central (MC). Os valores das coordenadas obedecem a uma sistemática

de numeração que estabelece um valor de 10.000.000 m (dez milhões de metros)

sobre o equador e de 500.000 (quinhentos mil) sobre o MC. As coordenadas do eixo

E (leste-oeste), contadas a partir do MC de referência, possuem valores crescentes

no sentido leste e decrescentes no sentido oeste.

Características básicas do sistema UTM:

1) O mundo é dividido em 60 fusos, onde cada um se estende por 6º de longitude.

Os fusos são numerados de um a sessenta começando no fuso 180º a 174º W Gr. E

continuando para este. Cada um destes fusos é gerado a partir e uma rotação do

cilindro de forma que o meridiano de tangência divide o fuso em duas partes iguais

de 3º de amplitude.

2) O quadriculado UTM está associado ao sistema de coordenadas

planoretangulares, tal que um eixo coincide com a projeção do Meridiano Central do

fuso (eixo N apontando para Norte) e o outro eixo, com o do Equador. Assim cada

ponto do elipsóide de referência (descrito por latitude, longitude) estará

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biunivocamente associado ao terno de valores Meridiano Central, coordenada E e

coordenada N.

3) Avaliando-se a deformação de escala em um fuso UTM (tangente), pode-se

verificar que o fator de escala é igual a 1(um) no meridiano central e

aproximadamente igual a 1.0015 (1/666) nos extremos do fuso. Desta forma,

atribuindo-se a um fator de escala k = 0,9996 ao meridiano central do sistema UTM

(o que faz com que o cilindro tangente se torne secante), torna-se possível

assegurar um padrão mais favorável de deformação em escala ao longo do fuso. O

erro de escala fica limitado a 1/2.500 no meridiano central, e a 1/1030 nos extremos

do fuso (Figura 1.5a).

4) A cada fuso associamos um sistema cartesiano métrico de referência, atribuindo à

origem do sistema (interseção da linha do Equador com o meridiano central) as

coordenadas 500.000 m, para contagem de coordenadas ao longo do Equador, e

10.000.000 m ou 0 (zero) m, para contagem de coordenadas ao longo do meridiano

central, para os hemisfério sul e norte respectivamente. Isto elimina a possibilidade

de ocorrência de valores negativos de coordenadas.

5) Cada fuso deve ser prolongado até 30' sobre os fusos adjacentes criando-se

assim uma área de superposição de 1º de largura. Esta área de superposição serve

para facilitar o trabalho de campo em certas atividades.

6) O sistema UTM é usado entre as latitudes 84º N e 80º S.

Figura 1.5a: Fuso horário.

O sistema de coordenadas geodésicas ou o UTM permite o posicionamento

de qualquer ponto sobre a superfície da Terra, no entanto é comum se desejar

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posicionamento relativo de direção nos casos de navegação. Assim, ficam definidos

três vetores associados a cada ponto:

Norte Verdadeiro ou de Gauss - Com direção tangente ao meridiano (geodésico)

passante pelo ponto e apontado para o Polo Norte.

Norte Magnético - Com direção tangente à linha de força do campo magnético

passante pelo ponto e apontado para o Polo Norte Magnético.

OBS.: Devido à significativa variação da ordem de minutos de arco anualmente

deste polo ao longo dos anos, torna-se necessária a correção do valor constantes da

carta/mapa para a data do posicionamento desejado.

Norte da Quadrícula - Com direção paralela ao eixo N (que coincide com o

Meridiano Central do fuso) do Sistema de Projeção UTM no ponto considerado e

apontado para o Norte (sentido positivo de N).

Azimute: É o ângulo formado entre a direção Norte-Sul e a direção considerada,

contado à partir do Polo Norte, no sentido horário. O Azimute varia de 0º a 360º e

dependendo do Norte ao qual esteja a referenciado podemos ter:

- Azimute Verdadeiro ou de Gauss ( Az G AB )

- Azimute da Quadrícula ( Az Q AB )

- Azimute Magnético ( Az M AB )

OBS.: O azimute Geodésico corresponde ao Azimute Verdadeiro contato a partir do

Polo Sul.

Contra-azimute: Contra-Azimute de uma direção é o Azimute da direção inversa.

Declinação Magnética ( δ ): É o ângulo formado entre os vetores Norte Verdadeiro

e o Norte Magnético associado a um ponto.

Convergência Meridiana Plana ( γ ): É o ângulo formado entre os vetores Norte

Verdadeiro e o Norte da Quadrícula associado a um ponto.

No sistema UTM, a Convergência Meridiana Plana cresce com a latitude e

com o afastamento do Meridiano Central (MC). No hemisfério Norte ela é positiva a

Este do MC e negativa a Oeste do MC. No hemisfério Sul ela é negativa a Este do

MC e positiva a Oeste do MC.

Rumo: É o menor ângulo que uma direção faz com a Direção Norte- Sul.

Após o valor do rumo deve ser indicado o quadrante geográfico a que o mesmo

pertence, ou seja: NO, NE, SO ou SE.

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OBS: Como os azimutes, os rumos, dependendo do norte ao qual são referenciados

podem ser: Rumo verdadeiro, da quadrícula ou magnético.

Contra-rumo: É o rumo da direção inversa.

17

2. SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS

2.1. HISTÓRICO E DEFINIÇÕES;

A solução mais antiga, e até hoje mais comum, de resolver problemas de

análise de informações espaciais envolve a construção e a utilização de mapas.

Embora toda a técnica de produção de mapas em papel esteja bastante dominada,

uma vez que a Cartografia é uma ciência muito antiga, o processo de produção e

utilização de mapas é muito oneroso, principalmente considerando-se os aspectos

de levantamento de dados em campo, armazenamento e atualização (Ferreira,

2006).

As primeiras tentativas de automatizar parte do processamento de dados com

características espaciais aconteceram na Inglaterra e nos Estados Unidos, nos anos

50 do século XX, com o objetivo principal de reduzir os custos de produção e

manutenção de mapas. Dada a precariedade da informática na época, e a

especificidade das aplicações desenvolvidas (pesquisa em botânica, na Inglaterra, e

estudos de volume de tráfego, nos Estados Unidos), estes sistemas ainda não

puderam ser classificados como “sistemas de informação”.

Os primeiros Sistemas de Informações Geográficas surgiram na década de

1960, no Canadá, como parte de um esforço governamental para criar um inventário

de recursos naturais. Estes sistemas, no entanto, eram muito difíceis de usar: não

existiam monitores gráficos de alta resolução, os computadores necessários eram

excessivamente onerosos, e a mão de obra tinha que ser altamente especializada e,

portanto também muito onerosa. Não existiam sistemas comerciais prontos para

uso, e cada interessado precisava desenvolver seus próprios programas, o que

demandava muito tempo e, naturalmente, muitos recursos financeiros. Além disto, a

capacidade de armazenamento e a velocidade de processamento eram muito

baixas.

Ao longo dos anos 70 do século XX, foram desenvolvidos novos e mais

acessíveis recursos computacionais, tornando viável o desenvolvimento de sistemas

comerciais. Foi então que a expressão Sistema de Informações Geográficas foi

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criada. Foi também nesta época que começaram a surgir os primeiros sistemas

comerciais de CAD (Computer Aided Design, ou Projeto Assistido por Computador),

que melhoraram em muito as condições para a produção de desenhos e plantas

para engenharia, e serviram de base para os primeiros sistemas de cartografia

automatizada. Também nos anos 70 foram desenvolvidos alguns fundamentos

matemáticos voltados para a cartografia, sendo que o produto mais importante foi a

topologia aplicada. Esta nova disciplina permitia realizar análises espaciais entre

elementos cartográficos. No entanto, devido aos custos e ao fato destes sistemas

ainda utilizarem exclusivamente computadores de grande porte, apenas grandes

organizações tinham acesso à tecnologia.

No decorrer dos anos 80 do século XX, com a grande popularização e

barateamento das estações de trabalho gráficas, além do surgimento e evolução dos

computadores pessoais e dos sistemas gerenciadores de bancos de dados

relacionais, ocorreu uma grande difusão do uso de GIS. A incorporação de muitas

funções de análise espacial proporcionou também um alargamento do leque de

aplicações de GIS.

No final da década de 80 e início da década de 90 do século XX, os Sistemas

de Informações Geográficas eram orientados a pequenos projetos, considerando-se

pequenas áreas geográficas com poucos detalhamentos, ainda eram precários os

dispositivos de armazenamento, acesso e processamento de dados, além disso,

somente em grandes corporações era possível encontrar redes de computadores.

Desta forma, realizava-se o mapeamento de uma pequena área, inseria-se este

mapeamento em computadores, realizavam-se algumas análises e elaboravam-se

mapas e relatórios impressos com as informações geográficas desejadas.

Em meados da década de 90, com a popularização da Internet, e a

consequente popularização das redes de computadores, os Sistemas de

Informações Geográficas puderam ser orientados às empresas e/ou instituições,

com a introdução do conceito da arquitetura cliente-servidor e a popularização dos

bancos de dados relacionais. Nesta época também, os programas computacionais

de SIG incorporaram as funções de processamento de imagens digitais.

No final da década de 90 e início do século XXI, os Sistemas de Informações

Geográficas começam a se tornarem corporativos e orientados à sociedade, com a

19

utilização da Internet, de bancos de dados geográficos distribuídos e com os

esforços realizados em relação a interoperabilidade dos sistemas.

É bastante complicado encontrar um conceito único que defina Sistema de

Informação Geográfica (SIG) devido à utilização deste por várias áreas científicas ou

domínios da atividade humana (recursos naturais, planeamento urbano, agricultura,

geografia, informática, etc.). Desta forma, é possível que os conceitos aceites em

cada área ou domínio variem com a forma como os SIG são utilizados.

A ideia mais comum de SIG está frequentemente associada à produção e

análise de cartografia através da tecnologia computacional. Desta forma, algumas

pessoas argumentam que a chave da definição se encontra nos componentes

de hardware e software que servem de plataforma de funcionamento dos SIG.

Outros advertem que a definição deverá recair principalmente no tratamento da

informação e nas suas aplicações. Outras preferem ainda um sentido mais amplo,

tal como Aronoff (1989), que define os SIG não só pelas suas potencialidades

computacionais mas também pelo conjunto de operações e meios manuais

necessários para o armazenamento, o acesso e a manipulação da informação

georeferenciada. Várias outras individualidades ou entidades definem estes

sistemas incidindo em diferentes aspectos:

Ozemoy, Smith e Sicherman (1981) - Um conjunto de funções automatizadas que

dota os profissionais com avançadas capacidades para armazenar, capturar,

manipular e vizualizar dados geograficamente localizados.

Burrough (1986) - Um sistema de ferramentas poderoso que permite recolher,

guardar, encontrar, pesquisar, transformar e visualizar dados espaciais do mundo

real.

Smith et al.(1987) - Um sistema de base de dados onde a maior parte dos dados são

indexados espacialmente e onde um conjunto de procedimentos são operados com

o objetivo de responder a pesquisas sobre entidades espaciais da base de dados.

Cowen (1988) - Um sistema de apoio à decisão que envolve a integração de dados

georeferenciados num ambiente orientado para a resolução de problemas.

Federal Interagency Coordinating Committee (1988) - Um sistema de hardware,

software e procedimentos organizado de forma a possibilitar a aquisição de dados,

gestão, manipulação, análise e visualização de dados espaciais, de tal modo que

seja possível resolver problemas de planeamento complexos.

20

Carter (1989) - Uma entidade institucional que seja o reflexo de uma estrutura

organizativa que integre a tecnologia com base de dados, conhecimentos periciais e

um contínuo apoio financeiro ao longo do tempo.

Para definir genericamente os SIG é necessário compreender a sua ligação

com outros sistemas, dos quais depende diretamente. Na verdade, os SIG resultam

da conjugação de outras tecnologias, integrando ferramentas originárias de sistemas

diferentes.

O desenho assistido por computador (CAD), a gestão de bases de dados, a

cartografia computadorizada e a detecção remota constituem os principais sistemas

que serviram de base ao desenvolvimento dos SIG.

Muito resumidamente, o desenho assistido por computador ou simplesmente

CAD, consiste em sistemas especializados no desenho de objetos em ambiente

gráfico. Possui capacidades analíticas muito limitadas e tem poucas ligações a

bases de dados.

Os sistemas de gestão de bases de dados consistem em software concebido

para o recolhimento, armazenamento e pesquisa de dados alfanuméricos, de

informação não espacial.

Os sistemas de cartografia computadorizada são especializados no desenho

de mapas, permitindo saídas de grande qualidade em formato vectorial. Dão maior

importância à visualização da informação, embora também permitam, com algumas

limitações, a captura e análise de dados.

Por fim, os sistemas de detecção remota foram desenvolvidos para recolher,

armazenar, manipular e visualizar imagens no formato quadricular ou raster. As

informações são recolhidas através de scanners instalados em satélites ou

aeronaves.

Todos estes sistemas são anteriores aos SIG. Como os SIG evoluíram a partir

destes sistemas, verificam-se muitas características comuns ou semelhantes.

Segundo Maguire (1991), a característica mais importante dos SIG reside no seu

grande poder de análise, o que o distingue de qualquer dos outros sistemas.

2.2. TIPOS DE DADOS PARA SIG:

Em termos gerais, dentro Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD) de

um SIG, concebe-se a existência de dois tipos de dados: os dados espaciais e os

21

dados alfanuméricos. Tais características torna complexa a estruturação desses

tipos e dados de SGBD.

DADOS ESPACIAIS

Os dados espaciais são considerados aqueles que podem ser representados

espacialmente, ou seja, de forma, gráfica. Estes se constituem em imagens, mapas

temáticos ou planos de informações (PIs). A estrutura de tais tipos de dados pode

ser vetorial ou matricial.

Dados Vetoriais

Na estrutura vetorial, a localização e a feição geométrica do elemento são

armazenadas e representadas por vértices definidos por um par de coordenadas.

Dependendo da sua forma e da escala cartográfica, os elementos podem ser

expressos pelas seguintes feições geométricas (Figura 2.2a):

Pontos – representados por um vértice, ou seja, por apenas um par de

coordenadas, definindo a localização de objetos que não apresentam área nem

comprimento. Exemplos: hospital representado em uma escala intermediária ou

cidade em uma escala pequena, epicentro de um terremoto.

Linhas poligonais ou arcos – representados por, no mínimo, dois vértices

conectados, gerando polígonos abertos que expressam elementos que possuem

comprimento ou extensão linear. Exemplos: estradas, rios.

Polígonos - representados por, no mínimo, três vértices conectados, sendo

que o primeiro vértice possui coordenadas idênticas ao do último, gerando, assim,

polígonos fechados que definem elementos geográficos com área e perímetro.

Exemplos: limites políticos-administrativos (municípios, estados), classes de mapas

temáticos (uso e cobertura do solo, pedologia).

22

Figura 2.2a: Representação geométrica dos elementos geográficos.

Fonte: ESRI (2004)

Os elementos geográficos em uma camada podem ser compostos por um ou

mais elementos gráficos. Os rios de uma bacia hidrográfica, por exemplo, formados

por um conjunto de linhas poligonais, podem estar agrupados e armazenados como

um único elemento. Em uma camada de municípios, aqueles compostos por parte

insular e continental são representados por um conjunto de polígonos agrupados

formando um único elemento. Há casos em que o elemento é representado por um

polígono e outros contidos dentro deste, delimitando “buracos”, como, por exemplo,

um corpo d’água no interior de uma mancha de urbana (Figura 2.2b).

Figura 2.2b: Formação dos elementos geográficos

As feições geométricas (ponto, linha e polígono) utilizadas

para representação dos elementos, bem como a sua estrutura de armazenamento,

estabelecem as relações espaciais entre os elementos geográficos, ou seja,

relações existentes entre si e entre os outros elementos, denominadas de

topológicas (Burrough, 1998). As relações espaciais são percebidas intuitivamente

pelo leitor; ao analisar um mapa, por exemplo, os elementos que fazem fronteiras

com outros elementos são facilmente identificados. Entretanto, como os sistemas

computacionais não são capazes de perceber estas relações, para processamento

de análises espaciais nos SIG, há necessidade que estas sejam definidas

explicitamente nos arquivos digitais que armazenam as feições geométricas dos

elementos.

A estrutura de armazenamento dos dados vetoriais pode ser topológica ou do

tipo spaghetti (RIPSA, 2000). Na estrutura topológica, os relacionamentos espaciais

23

entre os elementos geográficos, representados por nós, arcos e polígonos, estão

armazenados em tabelas. Os nós são uma entidade unidimensional que

representam os vértices inicial e final dos arcos, além das feições pontuais. Os arcos

correspondem a entidades unidimensionais, iniciando e finalizando por um nó,

podendo representar o limite de um polígono ou uma feição linear. Os polígonos,

que representam feições de área, são definidos por arcos que compõem o seu

perímetro. A topologia permite estabelecer as seguintes relações entre os

elementos:

Pertinência – os arcos definem os limites dos polígonos fechados definindo

uma área;

Conectividade – os arcos são conectados com outros a partir de nós,

permitindo a identificação de rotas e de redes, como rios e estradas;

Contiguidade – os arcos comuns definem a adjacência entre polígonos.

Figura 2.2c: Topologia de polígonos, arcos e nós.

Fonte: UNBC GIS LAB (2005)

Na estrutura spaghetti, as coordenadas das feições são armazenadas linha a

linha, resultando em arquivos contendo uma lista de coordenadas. A simplicidade

desta estrutura limita a sua utilização em análises espaciais, já que pode gerar

incongruências como as listadas na Figura 2.2d.

24

Figura 2.2d: Comparação entre a estrutura topológica e spaghetti.

Fonte: Adaptado UNBC GIS LAB (2005)

Dados Raster ou Matriciais

Nesta representação, o espaço é representado como uma matriz P(m, n)

composto de m colunas e n linhas, onde cada célula possui um número de linha, um

número de coluna e um valor correspondente ao atributo estudado e cada célula é

individualmente acessada pelas suas coordenadas.

A representação matricial supõe que o espaço pode ser tratado como uma

superfície plana, onde cada célula está associada a uma porção do terreno. A

resolução do sistema é dada pela relação entre o tamanho da célula no mapa ou

documento e a área por ela coberta no terreno. A Figura 2.2e mostra um mesmo

mapa representado por células de diferentes tamanhos (diferentes resoluções),

representando diferentes áreas no terreno.

25

Figura 2.2e - Dado raster - Mapa temático

Neste tipo de representação, a superfície é concebida como contínua, onde

cada pixel representa uma área no terreno, definindo a resolução espacial. Em dois

documentos visualizados na mesma escala, o de maior resolução espacial

apresentará pixels de menor tamanho, já que discrimina objetos de menor tamanho.

Por exemplo, um arquivo com a resolução espacial de 1 m possui maior resolução

do que um de 20 m, pois o primeiro discrimina objetos com tamanho de até 1 m,

enquanto o segundo de até 20 m (Figura 2.2f). As medidas de área e distância serão

mais exatas nos documentos de maior resolução, mas, por sua vez, eles demandam

mais espaço para o seu armazenamento.

Figura 2.2f: Imagens IKONOS (1m) e SPOT (20 m).

O modelo raster é adequado para armazenar e manipular imagens de

sensoriamento remoto, ou seja, imagens da superfície terrestre geradas a partir da

detecção e do registro, por um sensor transportado em um veículo aéreo ou orbital,

26

da radiação eletromagnética refletida ou emitida por uma área da superfície

terrestre. Os atributos dos pixels representam um valor proporcional à energia

eletromagnética refletida ou emitida pela superfície terrestre. Para identificação e

classificação dos elementos geográficos, é necessário recorrer às técnicas

de processamento digital de imagem e de fotointerpretação.

A resolução do dado raster está associada ao tamanho da célula: quanto

menor a célula melhor a resolução ou qualidade da imagem. Um dado em forma

raster pode ser convertido para um dado vetorial. Esta conversão raster/vetor

depende da qualidade do dado raster o do programa utilizado nesta transformação

(Figura 2.2g).

Figura 2.2g - Relação Vetor x Raster

Dependendo da origem (fonte) de dados que compõem um SIG, serão

obtidos diferentes formatos de dados de acordo com a Tabela 1 a seguir:

Tabela 1 - Coleta de dados gráficos digitais (Base Cartográfica)

DADOS ALFANUMÉRICOS

27

Os dados alfanuméricos são dados constituídos por caracteres (letras,

números ou sinais gráficos) que podem ser armazenado em tabelas, as quais

podem formar um banco de dados.

Em SIG, os dados dispostos nas tabelas devem possuir atributos que possm

vinculá-los á estrutura espacial dos sistema, identificados pelas suas coordenadas, e

atributos específicos, com sua descrição qualitativa ou quantitativa. Esses dados

possuem, portanto, informações a respeito dos mapas a eles vinculados, via seu

“endereço”.

Tais tipos de dados podem estar vinculados a ambas as estruturas espaciais. Em

geral, é preferível o uso de estrutura vetorial para a conexão desses dados.

Topônimos, dados de área, população, indicadores socioeconômicos etc. são alguns

exemplos de dados alfanuméricos que podem ser vinculados a mapas em um SIG.

2.3. APLICAÇÕES

As atividades humanas sempre são desenvolvidas em alguma localidade

geográfica e, portanto podem ser geograficamente referenciadas, desta forma, são

praticamente infindáveis as possibilidades de aplicações de Sistemas de

Informações Geográficas. No entanto, serão relacionadas as aplicações mais

comuns e consagradas mundialmente.

As companhias de gestão de infraestruturas, tais como gás, telefone,

eletricidade, água, esgoto, TV a cabo, entre outras. Cada uma dessas companhias

geralmente possui milhares de consumidores, cada um deles com uma conexão

com a rede de infraestrutura, além disso, necessitam gerenciar milhares de

quilômetros de fios e dutos (subterrâneos e aéreos), com transformadores, chaves,

válvulas, representando muitas vezes bilhões de dólares em infraestrutura instalada.

Os sistemas de informações Geográficas aplicados à gestão de infraestruturas

também recebem o nome de AM/FM (Automatic Mapping/ Facility Management).

Uma companhia de gestão de infraestrutura pode receber milhares de

telefonemas para manutenção em um único dia assim, necessitam gerenciar todas

essas atividades, manter informações acuradas sobre o posicionamento geográfico

de todos consumidores, equipamentos e atividades, manter os registros de

atividades atualizados, realizar avaliações diárias dos serviços executados e ainda

fornecer informações para outras instituições, por exemplo, fornecer as informações

28

sobre a tubulação subterrânea da rede de esgoto para a empresa de telefonia que

necessita cavar um buraco em uma determinada posição geográfica.

No caso de uma empresa responsável por rodovias, se faz necessário,

armazenar informações sobre o estado da pavimentação em toda a rede de

rodovias, além disso, manter um cadastro de toda a sinalização vertical e horizontal

das rodovias e analisar dados de acidentes. Atualmente, algumas localidades no

Brasil e muitos países desenvolvidos, contam com a possibilidade de carros

contendo sistemas de navegação pelo sistema viário, contendo mapas digitais de

ruas e rodovias, conectados a receptores GNSS. Empresas de distribuição de bens

e serviços mantêm suas frotas conectadas a receptores GNSS e desta forma,

realizam o monitoramento e controle de cada um de seus veículos em tempo real.

Na agropecuária, atualmente é possível utilizar mapas e imagens detalhadas,

para planejar o plantio, a aplicação de insumos agropecuários e ainda planejar a

colheita, além de analisar e realizar a previsão de safra. Atualmente, essa aplicação

de SIG é denominada agricultura de precisão.

No setor florestal, o SIG pode ser aplicado ao manejo de árvores, com vistas à

extração sustentável de madeira. Todas as árvores produtoras de madeira são

georreferenciadas, e sua volumetria sistematicamente monitorada. Quando o volume

de madeira na floresta diminui a taxa de crescimento, essas árvores podem ser

seletivamente retiradas e sua madeira encaminhada para a indústria. No entanto, a

retirada de árvores da floresta também é um problema geográfico e necessita ser

cuidadosamente planejado para não comprometer as árvores em crescimento.

Após a retirada das árvores é realizado o replantio das mesmas espécies, nas

mesmas posições geográficas, mantendo assim a floresta saudável e produtiva.

A floresta ainda pode ser utilizada em outras atividades humanas sustentáveis

tais como turismo e extrativismo (apicultura, extração de resina, frutos, flores, etc.).

2.4. BANCO DE DADO GEOGRÁFICO

São os conhecidos como atributos descritivos ou dados sem referência

geográfica relativa a dados gráficos. A função dos atributos é fornecer uma

informação descritiva, qualitativa e/ou quantitativa, das características de um objeto

gráfico. Exemplo: rio, atributos: nome, classe.

Cada atributo no SIG está sempre associado a uma entidade gráfica que, por sua

vez, está vinculada a um sistema de coordenadas.

29

Os atributos são estruturados em tabelas que compõem os bancos de dados

alfanuméricos.

Conforme CAMARA (1996), os diferentes fenômenos geográficos, ao se

distribuírem sobre a superfície da Terra, estabelecem padrões de ocupação. Ao

representar tais fenômenos, o Geoprocessamento procura determinar e

esquematizar os mecanismos implícitos e explícitos de sua inter-relação. Estes

Padrões de inter-relação assumem diferentes formas:

Correlação espacial: um fenômeno espacial (ex: topografia) está relacionado com

o entorno de forma tão mais intensa quanto maior for a proximidade de localização.

Dizemos informalmente que “coisas próximas são parecidas”;

Correlação temática: as características de uma região geográfica são moldadas

por um conjunto de fatores. Assim, as formas geológicas, o solo, o clima, a

vegetação e os rios formam uma totalidade interrelacionada. Deste modo, pode-se

traçar pontos de correspondência entre o solo e a vegetação de uma região, que são

dois temas distintos; correlação temporal: a fisionomia da Terra está em constante

transformação, em ciclos variáveis para cada fenômeno. Cada paisagem ostenta as

marcas de um passado mais ou menos remoto, apagado ou modificado de maneira

desigual, mas sempre presente (DOLFUS, 1991);

Correlação topológica: de particular importância na representação

computacional, as relações topológicas como adjacência, pertinência e interseção,

permitem estabelecer os relacionamentos entre os objetos geográficos que são

invariantes: rotação, translação e escala.

A base de dados no SIG é composta por dois tipos de dados - geométrico ou

espacial e não geométrico ou descritivo armazenados numa série de arquivos. O

SIG tem a capacidade de ligar esses dois tipos de dados e estabelecendo uma

relação entre eles, através das ferramentas de geoprocessamento.

Os dados espaciais, que geralmente descrevem as feições da superfície

terrestre, são representados por pontos, linhas e polígonos. Um sistema (X,Y) de

coordenadas (cartesianas) é usado para referenciar as feições.

No entanto, existe a necessidade de uma informação adicional sobre os mapas

na relação espacial entre as feições que é a topologia. A Topologia, como já citado,

é um procedimento matemático para definir explicitamente as relações espaciais

entre elementos. Nos mapas digitais, por exemplo, a topologia, define conexões

30

entre as feições, identifica polígonos adjacentes e pode definir uma feição ou um

conjunto de feições.

O banco de dados descritivos armazena os atributos das feições. Estes atributos

podem ser nominais (tipo de solo, floresta, etc.) ou escalares (altitudes,

profundidades, índices, etc.). A Tabela 2.4 mostra a relação entre dados espaciais e

descritivos.

Observa-se que as medidas planas das representações gráficas são calculadas

automaticamente pelo sistema (área, comprimento, perímetro).

O projeto da base de dados geográficos de um SIG, passa, em geral, por três

fases principais:

• Identificação de feições geográficas e atributos;

• Organização das camadas (layers) de informação geográfica;

• Definição do armazenamento.

O banco de dados deve refletir os objetivos do usuário na utilização do sistema.

É importante dedicar algum tempo nas fases iniciais do projeto do banco de dados,

antes de automatizá-lo, pois, desta forma, assegura-se a real necessidade de certa

gama de dados para a geração de análises espaciais compatíveis com o objetivo do

sistema.

Um banco de dados bem projetado, proporcionará o contínuo reaproveitamento

das informações para outras análises que se fizerem necessárias.

À medida que o volume e os tipos de dados armazenados aumentam, é

necessário utilizar de softwares específicos para gerenciamento de dados. Os

Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados, SGBDs, objetivam disponibilizar a

diferentes usuários acesso ao banco de dados além de manter a integridade dos

mesmos.

31

Tabela 2.4 – Relação entre dados espaciais e descritivos(ex.: Geologia).

2.5. ANÁLISE ESPACIAL

A análise espacial num SIG pressupõe o conhecimento das relações

espaciais entre as entidades geográficas fundamentais. A topologia é um conceito

fundamental nos SIG, especialmente na análise espacial associada ao modelo

vetorial de dados espaciais. É a topologia que define as relações espaciais entre os

diferentes elementos gráficos (pontos linhas, linhas e áreas), isto é, a posição

relativa de cada elemento gráfico em relação aos restantes.

Embora as aplicações de análise espacial nos SIG ainda sejam limitadas, estes

sistemas dispõem de várias funções analíticas que servem à etapa exploratória ou

descritiva do processo de análise espacial. (MENESES, 2003).

Existe a ferramenta buffer que executa operações de busca de atributos de

entidades pertencentes a uma camada geográfica específica, que estão localizados

a uma determinada distância de entidade de referência. Por sua vez, a ferramenta

spatial join consiste em operações espaciais realizadas com base no relacionamento

topológico entre entidades geográficas de camadas diferentes (MILLER e SHAW,

2001)

Segundo [ALV 90a], um SIG deve fornecer operações para a recuperação de

informações segundo critérios de natureza espacial e não espacial. As linguagens

de consulta de SGBDs convencionais são adequadas para a recuperação de

informações segundo critérios não espaciais. O SIG deve ser capaz de manipular

32

dados espaciais e recuperar informações com base em conceitos como

proximidade, pertinência, adjacência, interseção, etc.

Existe atualmente uma enorme variedade de funções de manipulação e análise de

dados disponíveis nos sistemas. Além disso, novas funções estão sempre sendo

adicionadas ao conjunto das já existentes. Porém, não existe uma padronização dos

nomes dessas funções, sendo comum a existência de funções com comportamento

idêntico, porém com nomes diferentes [NCG 90].

Segundo ARONOFF (1989), existem quatro grandes categorias de funções a

considerar na análise espacial em SIG:

- Funções de acesso ou pesquisa, classificação e medição - através deste conjunto

de funções é possível ter acesso à informação gráfica e alfanumérica, possibilitando

a realização de operações de Query-Display (pesquisa gráfica e pesquisa por

atributos). Ao se efetuar um processo de análise espacial deste tipo só os atributos

alfanuméricos podem

ser criados e alterados.

- Funções de superposição de mapas (overlay) - este tipo de função de análise

espacial constitui, em termos estruturais, um processo semelhante à manipulação de

dados relacionais em tabelas e permite a realização de análises segundo uma

aproximação da álgebra booleana ou da teoria dos conjuntos.

- Funções de análise de vizinhança - neste grupo as operações usualmente mais

desenvolvidas são as de pesquisa, topográficas e de interpolação. A definição de

funções de vizinhança envolve a análise das características da área envolvente a

um local específico. Neste caso, é necessário definir o domínio de aplicação e o tipo

de função a aplicar numa sequência de análise específica.

- Funções de análise de conectividade - estas funções são características da

modelagem de dados matricial e caracterizam-se por permitir a descrição e a

modelagem de processos de difusão e influência espacial. Também neste caso é

necessário definir o domínio da aplicação deste tipo de função em relação à

vizinhança de células, recorrendo à topologia implícita de uma estrutura em

quadrícula. A definição e a simulação de processos de movimento, difusão e

acumulação têm de ser explicitadas na realização de uma operação de análise

espacial. Cada grupo desses é subdividido em outros grupos, como mostra a Figura

2.5ª.

33

Figura 3.5a - Classificação de funções de análise [ARO 89]

Aplicações da análise espacial com sig

Conforme se pode observar, a capacidade de armazenamento e de associação da

informação ao espaço geográfico através de um SIG, torna a análise espacial uma

ferramenta de grande auxílio aos planejadores e tomadores de decisão. Isto pode

ser observado nos exemplos de aplicação apresentados a seguir.

Para o Planejamento dos Transportes

Na área de transporte evidencia-se a utilização de SIG como ferramenta de auxilio

para resolução de diferentes tipos de problemas: gerência de pavimentos, transporte

coletivo, rodoviário e de carga, engenharia do tráfego, localização de facilidades e

planejamento de transportes. (MENESES, 2003). A análise espacial em muitos

casos não se verifica, por se tratar apenas de uma informação associada a uma

rede ou um espaço territorial. Porém, já existem alguns trabalhos em se procura

verificar uma correlação entre o valor do dado e sua localização no espaço

geográfico.

Meio Ambiente e Transporte

Trabalhos que envolvem o planejamento ou o gerenciamento ambiental requerem

um bom diagnóstico da área de interesse, o qual deve abranger a caracterização

fisiografia, biológica e humana do local ou região, bem como as inter-relações entre

34

esses fatores, possibilitando a compreensão de sua dinâmica. É grande a

quantidade de informações necessárias para se chegar a tal diagnóstico, bem como

é difícil sua manipulação se não se dispuser de um sistema organizado e,

preferencialmente, informatizado, que auxilie nessa tarefa.

Como exemplo da aplicação do SIG neste aspecto tem-se a análise da poluição

atmosférica gerada pela emissão de gases e material particulado proveniente do

tráfego de veículos automotores num trecho rodoviário. Para tanto, utilizou-se como

ferramenta um Sistema de Informações Geográficas, o ArcView 3.3, associado a um

modelo de previsão de poluição por material particulado a partir de dados de tráfego

de veículos. (PEREIRA, 2004)

Ocupação do Solo e Meio Ambiente

As análises espaciais se constituem na chave para a resolução de problemas na

gestão do ambiente, principalmente se o usuário puder sintetizar e exibir dados

espaciais de muitas maneiras, bem como, combinar múltiplos temas para descobrir

suas relações espaciais.

2.6. CARTOGRAFIA

Segundo [OLI 93], a palavra mapa, que é de origem cartaginesa, significava "toalha

de mesa". Os antigos comerciantes e navegadores, definiam suas rotas de viajem

desenhando diretamente sobre as toalhas (mapas), dando origem ao termo.

Tradicionalmente, os mapas têm sido as principais fontes de dados para os SIG. Um

mapa é uma representação, em escala e sobre uma superfície plana, de uma

seleção de características abstratas sobre ou em relação à superfície da terra [NCG

90]. A confecção de um mapa requer, entre outras coisas, a seleção das

características a serem incluídas no mapa, a classificação dessas características em

grupos, a simplificação para representação, a ampliação de certas características

para que possam ser representadas e a escolha de símbolos para representar as

diferentes classes. Mapas topográficos têm sido tradicionalmente elaborados com o

objetivo de atender a uma infinidade de propósitos, enquanto que os mapas

"temáticos" são elaborados com objetivos mais específicos por conter informações

sobre um único tipo de objeto, por exemplo, para representar a hidrografia de uma

região, estradas de rodagem, tipos de solos, etc [BUR 86]. Em um SIG, a ideia de

mapas "temáticos" é utilizada através do conceito de camadas, onde, para uma

mesma região podem ser criadas diversas camadas de dados, uma para cada tema

35

a ser representado (Figura 2.1). Isto facilita a realização de operações de análise.

Por exemplo, os SIG fornecem ferramentas de análise que são capazes de obter

resultados para consultas do tipo: "Identifique todas as áreas com um determinado

tipo de solo e que estejam acima de uma determinada altitude", o que seria feito a

partir da combinação de dois mapas temáticos, um sobre tipos de solos e outro

sobre altimetria.

Figura 2.6a - Conjunto de temas sobre uma mesma região espacial [RAM 94]

36

3. SENSORIAMENTO REMOTO

3.1. HISTÓRICO E DEFINIÇÕES;

O sensoriamento remoto teve início com a invenção da câmara fotográfica

que foi o primeiro instrumento utilizado e que, até os dias atuais, são ainda utilizadas

para tomada de fotos aéreas.

As aplicações militares quase sempre estiveram à frente no uso de novas

tecnologias, e no SR não foi diferente. Relata-se que uma das primeiras aplicações

do SR foi para uso militar. Para isto foi desenvolvida, no século passado, uma leve

câmara fotográfica com disparador automático e ajustável. Essas câmaras,

carregadas com pequenos rolos de filmes, eram fixadas ao peito de pombos-correio,

que eram levados para locais estrategicamente escolhidos de modo que, ao se

dirigirem para o local de suas origens, sobrevoavam posições inimigas. Durante o

percurso, as câmaras, previamente ajustadas, tomavam fotos da área ocupada pelo

inimigo. Vários pombos eram abatidos a tiros pelo inimigo, mas boa parte deles

conseguia chegar ao destino. As fotos obtidas consistiam em valioso material

informativo, para o reconhecimento da posição e infra-estrutura de forças militares

inimigas. Assim teve início uma das primeiras aplicações do SR.

No processo evolutivo das aplicações militares, os pombos foram substituídos

por balões não tripulados que, presos por cabos, eram suspensos até a uma altura

suficiente para tomadas de fotos das posições inimigas por meio de várias câmaras

convenientemente fixadas ao balão. Após a tomada das fotos, o balão era puxado

de volta e as fotos reveladas eram utilizadas nas tarefas de reconhecimento.

Posteriormente, aviões foram utilizados como veículos para o transporte das

câmaras. Na década de 60 surgiram os aviões norte americanos de espionagem

denominados U2. Estes aviões, ainda hoje utilizados em versões mais modernas,

voam a uma altitude acima de 20.000 m o que dificulta o seu abate por forças

inimigas. Conduzido por apenas um piloto eles são totalmente preenchidos por

sensores, câmaras e uma grande variedade de equipamentos. Estes aviões têm

sido utilizados também para uso civil.

A grande revolução do SR aconteceu no início da década de 70, com o

lançamento dos satélites de recursos naturais terrestres. Os satélites, embora

37

demandem grandes investimentos e muita energia nos seus lançamentos, orbitam

em torno da Terra por vários anos.

Durante sua operação em órbita o consumo de energia é mínimo, pois são

mantidos a grandes altitudes onde não existe resistência do ar e a pequena força

gravitacional terrestre é equilibrada pela força centrífuga do movimento orbital do

satélite. Estes aparatos espaciais executam um processo contínuo de tomadas de

imagens da superfície terrestre coletadas 24 h/dia, durante toda a vida útil dos

satélites.

A evolução de quatro segmentos tecnológicos principais determinou o

processo evolutivo do SR por satélites: a) Sensores – são os instrumentos que

compõem o sistema de captação de dados e imagens, cuja evolução tem

contribuído para a coleta de imagens de melhor qualidade e de maior poder de

definição. b) Sistema de telemetria – consiste no sistema de transmissão de dados e

imagens dos satélites para estações terrestres, e tem evoluído no sentido de

aumentar a capacidade de transmissão dos grandes volumes de dados, que

constituem as imagens. c) Sistemas de processamento – consistem dos

equipamentos computacionais e softwares destinados ao armazenamento e

processamento dos dados do SR. A evolução deste segmento tem incrementado a

capacidade de manutenção de acervos e as potencialidades do tratamento digital

das imagens. d) Lançadores – consistem das bases de lançamento e foguetes que

transportam e colocam em órbita, os satélites. A evolução deste segmento tem

permitido colocar, em órbitas terrestres, satélites mais pesados, com maior

quantidade de instrumentos, e consequentemente, com mais recursos tecnológicos.

Na verdade a evolução do SR é fruto de um esforço multidisciplinar que

envolveu e envolve avanços na física, na físico-química, na química, nas biociências

e geociências, na computação, na mecânica, etc...

Nos dias atuais o SR é quase que totalmente alimentado por imagens obtidas

por meio da tecnologia dos satélites orbitais.

Existem várias séries de satélites de SR em operação, entre eles podemos

citar: LANDSAT, SPOT, CBERS, IKONOS, QUICKBIRD e NOAA. Os satélites das

cinco primeiras séries são destinados ao monitoramento e levantamento dos

recursos naturais terrestres, enquanto que os satélites NOAA fazem parte dos

38

satélites meteorológicos, destinados principalmente aos estudos climáticos e

atmosféricos, mas são também utilizados no SR.

O principal objetivo do Sensoriamento Remoto (SR) é expandir a percepção

sensorial do ser humano, seja através da visão sinóptica (panorâmica) dada pela

visão aérea ou espacial seja pela possibilidade de se obter informações em regiões

do espectro eletromagnético inacessíveis à visão humana. O SR expande a

oportunidade, o acesso, uma visão sinóptica do terreno permitindo a análise de um

modelo da superfície trazido para ser analisado dentro do laboratório.

A seguir são apresentadas algumas definições para o sensoriamento remoto.

Segundo Novo (1989), o sensoriamento remoto é a utilização de sensores para a

aquisição de informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto

entre eles.

Segundo Rosa (1995), o sensoriamento remoto é uma forma de se obter

informações de um objeto ou alvo, sem que haja contato físico com o mesmo.

Segundo Florenzano (2002), Sensoriamento Remoto é a tecnologia que permite

obter imagens e outros tipos de dados, da superfície terrestre, através da captação e

do registro da energia refletida ou emitida pela superfície. O termo sensoriamento

refere-se à obtenção dos dados, e remoto, que significa distante, é utilizado porque

a obtenção é feita à distância, ou seja, sem contato físico entre o sensor e a

superfície terrestre.

A Figura 3a. ilustra as principais etapas do sensoriamento remoto.

39

O processo de sensoriamento

remoto envolve 7 etapas, sendo:

A - Fonte de energia ou

iluminação;

B - Radiação e atmosfera;

C - Interação com o alvo;

D - Registro da energia pelo

sensor;

E - Transmissão, recepção e

processamento;

F - Interpretação e análise;

G - Aplicação.

Figura 3a – Etapas do sensoriamento remoto. Fonte: CCRS (2005).

3.2. PRINCÍPIOS FÍSICOS DO SR

A primeira exigência do Sensoriamento Remoto é a existência de uma fonte

de energia para iluminar o objeto (a menos que a energia detectada esteja sendo

emitida pelo objeto). A energia com a qual operam os sensores remotos pode ser

proveniente de uma fonte natural, como a luz do sol e o calor emitido pela superfície

da Terra, e pode ser de uma fonte artificial como exemplo, a do flash utilizado em

uma máquina fotográfica e o sinal produzido por um radar. A energia emitida pelo

Sol é composta por ondas ditas elétricas e magnéticas, por isto é denominada de

radiação eletromagnética (REM).

A radiação eletromagnética se comporta em forma de ondas eletromagnéticas com a

velocidade da luz (300.000 km por segundo). Ela é medida em frequência (em

unidades de hertz-Hz), e comprimento de onda –1 (em unidades de metro). A

frequência de onda (f) é o número de vezes que uma onda se repete por unidade de

tempo. Dessa maneira, como indicado na Figura 3b, quanto maior for o número de

repetições, maior será a frequência e, quanto menor, menor será a frequência de

onda. O comprimento de onda (λ) é a distância entre dois picos de ondas

sucessivas: quanto mais distantes, maior é o comprimento de onda e, quanto menos

distante, menor será o comprimento de onda (Figura 3c). O comprimento de onda é

40

medido em metros (m) ou para comprimentos de onda menores em centímetros (cm,

10-2 metros), micrômetros (μm, 10-6 metros) ou nanômetros (nm, 10-9 metros). A

frequência de onda é diretamente proporcional à velocidade de propagação e

inversamente proporcional ao comprimento de onda.

Figura 3b – Diagrama de ondas de diferentes frequências que correspondem ao

número de cristas de um mesmo comprimento de onda que passam por um ponto

em um segundo. Fonte: CCRS (2005).

41

Figura 3c – Comprimento de onda (λ) e frequência. Fonte: CCRS (2005).

Segundo a literatura, a palavra espectro (do latim "spectrum", que

significa fantasma ou aparição) foi usada por Isaac Newton, no século

XVII, para descrever a faixa de cores que apareceu, quando numa

experiência a luz do Sol atravessou um prisma de vidro em sua trajetória.

Atualmente chama-se espectro eletromagnético à faixa de frequências

e respectivos comprimentos de ondas que caracterizam os diversos tipos

de ondas eletromagnéticas, como apresentado na Figura 3d. O espectro

está dividido em regiões ou bandas cujas denominações estão

relacionadas com a forma com que as radiações podem ser produzidas

ou detectadas. Embora os limites de cada banda não sejam bem

definidos, podem ser destacadas as seguintes regiões, como observado

na Figura 3d.

Figura 3d– Espectro Eletromagnético. Fonte: Figueiredo (2005).

É possível destacar algumas bandas do espectro e suas

características mais notáveis:

1. A pequena banda denominada visível compreende o conjunto de

42

3.3. RESOLUÇÃO ESPACIAL

Para alguns instrumentos de sensoriamento remoto, a distância entre o objeto

a ser imageado e a plataforma, tem um papel importante para determinar o nível de

detalhe da informação obtida e a área total imageada pelo sensor. Sensores a bordo

de plataformas distantes dos objetos, tipicamente observam uma área maior, mas

não podem prover grande detalhe dos objetos imageados. O detalhe discernível em

uma imagem é dependente da resolução espacial do sensor e se refere ao menor

tamanho de objetos possível de ser detectado. Resolução espacial de sensor

passivo depende principalmente do Campo Instantâneo de Visão deles (IFOV). O

IFOV é o cone angular de visibilidade do sensor e determina a área na superfície da

Terra que é imageada a uma determinada altitude em um momento particular. O

tamanho da área imageada é determinado multiplicando-se o IFOV pela distância do

solo até o sensor. Esta área no solo é chamada de elemento de resolução e

determina a resolução espacial máxima do sensor. Para um objeto homogêneo a ser

detectado, seu tamanho geralmente tem que ser igual ou maior que o elemento de

resolução. Se o objeto é menor que ele, pode não ser detectável uma vez que o

brilho médio de todos os objetos no elemento de resolução é o que será registrado.

Porém, objetos menores podem as vezes ser detectáveis se a reflectância deles

dominar dentro de um elemento de resolução particular e nesse caso, pode ocorrer

a detecção ao nível de sub-pixel. Pixels de imagem normalmente são quadrados e

representam uma certa área em uma imagem.

A palavra pixel é derivada do termo em inglês “picture element” (elemento de

foto). É importante distinguir entre tamanho do pixel e resolução espacial - eles não

são intercambiáveis. Se um sensor tem uma resolução espacial de 20 metros e uma

imagem daquele sensor é exibida com resolução total, i.e., sem degradação da

imagem, cada pixel representa uma área de 20m x 20m no solo. Neste caso o

tamanho do pixel e a resolução são o mesmo. Porém, é possível exibir uma imagem

com um tamanho de pixel diferente da resolução. Imagens em que só objetos

grandes são visíveis são ditas de resolução grossa ou baixa (Figura 3.3a - A). Em

imagens de resolução alta ou fina (Figura 3.3b - B), podem ser detectados objetos

pequenos. De modo geral, quanto melhor a resolução, menor a área de terreno que

pode ser vista.

43

A razão entre a distância em uma imagem ou mapa, para distância real no

terreno é chamada Escala. Se um mapa tem uma Escala de 1:100.000, um objeto

de 1cm de tamanho no mapa seria de fato um objeto de 100.000 cm ou de 1 km de

tamanho no solo. Mapas ou imagens com pequenas razões (mapa-terreno) são

chamados de mapas de pequena escala (por exemplo, 1:100.000), e aqueles com

grandes razões (por exemplo 1:5.000) são chamados de grande escala.

Figura 3.3a – A – Imagem de baixa resolução; B- Imagem de alta

resolução. Fonte: CCSR (2005).

3.4. RESOLUÇÃO TEMPORAL

Refere-se à frequência que o sensor revisita uma área e obtém imagens

periódicas ao longo de sua vida útil. Isso só é possível porque os satélites de

sensoriamento remoto executam uma órbita heliossíncrona, que é um caso

particular de uma órbita semipolar. O plano de órbita é sempre fixo e ortogonal ao

sentido de rotação da Terra. Assim, o satélite passa sobre o mesmo ponto da

superfície da Terra na mesma hora. Orbitam com uma inclinação em relação ao

equador de 97º a 98o a uma altitude nominal próxima de 550 a 900

km e o tempo de viagem para completar uma órbita é de aproximadamente 90

minutos. Num tempo de 24 horas, aproximadamente 14 órbitas se completam.

Considerando-se que os sensores a bordo dos satélites conseguem imagear

somente uma faixa da Terra com algumas dezenas ou centenas de quilômetros de

largura, as 14 órbitas imageadas em um dia ficam

44

distanciadas entre si de milhares de quilômetros devido às velocidades relativas de

órbita do satélite, e da rotação da Terra no sentido de oeste para leste. A cada novo

dia, a posição da órbita progride na direção oeste. Esse processo de cobertura pode

ser exemplificado considerando-se as características de imageamento do satélite

Landsat (Figura 3.4a). Cada órbita do Landsat cobre uma faixa no terreno de 185

km de largura. As órbitas tomadas no mesmo dia se distanciam entre si de 2.875 km,

sendo necessários 16 dias para concluir o recobrimento total do globo. O princípio é

o mesmo para qualquer outro satélite. O que irá variar é a resolução temporal do

imageamento, pois cada sensor imageia faixas no terreno de larguras diferentes.

A resolução temporal é fundamental para acompanhar ou detectar a evolução

ou mudanças que ocorrem na Terra, principalmente para alvos mais dinâmicos,

como o ciclo fenológico de culturas, desmatamentos, desastres ambientais, tendo

forte impacto na monitoração ambiental. A Figura 3.4b é um exemplo de uma área

agrícola com vários pivôs de irrigação, e que no intervalo de nove anos mostra as

alterações no parcelamento dos cultivares e aumento do número de pivôs.

Atualmente, pela facilidade com que se pode reposicionar a visada de um sensor, de

nadir para off nadir (fora da vertical), muitos satélites oferecem a possibilidade de

revistas à área em espaços de tempo de dois a três dias.

Fig. 3.4a Padrão de recobrimento de órbitas completadas em um único dia pelo

satélite Landsat (a) e no período da resolução temporal de 16 dias (b). (Fonte: Novo,

1996).

45

Fig. 3.4b Imagens Landsat de área agrícola obtidas nos anos de 2000 (a) e

2009 (b). Notar o crescimento de pivôs centrais e a modificação do parcelamento

dos cultivares.

3.5. RESOLUÇÃO ESPECTRAL

Como mencionado anteriormente, a REM é decomposta, pelos sensores, em

faixas espectrais de larguras variáveis. Estas faixas são denominadas bandas

espectrais. Quanto mais estreitas forem estas faixas espectrais, e/ou quanto maior

for o número de bandas espectrais captadas pelo sensor, maior é a resolução

espectral da imagem. Imagens Landsat / TM, por exemplo, têm 7 bandas: 0,45 µm a

0,52 µm, 0,52 µm a 0,60 µm, 0,63 µm a 0,69 µm, 0,76 µm a 0,90 µm, 1,55 µm a 1,75

µm, 2,08 µm a 2,35 µm, 10,4 µm a 12,5 µm (Figura 4.23). Muitos sistemas sensores

registram energia ao longo de intervalos separados de comprimentos de onda com

várias resoluções espectrais distintas. Desta forma, são chamados sensores multi-

espectrais. Atualmente existem sistemas bastante avançados em termos multi-

espectrais são os chamados sensores hiperespectrais, que cobrem centenas de

faixas espectrais muito estreitas ao longo do visível, infravermelho próximo, e

porções do infravermelho médio do espectro eletromagnético. A resolução espectral

alta facilita a discriminação entre objetos diferentes com base nas suas respostas

espectrais em cada faixa estreita.

46

Figura 3.5a – Bandas Espectrais do sensor Thematic Mapper -TM.

Fonte: INPE (2003).

3.6. RESOLUÇÃO RADIOMÉTRICA

Refere-se à capacidade do sistema sensor em detectar as variações da

radiância espectral recebida. A radiância de cada pixel passa por uma codificação

digital, obtendo um valor numérico, expresso em bits, denominado de Número Digital

(ND). Este valor é facilmente traduzido para uma intensidade visual ou ainda a um

nível de cinza, localizado num intervalo finito (0, K-1), onde K é o número de valores

possíveis, denominados de níveis de quantização(SCHOWENGERDT,1983).

O número de níveis de cinza está expresso em bits, ou seja, expresso em

função do número de dígitos binários necessários para armazenar, em forma digital,

o valor do nível máximo de cinza. O seu valor é sempre em potência de 2, por

exemplo 8 bits significam 28 = 256 níveis de cinza. As diferenças são maiores nos

níveis 2 e 4 do que nos níveis 256 e 2048, devido ao fato do olho humano não

possuir sensibilidade às mudanças de intensidade acima de 30 níveis de cinza

(Crosta, 1993). A Figura 3.6a ilustra essa diferença de níveis de cinza.

47

Figura 3.6a: Diferença de resolução radiométrica, em área urbana. Fonte: MELO,

2002

3.7. IMAGENS ÓPTICAS

Os sensores passivos, tal como a fotografia, detecta e armazena energia solar ou

terrestre refletida ou emitida pelos objetos da superfície (Ex: imagens de satélite

Landsat e Spot). As imagens deste tipo de sensor irão depender das condições

atmosféricas, pois áreas com nuvens ou bruma não serão imageadas

adequadamente. As características físico-químico dos alvos imageados permitirão

que a energia refletida seja registrada diferentemente em cada porção do espectro

eletromagnético (Figura 3.7a). Os sensores ativos, tal como o radar, gera energia ou

radiação que é refletida pelos objetos do solo. A energia refletida pode ser

armazenada em meio fotográfico ou na forma digital. Os sensores de microondas

são um exemplo, pois detectam energia de 0.1 a 25 cm, onde a absorção

atmosférica é mínima. A energia emitida para os objetos é refletida por esses ao

sensor ( Ex: Radarsat, ERS-1). O imageamento independe das condições

atmosféricas.

A localização de pixels (picture element) na imagem é determinada através de um

sistema bidimensional de linhas e colunas, expressas em coordenadas X e Y. A

imagem organizada desta forma num reticulado de linhas e colunas é denominada

48

dado raster ou formato matricial. A imagem está relacionada a uma função

bidimensional de intensidade da luz f (x, y), onde x e y são coordenadas espaciais

linhas e colunas. Existe ainda uma outra variável z relacionada à variação tons de

cinza da imagem. O valor de z é denominado, digital number- DN, ou tom de cinza

(A imagem digital pode ser representada por uma matriz de linhas x, colunas y e z

para os DN. Desta forma, uma imagem digital é uma função discreta f (x, y), definida

por uma grade regular de m linhas e n colunas, representada por: f (i,j), onde : 0<i<j<

n-1; para f variando de [0 ,k-1]; onde, k= níveis de cinza (DN). Cada elemento dessa

matriz (i, j) é determinado por elementos da imagem, pixel. Este sistema poderá ser

transformado para um sistema cartográfico de coordenadas através de pontos de

controle reconhecíeis na imagem. Desta forma, uma imagem devidamente tratada,

poderá servir de base para à concepção de carta imagem (uma fonte de dados para

Sistema de Informações Geográficas).

Em geral imagens de sensoriamento remoto apresentam-se como arquivo

multibanda (conjuntos de várias imagens referentes às faixas espectrais) ou banda

simples (ex. imagem digitalizada), de formato contínuo. Para cada (linha , coluna)

existe um z (nível de cinza). Um dado contínuo é aquele que contém um conjunto

valores contínuos para os DNs (Ex. Landsat, Spot, MDT). Um outro tipo de formato

muito comum é o temático, oriundo de imagens processadas de uma banda,

associada a uma tabela de atributo. Esta imagem está vinculada a dados qualitativos

e/ou categóricos (Ex: mapa de uso do solo, vegetação), este tipo de dado é bastante

comum ao SIG. A imagem temática pode ser descontínua, pois determinado pixel

pode não estar associado à determinada classe ou valor. Atualmente existem vários

formatos para as imagens dependendo do software disponível, contudo o formato

mais comumente utilizado é o tiff ou geotiff. 4- SISTEMAS SENSORES 4.1- Sistema

Imagens LANDSAT Talvez a mais importante fonte de dados digitais em forma de

imagens sobre a superfície terrestre pertence ao conjunto de satélites do projeto

Landsat, programa lançado pela NASA a partir de 1972 para aquisição contínua de

dados digitais de sensoriamento remoto (NASA, 1988). Landsat 4 foi lançado em

julho de 1982 e o Landsat 5 em março de 1984. O Landsat 6 caiu e nunca entrou em

fase operacional. O Landsat 7 foi lançado em abril de 1999, tendo funcionado

normalmente até março de 2003 quando interrompeu-se a captação de imagens por

problemas técnicos. As imagens apresentam distorções o que inviabilizou o seu uso

49

comercial. A nova geração de satélite Landsat está prevista para 2007. Apesar dos

problemas é ainda hoje o sistema Landsat o maior provedor de imagens sobre a

superfície terrestre, figura 3.7

Figura 3.7a: Característica da captação da Imagem

Sistema SPOT O programa SPOT: (Systéme Probatoire de l’Observation de la

Terre) foi planejado e projetado como um sistema operacional e comercial.

Estabelecido pelo governo francês em 1978, com a participação da Suécia e

Bélgica, o programa é gerenciado pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais –

CNES (Tolouse-França), que é o responsável pelo desenvolvimento do programa e

operação dos satélites. Já foram lançados os SPOT 1, 2 e 3 ,4 e o mais recente

Spot 5 em 2002. O SPOT 5 apresenta maior detalhamento,mantendo as mesmas

faixas de observação. Dois novos instrumentos HRG (High-Resolution Geometric)

imageiam com 5 m de resolução em Pancromático e 2.5 metros em "supermode".

Cada um dos dois instrumentos recobre uma faixa de 60 Km no solo, dentro de um

corredor potencial de visibilidade de ±420 km. Da mesma forma que os sensores dos

antecessores do SPOT 5, os instrumentos HRG podem imagear igualmente em

modo multiespectral em 4 bandas (faixa espectral da luz verde, vermelho,

infravermelho próximo e infravermelho médio) . Graças as bandas no infravermelho

o SPOT 5 permite uma maior aplicabilidade ao mapeamento temático. Se

comparado com seu antecessor (SPOT 4) ainda em funcionamento pode-se resumir

50

as inovações a partir dos seguintes aspectos: ¾ 5 m e 2.5 m de resolução em P&B

no modo Pancromático, contra 10m anteriormente; ¾ 10 m de resolução em cores

contra 20 m anteriormente; ¾ A área recoberta por cada cena será mantida 60 km x

60 km. ¾ Resolução temporal de 3 a 5 dias. Estas características permitem o uso

das imagens SPOT 5 para aplicações nas escalas entre 1:10.000 e 1:50.000.

Atualmente este tipo de imagem vem sendo utilizado com vistas a atualização do

mapeamento sistemático.

Figura 3.7b: Característica da captação da Imagem.

IKONOS: O satélite IKONOS lançado em 1999, foi o primeiro de alta resolução

espacial de 1m na banda pancromática e de 4 metros nas bandas multiespectral. A

Tabela 5 mostra as principais características das imagens e do satélite IKONOS.

Tabela 5- Características da Imagem Ikonos (Adaptado, Engesat, 2003)

51

Outros sistemas:

Existe no mercado um grande numero de satélites dentre os quais podemos citar: a)

CBERS: China Brazil Earth Resources Satellite. Lançado em 1999 na China, o

satélite sino-brasileiro passou a gerar imagens comerciais a partir do segundo

semestre de 2000; b) IRS: Indian Remote Sensing Satellite, possui a pancromática

de 5 m de resolução, cada uma recobrindo 70 por 70 Km; c) ASTER (Advanced

Spacebone Thermal Emission and Reflection Radiometer) é um dos Instrumentos a

bordo do satélite EOS AM-1 e obtém imagens de alta resolução (15 a 90 m); d)

NOAA : são satélites originariamente concebidos para observação de dados

meteorológicos, no entanto estes dados tem sido utilizados em agronomia e

oceanografia. O primeiro satélite foi lançado em 1978. Abrange pequenas escalas

visto que apresenta uma resolução espacial de 1.1 x 1.1 km e a varredura é de 2700

km. Entre outros.

3.8. IMAGENS DE RADAR

A formação de uma imagem SAR requer o processamento coerente do sinal de

retorno recebido após a emissão dos pulsos. O processamento do sinal é,

52

geralmente, dividido em duas etapas: o processamento em UDQJH e o

processamento em azimute. O sinal recebido (complexo) de cada pulso emitido é

demodulado em fase (,) e quadratura (4), amostrado (dada uma função de

referência) e convertido para o formato digital (para formar uma sequência de

dados). A sequência de dados formada é denominada UDQJH ELQ ou UDQJH

JDWH e irá formar uma linha da imagem, com número de SL[HOV dependente da

taxa de amostragem empregada no sinal. Esta taxa de amostragem define o

espaçamento entre centros de SL[HOV (SL[HO VSDFLQJ). À medida que o sensor

se desloca (na direção azimutal), o processamento dos pulsos emitidos irá compor

as colunas da imagem (processamento em azimute). Em Mura (1990, 1991) e

Fernandes (1993), o processamento SAR para a formação de uma imagem é

descrito detalhadamente. As imagens SAR complexas obtidas pelo processo de

demodulação coerente podem ser representadas pelas suas componentes em fase

(,) e quadratura (4), como dito anteriormente. Contudo, estas imagens ainda podem

ser representadas em intensidade ou amplitude, dependendo apenas do tipo de

detecção realizada, quadrática ( 2 2 , + 4 ) ou linear ( 2 2 , + 4 ), respectivamente. As

diferenças existentes entre estas formas de se representar as imagens SAR podem

ser observadas na Figura 3.8a, de onde nota-se a impossibilidade de se visualizar

qualquer tipo de feição (alvos) nas componentes complexas.

53

Figura 3.8a: Diferenças existentes entre estas formas de se representar as imagens

SAR.

As imagens em amplitude ou em intensidade resultantes podem ser

armazenadas no formato original em 32 ELWV, onde o valor de cada SL[HO é

representado por um número real, positivo e de simples precisão. Muitas vezes, este

valor pode ser quantizado (discretizado) para 8 ou 16 ELWV, resultando em imagens

com 256 ou 65536 níveis de cinza (valores inteiros e positivos), respectivamente.

Com o processo de discretização, em geral, procura-se manter a proporcionalidade

entre o nível de cinza e o sinal de retorno. É importante lembrar que as propriedades

estatísticas da imagem podem ser alteradas com o processo de discretização da

imagem, assim como a discriminação de feições.

54

3.9. APLICAÇÕES

Em estudos para fins de levantamentos, monitoramento ou mapeamento, com uso

de imagens de satélites, algumas etapas devem ser seguidas, entre elas: definição

dos objetivos e da área de estudo, revisão bibliográfica, coleta de dados, escolha

das bandas espectrais, (veja tabela), definição da escala, aquisição de imagens e de

outros produtos necessários, processamento (no caso de produtos digitais), análise

e interpretação visual preliminar, trabalho de campo, processamento, análise e

interpretação visual final, elaboração e impressão de mapas e relatório. O SR

possibilita aplicações em inúmeras áreas: agricultura, meio ambiente, geologia,

recursos hídricos, estudo de solos, florestas, etc. A título de ilustração, a seguir é

apresentado um exemplo de aplicação na agricultura. Várias aplicações do SR

podem ser utilizadas no campo da Agricultura: previsão de safras, mapeamento de

culturas, definição de áreas de aptidão agrícola, zoneamento agro-ecológico,

monitoramento de incêndios em lavouras e pastagens, etc. Na previsão de safras,

por exemplo, o SR pode ser utilizado em dois segmentos: no dimensionamento das

áreas de plantio e na estimativa do rendimento. No cálculo da área de plantio é

necessário proceder a identificação e mapeamento das lavouras de interesse, isto

exige normalmente registro das imagens ou fotos aéreas, de modo a georeferenciá-

las. Este georeferenciamento permite localizar e mapear lavouras, seja dentro de

propriedades ou dentro de municípios de interesse. Este georeferenciamento é

necessário no sentido de se evitar erros tais como adicionar a um município áreas

pertencentes ao outros, ou deixar de computar em um município áreas cultivadas no

mesmo. Outro tratamento necessário no cálculo das áreas de plantio é a

classificação, necessária para a identificação e mapeamento das culturas. O período

das imagens deve ser definido em função das condições fenológicas das culturas,

das condições de iluminação e em especial, das condições meteorológicas. A

cobertura de nuvens tem inviabilizado o uso de imagens de satélites para

mapeamento de lavouras no Centro-Oeste brasileiro. Nos meses de janeiro,

fevereiro e março, período ideal para o mapeamento, dificilmente encontra-se

imagens sem cobertura de nuvens dessa região. Entre as informações do SR, que

podem ser utilizadas para a estimativa do rendimento, destaca-se o índice de

vegetação (IV) (Fig. 3.9a). Este índice baseia-se no comportamento espectral da

vegetação. Em geral toda vegetação, em bom desenvolvimento vegetativo, absorve

55

significativamente a radiação na faixa do visível, como energia para o processo da

fotossíntese. Por outro lado, esta mesma vegetação reflete fortemente a radiação do

infravermelho. A intensidade da absorção do visível e da reflectância do

infravermelho é mais acentuada quanto melhor estiver o desenvolvimento da planta.

Devido a forte absorção, a radiância correspondente à faixa do visível chega

enfraquecida no satélite, enquanto a correspondente ao infravermelho, fortemente

refletida pela vegetação, chega com forte intensidade. Esta diferença de

intensidades é captada pelo sistema sensor e registrada na imagem digital. Em

computador, por meio de operações aritméticas simples, utilizando os níveis de

cinza dos pixels, obtém-se um valor numérico, chamado de índice de vegetação. O

IV, portanto reflete o estado de desenvolvimento da cultura e, consequentemente

reflete a expectativa de rendimento da mesma. O IV é recomendado somente para

lavouras mais extensas, pois em lavouras de menor dimensão, pode ocorrer a

mistura de várias culturas em um único pixel, o que dificulta e até mesmo inviabiliza

seu uso. A estimativa da produtividade agrícola necessita de acompanhamentos

frequentes, portanto, no caso de se utilizar imagens de satélite para esta finalidade,

estas devem ser de alta resolução temporal. Por esta razão é que se tem verificado

inúmeros testes utilizando imagens dos satélites NOAA, cuja frequência de

imageamento é praticamente diária.

56

Tabela 3.9.1 - Bandas Espectrais do Sensor TM e suas aplicações

Fig. 3.9a - Índice de vegetação

57

4. BIBLIOGRAFIA BÁSICA

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