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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE SAÚDE DE NOVA FRIBURGO CURSO DE GRADUÇÃO EM BIOMEDICINA RAYANE PAULA MACHADO DA SILVA EFEITO DE DIETA HIPERSÓDICA E HIPERENERGÉTICA NO REMODELAMENTO DO TECIDO ADIPOSO BRANCO E MARROM DE CAMUNDONGOS C57BL/6 NOVA FRIBURGO, RJ 2017

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    INSTITUTO DE SAÚDE DE NOVA FRIBURGO

    CURSO DE GRADUÇÃO EM BIOMEDICINA

    RAYANE PAULA MACHADO DA SILVA

    EFEITO DE DIETA HIPERSÓDICA E HIPERENERGÉTICA NO

    REMODELAMENTO DO TECIDO ADIPOSO BRANCO E

    MARROM DE CAMUNDONGOS C57BL/6

    NOVA FRIBURGO, RJ

    2017

  • i

    RAYANE PAULA MACHADO DA SILVA

    EFEITO DE DIETA HIPERSÓDICA E HIPERENERGÉTICA NO

    REMODELAMENTO DO TECIDO ADIPOSO BRANCO E

    MARROM DE CAMUNDONGOS C57BL/6

    Monografia apresentada à Universidade

    Federal Fluminense/ Instituto de Saúde

    de Nova Friburgo, como Trabalho de

    Conclusão do Curso de graduação em

    Biomedicina.

    ORIENTADORA:

    PROFa. DRª. CAROLINE FERNANDES DOS SANTOS BOTTINO

    NOVA FRIBURGO, RJ

    2017

  • Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca de Nova Friburgo

    S586e Silva, Rayane Paula Machado da

    Efeito de dieta hipersódica e hiperenergética no remodelamento do tecido

    adiposo branco e marrom de camundongos C57BL/6. / Rayane Paula Machado

    da Silva ; Profª. Drª. Caroline Fernandes dos Santos Bottino, orientadora. --

    Nova Friburgo, RJ: [s.n.], 2017.

    58f. : il.

    Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biomedicina) –

    Universidade Federal Fluminense, Instituto de Saúde de Nova Friburgo,

    2017.

    1. Tecido adiposo branco. 2. Tecido adiposo marrom. 3. Sacarose. 4. Sal.

    I. Bottino, Caroline Fernandes dos Santos, Orientadora. II. Título.

    CDD M616.07

  • ii

    RAYANE PAULA MACHADO DA SILVA

    EFEITO DE DIETA HIPERSÓDICA E HIPERENERGÉTICA NO

    REMODELAMENTO DO TECIDO ADIPOSO BRANCO E

    MARROM DE CAMUNDONGOS C57BL/6

    Monografia apresentada à Universidade

    Federal Fluminense/ Instituto de Saúde

    de Nova Friburgo, como Trabalho de

    Conclusão do Curso de graduação em

    Biomedicina.

    Aprovado em 30 de novembro de 2017

    Banca Examinadora

    _____________________________________

    Profa. Dra. Caroline Fernandes dos Santos Bottino (Titular/Orientador) Universidade Federal Fluminense – Instituto de Saúde de Nova Friburgo

    _____________________________________

    Prof. Dr. Leonardo de Souza Mendonça (Titular) Universidade Federal Fluminense – Instituto de Saúde de Nova Friburgo

    _____________________________________

    Me. Kelly Costa de Almeida (Titular) Universidade Federal Fluminense – Instituto de Saúde de Nova Friburgo

    _____________________________________

    Profa. Dra. Thereza Cristina Lonzetti Bargut (Suplente) Universidade Federal Fluminense – Instituto de Saúde de Nova Friburgo

    NOVA FRIBURGO, RJ

    2017

  • iii

    À minha família e à minha orientadora,

    por terem sido o suporte necessário para

    que este momento fosse possível

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    À minha família, por serem a razão, base e estrutura para que eu me tornasse

    tudo que sou hoje.

    Aos amigos, em especial Talini e Maria, por todo ensinamento sobre

    cumplicidade, lealdade, gentileza e principalmente, respeito e amor ao próximo.

    A minha orientadora Caroline, pela paciência durante esses 4 anos, mas acima

    de tudo, por ser fonte de inspiração e por me mostrar que quando se tem fé no

    mundo e amor ao que se faz, é possível mover – mais do que montanhas –

    pessoas e causas.

    A toda equipe do Laboratório Multiusuário de Pesquisa Biomédica, em especial

    Kelly, Leonardo e Felipe, por toda ajuda e suporte durante os anos de iniciação

    científica, mas principalmente por todas as conversas, risadas, piadas e apelidos

    compartilhados.

    Aos colegas de turma que ao longo desses anos fizeram juz às palavras união e

    cooperação.

    As colegas de projeto, Camila e Débora, por terem sido primordiais para o

    desenvolvimento e conclusão deste projeto.

    À todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, na caminhada até

    aqui.

    Por último, mas não menos importante, à Deus, por não unir pessoas, mas sim

    propósitos.

  • v

    Os únicos presentes do mar são golpes duros

    e às vezes, a chance de sentir-se forte. Eu

    não sei muito sobre o mar, mas sei que as

    coisas são assim por aqui. E também sei

    como é importante na vida, não

    necessariamente ser forte, mas sentir-se forte,

    confrontar-se ao menos uma vez, encontrar-

    se ao menos uma vez na mais antiga

    condição humana, enfrentando à sós a pedra

    surda e cega, sem outra ajuda além das

    próprias mãos e da cabeça

    Into The Wild, 2007

  • vi

    RESUMO

    As doenças cardiovasculares, a obesidade e o diabetes são comorbidades cada

    vez mais comuns na sociedade moderna e estão intimamente associados ao

    estilo de vida sedentário e a ingestão de dietas ocidentais ricas em lipídeos

    saturados. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de uma

    dieta hipersódica e hiperenegética sobre o metabolismo lipídico, glicídico e

    adiposidade corporal em camundongos C57BL/6 machos e fêmeas. Foram

    utilizados camundongos C57BL/6 machos e fêmeas. Aos 3 meses de idade, eles

    foram alimentados com dieta controle (C) ou dieta HFSS (high fat, sucrose and

    salt) por 6 ou 12 semanas, e com dieta HFSS por 6 semanas seguido de dieta

    controle (HFSS->C), totalizando em dez grupos experimentais (n=15/grupo). A

    massa corporal e a ingestão hídrica foram aferidas semanalmente e a ingestão

    de ração diariamente. Foram aferidas também a glicemia e a insulina de jejum,

    além do teste oral de tolerância à glicose. No momento da eutanásia, o fígado,

    as gorduras inguinal, genital e marrom foram coletados para posterior análise

    bioquímica e morfológica quantitativa. Todas as análises estatísticas foram

    realizadas no Software GraphPad Prisma Versão 6.0 e no Statistica e um P

  • vii

    ABSTRACT

    Cardiovascular disease, obesity, and diabetes are increasingly common

    comorbidities in modern society and are closely associated with both sedentary

    lifestyle and the ingestion of Western diets rich in saturated lipids. Thus, the

    objective of this study was to evaluate the effects of a hyperenergetic diet rich in

    sodium on lipid metabolism, glucose and body adiposity in male and female

    C57BL/6 mice. Male and female C57BL/6 mice were used. At three months old,

    mice were fed a control diet (C) or a high fat, high sucrose, high salt diet (HFSS)

    for 6 or 12 weeks, and with HFSS diet for 6 weeks followed by 6 weeks on CON

    diet (HFSS->C) summing ten experimental groups (n=15/group). Body mass and

    water intake were measured weekly and food daily. Blood glucose and fasting

    insulin were also checked, in addition to oral glucose tolerance test. At

    euthanasia, the liver, inguinal, genital and brown fat depots were collected for

    subsequent biochemical and quantitative morphological analysis. All statistical

    analyses were performed on GraphPad Prism Software 6.0 or Statistica, and a

    P

  • viii

    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................01

    2 REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................04

    2.1 LIPIDEOS DA DIETA E METABOLISMO....................................................04

    2.2 CARBOIDRATOS DA DIETA E METABOLISMO........................................05

    2.3 SAL E METABOLISMO................................................................................07

    2.4 OBESO METABOLICAMENTE SAUDÁVEL E MAGRO

    METABÓLICAMENTE OBESO..........................................................................08

    2.5 TECIDO ADIPOSO BRANCO E MARROM..................................................10

    3 OBJETIVOS....................................................................................................12

    3.1 OBJETIVOS GERAIS...................................................................................12

    3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................12

    4 MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................13

    4.1 QUESTÕES ÉTICAS....................................................................................14

    4.2 OBTENÇÃO DA AMOSTRA.........................................................................14

    4.3 INGESTÃO DE RAÇÃO, ÁGUA E ENERGIA...............................................15

    4.4 BIOMETRIA.................................................................................................15

    4.5 TRIGLICERÍDEOS TECIDUAIS...................................................................16

    4.6 PREPARO HISTOLÓGICO DO TECIDO ADIPOSO....................................17

    4.7 MORFOMETRIA: TECIDO ADIPOSO BRANCO..........................................18

    4.8 MORFOMETRIA: TECIDO ADIPOSO MARROM.........................................19

    4.9 METABOLISMO GLICÍDICO........................................................................20

    4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................21

    5 RESULTADOS ...............................................................................................22

    5.1 INGESTÃO DE RAÇÃO, ÁGUA E ENERGIA...............................................22

    5.2 BIOMETRIA.................................................................................................25

  • ix

    5.3 TRIGLICERÍDEOS TECIDUAIS...................................................................32

    5.4 MORFOMETRIA DO TECIDO ADIPOSO.....................................................33

    5.5 METABOLISMO GLICÍDICO........................................................................34

    5.6 INFLUÊNCIA DOS FATORES GÊNERO, DIETA E TEMPO SOBRE OS

    PARÂMETROS..................................................................................................39

    6 DISCUSSÃO ..................................................................................................45

    7 CONCLUSÃO ................................................................................................49

    8 REFERÊNCIAS ..............................................................................................50

    9 ANEXOS ........................................................................................................58

    9.1 APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA....................................................58

  • x

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 – Morfometria das Gorduras Genital e Inguinal................................18

    FIGURA 2 – Morfometria da Gordura Marrom....................................................19

    FIGURA 3 – Ingestão de Ração.........................................................................22

    FIGURA 4 – Consumo de Energia......................................................................23

    FIGURA 5 –. Ingestão de Água..........................................................................24

    FIGURA 6 –. Massa Corporal.............................................................................25

    FIGURA 7 – Fígado............................................................................................25

    FIGURA 8 – Gordura Branca Total.....................................................................26

    FIGURA 9 – Gordura Genital.............................................................................28

    FIGURA 10 – Gordura Inguinal..........................................................................28

    FIGURA 11 – Gordura Marrom...........................................................................29

    FIGURA 12 – Relação Gordura Genital:Inguinal................................................30

    FIGURA 13 – Relação Gordura Branca: Gordura Marrom..................................30

    FIGURA 14 – Relação Gordura Genital: Gordura Marrom..................................31

    FIGURA 15 – Relação Gordura Inguinal: Gordura Marrom................................31

    FIGURA 16 – Triglicerídeos Hepático................................................................32

    FIGURA 17 – Triglicerídeos da Gordura Marrom................................................32

    FIGURA 18 – Morfometria de Gordura Genital...................................................33

    FIGURA 19 – Morfometria de Gordura Inguinal..................................................34

    FIGURA 20 – Morfometria de Gordura Marrom..................................................34

    FIGURA 21 – Glicemia de Jejum........................................................................36

    FIGURA 22 – Insulina Sérica..............................................................................36

    FIGURA 23 - Tolerância à glicose em camundongos C57Bl/6

    machos..............................................................................................................37

    FIGURA 24 - Tolerância à glicose em camundongos C57Bl/6

    fêmeas...............................................................................................................38

  • xi

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 – Composição Nutricional das Dietas Experimentais.......................13

    TABELA 2 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta

    sobre a ingestão e massa corporal.....................................................................41

    TABELA 3 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta

    sobre o fígado e a adiposidade..........................................................................42

    TABELA 4 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta

    sobre os triglicerídeos teciduais.........................................................................43

    TABELA 5 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta

    sobre o diâmetro dos adipócitos de gordura genital, inguinal e

    marrom...............................................................................................................43

    TABELA 6 - Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta

    sobre o metabolismo glicídico............................................................................44

  • 1

    1 INTRODUÇÃO

    Nos últimos anos a sociedade passou por uma crescente modernização

    que trouxe uma série de mudanças, principalmente no que diz respeito à

    alimentação. A dieta atual, rica em carboidratos simples e lipídeos saturados

    associada a um hábito de vida sedentário fez com que patologias tais como a

    obesidade, o diabetes e as desordens cardiovasculares se tornassem cada vez

    mais presentes. Tudo isso porque a associação de uma alimentação inadequada

    mais a inatividade física tem como resultado um balanço energético positivo,

    fazendo com que toda energia ingerida em excesso seja armazenada no tecido

    adiposo na forma de triacilglicerol, gerando um estoque para os possíveis

    períodos de necessidade, o que foi chamado de “genótipo econômico” (Prentice

    e Moore, 2005).

    O consumo excessivo de alimentos ricos em gordura, em especial a

    gordura saturada está fortemente associada com o desenvolvimento de doenças

    cardiovasculares e aumento da mortalidade (Mozaffarian et al., 2015). Assim

    como o consumo de gorduras saturadas, o consumo de carboidratos também

    está diretamente relacionado com a alta prevalência de obesidade e diabetes

    tipo 2. Isso aconteceu principalmente pelo fato da frutose ter se tornado um dos

    principais componentes da dieta atual. O consumo de xarope de milho (HFCS,

    high-fructose corn syrup) é o principal responsável por esse aumento

    exponencial no consumo de frutose, isso porque ele é o principal adoçante

    utilizado pela indústria alimentícia, estando presente em comidas processadas,

    iogurtes, pão industrial, biscoitos, refrigerantes carbonatados, molho de salada

    e geleias (Bray et al., 2004). A frutose não estimula a secreção de insulina ou

    leptina, o que sugere que não ocorra ativação dos sinais aferentes responsáveis

    por regular a ingestão alimentar, fazendo com que o aumento da ingestão

    calórica não seja notado pelo encéfalo, o que tem como consequência um

    quadro de obesidade resultante do aumento da ingestão calórica (Bray et al.,

    2004).

  • 2

    O aumento da ingestão de sal está diretamente relacionado ao

    desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Aaron e Sanders, 2013). Isso

    porque, além de ser fator etiológico da hipertensão arterial, ele atua sobre o

    coração e os vasos sanguíneos, podendo causar um aumento da massa

    ventricular esquerda, um espessamento e enrijecimento da parede arterial, a

    incidência de acidente vascular encefálico, a insuficiência cardíaca grave e

    doença renal (Tobian e Hanlon, 1990; Meneton et al., 2005; Aaron e Sanders,

    2013). Além dos efeitos sob a pressão arterial, o sal estaria envolvido com outros

    efeitos adversos, como o carcinoma do estômago e a longo prazo sobre a

    desmineralização óssea (MacGregor; 1997). Sendo assim, a diminuição da

    ingestão de sódio e aumento da ingestão de potássio é extremamente importante

    no que diz respeito a preservação da função renal, cerebral e cardiovascular

    (Aaron e Sanders, 2013).

    No contexto da obesidade e das alterações metabólicas associadas, o

    tecido adiposo passou a ter uma atenção especial por suas importantes funções

    no equilíbrio energético. O tecido adiposo branco (TAB) é capaz de alterar de

    forma rápida e significativa o seu tamanho através do que é chamado de

    hipertrofia e/ou hiperplasia dos seus adipócitos, desempenhando um papel

    importante no armazenamento de energia. Existe uma diversidade entre os

    diferentes depósitos de TAB distribuídos pelo corpo. Enquanto o excesso de

    tecido adiposo visceral (TAV) é um fator de risco para doenças cardiovasculares,

    a quantidade de tecido adiposo subcutâneo (TASC) possui menor importância,

    mesmo em indivíduos obesos (Canoy et al., 2007; Rosito et al., 2008; Porter et

    al., 2009). As alterações metabólicas decorrentes da obesidade estão

    associadas ao acúmulo de TAV na cavidade abdominal, que resulta em

    resistência à insulina, hiperinsulinemia, dislipidemia, doença do fígado gordo não

    alcoólica e alterações pró-inflamatórias e pró-trombóticas (Lemieux et al., 2001;

    Wajchenberg et al., 2002; Despres e Lemieux, 2006; Park et al., 2008).

    O tecido adiposo marrom (TAM) se destaca por ser principal mediador da

    termogênese adaptativa, tendo um papel fundamental no gasto energético

    (Seydoux e Girardier, 1978; Rothwell, 1989). Esse gasto energético se dá

    através da proteína desacopladora 1 (UCP-1), presente nas mitocôndrias desse

    tecido. Ela atua desacoplando elétrons da síntese de ATP, o que faz com que a

  • 3

    energia ali presente seja liberada na forma de calor. Até pouco tempo acreditava-

    se que o TAM só estava presente em bebês, como uma forma de proteção

    térmica para enfrentar o ambiente frio encontrado após o nascimento (English et

    al., 1973; Huttunen et al., 1981), sendo considerado inexistente em adultos

    (Lean, 1989). Entretanto, recentemente diversos estudos identificaram o TAM

    em humanos adultos na região cervical-supraclavicular (mais comum),

    perirrenal, adrenal, paravertebral e ao redor de grandes vasos como, por

    exemplo, a artéria aorta e seus principais ramos, assim como inserido no TAB

    (Nedergaard et al., 2007; Cypess et al., 2009). Devido ao seu papel na

    termogênese adaptativa e no gasto energético, o TAM, assim como os

    mecanismos envolvidos no seu desenvolvimento e o controle da transcrição, tem

    sido vistos como um potencial protetor contra o desenvolvimento da obesidade

    e doenças relacionadas (Ohno et al., 2012).

    O tecido adiposo, em especial o branco, também tem sido visto com a

    chave para dois grupos de indivíduos que vão contra a ideia de que as alterações

    metabólicas estão relacionadas ao peso corporal: os obesos metabolicamente

    saudáveis e os magros metabolicamente obesos (Badoud et al., 2015). O

    primeiro fenótipo corresponde aos indivíduos que apresentam IMC normal (

  • 4

    2 REVISÃO DA LITERATURA

    2.1 LIPÍDIOS DA DIETA E METABOLISMO

    Os lipídios, popularmente conhecidos como gordura, são compostos

    orgânicos presentes na alimentação, fontes de ácidos graxos essenciais e

    vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) (Saúde, 2006). Eles concentram em média

    9,0 Kcal de energia por cada grama ingerida, sendo o macronutriente de maior

    densidade calórica. Recomenda-se que 25 a 30% da ingestão calórica diária seja

    proveniente de fontes de gordura (Saúde, 2006). O tipo de gordura ingerida tem

    total influencia no metabolismo lipídico, como demonstram diversos estudos

    experimentais e populacionais (Saúde, 2006). As gorduras, são divididas de

    acordo com a sua estrutura química, em saturadas e insaturadas (Simão et al.,

    2013)

    As gorduras saturadas estão presentes em alimentos de origem animal e

    seu consumo deve ser realizado com moderação, pois os mesmos

    desempenham um papel crucial na promoção de danos à saúde metabólica

    (Bielski et al., 1983; Hariri et al., 2010), favorecendo o desenvolvimento da

    obesidade, que por si só representa um fator de risco independente para as

    doenças cardiovasculares, sendo a maior causa de mortalidade nos Estados

    Unidos (Mozaffarian et al., 2015). Os ácidos graxos insaturados são divididos,

    de acordo com a sua estrutura química em monoinsaturados e poli-insaturados

    e possuem potencial menos deletério à saúde (Bielski et al., 1983; Hariri et al.,

    2010).

    A gordura trans é encontrada em quantidades insignificantes na carne e

    no leite, sendo essas produzidas a partir da hidrogenação parcial de óleos

    vegetais (Simão et al., 2013). Esta gordura possui uma consistência que varia

    de semissólida a sólida, assemelhando-se, assim, a gordura saturada (Simão et

    al., 2013). Ela está presente em diversos produtos industrializados, tendo como

    exemplos mais frequentes os biscoitos, sorvetes cremosos e tortas (Simão et al.,

  • 5

    2013). Assim como a gordura saturada, as gorduras trans estão associadas à

    danos à saúde metabólica e a recomendação é de que o seu consumo também

    seja reduzido pela população (Simão et al., 2013). Para substitui-la, a indústria

    criou as gorduras interesterificadas, que são isentas de gordura trans, porém

    com uma maior quantidade de ácidos graxos saturados (Simão et al., 2013).

    Pesquisas experimentais e clínicas ainda são necessárias para elucidar a ação

    dessas gorduras sobre o risco cardiovascular e assegurar que o seu consumo é

    seguro (Simão et al., 2013)

    Além das gorduras já citadas, existe os ácidos graxos ômega-3 e ômega-

    6. O ômega-3 está presente nos óleos vegetais e em peixes de água fria e exerce

    inúmeros efeitos benéficos sobre o metabolismo, diminuindo as chances de

    desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Simão et al., 2013). Por outro

    lado, os ácidos graxos ômega-6 são encontrados em óleos vegetais e a sua

    ingestão é fundamental uma vez que os humanos não são capazes de sintetizá-

    los, só sendo obtidos através da alimentação (Di Pascoale, 2009).

    2.2 CARBOIDRATOS DA DIETA E METABOLISMO

    Carboidratos são compostos orgânicos heterogêneos, resultantes da

    interação entre átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio podendo apresentar

    também nitrogênio, fósforo ou enxofre em sua composição. Eles são

    popularmente conhecidos como açúcares, sendo o principal macronutriente da

    dieta mundial e a mais importante fonte de energia do corpo humano. Os

    carboidratos concentram em média 4,0 Kcal por g ingerida. Recomenda-se que

    50 a 60% da ingestão calórica diária seja proveniente de carboidratos, sendo

    10% deles simples e 40 a 50% complexos (Saúde, 2006). Após absorvidos, os

    carboidratos são convertidos rapidamente em glicose, sua principal forma de

    metabolização. Eles são divididos de acordo com a sua estrutura química em

    carboidratos simples, formados por apenas um monossacarídeo ou pela ligação

    de dois deles (p.ex., mono e dissacarídeos) e complexos, formados pela ligação

  • 6

    de 3 ou mais monossacarídeos (p.ex., oligossacarídeos e polissacarídeos)

    (Saúde, 2006).

    O consumo excessivo de carboidratos simples, em especial na forma de

    açúcar refinado (glicose), presente em 75% dos alimentos embalados e bebidas,

    está fortemente associado a alta prevalência de obesidade e diabetes tipo 2. Os

    alimentos minimamente refinados e principalmente os alimentos ultra refinados

    estão diretamente relacionados ao aumento de doenças crônicas (Ng et al.,

    2012; Sanders, 2015; Stanhope, 2016).

    Além da glicose, a frutose também tem recebido atenção, pois é um dos

    principais componentes da dieta moderna, em especial na forma de sacarose. A

    sacarose é um dissacarídeo formado por frutose e glicose. Ela está presente nas

    frutas, na cana-de-açúcar, em leguminosas como a beterraba, no mel e no

    xarope de milho rico em frutose (high-fructose corn syrup, HFCS) (Tappy et al.,

    2010). Atualmente a frutose é o principal adoçante utilizado pela indústria

    alimentícia, sendo encontrado em refrigerantes carbonatados, comidas

    processadas, iogurtes, pão industrial, biscoitos, molho de salada e geleias (Bray

    et al., 2004).

    A frutose possui um baixo índice glicêmico, o que por muito tempo fez com

    que seu consumo fosse tido como apropriado por pacientes portadores de

    diabetes tipo 2. Entretanto, estudos experimentais, especialmente em roedores,

    mostraram que seu consumo crônico promove resistência à insulina hepática e

    extra-hepática, obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial. Apesar de

    possuir fórmula química idêntica à da glicose (C6H12O6), seu metabolismo é

    diferente, sofrendo completa extração hepática e rápida conversão à glicose,

    glicogênio, lactato e, principalmente, ácidos graxos (Bantle et al., 1992; Tappy et

    al., 2010).

    Dados epidemiológicos também sugerem que o aumento do consumo de

    açúcar, em especial a sacarose, está diretamente relacionado ao

    desenvolvimento de DCVs e desordens metabólicas. As DCVs podem ocorrer

    independentemente do ganho de massa corporal ou ainda, do consumo

    energético elevado e, em alguns casos, ocorre a redução da sensibilidade à

    insulina (Stanhope, 2016). O consumo de uma dieta rica em açúcar contendo

  • 7

    frutose (geralmente sobre a forma de sacarose ou HFCS) se mostrou capaz de

    promover alterações no metabolismo lipídico e glicídico, resistência à insulina,

    elevação nos níveis de ácido úrico, alteração da função plaquetária, peroxidação

    lipídica, aumento da massa corporal e indução de um quadro vascular

    inflamatório (Daub et al., 2010; Te Morenga et al., 2014).

    2.3 SAL E METABOLISMO

    Durante milhões de anos o sal foi utilizado em concentrações mínimas

    (inferior a 0,25 g/dia) apenas para conservação de alimentos (Polonia e Martins,

    2009). No entanto, com o passar dos anos e a crescente modernização da

    sociedade, esse cenário mudou e, atualmente, o consumo diário de sal, que

    deveria ser de no máximo 5 g/dia, chega a 11 g/dia (Nicholls, 2017). Isso porque,

    além de ser usado na forma de sal de cozinha, ele é amplamente utilizado pela

    indústria alimentícia na conservação dos alimentos. Como o seu uso para a

    conservação de alimentos é rentável, não é de interesse dessas empresas

    diminuir a quantidade de sal nesses alimentos (Macgregor; 1997).

    O aumento da ingestão de sal está diretamente relacionado ao

    desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Aaron e Sanders, 2013). Isso

    porque, além de ser o fator etiológico da hipertensão arterial, ele atua sobre o

    coração e os vasos sanguíneos, podendo causar um aumento da massa

    ventricular esquerda, um espessamento e enrijecimento da parede arterial, a

    incidência de acidente vascular encefálico, a insuficiência cardíaca grave e a

    doença renal (Tobian e Hanlon, 1990; Meneton et al., 2005; Aaron e Sanders,

    2013). Além dos efeitos sob a pressão arterial, o sal estaria envolvido com outros

    efeitos adversos, como o carcinoma do estômago e a longo prazo sobre a

    desmineralização óssea (MacGregor; 1997). A diminuição da ingestão de sódio

    e aumento a ingestão de potássio é extremamente importante e recomendada

    no que diz respeito a preservação da função renal, cerebral e cardiovascular

    (Aaron e Sanders, 2013).

  • 8

    2.4 OBESO METABÓLICAMENTE SAUDÁVEL E MAGRO

    METABÓLICAMENTE OBESO

    A obesidade é comumente vista como uma condição maligna, que tem

    como consequência o desenvolvimento precoce de uma séria de alterações

    metabólicas, como o diabetes tipo 2, a dislipidemia e as desordens

    cardiovasculares. No entanto, existem dois subgrupos de indivíduos que

    demonstram que essas alterações cardiometabólicas não estariam envolvidas

    somente com o aumento do peso corporal, sendo eles os magros

    metabolicamente obesos e os obesos metabolicamente saudáveis (Badoud et

    al., 2015).

    Os magros metabolicamente obesos foram descritos pela primeira vez por

    Ruderman e colaboradores em 1981 (Ruderman, 1981) e correspondem aos

    indivíduos que apresentam índice de massa corporal (IMC) normal (< 25 kg/m²),

    porém com risco aumentado para o desenvolvimento de doenças

    cardiovasculares, além de uma série de alterações metabólicas como a

    hiperinsulinemia, o diabetes tipo 2 e a dislipidemia (Badoud et al., 2015). A

    prevalência desse fenótipo na sociedade varia, de acordo com a população

    avaliada, de 10 a 37% (Karelis et al., 2004; Bednarek-Tupikowska et al., 2012).

    Apesar do IMC normal, esses indivíduos apresentam uma quantidade de gordura

    corporal elevada, quando comparados aos indivíduos magros metabolicamente

    saudáveis (Marques Vidal et al., 2010, Di Henzo et al., 2006). Esse aumento da

    adiposidade corporal é citado em diversos estudos como a causa da

    hiperinsulinemia (Kahn et al, 2006; Conus et al., 2004). Uma característica

    interessante é que esses indivíduos apresentam um risco cardiometabólico

    semelhante aos indivíduos obesos metabolicamente não saudáveis (Badoud, et

    al., 2015)

    Por outro lado, os obesos metabolicamente saudáveis foram descritos

    pela primeira vez por Sims e colaboradores em 2001 (Sims, 2001) e

    correspondem aos indivíduos que apresentam IMC para obesidade (< 30kg/m²),

  • 9

    no entanto sem qualquer alteração metabólica (Badoud et al., 2015). Os critérios

    utilizados para definir esse fenótipo variam muito de um estudo para outro.

    Apesar de existirem inúmeras definições sobre o que seria essa saúde

    metabólica, é consensual que as pessoas pertencentes à esse grupo

    apresentam uma sensibilidade à insulina preservada, taxas de glicose e lipídeos

    séricos normais e ausência de doença cardiovascular (Stefan et al., 2013; Rey

    Lopez, 2014). A prevalência desse fenótipo varia entre 13 e 29% entre os ínvidos

    obesos (Van der A. 2014; Yoo, 2013).

    Muito se discute sobre quais mecanismos estariam envolvidos com esses

    dois fenótipos. Uma das hipóteses seria a distribuição de gordura corporal.

    Estudos demonstram que os indivíduos obesos metabolicamente saudáveis

    possuem uma tendência menor em acumular gordura visceral (Dennis et al.,

    2013), enquanto os indivíduos magros metabolicamente saudáveis possuem

    uma tendência maior (Katsuki et al, 2003, Rudderman et al, 1998, Dvorak et al.,

    1999). Como já se sabe, a distribuição de gordura corporal é um fator genético

    (Bouchard et al., 1990; Wajchenberg, 2000), o que leva a crer que esses dois

    fenótipos possuem caráter hereditário.

    Outro ponto importante é se a obesidade metabolicamente saudável é

    uma condição realmente benéfica. Alguns estudos mostram que os indivíduos

    obesos metabolicamente saudáveis possuem uma proteção para o

    desenvolvimento de desordens metabólicas (Karelis et al., 2004; Kuk et al., 2009;

    Ogorodinikova et al., 2012). Contudo, um estudo recente demonstrou que esses

    indivíduos, mesmo sem a presença de alterações metabólicas, possuem um

    risco elevado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e síndrome

    metabólica, da mesma forma que os indivíduos magros metabolicamente obesos

    apresentam riscos similares (Caleyachetty et al., 2017). Dessa forma, pode-se

    dizer que a obesidade metabolicamente saudável é um fator de risco para o

    desenvolvimento de doenças cardiovasculares, assim como as demais

    alterações metabólicas, que podem coexistir ou não com essa obesidade.

  • 10

    2.5 TECIDO ADIPOSO BRANCO E MARROM

    No contexto da obesidade e das alterações metabólicas associadas, o

    tecido adiposo passou a ter uma atenção especial. Isso porquê toda energia

    ingerida em excesso é armazenada na forma de triacilglicerol no tecido adiposo

    branco (TAB). Por outro lado, o tecido adiposo marrom (TAM) tem papel

    importante no gasto energético, sendo o principal mediador da termogênese

    adaptativa (Rosen and Spielgman, 2014)

    O TAB ocupa a maior parte do tecido adiposo total nos humanos. De

    acordo com os estímulos, ele é capaz de alterar de forma rápida e significativa o

    seu tamanho através dos processos de hipertrofia e/ou hiperplasia dos seus

    adipócitos, desempenhando um papel importante no armazenamento de

    energia. Existe uma diversidade entre os diferentes depósitos de TAB

    distribuídos pelo corpo, sendo os de maior importância os que se localizam na

    região visceral e subcutânea (Rosen and Spielgman, 2014)

    O tecido adiposo visceral (TAV), como o próprio nome diz, se localiza na

    cavidade abdominal revestindo todos os órgãos e tecidos. Um acúmulo

    excessivo de gordura no TAV é um fator de risco para doenças cardiovasculares

    (Canoy et al., 2007; Rosito et al., 2008; Porter et al., 2009) e está diretamente

    ligado as alterações metabólicas decorrentes da obesidade, resultando em

    resistência à insulina, hiperinsulinemia, dislipidemia, esteatose hepática não

    alcoólica e alterações pró-inflamatórias e pró-trombóticas (Lemieux et al., 2001;

    Wajchenberg et al., 2002; Despres e Lemieux, 2006; Park et al., 2008).

    Já o tecido adiposo subcutâneo (TASC) está localizado logo abaixo da

    pele e um acumulo excessivo de gordura nesses tecidos possui menor

    importância, mesmo em indivíduos obesos, chegando a ser considerada um fator

    de proteção para desordens metabólicas (Lee et al., 2013). Um maior depósito

    de gordura visceral estaria associado à um risco aumentado para o

    desenvolvimento das patologias associadas à obesidade, enquanto um maior

    depósito de gordura subcutânea estaria envolvido a uma proteção contra essas

  • 11

    doenças (Wajchenberg, 2000; Wajchenberg et al., 2002; Despres e Lemieux,

    2006).

    O tecido adiposo marrom (TAM) corresponde a uma porção menor do

    tecido adiposo total, se destacando por ser o principal mediador da termogênese

    adaptativa, tendo um papel importantíssimo no gasto energético. Esse gasto

    energético acontece através da proteína desacopladora 1 (UCP-1), presente nas

    mitocôndrias desse tecido. Ela atua desacoplando elétrons da síntese de ATP,

    o que faz com que a energia ali presente seja liberada na forma de calor

    (Seydoux e Girardier, 1978; Rothwell, 1989)..

    Durante muito tempo acreditou-se que o TAM só estava presente em

    recém-nascidos e indivíduos submetidos a condições de frio crônico, como um

    mecanismo de controle da temperatura corporal, estando ausente em adultos

    (Lean, 1989). Entretanto, recentemente diversos estudos comprovaram sua

    existência em adultos. Ele encontra-se localizado na região cervical-

    supraclavicular (mais comum), perirrenal, adrenal, paravertebral e ao redor de

    grandes vasos como, por exemplo, a artéria aorta e seus principais ramos, assim

    como inserido no TAB (Nedergaard et al., 2007; Cypess et al., 2009). Devido ao

    seu papel na termogênese adaptativa e no gasto energético, o TAM, assim como

    os mecanismos envolvidos no seu desenvolvimento e o controle de sua

    transcrição, tem sido vistos como um potencial protetor contra o

    desenvolvimento da obesidade e doenças relacionadas (Ohno et al., 2012).

  • 12

    3 OBJETIVOS

    3.1 OBJETIVO PRINCIPAL

    Avaliar os efeitos de uma dieta hipersódica e hiperenegética sobre o

    metabolismo glicídico e adiposidade corporal em camundongos C57BL/6J

    machos e fêmeas.

    3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    • Avaliar o efeito da dieta sobre o remodelamento do tecido adiposo branco

    e marrom

    • Avaliar se o tempo de dieta influencia o metabolismo e o remodelamento

    do tecido adiposo

    • Avaliar se o retorno a uma dieta controle, após 6 semanas de ingestão de

    uma dieta hiperenergética e hipersódica, possui benefícios ao

    metabolismo e adiposidade corporal

    • Avaliar se há dimorfismo sexual em resposta à dieta experimental

  • 13

    4 MATERIAIS E MÉTODOS

    4.1 QUESTÕES ÉTICAS

    O presente protocolo de estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso

    de Animais da Universidade Federal Fluminense sob o protocolo número

    647/2015 (Anexo 1).

    4.2 OBTENÇÃO DA AMOSTRA

    Foram utilizados camundongos C57BL/6J machos e fêmeas com dois

    meses de idade obtidos do Núcleo de Animais de Laboratório (NAL) da

    Universidade Federal Fluminense (UFF) localizado no Campus Valonguinhos

    (http://www.proppi.uff.br/nal). Os mesmos foram mantidos no Biotério do Instituto

    de Saúde de Nova Friburgo da UFF durante toda a experimentação. O protocolo

    experimental desenvolvido no biotério foi realizado em dois momentos diferentes

    (1° e 2° lote), sob as mesmas condições, com o principal objetivo de aumentar o

    número de animais para uma análise estatística mais confiável e obtenção de

    amostra suficiente para todas as análises previstas.

    Os animais foram mantidos em gaiolas de polipropileno, acondicionadas

    em racks ventiladas (Scienlabor), com temperatura e umidade controladas

    (21±1°C, 60±10%, respectivamente), submetidos ao ciclo de 12 h claro/escuro

    (luzes artificiais, 7:00-19:00) e exaustão 15 min/h. O experimento foi iniciado

    quando os animais completaram 3 meses de idade, sendo divididos de acordo

    com a dieta recebida e o tempo de experimento, conforme descrito abaixo:

    1) Grupo C6 → Ingestão de dieta AIN93M por 6 semanas;

    2) Grupo C12 → Ingestão de dieta AIN93M por 12 semanas;

  • 14

    3) Grupo HFSS6 → Ingestão de dieta rica em gordura, sacarose e sal

    por 6 semanas;

    4) Grupo HFSS12 → Ingestão de dieta rica em gordura, sacarose e sal

    por 12 semanas.

    5) Grupo HFSS6/C6 → Ingestão de dieta rica em gordura, sacarose e sal

    por 6 semanas e posteriormente ingestão de dieta AIN93M por mais 6

    semanas.

    A Tabela 1 apresenta a composição nutricional das dietas controle e dieta

    experimental rica em gordura saturada, sacarose e sal.

    Tabela 1 - Composição Nutricional das Dietas Experimentais

    INGREDIENTES DIETA CONTROLE DIETA HFSS

    g/kg

    Caseína 140,0 160,0

    L-cistina 1,8 1,8

    Amido de milho 620,7 140,7

    Sacarose 100,0 300,0

    Fibras (celulose) 50,0 50,0

    Óleo de soja 40,0 40,0

    Banha - 180,0

    Mix de vitaminas* 10,0 10,0

    Mix de minerais** 35,0 35,0

    NaCl*** - 80,0

    Colina 2,5 2,5

    Antioxidante 0,008 0,06

    Energia

    Kcal/g 3,84 4,39

    Proteína total, % 14,8 14,7

    Lipídio total, % 9,4 45,1

    Carboidrato total, % 75,8 40,2

    A composição do mix de vitaminas (*) e minerais (**) segue a recomendação da AIN93M (Reeves

    et al., 1993). O mix de minerais contém NaCl, gerando a concentração final de 2,59 g/Kg de

    ração (NaCl 0,00259% ração). Na dieta controle não houve adição de NaCl (***) além daquela já

    ofertada pelo mix de minerais.

  • 15

    Para cada dieta houveram grupos compostos por camundongos machos

    e fêmeas, totalizando 10 grupos experimentais. As dietas experimentais foram

    elaboradas pela empresa PragSoluções (Jaú-SP, www.pragsolucoes.com.br),

    com base nas recomendações do Instituto Americano de Nutrição (AIN-93M)

    (Reeves et al., 1993). A dieta controle possuía um total de 3,84 Kcal/g, sendo

    14,8% da energia proveniente de proteínas, 9,4% proveniente de lipídios e

    75,8% proveniente de carboidratos. A dieta HFSS possuía 4,39 Kcal/g de ração,

    sendo 14,7% desta energia proveniente de proteínas, 45,1% proveniente de

    lipídios e 40,2% proveniente de carboidratos. A principal diferença entre a dieta

    controle e a dieta HFSS é a adição de gordura saturada (banha, 36,9% energia),

    carboidratos simples na forma de sacarose (27,3% energia) e cloreto de sódio

    (0,08% NaCl peso).

    4.3 INGESTÃO DE RAÇÃO, ÁGUA E ENERGIA

    A oferta de ração e água foi ad libitum. Ao longo do experimento, a massa

    corporal e a ingestão hídrica foram aferidas semanalmente e a ingestão de ração

    diariamente. A ingestão de ração (g/dia) foi multiplicada pela energia da ração

    (Kcal/g) para se obter a ingestão de energia diária por animal.

    4.4 BIOMETRIA

    Além do controle do ganho de massa corporal semanal ao longo do

    experimento, o peso dos tecidos também foi avaliado. No dia da eutanásia, após

    anestesia, o fígado e os depósitos de gordura branca visceral genital (epididimal

    ou ovariana) e subcutânea inguinal, assim como a gordura marrom

    interescapular foram coletados e pesados em balança analítica de precisão. As

    seguintes relações entre o peso dos tecidos foram calculadas:

    http://www.pragsolucoes.com.br/

  • 16

    1) Gordura Genital/ Gordura Inguinal → Avaliação da relação entre os

    depósitos de gordura branca visceral e subcutânea

    2) Gordura Genital+Inguinal/ Gordura Marrom → Avaliação da relação

    entre a gordura branca com a gordura marrom

    3) Gordura Genital/ Marrom → Avaliação da relação entre a gordura

    branca visceral e a gordura marrom

    4) Gordura Inguinal/ Marrom → Avaliação da relação entre a gordura

    branca subcutânea e a gordura marrom

    4.5 TRIGLICERÍDEOS TECIDUAIS

    Além das análises histológicas, foram dosados os triglicerídeos estocados

    no fígado e no tecido adiposo marrom. Para tanto, foi necessário, antes de tudo,

    a realização da sua extração. Os tecidos estavam armazenados no freezer -80ºC

    e foram descongelados para realização do processo de extração. Cerca de 25%

    do volume total do tecido adiposo marrom e 5% do fígado foram utilizados neste

    processo. A fração do tecido a ser extraída foi pesada em balança analítica de

    precisão (Shimadzu Aux 220v) e colocada num microtubo de 2,0 mL contendo

    1,0 mL de isopropanol. As amostras foram então lisadas utilizando-se um

    homogeneizador Turrax (IKA® T110 basic), até que a solução ficasse com

    aspecto homogêneo. Após todos os microtubos foram levados à centrifuga por

    10 minutos, numa temperatura de 4ºC e velocidade de 5.000 rpm. Depois da

    centrifugação, foram pipetados 400 uL do sobrenadante e reservados em um

    segundo microtubo, que ficou armazenado no freezer -20°C até a realização da

    dosagem dos triglicerídeos.

    O ensaio para dosagem dos triglicerídeos teciduais foi realizado em

    microplaca de 96 poços. Para cada 200 uL de reagente foram pipetados 2,0 uL

    de amostra. Além disso, para confiabilidade da análise e realização da curva

    padrão, foi utilizado um poço branco, três padrões de concentrações conhecidas

    e dois níveis também com concentrações pré-estabelecidas. As amostram foram

    dosadas em duplicada. O branco, os padrões e os níveis foram dosados em

  • 17

    triplicata. O Kit utilizado para o ensaio foi o ELITech Clinical (ML0517, Systems

    SAS, França). Após a pipetagem, a microplaca com as amostras foi levada ao

    banho maria por 10’ e depois colocada no espectrofotômetro de microplacas

    Epoch, que fez a leitura à 500 nm. Os valores de absorbância do padrão obtidos

    nessa análise foram utilizados para calcular a curva padrão, através da aplicação

    dos resultados da leitura na equação da reta, calculando-se assim

    posteriormente o valor de triglicerídeos das amostras. Foi feita a média da

    duplicata das amostras. O valor de triglicerídeo obtido foi ainda corrigido pelo

    peso do tecido lisado, sendo apresentados em mg/dL/g.

    4.6 PREPARO HISTOLÓGICO DO TECIDO ADIPOSO

    Os depósitos de gordura genital (epididimal ou ovariana), inguinal e

    marrom foram coletados na eutanásia e imersos em formalina 4% tamponada

    pH 7,2 por no mínimo 48 horas para fixação. Após esse período, parte desses

    tecidos foi clivada e submetida ao processamento histológico de rotina e

    embebido em Paraplast plus (Sigma, Lote #SLBN3818V). Após a inclusão, os

    blocos de Paraplast foram seccionados em 3 µm de espessura e as lâminas

    foram então coradas com hematoxilina e eosina para visualização da morfologia

    geral do tecido.

    Seis animais por grupo foram utilizados para a análise morfométrica,

    sendo produzidos três cortes histológicos de cada animal. A análise

    morfométrica inicial teve como foco avaliar um possível aumento no diâmetro

    dos adipócitos. Essa aferição auxilia na identificação de uma possível hipertrofia

    ou remodelamento dos depósitos de gordura genital, inguinal e marrom

    causados pela ingestão da dieta experimental.

  • 18

    4.7 MORFOMETRIA: TECIDO ADIPOSO BRANCO

    Imagens das lâminas histológicas de tecido adiposo branco inguinal e

    genital foram adquiridas no sistema de captura Evos XL (ThermoScientific), na

    objetiva de 40x. As medidas foram realizadas no software Image-Pro® Plus

    versão 4.5 (Media Cybernetics, Silver Spring, USA). Para a quantificação, foram

    utilizadas cinco imagens digitais por animal. Para cada uma das imagens

    avaliadas, foram mensurados o maior e menor diâmetro de cinco adipócitos,

    resultando num total de vinte e cinco aferições por animal.

    Figura 1 – Morfometria das Gorduras Genital e Inguinal. Os valores indicados na coluna de dados Length representam o maior e o menor diâmetro de cada um dos cinco adipócitos mensurados.

  • 19

    4.8 MORFOMETRIA: TECIDO ADIPOSO MARROM

    Imagens das lâminas histológicas de tecido adiposo marrom foram

    adquiridas através do microscópio Leica DBMR acoplado a câmera DCM 510,

    na objetiva de 100x com óleo de imersão. As medidas foram realizadas no

    software Image-Pro® Plus versão 4.5 (Media Cybernetics, Silver Spring, USA

    Para a quantificação, foram utilizadas cinco imagens por animal. Para cada uma

    das imagens avaliadas, foram mensurados o maior e o menor diâmetro de seis

    adipócitos, resultando num total de trinta aferições por animal.

    Figura 2 – Morfometria da Gordura Marrom. Os valores indicados na coluna de dados Length

    representam o maior e o menor diâmetro de cada um dos cinco adipócitos mensurados.

  • 20

    4.9 METABOLISMO GLICÍDICO

    Dois dias antes da eutanásia, foi realizado teste oral de tolerância à

    glicose (TOTG). Glicose 50% foi diluída em salina estéril (0,9% NaCl) e

    administrada através de gavagem orogástrica após jejum de 6 horas (glicose a

    1g/kg de massa corporal). O sangue para a análise foi coletado através de uma

    pequena incisão na ponta da cauda do animal para a dosagem da glicose

    plasmática (AccuCheck Performa Nano) antes da gavagem de glicose e após

    15, 30, 60 e 120 minutos da administração. A área sob a curva foi calculada

    usando a regra do trapézio para analisar a intolerância à glicose (Fernandes-

    Santos et al., 2009).

    No momento da eutanásia, os animais foram anestesiados com cetamina

    (100,0 mg/kg) e xilasina (10,0 mg/kg) intraperitoneal e o sangue foi coletado

    diretamente do átrio direito por punção. Após a centrifugação e separação do

    plasma, foi feita a dosagem da insulina de jejum por ensaio de Elisa (cat#EZRMI-

    13K, Merck Millipore, Billerica, MA, EUA).

  • 21

    4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA

    Os dados estão apresentados na forma de média±desvio padrão (DP).

    Um n=12-15/grupo foi mantido até o final do experimento, mas o n de cada

    análise variou, sendo este entre 5-6 animais. Essa variação ocorreu

    principalmente em virtude do tamanho das amostras, já que as mesmas são

    provenientes de animais pequenos, como é o caso dos camundongos.

    As diferenças nos dados quantitativos foram testadas para distribuição

    normal e homocedasticidade das variâncias. Foi realizado o teste three-way

    ANOVA para avaliar a influência dos fatores independentes tipo de dieta (C vs.

    HFSS), tempo de ingestão da dieta (6 vs. 12 semanas) e gênero (machos vs.

    fêmeas) sobre as variáveis dependentes estudadas (massa corporal, biometria,

    ingestão, metabolismo glicídico e morfometria). Para avaliar o efeito da troca da

    dieta sobre as variáveis estudadas, os grupos que receberam dieta por 12

    semanas (C12, HFHS12 e HF6C6) foram comparados através de teste one-way

    ANOVA com pós-teste de Tukey.

    Todas as análises foram realizadas no Software GraphPad Prisma v. 6.0.

    Em especial, a análise three-way ANOVA foi realizada no software STATISTICA

    v. 8.0 (StatSoft Inc, Tulsa, OK, USA). Um P

  • 22

    5 RESULTADOS

    5.1 INGESTÃO DE RAÇÃO, ENERGIA E ÁGUA

    Os animais não apresentaram diferença na ingestão de ração, tanto

    machos como fêmeas, independente do tempo e da dieta. O mesmo foi visto no

    grupo que passou pela troca da dieta (HFSS->C)

    Ing

    es

    tão

    de

    Ra

    çã

    o (

    g/d

    ia)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    1 .0

    2 .0

    3 .0

    4 .0

    5 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    A

    Ing

    es

    tão

    de

    Ra

    çã

    o (

    g/d

    ia)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    1 .0

    2 .0

    3 .0

    4 .0

    5 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    B

    Figura 3 – Ingestão de ração. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).

  • 23

    O consumo de energia foi maior nos machos que receberam a dieta

    HFSS. Apesar das fêmeas não terem apresentado diferença significativa no

    consumo de energia, nota-se uma tendência maior de ingestão de energia nos

    grupos que receberam a dieta HFSS (Figura 4). Nas fêmeas, o consumo de

    energia no grupo que trocou a dieta (HFSS->C) foi 12,3% menor, quando

    comparado ao HFSS de 12 semanas (p C

    0 .0

    4 .0

    8 .0

    1 2 .0

    1 6 .0

    2 0 .0

    2 4 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    A [* ] C -6

    [a ] C -1 2

    * a

    En

    erg

    ia (

    Kc

    al/

    dia

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    4 .0

    8 .0

    1 2 .0

    1 6 .0

    2 0 .0

    2 4 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    B

    [b ] H F S S - 1 2

    b

    Figura 4 – Consumo de Energia. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).

  • 24

    A dieta HFSS promoveu um aumento na ingestão de água, tanto nos

    machos, quanto nas fêmeas (Figura 5). As fêmeas HFSS, de 6 semanas e 12

    semanas, apresentaram respectivamente, um aumento de 147,3% (p=0,0004) e

    de 158,4% (p=0,00013) na ingestão hídrica em relação aos seus respectivos

    controles. Nos machos, a ingestão hídrica dos grupos HFSS foi 111,7%

    (p=0,00013) superior com 6 semanas de experimento e 146,1% (p=0,00012)

    com 12 semanas de experimento.

    Mesmo com a troca da dieta, a ingestão hídrica do grupo HFSS->C, tanto

    nos machos, quanto nas fêmeas, se manteve elevada. Nas fêmeas HFSS->C, a

    ingestão de água foi 36,2% (p C

    0 .0

    5 .0

    1 0 .0

    1 5 .0

    2 0 .0

    2 5 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    s e m tro c a d e d ie ta tro c a d e d ie ta

    [* ] C -6

    [a ] C -1 2

    [b ] H F S S - 1 2

    *

    a

    a ,b

    B

    Figura 5 – Ingestão de água. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)

  • 25

    5.2 BIOMETRIA

    A análise estatística da massa corporal demonstra que não houve

    diferença significativa entre os grupos estudados, tanto em machos quanto em

    fêmeas, independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada e da

    troca da dieta (Figura 6). Em relação a massa do fígado, também não houve

    diferença estatística entre os grupos estudados, tanto em machos quanto em

    fêmeas, independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada e da

    troca da dieta (Figura 7).

    Ma

    ss

    a C

    orp

    ora

    l g

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    1 0 .0 0

    2 0 .0 0

    3 0 .0 0

    4 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    AM

    as

    sa

    Co

    rp

    ora

    l (m

    g)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    1 0 .0 0

    2 0 .0 0

    3 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    B

    Figura 6 – Massa Corporal. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).

    Fíg

    ad

    o(g

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    0 .5 0

    1 .0 0

    1 .5 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    A

    Fíg

    ad

    o(g

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    0 .5 0

    1 .0 0

    1 .5 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    B

    Figura 7 – Fígado. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B), alimentados com

    dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas

    e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6

    semanas com dieta controle (HFSS->C).

  • 26

    A análise estatística do peso da gordura branca total demonstra que os

    machos só apresentaram alteração no grupo que trocou a dieta (HFSS->C),

    enquanto as fêmeas que receberam a dieta apresentaram um aumento desses

    depósitos com 12 semanas de experimento (Figura 8). As fêmeas HFSS de 12

    semanas apresentaram um aumento de 46,7% quando comparadas ao seu

    respectivo controle (p=0,027) e um aumento de 31,8% quando comparadas com

    o grupo que recebeu a dieta por 6 semanas (p=0,018). Os machos que trocaram

    a dieta apresentaram um aumento de 31,2%, quando comparados ao grupo que

    recebeu a dieta por 12 semanas (HFSS 12) (p=0,0023).

    Go

    rd

    ura

    Bra

    nc

    a (

    mg

    )

    C H F S S C H F S S H F H S -> C

    0 .0

    5 0 0 .0

    1 0 0 0 .0

    1 5 0 0 .0

    A

    [b ] H F S S -1 2

    b

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    Go

    rd

    ura

    Bra

    nc

    a (

    mg

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    5 0 0 .0

    1 0 0 0 .0

    1 5 0 0 .0

    2 0 0 0 .0

    [# ] H F S S -6

    [a ] C -1 2

    # ,a

    B

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    Figura 8 – Gordura Branca Total. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).

  • 27

    O peso da gordura genital (Figura 9), apresentou uma diminuição

    significativa nos machos. Essa diminuição foi revertida no grupo que trocou a

    dieta. Ao contrário dos machos, as fêmeas apresentaram um aumento

    significativo no peso da gordura genital. Apesar de ser possível observar uma

    diminuição no grupo que trocou a dieta, a mesma não apresentou diferença

    significativa. Os machos HFSS 12 apresentaram uma diminuição de 37,9% em

    relação ao HFSS de 6 semanas (P=0,0054) e um aumento de 34,6% nos machos

    HFSS->C, quando comparados ao HFSS de 12 semanas (P=0,0054). As fêmeas

    HFSS de 12 semanas apresentaram um aumento de 70,9%, quando

    comparadas ao grupo que recebeu a dieta HFSS de 6 semanas (P=0,0068) e de

    53,6%, quando comparadas ao controle de 12 semanas (P=0,025).

    O mesmo foi visto com peso da gordura inguinal (Figura 10), que

    apresentou uma diminuição nos machos e um aumento nas fêmeas. Os machos

    HFSS 12 semanas apresentaram uma diminuição de 37%, quando comparados

    ao HFSS de 6 semanas (P=0,0063) e 23%, quando comparados ao controle de

    12 semanas (P=0,0075). As fêmeas do HFSS de 12 semanas apresentaram um

    aumento de 41% em relação ao controle do mesmo tempo (P=0,026).

    Já o peso da gordura marrom não apresentou diferença significativa entre

    nenhum dos grupos, tanto nos machos, como nas fêmeas (Figura 11).

  • 28

    G

    ord

    ura

    Ge

    nit

    al

    (mg

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 0 0 .0 0

    4 0 0 .0 0

    6 0 0 .0 0

    8 0 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    [a ] C -1 2

    [b ] H F H S -12

    a

    b

    A

    Go

    rd

    ura

    Ge

    nit

    al

    (mg

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 0 0 .0 0

    4 0 0 .0 0

    6 0 0 .0 0

    8 0 0 .0 0

    1 0 0 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    [# ] H F H S -6

    [a ] C -1 2

    a ,#

    B

    Figura 9 – Gordura Genital. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)

    Go

    rd

    ura

    In

    gu

    ina

    l (m

    g)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 0 0 .0 0

    4 0 0 .0 0

    6 0 0 .0 0

    8 0 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    [a ] C -1 2

    [b ] H F H S -12

    a

    b

    A

    Go

    rd

    ura

    In

    gu

    ina

    l (m

    g)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 0 0 .0 0

    4 0 0 .0 0

    6 0 0 .0 0

    8 0 0 .0 0

    1 0 0 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    [a ] C -1 2

    a

    B

    Figura 10 – Gordura Inguinal. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)

  • 29

    Go

    rd

    ura

    Ma

    rro

    m (

    mg

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    5 0 .0 0

    1 0 0 .0 0

    1 5 0 .0 0

    2 0 0 .0 0

    2 5 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    A

    Go

    rd

    ura

    Ma

    rro

    m (

    mg

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    5 0 .0 0

    1 0 0 .0 0

    1 5 0 .0 0

    2 0 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    B

    Figura 11 – Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)

    Ainda analisando a adiposidade, os resultados das relações dos depósitos

    de gordura branca e marrom, tanto total quanto frações mostram que as fêmeas,

    com exceção da relação dos depósitos de gordura genital: inguinal, que se

    manteve inalterado, apresentaram um aumento em todos os parâmetros

    avaliados, o que acompanha o aumento do peso dos tecidos adiposos genital e

    inguinal. Esse aumento foi visto no grupo que recebeu a dieta HFSS por 12

    semanas, em comparação ao grupo que recebeu a mesma dieta por 6 semanas.

    Nos machos, nenhuma das relações apresentou diferença significativa.

    A relação entre os depósitos de gordura genital: inguinal (GG:GI) não

    apresentou diferença significativa entre nenhum dos grupos, tanto machos

    quanto fêmeas, independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada

    e da troca da dieta (Figura 12).

    A relação entre os depósitos de gordura branca: gordura marrom

    (GG+GI:GM) aumentou em função do tempo de experimento nas fêmeas, porém

    sem diferença significativa nos machos (Figura 13). As fêmeas HFSS de 12

    semanas apresentaram um aumento de 49,7% quando comparadas as fêmeas

    HFSS de 6 semanas (p=0,008). Já nos machos, essa relação se manteve

  • 30

    inalterada, independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada e da

    troca da dieta.

    Re

    laç

    ão

    GG

    :GI

    (mg

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    0 .5 0

    1 .0 0

    1 .5 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    A

    Re

    laç

    ão

    GG

    :GI

    (mg

    )C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    0 .5 0

    1 .0 0

    1 .5 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    B

    Figura 12 – Relação Gordura Genital:Gordura Inguinal. Camundongos C57Bl/6

    machos (A) e fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta

    hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)

    Re

    laç

    ão

    GG

    +G

    I:G

    M (

    mg

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 .0 0

    4 .0 0

    6 .0 0

    8 .0 0

    1 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    A

    Re

    laç

    ão

    GG

    +G

    I:G

    M (

    mg

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    5 .0 0

    1 0 .0 0

    1 5 .0 0

    2 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    [# ] H F H S -6

    #

    B

    Figura 13 – Relação Gordura Branca: Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6

    machos (A) e fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta

    hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)

  • 31

    A relação entre os depósitos de tecido adiposo visceral: gordura marrom

    (GG:GM) aumentou em função do tempo de experimento nas fêmeas. As fêmeas

    HFSS de 12 semanas apresentaram um aumento de 68,1%, quando

    comparadas as fêmeas HFSS de 6 semanas (p=0,0032). Os machos não

    apresentarem diferença estatística entre os grupos (Figura 14).

    A relação entre os depósitos de tecido adiposo subcutâneo: gordura

    marrom (GI:GM) foi 37,4% maior nas fêmeas HFSS de 12 semanas, quando

    comparadas as fêmeas que receberam a mesma dieta por 6 semanas (p=0,049).

    Os machos não apresentarem diferença estatística entre os grupos (Figura 15).

    Re

    laç

    ão

    GG

    :GM

    (m

    g)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    1 .0 0

    2 .0 0

    3 .0 0

    4 .0 0

    5 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    A

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 .0 0

    4 .0 0

    6 .0 0

    8 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    [# ] H F H S -6

    #

    B

    Re

    laç

    ão

    GG

    :GM

    (m

    g)

    Figura 14 – Relação Gordura Genital: Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6

    machos (A) e fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta

    hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).

    Re

    laç

    ão

    GI:

    GM

    (m

    g)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    1 .0 0

    2 .0 0

    3 .0 0

    4 .0 0

    5 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    A

    Re

    laç

    ão

    GI:

    GM

    (m

    g)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 .0 0

    4 .0 0

    6 .0 0

    8 .0 0

    1 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    [# ] H F H S -6

    #

    B

    Figura 15 – Relação Gordura Inguinal: Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6

    machos (A) e fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta

    hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).

  • 32

    5.3 TRIGLICERÍDEOS TECIDUAIS

    A análise estátistica dos triglicerídeos depositados no tecido hepático e na

    gordura marrom demonstra que não houve diferença significativa entre os

    grupos estudados, tanto em machos quanto em fêmeas, independentemente do

    tempo de experimentação, da dieta ofertada ou da troca da dieta (Figuras 16 e

    17).

    Trig

    lic

    eríd

    eo

    s (

    mg

    /dL

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    2 .0

    4 .0

    6 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    A

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    Trig

    lic

    eríd

    eo

    s (

    mg

    /dL

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    5 .0

    1 0 .0

    1 5 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    B

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    Figura 16 – Triglicerídeos Hepático. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)s

    Trig

    lic

    eríd

    eo

    s (

    mg

    /dL

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    2 0 .0

    4 0 .0

    6 0 .0

    8 0 .0

    1 0 0 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    A

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    Trig

    lic

    eríd

    eo

    s (

    mg

    /dL

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    2 0 .0

    4 0 .0

    6 0 .0

    8 0 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    B

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    Figura 17 – Triglicerídeos de Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e

    fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e

    sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica

    rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).

  • 33

    5.4 MORFOMETRIA DO TECIDO ADIPOSO

    A análise estatística do diâmetro dos adipócitos, tanto na gordura genital

    quanto na gordura inguinal, demonstra não haver alteração no tamanho dos

    adipócitos entre os grupos estudados, tanto em machos quanto em fêmeas,

    independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada e da troca da

    dieta (Figuras 18 e 19). Por outro lado, houve aumento no diâmetro do adipócito

    de gordura marrom em 19,6% nas fêmeas que trocaram de dieta (HFSS->C),

    quando comparadas ao controle de 12 semanas (C12) (P=0,007) (Figura 20).

    Diâ

    me

    tro

    do

    Ad

    ipó

    cit

    o (

    µm

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 0 .0 0

    4 0 .0 0

    6 0 .0 0

    8 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    A

    Diâ

    me

    tro

    do

    ad

    ipó

    cit

    o (

    µm

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 0 .0 0

    4 0 .0 0

    6 0 .0 0

    8 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    B

    Figura 18 – Morfometria da Gordura Genital. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e

    fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e

    sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica

    rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)

  • 34

    Diâ

    me

    tro

    do

    Ad

    ipó

    cit

    o (

    µm

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 0 .0 0

    4 0 .0 0

    6 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    A

    Diâ

    me

    tro

    do

    ad

    ipó

    cit

    o (

    µm

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    2 0 .0 0

    4 0 .0 0

    6 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    B

    Figura 19 – Morfometria da Gordura Inguinal. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e

    fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e

    sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica

    rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)

    Diâ

    me

    tro

    do

    Ad

    ipó

    cit

    o (

    µm

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    5 .0 0

    1 0 .0 0

    1 5 .0 0

    2 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    A

    Diâ

    me

    tro

    do

    ad

    ipó

    cit

    o (

    µm

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0 0

    5 .0 0

    1 0 .0 0

    1 5 .0 0

    2 0 .0 0

    s e m tro c a d e d ie ta

    1 2 s e m a n a s

    tro ca d e d ie ta

    6 s e m a n a s

    [a ] C -1 2

    aaa

    B

    Figura 20 – Morfometria da Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e

    fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e

    sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica

    rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)

  • 35

    5.5 METABOLISMO GLÍCIDICO

    Ao final do experimento, observou-se uma modulação da glicemia de

    jejum pela dieta HFSS (Figura 21). A glicemia reduziu 17,3% nos camundongos

    machos HFSS6, quando comparado ao seu respectivo controle C6 (P=0,0043).

    Por outro lado, as fêmeas apresentaram uma redução de 22,5% na glicemia com

    12 semanas de dieta (grupo HFSS12), quando comparadas ao grupo que

    recebeu a dieta HFSS por 6 semanas (HFSS6) (P=0,0068) e uma elevação de

    32,5% na glicemia das fêmeas que passaram pela troca da dieta (HFSS->C)

    (P=0,015), quando comparadas as fêmeas que receberam a dieta HFSS por 12

    semanas.

    Em relação aos níveis de insulina sérica (Figura 22), analisada ao final do

    experimento nos animais em jejum, não foi observada diferença significativa

    entre os camundongos machos, apesar da tendência ao aumento pela dieta

    HFHS. As fêmeas apresentaram diminuição de 55,4% na insulina sérica de jejum

    no grupo HFSS 12 quando comparado ao grupo que recebeu a dieta HFSS por

    6 semanas (HFSS6) (P=0,02), se igualando aos valores dos controles de 6 e 12

    semanas. Infelizmente não foi possível realizar a dosagem de insulina sérica dos

    grupos que passaram pela troca da dieta (HFSS->C).

    O teste oral de tolerância à glicose demonstra nos camundongos machos

    uma tendência a redução da área sob a curva (ASC) da resposta glicêmica nos

    grupos com 12 semanas, tanto em animais controle (C12) quanto nos

    alimentados com a dieta HFSS (HFSS12), quando comparados aos seus

    respectivos grupos controle com 6 semanas de experimentação (Figura 23). Nas

    fêmeas, a ASC reduziu 17,3% no grupo HFSS de 12 semanas, quando

    comparado ao grupo HFSS de 6 semanas (P=0,036) e 23,5% quando

    comparadas ao seu respectivo controle (C12) (P=0,0058). De forma inesperada,

    o grupo controle apresentou elevação de 17,4% da ASC no grupo C12, quando

    comparado ao grupo C6 (P=0,043) (Figura 24).

  • 36

    Gli

    ce

    mia

    (m

    g/d

    L)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    5 0 .0

    1 0 0 .0

    1 5 0 .0

    2 0 0 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    *

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    [* ] C -6

    A

    Gli

    ce

    mia

    (m

    g/d

    L)

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0 .0

    5 0 .0

    1 0 0 .0

    1 5 0 .0

    2 0 0 .0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    #

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    [# ] H F H S -6

    [b ] H F H S -12

    b

    B

    Figura 21 – Glicemia de jejum. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas ou alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em

    sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).

    Ins

    uli

    na

    (n

    g\m

    L)

    C H F S S C H F S S

    0 .0

    0 .3

    0 .6

    0 .9

    1 .2

    1 .5

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    A

    Ins

    uli

    na

    (n

    g\m

    L)

    C H F S S C H F S S

    0 .0

    0 .3

    0 .6

    0 .9

    1 .2

    1 .5

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    #

    [* ] C -6

    [# ] H F H S -6

    *

    B

    Figura 22 – Insulina Sérica. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),

    alimentados com dieta controle (C) ou dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)

    por 6 ou 12 semanas.

  • 37

    0 5 0 1 0 0 1 5 0

    0

    6 0

    9 0

    1 2 0

    1 5 0

    1 8 0

    2 1 0

    2 4 0

    2 7 0

    3 0 0

    H 6

    H 12

    C 6

    C 1 2

    H F S S -> C

    A

    To

    lerâ

    nc

    ia O

    ra

    l a

    Gli

    co

    se

    (A

    UC

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0

    5 0 0 0

    1 0 0 0 0

    1 5 0 0 0

    2 0 0 0 0

    2 5 0 0 0

    3 0 0 0 0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    s e m tro c a d e d ie ta tro c a d e d ie ta

    B

    Figura 23 – Tolerância à glicose em camundongos C57Bl/6 machos. Em A, Curva

    da resposta glicêmica a sobrecarga de glicose. B, área sob a curva da resposta

    glicêmica. Os camundongos C57Bl/6 machos foram alimentados com dieta controle (C),

    dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados

    por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com

    dieta controle (HFSS->C).

  • 38

    0 5 0 1 0 0 1 5 0

    0

    6 0

    9 0

    1 2 0

    1 5 0

    1 8 0

    2 1 0

    2 4 0

    2 7 0

    3 0 0

    C 6

    C 1 2

    H 6

    H 12

    H F S S -> C

    A

    To

    lerâ

    nc

    ia O

    ra

    l a

    Gli

    co

    se

    (A

    UC

    )

    C H F S S C H F S S H F S S -> C

    0

    5 0 0 0

    1 0 0 0 0

    1 5 0 0 0

    2 0 0 0 0

    2 5 0 0 0

    3 0 0 0 0

    6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s

    # ,a

    s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta

    [# ] H F H S -6

    [a ] C -1 2

    B

    Figura 24 – Tolerância à glicose em camundongos C57Bl/6 fêmeas. Em A, Curva

    da resposta glicêmica a sobrecarga de glicose. B, área sob a curva da resposta

    glicêmica. Os camundongos C57Bl/6 machos foram alimentados com dieta controle (C),

    dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados

    por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com

    dieta controle (HFSS->C).

  • 39

    5.6 INFLUÊNCIA DOS FATORES GÊNERO, DIETA E TEMPO

    SOBRE OS PARÂMETROS

    O desenho experimental faz com que três fatores influenciem os dados

    obtidos no presente estudo: (1) gênero, se machos ou fêmeas; (2) tipo de dieta

    ingerida, dieta AIN93M ou dieta HFSS e; (3) tempo de ingestão da dieta, 6 ou 12

    semanas. Para avaliar a influência destes três fatores independentes sobre os

    parâmetros estudados, foi realizado o teste estatístico ANOVA three-way. Nessa

    análise, os grupos que passaram pela troca da dieta (HFSS->C), tanto machos,

    quanto fêmeas, não foram considerados.

    A Tabela 2 apresenta o efeito do gênero, da dieta e do tempo isolados,

    associados dois a dois ou os três fatores em conjunto, sobre a ingestão

    alimentar, ingestão de energia, ingestão hídrica e massa corporal. Nota-se que

    todos os parâmetros foram afetados pelo gênero, sendo assim diferentes entre

    machos e fêmeas. O tipo de dieta ingerida modula, conforme esperado, a

    ingestão de água, ração e energia, mas não foi capaz de modular a massa

    corporal. O tempo de ingestão da dieta influenciou apenas na ingestão hídrica.

    Nota-se que atuam em conjunto apenas os fatores gênero e dieta, ou gênero e

    tempo, sobre a ingestão de ração e energia, não havendo somação de efeito

    entre os três fatores independentes.

    A Tabela 3 apresenta o efeito do gênero, da dieta e do tempo sobre os

    parâmetros referentes ao peso do fígado e dos depósitos de tecido adiposo

    branco e marrom. Com exceção da gordura genital, todos os parâmetros foram

    afetados pelo gênero, sendo diferentes entre machos e fêmeas. O tipo de dieta

    ingerida modula o peso dos depósitos de tecido adiposo branco e marrom. O

    tempo da ingestão da dieta influenciou apenas nas relações dos depósitos de

    tecido adiposo branco e marrom e no peso da gordura genital e fígado. Nota-se

    que atuam em conjunto apenas os fatores gênero e dieta ou gênero e tempo,

    não havendo efeito somado da dieta e do tempo ou dos três fatores

    independentes, sobre os dados apresentados.

  • 40

    A Tabela 4 apresenta o efeito do gênero, da dieta e do tempo sobre os

    triglicerídeos depositados no fígado e na gordura marrom. Nota-se que nenhum

    dos fatores, isolados ou em associação, foram capazes de modular estes

    parâmetros.

    A Tabela 5 apresenta o efeito do gênero, da dieta e do tempo sobre o

    diâmetro dos adipócitos da gordura genital, inguinal e marrom. Isolados, os

    fatores gênero e tempo modularam somente o diâmetro do adipócito da gordura

    marrom. Em conjunto, os fatores gênero e dieta modularam somente o diâmetro

    do adipócito da gordura marrom, enquanto os fatores gênero e tempo associados

    modularam somente o diâmetro do adipócito da gordura genital. O diâmetro do

    adipócito de gordura inguinal não foi modulado por nenhum dos fatores, tanto

    isolados ou em conjunto.

    A Tabela 6 apresenta o efeito dos três fatores independentes sobre o

    metabolismo glicídico. O gênero, a dieta e o tempo atuam de forma isolada sobre

    a glicemia e a insulina de jejum sérica, havendo somação dos efeitos do gênero

    e da dieta ingerida apenas sobre a glicemia. A intolerância à glicose,

    representada pela ASC do TOTG é influenciada pelo tempo de ingestão das

    dietas somente. Tanto a glicemia de jejum, quanto a intolerância à glicose, são

    moduladas em conjunto pelos três fatores estudados (gênero, dieta e tempo).

  • 41

    Tabela 2 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta sobre a ingestão e massa corporal

    PARÂMETRO GÊNERO DIETA TEMPO GÊNERO*DIETA GÊNERO*TEMPO DIETA*TEMPO GÊNERO*DIETA*TEMPO

    Ingestão de água P=0,0001 P

  • 42

    Tabela 3 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta sobre o fígado e a adiposidade corporal

    PARÂMETRO GÊNERO DIETA TEMPO GÊNERO*DIETA GÊNERO*TEMPO DIETA*TEMPO GÊNERO*DIETA*TEMPO

    Fígado P

  • 43

    Tabela 4 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta sobre os triglicerídeos teciduais

    PARÂMETRO GÊNERO DIETA TEMPO GÊNERO*DIETA GÊNERO*TEMPO DIETA*TEMPO GÊNERO*DIETA*TEMPO

    Fígado NS NS NS NS NS NS NS

    Gordura marrom NS NS NS NS NS NS NS

    Análise de variância three-way, considerando como fatores independentes o gênero, a dieta e o tempo. Foi avaliado o efeito desses fatores isoladamente (colunas 2-4) ou o seu efeito em associação 2 a 2 two-way (colunas 5-7) e dos três fatores em con