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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS CURSO CIÊNCIA E TECNOLOGIA JÉSSICA CAVALCANTE MONTENEGRO USO DE LENHA COMO MATRIZ ENERGÉTICA NAS PIZZARIAS DE MOSSORÓ-RN, EM 2013 MOSSORÓ - RN 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

CURSO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

JÉSSICA CAVALCANTE MONTENEGRO

USO DE LENHA COMO MATRIZ ENERGÉTICA NAS PIZZARIAS

DE MOSSORÓ-RN, EM 2013

MOSSORÓ - RN

2013

JÉSSICA CAVALCANTE MONTENEGRO

USO DE LENHA COMO MATRIZ ENERGÉTICA NAS PIZZARIAS

DE MOSSORÓ-RN, EM 2013

Monografia apresentada à Universidade

Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,

Departamento de Ciências Ambientais e

Tecnológicas para a obtenção do título de

Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Orientador: Prof. Dr. Alan Martins de

Oliveira.

MOSSORÓ - RN

2013

Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação

da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA M772u Montenegro, Jéssica Cavalcante.

Uso de lenha como matriz energética nas pizzarias de

Mossoró-RN, em 2013 / Jéssica Cavalcante Montenegro. –

Mossoró, RN: 2013. 54f. : il.

Orientador: Profº. Dr. Alan Martins de Oliveira.

Monografia (Graduação) – Universidade

Federal Rural do Semi-Árido, Graduação em Ciência e

Tecnologia, 2013.

1. Impacto Ambiental. 2. Semiárido. 3. Fontes de energia.

4. Gestão ambiental I. Título.

CDD: 363.7 Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo

CRB-5/1033

JÉSSICA CAVALCANTE MONTENEGRO

USO DE LENHA COMO MATRIZ ENERGÉTICA NAS PIZZARIAS

DE MOSSORÓ-RN, EM 2013

Monografia apresentada à Universidade

Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,

Departamento de Ciências Ambientais e

Tecnológicas para a obtenção do título de

Bacharel em Ciência e Tecnologia.

APROVADA EM: _11_/_09_/_2013_

BANCA EXAMINADORA

Dedico este trabalho às pessoas mais

importantes da minha vida: meus pais, Carlos

Alberto e Anatália, e a minha irmã Ana Carla,

que sempre confiaram no meu potencial.

Obrigada, por estarem sempre presentes em

todos os momentos, me dando carinho, apoio,

e principalmente pelo Amor de vocês.

AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida, por sua presença constante em meu coração, me guiando e

abençoado meus caminhos. Obrigada!

Aos meus pais, por toda dedicação e confiança que me fizeram não desistir nunca e por me

mostrarem que sou capaz de alcançar tudo o que desejar. Pai, Mãe, nunca conseguirei

agradecer tudo que fazem por mim. A vocês, o meu amor incondicional e os meus eternos

agradecimentos.

A minha irmã Ana Carla Cavalcante Montenegro, que tanto torce pelo meu sucesso, que não

importa o que aconteça, estará sempre ao meu lado. Obrigada por toda dedicação concedida à

realização deste trabalho. Obrigada por todas as vezes que me apoiou, recarregando minhas

forças e me encorajando a não desistir.

A toda minha família que juntos me ensinaram o poder da força e da união. Em especial, as

minhas avós (Núbia e Chiquinha-In Memorian) e meus tios e tias, que sempre acreditaram na

importância da educação e nunca mediram esforços para nos proporcionar o melhor.

Aos meus primos, que estão sempre presentes me dando força e me encorajando. Obrigada

por todos os momentos compartilhados!

A Marcus Mota, pela paciência demonstrada nesses últimos meses e por toda dedicação

concedida à realização deste trabalho. Obrigada pela companhia que se faz sempre presente.

Ao meu orientador, Alan Martins de Oliveira por dedicar a mim e a este trabalho, tempo,

paciência e sabedoria. Muito Obrigada!

A todos meus colegas de curso, que durante esses três anos compartilharam momentos que

figurarão em minha memória por toda minha vida.

A todos que torceram por mim. Obrigada por compartilharem comigo esse momento de

conclusão de curso, que foi uma jornada exaustiva, porém muito gratificante.

“E você aprende que realmente pode

suportar... que realmente é forte, e que pode ir

muito mais longe depois de pensar que não se

pode mais ”(William Shakespeare)

RESUMO

A utilização da madeira, na forma de lenha, como fonte de energia é uma realidade que, no

caso do Semiárido brasileiro assumiu proporções preocupantes, uma vez que esse bioma

possui baixa capacidade de auto recuperação em função das intempéries ambientais,

especialmente a falta de chuvas. A indústria alimentícia é uma das responsáveis por esse uso.

Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi diagnosticar a utilização de lenha como matriz

energética nas pizzarias no município de Mossoró-RN. Como metodologia, aplicou-se um

questionário semiestruturado, contendo as seguintes variáveis: Aspectos socioeconômicos e

Diagnósticos ambiental dos empreendimentos. O questionário foi elaborado sendo

direcionado às pizzarias da cidade para investigar, dentre outros aspectos, qual a matriz

energética utilizada, bem como as possíveis consequências desse uso. Como resultados, é

possível mencionar que em Mossoró-RN, de cada dez pizzarias, aproximadamente sete

utilizam lenha como matriz energética, as demais utilizam GLP (Gás Liquefeito de Petróleo).

O aspecto econômico é o que mais influencia nessa escolha da fonte de energia. Do ponto de

vista socioambiental, o uso de lenha trás problemas em relação à poluição atmosférica urbana,

uma vez que a maioria não possui filtros instalados em suas chaminés. A origem dessa lenha

utilizada é pouco conhecida pelos proprietários e gerentes dos estabelecimentos.

Provavelmente a intervenção do poder público, no sentido de fiscalizar esses e outros aspectos

relacionados à indústria alimentícia local não está a contento. Para tanto, aponta-se como

medida para alterar a referida problemática a implantação de um Sistema de Gestão

Ambiental, projetos de educação ambiental, legalização dos empreendimentos, maior

fiscalização e adoção de fontes alternativas de energia.

Palavras-Chaves: Impacto ambiental, Semiárido, fontes de energia, gestão ambiental.

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: UNIDADES DE ENERGIA E FATORES DE CONVERSÃO ....................................................... 14

TABELA 2: COMPARATIVO DO PANORAMA ENERGÉTICO MUNDIAL COM O PANORAMA

ENERGÉTICO BRASILEIRO ............................................................................................................................. 18

TABELA 3: QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS QUE TRABALHAM NA PIZZARIA, MOSSORÓ-RN,

2013 ....................................................................................................................................................................... 29

TABELA 4: QUANTIDADE DE MEMBROS DA FAMÍLIA DO PROPRIETÁRIO TRABALHANDO NA

PIZZARIA, MOSSORÓ-RN, 2013. ...................................................................................................................... 29

TABELA 5: TEMPO DE FUNCIONAMENTO DAS PIZZARIAS, MOSSORÓ-RN, 2013............................... 30

TABELA 6: QUANTIDADE DE COMBUSTÍVEL UTILIZADO, PRODUÇÃO, E PRODUTIVIDADE.

MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 32

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: NÍVEL DE ESCOLARIDADE DO PROPRIETÁRIO OU GERENTE DAS PIZZARIAS.

MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 30

GRÁFICO 2: PERCENTUAL DAS MATRIZES ENERGÉTICAS UTILIZADAS NAS PIZZARIAS DO

MUNICÍPIO DE MOSSORÓ- RN, 2013. ............................................................................................................. 31

GRÁFICO 3: RESPOSTA DADA PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À PERGUNTA:

“VOCÊ SE PREOCUPA COM O MEIO AMBIENTE?”. MOSSORÓ-RN, 2013. .............................................. 35

GRÁFICO 4: RESPOSTA DADA PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À PERGUNTA:

“VOCÊ ACHA QUE SUA ATIVIDADE PREJUDICA DE ALGUMA FORMA O MEIO AMBIENTE?”.

MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 36

GRÁFICO 5: RESPOSTAS DADAS PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À

PERGUNTA: “O ESTABELECIMENTO OFERECE ALGUM TIPO DE TREINAMENTO COM OS

FUNCIONÁRIOS A RESPEITO DO MEIO AMBIENTE?”. MOSSORÓ-RN, 2013. ........................................ 37

GRÁFICO 6: RESPOSTAS DADAS PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À

PERGUNTA: “VOCÊ TEM CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL REFERENTE A SUA

ATIVIDADE?”. MOSSORÓ-RN, 2013. .............................................................................................................. 38

GRÁFICO 7: RESPOSTAS DADAS PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À

PERGUNTA: “O ESTABELECIMENTO POSSUI LICENÇA AMBIENTAL PARA FUNCIONAR?”

MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 39

GRÁFICO 8: RESPOSTAS DADAS PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À

PERGUNTA: ”QUE TIPO DE MELHORIA VOCÊ FARIA NA PIZZARIA DO PONTO DE VISTA

AMBIENTAL E NO USO DE ENERGIA?” MOSSORÓ-RN, 2013. .................................................................. 40

GRÁFICO 9: RESPOSTA A QUESTÃO: - QUAL A MAIOR DESVANTAGEM DECORRENTE DO USO DE

LENHA NOS FORNOS DA PIZZARIA? MOSSORÓ-RN, 2013. ...................................................................... 41

GRÁFICO 10: ESPÉCIE DA MADEIRA USADA COMO COMBUSTÍVEL NO FORNO DAS PIZZARIAS.

MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 42

GRÁFICO 11: PERCENTUAL DA FORMA DE OBTENÇÃO DA LENHA PELAS PIZZARIAS. MOSSORÓ-

RN, 2013. .............................................................................................................................................................. 43

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: IMPACTOS AMBIENTAIS: LOCAL, REGIONAL E MUNDIAL ...............................20

LISTA DE SIGLAS

BEM – Balanço Energético Nacional

EPE – Empresa de Pesquisas Energéticas

GLP – Gás Liquefeito de Petróleo

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MME – Ministério de Minas e Energias

MMA – Ministério do Meio Ambiente

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

SI – Sistema Internacional de Unidades

OIE – Oferta Interna de Energia

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12

2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 14

2.1. ENERGIA .......................................................................................................................... 14

2.1.1. Fontes de Energia ......................................................................................................... 15

2.1.2. Energia: Evolução Histórica e Contexto Atual .......................................................... 16

2.2. MATRIZ ENERGÉTICA .................................................................................................. 17

2.2.1. Matriz Energética no Brasil e no Mundo ................................................................... 17

2.3. ENERGIA E MEIO AMBIENTE ..................................................................................... 18

2.4. USO DA MADEIRA PARA FINS ENERGÉTICOS ....................................................... 21

2.5. BIOMA CAATINGA ........................................................................................................ 22

2.5.1. Exploração e Conservação da Caatinga ..................................................................... 24

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 27

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 27

3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA ........................................................................................... 27

3.3. TÉCNICAS DE PESQUISA E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................ 28

3.4. ORDENAMENTO, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ................................. 28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 29

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS ......................................................................... 29

4.2. MATRIZ ENERGÉTICA PARA PRODUÇÃO DE CALOR NO FORNO DAS

PIZZARIAS .............................................................................................................................. 31

4.2.1. Produção, custo e produtividade ................................................................................. 32

4.2.2. Benefícios da Matriz Energética Utilizada ................................................................. 33

4.2.3. Percepção dos proprietários ou gerentes sobre os impactos socioambientais da

atividade .................................................................................................................................. 34

4.2.4. Destino dos resíduos orgânicos e inorgânicos ............................................................ 39

4.2.5. Melhoria do ponto de vista ambiental e no uso de energia ....................................... 39

4.2.6. Lenha como combustível para geração de energia .................................................... 40

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 46

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 47

APÊNDICE ............................................................................................................................. 54

12

1. INTRODUÇÃO

Durante os últimos anos, o ser humano, em sua corrida desenvolvimentista, tem

criado problemas ambientais em escala global. O frenético ritmo do desenvolvimento

industrial e a falsa ideia de que os recursos naturais como solo, ar e água são infinitos,

acarretaram a utilização dos recursos naturais de maneira inconsequente, modificando as

condições ambientais e afetando a qualidade de vida das futuras gerações. (BRITO, 2007)

O desenvolvimento humano está intrinsecamente ligado à disponibilidade da

energia final obtida por diferentes fontes de energia primária e, das tecnologias existentes para

a transformação desta energia final em energia útil. Desde a descoberta do fogo até o uso da

energia nuclear, para produção de energia elétrica, é possível associar o desenvolvimento

tecnológico humano com a energia empregada ao longo de sua história (BARBOSA;

AZEVEDO; SANTOS, 2004).

O Progresso mundial do consumo de energia, fundamentada na queima de

combustíveis fósseis, condicionou a humanidade para uma matriz energética cara e insegura,

sobretudo, bastante negativa para o meio ambiente. Tal fato tem levado muitos países a

considerarem a necessidade de profundas mudanças, incluindo a intensificação do

aproveitamento de diferentes fontes energéticas, especialmente as renováveis, incluindo-se a

madeira (BRITO, 2007).

Desde os primórdios a vegetação constitui-se como fonte energética, sendo

inicialmente utilizada nos domicílios e posteriormente nas manufaturas e indústrias. No

campo energético, de acordo com a tradição a madeira é chamada de lenha e, nessa forma,

sempre proporcionou histórica contribuição para o desenvolvimento da humanidade,

apresentando-se como sua primeira fonte de energia, inicialmente destinada ao aquecimento e

cocção de alimentos. Ao passar dos tempos, passou a ser utilizada como combustível líquido,

sólido e gasoso, em processos para a geração de energia mecânica, térmica e elétrica.

(FRANCO, 2013).

Baseando-se nessas constatações percebe-se que os modelos de produção

encontraram na lenha uma forma de aumentar sua produtividade. Dessa maneira, as técnicas

rudimentares que ainda predominam em determinadas indústrias exercem uma pressão sobre

o ambiente, comprometendo todas as espécies vivas que habitam esses espaços. (SAMPAIO,

2012).

13

O Semiárido nordestino é um exemplo claro desse processo, que vem

condicionando a crescente exploração predatória da vegetação de Caatinga. Por ser o

Semiárido mais povoado do planeta, as atividades humanas que surgiram ao longo do tempo,

vêm dando sua parcela de contribuição, para acelerar o desgaste do ambiente, interferindo nos

ritmos de vida dos ecossistemas. No caso do Seridó Potiguar essa interferência humana vem

desencadeando o aumento da desertificação, colocando-o como um dos casos mais graves

entre os quatro núcleos ainda existentes no Nordeste brasileiro (MORAIS, 1999).

Conhecida pelo seu clima seco e quente, cuja vegetação, do tipo caatinga, é fonte

de renda e de sobrevivência para os sertanejos. Baseado num modelo extrativista, o nordestino

explora a vegetação nativa através das atividades de extração madeireira, criação de animais e

agricultura de subsistência.

Em zona rural, esse processo extrativista é mais perceptível, por ser o locus da

exploração, mas o resultado disso é refletido em zona urbana, onde parte desse material é

utilizado, em especial, na forma de lenha ou carvão.

É visto que a exploração predatória dos recursos naturais advém desde o período

de colonização. O aumento da população urbana era acompanhado por um aumento do uso

das espécies, sobretudo, as lenhosas. Conforme enfatiza Figueirôa et al. (2005), a vocação

madeireira da vegetação da caatinga é responsável pela produção de lenha e carvão,

responsáveis pelo abastecimento da população do semiárido desde o cozimento de alimentos à

manutenção das atividades que demandam material energético.

Justamente por atender tamanha necessidade, sua constante e gradativa exploração

sempre foi desordenada provocando a exaustão e/ou limitando a sobrevivência de algumas

espécies. A ausência de informações para os atores diretamente envolvidos na atividade de

exploração madeireira leva a não considerar os impactos advindos de tal prática. Na cidade de

Mossoró – RN, a utilização dos recursos energéticos oriundos da caatinga nas diversas

atividades é sem dúvida um fator a ser considerado.

Diante dos aspectos supramencionados, esse trabalho foi desenvolvido com o

objetivo de diagnosticar a utilização de lenha como matriz energética nas pizzarias no

município de Mossoró-RN.

Como objetivos específicos, mencionam-se: Diagnosticar os aspectos

socioambientais relacionados às pizzarias locais; Investigar os motivos para escolha da matriz

energética desses estabelecimentos; e, Identificar os impactos ambientais dessa atividade, com

ênfase às pizzarias que utilizam lenha como matriz de energia.

14

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ENERGIA

Energia pode ser definida como a capacidade que os corpos possuem de realizar

trabalho ou transferir calor (FARIAS, SELLITTO, 2011), sendo medida, no Sistema

Internacional de Unidades (SI), em unidades de trabalho com equivalência em potência, como

apresentada no TABELA 1 (KAEHLER, 2000).

Tabela 1: Unidades de energia e fatores de conversão

FONTE: Adaptado de Brasil (2013)

A lei da conservação da energia diz que a energia total do Universo tem-se

mantido invariável desde o início da sua formação. Max Planck (1858-1947), em 1887, foi o

primeiro físico que a exprimiu matematicamente, em termos rigorosos e mais gerais, dizendo

que, "A energia total (mecânica e não mecânica) de um sistema isolado, um sistema que não

troca matéria e/ou energia com o exterior, mantém-se constante, ou seja, a energia não pode

ser criada nem destruída, apenas transformada” (PLANCK, 1887, apud PORTUGAL, 2013).

Podemos, a partir dessa afirmação, inferir duas propriedades características da energia, a sua

indestrutibilidade global e a sua dissipação para formas de energia não mecânica.

15

Na natureza encontramos energia sob diversas formas. Às vezes quando falamos

em energia, a modalidade que nos vem primeiro à mente é a energia elétrica em razão de sua

grande utilização. No grande universo que nos cerca, diversas são as modalidade de energia e

exemplos destas são: mecânica, térmica, sonora, elétrica, eólica, solar, luminosa, nuclear,

entre outras. (BRASIL ESCOLA, 2013)

2.1.1. Fontes de Energia

O conceito de “fonte de energia” é definido como a origem da energia, a qual é

um recurso natural que pode fornecer ao Homem determinado tipo de energia e sua substância

transformadora (GOLDEMBERG, 2001). As fontes de energia são um dos elementos

importantes e indispensáveis à nossa vida quotidiana e ao desenvolvimento econômico, além

de serem extremamente importantes para a melhoria da qualidade de vida.

As fontes de energia conhecidas atualmente, podem ser classificadas em fontes

primárias, geradas de processos fundamentais da natureza, como a energia dos núcleos dos

átomos, energia gravitacional, energia solar, eólica, hidráulica; e secundárias, provindas das

primeiras, representando apenas transformações e/ou distintas formas daquelas, por exemplo:

do petróleo é retirada a gasolina e o gasóleo (PORTUGAL, 2013).

As fontes de energia podem ser classificadas também em fontes renováveis, que é

aquela provida de fontes capazes de se regenerar por meios naturais, portanto, são

considerados inesgotáveis, tendo como exemplos deste tipo de fonte, a energia eólica, solar,

gravitacional; e não renováveis, definido como recursos naturais que, quando utilizados, não

podem ser repostos pela ação humana ou pela natureza, a um prazo útil. Tanto os

combustíveis fósseis como os nucleares são considerados não renováveis, pois a capacidade

de renovação é muito reduzida comparada com a utilização que deles fazemos. As reservas

destas fontes energéticas irão ser esgotadas, ao contrário das energias renováveis

(GOLDEMBERG, 2001).

Dessa forma, infere-se que a energia constitui atualmente, uma das questões mais

importantes que a humanidade enfrenta. A produção e o consumo de energia estão

diretamente vinculados com as três dimensões do desenvolvimento sustentável: meio

ambiente, sociedade e economia.

Segundo a Agência Internacional de Energia, o consumo mundial deve crescer

1,6% ao ano entre 2006 e 2030, o que representará um aumento de 45% ao longo desse

16

período. Os combustíveis fósseis devem continuar responsáveis por cerca de 80% da energia

consumida no planeta (OLIVEIRA, 2013). A evolução desse consumo em todo o planeta tem

comprovado que, quanto maior a nossa capacidade para produzir energia, tanto maiores são as

alterações que provocamos no meio ambiente.

2.1.2. Energia: Evolução Histórica e Contexto Atual

O homem no decorrer de sua existência, criou tecnologias para transformar a

natureza à seu favor. Para termos todos os aparatos tecnológicos e produtos que existem hoje,

foram necessárias grandes revoluções industriais que os levaram a produzir cada vez mais.

Na Pré-História o homem percebeu sua limitação física na execução de tarefas,

buscando dessa forma, fontes de energia para facilitar o trabalho e aumentar seu conforto no

dia a dia. Para satisfazer suas primeiras necessidades, o homem apropriou-se do uso do fogo e

desenvolveu a agricultura e a pecuária, armazenando energia excedente nos animais e

alimentos (FONSECA, 1972). A partir de então, cada vez mais, pode dedicar-se a outras

atividades para potencializar seu trabalho (TESSMER, 2002).

Nos séculos XV a XVIII a energia dos ventos movimentou as caravelas e

possibilitou a expansão marítima que promoveu a ocupação da América pelos europeus e um

maior intercâmbio de pessoas e mercadorias entre os continentes, com todas as consequências

positivas e negativas decorrentes.

Conforme afirma Barroso (2007), até o século XIX, o consumo de energia cresceu

de maneira lenta com base no uso da lenha e seus derivados, sendo a biomassa, a principal

fonte energética do país. Segundo Amaral (2010), ainda na era do vapor surge o carvão

mineral empregado na combustão direta para sua produção, sendo considerado o primeiro

combustível fóssil usado em larga escala e o início de uma nova era, caracterizada pela

revolução industrial, o surgimento do automóvel e a exploração do petróleo.

A diversificação do trabalho, visando à otimização das tarefas demandou novas

formas de utilização de energia, que foram sendo descobertas e aprimoradas, através do

desenvolvimento da matemática, da geometria e da engenharia, que proporcionaram a criação

de dispositivos mecânicos complexos, empregados para o aproveitamento da energia contida

nos ventos e no vapor (PIERRE, 2011).

Á medida que os progressos técnicos foram avançando, a utilização de novas

fontes energéticas tornavam o trabalho humano mais eficiente. A sociedade moderna utiliza

17

cada vez mais energia para a indústria, agricultura, serviços, comércio, transportes e consumo

doméstico (OLIVEIRA, 2013).

Segundo Farias e Sellitto (2011), atualmente há uma diversidade de fontes de

energia, classificadas como renováveis que continuam disponíveis depois de utilizadas, e não-

renováveis, que são limitadas e se esgotam. Os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral

e gás natural) assim chamados por se originarem de restos de animais e plantas soterrados

com os sólidos que formam as rochas sedimentares são as principais fontes de energia

utilizadas no mundo hoje, como mostra a TABELA 2:

O petróleo continua a ser a principal fonte de energia do planeta, seguido pelo

carvão mineral e pelo gás natural. Essa situação é preocupante, já que de acordo com dados

EPE – Empresa de Pesquisas Energéticas (2013) aproximadamente 80% da energia

consumida mundialmente provém dessas três fontes não renováveis, que um dia se esgotarão.

2.2. MATRIZ ENERGÉTICA

Matriz energética é toda energia disponibilizada para ser transformada, distribuída

e consumida nos processos produtivos e nas atividades sociais. Pode ser definida também

como uma representação quantitativa da oferta de energia, ou seja, da quantidade de recursos

energéticos oferecidos por um país ou por uma região (GOLDEMBERG, 2001).

2.2.1. Matriz Energética no Brasil e no Mundo

Quando ponderado o panorama mundial de utilização de Matriz Energética,

percebe-se que as fontes empregadas em cada um dos países estão relacionadas à

disponibilidade energética e ao culto de cada matriz. Por esse motivo, não é de surpreender

que as Hidroelétricas sejam uma das principais matrizes energéticas do Brasil, já que neste,

encontra-se a maior concentração de água doce em um país (TRAJBE, 2013).

O percentual da oferta interna de energia no Brasil nas últimas sete décadas pode

ser confrontado com os períodos extremos (1940 e 2012) por uma grande diferença quanto à

composição da oferta de energia. Destacam-se o petróleo, gás natural e derivados (6,4% em

1940 para 50,7% em 2012) e a lenha e carvão (83,3% em 1940 para 9,1% em 2012) que

representam quase que situações inversas quanto ao emprego destas fontes para geração de

energia (BRASIL, 2013).

18

Comparando o panorama mundial de oferta de energia com o panorama nacional

(TABELA 3), temos que a maior parte da oferta mundial é composta por combustíveis fósseis

não renováveis e que causam sérios problemas ambientais. Já no panorama nacional, vemos

que a oferta interna de energia é baseada no petróleo, na biomassa e na energia hidroelétrica,

que em sua maioria são fontes renováveis e menos prejudiciais ao meio ambiente.

Tabela 2: Comparativo do panorama energético mundial com o panorama energético

brasileiro

Fonte Mundo (2011) % Brasil (2012) %

Petróleo 32,0 39,2

Carvão mineral 28,0 5,4

Gás natural 21,0 11,5

Biomassa 10,3 28,6

Energia Nuclear 5,0 1,5

Energia Hidroelétrica 2,3 13,8

Outras Energias Renováveis 1,4 -

FONTE: Adaptado de Brasil (2013) e AIE, Agência Internacional de Energia (2013).

O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo

industrializado, graças aos seus recursos hídricos, biomassa, etanol, e também graças à

energia eólica e solar (MMA, 2013a). Dessa maneira, tem-se que a matriz energética

brasileira é uma das mais limpas do planeta. Quase metade da energia (45%) consumida no

país é renovável, e esse número ganha destaque quando comparado à matriz energética

mundial, que, em 2010, era constituída de 81% de combustíveis fósseis - fontes não

renováveis (TRAJBE, 2013).

Em 2012, a participação de renováveis na Matriz Energética Brasileira manteve-se

entre as mais elevadas do mundo, com pequena redução devido à menor oferta de energia

hidráulica e de etanol (MMA, 2013).

2.3. ENERGIA E MEIO AMBIENTE

Moreira (2005) afirma que o sistema energético envolve as atividades de extração,

processamento, distribuição e uso de energia e é responsável pelos principais impactos

ambientais da sociedade industrial. Dentro de uma visão tradicional, “um impacto ambiental

19

pode ser definido como qualquer alteração no meio ambiente que derive das atividades

humanas e comprometa o funcionamento dos sistemas” (GOLDEMBERG; VILLANUEVA,

2013, p. 57). Exemplos desses impactos são comumente registrados e vêm sendo debatidos,

como o desmatamento, efeito estufa, a extinção de espécies e seus efeitos sobre o bem-estar

do ser humano e a saúde dos ecossistemas.

Entretanto, ressalta-se que há impactos ambientais resultantes de fenômenos

naturais como terremotos, tempestades furacões, etc. Estes fenômenos também causam

alterações nos ecossistemas, sem obrigatoriamente originar-se de atividades humanas

(MOREIRA, 2005).

Porém, as influências negativas do homem sobre o meio ambiente acresceram

após a chamada Revolução Industrial, e principalmente no século XX. Segundo Matsukuma

(2010, p.8) “o homem moderno depende da energia elétrica e do combustível fóssil como o

homem do século XIX dependia do cavalo e o homem primitivo dependia de seus próprios

braços”.

A energia elétrica é produzida atualmente no mundo pela queima de petróleo

(43%), de carvão e outros combustíveis sólidos (31%), de gás natural (21%),

e reação nuclear e queda d'água (5%). No Brasil, atualmente, ao contrário do

que acontece na maioria dos outros países do mundo, a maior fonte de

energia são as hidrelétricas. O consumo de energia proveniente dessa fonte

cresceu muito nas últimas décadas, com a construção de usinas gigantescas

como a de Itaipu e Tucuruí (MATSUKUMA, 2010, p. 9).

O Brasil, por ter uma matriz de OIE (Oferta Interna de Energia) com alta

participação de fontes renováveis, apresenta baixo indicador de emissões pelo uso de energia,

de 1,45 tCO2/tep. Já em países com alta participação de fontes fósseis, como a China, o

indicador pode passar de 3 tCO2/tep. No mundo a média é de 2,38 tCO2/tep. (MME,

Ministério de Minas e Energia, 2013)

Todas as etapas da indústria energética até a utilização de combustíveis provocam

um certo impacto ao meio ambiente e à saúde do ser humano. Pois, a extração de recursos

energéticos, têm implicações em mudanças nos padrões de uso do solo, alteração da cobertura

vegetal, recursos hídricos e na composição atmosférica (KAEHLER, 2000).

Segundo Farias e Sellitto (2011) esses impactos ambientais sofreram um forte

impulso devido ao crescimento populacional e ao crescente consumo per capita de energia,

principalmente nos países industrializados. Os autores afirmam que atualmente, países como

20

China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão são considerados os maiores poluidores do

planeta.

Os efeitos nocivos dos agentes poluidores não se restringem ao nível local onde se

concretizam as atividades de produção ou de consumo de energia, mas também possuem

efeitos regionais e globais (MOREIRA, 2005).

Na escala regional pode-se mencionar, por exemplo, o problema de chuvas

ácidas, ou ainda o derramamento de petróleo em oceanos, que pode atingir

vastas áreas. Existem ainda impactos globais, e os exemplos mais

contundentes são as alterações climáticas devidas ao acúmulo de gases na

atmosfera (efeito estufa), e a erosão da camada de ozônio devida ao uso de

CFCs (compostos com moléculas de cloro-fluor-carbono) utilizados em

equipamentos de ar condicionado e refrigeradores (AMALFI, 2005, p.46).

Quadro 1: Impactos Ambientais: Local, Regional e Mundial

DIMENSÃO PROBLEMAS PRINCIPAL CAUSA

LOCAL Poluição urbana do

ar;

Poluição do ar em

ambientes fechados.

Usos dos combustíveis

fósseis para transporte;

Uso de combustíveis

sólidos (biomassa e carvão

para aquecimento e cocção)

REGIONAL Chuva ácida Emissões de enxofre e

nitrogênio, matéria

particulada, e ozônio na

queima de combustíveis

fósseis principalmente no

transporte.

GLOBAL Efeito estufa;

Desmatamento;

Degradação costeira e

marinha.

Emissões de CO2 na

queima de combustíveis

fósseis;

Produção de lenha e carvão

vegetal e expansão da

fronteira agrícola;

Transporte de combustíveis

fósseis.

FONTE: Goldemberg e Villanueva (2013)

Em suma, as atividades relacionadas com a produção e uso de energia liberam

para a água, atmosfera e solo diferentes substâncias que podem comprometer a saúde e

sobrevivência do homem, da fauna e flora. Alguns desses efeitos são visíveis e também

imediatos, outros tem a propriedade de serem cumulativos e de permanecerem por várias

décadas ocasionando problemas

21

2.4. USO DA MADEIRA PARA FINS ENERGÉTICOS

No campo energético, a madeira é tradicionalmente chamada de lenha e, nessa

forma, sempre ofereceu histórica contribuição para o desenvolvimento da humanidade, tendo

sido sua primeira fonte de energia, inicialmente empregada para aquecimento e cocção de

alimentos. Ao longo dos tempos, passou a ser utilizada como combustível sólido, gasoso e

líquido, em processos para a geração de energia térmica, elétrica e mecânica. (SILVA et al.,

2008).

Hoje, a madeira ainda continua participando da matriz energética mundial, com

maior ou menor intensidade, dependendo da região considerada, sendo mais evidente em

países em desenvolvimento. Seu uso é afetado por variáveis como: nível de desenvolvimento

do país, disponibilidade de florestas, questões ambientais e sua competição econômica com

outras fontes energéticas, como petróleo, gás natural, hidroeletricidade, energia nuclear etc.

(BRITO, 2OO7).

No início da História do Brasil, a lenha foi o principal recurso energético,

impulsionando o ciclo da cana de açúcar e o ciclo do ouro. Historicamente, a madeira para

energia no Brasil tem sido relacionada com a produção de carvão vegetal, ao consumo

residencial, ao consumo industrial e ao consumo agropecuário (ALCOFORADO FILHO,

2013).

Hoje, são utilizados no país 300 milhões de metros cúbicos de madeira por ano.

Metade transforma-se em lenha para consumo residencial, de olarias e padarias. Os outros 150

milhões são consumidos pelos estabelecimentos industriais, principalmente na secagem de

grãos (BRAINER et al., 2011). A madeira empregada para produção de energia no Brasil,

representa o maior volume de madeira atrelada a um determinado uso, sendo 69% dessa,

destinada a esse fim (ALCOFORADO FILHO, 2013).

Na Região Nordeste, o uso da lenha iniciou-se com o processo de sua ocupação

pelo homem, quando eram as únicas fontes locais de energia disponíveis, junto ao bagaço da

cana. Hoje, ainda há dependência da população em relação ao produto florestal como fonte de

energia tanto no consumo doméstico quanto nas atividades econômica (SAMPAIO;

BATISTA, 2012).

Estima-se que 70% das famílias da Região Nordeste utiliza lenha para

consumo doméstico e que 33% da matriz energética é suprida com lenha obtida, quase

totalmente, de áreas desmatadas, às vezes plantadas por alguns anos e depois abandonadas,

22

pra que a vegetação cresça novamente, até recomeçar um novo ciclo. (BRAINER et al.,

2011).

O Ministério do Meio Ambiente entende que o uso da lenha como fonte de

energia pode representar um retrocesso apenas se ela for explorada de forma indiscriminada.

Caso o uso for planejado, será uma fonte importante para países em desenvolvimento,

gerando riqueza e renda (JORNAL O GLOBO, 2005).

Gariglio et al., (2010) mostra um exemplo claro dessa relação, dizendo que cerca

de 25% da energia consumida pelos setores industrial e comercial da região Nordeste tem

origem na biomassa florestal, gerando cerca de 900 mil empregos diretos e indiretos.

Brainer et al., (2011) pronuncia que houve época em que se acreditava que o

processo de desenvolvimento das nações induzisse à redução natural do uso da lenha como

fonte de energia. No entanto, o uso de biomassa em geral, e de madeira em particular, como

alternativa de energia renovável às fontes fósseis tem sido cada vez mais considerado como

viável e vantajoso se forem tomados os seguintes cuidados, conforme explica Brito (2007):

Retirar da marginalidade e valorizar o conceito de uso da madeira para energia;

Agregar a lenha como produto do manejo e do uso múltiplo da floresta;

Manejar, de forma sustentável, as florestas nativas para fins energéticos;

Induzir a uma maior intensificação de uso dos resíduos industriais e florestais para fins

energéticos;

Induzir pesquisas, estudos e desenvolvimentos tecnológicos na área de aplicação de

madeira para energia;

Estabelecer programas de educação e extensão relacionados ao uso da madeira para

energia. Entre outros.

2.5. BIOMA CAATINGA

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013b) o bioma caatinga

é o único exclusivamente brasileiro, possui extensão territorial de 844.453 quilômetros

quadrados, o que corresponde a aproximadamente 11% do território nacional. Segundo dados

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2004) a vegetação da caatinga

23

compreende ao estado do Ceará (100%) e mais de metade da Bahia (54%), da Paraíba (92%),

de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do Norte (95%), quase metade de

Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do

Maranhão (1%).

A Caatinga situa-se entre o “Equador e o Trópico de Capricórnio, estendendo-se

de 2º54’ a 17º21’ S” (LEAL; TABARELLI; SILVA, 2003, p. 3). É conceituada por Maia

(2004) apud Soares (2011) como uma mata ou floresta branca, cuja vegetação durante o

período seco de setembro a dezembro tem um aspecto branco ou prateado. Isto ocorre devido

ao fato de que a maioria das plantas tem casca clara e reluzente e perde as folhas na estação

seca, proporcionando um aspecto branco a toda paisagem.

Rodal e Sampaio (2002) apud Gariglio et al. (2010, p.29) analisaram as

implicações das diferentes descrições e delimitações de caatinga e identificaram três

características básicas, na maioria dos escritos:

(i) a vegetação que cobre uma área grande e mais ou menos contínua, no

Nordeste do Brasil, submetida a um clima semi-árido, bordejada por áreas de

clima mais úmido; (ii) a vegetação desta área, com plantas que apresentam

características relacionadas à adaptação à deficiência hídrica

(caducifólia, herbáceas anuais, suculência, acúleos e espinhos,

predominância de arbustos e árvores de pequeno porte, cobertura

descontínua de copas); e (iii) a vegetação com muitas espécies

endêmicas a esta área semiárida e com algumas espécies que ocorrem nesta

área e em outras áreas secas mais distantes, mas não nas áreas circunvizinhas

(RODAL e SAMPAIO, 2002 apud GARIGLIO et al., 2010, p.29).

O nome “caatinga” é de origem Tupi-Guarani e significa “floresta branca”, que

caracteriza bem o aspecto da vegetação na estação seca, quando as folhas caem e apenas os

troncos brancos e brilhosos das árvores e arbustos permanecem na paisagem seca. (LEAL;

TABARELLI; SILVA, 2003 ).

As altitudes são relativamente baixas, portanto, as temperaturas são altas e pouco

variáveis, espacial e temporalmente, com médias anuais entre 25°C e 30°C e poucos graus de

diferença entre as médias dos meses mais frios e mais quentes (SAMPAIO, 2003).

A disponibilidade hídrica, não só é limitante quanto extremamente variável no

tempo e no espaço. As médias de precipitação anual oscilam de pouco menos de 300mm, na

região dos Cariris Velhos na Paraíba, até pouco mais de 1000mm, nas zonas limítrofes da

Caatinga, com um padrão geral de diminuição deste entorno até o núcleo mais seco (REDDY,

1983 apud GARIGLIO et al., 2010).

24

Conforme dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013b), o bioma

caatinga é rico em biodiversidade, e abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de

répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 de abelhas. Já foram identificadas cerca

de 1,5 mil espécies vegetais, mas estima-se que possam chegar a até 3 mil espécies na

Caatinga. Diversas já se encontram ameaçadas de extinção, como a aroeira, jaborandi,

jaborandi do Ceará e baraúna, além de mamíferos como o veado catingueiro, preás, macacos,

porco do mato, e aves como a ararinha azul, araponga do nordeste, jacutinga, além de répteis,

anfíbios, peixes e insetos (SCHOBER, 2002).

Os autores supramencionados, expõem as riquezas da caatinga, mostrando que a

mesma possui grande potencial, enorme variedade de espécies endêmicas, ricos recursos

naturais etc. Logo, é crucial cuidar da preservação de tal ecossistema.

2.5.1. Exploração e Conservação da Caatinga

Apesar da sua importância, o bioma tem sido desmatado de forma acelerada,

principalmente nos últimos anos, devido principalmente ao consumo de lenha nativa,

explorada de forma ilegal e insustentável, para fins domésticos e indústrias, ao sobre pastoreio

e a conversão para pastagens e agricultura. (MMA, 2013b).

Soares (2011) enfatiza que antigamente na caatinga original, havia árvores de

tamanhos bem maiores, e muito mais espécies e indivíduos, de madeira nobre. Atualmente,

em decorrência da severa exploração dos recursos naturais pelo homem, a Caatinga encontra-

se em estado empobrecido, devastada, com árvores de porte mais baixo, de caule fino, às

vezes apenas de tamanho e forma arbustivos, e com poucas espécies em relação ao estado

original.

Sampaio (2003) ressalta que a Caatinga cobria originalmente um milhão de

hectares, sob clima predominantemente semiárido, mas com grande variação de situações

ambientais. Porém, atualmente, cerca de 40% da área original ainda estão cobertas de

vegetação nativa, sendo estas exploradas para extração de lenha, pastagem nativa para criação

de rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos, ou como parte do sistema de agricultura itinerante;

muito embora a baixa produtividade desse tipo de agricultura tenha mais uma vez cedido

lugar a pecuária e produção de lenha (SOARES, 2011).

Shoeber (2002) acrescenta que a utilização da Caatinga ainda é meramente

extrativista.

25

No caso da pecuária, o superpastoreio de ovinos, caprinos, bovinos e outros

herbívoros tem modificado a vegetação; o uso agrícola trouxe práticas

desordenadas como desmatamento e queimada; mas a extração madeireira,

para obtenção de lenha e carvão, é ainda mais danosa que a própria

agricultura (SHOEBER, 2002, p. 2)

O bioma da Caatinga pode ser considerado um dos mais ameaçados do Brasil. O

mau uso dos seus recursos tem causado danos irreversíveis a este bioma. Sampaio (2003) cita

que o processo de desertificação já afeta cerca de 15% da Caatinga. As consequências de anos

de extrativismo predatório são visíveis: perdas irrecuperáveis da diversidade da flora e da

fauna, acelerada erosão e queda na fertilidade do solo e na quantidade de água. Grande parte

de sua superfície já foi bastante modificada pela utilização e ocupação humana, sendo que

hoje em dia já é muito difícil encontrar remanescente da vegetação nativa maiores que 10 mil

hectares (LEAL; TABARELLI; SILVA, 2003).

A caatinga é apontada pelos pesquisadores como um dos biomas mais vulneráveis

às mudanças climáticas associadas aos efeitos de aquecimento global e pela exploração pelo

homem de forma desordenada e insustentável (LEITÃO, 2013).

O estudo e a conservação da variedade biológica da Caatinga é um dos maiores

desafios da ciência brasileira, pois para Leal; Tabarelli; Silva (2003):

A caatinga é a única grande região natural brasileira cujos limites estão

inteiramente restritos ao território nacional, ela é proporcionalmente a menos

estudada entre as regiões naturais brasileiras, com grande parte do esforço

científico estando concentrado em alguns poucos pontos em torno das

principais cidades da região, é a região natural brasileira menos protegida,

pois as unidades de conservação cobrem menos de 2% do seu território e

continua passando por um extenso processo de alteração e deterioração

ambiental provocado pelo uso insustentável dos seus recursos naturais, o que

está levando à rápida perda de espécies únicas, à eliminação de processos

ecológicos chaves e à formação de extensos núcleos de desertificação em

vários setores da região (LEAL; TABARELLI; SILVA, 2003, p. xii).

Conforme relatório do MMA (2013b), aproximadamente 27 milhões de pessoas

vivem na área da caatinga, sendo que 80% de seus ecossistemas originais já foram alterados,

principalmente por meio de desmatamento e queimadas, em um processo de ocupação desde

os tempos do Brasil colônia.

A maioria da população que reside na área da caatinga é carente e dependente dos

recursos da sua biodiversidade para sobreviver. A biodiversidade da caatinga ampara diversas

atividades econômicas voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos

26

ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos, portanto, esses mesmo recursos,

se conservados e explorados de forma sustentável, podem impulsionar o desenvolvimento da

região (SOARES, 2011).

27

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Mossoró está situada no interior do estado do Rio Grande do Norte, na região

Nordeste do Brasil. Pertence à mesorregião do Oeste Potiguar e à microrregião homônima. A

cidade fica entre as capitais Natal e Fortaleza (CE), distante 278 e 245 km (PREFEITURA

MUNICIPAL DE MOSSORÓ, 2013).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013) a

área total do município é de 2.110,207 quilômetros quadrados, o que lhe dá o título de maior

município do estado do Rio Grande do Norte, em termos de extensão territorial. Segundo

estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013), Mossoró possui

uma população de 266.758 habitantes. O número a coloca como a segunda cidade mais

populosa do Rio Grande do norte, atrás da capital do Estado, Natal.

A fruticultura irrigada, a indústria salineira e a indústria extrativa são alguns dos

segmentos econômicos de destaque na cidade. O município é o maior produtor de sal do país,

bem como o maior produtor de petróleo em terra. A fruticultura irrigada é voltada, em sua

maior parte, para a exportação, com destaque para a produção do melão (PREFEITURA

MUNICIPAL DE MOSSORÓ, 2013).

3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA

Para a identificação do tamanho dessa população, buscou-se informações na

prefeitura de Mossoró, que não apresentou dados precisos a esse respeito. Posteriormente, foi

realizado um contato com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –

SEBRAE, sede de Mossoró, que apresentou dados de que a cidade possui quinze pizzarias.

Com efeito, mas em pesquisa a sites de busca, foram encontradas mais quinze pizzarias,

totalizando trinta.

Para obtenção da amostra, aplicou-se a fórmula preconizada por Richardson, que

de uma poulação de 30 pizzarias, aplicou-se 6% de erro de estimação permitido e 90% de

nível de confiança, resultando numa amostra de 21 estabelecimentos.

28

3.3. TÉCNICAS DE PESQUISA E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

O estudo foi realizado no período de julho a agosto de 2013 em pizzarias da

cidade de Mossoró – RN. Toda a amostra foi contatada, com efeito, 20 pizzarias aceitaram

participar da coleta de dados, contemplando 67% da população.

Foi aplicado um questionário semiestruturado, destinado aos

gerentes/proprietários dos estabelecimentos, composto por 18 (dezoito) questões que estão

dispostas em 2 seções, sendo a primeira parte destinada a identificação, caracterização do

estabelecimento e percepção dos entrevistados quanto ao meio ambiente, e a segunda a um

aprofundamento acerca do uso da lenha como matriz energética empregada para a cocção dos

alimentos nesses estabelecimentos, buscando assim, responder aos objetivos específicos e

geral desta pesquisa.

3.4. ORDENAMENTO, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Por ser uma pesquisa quantitativa, todos os dados coletados foram tabulados e

sumarizados em planilha eletrônica, originando informações quantitativas descritivas, que

foram posteriormente transformadas em gráficos e tabelas.

29

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS

A distribuição espacial das pizzarias na cidade de Mossoró-RN ocorre de forma

heterogênea, uma vez que estão situadas em diversos bairros. Do total da amostra (21), apenas

um estabelecimento não demonstrou interesse em participar da pesquisa.

Conforme descrito na TABELA 4, quanto ao porte dos estabelecimentos, 60%

apresentam de três a dez funcionários, 35% apresentam de onze a vinte funcionários, e 5%

possuem mais de vinte funcionários, caracterizando assim empreendimentos de pequeno

porte, conforme classificação de SEBRAE.

Tabela 3: Quantidade de Funcionários que trabalham na pizzaria, Mossoró-RN, 2013

Nº de Funcionários %

De 3 a 10 funcionários

De 11 a 20 funcionários

Mais de 20 funcionários

60

35

5

FONTE: Autoria Própria

Quando analisado a quantidade de membros da família do proprietário que

trabalham no estabelecimento, percebe-se que na maioria dos estabelecimentos, existem

poucos ou nenhum membro da família do proprietário trabalhando nas pizzarias, o que

caracteriza empresas não familiares. Conforme TABELA 5, verifica-se que 65% são empresas

não familiares e 35% são empresas familiares.

Tabela 4: Quantidade de membros da família do proprietário trabalhando na pizzaria,

Mossoró-RN, 2013.

Nº de Membros da Família Trabalhando no Estabelecimento %

De 0 a 2 65

De 3 a 5 35

FONTE: Autoria Própria

30

No que tange ao tempo de funcionamento, 50% dos estabelecidos estão na

atividade há mais de 5 anos, 35% estão na atividade há menos de cinco anos, e 15% dos

estabelecimentos estão na atividade há menos de um ano (TABELA 6).

Tabela 5: Tempo de funcionamento das pizzarias, Mossoró-RN, 2013.

Tempo na Atividade %

Maior ou igual a 5 anos 50

Menos de 5 anos 35

Menos de 1 ano 15

FONTE: Autoria Própria

Em relação à escolaridade dos proprietários ou gerentes das pizzarias, conforme

disposto no GRÁFICO 1, 20% concluíram o ensino fundamental, 10% possuem ensino médio

incompleto, 50% concluíram o ensino médio, e 20% possuem ensino superior. A partir dessas

informações, constata-se que trata-se de empreendimentos que não necessitam de mão de obra

especializada.

Gráfico 1: Nível de escolaridade do proprietário ou gerente das pizzarias. Mossoró-RN,

2013.

FONTE: Autoria Própria

31

4.2. MATRIZ ENERGÉTICA PARA PRODUÇÃO DE CALOR NO FORNO DAS

PIZZARIAS

Em relação ao combustível utilizado para produzir calor do forno da pizzarias,

como pode ser visualizado no GRÁFICO 2, dos estabelecimentos visitados, 60% fazem uso

exclusivamente da lenha como fonte de energia no seu processo produtivo, 5% utilizam lenha

associada com GLP, e 35% dos estabelecimentos utilizam unicamente GLP.

Embora tenha se verificado a utilização de outra fonte energética, percebe-se a

predominância da lenha como fonte de energia em todos os estabelecimentos estudados. Este

resultado corrobora com as observações de Campello et al. (1999), ao citar que o material

energético de origem florestal representa de 30% a 50% de todos os combustíveis primários

consumidos no Nordeste. Os autores enfatizam que de todos os ecossistemas presentes nessa

Região, a Caatinga é o único capaz de atender a essa demanda.

Gráfico 2: Percentual das matrizes energéticas utilizadas nas pizzarias do município de

Mossoró- RN, 2013.

FONTE: Autoria Própria

32

4.2.1. Produção, custo e produtividade

A respeito da produção, quantidade de combustível utilizada e sua produtividade,

as informações em alguns casos não foram disponibilizadas. Certamente por se tratar do fator

econômico rendimento/lucratividade ou por não usar o planejamento como ferramenta para

melhor desempenho da atividade, deixando assim, muitas vezes, de identificar falhas no

processo produtivo e gerar ganhos para a atividade. Cabe ressaltar, que tal situação

compromete a adoção de práticas ambientais pelos empreendimentos, como por exemplo, a

implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, já que impossibilita a definição da melhoria

contínua do desempenho ambiental. Nesse sentido, na TABELA 7 é possível verificar dados

relativos a esses aspectos.

Tabela 6: Quantidade de combustível utilizado, produção, e produtividade. Mossoró-

RN, 2013.

Pizzaria Combustível Consumo Mensal Custo Mensal (R$) Produção Mensal (Un)

A Lenha 8 m³ 400,00 1760

B Lenha 8 m³ 400,00 1820

C Lenha 8 m³ 400,00 1600

D Lenha 16 m³ 800,00 2600

E Lenha 8 m³ 360,00 650

F Lenha 10 m³ 450,00 1200

G Lenha * * 1700

H Lenha 60 m³ 600,00 3360

I Lenha 10 m³ 400,00 1400

J Lenha 4 m³ 200,00 640

K Lenha 10 m³ 500,00 1940

L Lenha 40 m³ * *

M Lenha 8 m³ 360,00 1800

N GLP 16 Botijões 560,00 910

O GLP 20 Botijões 700,00 840

P GLP 26 Botijões 910,00 1780

Q GLP * * *

R GLP 16 botijões 820,00 200

S GLP * * *

T GLP * * 500

FONTE: Autoria Própria

33

De acordo com pesquisa de mercado, efetuada em comércios na cidade de

Mossoró, a compra da lenha dá-se por preços que variam entre R$15,00 e R$50,00 o metro

cúbico, com o valor médio de R$ 44,55. Os proprietários atestam que o metro cúbico da

lenha mais barato se dá quando vem diversificado/misturado em espécies, em qualidade, e

diferença de diâmetro e comprimento. Já o preço do botijão de gás varia entre R$ 35,00 e R$

51,25, com preço médio de R$ 38,33.

Calculando o custo mensal médio e a produção mensal média dos dois

combustíveis utilizados nas pizzarias da cidade de Mossoró, obtém-se que com o custo médio

mensal de R$ 442,73 de lenha são produzidas 1.705,833 unidades de pizza. Enquanto que

com o custo médio mensal de R$ 747,50 de GLP são produzidas 846 unidades de pizza.

Com isso, o custo médio mensal com combustível dos estabelecimentos que

utilizam GLP corresponde a 68,84% a mais em relação ao custo da lenha, e produz 50,41% a

menos, ou seja, enquanto R$ 442,73 de lenha produz 1.705,83 unidades de pizza, o mesmo

valor gasto com gás produz 501,07 unidades de pizza, o que corresponde a 240,5% a menos

em relação à produção com lenha.

Segundo Oliveira (2003), a utilização da lenha como principal fonte energética

pode ser ocasionado pelo fato desta ser um combustível bastante comercial, produzido

localmente, com reduzidos custos de produção e, consequentemente, maior margem de lucro

para os estabelecimentos que dependem de material energético em suas atividades.

Riegelhaupt; e Ferreira (2004) destacam alguns fatores determinantes para que a

lenha seja preponderante no processo produtivo, dentre eles, a disponibilidade, a redução de

custos que possam proporcionar na obtenção do produto final, e outros fatores como a

localização, espaço disponível, e ritmo de produção.

Nesse cenário, visualiza-se que a lenha tem uma enorme tendência de continuar

como principal fonte energética dos referidos empreendimentos, comprometendo ainda mais o

bioma Caatinga.

4.2.2. Benefícios da Matriz Energética Utilizada

A respeito dos principais benefícios da matriz energética utilizada, 65% das

pizzarias utilizam lenha em seus fornos. Destas, 60% responderam que a maior vantagem do

uso da lenha como combustível em suas pizzarias é a eficiência. As outras 40% responderam

que o principal benefício está na qualidade e no sabor das pizzas feitas no forno à lenha.

34

35% das pizzarias fazem uso do GLP como combustível em suas pizzarias.

Destas, 57% afirmam que os principais benefícios desse combustível são a praticidade e a

facilidade na manutenção do forno, porém, ambas planejam mudar o combustível para lenha,

pois acreditam que a pizza se tornaria mais saborosa, de forma a atrair mais clientes.

As outras 43%, afirmam fazer uso GLP por ser prático, eficiente, e não gerar

resíduos, portanto, não pretendem mudar o combustível, apesar do alto custo mensal.

Diante do exposto, nota-se que o uso da lenha como fonte energética para

pizzarias no atual momento, encontra-se em expansão, necessitando assim de novas demandas

(vegetação) de origem do bioma Caatinga.

4.2.3. Percepção dos proprietários ou gerentes sobre os impactos socioambientais da

atividade

A respeito da preocupação com o meio ambiente, 75% responderam que se

preocupam com esse aspecto em sua atividade, 25% responderam que se preocupam, mas não

sabem como agir em relação aos impactos socioambientais gerados por eles mesmos e por

suas atividades.

A rigor, empiricamente é possível supor que paradoxalmente ao que está apontado

no GRÁFICO 3, o percentual daqueles que não sabem como proceder ou que não apresentam

medidas concretas sobre a temática ambiental é bem superior ao que se descreve, sobretudo

no que tange ao uso da matriz energética.

Assim, necessita-se de um arranjo produtivo local para os referidos

empreendimentos, com a finalidade de buscar de forma organizada assessorias de práticas

ambientais, como por exemplo a implantação de um SGA.

35

Gráfico 3: Resposta dada pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “Você se

preocupa com o meio ambiente?”. Mossoró-RN, 2013.

FONTE: Autoria Própria

Dos estabelecimentos que usam lenha como fonte energética, 77% possuem

convicção de que suas atividades prejudicam de alguma forma o meio ambiente, pois expelem

fumaça; 15% afirmam que suas atividades não prejudicam o meio ambiente; e 8% não

souberam responder (GRÁFICO 4).

No mesmo gráfico, verifica-se que em relação aos estabelecimentos que usam

GLP como fonte energética, 29% acreditam que suas atividades prejudicam o meio ambiente,

57% afirmam que não prejudicam o meio ambiente, e 14% não souberam responder se sua

atividade prejudicava o meio ambiente.

36

Gráfico 4: Resposta dada pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “Você

acha que sua atividade prejudica de alguma forma o meio ambiente?”. Mossoró-RN,

2013.

FONTE: Autoria Própria

Das pizzarias que utilizam forno a lenha, verifica-se no GRÁFICO 5 que 77% não

oferecem nenhum tipo de treinamento com seus funcionários acerca do meio ambiente, e

apenas 23% oferecem ou já ofereceram treinamento com relação a separação do lixo para

coleta seletiva. Já nas pizzarias que utilizam forno a gás, 71% não oferecem nenhum tipo de

treinamento a respeito do meio ambiente, enquanto apenas 29% oferecem ou ofereceram

treinamento também apenas referente à coleta seletiva.

Assim, evidencia-se novamente a adoção de um SGA para as pizzarias

investigadas, uma vez que assegurar o atendimento do princípio da política ambiental de

comunicação e treinamentos dos colaboradores.

37

Gráfico 5: Respostas dadas pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “O

estabelecimento oferece algum tipo de treinamento com os funcionários a respeito do

meio ambiente?”. Mossoró-RN, 2013.

FONTE: Autoria Própria

A respeito do conhecimento dos proprietários/gerentes das pizzarias acerca da

legislação ambiental referente à atividade, 31% responderam que não possuem conhecimento

a respeito da legislação ambiental referente à atividade desempenhada pelos próprios; 38%

responderam que conhecem a legislação ambiental parcialmente; e 31% responderam que

possuem conhecimento a respeito da legislação ambiental.

Com isso, é perceptível a necessidade de adoção de um SGA, já que oportunizará

aos membros das empresas analisadas tomarem conhecimento dos aspectos legais e,

posteriormente atendê-los.

38

Gráfico 6: Respostas dadas pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “Você

tem conhecimento da legislação ambiental referente a sua atividade?”. Mossoró-RN,

2013.

FONTE: Autoria Própria

No que diz respeito à licença ambiental, as pizzarias que utilizam gás como fonte

de energia estão dispensadas dessa exigência. A esse respeito, no GRÁFICO 7 consta o

resultado sobre esse aspecto: 45% estabelecimentos possuem licença ambiental para

funcionar, 20% não possuem e para 35% dos estabelecimentos, essa pergunta não se aplica,

em função do uso do gás como matriz energética.

39

Gráfico 7: Respostas dadas pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “O

estabelecimento possui licença ambiental para funcionar?” Mossoró-RN, 2013.

FONTE: Autoria Própria

4.2.4. Destino dos resíduos orgânicos e inorgânicos

Quanto a destinação dos resíduos, temos que 55% das pizzarias destinam seus

resíduos exclusivamente na coleta municipal, 20% direcionam seus resíduos exclusivamente

na coleta seletiva, 10% das pizzarias destinam na coleta seletiva e usam o óleo na fabricação

do sabão usado no próprio estabelecimento, e 15% encaminham o lixo inorgânico para coleta

seletiva e o orgânico destina a alimentação de animais.

Nesse sentido, corrobora-se a importância de implantação de um SGA, pois

através do princípio da política ambiental de prevenção da poluição ambiental garantirá um

gerenciamento adequado dos resíduos sólidos dos empreendimentos investigados.

4.2.5. Melhoria do ponto de vista ambiental e no uso de energia

A maior parte dos entrevistados, afirmaram que a melhoria que gostariam de

realizar na pizzaria seria investir em fornos ecológicos e fazer uso da coleta seletiva. No

GRÁFICO 8 estão apresentados os resultados para essa dimensão.

40

Gráfico 8: Respostas dadas pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: ”Que

tipo de melhoria você faria na pizzaria do ponto de vista ambiental e no uso de

energia?” Mossoró-RN, 2013.

FONTE: Autoria Própria

4.2.6. Lenha como combustível para geração de energia

Sobre as desvantagens do uso de lenha nos fornos de suas pizzarias, 31% dos

proprietários alegam que o maior problema está na poluição atmosférica causada pela fumaça

das chaminés; outros 31% apontam o desmatamento provocado pela extração, muitas vezes

ilegal, de lenha da caatinga; 15% acreditam que a maior desvantagem é o entupimento que o

acúmulo de fuligem causa nas chaminés; 8% acredita que é a dificuldade de armazenamento e

transporte da lenha; 15% afirmam que é a dificuldade de encontrar madeira de qualidade

durante o inverno, enquanto a madeira está molhada, o que dificulta o processo de combustão

(GRÁFICO 9).

41

Gráfico 9: Resposta a questão: - Qual a maior desvantagem decorrente do uso de lenha

nos fornos da pizzaria? Mossoró-RN, 2013.

FONTE: Autoria Própria

Foi possível identificar In loco que a maioria dos proprietários não possui

informações precisas a respeito do processo de extração de lenha por seus fornecedores. Ou

seja, normalmente não há uma exigência a respeito de certificação, sendo que o preço da

lenha é o principal requisito na decisão da compra. De tal forma que, é paradoxal que 31%

apontem o desmatamento como maior problema, ao mesmo tempo em que não fazem

exigências ambientais aos fornecedores. É oportuno destacar, que para atenuar a referida

problemática aponta-se o SGA como uma solução, tendo em vista que permitirá realizar

controle de fornecedores quanto às suas práticas ambientais.

Das treze pizzarias que utilizam lenha como matriz energética em suas pizzarias,

onze afirmam que quando falta lenha o estabelecimento fecha as portas. Já as duas restantes,

responderam que nessas circunstâncias, continuam as atividades, utilizando o forno a gás em

substituição.

Outro aspecto que merece destaque ainda sobre o uso de lenha é que 84,6% dos

entrevistados que utilizam esse recurso, apontam que o tipo da lenha influi na qualidade das

pizzas. 15,4%, por sua vez, concordam que o uso influi na qualidade das pizzas, contudo, o

tipo de madeira utilizada não altera a qualidade nem o sabor das pizzas.

42

Nesse sentido, as espécies mais utilizadas pelas pizzarias em Mossoró estão

descritas no GRÁFICO 10. De todas as espécies lenhosas utilizadas, 54% dos

estabelecimentos pesquisados utilizam apenas a algaroba, 8% faz uso de algaroba e cajueiro, e

38% mantêm uma variação de espécies não citadas. Assim, merece destaque o uso da

algaroba, que é permitido por lei, já que trata-se de uma espécie exótica.

Gráfico 10: Espécie da madeira usada como combustível no forno das pizzarias.

Mossoró-RN, 2013.

FONTE: Autoria Própria

A preferência pela algaroba como fonte energética florestal nas pizzarias da

cidade pode estar associada ao alto poder calorífico que ela apresenta e a possibilidade de

exploração permitida pelo IBAMA (SILVA, 2013).

A algarobeira, originária do Peru, foi introduzida na década de 1940 no Nordeste

brasileiro como alternativa para resolver grandes problemas dessa macrorregião, como a

destruição acelerada das espécies nativas da caatinga e a escassez de alimentos para os

animais nos meses secos do ano, encontra-se atualmente disseminada em praticamente todas

as regiões geoambientais do Semiárido Nordestino. (ARAUJO et al., 2013).

Essa espécie vegetal é bastante rústica, pois tolera solos pobres e salinos,

ocupando com rapidez qualquer área que lhe seja permitido invadir. Em muitas áreas essa

planta exótica é caracterizada como invasora, em função de sua rápida expansão provocando

desequilíbrio no ecossistema. (ARAUJO et al., 2013).

43

O armazenamento da lenha é um aspecto que também merece destaque. Nesse

sentido, em todos os casos identificados o recurso é armazenada no próprio estabelecimento,

frequentemente nos fundos do prédio a céu aberto, ou no interior da pizzaria, em um

compartimento abaixo do forno, no caso dos estabelecimentos que possuem esse tipo de

espaço interno.

Poucos dispõem de depósito fechado, existe ainda aqueles que mantêm a lenha na

calçada do estabelecimento e finalmente, outra opção utilizada é o armazenamento em lugares

diferentes de onde as pizzas são produzidas, como um depósito improvisado. Nesse caso, o

transporte da lenha para o local da atividade, é feito à medida que necessitam.

A forma de estocagem interfere diretamente no rendimento do processo de

queima, uma vez que a lenha exposta a céu aberto, especialmente no período chuvoso, tem

contato com umidade.

Cabe enfatizar que a forma de obtenção da lenha pelas pizzarias é quase

exclusivamente por fornecedores. Conforme GRÁFICO 11, verifica-se que 92,31% dos

adquirem a lenha através de uma fornecer e não sabem responder se o fornecedor apenas

vende ou se também produz a lenha; e 7,69% produz a lenha da própria pizzaria.

Gráfico 11: Percentual da forma de obtenção da lenha pelas pizzarias. Mossoró-RN,

2013.

FONTE: Autoria Própria

Com efeito, quanto à procedência da lenha, os proprietários ou gerentes não

souberam dar informações a respeito. Em sua maioria, os proprietários e gerentes acreditam

44

que a lenha que compram é proveniente de povoamento nativo do interior do Estado,

enquanto poucos acreditam ser de áreas reflorestadas, embora não se tenha confirmação dessa

informação.

Os estudos de (SOARES, 2011 apud) mostram que a produção de lenha para fins

energéticos e seus impactos na cobertura florestal do Nordeste brasileiro em 1999 representou

47,92% da produção brasileira e, destes, o consumo final da lenha através da queima direta foi

de 52,61% de toda produção nacional. Os autores ressaltam que áreas reflorestadas para esta

finalidade ainda é incipiente e que, praticamente toda essa produção é proveniente de matas

nativas, o que faz da região a maior produtora de lenha de origem nativa do país.

A extração da lenha da caatinga para manutenção de indústrias alimentícias

também foi relatado por Pereira, et al. (2005) no Estado do Rio Grande do Norte. Os autores

verificaram que a extração de lenha de povoamentos nativos do Estado mantinha dentre as

demais atividades que demandam energia, as panificadoras de Mossoró. Para Riegelhaupt e

Ferreira (2004), as demandas de fora da região são pouco significativas e inexistem

aquelas oriundas do mercado global de energéticos, porém é possível e até muito

provável que isto aconteça dentro dos próximos dez a vinte anos, e o Nordeste seja

um exportador de combustíveis florestais.

Essa possibilidade poderá ser desenvolvida através da sugestão de Goldemberg

(1998) citado por Angelo e Vale (2005) ao considerar o aspecto social do consumo da

madeira como fonte de energia. Para ele, o cultivo da lenha em “fazendas energéticas”

exigiria um manejo simplificado capaz de prover uma base de desenvolvimento rural e a

geração de emprego em países em desenvolvimento, o que certamente daria ao Nordeste uma

condição privilegiada na produção de material energético para suprir suas próprias demandas.

Riegelhaupt e Pareyn (2010) complementam essa ideia ao afirmarem que as

demandas de lenha criam o que denominam de bacias fornecedoras ao redor dos pólos de

consumo, favorecendo desta forma as relações de comercialização onde o produtor leva em

consideração o cultivo somado ao custo do transporte assim como o limite da disposição de

pagamento por parte do consumidor.

Quanto às espécies de povoamentos nativos ou plantados BARROS et al. (2009)

corroboram mostrando que a madeira oriunda de florestas plantadas, por suas características

próprias e pelas condições ecológicas altamente favoráveis, tem sido apontada como uma

opção lógica a ser utilizada devido a sua potencialidade como fonte energética. Porém, de

45

toda lenha consumida, a grande maioria é proveniente de florestas nativas, estimando um

corte anual dessas florestas de 500 mil hectares/ano.

46

5. CONCLUSÕES

Em Mossoró-RN, de cada 10 pizzarias, aproximadamente 7 utilizam lenha como

matriz energética, as demais utilizam GLP.

O aspecto econômico é o que mais influencia nessa escolha da fonte de energia,

pois com o custo médio mensal de R$ 442,73 de lenha são produzidas 1.705,833 unidades de

pizza. Enquanto que com o custo médio mensal de R$ 747,50 de GLP são produzidas 846

unidades de pizza.

Do ponto de vista socioambiental, o uso de lenha trás problemas em relação à

poluição atmosférica urbana, uma vez que a maioria não possui filtros instalados em suas

chaminés.

A origem dessa lenha utilizada é pouco conhecida pelos proprietários e gerentes

dos estabelecimentos, o que dá margem para que um percentual significativo tenha origem em

desmatamentos irregulares.

Em função do cenário diagnosticado, é pouco provável que em curto prazo as

pizzarias locais modifiquem suas matrizes energéticas por fontes menos poluidoras. Pelo

menos, se estas mudanças tiverem que partir das próprias pizzarias.

Provavelmente a intervenção do poder público, no sentido de fiscalizar esses e

outros aspectos relacionados à indústria alimentícia local não está a contento. O uso de lenha

como matriz energética também é comum em outros tipos de produção de alimentos e,

portanto é necessário que sejam realizados estudos mais detalhados sobre esse uso para se

conhecer a dimensão dos impactos socioambientais advindos desse conjunto de atividades.

Para tanto, aponta-se como ferramenta de sustentabilidade para pizzarias de

Mossoró-RN a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, já que assegura aos

empreendimentos a elaboração e adoção de uma política ambiental, contendo os seguintes

princípios: atendimento aos aspectos legais, prevenção de poluição ambiental, melhoria

continua do desempenho ambiental, comunicação interna e externa, e treinamento dos

colaboradores. Cabe ressaltar que adota-se também o planejamento ambiental; implementação

e operação das ações; verificação e correção das ações e análise para alta direção

E ainda, a educação ambiental, também assume relevante papel neste contexto,

tanto no que se refere aos empreendedores, como a própria população, quer sejam clientes ou

não. A política interna nos estabelecimentos, por exemplo, de “produção mais limpa” também

contribuirá para melhorar a relação das pizzarias com a natureza.

47

6. REFERÊNCIAS

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54

APÊNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

CURSO CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Questionário – TCC - Pizzarias

1- Dados do Estabelecimento

Nome do Estabelecimento:

Endereço: Telefone:

Quantidade de Funcionários:

Quantidade de membros da família trabalhando:

Tempo na Atividade:

2- Qual a formação estudantil do proprietário ou gerente?

a- ( ) Ensino Fundamental

b- ( ) Ensino Médio Completo

c- ( ) Ensino Médio Incompleto

d- ( ) Ensino Superior Completo. Curso: ______________________________________________

e- ( ) Ensino Superior Incompleto. Curso: _____________________________________________

f- ( ) Pós- Graduação

3- Qual o tipo de combustível utilizado para produzir o calor do forno na pizzaria?

a- ( ) Eletricidade

b- ( ) GLP

c- ( ) Lenha

d- ( ) Carvão vegetal

e- ( ) Outro._____________________________________________________________________

4- Quanto ao combustível utilizado:

Quantidade Consumida Unidade Dia Semana Mês

Custo Unidade Dia Semana Mês

R$

5- Quais os principais benefícios da matriz energética utilizada? Pode marcar mais de uma alternativa

a- ( ) Preço baixo

b- ( ) Eficiência

c- ( ) Segurança

d- ( ) Não gera resíduos

e- ( ) Outros. Quais?_______________________________________________________________

6- Quanto à produção de pizzas:

Produção (Em média) Unidade Dia Semana Mês

7- Você se preocupa com o meio ambiente?

a- ( ) Sim b- ( ) Não c- ( ) Sim, mas não sei como agir

8- Você tem conhecimento da legislação ambiental referente à sua atividade?

a- ( ) Sim b- ( ) Não c- ( ) Parcialmente

9- Você acha que sua atividade prejudica de alguma forma o meio ambiente?

a- ( ) Sim b- ( ) Não c- ( ) Não sei responder

10- O estabelecimento possui licença ambiental para funcionar?

a- ( ) Sim b- ( ) Não c- ( ) Não se aplica

11- O estabelecimento oferece algum tipo de treinamento com os funcionários a respeito do meio

ambiente?

a- ( ) Não

b- ( ) Sim. Como é feito? __________________________________________________________

12- Qual a destinação dos resíduos orgânicos e inorgânicos?

a- ( ) Coleta Municipal

b- ( ) Coleta seletiva

c- ( ) Outros. ____________________________________________________________________

13- Que tipo de melhoria você faria na pizzaria, do ponto de vista ambiental e no uso de energia?

a- ( ) Implantaria uma fonte de energia limpa

b- ( ) Treinaria os funcionários para o uso consciente de energia

c- ( ) Investiria em fornos ecológicos

d- ( ) Faria uso da coleta seletiva

e- ( ) Outros.____________________________________________________________________

Se o combustível utilizado for “lenha”:

14- Quando falta lenha, o que vocês utilizam para substitui-la?

a- ( ) GLP

b- ( ) Eletricidade

c- ( ) Outro. _____________________________________________________________________

15- O uso e o tipo da lenha influem na qualidade das pizzas?

a- ( ) Não

b- ( ) Sim. De que maneira? ________________________________________________________

16- Qual o tipo de madeira utilizada?

17- Como é obtida e de onde é extraída a lenha usada nos fornos da pizzaria?

18- Qual a maior desvantagem decorrente do uso de lenha nos fornos de pizzarias?

a- ( ) Poluição atmosférica

b- ( ) Desmatamento

c- ( ) Entupimento de chaminés

d- ( ) Irritação na pele

e- ( ) Estocagem e Transporte

f- ( ) Fornecimento no inverno

g- ( ) Não há desvantagens

h- ( ) Outros. Quais?______________________________________________________________