universidade federal rural do semi-Árido departamento de ... - bct/tcc... · jÉssica cavalcante...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS
CURSO CIÊNCIA E TECNOLOGIA
JÉSSICA CAVALCANTE MONTENEGRO
USO DE LENHA COMO MATRIZ ENERGÉTICA NAS PIZZARIAS
DE MOSSORÓ-RN, EM 2013
MOSSORÓ - RN
2013
JÉSSICA CAVALCANTE MONTENEGRO
USO DE LENHA COMO MATRIZ ENERGÉTICA NAS PIZZARIAS
DE MOSSORÓ-RN, EM 2013
Monografia apresentada à Universidade
Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
Departamento de Ciências Ambientais e
Tecnológicas para a obtenção do título de
Bacharel em Ciência e Tecnologia.
Orientador: Prof. Dr. Alan Martins de
Oliveira.
MOSSORÓ - RN
2013
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação
da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA M772u Montenegro, Jéssica Cavalcante.
Uso de lenha como matriz energética nas pizzarias de
Mossoró-RN, em 2013 / Jéssica Cavalcante Montenegro. –
Mossoró, RN: 2013. 54f. : il.
Orientador: Profº. Dr. Alan Martins de Oliveira.
Monografia (Graduação) – Universidade
Federal Rural do Semi-Árido, Graduação em Ciência e
Tecnologia, 2013.
1. Impacto Ambiental. 2. Semiárido. 3. Fontes de energia.
4. Gestão ambiental I. Título.
CDD: 363.7 Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo
CRB-5/1033
JÉSSICA CAVALCANTE MONTENEGRO
USO DE LENHA COMO MATRIZ ENERGÉTICA NAS PIZZARIAS
DE MOSSORÓ-RN, EM 2013
Monografia apresentada à Universidade
Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
Departamento de Ciências Ambientais e
Tecnológicas para a obtenção do título de
Bacharel em Ciência e Tecnologia.
APROVADA EM: _11_/_09_/_2013_
BANCA EXAMINADORA
Dedico este trabalho às pessoas mais
importantes da minha vida: meus pais, Carlos
Alberto e Anatália, e a minha irmã Ana Carla,
que sempre confiaram no meu potencial.
Obrigada, por estarem sempre presentes em
todos os momentos, me dando carinho, apoio,
e principalmente pelo Amor de vocês.
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida, por sua presença constante em meu coração, me guiando e
abençoado meus caminhos. Obrigada!
Aos meus pais, por toda dedicação e confiança que me fizeram não desistir nunca e por me
mostrarem que sou capaz de alcançar tudo o que desejar. Pai, Mãe, nunca conseguirei
agradecer tudo que fazem por mim. A vocês, o meu amor incondicional e os meus eternos
agradecimentos.
A minha irmã Ana Carla Cavalcante Montenegro, que tanto torce pelo meu sucesso, que não
importa o que aconteça, estará sempre ao meu lado. Obrigada por toda dedicação concedida à
realização deste trabalho. Obrigada por todas as vezes que me apoiou, recarregando minhas
forças e me encorajando a não desistir.
A toda minha família que juntos me ensinaram o poder da força e da união. Em especial, as
minhas avós (Núbia e Chiquinha-In Memorian) e meus tios e tias, que sempre acreditaram na
importância da educação e nunca mediram esforços para nos proporcionar o melhor.
Aos meus primos, que estão sempre presentes me dando força e me encorajando. Obrigada
por todos os momentos compartilhados!
A Marcus Mota, pela paciência demonstrada nesses últimos meses e por toda dedicação
concedida à realização deste trabalho. Obrigada pela companhia que se faz sempre presente.
Ao meu orientador, Alan Martins de Oliveira por dedicar a mim e a este trabalho, tempo,
paciência e sabedoria. Muito Obrigada!
A todos meus colegas de curso, que durante esses três anos compartilharam momentos que
figurarão em minha memória por toda minha vida.
A todos que torceram por mim. Obrigada por compartilharem comigo esse momento de
conclusão de curso, que foi uma jornada exaustiva, porém muito gratificante.
“E você aprende que realmente pode
suportar... que realmente é forte, e que pode ir
muito mais longe depois de pensar que não se
pode mais ”(William Shakespeare)
RESUMO
A utilização da madeira, na forma de lenha, como fonte de energia é uma realidade que, no
caso do Semiárido brasileiro assumiu proporções preocupantes, uma vez que esse bioma
possui baixa capacidade de auto recuperação em função das intempéries ambientais,
especialmente a falta de chuvas. A indústria alimentícia é uma das responsáveis por esse uso.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi diagnosticar a utilização de lenha como matriz
energética nas pizzarias no município de Mossoró-RN. Como metodologia, aplicou-se um
questionário semiestruturado, contendo as seguintes variáveis: Aspectos socioeconômicos e
Diagnósticos ambiental dos empreendimentos. O questionário foi elaborado sendo
direcionado às pizzarias da cidade para investigar, dentre outros aspectos, qual a matriz
energética utilizada, bem como as possíveis consequências desse uso. Como resultados, é
possível mencionar que em Mossoró-RN, de cada dez pizzarias, aproximadamente sete
utilizam lenha como matriz energética, as demais utilizam GLP (Gás Liquefeito de Petróleo).
O aspecto econômico é o que mais influencia nessa escolha da fonte de energia. Do ponto de
vista socioambiental, o uso de lenha trás problemas em relação à poluição atmosférica urbana,
uma vez que a maioria não possui filtros instalados em suas chaminés. A origem dessa lenha
utilizada é pouco conhecida pelos proprietários e gerentes dos estabelecimentos.
Provavelmente a intervenção do poder público, no sentido de fiscalizar esses e outros aspectos
relacionados à indústria alimentícia local não está a contento. Para tanto, aponta-se como
medida para alterar a referida problemática a implantação de um Sistema de Gestão
Ambiental, projetos de educação ambiental, legalização dos empreendimentos, maior
fiscalização e adoção de fontes alternativas de energia.
Palavras-Chaves: Impacto ambiental, Semiárido, fontes de energia, gestão ambiental.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: UNIDADES DE ENERGIA E FATORES DE CONVERSÃO ....................................................... 14
TABELA 2: COMPARATIVO DO PANORAMA ENERGÉTICO MUNDIAL COM O PANORAMA
ENERGÉTICO BRASILEIRO ............................................................................................................................. 18
TABELA 3: QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS QUE TRABALHAM NA PIZZARIA, MOSSORÓ-RN,
2013 ....................................................................................................................................................................... 29
TABELA 4: QUANTIDADE DE MEMBROS DA FAMÍLIA DO PROPRIETÁRIO TRABALHANDO NA
PIZZARIA, MOSSORÓ-RN, 2013. ...................................................................................................................... 29
TABELA 5: TEMPO DE FUNCIONAMENTO DAS PIZZARIAS, MOSSORÓ-RN, 2013............................... 30
TABELA 6: QUANTIDADE DE COMBUSTÍVEL UTILIZADO, PRODUÇÃO, E PRODUTIVIDADE.
MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 32
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: NÍVEL DE ESCOLARIDADE DO PROPRIETÁRIO OU GERENTE DAS PIZZARIAS.
MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 30
GRÁFICO 2: PERCENTUAL DAS MATRIZES ENERGÉTICAS UTILIZADAS NAS PIZZARIAS DO
MUNICÍPIO DE MOSSORÓ- RN, 2013. ............................................................................................................. 31
GRÁFICO 3: RESPOSTA DADA PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À PERGUNTA:
“VOCÊ SE PREOCUPA COM O MEIO AMBIENTE?”. MOSSORÓ-RN, 2013. .............................................. 35
GRÁFICO 4: RESPOSTA DADA PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À PERGUNTA:
“VOCÊ ACHA QUE SUA ATIVIDADE PREJUDICA DE ALGUMA FORMA O MEIO AMBIENTE?”.
MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 36
GRÁFICO 5: RESPOSTAS DADAS PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À
PERGUNTA: “O ESTABELECIMENTO OFERECE ALGUM TIPO DE TREINAMENTO COM OS
FUNCIONÁRIOS A RESPEITO DO MEIO AMBIENTE?”. MOSSORÓ-RN, 2013. ........................................ 37
GRÁFICO 6: RESPOSTAS DADAS PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À
PERGUNTA: “VOCÊ TEM CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL REFERENTE A SUA
ATIVIDADE?”. MOSSORÓ-RN, 2013. .............................................................................................................. 38
GRÁFICO 7: RESPOSTAS DADAS PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À
PERGUNTA: “O ESTABELECIMENTO POSSUI LICENÇA AMBIENTAL PARA FUNCIONAR?”
MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 39
GRÁFICO 8: RESPOSTAS DADAS PELOS PROPRIETÁRIOS/GERENTES DE PIZZARIAS À
PERGUNTA: ”QUE TIPO DE MELHORIA VOCÊ FARIA NA PIZZARIA DO PONTO DE VISTA
AMBIENTAL E NO USO DE ENERGIA?” MOSSORÓ-RN, 2013. .................................................................. 40
GRÁFICO 9: RESPOSTA A QUESTÃO: - QUAL A MAIOR DESVANTAGEM DECORRENTE DO USO DE
LENHA NOS FORNOS DA PIZZARIA? MOSSORÓ-RN, 2013. ...................................................................... 41
GRÁFICO 10: ESPÉCIE DA MADEIRA USADA COMO COMBUSTÍVEL NO FORNO DAS PIZZARIAS.
MOSSORÓ-RN, 2013. .......................................................................................................................................... 42
GRÁFICO 11: PERCENTUAL DA FORMA DE OBTENÇÃO DA LENHA PELAS PIZZARIAS. MOSSORÓ-
RN, 2013. .............................................................................................................................................................. 43
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: IMPACTOS AMBIENTAIS: LOCAL, REGIONAL E MUNDIAL ...............................20
LISTA DE SIGLAS
BEM – Balanço Energético Nacional
EPE – Empresa de Pesquisas Energéticas
GLP – Gás Liquefeito de Petróleo
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MME – Ministério de Minas e Energias
MMA – Ministério do Meio Ambiente
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SGA – Sistema de Gestão Ambiental
SI – Sistema Internacional de Unidades
OIE – Oferta Interna de Energia
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12
2. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 14
2.1. ENERGIA .......................................................................................................................... 14
2.1.1. Fontes de Energia ......................................................................................................... 15
2.1.2. Energia: Evolução Histórica e Contexto Atual .......................................................... 16
2.2. MATRIZ ENERGÉTICA .................................................................................................. 17
2.2.1. Matriz Energética no Brasil e no Mundo ................................................................... 17
2.3. ENERGIA E MEIO AMBIENTE ..................................................................................... 18
2.4. USO DA MADEIRA PARA FINS ENERGÉTICOS ....................................................... 21
2.5. BIOMA CAATINGA ........................................................................................................ 22
2.5.1. Exploração e Conservação da Caatinga ..................................................................... 24
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 27
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 27
3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA ........................................................................................... 27
3.3. TÉCNICAS DE PESQUISA E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ................ 28
3.4. ORDENAMENTO, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ................................. 28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 29
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS ......................................................................... 29
4.2. MATRIZ ENERGÉTICA PARA PRODUÇÃO DE CALOR NO FORNO DAS
PIZZARIAS .............................................................................................................................. 31
4.2.1. Produção, custo e produtividade ................................................................................. 32
4.2.2. Benefícios da Matriz Energética Utilizada ................................................................. 33
4.2.3. Percepção dos proprietários ou gerentes sobre os impactos socioambientais da
atividade .................................................................................................................................. 34
4.2.4. Destino dos resíduos orgânicos e inorgânicos ............................................................ 39
4.2.5. Melhoria do ponto de vista ambiental e no uso de energia ....................................... 39
4.2.6. Lenha como combustível para geração de energia .................................................... 40
5. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 46
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 47
APÊNDICE ............................................................................................................................. 54
12
1. INTRODUÇÃO
Durante os últimos anos, o ser humano, em sua corrida desenvolvimentista, tem
criado problemas ambientais em escala global. O frenético ritmo do desenvolvimento
industrial e a falsa ideia de que os recursos naturais como solo, ar e água são infinitos,
acarretaram a utilização dos recursos naturais de maneira inconsequente, modificando as
condições ambientais e afetando a qualidade de vida das futuras gerações. (BRITO, 2007)
O desenvolvimento humano está intrinsecamente ligado à disponibilidade da
energia final obtida por diferentes fontes de energia primária e, das tecnologias existentes para
a transformação desta energia final em energia útil. Desde a descoberta do fogo até o uso da
energia nuclear, para produção de energia elétrica, é possível associar o desenvolvimento
tecnológico humano com a energia empregada ao longo de sua história (BARBOSA;
AZEVEDO; SANTOS, 2004).
O Progresso mundial do consumo de energia, fundamentada na queima de
combustíveis fósseis, condicionou a humanidade para uma matriz energética cara e insegura,
sobretudo, bastante negativa para o meio ambiente. Tal fato tem levado muitos países a
considerarem a necessidade de profundas mudanças, incluindo a intensificação do
aproveitamento de diferentes fontes energéticas, especialmente as renováveis, incluindo-se a
madeira (BRITO, 2007).
Desde os primórdios a vegetação constitui-se como fonte energética, sendo
inicialmente utilizada nos domicílios e posteriormente nas manufaturas e indústrias. No
campo energético, de acordo com a tradição a madeira é chamada de lenha e, nessa forma,
sempre proporcionou histórica contribuição para o desenvolvimento da humanidade,
apresentando-se como sua primeira fonte de energia, inicialmente destinada ao aquecimento e
cocção de alimentos. Ao passar dos tempos, passou a ser utilizada como combustível líquido,
sólido e gasoso, em processos para a geração de energia mecânica, térmica e elétrica.
(FRANCO, 2013).
Baseando-se nessas constatações percebe-se que os modelos de produção
encontraram na lenha uma forma de aumentar sua produtividade. Dessa maneira, as técnicas
rudimentares que ainda predominam em determinadas indústrias exercem uma pressão sobre
o ambiente, comprometendo todas as espécies vivas que habitam esses espaços. (SAMPAIO,
2012).
13
O Semiárido nordestino é um exemplo claro desse processo, que vem
condicionando a crescente exploração predatória da vegetação de Caatinga. Por ser o
Semiárido mais povoado do planeta, as atividades humanas que surgiram ao longo do tempo,
vêm dando sua parcela de contribuição, para acelerar o desgaste do ambiente, interferindo nos
ritmos de vida dos ecossistemas. No caso do Seridó Potiguar essa interferência humana vem
desencadeando o aumento da desertificação, colocando-o como um dos casos mais graves
entre os quatro núcleos ainda existentes no Nordeste brasileiro (MORAIS, 1999).
Conhecida pelo seu clima seco e quente, cuja vegetação, do tipo caatinga, é fonte
de renda e de sobrevivência para os sertanejos. Baseado num modelo extrativista, o nordestino
explora a vegetação nativa através das atividades de extração madeireira, criação de animais e
agricultura de subsistência.
Em zona rural, esse processo extrativista é mais perceptível, por ser o locus da
exploração, mas o resultado disso é refletido em zona urbana, onde parte desse material é
utilizado, em especial, na forma de lenha ou carvão.
É visto que a exploração predatória dos recursos naturais advém desde o período
de colonização. O aumento da população urbana era acompanhado por um aumento do uso
das espécies, sobretudo, as lenhosas. Conforme enfatiza Figueirôa et al. (2005), a vocação
madeireira da vegetação da caatinga é responsável pela produção de lenha e carvão,
responsáveis pelo abastecimento da população do semiárido desde o cozimento de alimentos à
manutenção das atividades que demandam material energético.
Justamente por atender tamanha necessidade, sua constante e gradativa exploração
sempre foi desordenada provocando a exaustão e/ou limitando a sobrevivência de algumas
espécies. A ausência de informações para os atores diretamente envolvidos na atividade de
exploração madeireira leva a não considerar os impactos advindos de tal prática. Na cidade de
Mossoró – RN, a utilização dos recursos energéticos oriundos da caatinga nas diversas
atividades é sem dúvida um fator a ser considerado.
Diante dos aspectos supramencionados, esse trabalho foi desenvolvido com o
objetivo de diagnosticar a utilização de lenha como matriz energética nas pizzarias no
município de Mossoró-RN.
Como objetivos específicos, mencionam-se: Diagnosticar os aspectos
socioambientais relacionados às pizzarias locais; Investigar os motivos para escolha da matriz
energética desses estabelecimentos; e, Identificar os impactos ambientais dessa atividade, com
ênfase às pizzarias que utilizam lenha como matriz de energia.
14
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. ENERGIA
Energia pode ser definida como a capacidade que os corpos possuem de realizar
trabalho ou transferir calor (FARIAS, SELLITTO, 2011), sendo medida, no Sistema
Internacional de Unidades (SI), em unidades de trabalho com equivalência em potência, como
apresentada no TABELA 1 (KAEHLER, 2000).
Tabela 1: Unidades de energia e fatores de conversão
FONTE: Adaptado de Brasil (2013)
A lei da conservação da energia diz que a energia total do Universo tem-se
mantido invariável desde o início da sua formação. Max Planck (1858-1947), em 1887, foi o
primeiro físico que a exprimiu matematicamente, em termos rigorosos e mais gerais, dizendo
que, "A energia total (mecânica e não mecânica) de um sistema isolado, um sistema que não
troca matéria e/ou energia com o exterior, mantém-se constante, ou seja, a energia não pode
ser criada nem destruída, apenas transformada” (PLANCK, 1887, apud PORTUGAL, 2013).
Podemos, a partir dessa afirmação, inferir duas propriedades características da energia, a sua
indestrutibilidade global e a sua dissipação para formas de energia não mecânica.
15
Na natureza encontramos energia sob diversas formas. Às vezes quando falamos
em energia, a modalidade que nos vem primeiro à mente é a energia elétrica em razão de sua
grande utilização. No grande universo que nos cerca, diversas são as modalidade de energia e
exemplos destas são: mecânica, térmica, sonora, elétrica, eólica, solar, luminosa, nuclear,
entre outras. (BRASIL ESCOLA, 2013)
2.1.1. Fontes de Energia
O conceito de “fonte de energia” é definido como a origem da energia, a qual é
um recurso natural que pode fornecer ao Homem determinado tipo de energia e sua substância
transformadora (GOLDEMBERG, 2001). As fontes de energia são um dos elementos
importantes e indispensáveis à nossa vida quotidiana e ao desenvolvimento econômico, além
de serem extremamente importantes para a melhoria da qualidade de vida.
As fontes de energia conhecidas atualmente, podem ser classificadas em fontes
primárias, geradas de processos fundamentais da natureza, como a energia dos núcleos dos
átomos, energia gravitacional, energia solar, eólica, hidráulica; e secundárias, provindas das
primeiras, representando apenas transformações e/ou distintas formas daquelas, por exemplo:
do petróleo é retirada a gasolina e o gasóleo (PORTUGAL, 2013).
As fontes de energia podem ser classificadas também em fontes renováveis, que é
aquela provida de fontes capazes de se regenerar por meios naturais, portanto, são
considerados inesgotáveis, tendo como exemplos deste tipo de fonte, a energia eólica, solar,
gravitacional; e não renováveis, definido como recursos naturais que, quando utilizados, não
podem ser repostos pela ação humana ou pela natureza, a um prazo útil. Tanto os
combustíveis fósseis como os nucleares são considerados não renováveis, pois a capacidade
de renovação é muito reduzida comparada com a utilização que deles fazemos. As reservas
destas fontes energéticas irão ser esgotadas, ao contrário das energias renováveis
(GOLDEMBERG, 2001).
Dessa forma, infere-se que a energia constitui atualmente, uma das questões mais
importantes que a humanidade enfrenta. A produção e o consumo de energia estão
diretamente vinculados com as três dimensões do desenvolvimento sustentável: meio
ambiente, sociedade e economia.
Segundo a Agência Internacional de Energia, o consumo mundial deve crescer
1,6% ao ano entre 2006 e 2030, o que representará um aumento de 45% ao longo desse
16
período. Os combustíveis fósseis devem continuar responsáveis por cerca de 80% da energia
consumida no planeta (OLIVEIRA, 2013). A evolução desse consumo em todo o planeta tem
comprovado que, quanto maior a nossa capacidade para produzir energia, tanto maiores são as
alterações que provocamos no meio ambiente.
2.1.2. Energia: Evolução Histórica e Contexto Atual
O homem no decorrer de sua existência, criou tecnologias para transformar a
natureza à seu favor. Para termos todos os aparatos tecnológicos e produtos que existem hoje,
foram necessárias grandes revoluções industriais que os levaram a produzir cada vez mais.
Na Pré-História o homem percebeu sua limitação física na execução de tarefas,
buscando dessa forma, fontes de energia para facilitar o trabalho e aumentar seu conforto no
dia a dia. Para satisfazer suas primeiras necessidades, o homem apropriou-se do uso do fogo e
desenvolveu a agricultura e a pecuária, armazenando energia excedente nos animais e
alimentos (FONSECA, 1972). A partir de então, cada vez mais, pode dedicar-se a outras
atividades para potencializar seu trabalho (TESSMER, 2002).
Nos séculos XV a XVIII a energia dos ventos movimentou as caravelas e
possibilitou a expansão marítima que promoveu a ocupação da América pelos europeus e um
maior intercâmbio de pessoas e mercadorias entre os continentes, com todas as consequências
positivas e negativas decorrentes.
Conforme afirma Barroso (2007), até o século XIX, o consumo de energia cresceu
de maneira lenta com base no uso da lenha e seus derivados, sendo a biomassa, a principal
fonte energética do país. Segundo Amaral (2010), ainda na era do vapor surge o carvão
mineral empregado na combustão direta para sua produção, sendo considerado o primeiro
combustível fóssil usado em larga escala e o início de uma nova era, caracterizada pela
revolução industrial, o surgimento do automóvel e a exploração do petróleo.
A diversificação do trabalho, visando à otimização das tarefas demandou novas
formas de utilização de energia, que foram sendo descobertas e aprimoradas, através do
desenvolvimento da matemática, da geometria e da engenharia, que proporcionaram a criação
de dispositivos mecânicos complexos, empregados para o aproveitamento da energia contida
nos ventos e no vapor (PIERRE, 2011).
Á medida que os progressos técnicos foram avançando, a utilização de novas
fontes energéticas tornavam o trabalho humano mais eficiente. A sociedade moderna utiliza
17
cada vez mais energia para a indústria, agricultura, serviços, comércio, transportes e consumo
doméstico (OLIVEIRA, 2013).
Segundo Farias e Sellitto (2011), atualmente há uma diversidade de fontes de
energia, classificadas como renováveis que continuam disponíveis depois de utilizadas, e não-
renováveis, que são limitadas e se esgotam. Os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral
e gás natural) assim chamados por se originarem de restos de animais e plantas soterrados
com os sólidos que formam as rochas sedimentares são as principais fontes de energia
utilizadas no mundo hoje, como mostra a TABELA 2:
O petróleo continua a ser a principal fonte de energia do planeta, seguido pelo
carvão mineral e pelo gás natural. Essa situação é preocupante, já que de acordo com dados
EPE – Empresa de Pesquisas Energéticas (2013) aproximadamente 80% da energia
consumida mundialmente provém dessas três fontes não renováveis, que um dia se esgotarão.
2.2. MATRIZ ENERGÉTICA
Matriz energética é toda energia disponibilizada para ser transformada, distribuída
e consumida nos processos produtivos e nas atividades sociais. Pode ser definida também
como uma representação quantitativa da oferta de energia, ou seja, da quantidade de recursos
energéticos oferecidos por um país ou por uma região (GOLDEMBERG, 2001).
2.2.1. Matriz Energética no Brasil e no Mundo
Quando ponderado o panorama mundial de utilização de Matriz Energética,
percebe-se que as fontes empregadas em cada um dos países estão relacionadas à
disponibilidade energética e ao culto de cada matriz. Por esse motivo, não é de surpreender
que as Hidroelétricas sejam uma das principais matrizes energéticas do Brasil, já que neste,
encontra-se a maior concentração de água doce em um país (TRAJBE, 2013).
O percentual da oferta interna de energia no Brasil nas últimas sete décadas pode
ser confrontado com os períodos extremos (1940 e 2012) por uma grande diferença quanto à
composição da oferta de energia. Destacam-se o petróleo, gás natural e derivados (6,4% em
1940 para 50,7% em 2012) e a lenha e carvão (83,3% em 1940 para 9,1% em 2012) que
representam quase que situações inversas quanto ao emprego destas fontes para geração de
energia (BRASIL, 2013).
18
Comparando o panorama mundial de oferta de energia com o panorama nacional
(TABELA 3), temos que a maior parte da oferta mundial é composta por combustíveis fósseis
não renováveis e que causam sérios problemas ambientais. Já no panorama nacional, vemos
que a oferta interna de energia é baseada no petróleo, na biomassa e na energia hidroelétrica,
que em sua maioria são fontes renováveis e menos prejudiciais ao meio ambiente.
Tabela 2: Comparativo do panorama energético mundial com o panorama energético
brasileiro
Fonte Mundo (2011) % Brasil (2012) %
Petróleo 32,0 39,2
Carvão mineral 28,0 5,4
Gás natural 21,0 11,5
Biomassa 10,3 28,6
Energia Nuclear 5,0 1,5
Energia Hidroelétrica 2,3 13,8
Outras Energias Renováveis 1,4 -
FONTE: Adaptado de Brasil (2013) e AIE, Agência Internacional de Energia (2013).
O Brasil possui uma das matrizes energéticas mais renováveis do mundo
industrializado, graças aos seus recursos hídricos, biomassa, etanol, e também graças à
energia eólica e solar (MMA, 2013a). Dessa maneira, tem-se que a matriz energética
brasileira é uma das mais limpas do planeta. Quase metade da energia (45%) consumida no
país é renovável, e esse número ganha destaque quando comparado à matriz energética
mundial, que, em 2010, era constituída de 81% de combustíveis fósseis - fontes não
renováveis (TRAJBE, 2013).
Em 2012, a participação de renováveis na Matriz Energética Brasileira manteve-se
entre as mais elevadas do mundo, com pequena redução devido à menor oferta de energia
hidráulica e de etanol (MMA, 2013).
2.3. ENERGIA E MEIO AMBIENTE
Moreira (2005) afirma que o sistema energético envolve as atividades de extração,
processamento, distribuição e uso de energia e é responsável pelos principais impactos
ambientais da sociedade industrial. Dentro de uma visão tradicional, “um impacto ambiental
19
pode ser definido como qualquer alteração no meio ambiente que derive das atividades
humanas e comprometa o funcionamento dos sistemas” (GOLDEMBERG; VILLANUEVA,
2013, p. 57). Exemplos desses impactos são comumente registrados e vêm sendo debatidos,
como o desmatamento, efeito estufa, a extinção de espécies e seus efeitos sobre o bem-estar
do ser humano e a saúde dos ecossistemas.
Entretanto, ressalta-se que há impactos ambientais resultantes de fenômenos
naturais como terremotos, tempestades furacões, etc. Estes fenômenos também causam
alterações nos ecossistemas, sem obrigatoriamente originar-se de atividades humanas
(MOREIRA, 2005).
Porém, as influências negativas do homem sobre o meio ambiente acresceram
após a chamada Revolução Industrial, e principalmente no século XX. Segundo Matsukuma
(2010, p.8) “o homem moderno depende da energia elétrica e do combustível fóssil como o
homem do século XIX dependia do cavalo e o homem primitivo dependia de seus próprios
braços”.
A energia elétrica é produzida atualmente no mundo pela queima de petróleo
(43%), de carvão e outros combustíveis sólidos (31%), de gás natural (21%),
e reação nuclear e queda d'água (5%). No Brasil, atualmente, ao contrário do
que acontece na maioria dos outros países do mundo, a maior fonte de
energia são as hidrelétricas. O consumo de energia proveniente dessa fonte
cresceu muito nas últimas décadas, com a construção de usinas gigantescas
como a de Itaipu e Tucuruí (MATSUKUMA, 2010, p. 9).
O Brasil, por ter uma matriz de OIE (Oferta Interna de Energia) com alta
participação de fontes renováveis, apresenta baixo indicador de emissões pelo uso de energia,
de 1,45 tCO2/tep. Já em países com alta participação de fontes fósseis, como a China, o
indicador pode passar de 3 tCO2/tep. No mundo a média é de 2,38 tCO2/tep. (MME,
Ministério de Minas e Energia, 2013)
Todas as etapas da indústria energética até a utilização de combustíveis provocam
um certo impacto ao meio ambiente e à saúde do ser humano. Pois, a extração de recursos
energéticos, têm implicações em mudanças nos padrões de uso do solo, alteração da cobertura
vegetal, recursos hídricos e na composição atmosférica (KAEHLER, 2000).
Segundo Farias e Sellitto (2011) esses impactos ambientais sofreram um forte
impulso devido ao crescimento populacional e ao crescente consumo per capita de energia,
principalmente nos países industrializados. Os autores afirmam que atualmente, países como
20
China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão são considerados os maiores poluidores do
planeta.
Os efeitos nocivos dos agentes poluidores não se restringem ao nível local onde se
concretizam as atividades de produção ou de consumo de energia, mas também possuem
efeitos regionais e globais (MOREIRA, 2005).
Na escala regional pode-se mencionar, por exemplo, o problema de chuvas
ácidas, ou ainda o derramamento de petróleo em oceanos, que pode atingir
vastas áreas. Existem ainda impactos globais, e os exemplos mais
contundentes são as alterações climáticas devidas ao acúmulo de gases na
atmosfera (efeito estufa), e a erosão da camada de ozônio devida ao uso de
CFCs (compostos com moléculas de cloro-fluor-carbono) utilizados em
equipamentos de ar condicionado e refrigeradores (AMALFI, 2005, p.46).
Quadro 1: Impactos Ambientais: Local, Regional e Mundial
DIMENSÃO PROBLEMAS PRINCIPAL CAUSA
LOCAL Poluição urbana do
ar;
Poluição do ar em
ambientes fechados.
Usos dos combustíveis
fósseis para transporte;
Uso de combustíveis
sólidos (biomassa e carvão
para aquecimento e cocção)
REGIONAL Chuva ácida Emissões de enxofre e
nitrogênio, matéria
particulada, e ozônio na
queima de combustíveis
fósseis principalmente no
transporte.
GLOBAL Efeito estufa;
Desmatamento;
Degradação costeira e
marinha.
Emissões de CO2 na
queima de combustíveis
fósseis;
Produção de lenha e carvão
vegetal e expansão da
fronteira agrícola;
Transporte de combustíveis
fósseis.
FONTE: Goldemberg e Villanueva (2013)
Em suma, as atividades relacionadas com a produção e uso de energia liberam
para a água, atmosfera e solo diferentes substâncias que podem comprometer a saúde e
sobrevivência do homem, da fauna e flora. Alguns desses efeitos são visíveis e também
imediatos, outros tem a propriedade de serem cumulativos e de permanecerem por várias
décadas ocasionando problemas
21
2.4. USO DA MADEIRA PARA FINS ENERGÉTICOS
No campo energético, a madeira é tradicionalmente chamada de lenha e, nessa
forma, sempre ofereceu histórica contribuição para o desenvolvimento da humanidade, tendo
sido sua primeira fonte de energia, inicialmente empregada para aquecimento e cocção de
alimentos. Ao longo dos tempos, passou a ser utilizada como combustível sólido, gasoso e
líquido, em processos para a geração de energia térmica, elétrica e mecânica. (SILVA et al.,
2008).
Hoje, a madeira ainda continua participando da matriz energética mundial, com
maior ou menor intensidade, dependendo da região considerada, sendo mais evidente em
países em desenvolvimento. Seu uso é afetado por variáveis como: nível de desenvolvimento
do país, disponibilidade de florestas, questões ambientais e sua competição econômica com
outras fontes energéticas, como petróleo, gás natural, hidroeletricidade, energia nuclear etc.
(BRITO, 2OO7).
No início da História do Brasil, a lenha foi o principal recurso energético,
impulsionando o ciclo da cana de açúcar e o ciclo do ouro. Historicamente, a madeira para
energia no Brasil tem sido relacionada com a produção de carvão vegetal, ao consumo
residencial, ao consumo industrial e ao consumo agropecuário (ALCOFORADO FILHO,
2013).
Hoje, são utilizados no país 300 milhões de metros cúbicos de madeira por ano.
Metade transforma-se em lenha para consumo residencial, de olarias e padarias. Os outros 150
milhões são consumidos pelos estabelecimentos industriais, principalmente na secagem de
grãos (BRAINER et al., 2011). A madeira empregada para produção de energia no Brasil,
representa o maior volume de madeira atrelada a um determinado uso, sendo 69% dessa,
destinada a esse fim (ALCOFORADO FILHO, 2013).
Na Região Nordeste, o uso da lenha iniciou-se com o processo de sua ocupação
pelo homem, quando eram as únicas fontes locais de energia disponíveis, junto ao bagaço da
cana. Hoje, ainda há dependência da população em relação ao produto florestal como fonte de
energia tanto no consumo doméstico quanto nas atividades econômica (SAMPAIO;
BATISTA, 2012).
Estima-se que 70% das famílias da Região Nordeste utiliza lenha para
consumo doméstico e que 33% da matriz energética é suprida com lenha obtida, quase
totalmente, de áreas desmatadas, às vezes plantadas por alguns anos e depois abandonadas,
22
pra que a vegetação cresça novamente, até recomeçar um novo ciclo. (BRAINER et al.,
2011).
O Ministério do Meio Ambiente entende que o uso da lenha como fonte de
energia pode representar um retrocesso apenas se ela for explorada de forma indiscriminada.
Caso o uso for planejado, será uma fonte importante para países em desenvolvimento,
gerando riqueza e renda (JORNAL O GLOBO, 2005).
Gariglio et al., (2010) mostra um exemplo claro dessa relação, dizendo que cerca
de 25% da energia consumida pelos setores industrial e comercial da região Nordeste tem
origem na biomassa florestal, gerando cerca de 900 mil empregos diretos e indiretos.
Brainer et al., (2011) pronuncia que houve época em que se acreditava que o
processo de desenvolvimento das nações induzisse à redução natural do uso da lenha como
fonte de energia. No entanto, o uso de biomassa em geral, e de madeira em particular, como
alternativa de energia renovável às fontes fósseis tem sido cada vez mais considerado como
viável e vantajoso se forem tomados os seguintes cuidados, conforme explica Brito (2007):
Retirar da marginalidade e valorizar o conceito de uso da madeira para energia;
Agregar a lenha como produto do manejo e do uso múltiplo da floresta;
Manejar, de forma sustentável, as florestas nativas para fins energéticos;
Induzir a uma maior intensificação de uso dos resíduos industriais e florestais para fins
energéticos;
Induzir pesquisas, estudos e desenvolvimentos tecnológicos na área de aplicação de
madeira para energia;
Estabelecer programas de educação e extensão relacionados ao uso da madeira para
energia. Entre outros.
2.5. BIOMA CAATINGA
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013b) o bioma caatinga
é o único exclusivamente brasileiro, possui extensão territorial de 844.453 quilômetros
quadrados, o que corresponde a aproximadamente 11% do território nacional. Segundo dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2004) a vegetação da caatinga
23
compreende ao estado do Ceará (100%) e mais de metade da Bahia (54%), da Paraíba (92%),
de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do Norte (95%), quase metade de
Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de pequenas porções de Minas Gerais (2%) e do
Maranhão (1%).
A Caatinga situa-se entre o “Equador e o Trópico de Capricórnio, estendendo-se
de 2º54’ a 17º21’ S” (LEAL; TABARELLI; SILVA, 2003, p. 3). É conceituada por Maia
(2004) apud Soares (2011) como uma mata ou floresta branca, cuja vegetação durante o
período seco de setembro a dezembro tem um aspecto branco ou prateado. Isto ocorre devido
ao fato de que a maioria das plantas tem casca clara e reluzente e perde as folhas na estação
seca, proporcionando um aspecto branco a toda paisagem.
Rodal e Sampaio (2002) apud Gariglio et al. (2010, p.29) analisaram as
implicações das diferentes descrições e delimitações de caatinga e identificaram três
características básicas, na maioria dos escritos:
(i) a vegetação que cobre uma área grande e mais ou menos contínua, no
Nordeste do Brasil, submetida a um clima semi-árido, bordejada por áreas de
clima mais úmido; (ii) a vegetação desta área, com plantas que apresentam
características relacionadas à adaptação à deficiência hídrica
(caducifólia, herbáceas anuais, suculência, acúleos e espinhos,
predominância de arbustos e árvores de pequeno porte, cobertura
descontínua de copas); e (iii) a vegetação com muitas espécies
endêmicas a esta área semiárida e com algumas espécies que ocorrem nesta
área e em outras áreas secas mais distantes, mas não nas áreas circunvizinhas
(RODAL e SAMPAIO, 2002 apud GARIGLIO et al., 2010, p.29).
O nome “caatinga” é de origem Tupi-Guarani e significa “floresta branca”, que
caracteriza bem o aspecto da vegetação na estação seca, quando as folhas caem e apenas os
troncos brancos e brilhosos das árvores e arbustos permanecem na paisagem seca. (LEAL;
TABARELLI; SILVA, 2003 ).
As altitudes são relativamente baixas, portanto, as temperaturas são altas e pouco
variáveis, espacial e temporalmente, com médias anuais entre 25°C e 30°C e poucos graus de
diferença entre as médias dos meses mais frios e mais quentes (SAMPAIO, 2003).
A disponibilidade hídrica, não só é limitante quanto extremamente variável no
tempo e no espaço. As médias de precipitação anual oscilam de pouco menos de 300mm, na
região dos Cariris Velhos na Paraíba, até pouco mais de 1000mm, nas zonas limítrofes da
Caatinga, com um padrão geral de diminuição deste entorno até o núcleo mais seco (REDDY,
1983 apud GARIGLIO et al., 2010).
24
Conforme dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013b), o bioma
caatinga é rico em biodiversidade, e abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de
répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 de abelhas. Já foram identificadas cerca
de 1,5 mil espécies vegetais, mas estima-se que possam chegar a até 3 mil espécies na
Caatinga. Diversas já se encontram ameaçadas de extinção, como a aroeira, jaborandi,
jaborandi do Ceará e baraúna, além de mamíferos como o veado catingueiro, preás, macacos,
porco do mato, e aves como a ararinha azul, araponga do nordeste, jacutinga, além de répteis,
anfíbios, peixes e insetos (SCHOBER, 2002).
Os autores supramencionados, expõem as riquezas da caatinga, mostrando que a
mesma possui grande potencial, enorme variedade de espécies endêmicas, ricos recursos
naturais etc. Logo, é crucial cuidar da preservação de tal ecossistema.
2.5.1. Exploração e Conservação da Caatinga
Apesar da sua importância, o bioma tem sido desmatado de forma acelerada,
principalmente nos últimos anos, devido principalmente ao consumo de lenha nativa,
explorada de forma ilegal e insustentável, para fins domésticos e indústrias, ao sobre pastoreio
e a conversão para pastagens e agricultura. (MMA, 2013b).
Soares (2011) enfatiza que antigamente na caatinga original, havia árvores de
tamanhos bem maiores, e muito mais espécies e indivíduos, de madeira nobre. Atualmente,
em decorrência da severa exploração dos recursos naturais pelo homem, a Caatinga encontra-
se em estado empobrecido, devastada, com árvores de porte mais baixo, de caule fino, às
vezes apenas de tamanho e forma arbustivos, e com poucas espécies em relação ao estado
original.
Sampaio (2003) ressalta que a Caatinga cobria originalmente um milhão de
hectares, sob clima predominantemente semiárido, mas com grande variação de situações
ambientais. Porém, atualmente, cerca de 40% da área original ainda estão cobertas de
vegetação nativa, sendo estas exploradas para extração de lenha, pastagem nativa para criação
de rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos, ou como parte do sistema de agricultura itinerante;
muito embora a baixa produtividade desse tipo de agricultura tenha mais uma vez cedido
lugar a pecuária e produção de lenha (SOARES, 2011).
Shoeber (2002) acrescenta que a utilização da Caatinga ainda é meramente
extrativista.
25
No caso da pecuária, o superpastoreio de ovinos, caprinos, bovinos e outros
herbívoros tem modificado a vegetação; o uso agrícola trouxe práticas
desordenadas como desmatamento e queimada; mas a extração madeireira,
para obtenção de lenha e carvão, é ainda mais danosa que a própria
agricultura (SHOEBER, 2002, p. 2)
O bioma da Caatinga pode ser considerado um dos mais ameaçados do Brasil. O
mau uso dos seus recursos tem causado danos irreversíveis a este bioma. Sampaio (2003) cita
que o processo de desertificação já afeta cerca de 15% da Caatinga. As consequências de anos
de extrativismo predatório são visíveis: perdas irrecuperáveis da diversidade da flora e da
fauna, acelerada erosão e queda na fertilidade do solo e na quantidade de água. Grande parte
de sua superfície já foi bastante modificada pela utilização e ocupação humana, sendo que
hoje em dia já é muito difícil encontrar remanescente da vegetação nativa maiores que 10 mil
hectares (LEAL; TABARELLI; SILVA, 2003).
A caatinga é apontada pelos pesquisadores como um dos biomas mais vulneráveis
às mudanças climáticas associadas aos efeitos de aquecimento global e pela exploração pelo
homem de forma desordenada e insustentável (LEITÃO, 2013).
O estudo e a conservação da variedade biológica da Caatinga é um dos maiores
desafios da ciência brasileira, pois para Leal; Tabarelli; Silva (2003):
A caatinga é a única grande região natural brasileira cujos limites estão
inteiramente restritos ao território nacional, ela é proporcionalmente a menos
estudada entre as regiões naturais brasileiras, com grande parte do esforço
científico estando concentrado em alguns poucos pontos em torno das
principais cidades da região, é a região natural brasileira menos protegida,
pois as unidades de conservação cobrem menos de 2% do seu território e
continua passando por um extenso processo de alteração e deterioração
ambiental provocado pelo uso insustentável dos seus recursos naturais, o que
está levando à rápida perda de espécies únicas, à eliminação de processos
ecológicos chaves e à formação de extensos núcleos de desertificação em
vários setores da região (LEAL; TABARELLI; SILVA, 2003, p. xii).
Conforme relatório do MMA (2013b), aproximadamente 27 milhões de pessoas
vivem na área da caatinga, sendo que 80% de seus ecossistemas originais já foram alterados,
principalmente por meio de desmatamento e queimadas, em um processo de ocupação desde
os tempos do Brasil colônia.
A maioria da população que reside na área da caatinga é carente e dependente dos
recursos da sua biodiversidade para sobreviver. A biodiversidade da caatinga ampara diversas
atividades econômicas voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos
26
ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos, portanto, esses mesmo recursos,
se conservados e explorados de forma sustentável, podem impulsionar o desenvolvimento da
região (SOARES, 2011).
27
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Mossoró está situada no interior do estado do Rio Grande do Norte, na região
Nordeste do Brasil. Pertence à mesorregião do Oeste Potiguar e à microrregião homônima. A
cidade fica entre as capitais Natal e Fortaleza (CE), distante 278 e 245 km (PREFEITURA
MUNICIPAL DE MOSSORÓ, 2013).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013) a
área total do município é de 2.110,207 quilômetros quadrados, o que lhe dá o título de maior
município do estado do Rio Grande do Norte, em termos de extensão territorial. Segundo
estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013), Mossoró possui
uma população de 266.758 habitantes. O número a coloca como a segunda cidade mais
populosa do Rio Grande do norte, atrás da capital do Estado, Natal.
A fruticultura irrigada, a indústria salineira e a indústria extrativa são alguns dos
segmentos econômicos de destaque na cidade. O município é o maior produtor de sal do país,
bem como o maior produtor de petróleo em terra. A fruticultura irrigada é voltada, em sua
maior parte, para a exportação, com destaque para a produção do melão (PREFEITURA
MUNICIPAL DE MOSSORÓ, 2013).
3.2. POPULAÇÃO E AMOSTRA
Para a identificação do tamanho dessa população, buscou-se informações na
prefeitura de Mossoró, que não apresentou dados precisos a esse respeito. Posteriormente, foi
realizado um contato com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
SEBRAE, sede de Mossoró, que apresentou dados de que a cidade possui quinze pizzarias.
Com efeito, mas em pesquisa a sites de busca, foram encontradas mais quinze pizzarias,
totalizando trinta.
Para obtenção da amostra, aplicou-se a fórmula preconizada por Richardson, que
de uma poulação de 30 pizzarias, aplicou-se 6% de erro de estimação permitido e 90% de
nível de confiança, resultando numa amostra de 21 estabelecimentos.
28
3.3. TÉCNICAS DE PESQUISA E INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
O estudo foi realizado no período de julho a agosto de 2013 em pizzarias da
cidade de Mossoró – RN. Toda a amostra foi contatada, com efeito, 20 pizzarias aceitaram
participar da coleta de dados, contemplando 67% da população.
Foi aplicado um questionário semiestruturado, destinado aos
gerentes/proprietários dos estabelecimentos, composto por 18 (dezoito) questões que estão
dispostas em 2 seções, sendo a primeira parte destinada a identificação, caracterização do
estabelecimento e percepção dos entrevistados quanto ao meio ambiente, e a segunda a um
aprofundamento acerca do uso da lenha como matriz energética empregada para a cocção dos
alimentos nesses estabelecimentos, buscando assim, responder aos objetivos específicos e
geral desta pesquisa.
3.4. ORDENAMENTO, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS
Por ser uma pesquisa quantitativa, todos os dados coletados foram tabulados e
sumarizados em planilha eletrônica, originando informações quantitativas descritivas, que
foram posteriormente transformadas em gráficos e tabelas.
29
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS
A distribuição espacial das pizzarias na cidade de Mossoró-RN ocorre de forma
heterogênea, uma vez que estão situadas em diversos bairros. Do total da amostra (21), apenas
um estabelecimento não demonstrou interesse em participar da pesquisa.
Conforme descrito na TABELA 4, quanto ao porte dos estabelecimentos, 60%
apresentam de três a dez funcionários, 35% apresentam de onze a vinte funcionários, e 5%
possuem mais de vinte funcionários, caracterizando assim empreendimentos de pequeno
porte, conforme classificação de SEBRAE.
Tabela 3: Quantidade de Funcionários que trabalham na pizzaria, Mossoró-RN, 2013
Nº de Funcionários %
De 3 a 10 funcionários
De 11 a 20 funcionários
Mais de 20 funcionários
60
35
5
FONTE: Autoria Própria
Quando analisado a quantidade de membros da família do proprietário que
trabalham no estabelecimento, percebe-se que na maioria dos estabelecimentos, existem
poucos ou nenhum membro da família do proprietário trabalhando nas pizzarias, o que
caracteriza empresas não familiares. Conforme TABELA 5, verifica-se que 65% são empresas
não familiares e 35% são empresas familiares.
Tabela 4: Quantidade de membros da família do proprietário trabalhando na pizzaria,
Mossoró-RN, 2013.
Nº de Membros da Família Trabalhando no Estabelecimento %
De 0 a 2 65
De 3 a 5 35
FONTE: Autoria Própria
30
No que tange ao tempo de funcionamento, 50% dos estabelecidos estão na
atividade há mais de 5 anos, 35% estão na atividade há menos de cinco anos, e 15% dos
estabelecimentos estão na atividade há menos de um ano (TABELA 6).
Tabela 5: Tempo de funcionamento das pizzarias, Mossoró-RN, 2013.
Tempo na Atividade %
Maior ou igual a 5 anos 50
Menos de 5 anos 35
Menos de 1 ano 15
FONTE: Autoria Própria
Em relação à escolaridade dos proprietários ou gerentes das pizzarias, conforme
disposto no GRÁFICO 1, 20% concluíram o ensino fundamental, 10% possuem ensino médio
incompleto, 50% concluíram o ensino médio, e 20% possuem ensino superior. A partir dessas
informações, constata-se que trata-se de empreendimentos que não necessitam de mão de obra
especializada.
Gráfico 1: Nível de escolaridade do proprietário ou gerente das pizzarias. Mossoró-RN,
2013.
FONTE: Autoria Própria
31
4.2. MATRIZ ENERGÉTICA PARA PRODUÇÃO DE CALOR NO FORNO DAS
PIZZARIAS
Em relação ao combustível utilizado para produzir calor do forno da pizzarias,
como pode ser visualizado no GRÁFICO 2, dos estabelecimentos visitados, 60% fazem uso
exclusivamente da lenha como fonte de energia no seu processo produtivo, 5% utilizam lenha
associada com GLP, e 35% dos estabelecimentos utilizam unicamente GLP.
Embora tenha se verificado a utilização de outra fonte energética, percebe-se a
predominância da lenha como fonte de energia em todos os estabelecimentos estudados. Este
resultado corrobora com as observações de Campello et al. (1999), ao citar que o material
energético de origem florestal representa de 30% a 50% de todos os combustíveis primários
consumidos no Nordeste. Os autores enfatizam que de todos os ecossistemas presentes nessa
Região, a Caatinga é o único capaz de atender a essa demanda.
Gráfico 2: Percentual das matrizes energéticas utilizadas nas pizzarias do município de
Mossoró- RN, 2013.
FONTE: Autoria Própria
32
4.2.1. Produção, custo e produtividade
A respeito da produção, quantidade de combustível utilizada e sua produtividade,
as informações em alguns casos não foram disponibilizadas. Certamente por se tratar do fator
econômico rendimento/lucratividade ou por não usar o planejamento como ferramenta para
melhor desempenho da atividade, deixando assim, muitas vezes, de identificar falhas no
processo produtivo e gerar ganhos para a atividade. Cabe ressaltar, que tal situação
compromete a adoção de práticas ambientais pelos empreendimentos, como por exemplo, a
implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, já que impossibilita a definição da melhoria
contínua do desempenho ambiental. Nesse sentido, na TABELA 7 é possível verificar dados
relativos a esses aspectos.
Tabela 6: Quantidade de combustível utilizado, produção, e produtividade. Mossoró-
RN, 2013.
Pizzaria Combustível Consumo Mensal Custo Mensal (R$) Produção Mensal (Un)
A Lenha 8 m³ 400,00 1760
B Lenha 8 m³ 400,00 1820
C Lenha 8 m³ 400,00 1600
D Lenha 16 m³ 800,00 2600
E Lenha 8 m³ 360,00 650
F Lenha 10 m³ 450,00 1200
G Lenha * * 1700
H Lenha 60 m³ 600,00 3360
I Lenha 10 m³ 400,00 1400
J Lenha 4 m³ 200,00 640
K Lenha 10 m³ 500,00 1940
L Lenha 40 m³ * *
M Lenha 8 m³ 360,00 1800
N GLP 16 Botijões 560,00 910
O GLP 20 Botijões 700,00 840
P GLP 26 Botijões 910,00 1780
Q GLP * * *
R GLP 16 botijões 820,00 200
S GLP * * *
T GLP * * 500
FONTE: Autoria Própria
33
De acordo com pesquisa de mercado, efetuada em comércios na cidade de
Mossoró, a compra da lenha dá-se por preços que variam entre R$15,00 e R$50,00 o metro
cúbico, com o valor médio de R$ 44,55. Os proprietários atestam que o metro cúbico da
lenha mais barato se dá quando vem diversificado/misturado em espécies, em qualidade, e
diferença de diâmetro e comprimento. Já o preço do botijão de gás varia entre R$ 35,00 e R$
51,25, com preço médio de R$ 38,33.
Calculando o custo mensal médio e a produção mensal média dos dois
combustíveis utilizados nas pizzarias da cidade de Mossoró, obtém-se que com o custo médio
mensal de R$ 442,73 de lenha são produzidas 1.705,833 unidades de pizza. Enquanto que
com o custo médio mensal de R$ 747,50 de GLP são produzidas 846 unidades de pizza.
Com isso, o custo médio mensal com combustível dos estabelecimentos que
utilizam GLP corresponde a 68,84% a mais em relação ao custo da lenha, e produz 50,41% a
menos, ou seja, enquanto R$ 442,73 de lenha produz 1.705,83 unidades de pizza, o mesmo
valor gasto com gás produz 501,07 unidades de pizza, o que corresponde a 240,5% a menos
em relação à produção com lenha.
Segundo Oliveira (2003), a utilização da lenha como principal fonte energética
pode ser ocasionado pelo fato desta ser um combustível bastante comercial, produzido
localmente, com reduzidos custos de produção e, consequentemente, maior margem de lucro
para os estabelecimentos que dependem de material energético em suas atividades.
Riegelhaupt; e Ferreira (2004) destacam alguns fatores determinantes para que a
lenha seja preponderante no processo produtivo, dentre eles, a disponibilidade, a redução de
custos que possam proporcionar na obtenção do produto final, e outros fatores como a
localização, espaço disponível, e ritmo de produção.
Nesse cenário, visualiza-se que a lenha tem uma enorme tendência de continuar
como principal fonte energética dos referidos empreendimentos, comprometendo ainda mais o
bioma Caatinga.
4.2.2. Benefícios da Matriz Energética Utilizada
A respeito dos principais benefícios da matriz energética utilizada, 65% das
pizzarias utilizam lenha em seus fornos. Destas, 60% responderam que a maior vantagem do
uso da lenha como combustível em suas pizzarias é a eficiência. As outras 40% responderam
que o principal benefício está na qualidade e no sabor das pizzas feitas no forno à lenha.
34
35% das pizzarias fazem uso do GLP como combustível em suas pizzarias.
Destas, 57% afirmam que os principais benefícios desse combustível são a praticidade e a
facilidade na manutenção do forno, porém, ambas planejam mudar o combustível para lenha,
pois acreditam que a pizza se tornaria mais saborosa, de forma a atrair mais clientes.
As outras 43%, afirmam fazer uso GLP por ser prático, eficiente, e não gerar
resíduos, portanto, não pretendem mudar o combustível, apesar do alto custo mensal.
Diante do exposto, nota-se que o uso da lenha como fonte energética para
pizzarias no atual momento, encontra-se em expansão, necessitando assim de novas demandas
(vegetação) de origem do bioma Caatinga.
4.2.3. Percepção dos proprietários ou gerentes sobre os impactos socioambientais da
atividade
A respeito da preocupação com o meio ambiente, 75% responderam que se
preocupam com esse aspecto em sua atividade, 25% responderam que se preocupam, mas não
sabem como agir em relação aos impactos socioambientais gerados por eles mesmos e por
suas atividades.
A rigor, empiricamente é possível supor que paradoxalmente ao que está apontado
no GRÁFICO 3, o percentual daqueles que não sabem como proceder ou que não apresentam
medidas concretas sobre a temática ambiental é bem superior ao que se descreve, sobretudo
no que tange ao uso da matriz energética.
Assim, necessita-se de um arranjo produtivo local para os referidos
empreendimentos, com a finalidade de buscar de forma organizada assessorias de práticas
ambientais, como por exemplo a implantação de um SGA.
35
Gráfico 3: Resposta dada pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “Você se
preocupa com o meio ambiente?”. Mossoró-RN, 2013.
FONTE: Autoria Própria
Dos estabelecimentos que usam lenha como fonte energética, 77% possuem
convicção de que suas atividades prejudicam de alguma forma o meio ambiente, pois expelem
fumaça; 15% afirmam que suas atividades não prejudicam o meio ambiente; e 8% não
souberam responder (GRÁFICO 4).
No mesmo gráfico, verifica-se que em relação aos estabelecimentos que usam
GLP como fonte energética, 29% acreditam que suas atividades prejudicam o meio ambiente,
57% afirmam que não prejudicam o meio ambiente, e 14% não souberam responder se sua
atividade prejudicava o meio ambiente.
36
Gráfico 4: Resposta dada pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “Você
acha que sua atividade prejudica de alguma forma o meio ambiente?”. Mossoró-RN,
2013.
FONTE: Autoria Própria
Das pizzarias que utilizam forno a lenha, verifica-se no GRÁFICO 5 que 77% não
oferecem nenhum tipo de treinamento com seus funcionários acerca do meio ambiente, e
apenas 23% oferecem ou já ofereceram treinamento com relação a separação do lixo para
coleta seletiva. Já nas pizzarias que utilizam forno a gás, 71% não oferecem nenhum tipo de
treinamento a respeito do meio ambiente, enquanto apenas 29% oferecem ou ofereceram
treinamento também apenas referente à coleta seletiva.
Assim, evidencia-se novamente a adoção de um SGA para as pizzarias
investigadas, uma vez que assegurar o atendimento do princípio da política ambiental de
comunicação e treinamentos dos colaboradores.
37
Gráfico 5: Respostas dadas pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “O
estabelecimento oferece algum tipo de treinamento com os funcionários a respeito do
meio ambiente?”. Mossoró-RN, 2013.
FONTE: Autoria Própria
A respeito do conhecimento dos proprietários/gerentes das pizzarias acerca da
legislação ambiental referente à atividade, 31% responderam que não possuem conhecimento
a respeito da legislação ambiental referente à atividade desempenhada pelos próprios; 38%
responderam que conhecem a legislação ambiental parcialmente; e 31% responderam que
possuem conhecimento a respeito da legislação ambiental.
Com isso, é perceptível a necessidade de adoção de um SGA, já que oportunizará
aos membros das empresas analisadas tomarem conhecimento dos aspectos legais e,
posteriormente atendê-los.
38
Gráfico 6: Respostas dadas pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “Você
tem conhecimento da legislação ambiental referente a sua atividade?”. Mossoró-RN,
2013.
FONTE: Autoria Própria
No que diz respeito à licença ambiental, as pizzarias que utilizam gás como fonte
de energia estão dispensadas dessa exigência. A esse respeito, no GRÁFICO 7 consta o
resultado sobre esse aspecto: 45% estabelecimentos possuem licença ambiental para
funcionar, 20% não possuem e para 35% dos estabelecimentos, essa pergunta não se aplica,
em função do uso do gás como matriz energética.
39
Gráfico 7: Respostas dadas pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: “O
estabelecimento possui licença ambiental para funcionar?” Mossoró-RN, 2013.
FONTE: Autoria Própria
4.2.4. Destino dos resíduos orgânicos e inorgânicos
Quanto a destinação dos resíduos, temos que 55% das pizzarias destinam seus
resíduos exclusivamente na coleta municipal, 20% direcionam seus resíduos exclusivamente
na coleta seletiva, 10% das pizzarias destinam na coleta seletiva e usam o óleo na fabricação
do sabão usado no próprio estabelecimento, e 15% encaminham o lixo inorgânico para coleta
seletiva e o orgânico destina a alimentação de animais.
Nesse sentido, corrobora-se a importância de implantação de um SGA, pois
através do princípio da política ambiental de prevenção da poluição ambiental garantirá um
gerenciamento adequado dos resíduos sólidos dos empreendimentos investigados.
4.2.5. Melhoria do ponto de vista ambiental e no uso de energia
A maior parte dos entrevistados, afirmaram que a melhoria que gostariam de
realizar na pizzaria seria investir em fornos ecológicos e fazer uso da coleta seletiva. No
GRÁFICO 8 estão apresentados os resultados para essa dimensão.
40
Gráfico 8: Respostas dadas pelos proprietários/gerentes de pizzarias à pergunta: ”Que
tipo de melhoria você faria na pizzaria do ponto de vista ambiental e no uso de
energia?” Mossoró-RN, 2013.
FONTE: Autoria Própria
4.2.6. Lenha como combustível para geração de energia
Sobre as desvantagens do uso de lenha nos fornos de suas pizzarias, 31% dos
proprietários alegam que o maior problema está na poluição atmosférica causada pela fumaça
das chaminés; outros 31% apontam o desmatamento provocado pela extração, muitas vezes
ilegal, de lenha da caatinga; 15% acreditam que a maior desvantagem é o entupimento que o
acúmulo de fuligem causa nas chaminés; 8% acredita que é a dificuldade de armazenamento e
transporte da lenha; 15% afirmam que é a dificuldade de encontrar madeira de qualidade
durante o inverno, enquanto a madeira está molhada, o que dificulta o processo de combustão
(GRÁFICO 9).
41
Gráfico 9: Resposta a questão: - Qual a maior desvantagem decorrente do uso de lenha
nos fornos da pizzaria? Mossoró-RN, 2013.
FONTE: Autoria Própria
Foi possível identificar In loco que a maioria dos proprietários não possui
informações precisas a respeito do processo de extração de lenha por seus fornecedores. Ou
seja, normalmente não há uma exigência a respeito de certificação, sendo que o preço da
lenha é o principal requisito na decisão da compra. De tal forma que, é paradoxal que 31%
apontem o desmatamento como maior problema, ao mesmo tempo em que não fazem
exigências ambientais aos fornecedores. É oportuno destacar, que para atenuar a referida
problemática aponta-se o SGA como uma solução, tendo em vista que permitirá realizar
controle de fornecedores quanto às suas práticas ambientais.
Das treze pizzarias que utilizam lenha como matriz energética em suas pizzarias,
onze afirmam que quando falta lenha o estabelecimento fecha as portas. Já as duas restantes,
responderam que nessas circunstâncias, continuam as atividades, utilizando o forno a gás em
substituição.
Outro aspecto que merece destaque ainda sobre o uso de lenha é que 84,6% dos
entrevistados que utilizam esse recurso, apontam que o tipo da lenha influi na qualidade das
pizzas. 15,4%, por sua vez, concordam que o uso influi na qualidade das pizzas, contudo, o
tipo de madeira utilizada não altera a qualidade nem o sabor das pizzas.
42
Nesse sentido, as espécies mais utilizadas pelas pizzarias em Mossoró estão
descritas no GRÁFICO 10. De todas as espécies lenhosas utilizadas, 54% dos
estabelecimentos pesquisados utilizam apenas a algaroba, 8% faz uso de algaroba e cajueiro, e
38% mantêm uma variação de espécies não citadas. Assim, merece destaque o uso da
algaroba, que é permitido por lei, já que trata-se de uma espécie exótica.
Gráfico 10: Espécie da madeira usada como combustível no forno das pizzarias.
Mossoró-RN, 2013.
FONTE: Autoria Própria
A preferência pela algaroba como fonte energética florestal nas pizzarias da
cidade pode estar associada ao alto poder calorífico que ela apresenta e a possibilidade de
exploração permitida pelo IBAMA (SILVA, 2013).
A algarobeira, originária do Peru, foi introduzida na década de 1940 no Nordeste
brasileiro como alternativa para resolver grandes problemas dessa macrorregião, como a
destruição acelerada das espécies nativas da caatinga e a escassez de alimentos para os
animais nos meses secos do ano, encontra-se atualmente disseminada em praticamente todas
as regiões geoambientais do Semiárido Nordestino. (ARAUJO et al., 2013).
Essa espécie vegetal é bastante rústica, pois tolera solos pobres e salinos,
ocupando com rapidez qualquer área que lhe seja permitido invadir. Em muitas áreas essa
planta exótica é caracterizada como invasora, em função de sua rápida expansão provocando
desequilíbrio no ecossistema. (ARAUJO et al., 2013).
43
O armazenamento da lenha é um aspecto que também merece destaque. Nesse
sentido, em todos os casos identificados o recurso é armazenada no próprio estabelecimento,
frequentemente nos fundos do prédio a céu aberto, ou no interior da pizzaria, em um
compartimento abaixo do forno, no caso dos estabelecimentos que possuem esse tipo de
espaço interno.
Poucos dispõem de depósito fechado, existe ainda aqueles que mantêm a lenha na
calçada do estabelecimento e finalmente, outra opção utilizada é o armazenamento em lugares
diferentes de onde as pizzas são produzidas, como um depósito improvisado. Nesse caso, o
transporte da lenha para o local da atividade, é feito à medida que necessitam.
A forma de estocagem interfere diretamente no rendimento do processo de
queima, uma vez que a lenha exposta a céu aberto, especialmente no período chuvoso, tem
contato com umidade.
Cabe enfatizar que a forma de obtenção da lenha pelas pizzarias é quase
exclusivamente por fornecedores. Conforme GRÁFICO 11, verifica-se que 92,31% dos
adquirem a lenha através de uma fornecer e não sabem responder se o fornecedor apenas
vende ou se também produz a lenha; e 7,69% produz a lenha da própria pizzaria.
Gráfico 11: Percentual da forma de obtenção da lenha pelas pizzarias. Mossoró-RN,
2013.
FONTE: Autoria Própria
Com efeito, quanto à procedência da lenha, os proprietários ou gerentes não
souberam dar informações a respeito. Em sua maioria, os proprietários e gerentes acreditam
44
que a lenha que compram é proveniente de povoamento nativo do interior do Estado,
enquanto poucos acreditam ser de áreas reflorestadas, embora não se tenha confirmação dessa
informação.
Os estudos de (SOARES, 2011 apud) mostram que a produção de lenha para fins
energéticos e seus impactos na cobertura florestal do Nordeste brasileiro em 1999 representou
47,92% da produção brasileira e, destes, o consumo final da lenha através da queima direta foi
de 52,61% de toda produção nacional. Os autores ressaltam que áreas reflorestadas para esta
finalidade ainda é incipiente e que, praticamente toda essa produção é proveniente de matas
nativas, o que faz da região a maior produtora de lenha de origem nativa do país.
A extração da lenha da caatinga para manutenção de indústrias alimentícias
também foi relatado por Pereira, et al. (2005) no Estado do Rio Grande do Norte. Os autores
verificaram que a extração de lenha de povoamentos nativos do Estado mantinha dentre as
demais atividades que demandam energia, as panificadoras de Mossoró. Para Riegelhaupt e
Ferreira (2004), as demandas de fora da região são pouco significativas e inexistem
aquelas oriundas do mercado global de energéticos, porém é possível e até muito
provável que isto aconteça dentro dos próximos dez a vinte anos, e o Nordeste seja
um exportador de combustíveis florestais.
Essa possibilidade poderá ser desenvolvida através da sugestão de Goldemberg
(1998) citado por Angelo e Vale (2005) ao considerar o aspecto social do consumo da
madeira como fonte de energia. Para ele, o cultivo da lenha em “fazendas energéticas”
exigiria um manejo simplificado capaz de prover uma base de desenvolvimento rural e a
geração de emprego em países em desenvolvimento, o que certamente daria ao Nordeste uma
condição privilegiada na produção de material energético para suprir suas próprias demandas.
Riegelhaupt e Pareyn (2010) complementam essa ideia ao afirmarem que as
demandas de lenha criam o que denominam de bacias fornecedoras ao redor dos pólos de
consumo, favorecendo desta forma as relações de comercialização onde o produtor leva em
consideração o cultivo somado ao custo do transporte assim como o limite da disposição de
pagamento por parte do consumidor.
Quanto às espécies de povoamentos nativos ou plantados BARROS et al. (2009)
corroboram mostrando que a madeira oriunda de florestas plantadas, por suas características
próprias e pelas condições ecológicas altamente favoráveis, tem sido apontada como uma
opção lógica a ser utilizada devido a sua potencialidade como fonte energética. Porém, de
45
toda lenha consumida, a grande maioria é proveniente de florestas nativas, estimando um
corte anual dessas florestas de 500 mil hectares/ano.
46
5. CONCLUSÕES
Em Mossoró-RN, de cada 10 pizzarias, aproximadamente 7 utilizam lenha como
matriz energética, as demais utilizam GLP.
O aspecto econômico é o que mais influencia nessa escolha da fonte de energia,
pois com o custo médio mensal de R$ 442,73 de lenha são produzidas 1.705,833 unidades de
pizza. Enquanto que com o custo médio mensal de R$ 747,50 de GLP são produzidas 846
unidades de pizza.
Do ponto de vista socioambiental, o uso de lenha trás problemas em relação à
poluição atmosférica urbana, uma vez que a maioria não possui filtros instalados em suas
chaminés.
A origem dessa lenha utilizada é pouco conhecida pelos proprietários e gerentes
dos estabelecimentos, o que dá margem para que um percentual significativo tenha origem em
desmatamentos irregulares.
Em função do cenário diagnosticado, é pouco provável que em curto prazo as
pizzarias locais modifiquem suas matrizes energéticas por fontes menos poluidoras. Pelo
menos, se estas mudanças tiverem que partir das próprias pizzarias.
Provavelmente a intervenção do poder público, no sentido de fiscalizar esses e
outros aspectos relacionados à indústria alimentícia local não está a contento. O uso de lenha
como matriz energética também é comum em outros tipos de produção de alimentos e,
portanto é necessário que sejam realizados estudos mais detalhados sobre esse uso para se
conhecer a dimensão dos impactos socioambientais advindos desse conjunto de atividades.
Para tanto, aponta-se como ferramenta de sustentabilidade para pizzarias de
Mossoró-RN a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, já que assegura aos
empreendimentos a elaboração e adoção de uma política ambiental, contendo os seguintes
princípios: atendimento aos aspectos legais, prevenção de poluição ambiental, melhoria
continua do desempenho ambiental, comunicação interna e externa, e treinamento dos
colaboradores. Cabe ressaltar que adota-se também o planejamento ambiental; implementação
e operação das ações; verificação e correção das ações e análise para alta direção
E ainda, a educação ambiental, também assume relevante papel neste contexto,
tanto no que se refere aos empreendedores, como a própria população, quer sejam clientes ou
não. A política interna nos estabelecimentos, por exemplo, de “produção mais limpa” também
contribuirá para melhorar a relação das pizzarias com a natureza.
47
6. REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil) (ANEEL). Fatores de
conversão. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/atlas_fatoresdeconversao_indice.pdf>. Acesso em:
21 agosto 2013.
AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA, AIE. World Energy Outlook 2012.
Disponível em: <
http://www.iea.org/publications/freepublications/publication/Portuguese.pdf>Acesso> Acesso
em: 01 de setembro de 2013.
AMALFI, Silvio Luiz. Energia colar. 2005. 64 f. Monografia (Graduação) - Universidade de
Lavras, Minas Gerais, 2005.
ALCOFORADO FILHO, Francisco Guedes. Conservação da flora da caatinga através da
apicultura. Disponível em: <http://www.apacame.org.br/mensagemdoce/44/ambiente.htm>.
Acesso em: 05 jun. 2013.
AMARAL, Danilo. História da mecânica - O motor a vapor. UFPB, 2010. Disponível em:
<http://www.demec.ufmg.br/port/d_online/diario/Ema078/historia%20do%20motor%20a%20
vapor.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2013. CGEE – Centro de Gestão e Estudos Energéticos.
ANGELO, H.; VALE, A. T. A demanda de lenha e seus impactos na cobertura florestal
do Nordeste brasileiro. Brasília: UnB. Departamento de Engenharia Florestal.Comunicações
Técnicas. 2005. 40p.
ARAUJO, José Lincoln Pinheiro et al. Cadeia produtiva da algaroba no pólo de produção
da bacia do submédio São Francisco.Disponível em:
<http://ageconsearch.umn.edu/bitstream/146591/2/371.pdf>. Acesso em: 05 set. 2013.
48
BARROSO, R. A. Consumo de lenha e produção de resíduos de madeira no setor
comercial e industrial do Distrito Federal. 2007. 59 p. Dissertação de Mestrado
(Engenharia Florestal – Universidade de Brasília). Disponível em: <http://bdtd.bce.unb.br/>
Acesso em: 26 ago. 2013.
BRAINER, Maria Simone de Castro Pereira et al. MANEJO FLORESTAL: UMA
POSSIBILIDADE DE PARCERIA ENTRE CALCINADORES E APICULTORES NA
CHAPADA DO ARARIPE (PE). Banco do Nordeste, [s. L.], v. 7, n. 5, p.1-17, maio 2011.
BRASIL ESCOLA. As modalidades de energia. Disponível em: <
http://www.brasilescola.com/fisica/as-modalidades-energia.htm>. Acesso em: 21 ago. 2013.
BRASIL. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA - EPE. Balanço energético nacional
2013 – ano base 2012. Rio de Janeiro: EPE, 2013. 276p. Disponível em: <
https://ben.epe.gov.br/downloads/S%C3%ADntese%20do%20Relat%C3%B3rio%20Final_20
13_Web.pdf >. Acesso em: 12 ago. 2013.
BRITO, J. O. O uso energético da madeira. Estudos avançados. São Paulo, vol. 21, n. 59. p.
30-56, jul. 2007.
CAMPELLO, F. B.; GARIGLIO, M. A.; SILVA, J. A.; LEAL, A. M. A. Diagnóstico florestal
da região Nordeste. Projeto IBAMA/PNUD/BRA/93/033 – DIREN/PNF. Brasília:DF.
Boletim técnico, n. 2. março de 1999. 16p.
SILVA, Clóvis Gouveia da. Na região do cariri Paraibano a algaroba tem importantes
aplicações e usos. Disponível em:
<http://www.ct.ufpb.br/laboratorios/lpfd/index.php?option=com_content&view=article&id=9
4:biotecnologia&catid=25:o-projeto>. Acesso em: 05 set. 2013.
DEMO, Pedro. Pesquisa e informação qualitativa. Campinas: Papirus, 2001.
EPE – Empresa de Pesquisas Energéticas – PDE 2020, disponível em
<http://www.epe.gov.br/geracao/Documents/Estudos_26/NT_AtendimentoaDemandaMaxima
_PDE2020.pdf>. Acesso em 20 ago. 2013.
49
FARIAS, Leonel Marques; SELLITTO, Miguel Afonso. Uso da energia ao longo da história:
evolução e perspectivas futuras. Revista liberato, Novo Hamburgo, v. 12, n. 17, p.01-106,
jun. 2011.
FGV – Fundação Getúlio Vargas. Petróleo continuará a dominar a matriz energética
mundial nas próximas décadas. Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/projetos/painelfgv/mat/mat14.asp>. Acesso em: 27 ago. 2013.
FIGUEIRÔA, J. M.; PAREYN, F. G. C.; DRUMOND, M.; ARAÚJO, E. L. Madeireiras. In:
SAMPAIO, E. V. S. B.; PAREYN, F. G. C.; FIGUEIRÔA, J. M.; ALCIOLI JÚNIOR, G. S.
Espécies da flora nordestina de importância econômica potencial. Recife, PE: Associação
Plantas do Nordeste, 2005. p. 101 - 133
FONSECA, Rômulo Soares. Iluminação elétrica. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil
Ltda., 1972.
FRANCO, E. S. Os discursos e contra-discursos sobre a Algarobeira (Prosopis sp) no
cariri paraibano. UFCG Centro de tecnologias e recursos naturais. Pós- graduação em
recursos naturais. Tese de doutorado. 2008. 112 p. Disponível em:
<http://www.recursosnaturais.ufcg.edu.br/>. Acesso em: 07 de abr. de 2011.
GARIGLIO, Maria Auxiliadora et al. (Org.). Uso Sustentável e Conservação dos Recursos
Florestais da CAATINGA. Brasília: [s.i], 2010. 368 p.
GOLDEMBERG, José. Energia, meio ambiente & desenvolvimento. São Paulo: Eduspe.
2001.235p
GOLDEMBERG, José; VILLANUEVA, Luz Dondero. Energia, meio ambiente e
desenvolvimento.Disponível em:
<http://d.yimg.com/kq/groups/14480544/387615933/name/energia_meio_ambiente_e_desenv
olvimento.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2013.
50
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mapa de biomas e de vegetação. 2004.
Disponível em: <
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm>. Acesso em:
27 ago. 2013.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Evolução populacional. 2013.
Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=240800>.
Acesso em: 21 ago. 2013.
Jornal O Globo. Um país movido a lenha. 2005. Disponível em:
<http://www.biodieselbr.com/noticias/biodiesel/um-pais-movido-a-lenha-06-09 -05.htm>.
Acesso em: 01 de set. de 2013.
KAEHLER, José Wagner Maciel. Comentários relativos a proposta da ANEEL para
modificação do manual para elaboração do regulamento anual de combate ao
desperdício de energia elétrica das concessionárias. ANEEL, 2000.
LEAL, Inara R.; TABARELLI, Marcelo; SILVA, José Maria Cardoso da (Ed.). Ecologia e
conservação da caatinga. 2. ed. Recife: Ed. Universitária da Ufpe, 2003. 822 p.
LEITÃO, Thais. Caatinga pode ser mais eficiente do que florestas tropicais na absorção
de gás carbônico. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-04-
28/caatinga-pode-ser-mais-eficiente-do-que-florestas-tropicais-na-absorcao-de-gas-
carbonico>. Acesso em: 21 ago. 2013.
MATSUKUMA, Marcos. A Energia e as transformações químicas. USP, 2010. Disponível
em: < http://www.eciencia.usp.br/arquivoEC/exp_antigas/igepeq.html >. Acesso em: 21 ago.
2013.
Estação Ciência - Centro de Difusão Científica, Tecnológica e Cultural da Pró-Reitoria de
Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo.
Mattar, F. N. Pesquisa de Marketing. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2005. Vol.1.
51
Ministério do Meio Ambiente, MMA. Caatinga. 2013 b. Disponível em: <
http://www.mma.gov.br/biomas/caatinga>. Acesso em: 21 ago.2013.
Ministério do Meio Ambiente, MMA. SE discute matriz energética. 2013 a. Disponível em:
< http://www.mma.gov.br/informma/item/9522-se-discute-matriz-energ%C3%A9tica>.
Acesso em: 21 ago.2013.
Ministério de Minas e Energia, MME. Matriz Energética Brasileira. Disponível em: <
http://www.brasil.gov.br/sobre/economia/energia/matriz-energetica >. Acesso em: 21
ago.2013.
MOREIRA, Leila Burgos De Carvalho. Avaliação dos aspectos ambientais da geração de
energia através de termoelétricas a gás natural. 2005. 190 f. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005.
MOROZ, Melania e GIANFALDONI, Mônica Helena. O processo de pesquisa: iniciação.
Brasília: Editora Plano, 2002.
OLIVEIRA, E. Características anatômicas, químicas e térmicas da madeira de três
espécies de maior ocorrência no semi-árido nordestino. 2003. 122p. (Tese de Doutorado).
Universidade Federal de Viçosa. 2003.
OLIVEIRA, Nielmar de. Com baixa nos reservatórios, quase 25% da energia consumida
no país vêm de termelétricas. Disponível em:
<http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx?ID_OBJETO=58315&tipo=ob&cp=7
80031&cb=&n1=&n2=M%EF%BF%BDdulos%20Did%EF%BF%BDticos&n3=Ensino%20
M%EF%BF%BDdio&n4=F%EF%BF%BDsica&b=s>. Publicada em: 08/01/2013. Acesso
em: 15 ago. 2013.
PORTUGAL, Paulo. Acerca da conservação da energia: Massa e Energia. Disponível em:
<http://profs.ccems.pt/PauloPortugal/CFQ/Massa_Energia/Massa_Energia.html>. Acesso em:
21 ago. 2013.
52
PREFEITURA MUNICIPAL DE MOSSORÓ (PMM). Geografia. Disponível em: <
http://www.prefeiturademossoro.com.br/mossoro/geografia/>. Acesso em: 30 de ago. 2013.
RIEGELHAUPT, E.; FERREIRA, L. A. Estudo da dinâmica dos produtos florestais no setor
industrial/comercial do estado da Paraíba. In: PARAÍBA. SUPERINTENDÊNCIA DE
ADMINISTRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE (SUDEMA). Atualização do diagnóstico
florestal do estado da Paraíba – 2004. João Pessoa: SUDEMA, 2004. p. 191-242
RIEGELHAUPT, E. M.; PAREYN, F. G. C. A questão energética e o manejo florestal da
caatinga. In: GARIGLIO, M. A.; SAMPAIO, E. V. S. B.; CESTARO, L. A.; KAGEYANA,
P. Y. Uso sustentável e conservação dos recursos florestais da caatinga. Brasília: Serviço
Florestal Brasileiro, 2010. p. 65-81
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: Métodos e técnicas. 3 Ed. São Paulo:
ATLAS, 336p, 1999.
SAMPAIO, E. V. S. B. O gradiente vegetacional das caatingas e áreas anexas. Revista
Brasileira de botânica, Recife, n. , p.27-30, jun. 2003.
SAMPAIO, Yoni; BATISTA, José Edmilson Mazza. Desenvolvimento regional e pressões
antrópicas no bioma Caatinga. Disponível
em:<http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/parte4_2caa.pdf>. Acesso em: 12
maio 2012.
SCHOBER, Juliana. O gradiente vegetacional das caatingas e áreas anexas.Ciência e
Cultura, São Paulo, v. 2, n. 54, p.21-30, out. 2002.
SILVA, Ana Maria Navaes da et al. Abiomassa florestal (lenha) como insumo energético para
os artesãos da cidade de Tracunhaém/PE. Custo e Agronegócio, Tracunhaém, v. 3, n. 4,
p.126-137, dez. 2008.
53
SOARES, Kaliane Alves Bencio. Perfil do uso da lenha no ramo de produtos alimentícios
na cidade de patos-pb. 2011. 53 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de
Campina Grande, Patos, 2011.
TESSMER, Hélio. Uma síntese histórica da evolução do consumo de energia pelo
homem. Disponível em: <
http://www.liberato.com.br/upload/arquivos/0131010716090416.pdf> Acesso em: 20 de
agosto de 2013.
TRAJBE, Rachel. Entenda a matriz energética brasileira. Disponível em:
<http://revistaescola.abril.com.br/geografia/pratica-pedagogica/energia-brasil-pais-presente-
matriz-energetica-586688.shtml>. Acesso em: 27 ago. 2013.
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS
CURSO CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Questionário – TCC - Pizzarias
1- Dados do Estabelecimento
Nome do Estabelecimento:
Endereço: Telefone:
Quantidade de Funcionários:
Quantidade de membros da família trabalhando:
Tempo na Atividade:
2- Qual a formação estudantil do proprietário ou gerente?
a- ( ) Ensino Fundamental
b- ( ) Ensino Médio Completo
c- ( ) Ensino Médio Incompleto
d- ( ) Ensino Superior Completo. Curso: ______________________________________________
e- ( ) Ensino Superior Incompleto. Curso: _____________________________________________
f- ( ) Pós- Graduação
3- Qual o tipo de combustível utilizado para produzir o calor do forno na pizzaria?
a- ( ) Eletricidade
b- ( ) GLP
c- ( ) Lenha
d- ( ) Carvão vegetal
e- ( ) Outro._____________________________________________________________________
4- Quanto ao combustível utilizado:
Quantidade Consumida Unidade Dia Semana Mês
Custo Unidade Dia Semana Mês
R$
5- Quais os principais benefícios da matriz energética utilizada? Pode marcar mais de uma alternativa
a- ( ) Preço baixo
b- ( ) Eficiência
c- ( ) Segurança
d- ( ) Não gera resíduos
e- ( ) Outros. Quais?_______________________________________________________________
6- Quanto à produção de pizzas:
Produção (Em média) Unidade Dia Semana Mês
7- Você se preocupa com o meio ambiente?
a- ( ) Sim b- ( ) Não c- ( ) Sim, mas não sei como agir
8- Você tem conhecimento da legislação ambiental referente à sua atividade?
a- ( ) Sim b- ( ) Não c- ( ) Parcialmente
9- Você acha que sua atividade prejudica de alguma forma o meio ambiente?
a- ( ) Sim b- ( ) Não c- ( ) Não sei responder
10- O estabelecimento possui licença ambiental para funcionar?
a- ( ) Sim b- ( ) Não c- ( ) Não se aplica
11- O estabelecimento oferece algum tipo de treinamento com os funcionários a respeito do meio
ambiente?
a- ( ) Não
b- ( ) Sim. Como é feito? __________________________________________________________
12- Qual a destinação dos resíduos orgânicos e inorgânicos?
a- ( ) Coleta Municipal
b- ( ) Coleta seletiva
c- ( ) Outros. ____________________________________________________________________
13- Que tipo de melhoria você faria na pizzaria, do ponto de vista ambiental e no uso de energia?
a- ( ) Implantaria uma fonte de energia limpa
b- ( ) Treinaria os funcionários para o uso consciente de energia
c- ( ) Investiria em fornos ecológicos
d- ( ) Faria uso da coleta seletiva
e- ( ) Outros.____________________________________________________________________
Se o combustível utilizado for “lenha”:
14- Quando falta lenha, o que vocês utilizam para substitui-la?
a- ( ) GLP
b- ( ) Eletricidade
c- ( ) Outro. _____________________________________________________________________
15- O uso e o tipo da lenha influem na qualidade das pizzas?
a- ( ) Não
b- ( ) Sim. De que maneira? ________________________________________________________
16- Qual o tipo de madeira utilizada?
17- Como é obtida e de onde é extraída a lenha usada nos fornos da pizzaria?
18- Qual a maior desvantagem decorrente do uso de lenha nos fornos de pizzarias?
a- ( ) Poluição atmosférica
b- ( ) Desmatamento
c- ( ) Entupimento de chaminés
d- ( ) Irritação na pele
e- ( ) Estocagem e Transporte
f- ( ) Fornecimento no inverno
g- ( ) Não há desvantagens
h- ( ) Outros. Quais?______________________________________________________________