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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE SUSI MARY DE SOUZA FERNANDES TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO CULTURAL E ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DA VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE REABILITAÇÃO PARA O TRABALHO WORQ São Paulo 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

SUSI MARY DE SOUZA FERNANDES

TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO CULTURAL E ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DA

VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE REABILITAÇÃO PARA O

TRABALHO – WORQ

São Paulo

2017

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SUSI MARY DE SOUZA FERNANDES

TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO CULTURAL E ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DA

VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE REABILITAÇÃO PARA O

TRABALHO – WORQ

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie como exigência parcial para obtenção do título de Doutor.

Orientadora: Profa. Dra. Silvana Maria Blascovi de Assis

Coorientadora: Profa. Dra. Maria Eloísa Famá D'Antino

São Paulo

2017

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F363t Fernandes, Susi Mary de Souza.

Tradução, adaptação cultural e análise da confiabilidade da versão brasileira

do questionário de reabilitação para o trabalho: WORQ. / Susi Mary de Souza Fernandes. 125 f. ; 30 cm

Tese (Doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento) Universidade

Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2017.

Orientadora: Silvana Maria Blascovi Assis.

Bibliografia: f. 95-109.

1. Avaliação da deficiência. 2. Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). 3. Saúde do trabalhador 4. Comparação transcultural. 5. Reprodutibilidade dos testes. I. Assis, Silvana Maria Blascovi. II. Título.

CDD 331.59

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AGRADECIMENTOS

Eis aqui outro grande desafio. Agradecer!

Tenho a sorte de contar com uma infinidade de parceiros de vida, que direta ou

indiretamente me acompanham, apoiam, incentivam, me enchem de amor e

cuidado, principalmente, nas horas em que minha única vontade é desistir. Por essa

razão, temo que o cansaço dos últimos dias me conduza a enorme injustiça de

esquecer alguém. Assim, antes que a minha memória me traía, agradeço a todos

que zelam por mim.

Meus sinceros agradecimentos, a minha orientadora, Profa. Silvana, por todo

apoio, confiança, incentivo e ensinamentos que extrapolaram os limites da ciência.

A minha coorientadora, Profa. Eloi, pelas ricas contribuições na construção

deste estudo.

A Mônika Finger e ao Reuben Escorpizo pela colaboração e confiança.

Agradeço, também, aos juízes e tradutores, que dispensaram parte do tempo

para auxiliar. Vocês foram fundamentais para que este estudo alcançasse êxito. Meu

agradecimento especial, a Profa. Dra. Cássia Buchalla, que além da grandiosa

colaboração teórica, foi a responsável pela intermediação com os autores originais.

Ao Instituto Presbiteriano Mackenzie por permitir a execução desta pesquisa.

Aos amigos do departamento de Gestão de Pessoas, meu agradecimento sincero

por facilitarem a condução deste trabalho. E ainda, aos colaboradores que

participaram, o meu profundo agradecimento.

Aos amigos do QualiMack, onde tudo começou... Obrigada por me motivarem

nessa empreitada.

Aos meus colegas, professores da UPM, pela amizade, companheirismo

exacerbado nesse período, e que muitas vezes estiveram sobrecarregados de

atividades para me poupar.

Aos meus alunos que me inspiram diariamente a continuar.

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Aos amigos especiais, que fiz nesse período da Pós-Graduação, minha

gratidão pela companhia tão agradável que contornaram todas as dificuldades.

Nossa amizade levarei para sempre!

Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios

do Desenvolvimento pela competência e dedicação no desenvolvimento acadêmico

do aluno.

A minha querida família, minha mais profunda gratidão! Sem vocês, certamente

eu não teria chegado até aqui! Vocês são a prova de Deus na minha vida!

E por fim, meu agradecimento mais profundo e contaminado de emoção é para

as minhas amadas filhas, Beatriz e Alice. Vocês que nesse período não

descuidaram de mim, um só momento. Viveram intensamente todas as alegrias e

agruras ao meu lado, e nem sei dizer quantas foram às vezes que trocaram de lugar

comigo, no cuidado e bem querer. Vocês foram o meu porto seguro! Me estimulando

sempre a continuar, e vibrando em cada conquista. Queridas, a cada etapa

concluída nesse período, olhar para vocês e sentir o amor e orgulho que eu lhes

proporcionava foi a mola propulsora que me conduziu nesses três anos. Muito, mais

muito obrigada mesmo! Eu amo vocês!

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FERNANDES, Susi Mary de Souza. Tradução, adaptação cultural e análise da confiabilidade da versão brasileira do Questionário de Reabilitação para o Trabalho – WORQ. Tese de Doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2017.

RESUMO

O impacto da deficiência é uma questão importante na área de incapacidade para o

trabalho. A capacidade funcional da pessoa com deficiência (PcD) deve ser

compreendida e mecanismos de inclusão devem ser criados na tentativa de

aperfeiçoar o desempenho e garantir funções igualitárias. O Work Rehabilitation

Questionnaire (WORQ) é um instrumento baseado na Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) que propõe avaliar a funcionalidade em

PcD trabalhando ou em reabilitação profissional, porém não está validado para o

Brasil. O objetivo deste estudo foi realizar a tradução e adaptação cultural das

versões por entrevista e auto relato do Questionário para Reabilitação no Trabalho

(WORQ) e analisar a confiabilidade da versão aplicada por entrevista com

trabalhadores deficientes inseridos no mercado de trabalho pela lei de cotas. A

tradução e adaptação cultural seguiram as recomendações internacionais: tradução,

síntese das duas traduções, retrotradução da síntese, análise comitê de juízes

experts, pré-teste, retrotradução e teste piloto. Na etapa de análise participaram 05

juízes e no pré-teste 14 possíveis usuários. A taxa de concordância foi menor que

90% apenas na equivalência idiomática que resultou em pequenas modificações que

não alteraram o construto do instrumento. Para testar a confiabilidade foi verificado a

estabilidade (teste-reteste), equivalência (inter-observadores) e a consistência

interna em 34 PcD, idade média de 40,3 (DP±4,2) anos, ambos os sexos,

funcionários de uma instituição de ensino da cidade de São Paulo enquadrados pela

lei de cotas (8.213/91), por um período médio 10,3 (DP±7,8) anos. Os participantes

foram avaliados em dois momentos. O primeiro para avaliar a consistência interna,

os valores de α de Cronbach foram superiores a 80% em todos os domínios e maior

que 90% para o escore total. Foram reavaliados 15 dias após a primeira avaliação

20 PcD, escolhidos por sorteio, para análise de estabilidade e equivalência. O

coeficiente de correlação intra classe (ICC) para estabilidade foi de 82,5% (p=0,008)

e para equivalência foi de 95,4% (p<0,001). Este estudo disponibiliza um

instrumento com ótima confiabilidade capaz de responder aos domínios da CIF e

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facilitar a inclusão e a permanência da pessoa com deficiência no mercado de

trabalho.

Palavras chave: Avaliação da Deficiência. Classificação Internacional de

Funcionalidade. Incapacidade e Saúde (CIF). Saúde do Trabalhador. Comparação

Transcultural. Reprodutibilidade dos Testes.

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FERNANDES, Susi Mary de Souza. Translation, Cross-cultural adaptation and reliability analysis of the Brazilian version of Work Rehabilitation Questionnaire -WORQ. Doctoral

Thesis. Post- Graduation Program and Developmental Disorders. São Paulo: Mackenzie Presbiterian University, 2017.

ABSTRACT

The impact of disabilities is an important question in the work disabilities area. The

functional capacities of a person with disabilities must be understood and inclusion

mechanisms must be created in the attempt of perfecting performances and insuring

egalitarian functions. The Work Rehabilitation Questionnaire (WORQ) is an

instrument based on the International Classification of Functioning, Disability and

Health (ICF) which proposes to evaluate the functionality in people with disabilities

working or in vocational rehabilitation, however, it is not validated in Brazil. This study

goal is to translate, and do the cross-cultural adaptation of the versions by interviews

and self-report of The Work Rehabilitation Questionnaire (WORQ) and analyze the

reliability of the version applied by interviews with the disabled workers inserted in

the workplace by the Brazilian Inclusion Law. The translation and cross-cultural

adaptation follow the international recommendations: translation, synthesis of the

translations, and back-translation of the synthesis, analysis by the experts

committee, pre-test, back-translation and pilot test. The analysis stage engaged 05

judges and the pre-test 14 possible users. The agreement rate was smaller than 90%

only in the idiomatic equivalence that resulted in small modifications which did not

changed the construct of the instrument. To test the reliability it was verified the

stability (test-retest), equivalence (inter-observers) and the internal consistency with

34 disabled person, mean age of 40,3 (SD±4,2) years old, both sexes, employees of

an educational institution in São Paulo that fit in by the Brazilian Inclusion Law

(8.213/91), by a mean period 10,3 (SD ±7,8) years. The participants were evaluated

in two moments. The first one evaluated the internal consistency, the values from α

of Cronbach were bigger than 80% in every domain and bigger than 90% for the total

score. Fifteen days after the first research 20 disabled person chosen by randomly

were reevaluated to analyze the stability and equivalence. The coefficient of

correlation intra class (ICC) to stability was 82, 5% (p=0,008) e for equivalency was

95,4% (p<0,001). This study provides an instrument with great reliability, capable of

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answering to the domains of ICF and facilitating the inclusion and remanence of the

person with disability in the job market.

Keywords: Disability Evaluation. International Classification of Functioning. Disability

and Health (ICF). Occupational Health. Cross-Cultural Comparison. Reproducibility of

Results.

.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Resumo esquemático da evolução das Políticas Públicas Brasileiras para

Inclusão das Pessoas com Deficiência ....................................................... 20

Figura 2 - Interação entre os componentes da CIF ..................................................... 32

Figura 3 - Estrutura hierárquica da CIF .......................................................................... 35

Figura 4 - Resumo esquemático das etapas metodológicas ...................................... 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Ajustes de divergências após análise da comissão especialistas das

traduções T1 e T2 que resultaram em síntese T1.2 ................................ 62

Tabela 2 - Taxa de Concordância do Modelo Aplicado por Entrevista de cada um

dos juízes quanto as equivalências avaliadas e valores médios da taxa de

concordância (TC) por equivalência ........................................................ 67

Tabela 3 - Taxa de Concordância do Modelo Auto Relato de cada um dos juízes

quanto as equivalências avaliadas e valores médios da taxa de

concordância (TC) por equivalência ........................................................ 67

Tabela 4 - Características sociodemográficas da amostra ..................................... 72

Tabela 5 - Principais alterações na versão brasileira WORQ Aplicado por Entrevista

e WORQ Auto Relato (V2) ...................................................................... 76

Tabela 6 - Características sociodemográficas da amostra ..................................... 83

Tabela 7 - Consistência Interna do WORQ Administrado por Entrevista - Alfa de

Cronbach da 1ª entrevista (E1) por dimensões da seção principal e para

total de itens da seção principal .............................................................. 85

Tabela 8 - Características sociodemográficas da amostra ..................................... 87

Tabela 9 - Estabilidade - E1 X E1.2 do WORQ Administrado por Entrevista medida

Coeficiente de Correlação Intra Classe (CCI) e Teste T- Student pareado

................................................................................................................. 88

Tabela 10 - Equivalência - E1 X E2 do WORQ Administrado por Entrevista medida

Coeficiente de Correlação Intra Classe (CCI) e Teste T- Student pareado

................................................................................................................. 90

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LISTA DE SIGLAS

ACESSUAS - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

AET - Análise Ergonômica do Trabalho

BCP - Benefício de Prestação Continuada

CIDID - Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens

CID.10 - Classificação Internacional de Doenças, 10º Revisão

CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

CONADE - Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência

CREAS - Centro de Referência de Assistência Social

CRP - Centro de Reabilitação Profissional

DeCs - Descritores em Ciência da Saúde

EVA - Escala Visual Analógica

ICIDH - Classification of Impairments, Disabilities and Handicaps

ICIDH.2 - Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Invalidez

ICF - International Classification of Functioning, Disability and Health

IFBr - Indice de Funcionalidade Brasileiro

INPS - Instituto Nacional da Previdência Social

INSS - Instituto Nacional de Seguro Social

MDS - Model Disability Survey

NRP - Núcleo de Reabilitação Profissional

OIT - Organização Internacional do Trabalho

OMS - Organização Mundial da Saúde

ONU - Organização das Nações Unidas

PcD - Pessoa(s) com Deficiência

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PN - Plano Nacional

PNI - Política Nacional para Integração

PRONATEC - Programa Nacional de Ensino Técnico

RAIS - Relação Anual de Informações Sociais

RP - Reabilitação Profissional

RV - Reabilitação Vocacional

SUAS - Sistema Único de Assistência Social

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

WHODAS II - World Health Organization Disability Assessment Schedule II

WHS – World Health Survey

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................. 17

2.1 Legislação para Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de

Trabalho ......................................................................................................... 17

2.2 Reabilitação Profissional .................................................................... 23

2.3 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

(CIF) 29

2.4 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

(CIF) e Reabilitação Profissional (RP) ......................................................... 38

2.5 WORQ - Work Rehabilitation Questionnaire ..................................... 42

3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 49

Objetivo Geral ............................................................................................... 49

Objetivos Específicos................................................................................... 49

4 MÉTODOS .......................................................................................................... 50

4.1 Procedimentos: ................................................................................... 52

4.1.1 Primeira Fase - Tradução e Adaptação Cultural ..................................................... 52

4.1.2 Segunda Fase – Testes Psicométricos ................................................................... 56

4.1.2.1 Participantes e Coleta de Dados ............................................................................. 56

4.2 Análise dos dados: ............................................................................. 57

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 59

6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 93

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 95

ANEXOS ................................................................................................................. 110

ANEXO 1 - CARTA DE INFORMAÇÃO A INSTITUIÇÃO E TERMO DE

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............................................ 110

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ANEXO 2 - CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE E TERMO DE

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............................................ 111

ANEXO 3 – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA EM SERES

HUMANOS ................................................................................................... 112

ANEXO 4 - AUTORIZAÇÃO DE TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL PARA

A LINGUA PORTUGUESA DO WORQ: Work Rehabilitation Questionnaire113

ANEXO 5 – VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE REABILITAÇÃO

PARA O TRABALHO - WORQ APLICADO POR ENTREVISTA* ............... 114

ANEXO 6 – VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE REABILITAÇÃO

PARA O TRABALHO - WORQ AUTO RELATO* ........................................ 120

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1 INTRODUÇÃO

As políticas públicas brasileiras estabelecem o direito ao trabalho das

pessoas com deficiência - PcD (NEVES-SILVA, PRAIS, SILVEIRA, 2015; VICENTE,

AGUADO, 2015). Entretanto, os dados do último censo não condizem com essas

diretrizes, uma vez que apontam um grande número de pessoas sem acesso e

condições fundamentais para a garantia de emprego (BRASIL, 2010).

De acordo com o último censo brasileiro 45,6 milhões de pessoas se

declararam com algum tipo de deficiência. Desses 23,7 milhões estão fora do

mercado de trabalho (BRASIL, 2011). Em 2015, o total de vínculos empregatícios

ativos no Brasil foi de 48,061 milhões, e apenas 403,2 mil vínculos foram declarados

como PcD, o que corresponde a um valor percentual inferior a 1% (BRASIL, 2015).

Fato relacionado à falta de fiscalização e investimentos em ações de

desenvolvimento de habilidades dessa população (SIMONELLI et al., 2013).

A adequada inserção laboral das pessoas com deficiência deve-se às

metodologias assertivas e detalhadas de avaliação e inclusão. O processo de

avaliação deve ser contínuo com enfoque no indivíduo e nos aspectos ergonômicos

para execução da tarefa. Neste aspecto, as demandas do trabalho não devem

superar as capacidades funcionais do trabalhador com deficiência e devem garantir

um posto de trabalho acessível e seguro (SIMONELLI et al., 2013; WUELLRICH,

2010; MARTINS, 2010).

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2011) reconhece que a correta avaliação

inclui o conhecimento do diagnóstico, a identificação dos níveis de funcionalidade e

incapacidade de uma pessoa na perspectiva de garantir um melhor gerenciamento e

planejamento de ações.

Segundo Finger et al. (2014a,b), a Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) é uma ferramenta importante para

Reabilitação Profissional (RP), e até aquele momento, nenhum instrumento confiável

e validado baseado na CIF para o trabalho foi desenvolvido.

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A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)

é um modelo amplo que permite compreender os aspectos da relação trabalho e

saúde (SALTYCHEV et al., 2013; GLÄSSEL et al., 2011), e pode auxiliar na RP

favorecendo a comunicação interdisciplinar entre os profissionais de saúde e facilitar

o diálogo com empregadores (FINGER et al., 2014 a,b).

Para atender essa necessidade foi desenvolvido o instrumento WORQ - Work

Rehabilitation Questionnaire (FINGER et al., 2014 a,b) na língua inglesa, baseado no

Core Set breve da CIF para Reabilitação Profissional (RP), conjunto de 13

subcategorias da versão completa (SALTYCHEV et al., 2013; FINGER et al., 2012;

ESCORPIZO, 2011 a,b).

Nesse sentido, observa-se uma lacuna na literatura brasileira, no que diz

respeito a um instrumento para avaliar a funcionalidade de trabalhadores com

deficiência¹ inseridos ou provisoriamente afastados do trabalho. Tornou-se

relevante, portanto, a realização da tradução, adaptação cultural e validação para a

língua portuguesa do Brasil do Questionário para Reabilitação no Trabalho (WORQ).

O objetivo é disponibilizar aos profissionais da Reabilitação Profissional um

instrumento de avaliação para a pessoa com deficiência com enfoque no trabalho

sob a perspectiva da funcionalidade. Propõe-se um panorama amplo e mais

significativo da saúde das pessoas com deficiência, que pode ser adotado no apoio

à tomada de decisões terapêuticas, gerenciamento e planejamento de ações mais

eficazes, para adequada inclusão no mercado de trabalho (FINGER et al., 2014 a,b;

SALTYCHEV et al., 2013; SILVEIRA et al., 2013; ARAÚJO, BUCHALLA, 2013;

FINGER et al., 2012; CERNIAUSKAITE et al., 2011; ESCORPIZO, 2011a,b;

GLÄSSEL et al., 2011; DI NUBILA, 2010).

____________________

1 O termo deficiente é usado na legislação e na literatura com frequência, porém, neste trabalho, optou-se por

usar a terminologia “Pessoa com Deficiência”, de acordo com a determinação da Convenção da ONU sobre os

Direitos das Pessoas com Deficiência, incorporada à legislação brasileira em 2008. A terminologia "pessoa

deficiente" será mantida apenas quando for referente a texto da legislação ou de outros autores que optaram por

esta denominação na época da publicação.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Legislação para Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de

Trabalho

A temática da inclusão da pessoa com deficiência (PcD) alcançou evidência

mundial, sobretudo entre países em desenvolvimento. A determinação do Ano

Internacional da Pessoa Deficiente em 1981 e, a declaração da Organização das

Nações Unidas (ONU) repercutiu, em 1982, na aprovação do Programa de Ação

Mundial para Pessoas com Deficiência (BORDIGNON, 2012; SIMONELLI,

CAMAROTTO, 2011; VICK, 2010; BRASIL, 2008).

O programa destaca os direitos de igualdade e dignidade de condições de

vida da pessoa com deficiência em confronto e comparação aos demais cidadãos.

O objetivo é incentivar a criação de planos de ação nas diversas áreas de atenção,

como saúde, educação, emprego, renda, seguridade social e legislação que

produzam igualdade de oportunidades e direitos às pessoas com deficiência

(BORDIGNON, 2012; VICK, 2010; BRASIL, 1999).

Outro avanço ocorreu na Conferência Internacional da Organização

Internacional do Trabalho (OIT) de 1983, que originou a Convenção 159, com a

orientação de que tais normativas fossem adotadas pelos países signatários. A

Convenção 159/83 tratou da Reabilitação Profissional e Emprego de Pessoas

Deficientes e definiu o conceito de pessoa deficiente para o trabalho, como todas as

pessoas com possibilidades, substancialmente reduzidas devido a uma deficiência

de caráter físico ou mental comprovada, que não consigam obter e conservar um

emprego adequado e de progredir no mesmo (BRASIL, 1999).

No Brasil, os direitos dos PcD são assegurados desde a Constituição de

1988, determinados pela Convenção 159/83 da OIT e posteriormente reforçados

pela Convenção Interamericana para a eliminação de todas as formas de

discriminação contra as pessoas com deficiência, conhecida como Convenção da

Guatemala de 1999, que fez surgir outros instrumentos legais para garantir os

direitos constitucionais relativos a essa faixa populacional (BRASIL, 2008).

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Em 11 de novembro de 1990, é sancionada a Lei nº 8.122, e determina que

até vinte por cento das vagas dos concursos públicos sejam destinadas a pessoas

com deficiência. Um ano depois, em 22 de maio de 1991, promulgada por meio de

Decreto de Lei nº 129 a Convenção 159 da OIT, a sanção da Lei nº 8.213, de 24 de

junho de 1991, conhecida como a Lei das Cotas que dispõe sobre os Planos de

Benefícios da Previdência Social e apresenta outras providências como a

contratação de portadores de necessidades especiais (BRASIL, 2007).

A seção VI da Lei nº 8213/91, na subseção II, trata da Habilitação e

Reabilitação Profissional, que abrange seis artigos. O artigo 89 define a habilitação e

a reabilitação profissional e social como mecanismo que deverá proporcionar ao

beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, bem como às

pessoas com deficiência (PcD), os meios para a (re)educação e de (re)adaptação

profissional e social adequados para que possam participar do mercado de trabalho

e do contexto em que vivem (BRASIL, 1999).

Os conceitos de Habilitação e Reabilitação Profissional estão relacionados à

qualificação profissional. A habilitação profissional tem como objetivo oferecer

condições para o desenvolvimento de habilidades profissionais nas pessoas com

deficiência. Já a reabilitação profissional está relacionada à perda da aptidão para o

trabalho por motivo de doença ou acidente e implica na devolução da capacidade

para o trabalho (PERRONI, GOUVEIA, 2016).

Em complemento, o artigo 93 ordena sobre a porcentagem de cotas para

beneficiários reabilitados ou que apresentam algum tipo de deficiência. Estas variam

de acordo com a quantidade de funcionários da empresa na seguinte proporção: 2%

de 100 até 200 funcionários; 3% de 201 até 500 funcionários; 4% de 501 até 1000

funcionários e 5% a partir de 1001 funcionários (BRASIL, 2008; 1999).

O Decreto nº 3298/99 que atende a Política Nacional para Integração da

Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2011) reforça os direitos e os avanços legislativos

no Brasil. O texto apresenta orientações normativas que asseguram

constitucionalmente o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas

com deficiência.

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Na prerrogativa de atender a Convenção Internacional sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência, aprovada por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de

julho de 2008, como emenda constitucional, e promulgados pelo Decreto nº 6.949,

de 25 de agosto de 2009, foi criado no Brasil em 17 de novembro de 2011, na forma

de Decreto de Lei nº 7.612, o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com

Deficiência - Viver sem Limite. O plano foi designado à implementação e

intensificação de políticas vantajosas e assertivas às pessoas com deficiência, que

desenvolve ações integradas em 15 ministérios e a participação social do Conselho

Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Conade (BRASIL, 2013).

As ações integradas do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com

Deficiência – Viver sem Limite são realizadas por equipes dos Centros de

Referência de Assistência Social (CREAS), articuladas com profissionais de

educação, qualificação profissional e do Programa Nacional de Acesso ao Ensino

Técnico e Emprego (Acessuas Trabalho), nos cursos do Programa Nacional de

Ensino Técnico (Pronatec) ou outros cursos de qualificação profissional (BRASIL,

2013; 2011).

Em consonância à inclusão no trabalho, a legislação promoveu modificações

expressivas referentes ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). O BPC é um

benefício constitucional da política assistencial brasileira, integrante do Sistema

Único de Assistência Social - SUAS de distribuição de renda pelo Governo Federal,

no valor de um salário mínimo, que permite pessoas idosas e com deficiência às

condições mínimas de vida de acordo com o artigo 2 da Lei n. 8.742, de 1993

(POLONIO, 2015; BRASIL, 2011).

A promulgação da Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 2011, e o Decreto nº

7.617, de 17 de novembro de 2011, alteraram o BCP no que diz respeito à garantia

de retorno ao benefício. O PcD empregado que solicitar a suspensão do benefício

enquanto estiver empregado poderá retornar ao benefício em caso de perda do

emprego, sem necessidade de novo requerimento e avaliação. Além disso, o PcD

contratado como aprendiz, poderá acumular o salário de aprendiz com o benefício

(BRASIL, 2013; 2011).

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E por fim, em 06 de julho de 2015 foi publicada a Lei Brasileira de Inclusão da

Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência) de nº 13.146

(BRASIL, 2015). A lei destina-se a assegurar e promover, em condições de

igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais para as pessoas

com deficiência, visando à inclusão social e cidadania (VICENTE, AGUADO; 2015).

Figura 1 - Resumo esquemático da evolução das Políticas Públicas Brasileiras para Inclusão das Pessoas com Deficiência.

Fonte: próprio autor

No contexto da geração do emprego e renda, as políticas públicas brasileiras

avançaram no respeito aos direitos e exercício pleno da cidadania de pessoas com

deficiência. Entretanto, não foram suficientes para combater o avanço dos processos

de exclusão social que, em movimento adverso, parecem aprofundar as

contradições na sociabilidade. A garantia de empregabilidade da pessoa com

deficiência esbarra em preconceitos de toda ordem, e as dificuldades gerenciais

dificultam a qualidade da inclusão das pessoas com deficiência no mercado de

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trabalho (NEVES-SILVA, PRAIS, SILVEIRA, 2015; SIMONELLI, CAMAROTTO,

2011; SCHRIJNEMAEKERS, 2010; VASCONCELOS, 2010).

Os dados da RAIS - Relação Anual de Informações Sociais da Secretaria de

Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho (BRASIL, 2016), referente

à empregabilidade de PcD no ano de 2015, revela um aumento de 0,84% no número

de PcD inseridos no mercado de trabalho brasileiro e relatam que esse aumento tem

sido progressivo quando comparado aos anos de 2014 - 0,77% e 2013 - 0,73%.

Embora, os dados apontem um cenário de crescimento nota-se uma

desigualdade no crescimento e na garantia do emprego nessa população. O que

não parece divergir do perfil mundial. Experiências na inclusão de PcD no trabalho

em outros países revelaram que as normas legais, embora imprescindíveis, não são

suficientes para modificar a realidade das pessoas em situação de vulnerabilidade.

Mesmo com todas as tentativas de inclusão desses trabalhadores, na América do

Norte e na Europa, os números daqueles que procuram emprego e daqueles que

recebem oportunidades continuam baixos (GUIMARÃES, MARTINS, JUNIOR-

BARKOKÉBAS, 2015).

Na perspectiva de melhorar essa situação, entende-se que a capacidade

laboral dessa população deve ser compreendida e mecanismos de inclusão devem

ser criados na tentativa de aperfeiçoar o desempenho dos PcD e garantir funções

igualitárias (WUELLRICH, 2010; PEREIRA, 2009; SIMONELLI, CAMAROTTO,

2008). Para Alvino‑Borba e Mata‑Lima (2011), a inclusão social ocorrerá

efetivamente com a implantação de estratégias intersetoriais integrativas nas

dimensões social, econômica e ambiental, com o intuito de garantir a

sustentabilidade social e o desenvolvimento.

Simonelli e Camarotto (2008) referem que a inclusão dos PcD no mercado de

trabalho deve considerar a diversidade profissional, a cidadania, a ética, a igualdade

de condições e, inclusive a legislação trabalhista. Essa abordagem representa uma

evolução dos conceitos, na medida em que propõe uma nova forma de assistir as

pessoas com deficiência e as peculiares limitações para o exercício pleno das

atividades decorrentes da condição de saúde. Por outro lado, influencia um novo

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entendimento das práticas relacionadas à reabilitação e a inclusão social desses

indivíduos (BRASIL, 2011).

Os resultados do último Censo Demográfico (BRASIL, 2010) apontaram

45.606.048 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a 23,9% da

população brasileira, desses 24,9% em idade de trabalho. Os resultados revelaram,

também, diferenças significativas entre o nível de instrução das pessoas com

deficiência, em idade de trabalho, comparadas aquelas sem deficiências na mesma

faixa etária. Enquanto 61,1% da população de pessoas com deficiência não tinha

instrução ou possuía apenas o ensino fundamental incompleto, o percentual de

pessoas sem deficiência, nessa condição, foi de 38,2%. O nível de ocupação do

total de pessoas foi de 53,3%, enquanto que, para a parcela daquelas com pelo

menos uma deficiência foi de 46,2%. Notou-se, também, que a maioria das pessoas

com pelo menos uma deficiência trabalhando em regime CLT – Consolidação das

Leis do Trabalho (40,2%) foi menor do que aquelas sem qualquer deficiência

(49,2%).

Zanitelli (2013) apoiado nos dados do último censo refere que embora as

políticas públicas brasileiras estabeleçam o direito ao trabalho das pessoas com

deficiência, as vagas destinadas aos PcD não são preenchidas. Vários autores

concordam que este fato demonstra a persistência na desigualdade, visto o grande

número de pessoas com alguma deficiência sem acesso e condições fundamentais

para a garantia de emprego (NEVES-SILVA, PRAIS, SILVEIRA; 2015; RIBEIRO,

CARNEIRO, 2009; ARAUJO, SCHMIDT, 2006).

Além disso, não são raros os funcionários PcD contratados para uma mesma

área da empresa, como se não tivessem capacidade para exercer outras ocupações

ou designados às funções não compatíveis com as próprias habilidades, e ainda

com riscos de agravos a condição apresentada (RIBEIRO, CARNEIRO, 2009;

ARAUJO, SCHMIDT, 2006; TANAKA, MANZINI, 2005).

Adequar-se às necessidades de inclusão da pessoa com deficiência diz

respeito à (re)educação, (re)adaptação profissional e a garantia de emprego. A

proposta é inserir medidas efetivas que beneficiem todos que se encontrem nessa

condição e a estruturação de serviços de orientação, de formação, de colocação, de

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emprego ou de outras finalidades, bem adaptados às necessidades (NEVES-SILVA,

PRAIS, SILVEIRA, 2015; ZANITELLI, 2013; WUELLRICH, 2010).

2.2 Reabilitação Profissional

Os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) da Biblioteca Virtual em Saúde

apresentam o termo Reabilitação Profissional (RP) como sinônimo em português do

termo Reabilitação Vocacional, no idioma inglês Rehabilitation Vocational e em

espanhol, Rehabilitación Vocacional. O termo é definido como: [...]Treinamento de

deficientes físicos ou mentais em trabalhos especializados para que estas pessoas

possam empregar-se regularmente com o ofício aprendido[...].

A Convenção 159/83 da OIT define que o papel da Reabilitação Profissional é

permitir que a pessoa com deficiência obtenha e conserve um emprego progredindo

no mesmo, sendo, portanto, integrado ou reintegrado na sociedade. Para tanto,

estabelece que medidas adequadas de reabilitação profissional deverão estar ao

alcance de todas as categorias de pessoas deficientes. Com objetivo de promover

oportunidades de emprego para as pessoas deficientes no mercado de trabalho

regular (BRASIL,1999).

Os autores do Manual de Readaptação, Restrição funcional e Reabilitação

profissional, da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (2012) definem a

reabilitação profissional como:

[...}a assistência educativa ou reeducativa e de adaptação ou readaptação profissional, instituída sob a denominação genérica de habilitação e reabilitação profissional, visando proporcionar aos beneficiários incapacitados parcial ou totalmente para o trabalho, em caráter obrigatório, independente de carência, e às “pessoas portadoras de deficiência”, os meios indicados para o reingresso no mercado de trabalho e no contexto em que vivem[...]

Na prática o termo é empregado de forma mais abrangente no que se refere a

incorporação não apenas do treinamento, mas também no aspecto da recuperação

para o trabalho. Mundialmente, o termo Reabilitação Vocacional (VR), é

caracterizado por um serviço que permite aos trabalhadores, manter os postos de

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trabalho ou retornar ao emprego após um acidente, lesão ou início de um estado de

saúde desfavorável (ESCORPIZO et al., 2011 a,b; WUELLRICH, 2010).

Takahashi & Iguti (2008) apresentam a Reabilitação Profissional (RP) como

um programa de intervenção estruturado em atividades terapêuticas e de

profissionalização compreendendo o indivíduo na totalidade, propiciando o

enfrentamento e superação das dificuldades impostas pelas incapacidades. Os

autores afirmam que a RP visa à estabilização física e psicossocial e possibilitam a

reintegração nas relações sociais, cotidianas e de trabalho, contudo não

estabelecem os usuários.

Já Cestari e Carlotto (2012) referem RP, como um programa de prestação de

serviços para os beneficiários afastados da atividade profissional em decorrência de

doença, acidente de qualquer natureza, assim como portadores de deficiência física

ou mental cuja assistência (re)educativa e de (re)adaptação profissional viabiliza o

(re)ingresso do segurado ao mercado de trabalho e ao contexto social.

Para Maeno e Vilela (2010) uma abordagem adequada em RP requer ações

de vigilância e promoção da saúde que atendam o caráter social e cívico. De tal

modo, que além da intervenção terapêutica sobre o indivíduo, consideram-se,

também, as condições nocivas de trabalho para uma reintegração efetiva do

trabalhador.

Em complemento, Cestari e Carlotto (2012) relatam que a RP consta de um

programa estruturado que abrange a integralidade do indivíduo, por meio de

atividades terapêuticas e profissionalizantes. Isso implica em restabelecer as

condições físicas e psicossociais favoráveis para a reintegração das relações

sociais, cotidianas e de trabalho.

Atualmente, no Brasil, a RP é um serviço da Previdência Social, prestado pelo

Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), cujo objetivo é promover o retorno ao

trabalho dos segurados que, por motivo de doença ou acidente encontram-se

impossibilitados total ou parcialmente para o exercício de atividade laboral

(ZILIOTTO, BERTI, 2013; CESTARI, CARLOTTO, 2012; SOARES, WAGNER;

2012).

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Maeno e Vilela (2010) descrevem um longo caminho para chegar a este

cenário. As autoras relatam que a RP no Brasil teve início em 1943 e era acertada

como readaptação profissional e reaproveitamento do empregado acidentado. O

principal objetivo era restabelecer parcial ou totalmente, ao incapacitado para o

trabalho, a capacidade para profissão de origem ou conduzi-lo a outra compatível

com a nova condição. Somente em 1967, a legislação brasileira adotou a expressão

reabilitação profissional, vinculada a programas de prevenção de acidentes do

trabalho do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS, atual INSS), sem

especificar o significado e os procedimentos.

O serviço tornou-se obrigatório a partir de 1976 (MAENO, VILELA, 2010) e foi

estabelecido nos Centros de Reabilitação Profissional do INPS (CRPs) e Núcleos de

Reabilitação Profissional do INPS (NRPs). As CRPs apresentavam todos os

recursos terapêuticos necessários em uma ampla estrutura física, equipamentos de

fisioterapia e terapia ocupacional de alto custo e uma completa equipe

multiprofissional. As NRPs consistiam em unidades menores, com uma ou duas

equipes, que prioritariamente prestavam atendimento em saúde a trabalhadores

amputados por acidentes de trabalho, desde a avaliação até a prescrição e

aquisição de órteses e próteses. Já as atividades de profissionalização eram

realizadas por professores responsáveis pelo ensino técnico profissionalizante e

programas de Alfabetização (TAKAHASHI, IGUTI, 2008).

Na década de 80, o serviço perdeu força até desativação completa no ano

2000 (TAKAHASHI, IGUTI, 2008). A implementação do SUS e a emergência de

movimentos sociais entre 1993 a 1994, impulsionaram questionamentos acerca dos

modelos vigentes de incapacidade, doença e assistência médica. Estes colaboraram

para o surgimento de iniciativas locais e regionais, de caráter interdisciplinar e

interinstitucional. De 1995 a 2000, foi realizada a reedição da Lei 8213/91, que

regulamenta a Previdência Social, pelo Decreto nº 3048/99 e apresenta o Plano de

Modernização da Reabilitação Profissional do INSS. No ano de 2001, a RP sofreu

mais uma mudança com a implantação do Projeto Reabilita, cuja principal

característica é a recolocação sob a responsabilidade institucional de orientadores

profissionais e não mais de equipes de reabilitação profissional (MAENO, VILELA,

2010).

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O Decreto nº 3.048/99 determina que as atividades em RP devem pautar-se

pelo trabalho multiprofissional e pela articulação com a comunidade, tanto para a

programação de cursos profissionais a serem ofertados dentro das tendências e

particularidades locais, como para o treinamento das competências técnicas,

comportamentais e sociais dos reabilitados em instituições ou empresas, com vista a

efetiva reintegração social e laboral. A legislação prevê ainda o acompanhamento e

pesquisa de fixação no mercado de trabalho dos sujeitos reabilitados, o que [...] tem

como finalidade a comprovação da efetividade do processo de reabilitação

profissional [...] (BRASIL, 1999).

Um grande avanço em RP ocorreu no ano 2000 com a contratação de

profissionais atuantes no programa de reabilitação. Na ocasião admitiu-se, por meio

de concurso público cerca de 200 Terapeutas Ocupacionais para atuarem no

programa e, posteriormente em 2009 houve a implementação de profissionais do

serviço social para atuar em demandas inerentes ao artigo 88 da lei 8213/91, que

trata prioritariamente do Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei Orgânica

da Assistência Social e a Reabilitação Profissional (BRASIL, 2012).

Contudo, os dados sobre RP no país apontam grandes dificuldades. Os

trabalhadores brasileiros, que apresentam limitações físicas ou psíquicas para

continuar a exercer uma atividade de trabalho, são condenados a permanecerem em

auxílio-doença por tempo prolongado, ou mesmo de forma definitiva, e em alguns

casos são recolocados no mercado de trabalho desprovidos de qualquer

possibilidade de se manterem na atividade (ZILIOTTO, BERTI, 2013; CESTARI,

CARLOTTO, 2012; SIMONELLI, CAMAROTTO, 2011; MAENO, VILELA, 2010;

SANTOS, 2009).

A superação dessa situação de exclusão de trabalhadores com deficiência do

mercado de trabalho, só ocorrerá com a construção de uma política pública de

reabilitação profissional, integrada entre os setores de trabalho, saúde e previdência.

O que demanda definição e adoção de critérios de avaliação da incapacidade e da

funcionalidade por ambos os setores, otimizando a avaliação, a comunicação e o

trabalho articulado na busca da reinserção social e profissional dos pacientes

(MAENO, VILELA, 2010).

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Takahashi e Iguti (2008) referem que a RP tem a função de regulação

econômica, uma vez que reduz o tempo dos benefícios por incapacidade e, ainda,

proporcionar formas de intervenção para a redução e superação das desvantagens

produzidas pelas incapacidades. Em outro estudo, os autores relatam que a

reabilitação profissional brasileira é caracterizada por uma política integrante do

sistema de benefícios previdenciários, desenvolvida exclusivamente no Estado,

como uma resposta pública à questão da incapacidade associada aos acidentes de

trabalho e às doenças profissionais (TAKAHASHI, KATO, LEITE, 2010). Maeno e

Vilela (2010) complementam que na Previdência Social Brasileira prevalece a lógica

contábil e de redução de despesas com benefícios.

Em adição, Zilotto e Berti (2013) salientam que as pessoas com deficiência

devem ser contempladas com a RP, porém, a legislação não lhes confere prioridade

no atendimento. Para que os PcD possam receber atendimento em RP é necessário

Convênio de Cooperação Técnico Financeira entre o INSS e as instituições e

associações de assistência às pessoas com deficiência.

Os autores alertam que é extremamente necessário reconhecer as

capacidades laborativas dos PcD, bem como inseri-los no mercado, e para tanto

reconhecem a Habilitação e Reabilitação Profissional, conforme disposto no Decreto

nº 3.048/99 como instrumentos essenciais de inclusão (ZILOTTO, BERTI, 2013).

Direitos esses reforçados pela Lei Brasileira de Inclusão, que incorpora o modelo

biopsicossocial para avaliação e compreensão da pessoa com deficiência (BRASIL,

2015).

A Lei Complementar nº142/2013 altera o decreto de Lei nº 3.048 de 1999 e

regulamenta a aposentadoria das pessoas com deficiência reduzindo o tempo para

aposentadoria nesta população. A alteração subsidia uma portaria interministerial de

30 de janeiro de 2014 que regulamenta a concessão da aposentadoria da pessoa

com deficiência baseada em um instrumento de avaliação fundamentado no

conceito de funcionalidade disposto na CIF (BRASIL, 2014). O instrumento

designado Índice de Funcionalidade Brasileiro Aplicado para Fins de Aposentadoria

(IF-Br) tem o objetivo de definir a deficiência e o grau de acometimento do segurado

da Previdência Social, ou seja, foi criado para fins periciais (BRASIL, 2014).

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Pereira e Barbosa (2016) relatam que o instrumento foi desenvolvido por

pesquisadores do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, da Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e apresenta uma seleção de 41 atividades

divididas em sete domínios a partir da CIF: sensorial, comunicação, mobilidade,

cuidados pessoais, vida doméstica, educação, trabalho e vida econômica,

socialização, vida comunitária e contempla também, a identificação das barreiras

externas.

A pontuação do IF-Br foi baseada no instrumento de Medida de

Independência Funcional (MIF) e atribui para cada atividade quatro pontuações que

variam entre 100, 75, 50 e 25, sendo que 100 representa completa independência

funcional e 25 representa completa dependência de terceiros (PEREIRA,

BARBOSA, 2016). O instrumento permite três categorias de classificação da

deficiência; a) grave – escore total menor ou igual 5.739; b) moderada – escore total

maior ou igual a 5.740 e menor ou igual a 6.354; c) leve – escore total maior ou igual

a 6.355 e menor ou igual a 7.584. Pontuações maior ou igual a 7.585 não haverá

concessão do benefício. De acordo com o texto da lei cabe a perícia do Instituto

Nacional do Seguro Social (INSS) avaliar e acompanhar o grau de deficiência para

concessão do benefício (BRASIL, 2014).

De acordo com Pereira e Barros (2016) a Lei Brasileira de Inclusão determina

que um instrumento específico e unificado para identificar os sujeitos com deficiência

deve ser criado no Brasil para atender todas as políticas sociais. Os autores referem

que o IF-Br tem o potencial para ser esse instrumento.

Com esses avanços na legislação brasileira espera-se viabilizar a garantia

dos direitos e exercício pleno da cidadania da pessoa com deficiência. Contudo,

vários autores concordam que as políticas públicas devem ser mais eficientes para

garantir recursos econômico-financeiros, ações interdisciplinares de avaliação e

acompanhamento dos projetos. Para tanto, exige uma adaptação da sociedade e a

preparação específica da pessoa com deficiência para assumir papéis na sociedade

que facilitam o convívio em uma situação real de inclusão e assim, o combate à

exclusão social (NEVES-SILVA, PRAIS, SILVEIRA, 2015; ZANITELLI, 2013;

Sassaki, 1997 apud SIMONELLI, CAMAROTTO, 2011; WUELLRICH, 2010).

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2.3 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)

No último século, as condições de vida e saúde têm melhorado de forma

contínua e sustentada na maioria dos países (BUSS, 2000). O que repercutiu na

mudança do perfil epidemiológico mundial e, consequentemente, no aumento da

expectativa de vida (ARAÚJO, 2013; PERRACINI, FLÓ, GUERRA; 2011). Tal fato

está relacionado aos progressos políticos, econômicos, sociais e ambientais, assim

como aos avanços na saúde pública e na medicina (BUSS, 2000). Apesar de

motivadoras, essas mudanças produzem novos desafios à área da saúde pública,

principalmente no que se refere a planejamento de ações de saúde (OMS, 2003).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como uma das missões a

produção de Classificações de Saúde que representem modelos consensuais a

serem incorporados por sistemas de saúde, gestores e usuários, visando à utilização

de uma linguagem comum para a descrição de problemas ou intervenções em

saúde (RUARO et al., 2012; FONTES, FERNANDES, BOTELHO, 2010).

Com vistas a essa nova realidade, a Organização Mundial de Saúde (OMS),

iniciou na década de 70, a incorporação aos indicadores de saúde, além de dados

relativos à mortalidade, morbidade e nutrição, aspectos relacionados às

consequências das doenças sobre a capacidade funcional das pessoas (ARAÚJO,

BUCHALLA, 2013; FARIAS, BUCHALLA, 2005).

Em 1980, a OMS publicou uma classificação denominada International

Classification of Impairments, Disabilities and Handicaps (ICIDH), em caráter

experimental, para ser utilizada e testada em pesquisas. Foi traduzida para o

português, em 1989, como Classificação Internacional das Deficiências,

Incapacidades e Desvantagens – CIDID (SIMONELLI, 2009; FARIAS, BUCHALLA,

2005; OMS, 2003).

A ICIDH foi empregada durante as décadas de 1980 e 1990, como um

instrumento para classificar as consequências das doenças e as repercussões na

vida do indivíduo. Com abordagens distintas e lineares entre Doença, Deficiência,

Incapacidade e Invalidez (PERRACINI, FLÓ, GUERRA, 2011; FARIAS, BUCHALLA,

2005). Nela as palavras em inglês impairment, disability e handicaps foram

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traduzidas respectivamente aos termos deficiência, incapacidade e desvantagem. A

deficiência – refere-se às anormalidades nos órgãos, sistemas e estruturas do corpo;

incapacidade refere-se às consequências da deficiência sobre o rendimento

funcional no desempenho das atividades; e o termo desvantagem refere-se à

adaptação do indivíduo ao meio ambiente como resultado da deficiência e

incapacidade (SIMONELLI, 2009; FARIAS, BUCHALLA, 2005).

No entanto, esse modelo não informava adequadamente a relação existente

entre os conceitos e gerava interpretações adversas do modelo, com indicativos

causais e de evolução unidirecional da enfermidade. Este fato motivou, em 1993, a

revisão da Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Invalidez se

tornando conhecida como ICIDH-2 (PERRACINI, FLÓ, GUERRA, 2011).

Após a primeira revisão, em 1996, grupos de colaboração de centros

especializados em estudos sobre incapacidade na França, Holanda, Países

Nórdicos e na América do Norte se uniram a OMS com objetivo de esclarecer

distorções na conceituação dos termos e identificar a relação entre os potenciais

fatores de risco que interferem no desenvolvimento das incapacidades (OMS, 2003).

Posteriormente, testes em mais de 50 países, por cerca de 1800 profissionais

de saúde foram realizados, e a nova versão foi apresentada e aprovada para uso

internacional na 54ª Assembleia Mundial de Saúde (2001) como um novo

instrumento para a mensuração da saúde da população, passando a fazer parte da

chamada “Família de Classificações Internacionais da OMS” e designada

International Classification of Functioning,Disability and Health - ICF (FONTES,

FERNANDES, BOTELHO, 2010; OMS, 2003).

A versão brasileira foi traduzida pelo Centro Colaborador da Organização

Mundial da Saúde para a Família de Classificações Internacionais em Língua

Portuguesa com o título de Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde, CIF (OMS, 2003).

A nova versão apresenta modificações substanciais na terminologia e

classificação das dimensões e respectivos qualificadores, e oferta uma contribuição

conceitual, com a associação das diferentes dimensões e domínios da

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funcionalidade e da incapacidade humana (RUARO et al., 2012; PERRACINI, FLÓ,

GUERRA, 2011).

A CIF pertence à “família das classificações internacionais” desenvolvida pela

Organização Mundial da Saúde (OMS) para aplicação em vários aspectos da saúde

e, portanto, proporciona um sistema para a codificação de várias informações sobre

saúde. Esta codificação proporciona uma linguagem comum e padronizada que

permite a descrição e a comparação da saúde das populações num contexto

internacional e interdisciplinar (OMS, 2003).

Com olhar na funcionalidade e na incapacidade relacionados as condições

de saúde, a CIF identifica o que uma pessoa - pode ou não pode fazer nas diversas

categorias da própria vida diária e prática. Contempla as funções dos órgãos,

sistemas e estruturas do corpo e as interferências nas atividades e na participação

social no meio ambiente onde vive (SIMONELLI, 2009).

Em estudo de revisão, Thonnard e Penta (2007) descrevem o esquema

conceitual da CIF, que se apresenta estruturalmente conforme a figura 2. O

esquema ilustra o panorama funcional e o impacto de uma determinada condição

clínica sobre quatro domínios relacionados à aspectos orgânicos (estrutura e função

do corpo), funcionais (atividade e participação) e contextuais (ambiente e pessoal).

Entende-se que o domínio “Função do corpo” refere-se à aspectos fisiológicos

dos sistemas orgânicos, sinais e sintomas. O Domínio “Estrutura do corpo” refere-se

a partes anatômicas do corpo, tais como, órgãos, membros e componentes,

classificados de acordo com os sistemas orgânicos. Já o domínio de “Atividade”

contempla execução de uma tarefa ou ação por um indivíduo, representando a

perspectiva individual da funcionalidade. O domínio “Participação” contém

envolvimento de um indivíduo numa situação da vida real, representando a

perspectiva social da funcionalidade. E por fim, a relação destes com o último

domínio o “Ambiente” referente aos aspectos relacionados à influência de Fatores

Contextuais externos ao indivíduo — Fatores Ambientais — ou intrínsecos ao

indivíduo — Fatores Pessoais.

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Figura 2 - Interação entre os componentes da CIF.

Fonte: OMS, 2001.

Os Fatores Ambientais merecem destaque já que constituem o ambiente

físico, social e atitudinal em que as pessoas vivem e conduzem a própria vida.

Referem-se a todos os aspectos extrínsecos que formam o contexto de vida de um

indivíduo, tendo por isso um impacto sobre a funcionalidade dessa pessoa. Nestes

fatores estão incluídos o mundo físico e as características; o mundo físico criado

pelo homem, as outras pessoas em diferentes relacionamentos e papéis, as atitudes

e os valores, os serviços e os sistemas sociais, as políticas, as regras e as leis. Já

os Fatores Pessoais são representados pela idade, o sexo, a educação, a profissão,

entre outros, ainda não codificados na classificação (FONTES, FERNANDES,

BOTELHO, 2010).

Neste cenário amplificado a funcionalidade é compreendida como um aspecto

positivo na vida do indivíduo já que se determinam as habilidades e competências e

classificam-se os impactos determinando as principais dificuldades e barreiras.

Estes últimos referem-se às incapacidades e correspondem aos aspectos negativos,

porém como termos secundários, por exemplo, limitação ou restrição (FONTES,

FERNANDES, BOTELHO, 2010; SIMONELLI, 2009).

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Assim, no modelo da CIF a incapacidade é vista como a resultante da

interação entre a disfunção apresentada (orgânica e/ou da estrutura do corpo), a

limitação nas atividades e a restrição na participação social, além dos fatores

ambientais que podem atuar como facilitadores ou barreiras para o desempenho das

atividades e da participação (OMS, 2003).

A incapacidade na conceituação da CIF, não é considerada um atributo

pessoal, mas o resultado de uma experiência que engloba algum, ou a totalidade de

fatores. Aspectos esses que oferecem a CIF uma fundamentada abordagem

biopsicossocial, que incorpora as três dimensões: a biomédica, a psicológica e a

social. Nesse modelo cada nível age sobre e sofre a ação dos demais, e todos os

três níveis são influenciados pelos fatores ambientais. Desta forma, não se limita

enquanto classificação, a descrever detalhadamente a incapacidade, mas descreve

de forma abrangente a possibilidade do impacto que os fatores ambientais

produzem na funcionalidade do indivíduo, quer enquanto facilitadores quer enquanto

barreiras, sendo este o maior diferencial entre as classificações anteriores

(FONTES, FERNANDES, BOTELHO, 2010).

Outro aspecto relevante se refere à complementariedade reconhecida pela

OMS entre a CID-10 (abreviatura da Classificação Internacional de Doenças,

Décima Revisão) e a CIF, no qual a CID-10 fornece uma estrutura de base etiológica

sobre o estado de saúde das pessoas, e a CIF classifica a funcionalidade e a

incapacidade associadas a este estado de saúde. Assim, duas pessoas com a

mesma doença, classificadas na CID-10, podem ter diferentes níveis de

funcionalidade, não obstante duas pessoas com o mesmo nível de funcionalidade,

classificadas pela CIF, não tem necessariamente, a mesma condição de saúde

(SIMONELLI, 2009).

Em conjunto, as informações sobre o diagnóstico e sobre a funcionalidade,

oferecem uma imagem mais extensa e mais significativa da saúde das pessoas ou

da população que pode valer-se em tomadas de decisões por avaliar as condições

de vida e fornecer subsídios para políticas de inclusão social (FARIAS, BUCHALLA,

2005).

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Para Fontes et al., (2010) a CIF representa um dos marcos mais importantes

da reabilitação dos últimos 20 anos, ao descrever de forma prática e conceitual os

descritores múltiplos da saúde, proporcionando um modelo explicativo que permite

uma melhor compreensão da génese da(s) incapacidade(s), mas sobretudo de que

forma esta pode ser diminuída. Em complemento Oesch et.al., (2012) afirmam que a

CIF favorece a elaboração de terapêuticas mais eficazes.

O objetivo pragmático da CIF é fornecer uma linguagem padronizada e um

modelo para a descrição da saúde e dos estados relacionados à saúde, permitindo a

comparação de dados referentes a essas condições entre países, serviços, setores

de atenção à saúde, bem como o acompanhamento da evolução no tempo (FARIAS,

BUCHALLA, 2005).

De acordo com a OMS (2003) apresenta os seguintes objetivos específicos:

• proporcionar uma base científica para a compreensão e o estudo dos

determinantes da saúde, dos resultados e das condições relacionadas com a saúde;

• estabelecer uma linguagem comum para a descrição da saúde e dos

estados relacionados com a saúde, para melhorar a comunicação entre diferentes

utilizadores, tais como, profissionais de saúde, investigadores, políticos e o público,

incluindo pessoas com incapacidades;

• permitir a comparação de dados entre países, entre disciplinas relacionadas

com os cuidados de saúde, entre serviços, e em diferentes momentos ao longo do

tempo;

• proporcionar um esquema de codificação para sistemas de informação de

saúde.

Estes objetivos inter-relacionam-se dado que a necessidade de aplicar a CIF

requer a construção de um sistema prático e útil que possa ser aplicado por vários

colaboradores na política de saúde, na garantia da qualidade e na avaliação de

resultados em diferentes culturas.

Os componentes das funções e estruturas, atividades e participação e fatores

ambientais estão classificados através de categorias. Estes são apresentados em

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uma lista com cerca de mais de 1400 categorias que formam as unidades da

classificação organizadas numa estrutura hierárquica de quatro níveis, que se

diferenciam de forma progressiva quanto à precisão ou especificidade do conceito e,

que esquematicamente, se apresenta conforme a figura 3 (FONTES, FERNANDES,

BOTELHO, 2010; FARIAS, BUCHALLA, 2005).

Figura 3 - Estrutura hierárquica da CIF

Fonte: Fontes, Fernandes, Botelho, 2010.

Na figura 3, observam-se os qualificadores como último nível, estes têm a

finalidade de determinar a magnitude e/ou extensão da lesão ou ainda quanto à

presença ou ausência de facilitadores ou barreiras ambientais. Apresentada em uma

escala numérica que varia de 0 a 4, sendo comum a todos os componentes e por

essa razão também designada como qualificador genérico.

Esta estrutura operacional permite uma avaliação normalizada e uma

descrição integral da saúde e dos estados relacionados com a saúde, do ponto de

vista biológico, pessoal e social.

A CIF é baseada no modelo biopsicossocial e classifica a funcionalidade e

incapacidade associada aos estados de saúde ou relacionada com a saúde nas

diferentes perspectivas (SILVEIRA et al., 2013; CERNIAUSKAITE et al., 2011; DI

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NUBILA, 2010; FARIAS, BUCHALLA, 2005). Este modelo, mais coerente, está cada

vez mais presente nas ações destinadas às pessoas com deficiência, porém, ainda

não alcançou o modelo hegemônico, que na prática ainda é o modelo biomédico.

A estrutura hierárquica apresenta um esquema de ramificação, constituído por

componentes (funções e estruturas do corpo, atividade e participação), domínios e

categorias. Cada um dos componentes contém vários domínios e cada um dos

domínios contém várias categorias, que são as unidades de classificação da saúde

e dos estados da saúde (FARIA et al., 2012; RIBERTO, 2011; FARIAS, BUCHALLA,

2005). Para Riberto (2011), a CIF aborda, de forma completa, a funcionalidade

humana, apresentando-se como uma classificação extremamente abrangente e com

grande poder descritivo, paradoxalmente essa característica inibe a utilização

prática.

Fontes, Fernandes e Botelho (2010) relatam que para contornar está

dificuldade a OMS e os centros colaboradores, têm desenvolvido “listagens” mais

curtas para facilitar a aplicabilidade da classificação. Uma dessas listagens, a

“checklist”, apresenta as 152 principais categorias que identificam os problemas

mais comuns em pacientes com condições crônicas de saúde. Já utilizado em

diversos estudos demonstra uma descrição completa sobre a sintomatologia e a

funcionalidade dos grupos de pacientes testados (ŠVESTKOVÁ, SLÁDKOVÁ,

KOTKOVÁ, 2016).

Outro instrumento desta listagem é o WHODAS II — World Health

Organization Disability Assessment Schedule II, desenvolvido em 2010. Trata-se de

um questionário multidimensional que fornece um perfil da funcionalidade. Inclui seis

domínios (compreensão e comunicação, relacionamentos, participação na

sociedade, atividades relacionadas com o trabalho e atividades domésticas,

autocuidado e mobilidade). É constituído por 36 questões ou, na sua versão mais

curta, por 12 questões. Em 2015, com autorização da OMS, pesquisadores da

Universidade Federal do Triângulo Mineiro, traduziram para o português o Manual

do WHODAS 2.0 que apresenta a metodologia utilizada no desenvolvimento, os

resultados obtidos com a aplicação em diversas condições de saúde e todas as

formas de apresentação do instrumento (CASTRO et al., 2015; CASTRO et al.,

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2016). A versão completa, com 36 questões, foi traduzida e adaptada para o Brasil

por Silveira et al., (2013).

Nessa mesma perspectiva o MDS - MODEL DISABILITY SURVEY foi

desenvolvido em parceria com a OMS e o Banco Mundial para coletar informações

de prevalência sobre a deficiência comparáveis entre países. O instrumento coleta

informações sócio demográficas; histórico do trabalho e benefícios; fatores

ambientais; funcionalidade; condições de saúde e capacidade; utilização de serviços

de saúde; e satisfação, personalidade e bem-estar. O principal diferencial em

relação ao WHODAS é a incorporação de uma seção sobre o meio ambiente, tal

detalhamento confere ao instrumento um tempo de aplicação entre 60 a 120

minutos, o que é compreensível pela amplitude das informações (CASTRO et al.,

2016).

Com vistas a ampliar a aplicabilidade da CIF, desde 2004, desenvolvem-se os

Core Sets da CIF, traduzidos como “conjunto principal” ou “itens essenciais” de um

conjunto de categorias selecionadas a partir das categorias da classificação

completa CIF. O propósito é descrever de forma típica padrões mínimos para a

avaliação e documentação da funcionalidade e saúde em estudos clínicos,

encontros clínicos e avaliação multiprofissional abrangente. Avalia-se as categorias

típicas e significativas numa determinada condição de saúde (RIBERTO, 2011).

Em estudo de revisão com objetivo de descrever os core sets existentes na

literatura, Riberto (2011), encontrou 44 artigos publicados a partir de 2004. A maior

parte na língua inglesa, apenas 04 na língua portuguesa e entre esses, dois são de

grupos brasileiros com objetivo de criar core sets para as afecções

musculoesqueléticas relacionadas ao trabalho e o outro para indivíduos com

síndrome de imunodeficiência adquirida sob terapia antirretroviral. Resultados

semelhantes foram descritos por Brasileiro, Moreira e Buchalla (2013).

Castaneda et al., (2014) em uma revisão sistemática sobre a utilização da CIF

em estudos observacionais relataram que apesar de existirem dois modelos de core

sets, ainda são escassos os estudos científicos epidemiológicos quantitativos na

prática clínica. Os autores relatam que estudos com a CIF vem aumentando nos

últimos 10 anos, porém, essa dificuldade na prática clínica, pode estar relacionada

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ao fato de que a classificação não indica os instrumentos necessários para a

avaliação da incapacidade e da funcionalidade. Eles encontraram 31% estudos

utilizando os core sets, e a maioria utilizou categorias avulsas da CIF para

montagem de questionários e escalas de avaliação clínica.

Estudos internacionais concordam com esses argumentos e consideram a

falta de instrumento para responder o core set resulta em uma aplicação não

uniforme e dificulta a comparação e a comunicação interdisciplinar entre os usuários

contrariando os princípios da CIF (ŠVESTKOVÁ, SLÁDKOVÁ, KOTKOVÁ, 2016;

SALTYCHEV et al., 2013; FINGER et al., 2012; ESCORPIZO, 2011a,b).

Já Araújo e Buchalla (2015) consideram que a discussão sobre a

aplicabilidade da CIF não deve ser pautada na ampla abordagem. Na opinião dos

autores esta característica confere a CIF a capacidade de apreciar itens da

funcionalidade humana que outras classificações não conseguem observar. Eles

recomendam adequar as abordagens da CIF aos instrumentos de avaliação

verificando se as questões avaliadas nos instrumentos estão contempladas nos

domínios da CIF e se a forma de mensuração dos resultados e respostas atende

aos qualificadores da CIF.

2.4 Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)

e Reabilitação Profissional (RP)

Uma adequada inserção laboral das pessoas com deficiência advém de

ações Inter setoriais que reúnam o Estado, as empresas, e os profissionais de saúde

e assistência. A regulamentação do direito da pessoa com deficiência ao trabalho

está bem definida e amparada legalmente. No entanto, a operacionalização da

inclusão laboral encontra impedimentos de toda ordem.

Complementa-se com o questionamento sobre a visão biomédica acerca da

deficiência na qual a Lei de Cotas e o decreto 5298/99 se baseiam. Estes não

abrangem o contexto e as barreiras sociais, que dificultam a participação, o

desempenho e as oportunidades das pessoas com deficiência em todos os aspectos

da vida em sociedade. Fato reconhecido e apoiado pelo Ministério da Saúde (2008)

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e instituído na Lei Brasileira de Inclusão (2015) que insere o modelo social proposto

pela OMS (2003), fundamentado no conceito de que a deficiência está na sociedade

e não no indivíduo e, a lesão não está diretamente relacionada à deficiência

(MARTINS, 2013; SIMONELLI et al., 2013; SIMONELLI, CAMAROTTO, 2011).

O parâmetro biomédico (CID10) permite definir os beneficiários da reserva de

mercado, mas não é suficiente para reconhecer e compreender o impacto que a

doença tem no dia-a-dia do indivíduo. Desta maneira, se propõe que além do

diagnóstico, seja reconhecida a forma como realiza as atividades habituais

necessárias para um bom desempenho no trabalho, em casa, na escola e/ou outras

áreas sociais. A identificação dos níveis de funcionalidade e incapacidade de uma

pessoa podem garantir um melhor gerenciamento e planejamento de ações

(SILVEIRA et al., 2013; ARAÚJO, BUCHALLA, 2013; CERNIAUSKAITE et al., 2011;

DI NUBILA, 2010).

Martins (2010) sugere que para uma adequada inserção laboral é necessário

realizar uma avaliação precisa, detalhada e contínua com dois enfoques específicos:

a) avaliação do indivíduo - interesse pelo trabalho, capacidades e incapacidades que

influenciam no desempenho para a vaga disponível; b) avaliação dos aspectos

ergonômicos - exigências do trabalho, características das tarefas, adequação do

posto de trabalho e equipamentos necessários para execução da tarefa.

Vários autores sugerem o modelo social como forma de garantir uma inserção

eficiente no trabalho. Uma vez que permite a ClF permite classificar a habilidade da

pessoa de modo preciso e detalhado (SALTYCHEV et al., 2013; MARTINS, 2013;

SIMONELLI, CAMAROTTO, 2011; GLÄSSEL et al., 2011; MAENO, VILELA, 2010;

TANAKA, MANZINI, 2005).

No contexto da Saúde do Trabalhador se observa o esforço de pesquisadores

brasileiros em utilizar a CIF por meio de Core Set. No entanto, os estudos abordam

os aspectos preventivos das doenças relacionadas ao trabalho (DRT), em especial,

as DORTs/LER (Doenças Relacionadas ao Trabalho/Lesões por Esforço Repetido)

devido à alta prevalência e repercussões entre a população trabalhadora típica no

Brasil e no mundo (ARAÚJO, BUCHALLA, 2013; LIMA et al., 2008).

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Com enfoque específico nos trabalhadores em Reabilitação Profissional foram

propostos dois estudos utilizando a CIF. O estudo de Toldra et al., (2010) utilizou os

componentes da CIF para organizar e analisar os dados, de um estudo documental

exploratório, de 10 prontuários de trabalhadores acompanhados pela terapia

ocupacional em um Centro de Referência em Saúde do Trabalhador da cidade de

São Paulo. O objetivo do estudo foi identificar os facilitadores e as barreiras para o

retorno ao trabalho após um longo período de permanência sem resolutividade no

serviço. As informações coletadas nos prontuários foram distribuídas segundo as

categorias da CIF, inicialmente utilizando o checklist da CIF para a codificação em

primeiro nível e os demais níveis de codificação utilizaram a classificação completa

da CIF. Os autores consideram que os resultados foram satisfatórios e conseguiram

uma visão mais abrangente, integral, articulada e sistematizada das informações

referentes aos diversos componentes de saúde e funcionalidade dos trabalhadores.

Como limitação mencionou a dificuldade de normatização do prontuário que não

permitiu a codificação no 3º e 4º nível da CIF.

Já Simonelli e Camarotto (2011) propõe um modelo para melhoria no

processo de RP, com enfoque na inclusão da pessoa com deficiência. Os autores

sugerem um modelo que utiliza a Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde (CIF) para que os profissionais elejam avaliações que

completem o modelo biopsicossocial, associado a Análise Ergonômica do Trabalho

(AET) a fim de adaptar os locais de trabalho. O modelo está baseado em três

etapas, a saber: 1ª parte – Análise das tarefas e atividades: que inclui estudo das

tarefas nas situações de referência (posturas, movimentos, requisitos técnicos das

tarefas, mudanças técnicas e organizacionais); análise das estratégias de operação

(procedimentos operacionais, conhecimentos tácitos, conhecimentos

contextualizados). 2ª parte - Classificação de funcionalidade e adequação do

trabalho: inclui análise do trabalhador com deficiência reinserido (potencialidades,

barreiras e facilitadores, conhecimentos operacionais); programa de reabilitação;

adequação da situação de trabalho (rearranjo do local e das tarefas com adaptações

de artefatos, facilitadores para as tarefas, acessibilidade e relações sociais) em

função do resultado da análise das tarefas e atividades. A 3ª parte – Reinserção com

objetivo de avaliar o projeto e a prescrição que inclui estágio de reinserção

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(ocupação do posto pelo trabalhador reinserido com acompanhamento psicossocial

e de desempenho técnico); avaliação das tarefas e do local pelo trabalhador e por

técnicos envolvidos; geração de novos requisitos de tarefas e de novas adequações.

Em 2013, os autores aplicaram o modelo, designado Projeto ATO – Ação,

Trabalho e Oportunidade: inclusão de pessoas com deficiência no trabalho. Na

primeira etapa do projeto avaliaram 74 postos de trabalho de uma indústria

metalúrgica. A segunda etapa constava da classificação de funcionalidade utilizando

CIF. Para tanto, utilizaram relato clínico, histórico ocupacional e avaliações clínicas

da estrutura do corpo em 131 participantes com deficiência física e mental leve. Em

seguida, convidaram todos os participantes a realizar o curso de capacitação de 30

horas. Do total de participantes, apenas 87 completaram o curso. Estes passaram

para fase de reinserção, no qual 82 foram encaminhadas para estágio no mercado

de trabalho formal e 05 foram indicados para um programa de economia solidária do

município. Ao final do estágio profissional, 28 pessoas (34%) foram contratadas pela

metalúrgica. Os autores questionam o número baixo de contratações, embora os

profissionais estivessem qualificados, e afirmam que o Ministério do Trabalho e

Emprego deve intensificar fiscalizações para garantia da lei de cotas (SIMONELLI et

al., 2013).

O impacto da deficiência, acidentes, lesões e problemas de saúde nos

trabalhadores é uma questão importante na área de incapacidade para o trabalho

(FINGER et al., 2016; GLÄSSEL et al., 2011). Vários autores referem que a

capacidade laboral da pessoa com deficiência deve ser compreendida e

mecanismos de inclusão devem ser criados (ZILOTTO, BERTI, 2013; CESTARI,

CARLOTTO, 2012; SIMONELLI, CAMAROTTO, 2011; GLÄSSEL et al., 2011;

WUELLRICH, 2010; PEREIRA, 2009).

Com objetivo de aferir o grau de funcionalidade de um indivíduo sob avaliação

pericial, foi desenvolvido em 2013 o Índice de Funcionalidade Brasileiro (IF- Br). O

instrumento é resultado das recomendações de uma força-tarefa interministerial,

solicitada pela Presidência da República, entre 2008 e 2009, com objetivo de [...]

avaliar o modelo de classificação e avaliação de deficiências utilizadas no Brasil e

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definir a elaboração e Adoção de um modelo único para todo o país [...] (FRANZOI,

et al., 2013; DI NUBILA et al., 2011).

A partir de janeiro de 2011, por uma nova recomendação presidencial foi

organizada outra força tarefa interministerial para desenvolver o modelo único de

avaliação e classificação da incapacidade a ser usado em todo o país. O projeto

ficou a cargo de um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ) que coletaram informações de medidas populacionais brasileiras

sobre as pessoas com deficiência e adotaram como base teórica a CIF para

desenvolver o instrumento que atualmente encontra-se em fase de validação

(PEREIRA, BARBOSA, 2016; FRANZOI, et al., 2013).

Nesse sentido, o Seguro Suíço de Acidente e Danos (SUVA) desenvolveu um

núcleo de estudo baseado na CIF em colaboração com Organização Mundial de

Saúde (OMS), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Confederação Mundial

de Fisioterapia (WCPT), Federação Mundial de Terapeutas Ocupacionais (WFOT) e

da Sociedade Internacional de Medicina Física e Reabilitação (ISPRM) para elaborar

um Core Set voltado a Reabilitação Profissional (ESCORPIZO et al., 2011 a,b;

ESCORPIZO et al., 2010).

O grupo desenvolveu em 2010, com forte rigor metodológico, um Core Set da

CIF para RP com 90 categorias, que designaram como versão completa, e na

sequência uma versão designada breve composta de 13 categorias. O Core Set

breve representa um subconjunto das categorias da versão completa e contém

categorias essenciais para avaliação desta condição. Os autores referem que até o

momento faltam instrumentos de avaliação que respondam as categorias do Core

Set para RP (SALTYCHEV et al., 2013; FINGER et al., 2012; ESCORPIZO, 2011

a,b).

2.5 WORQ - Work Rehabilitation Questionnaire

Para Finger et al., (2014 a,b), a Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde (CIF) é uma ferramenta importante para Reabilitação

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Profissional (RP), e nenhum instrumento confiável e validado baseado na CIF para o

trabalho ainda tinha sido desenvolvido.

A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)

é um modelo amplo que permite compreender os aspectos da relação trabalho e

saúde (SALTYCHEV et al., 2013; GLÄSSEL et al., 2011), e pode auxiliar na RP

favorecendo a comunicação interdisciplinar entre os profissionais de saúde e facilitar

o diálogo com empregadores (FINGER et al., 2014 a,b).

Para atender essa necessidade foi desenvolvido o instrumento WORQ- Work

Rehabilitation Questionnaire (FINGER et al., 2014 a,b) na língua inglesa, baseado no

Core Set breve da CIF para Reabilitação Profissional (RP), conjunto de 13

subcategorias da versão completa (SALTYCHEV et al., 2013; FINGER et al., 2012;

ESCORPIZO, 2011 a,b).

Os autores referem que o Core Set breve para RP é um padrão de referência

para avaliar e descrever os fatores relevantes da funcionalidade do trabalhador,

independente do estado de saúde, ou a definição de reabilitação profissional. Assim,

desenvolveram o WORQ com objetivo de que o instrumento possa ser utilizado por

profissionais de saúde, do trabalho e gestores (FINGER et al., 2014 a,b).

Em adição, os autores complementam que o WORQ foi desenvolvido para ser

aplicado pelo entrevistador e, também em uma versão auto responsiva. Nas duas

versões, as questões têm que permitir fácil entendimento tanto para o entrevistador

quanto para o paciente, além de poder ser aplicável em qualquer cenário de RP

(FINGER et al., 2014 a,b).

O instrumento foi desenvolvimento no idioma inglês, e posteriormente

adaptado culturalmente e testado psicometricamente para confiabilidade e validade

em alemão.

O desenvolvimento do instrumento ocorreu em duas fases, a saber:

Fase 1: Seleção de categorias da CIF para WORQ:

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Inicialmente foram identificadas as 13 categorias do Core Set breve da CIF

para RP para compor o WORQ, das quais 06 se referem a Atividades e Participação;

04 Fatores Ambientais e 03 Funções Corporais.

Em seguida 28 categorias do Core Set completo para RP foram adicionadas

por meio da análise Rasch, sendo 17 categorias de Atividades e Participação, 11

categorias de Funções Corporais. As categorias adicionadas foram baseadas em

estudo anterior do grupo (FINGER et al., 2011), com 152 participantes de diferentes

condições de saúde, no qual o objetivo foi identificar por meio de estudo

multicêntrico as principais categorias para avaliar a funcionalidade do trabalhador

em RP. Nesse estudo foram identificadas 06 categorias para estruturas corporais, 45

para categorias de atividades e participação e 25 categorias para fatores ambientais.

As categorias correspondentes do Core Set completo foram analisadas pelo

método Rasch com objetivo de verificar construto e a dependência entre os itens.

Para análise de conteúdo do item inserido foi considerando o valor de corte de 0,05,

e a relação de dependência dos itens testados considerou-se o valor de corte de 0.3.

As categorias da versão completa do Core Set que se ajustam ao modelo Rasch e

não mostraram dependência com outras categorias foram consideradas como

categorias adicionais.

Finalizando essa etapa, três categorias, 02 categorias de Atividades e

Participação e 01 categoria de Funções do Corpo foram adicionadas por

considerações clínicas considerando a experiência clínica em RP.

Fase 2: redação para as categorias da CIF selecionados:

A primeira seção do WORQ, administrado por entrevista, contém 17

perguntas sobre características sócio demográficas, condições gerais de saúde

relacionadas a RP e questões para avaliar três fatores ambientais identificados. De

tal modo que, nessa etapa do instrumento as questões são referentes a quatro

categorias do ambiente relacionadas ao Core Set breve da CIF para RP, a saber:

e310 - família imediata, e330 - pessoas em posição de autoridade, e580 - serviços

de saúde, e590 - serviços, sistemas e políticas de trabalho e emprego; e 06

categorias de atividades e participação que descrevem sobre educação vocacional

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45

ou formação profissional: d825 - treinamento profissional, d830 - educação superior,

d840 - estágio (preparação para o trabalho), d845 – conseguir, manter e sair de um

emprego, d850 – trabalho remunerado, d855 - trabalho não remunerado.

A seção principal, ou 2ª seção do WORQ que avalia a funcionalidade dos

indivíduos em RP apresenta questões, que foram baseadas em várias fontes que

utilizam a CIF, como por exemplo, WHO Disability Assessment Schedule 2.0

(WHODAS 2.0) e o World Health Survey (WHS), bem como o manual da CIF.

Para responder as questões, na 2ª seção, foi criada uma pergunta de base:

''No geral na semana passada, em que medida você teve problemas com”. Foi

designado um período recordatório de uma semana para garantir que o respondente

fosse capaz de entender o conteúdo avaliado, e ao mesmo tempo conseguisse

avaliar uma alteração derivada do programa de reabilitação no período de 4 a 6

semanas. Para responder as perguntas foi adicionada uma escala visual analógica

(EVA) de valor 0 a 100, no qual zero significa nenhuma dificuldade e cem significa

dificuldade total.

Em seguida os itens foram testados cognitivamente entre dois grupos. Um

grupo composto por 03 especialistas profissionais de saúde e o outro por 02 não

especialistas, que responderam sobre o entendimento das questões, adequação das

- Opções de resposta e adequação da extensão do instrumento.

Adaptação cultural e evidências de validade do WORQ para o idioma alemão

A versão em Inglês do WORQ foi traduzida para o alemão com avaliação

psicométrica inicial em um centro RP de língua alemã, segundo recomendações

sugeridas por Beaton et al., (2000). Para tanto, dois tradutores bilíngues, que tem o

alemão como língua materna, realizaram a tradução da língua inglesa para alemã de

modo independente. O primeiro, formado em fisioterapia conhecia o conceito

avaliado no instrumento, já o segundo, formado em psicologia e comunicação não

apresentava conhecimento sobre o assunto abordado no instrumento. As duas

versões traduzidas foram analisadas e comparadas até um consenso da tradução

final. Nesta etapa, um terceiro profissional bilíngue que tinha conhecimento acerca

do conceito do WORQ, porém não participou como desenvolvedor auxiliou na

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análise consensual das traduções. A versão consensual traduzida foi testada por 03

alemães não especialistas, a partir desta avaliação criou-se a primeira versão em

alemão do WORQ.

A primeira versão do WORQ, em alemão, foi retrotraduzida para o Inglês por

dois tradutores bilíngues independentes. O primeiro foi um tradutor nativo da língua

inglesa que estava ciente do conceito do WORQ. O segundo foi um tradutor

juramentado, nativo da língua alemã que não conhecia o conceito do WORQ.

Nenhum desses profissionais participou das fases anteriores de desenvolvimento.

As retrotraduções foram avaliadas e discutidas por um grupo consistindo de

tradutores que corrigiram discrepâncias por meio de consenso.

A versão alemã do instrumento foi submetida a testes psicométricos em um

estudo realizado no Centro de Reabilitação Profissional na Suíça. Os dados foram

coletados por 04 profissionais terapeutas ocupacionais, 03 conselheiros profissionais

e 02 especialistas em reintegração no trabalho, que realizaram de 5 a 9 entrevistas

cada. Foi eleita uma amostra de conveniência composta de pacientes entre 18 e 65

anos que participavam de um programa de intervenção RP com habilidade oral e

escrita do idioma alemão.

Os pacientes responderam um Formulário de Relato do Caso do Paciente

(CRFP) que continha informações sócio demográficos, informações específicas

sobre trabalho, saúde, funcionalidade, dor. Além disso responderam outros

questionários, como: EuroQol-single (EuroQol -5D), o Short Form 36 (SF-36),

Inventário de Depressão de Beck II (BDI II), e o Questionário de Qualidade de Vida

da OMS (WHOQUOOL BREF).

Inicialmente, os profissionais responsáveis entregavam o CRFP para que os

pacientes respondessem em seguida os profissionais administravam o WORQ. Ao

final de 14 dias, o WORQ foi administrado uma segunda vez por outro profissional

de saúde, fisioterapeuta, que não tinha conhecimento dos resultados da primeira

intervenção com objetivo de avaliar a confiabilidade inter e intra avaliadores.

Foi realizado também o teste para viabilidade e facilidade de interpretação

dos administradores do WORQ com todos os profissionais avaliadores e pacientes

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respondentes que participaram do estudo. Estes responderam a quatro questões

sobre a abrangência e a facilidade de compreensão das perguntas, as opções de

resposta e a extensão do WORQ. Os profissionais avaliadores foram questionados

sobre o valor das informações obtidas com o instrumento e os pacientes foram

perguntados sobre qual o significado das classificações elaboradas para eles.

Participaram do estudo 74 pacientes na primeira entrevista e 52 na segunda,

com intervalo de 14,33 dias (DP ± 1,57) entre as duas. A avaliação de consistência

inter e intra avaliadores apresentou correlação de 0,789. A consistência interna do

WORQ (n = 74) mostrou Alfa Cronbach de 0,883 para a primeira avaliação e Alfa de

Cronbach de 0,887 (n= 52) na segunda avaliação. O tempo necessário para

administrar a primeira entrevista do WORQ foi 25,57 min (DP ± 11,55). O

entendimento do WORQ foi classificado como ''nenhuma dificuldade '' por 89% dos

profissionais e por 92% dos pacientes respondentes. A opção de resposta por meio

da EVA (ESCALA VISUAL ANALÓGICA) foi classificada como ''boa'' por 67% dos

profissionais e por 84% dos pacientes.

A extensão do questionário e o tempo necessário para administrar foram

classificados como ''boa'' por todos os pacientes, mas considerado longo por dois

conselheiros profissionais e um especialista em reintegração no trabalho (33%). Três

profissionais (33%) classificaram como difícil e desafiador avaliar o problema do

paciente com as perguntas 35 e 36.

Com relação à validade os profissionais consideraram o WORQ uma

ferramenta completa para avaliação da funcionalidade em RP, mas relataram que o

instrumento parecia perder fatores contextuais adicionais tais como, descrições do

local de trabalho ou fatores pessoais como estratégias de enfrentamento. Já os

pacientes, em geral, apreciaram a validade, eles relataram que o questionário

permitiu refletir sobre seus problemas diários de funcionalidade que os impedem de

retornar ao trabalho com sucesso.

Em adição foi utilizada a correlação de Spearman para avaliar a validade de

construto entre a pontuação do WORQ, em comparação com o índice EuroQol-

single, BDI-II, SF-36 e o WHOQOOL BREF. A relação mais forte com WORQ foi

com BDI-II com coeficiente de correlação de Spearman moderada (0,511). Já o SF-

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36 apresentou a menor associação, com coeficiente de correlação negativo de -

0,353.

Os autores concluem que o questionário WORQ mostrou-se viável, válido,

confiável e fácil de administrar por profissionais de saúde ou RP para avaliar

funcionalidade no trabalho baseado na CIF. A informação adquirida com a aplicação

do instrumento contribui para melhor compreensão interdisciplinar da situação do

paciente e, portanto, pode subsidiar o planejamento do processo de retorno ou a

inclusão em um novo emprego. No entanto, afirmam que são necessários mais

estudos para verificar a utilização na prática clínica e pesquisas em outras

populações e configurações.

O instrumento já está adaptado culturalmente e validado para o alemão

(BERGAMASCHI et al., 2014; FINGER et al., 2014 a,b), e disponível para download.

Atualmente, as versões auto responsiva completa e breve foram adaptadas

culturalmente na França, China e na Rússia. A partir do feedback recebido dos

pacientes na adaptação cultural de versão auto responsiva para o francês, e dos

testes clínicos da versão alemã do WORQ administrado por entrevista, os autores

relatam a modificação na utilização da escala analógica visual 0-100 para uma

escala numérica 0-10 e a padronização no formato das opções de resposta nas

versões por Entrevista e Auto Relato. Todas as versões traduzidas já estão

disponíveis para download exceto a versão Russa (WORQ, 2017).

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3 OBJETIVOS

Objetivo Geral

Realizar a tradução, adaptação cultural do Questionário para Reabilitação no

Trabalho - WORQ versão aplicada por entrevista e auto relato, e análise da

confiabilidade da versão aplicada por entrevista.

Objetivos Específicos

Traduzir para o português o WORQ versão por entrevista e versão auto

relato.

Realizar a adaptação cultural por analise de comitê de juízes experts e teste

preliminar com público alvo.

Verificar a confiabilidade da versão aplicada por entrevista por meio da

estabilidade, equivalência e consistência interna.

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4 MÉTODOS

O presente estudo foi de caráter transversal (coleta única de dados) e

descritivo, visando à tradução e adaptação cultural do Questionário de Reabilitação

para o Trabalho – WORQ versão aplicada por entrevista e auto relato para a língua

portuguesa do Brasil, seguida dos testes psicométricos para análise de

confiabilidade do instrumento.

A realização do trabalho foi iniciada mediante a autorização dos autores do

instrumento WORQ (FINGER et al., 2014 a,b), que mantém a home page

http://myworq.org/ no qual são disponibilizadas as versões originais e as traduções e

adaptações já conduzidas por grupos de pesquisadores da Alemanha, França,

Rússia, Tailândia. Desde o início do processo de autorização ficou acordado que a

versão brasileira passaria a integrar o site quando finalizada, sendo disponibilizada

gratuitamente aos interessados.

Os procedimentos deste estudo foram divididos em duas fases. A primeira

fase refere-se a tradução e adaptação linguística e cultural do Questionário de

Reabilitação para o Trabalho – WORQ para as versões aplicado por entrevista e

auto relato para a língua portuguesa do Brasil, segundo os pressupostos nacionais e

internacionais, em acordo com as recomendações da Organização Mundial de

Saúde (EPSTEIN et al., 2015 a,b; FERREIRA et al., 2014; RAMADA-RODILLA et al.,

2013; BEATON et al., 2000). E obedeceu às seguintes etapas metodológicas:

autorização dos autores; tradução da escala para a língua portuguesa por dois

tradutores independentes; síntese das traduções realizadas; retrotradução, síntese e

aprovação dos autores; avaliação da versão traduzida por um comitê de juízes

experts; pré-teste versão preliminar; retrotradução da versão final e envio para

autorização dos autores.

Na segunda fase do estudo foram realizados os testes psicométricos para

análise de confiabilidade considerando estabilidade (teste-reteste), equivalência

(inter-observadores) e a consistência interna seguindo as recomendações para

validação de questionários em saúde de Coluci et al., (2015) e Ramada-Rodilla et

al., (2013), conforme esquema apresentado na figura 4. Participaram desta fase 34

trabalhadores com deficiência física, visual e auditiva.

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Fonte: próprio autor

I. Autorização dos autores do instrumento

II. Tradução Inicial para a língua portuguesa do Brasil

Tradução Juramentada

T1

III. Síntese das Traduções

VERSÃO T1-2

Tradução Especialista

T2

Especialista 1 Especialista 3 Especialista 2

IV. Retrotradução, síntese e envio aos autores

Retrotradução RT1 Retrotradução RT2

Síntese Retrotraduções Especialista 1, 2, 3 – VERSÃO RT1-2

APROVAÇÃO AUTORES VERSÃO RT1-2

V. Avaliação Comitê de Juízes Experts

Juiz 1 Juiz 2 Juiz 3 Juiz 4 Juiz 5

VI . Pré –Teste versão preliminar (V1)

VERSÃO PRELIMINAR (V1)

Consenso Juizes e Ajustes literatura

VERSÃO (V2)

VII. Retrotradução (RTV2)

Aprovação Autores

VERSÃO FINAL (V3)

Testes psicométricos - Estudo Piloto

FA

SE

1ª ENTREVISTA

2ª ENTREVISTA

FA

SE

Figura 4 - Resumo esquemático das etapas metodológicas.

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4.1 Procedimentos:

4.1.1 Primeira Fase - Tradução e Adaptação Cultural

I. Autorização dos autores do instrumento:

Foi enviado um pedido de autorização para tradução do instrumento aos

autores do WORQ para RP, e os procedimentos de tradução foram iniciados após o

recebimento da autorização formal.

II. Tradução inicial

Para realização da tradução participaram 02 tradutores bilíngues, nascidos e

Alfabetizados no Brasil, de forma independente. Um tradutor juramentado da língua

inglesa que não possuía conhecimento do conteúdo do instrumento, designado -

versão T1, e outro tradutor especialista com domínio linguístico e cultural da língua

inglesa e do conteúdo do instrumento, designado – versão T2.

III. Síntese das Traduções

Uma comissão formada por três especialistas, professores universitários,

nascidos no Brasil, com domínio do idioma inglês e com conhecimento do estudo

realizaram a análise e síntese das duas traduções (T1 e T2) para corrigir possíveis

discrepâncias, o que resultou na tradução comum designada versão T1-2. Um

relatório detalhado descrevendo as discrepâncias ocorridas e como foram resolvidas

foi elaborado pela comissão.

IV. Retrotradução, síntese e envio aos autores

A versão T1-2 foi encaminhada a dois tradutores bilíngues, nascidos e

Alfabetizados em país de língua igual à da escala original (inglês), tendo domínio

linguístico e cultural da língua inglesa e da língua portuguesa praticada no Brasil.

Ambos sem conhecimento do conteúdo do instrumento, e de modo independente

realizaram a tradução da versão T1-2 para o idioma inglês. O que resultou nas

versões designadas - RT1 e RT2.

A síntese das retrotraduções (RT1 e RT2) foi realizada pelos mesmos

membros da comissão de especialistas participantes da síntese em português. A

comissão comparou as duas retrotraduções com o instrumento original em inglês e

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com a versão T1-2, corrigindo possíveis discrepâncias entre os tradutores, o que

resultou na tradução comum designada versão RT1-2. Um relatório detalhado

descrevendo as discrepâncias ocorridas e como foram resolvidas foi elaborado pela

comissão e enviado aos autores para aprovação.

V. Avaliação do Comitê de Juízes Experts

O Comitê de Juízes Experts foi composto por cinco professores universitários,

doutores, sendo um tradutor especialista que participou da primeira etapa do

processo de tradução; um com experiência na área de construção e validação de

instrumentos de medida; um com experiência em Reabilitação Profissional; um com

experiência no Modelo de Classificação Internacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde (CIF); e um com experiência clínica na CIF.

Os juízes que aceitaram participar receberam por meio eletrônico as

orientações gerais para análise; as duas versões originais em inglês do instrumento;

a versão T1-2 e duas fichas de avaliação, uma para análise do WORQ Administrado

por Entrevista e outra para a análise do WORQ Auto Relato.

A ficha de avaliação para versão WORQ Administrado por entrevista foi a

mais completa. A ficha de avaliação para versão WORQ Auto Relato contém apenas

os itens modificados da versão Administrado por Entrevista, a saber: título;

instruções de preenchimento da parte 1 e 2; posição da escala de avaliação na parte

2 e formatação da opção de resposta das questões 41 e 42. Diante disto, os juízes

foram orientados a iniciar a avaliação pela versão WORQ Administrado por

entrevista.

O modelo de avaliação seguiu os pressupostos de Beaton et al., (2000). De

tal modo que para cada item do instrumento os juízes foram orientados a assinalar

entre as opções discordo ou concordo considerando os seguintes itens:

(1) equivalência semântica – avaliar se as palavras apresentam o mesmo

significado, se o item apresenta mais de um significado e se existem erros

gramaticais na tradução;

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(2) equivalência idiomática – avaliar se os itens de difícil tradução do

instrumento original foram adaptados por uma expressão equivalente que não tenha

mudado o significado cultural do item;

(3) equivalência experiencial – avaliar se determinado item de um instrumento

é aplicável na nova cultura e, em caso negativo, substituir por algum item

equivalente;

(4) equivalência conceitual – avaliar se determinado termo ou expressão,

mesmo que traduzido adequadamente, avalia o mesmo aspecto em diferentes

culturas.

Foi solicitado que assinalando a opção discordo em qualquer um dos itens, o

juiz deveria sugerir de modo objetivo uma proposta de alteração.

As fichas preenchidas foram devolvidas após quinze dias. Os dados foram

analisados considerando o grau de concordância entre os juízes especialistas por

meio da análise empírica qualitativa da taxa de concordância (COLUCI et al., 2015;

PASQUALI, 2003), no qual é realizado um cálculo simples da porcentagem de

concordância por meio da divisão entre o número de participantes que concordam

com o item pelo total de participantes multiplicado por cem. Foi considerado como

uma taxa aceitável de concordância quando os valores alcançados fossem iguais ou

maiores que de 90%.

Para os itens cujo resultado da taxa de concordância foi inferior a 90% foi

realizada a comparação das sugestões dos juízes com a literatura da área de

reabilitação profissional e realizados os ajustes. O que resultou na primeira versão

brasileira do instrumento (V1).

Esta primeira versão do instrumento (V1) foi encaminhada aos juízes para

verificação e concordância final. Nesta avaliação a taxa de concordância foi total.

VI. Pré-Teste Versão Preliminar

A versão preliminar (V1) foi testada em um grupo de possíveis usuários com

objetivo de verificar a compreensão do público alvo. Foram convidados a participar

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desta etapa 20 PcD, de ambos os sexos, com idade igual ou maior que 18 anos,

com habilidade de leitura e escrita, com deficiência física e múltipla enquadrados

pela lei de cotas (8.213/91) de uma instituição de ensino da cidade de São Paulo

(Anexo 1). Foi critério de exclusão nessa etapa funcionários com deficiência auditiva,

visual e intelectual.

Após receberem as informações sobre o estudo, apenas 14 funcionários PcD

preencheram os critérios de inclusão e concordaram em participar assinando o

TCLE (Anexo 2).

Os participantes receberam as orientações sobre o preenchimento dos

instrumentos e, foi solicitado que no final respondessem sobre a compreensão

assinalando compreensível e não compreensível para a formulação das instruções

de preenchimento, as perguntas e as opções de resposta das duas versões do

instrumento. Foi solicitado que fizessem sugestões para alterações quando

assinalassem a opção não compreensível, e de que poderiam solicitar

esclarecimentos em qualquer momento durante o preenchimento. O tempo de

duração do preenchimento foi anotado nos dois grupos.

A coleta foi realizada em horário e local agendado na própria instituição e foi

realizada em um único dia. Os participantes foram divididos por sorteio em dois

grupos. O grupo 1 respondeu a versão brasileira do WORQ Aplicado por Entrevista

e o grupo 2 respondeu a versão brasileira do WORQ Auto Relato.

No grupo 1 a entrevista foi aplicada pelo pesquisador que marcou o tempo de

duração da entrevista e as dificuldades observadas. No grupo 2 as orientações

foram passadas pelo pesquisador e um auxiliar de pesquisa marcava o tempo de

duração do preenchimento e observava as dificuldades.

Para os itens no qual observou-se dificuldades foi realizada a ponderação e

as modificações necessárias foram realizadas. O que resultou na versão brasileira

do instrumento - V2.

VII. Retrotradução da Versão Final

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A versão 2 foi retrotraduzida por uma professora universitária, doutora,

brasileira, com domínio linguístico do idioma inglês, sem conhecimento do conteúdo

do instrumento realizou a retrotradução. A versão brasileira traduzida - V2 para o

inglês foi encaminhada junto com relatório detalhado das modificações necessárias

aos autores para conhecimento e aprovação o que resultou na versão final,

designada V3.

4.1.2 Segunda Fase – Testes Psicométricos

Após aprovação dos autores foi realizado estudo piloto com objetivo de

verificar a confiabilidade da versão brasileira do WORQ administrado por entrevista

no período de abril a maio de 2017.

Seguindo orientações de Coluci et al., (2015), Alexandre et al., (2013) e

Ramada-Rodilla et al., (2013) foram realizados testes para verificar confiabilidade do

instrumento por meio da análise de consistência interna, estabilidade e a

equivalência. A consistência interna foi realizada para verificar a homogeneidade

entre as medidas dos itens para o mesmo conceito. O teste de estabilidade, também

denominado confiabilidade teste-reteste foi realizada com objetivo de verificar a

consistência da medida ao longo do tempo e o quanto os itens são representativos

independentes de fatores externos. A equivalência, também denominada

concordância inter-avaliadores foi realizada com objetivo de verificar a concordância

entre observadores que utilizam um mesmo instrumento de medida.

4.1.2.1Participantes e Coleta de Dados

Participaram desta fase 34 funcionários com deficiência enquadrados pela Lei

de Cotas (8.213/91), com deficiência física, múltipla, auditiva e visual, de ambos os

sexos, com idade igual ou maior que 18 anos, de uma instituição de ensino da

cidade de São Paulo. Foi considerado critério de exclusão ter participado da primeira

fase do estudo (pré-teste versão preliminar) e aqueles que apresentavam deficiência

intelectual.

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A instituição de ensino na qual foi realizado o teste apresenta 2.608

funcionários e, portanto, devem designar 5% de vagas às pessoas com deficiência,

o que corresponde a aproximadamente 130 vagas. No momento da coleta 66 vagas

estavam preenchidas.

Para a primeira entrevista foram convidados por meio eletrônico 46

colaboradores PcD, considerando os critérios de exclusão. Destes apenas 34

responderam ao convite, e em dia e horário marcado foram entrevistados pela

pesquisadora, no próprio local de trabalho em três dias consecutivos. Os

participantes responderam uma ficha para caracterização da amostra e a versão

brasileira do WORQ Aplicado por Entrevista. Os dados foram tabulados para análise

de consistência interna.

Após 15 dias da primeira entrevista os 34 participantes foram contatados para

agendamento da segunda entrevista. Destas apenas 20 responderam ao convite.

Após agendamento, os participantes foram divididos em dois grupos. Um grupo, com

10 participantes, foi entrevistado pela pesquisadora, com objetivo de analisar a

estabilidade (teste-reteste) da medida. O segundo grupo, com 10 participantes, foi

entrevistado por outra pesquisadora, fisioterapeuta, mestre com especialidade em

saúde funcional, que não teve contato com a população da amostra em nenhuma

parte do estudo, com objetivo de analisar a equivalência (inter-observadores). As

entrevistas foram realizadas em um único dia, no próprio local de trabalho.

4.2 Análise dos dados: Para caracterização da amostra foi realizada análise descritiva contendo as

medidas de média, mediana, desvio padrão (DP), coeficiente de variabilidade (CV),

porcentagem, quartis, valores mínimo e máximo e intervalo de confiança (IC) de

95%.

A consistência interna dos itens do instrumento foi testada por meio do cálculo

de Alfa de Cronbach (α), medida estatística que verifica quanto cada questão de um

teste mensura o mesmo construto ou a mesma dimensão em relação aos restantes

das questões. A consistência interna pode variar de 0 - nenhuma consistência

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interna para 1 - consistência interna perfeita (FINGER et al., 2014 a,b). Segundo

estudo de revisão de Ramada-Rodilla et al., (2013) a consistência interna maior ou

igual a 0,70 é considerada aceitável. Em complemento, Alexandre et al., (2013)

referem que valores de Alfa acima de 0,80 são considerados boa consistência e

valores maiores que 0,90 são considerados excelentes. Nesse estudo o cálculo do

Alfa de Cronbach foi realizado com os dados coletados da seção principal do

instrumento (40 itens) na primeira entrevista agrupados em duas dimensões, a

saber: a) estrutura e funções do corpo; b) atividade e participação e foi considerado

valor de α ≥ 0,80.

Para análise da estabilidade (teste-reteste) e da equivalência (inter –

observadores) foi verificado o grau de correlação entre as medidas da primeira e da

segunda entrevista por meio do cálculo do Coeficiente de Correlação Intra Classe

(CCI). Segundo Alexandre et al., (2013) estudos com instrumentos de medidas para

personalidade, interesse e atitude os valores considerados como boa confiabilidade

para CCI pode variar entre 0,70 a 0,90 (MIOT, 2016). Nesse estudo adotou-se valor

≥ 0,80.

Em complemento para análise de significância estatística das medidas

quantitativas utilizou-se o Teste T-Student Pareado para comparar a igualdade de

duas médias. O intervalo de confiança construído ao longo das análises foi de 95%

de confiança estatística e o nível de significância adotado foi de 0,05 (5%). Utilizou-

se para análise estatística os softwares SPSS V20, Minitab 16 e Excel Office 2010.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo serão apresentados por etapas de

desenvolvimento. A primeira etapa consiste na Tradução e Adaptação Cultural

realizada no período de outubro de 2015 a novembro 2016. A segunda etapa

consiste nos Testes Psicométricos realizado no período de fevereiro a maio de 2017.

O Projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa com

Seres Humanos da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e aprovado sob o nº

CAAE - 54515215.3.0000.0084 (Anexo 3).

Tradução e Adaptação Cultural

Os procedimentos de tradução foram iniciados após o recebimento da

autorização formal dos autores para realização do estudo (Anexo 4). Nesta etapa, a

amostra foi composta de 05 tradutores, 03 especialistas, 05 juízes experts e 14

trabalhadores com deficiência.

O estudo integra duas traduções independentes para língua portuguesa do

WORQ. A primeira foi realizada por tradutor juramentado designada T1, a segunda

realizada por tradutor especialista na área de reabilitação designada T2 e a síntese

consensual das traduções T1.2 por três especialistas.

Tais procedimentos seguem as revisões nacionais e internacionais que

recomendam realizar duas traduções cegas e com tradutores com domínios

diferentes. Espera-se que o tradutor com conhecimento do estudo e domínio do

conteúdo apresente uma tradução com adaptações clínicas condizentes com o

idioma original (TSANG et al., 2017; FERREIRA et al., 2014; RAMADA-RODILLA et

al., 2013, BEATON et al., 2000).

As duas traduções (T1 e T2) foram entregues ao pesquisador que

encaminhou para análise da comissão de especialistas, formada por três

professores universitários, brasileiros, com conhecimento da língua original do

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instrumento (inglês), a saber: um fisioterapeuta, mestre; o outro fisioterapeuta,

doutor; e outro pedagogo, doutor.

A importância da síntese das traduções é um consenso na literatura

(FERREIRA et al., 2014; RAMADA-RODILLA et al., 2013). No entanto, a composição

da equipe que realizará a síntese não encontra concordância em estudos de revisão

e clínicos (CHAVES et al., 2017; TSANG et al., 2017; MOREIRA et al., 2015;

ARAÚJO et al., 2014; FERREIRA et al., 2014; RAMADA-RODILLA et al., 2013;

AMARAL et al., 2011; HIRATUKA et al., 2010).

A opção neste estudo por uma comissão de especialistas bilíngues, com

domínio do objetivo e conteúdo do instrumento, teve a finalidade de garantir uma

tradução consensual sem discrepâncias. Houve prudência para não produzir

traduções que alterassem o conteúdo do instrumento. Por essa razão, os

especialistas foram pesquisadores envolvidos no projeto (BORSA et al., 2012), que

não participaram das traduções e, apresentavam condições para eliminar qualquer

dúvida entre as traduções (TSANG et al., 2017; RAMADA-RODILLA et al., 2013).

Os três especialistas reuniram-se por 3 horas para realizar a síntese das

traduções. Inicialmente, realizaram leitura individual das três versões e, concluíram

que as versões estavam semelhantes. Além disso, a versão T1, tradução

juramentada, apresentava aspectos literais da versão original e, a versão T2

continha ajustes gramaticais e de interpretação que suscitavam adaptação cultural.

Após essa primeira análise, os especialistas passaram a analisar item por item de T1

e T2. Em momentos de divergência, os especialistas consultavam a versão original

em inglês (TSANG et al., 2017; RAMADA-RODILLA et al., 2013).

Após análises, os especialistas optaram por adotar a tradução mais próxima

ao idioma original corrigindo apenas diferenças gramaticais. Isso por estarem

cientes de que esta etapa consistia apenas na tradução do instrumento para a língua

portuguesa do Brasil e, que as divergências culturais deveriam ser avaliadas pelo

comitê de juízes experts (BEATON et al., 2000).

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61

Dos 18 ajustes realizados no total, oito foram processados na parte 1 e dez

na parte 2 com modificações relacionadas à adequação gramatical.

Preferencialmente, adotou-se a tradução T1 - juramentada em relação a tradução T2

– especialista. Este resultado era esperado, conforme mencionado anteriormente, já

que a tradução do especialista tende a apresentar maior semelhança conceitual com

o documento original. Deste modo, o tradutor não especialista apresenta menor

probabilidade de desvios no significado dos itens, o que produz uma versão mais

literal do idioma original.

Um relatório detalhado desta etapa (MIURA et al., 2010; BEATON et al.,

2007) que deu origem a versão T1.2 foi realizado conforme sumarizado na tabela

1.

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62

Tabela 1- Ajustes de divergências após análise da comissão especialistas das traduções T1 e T2 que resultaram em síntese T1.2

Questões Tradução T1 Tradução T2 T1.2

PARTE 1 – Informações Sócio demográficas e antecedentes

Título Questionário de Reabilitação de Trabalho Questionário de Reabilitação do Trabalho Questionário de Reabilitação no Trabalho

Instruções Iniciais

O Questionário de Reabilitação de Trabalho..... Na parte 1... ... situação de trabalho e reabilitação profissional.

O Questionário de Reabilitação do Trabalho... Na primeira parte... ... situação de trabalho e reabilitação vocacional.

O Questionário de Reabilitação no Trabalho... Na primeira parte... ... situação de trabalho e reabilitação vocacional.

Questão 3 - Opções de resposta

Nunca casou Casado Separado Divorciado Viúvo Coabitando/vivendo com alguém

Nunca casou Casado Separado Divorciado Viúvo Coabitando

Nunca casou Casado Separado Divorciado Viúvo Coabitando/vivendo com alguém

Questão 4 Qual dos seguintes melhor descreve a sua situação de trabalho atual, ou se no momento não estiver trabalhando, a sua última situação de trabalho?

Qual dos itens a seguir melhor descreve seu estado de trabalho atual, ou se no momento não estiver trabalhando, qual melhor representa sua última situação de trabalho?

Qual dos itens a seguir melhor descreve seu estado de trabalho atual, ou se no momento não estiver trabalhando, o que melhor representa sua última situação de trabalho?

Questão 5 - Opções de resposta

Tempo integral Temporário Plantão Modificado ou leve

Tempo integral Meio período Modificado

Tempo integral Meio período Modificado ou leve

Questão 11 Se uma mudança de trabalho for planejada, qual trabalho futuro você está buscando?

Caso esteja planejando trocar de trabalho, qual trabalho você está almejando?

Caso esteja planejando trocar de trabalho, qual trabalho você está almejando?

Questão 16 - Opções de resposta

Sim Não Não empregado

Sim Não Não aplicável

Sim Não Não empregado

Questão 17

Fora de seu trabalho atual ou programa de reabilitação vocacional, você obtém o apoio de que necessita do governo ou de agências privadas de emprego para encontrar trabalho adequado, ou para procurar trabalho

Desconsiderando seu trabalho atual ou programa de reabilitação vocacional, você recebe suporte que necessita do governo ou agência privada de emprego para encontrar trabalho, ou procurar trabalho diferenciado?

Desconsiderando seu trabalho atual ou programa de reabilitação vocacional, você recebe suporte que necessita do governo ou agência privada de emprego para encontrar trabalho, ou procurar trabalho diferente?

(continua)

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63

diferente?

PARTE 2 – SEÇÃO PRINCIPAL

Instruções inicias

Quando pergunto sobre problemas, eu gostaria que você considerasse qual é a extensão dos problemas que você teve, em média, na semana passada. Por problema, quero dizer que requer de você esforço maior para fazer a atividade, que você tem desconforto ou dor, ou que fazer a atividade é mais lento do que o normal, por exemplo. Mesmo se você não tiver nenhum problema em certas funções ou atividades, é necessário que eu lhe faça todas as perguntas para totalizar. INSTRUÇÃO PARA O ENTREVISTADOR: POR FAVOR MOSTRE A ESCALA PARA RESPONDENTE Com base na escala abaixo, por favor avalie seu nível de problema na semana passada para cada questão a partir 0 = sem problema até 100 = total problema. Você está autorizado a avaliar o seu problema utilizando qualquer número de 0 e 100. Quanto maior o número que você der, maior o problema que você sente para essa pergunta. Você pode olhar para a escala de 0-100 novamente se precisar para refrescar a sua mente sobre a forma de responder à pergunta. Se você acha que alguma questão não é aplicável a você, você pode escolher

Quando eu perguntar sobre problemas, eu gostaria que você considerasse qual a extensão do problema (em média) que você teve na semana passada. Por problema, como exemplo eu quero dizer a necessidade de realizar a atividade com maior esforço, apresentando desconforto ou dor, ou realizar a atividade mais devagar do que o habitual.

Mesmo se você não apresentar qualquer problema em certas funções ou atividades, é necessário que eu faça todas as perguntas até o final. INSTRUÇÃO PARA O ENTREVISTADOR: POR FAVOR, MOSTRE A ESCALA PARA O ENTREVISTADO Com base na escala abaixo, por favor avalie seu nível de problema na semana passada para cada questão considerando 0 = sem problema até 100 = com problema. Você tem a liberdade de avaliar seu problema utilizando qualquer número entre 0 e 100. Quanto maior o número que você der, maior será o problema vivenciado na questão. Você pode olhar novamente para a escala de 0-100 de você precisar rever sua opinião em como responder à pergunta. Caso você pense que a questão não é aplicável em seu caso, você pode

Quando eu perguntar sobre problemas, eu gostaria que você considerasse qual a extensão dos problemas que você teve, em média, na semana passada. Por problema, eu quero dizer a necessidade de realizar a atividade com maior esforço, apresentando desconforto ou dor, ou realizar a atividade mais devagar do que o habitual, por exemplo. Mesmo se você não vivenciar nenhum problema em certas funções ou atividades, é necessário que eu faça todas as perguntas até o final. INSTRUÇÃO PARA O ENTREVISTADOR: POR FAVOR, MOSTRE A ESCALA PARA O RESPONDENTE Com base na escala abaixo, por favor avalie seu nível de problema na semana passada para cada questão considerando 0 = sem problema até 100 = problema total. Você tem a liberdade de avaliar seu problema utilizando qualquer número entre 0 e 100. Quanto maior o número que você der, maior será o problema vivenciado na questão. Você pode olhar novamente para a escala de 0-100 de você precisar refrescar a sua mente em como responder a pergunta. Se você acha que alguma questão não é aplicável a você, você pode escolher “Não aplicável”.

(continuação)

(continua)

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“Não aplicável”. optar pelo item

Enunciado da Questão - Opções de resposta

Sem problema Total problema Não aplicável

Sem problemas Com problemas Não aplicável

Sem problema Problema total Não aplicável

Questão 4 ...suas atividades diárias habituais, porque você se sentiu triste ou deprimido?

...suas atividades diárias por causa desse sentir triste ou deprimido?

...suas atividades diárias habituais, porque você se sentiu triste ou deprimido?

Questão 5 ...suas atividades diárias habituais, porque você se sentiu preocupado ou ancioso?

... suas atividades diárias por causa de se sentir preocupado ou ancioso?

...suas atividades diárias habituais, porque você se sentiu preocupado ou ancioso?

Questão 6 ...sendo irritável? ...se sentir irritado? ...sentir-se irritado

Questão 13 ...dores no corpo ou sofrimento físico ...dores ou sofrimentos físicos ...dores ou sofrimento físico

Questão 21 ... iniciar e completar uma única tarefa, como arrumar a cama ou limpar sua mesa ou local de trabalho?

... iniciar e finalizar uma tarefa simples como fazer sua cama ou arrumar sua mesa ou local de trabalho?

... iniciar e finalizar uma tarefa simples como fazer sua cama ou limpar sua mesa ou local de trabalho?

Questão 40 ...ver e reconhecer uma pessoa que você conhece do outro lado da rua (distância de aproximadamente 20 metros ou 66 pés)?

...ver e reconhecer uma pessoa que você conhece do outro lado da rua (distância de aproximadamente 20 metros)?

...ver e reconhecer uma pessoa que você conhece do outro lado da rua (distância de aproximadamente 20 metros ou 66 pés)?

Questão 41 ...na parte da manhã para se levantar e ficar pronto (lavado, vestido, tomar café da manhã) para sair de casa?

...levantar de manhã e ficar pronto (lavar, vestir, tomar café da manhã) para sair de casa?

,..pela manhã levantar e ficar pronto (lavado, vestido, tomar café da manhã) para sair de casa?

Questão 42 ...para fazer todas as coisas necessárias durante a semana toda para a sua saúde, tais como participar de terapia, ou consultas médicas, ou fazer seus exercícios?

...fazer todas as coisas necessárias durante toda a semana para sua saúde, como frequentar terapia, consulta médica ou fazer exercícios?

...fazer todas as coisas necessárias durante toda a semana para sua saúde, como frequentar terapia, consulta médica ou fazer seus exercícios?

(continua)

(continuação)

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A versão T1.2 foi encaminhada a dois tradutores bilíngues para realização

das retrotraduções, cujos resultados constituíram às versões RT1 e RT2. Adotou-se

o mesmo procedimento realizado na primeira parte do estudo de traduções inglês-

português. A comissão concluiu que as versões estavam semelhantes, como

aconteceu nas traduções para o português. Assim, optou-se pela retrotradução que

mais se aproximou da versão original em inglês e, resultou na tradução comum

designada versão RT1.2.

A etapa de retrotradução tem como objetivo verificar se a versão traduzida

assegura o conteúdo da versão original, sem risco de uma interpretação

inadequada, com garantia de qualidade a adaptação cultural (FERREIRA et al.,

2014; MIURA et al., 2010). Contudo, estudos recentes de Epstein et al., (2015 a,b)

apresentaram evidências de que não há necessidade de retrotradução em função

das barreiras entre os idiomas. Eles referem que um comitê de experts com domínio

da língua original do instrumento pode suprimir a retrotradução, principalmente,

quando o autor da versão original não apresenta domínio da língua alvo.

A comunicação com os autores ocorreu em todas as etapas por meio

eletrônico, acompanhada de relatório detalhado das sínteses retrotraduzidas. Esta

interlocução foi fundamental para garantir que as traduções contemplassem o

conceito da versão original (BORSA et al., 2012), uma vez que o instrumento foi

recentemente desenvolvido e, até o momento, a única referência internacional

refere-se ao artigo e ao capítulo do livro que trata do desenvolvimento e evidências

psicométricas do WORQ (FINGER et al., 2014 a,b).

A versão RT1-2 foi encaminhada aos autores que aprovaram a tradução e

solicitaram que a escala de zero a 100 fosse alterada para zero a 10. Argumentou-

se que os estudos de tradução e adaptação cultural em outros países

recomendaram essa mudança.

A versão T1-2 foi atualizada conforme solicitado e seguiu para análise da

comissão de juízes experts. Os critérios utilizados para a seleção dos cinco juízes

foram: ter experiência profissional e científica na área de deficiência, reabilitação,

construção e validação de instrumentos de medida, Classificação Internacional de

Funcionalidade, Incapacidade e Saúde e possuir título de doutor (REIS, 2015). Para

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66

amenizar o viés regional, um dos juízes foi de outro estado brasileiro (CASSEP-

BORGES, BALBINOTTI, TEODORO; 2011).

Os juízes receberam por meio eletrônico as orientações e materiais para

realização da avaliação (BEATON et al., 2000). O objetivo desta etapa foi a

consolidação do construto da versão traduzida, e os juízes foram orientados a

avaliar a adequação dos itens levando em consideração o público ao qual o

instrumento está destinado. Após quinze dias as fichas preenchidas foram

devolvidas.

A ficha de avaliação para os juízes experts continha 82 itens. Os dados

coletados foram tabulados e realizado o cálculo da Taxa de Concordância em cada

um dos modelos do instrumento (COLUCI et al., 2015; PASQUALI, 2003) utilizando

análise empírico qualitativa de acordo com a fórmula abaixo:

Taxa de Concordância = número respostas CONCORDO X 100

número total de juízes

Inicialmente, foi realizado o cálculo da TC cada um dos itens referente às

equivalências semântica, idiomática, experiencial e conceitual (BEATON et al., 2000)

das duas versões do WORQ. Na sequência foi calculada a média das taxas de

concordância para cada área de equivalência para cada juiz e, a TC média de cada

equivalência. Os resultados da versão Administrado por Entrevista são apresentados

na tabela 2 e o resultado para versão Auto Relato são apresentados na tabela 3. Foi

considerado como uma taxa aceitável de concordância quando os valores

alcançados fossem iguais ou maiores que de 90% (COLUCI et al., 2015).

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Tabela 2 - Taxa de Concordância do Modelo Aplicado por Entrevista de cada um dos juízes

quanto as equivalências avaliadas e valores médios da taxa de concordância (TC) por

equivalência.

Juízes Semântica Idiomática Experencial Conceitual

Juiz 1

Juiz 2

Juiz 3

Juiz 4

Juiz 5

Média da Taxa

de

Concordância

92,7%

95,1%

96,3%

96,3%

96,3%

95,4%

87,8%

85,3%

82,9%

81,7%

92,7%

86,1%

100%

100%

100%

100%

97,5%

99,3%

98,8%

100%

96,3%

100%

100%

99,%

Tabela 3 - Taxa de Concordância do Modelo Auto Relato de cada um dos juízes quanto as equivalências avaliadas e valores médios da taxa de concordância (TC) por equivalência.

Juízes Semântica Idiomática Experencial Conceitual

Juiz 1

Juiz 2

Juiz 3

Juiz 4

Juiz 5

Média da Taxa

de

Concordância

92,7%

95,1%

96,3%

96,3%

96,3%

95,4%

92,7%

85,3%

82,9%

82,9%

92,7%

87,3%

100%

100%

100%

100%

97,5%

99,3%

98,8%

100%

96,3%

100%

100%

99,%

Nas duas versões do instrumento, a TC foi < 90% para a equivalência

Idiomática. Foi realizada revisão de literatura (SCHUSTER, MCCASKEY, ETTLIN,

2013; VIANA et al., 2012) na área de reabilitação profissional para adequação dos

termos ou expressões dos itens cujo resultado da taxa de concordância mostraram-

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se inferiores a 90% e, para aqueles cujas sugestões eram pertinentes. Deste modo,

foram realizadas alterações nas construções das frases e adicionados pronomes,

preposições, verbos de ligação, pontuação como palavras essenciais para

adequação ao idioma falado no Brasil (AZEVEDO-SANTOS et al., 2017; REIS et al.,

2015; ARAÚJO et al., 2014).

Como exemplo, os ajustes gramaticais aplicados no título do questionário. Na

versão em inglês, considera-se o título Work Rehabilitation Questionnaire, pois a

língua inglesa não faz uso de elementos de ligação. Já na língua portuguesa, a

tradução literal do idioma não seria compreendida sem os mesmos, sendo

necessário inserir as palavras “de” e “para o” no título Questionário de Reabilitação

para o Trabalho.

Igualmente, as principais alterações para equivalência idiomática requisitaram

revisão de literatura. Na parte 1, no enunciado da questão nº 04 e questão nº 5, para

expressão work status. A versão T1.2 apresentava duas opções diferentes para

referir-se a expressão. Na questão nº 04, baseados nas opções de resposta, os

juízes entenderam que a pergunta abordava as características do tipo de vínculo

com o trabalho, o que na linguagem brasileira, normalmente é perguntado como

situação ou condição. Para a questão nº 05 a expressão referia-se à quantidade de

horas trabalhadas.

Diante da falta de consenso, realizou-se uma busca sobre o regime de

trabalho e contratação das pessoas com Deficiência (PcD). Etchalus (2014) em uma

revisão na Constituição Federal Brasileira sobre a Consolidação das Leis do

Trabalho (CLT) - decreto-lei 5.452/43 para contratação de profissionais com

deficiência referente ao regime de tempo diferenciado, e a contratação com base

na lei de Cotas (lei 8.213/91 e decreto 3.298/99) menciona trechos da lei:

[...] das normas de proteção às pessoas com deficiência, e que asseguram a efetiva integração social dos portadores de deficiência, não vedam a contratação de pessoas com deficiência em jornada inferior a jornada máxima legal (8 horas diárias e 44 horas semanais) [...] há expressa referência no artigo 35 e § 2º do decreto 3.298/99, que o processo de contratação poderá levar em consideração a adoção de procedimentos e apoios especiais, inclusive condições especiais de contratação, tais como, jornada variável, horário flexível, proporcionalidade de salário, ambiente adequado às suas especificidades, dentre outros [...]

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Com base na legislação vigente no Brasil, optou-se por adotar o termo

situação de trabalho na questão nº 04. Para o enunciado da questão nº 05 o termo

foi substituído por jornada de trabalho, que refere exatamente sobre horas

trabalhadas no dia. Ainda, com base na legislação alterou-se uma das opções de

resposta da questão nº 05. A opção de resposta apresentado na versão T1.2

como tradução do original em inglês “On modified or light duty” foi modificado ou

leve. A legislação brasileira descreve essa opção de jornada de trabalho para os

PcD como jornada variável, horário flexível.

As questões nº 07, nº 09, e nº 10 foram adaptados à cultura brasileira por

referirem-se ao nível de escolaridade e as atividades profissionais (áreas de

trabalho e terapêuticas).

Outra alteração importante na parte 01 do instrumento refere-se à questão

de nº 14: Que tipo de trabalho ou intervenção profissional você recebe no

momento? (Liste tudo que você sabe) (Por ex., treinamento físico, treinamento

cognitivo, gestão de caso, treinamento profissional...). Neste item não houve

consenso entre os juízes, três deles disseram não conhecer essa modalidade de

atuação no Brasil o que resultou em taxa de concordância para equivalência

idiomática de 40%, considerada baixa.

Foi realizada uma busca pela expressão em inglês case management nos

descritores em saúde da Bireme (Biblioteca Virtual em Saúde), cujo descritor

correspondente em português é Administração de Casos. O termo refere-se a:

[...] um termo tradicional para todas as atividades que um médico ou outro profissional de saúde, normalmente, executa para assegurar a coordenação dos serviços médicos exigidos por um paciente. Ele também, quando utilizado em relação ao cuidado gerenciado, abrange todas as atividades de avaliação do paciente, planejamento de tratamento, encaminhamento e acompanhamento para que o cuidado seja contínuo e abrangente e o pagamento do cuidado seja obtido [...]

O comitê internacional de certificação em cuidados de saúde de Nova Jersey

refere que administração de casos é uma especialidade dentro da profissão de

saúde e serviços humanos. Caracterizado como um processo colaborativo que

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avalia, planeja, programa, coordena, monitora as opções e serviços necessários

para atender às necessidades de saúde e serviço humano do paciente. Tem como

objetivo facilitar a obtenção de bem-estar e autonomia do paciente por meio da

conexão entre os clientes, fornecedores e recursos adequados ao longo do

tratamento, assegurando simultaneamente que os cuidados prestados serão

seguros, eficazes, de qualidade e com custos efetivos (CMS, 2017).

Um serviço similar no Brasil é a orientação profissional e de carreira, definido

por Lassance et al., (2007) como uma prática essencialmente voltada ao público

adolescente com objetivo de auxiliar na escolha profissional. No entanto, os autores

relatam, que a exemplo do que acontece em outros países, a orientação e

acompanhamento profissional devem ser ampliados para adultos inseridos ou não

no trabalho, pré-aposentados, pessoas com deficiência entre outros.

Maeno e Vilela (2010) descrevem a figura do orientador profissional na

Reabilitação Profissional no Brasil, a partir de 2001, como responsável pela

recolocação dos trabalhadores substituindo o papel antes exercido pela equipe de

reabilitação profissional. O serviço está ligado a Previdência Social e, mantém o foco

na redução de despesas com benefícios (MAENO, VILELA, 2010), porém falta

treinamento e especificidade para profissionais executarem essa abordagem

(LASSANCE et al., 2007).

Com base nestes argumentos, reconheceu-se que o serviço de orientação

profissional era similar a função de gestor de caso e, optou-se por alterar no

instrumento para administração de caso, de acordo com os descritores em saúde.

Na Parte 2 dos instrumentos, os ajustes mais relevantes referem-se às

questões 26, 29, 32 e 40. Na questão 26 a expressão telecommunication device foi

traduzida como dispositivos de telecomunicação. Os juízes consideraram o termo

pouco explicativo. Assim, após busca e revisão encontrou-se que o termo

telecomunicação designa o ato de se comunicar à distância. São exemplos de

telecomunicações: o telefone, os telefones portáteis (telemóvel), a televisão, o rádio,

o computador, a telegrafia, o semáforo ótico, entre outros (FERREIRA, 2010). A

partir destes dados substituiu-se a expressão por telefone fixo e móvel, rádio e

computadores.

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Nas questões 29 e 40 ocorreram ajustes idiomáticos, como por exemplo, a

expressão [...objects using the hand, fingers and thumb?..] que foi traduzida como

manusear objetos usando a mão, dedos e o polegar. Na cultura brasileira, o

polegar é considerado um dos dedos da mão e não costuma ser separado, como

usualmente mencionado em inglês. A expressão de medida [...or 66 feet...] não é

uma medida utilizada na cultura brasileira.

A questão 32 [...Moving around including, crawling, climbing and running?...]

foi modificada pois a palavra climbing tem significado na língua portuguesa de subir,

e não costuma vir desacompanhada de um substantivo. Assim, adicionou-se a

expressão subir e descer escadas e, a palavra crawling foi traduzida como arrastar.

Por fim, estabeleceu-se uma nova versão, designada por V1, a partir das

alterações e substituição da versão T1-2, dos dois instrumentos. Estas foram

reenviadas aos juízes para reavaliação, acompanhadas de um relatório contendo

os resultados das Taxas de Concordância e as explicações que embasaram a nova

versão, conforme mencionado acima. Todos os juízes concordaram totalmente

com as modificações e a V1 seguiu para teste no público alvo.

A versão 1 (V1) dos dois instrumentos foi testada preliminarmente em uma

amostra de conveniência composta por 14 PcD, de ambos os sexos, com idade

média de 45,35 (DP±13,86), funcionários de uma instituição de ensino superior da

cidade de São Paulo enquadrados pela lei de cotas (8.213/91) por um período médio

10,3 (DP±7,8). Em relação aos cargos, 10 de auxiliar administrativo e 04 em cargo

técnico administrativo. A tabela 4 apresenta características sócio demográficas da

amostra.

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Tabela 4 - Características sócio demográficas da amostra (n=14).

Variáveis N %

Sexo

Masculino Feminino

09 05

64,3 35,7

Estado Civil

Casado Solteiro Divorciado

09 03 02

64,3 21,4 14,3

Deficiência

Física Múltipla

13 01

92,9 7,1

Origem

Congênita Adquirida

07 07

50 50

Escolaridade

Pós-Graduação Superior Médio

2 6 6

14,2 42,9 42,9

Jornada Trabalho

Meio período Tempo integral

4 10

28,6 71,4

A escolha desta amostra seguiu as recomendações de Pasquali (2003) para

teste da versão preliminar com potenciais usuários do instrumento com menor

habilidade que o comitê de juízes experts para testar a clareza e a compreensão do

instrumento. Foram convidados a participar desta etapa 20 funcionários PcD, porém

somente 14 apresentaram disponibilidade de horário para participar.

Os participantes foram reunidos em um único local e divididos igualmente por

sorteio em dois grupos. O grupo 1 composto por 07 participantes responderam a V1

do WORQ Aplicado por Entrevista e o grupo 2 com 07 participantes responderam a

V1 do WORQ Auto Relato. O tempo médio da entrevista nesta etapa foi de 15

minutos e 17 segundos.

A pesquisadora aplicou a versão 1 WORQ Aplicado por Entrevista, coletou o

tempo de entrevista e anotou as principais dificuldades. No grupo 2, que respondeu

a versão 1 WORQ Auto Relato, uma auxiliar de pesquisa anotou o tempo e observou

as dificuldades encontradas. Foi observado maior dificuldade de preenchimento e

solicitações de auxílio no grupo 2 que respondeu a versão Auto Relato, com tempo

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médio para preenchimento de 17 minutos e 10 segundos, enquanto o grupo 1 que

respondeu a versão Entrevista o tempo médio de aplicação foi de 15 minutos e trinta

segundos.

Em relação às concordâncias das questões do instrumento, os participantes

do grupo 1 relataram melhor compreensão do que os do grupo 2. Os indivíduos do

grupo 1 relataram dificuldades para compreender apenas duas questões (14 da

parte 1 e 32 da parte 2). Já o grupo 2 relatou dificuldades nas questões 14, 15, 16 e

17 da primeira etapa das questões 1, 2, 14 e 32 da segunda etapa.

Ao final, sugeriram reformular essas questões tornando-as mais objetivas. Na

questão 1 – não se sentir descansado e revigorado durante o dia? Substituir por:

sentir-se cansado e não revigorado durante o dia. Na questão 2 – dormir, como

adormecer, acordar frequentemente durante a noite ou acordar muito cedo pela

manhã? Substituir por: com sono, como adormecer, acordar frequentemente durante

a noite ou acordar muito cedo pela manhã? Na questão 14 – resistência

generalizada ao realizar atividades físicas? Substituir por: fôlego ao realizar

atividades físicas?; Por fim, na questão 32 – mover-se ao redor, incluindo arrastar-

se, subir e correr? Substituir por: movimentar-se, incluindo subir e descer escadas e

correr.

Em adição, tanto a pesquisadora quanto a assistente de pesquisa

identificaram problemas de compreensão em questões não mencionadas pelos

sujeitos dos dois grupos. Na questão 14 da primeira etapa, a dificuldade relacionava-

se ao preenchimento da resposta. A questão aborda o trabalho ou intervenção

profissional que recebe atualmente. Não há opção para responder caso o indivíduo

não receba apoio ou intervenção. Além disso, ainda nessa questão, e mesmo após a

explicação do que se tratava o exemplo de serviço em RP – administração de caso,

o termo não foi reconhecido pelos participantes que acrescentaram que o

encaminhamento e acompanhamento é realizado pelo médico perito do INSS. Esse

resultado esteve em consonância com a avaliação do comitê de juízes experts.

Igualmente, identificaram que a maior parte dos entrevistados tinha

dificuldade para entender o significado da expressão suporte recebido das questões

15, 16 e 17 e, por isso, o termo foi substituído por “apoio recebido” durante a

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74

explicação em ambos os grupos. Tal termo foi, também, sugerido pelos participantes

que notaram a dificuldade de compreensão após a explicação.

As observações do público alvo foram ponderadas e aquelas consideradas

pertinentes por não alterarem o conteúdo e facilitarem a compreensão foram

modificadas. O que segundo Pasquali (2003), deve ser observado na construção e

adaptação cultural de instrumentos. Se o conteúdo é compreendido por pessoas

com menos habilidades pressupõe-se que a pessoas com mais habilidades,

também, compreenderão.

Miura et.al., (2010) em estudo de adaptação cultural e validação da Modified

Dyspnea Index (MDI) realizaram dois pré-testes antes da consolidação da versão

adaptada com objetivo de detectar erros e confirmar a compreensão e aspectos

práticos da aplicação. Nas duas etapas, utilizou uma amostra por conveniência

composta de 06 pacientes internados em unidade de terapia intensiva com queixas

de dispneia, totalizando 12 participantes nesta etapa. Porém, os autores não

mencionaram as interferências promovidas pelas mudanças metodológicas.

Já Ferreira et al., (2014) realizaram um estudo clínico com a proposta de

modificar as diretrizes propostas pela Academia Americana de Cirurgiões

Ortopédicos (Academy of Orthopedic Surgeons – AAOS) e o Instituto para o

Trabalho e Saúde de Toronto (Institute for Work and Health – IWH) por Beaton et

al.,(2000) no qual reduziram a amostra no pré-teste a fim de não perder informações

importantes sobre as dificuldades do instrumento. Os autores relatam que a amostra

deve ser composta de no mínimo 05 e no máximo 10 participantes e, que outros

estudos do grupo já adotaram essas orientações com excelentes resultados.

Observaram que o pré-teste deve ser realizado em amostras menores até que

nenhuma mudança seja necessária, mas ressaltam que padrões de saturação foram

observados.

Em outro estudo, mais recente, Chaves et al., (2017) realizaram a adaptação

cultural e validação do Diabetes Empowerment Scale – Short Form. A metodologia

do teste preliminar foi semelhante à deste estudo. Os autores após avaliação do

comitê de juízes testaram a versão adaptada, por ligação telefônica, em 11

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participantes com Diabetes tipo 2. As dificuldades de compreensão observadas

resultaram em modificações consolidadas na versão final.

O teste preliminar com público alvo é adotado em outros estudos nacionais de

adaptação cultural de instrumentos para diversas áreas da saúde e, corroboram com

os achados deste estudo. As alterações ponderadas das considerações do pós-teste

resultaram em uma nova versão, designada versão 2 - V2.

As principais alterações realizadas considerando a análise do comitê de

juízes experts (V1) e pós-teste (V2) do WORQ Entrevista e Auto Relato estão

apresentadas na tabela 5.

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Tabela 5 - Principais alterações na versão brasileira WORQ Aplicado por Entrevista e WORQ Auto Relato (V2).

Parte 1 Documento Original Expressão em Inglês Expressão em Português Explicação

Questão 4 Work status Work condition Situação de trabalho Os juízes entenderam que esta

questão pergunta sobre

características, tipo de trabalho que na

linguagem brasileira, é perguntado

como situação ou condição.

Questão 5 Work situation Working hours

arrangements

Jornada de trabalho Os juízes entenderam que a pergunta

se referia a quantidade de horas

trabalhadas por dia. A expressão

situação de trabalho apresentava

significado de estar ou não

trabalhando, e não correspondia com

as opções de resposta. Então, após

revisão de literatura optou-se por

jornada de trabalho atendendo as leis

brasileiras.

Questão 5

– Opções

de

Resposta

On modified or light

duty

Flexible work time Jornada variável, horário flexível Da mesma forma, a expressão “on

modified or light duty”, na língua

brasileira tem um sentido de força,

trabalho com carga. Adotou-se a

terminologia utilizada na legislação

brasileira do trabalho para pessoas

com deficiência.

Questão 9 e.g., cardboard box

manufacturing, road

e.g., in industry,

agriculture,

Por ex., na indústria, agricultura,

comércio, educação, esporte,

Nesse caso, alguns itens dos

exemplos não correspondiam à cultura

(continua)

(continuação)

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77

maintenance, retail

store, secondary

school, dairy farm,

municipal government)

retail,education, sports,

health care, public sector

saúde, serviço público. brasileira. Optou-se por adotar setores

de atuação da economia brasileira.

Questão

10

e.g., driving trucks,

operating machines,

writing letters,

answering telephone

calls

e.g., driving a truck,

operating machines,

computer services,

telemarketing

Por ex., dirigindo

caminhão, operando maquinas,

serviços de informática,

telemarketing

A expressão “writing letters” e

“answering telephone calls”, não

correspondem a ocupações no Brasil.

Para não alterar o conteúdo o termo foi

substituído por serviços de informática.

O mesmo foi adotado para o termo

“answering telefone calls”, que foi

substituído por telemarkenting, que

corresponde a central telefônica de

atendimento ao público.

Questão

12

e.g. with physician,

therapists, etc.

(e.g., physical therapy,

occupational therapy,

phonoaudiology,

psychotherapy, etc.)

Por ex., fisioterapia, terapia

ocupacional, fonoaudiologia,

psicoterapia, etc

Os juízes entenderão que os exemplos

precisavam estar mais claros e

inserimos as modalidades terapêuticas

Questão

14

What kind of work or

vocational intervention

are you receiving now?

(list all you know)

(e.g. physical training,

cognitive training, case

management,

vocational training, work

Do you receive any kind

of support or vocational

intervention at the time?

(list all that you know)

(e.g., physical training,

cognitive training,

Você recebe algum tipo de apoio

ou intervenção profissional no

momento?

(liste tudo que você sabe)

Por ex., treinamento físico, treina

mento

cognitivo, treinamento profissional

, adaptação do local de trabalho,

Nessa questão, no teste preliminar, os

respondentes apresentaram

dificuldades. Na revisão ficou claro que

tratava de uma pergunta

exclusivamente destinada a quem

está em RP. Já que o WORQ é

dedicado as duas populações sugeriu-

se inserir opções de respostas como

(continua)

(continuação)

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place adaptation, work

evaluation etc.)

Interventions:

vocational training, local

work adaptation, work

evaluation, etc.)

Yes/ No/ Not applicable

If yes, please, specify

which type of intervention

do you get:

avaliação do trabalho, etc.)

Sim/Não/ Não aplicável

Se sim, por favor, especifique que

tipo intervenções você recebe:

nas alternativas anteriores para manter

o padrão.

Ainda nesta questão, a expressão

“case management” inicialmente

traduzida como “gestão de casos” foi

modificada pelos juízes para

“administração de casos. Contudo, não

é um termo comum na língua

portuguesa e não foi entendido no pré-

teste. Então, nós decidimos elimina-la

e manter somente exemplos comuns

para o Brasil.

Parte 2 Documento Original Expressão em Inglês Expressão em Português Explicação

Questão

14

general endurance resistance (breathless) resistência (fôlego) No pré-teste da versão preliminar os

participantes não entenderam a

expressão resistência geral e

sugeriram alterar para fôlego.

Questão

26

telecommunication

devices

as landline and mobile

phones, radio, television

telefone fixo e móvel, rádio,

televisão

Como a expressão consta no exemplo,

os juízes sugeriram explicitar o

significado de dispositivos de

telecomunicação.

Questão

29

using the hand, fingers,

and thumb?

hand and fingers?

mãos e dedos Na língua portuguesa não separamos

o polegar. Sua utilização está implícita

quando se refere a mão e dedos, por

isso a palavra “thumb” foi excluída.

(continua)

(continuação)

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Questão

32

crawling, climbing going up and down stairs subir e descer escada A palavra “crawling” tem significado na

língua portuguesa de arrastar e não foi

entendida no pré-teste da versão

preliminar. Os participantes sugeriram

excluir. Do mesmo modo “climbing” foi

entendida como subir e na língua

portuguesa quem sobe, sobe em

alguma coisa. Por essa razão foi

adicionado subir e descer escadas.

Questão

40

road (distance of about

20 meters or 66 feet)?

street (distance of about

20 meters or 66 feet)?

da rua (distância de

aproximadamente 20 metros)?

A palavra “road” e a unidade de

medida “feet” por motivos culturais não

se aplicam ao vocabulário brasileiro.

Os juízes sugeriram substituir “rood”

por rua e retirar a medida “66 feet”.

(continuação)

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A versão final (V2) seguiu para retrotradução RTV2 (Anexo 11). Após

conferência da comissão de especialistas que participou das outras sínteses, a

versão final acompanhada de relatório detalhado do processo de Adaptação

Cultural, contendo a tabela 5, foi enviada aos autores para aprovação final.

Os autores concordaram com a maior parte das alterações e solicitaram

esclarecimentos, apenas sobre três questões, a saber:

a) Questão 5 da parte 1 - mencionaram que em inglês a expressão “On

modified or light duty” não se refere apenas ao tempo de trabalho, mas também a

tarefas de trabalho adaptadas, como por exemplo, não levantar cargas pesadas, ter

a oportunidade de mudar as posições de trabalho, estar em uma sala silenciosa sem

distração, ter pausas no trabalho. O item foi revisado e concluiu-se que essa

temática estava contemplada na questão 16, da parte 1, que questiona sobre apoio

recebido do supervisor ou chefe no trabalho. Além disso, essa expressão não

apresenta esse mesmo sentido na cultura brasileira, ao utilizarmos a expressão

trabalho modificado ou livre de carga a associação será com transporte de carga

(peso). Portanto, decidiu-se por não alterar.

b) Questão 12 da parte 2 – concordaram com a nomeação de diferentes

terapias mencionadas no exemplo, porém, não entenderam porque a especialidade

médica não foi mencionada. Foi explicado que na pergunta já está explicitado o

tratamento médico, que é bem aceito na cultura brasileira. Os autores

compreenderam e acataram a decisão.

c) Questão 32 da parte 2 – sobre a exclusão da palavra “climbing” os

autores questionaram as alterações na questão. Referiram que a expressão climbing

no contexto da Reabilitação Profissional deve abranger não apenas subir e descer

escadas, mas também, subir, escalar montanhas e colinas íngremes. Ainda

mencionaram que a expressão crawling foi incluída para alcançar trabalhadores da

construção como carpinteiros, encanadores ou mulheres que brincam com crianças

pequenas no chão. Solicitaram verificar e, caso a decisão seja pela exclusão, que

esta seja declarada explicitamente como uma habilidade não relevante na população

brasileira.

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Os termos foram avaliados e optou-se por adicionar subir e descer escadas,

rampas e ladeiras, mais contextualizadas a cultura brasileira. Já o termo crawling,

poderia ser substituído por engatinhar, mas não pareceu uma habilidade significativa

para a população estudada inseridas no trabalho, principalmente se considerarmos

os tipos de trabalho designados aos PcD e as características da população da

amostra. Nesse estudo todos os participantes se locomoviam de modo

independente.

Por fim, os autores relataram que após tradução e adaptação cultural em

outros países, o grupo optou por unificar a apresentação do instrumento adotando o

formato do modelo Auto Relato como padrão.

Das ponderações dos autores apenas a questão 5 e uma parte da questão

32 não apresentaram consenso e, optou-se por manter a tradução da versão

brasileira (V2). As alterações acatadas resultaram na versão final do WORQ

Aplicado por Entrevista e Auto Relato - versão 3 (Anexo 5 e Anexo 6).

Testes Psicométricos – Estudo Piloto

Todas as etapas metodológicas para tradução e adaptação cultural foram

extremamente importantes para adequação da versão brasileira. Contudo, um

processo adequado de tradução e a adaptação cultural de instrumentos de medida

deve garantir que as propriedades psicométricas do instrumento de origem sejam

preservadas (COLUCI et al., 2015; RAMADA-RODILLA et al, 2013). Por essa razão,

optou-se por testar as medidas psicométricas apenas da versão WORQ Aplicado por

Entrevista para fins de comparação com o modelo adotado da adaptação cultural em

alemão (FINGER et al., 2014 a,b).

Os parâmetros de medida para os testes psicométricos utilizadas para

tradução, adaptação e validação de instrumentos são referenciados de modo

bastante heterogêneos na literatura (MIOT, 2016; COLUCI et al., 2015;

ALEXANDRE et al., (2013); RAMADA-RODILLA et al, 2013; PASQUALI, 2009).

Deste modo, adotou-se as referências de estudos de revisão nacionais e

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internacionais para tradução, adaptação cultural e validação de instrumentos de

saúde.

Assim, procedeu-se a etapa de testes psicométricos para análise da

confiabilidade, que é considerada a primeira medida, em estudos de adaptação

cultural como meio de garantir que a versão adaptada atenda aos critérios

estabelecidos na versão original (RAMADA-RODILLA, et al., 2013).

A confiabilidade tem como objetivo verificar a homogeneidade, redundância ou

heterogeneidade de um instrumento conferindo a capacidade de reprodução de

resultados semelhantes em diferentes condições. São medidas de confiabilidade de

um instrumento, a consistência interna, a estabilidade e a equivalência (COLUCI et

al., 2015; ALEXANDRE et al., 2013).

Para Pasquali (2009) essas diferentes denominações estão relacionadas a

característica do teste de medir sem erro, e, portanto, são denominadas precisão,

fidedignidade ou confiabilidade. Denominações como consistência interna,

estabilidade e equivalência são atribuídas com base no método estatístico utilizado.

Diante do exposto, foram realizados testes para análise da confiabilidade

considerando consistência interna, estabilidade e equivalência da versão final (V3)

do WORQ – Aplicado por Entrevista, em uma amostra independente, ou seja, os

participantes desta etapa eram diferentes daqueles que participaram do pré-teste e

escolhida por conveniência (MAIA, MAIA; 2016).

Os participantes deste estudo foram avaliados em dois momentos. No primeiro

momento foi realizado a primeira entrevista, aplicada pela pesquisadora, designado

como E1(teste). O segundo momento, após 15 dias, foi realizado a segunda

entrevista, aplicada pela pesquisadora, designado E1.2 (reteste) e uma outra

profissional designada E2.

Os resultados desta etapa se referem a 34 PcD, de ambos os sexos, com

idade média de 40,3 (DP±4,2) anos, funcionários de uma instituição de ensino

superior da cidade de São Paulo enquadrados pela lei de cotas (8.213/91), por um

período médio 10,3 (DP±7,8) anos. Quanto ao enquadramento funcional, 11.8%

ocupando cargos de assistente administrativo, 41,2% em cargo de auxiliar

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administrativo, 47% em cargo de técnico administrativo. As características sócio

demográficas estão sumarizadas na tabela 6.

Tabela 6 - Características sócio demográficas da amostra (n=34)

Variáveis N %

Sexo

Masculino Feminino

19 15

55,9 44,1

Estado Civil

Casados Solteiros Divorciado

19 13 02

55,9 38,2 5,9

Deficiência

Física Visual Auditiva

25 06 03

73,5 17,6 8,8

Origem

Congênita Adquirida

14 20

41,1 58,8

Escolaridade

Pós-Graduação Superior Médio Fundamental incompleto

04 10 19 01

11,8 29,4 55,9 2,9

Jornada Trabalho

Meio período Tempo integral Horário flexível

11 21 02

32,4 61,8 5,9

A amostra deste estudo difere do estudo original em alguns aspectos

significativos relacionados ao número de participantes, características de atividade,

tipo de deficiência, idade e nível educacional (FINGER et al., 2014). No estudo

original participaram da primeira avaliação n= 74 PcD e neste estudo participaram

n= 34. Com relação as características de atividade de trabalho, todos os

participantes estavam inseridos no trabalho enquanto no original os participantes

estavam afastados em Reabilitação Profissional. Outro aspecto relevante é o tipo de

deficiência, enquanto neste estudo participaram trabalhadores com deficiência física,

visual e auditiva, no original 46% apresentavam deficiência física e 54% cognitiva. A

média de idade foi maior nesse estudo 40,3 (DP±4,2) quando comparado ao original

37,68 (± 12,7) e o nível de escolaridade foi de 55,9% com ensino médio completo e

no original 43% da mostra apresentou nível de escolaridade maior que o ensino

superior.

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Está diferença encontra apoio no estudo original. Segundo Finger et al.

(2014), as evidências psicométricas encontradas no WORQ sugerem que é um

instrumento genérico capaz de traçar um perfil abrangente da auto percepção das

habilidades funcionais e problemas de pacientes e grupos de trabalhadores com

diversas condições clínicas, de saúde e em contextos culturais diferenciados.

Consistência Interna

A consistência interna consiste na correlação entre os itens que compõe um

instrumento. Uma boa consistência interna significa que os itens são homogêneos e

avaliam o mesmo conteúdo (ALEXANDRE et al., 2013). Usualmente é avaliada pelo

cálculo do Alfa de Cronbach, que considera a soma da pontuação de um conjunto

total de itens e/ou subitens no qual todas as pontuações totais /ou de subitens

indiquem a mesma direção (RAMADA – RODILLA et al., 2013).

A primeira entrevista (E1) foi realizada, no mês de abril, no próprio local de

trabalho em três dias consecutivos. Os dados coletados foram utilizados para

análise de consistência interna por meio do cálculo de Alfa de Cronbach.

Neste estudo foi realizada a medida considerando a seção principal da 2ª

parte do instrumento, cujo escopo avalia a funcionalidade do respondente e atribui

uma pontuação de 0 a 10. O zero representa ausência de problema e dez

corresponde a um problema total, ou seja, quanto maior a nota atribuída maior o

problema funcional. Essa seção do instrumento apresenta 42 questões, porém as

questões 41 e 42 apresentam padrão de resposta diferente das demais e, portanto,

foram excluídas para evitar viés. Desta forma, o cálculo foi realizado com 40 itens

divididos em duas dimensões, a saber: a) estrutura e funções do corpo – 18 itens; b)

atividade e participação – 22 itens. O Alfa de Cronbach foi calculado considerando a

pontuação total dos itens e a pontuação por dimensão considerado valor de α ≥

0,80, conforme apresentado na tabela 7.

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Tabela 7 - Consistência Interna do WORQ Administrado por Entrevista - Alfa de Cronbach da 1ª entrevista (E1) por dimensões da seção principal e para total de itens da seção principal.

Dimensões (D) n Alfa Cronbach

Estrutura e Funções do corpo

Atividade e Participação

Total

34

34

34

0,834

0,883

0,915

O Coeficiente de Alfa de Cronbach varia entre 0 a 1, e como uma medida de

correlação apresenta a seguinte classificação: valores de α ≤ 0,6 - inadmissível; >

0,6 até 0,7 – fraca; > 0,7 a 0,8 – razoável; > 0,8 até 0,9 – boa; α ≥ 0,9 – muito boa

(FINGER et al., 2014 a,b; SILVA et al., 2013).

Os resultados de consistência interna foram considerados bons para as

pontuações por domínios (α > 0,8) e excelente para a pontuação do valor total (α >

0,9). O objetivo desta medida é avaliar a consistência interna do instrumento

verificando se um conjunto de itens ou variáveis está realmente relacionado a um

único fator, ou seja, se o instrumento tem a capacidade de avaliar um atributo de

forma consistente (CHAVES et al., 2017; SILVA et al., 2013). Assim, quanto mais

próximo de um maior será a consistência interna.

No estudo de desenvolvimento do WORQ, a consistência interna, também, foi

medida pelo Alfa de Cronbach na primeira avaliação (FINGER et al., 2014 a,b). Os

resultados foram semelhantes ao deste estudo e apontaram boa consistência interna

considerando o total de itens, com valor α = 0,883. Os autores não realizaram a

ponderação por domínios, mas este dado já garante que a confiabilidade medida

pela consistência interna foi mantida na versão brasileira.

Tal fato pode estar relacionado a quantidade de itens utilizados para o cálculo

dessa medida. Os valores de Alfa de Cronbach tendem a ser maiores quanto maior

o número de itens em uma escala (CURADO, TELES, MARÔCO, 2014). No estudo

original os autores utilizaram 36 itens para o cálculo total, enquanto, neste estudo foi

realizado o cálculo considerando 40 itens.

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Outros estudos de adaptação cultural que avaliaram a consistência interna

utilizando o Alfa de Cronbach pela divisão em sub testes ou domínios encontraram

resultados semelhantes aos deste estudo (CHAVES et al., 2017; SARDO, 2016;

MOREIRA, et al., 2015; PASCUALON-ARAUJO, SCHELINI, 2015; SILVA et al.,

2013). A utilização de uma única estimativa de confiabilidade está sujeita a erro e

outras medidas deverão ser executadas.

Estabilidade e Equivalência

A confiabilidade de um instrumento de medida, também, está relacionada com

a capacidade da medida ser repetida, independente do tempo, quando é utilizado o

mesmo método de avaliação com a mesma população. Esta medida é denominada

estabilidade e realizada pela correlação entre as medidas do teste e reteste

(ALEXANDRE et. al, 2013).

Já a equivalência avalia a confiabilidade considerando o grau de acurácia das

medidas do mesmo instrumento quando é aplicado em uma mesma população por

dois ou mais avaliadores. Esta medida é denominada de consistência

interavaliadores sendo realizada pela correlação entre as medidas dos avaliadores

(ALEXANDRE et. al, 2013).

Após 15 dias da primeira entrevista (E1 - teste), os 34 participantes foram

contatados para segunda entrevista. Destes, 07 estavam de licença médica ou em

período de férias, 04 desligaram-se da empresa e 03 relataram não ter

disponibilidade no período da coleta. De modo que apenas 20 participaram desta

etapa e foram divididos em dois grupos por sorteio. Um grupo, com 10 participantes,

foram reavaliados pela pesquisadora (E1.2 - reteste), com objetivo de analisar a

estabilidade da medida. O segundo grupo, também com 10 participantes, foram

reavaliados por outra pesquisadora (E2) para analisar a equivalência da medida

(interobservador).

Os participantes do grupo reteste (E1.2) apresentaram idade média de

40,1(DP ± 5,74) anos, contratados na empresa por um tempo médio de 6,7(DP±

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87

3,23) anos, 50% em cargo de assistente administrativo, 40% em cargo de auxiliar

administrativo e 10% em cargo técnico administrativo. No grupo (E2), a idade média

foi de 40,9 (DP ±13,6) anos, contratados na empresa por um tempo médio de 5,6

(DP ±2,83) anos, 40% em cargo de assistente administrativo, 50% em cargo de

auxiliar administrativo e 10% em cargo técnico administrativo. As características

demográficas estão sumarizadas na tabela 8.

O tempo médio da entrevista nesta etapa foi de 14 minutos e 42 segundos

para E1,2 e de 15 minutos e 30 segundos para E2.

Tabela 8 - Características sócio demográficas da amostra (n=20)

Características E1.2 E2

N % N %

Sexo

Masculino Feminino

07 03

70 30

05 05

50 50

Estado Civil

Casados Solteiros Divorciado

08 02 -

80 20 -

05 04 01

50 40 10

Deficiência

Física Visual Auditiva

07 01 02

70 10 20

08 01 01

80 10 10

Origem

Congênita Adquirida

02 08

20 80

01 09

10 90

Escolaridade

Pós-Graduação Superior Médio

01 02 07

10 20 70

01 03 06

10 30 60

Jornada Trabalho

Meio período Tempo integral Horário flexível

05 04 01

50 40 10

02 08 -

20 80 -

Do mesmo modo como ocorreu na primeira entrevista (E1), o perfil dos

participantes da segunda entrevista foi diferente do estudo original para número de

participantes, características de atividade, idade e nível educacional (FINGER et al.,

2014 a,b), exceto na distribuição para tipo de deficiência. Neste estudo, as

deficiências prevalentes em ambos os grupos foi a física. Fato semelhante ao estudo

original que contou com 92% de deficiências físicas na mostra da segunda

entrevista.

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88

Para o cálculo da estabilidade e equivalência utilizou-se o Coeficiente de

Correlação Intra Classe (CCI), teste estatístico confiável para variáveis contínuas em

estudos clínicos e experimentais (MIOT, 2016). Foi realizado o cálculo da média do

total da pontuação obtida nas 40 questões da seção principal nas duas condições

avaliadas e adotou-se valor de confiabilidade ≥ 0,80 (MIOT, 2016; ALEXANDRE et

al., 2013), e o Teste T- Student pareado para verificar igualdade entre as médias

(p≤0,05).

A estabilidade foi calculada considerando os dados coletados na 1ª entrevista

(E1) e na 2ª entrevista (E1. 2), conforme exposto na tabela 9.

Tabela 9 - Estabilidade - E1 X E1.2 do WORQ Administrado por Entrevista medida Coeficiente de Correlação Intra Classe (CCI) e Teste T- Student pareado.

Escore Média E1 E1.2

Média 2,71 1,96

Mediana 2,62 1,91

Desvio Padrão 1,42 0,80

CV 52% 41%

Min 0,71 0,88

Max 5,71 3,05

N 10 10

IC 0,88 0,49

p-valor média 0,038

*CCI E1 x E1.2

% 82,5

p-valor CCI 0,008

*Coeficiente de Correlação Intra Classe

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O resultado para estabilidade foi classificado como correlação quase

completa (≥ 0,80). O coeficiente de correlação intra classe é um teste de correlação

entre as medidas que varia de zero a um e apresenta a seguinte classificação de

valores: correlação 0 (ausência); 0 a 0,19 (pobre); 0,20-0,39 (fraca); 0,30-0,59

(moderada); 0,60-0,79 (substancial), e ≥ 0,80 (quase completa).

Na versão original foi realizada apenas a correlação entre teste e reteste.

Para o cálculo, utilizaram a correlação de Spearman com resultado de 0,789. Os

autores referem que a média dos escores não apresentou distribuição normal e

atribuem ao fato de que o teste foi realizado por nove profissionais e o reteste por

apenas um (FINGER et al., 2014).

Cientes desse viés no instrumento original, neste estudo procurou-se um

desenho que favorecesse a coleta, análise e interpretação dos resultados. Assim, foi

definido um limite inicial de 40 participantes para o teste, considerado adequado

estatisticamente, que se dividiria em dois grupos, para que no reteste pudesse ser

distribuído entre duas avaliadoras. A mudança no desenho do estudo em

decorrência de perdas amostrais não interferiu nos resultados. Os dados

apresentados na tabela 9 confirmam a homogeneidade entre os dois testes. O

dimensionamento amostral é fundamental para testes de concordância na

perspectiva de garantir a homogeneidade dos subgrupos avaliados (MIOT, 2016).

O cálculo da equivalência foi realizado utilizando os dados coletados pela

pesquisadora na 1ª avaliação (E1) e os dados coletados pela outra pesquisadora

(E2), conforme exposto na tabela 10.

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Tabela 10 - Equivalência - E1 X E2 do WORQ Administrado por Entrevista medida Coeficiente de Correlação Intra Classe (CCI) e Teste T- Student pareado.

Escore Média E1 E2

Média 2,71 1,97

Mediana 2,62 1,59

Desvio Padrão 1,42 1,64

CV 52% 83%

Min 0,71 0,27

Max 5,71 5,76

N 10 10

IC 0,88 1,02

p-valor média 0,006

*CCI E1 x E2

% 95,4

p-valor CCI <0,001

*Coeficiente de Correlação Intra Classe

Os resultados para equivalência, também, chamada de consistência

interna interobservadores apresentou um CCI ≥ 0,80 sendo classificada como quase

completa. Este resultado indica que os escores alcançados nas duas entrevistas

aplicadas ao mesmo participante em momentos diferentes apresentou concordância.

O que demonstra a capacidade do WORQ aplicado por Entrevista de mensurar os

mesmos traços nos mesmos sujeitos.

Embora a entrevistadora (E2) tenha familiaridade com a CIF e tenha

recebido treinamento para aplicar o WORQ (Alexandre et al., 2013) pode-se inferir

que a relação da entrevistadora E1 com o instrumento tenha influenciado de alguma

forma esse resultado. Segundo a revisão de Ramada-Rodilla et al.(2013), pode ser

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uma limitação na concordância interobservadores quando um dos avaliadores

apresenta maior conhecimento ou domínio do instrumento.

A confiabilidade de um instrumento de medição em saúde é essencial

para demonstrar a qualidade metodológica do instrumento, pois permite verificar a

capacidade do instrumento em reproduzir um resultado de forma consistente. No

entanto, as metodologias utilizadas não são consensuais e não há detalhamento

sobre a metodologia aplicada que possa sugerir comparações.

Tavares e Santos (2017) realizaram estudo semelhante e os resultados

apontam em outra direção. Os autores realizaram um estudo no qual dois

avaliadores, no mesmo dia, entrevistaram 100 idosos e, após 15 dias, somente um

avaliador repetiu a entrevista. Os resultados apresentaram concordância

interobservador e no teste-reteste quase completa, porém não descrevem a

qualificação e especialidade dos avaliadores.

De modo semelhante, ocorreu no estudo conduzido por Silva et al. (2013), de

adaptação cultural e validação do WHODAS 2.0, em Portugal. Este testou a

confiabilidade teste-reteste em dois momentos com duas entrevistadoras com

intervalo de um e no máximo três dias entre as entrevistas com 204 participantes. Os

resultados referem boa confiabilidade com concordância quase completa. Os

autores relataram que o tempo curto entre as avaliações foi para evitar modificações

nas condições de saúde.

Nesse estudo, o intervalo de tempo entre as duas avaliações foi de 15 dias,

muito semelhante à aplicação da versão original com intervalo de 14 dias. “Além

disso, no WORQ, o entrevistado responde às perguntas considerando um período

recordatório de uma semana ‘‘Em geral na semana passada, qual a extensão do

problema que você teve com...”. Esta condição inviabiliza um intervalo de tempo

inferior a 7 dias, e um período maior que 15 dias poderia alterar as condições

avaliadas.

A atribuição no intervalo de tempo deve ser observada para que não seja

muito distante e propiciar modificações do fenômeno observado e, nem curto demais

para evitar o efeito da aprendizagem (RAMADA-RODILLA et al., 2013).

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A avaliação das propriedades psicométricas de instrumentos de medida em

saúde é essencial para garantia de uma ferramenta confiável e válida. O que

contempla análise de confiabilidade e validade. Neste estudo foi realizada a análise

de confiabilidade sendo necessário testar evidências de validade da versão por

Entrevista, e a testagem da versão Auto Relato.

Além disso, algumas limitações foram observadas e poderão ser

consideradas na continuidade das pesquisas nesta área. Uma delas foi o número

reduzido da amostra. Outra foi a realização das medidas por entrevistadores que

tinham envolvimento direto com o estudo, sendo aconselhável que em outras

oportunidades sejam realizados estudos com avaliadores cegos e observado o

período de intervalo entre o teste e reteste para evitar o efeito da aprendizagem.

Para a continuidade deste estudo sugere-se a testagem do instrumento em práticas

clínicas e com outras populações.

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6 CONCLUSÃO

O Questionário para Reabilitação no Trabalho - WORQ versão Aplicada por

Entrevista e versão Auto Relato está culturalmente adaptado e oficialmente

traduzido para o Brasil. Demostrou ser um instrumento que fornece uma linguagem

clara e consistente para avaliar a funcionalidade de pessoas ou populações com

deficiência, para o trabalho ou em reabilitação profissional.

Trata-se de um instrumento genérico, em acordo com a Classificação

Internacional de Funcionalidade Incapacidade e Saúde, para delinear de forma

rápida um perfil abrangente das habilidades funcionais para o trabalho e para a

reabilitação profissional. Assim, pode ser utilizado por profissionais de saúde, na

prática clínica ou de modo experimental, por profissionais da área de recrutamento e

gestão de pessoas, perícias médicas e, para estabelecimento de política públicas de

trabalho e emprego voltadas às pessoas com deficiência.

O esforço em utilizar recomendações internacionais de tradução e adaptação

cultural tornou possível a disponibilização de um instrumento capaz de responder a

CIF e, facilitar a inclusão e a permanência da pessoa com deficiência no mercado de

trabalho. Desta forma, foi possível preencher a lacuna da literatura brasileira, que

não dispunha de uma avaliação precisa e detalhada das capacidades funcionais do

trabalhador com deficiência.

Os resultados deste estudo devem ser analisados com cautela já que a

disponibilização das versões do WORQ adaptadas à cultura brasileira não é

suficiente para atestar as qualidades psicométricas do instrumento.

A versão brasileira do WORQ aplicado por Entrevista foi submetida à análise

psicométrica de confiabilidade. Os resultados apresentaram bons níveis de

confiabilidade considerando consistência interna, estabilidade e equivalência, o que

indica que a adaptação cultural manteve o conceito de funcionalidade do

instrumento.

Os valores do Coeficiente de Alfa de Cronbach indicaram boa consistência

interna para as dimensões avaliadas e muito boa para o total de itens. Estudos

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futuros são necessários para aumentar o número amostral, analisar concordância

item a item, e a concordância com a extração de itens. Além da análise

psicométrica, outros estudos epidemiológicos com populações diferentes devem ser

conduzidos.

Para estabilidade e equivalência, a confiabilidade foi considerada quase

completa. O intervalo entre as medidas foi suficiente para conferir robustez à

adaptação cultural realizada neste estudo.

As versões brasileiras do WORQ Aplicado por Entrevista e WORQ Auto

Relato estarão disponíveis na home page do WORQ no endereço eletrônico

http://www.myworq.org/questionnaire_en.php

Espera-se que o presente estudo tenha contribuído para apresentar o

primeiro instrumento brasileiro destinado à avaliação da capacidade funcional de

trabalhadores com deficiência na perspectiva de criar mecanismos de inclusão mais

eficientes.

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ANEXOS

ANEXO 1 - CARTA DE INFORMAÇÃO A INSTITUIÇÃO E TERMO DE

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Gostaríamos de convidar a sua Instituição a participar do projeto de pesquisa “Adaptação transcultural e validação para o Brasil do Questionário de Reabilitação para o Trabalho (WORQ )” que se propõe a traduzir, adaptar a cultura brasileira e validar para a língua portuguesa do Brasil o Questionário para Reabilitação no Trabalho (WORQ ). Este questionário tem como objetivo avaliar a capacidade laboral da pessoa com deficiência (PcD) inserida no mercado de trabalho ou em Reabilitação Profissional a fim de criar mecanismos favoráveis a inclusão. Os dados para o estudo serão coletados por meio de entrevista, no próprio local de trabalho em duas etapas: na primeira etapa 30 participantes serão entrevistados pelo Pesquisador Responsável. Após 15 dias da primeira entrevista os participantes serão divididos em dois grupos. Um grupo composto por 15 participantes que serão reavaliados pelo Pesquisador Responsável e o outro grupo, com 15 participantes, serão

reavaliados por um profissional da área. Tanto o instrumento de coleta de dados quanto o contato

interpessoal oferecem riscos mínimos aos participantes.

Em qualquer etapa do estudo os participantes e a Instituição você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar a permissão para participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação do local da coleta de dados. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - Mezanino. Desde já agradecemos a sua colaboração. Declaro Que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação da Instituição e dos Sujeitos de Pesquisa é voluntária, e que, a qualquer momento ambos têm o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo.

Nome do Representante Legal da Instituição:______________ ______________________ Assinatura do Representante Legal da Instituição: Declaro que expliquei ao Responsável pela Instituição os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas. São Paulo, _____ de ______________________ de __________.

_____________________________ ____________________________ Pesquisador responsável Orientador

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ANEXO 2 - CARTA DE INFORMAÇÃO AO PARTICIPANTE E TERMO DE

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Gostaríamos de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa “Adaptação transcultural e validação para o Brasil do Questionário de Reabilitação para o Trabalho (WORQ)” que se propõe a traduzir, adaptar a cultura brasileira e validar para a língua portuguesa do Brasil o Questionário para Reabilitação no Trabalho (WORQ). Este questionário tem como objetivo avaliar a capacidade laboral da pessoa com deficiência (PcD) inserida no mercado de trabalho ou em Reabilitação Profissional a fim de criar mecanismos favoráveis a inclusão. Os dados para o estudo serão coletados por meio de entrevista, no próprio local de trabalho em duas etapas: na primeira etapa 30 participantes serão entrevistados pelo Pesquisador Responsável. Após 15 dias da primeira entrevista os participantes serão divididos em dois grupos. Um grupo composto por 15 participantes serão reavaliados pelo Pesquisador Responsável e o outro grupo, com 15participantes, serão reavaliados por um

profissional da área. Tanto o instrumento de coleta de dados quanto o contato interpessoal oferecem

riscos mínimos aos participantes.

Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador Responsável para o esclarecimento de eventuais dúvidas (no endereço abaixo), e terá o direito de retirar a permissão para participar do estudo a qualquer momento, sem qualquer penalidade ou prejuízo. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido o sigilo, a privacidade e a confidencialidade das questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes (apenas o Pesquisador Responsável terá acesso a essa informação), bem como a identificação do local da coleta de dados. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - Mezanino. Desde já agradecemos a sua colaboração. Declaro que li e entendi os objetivos deste estudo, e que as dúvidas que tive foram esclarecidas pelo Pesquisador Responsável. Estou ciente que a participação é voluntária, e que, a qualquer momento tenho o direito de obter outros esclarecimentos sobre a pesquisa e de retirar a permissão para participar da mesma, sem qualquer penalidade ou prejuízo. Nome do Responsável pelo Sujeito de Pesquisa:____________________________________ Assinatura do Responsável pelo Sujeito de Pesquisa: ________________________________ Declaro que expliquei ao Responsável pelo Sujeito de Pesquisa os procedimentos a serem realizados neste estudo, seus eventuais riscos/desconfortos, possibilidade de retirar-se da pesquisa sem qualquer penalidade ou prejuízo, assim como esclareci as dúvidas apresentadas. São Paulo, _____ de ______________________ de __________. ___________________________________ ___________________________________

Pesquisador responsável Orientador

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ANEXO 3 – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA EM SERES HUMANOS

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113

ANEXO 4 - AUTORIZAÇÃO DE TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL PARA A

LINGUA PORTUGUESA DO WORQ: Work Rehabilitation Questionnaire

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114

ANEXO 5 – VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE REABILITAÇÃO

PARA O TRABALHO - WORQ APLICADO POR ENTREVISTA*

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* Disponível para download em http://www.myworq.org/questionnaire_en.php

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ANEXO 6 – VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE REABILITAÇÃO

PARA O TRABALHO - WORQ AUTO RELATO*

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* Disponível para download em http://www.myworq.org/questionnaire_en.php