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  • INTRODUO 3

    I INTRODUOCaptuloMaria Glcia da Nbrega Coutinho

    CPRM Servio Geolgico do Brasil

    1.1 Apresentao

    Diversas plataformas pr-cambrianas, e alguns terrenos metamrficos mais jovens, contm veios

    de quartzo portadores de ouro, cujo desenvolvimento, em alguns terrenos, sugere estarem eles

    relacionados a mais de um evento geolgico. Na Provncia Mineral do Tapajs, localizada no

    Estado do Par e parte no Estado do Amazonas (Figura 1.1), depsitos de ouro primrio esto

    amplamente distribuidos e podero ter significado econmico (Robert, 1996). O ouro ocorre

    numa variedade de rochas encaixantes, tais como rochas do embasamento gnissico, granitides,

    metassedimentos, vulcnicas flsicas e rochas bsicas. Entretanto, granitides de diferentes

    idades e padres distintos de deformao, representam a rocha encaixante mais comum da

    mineralizao de ouro.

    Conforme exposto na Figura 1.2, a Provncia Mineral do Tapajs caracteriza-se por uma expressiva

    produo de ouro, dominantemente aluvionar (159 toneladas de ouro para um perodo de 1958

    a 1996; Arajo Neto, 1996), embora a rea permanecesse com muitas feies geolgicas

    pobremente pesquisadas. Apesar de o ouro na regio ter sido descoberto no incio de 1950 e a

    explorao por garimpeiros ter persistido ao longo dos ltimos 50 anos, at ento nenhum

    trabalho de pesquisa havia sido desenvolvido com o objetivo de definir o controle geolgico e a

    gense das mineralizaes de ouro primrio na provncia.

    Nesse sentido, em 1994, o Plano Plurianual para o Desenvolvimento do Setor Mineral Brasileiro,

    elaborado pelo Departamento Nacional de Produo Mineral (DNPM), selecionou a Provncia

    Mineral do Tapajs como uma das reas prioritrias para o desenvolvimento de programas de

    pesquisa e avaliao de recursos minerais. O Projeto Provncia Mineral do Tapajs Projeto

    PROMIN-TAPAJS, desenvolvido pela CPRM Servio Geolgico do Brasil representa o primeiro

    esforo para o entendimento da geologia e da metalogenia aurfera da provncia.

    O presente estudo, parte do Projeto PROMIN-TAPAJS, constitu-se, portanto, numa contribuio

    ao estudo dos processos geolgicos e metalogenticos responsveis pelas mineralizaes de

    ouro primrio na provncia.

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  • 4 PROVNCIA MINERAL DO TAPAJS: GEOLOGIA, METALOGENIA E MAPA PREVISIONAL PARA OURO EM SIG

    Figu

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  • INTRODUO 5

    Figura 1.2 Produo acumulada de ouro na Provncia Mineral do Tapajs, perodo 1958-1996 (Fonte: Arajo

    Neto, 1996).

    1.2 Conhecimento prvio

    As primeiras referncias sobre a geologia da Provncia Mineral do Tapajs tiveram incio com

    trabalhos de reconhecimento ao longo do rio Aripuan (Almeida & Nogueira Filho, 1959), tendo

    sido ento proposta a primeira coluna geolgica para a rea. A seguir, o Departamento Nacional

    de Produo Mineral (DNPM) publicou os primeiros resultados de trabalhos de mapeamento

    em escala 1:500.000 da regio do mdio Tapajs (Barbosa, 1966). Atravs do Projeto RADAM foi

    apresentado o mapeamento geolgico, escala 1:1.000. 000 da Folha SB.21-Tapajs (Santos et al.,

    1975). A partir dessa data tiveram incio os projetos de mapeamento geolgico sistemtico,

    escala 1:250.000, abrangendo as bacias hidrogrficas dos rios Tapajs e Maus e seus tributrios

    (Andrade et al., 1976), bem como a bacia do rio Jamanxim (Pessoa et al., 1977). Em incio de

    1980 realizado o primeiro levantamento em escala 1:100.000 (Folhas SB.21-V-D-IV, V e VI e

    SB.21-Y-C-II, II e III; Bizinella et al., 1980). Nesse perodo o conhecimento geolgico da regio

    sintetizado e divulgado atravs do Mapa Geolgico do Brasil e das reas Ocenicas Adjacentes,

    escala 1:2.500.000, elaborado pela CPRM e publicado pelo DNPM em 1981 (vide Figura 1.3).

    Desde ento, houve uma paralisao dos levantamentos geolgicos da regio, que foram

    retomados somente em agosto de 1995 com a implantao do Projeto PROMIN- TAPAJS. Assim

    sendo, o nvel do conhecimento geolgico da Provncia Mineral do Tapajs, antes do PROMIN-

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  • 6 PROVNCIA MINERAL DO TAPAJS: GEOLOGIA, METALOGENIA E MAPA PREVISIONAL PARA OURO EM SIG

    Figura 1.3 Mapa Geolgico da rea do Projeto Provncia Mineral do Tapajs, (simplificado do Mapa Geolgico do Brasil,

    escala 1:2.500.000, DNPM / 1981).

    JP

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  • INTRODUO 7

    TAPAJS, podia ser classificado como nvel de reconhecimento, como demonstrado ao se

    comparar a Figura 1.3 com o mapa geolgico integrado do Projeto Provncia Mineral do Tapajs,

    em anexo.

    1.3 Objetivos

    Visando a elevar o nvel de conhecimento geolgico e fomentar a pesquisa de depsitos de ouro

    para viabilizar novos empreedimentos mineiros na rea, e contribuir, consequentemente, para

    o desenvolvimento regional de forma permanente, em agosto de 1995 foi implantado pela CPRM

    o Projeto Provncia Mineral do Tapajs Projeto PROMIN-TAPAJS, com o objetivo de realizar:

    (i) Mapeamento geolgico regional, em escala 1:250.000, suportado por sensores remotos e

    levantamentos aerogeofisicos. A rea do projeto equivale a 90.000 km2 ou cinco folhas

    em escala 1:250.000 (folhas Jacareacanga SB.21-Y-B; Vila Mame An SB.21-V-D; Caracol

    SB.21-X-C; Vila Riozinho SB.21-Z-A; e Rio Novo SB.21-Z-C), que cobrem quase toda a

    provncia (vide Figura 1.1c).

    (ii) Estudos dos controles geolgicos da mineralizao de ouro atravs de estudos de

    prospectos em reas mineralizadas (reas de garimpos), com levantamento de dados, em

    escala de detalhe. Estes estudos abrangeram tambm a coleta de amostras das rochas

    encaixantes e das zonas de alterao para estudos laboratriais, incluindo-se as

    investigaes genticas.

    (iii) Estudos ambientais numa rea piloto vila do Creporizo (Figura 1.4a), visando a

    estabelecer uma diagnose da poluio do mercrio e proceder a uma avaliao dos

    possveis impactos da ao garimpeira sobre o meio ambiente.

    O presente trabalho, entretanto, tem como foco apenas o estudo da geologia e da metalogenia,

    bem como a elaborao do mapa previsional para ouro em SIG das mineralizaes aurferas na

    Provncia Mineral do Tapajs, cujo objetivo a proposio de um modelo para as mineralizaes

    de ouro com significado prospectivo.

    1.4 Mtodo de trabalho

    Para a compreenso do quadro geolgico a nvel regional e a caracterizao dos eventos geolgicos

    mais significativos, foram selecionadas, previamente, reas de pesquisa, onde foram realizados

    trabalhos denominados estudos de prospectos para a investigao das mineralizaes aurferas.

    Assim sendo, aps um prvio levantamento a partir do conhecimento geolgico disponvel sobre

    as ocorrncias aurferas na rea, adotou-se o seguinte procedimento:

    (i) Seleo de reas mineralizadas (reas de garimpos) de fcil acesso e com boas exposies

    (afloramentos) que permitissem levantar os controles geolgicos da mineralizao,

    compreendendo: rocha encaixante e seus aspectos litolgicos e estruturais (regional e

    de detalhe); controle estrutural da mineralizao; caractarizao mineralgica e qumica

    das zonas de alterao; paragnese do minrio; e as relaes encaixante/zona de alterao/

    mineralizao/deformao.

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  • 8 PROVNCIA MINERAL DO TAPAJS: GEOLOGIA, METALOGENIA E MAPA PREVISIONAL PARA OURO EM SIG

    Figura 1.4a Provncia Mineral do Tapajs, vila do Creporizo, local da base de apoio de campo da CPRM

    ao mapeamento geolgico e estudos de prospectos e ambientais. Observar a pista de pouso.

    (Coordenadas geogrficas: S 06 5029; W 56 5015)

    (ii) Seleo de reas aurferas representativas dos diferentes condicionamentos tectono-

    geolgicos, de modo que fossem estudados em detalhe os diversos tipos e modos de

    ocorrncia do ouro, bem como todas as diferentes unidades cronolitoestratigrficas,

    reconhecidamente portadoras de mineralizaes de ouro.

    Durante a etapa de seleo das reas para estudo de prospectos, foram conferidas as localizaes

    das reas de atividade garimpeira, com locao precisa dos garimpos atravs do GPS e uso das

    imagens LANDSAT e de Radar Orbital (JERS, RADARSAT) atualizadas (1994, 1995), em toda a

    rea de abrangncia do projeto. Como produto dessa atividade elaborou-se o Mapa de Localizao

    das Pistas de Pouso das reas Garimpeiras, cujos pontos plotados sobre as imagens de satlite

    totalizam cerca de 300 pistas de acesso a essas reas. Este mapa muito contribuiu no s para a

    seleo das reas para estudo de prospectos como para o planejamento do acesso s mesmas,

    atravs das pistas de garimpos, uma vez que todo o trabalho, em reas de prospectos, foi apoiado

    por avies monomotores (Figuras 1.4a e 1.4b).

    Igualmente importante para a localizao das reas de estudo de prospectos foram os mapas

    aerogeofsicos (aeromagnetomeria e aerogamaespectrometria) nas reas cobertas com

    levantamentos areos, bem como os primeiros esboos da geologia regional produzidos com

    base, predomiantemente, nas imagens de satlites, pela equipe de mapeamento regional.

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  • INTRODUO 9

    Figura 1.4b Pista de pouso na vila do Creporizo, acesso as reas estudo de prospectos, apoiado por

    avies monomotores.

    (Coordenadas geogrficas: S 06 5029; W 56 5015)

    Aps a seleo das reas mineralizadas (Figura 1.5), foram realizadas 10 viagens de campo s

    reas de garimpo, totalizando cerca de 150 dias de campo, distribuidos entre 1996 a 1998. Durante

    esses trabalhos foram visitadas e estudadas, em detalhe, 20 reas mineralizadas e levantados

    alguns perfis geolgicos para o entendimeno da geologia regional, ao longo do rio Tapajs, bem

    como nas proximidades das vilas Jacareacanga e Sai Cinza, lado oeste da provncia e na regio da

    vila do Creporizo, poro sudeste da rea. O Escritrio da CPRM em Itaituba, Estado do Par,

    proveu as condies de infra-estrutura e a logstica durante o desenvolvimento do projeto.

    Os trabalhos de campo nas reas mineralizadas compreenderam:

    (i) Descrio dos aspectos estruturais e litolgicos da mineralizao e suas relaes com a

    geologia regional, nas proximidades da rea em estudo;

    (ii) Descrio das relaes rocha encaixante/zona de alterao/mineralizao; e

    (iii) Amostragem sistemtica da rocha encaixante, zona de alterao e zona mineralizada

    atravs de perfis transversais, preferencialmente.

    As anlises laboratoriais abrangeram os seguintes estudos:

    (i) Petrografia das rochas encaixantes e das zonas de alterao, realizadas parte pela

    Universidade de Braslia (UnB) e outra parte pela CPRM;

    (ii) Anlises qumicas de rocha pelo mtodo ICP para elementos maiores e elementos-

    trao de rochas encaixantes e de zonas de alterao, realizadas na London University,

    Royal Holloway College, London, U.K;

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  • 10 PROVNCIA MINERAL DO TAPAJS: GEOLOGIA, METALOGENIA E MAPA PREVISIONAL PARA OURO EM SIG

    (iii) Anlises calcogrficas do minrio, realizadas na CPRM e complementadas com investigaes

    em nvel de microscopia eletrnica no Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), Rio de Janeiro;

    (iv) Anlises de incluses flidas em veios de quartzo mineralizados realizadas por tcnico

    da CPRM na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    (v) Anlise de istopos estveis de oxignio e hidrognio em amostras de veios de quartzo

    portadores de ouro, elaboradas pelo Scottish Universities Research and Reactor Centre

    (SURREC), Glasgow, Scotland, U.K.;

    (vi) Anlises de istopos radiognicos pelo mtodo Pb-Pb em amostras de sulfetos, elaboradas

    pela Universidade Federal do Par (UFPA);

    (vii) Anlises por ativao neutrnica para dosagem de ouro, em algumas amostras realizadas

    no Geological Survey of Canada (GSC); e

    (viii) Dataes geocronolgicas em rocha, por mtodos de alta resoluo (e.g. SHRIMP sensitive

    high resolution ion-microprobe) e convencionais (U-Pb e Pb-Pb em zirco), bem como

    dados de Sm-Nd, obtidos por tcnicos da CPRM na Austrlia Western University.

    As informaes geolgicas usadas no presente estudo (mapa de drenagem; mapa geolgico; e mapas

    aerogeofsicos) referem-se a dados obtidos a nvel de conhecimento na escala 1:250.000. Entretanto,

    para efeito de reproduo, esses dados esto sendo apresentados, no presente trabalho, em formato

    reduzido para a escala 1:1.000.000 (para os dois primeiros) ou em formato A-4 (para os ltimos). Seus

    correspondentes em escala maior esto disponveis na CPRM.

    1.5 Estudos de prospectos

    Esta atividade estudos de prospectos desenvolveu-se em vinte (20) reas mineralizadas (reas de

    garimpo), cujas referncias geogrficas esto expressas na Tabela 1.1.

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  • INTRODUO 11

    Entretanto, algumas das regies de garimpagem, estudadas em detalhe, abrangem diversas frentes

    de garimpos, com boas exposies da mineralizao, cujos dados constam na Tabela 1.2 a seguir.

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  • 12 PROVNCIA MINERAL DO TAPAJS: GEOLOGIA, METALOGENIA E MAPA PREVISIONAL PARA OURO EM SIG

    Figura 1.5 Mapa de drenagens com a localizao das reas de prospectos.

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