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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR Ciências Sociais e Humanas
A Influência dos Small-Sided Games na Performance
dos Futebolistas
Inês Maria Picão Caldeira Barbas Rasquilha
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Ciências do Desporto (2º ciclo de estudos)
Orientador: Prof. Doutor António Manuel Neves Vicente
Covilhã, Junho de 2013
ii
iii
Agradecimentos
A concretização deste trabalho encerra em si um ciclo da minha vida. Como tal, pretendo
expressar o meu mais profundo agradecimento às pessoas que contribuíram direta e
indiretamente para que tal fosse possível.
Ao Professor Doutor António Vicente, por ter assumido orientar este trabalho. Pelas suas
constantes sugestões, orientações, feedbacks que possibilitaram a construção e
desenvolvimento do trabalho. Também agradecer-lhe pela constante disponibilidade que
demonstrou sempre que necessitei trocar ideias, discutir situações e problemas que surgiram,
ao longo da execução do mesmo.
Ao André Oliveira, treinador da equipa de Juvenis do Sporting Club da Covilhã, pela pronta
disponibilidade que demonstrou em que a sua equipa participasse no estudo. Pela ajuda,
disponibilidade, interesse e preocupação que demonstrou ao longo dos dois meses de
aplicação do estudo.
Ao João Fonseca, treinador adjunto da equipa de Juvenis do Sporting Club da Covilhã, pela
disponibilidade, ajuda, interesse e preocupação que demonstrou ao longo dos dois meses que
durou a aplicação do estudo.
Aos jogadores que participaram no estudo, pelo empenho, dedicação, preocupação e
interesse, que demonstraram durante a aplicação do estudo.
Á Joana Costa pela disponibilidade e ajuda que demonstrou a quando da recolha de imagens.
Ao Senhor Vítor, funcionário do departamento de Ciências do Desporto, pela ajuda e
disponibilidade que sempre demonstrou a quando da requisição e preparação do material.
Á Ana Sofia e à Neuza Rei pela paciência, boa disposição, alegria que sempre demostraram e
me transmitiram ao longo deste último ano.
Por último, e não menos importantes, muito pelo contrário, à minha família. Ao meu pai, mãe
e irmão. Pela forma particular e distinta que cada um de vocês enfrenta e está perante a
vida. Ou seja, pela forma distinta como cada um encara os desafios e as circunstâncias da
vida e como isso mesmo me contagia, ensina e me faz crescer como pessoa.
A todos Obrigado
Inês Rasquilha
iv
Resumo
O futebol é uma modalidade coletiva, na qual os seus praticantes estão constantemente a ser
sujeitos a diversas exigências (físicas, técnicas, táticas, psicológicas, culturais, sociais, etc.).
A metodologia de treino que é aplicada torna-se ainda mais importante, visto que tem que
procurar solicitar as diversas características e especificidades do futebol. De entre diversos
métodos, os Small-Sided Games (SSG) tem vindo a assumir maior relevância caracterizando-se
por serem realizados em áreas de terreno mais reduzidas (espaço reduzido) e com um menor
número de jogadores, comparativamente ao que acontece no jogo formal (11v11).
O presente trabalho teve como objetivo compreender a influência dos SSG na performance de
futebolistas em situação de jogo formal bem como verificar possíveis evoluções no
desempenho dos mesmos ao longo de dois meses de treino percebendo possíveis influências
da melhoria do desempenho dos jogadores do treino para os jogos formais. Fizeram parte
deste estudo 16 jogadores do escalão de juvenis (16 anos ± 0,8; 64kg ± 5,70; 175cm ± 0,06).
Os jogadores foram divididos em dois grupos tendo 8 deles (grupo experimental) realizado,
durante dez semanas, um SSG 4x4 num terreno de 30mx20m (área individual por jogador 1,75
m2), e o outro grupo de 8 jogadores (grupo controlo) realizou os exercícios habituais de
treino. A frequência cardíaca de ambos os grupos foi monitorizada durante as situações.
Foram também filmados e analisados os treinos e os jogos em que os jogadores participaram
no início e no final do estudo visando quantificar indicadores como o momento em que o
jogador inicia o seu movimento (quanto tempo antes ou depois do seu colega realizar o
passe), o tempo da bola nas situações de passe, os passes realizados com sucesso e insucesso
ou o número de confrontos diretos com sucesso e insucesso.
Os resultados permitiram verificar que o SSG solicita valores de FC elevados (entre 190 e 160)
permitindo alcançar e manter intensidades elevadas durante os treinos, privilegiando o
aumento do número de confrontos e ações de 1x1 (finta e desarme) mais do que as
relacionadas com o passe tendo nestas o início do movimento ocorrido preferencialmente
após a execução do colega. Todavia, em relação aos jogos não foram observadas diferenças
significativas na performance dos jogadores de ambos os grupos, já que os resultados dos
testes t e Kolmogorov Smirnov demonstram, para todos os indicadores, p-value superior a
0,05 demonstrando assim não existirem melhorias do desempenho dos jogadores no jogo.
Verificámos assim que não existiram melhorias significativas da performance dos jogadores
que realizaram o SSG (4x4), no jogo.
Palavras-chave
Futebol, Treino, Métodos de Treino; Performance, Jogos Reduzidos
v
Abstract
Football is a collective sport where players have to face several demands (physical, technical,
tactical, psychological, cultural, social, etc.). It´s training methodology is crucial because it
has to solicit all football characteristics and specificity. From several types of training
methodologies, Small-Sided Games (SSG) is a methodology that has been frequently used. In it
a small number of players have to play in small spaces compared to what happen in the
formal game (11x11).
This study aimed to understand the influence of the SSG in the performance of players in a
formal game situation and verify the influence in their performance over two months of
practice realizing possible influences of improving the performance of players in training
sessions and its transfer to the formal game. This study included 16 juvenile football players
of (16 years ± 0.8; 64kg ± 5.70; 175cm ± 0,06). Players were divided into two groups, where 8
of them (experimental group) held for ten weeks a SSG 4x4 in a 30mx20m field (area of
1,75sqm per player) and the other group of 8 players (control group) carried the usual
training exercises. The heart rate in both groups was monitored during the situations. Were
also filmed and analyzed the exercises and games in which players participated in the
beginning and in the end of the study in order to quantify indicators such as the time when
players began their movement (how long before or after the pass from their colleagues), the
time the ball took to travel the space between two players in a pass, passes performed with
success and failure, and the number of direct confrontations with success and failure.
Results showed that the SSG was responsible for high heart rate values (between 190 and
160bpm), an increase in the direct confrontations between players and 1v1 situations (feint
and interceptions). This showed that players developed more technical and tactical actions
related to 1v1. The results games analyze showed there were no difference between
performance player who participated and did not participated in 4x4 SSG.
However for the games were not verified significant differences in the performance of the
players of both groups, since the results of Kolmogorov-Smirnov tests confirmed for all
indicators p-value greaters than 0.05. We can thus conclude that tere were no significant
improvements in the performance of the players who took the SSG in the formal game.
Keywords
Football, Training, Training Methods, Performance, Small-Sided Games
vi
Índice
Agradecimentos .............................................................................................. iii
Resumo ......................................................................................................... iv
Abstract ......................................................................................................... v
Índice ........................................................................................................... vi
Lista de Figuras ..............................................................................................viii
Lista de Tabelas ............................................................................................... ix
1 Introdução ................................................................................................. 10
2 Revisão Bibliográfica ...................................................................................... 13
3 Definição do Problema ................................................................................... 20
4 Metodologia................................................................................................. 22
4.1-Amostra .......................................................................................... 22
4.2-Situação experimental ........................................................................ 22
4.2.1-Material................................................................................. 25
4.2.2-Duração ................................................................................. 25
4.3-Recolha e Tratamento dos dados ............................................................ 26
4.3.1-Treinos .................................................................................. 26
4.3.2- Jogos ................................................................................... 28
4.4- Recolha de Dados .............................................................................. 29
4.4.1- Treinos ................................................................................ 29
4.4.2- Jogos ................................................................................... 30
4.5 Análise dos Dados ............................................................................... 30
5 Resultados .................................................................................................. 32
5.1- Treinos ........................................................................................... 32
5.2- Jogos ............................................................................................. 37
6 Análise e Discussão dos Resultados ..................................................................... 40
6.1- Análise e Discussão dos Resultados do SSG 4x4 ........................................... 40
6.2- Análise e Discussão dos Resultados dos Jogos ............................................ 48
7 Limitações ................................................................................................. 53
8 Conclusão .................................................................................................. 55
9 Futuras Linhas de Investigação ......................................................................... 57
vii
10 Bibliografia ............................................................................................... 58
11 Anexos ..................................................................................................... 61
viii
Lista de Figuras
Figura 1 – Small-Sided Game 4X4 Figura 2 – Comportamento da FC durante o SSG 4X4 no início e no final do estudo (grupo experimental) Figura 3 - Comportamento da FC durante o exercício no início e no final do estudo (grupo controlo).
Figura 4 – Comportamento da média da FC, dos grupos experimental e de controlo, durante as várias fases dos exercícios (1º parte, minuto de descanso e 2º parte) ao longo dos 16
momentos do estudo.
Figura 5 – Comportamento da média e do desvio padrão da FC, de ambos os grupos, ao longo das 16 sessões do estudo. 1º Parte
Figura 6 – Comportamento da média e do desvio padrão da FC, de ambos os grupos, ao longo das 16 sessões do estudo. 2º Parte Figura 7 – Comportamento das médias individuais dos momentos em que os jogadores iniciaram as suas ações. Valores referentes a cada uma das partes do exercício.
Figura 8 – Comportamento da média e do desvio padrão dos momentos (tempos) em que os jogadores iniciaram as suas ações durante as duas partes do exercício, no treino no dia 29 de Janeiro. Figura 9 – Comportamento da média e do desvio padrão dos momentos (tempos) em que os
jogadores iniciaram as suas ações durante as duas partes do exercício, no treino no dia 4 de
Abril.
Figura 10 – Do comportamento das médias individuais, dos momentos em que os jogadores iniciaram as suas ações. Informação retirada dos vídeos filmados nos jogos de dia 27 de Janeiro e 4 de Abril.
Figura 11 – Comportamento das médias e do desvio padrão, dos momentos em que os jogadores iniciaram as suas ações. Informação retirada dos vídeos filmados nos jogos de dia 27 de Janeiro e 4 de Abril. 1ºParte
Figura 1.1 – Comportamento das médias e do desvio padrão, dos momentos em que os jogadores iniciaram as suas ações. Informação retirada dos vídeos filmados nos jogos de dia
27 de Janeiro e 4 de Abril. 2ªParte
ix
Lista de Tabelas
Tabela 1- Variáveis que podem condicionar as exigências, dos exercícios, a que os jogadores estarão sujeitos. Tabela 2 – Valores quantitativos dos passes realizados (Sucesso (S) e Insucesso (I)) e confrontos (Sucesso (S) e Insucesso (I)) registados nos treinos filmados nos dias 29 de Janeiro e 4 de Abril. Tabela 3 – Valores quantitativos (passes, confrontos com sucesso e insucesso) registados nos jogos de dia 27 de Janeiro e 7 de Abril.
10
Capítulo 1
Introdução
O Futebol é um dos desportos mais populares, mais praticados e mais complexos do Mundo
(Ali, M. S., Rostam, A. & Maryam, N., 2011). Durante um jogo de futebol (90minutos), os
desportistas podem chegar a percorrer cerca de 10 km por jogo (Bloomfield, J., Polman, R., &
O'Donoghue, P., 2007). Para além desta distância, que os jogadores em média percorrem,
também lhe é exigido, durante o jogo, que realizem diversas ações de carácter explosivo, tais
como: saltar, rematar, mudar de direção, travar, sprintar, etc. (Ali et al., 2011). A todas
estas exigências também acrescentamos as ações técnico-táticas, como por exemplo passe,
receção, remate, finta, drible, desarme, antecipação, etc., que durante um jogo, o
futebolista tem que executar. Para além desta, os desportistas também são sujeitos a outros
tipos de exigências como as de caracter social, cultural e psicológico.
Assim, o futebol caracteriza-se como sendo um desporto, que exige aos jogadores uma
conjugação das seguintes habilidades/capacidades: físicas, técnicas e tática (Helgerud, J.,
Engen, L. C., Wisloff, U., & Hoff, J., 2001); Ali et al., 2011). Deste modo, para que o
desempenho dos jogadores melhore, as capacidades técnicas, táticas e físicas são muito
importantes (Stolen,T., K. Chamari, C. Castagna & U. Wislff, 2005 cit. in Ali et al., 2011).
Posto isto, e de acordo com Ali et al., (2011), o futebol é um desporto que se caracteriza, em
termos de exigências fisiológicas, como uma modalidade acíclica e de natureza intermitente.
Onde os futebolistas tem que desenvolver as suas capacidades físicas, para conseguirem
realizar as suas tarefas em alta intensidade. Assim, de acordo com Hoff, J., Wisløff, U.,
Engen, L., Kemi, O., & Helgerud, J., (2002) a maioria da energia produzida provem do
metabolismo aeróbio, visto que os jogadores em média percorrem grandes distâncias (9 a
11km) durante 90minutos, mas com uma intensidade que se aproxima do limiar anaeróbio,
cerca de 80-90% da frequência cardíaca máxima.
Após a perceção, e breve descrição, das exigências (físicas, técnicas, táticas, psicológicas,
sociais, culturais) a que os jogadores de futebol estão sujeitos, durante um jogo, e às quais
durante um jogo tem que responder, é necessário considerarmos que no futebol, como em
qualquer outro desporto, o que pretendemos no treino é que este se consiga aproximar, o
máximo possível, ao nível das exigências que os futebolistas irão encontrar no jogo,
preparando-os para dar a melhor resposta possível às mesmas. Para tal é necessário que a
metodologia de treino, que é utilizada pelo treinador, se aproxime das características e das
exigências a que os jogadores estarão sujeito, durante o jogo.
11
Assim, o processo de treino foi evoluindo e ao longo dos tempos foram surgindo várias
metodologias de treino, com o objetivo de melhorar a forma de treinar e assim aperfeiçoar as
condições e exigências do treino. Possibilitando que este se aproxime das exigências que são
solicitadas aos jogadores durante os jogos (11x11).
Ao longo desta evolução, do processo de treino, foram surgindo as seguintes metodologias de
treino: global; analítico e integrado (Ramos, 2009).
No método global o futebol é entendido e encarado como algo global, como tal é treinado
globalmente, ou seja, o treino passa pelo jogo, treinava-se jogando. As vantagens, que são
apontadas a esta metodologia, são as seguintes: mais real, mais específico e motivador. No
entanto, é uma metodologia que é de difícil controlo e onde as cargas são menos definidas
(Ramos, 2009).
O método analítico procura treinar as várias capacidades (técnica, tática, física), que são
necessárias ao desempenho da modalidade, separadamente. Separando e trabalhando
isoladamente cada capacidade (técnica, tática, física) que são exigidas aos jogadores,
durante o jogo. Este método tem como vantagens ser mais fácil de controlar e de perceber o
alcance dos objetivos, bem como permite-nos determinar melhor as cargas a que os jogadores
estão sujeitos. Contudo, é um método mais irreal, por vezes monótono e as melhorias que são
observadas são adquiridas separadamente do contexto (Ramos, 2009).
Por fim, o método de treino integrado (a proposta de método atual) tem como objetivo
procurar que os jogadores treinem as exigências da modalidade tão próximas quanto possível
das que são encontradas no jogo. Ou seja, é uma metodologia que dirige as exigências
específicas do futebol em função das necessidades específicas da própria equipa e dos
jogadores que a constituem. Esta metodologia tem como vantagens englobar todos os pontos
fortes que são descritos nos métodos anteriores e evita também as desvantagens que são
apontadas ao método global e analítico (Ramos, 2009).
É então que surge o nosso interesse por estudar o método dos Small-Sided Games (SSG). Estes
caracterizam-se por serem realizados em áreas mais pequenas (espaço reduzido, portanto) e
com menor número de jogadores, comparativamente ao que acontece no jogo formal (11v11).
(Hill-Haas, S. V., Dawson, B., Impellizzeri, F. M., & Coutts, A. J., 2011). Apesar de serem
bastante diferentes do jogo formal, talvez permitam solicitar os comportamentos que serão
solicitados aos jogadores no decorrer do jogo preparando-os assim para que possam responder
às exigências deste de uma forma mais eficiente induzindo nos jogadores os comportamentos
desejados para que possam responder aos problemas pretendidos, como diversos autores vêm
assumindo (por exemplo: Ali et al., (2011); Dellal, A., Chamari, K., Owen, A. L., Wong, D. P.,
12
Lago-Penas, C., & Hill-Haas, S., 2011a; Dellal, A., Owen, A., Wong, D. P., Krustrup, P., van
Exsel, M., & Mallo, J., 2012 ou Rampinini, E., Impellizzeri, F. M., Castagna, C., Abt, G.,
Chamari, K., Sassi, A., & Marcora, S. M., 2007).
Contudo, iremos abordar e desenvolver mais este método de treino no próximo capítulo, onde
poderemos conhecer as diferentes conclusões e opiniões que os vários investigadores nesta
área tem apresentado nos seus estudos sobre as implicações que este método tem no
desempenho dos jogadores no treino.
13
Capítulo 2
Revisão Bibliográfica
O treino dos futebolistas procura estimular e conter as exigências o mais próximo possível das
que os jogadores irão encontrar na competição (Reilly, T., 2005 cit in. Kelly, D. M., & Drust,
B., 2008). Assim, hoje em dia, o método dos SSG tem sido cada vez mais utilizado pelos
treinadores de desportos coletivos para desenvolver as capacidades técnicas, táticas e físicas
dos jogadores (Hill- Hass, S., Coutts, A., Rowsell, G.,& Dawson, B., 2008; Rampinini, E.,
Impellizzari, F., Castagna, C., Abt, G., Chamari, K., Sassi, A. et al., 2006 cit in. Hill-Hass et
al., 2008). Como tal, é um método que tem desencadeado interesse de estudo de
investigadores como Casamichana, D., & Castellano, J., 2010; Casamichana, D., Castellano,
J., & Castagna, C., 2012; Dellal et al., 2011a, Dellal, A., Lago-Penas, C., Wong, P. L., 王培林,
& Chamari, K., 2011b ; Dellal, A., Owen, A., Wong, D. P., Krustrup, P., van Exsel, M., & Mallo,
J., 2012b; Hill-Hass, S., Coutts, A., Rowsell, G., & Dawson, B., 2008; Hill-Haas, S. V., Dawson,
B. T., Coutts, A. J., & Rowsell, G. J., 2009b & Hill-Haas, S. V., Dawson, B., Impellizzeri, F.
M., & Coutts, A. J., 2011)
Este método, dos SSG ou “jogos reduzidos”, caracteriza-se por ser realizado em áreas de
terreno reduzidas, com menos números de jogadores que no jogo formal de futebol (Hill-Hass
et al., 2011). É uma metodologia de treino menos estruturada que outras, no entanto, é
muito popular e é uma boa ferramenta para ser utilizada em qualquer escalão,
independentemente da idade (Hill-Hass et al., 2011). Os treinadores que utilizam este
método procuram com frequência modificar algumas variáveis, tais como a área de jogo, o
número de jogadores, as regras, a utilização ou não de guarda-redes, a utilização ou não de
palavras de encorajamento, com o objetivo de despoletar alguma resposta, em específico, e
aumentar a intensidade do treino (Dellal et al., 2011).
Para Reilly, T. & White, C., (2004), o SSG é um substituto, aceitável, ao denominado treino
intervalado, caso o objetivo do treino se prenda com o trabalho e a manutenção da
capacidade física dos jogadores, durante a época desportiva. Da mesma opinião são Hill-Hass
et al., (2008) que afirmam que os vários formatos de SSG (2x2, 4x4 e 6x6) jogados em
qualquer regime (contínuo ou intervalado) fornecem confiáveis respostas e que por esse
motivo representam uma alternativa viável ao tradicional treino intervalado de corrida com o
objetivo de desenvolver ou manter a capacidade aeróbia dos jovens jogadores.
Tendo em conta que o método do SSG pode ser utilizado para desenvolver a capacidade de
endurance dos futebolistas, de uma forma mais específica, a variável área individual do
jogador não deve ser descurada pelos treinadores, quando estes se encontram a planificar os
14
exercícios de treino (Casamichana et al., 2010). Esta área é calculada através da divisão da
área total do campo pelo número de jogadores (Hill-Haas et al., 2011). Este é um ponto a
termos em consideração pois, esta variável permite, ao treinador, modelar as intensidades a
que os futebolistas vão estar sujeitos durante a execução do exercício, afetando assim as
capacidades físicas, fisiológicas e as respostas motoras dos jogadores (Casamichana et al.,
2010).
Dentro desta mesma linha de estudo, Owen, A., Twist, C., & Ford, P., (2004) demonstraram
que, a alteração da dimensão do campo, em mais de 10 metros, de vários formatos de SSG,
tinha uma grande influência nas exigências físicas a que os jogadores estariam sujeitos. O que
quer dizer, que geralmente quando se aumenta o tamanho do campo ocorre um aumento da
frequência cardíaca e do pico da frequência cardíaca, havendo assim uma maior solicitação
das capacidades físicas dos jogadores e uma menor solicitação das capacidades técnicas
(Owen et al., 2004). No entanto, segundo o estudo de Kelly, D. M., & Drust, B., (2009), em
que os autores estudaram as exigências a que os jogadores estariam sujeitos durante a
execução do mesmo formato de SSG (4x4) com diferentes dimensões (30x20, 40x30 e 50x40),
estes observaram que, nestas condições, apenas a alteração da variável dimensão do campo
não afectava significativamente a frequência cardíaca (FC), como tal não afetava as
exigências fisícas que são requeridas aos jogadores. No final estes mesmos autores, sugeriram
que a dimensão do campo não é um factor preponderante para afectar significativamente a
FC. Contudo, estes indicam que, se esta váriavel for combinada com a variável número de
jogadores, então verifica-se que a FC é afetada. Quanto a esta sugestão de Kelly et al.,
(2009) já Owen et al., (2004) tinham referido que se o treinador alterar o número de
jogadores mas mantiver o tamanho do campo vai poder manipular as exigências técnicas e
físicas a que os jogadores estariam sujeitos. Demonstrando assim que a manipulação destas
duas variáveis permite ao treinador manipular as exigências físicas e técnicas a que os
jogadores estarão submetidos.
Para além destas conjugações que são sugeridas por Owen et al., (2004) & Kelly et al.,
(2009), Rampinini et al., (2007), sugeriram outra combinação, de variáveis, que afeta a
intensidade do exercício. Esta conjuga a dimensão do campo com a utilização ou não de
palavras de encorajamento por parte do treinador. Caso estas duas variáveis sejam utilizadas
os treinadores podem dentro do próprio exercício modelar e manipular a intensidade para
assim controlar os estímulos do treino aeróbio.
Quanto à variável condicionamento do número de toques, seguidos por jogador, esta também
tem uma palavra a dizer no que diz respeito à intensidade do exercício. A alteração desta
regra por parte do treinador pode resultar na modificação das exigências físicas e técnicas a
que os jogadores estarão sujeitos. Por exemplo, no caso do SSG 2x2 com a regra de apenas
ser permitido, ao jogador, dar 1 toque (seguido) na bola ocorre um aumento da frequência
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cardíaca e do lactato no sangue, comparativamente com o mesmo SSG mas sem limitações de
toques. Através desta variável os treinadores podem aumentar a proporção de distâncias
percorridas, de sprintes, de duelos e de confrontos. Isto dependendo, é claro, do objetivo que
delinearem para o treino (Dellal et al., 2011a & Dellal et al., 2012b). No entanto, quando se
está a planear os exercicios do treino, e se opta por utilizar esta variável, delimitação do
número de toques por jogador, deve-se ter em atenção que componente (técnico, tático,
fisico) queremos treinar. Pois, esta variável, vai interferir nas exigências fisícas e técnicas a
que os jogadores irão estar sujeitos. Por exemplo: no caso do SSG 4x4 em que ocorra uma
limitação de 1 toque por jogador, este fator vai ser responsavel por um aumento da exigência
fisíca, enquanto que a componente técnica vai ser afecta, observando-se uma diminuição do
número de passes com sucesso, comparativamente com o que acontece se não houver
limitação (Dellal et al., 2011b).
A modificação dos constragimentos da tarefa contribui para a estimulação cardiovascular e
pode ser mais uma forma de utilizar os small-sided games no treino de jovens jogadores.
Neste caso, específico, este constragimento está relacionado com a obteção do golo.
Observando-se diferenças de aleatoriedade na estimulação cardiovascular, comparativamente
com diferentes constragimentos de obtenção de golo. Onde o constragimento da linha de golo
é responsavel por causar maior aleatoriedade na estimulação cardiovascular que os
constragimentos do golo duplo e do golo central. Podendo até, ser opção para estimular e
desenvolver as habilidades individuais do 1 para 1 com um alto nível de imprevisibilidade na
estimulação do sistema cardiovascular (Duarte, R., Araújo, D., Fernandes, O., Travassos, B.,
Folgado, H., Diniz, A., & Davids, K., 2010). Para além deste constrangimento da tarefa, que
pode ser utilizado pelos treinadores, de camadas jovens, de acordo com Hill-Hass et al.,
(2009) os SSG 2x2 e 4x4 são formatos que pelas suas características, permitem aumentar o
stress e a exigência a nível físico (aumento da frequência cardíaca e do lactato no sangue) e
como tal são formatos que podem, também eles, serem utilizados pelos treinadores das
camadas jovens.
Como podemos verificar a utilização deste método, e a modificação das regras e variáveis,
que são utilizadas pelos treinadores, condicionam e influênciam a intensidade do exercicio,
bem como a exigência técnica que este terá para os jogadores (Dellal et al., 2011a). Assim, de
acordo com Dellal et al., (2011)a o SSG é um método que permite alcançar altas intensidades
e que ao mesmo tempo permite desenvolver as capacidades técnicas e táticas dos jogadores.
Deste modo, podemos observar que os autores se preocuparam em estudar e perceber a
forma como a utilização dos SSG e a modificação das variáveis (tamanho do campo, número
de jogadores e toques na bola) influenciam a intensidade do treino e se essa intensidade é
suficiente para causar adaptações fisiológicas nos jogadores.
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Posto isto, e após termos percebido, um pouco, como os exercícios de SSG e as modificações
das variáveis podem interferir nas capacidades (técnica, tática, físicas) a que os jogadores de
futebol estão submetidos, importa percebermos se essas capacidades são desenvolvidas de
modo a preparar os jogadores para as tais exigências (técnicas, táticas e físicas) que eles irão
encontrar no jogo (11x11). Ou seja, percebermos que condições têm que ter os SSG para que
estes se aproximem das exigências que os jogadores irão encontrar no jogo. No fundo,
compreendemos que determinadas situações/formatos de SSG se aproximam em termos de
exigência física, técnica, tática daquilo que acontece no jogo (11x11).
Assim, de acordo com Katis, A., & Kellis, E., (2009), que estudaram, especificamente dois
SSG, o 3x3 e o 6x6, estes concluíram que o primeiro é uma boa ferramenta para melhorar a
capacidade física e técnica dos jovens jogadores, enquanto o segundo é melhor para trabalhar
as questões táticas do jogo, já que este se aproxima em termos de número, de jogadores, do
que acontece no jogo (11x11). Quanto a esta informação, sobre o SSG 6x6, Hill-Hass et al.,
(2009) partilham da mesma opinião, dos autores anteriores, visto que também para este, o
formato 6x6 pode ser utilizado para trabalhar situações mais específicas do jogo. Para além
destas conclusões de Katis et al., (2009), Dellal et al., (2011)b concluíram que o SSG 4x4 com
limitação de dois toques se aproxima a nível de exigência técnica e de intensidade daquilo
que acontece no jogo (11x11). Já Owen et al., (2004) verificaram mais especificamente que
os SSG 1x1 e 2x2 se aproximam muito dos níveis de frequência cardíaca que são encontrados
durante um jogo (11x11) enquanto os formatos de 4x4 e 5x5 já não se aproximam, tanto,
desses níveis de frequência cardíaca.
Assim, de acordo com Hill-Hass et al., (2011) a maior vantagem, do SSG, é que este permite
desenvolver o jogador a nível técnico, tático, físico e de tomada de decisão. Indo assim de
encontro ao que na realidade o jogador irá encontrar no jogo. Da mesma opinião são Owen et
al., (2004) que afirmam que este método permite aos jogadores terem contato com situações
semelhantes às que encontrarão no jogo (11x11), o que permite aos futebolistas
desenvolverem e melhorar a capacidade técnica, tática e psicológica do seu jogo.
Já Ali et al., (2011) acrescentam que este método pode ser utilizado em camadas jovens,
porque permite aos jogadores estarem em constante contato com a bola e deste modo
desenvolverem e melhorarem as suas capacidades técnicas, táticas e físicas. No entanto, na
literatura a desvantagem que é apontada a este método é que pode não ser o
suficientemente estimulante para todos os indivíduos e desta forma, possa não ocorrer
melhorias a nível fisiológico (Vo2max). Isto deve-se ao facto de os jogadores com um Vo2max
elevado, demonstrarem um Vo2max inferior após submetidos a este método de treino (Hoff,
J., U. Wislff, L.C. Engen, O.J. Kemi & Helgerud, 2002 cit. in. Ali et al., 2011). Este facto,
segundo Ali et al., (2011) pode ser contornado pelos treinadores, caso estes modifiquem as
variáveis tais como: a área de jogo, o número de jogadores, etc. Embora, não seja bem
17
explícito, em termos de valores (tamanho de área, ou número de jogadores) a partir dos quais
possa ser suficientemente estimulante para desenvolver adaptações fisiológicas (melhoria do
Vo2 max) em todos os jogadores. Contudo, Hill-Haas, Dawson, Coutts, & Roesell, (2009)a
foram mais específicos e demonstraram que este ponto pode ser contornado pelos treinadores
se estes tiverem em consideração a capacidade técnica e os valores de VO2 max dos jogadores
no momento em que escolherem os mesmos para realização do exercício.
Também Casamichana et al., (2012) afirmam que o SSG é um método que apresenta
limitações no que diz respeito ao aspeto da capacidade física, demonstrando assim uma
deficiente estimulação dos esforços de alta intensidade e um pequeno número de repetições
de sprints, comparativamente com o que acontece nos jogos amigáveis (no caso especifico
dos SSG 3x3, 5x5 e 7x7). Posto isto, para estes autores, os treinadores e profissionais desta
área devem ter em consideração os jogos amigáveis na sua planificação e rotina de treino,
para promover, nos jogadores, adaptações específicas no domínio do esforço de alta
intensidade. Contudo, estes mesmos autores apontam que em termos de carga de trabalho os
SSG demostram ser jogados a uma maior intensidade que os jogos amigáveis.
Após termos apresentado todas estas conclusões a que estes variadíssimos autores chegaram,
nos seus estudos, sobre os SSG, importa agora prosseguir no sentido de procuramos perceber
que relação existe entre os jogadores quando estes estão a executar exercícios de SSG. Ou
seja, percebemos através de todos estes estudos que exigências (físicas, técnicas, táticas)
têm os vários tipos/formatos de SSG nas respostas e adaptações dos jogadores.
18
Apresentamos em seguida uma tabela síntese que nos permite simplificar a compreensão das
implicações de diferentes variáveis de acordo com diversos autores.
Variável Variação Implicações Autores
Área individual do
jogador.
Aumento ou diminuição
desta variável
Aumenta ou diminui a
intensidade do
exercício afetando, as
capacidades físicas,
fisiológicas e as
respostas motoras dos
jogadores.
Casamichana et al.
(2010)
Dimensão do campo
(diferentes formatos de
SSG)
+10 metros
Exigência física +
afetada que a técnica
Owen et al. (2004)
Alteração da dimensão
do campo (no mesmo
formato de SSG)
+ 10 Metros
Não aumenta
significativamente a
FC. Logo não afeta as
exigências fisícas.
Kelly et al. (2009)
Alteração da dimensão
do campo e do número
de jogadores.
Amento das dimensões
e modificação do
número de jogadores
Afecta a frequência
cardíaca.
Kelly et al. (2009)
Alterar o número de
jogadores mas manter a
dimensão do campo
Retirar ou aumentar 1
jogador a cada equipa
Aumenta/diminui as
exigências físicas a que
os jogadores estão
sujeitos. Afeta as
exigências técnicas.
Owen et al. (2004)
Dimensão do campo +
palavras de
encorajamento
Utilização ou não de
palavras de
encorajamento por
parte do treinador
Aumenta ou diminui a
intensidade do
exercício
Rampinini et al. (2007)
Condicionamento do
número de toques
seguidos por jogador
Limitação de 1 toque
Aumenta a FC e a
exigência física,
afetando
negativamente a
componente técnica
Dellal et al. (2011)a;
Dellal et al. (2011)b,
Dellal et al. (2012)
modificação dos
constragimentos da
tarefa (obtenção do
golo)
linha de golo, golo
duplo e golo central
A primeira causa maior
aleatoriedade na
estimulação
cardiovascular, embora
ambas tenham esse
efeito.
Duarte et al. (2010)
Tabela 1: Variáveis que podem condicionar as exigências, dos exercícios, a que os jogadores estarão sujeitos.
No entanto, falta perceber que relação existe entre os jogadores quando estes se encontram
a executar este tipo de exercícios, para que estes consigam alcançar o objetivo que foi
delineado para eles (exemplo: ganha a equipa que marca mais golos, ganha a equipa que fizer
mais toques seguidos).
19
Para podermos entender isto temos que perceber que o futebol é um desporto coletivo.
Sendo um desporto coletivo e segundo o Modelo das Atividades Desportivas Coletivas,
proposto por Fernando Almada a característica mais marcante destes desportos é que
privilegiam a divisão de tarefas entre os desportistas, da mesma equipa, implicando assim a
divisão de funções entre os elementos da equipa para que no final o resultado seja favorável
à sua equipa (a denominada dinâmica de grupo) (Almada, F., Fernando, C., Lopes, H.,
Vicente, A., Miguel, V., 2008).
Assim, podemos perceber que esta característica também se enquadra e se aplica aos
exercícios de SSG, já que estes têm que dividir tarefas entre eles (elementos da mesma
equipa), para que no final o resultado seja favorável à sua equipa (a denominada dinâmica de
grupo).
Segundo os mesmos autores (Almada et al., 2008) esta relação entre os jogadores da mesma
equipa pode ser medida através do modelo de referencial de tempo simplificado:
t≥t´
Sendo t o tempo da ação ofensiva e t´o tempo da ação defensiva.
Este modelo permite-nos ter um referencial dos tempos que estão envolvidos nas ações dos
jogadores, possibilitando-nos a compreensão do desempenho dos mesmos. Julgamos assim
que com este instrumento nos é possível aprofundar o conhecimento sobre as implicações
deste tipo de jogos (SSG) nos jogadores e sua prestação.
Posto isto, e após a compreensão de como se encontra a investigação sobre os SSG e
apresentadas as conclusões e opiniões dos diversos investigadores da área, de seguida iremos
apresentar a nossa definição do problema.
20
Capítulo 3
Definição do Problema
O treino desportivo e a forma como este é elaborado e controlado, pelos treinadores, deverão
ter como objetivos, potenciar e desenvolver as capacidades, dos seus desportistas, com a
finalidade de os preparar para as várias exigências (físicas, técnicas, táticas, psicológicas,
culturais, etc.,) que estes irão encontrar no dia das decisões (jogo, combate, prova de
maratona, etc.), promovendo a sua transformação.
No caso do futebol este fato também se aplica, já que os treinadores quando planeiam o
treino terão como objetivo melhorar e potenciar as capacidades dos jogadores para que eles
estejam mais preparados para responderem às diversas exigências (físicas, técnicas, táticas,
psicológicas, culturas, sociais etc.,) que irão encontrar no jogo propriamente dito. Para tal, é
necessário que os treinos solicitem os comportamentos com os quais os jogadores serão
confrontados em especial no momento da competição pelo que podemos afirmar de forma
muito simplificada que tal será mais evidente sempre que os jogadores se aproximem nos
treinos das exigências que irão encontrar no jogo.
Posto isto, e após termos conhecido e compreendido que os SSG são um método de treino que
se caracteriza por ser realizado em espaços mais reduzidos, com menos jogadores que
aqueles que se observam no jogo, e tendo em conta que também é uma metodologia que nos
últimos anos tem sido muito utilizada pelos treinados, surgiu o interesse de estudo pelos
Small-Sided Games (SSG).
Assim, após realizarmos a revisão da literatura, foi-nos possível compreender em que estado
está a investigação sobre o SSG, bem como conhecer os diferentes resultados, conclusões e
opiniões a que os investigadores, deste método de treino, chegaram. Podemos observar que a
maioria, dos estudos, se debruçava sobre como e que formatos de SSG podem influenciar mais
ou menos determinadas capacidades (técnicas, táticas, físicas) dos jogadores e que
modificações de variáveis podem influenciar mais determinada capacidade que outra de modo
a aproximar-se mais das tais exigências a que os jogadores serão submetidos no jogo (11x11).
Ajudando, deste modo, a perceber que este método pode melhorar as capacidades dos
jogadores, pois estas são mais ou menos estimuladas no treino, consoante a utilização e
controlo das variáveis.
Pois bem, assim surgiu-nos a curiosidade de perceber e no jogo? Será que estas melhorias do
desempenho desportivo, que foram comprovadas nos estudos, no treino se verificam também
21
numa melhoria da performance desportiva do jogo? Será que existe transferência da melhoria
da performance desportiva registada no treino para o jogo?
Posto isto, a nossa proposta de estudo procura ir um pouco mais além do que até então tem
sido estudado. Com o objetivo de acrescentarmos algo mais no que diz respeito à
compreensão de como este método pode ou não melhorar a performance dos futebolistas não
só no treino mas também no jogo. Pretendemos perceber se existe melhoria da performance
desportiva dos jogadores que participam no SSG, não só no treino, mas também no jogo e
compreender que melhorias são essas.
De uma forma simplificada iremos procurar responder à seguinte questão: serão os SSG
realmente um método que permite desenvolver as capacidades dos futebolistas (fisiológicas,
técnicas, táticas e psicológicas), para que o seu desempenho melhore no jogo? Se sim, como
poderão melhorar efetivamente o desempenho dos jogadores e como isso se pode repercutir
no jogo?
Em síntese, podemos afirmar que o objetivo geral do presente estudo será perceber se e
como a utilização dos small-sided games poderão melhorar a performance dos futebolistas.
22
Capítulo 4
Metodologia
Com vista a responder ao problema que definimos anteriormente realizámos uma situação
experimental visando compreender se este método permite melhorar o desempenho dos
jogadores e se, posteriormente, essa melhoria se poderia, efetivamente, observar no jogo.
4.1- Amostra
Fizeram parte deste estudo 16 jogadores da equipa de futebol dos juvenis do Sporting Club da
Covilhã (16 anos ± 0,8; 64kg ± 5,70; 175cm ± 0,06) que disputaram o campeonato distrital da
Associação de Futebol de Castelo Branco na época 2012/2013. Estes 16 jogadores foram
divididos em dois grupos, o grupo experimental (8 jogadores sendo 4 defesas, 2 médios e 2
avançados) e o grupo de controlo (8 jogadores sendo 4 defesas, 2 médios e 2 avançados). O
grupo experimental, bem como o de controlo foram constituídos, cada um deles, por 4
jogadores da equipa inicial e outros 4 que não eram habitualmente titulares. Esta seleção
teve como objetivo permitir-nos ter em ambos os grupos (experimental e de controlo) o
mesmo número de jogadores que participaram mais tempo em ambos os jogos, com a
finalidade de obtermos o máximo de informação, nos dois jogos, em ambos os grupos. Para
que assim fosse possível realizamos uma comparação equilibrada entre os grupos. Do estudo
não fizeram parte os guarda-redes uma vez que estes não se enquadravam neste tipo de
análise que pretendíamos fazer visto que tínhamos como objetivo compreender
essencialmente a evolução dos jogadores de “campo”.
4.2- Situação Experimental
O formato de small-sided game que utilizamos neste estudo foi o de 4x4. Isto porque de
acordo com Hill-Hass et al., (2008) este é um formato que jogado em qualquer regime
(contínuo ou intervalado) fornece confiáveis respostas e por esse motivo representa uma
alternativa viável ao tradicional treino intervalado de corrida, caso o objetivo seja
desenvolver ou manter a capacidade aeróbia dos jovens jogadores. Também de, acordo com
Hiil-Hass et al., (2009) este é um formato que permite aumentar o stress e a exigência a nível
físico (aumento da frequência cardíaca e do lactato no sangue) e como tal é um formato que
pode ser utilizado pelos treinadores das camadas jovens. Para Dellal et al., (2011)b este
mesmo formato de SSG 4x4 mas com a implementação de limite de dois toques seguidos por
jogador favorece ações de alta intensidade e a nível de exigência técnica aproxima-se da
exigência a que os jogadores estarão sujeitos nos jogos (11x11). Sendo assim um formato,
23
pelas suas características, que permite consoante o objetivo que o treinador estipular para o
treino, trabalhar, mais especificamente as exigências técnicas ou físicas do jogo (Dellal et al.,
2011b).
O SSG 4x4 foi realizado numa área já pré definida com as dimensões de 30mx20m (área
individual por jogador 1:75 m2). A escolha destas dimensões teve como objetivo proporcionar
o maior número de confrontos 1x1, uma maior utilização de ações técnico táticas (finta,
desarme, drible, receção) bem como uma maior quantidade de tomadas de decisões a serem
tomadas pelos jogadores ao mesmo tempo que tem também uma exigência fisiológica. Para
tal era necessário que os espaços e o tempo que os jogadores dispunham para tomar as
decisões e executarem, as ações motoras, fosse reduzida. Procurando, deste modo,
aproximar-se do que por certos momentos pode acontecer durante os jogos. Indo, também,
de encontro à dimensão do campo que foi utilizado por Kelly et al., (2009) e Dellal et al.,
(2011)b, os quais tinham como objetivo perceber o impacto que o tamanho do campo tinha na
resposta da frequência cardíaca e nos requisitos técnicos utilizados pelos jogadores durante o
SSG 4x4 e analisar a influência que tem a restrição do número de toques seguidos por jogador
nas suas respostas físicas, técnicas no SSG 4x4, respetivamente. Pelos motivos supracitados
optou-se pela dimensão em causa.
Dividimos o exercício em duas partes de quatro minutos com um minuto de recuperação ativa
o que fez um total de duração de nove minutos. A opção pelo minuto de recuperação teve
como objetivo minimizar o efeito que a fadiga poderia ter no desempenho dos jogadores e
como tal na influência que iria ter nos resultados obtidos. No que diz respeito à duração e
tempos de descanso utilizados por outros autores destacaríamos dois estudos o de Kelly et al.,
(2009) em que estes optaram por quatro series de 4 minutos com 2 minutos de recuperação
ativa entre cada serie, tendo o exercício um total de 24 minutos. Estes 2 minutos de
recuperação, provavelmente, estariam relacionados com a quantidade de series que o
exercício tinha (4 series) e como tal houve, por parte dos autores, uma preocupação de
minimizar o efeito da fadiga, principalmente da 2º para a 3º serie e da 3º para a 4º. Outro
estudo que também destacaríamos foi o de Dellal et al., (2011)b. Estes autores dividiram o
exercício em duas partes de 4 minutos, no entanto utilizaram 3 minutos de recuperação ativa.
Este mesmo tempo de recuperação poderia dever-se ao fato de neste estudo os jogadores
estarem restritos a número de toques seguidos por jogador o que obrigava a uma maior
intensidade do exercício e como estariam sujeitos a um maior efeito da fadiga. Por último
importa referir que para contabilizarmos e controlarmos o tempo do exercício foi utilizado
um cronómetro. Importa referir que o início do exercício foi dado através de um estímulo
sonoro, bem como o final dos primeiros 4 minutos (inicio de 1minuto de descanso), início dos
segundos 4 minutos e o final do exercício.
24
O SSG 4x4 foi aplicado no início do treino, após o aquecimento, para minimizar os efeitos que
a fadiga poderia ter sobre o desempenho dos jogadores e assim impedir que esta influencia-
se, ainda mais, os resultados do estudo.
Do exercício fizeram parte duas equipas de 4 jogadores. No final vencia a equipa que marcava
mais golos. Sempre que a bola, que estava a ser utilizada, saia do terreno de jogo era reposta
uma nova bola em jogo por uma pessoa disposta no centro da área de jogo com o objetivo de
manter a intensidade do exercício e minimizar as pausas durante a execução do exercício.
A figura seguinte permite uma melhor visualização do exercício em causa.
Figura 1: Small-sided game 4x4.
Ao mesmo tempo que o SSG 4x4 (dimensão 20x30) era realizado pelo grupo experimental o
grupo de controlo realizava os exercícios habituais sob a responsabilidade do treinador sendo
que habitualmente realizavam exercícios de finalização onde cada uma das equipas tinham
duas balizas para defender e duas para atacar. Este exercício era controlado pelo treinador
que fornecia constantemente feedbacks com a preocupação de manter a intensidade do
exercício elevada. Quanto à dimensão do exercício, esta variava consoante a dimensão do
campo que a equipa podia ocupar no treino, não sendo sempre a mesma dimensão. Não
tivemos qualquer preocupação em controlar estes exercícios ou estes jogadores uma vez que
pretendemos que este grupo mantivesse a sua atividade habitual nos treinos para que pudesse
ser comparado como o grupo experimental.
Tivemos a preocupação de que fossem sempre as mesmas amostras a realizarem o SSG, isto
para que fosse possível observar e comparar a evolução de cada um dos jogadores e perceber
se no final ocorreu melhorias na performance dos indivíduos. Este facto poderia sofrer
alterações pontuais quando existisse algum jogador, que por motivos de doença, lesão, ou
outra situação, não pudesse participar no exercício. Quando isso acontecia, era substituído
nessa sessão por outro jogador e depois na próxima sessão já voltaria tudo à normalidade. No
25
entanto, caso o impedimento não fosse apenas pontual e deste modo o impedisse mesmo de
participar no resto das sessões o jogador, ai era substituído, de vez, por outro elemento.
Importa, também, referir que em ambos os grupos (controlo e experimental) os exercícios
aplicados seguiram os mesmos moldes em termos de duração (quatro minutos de exercício,
um minuto de pausa e mais quatro minutos de exercício) e ambos eram realizados em
simultâneo. Aos jogadores foi fornecido um estímulo auditivo (apito) para iniciar e parar o
exercício garantindo assim que todos executassem os exercícios em simultâneo.
4.2.1- Material
Foi utilizado o seguinte material para a realização da situação:
- dois pares de cones à distância um do outro de 1 metro com o objetivo de delinear as
balizas;
- 20 cones para delimitar o campo;
- fita métrica para medir as dimensões do campo;
- 10 bolas;
- 4 coletes;
- 1 câmara Sony Digital Camcorder DSR-PDX10P para filmar a situação;
- 10 frequencímetros (4 frequencímetros Polar Vantage NVTM ; 5 frequencímetro da marca
Polar S610; 1 frequencímetro da marca Polar S810TM) para registar a frequência cardíaca;
- 2 cronómetros Casio para contabilizar o tempo dos exercícios e o tempo de pausa;
- 1 apito para dar inicio e fim aos exercícios.
4.2.2- Duração
O estudo teve a duração de 10 semanas durante as quais foram realizadas as situações. Tendo
sido o mesmo iniciado no dia 27 de Janeiro e finalizado no dia 7 de Abril. Durante esse
período o exercício foi aplicado duas vezes por semana, o que fez um total de 16 sessões. O
SSG foi aplicado durante os treinos de 3ªf e de 5ªf, no Complexo Desportivo da Covilhã, no
campo número 3 (terra batida), pelas 19:30 horas.
O primeiro e o último treino, no qual foi aplicado o exercício, foram filmados, bem como o
primeiro e o último jogo destas 10 semanas. O primeiro treino realizou-se no dia 29 de
Janeiro e o último no dia 4 de Abril. Já o primeiro jogo realizou-se no dia 27 de Janeiro e o
último no dia 7 de Abril.
26
4.3- Recolha e Tratamento dos Dados
Os dados foram recolhidos e tratados, quer em situação de treino, quer em situação de jogo,
conforme apresentamos em seguida e com os seguintes fundamentos e procedimentos.
4.3.1- Treinos
Foram recolhidos e tratados dados fisiológicos para controlo e perceção da evolução dos
jogadores, ao longo do tempo, durante a execução do exercício. Para tal, seis jogadores (3
jogadores do grupo de controlo e 3 do grupo experimental) utilizaram frequencímetros com o
objetivo de perceber como este indicador se comportou na primeira e últimas sessões, bem
como perceber eventuais variações deste indicador, de treino para treino.
Os frequencímetros foram programados para registar a frequência cardíaca de 5 em 5
segundos, o que permitiu observar o comportamento e a evolução deste indicador durante as
duas partes do exercício, bem como obter a média da frequência cardíaca de ambas as partes
do exercício. Por outro lado, permitiu, também, comparar o que aconteceu na primeira e
última sessões, em que foi aplicado. Tendo sido, deste modo, possível perceber como os
jogadores responderam ao esforço e comparar o que aconteceu na primeira vez em que o
exercício foi executado com a última vez. Possibilitando, assim entender que diferenças
ocorreram neste indicador da primeira para a última sessão, bem como conhecer a
evolução/percurso deste indicador ao longo do tempo em que o exercício foi aplicado.
A escolha por este indicador prendeu-se pelo facto de ser um método mais barato que os
restantes, mais fácil e prático de ser utilizado, visto que necessita de apenas um monitor de
frequência cardíaca que é mais barato que outros instrumentos que são utilizados para
controlar o treino (Reis et al., 2011). No entanto, temos a consciência de que este indicador é
mais propício a sofrer variações e como tal tem uma maior probabilidade de erro na
quantificação da carga interna real, já que este é muito influenciado pela idade, sexo,
ansiedade, medo. Mas, como já foi referido, é o método mais prático, fácil e barato. Neste
caso este foi o melhor método a ser utilizado dado às características, próprias, dos SSG.
Através das filmagens dos vídeos, da 1º e da última sessão, do SSG 4x4, foram retirados e
analisados os indicadores abaixo descritos:
- O momento em que o jogador inicia a sua ação: para fazer esta quantificação
tínhamos em consideração o momento em que o jogador iniciava o seu movimento em direção
ao local de receção da bola. Utilizámos como referencial se este movimento foi iniciado antes
ou despois do seu colega realizar o passe (i.e. tocar na bola) e quanto tempo antes ou depois.
27
Podemos aceitar que se este tempo tender a diminuir (i.e. o jogador iniciar a sua ação mais
cedo) tal significará que está a conseguir identificar antes os indicadores mais pertinentes
para tomar a decisão mais correta e logo, a conseguir ganhar vantagem para ser bem
sucedido na sua ação (tendo como resultado uma vantagem no diferencial de tempos). Será
assim importante utilizar este indicador como referencia para compreender uma possível
evolução resultante das solicitações provocadas nos jogadores pelo SSG a nível da recolha de
indicadores e tomada de decisão. Tendo, este tempo, sido medido desde que o jogador
iniciava a sua ação (através da informação relação centro de massa base de apoio) até ao
momento que o colega realizava o passe.
- Tempo que a bola demorou a chegar ao jogador: para realizarmos esta quantificação
contabilizamos desde que foi realizado o passe até ter ocorrido a receção por parte do
jogador. Este indicador serviu-nos como referencial, que nos permitiu perceber
conjuntamente com o indicador anterior em que momento, antes ou depois, o jogador inicia o
seu movimento. Caso este tempo fosse superior, indica ria-nos que o jogador iniciou o seu
movimento depois do colega ter realizado o passe.
- Passes realizados com sucesso e insucesso: foram quantificados os passes realizados
por cada um dos jogadores, bem como quais foram realizados com sucesso e insucesso. Os
passes realizados com sucesso eram todos aqueles que chegavam ao destinatário, já os
insucessos eram todos aqueles que não chegavam ao destino (eram intercetados pelos defesas
ou que saiam do terreno de jogo). A análise deste indicador teve como objetivo perceber que
evolução ocorreu do início para o final do estudo, em que o SSG foi utilizado. Permitindo,
comparar quantitativamente os valores registados no início do estudo (1º filmagem) com os
registados no final (última filmagem). Este indicador também foi utilizado no estudo de Dellal
et al., (2011)b em que este procurou analisar a influência que tinha a restrição do número de
toques seguidos por jogador nas suas respostas físicas, técnicas no SSG 4x4;
- O número de confrontos diretos: este confronto foi definido quando ocorria o 1x1
entre dois jogadores. Isto para promover as ações tático-técnicas do ataque (drible) e da
defesa (desarme) e assim percebermos se aumentavam ou diminuíam o número de confrontos
da primeira para a última sessão de treinos. Isto para sabermos se no caso deste SSG existiria,
no final, alguma alteração neste indicador, comparativamente ao que aconteceu no início.
Este foi outro indicador que Dellal et al., (2011)b utilizaram no seu estudo;
- Número de confrontos com sucesso ou insucesso para os “defesas” e para os
“avançados”: este indicador vem na sequência do anterior. Teve o propósito de perceber dos
confrontos que existiram quantos tiveram sucesso e quantos tiveram insucesso, para depois se
perceber da primeira para a última sessão o que aconteceu a este indicador. Ou seja, se no
confronto de 1x1 ocorreram mais sucessos ou insucessos e como este fator evoluiu. Definimos
28
como confrontos com sucesso todos aqueles que ocorriam em que o defesa/avançado, através
de ações técnico táticas (atacantes/defensivas), conseguiam resolver os problemas a que
eram sujeitos pelos adversários (por exemplo: no caso dos avançados estes continuarem com
a posse de bola ou no caso do defesas recuperarem a posse de bola).
- O número de golos: o motivo pelo qual analisamos este indicador deveu-se ao facto
de este fazer parte do jogo, para que se possa chegar ao objetivo, do jogo, que é vencer.
Como tal deve ser analisado para perceber o que aconteceu de sessão para sessão com o
número de golos. No entanto, este é um indicador indireto da melhoria na performance dos
jogadores, uma vez que o resultado final é marcar golo mas é possível estar a evoluir e não
conseguir marcar golos (depende do adversário, por exemplo).
Estes indicadores foram analisados na 1ª filmagem (1º dia da aplicação do exercício) e na
última filmagem (passado as 10 semanas) com o objetivo de perceber que tipo de evolução
ocorreu no desempenho dos jogadores, que participaram no SSG 4x4.
4.3.2- Jogos
Tornou-se também necessário procurar definir alguns indicadores que fossem possíveis medir
no jogo e que por sua vez estivessem relacionados com o SSG. Isto com o propósito de
perceber se existia, efetivamente, uma melhoria do desempenho no jogo, dos jogadores que
participaram no SSG comparativamente com os que não participaram.
Assim, estes foram os indicadores retirados da análise dos vídeos dos jogos:
- O momento em que o jogador iniciou a sua ação: Para fazer esta quantificação
tivemos em consideração o momento em que o jogador iniciava o seu movimento em direção
ao local de receção da bola. Utilizámos como referencial se este movimento foi iniciado antes
ou despois do seu colega realizar o passe (i.e. tocar na bola) e quanto tempo antes ou depois.
Podemos aceitar que se este tempo tender a diminuir (i.e. o jogador iniciar a sua ação mais
cedo) tal significará que está a conseguir identificar antes os indicadores mais pertinentes
para tomar a decisão mais correta e logo, a conseguir ganhar vantagem para ser bem
sucedido na sua ação (tendo como resultado uma vantagem no diferencial de tempos). Tal
como no SSG, também aqui, na análise do jogo, quantificamos este indicador. A análise deste
indicador no jogo foi importante para nós ajudar a compreender se existiu uma possível
evolução resultante das solicitações provocadas nos jogadores pelo SSG a nível da recolha de
indicadores e tomada de decisão. Tendo este tempo sido medido desde que o jogador iniciava
a sua ação (através da informação relação centro de massa base de apoio) até ao momento
em que o colega realizava o passe.
29
- Tempo que a bola demorou a chegar ao jogador: para realizarmos esta quantificação
contabilizamos desde que foi realizado o passe até ter ocorrido a receção por parte do
jogador. Este indicador serviu-nos como referencial, que nos permitiu perceber
conjuntamente com o indicador anterior em que momento, antes ou depois, o jogador iniciou
o seu movimento. Caso este tempo fosse superior, indica ria-nos que o jogador iniciou o seu
movimento depois do colega ter realizado o passe.
- Passes realizados com sucesso e insucesso: foram quantificados por jogador os passes
que cada um deles realizara durante o primeiro e o último jogo e posteriormente
contabilizados os que foram realizados com sucesso e insucesso, em cada um deles. Os passes
realizados com sucesso eram todos aqueles que chegavam ao destinatário, já os insucessos
eram todos aqueles que não chegavam ao destino (eram intercetados pelos defesas ou que
saiam do terreno de jogo). Isto, com o objetivo de perceber se os jogadores que participaram
no SSG tiveram uma melhoria do desempenho, nesta ação técnico-tática, comparativamente
com os que não participaram no SSG.
- O número de confrontos diretos: estes confrontos foram definidos quando ocorria o
1x1 entre dois jogadores. Onde foram quantificados o número de confrontos e analisados, em
termos de sucesso ou insucesso. Definimos como confrontos com sucesso todos aqueles que
ocorriam em que o defesa/avançado, através de ações técnico táticas (atacantes/defensivas),
conseguiam resolver os problemas a que eram sujeitos pelos adversários (por exemplo: no
caso dos avançados estes continuarem com a posse de bola ou no caso do defesas
recuperarem a posse de bola). A quantificação deste indicador no jogo teve como objetivo
perceber se existia diferenças neste indicador entre os jogadores que participaram no SSG e
aqueles que não participaram. Caso este indicador mostra-se que os jogadores que
participaram no SSG diminuíam no jogo os confrontos com insucesso e aumentavam os com
sucesso, comparativamente ao que acontecia com os jogadores que não participaram no SSG,
poderíamos afirmar que os que participaram no SSG melhoraram a sua performance nas
situações de um para um.
4.4- Recolha de dados
Os dados apresentados foram recolhidos, quer em situação de treino, quer em situação de
jogo, conforme apresentamos em seguida.
4.4.1- Treinos
Os dados foram recolhidos através de câmara de filmar. Esta foi colocada obliquamente em
relação ao exercício, a cerca de 80 metros de distância e a 5 metros acima do chão. Isto para
30
que fosse possível ter uma visão superior das ações, que eram executadas pelos jogadores. As
filmagens do exercício foram realizadas no início (29 de Janeiro) e final (4 de Abril) do
estudo. O exercício foi montado próximo do foco de luz artificial, para que assim pudéssemos
ter uma melhor visibilidade do vídeo.
Quanto aos polares, e à sua utilização importa referir que estes foram distribuídos pelos seis
jogadores (3 no grupo experimental e 3 no grupo de controlo) antes do treino começar para
iniciar a adaptação dos jogadores ao equipamento e também para evitar paragens muito
prolongadas no decorrer do próprio treino e assim permitir que o mesmo se desenrolasse
como sempre se desenrolou, até à altura do estudo. Para além deste aspeto, importa também
frisar que cada um destes polares estava dentro de um saco com o respetivo nome das
amostras que iam utilizar os mesmos. Isto com o objetivo de saber quem eram as amostras
que utilizavam os polares, bem como impedir que houvesse troca de polares e de informação,
sobre a FC, referente às amostras.
4.4.2- Jogos
As filmagens foram realizadas nos dias 27 de Janeiro e 7 de Abril. A primeira foi realizada no
campo nº 2 do Complexo Desportivo da Covilhã e a segunda no Estádio Municipal do Fundão.
Ambas tiveram início às 11:00 e terminaram às 12:45.Na primeira filmagem a câmara foi
colocada obliquamente em relação ao campo, a cerca de 15 metros de distância e a 10
metros acima do campo. No segundo caso a câmara ficou colocada no ponto mais alto, na
bancada (cerca de 20 m do relvado), ao centro do campo, a cerca de 10 metros de distância
da linha lateral. Sempre com o objetivo de poder filmar todas as ações dos jogadores com a
melhor qualidade possível, de modo a facilitar a análise do vídeo e assim permitir uma análise
mais rigorosa e mais próxima, possível, do que aconteceu na realidade.
4.5- Análise dos Dados
Depois de filmadas as situações, a quantificação e análise e dos dados foram realizadas pelo
visionamento dos vídeos através do programa Windows Live Movie Maker que permitiu
quantificar o tempo de cada ação através da medição dos frames entre cada momento
relevante de acordo com o apresentado anteriormente.
Quanto à análise estatística, esta foi realizada com a ajuda do programa SPSS Statistics 19,
onde foram introduzidos os dados. Realizamos dois testes, o teste t para amostras
independentes (teste paramétrico) e o teste de Kolmogorov Smirnov (teste não paramétrico).
Para além destes dois testes também realizamos a análise da estatística descritiva (média,
desvio padrão, máximo e mínimo) dos indicadores individuais que foram retirados, ao longo
31
das semanas. Na análise da estatística descritiva, relacionada com os jogos, tivemos a
necessidade de estabelecer uma regra, para que tivéssemos proporcionalidade de tempos em
ambos os jogos, uma vez que nem todos os jogadores jogaram o mesmo tempo. Esta regra
estava relacionada com o tempo de jogo que cada um dos jogadores realizou em ambos os
jogos. No qual eram comparados, em ambos os jogos, o mesmo número de minutos que
realizaram. Por exemplo: caso um jogador tivesse participado nos oitenta minutos do
primeiro jogo e no segundo jogo só tivesse participado nos segundos quarenta minutos, os
dados que eram analisados eram os dos dois relativos à primeira parte de ambos os jogos.
32
Capítulo 5
Resultados
Neste capítulo iremos apresentar os resultados, dos indicadores, nos treinos e nos jogos.
Assim, este capítulo será constituído por dois subcapítulos, o primeiro com toda a informação
sobre os treinos e o segundo com a informação dos jogos.
5.1- Treinos
Neste subcapítulo apresentaremos a evolução e o comportamento dos vários indicadores
estudados no treino.
Nos gráficos 1 e 2 podemos observar que a FC tem um comportamento diferente ao longo do
tempo de realização dos exercícios. No gráfico 1 (comportamento da FC no grupo
experimental) parece evidente um comportamento homogéneo em ambas as amostras, não
havendo disparidade de comportamento entre as curvas. Apresentando, para além disto, uma
intensidade sempre elevada ao longo do tempo de realização do exercício. Tal já não se
verifica no gráfico 2 (comportamento da FC no grupo de controlo). O comportamento da FC
cardíaca neste caso teve um comportamento muito irregular entre as amostras. Verificamos
diferenças significativas na intensidade do exercício registadas entre as amostras. Diferenças,
estas entre 190 e 156; 190 e 160; 128 e 172.
Gráfico 1: Comportamento da FC durante o SSG 4X4 no início e no final do estudo (grupo experimental).
Gráfico 2: Comportamento da FC durante o exercício no início e no final do estudo (grupo controlo).
1º P. 2º P. 1º P. 2º P.
33
No gráfico 3 podemos verificar os valores médios de FC ao longo das dezasseis sessões em
ambos os grupos. Verificamos que as médias registadas pelo grupo experimental são
superiores em todos os momentos do exercício (primeira parte, minuto de descanso e segunda
parte) comparativamente com o que acontece no grupo de controlo. Por exemplo nos
momentos 9, 13 e 14 (da primeira parte) com valores entre 167 e 142; 165 e 147, 169 e 150 e
no momento 1 e 13 (da segunda parte) com valores entre 181 e 166; 166 e 150.
No gráfico 4 e 5 apresentamos o comportamento da média e do desvio padrão, no indicador da frequência cardíaca em ambos os grupos, durante a execução do exercício, ao longo das dezasseis sessões do estudo. Podemos observar que existe uma menor dispersão do comportamento da FC no grupo experimental, em ambas as partes do exercício, comparativamente com o que acontece no grupo de controlo (desvio padrão).
Gráfico 4: Informação sobre o comportamento da média e do desvio padrão da FC, de ambos os grupos, ao longo das 16 sessões do estudo. Este gráfico contempla a informação sobre a 1ºparte dos exercícios.
1ºP 2ºP
Gráfico 3: Informação sobre o comportamento da média da FC, dos grupos experimental e de controlo, durante as várias fases dos exercícios (1º parte, minuto de descanso e 2º parte) ao longo dos 16 momentos do estudo.
34
Gráfico 5: Informação sobre o comportamento da média e do desvio padrão da FC, de ambos os grupos, ao longo das 16 sessões do estudo. Este gráfico contempla a informação sobre a 2ºparte dos exercícios.
No gráfico n.º 6 podemos observar o comportamento das médias individuais dos momentos
(tempos) em que os jogadores iniciaram a sua ação. É aqui possível verificar como este
indicador se comportou no início (29 de Janeiro) e no final (4 de Abril) do estudo. Assim,
podemos observar que na maioria dos casos as médias individuais registadas no treino filmado
no final diminuíram comparativamente com as que se registaram no treino inicial.
Gráfico 6: Comportamento das médias individuais dos momentos em que os jogadores iniciaram as suas ações. Valores referentes a cada uma das partes do exercício, filmado nos dias 29 de Janeiro e 7 de Abril. Importa referir que TFI é a designação para treino filmado no início e TFF para treino filmado no final do estudo.
35
Nos gráficos 7 e 8 podemos observar o comportamento da média e do desvio padrão, no
indicador dos momentos (tempos) em que os jogadores iniciaram as ações. Estes valores
dizem respeito à análise dos vídeos filmados nos treinos do dia 29 de Janeiro e 4 de Abril.
Podemos verificar que do início do estudo para o final as médias dos tempos diminuíram em
ambas as partes do exercício, bem como o desvio padrão. Em contrapartida, podemos
observar que aumentaram os outliers moderados e severos.
Gráfico 7: Comportamento da média e do desvio padrão dos momentos (tempos) em que os jogadores iniciaram as suas ações durante as duas partes do exercício, no treino no dia 29 de Janeiro. Importa referir que TFI é a designação para treino filmado no início do estudo.
Gráfico 8: Comportamento da média e do desvio padrão dos momentos (tempos) em que os jogadores iniciaram as suas ações durante as duas partes do exercício, no treino no dia 4 de Abril.
36
Na tabela n.º 2 podemos verificar os valores quantitativos (passes com sucesso e insucesso,
confrontos com sucesso e insucesso) registados no início e no final do estudo (29 de Janeiro e
4 de Abril) em que o exercício de SSG 4x4 foi aplicado. Realçamos os aumentos de 2 para 7,
de 1 para 13, de 2 para 10 e de 3 para 9 no número de confrontos registados do início para o
final do estudo. Verificamos assim, numa forma mais específica, por exemplo um aumento de
0 para 8 e de 1 para 6 no número de confrontos com sucesso e um aumento de 3 para 7, 1
para 5 e 1 para 4 no número de confrontos com insucesso.
Grupo experimental
Dados/ Sujeitos
Passes Passes (S) Passes (I) Confrontos Confrontos (S)
Confrontos (I)
Golos
29 Jan.
4 Abr.
29 Jan.
4 Abr.
29 Jan.
4 Abr.
29 Jan.
4 Abr.
29 Jan.
4 Abr.
29 Jan.
4 Abr.
29 Jan.
4 Abr.
JA 6 9 5 8 1 1 2 7 2 3 0 4 1 0
JB 13 5 6 3 7 2 7 11 4 4 3 7 0 2
JC 12 0 9 0 3 0 3 0 1 0 2 0 1 0
JD 7 9 4 7 3 2 1 13 0 8 1 5 0 1
JE 14 13 13 9 1 4 2 10 1 6 1 4 0 1
JF 16 12 13 9 3 3 1 3 0 3 1 0 0 0
JG 14 14 12 11 2 3 7 11 4 6 3 5 1 0
JH 13 16 8 13 5 3 3 9 2 5 1 4 1 0
Tabela 2: Valores quantitativos dos passes realizados (Sucesso (S) e Insucesso (I)) e confrontos (Sucesso (S) e Insucesso (I)) registados nos treinos filmados nos dias 29 de Janeiro e 4 de Abril.
Por último, importa referir que após a realização dos testes t e Kolmogorov Smirnov, que
tinham como objetivo permitir-nos perceber se dentro do grupo experimental existiria
diferenças na performance desportiva das duas equipas (coletes e sem coletes), verificamos
que os p-values, em ambos os teste, para os indicadores estudados eram acima de 0,05. Por
exemplo no número de passes com sucesso o p-value é 0,13 (teste t) e 1,309 (Kolmogorov)
indicando-nos que não existe diferenças, neste indicador, no desempenho das duas equipas
(coletes e sem coletes.
37
5.2- Jogos
Neste subcapítulo apresentaremos a evolução e o comportamento dos vários indicadores
estudados no jogo.
No gráfico n.º 9 apresentamos o comportamento das médias individuais, dos momentos em
que os jogadores iniciaram a sua ação. Estes valores foram retirados da análise dos vídeos dos
jogos (filmados nos dias 27 de Janeiro e 7 de Abril). Apenas apresentamos 9 jogadores porque
os restantes não tinham tempo de jogo (em ambos os jogos), que permitisse comparação.
Deste 9 jogadores dois são do grupo experimental e os restantes do grupo de controlo.
Gráfico 9: Apresentação do comportamento das médias individuais, dos momentos em que os jogadores iniciaram as suas ações. Informação retirada dos vídeos filmados nos jogos de dia 27 de Janeiro e 4 de Abril. Importa referir que JFI é referente ao jogo filmado no início e JFF ao jogo filmado no final.
Nos gráficos 10 e 11 podemos observar o comportamento da média e do desvio padrão, no indicador dos momentos (tempos) em que os jogadores iniciaram as ações. Mas neste caso, esta informação diz respeito aos tempos dos jogos filmados no início (29 de Janeiro) e no final do estudo (4 de Abril). Podemos observar que existiu uma diminuição das médias e do desvio padrão nos jogadores do grupo experimental e controlo. Também é visível um aumento do número de outliers moderados e severos.
38
Gráfico 10: Apresentação do comportamento das médias e do desvio padrão, dos momentos em que os jogadores iniciaram as suas ações. Informação retirada dos vídeos filmados nos jogos de dia 27 de Janeiro e 4 de Abril.
Gráfico 11: Apresentação do comportamento das médias e do desvio padrão, dos momentos em que os jogadores iniciaram as suas ações. Informação retirada dos vídeos filmados nos jogos de dia 27 de Janeiro e 4 de Abril.
Na tabela 3 apresentamos os valores quantitativos (passes, confrontos com sucesso e
insucesso) registados após a análise dos vídeos dos jogos de dia 27 de Janeiro e 7 de Abril
onde podemos verificar a evolução de cada um dos indicadores do primeiro para o último jogo
filmado. Esta tabela apenas apresenta a informação sobre sete das desaseis amostras porque
as restantes não tinham tempo de jogo (em ambos os jogos), que permitisse comparação.
Valores quantitativos
Dados/ Sujeitos
Passes
Passes (S)
Passes (I)
Confrontos
Confrontos
(S)
Confrontos
(I)
Nota
27
Jan.
7
Abr.
27
Jan.
7
Abr.
27
Jan.
7
Abr.
27
Jan.
7
Abr.
27
Jan.
7
Abr.
27
Jan.
7
Abr.
27
Jan.
7
Abr.
JA
23
21
21
18
2
3
1
6
1
5
0
1
Jogou 76m
Jogou 55m
JH
19
24
15
18
4
6
11
15
10
9
1
6
Jogou 80m
Jogou 80m
*JI
18
19
12
14
6
5
7
5
6
5
1
0
Jogou 40m
Jogou 80m
JJ
18
14
8
8
10
6
4
6
3
4
1
2
Jogou 40m
Jogou 40m
JK
22
30
15
26
7
4
16
13
14
11
2
2
Jogou 76m
Não 80m
*JM
9
25
5
19
4
6
1
6
1
3
0
3
Jogou 70m
Jogou 40m
*JP
20
15
16
10
4
5
8
5
4
2
4
3
Jogou 80m
Jogou 40m
Tabela 3: Informação sobre os valores quantitativos (passes, confrontos com sucesso e insucesso)
registados nos jogos de dia 27 de Janeiro e 7 de Abril. *Nestes jogadores os valores referentes ao jogo
onde participaram mais tempo apenas contemplam os valores dos primeiros 40 minutos. Comparando
assim os 40 minutos de cada jogo.
39
Para finalizarmos a apresentação dos resultados, importa referir que os valores dos testes t e
Kolmogorov Smirnov para todos os indicadores (tempos, passes e confrontos com sucesso e
insucesso) encontram-se, em ambos os testes, acima de p-value 0,05. Por exemplo: no caso
dos confrontos com sucesso o p-value é 0,65 (teste t) e 0,514 (teste Kolmogorov)
demonstrando, em ambos os testes, que não existiu diferenças na performance desportiva dos
jogadores, no jogo, neste indicador em questão. A tendência dos resultados foi a mesma que
a demonstrada no exemplo anterior. Posto isto, e tendo em conta estes resultados, em anexo
apresentamos informações individuais de cada jogador que nos permitirá compreender
individualmente a evolução do desempenho de cada um dos jogadores.
40
Capítulo 6
Análise e Discussão dos Resultados
Após a apresentação dos resultados, importa agora, mais do que simplesmente comparar os
dados, perceber e tentar interpretar o que eles nos podem mostrar.
6.1- Análise e Discussão dos Resultados do SSG 4X4
Quanto à FC e ao objetivo pela qual a analisamos é importante referir que o comportamento
da mesma, durante o SSG 4x4, não sofreu alterações do início para o final do estudo, não
existindo diferenças significativas do comportamento da FC da primeira para a última sessão
(gráfico 1). Este resultado pode ter sido influenciado pela altura em que a última recolha foi
executada, visto que na semana anterior tinha sido férias da Pascoa e a época desportiva
sofreu uma interrupção dos treinos, ocorrendo uma quebra no decurso normal da mesma.
Durante a execução do exercício os valores da FC mantiveram-se elevados tanto na primeira
como na segunda parte do SSG 4x4, não observamos diferenças significativas entre ambas
(gráfico 1). Demonstrando-nos assim, que o SSG 4X4 com estas características solicita uma
elevada exigência fisiológica aos jogadores (gráfico 1). Estes resultados vão de encontro às
afirmações de Hill-Hass et al., (2008), Hill-Hass et al., (2009) e Dellal et al., (2011)a
relativamente às exigências em causa, nomeadamente em termos aeróbios, que o SSG 4x4 em
regime intervalado tem nas capacidades aeróbias dos jovens jogadores, no aumento da FC
que este, SSG 4X4 solicita e de ser um método de treino que permite alcançar altas
intensidades.
No entanto, estes resultados apresentam a limitação de apenas conhecermos o
comportamento da FC de três jogadores, desconhecendo assim qual o comportamento da
mesma nos outros cinco jogadores, que participaram no SSG 4x4. A utilização de apenas 3
frequencímetros está relacionada com a escassez de material. Para além deste ponto também
é importante referirmos que o jogador C se lesionou no final das sessões o que o
impossibilitou de participar nas duas últimas sessões. Apesar de termos consciência da
enorme limitação dos dados em causa para a solidez das conclusões que podemos retirar é de
realçar que os mesmos vão ao encontro de outros estudos tal como referimos.
A realidade foi semelhante no grupo de controlo uma vez que dispusemos também apenas de
três frequencímetros tal como aconteceu no grupo experimental, agravada ainda pela
supressão de um dos equipamentos uma vez que se verificou que registava e fornecia valores
41
irreais e erróneos (muito acima de 200 batimentos por minuto). Ainda assim, com a
informação que conseguimos recolher verificamos que o comportamento da FC ao longo do
exercício não foi homogéneo para ambas as amostras (gráfico 2), ao contrário do que tinha
acontecido no SSG 4X4 (grupo experimental). Apesar das limitações atrevemo-nos a afirmar
que quando comparamos os dados do início e final do estudo percebemos que a reação que o
SSG 4x4 despoletou nos jogadores é mais homogénea e superior em termos de valores de FC
que a evidenciada pelo grupo de controlo (jogador M momento 1 e 16). Tal poderá ser ainda
mais relevante se tivermos ainda em conta que não existiu qualquer interferência com o
objetivo de influenciar a intensidade no SSG 4x4, ao contrário do que acontecia com o
exercício do grupo de controlo onde o treinador tinha a preocupação constante de tentar
manter uma intensidade de exercício elevada. Tal poderá justificar também as constantes
irregularidades que as curvas apresentam, tornando-as mais heterogéneas. Indicando-nos
assim, que em termos de exigência, para ambas as amostras, o SSG 4x4 teve uma intensidade
superior e mais homogénea do que a que se fez sentir no exercício do grupo de controlo.
Por último, no gráfico três que evidencia o comportamento, em termos de média, registado
durante as 16 sessões/momentos em ambas as fazes dos exercícios (1º parte, minuto de
recuperação e 2º parte), nos dois grupos (experimental e controlo) podemos verificar que ao
longo desses momentos, em ambas as fases do exercício, a média da FC do grupo
experimental (SSG 4X4) foi superior à registada pelo grupo de controlo. Para além disto, não
verificamos grande diferença, em termos de médias, entre a primeira e segunda parte do
exercício do grupo experimental, ao longo dos momentos. Estes resultados vão de encontro
aos resultados e conclusões de Dellal, Drust, & Lago_Penas, (2012a). Já que estes autores
indicam que existe uma diminuição significativa da frequência cardíaca da primeira repetição
para a quarta, não se observando essa diferença da primeira para a segunda repetição. Estes
mesmos autores destacam que o número de repetições que os exercícios incluem em qualquer
sessão de treino é um fator importante a ter em conta na planificação e organização das
sessões de treino do futebol. Já que estas afetam as respostas físicas e técnicas dos jogadores
ao longo das várias repetições.
Prosseguimos agora para o gráfico 6 que nos mostra o comportamento da média dos tempos
por jogador no exercício SSG 4x4. Podemos destacar que na generalidade das amostras
observamos uma diminuição das médias dos tempos registadas do início para o final.
Isto poderá indicar-nos que os jogadores foram diminuindo o diferencial de tempo entre o
momento em que iniciavam o movimento e o momento em que o colega realizava o passe.
Demonstrando assim uma melhoria do desempenho dos jogadores. Contudo, estaríamos a cair
em erro se não tivéssemos em atenção que estes valores estão na unidade de tempo de
milissegundos e que estas diminuições registadas são de valores muito baixos. Os quais estão
42
abaixo dos valores de referência para tempos de reação, como tal não terão significado ao
nível humano.
Por último, na tabela 2 que nos informa sobre o comportamento dos indicadores referentes
aos passes (sucesso e insucesso) e aos confrontos (sucesso e insucesso), destacamos que se
observou um aumento do número de confrontos com sucesso e insucesso. Não se tendo
verificado qualquer alteração no indicador dos passes (sucesso e insucesso). Pensamos que
este comportamento poderá ser um indicador de que os problemas que o SSG 4x4 e o
comportamento dos jogadores na execução do exercício desencadearam, nos jogadores, a
necessidade de os resolver através de confrontos (ações técnico-táticas defensivas e
ofensivas) contribuindo para o aumento do número de confrontos. (exemplo: Pressão sobre o
portador da bola e linhas de passe cortadas, solução passa por apostar no 1x1). Contudo, não
encontramos na literatura suporte a esta nossa hipótese, embora Dellal, et al., (2011)b,
tenham observado o mesmo comportamento, nestes dois indicadores, no SSG 4X4 sem limite
de toques.
No entanto, esta análise e perceção dos resultados, apenas nos deram uma ideia geral do que
aconteceu no grupo experimental. Por este motivo, citado anteriormente, e pela necessidade
de compreendermos mais especificamente e aprofundadamente como cada um dos jogadores
reagiram e evoluíram com a participação neste SSG 4x4, iremos analisar individualmente cada
um dos indicadores para percebermos que evoluções existiram em cada um deles, após a
participação no SSG 4x4. Esta análise terá como base os resultados e informações individuais
que apresentamos no corpo do trabalho e em anexo.
Jogador A: Neste jogador observamos uma diminuição da média dos momentos em que o
jogador iniciou a sua ação (tabela n.º 5 em anexo). Esta observação podia-nos indicar que o
jogador teria diminuído o diferencial de tempos entre o momento em que inicia o movimento
e o momento em que o colega realiza o passe. Contudo, esta diminuição é de 60ms, um valor
muito baixo. O qual se situa abaixo dos valor de referência para tempos de reação, como tal
não terão significado ao nível humano. Não existindo assim, neste caso, melhoria do
desempenho do jogador.
No que diz respeito ao comportamento quantitativo dos passes e dos confrontos, o que nos
sobressai mais é o aumento dos passes realizados com sucesso (mais 3) e o aumento dos
confrontos com insucesso (mais 4) (tabela n.º 2 nos resultados). Quanto ao aumento dos
passes com sucesso, este poderá estar relacionado com dois fatores, o primeiro com um
aumento das linhas de passe que foram oferecidas pelos colegas de equipa (aumento das
soluções) ou então pela consciencialização e opção de realizar passes que privilegiassem a
posse de bola, não arriscando na execução de passes que aportavam um maior risco para a
manutenção da posse de bola e como consequência a perca da mesma. Na nossa
43
interpretação pensamos que esta segunda opção poderá ser a mais próxima da realidade já
que se olharmos para o indicador dos confrontos com insucesso observamos que ocorreu um
aumento, o que poderá ter sido consequência da não existência de soluções de linha de passe
por parte dos colegas, consequência da pressão e cobertura dos espaços por parte da equipa
adversária. Tendo, o jogador, sido obrigado a apostar no 1x1. Contudo, teria sido importante
perceber a que equivale este número de confrontos com insucesso. Ou seja, se são confrontos
em que este jogador está com a posse da bola e têm que realizar uma ação técnico tática
ofensiva, ou se por contrário este jogador não está na posse da bola e tem que realizar uma
ação técnico tática defensiva. Este ponto, não é percetível com os dados que dispomos, mas
teria sido importante perceber. Já que este jogador é defesa e caso este aumento de
confrontos com insucesso se registaram nas situações defensivas seria ainda mais
preocupante. Já que indicaria que o jogador, não conseguiu resolver os problemas, através
das ações técnico táticas defensivas, a seu favor e a favor da sua equipa.
Jogador B: No jogador B as médias registadas, dos momentos em que o jogador iniciou a sua
ação, não sofreram alterações significativas para que possamos afirmar melhorias, neste
ponto, do rendimento do jogador (tal como aconteceu com o jogador A). Contudo, é de
registar que o valor máximo de tempo registado, na primeira parte do treino inicial para o
final, aumentou (147 para 416). Este resultado indica-nos que, neste caso específico, o
jogador terá antecipado o que iria acontecer, antecipando o movimento e como consequência
o registo deste aumentou. Esta hipótese é sustentada através do cruzamento destes valores
com o valor do tempo que a bola demorou a chegar ao jogador (desde o passe até à receção).
Já que este valor é de 190ms (valor mais baixo que o referente ao momento de inicio da ação)
(tabela n.º 6 em anexo). No entanto, este foi um caso pontual, já que neste jogador se
registou um aumento (mais 4) do número de registos em que o inicio da ação ocorreu depois
do colega realizar o passe, (tabelas n.º 12 e 13 em anexo). Demostrando que, provavelmente,
não conseguiu antecipar (através da leitura dos indicadores) o que os seus colegas iam fazer,
ou então, o jogador B, optou por dar o mínimo de indicadores sobre o que iria fazer, aos seus
adversários, iniciando o seu movimento mais tarde (para tirar assim partido da situação).
Por último, o comportamento dos valores quantitativos dos passes realizados diminuíram
(menos 8) e o número de confrontos com insucesso aumentaram (mais 4 no total) (tabela n.º
2 nos resultados). Estes resultados podem estar relacionados com o aumento da pressão,
maior cobertura dos espaços feita pela equipa adversária que provavelmente provocou no
jogador a necessidade de responder, a estes problemas, através de situações de 1x1. Ou
também poderá ter sido resultado de uma má interpretação do contexto por parte do jogador
e como consequência uma má decisão de apostar no 1x1 em vez de realizar um passe, para o
colega de equipa. Contudo, teria sido importante conhecer que confrontos foram estes, se
maioritariamente ofensivos ou defensivos. Já que este jogador também é defesa e como tal o
insucesso nos confrontos defensivos são ainda mais preocupantes, já que este como defesa
44
não conseguiu resolver os problemas a seu favor e da equipa. Demonstrando problemas nesta
situação.
Jogador D: No caso deste jogador as médias, dos momentos em que o jogador iniciou a sua
ação, não sofreram alterações, no entanto o número de intervenções aumentaram
significativamente (tabela n.º 7 em anexo). Este aumento poderá estar relacionada com uma
melhor interpretação do que era o exercício, uma maior predisposição, motivação e também
pode estar relacionada com a maior importância que este jogador teve no jogo da sua equipa
após a lesão do jogador C (consequente impossibilidade de participar na última sessão). A
maioria destas ações são classificadas como movimentos iniciados após o colega realizar o
passe (tabela n.º 12 e 13 em anexo). A hipótese que levantamos está relacionada com a opção
do jogador em iniciar o seu movimento o mais tarde possível, fornecendo indicadores aos seus
adversários mais tarde para que consiga assim tirar vantagem da situação.
Este aumento de intervenções traduziu-se no aumento do número de passes com sucesso
(mais 2) e no aumento do número de confrontos com sucesso (mais 8) e insucesso (mais 4)
(tabela n.º 2 nos resultados). O aumento do número de passes com sucesso é um ponto
positivo já que pudera-nos indicar que o jogador melhorou neste gesto técnico. Ou então, e
pensamos que poderá ser a hipótese que está mais próxima do que aconteceu, poderá estar
relacionado com dois fatores, o primeiro com um aumento das linhas de passe que foram
oferecidas pelos colegas de equipa (aumento das soluções) ou então pela consciencialização e
opção de realizar passes que privilegiassem a posse de bola, não arriscando na execução de
passes que aportavam um maior risco para a manutenção da posse de bola e como
consequência a perca da mesma. Esta, última hipótese, ainda é mais justificada se olharmos
para o aumento do número de confrontos com sucesso (mais 8). Já que este aumento pode ter
sido consequência da não existência de linhas de passe e consequente decisão pelo 1x1. Este
valor cruzado com o valor do número de confrontos com insucesso demonstra um saldo
positivo nas situações de 1x1 e como tal uma melhoria da resolução das situações a seu fazer.
Sendo um dado que nos indica uma melhoria do rendimento do jogador nestas situações.
Contudo, teria sido importante percebermos em quantos confrontos com sucesso e insucesso
o jogador se encontrou como defesa e avançado para assim perceber-mos que pontos teriam
que ser melhorados.
Jogador E: Quanto ao comportamento das médias dos momentos em que o jogador iniciou a
sua ação, o que sobressaiu mais foi a diminuição das médias registadas na segunda parte do
treino inicial para o treino final (222 para 41). Este resultado indica-nos que, neste caso
específico, o jogador terá retardado os movimentos e como consequência o registo de tempos
destes diminuiu. O objetivo pelo qual o jogador teve este comportamento estará,
provavelmente, relacionado com o facto de procurar fornecer aos seus adversários poucos
45
indicadores sobre o que iria fazer e assim ganhar vantagem com isso. Esta hipótese é
sustentada através do cruzamento destes valores com o valor do tempo médio que a bola
demorou a chegar ao jogador (desde o passe até à receção). Já que este valor é de 135,67ms
(valor superior ao valor do momento de inicio da ação) (tabela n.º 8 em anexo). Registamos
neste jogador um aumento do número de observações em que o inicio da ação ocorreu depois
do colega realizar o passe, (tabela n.º 12 e 13 em anexo). Sendo mais um ponto para justificar
a hipótese que apresentamos para justificar o comportamento das médias dos momentos.
Por último, registou-se que o número de passes com insucesso aumentaram e o número de
confrontos com sucesso (mais 5) e insucesso (mais 3) também aumentaram (tabela n.º 2 nos
resultados). As possíveis justificações, para o aumento do número de passes com insucesso,
de confrontos com sucesso e insucesso, que apontamos estão relacionadas com o menor
espaço e a maior pressão que a equipa adversária poderá ter exercício, criando problemas ao
portador da bola (jogador E). Isto teve como consequência menos linhas de passe seguras,
tendo a opção do jogador passado pela realização de passes mais arriscados e com maior
probabilidade de perca de bola. No entanto, mais uma vez, teria sido importante
percebermos quantos confrontos com sucesso e insucesso o jogador se encontrou como defesa
e avançado para assim podermos perceber em que situações o jogador não esteve bem e tem
limitações para assim, através do treino e da prescrição de exercício adequados, melhorar o
seu desempenho.
Jogador F: Neste jogador, observamos uma pequena diminuição da média dos momentos de
início da ação (tabela n.º 9 em anexo). Esta observação podia-nos indicar que o jogador teria
diminuído o diferencial de tempos entre o momento em que inicia o movimento e o momento
em que o colega realiza o passe. Contudo, esta diminuição é tão abaixo dos valores de
referência para tempos de reação, que não tem significado ao nível humano. Não existindo
assim, neste caso, melhoria do desempenho do jogador. No entanto, é importante referir que
o valor máximo (215 para 33) registado no início e no final (principalmente na segunda parte)
diminuiu (tabela n.º 13 em anexo). Neste caso particular poderá querer dizer-nos que o
jogador optou por retardar o início do movimento. Isto para assim, fornecer o menor número
de informação sobre o que iria fazer e poder com isto ganhar vantagem sobre o adversário.
Quanto aos momentos de início do movimento é de referir que verificamos um aumento do
início do movimento antes e após a realização do passe. (tabela n.º 12 e 13 em anexo). Tendo
sido o único jogador que tal aconteceu. A hipótese que levantamos, para que tal tenha
acontecido, terá a ver com uma melhor e maior capacidade de adaptação do jogador às
variações que aconteceram durante a execução do exercício, tirando assim partido e
adaptando-se a todos os momentos (exemplo: momentos de maior pressão por parte da
equipa adversário talvez adotou um comportamento de retardar o momento de inicio do
movimento, fornecendo menos e mais tardiamente os indicadores sobre o que iria fazer, ao
contrário do que aconteceu nos momentos de menor pressão).
46
Quanto, ao comportamento dos valores quantitativos dos passes realizados com sucesso
registamos um aumento (mais 4) deste indicador. Este aumento do número de passes com
sucesso poderá estar relacionado com a melhoria da capacidade de leitura do jogador quanto
ao que ia acontecendo, no exercício. Por exemplo: o jogador poderá ter optado por realizar
um passe com menos risco e assim manter a posse de bola, em vez de realizar um passe que
fosse mais arriscado e que como consequência poderia ocorrer a perca da posse de bola. É de
ressaltar que o número de confrontos com sucesso aumentou (mais 3) e de confrontos com
insucesso (para 0) diminuiu (tabela 2). Tendo neste caso o jogador melhorado o seu
desempenho, já que conseguiu resolver os problemas, que os seus adversários lhe colocaram,
a seu favor e da sua equipa (mantendo ou recuperando a posse de bola). Teria sido, também,
importante perceber a que equivale estes confrontos, se são confrontos em que o jogador
está no papel de defesa ou de avançado, para assim percebermos se isto pode ter
reproduções na posição que o jogador adota no jogo (defesa).
Jogador G: As médias, dos momentos em que o jogador iniciou a sua ação, registam uma
ligeira diminuição. Mas esta diminuição situa-se abaixo dos valores de referência para tempos
de reação, como tal não terão significado ao nível humano. Não existindo assim, neste caso,
melhoria do desempenho do jogador. Além do mais esta diminuição pode estar relacionada
com a diminuição do valor máximo de tempo registado (153 para 56) (tabela n.º 10 em
anexo). Isto pode dever-se mais uma vez ao facto de o jogador ter optado por retardar o seu
movimento para assim não dar indicadores ao seu adversário do que iria fazer e assim tirar
proveito da situação. Verificamos que houve um aumento do início do movimento após a
execução do passe por parte do colega (tabela n.º 12 e 13 em anexo). Corroborando ainda
mais a hipótese que foi levantada anteriormente, e podendo ser completada com o facto de
poder ser consequência da maior pressão e cobertura dos espaços por parte da equipa
adversaria, ou então mesmo ser consequência de ambas as hipóteses.
Por último, observou-se que os confrontos com sucesso (mais 2) e insucesso (mais 2) nesta
amostra aumentaram (tabela n.º 2 nos resultados). Estes aumentos podem estar relacionados
com os problemas que os adversários e equipa adversária lhe colocaram, e/ou então com a
maior ou menor capacidade por parte do jogador de tomar as decisões certas e executa-las,
corretamente, para que consiga o sucesso (exemplo: optar por um passe em vez de 1x1).
Jogador H: Quanto ao comportamento das médias dos momentos do início da ação, não
verificamos alterações, no entanto é de referir que o número de intervenções aumentou
nomeadamente na primeira parte do exercício (mais 8) (tabela n.º 11 em anexo). Este
aumento poderá estar relacionado com uma melhor perceção do que era o exercício, maior
motivação, menor cansaço, maior predisposição para o treino, melhor interpretação do que
estava a acontecer. Pudemos observar que ocorreu um aumento do início do movimento após
47
a execução do passe por parte do colega (tabela n.º 12 e 13 em anexo). Tal terá acontecido
como consequência das exigências e dos problemas que foram colocados pela postura da
equipa adversária (exemplo: pressão sobre o portador da bola, coberturas defensivas, pouco
espaço). Por este motivo é que possivelmente o jogador terá retardado o movimento, para
assim fornecer a informação o mais tardiamente possível e com isso poder ganhar vantagem
sobre os adversários.
Por último, o comportamento dos valores quantitativos dos passes realizados com sucesso
aumentou (mais três) bem como o número de confrontos com sucesso e insucesso (mais 3
cada um) (tabela n.º 2 nos resultados). A hipótese que levantamos para justificar estes
aumentos está relacionada com a hipótese, já levantada anteriormente, sobre os problemas e
as exigências que o exercício e a equipa adversária terão colocado ao jogador. O que
possivelmente terá obrigado o futebolista a decidir e a optar mais vezes por resolver os
problemas através do 1x1. Fazendo deste modo aumentar ambos os indicadores. Contudo,
teria sido, também, importante perceber a que equivale estes confrontos, se são confrontos
em que o jogador está no papel de defesa ou de avançado, para assim percebermos se isto
pode ter reproduções na posição que o jogador adota no jogo (avançado).
Após esta análise mais aprofundada por cada um dos jogadores, que participaram no
exercício, podemos identificar dois pontos que caracterizam este SSG 4x4 (dimensões de
30mx20m e área individual por jogador 1:75 m2). O primeiro ponto está relacionado com o
aumento, em seis dos sete jogadores, do número de ocorrências em que o jogador iniciou o
movimento após o seu colega realizar o passe. O que poderá indicar que o SSG 4x4 (dimensões
de 30mx20m e área individual por jogador 1:75 m2) conjuntamente com a postura que a
equipa adversária (sem posse da bola) adotou poderá ter proporcionado aos jogadores
problemas (exemplo: menor espaço e tempo para executar as ações, maior pressão sobre o
portador da bola). O que desencadeou, nos mesmos, a necessidade de responderem, às
situações, um pouco mais tarde, procurando assim retardar ao máximo o início do
movimento, para assim fornecerem a informação sobre o que iam fazer o mais tarde possível,
retirando vantagem da situação. Já que, na relação de tempos entre jogador adversário, não
é preciso procurar reagir o mais rápido possível, mas sim num tempo que sendo inferior ao
adversário permita ao jogador obter vantagem sobre este.
O segundo ponto, que caracteriza este SSG, está relacionado com o aumento, em todos os
jogadores, do número de confrontos existentes. Acreditamos que estes resultados estão
relacionados com as características do SSG (dimensões de 30mx20m e área individual por
jogador 1:75 m2) e com a postura adotada pelos jogadores da equipa que não tinha a posse de
bola (pressão sobre o portador, cobertura defensiva, pouco espaço). Como consequência
destes problemas colocados pelo exercício e pelos próprios jogadores, terá sido induzido
neles esta forma de os resolver. Ou seja, neste caso específico, estes jogadores resolveram os
48
problemas colocados, através de ações técnico-táticas como finta, drible (ataque), desarme,
corte, antecipação (defesa), proporcionando desta forma um aumento deste número de ações
e de situações de 1x1, por jogador. Permitindo, neste caso, um maior número de repetições,
por jogador, dessas ações, obrigando-os mesmo a responder e a repetir um maior número de
vezes as diferentes ações técnico-táticas do ataque e da defesa. Aumentando assim, por
jogador, o número de confrontos com sucesso e insucesso. No entanto, não encontramos na
literatura estudos que apontem neste sentido. Embora pensemos que esta é a hipótese que
ajuda a compreender e a justificar este comportamento e resultados.
Assim, com os resultados obtidos com este SSG 4X4 (dimensões de 30mx20m e área individual
por jogador 1:75 m2) podemos assumir que este terá permitido, em especial neste caso
específico (jogadores juvenis), desenvolver mais as ações técnico-táticas relacionadas com o
1x1 (finta, desarme) do que as relacionadas com o passe. Não deixando assim, de ir de
encontro aos benefícios que a utilização deste método tem quando é aplicado em jovens
jogadores. Tal vai ao encontro do que vários autores têm referido como Ali et al., (2011),
Dellal et al., (2011)a e Hill-Hass et al.,(2011) de que a utilização deste método em camadas
jovens, permite aos jovens jogadores estarem em constante contato com a bola e deste modo
desenvolverem e melhorarem as suas capacidades técnicas, táticas e físicas. Sendo, assim
uma ferramenta que desenvolve nos jogadores a leitura e recolha da informação que se
encontra no contexto, obrigando-os a tomar decisões e adaptarem as suas ações às constantes
modificações, imprevisibilidade e variações que nele acontecem ao mesmo tempo que tem
que responder com ações técnicas (Davids, Araújo, Correia, & Vilar, 2013).
6.2- Análise e Discussão dos Resultados dos Jogos
Neste subcapítulo iremos analisar e discutir os resultados obtidos nos jogos, para assim
conseguirmos encontrar a resposta à questão sobre se a utilização dos SSG tem alguma
repercussão na performance desportiva dos jogadores no jogo e que tipo de melhoria é essa.
Assim após a realização do teste t, para amostras independentes, e do teste Kolgomorov
Smirnov. Verificamos que em todos os indicadores analisados no jogo (momentos de inicio do
movimento, passes com sucesso e insucesso, confrontos com sucesso e insucesso) o p-value é
superior a 0,05 o que indica que não há evidencias estatísticas suficientes para afirmarmos
que existe diferenças entre a performance desportiva, no jogo, observada no grupo
experimental e no grupo de controlo. Ou seja, os testes indicam-nos que não existem
diferenças na performance desportiva, analisada nestes dois jogos, entre os jogadores que
participaram no SSG 4x4 e os que não participaram. Assim, estes resultados são a resposta ao
nosso problema, já que tínhamos como problema perceber se existia diferenças de
desempenho desportivo entre jogadores que participavam num exercício de SSG e os que não
49
participavam. Estes resultados demonstram que não há diferenças e como tal podemos
afirmar que não existem implicações destes jogos na prestação dos jogadores no jogo.
Contudo, pensamos que estes resultados podem ter sido influenciados pelo tipo de
metodologia que é utilizada pelos treinadores. Visto, que os mesmos privilegiam muito uma
metodologia que se baseia em exercícios de SSG onde existe constante contato com a bola,
constantes utilizações de ações técnico-táticas (passes, receção, cortes, fintas, etc.)
promoções de linhas de passe, movimentações, coberturas. O que pode ajudar a justificar o
porquê de não existir diferenças entre o grupo experimental e o grupo de controlo, já que na
realidade todos eles têm contato com este tipo de exercícios. Deste modo, para que as
conclusões sejam mais solidas será necessário em próximos estudos ter também em
consideração o tipo de trabalho realizado pelos jogadores participantes, para que a influência
desse fator posse ser negligenciada. No entanto, não encontramos na literatura qualquer
informação sobre este ponto e como o tipo de trabalho que é realizado pelas equipas, nos
treinos, pode influenciar os resultados dos estudos e como tal as conclusões dos mesmos.
No entanto, esta análise e perceção dos resultados, apenas nos deram a informação sobre se
existiu diferenças entre o desempenho dos jogadores, dos dois grupos, no jogo. Por este
motivo, citado anteriormente, e pela necessidade de compreendermos mais especificamente
e aprofundadamente como cada um dos jogadores reagiram e evoluíram, iremos analisar
individualmente cada um dos indicadores para percebermos se existiram evoluções individuais
e que evoluções foram essas. Esta análise terá como base os resultados e informações
individuais que apresentamos em anexo. Contudo, a análise apenas contempla sete
jogadores, dos dezasseis, que participaram no estudo, isto porque foram os únicos que
participaram em ambos os jogos, durante o tempo de jogo suficiente para permitir uma
análise coerente e minimamente sólida.
Jogador A: Quanto aos valores das médias, dos momentos do início do movimento, não se
verificaram diferenças significativas nestes valores. No entanto, observamos um aumento do
número de intervenções da primeira parte do jogo inicial para o final (tabela n.º 14 em
anexo). A juntar a isto também verificamos um aumento dos confrontos com sucesso da
primeira para a última filmagem (mais 4) (tabela n.º 3 nos resultados). Pensamos que estes
resultados podem estar associados à postura que o adversário adotou para o jogo.
Possivelmente, motivados por jogarem em casa, terão assumido uma postura não tão
defensiva procurando mais vezes o ataque o que terá promovido mais ações e intervenções
deste jogador no jogo ao contrário do que tinha acontecido no primeiro jogo. Poderá ter sido
por razões motivacionais e de maior predisposição do jogador para participar e ser mais ativo
no jogo e assim contribuir mais para a equipa (exemplo: fornecendo mais linhas de passe aos
portadores da bola), também resultado da melhoria da situação climatérica (não chovia, não
havia lama, nem água no campo). Ou então, este aumento do número de confrontos com
50
sucesso, poderá ser resultado da participação do jogador no exercício de SSG 4x4. Já que
poderá ter proporcionado no jogador um maior contato com estas situações tendo promovido
uma melhoria do desempenho do jogador quando determinados cenários aconteceram no
jogo. Assim, pensamos que todas estas hipóteses possam estar relacionadas e serem a
explicação para justificar os resultados deste jogador no jogo.
Jogador H: No caso deste jogador não verificamos diferenças nas médias dos momentos do
início do movimento, contudo, é importante referir que o número de intervenções aumentou
(tabela n.º 15 em anexo). Este pode estar relacionado com uma maior motivação e
predisposição do jogador para o jogo, ou então com as melhores condições climatéricas que
se registavam neste último jogo, o que pode ter facilitado e promovido a forma de jogar
deste jogador. Estes aumentos do número de intervenções traduziram-se no aumento do
número de passes e de confrontos. Assim, observamos que este jogador aumentou o número
de passes realizados (mais cinco) (dos quais três com sucesso e dois insucessos). Verificando-
se também o aumento do número de confrontos insucesso (mais 5 no total) de um jogo para o
outro (tabela n.º 3 nos resultados). Este facto poderá estar associado a uma maior pressão da
equipa adversária, uma diminuição do espaço, o que proporcionou que o jogador tivesse
procurado resolver os problemas que lhe foram surgindo através de situações de 1x1.
Jogador I: Neste jogador registamos uma ligeira diminuição das médias dos momentos do
início do movimento (30ms). No entanto, esta diminuição é tão pequena que não tem
significado ao ponto de se poder verificar uma melhoria do rendimento do jogador (tabela n.º
16 em anexo). Quanto aos indicadores dos passes realizados (S e I) e dos confrontos (S e I) não
se verificaram diferenças do primeiro para o último jogo filmado (tabela n.º 3 nos resultados).
Não se verificando qualquer alteração no rendimento desportivo do jogador. Tendo
demonstrado a mesma capacidade de resolver e decidir que tinha demonstrado no jogo
inicial. Este facto pode estar associado a uma possível consciencialização do jogador por jogar
o mais simples possível, procurando assim as soluções que são mais seguras para a
manutenção da posse de bola e para o jogo da equipa. Optando por não complicar e tomar
decisões que possam colocar em causa os objetivos da equipa.
Jogador J: As médias dos tempos registadas por este jogador também não sofreram
alterações significativas. Como tal neste ponto não ocorreu alterações do rendimento do
jogador. No entanto, verificamos que o número de intervenções diminuiu (tabela n.º 17 em
anexo) e que os passes realizados com insucesso aumentaram (mais 4 passes) (tabela n.º 3 nos
resultados). Esta diminuição das intervenções, bem como o aumento do número de passes
com insucesso podem estar relacionados com o facto de o jogo já se encontrar resolvido
quando o jogador entrou e como tal ter desencadeado uma menor predisposição para o
jogador intervir no jogo. O que terá diminuído o rigor a motivação, a predisposição do
51
jogador e o terá levado a estar menos concentrado e mais relaxado levando-o a intervir
menos e também a falhar mais.
Jogador K: Também neste jogador não observamos diferenças no comportamento das médias
dos momentos do início do movimento. Não se observando assim qualquer mudança no
rendimento. Já no que diz respeito ao número de intervenções registamos um ligeiro aumento
deste parâmetro (tabela n.º 18 em anexo). Quanto aos valores quantitativos dos passes e dos
confrontos o que se verificou foi: um aumento do número de passes com sucesso (mais 9
passes) e uma diminuição do número de passes realizados com insucesso (menos n.º 3 nos
resultados). Pensamos que estes resultados podem estar associados à melhoria da situação
atmosférica e consequente melhoria das condições do terreno, conjuntamente com o facto de
talvez este ter assumido um papel mais ativo na dinâmica e no jogo da equipa, fruto da lesão
do Jogador C. Ou então, poderá ser resultado de uma melhoria da capacidade de leitura das
situações que se traduziram em melhores decisões (exemplo: optar por passes menos
arriscados e assim diminuir os passes com insucesso e proteger a posse de bola) e
consequente melhoria destes indicadores.
Jogador M: Neste jogador também não se observaram diferenças no indicador das médias do
momento de início do movimento. No entanto, podemos observar que no último jogo este
jogador teve um maior número de intervenções (tabela n.º19 em anexo). Intervenções que
resultaram num aumento do número de passes com sucesso (mais 14) e no aumento de
confrontos com insucesso (mais 3) (tabela n.º 3 nos resultados). Pensamos que esteja
relacionado com a melhoria da situação atmosférica e consequente melhoria das condições do
terreno (piso sem água e sem lama), conjuntamente com o facto de provavelmente estar com
uma maior predisposição e motivação para o jogo. Também podemos apontar como hipótese,
para o aumento do número de passes com sucesso, a melhoria da capacidade de leitura das
situações que se traduziu em melhores decisões (exemplo: optar por passes menos arriscados
e assim diminuir os passes com insucesso e proteger a posse de bola) e consequente melhoria
deste indicador. Contudo, também pode ter sido consequência de um maior número de linhas
de passe que, os colegas de equipa, lhe possam ter fornecido. Quanto ao aumento do número
de confrontos com insucesso este pode estar relacionado com uma atitude mais ofensiva da
equipa adversária que tenha desencadeado o aumento destas ocorrências. Ou então, uma
menor capacidade técnica, em relação ao adversário, para resolver os problemas que lhe
surgiam a seu favor.
Jogador P: Em relação ao comportamento das médias dos tempos não se observou mudanças
significativas de um jogo para o outro. Não se verificando assim alteração deste indicador que
pudesse influenciar o rendimento desportivo. Contudo, podemos observar que ocorreu uma
diminuição do número de intervenções (tabela n.º 20 em anexo), bem como a diminuição do
número de passes realizados com sucesso (menos 6) (tabela n.º 3 nos resultados). Pensamos
52
que a diminuição registada nestes indicadores está maioritariamente relacionado com o facto
de o jogador se ter encontrado doente, tendo estado afastado do último treino, por esse
mesmo motivo. Como tal não se encontraria nas melhores condições e isso refletiu-se nos
indicadores analisados.
53
Capítulo 7
Limitações do Estudo
Chegados a esta fase e tendo a plena consciência de que todos os estudos têm as suas
limitações, torna-se pertinente perceber, pensar e apresentar as limitações que tiveram
influência no desenvolvimento do mesmo e como tal nas conclusões que dele podemos retirar.
Apresentamos em seguida um conjunto de limitações do estudo em causa que podemos
considerar como mais pertinentes face ao problema em estudo:
- A utilização de apenas seis polares e como tal termos apenas informação individual do
comportamento da FC de seis jogadores (três de cada grupo). Teria sido uma mais-valia
termos tido os dezasseis polares, já permitiria utilizar um polar por cada jogador e assim
perceber especificamente como cada um dos jogadores teria respondido e evoluído durante o
período em que o estudo foi aplicado.
- O equipamento com alguns anos e com muita utilização. Este fator justifica alguns
problemas observados com os polares, nomeadamente com o polar do jogador JI que durante
o estudo registou resultados irrealistas, o que não permitiu perceber especificamente como
este reagiu e evoluiu durante as sessões. Limitando, neste caso, ainda mais o estudo, já que
este terminou com apenas cinco polares.
- A não utilização de mini-balizas no SSG 4X4. Este ponto foi uma limitação já que as balizas
feitas com cones não dão a mesma referência física aos jogadores como dão as mini-balizas.
Podendo ter influenciado a perceção que os jogadores tinham do local onde a baliza se
encontrava a assim ter influenciado o número de golos, as percas de bola etc., Para além
disso dificultam a perceção, de quem está a analisar os vídeos, de quando é/ou não é golo;
- Termos aplicado o exercício no terreno de terra batida e os jogos terem sido realizados em
relva natural e relva sintética. Teria sido melhor para o estudo que o exercício e os jogos
tivessem sido realizados no mesmo tipo de terreno. Visto que esta mudança do tipo de
terreno poderá ter influência nas ações dos jogadores, como por exemplo, nos seus
deslocamentos, no comportamento que a bola tem, na trajetória da bola, nas execuções
técnicas (como receção, passe) e deste modo poder ter influenciado os resultados do estudo;
- Não termos informação sobre como a FC se comportava no jogo e assim não ter sido possível
perceber no jogo se ocorreu alguma evolução, neste indicador, do início do estudo para o
final do estudo e comparar esses dados entre os dois grupos (experimental e de controlo) para
54
que fosse possível perceber se o grupo que esteve submetido ao SSG apresentava diferenças
ou não do grupo que não esteve submetido ao SSG e que diferenças seriam. No entanto, este
dado não foi possível conhecer porque os custos que estão associados à obtenção deste
software são elevados e como tal não foi possível ter acesso a este dado;
- Não termos analisado todos os jogos que foram realizados durante o tempo que decorreu o
estudo. Isto permitia-nos acompanhar melhor a evolução dos jogadores bem como minimizar
o efeito da aleatoriedade que pode ter acontecido por compararmos dois jogos passado
algumas semanas de diferença.
55
Capítulo 8
Conclusão
Sendo o objetivo do presente estudo, de forma muito simplificada, a compreensão da
influência dos small-sided games na performance desportiva dos futebolistas, quer em
situação de treino, quer de jogo formal, e tendo realizado um trabalho experimental ao longo
de dez semanas de treino onde analisamos a performance de dezasseis futebolistas (divididos
em dois grupos: experimental e controlo) em algumas variáveis podemos depois de analisar e
discutir os resultados obtidos quer nos treinos quer nos jogos retirar agora algumas conclusões
atendendo às limitações identificadas anteriormente.
Assim o SSG 4x4 (dimensões de 30mx20m e área individual por jogador 1,75 m2), na situação
de treino:
- Permitiu obter valores de FC elevados (entre 190 e 160), ao longo de todo o exercício,
demonstrando permitir alcançar e manter altas intensidades. No entanto, não se verificaram
diferenças significativas no comportamento da FC da primeira sessão para a última,
demonstrando um nível de comportamento semelhante em ambas as sessões (inicial e final)
(sessão 1 entre 190 e 160 e última sessão entre 187 e 165);
- Desencadeou nos jogadores um maior número de ocorrências de início do movimento após a
execução do passe por parte do colega (seis dos setes jogadores registaram esse aumento, por
exemplo: JE de 0 para 5; JF de 1 para 6 e JH de 1 para 9), bem como um aumento do número
de confrontos (S e I) (exemplo: nos confrontos com sucesso JD e JE registaram um aumento
de 0 para 8 e de a para 6, respetivamente; já no confrontos com insucesso JB e JD registaram
um aumento de 3 para 7 e 1 para 5, respetivamente);
- Desenvolveu mais as ações técnico-táticas relacionadas com o 1x1 (finta, desarme)
(aumento do número de confrontos, nos 7 jogadores) do que as relacionadas com o passe
(diminuição do número de passes em 4 dos 7);
- Demonstrou ter sido um exercício onde as diversas exigências (físicas, táticas, técnicas)
estão presentes. Já que registou ao longo de todo o exercício valores de FC elevados
(exigência física), aumento do número de inícios do movimento após o colega realizar o passe
(tático) e aumento do número de confrontos de 1x1 (técnico).
56
Todavia, quando confrontamos com os dados recolhidos na situação de jogo pudemos concluir
que:
- Não existiram diferenças significativas entre o grupo experimental e de controlo no
indicador relativo ao momento do início do movimento. Já que o p-value, de ambos os teste,
registou um valor superior a 0,05;
- Não existiram diferenças significativas entre os jogadores do grupo de controlo e do grupo
experimental no indicador dos passes (sucesso e insucesso). Visto que o p-value, mais uma vez
registou valores superiores a 0,05;
- Também não existiram diferenças significativas no indicador dos confrontos (sucesso e
insucesso) entre os jogadores de ambos os grupos. Porque mais uma vez o p-value registou
valores superiores a 0,05.
Posto isto, embora se tenha verificado que o desempenho desportivo no treino (SSG 4X4)
tenha sofrido alterações e adaptações, tais não foram visíveis na performance desportiva do
jogo com os resultados que conseguimos apurar. Podemos assim concluir que não existiram
melhorias significativas da performance desportiva dos jogadores em causa que realizaram o
SSG (4x4) no jogo.
Poderemos assim assumir, com as devidas cautelas, que apesar de se terem verificado
melhorias do desempenho dos jogadores no treino nem sempre as mesmas se repercutirão
diretamente na melhoria do desempenho destes em situação de jogo formal. Neste sentido
será importante o treinador ter consciência que a utilização de um exercício no treino que
pode até, à primeira vista, ser benéfico porque os jogadores demonstram melhorias da sua
performance no treino, não estar ajustado às solicitações que o jogo provoca nos jogadores.
Se não se verifica essa melhoria no jogo num conjunto de variáveis específicas (e
independentemente do resultado final que nem sempre dependerá diretamente das mesmas)
deverão os treinadores escolher cautelosamente os exercícios de treino a realizar devendo ter
como preocupação a influência dos mesmos sobre a prestação dos jogadores em situação de
jogo e a melhoria específica de um conjunto de variáveis nessa mesma situação. Parece-nos
assim evidente que mais do que simplesmente optar por um determinado conjunto de
exercícios ou mesmo metodologia deverá o treinador dar relevância aos efeitos que estes
possam ter na performance dos futebolistas em situação de jogo atendendo aos
comportamentos ali solicitados.
57
Capítulo 9
Futuras Linhas de Investigação
Tendo em conta as limitações que apresentamos e após as conclusões a que chegamos, iremos
de seguida apresentar algumas futuras linhas de investigação que pensamos que podem
acrescentar soluções, respostas e desenvolver ainda mais o conhecimento científico sobre o
impacto que a metodologia de treino dos Small-Sided Games tem na performance dos
futebolistas no treino e no jogo.
- Identificar em que momentos específicos do jogo e do exercício (SSG 4X4) se alcançam
níveis de frequência cardíaca semelhantes, para percebermos se existem momentos em que a
FC que se regista no exercício (SSG 4x4) se aproxima da registada no jogo e assim
conhecermos em termos fisiológicos se as exigências do treino se aproximam das registadas
no jogo. Para tal, controlaríamos a frequência cardíaca a quando da aplicação do exercício
(SSG 4x4) no treino e no jogo.
- Que evoluções apresentam, na performance desportiva no treino e no jogo, cada um dos
jogadores que participam no SSG 4x4. Para tal, seria aplicado o SSG 4x4 em duas equipas
diferentes com metodologias de treinos diferentes e comparar depois o desempenho de cada
um dos jogadores (ambas as equipas) nos treinos e nos jogos.
- Testar e consolidar a conjetura apresentada. Aplicando este SSG (4x4) em outras equipas
(do mesmo escalão).
- Perceber que exigências (físicas, técnicas, táticas) são, afetadas pela mudança de uma
única variável no SSG específico. Permitia-nos intender que determinada mudança de variável
iria ter aquelas respostas específicas, nas exigências técnicas, táticas e físicas.
- Comparar, nos jogadores que ocupam a mesma posição, se existem diferenças entre quem
participa no SSG e quem não participa. Isto, analisando aprofundadamente por posição, que
os jogadores ocupam no terreno de jogo, os momentos em que eles iniciam a sua ação.
- Compreender como este método pode contribuir para a evolução das capacidades dos jovens
futebolistas. Estudar a aplicação de um exercício de SSG nos escalões inferiores aos juvenis.
58
Capítulo 10
Bibliografia
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Vicente, A. M. N. (2007). Para a Gestão Micro e Macro das Atividades Desportivas, O
Diagnostico nas Atividades Desportivas Operacionalização nos Desportivas Coletivas. Trabalho
com vista à obtenção do grau de Doutor em Educação Física e Desporto na especialidade de
Ciências do Desporto, Universidade da Madeira, Madeira, Portugal.
61
Capítulo 11
Anexos
Gráfico 7: Comportamento da FC (JB) ao longo das várias sessões.
Gráfico 6: Comportamento da FC (JA) ao longo das várias sessões.
Gráfico 8: Comportamento da FC (JG) ao longo das várias sessões.
Gráfico 9: Comportamento da FC (JK) ao longo das várias sessões.
1º P. 2º P.
1º P. 2º P.
1º P. 2º P.
1º P. 2º P.
62
Grupo Experimental
Grupo de controlo
Dados /Sujeito
JA
JC
JG
JI
JK
JM
Média frequência
cardíaca no 1º treino filmado
1º
Parte
176
175
194
177
177
132
M. I. D
169
162
148
156
140
122
2º
Parte
192
182
181
183
183
152
Média frequência
cardíaca no último treino filmado
1º
Parte
175
180
176
-
182
152
M. I. D
168
155
156
-
160
150
2º
Parte
176
175
180
-
185
159
Tabela 4: Informação relativa ao comportamento da média da FC nos vários momentos (1º parte, minuto de descanso,2º parte) do exercício, no início e no final do estudo.
Gráfico 10: Comportamento da FC (JK) ao longo das várias sessões.
1ºP 2ºP
63
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JA_IM_1PSSG_TFI 3 220 83,33 118,462
Tempos_JA_Bola_1PSSG_TFI 3 130 109,00 19,000
Tempos_JA_IM_2PSSG_TFI 2 134 77,00 80,610
Tempos_JA_Bola_2PSSG_TFI 2 160 128,00 45,255
Tempos_JA_IM_1PSSG_TFF 5 54 26,80 22,599
Tempos_JA_Bola_1PSSG_TFF 5 234 131,20 60,710
Tempos_JA_IM_2PSSG_TFF 1 20 20,00 .
Tempos_JA_Bola_2PSSG_TFF 1 87 87,00 .
Valid N (listwise) 1
Tabela 5: Estatística descritiva do SSG 4x4 do jogador A.
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JB_IM_1PSSG_TFI 3 147 79,00 70,086
Tempos_JB_Bola_1PSSG_TFI 3 230 175,67 80,649
Tempos_JB_IM_2PSSG_TFI 1 40 40,00 .
Tempos_JB_Bola_2PSSG_TFI 1 100 100,00 .
Tempos_JB_IM_1PSSG_TFF 6 416 98,00 155,914
Tempos_JB_Bola_1PSSG_TFF 6 190 127,67 33,904
Tempos_JB_IM_2PSSG_TFF 2 77 50,50 37,477
Tempos_JB_Bola_2PSSG_TFF 2 104 101,50 3,536
Valid N (listwise) 1
Tabela 6: Estatística descritiva do SSG 4x4 do jogador B.
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JD_IM_1PSSG_TFI 2 50 46,50 4,950
Tempos_JD_Bola_1PSSG_TFI 2 120 108,00 16,971
Tempos_JD_IM_2PSSG_TFI 2 99 58,00 57,983
Tempos_JD_Bola_2PSSG_TFI 2 147 132,00 21,213
Tempos_JD_IM_1PSSG_TFF 4 53 37,50 17,059
Tempos_JD_Bola_1PSSG_TFF 4 190 125,50 45,508
Tempos_JD_IM_2PSSG_TFF 3 70 46,67 21,733
Tempos_JD_Bola_2PSSG_TFF 3 163 120,00 44,576
Valid N (listwise) 2
Tabela 7: Estatística descritiva do SSG 4x4 do jogador D.
64
Tabela 8: Estatística descritiva do SSG 4x4 do jogador E.
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JF_IM_1PSSG_TFI 2 194 160,50 47,376
Tempos_JF_Bola_1PSSG_TFI 2 190 150,00 56,569
Tempos_JF_IM_2PSSG_TFI 9 215 95,33 65,770
Tempos_JF_Bola_2PSSG_TFI 9 377 144,00 94,655
Tempos_JF_IM_1PSSG_TFF 5 156 61,00 61,632
Tempos_JF_Bola_1PSSG_TFF 5 263 146,00 77,353
Tempos_JF_IM_2PSSG_TFF 3 33 15,33 15,695
Tempos_JF_Bola_2PSSG_TFF 3 140 116,33 23,502
Valid N (listwise) 2
Tabela 9: Estatística descritiva do SSG 4x4 do jogador F.
Descriptive Statistics
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JE_IM_1PSSG_TFI 1 90 90 90,00 .
Tempos_JE_Bola_1PSSG_TFI 1 112 112 112,00 .
Tempos_JE_IM_2PSSG_TFI 4 180 284 222,00 46,390
Tempos_JE_Bola_2PSSG_TFI 4 84 147 111,00 26,394
Tempos_JE_IM_1PSSG_TFF 9 7 130 45,78 37,963
Tempos_JE_Bola_1PSSG_TFF 9 56 203 122,22 49,924
Tempos_JE_IM_2PSSG_TFF 3 20 63 41,00 21,517
Tempos_JE_Bola_2PSSG_TFF 3 100 190 135,67 47,816
Valid N (listwise) 1
65
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JG_IM_1PSSG_TFI 4 153 95,25 71,013
Tempos_JG_Bola_1PSSG_TFI 4 180 134,00 41,601
Tempos_JG_IM_2PSSG_TFI 4 143 79,25 55,090
Tempos_JG_Bola_2PSSG_TFI 4 180 143,50 28,919
Tempos_JG_IM_1PSSG_TFF 5 56 35,40 17,601
Tempos_JG_Bola_1PSSG_TFF 5 157 122,60 20,526
Tempos_JG_IM_2PSSG_TFF 5 113 54,60 39,797
Tempos_JG_Bola_2PSSG_TFF 5 230 132,00 62,446
Valid N (listwise) 4
Tabela 10: Estatística descritiva do SSG 4x4 do jogador G.
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JH_IM_1PSSG_TFI 1 120 120,00 .
Tempos_JH_Bola_1PSSG_TFI 1 93 93,00 .
Tempos_JH_IM_2PSSG_TFI 6 130 77,67 48,808
Tempos_JH_Bola_2PSSG_TFI 6 246 131,40 73,874
Tempos_JH_IM_1PSSG_TFF 9 57 33,67 11,380
Tempos_JH_Bola_1PSSG_TFF 9 123 84,89 24,174
Tempos_JH_IM_2PSSG_TFF 5 50 34,00 16,673
Tempos_JH_Bola_2PSSG_TFF 5 127 98,80 22,819
Valid N (listwise) 1
Tabela 11: Estatística descritiva do SSG 4x4 do jogador H.
66
Grupo Experimental
Dados/ Sujeitos
Partes
JA
JB
JC
JD
JE
JF
JG
JH
Número de ocorrências registadas quando o
jogador inicia o seu movimento antes do colega
realizar o passe.
1º
Parte
2
2
2
2
1
2
4
2
2º
Parte
1
1
1
1
4
8
3
4
Total
3
3
3
3
5
10
7
6
Número de ocorrências registadas quando o
jogador inicia o seu movimento
depois do colega realizar
o passe.
1º
Parte
2
2
2
0
0
1
0
1
2º
Parte
0
0
1
1
0
0
1
0
Total
2
2
3
1
0
1
1
1
Tabela 12: Número de ocorrências em que os jogadores reagiram antes ou depois do momento em que o colega realizou o passe. Informação referente ao SSG 4X4 do dia 29 de Janeiro.
Grupo Experimental
Dados/ Sujeitos
Partes
JA
JB
JC
JD
JE
JF
JG
JH
Número de ocorrências registadas quando o
jogador inicia o seu movimento antes do colega
realizar o passe.
1º Parte
2
3
0
2
5
1
3
3
2º Parte
1
0
0
0
2
1
3
2
Total
3
3
0
2
7
2
6
5
Número de ocorrências registadas quando o
jogador inicia o seu movimento
depois do colega realizar
o passe.
1º
Parte
3
4
0
2
4
4
2
6
2º
Parte
0
2
0
3
1
2
3
3
Total
3
6
0
5
5
6
5
9
Tabela 13: Número de ocorrências em que os jogadores reagiram antes ou depois do momento em que o colega realizou o passe. Informação referente ao SSG 4X4 do dia 4 de Abril.
67
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JA_IM_1P_JFI 7 110 43,29 38,008
Tempos_JA_Bola_1P_JFI 7 306 257,14 44,213
Tempos_JA_IM_2P_JFI 5 133 46,00 49,890
Tempos_JA_Bola_2P_JFI 5 237 162,60 61,865
Tempo de jogo (minutos) 1 76 76,00 .
Tempos_JA_IM_1P_JFF 10 110 47,30 25,794
Tempos_JA_Bola_1P_JFF 10 240 173,10 52,494
Tempos_JA_IM_2P_JFF 0
Tempos_JA_Bola_2P_JFF 0
Tempo de jogo (minutos) 1 55 55,00 .
Valid N (listwise) 0
Tabela 14: Estatística descritiva dos tempos registados nos dois jogos (Jogador A).
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JH_IM_1P_JFI 17 90 43,18 24,737
Tempos_JH_Bola_1P_JFI 12 500 217,83 147,692
Tempos_JH_IM_2P_JFI 14 162 65,93 56,785
Tempos_JH_Bola_2P_JFI 11 330 174,82 99,564
Tempo de jogo (minutos) 1 80 80,00 .
Tempos_JH_IM_1P_JFF 20 103 40,10 23,631
Tempos_JH_Bola_1P_JFF 14 544 208,43 143,696
Tempos_JH_IM_2P_JFF 16 154 54,13 37,263
Tempos_JH_Bola_2P_JFF 11 477 179,82 120,319
Tempo de jogo (minutos) 1 80 80,00 .
Valid N (listwise) 0
Tabela 15: Estatística descritiva dos tempos registados nos dois jogos (Jogador H).
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JI_IM_2P_JFI 20 276 94,25 79,371
Tempos_JI_Bola_2P_JFI 17 421 182,88 89,775
Tempo de jogo (minutos) 1 40 40,00 .
Tempos_JI_IM_1P_JFF 16 273 65,38 62,412
Tempos_JI_Bola_1P_JFF 14 433 199,07 93,412
Tempos_JI_IM_2P_JFF 18 267 72,72 62,955
Tempos_JI_Bola_2P_JFF 16 494 230,94 109,719
Tempo de jogo (minutos) 1 80 80,00 .
Valid N (listwise) 1
Tabela 16: Estatística descritiva dos tempos registados nos dois jogos (Jogador I).
68
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JJ_IM_1P_JFI 15 150 60,13 44,086
Tempos_JJ_Bola_1P_JFI 12 273 161,17 60,024
Tempo de jogo (minutos) 1 40 40,00 .
Tempos_JJ_IM_2P_JFF 10 169 65,40 51,017
Tempos_JJ_Bola_2P_JFF 9 450 170,67 121,205
Tempo de jogo (minutos) 1 40 40,00 .
Valid N (listwise) 0
Tabela 17: Estatística descritiva dos tempos registados nos dois jogos (Jogador J).
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JK_IM_1P_JFI 3 43 32,33 9,713
Tempos_JK_Bola_1P_JFI 3 104 97,67 7,095
Tempos_JK_IM_2P_JFI 4 57 42,50 23,868
Tempos_JK_Bola_2P_JFI 4 183 110,75 51,006
Tempo de jogo (minutos) 1 76 76,00 .
Tempos_JK_IM_1P_JFF 7 73 43,14 25,964
Tempos_JK_Bola_1P_JFF 7 383 153,29 108,175
Tempos_JK_IM_2P_JFF 4 93 55,00 25,936
Tempos_JK_Bola_2P_JFF 4 193 109,00 69,890
Tempo de jogo (minutos) 1 80 80,00 .
Valid N (listwise) 1
Tabela 18: Estatística descritiva dos tempos registados nos dois jogos (Jogador K).
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JM_IM_1P_JFI 10 180 45,60 49,356
Tempos_JM_Bola_1P_JFI 8 194 119,25 48,817
Tempos_JM_IM_2P_JFI 3 57 43,33 15,177
Tempos_JM_Bola_2P_JFI 3 273 240,00 28,792
Tempo de jogo (minutos) 1 70 70,00 .
Tempos_JM_IM_1P_JFF 18 90 44,22 21,754
Tempos_JM_Bola_1P_JFF 13 343 225,46 69,120
Tempo de jogo (minutos) 1 40 40,00 .
Valid N (listwise) 0
Tabela 19: Estatística descritiva dos tempos registados nos dois jogos (Jogador M).
69
Descriptive Statistics
N Maximum Mean Std. Deviation
Tempos_JP_IM_1P_JFI 20 277 63,75 67,015
Tempos_JP_Bola_1P_JFI 14 416 183,36 99,580
Tempos_JP_IM_2P_JFI 23 494 99,39 107,608
Tempos_JP_Bola_2P_JFI 21 543 181,24 118,221
Tempo de jogo (minutos) 1 80 80,00 .
Tempos_JP_IM_1P_JFF 15 142 51,00 36,824
Tempos_JP_Bola_1P_JFF 12 490 180,25 102,918
Tempo de jogo (minutos) 1 40 40,00 .
Valid N (listwise) 1
Tabela 20: Estatística descritiva dos tempos registados nos dois jogos (Jogador P).
70