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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE SAÚDE DE NOVA FRIBURGO
CURSO DE GRADUÇÃO EM BIOMEDICINA
RAYANE PAULA MACHADO DA SILVA
EFEITO DE DIETA HIPERSÓDICA E HIPERENERGÉTICA NO
REMODELAMENTO DO TECIDO ADIPOSO BRANCO E
MARROM DE CAMUNDONGOS C57BL/6
NOVA FRIBURGO, RJ
2017
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i
RAYANE PAULA MACHADO DA SILVA
EFEITO DE DIETA HIPERSÓDICA E HIPERENERGÉTICA NO
REMODELAMENTO DO TECIDO ADIPOSO BRANCO E
MARROM DE CAMUNDONGOS C57BL/6
Monografia apresentada à Universidade
Federal Fluminense/ Instituto de Saúde
de Nova Friburgo, como Trabalho de
Conclusão do Curso de graduação em
Biomedicina.
ORIENTADORA:
PROFa. DRª. CAROLINE FERNANDES DOS SANTOS BOTTINO
NOVA FRIBURGO, RJ
2017
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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca de Nova Friburgo
S586e Silva, Rayane Paula Machado da
Efeito de dieta hipersódica e hiperenergética no remodelamento do tecido
adiposo branco e marrom de camundongos C57BL/6. / Rayane Paula Machado
da Silva ; Profª. Drª. Caroline Fernandes dos Santos Bottino, orientadora. --
Nova Friburgo, RJ: [s.n.], 2017.
58f. : il.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biomedicina) –
Universidade Federal Fluminense, Instituto de Saúde de Nova Friburgo,
2017.
1. Tecido adiposo branco. 2. Tecido adiposo marrom. 3. Sacarose. 4. Sal.
I. Bottino, Caroline Fernandes dos Santos, Orientadora. II. Título.
CDD M616.07
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RAYANE PAULA MACHADO DA SILVA
EFEITO DE DIETA HIPERSÓDICA E HIPERENERGÉTICA NO
REMODELAMENTO DO TECIDO ADIPOSO BRANCO E
MARROM DE CAMUNDONGOS C57BL/6
Monografia apresentada à Universidade
Federal Fluminense/ Instituto de Saúde
de Nova Friburgo, como Trabalho de
Conclusão do Curso de graduação em
Biomedicina.
Aprovado em 30 de novembro de 2017
Banca Examinadora
_____________________________________
Profa. Dra. Caroline Fernandes dos Santos Bottino (Titular/Orientador) Universidade Federal Fluminense – Instituto de Saúde de Nova Friburgo
_____________________________________
Prof. Dr. Leonardo de Souza Mendonça (Titular) Universidade Federal Fluminense – Instituto de Saúde de Nova Friburgo
_____________________________________
Me. Kelly Costa de Almeida (Titular) Universidade Federal Fluminense – Instituto de Saúde de Nova Friburgo
_____________________________________
Profa. Dra. Thereza Cristina Lonzetti Bargut (Suplente) Universidade Federal Fluminense – Instituto de Saúde de Nova Friburgo
NOVA FRIBURGO, RJ
2017
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iii
À minha família e à minha orientadora,
por terem sido o suporte necessário para
que este momento fosse possível
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iv
AGRADECIMENTOS
À minha família, por serem a razão, base e estrutura para que eu me tornasse
tudo que sou hoje.
Aos amigos, em especial Talini e Maria, por todo ensinamento sobre
cumplicidade, lealdade, gentileza e principalmente, respeito e amor ao próximo.
A minha orientadora Caroline, pela paciência durante esses 4 anos, mas acima
de tudo, por ser fonte de inspiração e por me mostrar que quando se tem fé no
mundo e amor ao que se faz, é possível mover – mais do que montanhas –
pessoas e causas.
A toda equipe do Laboratório Multiusuário de Pesquisa Biomédica, em especial
Kelly, Leonardo e Felipe, por toda ajuda e suporte durante os anos de iniciação
científica, mas principalmente por todas as conversas, risadas, piadas e apelidos
compartilhados.
Aos colegas de turma que ao longo desses anos fizeram juz às palavras união e
cooperação.
As colegas de projeto, Camila e Débora, por terem sido primordiais para o
desenvolvimento e conclusão deste projeto.
À todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, na caminhada até
aqui.
Por último, mas não menos importante, à Deus, por não unir pessoas, mas sim
propósitos.
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v
Os únicos presentes do mar são golpes duros
e às vezes, a chance de sentir-se forte. Eu
não sei muito sobre o mar, mas sei que as
coisas são assim por aqui. E também sei
como é importante na vida, não
necessariamente ser forte, mas sentir-se forte,
confrontar-se ao menos uma vez, encontrar-
se ao menos uma vez na mais antiga
condição humana, enfrentando à sós a pedra
surda e cega, sem outra ajuda além das
próprias mãos e da cabeça
Into The Wild, 2007
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vi
RESUMO
As doenças cardiovasculares, a obesidade e o diabetes são comorbidades cada
vez mais comuns na sociedade moderna e estão intimamente associados ao
estilo de vida sedentário e a ingestão de dietas ocidentais ricas em lipídeos
saturados. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de uma
dieta hipersódica e hiperenegética sobre o metabolismo lipídico, glicídico e
adiposidade corporal em camundongos C57BL/6 machos e fêmeas. Foram
utilizados camundongos C57BL/6 machos e fêmeas. Aos 3 meses de idade, eles
foram alimentados com dieta controle (C) ou dieta HFSS (high fat, sucrose and
salt) por 6 ou 12 semanas, e com dieta HFSS por 6 semanas seguido de dieta
controle (HFSS->C), totalizando em dez grupos experimentais (n=15/grupo). A
massa corporal e a ingestão hídrica foram aferidas semanalmente e a ingestão
de ração diariamente. Foram aferidas também a glicemia e a insulina de jejum,
além do teste oral de tolerância à glicose. No momento da eutanásia, o fígado,
as gorduras inguinal, genital e marrom foram coletados para posterior análise
bioquímica e morfológica quantitativa. Todas as análises estatísticas foram
realizadas no Software GraphPad Prisma Versão 6.0 e no Statistica e um P
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vii
ABSTRACT
Cardiovascular disease, obesity, and diabetes are increasingly common
comorbidities in modern society and are closely associated with both sedentary
lifestyle and the ingestion of Western diets rich in saturated lipids. Thus, the
objective of this study was to evaluate the effects of a hyperenergetic diet rich in
sodium on lipid metabolism, glucose and body adiposity in male and female
C57BL/6 mice. Male and female C57BL/6 mice were used. At three months old,
mice were fed a control diet (C) or a high fat, high sucrose, high salt diet (HFSS)
for 6 or 12 weeks, and with HFSS diet for 6 weeks followed by 6 weeks on CON
diet (HFSS->C) summing ten experimental groups (n=15/group). Body mass and
water intake were measured weekly and food daily. Blood glucose and fasting
insulin were also checked, in addition to oral glucose tolerance test. At
euthanasia, the liver, inguinal, genital and brown fat depots were collected for
subsequent biochemical and quantitative morphological analysis. All statistical
analyses were performed on GraphPad Prism Software 6.0 or Statistica, and a
P
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viii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................01
2 REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................04
2.1 LIPIDEOS DA DIETA E METABOLISMO....................................................04
2.2 CARBOIDRATOS DA DIETA E METABOLISMO........................................05
2.3 SAL E METABOLISMO................................................................................07
2.4 OBESO METABOLICAMENTE SAUDÁVEL E MAGRO
METABÓLICAMENTE OBESO..........................................................................08
2.5 TECIDO ADIPOSO BRANCO E MARROM..................................................10
3 OBJETIVOS....................................................................................................12
3.1 OBJETIVOS GERAIS...................................................................................12
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................12
4 MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................13
4.1 QUESTÕES ÉTICAS....................................................................................14
4.2 OBTENÇÃO DA AMOSTRA.........................................................................14
4.3 INGESTÃO DE RAÇÃO, ÁGUA E ENERGIA...............................................15
4.4 BIOMETRIA.................................................................................................15
4.5 TRIGLICERÍDEOS TECIDUAIS...................................................................16
4.6 PREPARO HISTOLÓGICO DO TECIDO ADIPOSO....................................17
4.7 MORFOMETRIA: TECIDO ADIPOSO BRANCO..........................................18
4.8 MORFOMETRIA: TECIDO ADIPOSO MARROM.........................................19
4.9 METABOLISMO GLICÍDICO........................................................................20
4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................21
5 RESULTADOS ...............................................................................................22
5.1 INGESTÃO DE RAÇÃO, ÁGUA E ENERGIA...............................................22
5.2 BIOMETRIA.................................................................................................25
-
ix
5.3 TRIGLICERÍDEOS TECIDUAIS...................................................................32
5.4 MORFOMETRIA DO TECIDO ADIPOSO.....................................................33
5.5 METABOLISMO GLICÍDICO........................................................................34
5.6 INFLUÊNCIA DOS FATORES GÊNERO, DIETA E TEMPO SOBRE OS
PARÂMETROS..................................................................................................39
6 DISCUSSÃO ..................................................................................................45
7 CONCLUSÃO ................................................................................................49
8 REFERÊNCIAS ..............................................................................................50
9 ANEXOS ........................................................................................................58
9.1 APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA....................................................58
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x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Morfometria das Gorduras Genital e Inguinal................................18
FIGURA 2 – Morfometria da Gordura Marrom....................................................19
FIGURA 3 – Ingestão de Ração.........................................................................22
FIGURA 4 – Consumo de Energia......................................................................23
FIGURA 5 –. Ingestão de Água..........................................................................24
FIGURA 6 –. Massa Corporal.............................................................................25
FIGURA 7 – Fígado............................................................................................25
FIGURA 8 – Gordura Branca Total.....................................................................26
FIGURA 9 – Gordura Genital.............................................................................28
FIGURA 10 – Gordura Inguinal..........................................................................28
FIGURA 11 – Gordura Marrom...........................................................................29
FIGURA 12 – Relação Gordura Genital:Inguinal................................................30
FIGURA 13 – Relação Gordura Branca: Gordura Marrom..................................30
FIGURA 14 – Relação Gordura Genital: Gordura Marrom..................................31
FIGURA 15 – Relação Gordura Inguinal: Gordura Marrom................................31
FIGURA 16 – Triglicerídeos Hepático................................................................32
FIGURA 17 – Triglicerídeos da Gordura Marrom................................................32
FIGURA 18 – Morfometria de Gordura Genital...................................................33
FIGURA 19 – Morfometria de Gordura Inguinal..................................................34
FIGURA 20 – Morfometria de Gordura Marrom..................................................34
FIGURA 21 – Glicemia de Jejum........................................................................36
FIGURA 22 – Insulina Sérica..............................................................................36
FIGURA 23 - Tolerância à glicose em camundongos C57Bl/6
machos..............................................................................................................37
FIGURA 24 - Tolerância à glicose em camundongos C57Bl/6
fêmeas...............................................................................................................38
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xi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Composição Nutricional das Dietas Experimentais.......................13
TABELA 2 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta
sobre a ingestão e massa corporal.....................................................................41
TABELA 3 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta
sobre o fígado e a adiposidade..........................................................................42
TABELA 4 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta
sobre os triglicerídeos teciduais.........................................................................43
TABELA 5 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta
sobre o diâmetro dos adipócitos de gordura genital, inguinal e
marrom...............................................................................................................43
TABELA 6 - Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta
sobre o metabolismo glicídico............................................................................44
-
1
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos a sociedade passou por uma crescente modernização
que trouxe uma série de mudanças, principalmente no que diz respeito à
alimentação. A dieta atual, rica em carboidratos simples e lipídeos saturados
associada a um hábito de vida sedentário fez com que patologias tais como a
obesidade, o diabetes e as desordens cardiovasculares se tornassem cada vez
mais presentes. Tudo isso porque a associação de uma alimentação inadequada
mais a inatividade física tem como resultado um balanço energético positivo,
fazendo com que toda energia ingerida em excesso seja armazenada no tecido
adiposo na forma de triacilglicerol, gerando um estoque para os possíveis
períodos de necessidade, o que foi chamado de “genótipo econômico” (Prentice
e Moore, 2005).
O consumo excessivo de alimentos ricos em gordura, em especial a
gordura saturada está fortemente associada com o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares e aumento da mortalidade (Mozaffarian et al., 2015). Assim
como o consumo de gorduras saturadas, o consumo de carboidratos também
está diretamente relacionado com a alta prevalência de obesidade e diabetes
tipo 2. Isso aconteceu principalmente pelo fato da frutose ter se tornado um dos
principais componentes da dieta atual. O consumo de xarope de milho (HFCS,
high-fructose corn syrup) é o principal responsável por esse aumento
exponencial no consumo de frutose, isso porque ele é o principal adoçante
utilizado pela indústria alimentícia, estando presente em comidas processadas,
iogurtes, pão industrial, biscoitos, refrigerantes carbonatados, molho de salada
e geleias (Bray et al., 2004). A frutose não estimula a secreção de insulina ou
leptina, o que sugere que não ocorra ativação dos sinais aferentes responsáveis
por regular a ingestão alimentar, fazendo com que o aumento da ingestão
calórica não seja notado pelo encéfalo, o que tem como consequência um
quadro de obesidade resultante do aumento da ingestão calórica (Bray et al.,
2004).
-
2
O aumento da ingestão de sal está diretamente relacionado ao
desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Aaron e Sanders, 2013). Isso
porque, além de ser fator etiológico da hipertensão arterial, ele atua sobre o
coração e os vasos sanguíneos, podendo causar um aumento da massa
ventricular esquerda, um espessamento e enrijecimento da parede arterial, a
incidência de acidente vascular encefálico, a insuficiência cardíaca grave e
doença renal (Tobian e Hanlon, 1990; Meneton et al., 2005; Aaron e Sanders,
2013). Além dos efeitos sob a pressão arterial, o sal estaria envolvido com outros
efeitos adversos, como o carcinoma do estômago e a longo prazo sobre a
desmineralização óssea (MacGregor; 1997). Sendo assim, a diminuição da
ingestão de sódio e aumento da ingestão de potássio é extremamente importante
no que diz respeito a preservação da função renal, cerebral e cardiovascular
(Aaron e Sanders, 2013).
No contexto da obesidade e das alterações metabólicas associadas, o
tecido adiposo passou a ter uma atenção especial por suas importantes funções
no equilíbrio energético. O tecido adiposo branco (TAB) é capaz de alterar de
forma rápida e significativa o seu tamanho através do que é chamado de
hipertrofia e/ou hiperplasia dos seus adipócitos, desempenhando um papel
importante no armazenamento de energia. Existe uma diversidade entre os
diferentes depósitos de TAB distribuídos pelo corpo. Enquanto o excesso de
tecido adiposo visceral (TAV) é um fator de risco para doenças cardiovasculares,
a quantidade de tecido adiposo subcutâneo (TASC) possui menor importância,
mesmo em indivíduos obesos (Canoy et al., 2007; Rosito et al., 2008; Porter et
al., 2009). As alterações metabólicas decorrentes da obesidade estão
associadas ao acúmulo de TAV na cavidade abdominal, que resulta em
resistência à insulina, hiperinsulinemia, dislipidemia, doença do fígado gordo não
alcoólica e alterações pró-inflamatórias e pró-trombóticas (Lemieux et al., 2001;
Wajchenberg et al., 2002; Despres e Lemieux, 2006; Park et al., 2008).
O tecido adiposo marrom (TAM) se destaca por ser principal mediador da
termogênese adaptativa, tendo um papel fundamental no gasto energético
(Seydoux e Girardier, 1978; Rothwell, 1989). Esse gasto energético se dá
através da proteína desacopladora 1 (UCP-1), presente nas mitocôndrias desse
tecido. Ela atua desacoplando elétrons da síntese de ATP, o que faz com que a
-
3
energia ali presente seja liberada na forma de calor. Até pouco tempo acreditava-
se que o TAM só estava presente em bebês, como uma forma de proteção
térmica para enfrentar o ambiente frio encontrado após o nascimento (English et
al., 1973; Huttunen et al., 1981), sendo considerado inexistente em adultos
(Lean, 1989). Entretanto, recentemente diversos estudos identificaram o TAM
em humanos adultos na região cervical-supraclavicular (mais comum),
perirrenal, adrenal, paravertebral e ao redor de grandes vasos como, por
exemplo, a artéria aorta e seus principais ramos, assim como inserido no TAB
(Nedergaard et al., 2007; Cypess et al., 2009). Devido ao seu papel na
termogênese adaptativa e no gasto energético, o TAM, assim como os
mecanismos envolvidos no seu desenvolvimento e o controle da transcrição, tem
sido vistos como um potencial protetor contra o desenvolvimento da obesidade
e doenças relacionadas (Ohno et al., 2012).
O tecido adiposo, em especial o branco, também tem sido visto com a
chave para dois grupos de indivíduos que vão contra a ideia de que as alterações
metabólicas estão relacionadas ao peso corporal: os obesos metabolicamente
saudáveis e os magros metabolicamente obesos (Badoud et al., 2015). O
primeiro fenótipo corresponde aos indivíduos que apresentam IMC normal (
-
4
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 LIPÍDIOS DA DIETA E METABOLISMO
Os lipídios, popularmente conhecidos como gordura, são compostos
orgânicos presentes na alimentação, fontes de ácidos graxos essenciais e
vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) (Saúde, 2006). Eles concentram em média
9,0 Kcal de energia por cada grama ingerida, sendo o macronutriente de maior
densidade calórica. Recomenda-se que 25 a 30% da ingestão calórica diária seja
proveniente de fontes de gordura (Saúde, 2006). O tipo de gordura ingerida tem
total influencia no metabolismo lipídico, como demonstram diversos estudos
experimentais e populacionais (Saúde, 2006). As gorduras, são divididas de
acordo com a sua estrutura química, em saturadas e insaturadas (Simão et al.,
2013)
As gorduras saturadas estão presentes em alimentos de origem animal e
seu consumo deve ser realizado com moderação, pois os mesmos
desempenham um papel crucial na promoção de danos à saúde metabólica
(Bielski et al., 1983; Hariri et al., 2010), favorecendo o desenvolvimento da
obesidade, que por si só representa um fator de risco independente para as
doenças cardiovasculares, sendo a maior causa de mortalidade nos Estados
Unidos (Mozaffarian et al., 2015). Os ácidos graxos insaturados são divididos,
de acordo com a sua estrutura química em monoinsaturados e poli-insaturados
e possuem potencial menos deletério à saúde (Bielski et al., 1983; Hariri et al.,
2010).
A gordura trans é encontrada em quantidades insignificantes na carne e
no leite, sendo essas produzidas a partir da hidrogenação parcial de óleos
vegetais (Simão et al., 2013). Esta gordura possui uma consistência que varia
de semissólida a sólida, assemelhando-se, assim, a gordura saturada (Simão et
al., 2013). Ela está presente em diversos produtos industrializados, tendo como
exemplos mais frequentes os biscoitos, sorvetes cremosos e tortas (Simão et al.,
-
5
2013). Assim como a gordura saturada, as gorduras trans estão associadas à
danos à saúde metabólica e a recomendação é de que o seu consumo também
seja reduzido pela população (Simão et al., 2013). Para substitui-la, a indústria
criou as gorduras interesterificadas, que são isentas de gordura trans, porém
com uma maior quantidade de ácidos graxos saturados (Simão et al., 2013).
Pesquisas experimentais e clínicas ainda são necessárias para elucidar a ação
dessas gorduras sobre o risco cardiovascular e assegurar que o seu consumo é
seguro (Simão et al., 2013)
Além das gorduras já citadas, existe os ácidos graxos ômega-3 e ômega-
6. O ômega-3 está presente nos óleos vegetais e em peixes de água fria e exerce
inúmeros efeitos benéficos sobre o metabolismo, diminuindo as chances de
desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Simão et al., 2013). Por outro
lado, os ácidos graxos ômega-6 são encontrados em óleos vegetais e a sua
ingestão é fundamental uma vez que os humanos não são capazes de sintetizá-
los, só sendo obtidos através da alimentação (Di Pascoale, 2009).
2.2 CARBOIDRATOS DA DIETA E METABOLISMO
Carboidratos são compostos orgânicos heterogêneos, resultantes da
interação entre átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio podendo apresentar
também nitrogênio, fósforo ou enxofre em sua composição. Eles são
popularmente conhecidos como açúcares, sendo o principal macronutriente da
dieta mundial e a mais importante fonte de energia do corpo humano. Os
carboidratos concentram em média 4,0 Kcal por g ingerida. Recomenda-se que
50 a 60% da ingestão calórica diária seja proveniente de carboidratos, sendo
10% deles simples e 40 a 50% complexos (Saúde, 2006). Após absorvidos, os
carboidratos são convertidos rapidamente em glicose, sua principal forma de
metabolização. Eles são divididos de acordo com a sua estrutura química em
carboidratos simples, formados por apenas um monossacarídeo ou pela ligação
de dois deles (p.ex., mono e dissacarídeos) e complexos, formados pela ligação
-
6
de 3 ou mais monossacarídeos (p.ex., oligossacarídeos e polissacarídeos)
(Saúde, 2006).
O consumo excessivo de carboidratos simples, em especial na forma de
açúcar refinado (glicose), presente em 75% dos alimentos embalados e bebidas,
está fortemente associado a alta prevalência de obesidade e diabetes tipo 2. Os
alimentos minimamente refinados e principalmente os alimentos ultra refinados
estão diretamente relacionados ao aumento de doenças crônicas (Ng et al.,
2012; Sanders, 2015; Stanhope, 2016).
Além da glicose, a frutose também tem recebido atenção, pois é um dos
principais componentes da dieta moderna, em especial na forma de sacarose. A
sacarose é um dissacarídeo formado por frutose e glicose. Ela está presente nas
frutas, na cana-de-açúcar, em leguminosas como a beterraba, no mel e no
xarope de milho rico em frutose (high-fructose corn syrup, HFCS) (Tappy et al.,
2010). Atualmente a frutose é o principal adoçante utilizado pela indústria
alimentícia, sendo encontrado em refrigerantes carbonatados, comidas
processadas, iogurtes, pão industrial, biscoitos, molho de salada e geleias (Bray
et al., 2004).
A frutose possui um baixo índice glicêmico, o que por muito tempo fez com
que seu consumo fosse tido como apropriado por pacientes portadores de
diabetes tipo 2. Entretanto, estudos experimentais, especialmente em roedores,
mostraram que seu consumo crônico promove resistência à insulina hepática e
extra-hepática, obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial. Apesar de
possuir fórmula química idêntica à da glicose (C6H12O6), seu metabolismo é
diferente, sofrendo completa extração hepática e rápida conversão à glicose,
glicogênio, lactato e, principalmente, ácidos graxos (Bantle et al., 1992; Tappy et
al., 2010).
Dados epidemiológicos também sugerem que o aumento do consumo de
açúcar, em especial a sacarose, está diretamente relacionado ao
desenvolvimento de DCVs e desordens metabólicas. As DCVs podem ocorrer
independentemente do ganho de massa corporal ou ainda, do consumo
energético elevado e, em alguns casos, ocorre a redução da sensibilidade à
insulina (Stanhope, 2016). O consumo de uma dieta rica em açúcar contendo
-
7
frutose (geralmente sobre a forma de sacarose ou HFCS) se mostrou capaz de
promover alterações no metabolismo lipídico e glicídico, resistência à insulina,
elevação nos níveis de ácido úrico, alteração da função plaquetária, peroxidação
lipídica, aumento da massa corporal e indução de um quadro vascular
inflamatório (Daub et al., 2010; Te Morenga et al., 2014).
2.3 SAL E METABOLISMO
Durante milhões de anos o sal foi utilizado em concentrações mínimas
(inferior a 0,25 g/dia) apenas para conservação de alimentos (Polonia e Martins,
2009). No entanto, com o passar dos anos e a crescente modernização da
sociedade, esse cenário mudou e, atualmente, o consumo diário de sal, que
deveria ser de no máximo 5 g/dia, chega a 11 g/dia (Nicholls, 2017). Isso porque,
além de ser usado na forma de sal de cozinha, ele é amplamente utilizado pela
indústria alimentícia na conservação dos alimentos. Como o seu uso para a
conservação de alimentos é rentável, não é de interesse dessas empresas
diminuir a quantidade de sal nesses alimentos (Macgregor; 1997).
O aumento da ingestão de sal está diretamente relacionado ao
desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Aaron e Sanders, 2013). Isso
porque, além de ser o fator etiológico da hipertensão arterial, ele atua sobre o
coração e os vasos sanguíneos, podendo causar um aumento da massa
ventricular esquerda, um espessamento e enrijecimento da parede arterial, a
incidência de acidente vascular encefálico, a insuficiência cardíaca grave e a
doença renal (Tobian e Hanlon, 1990; Meneton et al., 2005; Aaron e Sanders,
2013). Além dos efeitos sob a pressão arterial, o sal estaria envolvido com outros
efeitos adversos, como o carcinoma do estômago e a longo prazo sobre a
desmineralização óssea (MacGregor; 1997). A diminuição da ingestão de sódio
e aumento a ingestão de potássio é extremamente importante e recomendada
no que diz respeito a preservação da função renal, cerebral e cardiovascular
(Aaron e Sanders, 2013).
-
8
2.4 OBESO METABÓLICAMENTE SAUDÁVEL E MAGRO
METABÓLICAMENTE OBESO
A obesidade é comumente vista como uma condição maligna, que tem
como consequência o desenvolvimento precoce de uma séria de alterações
metabólicas, como o diabetes tipo 2, a dislipidemia e as desordens
cardiovasculares. No entanto, existem dois subgrupos de indivíduos que
demonstram que essas alterações cardiometabólicas não estariam envolvidas
somente com o aumento do peso corporal, sendo eles os magros
metabolicamente obesos e os obesos metabolicamente saudáveis (Badoud et
al., 2015).
Os magros metabolicamente obesos foram descritos pela primeira vez por
Ruderman e colaboradores em 1981 (Ruderman, 1981) e correspondem aos
indivíduos que apresentam índice de massa corporal (IMC) normal (< 25 kg/m²),
porém com risco aumentado para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, além de uma série de alterações metabólicas como a
hiperinsulinemia, o diabetes tipo 2 e a dislipidemia (Badoud et al., 2015). A
prevalência desse fenótipo na sociedade varia, de acordo com a população
avaliada, de 10 a 37% (Karelis et al., 2004; Bednarek-Tupikowska et al., 2012).
Apesar do IMC normal, esses indivíduos apresentam uma quantidade de gordura
corporal elevada, quando comparados aos indivíduos magros metabolicamente
saudáveis (Marques Vidal et al., 2010, Di Henzo et al., 2006). Esse aumento da
adiposidade corporal é citado em diversos estudos como a causa da
hiperinsulinemia (Kahn et al, 2006; Conus et al., 2004). Uma característica
interessante é que esses indivíduos apresentam um risco cardiometabólico
semelhante aos indivíduos obesos metabolicamente não saudáveis (Badoud, et
al., 2015)
Por outro lado, os obesos metabolicamente saudáveis foram descritos
pela primeira vez por Sims e colaboradores em 2001 (Sims, 2001) e
correspondem aos indivíduos que apresentam IMC para obesidade (< 30kg/m²),
-
9
no entanto sem qualquer alteração metabólica (Badoud et al., 2015). Os critérios
utilizados para definir esse fenótipo variam muito de um estudo para outro.
Apesar de existirem inúmeras definições sobre o que seria essa saúde
metabólica, é consensual que as pessoas pertencentes à esse grupo
apresentam uma sensibilidade à insulina preservada, taxas de glicose e lipídeos
séricos normais e ausência de doença cardiovascular (Stefan et al., 2013; Rey
Lopez, 2014). A prevalência desse fenótipo varia entre 13 e 29% entre os ínvidos
obesos (Van der A. 2014; Yoo, 2013).
Muito se discute sobre quais mecanismos estariam envolvidos com esses
dois fenótipos. Uma das hipóteses seria a distribuição de gordura corporal.
Estudos demonstram que os indivíduos obesos metabolicamente saudáveis
possuem uma tendência menor em acumular gordura visceral (Dennis et al.,
2013), enquanto os indivíduos magros metabolicamente saudáveis possuem
uma tendência maior (Katsuki et al, 2003, Rudderman et al, 1998, Dvorak et al.,
1999). Como já se sabe, a distribuição de gordura corporal é um fator genético
(Bouchard et al., 1990; Wajchenberg, 2000), o que leva a crer que esses dois
fenótipos possuem caráter hereditário.
Outro ponto importante é se a obesidade metabolicamente saudável é
uma condição realmente benéfica. Alguns estudos mostram que os indivíduos
obesos metabolicamente saudáveis possuem uma proteção para o
desenvolvimento de desordens metabólicas (Karelis et al., 2004; Kuk et al., 2009;
Ogorodinikova et al., 2012). Contudo, um estudo recente demonstrou que esses
indivíduos, mesmo sem a presença de alterações metabólicas, possuem um
risco elevado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e síndrome
metabólica, da mesma forma que os indivíduos magros metabolicamente obesos
apresentam riscos similares (Caleyachetty et al., 2017). Dessa forma, pode-se
dizer que a obesidade metabolicamente saudável é um fator de risco para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares, assim como as demais
alterações metabólicas, que podem coexistir ou não com essa obesidade.
-
10
2.5 TECIDO ADIPOSO BRANCO E MARROM
No contexto da obesidade e das alterações metabólicas associadas, o
tecido adiposo passou a ter uma atenção especial. Isso porquê toda energia
ingerida em excesso é armazenada na forma de triacilglicerol no tecido adiposo
branco (TAB). Por outro lado, o tecido adiposo marrom (TAM) tem papel
importante no gasto energético, sendo o principal mediador da termogênese
adaptativa (Rosen and Spielgman, 2014)
O TAB ocupa a maior parte do tecido adiposo total nos humanos. De
acordo com os estímulos, ele é capaz de alterar de forma rápida e significativa o
seu tamanho através dos processos de hipertrofia e/ou hiperplasia dos seus
adipócitos, desempenhando um papel importante no armazenamento de
energia. Existe uma diversidade entre os diferentes depósitos de TAB
distribuídos pelo corpo, sendo os de maior importância os que se localizam na
região visceral e subcutânea (Rosen and Spielgman, 2014)
O tecido adiposo visceral (TAV), como o próprio nome diz, se localiza na
cavidade abdominal revestindo todos os órgãos e tecidos. Um acúmulo
excessivo de gordura no TAV é um fator de risco para doenças cardiovasculares
(Canoy et al., 2007; Rosito et al., 2008; Porter et al., 2009) e está diretamente
ligado as alterações metabólicas decorrentes da obesidade, resultando em
resistência à insulina, hiperinsulinemia, dislipidemia, esteatose hepática não
alcoólica e alterações pró-inflamatórias e pró-trombóticas (Lemieux et al., 2001;
Wajchenberg et al., 2002; Despres e Lemieux, 2006; Park et al., 2008).
Já o tecido adiposo subcutâneo (TASC) está localizado logo abaixo da
pele e um acumulo excessivo de gordura nesses tecidos possui menor
importância, mesmo em indivíduos obesos, chegando a ser considerada um fator
de proteção para desordens metabólicas (Lee et al., 2013). Um maior depósito
de gordura visceral estaria associado à um risco aumentado para o
desenvolvimento das patologias associadas à obesidade, enquanto um maior
depósito de gordura subcutânea estaria envolvido a uma proteção contra essas
-
11
doenças (Wajchenberg, 2000; Wajchenberg et al., 2002; Despres e Lemieux,
2006).
O tecido adiposo marrom (TAM) corresponde a uma porção menor do
tecido adiposo total, se destacando por ser o principal mediador da termogênese
adaptativa, tendo um papel importantíssimo no gasto energético. Esse gasto
energético acontece através da proteína desacopladora 1 (UCP-1), presente nas
mitocôndrias desse tecido. Ela atua desacoplando elétrons da síntese de ATP,
o que faz com que a energia ali presente seja liberada na forma de calor
(Seydoux e Girardier, 1978; Rothwell, 1989)..
Durante muito tempo acreditou-se que o TAM só estava presente em
recém-nascidos e indivíduos submetidos a condições de frio crônico, como um
mecanismo de controle da temperatura corporal, estando ausente em adultos
(Lean, 1989). Entretanto, recentemente diversos estudos comprovaram sua
existência em adultos. Ele encontra-se localizado na região cervical-
supraclavicular (mais comum), perirrenal, adrenal, paravertebral e ao redor de
grandes vasos como, por exemplo, a artéria aorta e seus principais ramos, assim
como inserido no TAB (Nedergaard et al., 2007; Cypess et al., 2009). Devido ao
seu papel na termogênese adaptativa e no gasto energético, o TAM, assim como
os mecanismos envolvidos no seu desenvolvimento e o controle de sua
transcrição, tem sido vistos como um potencial protetor contra o
desenvolvimento da obesidade e doenças relacionadas (Ohno et al., 2012).
-
12
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO PRINCIPAL
Avaliar os efeitos de uma dieta hipersódica e hiperenegética sobre o
metabolismo glicídico e adiposidade corporal em camundongos C57BL/6J
machos e fêmeas.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Avaliar o efeito da dieta sobre o remodelamento do tecido adiposo branco
e marrom
• Avaliar se o tempo de dieta influencia o metabolismo e o remodelamento
do tecido adiposo
• Avaliar se o retorno a uma dieta controle, após 6 semanas de ingestão de
uma dieta hiperenergética e hipersódica, possui benefícios ao
metabolismo e adiposidade corporal
• Avaliar se há dimorfismo sexual em resposta à dieta experimental
-
13
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 QUESTÕES ÉTICAS
O presente protocolo de estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso
de Animais da Universidade Federal Fluminense sob o protocolo número
647/2015 (Anexo 1).
4.2 OBTENÇÃO DA AMOSTRA
Foram utilizados camundongos C57BL/6J machos e fêmeas com dois
meses de idade obtidos do Núcleo de Animais de Laboratório (NAL) da
Universidade Federal Fluminense (UFF) localizado no Campus Valonguinhos
(http://www.proppi.uff.br/nal). Os mesmos foram mantidos no Biotério do Instituto
de Saúde de Nova Friburgo da UFF durante toda a experimentação. O protocolo
experimental desenvolvido no biotério foi realizado em dois momentos diferentes
(1° e 2° lote), sob as mesmas condições, com o principal objetivo de aumentar o
número de animais para uma análise estatística mais confiável e obtenção de
amostra suficiente para todas as análises previstas.
Os animais foram mantidos em gaiolas de polipropileno, acondicionadas
em racks ventiladas (Scienlabor), com temperatura e umidade controladas
(21±1°C, 60±10%, respectivamente), submetidos ao ciclo de 12 h claro/escuro
(luzes artificiais, 7:00-19:00) e exaustão 15 min/h. O experimento foi iniciado
quando os animais completaram 3 meses de idade, sendo divididos de acordo
com a dieta recebida e o tempo de experimento, conforme descrito abaixo:
1) Grupo C6 → Ingestão de dieta AIN93M por 6 semanas;
2) Grupo C12 → Ingestão de dieta AIN93M por 12 semanas;
-
14
3) Grupo HFSS6 → Ingestão de dieta rica em gordura, sacarose e sal
por 6 semanas;
4) Grupo HFSS12 → Ingestão de dieta rica em gordura, sacarose e sal
por 12 semanas.
5) Grupo HFSS6/C6 → Ingestão de dieta rica em gordura, sacarose e sal
por 6 semanas e posteriormente ingestão de dieta AIN93M por mais 6
semanas.
A Tabela 1 apresenta a composição nutricional das dietas controle e dieta
experimental rica em gordura saturada, sacarose e sal.
Tabela 1 - Composição Nutricional das Dietas Experimentais
INGREDIENTES DIETA CONTROLE DIETA HFSS
g/kg
Caseína 140,0 160,0
L-cistina 1,8 1,8
Amido de milho 620,7 140,7
Sacarose 100,0 300,0
Fibras (celulose) 50,0 50,0
Óleo de soja 40,0 40,0
Banha - 180,0
Mix de vitaminas* 10,0 10,0
Mix de minerais** 35,0 35,0
NaCl*** - 80,0
Colina 2,5 2,5
Antioxidante 0,008 0,06
Energia
Kcal/g 3,84 4,39
Proteína total, % 14,8 14,7
Lipídio total, % 9,4 45,1
Carboidrato total, % 75,8 40,2
A composição do mix de vitaminas (*) e minerais (**) segue a recomendação da AIN93M (Reeves
et al., 1993). O mix de minerais contém NaCl, gerando a concentração final de 2,59 g/Kg de
ração (NaCl 0,00259% ração). Na dieta controle não houve adição de NaCl (***) além daquela já
ofertada pelo mix de minerais.
-
15
Para cada dieta houveram grupos compostos por camundongos machos
e fêmeas, totalizando 10 grupos experimentais. As dietas experimentais foram
elaboradas pela empresa PragSoluções (Jaú-SP, www.pragsolucoes.com.br),
com base nas recomendações do Instituto Americano de Nutrição (AIN-93M)
(Reeves et al., 1993). A dieta controle possuía um total de 3,84 Kcal/g, sendo
14,8% da energia proveniente de proteínas, 9,4% proveniente de lipídios e
75,8% proveniente de carboidratos. A dieta HFSS possuía 4,39 Kcal/g de ração,
sendo 14,7% desta energia proveniente de proteínas, 45,1% proveniente de
lipídios e 40,2% proveniente de carboidratos. A principal diferença entre a dieta
controle e a dieta HFSS é a adição de gordura saturada (banha, 36,9% energia),
carboidratos simples na forma de sacarose (27,3% energia) e cloreto de sódio
(0,08% NaCl peso).
4.3 INGESTÃO DE RAÇÃO, ÁGUA E ENERGIA
A oferta de ração e água foi ad libitum. Ao longo do experimento, a massa
corporal e a ingestão hídrica foram aferidas semanalmente e a ingestão de ração
diariamente. A ingestão de ração (g/dia) foi multiplicada pela energia da ração
(Kcal/g) para se obter a ingestão de energia diária por animal.
4.4 BIOMETRIA
Além do controle do ganho de massa corporal semanal ao longo do
experimento, o peso dos tecidos também foi avaliado. No dia da eutanásia, após
anestesia, o fígado e os depósitos de gordura branca visceral genital (epididimal
ou ovariana) e subcutânea inguinal, assim como a gordura marrom
interescapular foram coletados e pesados em balança analítica de precisão. As
seguintes relações entre o peso dos tecidos foram calculadas:
http://www.pragsolucoes.com.br/
-
16
1) Gordura Genital/ Gordura Inguinal → Avaliação da relação entre os
depósitos de gordura branca visceral e subcutânea
2) Gordura Genital+Inguinal/ Gordura Marrom → Avaliação da relação
entre a gordura branca com a gordura marrom
3) Gordura Genital/ Marrom → Avaliação da relação entre a gordura
branca visceral e a gordura marrom
4) Gordura Inguinal/ Marrom → Avaliação da relação entre a gordura
branca subcutânea e a gordura marrom
4.5 TRIGLICERÍDEOS TECIDUAIS
Além das análises histológicas, foram dosados os triglicerídeos estocados
no fígado e no tecido adiposo marrom. Para tanto, foi necessário, antes de tudo,
a realização da sua extração. Os tecidos estavam armazenados no freezer -80ºC
e foram descongelados para realização do processo de extração. Cerca de 25%
do volume total do tecido adiposo marrom e 5% do fígado foram utilizados neste
processo. A fração do tecido a ser extraída foi pesada em balança analítica de
precisão (Shimadzu Aux 220v) e colocada num microtubo de 2,0 mL contendo
1,0 mL de isopropanol. As amostras foram então lisadas utilizando-se um
homogeneizador Turrax (IKA® T110 basic), até que a solução ficasse com
aspecto homogêneo. Após todos os microtubos foram levados à centrifuga por
10 minutos, numa temperatura de 4ºC e velocidade de 5.000 rpm. Depois da
centrifugação, foram pipetados 400 uL do sobrenadante e reservados em um
segundo microtubo, que ficou armazenado no freezer -20°C até a realização da
dosagem dos triglicerídeos.
O ensaio para dosagem dos triglicerídeos teciduais foi realizado em
microplaca de 96 poços. Para cada 200 uL de reagente foram pipetados 2,0 uL
de amostra. Além disso, para confiabilidade da análise e realização da curva
padrão, foi utilizado um poço branco, três padrões de concentrações conhecidas
e dois níveis também com concentrações pré-estabelecidas. As amostram foram
dosadas em duplicada. O branco, os padrões e os níveis foram dosados em
-
17
triplicata. O Kit utilizado para o ensaio foi o ELITech Clinical (ML0517, Systems
SAS, França). Após a pipetagem, a microplaca com as amostras foi levada ao
banho maria por 10’ e depois colocada no espectrofotômetro de microplacas
Epoch, que fez a leitura à 500 nm. Os valores de absorbância do padrão obtidos
nessa análise foram utilizados para calcular a curva padrão, através da aplicação
dos resultados da leitura na equação da reta, calculando-se assim
posteriormente o valor de triglicerídeos das amostras. Foi feita a média da
duplicata das amostras. O valor de triglicerídeo obtido foi ainda corrigido pelo
peso do tecido lisado, sendo apresentados em mg/dL/g.
4.6 PREPARO HISTOLÓGICO DO TECIDO ADIPOSO
Os depósitos de gordura genital (epididimal ou ovariana), inguinal e
marrom foram coletados na eutanásia e imersos em formalina 4% tamponada
pH 7,2 por no mínimo 48 horas para fixação. Após esse período, parte desses
tecidos foi clivada e submetida ao processamento histológico de rotina e
embebido em Paraplast plus (Sigma, Lote #SLBN3818V). Após a inclusão, os
blocos de Paraplast foram seccionados em 3 µm de espessura e as lâminas
foram então coradas com hematoxilina e eosina para visualização da morfologia
geral do tecido.
Seis animais por grupo foram utilizados para a análise morfométrica,
sendo produzidos três cortes histológicos de cada animal. A análise
morfométrica inicial teve como foco avaliar um possível aumento no diâmetro
dos adipócitos. Essa aferição auxilia na identificação de uma possível hipertrofia
ou remodelamento dos depósitos de gordura genital, inguinal e marrom
causados pela ingestão da dieta experimental.
-
18
4.7 MORFOMETRIA: TECIDO ADIPOSO BRANCO
Imagens das lâminas histológicas de tecido adiposo branco inguinal e
genital foram adquiridas no sistema de captura Evos XL (ThermoScientific), na
objetiva de 40x. As medidas foram realizadas no software Image-Pro® Plus
versão 4.5 (Media Cybernetics, Silver Spring, USA). Para a quantificação, foram
utilizadas cinco imagens digitais por animal. Para cada uma das imagens
avaliadas, foram mensurados o maior e menor diâmetro de cinco adipócitos,
resultando num total de vinte e cinco aferições por animal.
Figura 1 – Morfometria das Gorduras Genital e Inguinal. Os valores indicados na coluna de dados Length representam o maior e o menor diâmetro de cada um dos cinco adipócitos mensurados.
-
19
4.8 MORFOMETRIA: TECIDO ADIPOSO MARROM
Imagens das lâminas histológicas de tecido adiposo marrom foram
adquiridas através do microscópio Leica DBMR acoplado a câmera DCM 510,
na objetiva de 100x com óleo de imersão. As medidas foram realizadas no
software Image-Pro® Plus versão 4.5 (Media Cybernetics, Silver Spring, USA
Para a quantificação, foram utilizadas cinco imagens por animal. Para cada uma
das imagens avaliadas, foram mensurados o maior e o menor diâmetro de seis
adipócitos, resultando num total de trinta aferições por animal.
Figura 2 – Morfometria da Gordura Marrom. Os valores indicados na coluna de dados Length
representam o maior e o menor diâmetro de cada um dos cinco adipócitos mensurados.
-
20
4.9 METABOLISMO GLICÍDICO
Dois dias antes da eutanásia, foi realizado teste oral de tolerância à
glicose (TOTG). Glicose 50% foi diluída em salina estéril (0,9% NaCl) e
administrada através de gavagem orogástrica após jejum de 6 horas (glicose a
1g/kg de massa corporal). O sangue para a análise foi coletado através de uma
pequena incisão na ponta da cauda do animal para a dosagem da glicose
plasmática (AccuCheck Performa Nano) antes da gavagem de glicose e após
15, 30, 60 e 120 minutos da administração. A área sob a curva foi calculada
usando a regra do trapézio para analisar a intolerância à glicose (Fernandes-
Santos et al., 2009).
No momento da eutanásia, os animais foram anestesiados com cetamina
(100,0 mg/kg) e xilasina (10,0 mg/kg) intraperitoneal e o sangue foi coletado
diretamente do átrio direito por punção. Após a centrifugação e separação do
plasma, foi feita a dosagem da insulina de jejum por ensaio de Elisa (cat#EZRMI-
13K, Merck Millipore, Billerica, MA, EUA).
-
21
4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados estão apresentados na forma de média±desvio padrão (DP).
Um n=12-15/grupo foi mantido até o final do experimento, mas o n de cada
análise variou, sendo este entre 5-6 animais. Essa variação ocorreu
principalmente em virtude do tamanho das amostras, já que as mesmas são
provenientes de animais pequenos, como é o caso dos camundongos.
As diferenças nos dados quantitativos foram testadas para distribuição
normal e homocedasticidade das variâncias. Foi realizado o teste three-way
ANOVA para avaliar a influência dos fatores independentes tipo de dieta (C vs.
HFSS), tempo de ingestão da dieta (6 vs. 12 semanas) e gênero (machos vs.
fêmeas) sobre as variáveis dependentes estudadas (massa corporal, biometria,
ingestão, metabolismo glicídico e morfometria). Para avaliar o efeito da troca da
dieta sobre as variáveis estudadas, os grupos que receberam dieta por 12
semanas (C12, HFHS12 e HF6C6) foram comparados através de teste one-way
ANOVA com pós-teste de Tukey.
Todas as análises foram realizadas no Software GraphPad Prisma v. 6.0.
Em especial, a análise three-way ANOVA foi realizada no software STATISTICA
v. 8.0 (StatSoft Inc, Tulsa, OK, USA). Um P
-
22
5 RESULTADOS
5.1 INGESTÃO DE RAÇÃO, ENERGIA E ÁGUA
Os animais não apresentaram diferença na ingestão de ração, tanto
machos como fêmeas, independente do tempo e da dieta. O mesmo foi visto no
grupo que passou pela troca da dieta (HFSS->C)
Ing
es
tão
de
Ra
çã
o (
g/d
ia)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
1 .0
2 .0
3 .0
4 .0
5 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
A
Ing
es
tão
de
Ra
çã
o (
g/d
ia)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
1 .0
2 .0
3 .0
4 .0
5 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
B
Figura 3 – Ingestão de ração. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).
-
23
O consumo de energia foi maior nos machos que receberam a dieta
HFSS. Apesar das fêmeas não terem apresentado diferença significativa no
consumo de energia, nota-se uma tendência maior de ingestão de energia nos
grupos que receberam a dieta HFSS (Figura 4). Nas fêmeas, o consumo de
energia no grupo que trocou a dieta (HFSS->C) foi 12,3% menor, quando
comparado ao HFSS de 12 semanas (p C
0 .0
4 .0
8 .0
1 2 .0
1 6 .0
2 0 .0
2 4 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
A [* ] C -6
[a ] C -1 2
* a
En
erg
ia (
Kc
al/
dia
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
4 .0
8 .0
1 2 .0
1 6 .0
2 0 .0
2 4 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
B
[b ] H F S S - 1 2
b
Figura 4 – Consumo de Energia. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).
-
24
A dieta HFSS promoveu um aumento na ingestão de água, tanto nos
machos, quanto nas fêmeas (Figura 5). As fêmeas HFSS, de 6 semanas e 12
semanas, apresentaram respectivamente, um aumento de 147,3% (p=0,0004) e
de 158,4% (p=0,00013) na ingestão hídrica em relação aos seus respectivos
controles. Nos machos, a ingestão hídrica dos grupos HFSS foi 111,7%
(p=0,00013) superior com 6 semanas de experimento e 146,1% (p=0,00012)
com 12 semanas de experimento.
Mesmo com a troca da dieta, a ingestão hídrica do grupo HFSS->C, tanto
nos machos, quanto nas fêmeas, se manteve elevada. Nas fêmeas HFSS->C, a
ingestão de água foi 36,2% (p C
0 .0
5 .0
1 0 .0
1 5 .0
2 0 .0
2 5 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
s e m tro c a d e d ie ta tro c a d e d ie ta
[* ] C -6
[a ] C -1 2
[b ] H F S S - 1 2
*
a
a ,b
B
Figura 5 – Ingestão de água. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)
-
25
5.2 BIOMETRIA
A análise estatística da massa corporal demonstra que não houve
diferença significativa entre os grupos estudados, tanto em machos quanto em
fêmeas, independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada e da
troca da dieta (Figura 6). Em relação a massa do fígado, também não houve
diferença estatística entre os grupos estudados, tanto em machos quanto em
fêmeas, independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada e da
troca da dieta (Figura 7).
Ma
ss
a C
orp
ora
l g
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
1 0 .0 0
2 0 .0 0
3 0 .0 0
4 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
AM
as
sa
Co
rp
ora
l (m
g)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
1 0 .0 0
2 0 .0 0
3 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
B
Figura 6 – Massa Corporal. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).
Fíg
ad
o(g
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
0 .5 0
1 .0 0
1 .5 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
A
Fíg
ad
o(g
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
0 .5 0
1 .0 0
1 .5 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
B
Figura 7 – Fígado. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B), alimentados com
dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas
e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6
semanas com dieta controle (HFSS->C).
-
26
A análise estatística do peso da gordura branca total demonstra que os
machos só apresentaram alteração no grupo que trocou a dieta (HFSS->C),
enquanto as fêmeas que receberam a dieta apresentaram um aumento desses
depósitos com 12 semanas de experimento (Figura 8). As fêmeas HFSS de 12
semanas apresentaram um aumento de 46,7% quando comparadas ao seu
respectivo controle (p=0,027) e um aumento de 31,8% quando comparadas com
o grupo que recebeu a dieta por 6 semanas (p=0,018). Os machos que trocaram
a dieta apresentaram um aumento de 31,2%, quando comparados ao grupo que
recebeu a dieta por 12 semanas (HFSS 12) (p=0,0023).
Go
rd
ura
Bra
nc
a (
mg
)
C H F S S C H F S S H F H S -> C
0 .0
5 0 0 .0
1 0 0 0 .0
1 5 0 0 .0
A
[b ] H F S S -1 2
b
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
Go
rd
ura
Bra
nc
a (
mg
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
5 0 0 .0
1 0 0 0 .0
1 5 0 0 .0
2 0 0 0 .0
[# ] H F S S -6
[a ] C -1 2
# ,a
B
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
Figura 8 – Gordura Branca Total. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).
-
27
O peso da gordura genital (Figura 9), apresentou uma diminuição
significativa nos machos. Essa diminuição foi revertida no grupo que trocou a
dieta. Ao contrário dos machos, as fêmeas apresentaram um aumento
significativo no peso da gordura genital. Apesar de ser possível observar uma
diminuição no grupo que trocou a dieta, a mesma não apresentou diferença
significativa. Os machos HFSS 12 apresentaram uma diminuição de 37,9% em
relação ao HFSS de 6 semanas (P=0,0054) e um aumento de 34,6% nos machos
HFSS->C, quando comparados ao HFSS de 12 semanas (P=0,0054). As fêmeas
HFSS de 12 semanas apresentaram um aumento de 70,9%, quando
comparadas ao grupo que recebeu a dieta HFSS de 6 semanas (P=0,0068) e de
53,6%, quando comparadas ao controle de 12 semanas (P=0,025).
O mesmo foi visto com peso da gordura inguinal (Figura 10), que
apresentou uma diminuição nos machos e um aumento nas fêmeas. Os machos
HFSS 12 semanas apresentaram uma diminuição de 37%, quando comparados
ao HFSS de 6 semanas (P=0,0063) e 23%, quando comparados ao controle de
12 semanas (P=0,0075). As fêmeas do HFSS de 12 semanas apresentaram um
aumento de 41% em relação ao controle do mesmo tempo (P=0,026).
Já o peso da gordura marrom não apresentou diferença significativa entre
nenhum dos grupos, tanto nos machos, como nas fêmeas (Figura 11).
-
28
G
ord
ura
Ge
nit
al
(mg
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 0 0 .0 0
4 0 0 .0 0
6 0 0 .0 0
8 0 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
[a ] C -1 2
[b ] H F H S -12
a
b
A
Go
rd
ura
Ge
nit
al
(mg
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 0 0 .0 0
4 0 0 .0 0
6 0 0 .0 0
8 0 0 .0 0
1 0 0 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
[# ] H F H S -6
[a ] C -1 2
a ,#
B
Figura 9 – Gordura Genital. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)
Go
rd
ura
In
gu
ina
l (m
g)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 0 0 .0 0
4 0 0 .0 0
6 0 0 .0 0
8 0 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
[a ] C -1 2
[b ] H F H S -12
a
b
A
Go
rd
ura
In
gu
ina
l (m
g)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 0 0 .0 0
4 0 0 .0 0
6 0 0 .0 0
8 0 0 .0 0
1 0 0 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
[a ] C -1 2
a
B
Figura 10 – Gordura Inguinal. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)
-
29
Go
rd
ura
Ma
rro
m (
mg
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
5 0 .0 0
1 0 0 .0 0
1 5 0 .0 0
2 0 0 .0 0
2 5 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
A
Go
rd
ura
Ma
rro
m (
mg
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
5 0 .0 0
1 0 0 .0 0
1 5 0 .0 0
2 0 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
B
Figura 11 – Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)
Ainda analisando a adiposidade, os resultados das relações dos depósitos
de gordura branca e marrom, tanto total quanto frações mostram que as fêmeas,
com exceção da relação dos depósitos de gordura genital: inguinal, que se
manteve inalterado, apresentaram um aumento em todos os parâmetros
avaliados, o que acompanha o aumento do peso dos tecidos adiposos genital e
inguinal. Esse aumento foi visto no grupo que recebeu a dieta HFSS por 12
semanas, em comparação ao grupo que recebeu a mesma dieta por 6 semanas.
Nos machos, nenhuma das relações apresentou diferença significativa.
A relação entre os depósitos de gordura genital: inguinal (GG:GI) não
apresentou diferença significativa entre nenhum dos grupos, tanto machos
quanto fêmeas, independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada
e da troca da dieta (Figura 12).
A relação entre os depósitos de gordura branca: gordura marrom
(GG+GI:GM) aumentou em função do tempo de experimento nas fêmeas, porém
sem diferença significativa nos machos (Figura 13). As fêmeas HFSS de 12
semanas apresentaram um aumento de 49,7% quando comparadas as fêmeas
HFSS de 6 semanas (p=0,008). Já nos machos, essa relação se manteve
-
30
inalterada, independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada e da
troca da dieta.
Re
laç
ão
GG
:GI
(mg
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
0 .5 0
1 .0 0
1 .5 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
A
Re
laç
ão
GG
:GI
(mg
)C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
0 .5 0
1 .0 0
1 .5 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
B
Figura 12 – Relação Gordura Genital:Gordura Inguinal. Camundongos C57Bl/6
machos (A) e fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta
hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)
Re
laç
ão
GG
+G
I:G
M (
mg
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 .0 0
4 .0 0
6 .0 0
8 .0 0
1 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
A
Re
laç
ão
GG
+G
I:G
M (
mg
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
5 .0 0
1 0 .0 0
1 5 .0 0
2 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
[# ] H F H S -6
#
B
Figura 13 – Relação Gordura Branca: Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6
machos (A) e fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta
hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)
-
31
A relação entre os depósitos de tecido adiposo visceral: gordura marrom
(GG:GM) aumentou em função do tempo de experimento nas fêmeas. As fêmeas
HFSS de 12 semanas apresentaram um aumento de 68,1%, quando
comparadas as fêmeas HFSS de 6 semanas (p=0,0032). Os machos não
apresentarem diferença estatística entre os grupos (Figura 14).
A relação entre os depósitos de tecido adiposo subcutâneo: gordura
marrom (GI:GM) foi 37,4% maior nas fêmeas HFSS de 12 semanas, quando
comparadas as fêmeas que receberam a mesma dieta por 6 semanas (p=0,049).
Os machos não apresentarem diferença estatística entre os grupos (Figura 15).
Re
laç
ão
GG
:GM
(m
g)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
1 .0 0
2 .0 0
3 .0 0
4 .0 0
5 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
A
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 .0 0
4 .0 0
6 .0 0
8 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
[# ] H F H S -6
#
B
Re
laç
ão
GG
:GM
(m
g)
Figura 14 – Relação Gordura Genital: Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6
machos (A) e fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta
hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).
Re
laç
ão
GI:
GM
(m
g)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
1 .0 0
2 .0 0
3 .0 0
4 .0 0
5 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
A
Re
laç
ão
GI:
GM
(m
g)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 .0 0
4 .0 0
6 .0 0
8 .0 0
1 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
[# ] H F H S -6
#
B
Figura 15 – Relação Gordura Inguinal: Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6
machos (A) e fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta
hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).
-
32
5.3 TRIGLICERÍDEOS TECIDUAIS
A análise estátistica dos triglicerídeos depositados no tecido hepático e na
gordura marrom demonstra que não houve diferença significativa entre os
grupos estudados, tanto em machos quanto em fêmeas, independentemente do
tempo de experimentação, da dieta ofertada ou da troca da dieta (Figuras 16 e
17).
Trig
lic
eríd
eo
s (
mg
/dL
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
2 .0
4 .0
6 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
A
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
Trig
lic
eríd
eo
s (
mg
/dL
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
5 .0
1 0 .0
1 5 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
B
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
Figura 16 – Triglicerídeos Hepático. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)s
Trig
lic
eríd
eo
s (
mg
/dL
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
2 0 .0
4 0 .0
6 0 .0
8 0 .0
1 0 0 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
A
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
Trig
lic
eríd
eo
s (
mg
/dL
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
2 0 .0
4 0 .0
6 0 .0
8 0 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
B
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
Figura 17 – Triglicerídeos de Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e
fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e
sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica
rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).
-
33
5.4 MORFOMETRIA DO TECIDO ADIPOSO
A análise estatística do diâmetro dos adipócitos, tanto na gordura genital
quanto na gordura inguinal, demonstra não haver alteração no tamanho dos
adipócitos entre os grupos estudados, tanto em machos quanto em fêmeas,
independentemente do tempo de experimento, da dieta ofertada e da troca da
dieta (Figuras 18 e 19). Por outro lado, houve aumento no diâmetro do adipócito
de gordura marrom em 19,6% nas fêmeas que trocaram de dieta (HFSS->C),
quando comparadas ao controle de 12 semanas (C12) (P=0,007) (Figura 20).
Diâ
me
tro
do
Ad
ipó
cit
o (
µm
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 0 .0 0
4 0 .0 0
6 0 .0 0
8 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
A
Diâ
me
tro
do
ad
ipó
cit
o (
µm
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 0 .0 0
4 0 .0 0
6 0 .0 0
8 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
B
Figura 18 – Morfometria da Gordura Genital. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e
fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e
sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica
rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)
-
34
Diâ
me
tro
do
Ad
ipó
cit
o (
µm
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 0 .0 0
4 0 .0 0
6 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
A
Diâ
me
tro
do
ad
ipó
cit
o (
µm
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
2 0 .0 0
4 0 .0 0
6 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
B
Figura 19 – Morfometria da Gordura Inguinal. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e
fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e
sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica
rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)
Diâ
me
tro
do
Ad
ipó
cit
o (
µm
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
5 .0 0
1 0 .0 0
1 5 .0 0
2 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
A
Diâ
me
tro
do
ad
ipó
cit
o (
µm
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0 0
5 .0 0
1 0 .0 0
1 5 .0 0
2 0 .0 0
s e m tro c a d e d ie ta
1 2 s e m a n a s
tro ca d e d ie ta
6 s e m a n a s
[a ] C -1 2
aaa
B
Figura 20 – Morfometria da Gordura Marrom. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e
fêmeas (B), alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e
sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica
rica em sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C)
-
35
5.5 METABOLISMO GLÍCIDICO
Ao final do experimento, observou-se uma modulação da glicemia de
jejum pela dieta HFSS (Figura 21). A glicemia reduziu 17,3% nos camundongos
machos HFSS6, quando comparado ao seu respectivo controle C6 (P=0,0043).
Por outro lado, as fêmeas apresentaram uma redução de 22,5% na glicemia com
12 semanas de dieta (grupo HFSS12), quando comparadas ao grupo que
recebeu a dieta HFSS por 6 semanas (HFSS6) (P=0,0068) e uma elevação de
32,5% na glicemia das fêmeas que passaram pela troca da dieta (HFSS->C)
(P=0,015), quando comparadas as fêmeas que receberam a dieta HFSS por 12
semanas.
Em relação aos níveis de insulina sérica (Figura 22), analisada ao final do
experimento nos animais em jejum, não foi observada diferença significativa
entre os camundongos machos, apesar da tendência ao aumento pela dieta
HFHS. As fêmeas apresentaram diminuição de 55,4% na insulina sérica de jejum
no grupo HFSS 12 quando comparado ao grupo que recebeu a dieta HFSS por
6 semanas (HFSS6) (P=0,02), se igualando aos valores dos controles de 6 e 12
semanas. Infelizmente não foi possível realizar a dosagem de insulina sérica dos
grupos que passaram pela troca da dieta (HFSS->C).
O teste oral de tolerância à glicose demonstra nos camundongos machos
uma tendência a redução da área sob a curva (ASC) da resposta glicêmica nos
grupos com 12 semanas, tanto em animais controle (C12) quanto nos
alimentados com a dieta HFSS (HFSS12), quando comparados aos seus
respectivos grupos controle com 6 semanas de experimentação (Figura 23). Nas
fêmeas, a ASC reduziu 17,3% no grupo HFSS de 12 semanas, quando
comparado ao grupo HFSS de 6 semanas (P=0,036) e 23,5% quando
comparadas ao seu respectivo controle (C12) (P=0,0058). De forma inesperada,
o grupo controle apresentou elevação de 17,4% da ASC no grupo C12, quando
comparado ao grupo C6 (P=0,043) (Figura 24).
-
36
Gli
ce
mia
(m
g/d
L)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
5 0 .0
1 0 0 .0
1 5 0 .0
2 0 0 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
*
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
[* ] C -6
A
Gli
ce
mia
(m
g/d
L)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0 .0
5 0 .0
1 0 0 .0
1 5 0 .0
2 0 0 .0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
#
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
[# ] H F H S -6
[b ] H F H S -12
b
B
Figura 21 – Glicemia de jejum. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C), dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas ou alimentados por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em
sacarose e sal e por 6 semanas com dieta controle (HFSS->C).
Ins
uli
na
(n
g\m
L)
C H F S S C H F S S
0 .0
0 .3
0 .6
0 .9
1 .2
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6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
A
Ins
uli
na
(n
g\m
L)
C H F S S C H F S S
0 .0
0 .3
0 .6
0 .9
1 .2
1 .5
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
#
[* ] C -6
[# ] H F H S -6
*
B
Figura 22 – Insulina Sérica. Camundongos C57Bl/6 machos (A) e fêmeas (B),
alimentados com dieta controle (C) ou dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS)
por 6 ou 12 semanas.
-
37
0 5 0 1 0 0 1 5 0
0
6 0
9 0
1 2 0
1 5 0
1 8 0
2 1 0
2 4 0
2 7 0
3 0 0
H 6
H 12
C 6
C 1 2
H F S S -> C
A
To
lerâ
nc
ia O
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l a
Gli
co
se
(A
UC
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0
5 0 0 0
1 0 0 0 0
1 5 0 0 0
2 0 0 0 0
2 5 0 0 0
3 0 0 0 0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
s e m tro c a d e d ie ta tro c a d e d ie ta
B
Figura 23 – Tolerância à glicose em camundongos C57Bl/6 machos. Em A, Curva
da resposta glicêmica a sobrecarga de glicose. B, área sob a curva da resposta
glicêmica. Os camundongos C57Bl/6 machos foram alimentados com dieta controle (C),
dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados
por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com
dieta controle (HFSS->C).
-
38
0 5 0 1 0 0 1 5 0
0
6 0
9 0
1 2 0
1 5 0
1 8 0
2 1 0
2 4 0
2 7 0
3 0 0
C 6
C 1 2
H 6
H 12
H F S S -> C
A
To
lerâ
nc
ia O
ra
l a
Gli
co
se
(A
UC
)
C H F S S C H F S S H F S S -> C
0
5 0 0 0
1 0 0 0 0
1 5 0 0 0
2 0 0 0 0
2 5 0 0 0
3 0 0 0 0
6 s e m a n a s 1 2 s e m a n a s
# ,a
s e m tro c a d e d ie ta tro ca d e d ie ta
[# ] H F H S -6
[a ] C -1 2
B
Figura 24 – Tolerância à glicose em camundongos C57Bl/6 fêmeas. Em A, Curva
da resposta glicêmica a sobrecarga de glicose. B, área sob a curva da resposta
glicêmica. Os camundongos C57Bl/6 machos foram alimentados com dieta controle (C),
dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal (HFSS) por 6 ou 12 semanas e alimentados
por 6 semanas com dieta hiperlipídica rica em sacarose e sal e por 6 semanas com
dieta controle (HFSS->C).
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39
5.6 INFLUÊNCIA DOS FATORES GÊNERO, DIETA E TEMPO
SOBRE OS PARÂMETROS
O desenho experimental faz com que três fatores influenciem os dados
obtidos no presente estudo: (1) gênero, se machos ou fêmeas; (2) tipo de dieta
ingerida, dieta AIN93M ou dieta HFSS e; (3) tempo de ingestão da dieta, 6 ou 12
semanas. Para avaliar a influência destes três fatores independentes sobre os
parâmetros estudados, foi realizado o teste estatístico ANOVA three-way. Nessa
análise, os grupos que passaram pela troca da dieta (HFSS->C), tanto machos,
quanto fêmeas, não foram considerados.
A Tabela 2 apresenta o efeito do gênero, da dieta e do tempo isolados,
associados dois a dois ou os três fatores em conjunto, sobre a ingestão
alimentar, ingestão de energia, ingestão hídrica e massa corporal. Nota-se que
todos os parâmetros foram afetados pelo gênero, sendo assim diferentes entre
machos e fêmeas. O tipo de dieta ingerida modula, conforme esperado, a
ingestão de água, ração e energia, mas não foi capaz de modular a massa
corporal. O tempo de ingestão da dieta influenciou apenas na ingestão hídrica.
Nota-se que atuam em conjunto apenas os fatores gênero e dieta, ou gênero e
tempo, sobre a ingestão de ração e energia, não havendo somação de efeito
entre os três fatores independentes.
A Tabela 3 apresenta o efeito do gênero, da dieta e do tempo sobre os
parâmetros referentes ao peso do fígado e dos depósitos de tecido adiposo
branco e marrom. Com exceção da gordura genital, todos os parâmetros foram
afetados pelo gênero, sendo diferentes entre machos e fêmeas. O tipo de dieta
ingerida modula o peso dos depósitos de tecido adiposo branco e marrom. O
tempo da ingestão da dieta influenciou apenas nas relações dos depósitos de
tecido adiposo branco e marrom e no peso da gordura genital e fígado. Nota-se
que atuam em conjunto apenas os fatores gênero e dieta ou gênero e tempo,
não havendo efeito somado da dieta e do tempo ou dos três fatores
independentes, sobre os dados apresentados.
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40
A Tabela 4 apresenta o efeito do gênero, da dieta e do tempo sobre os
triglicerídeos depositados no fígado e na gordura marrom. Nota-se que nenhum
dos fatores, isolados ou em associação, foram capazes de modular estes
parâmetros.
A Tabela 5 apresenta o efeito do gênero, da dieta e do tempo sobre o
diâmetro dos adipócitos da gordura genital, inguinal e marrom. Isolados, os
fatores gênero e tempo modularam somente o diâmetro do adipócito da gordura
marrom. Em conjunto, os fatores gênero e dieta modularam somente o diâmetro
do adipócito da gordura marrom, enquanto os fatores gênero e tempo associados
modularam somente o diâmetro do adipócito da gordura genital. O diâmetro do
adipócito de gordura inguinal não foi modulado por nenhum dos fatores, tanto
isolados ou em conjunto.
A Tabela 6 apresenta o efeito dos três fatores independentes sobre o
metabolismo glicídico. O gênero, a dieta e o tempo atuam de forma isolada sobre
a glicemia e a insulina de jejum sérica, havendo somação dos efeitos do gênero
e da dieta ingerida apenas sobre a glicemia. A intolerância à glicose,
representada pela ASC do TOTG é influenciada pelo tempo de ingestão das
dietas somente. Tanto a glicemia de jejum, quanto a intolerância à glicose, são
moduladas em conjunto pelos três fatores estudados (gênero, dieta e tempo).
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Tabela 2 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta sobre a ingestão e massa corporal
PARÂMETRO GÊNERO DIETA TEMPO GÊNERO*DIETA GÊNERO*TEMPO DIETA*TEMPO GÊNERO*DIETA*TEMPO
Ingestão de água P=0,0001 P
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Tabela 3 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta sobre o fígado e a adiposidade corporal
PARÂMETRO GÊNERO DIETA TEMPO GÊNERO*DIETA GÊNERO*TEMPO DIETA*TEMPO GÊNERO*DIETA*TEMPO
Fígado P
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Tabela 4 – Efeito do gênero, tipo de dieta e tempo de administração da dieta sobre os triglicerídeos teciduais
PARÂMETRO GÊNERO DIETA TEMPO GÊNERO*DIETA GÊNERO*TEMPO DIETA*TEMPO GÊNERO*DIETA*TEMPO
Fígado NS NS NS NS NS NS NS
Gordura marrom NS NS NS NS NS NS NS
Análise de variância three-way, considerando como fatores independentes o gênero, a dieta e o tempo. Foi avaliado o efeito desses fatores isoladamente (colunas 2-4) ou o seu efeito em associação 2 a 2 two-way (colunas 5-7) e dos três fatores em con
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