analise da cia da cor no potencial de to da luz natural no ambiente construido

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  • 8/9/2019 Analise Da cia Da Cor No Potencial de to Da Luz Natural No Ambiente Construido

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    SANDRA REGINA MARCHI

    ANLISE DA INFLUNCIA DA COR NO POTENCIAL DEAPROVEITAMENTO DA LUZ NATURAL NO

    AMBIENTE CONSTRUDO

    CURITIBA2007

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    SANDRA REGINA MARCHI

    ANLISE DA INFLUNCIA DA COR NO POTENCIAL DEAPROVEITAMENTO DA LUZ NATURAL NO

    AMBIENTE CONSTRUDO

    Dissertao apresentada como requisitoparcial para a obteno do grau de Mestreem Engenharia Mecnica, Programa dePs-Graduao em Engenharia Mecnica,Setor de Tecnologia, Universidade Federaldo Paran.

    Orientadora: Prof. Dr. Maria Lcia LeiteRibeiro Okimoto

    Co-orientador: Prof. Dr. Eduardo LeiteKrger

    CURITIBA2007

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    TERMO DE APROVAO

    SANDRA REGINA MARCHI

    ANLISE DA INFLUNCIA DA COR NO POTENCIAL DEAPROVEITAMENTO DA LUZ NATURAL NO

    AMBIENTE CONSTRUDO

    Dissertao aprovada como requisito parcial obteno de grau de Mestre em EngenhariaMecnica, rea Mecnica, no Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mecnica, Setor deTecnologia da Universidade Federal do Paran.

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Aguinaldo dos Santos Prof. Dr. Eugenio Andrs Daz MerinoUFPR UFSC

    Prof. Dr. Maria Lcia Leite Ribeiro OkimotoUFPR

    Presidente

    Curitiba, 12 de fevereiro de 2007

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    Ao meu amado esposo e companheiro Paulo.

    Ao meu querido filho Victor.

    Aos meus queridos pais Luiz e Betty.

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    Agradecimentos

    Professora Maria Lcia Leite Ribeiro Okimoto pela orientao competente,

    paciente e amiga.

    Ao professor Eduardo Leite Krger, pela orientao e acompanhamento pontual.

    Ao meu querido esposo Paulo pelo amor, incentivo, companheirismo e pacincia em

    todos os momentos.

    Aos meus pais Luiz e Betty pela oportunidade dada a mim de estar neste mundo e

    neste caminho, sempre apoiando e incentivando carinhosamente a prosseguir.

    Marli Bazan Santana pela amizade, cuidado e carinho que dispensou ao nosso lar

    e ao nosso filho.

    Aos colegas Leonardo Gomes, Tiago Marcelo Arajo dos Santos e Joo Paulo

    Furlaneto pela pronta ajuda sempre que necessrio.

    Universidade Federal do Paran.

    Coordenao de Aperfeioamento Pessoal de Nvel Superior CNPq, pela bolsa

    de estudos e pelo apoio financeiro concedido.

    todos os professores e coordenadores do Programa de ps-graduao em

    Engenharia Mecnica (PG Mec), especialmente ao secretrio Mrcio B. Tenrio.

    A todos os que direta ou indiretamente contriburam para a realizao desta

    pesquisa.

    E, sobretudo, agradeo a Deus, que me concedeu realizar este trabalho e galgar

    mais um degrau na jornada terrena. Agradeo aos mentores e protetores espirituais

    que estiveram do meu lado durante este percurso.

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    A Cor apoderou-se de mim. Sei que ela me tomou para sempre.

    Tal o significado deste momento abenoado. A Cor e eu somos um.

    Sou Pintor.

    Paul Klee (1914)

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    RESUMO

    MARCHI, Sandra Regina. Anlise da Influncia da Cor no Potencial deAproveitamento da Luz Natural no Ambiente Construdo. 2007. Dissertao(Mestrado em Engenharia Mecnica) Programa de ps-graduao em EngenhariaMecnica, Universidade do Paran, Curitiba.

    Neste estudo procurou-se analisar a influncia da cores de paredes e de divisrias

    no potencial de aproveitamento da luz natural em ambientes construdos de locais detrabalho em dia de cu encoberto, padro para a cidade de Curitiba. Atravs do

    software DLN apresentado por Scarazzato (1995) obtiveram-se os dados sobre a

    disponibilidade de luz natural no inverno e vero, em dia de cu encoberto. Estes

    dados so aplicados no clculo especfico do DF (Daylight Factor) para a obteno

    do potencial de luz natural no ambiente. Tambm se utilizou o softwareLuz do Sol

    para determinar a Componente Celeste (CCp), que influencia a quantidade de luz

    difusa recebida no ambiente. O coeficiente de refletncia das cores analisadaspermitiu avaliar o potencial de aproveitamento da luz natural disponvel no inverno e

    vero para a cidade de Curitiba, durante diversas horas do dia. Verificou-se que a cor

    das paredes internas exerce baixa influncia sobre a iluminncia interna do ambiente

    em dia de cu encoberto. O tamanho e o posicionamento das aberturas de janela

    so os fatores que ocasionaram melhor resultado para o potencial de aproveitamento

    da luz natural, tanto no inverno quanto no vero.

    Palavras-Chave:Ergonomia Ambiental. Cor do Ambiente. Iluminao Natural.

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    ABSTRACT

    MARCHI, Sandra Regina. Analysis of the Influence of the Color in the Potentialof Use of theDaylight in the Built Environment. 2007. Dissertao (Mestrado emEngenharia Mecnica) Programa de ps-graduao em Engenharia Mecnica,UFPR, Curitiba.

    In this work, the main objective was the analysis of the wall color influence on the

    potential of use daylighting built environments. By means of the DLN software,

    presented by Scarazzato (1995), outdoor illuminances under overcast sky were

    applied in the specific calculation of the DF coefficient (Daylight Factor) in order to

    assess the potential of daylighting in the environment. Also, the Luz do Sol software

    was used to obtain the Sky Component (CCp), that it influences the amount of

    received diffuse light in the environment. The reflectance coefficient of the analyzed

    colors allowed evaluating the potential of use of available daylighting in winter and in

    summer for the city of Curitiba during several hours of the day. It was verified that, for

    a day of overcast sky, the color of the walls is of little influence on the indoor

    iluminance of the built environment. For both winter and summer, the size and the

    positioning of the window openings are the factors that had better caused resulted for

    the potential of use daylighing.

    Key words:Environmental Ergonomics. Environmental Color. Daylighting.

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    LISTAS DE FIGURAS

    Figura 1 Fluxograma das etapas da pesquisa..................................................................... 49

    Figura 2 CCp , componente de cu no ponto p, adaptado de NBR 15215-4 (2004)............ 55

    Figura 3 -. CRE, componente de reflexo externa, adaptado de NBR 15215-4 (2004).......... 56

    Figura 4 -CRI, componente de reflexo interna, adaptado de NBR 15215-4 (2004)............. 57

    Figura 5 Fluxograma de procedimento para o clculo das iluminncias............................. 60

    Figura 6 Planta da sala com as aberturas WWR 17%, 34%,52% e diferentes

    posicionamentos..................................................................................................................... 62

    Figura 7 Inverno, uma janela no canto WWR 17%............................................................ 67

    Figura 8 Vero, uma janela no canto WWR 17%.............................................................. 67

    Figura 9 Inverno, duas janelas e uma janela WWR 34%.................................................. 69

    Figura 10 Vero, duas janelas e uma janela WWR 34%................................................... 70

    Figura 11 Inverno e vero, janelas WWR 17% canto e centro do ambiente, diversos

    horrios.................................................................................................................................... 73

    Figura 12 Inverno e vero, abertura WWR 34%, duas janela e uma janela no centro do

    ambiente, diversos horrios.................................................................................................... 77

    Figura 13 Divisrias - inverno, uma janela no canto e centro WWR 17%............................ 79

    Figura 14 Divisrias - vero, uma janela no canto e centro WWR 17%............................ 82

    Figura 15 Divisrias - inverno, duas janelas e uma janela WWR 34% centralizada........... 83

    Figura 16 Divisrias - vero, duas janelas e uma janela WWR 34% centralizada............... 85

    Figura 17 Inverno e vero, janelas WWR 17% canto e centro do ambiente, diversos

    horrios.................................................................................................................................. 86

    Figura 18 Inverno e vero, abertura WWR 34%, duas janelas e uma janela no centro doambiente, diversos horrios.................................................................................................... 90

    Figura 19 - Inverno e vero, abertura WWR 52%, diversos horrios.................................... 93

    Figura A-B Procedimento para a coleta de dados no mtodo do Papel Branco........... 117

    Figura C Procedimento para a coleta de dados no mtodo do Luminacmetro............... 117

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    LISTA DE TABELA

    Tabela 1 Cores de tintas e de divisrias, cdigo RGB do espectro cromtico da Adobe

    PhotoShop 7.01 (programa utilizado para o tratamento de imagem)................................ 51

    Tabela 2 - ndices de refletncia para diferentes cores.Adaptado: Piloto Neto (1980, p.

    119), Santos et al. (1992, p. 91) e Castro et al. (2003)......................................................... 65Tabela 3 Diferena de iluminncias internas entre inverno e vero para as aberturas

    WWR 17%, 34% e 52%......................................................................................................... 80

    Tabela 4 Comparativo de iluminncia de cores de tintas atravs do mtodos do papelbranco e do luminancmetro.................................................................................................. 118

    APNDICE

    APENDICE 1 Questionrio aplicado aos arquitetos e decoradores para a escolha das

    cores de tintas....................................................................................................................... 115

    APENDICE 2 - Procedimento para a coleta de dados de refletncia................................... 117

    APENDICE 3 - Resuldados Experimentais.......................................................................... 118

    APENDICE 4 Diagrama do Software luz do Sol com malha quadriculada 4x4mm........... 120

    APENDICE 5 - Identificao de cores de tintas em padro RGB......................................... 121

    ANEXOS

    ANEXO 1 Especificao de Equipamentos........................................................................ 125

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    SUMRIO

    RESUMO...................................................................................................... 8

    ABSTRACT.................................................................................................. 9

    CAPTULO 1

    INTRODUO E OBJETIVOS........................................................................................ 12

    1.1 Hiptese de Trabalho................................................................................................. 15

    1.2 Objetivos de Trabalho................................................................................................ 151.3 Metodologia de Estudo.............................................................................................. 151.4 Justificativa................................................................................................................. 16

    1.5 Limitaes de Estudo................................................................................................. 16

    1.6 Estrutura do Trabalho................................................................................................. 17

    CAPTULO 2

    2 REVISO BIBLIOGRFICA......................................................................................... 192.1 A Ergonomia e o Ambiente de Trabalho.................................................................... 19

    2.2 A Luz Natural............................................................................................................. 23

    2.3 Fontes de Luz Natural................................................................................................ 25

    2.3.1 Luz do Sol............................................................................................................... 26

    2.3.2 Luz do Cu.............................................................................................................. 26

    2.3.3 Luz de Fontes Indiretas........................................................................................... 28

    2.4 Disponibilidade de Luz Natural................................................................................... 282.5 Caractersticas da Iluminao Natural........................................................................ 29

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    2.6 A Iluminao Natural e o Projeto Luminotcnico........................................................ 30

    2.7 Aberturas em Ambiente de Trabalho.......................................................................... 32

    2.8 Potencial de Aproveitamento da Iluminao Natural.................................................. 33

    2.9 Sistemas de Iluminao Natural................................................................................. 38

    2.10 Benefcios da Luz Natural........................................................................................ 39

    2.11 Mtodos de Avaliao da Luz Natural..................................................................... 45

    CAPTULO 3

    3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL............................................................................ 48

    3.1 Critrios de Seleo das Cores................................................................................. 50

    3.2 Critrios de Seleo da Sala...................................................................................... 52

    3.3 Materiais..................................................................................................................... 52

    3.4 Mtodo de Avaliao dos Coeficientes de Reflexo.................................................. 53

    3.5 Altura de Posicionamento das Telas.......................................................................... 533.6 Situaes Consideradas............................................................................................. 54

    3.7 Simulao de Luz Natural.......................................................................................... 543.8 Mtodo de Anlise / Procedimento de Clculo................................................................. 55

    3.9 Aplicao do Procedimento de Clculo .................................................................... 593.10 Limitaes do estudo............................................................................................... 613.11 Simulaes.............................................................................................................. 61

    CAPTULO 4

    RESULTADOS E DISCUSSES.................................................................................... 63

    4.1 ndice de Refletncia das Cores de Tintas e Divisrias Influncia da Posio das

    Janelas e Cores de Tintas............................................................................................... 644.2 Influncia da Posio das Janelas no Efeito de Cores de Tintas 664.2.1Comparao entre Janelas WWR 17% (abertura no canto/centro do ambiente inverno/vero)....................................................................................................................... 664.2.2 Comparao entre Janelas WWR 34% (ambiente com duas aberturas de 1.30mX ambiente com uma abertura de 2.60m inverno/vero)

    68

    4.3 Iluminncias Internas para Diferentes Horrios do Dia inverno/vero....................... 71

    4.3.1 Abertura WWR 17% Canto e Centro do Ambiente Inverno e Vero.................... 714.3.2 Abertura WWR 34%, duas Janelas e uma janela no Centro do Ambiente Inverno e Vero................................................................................................................

    75

    4.4 Abertura WWR 52% Inverno e Vero...................................................................... 784.5 Influncia da Posio das Janelas nas Cores de Divisrias...................................... 81

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    CAPTULO 1

    Introduo e Objetivos

    Segundo Pedrosa (1989, p. 37) o homem inicia a conquista da cor ao iniciar

    a prpria conquista da condio humana. Ou seja, o homem sempre esteve

    rodeado de cores desde os tempos pr-histricos e a partir de ento as cores

    passaram a fazer parte do inconsciente do indivduo e o seu desenvolvimento est

    registrado nos livros de arte. Entretanto a popularizao da cor tem seu grande

    desenvolvimento no sculo XX, graas ao desenvolvimento tecnolgico dos

    pigmentos, o que originou, como conseqncia, outros estudos de origem

    comportamental que procuram analisar as influncias da cor no cotidiano humano

    (FONSECA et al., 2003, 2006; VIANNA et al., 2001; MAHNKE, 1996; PILOTTO,

    1980).A cor passa a ser consagrada em normas ligadas segurana; o uso da cor

    passa a ser uma necessidade na atualidade. Entretanto o uso da cor pode ser

    adequado ou at mesmo inadequado ao ambiente. De acordo com a NB 57

    Iluminncia de interiores (ABNT, 1991), a quantidade de luz desejada e necessria

    para qualquer instalao depende, em primeiro lugar, da atividade a ser executada.

    O grau de habilidade requerida, a minuciosidade do detalhe a ser observado, a

    refletividade da cor e o tipo da tarefa, assim como os arredores imediatos, afetam as

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    necessidades de iluminncia, que produziro as condies de visibilidade mxima

    (PILOTTO, 1980; FARINA, 1982; LAMBERTS et al., 1997).

    A Sociedade de Engenharia de Iluminao Americana recomenda que o uso

    esttico da cor para produzir um interior agradvel requer uma coordenao entre o

    decorador de interiores e o especialista em iluminao. Recomenda, ainda, que

    arquitetos, engenheiros, projetistas industriais, ergonomistas, urbanistas, estilistas

    de cor e projetistas de iluminao tenham conhecimento do mecanismo da cor

    (COSTA, 1998; SANTOS et al., 2005; GOMES, 1999).

    O controle do ambiente deve ser parte da ordenao bsica de qualquer

    projeto. As questes relacionadas adequabilidade dos espaos, especialmente

    aquelas referentes s condies do conforto luminoso so fundamentais para umaatividade que pretende colocar a satisfao do homem como o seu principal objetivo.

    O conceito de conforto, neste contexto, pode ser entendido como a avaliao das

    exigncias humanas, pois est baseado no princpio de que quanto maior for o

    esforo de adaptao do indivduo, maior ser sua sensao de desconforto. Mas o

    que seria este maior esforo de adaptao? Do ponto de vista fisiolgico, o

    indivduo dispe de sistemas de percepo da luz, que apesar de complexos so

    facilmente compreensveis (VIANNA et al., 2001, p. 83; GOMES, 1999).Para o desenvolvimento de determinadas tarefas visuais, o olho necessita de

    condies especficas e que dependem dessas prprias atividades para estipular a

    maior ou a menor quantidade de luz. Ento, quanto melhores forem as condies

    propiciadas pelo ambiente, menor ser o esforo fsico que o olho ter de fazer para

    se adaptar s condies ambientais e desenvolver bem a atividade (VIANNA et al.,

    2001, p. 83; GOMES, 1999).

    Quando os olhos esto submetidos a condies de iluminao com focosintensos de luz dentro do campo visual ou quando no se dispe de nveis de

    iluminncia suficientes para a realizao da tarefa de Engenharia ou outra qualquer,

    os olhos podem chegar fadiga (cansao) e a uma diminuio de sua sensibilidade,

    exatamente pelo esforo demasiado de adaptao a estas condies crticas

    (SANTOS et al., 2005).

    Uma parte da fadiga fsica que sentida todos os dias deve-se ao esforo

    realizado para ver. Abusa-se das faculdades visuais e paga-se direta ou

    indiretamente com diversas perturbaes fisiolgicas. por este fato que ambientes

    absolutamente uniformes, em termos de iluminao e com uma pobreza no uso das

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    cores, causam depois de algum tempo o que se descrever como sonolncia,

    cansao, reduo para disposio ao trabalho, ou seja, tudo aquilo que reflete a

    sensao de desconforto visual que o ambiente acarreta (VIANNA et al., 2001,

    p.100; SANTOS et al., 2005).

    A viso no dependente apenas da luz, mas da totalidade do espao

    percebido pelo indivduo, a viso tambm passa a ser responsvel por parte do

    estado emocional do indivduo. Prover iluminao adequada no um luxo, mas ,

    sobretudo satisfazer as necessidades do indivduo a todo o momento por meio de

    uma anlise adequada do ambiente (LIMA, 2002).

    Segundo Vianna et al. (2001, p. 38), dentro do princpio bsico das cores, ou

    seja, absoro e reflexo de radiao solar visvel com determinadas freqncias deonda, pode-se afirmar que a cor luz. Portanto, jamais podemos falar em iluminao

    sem preocuparmo-nos com as cores.

    Mas que relaes existem realmente entre a luz e cor? So relaes de

    mtua dependncia. Se a cor adquire certa luminosidade e tonalidade, dependendo

    da quantidade de luz que incida sobre ela, seria correto dizer que a luz domina a cor

    (VIANNA et al., 2001, p. 38).

    Dentre as caractersticas ticas da matria, o fenmeno da refletncia da luz o que ser analisado nesta pesquisa. Entende-se por refletnciaa devoluo do

    raio incidente luminoso, por uma superfcie, sem alterao dos componentes

    monocromticos que o compem. No momento em que ocorre a refletncia, uma

    percentagem de luz perdida por absoro. Chama-se de refletncia a razo entre

    a luz refletida e a luz incidente, tambm conhecida por fator de reflexo (COSTA,

    1998).

    A utilizao da luz natural incidente no ambiente construdo integrada correta utilizao da cor nas paredes por vezes negligenciada pelos projetistas no

    momento da concepo do projeto. Por esse motivo, que em muitos ambientes,

    mesmo durante o dia, a iluminao feita artificialmente, aumentando os custos

    com o consumo de energia e desperdiando uma fonte que poderia proporcionar luz

    adequada e abundante e um melhor conforto ambiental (SANTOS et al., 2005).

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    1.1 Hiptese de Trabalho

    H0: A cor da parede interfere para o aumento da iluminncia interna do ambiente,potencializando o aproveitamento da iluminao natural.

    H1: A cor da parede no influencia no potencial de aproveitamento da luz natural noambiente construdo.

    1.2 Objetivos do Trabalho

    Objetivo geral:

    No presente trabalho, objetivou-se avaliar a influncia da cor no potencial deaproveitamento da luz natural em ambientes construdos, em dia de cuencoberto para a cidade de Curitiba.

    Objetivos especficos:

    De forma secundria, objetivou-se medir os coeficientes de refletncia da cor

    do ambiente. Tambm avaliar o aproveitamento da luz natural relacionando cor das

    paredes com o tamanho e posicionamento de aberturas.

    1.3 Metodologia de Estudo

    Para atender os objetivos propostos fez-se uso do mtodo do papel branco e

    do mtodo do luminancmetro para a obteno da estimativa dos coeficientes de

    refletncia de diversas cores de tintas e de divisrias disponveis no mercado.Utilizou-se o softwareDLN (Disponibilidade de Luz Natural) que contm um banco

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    de dados sobre a disponibilidade de luz natural para diversas regies brasileiras.

    Este software possibilitou obter as variveis necessrias para o clculo do DF

    (Daylight Factor). Tambm se utilizou o software Luz do Sol para determinar a

    Componente Celeste (CCp), fator integrante no clculo do DF. O coeficiente de

    refletncia das cores analisadas permitiu avaliar o potencial de aproveitamento da

    luz natural disponvel no inverno e vero para a cidade de Curitiba durante diversas

    horas do dia.

    Para o conhecimento dos nveis de iluminncia e luminncia do dia, foram

    analisadas e testadas algumas alternativas para a orientao do dimensionamento e

    posicionamento ideal para as aberturas das janelas relacionadas com a cor da

    parede, para se chegar a uma melhor soluo tcnica de projeto.

    1.4 Justificativa

    O trabalho justificou-se visto que a partir dos estudos citados acima possvel

    fornecer subsdios para projetistas de ambientes de trabalho na elaborao de

    projetos mais eficientes com relao iluminao e as cores das paredes dos

    ambientes internos. A motivao das pesquisas atuais em Ergonomia e Iluminao

    visa um maior conforto do ambiente de trabalho e produtividade do trabalhador

    diminuindo, ainda, o consumo de energia com o uso racional da iluminao artificial

    pelo melhor aproveitamento da luz natural.

    1.5 Limitaes de Estudo

    O presente estudo visa anlise da influncia da cor das paredes do

    ambiente de trabalho em conjunto com o tamanho e posicionamento de aberturas de

    janelas do local para o melhor aproveitamento da luz natural.

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    O experimento foi feito em dia de cu encoberto predominante na cidade de

    Curitiba.

    No mtodo do papel branco substituiu-se o papel por telas artsticas, pois, a

    tela aproxima-se mais da rugosidade da parede e proporciona melhor absoro da

    tinta, permitindo dar quantas demos de tintas forem necessrias para uma boa

    cobertura, visto que as tintas imobilirias utilizadas so base de gua.

    A utilizao do luxmetro e do luminancmetro (equipamentos necessrios

    para as medies) ocorreu com a calibrao de fbrica.

    1.6 Estrutura do Trabalho

    A proposta do presente trabalho, Anlise da Influncia da Cor no Potencial

    de Aproveitamento da Luz Natural no Ambiente Construdo, apresenta a seguinte

    estrutura:

    No captulo 1 encontra-se a introduo, com uma idia geral sobre a

    importncia de estmulos no ambiente de trabalho, principalmente o estmulo da cor

    e da iluminao natural. Este captulo tambm apresenta as hipteses de trabalho,

    os objetivos gerais e especficos a serem alcanados, a metodologia de estudo, as

    justificativas a que atendem o presente trabalho e as limitaes de estudo.

    O captulo 2 apresenta a reviso bibliogrfica do assunto proposto, abordando

    temas sobre a Ergonomia e o ambiente de trabalho, a percepo do ambienteconstrudo, a cor e o ambiente construdo. Tambm, fontes, disponibilidade e

    caractersticas da iluminao natural, a iluminao natural e o projeto luminotcnico,

    aberturas em ambiente de trabalho, potencial de aproveitamento da iluminao

    natural, sistemas de iluminao natural e benefcios da luz natural, por fim, mtodos

    de avaliao da luz natural.

    No captulo 3 apresenta-se o procedimento experimental, onde contm os

    critrios para a escolha das cores utilizadas para o experimento, critrio de seleoda sala com suas medidas e planta baixa, materiais utilizados, mtodo de avaliao

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    18

    dos coeficientes de refletncia, mtodo de anlise e aplicao do procedimento de

    clculo.

    O captulo 4 contm as discusses apresentando os resultados das

    simulaes de cores de paredes, posicionamento e tamanho de aberturas de

    janelas.

    O captulo 5 traz as concluses decorrentes do estudo proposto e sugestes

    para trabalhos futuros.

    No Apndice 1 est o questionrio aplicado aos arquitetos e decoradores

    utilizado para a escolha das cores de tintas. O Apndice 2 mostra o procedimento

    para a coleta de dados de refletncia. No Apndice 3 esto os resultados

    experimentais. No Apndice 4est o diagrama do SoftwareLuz do Sol com a malhaquadriculada 4x4mm. E no Apndice 5 a identificao de cores de tintas em padro

    RGB.

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    19

    CAPTULO 2

    Reviso Bibliogrfica

    2.1 A Ergonomia e o Ambiente de Trabalho

    Durante boa parte da histria da humanidade as edificaes raramente

    refletiam preocupaes com seus ocupantes, promovendo insatisfaes por parte

    dos usurios e inadequaes na execuo de suas tarefas (FONSECA et al., 2006).

    Atualmente diversos estudos tm revelado que locais de trabalho com condies

    favorveis, que atendam s necessidades de seus usurios aos nveis fisiolgico e

    psicolgico, exercem impactos positivos sobre os mesmos, resultando em melhor

    desempenho e maior produtividade.O ambiente de trabalho deve ser projetado para se adaptar as necessidades

    do indivduo. A permanncia por longo tempo em ambiente de trabalho que no est

    adequadamente idealizado para satisfazer as necessidades do trabalhador pode

    provocar desconforto, fadiga, irritao, dores, distrbios nervosos, estresse e outras

    implicaes em longo prazo na sade do trabalhador, culminando com a reduo de

    produtividade. Desta forma, o mercado cada vez mais necessita de especialistas

    que busquem definir parmetros ergonmicos que propiciem a segurana, a sade,

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    o conforto e o bem estar do ser humano (VERDUSSEN, 1978, p. 49; GUIMARES,

    2004, p. 3-1; ORNSTEIN et al., 1995, p. 55-57).

    A Ergonomia Ambiental a parte da Ergonomia que se dedica ao estudo do

    ambiente fsico, visto que ele pode contribuir positiva ou negativamente no

    desempenho e na produtividade do indivduo e na consecuo de suas tarefas e

    atividades. Assim sendo, um dos princpios bsicos da Ergonomia projetar o

    ambiente de trabalho de forma a satisfazer as necessidades do trabalhador e, cada

    vez mais, torna-se importante o estudo da iluminao e cor dos ambientes. Pois,

    tanto da ordem fsica quanto psicolgica a luz e a cor provocam sensaes e o

    organismo humano responde a estes estmulos, que podem afetar no funcionamento

    do corpo, influenciando a mente e as emoes (IIDA, 2005, p. 450; MAHNKE, 1996,p. 19-29).

    Segundo Pilotto (1997, p. 41-45) a crescente corrida em busca do aumento de

    produtividade das empresas, decorrente da grande competitividade do mercado

    atual, vem exigindo cada vez mais esforos do trabalhador. Para se adaptar a estas

    novas exigncias, as empresas vm passando por grandes transformaes,

    aumentando cada vez mais a carga mental dos seus trabalhadores e reduzindo seu

    tempo ocioso. Em sua carga diria de trabalho, o homem fica confinado por longotempo (pelo menos 9 horas, no caso de indstrias) ao ambiente de trabalho.

    Vrios estudos tm analisado as interaes entre o ambiente construdo de

    local de trabalho e o comportamento do trabalhador. Estes estudos tm

    demonstrado que o arranjo fsico do local de trabalho e suas caractersticas

    ambientais exercem efeitos sobre certas variveis comportamentais, entre elas: a

    satisfao, a motivao e o desempenho e a produtividade do indivduo

    (BECKER,1981; WINEMAN,1986; CROUCH et al, 1989; STONE et al., 1998, 2001,2003).

    Tambm Guimares (2004, p. 3-1) sugere que condies ambientais

    desfavorveis podem tornar-se uma grande fonte de tenso na execuo das

    tarefas, em qualquer situao de trabalho:

    Estes fatores podem causar desconforto, insatisfao, aumentar orisco de acidentes, diminuir a produtividade, aumentar os custos ecausar danos sade. As mensuraes dos fatores ambientaisdevem ser efetuadas para reduzir ou eliminar seus efeitos adversos.

    Cabe aos profissionais pesquisar para criar ambientes de qualidade. A

    satisfao psicolgica do ser humano tem caractersticas pessoais, individuais, nem

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    sempre objetivas. A contribuio dos ambientes na sade fsica dos trabalhadores,

    em mdio prazo, tem sido comprovada por mdicos e psiclogos, atravs da

    medio de batimentos cardacos e da presso arterial. Pode-se afirmar, portanto:

    possvel criar ambientes internos saudveis (PILOTTO, 1997, p. 41-45).

    Para Santos et al. (1992, p. 7), os ergonomistas so profissionais que tem

    conhecimento sobre o funcionamento humano e esto prontos a atuar nos

    processos de projetos de situaes de trabalho, interagindo na definio da

    organizao do trabalho, nas modalidades de seleo e treinamento, na definio do

    mobilirio e no ambiente fsico de trabalho. E ainda, o fundamento de toda a

    metodologia ergonmica est na compreenso das atividades realizadas em cada

    situao de trabalho, e na considerao do contexto e todas as questes que estorelacionadas ao processo de transformao do trabalho, no qual participam

    diferentes pessoas e pontos de vistas.

    Segundo Guimares (2004, p. 3-1), condies ambientais desfavorveis

    podem tornar-se uma grande fonte de tenso na execuo das tarefas, em qualquer

    situao de trabalho. Iida (1992, apud Guimares, 2004, p. 3-1) sugere que estes

    fatores podem causar desconforto, insatisfao, aumentar os custos e causar danos

    considerveis sade.Mahnke (1996, p. 23-29) ressalta que parte das empresas tem reconhecido a

    importncia e os benefcios de se oferecer um ambiente de trabalho adequado ao

    indivduo.

    Bins Ely (2003) afirma que,

    Sendo o arquiteto, na maioria das vezes, responsvel pelo projeto doambiente fsico, a partir da juno Arquitetura e Ergonomia poder-se-ia criar ambientes atrativos e funcionais, que realmentecontribussem para o bem estar dos usurios, durante o desempenho

    de suas atividades. A melhor estratgia para esta juno seriadurante o projeto, momento em que os princpios da ergonomiaseriam incorporados ao projeto de ambientes fsicos.

    Os projetistas de locais de trabalho, embora realizem projetos de estruturas

    espaciais complexas para abrigar as igualmente complexas atividades de trabalho

    contemporneas, no dispem em sua formao acadmica de uma orientao

    formal que lhes possibilitem usar um tipo de abordagem centrada no usurio e sua

    atividade em situaes reais de trabalho. Dessa forma, as usuais metodologias de

    projeto arquitetnico para a concepo tanto espacial, quanto cromtica dos locais

    de trabalho, ao abordarem os problemas da interao entre as pessoas e o meio

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    construdo de um ponto de vista macro e no em relao s inadequaes que

    surgem entre os espaos construdos e as atividades cotidianas, no so eficazes

    em obter o que as pessoas querem, ou necessitam de seus espaos projetados e

    nem em evidenciar os conflitos desta interao (FONSECA, 2004, p. 78).

    Para Baptista (2002), o ambiente construdo pode ser considerado um espao

    organizado e animado, que constitui um meio fsico e, ao mesmo tempo, meio

    esttico, informativo e psicolgico especialmente projetado para agradar, servir,

    proteger e unir as pessoas no exerccio de suas atividades.

    Bins Ely (2003) considera que a influncia do ambiente construdo no

    comportamento est relacionada tanto s exigncias da tarefa a ser realizada no

    ambiente, como s caractersticas e necessidades do usurio. Segundo a autora,quando um ambiente fsico responde s necessidades dos usurios tanto em termos

    funcionais (fsicos) quanto psicolgicos, certamente ter um impacto positivo na

    realizao das atividades.

    Ao expor indivduos a estmulos como o da cor pode-se observar a influncia

    desta sobre certas variveis comportamentais, tais como: a satisfao, a motivao,

    o desempenho e o humor. Assim, o ambiente pode auxiliar estimulando o indivduo

    no desempenho de tarefas simples ou complexas, que requerem alta ateno,suavizando a monotonia e reduzindo a distrao e a fadiga (MAHNKE, 1996, p. 23-

    29, KWALLEK et al., 1988, 1990; STONE et al., 1998, 2001, 2003). O estudo

    ergonmico da cor tem por objetivo apresentar informaes e solues sobre a

    influncia das cores no comportamento humano em interiores de ambientes de

    trabalho.

    Estudos revelam que de acordo com o tipo de tarefa realizada, os estmulos

    ambientais nos locais de trabalho interferem no desempenho do indivduo. ParaCrouch et al. (1989), os estmulos ambientais podem interferir na percepo do nvel

    de exigncia da tarefa. Kaplan (1983) defende a idia de que os ambientes devem

    ser restauradores (restorative environments), ou seja, devem favorecer o bem estar

    do trabalhador. Estes ambientes podem oferecer oportunidades para reflexes ou

    insighte ainda influenciar o comportamento do trabalhador. Por exemplo, indivduos

    que realizam atividades que exigem grande ateno necessitam que o ambiente

    promova estmulos visuais que restaurem seu nimo e amenizem a carga de

    estresse gerado pelo trabalho.

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    No entanto preciso que se esteja atento para os nveis de intensidade

    destes estmulos ambientais, pois, em altos nveis so capazes de tornar o

    trabalhador menos satisfeito e motivado, podendo acarretar declnio na sua

    produtividade (BROOKS et al., 1972; OLDHAM et al., 1979, STONE,1998).

    2.2 A Luz Natural

    De acordo com Robbins (1986, apud CABS, 1997), a luz natural, ou

    qualquer outra fonte de luz, uma manifestao visual de energia percebida pelo

    olho humano na faixa de radiao eletromagntica com comprimentos de onda entre

    380 e 760 nm, aproximadamente.

    A luz natural que admitida no interior das edificaes consiste em luz

    proveniente diretamente do sol, luz difundida na atmosfera (abbada celeste) e luz

    refletida no entorno. A magnitude e distribuio da luz no ambiente internodependem de um conjunto de variveis, tais como: da disponibilidade da luz natural

    (quantidade e distribuio variveis com relao s condies atmosfricas locais),

    de obstrues externas, do tamanho, orientao, posio e detalhes de projeto das

    aberturas, das caractersticas ticas das reas envidraadas, do tamanho e

    geometria do ambiente e da refletividade das superfcies internas.

    Ento, a luz natural pode ser proveniente de duas fontes: do sol e do cu.

    Variaes horrias, sazonais e atmosfricas representam variaes significativas nadisponibilidade da luz natural (PEREIRA et al., 2001; SOUZA et al., 2001).

    Diversas so as razes que levam um projetista a utilizar a luz natural em seu

    projeto, dentre elas: a qualidade da luz, a comunicao visual com o meio externo, a

    conservao dos recursos naturais, a reduo do consumo de energia e benefcios

    psicolgicos e fisiolgicos (CABS et al., 1997).

    A utilizao da iluminao natural deve ser avaliada na concepo inicial do

    projeto e deve levar em conta a variao diria e sazonal da luz para fornecer

    iluminao adequada por maior tempo e menor carga trmica possveis. Uma

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    abertura de grandes dimenses pode causar uma entrada excessiva de luz,

    dependendo da orientao, resultando em uma carga trmica indesejvel,

    dependendo da regio e da poca do ano. Pequenas aberturas, ao contrrio,

    necessitam de iluminao auxiliar (na maioria das vezes, iluminao artificial,

    mesmo durante um dia de cu claro, quando h mais luz natural disponvel). O

    conhecimento da quantidade de luz que ser admitida atravs da edificao pode

    auxiliar na tomada de decises e mudanas de projeto. O conhecimento da

    distribuio espacial e temporal da iluminao natural dentro de um ambiente auxilia

    no projeto luminotcnico (PAPST et al., 1998).

    Um bom projeto de iluminao natural tira proveito e controla a luz disponvel,

    maximizando suas vantagens e reduzindo suas desvantagens. As decises maiscrticas, a este respeito, so tomadas nas etapas iniciais de projeto (PEREIRA,

    1995, p. 10).

    O problema mais crtico refere-se iluminao natural nos edifcios

    modernos, quando se prev a presena de grande nmero de pessoas realizando

    tarefas visuais de diferentes exigncias ao mesmo tempo (SOUZA, 2003, p. 18).

    Na definio de uma prioridade em termos de exposio luz natural, valores

    de iluminncias e distribuio de luz necessria para as atividades em cadaambiente devem ser estabelecidos. Em alguns ambientes a iluminao uniforme

    mais recomendada, em outros desejvel uma maior variao. Em ambientes nos

    quais os usurios ocupam posies fixas, os critrios devem ser diferentes daqueles

    onde as pessoas podem mover-se livremente na direo das aberturas ou para

    longe delas.

    A NB 57 (1991)fixa nveis de iluminao recomendados para diferentes tipos

    de atividades, baseados numa iluminao constante e uniforme sobre um plano detrabalho. A localizao das tarefas com maiores exigncias visuais prximas das

    janelas, onde a iluminncia natural maior, trar uma otimizao do uso da luz

    natural. Devendo ser complementada com o controle da luminncia da janela e da

    radiao solar direta sobre o plano de trabalho (MASCAR,1981). A escolha do

    sistema de iluminao lateral ou zenital se faz tendo em vista as caractersticas do

    edifcio, a forma e a disposio dos ambientes.

    De acordo com Oliveira (1994, apud GRAA, 2001), o planejamento do

    projeto visando luz natural deve partir da identificao das atividades

    desenvolvidas e das caractersticas dos objetos considerados importantes dentro

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    dos ambientes. A qualidade funcional aquela exigida pelas atividades a serem

    abrigadas por um ambiente, determinadas em funo do correto desenvolvimento de

    tarefas visuais especficas. Relacionam-se as definies do espao arquitetnico,

    distribuio e direo de luz e ausncia de ofuscamento. Na utilizao de mtodos

    de avaliao procura-se garantir a qualidade funcional do ambiente projetado, ou

    aferir as condies reais existentes.

    Vrios mtodos foram propostos a partir da dcada de 20, sendo que com a

    crise de petrleo na dcada de 70, aumentou a necessidade de se criar ferramentas

    que auxiliem no desenvolvimento de projetos e na avaliao quantitativa sobre a

    suficincia ou no da luz natural (SCARAZZATO,1999).

    A eficincia da luz natural depende da iluminao da abbada celeste, dongulo de incidncia da luz, da cor empregada no ambiente e da natureza dos vidros

    por onde penetra a luz (GRAA et al., 2001).

    Ambientes idnticos possuem iluminao diferenciada de acordo com a

    orientao das fachadas. Assim sendo, pode-se dizer que um dos fatores que

    contribuem para conforto luminoso e que modifica a forma do projeto, portanto de

    relevncia na fase de anteprojeto, se refere ao azimute de implantao dos

    ambientes. Outro parmetro que tambm pode influenciar o conforto luminoso e que definido na fase de anteprojeto a forma de cada ambiente e a possibilidade de

    aberturas (SCARAZZATO et al.,1996).

    importante avaliar a entrada de luz natural atravs das aberturas externas,

    nas diversas horas do dia e do ano, e com isso desenvolver uma metodologia de

    anlise da quantidade e da distribuio da luz natural nos ambientes internos.

    Assim, pode se prever onde e quando se faz necessrio o uso da iluminao

    artificial complementar natural, facilitando o projeto luminotcnico (PAPST et al.,1998).

    2.3 Fontes de Luz Natural

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    Dentro do estudo da iluminao, destaca-se o uso da iluminao natural como

    fonte primeira de iluminao, usada desde os primrdios da arquitetura e qual se

    deve dar ateno especial por suas caractersticas e potencial de aproveitamento.

    As fontes de luz natural, para fins de projeto, podem ser caracterizadas como diretas

    (luz do sol e luz difusa do cu), e indiretas (luz de difusores refletivos ou translcidos

    que foram originalmente iluminados por outras fontes primrias ou secundrias).

    2.3.1 Luz do Sol

    A luz do sol fornece de 60 a 110 kLux no plano horizontal (10 a 15 vezes

    maior que a luz proporcionada por um cu encoberto). No entanto, ela intensa

    demais para ser usada como iluminao de tarefa. A alta eficincia luminosa e a

    excelente reproduo de cores da luz solar associados ao fato de que a mesma abundante durante a maior parte do horrio de trabalho e ao longo do transcurso do

    ano conduzem ao seu aproveitamento como fonte de luz para iluminao de

    ambientes internos. Como sugere Souza(1997), pode-se usar recursos para torn-la

    uma fonte refletida o que faria com que os nveis de iluminao sejam menores do

    que os obtidos pelos raios solares diretos e fazendo com que o foco direcional desta

    fonte de luz seja mais uniformemente distribudo pelo ambiente que se deseja

    iluminar.

    2.3.2 Luz do Cu

    A luz do cu o resultado da refrao e da reflexo da luz solar ao passarpela atmosfera. Enquanto a luz solar uma fonte pontual, a luz do cu uma fonte

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    2.3.3 Luz de Fontes Indiretas

    Quando uma superfcie refletiva fosca iluminada por uma fonte primria, sua

    luminncia resultante a torna uma fonte indireta de iluminao. Uma vez que esta

    superfcie pode ser considerada como difusora ela se torna, ento, uma fonte

    distribuda - a qualidade e distribuio de sua luz sendo virtualmente idntica luz

    direta do cu admitida atravs de uma abertura de tamanho similar. Se iluminada

    diretamente pelo sol, a iluminao refletida por uma superfcie branca pode variar de

    50 a 100 kLux, substancialmente maior que a luminncia da abobada celeste

    (SOUZA, 2003, p. 21).

    2.4 Disponibilidade de Luz Natural

    Os nveis de iluminao internos proporcionados pela luz natural dependem

    de dois fatores principais: caractersticas do ambiente construdo (geometria do

    ambiente, tamanho e orientao das janelas, refletncia das superfcies internas,

    vizinhana, etc.) e da disponibilidade de luz natural externa. A iluminncia externa

    por sua vez depende da distribuio de luminncias do cu. A iluminncia da luz

    natural est sempre variando, tanto ao longo do dia quanto ao longo do ano quando

    mudam as condies atmosfricas. Outro fator que faz variar a disponibilidade de luznatural externa a latitude do local, fatores este que faz com que os benefcios da

    luz natural mudem de regio para regio. Existem mudanas da posio do sol no

    cu com a latitude fazendo com que a distribuio de luminncias do cu seja

    diferente, proporcionando variaes na disponibilidade de luz natural. A quantidade

    e o tipo de nuvens tambm alteram a disponibilidade de luz natural, assim como a

    nvoa e poeira suspensa na atmosfera (SCARAZZATO et al., 1996).

    Segundo Glennie et al. (1992) os sistemas de controle em resposta luznatural podem gerar problemas de ofuscamento. Ao reduzir os nveis de iluminao

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    artificial em resposta a luz natural disponvel, o brilho da janela (luminncia) torna-se

    muito mais alto do que a luminncia interior resultando em ofuscamento.

    2.5 Caractersticas da Iluminao Natural

    Dentre diversas vantagens da utilizao de luz natural em edificaes,

    destaca-se a qualidade da luz natural. Outra vantagem a boa reproduo de cores.

    A qualidade espectral da luz influencia na aparncia das cores. O olho humano

    ajusta-se s fontes de luz e altera sua percepo de cor em funo da posio

    espectral da radiao luminosa. Apesar dos avanos tecnolgicos de lmpadas

    eltricas, ainda hoje, a luz natural a que apresenta melhor reproduo de cores

    (CABS, 1997).

    A variabilidade uma das principais caractersticas da luz natural. Isto ocorre

    de forma tanto quantitativa como qualitativa, com a mudana da cor durante o dia. Avariao pode ocorrer pelas mudanas regulares da trajetria solar, por mudanas

    produzidas por fenmenos meteorolgicos, como a nebulosidade e pelo movimento

    das nuvens e outros aspectos mais fugazes. A variabilidade da luz natural

    proporciona maior prazer que a monotonia dos ambientes iluminados artificialmente.

    A quantidade de luz do dia, no entanto, ao contrrio do que ocorre com a quantidade

    de luz artificial, no est sob o controle do projetista (CABS, 1997).

    Outro aspecto importante da luz natural a sua eficincia luminosa. Aeficincia, tanto da luz do sol, como da abbada celeste significativa quando

    comparada com as fontes artificiais. De um modo geral, as fontes naturais

    introduzem menos calor por lmen dentro das edificaes, que as lmpadas

    eltricas mais comuns (CABS, 1997).

    A importncia de se aproveitar as fontes naturais de iluminao no ambiente

    de trabalho est relacionada tambm com a possibilidade de se manter um contato

    com o ambiente externo, acompanhando as variaes climticas e o passar das

    horas do dia. Grandjean (1998) ressalta que alguns cuidados devem ser tomados

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    com a utilizao excessiva de janelas de vidro que no inverno podem ser bastante

    frias e no vero reterem muito calor. A utilizao de telhas de vidro tambm uma

    opo para aproveitar a luz natural.

    2.6 A Iluminao Natural e o Projeto Luminotcnico

    Nos pases de clima tropical, altos nveis de iluminao natural no interior de

    ambientes construdos podem produzir um desconforto visual por ofuscamento

    excessivo, e ainda um aumento da carga trmica aumentando o consumo de

    energia para o resfriamento atravs de ar condicionado e ventiladores (JOTA et al.,

    2001).

    Segundo CABS (1997) podem-se definir trs regies de iluminncias no

    ambiente, em relao luz artificial:

    Insuficientes (iluminncias abaixo de 70% do valor da norma). Satisfatrias (iluminncias entre 70% e 130% do valor da norma).

    Excedentes (Iluminncias acima de 130% da norma).

    A utilizao da luz natural no ambiente construdo muitas vezes negligenciada

    pelos projetistas no momento de concepo do projeto. Geralmente, estuda-se a

    orientao do terreno para implantar o edifcio de forma a posicionar determinados

    cmodos numa posio mais ou menos privilegiada em relao posio do sol,porm, na maioria das vezes negligencia-se a utilidade da luz natural, seja ela

    proveniente da luz direta do sol ou da luz solar refletida na abbada celeste, no

    estudo de iluminao do ambiente projetado. Assim, em grande parte dos projetos a

    iluminao artificial, mesmo durante o dia, aumentando os custos com o consumo

    de energia e desperdiando uma fonte gratuita que poderia proporcionar luz

    abundante, de boa qualidade, alm de melhor conforto ambiental (LIMA, 2002).

    Atualmente, a simulao computacional possibilita a obteno de aspectosquantitativos como nveis de iluminncia e luminncia e tambm, a visualizao de

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    efeitos qualitativos da iluminao atravs de figuras de falsa cor e imagens

    fotorealsticas (LIMA, 2002).

    As variveis que interferem no projeto de iluminao natural so:

    Condicionantes locais: clima, orientao, poca do ano, hora do dia;

    Implantao da edificao: influncia do entorno natural ou edificado;

    Forma, tamanho e localizao das janelas;

    Materiais do piso, paredes e teto;

    Dimenses dos compartimentos;

    Elementos externos prximos.

    Muitas dessas variveis so propriedades do stio onde foi implantado o projeto e

    no podem ser modificadas. Assim, o projetista pode atuar nas variveis que

    interferem diretamente no nvel de iluminncia tais como a forma, tamanho e

    localizao das janelas (LIMA, 2002).

    No Brasil, como ainda no existem normas ou outros instrumentos reguladores

    que priorizem uma melhor utilizao da iluminao natural dos edifcios, torna-se

    imprescindvel a implementao de pesquisas e a divulgao do tema com o

    objetivo de formao de massa crtica junto aos profissionais de projeto erepresentantes de corporaes mercantis e comerciais, construtores e produtores de

    insumos para o segmento da construo civil (SCARAZZATO et al., 2002).

    A avaliao da iluminao natural em um projeto pode ser feita de trs maneiras

    distintas (PAPST et al.,1998):

    Mtodos grficos simplificados; Simulao com modelos em escala reduzida;

    Simulao em computador.

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    2.7 Aberturas em Ambiente de Trabalho

    A presena de janelas no ambiente de trabalho algo de suma importncia.

    Mesmo que o trabalhador no aviste o exterior, a sua simples presena fsica

    permite a entrada de luz e calor. Alm de atuar psicologicamente de forma positiva,

    no gerando a sensao de confinamento (STONE, 1998).

    Muitos pesquisadores defendem a idia de que as aberturas de janelas so

    importantes em um ambiente de trabalho, tanto por razes de conforto ambiental

    como tambm por fatores fisiolgicos e psicolgicos dos trabalhadores. As janelas

    tambm so importantes para prover luz natural e visualizao da paisagem, em

    ambos os casos proporcionam benefcios psicolgicos ao indivduo (MENZIES et al.,

    2005).

    Na sociedade moderna, arquitetos, engenheiros civis e projetistas de ambientes

    so chamados para criar ambientes de alta qualidade com propsitos de produzir

    conforto trmico, auditivo e visual aos trabalhadores como mtodo de assegurar a

    produtividade. Menzies et al. (2005)concluem que o conforto e a produtividade do

    trabalhador no ambiente de trabalho so relacionados a estes fatores arquitetnicos.Pois, construes arquitetnicas auto-sustentveis energeticamente e

    ambientalmente podem proporcionar tambm altos nveis de conforto e

    produtividade.

    Heerwagen (2000) afirma que proporcionar um ambiente sustentvel com o uso

    da iluminao natural e oferecendo ao trabalhador o contato com o ambiente natural,

    unindo tecnologias e estratgias de design, tem demonstrado que melhora muito a

    qualidade do ambiente e assim tambm a produtividade.Pesquisadores como Sekhar et al. (1998), Tabet-Aoul (2004) e Heerwagen

    (2004) defendem a idia de que o uso racional das aberturas parte muito

    significante nas construes arquitetnicas, pois proporcionam arquiteturas com

    maior potencial de conservao de energia (ambientes sustentveis

    energeticamente). Ainda, proporciona ao trabalhador a viso da rua e a observao

    do tempo (clima), fato que reduz a absteno ao trabalho e aumenta a produtividade

    do trabalhador, unindo o ambiente social promovendo tambm a sustentabilidade

    cultural (cultural sustainability).

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    Segundo pesquisadores como Vine et al. (1998), Hygge et al. (1999), Leslie

    (2003), Boyce et al. (2004), sugerem que os ambientes de trabalho so fortemente

    favorecidos com as janelas por proporcionarem acesso luz do dia e a viso do

    mundo de fora (outside word wiew). Pesquisas mostram o desejo e a preferncia

    pela luz natural ao invs da iluminao eltrica por trabalhadores de escritrios.

    Estes trabalhadores preferiram estar prximos a janelas, mesmo ocorrendo

    problemas de ofuscamento e reflexes em seus monitores de computadores.

    No entanto, em muitos ambientes de trabalho nem sempre possvel oferecer

    uma vista da janela a todas as pessoas, nesse caso, percebe-se uma compensao

    atravs do uso de outros materiais visuais, como quadros e fotos de paisagens

    naturais, familiares, amigos, etc e objetos pessoais.

    2.8 Potencial de Aproveitamento da Iluminao Natural

    Segundo Roulet (2001) a viso humana levou milhes de anos para se

    adaptar iluminao natural. Por este motivo iluminao natural prov conforto

    visual de melhor forma do que qualquer outro sistema de iluminao artificial.

    Os edifcios saudveis e confortveis no requerem necessariamente muita

    energia, e podem provocar um impacto limitado no ambiente. Um bom profissional

    projeta edifcios de forma que o interior do ambiente e o ambiente externo estejam

    unidos, com esta integrao pode ser conseguido tambm um baixo consumo de

    energia (ROULET, 2001).

    Nos ltimos anos, uma nova concepo de edificaes surgiu no mercado daconstruo para melhorar a qualidade real do ambiente construdo: so os projetos

    denominados green buildings (KUMARA et al. 2006).

    Green building um edifcio de alto desempenho ambiental, projetado com

    quatro caractersticas muito bem definidas: reduo do consumo de energia e dos

    custos de operao e manuteno; reduo do uso de recursos no-renovveis;

    minimizao dos impactos negativos na qualidade do ar interno; e aumento da

    sade dos ocupantes do edifcio. Esses projetos tambm favorecem a produtividade

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    dos ocupantes, facilitam a circulao e os acessos, permitem a mobilidade e a

    flexibilidade de layout(KUMARA et al. 2006).

    O conceito de construo sustentvel surgiu pela primeira vez com a crise do

    petrleo nos anos 70, quando os altos preos da energia levaram busca por

    sistemas alternativos e mais baratos, como a gerao prpria. Os primeiros prdios

    verdes foram construdos na Holanda, na Alemanha e nos pases nrdicos. S mais

    tarde essas construes ambientalmente corretas apareceram nos Estados Unidos e

    na sia. Nos ltimos anos, as discusses em torno do aquecimento global elevaram

    o tema da sustentabilidade ao topo da prioridade das maiores empresas do mundo e

    ajudaram a despertar o interesse por mtodos construtivos sustentveis (SARTORI

    et al., 2007).Alm da reduo nas contas de luz e gua, a certificao de prdios verdes

    tambm considera caractersticas que melhorem o bem-estar de quem trabalha

    neles. Um desses aspectos permitir a viso externa para o maior nmero possvel

    de usurios (KRISHAN et al., 2005).Desde o incio da humanidade, utilizada como principal fonte de iluminao, a

    luz natural comeou a perder espao aps o surgimento da lmpada incandescente,

    mas foi em 1938 quando surgiu a primeira lmpada fluorescente com aplicaesprticas, que ela ganhou sua grande rival.

    Mas a luz natural vem aos poucos retomando seu espao nos projetos de

    iluminao. Devido ao grande aumento da eficincia e por ser uma fonte de luz

    previsvel, a lmpada fluorescente passou a competir com a luz do sol e do cu.

    Desde ento, as pessoas comearam a considerar a luz eltrica como uma fonte

    primria e a luz natural deixou de ter a relevncia que tinha nos projetos de

    iluminao (SOUZA, 2003, p. 2).Atualmente devido ao grande custo da energia e o reconhecimento da

    inoportuna atitude de construo de novas usinas geradoras, quer pelo grande

    impacto ambiental ou pelo dispndio de recursos que poderiam ser aplicados em

    outras reas, a luz natural passa a ser novamente considerada como uma fonte de

    iluminao importantssima.

    Segundo Souza (2003, p. 3) devido grande preocupao mundial quanto

    demasiada utilizao da iluminao artificial, gerando um elevado custo na produo

    de energia eltrica, necessrio que, cada vez mais, se pense em otimizar o uso da

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    iluminao natural nos ambientes construdos, propiciando com isto tambm um

    nvel adequado de satisfao e bem estar dos usurios das edificaes.

    Uma melhor utilizao do potencial de iluminao natural no significa

    simplesmente economia de energia eltrica, mas envolve necessariamente uma

    utilizao mais racional da mesma, com o dimensionamento adequado dos sistemas

    de iluminao natural e artificial, a fim de se evitar ambientes com condies de

    iluminao inadequadas. Um projeto de iluminao inadequado pode causar aos

    seus usurios desconforto, fadiga visual, ofuscamento de inaptido, reduo da

    produtividade e at mesmo em alguns casos causar acidentes.

    Para Iwataet al. (1997), a necessidade de luz natural em ambientes fechados

    vem aumentando, por esta ser uma estratgia efetiva de reduo do consumo deenergia.

    Escuyer et al. (1998), em um trabalho onde oito estudos de caso foram

    revisados, em que a luz artificial era controlada em resposta quantidade de luz

    natural disponvel, verificaram que houve boa economia de energia. Eles atriburam

    a existncia de uma faixa to larga de valores aos diferentes procedimentos de

    monitoramento e ao caso de referncia, que foram diferentes em cada um dos

    estudos analisados.Brekke et al. (1993), em um trabalho de monitoramento realizado em um

    edifcio de escritrios na Noruega (latitude 600 N -700 N), local onde os nveis da luz

    natural so baixos, principalmente no inverno, mostraram que a economia

    proporcionada pela luz natural variava de 30% a 40% para as salas que estavam

    voltadas para o sul, enquanto que aquelas orientadas para o norte apresentavam

    uma menor economia, de 20% a 30%. Enfim, vrios trabalhos tm comprovado que

    o aproveitamento da luz natural capaz de proporcionar uma significativa economiade energia eltrica gasta em iluminao.

    A crise energtica pela qual a sociedade moderna passa hoje obriga a todos a

    uma evoluo permanente nos processos de projetos de edifcios. Os sistemas de

    iluminao, responsveis por grande parte da energia consumida em uma edificao

    vm tornando-se um dos principais alvos, na busca da eficincia energtica.

    Segundo Jannuzzi (1992), cerca de 16% do total da energia eltrica consumida no

    Brasil para a iluminao, e este consumo distribudo da seguinte maneira:

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    4% para iluminao residencial;

    6% para iluminao comercial;

    ?2% para iluminao industrial;

    3% para iluminao pblica.

    Para Lamberts (1998), o setor eltrico estava operando em uma faixa de alto

    risco devido falta de investimentos no setor de gerao e crescente aumento de

    consumo. Isto pode ser comprovado com a crise brasileira de energia ocorrida no

    setor eltrico no ano de 2001.

    Sabe-se que o consumo de energia de um edifcio est condicionado ao seu

    projeto arquitetnico, e que um edifcio ser mais eficiente energeticamente que

    outro quando proporcionar as mesmas condies ambientais com menor consumo

    de energia. Para Loe et al. (1996) a eficincia energtica em um projeto de

    iluminao est tambm relacionada com a eficincia visual, ou seja, o sistema deve

    fornecer iluminncia suficiente sem desconforto visual.

    Ghisi (1997) afirma que um elevado potencial de economia de energia pode ser

    alcanado se a iluminao natural for utilizada como uma fonte de luz para iluminar

    os ambientes internos. No entanto, a iluminao natural no resulta diretamente emeconomia de energia. A economia s ocorre quando a carga de iluminao artificial

    pode ser reduzida atravs de sua utilizao. Existem poucas edificaes em que a

    iluminao natural possa suprir o total de iluminao necessria, da mesma forma,

    existem poucas edificaes em que a iluminao natural no possa contribuir

    significativamente na iluminncia do ambiente.

    Em seus estudos, Souza (1995), mostra que o aproveitamento da luz natural

    poder reduzir o consumo de energia eltrica gasta no sistema de iluminaoartificial em prdios de escritrios.

    Segundo Neeman (1998) a utilizao eficiente da luz natural pode reduzir

    consideravelmente o consumo de energia eltrica gasta em iluminao. No que diz

    respeito ao aproveitamento da luz natural certo lembrar da variabilidade da sua

    disponibilidade em relao posio geogrfica do local, situao do entorno, poca

    do ano, horrio do dia, condies de cu, das variveis arquitetnicas inerentes

    edificao tais como forma, funo, fechamentos e sistemas de iluminao e das

    variveis humanas inerentes ao conforto visual: nvel de iluminao, contraste e

    ofuscamento. Da correta avaliao da iluminao natural podero ser elaborados

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    projetos luminotcnicos em que a iluminao artificial seja usada apenas como

    forma de suprir as necessidades de iluminao quando a luz natural no fornecer os

    nveis necessrios.

    Para que os ocupantes de postos de trabalho possam realizar suas tarefas de

    maneira adequada necessrio que o sistema de iluminao fornea a mnima

    quantidade de luz direcionada ao plano de trabalho. A iluminao artificial s deve

    ser fornecida enquanto o usurio ocupa seu posto de trabalho, proporcionando

    assim um uso racional do sistema de iluminao.

    Muitos pesquisadores defendem que, alm da questo energtica, a luz natural

    tambm tem influncia em fatores psicolgicos e fisiolgicos dos usurios. Boyce

    (1998) afirma que as pessoas quando esto de bom humor tendem a ser maispositivas sobre o trabalho, mais cooperativas e mais criativas; atributos que so

    considerados desejveis em muitas situaes de trabalho. Um grande nmero de

    fatores ambientais, psicolgicos e fisiolgicos pode influenciar o humor de uma

    pessoa, como um presente ou um elogio inesperado, um cheiro atraente e at

    mesmo a iluminao. O que os fatores que influenciam o humor das pessoas tm

    em comum que eles so inesperados. A luz natural que entra atravs das janelas,

    por causa da sua variabilidade, tem o potencial de trazer o inesperado. J ailuminao artificial no apresenta o mesmo potencial, mesmo que seja um sistema

    varivel, pois o que ela faz completamente previsvel.

    A utilizao de cores claras nas superfcies de ambientes internos, alm de

    possibilitar a reduo da potncia instalada em iluminao artificial, torna os espaos

    mais claros e interfere diretamente no rendimento da iluminao natural no ambiente

    construdo (SOUZA, 2003, p.14).

    Os projetistas de iluminao devem garantir em seus projetos a iluminaoadequada ao desenvolvimento das tarefas visuais, evitando excessos e garantindo o

    mnimo de luz para a realizao da tarefa, tanto durante o dia como durante a noite.

    Em conjunto com a equipe de projeto, arquitetos e engenheiros devem estudar a

    possibilidade de utilizar a iluminao natural como aliada na reduo do consumo de

    energia eltrica nas edificaes, bem como o uso de tecnologias eficientes que

    permitem a integrao da iluminao natural e artificial.

    Para bom projeto de ambiente de trabalho, deve-se ter conhecimento de que o

    rendimento visual tende a crescer, a partir de 10 Lux, com o logaritmo do

    iluminamento at cerca de 1000 Lux, enquanto a fadiga visual se reduz nessa faixa.

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    A partir desse ponto, os aumentos do iluminamento no provocam melhorias

    sensveis no rendimento visual, e a fadiga comea a aumentar. Dessa forma,

    recomenda-se usar um nvel de iluminamento mximo de 2000 Lux. Caso exista a

    necessidade de uma iluminncia maior o aconselhvel seria utilizar iluminao local

    como complemento da iluminao geral (SOUZA, 2003, p. 16).

    Em uma pesquisa realizada por Mills et al. (1998)onde compararam os nveis de

    iluminao recomendados em 19 pases, foi constatada uma variao muito grande.

    De 1930 at1970 os nveis de iluminao aumentaram 10 vezes, a partir de 1970 at

    a data da pesquisa os nveis sofreram uma reduo de 2 a 3 vezes, devido a crise

    energtica dos anos 70. As variaes mais dramticas foram verificadas nas

    atividades de leitura (75 a 1000 Lux), de desenho detalhado (200 a 3000 Lux), nosquartos de hospitais (30 a 300 Lux), em salas de teste e montagem de componentes

    eletrnicos (200 a 5000 Lux). Mills et al. (1998)acreditam que a explicao para esta

    enorme diferena entre os nveis recomendados nos diversos pases pesquisados

    seja o fato de que o nvel de iluminao tem grandes implicaes no consumo de

    energia. Embora a eficincia dos sistemas de iluminao tenha aumentado nas

    ltimas dcadas o problema energtico ainda continua. A Blgica, o Brasil e o Japo

    so os pases que recomendam os nveis de iluminao mais elevados. A Austrlia,a China, o Mxico e a Rssia (antiga Unio Sovitica) tm os nveis mais baixos. As

    recomendaes Norte Americanas sugerem nveis de iluminao que representam a

    mdia na maioria dos casos.

    2.9 Sistemas de Iluminao Natural

    Os sistemas de iluminao diurna podem ser classificados, sinteticamente,

    em lateral e zenital e espaos centrais compartilhados (trios, por exemplo). A

    escolha do sistema adequado de iluminao lateral ou zenital - deve levar em

    conta as caractersticas do edifcio, a forma e a disposio dos ambientes que

    compem o edifcio, o tipo de tarefa visual a ser executada, alm de consideraes

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    de ordem econmica e tecnolgica, assim como aspectos relativos ao clima local

    (CABS, 1997).

    As aberturas laterais so as mais comuns e, normalmente, localiza-se nas

    paredes verticais das edificaes. A iluminao lateral mais adequada s regies

    prximas s janelas, porm como a iluminncia produzida reduz-se medida que se

    afasta da abertura, este sistema provoca uma distribuio de iluminncias

    inadequada na maioria dos casos (LEDER et al., 1999; CABS, 1997).

    Em ambientes com iluminao lateral, o nvel de iluminncia decresce

    rapidamente com o afastamento da janela. O aumento da iluminncia em funo do

    aumento da rea iluminante ocorre at determinado limite. Um recinto com janelas

    de grandes dimenses, porm com superfcies interiores escuras requerer grandenvel de luz incidente, que acarretar grande carga trmica. Por outro lado, um

    ambiente com janelas de dimenses adequadas e superfcies interiores claras, de

    alta refletncia, resultaro em uma combinao mais adequada de luz direta (em

    geral indesejada em ambientes internos em pases tropicais) e luz refletida,

    possibilitando uma maior economia de energia (LEDER et al., 1999; CABS, 1997).

    As aberturas zenitais localizam-se nos planos horizontais ou de abertura das

    edificaes, so utilizadas quando se pretende obter uma iluminao mais uniformeou em casos no qual o uso das aberturas laterais inadequado. A iluminao zenital

    fornece, em geral, uma maior uniformidade na distribuio da luz sobre o campo de

    trabalho, quando comparada a sistemas laterais com menor rea de abertura. No

    entanto, no fornece uma viso do entorno, necessidade bsica na grande maioria

    dos ambientes. Somado a essa questo, outro problema dos sistemas zenitais a

    limitao do seu uso a edificaes de um pavimento ou ambientes de cobertura

    (LEDER et al., 1999; CABS, 1997).

    2.10 Benefcios da Luz Natural

    Para Leslie (2003) utilizar a luz do sol nos projetos de ambientes construdos

    proporciona interiores dinmicos, adequados sade humana e atividades dirias,

    reduzindo ainda a demanda de energia artificial. A luz natural d suporte sade

    humana durante suas atividades dirias alm de reduzir a necessidade de energia.

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    Pesquisas recentes sugerem que sade, produtividade e benefcios econmicos

    esto ligados luz natural. Boas tcnicas de aproveitamento de luz natural incluem

    configurar ambientes construdos adequadamente alocando tarefas visuais crticas

    prximas a entradas de luz natural proporcionando maiores quantidades de luz,

    posicionando janelas para a entrada da luz natural em mais de um lado do espao

    de trabalho, controlando a luz direta do sol e usando superfcies internas com cores

    suaves.

    Muitos estudos esto sendo feitos recentemente para clarear o entendimento

    do valor da luz natural. Os aumentos no preo da energia no inicio dos anos 70 e a

    falta de energia no ano de 2001 renovou os interesses pela luz natural como

    estratgia para reduzir o custo da energia nos ambientes construdos e reduzir oscustos sociais da construo de novas usinas geradoras de energia. Estes estudos

    esto abrindo a possibilidade de iluminao e tem um impacto significante, no

    somente no sistema visual, mas no sistema fotobiolgico tambm. Com isso a sade

    e a produtividade das pessoas sero os beneficiados (LESLIE, 2003).

    No passado, pesquisas em luz natural enfatizavam dados de luminncia do

    cu e modelos de clculo da luz natural. Agora, uma implementao mais efetiva da

    luz natural nos ambientes construdos foca na quantificao do impacto da luznatural nas pessoas e/ou na melhoria do design dos ambientes construdos, e

    tambm novas tecnologias para uma resposta melhor s preferncias e

    necessidades humanas. Os desenvolvimentos nessa nova direo permitiram aos

    ambientes construdos aproveitar os benefcios da luz natural.

    A energia no economizada pelo uso da luz natural; a energia

    economizada pela reduo ou por desligar luzes eltricas que no se tornarem

    necessrias pelo uso da luz natural. A luz natural freqentemente reduz a energiarequerida para o ar condicionado mesmo porque a parcela de aquecimento do

    ambiente pelas lmpadas reduzida. As aberturas para a luz natural devem conter

    formas e materiais apropriados para isolar o excessivo de aquecimento solar, ou

    seja, reduzir o ganho de aquecimento solar interno (LESLIE, 2003).

    A economia de energia eltrica tambm permitiu diminuir as emisses das

    usinas geradoras de energia que contribuem para a chuva cida, a poluio do ar e

    para o aquecimento global (REA et al., 1994).

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    A disponibilidade de luz natural freqentemente coincide com as

    necessidades de pico de energia dos ambientes construdos, os quais normalmente

    so durante tarde dos dias ensolarados.

    Um moderno controle energtico deve diminuir a necessidade de luzes nos

    edifcios para reduzir o pico de demanda ou reduzir o consumo dos aparelhos

    eltricos. A reduo do consumo de energia nos horrios de pico pela utilizao da

    luz natural reduz tambm a necessidade de luz artificial. Normalmente as geradoras

    de luz artificial so fontes de gerao de energia menos amigveis natureza

    (LESLIE, 2003).

    Alm do potencial para reduo de custos e de evitar as emisses ambientais

    o uso da luz natural tem seu maior impacto nos seus ocupantes. Os ambientes soconstrudos para as pessoas (LESLIE, 2003).

    Outra vantagem da luz natural que permite que as pessoas continuem

    trabalhando mesmo com queda do suprimento de energia eltrica.

    Os ento chamados ambientes construdos ecolgicos so associados a luz

    natural e ditos como ambientes construdos saudveis ou ambientes internos de

    qualidade. Estas construes ecolgicas tm fortes preferncias por aberturas nos

    escritrios e acreditam que as janelas melhoram a produtividade dos ocupantes(HARTLEB et al. 1991; COLLINS et al., 1995).

    Segundo Heerwagen et al. (1986), um dos fatores de grande importncia para

    as pessoas o valor da vista que as janelas proporcionam. A paisagem externa d

    ao ocupante informao visual sobre o tempo, hora do dia e atividades prximas. A

    vista tambm pode ser esteticamente prazerosa e dar um descanso quando o

    indivduo est muito focado no trabalho. As pessoas nos seus escritrios, quando

    privadas de janelas nos ambientes, aumentam a quantidade de fotos ou quadroscom imagens da natureza.

    Um bom projeto para aproveitamento de luz natural em ambientes

    construdos pode usar as mudanas da luz para criar efeitos luminosos

    interessantes que so modulados durante o dia, ou ainda, durante o ano (LESLIE,

    1991).

    Segundo Rea et al. (2000) a luz eltrica tem um custo econmico limitante.

    Os engenheiros especificam os sistemas eltricos baseados no nvel mnimo

    aceitvel para o desempenho visual de atividades conhecidas, sem considerar as

    qualidades adicionais oferecidas pela luz natural para o desempenho visual.

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    O grande benefcio da luz natural que a mesma permite que nossos

    ambientes construdos possam ser iluminados em nveis mais altos, do que somente

    com a luz artificial. A luz natural tambm promove um espectro eletromagntico mais

    amplo com excelente rendimento embora a luz eltrica possa, a um certo preo,

    proporcionar igual rendimento.

    Embora os efeitos da luz na viso sejam bem conhecidos, um campo

    emergente da iluminao o estudo dos efeitos biolgicos ou efeitos no sistema no

    visual das pessoas. Esses efeitos podem proporcionar um sintoma biofsico no

    sentido que luz natural pode aumentar as vendas, melhorar a produtividade do

    trabalhador e melhorar ao desempenho dos estudantes na escola (HESCHONG et

    al., 1999).Segundo DANIELLOU (1986, p. 59), vrios estudos mostram que as pessoas

    que trabalham constantemente sob luz artificial tm menos defesas contra

    agresses microbianas; os mecanismos dessa deficincia ainda no so totalmente

    conhecidos. sempre desejvel que se permita entrada de luz natural dentro de

    um local de trabalho. No caso onde restries tcnicas incontornveis impem

    ambientes totalmente confinados, sem janelas, a composio da luz artificial dever

    ser objeto de estudos cuidadosos.Conforme Rea et al. (2000), um trabalho recente em iluminao postulou um

    mecanismo fisiolgico que pode explicar porque a luz natural melhora no

    desempenho. Trabalhos experimentais mostraram que a melatonina, o hormnio

    responsvel por regular o relgio interno biolgico, influenciado pela exposio aos

    nveis de luz tpicos da luz do dia o qual , em ordem de magnitude, acima dos

    nveis de iluminao normais dos ambientes construdos.

    A iluminao natural proporciona a quantidade e qualidade certa de luz para osistema biolgico do corpo humano. Ciclos humanos de dormir e despertar podem

    ser sincronizados pelos nveis correspondentes de exposio regular a luz do dia ou

    exposio escurido da noite. A reduo da intensidade da durao ou do tempo

    de exposio luz natural, pode na verdade contribuir para causar fadiga,

    mudanas de humor e reduzir o desempenho associado ao jet lag. Pessoas que

    passam o dia em edifcios sem luz natural podem apresentar escurido biolgica

    (biological darkness) que contribui para a reduo do desempenho. Naturalmente, a

    luz do dia deve ser projetada para anular esses efeitos nos indivduos (REA et al.,

    2000).

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    resultados de duas pessoas, ocupantes permanentes do ambiente, mostram

    diferenas impressionantes nos ajustes da iluminao, que correspondem aos ciclos

    e ao desempenho do ritmo do metabolismo individual. Isto deixa claro que os nveis

    de iluminao do interior do ambiente (os padres de hoje) so demasiado baixos

    para a estimulao biolgica. A pesquisa mdica mostrou que uma falta prolongada

    da vitamina da luz (light vitamin) pode causar problemas de sade que variam das

    dificuldades menores do sono e do desempenho aos problemas complexos de

    depresso. Isto sugere inevitavelmente, que a iluminao interna pobre a causa

    subjacente de muitos dos problemas da sade e de desempenho do trabalhador.

    Este distrbio foi nomeando como ill-lighting syndrome e pode ser identificado

    como o mecanismo fundamental que pode resultar em muitos efeitos nocivosdiferentes para a sade e o desempenho do indivduo.

    Begemann et al. (1997) sugerem que a criao de ambientes internos saudveis

    pode ajudar muito a medicina preventiva e se torna um desafio novo para a

    comunidade dos projetistas de iluminao. Principalmente para os ambientes de

    indstrias, a relevncia dos sistemas de iluminao nos ambientes internos deve ir

    de encontro com as necessidades de estimulao biolgica do ser humano, alm

    das exigncias para realizar as tarefas visuais. A falta da luz do dia pode influenciarnegativamente no estado de alerta, na agilidade e percepo do trabalhador alm de

    causar uma queda no desempenho pela alterao da qualidade do sono e o grau de

    desconforto e bem estar do indivduo.

    A etapa experimental e os primeiros resultados deste estudo foram apresentados

    na IES of Australia Conference em 1994 (BEGEMANN et al., 1994). Nesta

    conferncia mostrou-se que a anlise das caractersticas da luz do dia dentro de um

    escritrio mais complexa e dinmica do que a simples iluminncia da luz do dia noplano trabalhando. Na conferncia 1995, CIE Delhi Conference (Begemann et al.,

    1995) relatou-se nos efeitos mdios do comportamento do grupo. Um total de 96

    pessoas participaram por perodos inteiros do dia, mostrando que o comportamento

    mdio das pessoas durante o dia mostra que elas preferem seguir o ciclo da luz do

    dia em vez de um cenrio nivelado constante. Mas necessria a adio de 800 Luz

    da luz artificial ao nvel necessrio para complementar a luz do dia sobre as mesas

    nas estaes de trabalho.

    Alm disso, possvel distinguir o efeito da manh, do meio-dia e da tarde no

    indivduo atravs de instrumentos apropriados que medem, por exemplo, a

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    temperatura de corpo e os nveis de hormnio. Este efeito da hora parece ser

    influenciado pelo tempo (estado atmosfrico: chuva, vento, etc.) e pela estao.

    Estes fenmenos forneceram os primeiros indcios para a estimulao biolgica e

    no poderiam ser explicados apenas pelos efeitos visuais. O principal interesse o

    relacionamento possvel entre os efeitos do dia e do tempo (estado atmosfrico) e o

    ritmo dirio do metabolismo humano, da curva do sentido de alerta humano que

    aumenta durante a manh, em picos no meio-dia e em diminuies durante a tarde.

    Os resultados sugerem fortemente que a iluminao do ambiente preferido est

    relacionada sensibilidade individual para a qualidade da iluminao, a necessidade

    individual do sono, sincronizao do relgio biolgico e s flutuaes do grau de

    desconforto e de bem estar.

    2.11 Mtodos de Avaliao da Luz Natural

    Segundo Lamberts et al. (1997), tambm Crica et al. (2005), o mtodo do

    papel branco consiste na execuo de duas medies com um luxmetro voltado

    para uma superfcie a uma distncia de 8 a 10 cm: uma medio com a superfcie

    nua (real) Esup, e a segunda com uma folha de papel branco sobre a superfcie, Epb.

    Assumindo-se uma refletncia de 90% para o papel branco, a refletncia da

    superfcie pode ser obtida por uma relao simples:

    pbsupsup / ?E.90? = (1)

    Onde:

    ?sup a refletncia da superfcie (%)

    Esup a iluminncia refletida pela superfcie (%)

    Epb a iluminncia refletida pela superfcie com papel branco (%)

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    O mtodo do luminancmetro consiste em duas medies, uma com o

    luxmetro sobre a superfcie para medir o nvel de iluminao (E) na mesma (a

    quantidade de luz proveniente de todo o hemisfrio); a segunda feita com um

    luminancmetro (L) voltado para a superfcie a uma distncia de 10 cm (PEREIRA,

    1994, p. 33). Desta forma, a refletncia da superfcie pode ser obtida atravs da

    equao:

    /?.L? s = (2)

    Onde:?s a refletncia da superfcie (%)

    E o nvel de iluminao na superfcie medido com o luxmetro

    (quantidade de luz proveniente de todo o hemisfrio)

    L a iluminncia refletida pela superfcie medida com o

    luminancmetro em cd/m2 (candelas por m2)

    Em um bom projeto que busca o aproveitamento da luz natural, essencial o

    conhecimento sobre a disponibilidade da luz natural e a iluminncia em um certo

    ponto P no interior do ambiente construdo. Esta condio de distribuio de

    iluminncia no ambiente demonstrada pelos valores de DF, Daylight Factor

    (VIANNA et al., 2001, p. 110).

    Indicado em valores porcentuais de luz externa, o DF definido em termos

    matemticos com a razo entre a iluminncia p? iluminncia no ponto P, em um

    ponto localizado em um plano horizontal interno e a referente iluminncia E? iluminncia externa.

    Os softwaresDLN e Luz do Sol so bons instrumentos para serem utilizados

    em mtodos que avaliam a luz natural. O DLN um software criado para

    proporcionar dados sobre a disponibilidade de luz natural nos Estados Brasileiros. J

    o Luz do Sol um software criado para estimar a luz difusa proveniente do sol

    dentro do ambiente.

    O softwareDLN foi resultado da tese de doutorado desenvolvida por PauloSrgio Scarazzato na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de