angelita pereira de melo souza

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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo - Campus São Roque. Angelita Pereira de Melo Sousa ANÁLISE DO RETORNO DE INVESTIMENTOS DE DIFERENTES SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES EM GRANJAS DE SUÍNOS DO ESTADO DE SÃO PAULO São Roque 2014

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Angelita Pereira de Melo Souza. Análise do retorno de investimentos de diferentes sistemas de tratamento de efluentes em granjas de suínos do Estado de São Paulo

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Page 1: Angelita Pereira de Melo Souza

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

São Paulo - Campus São Roque.

Angelita Pereira de Melo Sousa

ANÁLISE DO RETORNO DE INVESTIMENTOS DE

DIFERENTES SISTEMAS DE TRATAMENTO DE

EFLUENTES EM GRANJAS DE SUÍNOS DO ESTADO

DE SÃO PAULO

São Roque

2014

Page 2: Angelita Pereira de Melo Souza

ANGELITA PEREIRA DE MELO SOUSA

ANÁLISE DO RETORNO DE INVESTIMENTOS DE

DIFERENTES SISTEMAS DE TRATAMENTO DE

EFLUENTES EM GRANJAS DE SUÍNOS DO ESTADO

DE SÃO PAULO

Analyze the return on investment of different wastewater

treatment systems in swine farms in the State of São

Paulo

Projeto de trabalho de conclusão de curso (TCC) submetido

ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

São Paulo, Campus São Roque, como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do Grau de Tecnólogo de

Tecnologia em Gestão Ambiental. Sob orientação do Prof. Dr.

Francisco Rafael Martins Soto e Co-orientação do Prof. Dr.

Waldemar Hazoff Jr.

São Roque

2014

Page 3: Angelita Pereira de Melo Souza

AGRADECIMENTOS

So895a Sousa, Angelita Pereira de Melo.

ANÁLISE DO RETORNO DE INVESTIMENTOS DE DIFERENTES SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES EM GRANJAS DE SUÍNOS DO ESTADO DE SÃO PAULO / Angelita Pereira de Melo Souza – São Roque, 2014.

22f., 30cm

Orientador: Prof. Dr. Francisco Rafael Martins Soto

Co-orientador: Prof. Dr. Waldemar Hazoff Jr.

TCC (graduação) – apresentada ao curso de Tecnologia de Gestão Ambiental do Instituto

Federal de São Paulo / Campus São Roque, 2014.

1. Retorno de investimentos. 2. Tratamento de efluentes. 3. Suínos. I. Souza,

Angelita Pereira de Melo. II.Título.

CDD 550

Page 4: Angelita Pereira de Melo Souza

Agradecimentos

Ao meu orientador Prof. Dr. Francisco Rafael Martins Soto, pela paciência em

me direcionar.

Ao meu Co-orientador Prof. Dr. Waldemar Hazoff Jr. sempre disponível às

minhas dúvidas.

A minha família que me suportou nos dias de angustia, marido, filhos, minha

mãe, Dona Eurídice e minha irmã Natália.

Em especial ao meu marido Márcio de Alencar, que me deu todo suporte para

meu êxito nesta jornada.

Para Fernando Gomes Correia, meu amigo, por sua contribuição na pesquisa.

Aos proprietários das granjas que me receberam com toda atenção,

esclarecendo minhas dúvidas, as quais sem suas contribuições, não seria

possível, elaborar a pesquisa.

Aos meus colegas de sala que me auxiliaram de alguma maneira:

Lucas Bruckner Soares

Magali Mendonça

Lourival Rosa

Sandra Reis

Page 5: Angelita Pereira de Melo Souza

NOME: ANGELITA PEREIRA DE MELO E SOUSA

TITULO: ANÁLISE DO RETORNO DE INVESTIMENTOS DE DIFERENTES

SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES EM GRANJAS DE SUÍNOS DO

ESTADO DE SÃO PAULO

Trabalho de conclusão de curso (TCC) submetido ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Campus São Roque, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Tecnólogo de Tecnologia em Gestão Ambiental, sob orientação do Prof. Dr. Francisco Rafael Martins Soto e co-orientação do Prof. Dr. Waldemar Hazoff Jr.

Aprovado em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. _______________________ Instituição: _____________

Julgamento: ____________________ Assinatura: _____________

Prof. Dr. _______________________ Instituição: _____________

Julgamento: ____________________ Assinatura: _____________

Prof. Dr. _______________________ Instituição: _____________

Julgamento: ____________________ Assinatura: _____________

Page 6: Angelita Pereira de Melo Souza

RESUMO

Os suinocultores que tem realizado investimentos em sistemas de tratamento de efluentes de suínos (STES) buscam muito mais contemplar questões de segurança, sanidade e de atendimento a requisitos da legislação ambiental do que investigar possibilidades de explorar economicamente os efluentes devidamente tratados. Este estudo analisou o retorno de investimentos de diferentes sistemas de tratamento de efluentes em granjas de suínos do Estado de São Paulo. Para coleta de dados foi elaborado um questionário eletrônico com perguntas abertas e fechadas aplicadas por meio de entrevistas em 37 granjas do Estado de São Paulo escolhidas aleatoriamente. Para análise de viabilidade econômica dos diferentes STES utilizou-se a Técnica de Orçamento de Capital (PAYBACK). As granjas foram divididas em quatro categorias: GEEBC- Geração de energia elétrica, biofertilizante e créditos de carbono; GEEBI- Geração de energia elétrica e biofertilizante; GEEEL- Geração de energia elétrica; SGPVA- Sem geração de produtos de valor agregado. O melhor resultado econômico foi observado na categoria GEEBC com tempo médio de retorno financeiro de nove meses e custo médio por matriz instalada (CMIM) de R$ 257,68. Observou-se que 73% dos pesquisados não exploravam o valor econômico dos efluentes tratados, mantendo seus investimentos com intuito de contemplar a legislação ambiental vigente.

Palavras chave: suínos, tratamento de efluentes, retorno dos investimentos.

Page 7: Angelita Pereira de Melo Souza

Abstract

The swine farmers have made more investments in wastewater treatment of swine (STES) systems on safety, health and fulfillment of the requirements of environmental legislation to investigate to the possibilities of economically exploit properly treated effluent. This study analyzed the return on investment of different wastewater treatment systems in swine farms in the State of São Paulo. For data collection an electronic questionnaire with open and closed questions applied through interviews on 37 farms in the State of São Paulo chosen randomly. To analyze the economic feasibility of different STES we used the technique of Capital Budget (PAYBACK). The farms were divided into four categories: GEEBC-generated electricity, biofertilizer and carbon credits; GEEBI-generated electricity and fertilizer; GEEEL-generated electricity; No SGPVA-generating value-added products. The best economic result was observed in the category GEEBC with an average Payback time of nine months and average cost per installed array (CMIM) from R$ 257.68. It was observed that 73% of respondents do not exploit the economic value of the treated effluent, keeping your investments with a view to contemplate the environmental regulations.

Keywords: swine, effluent treatment, cost benefit.

Page 8: Angelita Pereira de Melo Souza

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVO.............................................................................................10

2. MATERIAL E MÉTODO.....................................................................................................12

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................16

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................19

REFERÊNCIAS......................................................................................................................20

Page 9: Angelita Pereira de Melo Souza

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- PAYBACK dos diferentes sistemas de tratamento de efluentes em

granjas de suínos e a sua respectiva categoria.............................................................16

LISTA DE MAPAS

MAPA 1- Localização espacial das granjas de suínos analisadas no Estado de São Paulo..........................................................................................................................12

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1- Geração de produtos de valor agregado em categorias......................18

Page 10: Angelita Pereira de Melo Souza

10

1. INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

No contexto mundial observa-se avanço no consumo de carne suína em

detrimento da carne bovina, gerando resultados econômicos expressivos para os

produtores brasileiros nos últimos anos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA

INDÚSTRIA PRODUTORA E EXPORTADORA DE CARNE SUINA, 2014). Como

consequência deste crescimento, o aumento da produção de dejetos tem se tornado

um problema para o meio ambiente, devido ao seu alto potencial poluidor

(PALHARES; MIRANDA, 2007). Miranda (2007) sugeriu que a implantação de

sistemas de tratamento de efluentes suínos (STES) pode reduzir a contaminação do

solo, da água e do ar, minimizando os impactos gerados pela atividade suinícola,

bem como a possibilidade de utilização econômica dos efluentes devidamente

tratados.

A literatura apresenta como possibilidades de tratamento de efluentes mais

utilizados pelos suinocultores os biodigestores, separação de fases, compostagem,

e lagoas de estabilização. Estes tratamentos fazem uso de processos físicos,

químicos e biológicos ou pela associação dos mesmos, requerendo conhecimento

técnico associados a implantação, manutenção e operação (AMARAL et al., 2006;

MIELLE, 2011).

Nos STES que utilizam a tecnologia de biodigestores há sequestro de

carbono e produção de gás metano, biocombustível que pode ser utilizado em moto-

geradores para a produção de energia elétrica. Vendrame et al.(2005) realizaram

estudo em uma granja de suínos do Município de Mariano Moro (RS) comparando

os gastos com energia elétrica, com e sem a utilização de biodigestor. Nesta

oportunidade constataram uma economia de 45% nos gastos de energia ao se

utilizar o biodigestor.

Filho et al. (2011), Gonçalves e Marin (2007) identificaram em seus estudos a

possibilidade de transformar dejeto sólido e restos de animais em biofertilizante por

processo de compostagem. Tal proposta agrega valor à matéria prima e gera um

produto com mercado crescente e promissor.

Said e Dziedzic (2007) identificaram vantagens ambientais e econômicas do

mercado de créditos de carbono, tanto para o Brasil como para outros países.

Page 11: Angelita Pereira de Melo Souza

11

Segundo os autores este é um diferencial do Protocolo de Kyoto em relação a outros

programas ambientais, globais ou bilaterais, pois propõe um instrumento eficiente de

recuperação global do meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

O tratamento de dejetos de suínos deve oferecer segurança, sanidade,

respeito ambiental e gerar produtos de valor agregado com uma relação custo-

benefício favorável ao suinocultor (VIVAN et al., 2010).

Desta forma tem-se uma tensão entre o interesse ambiental e econômico,

sugerindo que atender os requisitos do primeiro, impõe custos de produção

adicionais que culminam na diminuição da atratividade econômica do setor. Tal

situação pode ser equacionada conseguindo-se gerar valor econômico dos efluentes

devidamente tratados, gerando receitas adicionais para os produtores e/ou

diminuído custos produtivos. Neste estudo se tem como objetivo analisar o retorno

do investimento de diferentes sistemas de tratamento de efluentes, utilizados em

granjas de suínos do Estado de São Paulo.

Page 12: Angelita Pereira de Melo Souza

12

2. MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi efetuado em 37 granjas de suínos tecnificadas de ciclo completo

do Estado de São Paulo escolhidas de forma aleatória, sendo realizada entre os

meses de outubro de 2013 a maio de 2014. A amostra foi composta por 51.030

matrizes e representou 60% do total alojado no Estado de São Paulo

(ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE CRIADORES DE SUÍNOS, 2014).

Para a coleta de dados foi elaborado um questionário eletrônico composto por

questões abertas e fechadas que buscaram caracterização das granjas que

participaram desta pesquisa, com particular atenção para as dimensões tratamento

de efluentes, custos de implantação e exploração econômica de efluentes tratados.

O questionário foi aplicado por meio de entrevistas diretamente com o gerente e ou

proprietário das granjas investigadas.

O mapa 1 localiza as granjas analisadas na região centro-leste do Estado de

São Paulo.

MAPA 1:Localização espacial das granjas de suínos analisadas no Estado de

São Paulo

Page 13: Angelita Pereira de Melo Souza

13

Para a análise de viabilidade econômica dos diferentes STES foi utilizada a

técnica de orçamento de capital (Payback). Gitman (2004) entende que esta

proposta quantifica o tempo dispendido para que o empresário recupere o valor

nominal investido. Para o autor, investimentos que demandem menor tempo de

retorno são mais atraentes do ponto de vista econômico. Tem-se como desafio

levantar dados financeiros que permitam compor o fluxo de caixa do investimento

identificando custos, despesas e receitas geradas ao longo da vida útil dos

equipamentos utilizados. Nesta pesquisa considerou-se que a vida útil dos

equipamentos é de 240 meses, considerando-se custos de manutenção,

depreciação e mão de obra. As granjas investigadas foram divididas em quatro

categorias considerando-se o tipo e destinação dos efluentes tratados. Desta forma

teve-se como categorias:

a) GEEBC- Geração de energia elétrica, biofertilizante e créditos de carbono.

S II IM NM GE B RCE RT PB

Biodigestor 4.406.328,00 257,68 17.100 139.500,92 226.212,48 100.533,31 466.246,71 9,45

S- Sistema; II- Investimento Inicial; IM- Investimento Médio; NM- Número de matrizes; GE- Geração de energia; B- Biofertilizante; RCEs- Reduções certificadas de emissões; RC- Receita total; PB- Payback.

b) GEEBI- Geração de energia elétrica e biofertilizante.

S

II

IM

NM

GE

B

RT

PB

Biodigestor 2.022.788,00 257,68 7.850 74.039,84 103.846,08 177.885,92 11,4

S- Sistema; II- Investimento Inicial; IM- Investimento Médio; NM- Número de matrizes; GE- Geração de energia; B- Biofertilizante; RC- Receita total; PB- Payback.

c) GEEEL- Geração de energia elétrica.

S II IM NM RT PB

Biodigestor 1.886.217,60 257,68 7.320 60.819,56 31,6

S- Sistema; II- Investimento Inicial; IM- Investimento Médio; NM- Número de matrizes; RT- Receita total; PB- Payback.

Page 14: Angelita Pereira de Melo Souza

14

d) SGPVA- Sem geração de produtos de valor agregado.

S II IM R NM P F

Lagoas 1.967.266,78 114,58 zero

17.170 IRRIG. LOD. ARMAZ.

S- Sistema; II- Investimento Inicial; IM- Investimento Médio; R- Receita; NM- Número de matrizes; P-

Possibilidade; F- Finalidade.

Os STES classificados como sem produção de produtos de valor agregado

(SGPVA) representaram 37% das matrizes avaliadas, que posteriormente utilizavam

o biofertilizante armazenado nas lagoas, para a adubação de pastagem ou cultivos

agrícolas ou ainda utilizavam o gás metano produzido como fonte de energia elétrica

ou térmica. A atividade encontra outros entraves como: por ser uma atividade

econômica primária, a suinocultura não comportam em sua matriz de custos, altos

investimentos em gestão ambiental, bem como investimentos necessários para

absorver tecnologias desenvolvidas com vistas ao segmento industrial e ainda a

concepção de alguns produtores que interpretam o tratamento dos dejetos como

uma etapa fora do processo produtivo (BLEY, 2002).

Para execução dos cálculos do Payback houve a necessidade de conversão

dos produtos gerados (energia elétrica, biofertilizantes e créditos de carbono) em

valores monetários, bem como identificar a quantidade de efluentes gerados. Para

tal propósito foram considerados:

Para determinar o volume médio de efluente produzido diariamente nos diferentes

STES considerou-se o valor de 0,08 m3 por matriz instalada em cada STES avaliado,

que resultaria mensalmente, para uma granja de suínos de ciclo completo com 1.000

animais ou 100 matrizes representa a produção de 240 m3 de efluentes (AMARAL et

al., 2006).

a) O custo de investimento nos STES que possuíam somente lagoas de estabilização e

não produziam produtos de valor agregado foram estimados a partir de simulações

efetuadas por Higarashi et al., (2007) e a respectiva quantidade de dejetos

produzidos por mês em metros cúbicos (m3) nas granjas avaliadas.

b) Para os STES que produziam e transformavam biogás em energia elétrica foram

considerados os valores médios diários de produção de biogás de 0,799

Page 15: Angelita Pereira de Melo Souza

15

m3(SANTOS, 2000), por matriz instalada e para cada m3 de biogás produzido a

produção média de 1,43 kWh/dia (SOUZA et al.,2010).

c) Para efetuar os cálculos de conversão em reais (R$) do biogás transformado em

energia, foi utilizado o valor médio cobrado por kWh/dia das concessionárias de

energia elétrica do Estado de São Paulo referente ao mês de maio de 2014, que foi

de R$ 0,238 (AES, ELETROPAULO, 2014).

d) Os STES que produziam e comercializavam biofertilizante na forma sólida foi

considerada a produção mensal média de 50,88 Kg por matriz instalada (SOTO et

al., 2007) e o custo médio de comercialização de R$ 0,26 por Kg, referente ao mês

de maio de 2014.

e) Para granjas que geraram créditos de carbono foram considerados os seguintes

itens: composição média do gás, originária do dejeto suíno: CH4= 70%, CO2= 25%,

Outros gases= 5%, toneladas por m³, cotação do dólar referente ao dia 11 de junho

de 2014, US$1 = R$2,23, e venda a US$15,00, valor médio pago, para cada

tonelada de créditos de carbono negociada, adaptada de Alves e Andrade (2002).

f) O custo de investimento inicial dos STES que possuiam biodigestor foi baseado em

estudos conduzido por Cervi et al., 2010, onde o CMIM de um STES foi de

R$ 257,68 por matriz instalada.

Para calcular o Payback foi necessário antes efetuar o cálculo da quantidade de

biogás que cada matriz em média, gerava por dia, posteriormente foi realizado um

balanço energético, por m3, em seguida o balanço foi atualizado para tarifa de

energia atual da concessionária do Estado de São Paulo. Enquanto o biofertilizante

e os créditos de carbono foram calculados a partir do preço de venda, do mercado

interno e externo. Com as considerações acima, foi possível identificar a quantidade

de biogás que cada matriz gerava em média por dia, um dos fatores importantes

para viabilidade dos cálculos, resolvidos com operações da multiplicação e divisão.

Page 16: Angelita Pereira de Melo Souza

16

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na tabela 1 estão apresentados os resultados obtidos para as 37 granjas

investigadas considerando o número de granjas por categoria classificatória (No),

número médio de matrizes por granja (NMG), matrizes avaliadas (MAV), custo médio

de investimento por matriz em reais (CMIM) e o tempo médio de retorno do

investimento (Payback) medido em meses.

TABELA 1- Payback dos diferentes sistemas de tratamento de efluentes em granjas

de suínos e a sua respectiva categoria.

Categoria N° NMG MAV CMIM PAYBACK(meses)

GEEBC 04 4275 17100 257,68 9,45

GEEBI 03 2617 7850 257,68 11,4

GEEEL 03 2440 7320 257,68 31,6

SGPVA 27 695 18760 114,57 SRF

Total 37 - 51030 - - GEEBC- Geração de energia elétrica, biofertilizante e créditos de carbono; GEEBI- Geração de energia elétrica e biofertilizante, GEEEL- Geração de energia elétrica, SGPVA- Sem geração de produtos de valor agregado, N°- número de granjas, NMG- número médio de matrizes por granja, MAV- Matrizes avaliadas, CMIM- Custo médio de investimento por matriz, PAYBACK- Técnica de orçamento de capital e SRF- Sem retorno financeiro.

Do total avaliado, 27,02% dos STES geraram de um a três produtos de valor

agregado sendo que os demais não exploravam economicamente os efluentes

tratados, realizando investimentos apenas para contemplar a legislação ambiental

vigente. Para os que exploravam economicamente os efluentes teve-se o Payback

variando entre 9,45 a 31,6 meses. Tiveram-se os melhores resultados econômicos

na categoria GEEBC com Payback de nove meses e custo médio de investimento

por matriz (CMIM) de R$257,68.

Estes resultados foram adaptados de um estudo conduzido por Cervi et al.,

2010, onde o CMIM de um STES na categoria GEE foi de R$ 257,68 e haveria

viabilidade econômica se o consumo de energia elétrica fosse de 35 kWh por dia e

TIR de 9,34% ao ano. Para Coldebella (2006) o custo de m³ de biogás produzido na

propriedade e convertido em energia elétrica relaciona-se diretamente com a

capacidade de produção de biogás em função do investimento necessário. Assim, a

utilização do sistema durante 10 h diárias gera custos de R$ 0, 063/m3 de biogás,

significativamente mais baixo do que uma tarifa de energia elétrica de R$ 0,30 kWh.

Considerando-se as economias geradas o autor estimou que o retorno do

investimento ocorresse em 2,7 anos quando da utilização simultânea do motor-

Page 17: Angelita Pereira de Melo Souza

17

gerador de energia elétrica durante 10 h dia e da moto-bomba durante 12 h dia para

a aplicação do biofertilizante em pastagens.

Esperancini et al. (2007) analisaram a viabilidade de implantação de dois

biodigestores em assentamentos rurais com uso de dejetos animais, um para o

fornecimento de energia para os domicílios, e outro para as atividades produtivas. O

período de recuperação do investimento foi de 2,5 anos e 11 meses, para a

utilização de biogás nos domicílios e nas atividades de produção, respectivamente.

Soto et al. (2007), investigaram o emprego de um sistema de tratamento de

dejetos e carcaças de suínos em uma granja do Estado de São Paulo que previa a

separação e a utilização da fração sólida do efluente e de carcaças de suínos para o

processo de vermicompostagem. O sistema testado permitiu a produção anual de

394 toneladas de húmus de minhoca e 229 toneladas de lodo em pó, conferindo

uma produção anual média de 103,8 toneladas de adubo orgânico. O valor médio

por tonelada comercializada tanto do húmus de minhoca como do lodo foi de

R$ 150,00, gerando uma receita anual de R$ 15.570,00, o que possibilitou a criação

de dois empregos diretos na propriedade mostrando que o sistema implantado foi

economicamente viável com retorno financeiro e baixo custo operacional.

Na categoria GEEEL, o resultado para o Payback foi superior quando

comparados com as categorias GEEBC e GEEBI. Evidenciou-se que quanto maior

for número de matrizes por granja e a geração de produtos de valor agregado por

STE mais vantajoso será o investimento, com a relação custo benefício mais

favorável.

No gráfico 1 estão evidenciadas as granjas em categorias, representando 14% das

matrizes avaliadas, que geraram energia elétrica e biofertilizante, 15% das matrizes

avaliadas, geraram somente energia elétrica.

Já 34% das matrizes avaliadas, geraram energia elétrica, biofertilizante e créditos de

carbono, são grandes produtores, que investem em novas tecnologias, desde o

nascimento ate o abate do suíno, outro fator importante para o investimento em

novas tecnologias é o pré-requisito de vendas para exportação.

Page 18: Angelita Pereira de Melo Souza

18

GRÁFICO 1- Geração de produtos de valor agregado em categorias.

FONTE: elaborado pelos autores, 2014.

Para 37% das matrizes que não geraram produtos de valor agregado,

observou-se durante a pesquisa, que se trata de pequenos produtores, cujo

investimento é inviabilizado, devido o custo elevado e a falta de incentivo fiscal, além

da resistência às novas tecnologias disponíveis, por parte dos produtores.

Na categoria SGPVA, apesar do CMIM ter sido significativamente inferior,

quando comparado com as categorias GEEBC, GEEBI e GEEL, não houve a

produção de produtos de valor agregado e, portanto, sem retorno financeiro do

investimento. Ademais, estes STES possuem limitações ambientais, principalmente

pelo fato da sua capacidade reduzida de sequestro de carbono e consequente

destino e tratamento adequado, dos dejetos de suínos produzidos nas granjas

(AMARAL et al., 2006; MIELLE, 2011).

Page 19: Angelita Pereira de Melo Souza

19

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados obtidos e nas condições que foi efetuado o trabalho,

conclui-se que:

O resultado econômico com a melhor relação custo benefício foi do STES na

categoria GEEBC com Payback de nove meses. Deve se ressalvar, contudo, que a

maior influência para o retorno do investimento rápido é a eficiência do sistema

associada ao número de matrizes, que gerou uma maior possibilidade de produtos

de valor agregado.

Na categoria GEEEL, o Payback foi superior quando comparados com as

categorias GEEBC e GEEBI. Apesar da quantidade de matrizes serem semelhante à

categoria GEEBI, a categoria GEEEL deixa de utilizar todo seu potencial na geração

de produtos de valor agregado, por isso o Payback foi superior às outras categorias.

Na categoria SGPVA, apesar do CMIM ter sido significativamente inferior

quando comparado com as categorias GEEBC, GEEBI e GEEL, não houve retorno

financeiro do investimento. Embora entre as granjas pesquisadas, que não obteve

ganhos financeiros diretos, lagoas e esterqueiras, pode-se identificar a possibilidade,

destes ganhos, através da compostagem, uso do lodo e irrigação com redução de

custos, além dos ganhos ambientais e sanitários.

Page 20: Angelita Pereira de Melo Souza

20

5. REFERÊNCIAS

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Page 21: Angelita Pereira de Melo Souza

21

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