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DILIGÊNCIA DO PSICOLOGO HOSPITALAR NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL DILIGENCE OF HOSPITAL PSYCHOLOGIST IN THE NEONATAL INTENSIVE THERAPY UNIT Iasmin Monteiro Soares – [email protected] Graduanda de Psicologia – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Prof. Orientador José Ricardo Garcia – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium [email protected] RESUMO A figura do psicólogo no âmbito hospitalar faz-se de grande necessidade nesses espaços, pois representa uma figura humanizadora que busca levar o cuidado humanizado para os meios hospitalares, propiciando um lugar de sujeito que fora retirado do paciente em estado de internação. Este paciente perde sua identidade como sujeito, tornando-se o enfermo que o mesmo carrega ou número do leito com o qual encontra-se internado. Desta maneira, o paciente não é lembrado pelo seu nome, suas características e/ou por sua história. Todavia, a psicologia faz o resgate desta identidade, dando voz a subjetividade do paciente através da palavra, cuidado e acolhimento, restituindo o seu lugar como um indivíduo de necessidades e vontades com o qual o meio hospitalar se encarrega de confiscar. O presente artigo tem como objetivo principal o relato sobre o estágio em Psicologia Hospitalar realizado em um hospital Santa Casa de Lins, interior de São Paulo, desenvolvido no setor da unidade de terapia intensiva neonatal da instituição no ano de 2019. Foram realizados atendimentos às sextas-feiras e discutido os casos em supervisão clínica na instituição do Unisalesiano de Lins-SP, exercendo a relação teórico-prática vivenciada pelos estagiários, propiciando um olhar clínico mais crítico e aprofundado. Por meio deste trabalho, buscou-se abordar sobre os sentimentos e pensamentos que permeiam a UTI neonatal,

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CANAIS DE MARKETING

DILIGÊNCIA DO PSICOLOGO HOSPITALAR NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL

DILIGENCE OF HOSPITAL PSYCHOLOGIST IN THE NEONATAL INTENSIVE THERAPY UNIT

Iasmin Monteiro Soares – [email protected]

Graduanda de Psicologia – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Prof. Orientador José Ricardo Garcia – Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – [email protected]

RESUMO

A figura do psicólogo no âmbito hospitalar faz-se de grande necessidade nesses espaços, pois representa uma figura humanizadora que busca levar o cuidado humanizado para os meios hospitalares, propiciando um lugar de sujeito que fora retirado do paciente em estado de internação. Este paciente perde sua identidade como sujeito, tornando-se o enfermo que o mesmo carrega ou número do leito com o qual encontra-se internado. Desta maneira, o paciente não é lembrado pelo seu nome, suas características e/ou por sua história. Todavia, a psicologia faz o resgate desta identidade, dando voz a subjetividade do paciente através da palavra, cuidado e acolhimento, restituindo o seu lugar como um indivíduo de necessidades e vontades com o qual o meio hospitalar se encarrega de confiscar. O presente artigo tem como objetivo principal o relato sobre o estágio em Psicologia Hospitalar realizado em um hospital Santa Casa de Lins, interior de São Paulo, desenvolvido no setor da unidade de terapia intensiva neonatal da instituição no ano de 2019. Foram realizados atendimentos às sextas-feiras e discutido os casos em supervisão clínica na instituição do Unisalesiano de Lins-SP, exercendo a relação teórico-prática vivenciada pelos estagiários, propiciando um olhar clínico mais crítico e aprofundado. Por meio deste trabalho, buscou-se abordar sobre os sentimentos e pensamentos que permeiam a UTI neonatal, visando um novo olhar, como um local de cuidado e acolhimento, com o intuito de propiciar o progresso da saúde do paciente e suporte aos familiares, bem como, ressaltando a importância de um atendimento humanizado. Portanto, por meio deste artigo buscou-se contextualizar a prática do psicólogo no hospital e explanar a experiência vivida em campo.

Palavras-chave: Psicologia hospitalar. UTI neonatal. Humanização.

ABSTRACT

The figure of the hospital psychologist is of great need in these spaces, as it represents a humanizing figure that seeks to bring humanized care to hospital environments, providing a place of subject that had been removed from the patient in a state of hospitalization. This patient loses his identity as a subject, becoming the patient he carries or number of the bed with which he is hospitalized. This way, the patient is not remembered by his name, his characteristics and / or his history. However, psychology rescues this identity, giving voice to the subjectivity of the patient through word, care and welcome, restoring his place as an individual of needs and wants with which the hospital is in charge of confiscating. This article has as main objective the report about the internship in Hospital Psychology held in a Santa Casa de Lins hospital, in the interior of São Paulo, developed in the sector of the neonatal intensive care unit of the institution in the year 2019. -fairs and discussed cases in clinical supervision at the institution of Unisalesiano de Lins-SP, exercising the theoretical-practical relationship experienced by the trainees, providing a more critical and in-depth clinical look. Through this work, we sought to address the feelings and thoughts that permeate the neonatal ICU, aiming at a new look, as a place of care and welcoming, in order to provide the progress of patient health and support to family members, as well as as, emphasizing the importance of humanized care. Therefore, this article sought to contextualize the practice of the psychologist in the hospital and to explain the experience lived in the field.

Keywords: Hospital psychology; Neonatal ICU; Humanization.

INTRODUÇÃO

O surgimento de hospitais e hospitium vem do latim hospes, que significa hóspede/convidado. Em que abrigavam pessoas enfermas e pobres, realizando atividades de cuidados para com esses indivíduos, não somente para cuidado a saúde, mas um cuidado através de familiares, freiras, curandeiros, dentre outros. (FONSECA, 2016).

Segundo Stenzel, Zancan e Simor (2012) o ambiente hospitalar é um lugar cercado de tensão, incertezas e medos, provocando sentimentos negativos no acamado, necessitando que o paciente passe por um processo de adaptação, esse processo gera uma reação distinta em cada pessoa, essa reação gera grande conflitos na vida do paciente, desestabilizando sua rotina e marcando sua vida na instituição hospitalar.

O surgimento das Santas Casas ocorreu em Paris, chamado Hôtel-Dieu significando Casa de Deus. Denominação dada pelos franceses, sendo hospitais sem ligação religiosa, sendo dirigida por uma administração leiga. Os cuidadores eram mulheres solteiras, virgens e viúvas, cuidando de sujeitos de classe inferior, já que os mesmos não tinham recursos para pagar médicos particulares em suas residências. Portugal adotou esse modelo de atendimento, chamando essas unidades de Misericórdias. A criação das Santas Casas de misericórdias aconteceu em Portugal, através da Rainha Leonor de Lancastre, em 1498, com o intuito principal de tratamento aos enfermos, patrocinar os presos, socorrer os indivíduos necessitados e cuidar dos órfãos. (SILVA, 2017, apud SILVA, 2011).

Silva (2017) citado por Silva (2011) discorrem que a criação das Santas Casas de Misericórdias se espalhou por vários países, assumindo o lugar de cuidado. A primeira Santa Casa no Brasil foi fundada no ano de 1543, em São Vicente, autor foi o português Bráz Cubas. No ano de 1560, criou-se a Misericórdia de São Paulo dos Campos de Piratininga. Surgindo logo após em outros lugares do país, como Bahia; Espirito Santo, Rio de Janeiro, entre outras cidades, dando suporte e apoio a saúde aquele de socioeconômica baixa do país.

A Santa Casa de Misericórdia de Lins deu inicio em 1923, sendo reconhecida como ponto de referência de atendimento hospitalar em Lins e região, entretanto passou por grandes ameaças a sua continuidade de serviços, por conta de problemas administrativos, sendo decretada uma intervenção administrativa na instituição. (SANTOS; ANDREOTI, 2014).

No ano de 2011, depois de pedidos de prefeitos de várias cidades e da Secretaria de Estado de Saúde, sendo assim assumiu a administração da instituição a Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus. A Santa Casa de Misericórdia de Lins tem por objetivo oferecer serviço e apoio a saúde a população, propiciando serviço humanizado, integral e de qualidade a todos usuários do SUS. (SILVA, 2017).

Souza e Pegoraro (2017) discorrem que o atendimento ao recém-nascido deu inicio no século XX, já que apresentava morbidade e mortalidade, criando assim berçários. Na época os bebês que apresentavam algum tipo de infecção eram isolados, não apoiando a prática de visitas familiares, por considerar que poderiam ser uma via de infecção para o restante do hospital. Surgindo então as UTIs neonatais com o intuito de cuidar melhor desses pacientes mais graves.

Atualmente, as UTIs neonatais caracterizam-se por receber pacientes na faixa etária de zero a dois meses de idade, nascidos pelo menos a partir da 23ª semana de gestação. Em sua maioria, as internações são feitas imediatamente após o parto, sendo menor o número de internações de pacientes que passaram um pequeno período em casa. ( Valansi e Morsch, 2004, p.2)

De acordo com Souza e Pegoraro (2017) a equipe de UTIN é responsável pelos cuidados dos pacientes e de seus familiares. Os profissionais sempre preparados e treinados como, médicos pediatras, oftalmologistas, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fonoaudiólogos, nutricionistas, técnicos de enfermagem, e os profissionais que o setor necessita 24 horas por dia neonatologistas e obstetras.

Segundo Souza e Pegoraro (2017), desde 25 de agosto de 1999 a lei garante que os familiares nas UTIs neonatais tenham acesso ao atendimento psicológico, pela Portaria MS/GM/1091, que dá parâmetros para normas e critérios de inclusão de cuidados de apoio referente à neonatal no SUS, garantindo então ao direito de um psicólogo hospitalar.

De acordo com Stenzel Zancan e Simor (2012) A psicologia hospitalar no Brasil se deu na década de 50, mais precisamente em 1954, implantando o primeiro serviço de psicologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da universidade de São Paulo, através de Matilde Neder.

Souza e Pegoraro (2017) ressaltam que o psicólogo hospitalar conquistou grandes progressos no âmbito hospitalar. O Trabalho do Psicólogo hospitalar se tornando cada vez mais frequente nas áreas da Pediatria, Obstétrica, Traumatológica, Cirurgias, dentre outras. Sendo assim o objetivo principal do profissional de Psicologia diminuir o sofrimento gerado pela internação, dando suporte psicológico para o paciente e família.

Para Stenzel Zancan e Simor (2012) o âmbito hospitalar era visto como mais um lugar de atendimento psicológico clínico, e não como um campo especifico de conhecimento. Inicialmente a psicologia hospitalar era destinada somente ao atendimento clínico, mas ao longo dos anos e a atuação da psicologia foi ampliando cada vez mais, assumindo áreas voltadas para trabalho e institucional, até ser reconhecida e configurada como Psicologia Hospitalar.

A EXPERIÊNCIA VIVIDA

O estágio de ênfase profissional foi realizado na Santa Casa de Misericórdia da cidade de Lins, em que atende a população de Lins e região, se enquadrando no nível secundário sendo um hospital geral de média complexidade, atendendo urgências e emergências no pronto-socorro, possuindo a área de ginecologia, maternidade, pediatria, UTI, centro cirúrgico, enfermaria e UTI neonatal, esta que se encontra no segundo andar, onde foram realizados os atendimentos em estágio de psicologia hospitalar. Os atendimentos visam uma intervenção breve e focal com os familiares, um trabalho de propiciando o acolhimento, atendimento humanizado e escuta qualificada.

Segundo Fonseca (2016) a Unidade de Tratamento Intensiva Neonatal conhecida também como UTIN, é um lugar de atendimento ao bebê, sendo de extrema relevância o apoio psicológico aos familiares. O profissional de Psicologia busca auxiliar a mãe e o pai nesse processo tão conflituoso que é a hospitalização precoce do recém-nascido, dando apoio e criando junto à família formas de enfrentamento para situação vivida. E assim, dando espaço para um acolhimento, exteriorização de angústias, medo dentre outros elementos psíquicos emergentes da internação.

Valansi e Morsch (2004) ressaltam que um cuidado mais humanizado, utilizando como ferramenta na UTIN a metodologia canguru, cuidados nos manuseios e respeito ao nível de maturidade do bebê, está sendo inseridos com sucesso e ótimos resultados. Reforçando que programas de apoio e atenção especial nesse momento são de grande relevância, tanto para o momento evolutivo do bebê quanto às questões psíquicas que envolvem a internação, sendo vivenciadas durante os atendimentos essas questões emocionais.

Um dos atendimentos foi realizado com a mãe de um paciente recém-nascido internado por infecção após três dias de nascimento. A mesma foi atendida poucas horas após a internação, apresentando um misto de melancolia e histeria, se mostrando muito queixosa e chorando incessantemente, enfrentando as primeiras horas de separação de seu filho, gerando diversos sentimentos e emoções, como medo, angustia e frustração. Foram abordadas com a mãe questões voltadas para relação mãe-bebê e as limitações causadas pela internação, com o intuito que a mesma conseguisse uma melhor elaboração da situação.

Ao longo do atendimento a paciente sentiu-se à vontade para expor suas angústias e sofrimento, relatando: “estou muito preocupada, fui pega de surpresa, mas estou me tranquilizando, entretanto estou bastante cansada, já que não me alimento e nem descanso direito há três dias”. Sendo necessário apoio psicológico com a mesma, já que demonstrava grande sofrimento psíquico a cerca da circunstância.

De acordo com Soares (2018) o psicanalista trabalha no âmbito hospitalar com o intuito de dar apoio à mãe, para que a mesma tenha suporte psicológico para que consiga cuidar de seu bebê. Sendo ressaltada nos atendimentos a importância do vínculo mãe-bebê, tanto para uma melhor vinculação como progresso na situação de saúde do recém-nascido, abordando a relevância de um ambiente que facilite o progresso do recém-nascido.

Assim como Soares (2018) destaca que a mãe precisa propiciar um ambiente facilitador para o desenvolvimento do bebê, promovendo um ambiente confiável, sendo de grande relevância o papel materno, chamando-a de mãe-ambiente, já que a mesma é vista como figura de cuidado e vínculo forte para com a criança.

O medo é um elemento presente na UTIN, já que ao se deparar com a noticia de separação, emergem um turbilhão de sentimentos a cerca da situação, buscando trazer acolhimento e maiores informações que esclareçam e sanem as duvidas e angustias.

Em outro atendimento uma mãe adolescente de um bebê prematuro que estava internada há dois meses na neonatal, trouxe em seu relato que sempre sentia grande medo de perder seu filho, ao decorrer da intervenção psicológica a mãe do recém-nascido se mostrou mais receptiva e comunicativa, mostrando seu bebê para terapeuta, se mostrando mais aberta ao atendimento e relatando sobre a situação, a mesma disse que após observar o funcionamento do setor viu a UTIN com outros olhos e que se sentia mais tranquila, e que dizia que "o pior já tinha passado, mesmo com medo, vimos que aqui está sendo bem cuidado".

De acordo com Hanus (2006) apud Cabral e Levandowski (2013), o próprio processo terapêutico funcionaria como um promotor de resiliência, no entanto, o paciente que passou ou está passando por um momento traumático não poderá ser mudado, mas o impacto desta poderá ser ressignificada.

A vida e a morte permeiam esse ambiente, sendo difícil de ser falado sobre, já que é visto como um assunto difícil, principalmente para os familiares, mas que se julga ser necessário abordar sobre. Fonseca (2016) ressalta que se deve pensar sobre os desafios enfrentados pelos pais e familiares nesse ambiente, já que em uma unidade hospitalar busca propiciar e cuidar da vida, a esperança e a confiança, mas que existe e é presente o medo de perder, o medo de não se ter, o medo da morte e com ela os sentimentos de fracasso e frustração enquanto mãe e pai desse bebê, a impotência e a culpa advinda desses conflitos, levando em conta o processo da desconstrução e reconstrução do filho ideal e o real.

Os atendimentos basearam-se na psicoterapia breve, trabalhando de maneira a diminuir o sofrimento psíquico provindas da hospitalização, por meio do acolhimento, escuta qualificada, autocuidado, exteriorização de sentimento dentre outros.

O SUJEITO NO HOSPITAL E A INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA

De acordo com Carbonar et al., (2018) a UTI é rodeada por diversos sentimentos e sensações, provocando no paciente e familiares, a presença do medo e tensão em torno da ideia de morte, o profissional da psicologia trabalha como um apoio, um agente propulsor de conscientização e amenizador de sofrimento, trabalhando os elementos psíquicos que rodam o ambiente hospitalar. Necessitando que o profissional da saúde trabalhe de forma delicada e com um olhar humanizado, já que a linha que liga a vida e a morte é tênue e que esse lugar é um local de incertezas e inseguranças, podendo vir ao falecimento.

De acordo com Rodrigues, Macedo e Vaz (2018) a mãe ao vivenciar a internação de seu filho na UTIN, se depara com um misto de reações e sentimentos como a esperança, euforia, confiança, adaptação e aceitação, e sentimentos negativos também presentes como, raiva, tristeza, medo, angustia, insegurança, espanto, apreensão e revolta. Ao se deparar com a necessidade de internação, a mulher que investiu libidinalmente se esbarra novamente na angústia de castração, em que seu objeto é retirado de si, gerando consequentemente sofrimento psíquico.

Rodrigues, Macedo e Vaz (2018) acreditam que a maternidade está ligada a representação do papel da mulher na sociedade como algo desejado ou imposto. Sendo entendida como múltiplo os papeis da mulher na contemporaneidade que é a maternidade. A maternidade traz consigo diversas mudanças na vida da mulher, e essas mudanças iniciam logo ao saber da gestação, entretanto a maternidade no âmbito hospitalar gera angústia, principalmente quando é vivida na UTI neonatal. A mãe se depara com expectativas e impasse de separação com o recém-nascido por conta do quadro clínico, gerando impacto na maternidade adiada ou vista como impedida.

Barros e Trindade (2007) apud Rodrigues, Macedo e Vaz (2018) afirmam que a presença de um Psicólogo na UTI neonatal é de grande relevância, de maneira a ouvir e acolher os pais, respeitando e levando em conta cada vivência, dando lugar a subjetividade de cada familiar. O psicólogo atua como uma ponte, trabalhando a vinculação da família com o bebê, buscando colher e trabalhar em conjunto com a equipe multidisciplinar, levando em conta as expectativas e angústias, auxiliando no processo de internação, propiciando um ambiente mais acolhedor e humanizado.

O acolher, aspecto essencial da politica de humanização, implica recepção da mulher, desde sua chegada à unidade de saúde, responsabilizando-se por ela, ouvindo suas queixas, permitindo que ela expresse suas preocupações, angústias, garantindo atenção resolutiva e articulação com os outros serviços de saúde para continuidade da assistência, quando necessário. (BRASIL, 2006, p. 15).

Segundo Carbonar et al, (2018), ressaltam que humanizar tem como sentindo não só o ser humano, mais tornar-se cada vez mais humano nas relações, em toda área que o indivíduo atua, social, pessoal e hospitalar. Sendo assim, o trabalho do psicólogo hospitalar atua com o intuito de propiciar apoio e acolhimento, entretanto enfrentam diversos empecilhos que dificultam seu trabalho, como a necessidade de adaptação ao ambiente hospitalar e a proximidade dos trabalhos da equipe de saúde, já que por diversas vezes precisa se juntar e trabalhar com a equipe, formando uma ponte entre os enfermos e profissionais.

Lima e Fernandes (2018) destacam que o analista no hospital procura se atentar a várias situações recorrentes ao âmbito hospitalar, que impossibilitam e afastam o terapeuta de seu setting, ocasionando em atendimentos em diversos lugares do hospital, possibilitando que o setting ocorra fora da zona de conforto, possibilitando que ele seja estabelecido em um ambiente hospitalar, como por exemplo, os corredores e leitos, dando ênfase principalmente ao paciente.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a presença e o trabalho do profissional de Psicologia são de extrema importância e relevância para o processo de internação, trabalhando como um agente facilitador, promovendo atendimentos humanizados e acolhedores no âmbito hospitalar.

Durante as intervenções, foi possível perceber uma melhor atuação no campo da psicologia hospitalar por meio da articulação teórico-prático, sendo considerada a base teórica de extrema importância para um bom atendimento, trabalhando com o intuito de lapidar o olhar clínico, desenvolvendo senso crítico e apurado, por meio das experiencias vivenciadas que são norteadoras e significativa para o psicólogo.

A propostas dos atendimentos foram de propiciar um local para dar voz a subjetividade de cada indivíduo atendido, proporcionando um espaço livre de julgamentos e criticas, bem como, um local de acolhimento e compreensão, possibilitando a ressignificação de muitos elementos internos, possibilitando assim, a exteriorização do sofrimento psíquico.

O trabalho do psicólogo hospitalar é de suma importância para os pacientes em estado de internação, para os familiares acompanhantes, como também para a instituição, visando à minimização do sofrimento psíquico do indivíduo hospitalizado e propiciando a harmonia e interação positiva entre a equipe de saúde e pacientes, uma vez que foi possível perceber no estágio como é significativa a presença do profissional de psicologia como uma ponte de ligação entre todos envolvidos.

REFERÊNCIAS

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