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ARTIGOS 58 ISSN 2238-0205 Geograficidade | v.3, Número Especial, Primavera 2013 COMUNICANDO E REPRESENTANDO: MAPAS COMO CONSTRUÇÕES SOCIOCULTURAIS Communicating and representing: maps as socio-cultural constructions Salete Kozel 1 1 Professora Adjunta do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). [email protected]. Centro Politécnico, Jardim das Américas, Caixa postal 19011, Curitiba, PR. 81530-990. RESUMO Objetivando desvendar os mapas como produtos culturais, apresentamos neste artigo a reflexão sobre a construção de imagens como decorrentes da apreensão dos significados e subjetividades espaciais, refletindo a compreensão sociocultural dos indivíduos que as produzem. Trilhar por esse caminho significa desvendar os marcos significativo das representações e associá-los aos aspectos socioculturais. Objetivando discutir os mapas como construções socioculturais, encaminhamos a reflexão em dois eixos: As imagens como meios de informação e comunicação constituindo a trajetória trilhada pelas representações cartográficas (modelização, semiologia, cognição e sócio-semiótica) e a construção das imagens decorrentes da apreensão dos significados e subjetividades referendadas pelos mapas mentais. Palavras-chave: Mapas. Representação. Mapas mentais. Construções socioculturais. ABSTRACT Aiming to unveil maps as cultural products, in this article, we reflect about the construction of images resulting from the apprehension of meanings and spatial subjectivities, reflecting the sociocultural understanding of the individuals that produced them. Following this path means unveiling the significant marks of the representations and link them to sociocultural aspects. Aiming to discuss maps as sociocultural constructions, we present our reflections in two lines: the image as means of information and communication that constitutes a trajectory through cartographic representations (modeling, semiology, cognition and social semiotics) and the construction of images as a result of the apprehension of the signified and the subjectivities attested by mental maps. Keywords: Maps. Representation. Mental maps. Sociocultural constructions.

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Comunicando e representando: mapas como construções socioculturaisSalate Kosel

Geograficidade | v.3, Número Especial, Primavera 2013

COMUNICANDO E REPRESENTANDO: MAPAS COMO CONSTRUÇÕES SOCIOCULTURAISCommunicating and representing: maps as socio-cultural constructions

Salete Kozel1

1 Professora Adjunta do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). [email protected]. Centro Politécnico, Jardim das Américas, Caixa postal 19011, Curitiba, PR. 81530-990.

RESUMO

Objetivando desvendar os mapas como produtos culturais, apresentamos neste artigo a reflexão sobre a construção de imagens como decorrentes da apreensão dos significados e subjetividades espaciais, refletindo a compreensão sociocultural dos indivíduos que as produzem. Trilhar por esse caminho significa desvendar os marcos significativo das representações e associá-los aos aspectos socioculturais. Objetivando discutir os mapas como construções socioculturais, encaminhamos a reflexão em dois eixos: As imagens como meios de informação e comunicação constituindo a trajetória trilhada pelas representações cartográficas (modelização, semiologia, cognição e sócio-semiótica) e a construção das imagens decorrentes da apreensão dos significados e subjetividades referendadas pelos mapas mentais.

Palavras-chave: Mapas. Representação. Mapas mentais. Construções socioculturais.

ABSTRACT

Aiming to unveil maps as cultural products, in this article, we reflect about the construction of images resulting from the apprehension

of meanings and spatial subjectivities, reflecting the sociocultural

understanding of the individuals that produced them. Following this

path means unveiling the significant marks of the representations

and link them to sociocultural aspects. Aiming to discuss maps as

sociocultural constructions, we present our reflections in two lines: the

image as means of information and communication that constitutes a

trajectory through cartographic representations (modeling, semiology,

cognition and social semiotics) and the construction of images as

a result of the apprehension of the signified and the subjectivities

attested by mental maps.

Keywords: Maps. Representation. Mental maps. Sociocultural constructions.

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Uma imagem ao ser construída ou decodificada passa por diferentes filtros e linguagens, o que é inerente a cada indivíduo, que estabelece códigos simbólicos próprios de acordo com a sua visão de mundo. Trilhar por esse caminho significa desvendar os marcos significativos das representações e associá-los aos aspectos socioculturais.

Nesse sentido, cabe ressaltar que as interpretações também são estabelecidas por diferentes prismas, em direção ao representativo/simbólico, que se situam na base da relação sujeito/signo/ imagem.

A Geografia sempre esteve associada às imagens, num primeiro momento com o sentido de transmitir informações sobre os espaços desvendados, e posteriormente como forma de comunicação/representação do espaço físico, mensurável ou do espaço vivido subjetivo, passando a ser denominados “Mapas” quando os registros são impressos num suporte plano bidimensional. Esses registros eram praticados entre os grupos humanos desde a mais remota época, como sobrevivência pela necessidade de referenciar suas rotas, caminhos e territórios, integrando o vivido e as práticas socioculturais, incorporando ao longo dos tempos, novos valores. Segundo Harley (1991) o mapa mais antigo foi descoberto em 1963 durante uma escavação arqueológica em Çatal Höyük, na região centro ocidental da Turquia, representando um lugar sagrado do povoado neolítico do mesmo nome em 6.000 a.C.

Diante da lógica capitalista e expansão colonial mercantilista desvelam-se outras dimensões do mundo até então desconhecidas, tornando-se necessário aperfeiçoar os sistemas de representação, que das observações sensíveis e referencias astronômica, passam a se constituir em instrumentos sofisticados para a mensuração do espaço físico, tendo como base a acurácia cartográfica proveniente do racionalismo científico no final do século XVIII.

Com a reorganização do mundo no pós-guerra, as ideias e valores se redimensionam. As críticas ao racionalismo positivista se estabelecem

e outras diretrizes influenciam as ciências. O aporte cartográfico é identificado como instrumento de dominação e manipulação; principalmente pela sua conotação cientificista de “verdade” ou representação do real. Ao refletir sobre este aspecto Girardi (1997) alerta que este raciocínio não pode ser aplicado ao conjunto dos mapas, sob o risco de, por um lado, restringir sua função social e, por

outro, negá-lo como produto cultural.

Embora os mapas tenham sido concebidos como uma representação

plana e matematicamente precisa da superfície terrestre, eles contêm

uma forma ideológica de apresentar o espaço geográfico, que reflete,

sobretudo, uma abordagem sociocultural, proveniente de um discurso,

que muitas vezes é reproduzido e serve de manipulação ideológica

(figura 1).

As representações cartográficas, ao se respaldarem na precisão

e acurácia de uma suposta neutralidade científica, direcionavam os

cartógrafos ao preconceito e discriminação aos mapas produzidos sem o rigor e os padrões pré-estabelecidos, principalmente os de culturas não europeias.

Figura 1 – A neutralidade dos mapasFonte: Roberto Pereira Silva, 1995 (desenho)

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A partir da década de 80, a comunidade cartográfica vem repensando essa abordagem, o que fica evidenciado em diversos trabalhos apresentados na última década Dentre os vários autores partidários dessa ideia, destacamos Harley (1991) que tem defendido a importância do reconhecimento de todo e qualquer tipo de representação como uma forma de linguagem das diferentes civilizações.

Segundo ele, essa linguagem une o objetivo ao subjetivo, a prática aos valores, o mito ao fato comprovado, a precisão à aproximação, permitindo assim entender o verdadeiro significado de ver. O mapa seria, portanto uma representação gráfica que facilita a compreensão espacial dos objetos, conceitos, condições, processos e fatos do mundo humano. (Figura 2)

Essas considerações nos conduzem ao conceito de “espaço vivido”, impregnado de percepções, significados e complexidades inerentes aos aspectos socioculturais das sociedades. Mesmo as sociedades europeias ao desprezar os aspectos simbólicos, míticos, psicológicos na elaboração dos mapas eram contraditórias, ao elaborar os mapas, associava o objetivo ao subjetivo, o mito ao fato comprovado, a aproximação à precisão. Esse aspecto demonstra a importância dos

modelos científicos como referencial da época, desconsiderando a história e os valores das representações.

Os mapas, sempre se constituíram a partir da percepção e representação de imagens mentais, atualmente despertando a atenção de vários profissionais preocupados em entender os

complexos aspectos do mundo atual, principalmente relacionados ao

sociocultural.

A geografia incorpora essa abordagem a partir do enfoque

comportamental, com os mapeamentos cognitivos, passando

pelo conceito de espaço vivido (FRÉMONT,1976) em direção às

representações sociais, refletindo nessa inter-relação a Geografia das

Representações (BAILLY,1985; KOZEL TEIXEIRA, 2001) que tem nos

mapas mentais um dos seus principais aportes metodológicos.

Objetivando discutir os mapas como construções socioculturais,

encaminhamos a reflexão em dois eixos:a. As imagens como meio de informação e comunicação

constituindo a trajetória trilhada pelas representações cartográficas (modelização, semiologia, cognição e sócio-semiótica);

b. A construção das imagens decorrentes da apreensão dos significados e subjetividades referendadas pelos mapas mentais.

As imagens como meio de informação e comunicação

Ao representar uma porção do espaço geográfico ou decodificar sua imagem busca-se o significado, o que pode ser evidenciado por um sistema de signos, relacionando significado/significante, homem/ imagem, destacando nessa interface, a preocupação com a eficiência Figura 2 – As aparências dos mapas

Fonte: Roberto Pereira Silva, 1995 (desenho)

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do mapa “transmissor de informações”. Essa abordagem pode ser referenciada por Wurman (1991) quando argumenta:

Locais específicos são descritos ou representados graficamente, não por uma fórmula preestabelecida, mas por algum meio que pareça adequado. Eu me pergunto: Qual é a chave para representar este espaço ou lugar específico? Será um diagrama de corte, uma planta baixa, um desenho em projeção frontal, uma história ou uma anedota? (WURMAN, 1989, p. 144 – tradução livre)

Trilhar por esse caminho significa desvendar as formas mais adequadas para a representação, cujos mapeamentos estavam centrados, em princípio, na cognição como uma operação mental lógica, refletindo atualmente a era das comunicações, ressaltando a semiologia gráfica, a sócio-semiótica, a visualização das imagens digitais e multimídia, ou “cibercartografia” como foi denominada por Taylor (1991).

Objetivamos ainda, ressaltar os marcos significativos das representações cartográficas e associa-las à visão de mundo que as reflete. Evidenciar os estudos sobre a comunicação cartográfica é permear pela Teoria dos Mapas, (percepção e cognição) em direção à Teoria Geral dos signos, desenvolvida a partir de estudos linguísticos, aplicados à comunicação. Dessa vertente originam-se os termos: Semiologia (proveniente da vertente saussureana- suíça) e semiótica (associada à vertente peirceana- americana). A trajetória das representações cartográficas da Informação à Comunicação pode ser sintetizada no sinótico abaixo (figura 3), onde os principais aspectos são evidenciados.

A busca por mecanismos mais eficientes, relacionados a transmissão da Informação e o entendimento do processo ocorrido entre a mensagem recebida e enviada tem suas origens na Teoria da Informação (1949), se constituindo na época um grande avanço para a cartografia, porém insuficiente para a compreensão dos significados

Figura 3 – Das teorias da informação a comunicação cartográficaFonte: KOZEL TEIXEIRA, 2001

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e significantes humanos. Entretanto, estes estudos contribuíram especialmente para as pesquisas sobre ruídos na comunicação, relacionadas aos Sistemas de Informação geográfica (SIG).

Inúmeras investigações seguiram inter-relacionando telecomunicações e Cartografia, ampliando modelos, incorporando novas variáveis, chegando ao entendimento do mapa como um sistema de comunicação.

Considerando as diferentes teorias desde as fases de Transmissão da Informação às Teorias de Comunicação, elaboramos um quadro sinótico (quadro 1) onde se pode observar a trajetória das principais contribuições, influências e os respectivos pesquisadores. Nos mostrando que a preocupação com a comunicação cartográfica é relativamente recente, nos remetendo ao pós-guerra e à reestruturação dos espaços (políticos, sociais e econômicos).

A concentração dos trabalhos apontando novas perspectivas para a cartografia como sistema de comunicação surge na década de setenta em países como a Tchecoslováquia, Estados Unidos, a União Soviética, Polônia e Inglaterra (SIMIELLI, 1986), quando ocorre a incorporação da cognição ao behaviorismo, e à semiologia aos modelos.

A nova maneira de pensar a produção e utilização do mapa nesta fase tem sua gênese nos estudos desenvolvidos por Kolacny, argumentando que as fases de produção e utilização do mapa não acontecem isoladas, portanto não podem ser analisadas de forma parcial, mas num único processo, que compreende operações com circuitos de retroalimentação em vários níveis.

Nos desdobramentos dessas teorias, incorporam-se conceitos psicológicos, substituindo-se os métodos comportamentais pelos cognitivos, destacando que o valor comunicativo do símbolo só se consolida no processo de cognição dos indivíduos. E no afã de entender e aprimorar a comunicação cartográfica, tanto linguistas como cartógrafos encontraram dificuldades, visto que a linguagem natural

é linear e sequencial em sua apresentação e compreensão enquanto a linguagem cartográfica é multidimensional, refletindo a estrutura espacial da realidade.

Um dos pesquisadores que tentou redimensionar essa questão foi Bertin (1967), cuja preocupação estava centrada na visualização da imagem em sua totalidade e não especificamente nos códigos, como a maioria dos autores da época. A Semiologia gráfica de Bertin baseava-se em regras explicativas relacionadas às variáveis visuais do plano cartesiano (X, Y, associada a Z) concluindo que as imagens se formavam por meio das mesmas.

A partir da década de 80 os Sistemas Geográficos de Informação tornaram-se cada vez mais sofisticados, contribuindo para que tanto analistas como o público ampliasse as perspectivas de interpretação das imagens. Neste contexto uma diversidade de pesquisas surge, apontando em várias direções, tais como: resgate dos métodos semióticos e linguísticos, literários, voltados a desvendar mitos e ideologias contidas nos mapas, métodos fenomenológicos buscando desvendar os significados representados através dos mapas cognitivos e mentais entre outros. O que é retratado por diversas pesquisas citadas por Kozel Teixeira (2001) como os de

Child (1984), que estabelece analogia entre a construção de mapas e poesias, utilizando-se de métodos literários; Wood & Fels (1986), que desenvolveram sistemas de códigos para descrever os mitos culturais embutidos nos mapas; Simielli (1993) apresentando uma proposta de alfabetização cartográfica pedagógica; Girardi(1997) buscando identificar os discursos e valores sociais e mitos presentes nas representações cartográficas; Wood (1992), Turnbull (1989) e Monmonier (1991); discutindo o poder dos mapas, resgatando o aspecto ideológico e geopolítico dos mesmos, Tainz (1998), Bolmann (1996), MacEachren (1995), sobre a visualização da Informação cartográfica, resgatando a semiologia gráfica de Bertin, construção de signos mentais aplicados inclusive aos SIGs. (KOZEL TEIXEIRA, 2001)

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ANO PESQUISADOR REFLEXÕES

1952 ROBINSON Métodos analíticos e experimentais – comunicação através dos mapas, preocupação com a “aparência dos mapas”.

1953 IRVINS Produzir símbolos está associado ao desenvolvimento cognitivo do homem.

1967 BERTIN Percepção visual é a essência da representação – ausência do código.

1969 KOLACNY Estabelece a estruturação da comunicação cartográfica entre o cartógrafo e usuário.

1970 RASTAJSKI Propõe esquemas de representação: teórico – “Cartologia” e prático – “Cartografia aplicada”.

1971 FREITAG Resgata Peirce e Morris e estabelece sistemas semióticos na cartografia.

1971 KOEMAN Mapas são sistemas de comunicação específicos – “Como dizer o que para quem?”

1973 THIBAULT-LAULAN Identifica as principais funções da imagem – racionalidade, expressividade.

1974 MORRISON Destaca a importância do domínio cognitivo como canal de comunicação.

1975ROBINSON; PETCHENIK

Mapas como sistemas simbólicos de comunicação – através da cognição, percepção visual torna-se simbolismo apresentacional.

1976 ASLANIKASHVILIIncorpora o método de cognição- operações mentais lógicas – comparação, análise, síntese, abstração, generalização e modelização as representações cartográficas.

1977SALICHTCHEV;

KOLACNYA comunicação e informação – se estabelece através de circuitos de retroalimentação criação e utilização.

1978 KRETSCHMER O mapa como comunicação, integra a ciência formal, representativa.

1978 DACEY Estabelece sistemas sígnicos, resgatando as relações sígnicas de Pierce.

1979 MEINE Destaca a eficiência do mapa como banco de informações – não se preocupa com o leitor.

1980BLAKEMORE;

HARLEYElaboram modelo com as etapas do processo de comunicação cartográfica.

1982 KEATES Mapas refletem mudanças e desenvolvimento da sociedade, teoria da informação.

1983 SALICHTCHEV Mapas refletem fenômenos naturais, sociais, culturais – espaço/tempo.

1983 MUEHRCKE Estudam a relação intrínseca entre a elaboração e uso do mapa

1984 BOARD Elabora modelos icônicos cíclicos a partir da cognição que o usuário tem do mundo real.

Figura 4 – A trajetória das representações cartográficas: contribuições significativasOrganização: KOZEL TEIXEIRA, 2001

1984 HEAD Estabelece a teoria da cartografia como decorrente da linguagem natural.

1985 SCHLICHTMANN Destaca a relação entre linguagem natural e simbolismo no mapa através da cognição.

1986 WOOD; FELS Existem mitos culturais embutidos nos mapas explícitos através de códigos.

1986 SIMIELLI Desenvolveu estudos sobre a comunicação cartográfica e sua aplicação pedagógica.

1989 HARLEYMapas – produtos de normas e valores da tradição social, propõe a desconstrução do mapa, para entendimento de seu real significado.

1989 TURNBULL Mapas são territórios – representam conhecimento cultural dos povos

1990 BLAUT Enfatiza que o mapeamento é inato, portanto uma habilidade natural do ser humano.

1990 ANDREWS Destaca o mapa como metalinguagem, proveniente da linguagem natural.

1990 TUFTECriou projetos gráficos a partir dos métodos semióticos e linguísticos tradicionais, visando a comunicação cartográfica informatizada.

1993 PRAVDA Os códigos da linguagem natural são suporte para linguagem dos mapas.

1993 TAYLORPropõe a visualização como destaque na moderna cartografia, que deve ser interativa, digital, multimídia, incorporando os Sistemas de Informação geográfica.

1993 VASCONCELOS Desenvolveu estudos sobre a cartografia tátil a partir da percepção.

1993 SIMIELLI Proposta de alfabetização cartográfica.

1995 MACEACHRENPreocupa-se com a visualização (cognição) através da tecnologia relacionada a comunicação cartográfica e seu entendimento pelos usuários do produto.

1996 CASTNER Preocupação com o design do mapa – linguagem gráfica, signos e convenções.

1996 MONMONIER Destaca as análises de múltiplas visões inerentes as representações cartográficas.

1997 GLUCKPropõe a sócio semiótica – incorporando a visualização entendimentos cognitivos, afetivos e sociais numa perspectiva pós moderna.

1997 GIRARDI Desenvolveu ensaios sobre a leitura dos mitos existentes nos mapas.

1998 TAINZ Elabora modelo para comunicação em SIG visando a leitura e compreensão do usuário.

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Não pretendemos discorrer sobre toda a gama de abordagens que as representações cartográficas têm incorporado atualmente, mas, enfatizando alguns exemplos, com o intuito de delinear o atual momento histórico em relação às imagens e representações.

Este momento histórico é denominado por Gluck (1997), como a fase da Semiótica pós-moderna, se desenvolvendo em duas vertentes: as pesquisas oriundas da cibernética e as voltadas ao enfoque sociocultural dos mapas na sociedade. Enfatizando que as representações se constituem tanto cultural como cientificamente, pois apesar de apresentarem uma suposta neutralidade reafirmada pela ciência, encobrem sua dimensão social; especialmente porque os mapas sempre irão refletir as regras e valores de uma sociedade.

As imagens do simbólico: os mapas mentais

Cada indivíduo tem sua própria relação com o mundo em que vive e consequentemente uma visão muito particular dos lugares e territórios. O que segundo Freire (1995) acontece porque “tais mapas articulam o real e o imaginário, definem cartografias e não podem ser desvendados pela razão”. Essas representações, contudo, advêm do simbólico, de uma construção mental decorrente da apreensão de significados, que raramente podem ser desvendados pela razão, sendo que o termo “representação” é definido como o processo pelo qual são produzidas formas concretas ou idealizadas, dotadas de particularidades que podem também se referir a um outro objeto, fenômeno relevante ou realidade e o termo “imagem” refere-se a uma forma de representação explícita por uma pessoa ou grupo sobre um determinado fenômeno; tratando-se, portanto, de uma categoria particular e singular advinda da representação do “real visível” ou do vivido.

As pessoas constroem o sentido de espaço, não somente pela atividade consciente do pensamento teórico, mas, sobretudo pelo conhecimento intuitivo do espaço que passa a ser expresso. Ao criar as formas do mundo, estabelece sentidos que expressam o cultural e o social, produtos de seu entendimento sobre o espaço vivido, percebido, sentido, amado ou rejeitado.

O conceito de “mundo vivido”, ou “Lebenswelt”, que dá suporte teórico a esta abordagem geográfica é proveniente da fenomenologia, estudado inicialmente por Husserl (1970), que o definiu como conjunto de coisas, valores, bens e mitos inerentes a um mundo subjetivo. Considera ainda, o fato cultural como portador de sentido e como gerador de significados, variando de pessoa para pessoa, sendo que o mundo é construído na troca de significações, intermediado por mensagens que resultam no ser social. O mundo vivido social é essencialmente subjetivo, derivado do contato com outras pessoas, com instrumentos, coisas, etc. Enfim tudo que pode ser usado, transformado e manipulado. Já as coisas do mundo cultural, se constituem em ruas, edifícios, praças, bosques, paisagens em geral, que podem ter significados. Esses aspectos não estão claramente definidos, confundindo-se com os relacionados ao mundo vivido social. Reconhecendo esta ambiguidade, Merleau-Ponty (1962) afirma que à medida que a natureza acha seu caminho para o centro da vida pessoal e torna-se ligado a ela; também os padrões de comportamento interligam-se aos da natureza, apresentando-se na forma de um mundo cultural:

Não tenho apenas um mundo físico, não vivo apenas no meio da terra, ar e água, tenho de mim estradas, plantações, cidades, ruas, igrejas, implementos, um sino, uma colher, um cachimbo... Algumas maneiras de experiência ou de vida podem achar seu lugar... na paisagem através da qual eu vagueio. O mundo cultural é ambíguo, mas está presente. (MERLEAU-PONTY, 1996, p. 147)

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Em sua visão, o real e o simbólico se misturam, se interpenetram, fazendo com que o mundo cultural tenha inúmeras e diversas formas, e nós integramos a este contexto através de nosso corpo, nossos sentidos, movimentos e linguagens.

O mundo é visto e experienciado não como uma soma de objetos, mas como um sistema de relações onde estão imbricados valores, sentimentos, atitudes, vivências, entre outros. As imagens espaciais provenientes dessas subjetividades foram denominadas mapas cognitivos, mapas conceituais e posteriormente mapas mentais. A preocupação em desvendar as imagens, passa a se explicitar a partir da década de 60, visando as novas perspectivas de comunicação. Era necessário encontrar respostas para algumas indagações sobre o desenvolvimento crescente de uma nova cultura. A rapidez com que as informações eram difundidas através das mídias, como entender melhor essas linguagens, suas funções, valores, efeitos e relações, nas várias culturas?

A leitura das imagens tem seu embrião na psicologia social, resgatando trabalhos sobre representação e cognição coletivas e individuais, despertando interesse principalmente de antropólogos, sociólogos, geógrafos e urbanistas. Entendendo-se por cognição o mecanismo de aquisição e representação que segundo Bailly (1995) incorporam a percepção e a representação, no mesmo processo cognitivo.

Na geografia, esses estudos têm seu embrião na Geografia Comportamental e da Percepção, posteriormente resgatada com ênfase, pelas vertentes humanística cultural e ambiental. Esse “olhar” se vincula as pesquisas sobre a percepção associadas ao comportamento e ação humana, referendado por diversos autores, tendo em vista o diagnóstico e planejamento de ações e a organização espacial.

O estudo de Lynch (1980) foi um dos pioneiros, na utilização dos mapas mentais tendo em vista investigar a percepção designativa, ou os atributos concretos das pessoas em relação ao lugar, objetivando o planejamento ambiental e urbano.

O conhecimento espacial adquirido pelos homens consiste, sobretudo, em imagens mentais construídas na trajetória de sua vivência a partir da percepção. Essas imagens levam a construir um espaço mental que é percebido, concebido e representado pelos indivíduos.

Gould (1973) direcionou suas pesquisas ao planejamento urbano e regional, investigando através dos mapas mentais (percepção avaliativa) como a distância existente entre as pessoas e o lugar pode interferir no processo de construção da imagem, explicando as formas pelas quais os mapas mentais se relacionam com as características do mundo real. É importante destacar que os mapas mentais estão relacionados às características do mundo real, ou seja, não são construções imaginárias, de lugares imaginários, que segundo Kozel Teixeira e Nogueira (1999), são constituídas por sujeitos históricos, reais, reproduzindo lugares reais, vividos, produzidos e construídos materialmente. Os estudos que Gould (1973), André (1998), Bailly (1995) e Mérenne-Schoumaker (1986), elaboraram demonstram os processos que concorrem para que o indivíduo estabeleça representações espaciais ou mapas mentais, do concreto ao simbólico, mostrando que a apreensão do real se dá por intermédio dos processos provenientes da percepção, das lembranças do consciente e inconsciente, assim como do contexto sociocultural a que o indivíduo pertence. Através desses vários filtros é que são concebidas as representações registradas nas cartas mentais.

O ser humano é influenciado por aquilo que vê e sente, ativando a sensibilidade a atribuir ao que é visto uma variedade infinita de simbologias. Estes significados transitam historicamente e transmutam-se continuamente, tanto individual como coletivamente, influenciados ainda pelos aspectos culturais, sociais e afetivos.

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Os processos mentais se iniciam visualmente com a representação de algo passando pela imaginação, sendo que um dos seus papeis principais é a conceituação do real, propiciando um agir, em princípio, por intermédio do simbólico (desenhos), refletindo a imagem mental. A percepção, o pensamento e a ação se constituem em componentes importantes da atividade humana, pois percebemos, construímos e agimos sobre o que é percebido. Observa-se também que a percepção resulta do esforço das sensações que decorrem dos estímulos do meio ambiente, de experiências passadas, ideias, imagens, expectativas e atitudes.

Os ecos derivados deste repensar, embora captados por diferentes áreas do conhecimento, apresenta mais evidencia e respaldo na Geografia, se considerado como o despontar de uma nova vertente epistemológica, por alguns pesquisadores.

Essa vertente tem sido pesquisada, principalmente na França, através dos estudos realizados por Bailly·e André (1985), constituindo-se numa linha da pesquisa realizada no departamento de Geografia da Universidade de Genebra.

Novos horizontes decorrem desta perspectiva que desponta aos olhares geográficos, tanto no aspecto didático-pedagógico como aos voltados às pesquisas ambientais em geral.

Mapas mentais: abordagens didático-pedagógicas

Novos horizontes decorrem desta perspectiva que desponta aos olhares geográficos, tanto no aspecto didático-pedagógico, como aos voltados as pesquisas ambientais.

As representações na geografia têm por objetivo entender os processos que submetem o comportamento humano, tendo como premissa que este é adquirido por experiências, temporal,

espacial e social, existindo uma relação direta e indireta entre as representações e as ações humanas, ou seja, entre a representação e o imaginário, revolucionando a gênese do conhecimento. Neste sentido as representações apresentam-se como uma verdadeira revolução epistemológica no campo geográfico, abrindo várias perspectivas de pesquisa, notadamente na área didático-pedagógica. O ensino de geografia torna-se mais significativo ao trabalhar com pesquisas e análises das representações construídas pelas sociedades, considerando que o próprio aluno é o agente de representações e conhecimentos necessários para o entendimento das relações estabelecidas na organização espacial.

O que passaremos a exemplificar a seguir com o intuito de mostrar alguns trabalhos desenvolvidos com pessoas de diferentes faixas etárias, gênero, situações socioeconômicas. Os mapas mentais abaixo relacionados foram elaborados com objetivos variados como: desvendar trajetos, lugares, conceitos e ideias.

Esse aporte metodológico já vem sendo utilizado há mais tempo nas séries iniciais, contribuindo para a construção da noção de espaço, propiciando ainda averiguar o conhecimento dos referenciais existentes. (Figura 4)

Os mapas a seguir (Figuras 5 a 8) foram elaborados por alunos pertencentes a escolas do 1º grau de Escolas localizadas em Manaus (AM) em pesquisa realizada por Nogueira (1994), constando ainda em Kozel Teixeira e Nogueira (1999).

Com o intuito de explorar a percepção de adolescentes ingressantes ao curso de geografia da UFPR sobre um espaço/lugar, foi solicitada a elaboração de um mapa mental sobre o campus Centro Politécnico.(Figuras 5 e 6). Por intermédio das imagens abaixo fica explícito que para o autor da figura 7 o campus é apenas um espaço sem muitas referências ou significados, contrastando com a figura 8 para cujo autor a riqueza de detalhes demonstra a familiaridade com o espaço, transformando-o em lugar.

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Figura 5 – Mapas mentais locais desenhados por crianças

Fonte: Coleção da autora

Figura 7 – Mapas mentais do Cam-pus Centro Politécnico

Fonte: Coleção da autora

Figura 6 – Mapas mentais locais desenhados por crianças

Fonte: Coleção da autora

Figura 8 – Mapas mentais do Cam-pus Centro Politécnico

Fonte: Coleção da autora

Utilizamos ainda os mapas mentais como recursos metodológicos para investigar como o os signos são construídos e decodificados por intermédio de um slogan. A pesquisa consistiu em investigar como Curitiba a “capital ecológica” é percebida e representada pelo grupo amostral de moradores, integrando três categorias distintas, estabelecendo parâmetros de comparação com a percepção dos não moradores, num total de 120 elementos. O grupo pertinente à categoria “morador geral”, caracterizou-se pela diversidade profissional. A categoria “morador estudante do Ensino Fundamental e Médio” foi composta por adolescentes, integrantes de colégios estaduais, municipais e particulares. “morador docente e discente do 3º Grau”, foi um grupo também integrado por acadêmicos de universidades, faculdades e cursos diversos. A categoria “não morador” foi composta de dez pessoas estrangeiras, moradoras de países americanos, europeus e asiáticos, assim como moradores de várias áreas do Brasil (Figuras 9 a 12).

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Um dos aspectos destacados relaciona-se à influência da mídia, interferindo na forma de agir e pensar de muitas pessoas, muitas vezes distorcendo a realidade e manipulando a opinião pública. Portanto a ideia de “Capital Ecológica” para a maioria representa o “ecologicamente correto”, entretanto para alguns representa apenas um discurso de manipulação e está distante da realidade conflituosa e conturbada inerente a qualquer grande centro urbano.

Conclusão

As representações sociais sempre estiveram implícitas na visão espacial dos povos, retratando aspectos culturais e valores, em princípio, provenientes do senso comum, retratando trajetos e lugares. Mesmo após incorporar a acurácia normativa e cientificista, continuou sendo um produto sociocultural intermediado pela informação/comunicação, revestido de uma aparente neutralidade, mascarando a dimensão social. Esse foi um dos motivos que nos levou à Geografia das Representações, referendada pelos mapas mentais. Essa vertente geográfica, ainda em consolidação, aponta para o conhecimento espacial elaborado pelos sujeitos como integrantes de uma realidade, articulando o real ao imaginário,

Figura 11 – Mapas mentais de Curitiba de autores diferentes

Fonte: Coleção da autora

Figura 9 – Mapas mentais de Curitiba de autores diferentes

Fonte: Coleção da autora

Figura 10 – Mapas mentais de Curitiba de autores diferentes

Fonte: Coleção da autora

Figura 12 – Mapas mentais de Curitiba de autores diferentes

Fonte: Coleção da autora

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o cotidiano à fantasia nas representações espaciais, refletindo ainda

uma ideologia referendando uma visão de mundo.

As chaves da interpretação das construções sígnicas,

consequentemente, só podem ser explicitadas por meio do recorte

sociocultural e ideológico que perpassa as representações elaboradas

pelos seres humanos quando retratam o espaço geográfico.

Incorporar essas reflexões ao pedagógico torna-se imprescindível,

pois vivemos num mundo onde imagens e linguagens adquirem cada

vez mais importância, portanto o desafio é decodificar essas leituras

visando a compreensão dos processos de construções sígnicas e

consequentemente apontar novas diretrizes para se desvendar o

geográfico.

Embora explorando as construções da imagem em eixos distintos

observamos que os percursos se interligam, sobretudo por refletirem

a compreensão sociocultural das sociedades que as produzem e as consomem.

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Submetido em Abril de 2013.Revisado em Maio de 2013.Aceito em Agosto de 2013.