estereótipo x - editorial fotográfico inspirado na contracultura hardcore

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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE VITÓRIA CARLOS HENRIQUE ASSIS BAZILEU JEAN BISPO DE JESUS ESTEREÓTIPO X: EDITORIAL FOTOGRÁFICO INSPIRADO NA CONTRACULTURA HARDCORE VITÓRIA 2012

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Trabalho de Conclusão de Curso - Publicidade e Propaganda.

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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE VITÓRIA

CARLOS HENRIQUE ASSIS BAZILEU JEAN BISPO DE JESUS

ESTEREÓTIPO X: EDITORIAL FOTOGRÁFICO INSPIRADO NA CONTRACULTURA HARDCORE

VITÓRIA 2012

CARLOS HENRIQUE ASSIS BAZILEU JEAN BISPO DE JESUS

ESTEREÓTIPO X: EDITORIAL FOTOGRÁFICO INSPIRADO NA CONTRACULTURA HARDCORE

Trabalho de Conclusão de Curso

Apresentado a Faculdade Estácio

de Sá de Vitória como requisito

para obtenção do grau de

Bacharelado em Publicidade e

Propaganda. Orientador: Profª

Juliana Zucolloto

VITÓRIA 2012

CARLOS HENRIQUE ASSIS BAZILEU JEAN BISPO DE JESUS

ESTEREÓTIPO X: EDITORIAL FOTOGRÁFICO INSPIRADO NA CONTRA-CULTURA HARDCORE

Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora da Faculdade Estácio de Sá de Vitória, como requisito para avaliação. Orientador: Profª. Juliana Zucolloto

Aprovada em

COMISSÃO EXAMINADORA

“Aos nossos familiares e amigos, aos professores e todos envolvidos nesse projeto.”

AGRADECIMENTOS

Agradecemos primeiramente a Deus, e as nossas famílias que estão sempre

presentes em nossas vidas, fazendo os investimentos necessários, nos dando

condições de lutar por um futuro melhor e particularmente as mães que são

mantenedoras da nossa cultura.

À nossa orientadora Juliana Zucollotto, pela forma tão incentivadora e

apaixonada que tratava o assunto e pelos ensinamentos necessários para a

conclusão desse projeto.

Todos os amigos que deram palavras de ânimo a todo o momento, ações tão

simples, mas com um grande poder de incentivo.

Aos técnicos que nos ajudaram e tiveram paciência para dar o suporte

necessário. E também a todos os professores que ministraram as matérias ao

longo desses quatro anos in memorian, Gabriel Labanca que no primeiro dia de

aula assustou a todos com discursos terroristas só para mostrar o poder do

convencimento. E ao longo dos anos, abrindo nossos olhos para o mercado tão

complexo e concorrido que é a publicidade.

Nosso muito obrigado à banca examinadora por toda análise feita do nosso

Projeto.

“A vida é muito curta para ser pequena.” Mário Sergio Cortella – Filósofo “A mentira secular de trabalhar para viver e a rotina angustiante de viver pra trabalhar.” Banda Forfun

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo geral elaborar um editorial fotográfico que

retratasse o estereótipo do jovem roqueiro e suas indumentárias, inserido

dentro do segmento Straight Edge fruto da ideologia Punk/Hard Core. Teve

como metodologia um estudo de caso e registros fotográficos. Para a parte

prática do trabalho foi selecionada a banda “Down Beat” para que seus

integrantes fossem os modelos do ensaio fotográfico. Foi montado uma equipe

para a iluminação e suporte técnico e um câmera man para a gravação de

making off e edição das filmagens. A organização das fotos foi feita separada

em grupos: Foto Individual de cada integrante e foto modelo Street, com todos

os integrantes da banda em locações diferentes nas ruas de Vitória. Na parte

teórica, inicialmente fez-se um estudo sobre o jovem e seu processo

transformativo na sociedade, compreendendo a importância das roupas na

construção de uma identidade. Sobre a fotografia, fez-se um estudo sobre o

olhar histórico do processo fotográfico e sobre a importância para sociedade.

No que se refere a cultura Hard Core Straight Edge , fez-se um apanhado

histórico do movimento Punk narrando desde o surgimento até os

acontecimentos mais importantes. A parte prática desse projeto é um Editorial

Fotográfico focado nos estereótipos e indumentárias, destacando-se a

importância deles para o segmento. E finaliza-se com os costumes e as cargas

ideológicas dos adeptos ao movimento.

Palavras-Chave: Jovem, Editorial Fotográfico, Straight Edge, música, moda.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11

1 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 13

2 A IRREVERÊNCIA DA JUVENTUDE ........................................................ 16

3 IMPORTÂNCIA DO VISUAL DAS ROUPAS NA CONSTRUÇÃO DE SUA

IDENTIDADE. ................................................................................................... 22

3.1 A SIMBOLOGIA DAS ROUPAS .......................................................... 24

3.2 A DINÂMICA DAS CIDADES MODERNAS E O FORTALECIMENTO

DA IDENTIDADE VISUAL. ........................................................................... 26

3.3 MODA E MÚSICA ............................................................................... 27

4 A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA ................................................................ 29

4.1 O DAGUERREÓTIPO ......................................................................... 31

4.2 A REVOLUÇÃO DA FOTOGRAFIA .................................................... 32

4.3 DO P/B AO DIGITAL ........................................................................... 34

5 SURGIMENTO DO UNDERGROUND E O MOVIMENTO PUNK ............. 41

5.1 O “X” DA QUESTÃO ........................................................................... 45

5.2 O MOVIMENTO NO BRASIL .............................................................. 51

5.3 A “SANTIFICAÇÃO” NO ESPÍRITO SANTO ....................................... 52

6 O PROJETO .............................................................................................. 54

6.1 PROCESSO PRÁTICO ....................................................................... 54

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 56

8 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 78

ANEXO A

ANEXO B

LISTAS DE FIGURAS

Figura 1: Van Gogh - Siesta ............................................................................. 32

Figura 2: Anne Katrhin Greiner ......................................................................... 34

Figura 3: James Clerk Maxwell ........................................................................ 35

Figura 4: Make over: Surgery Story David LaChapelle .................................... 39

Figura 5: Tommy Lee – David LaChapelle ....................................................... 40

Figura 5: Punk2 ................................................................................................ 43

Figura 6: Fanzine ............................................................................................. 44

Figura 7: Drug Free Straight Edge ................................................................... 46

Figura 8: Straight Edge sXe ............................................................................ 49

Figura 9: Store Straight Edge ........................................................................... 50

Figura 10: Cartaz .............................................................................................. 51

LISTAS DE FOTOGRAFIAS

Foto: 001 .......................................................................................................... 58

Foto: 002 .......................................................................................................... 59

Foto: 003 .......................................................................................................... 60

Foto: 004 .......................................................................................................... 61

Foto: 005 .......................................................................................................... 62

Foto: 006 .......................................................................................................... 63

Foto: 007 .......................................................................................................... 64

Foto: 008 .......................................................................................................... 65

Foto: 009 .......................................................................................................... 66

Foto: 010 .......................................................................................................... 67

Foto: 011 .......................................................................................................... 68

Foto: 012 .......................................................................................................... 69

Foto: 013 .......................................................................................................... 70

Foto: 014 .......................................................................................................... 71

Foto: 015 .......................................................................................................... 72

Foto: 016 .......................................................................................................... 73

Foto: 017 .......................................................................................................... 74

Foto: 018 .......................................................................................................... 75

Foto: 019 .......................................................................................................... 76

Foto: 020 .......................................................................................................... 77

11

INTRODUÇÃO

O presente trabalho propõe apresentar o processo de construção de um

editorial fotográfico inspirado no segmento Straight Edge, contracultura esta,

nascida do movimento Punk/hardcore, narrando o que permeia esse estilo de

vida e contextualizando seu estereótipo, despontando as indumentárias

utilizadas e qual a maneira como são utilizadas. O que significa o visual

Straight Edge para o grupo e qual a mensagem que pretende transmitir para a

sociedade? Para iniciar, discorre-se sobre a irreverência da juventude,

relatando o comportamento jovem, iniciando pelo movimento do Romantismo,

que dá inicio a cultura juvenil.

O primeiro capítulo retrata a formação do termo juventude, bem como o

processo histórico ao qual se formou esse estágio da vida das pessoas, o

processo de amadurecimento e de aceitação dos adultos para com essa nova

etapa do ciclo da vida, onde a criança deixa de ser criança e vive o processo

de transição entre o infantil e o adulto, fazendo menção de citar as gerações de

jovens que foram evidências em seus próprios períodos, tais como, por

exemplo, Baby Boomers e Geração X, além de fazer ligação entre a Indústria

Cultural de Adorno e Horkheimer e o consumo, finalizando com a iniciativa da

contracultura do movimento punk através de sua indumentária.

O segundo capítulo vem retratando a Importância do visual das roupas, com o

embasamento teórico de Lipovetsky. Separado em sub-temas que fazem

referencia a como os indivíduos agem decorrente ao tipo e qualidade da

vestimenta que possui, a simbologia da roupa, a segregação que a vestuário

pode causar, criando tribos ao qual o individuo pode se adaptar e a moda e

música.

O terceiro capítulo foi voltado à fotografia, que para a sociedade é uma

ferramenta fantástica que serve de documentação e é capaz de registrar fatos

históricos importantes. Inicialmente foi apresentado o processo histórico e a

importância da ciência para a evolução da fotografia. No decorrer do capitulo,

12

mostra-se a revolução que a fotografia causou na sociedade e como

influenciou em seu dia-a-dia. Da era analógica até a era digital são temas

abordados nesse capítulo que também menciona o pós-produção, o

nascimento do PhotoShop, um software muito utilizado neste trabalho para os

procedimentos de produção e manipulação das imagens. A sustentação teórica

teve respaldo bibliográfico nos ensinamentos do inglês Michael Buselle, escritor

e fotógrafo, nascido no ano de 1935, autor de mais 50 livros, entre eles,

“Metres Fotografia” vendeu mais de um milhão de cópias em todo o mundo.

Outro autor importante neste capítulo é o escritor Michael Langford que com o

seu livro “Fotografia Básica de Langford” contribuiu para uma melhor

compreensão do conteúdo no texto introdutório que aborda os princípios da

fotografia, as técnicas, incluindo também, informações sobre desenvolvimentos

na fotografia digital.

O objetivo geral deste trabalho foi apresentar o processo de construção de um

editorial fotográfico inspirado no estilo suburbano da contracultura punk/

hardcore, seus estereótipos e indumentárias. Discorrer sobre seu surgimento

nas regiões pobres da Inglaterra e nos países industrializados, e sua ascensão

cultural nos Fanzines e na música, tanto nos Estados Unidos como na Grã-

Bretanha. Por conseguinte a continuação do movimento que resultaria no Hard

Core e no Straight Edge com o conceito de independência global gerando o

termo “Faça você mesmo”, e as vertentes de libertação humana que é contra

as drogas de todos os gêneros inclusive “artificiais”, como também a

discriminação homofóbica e o racismo. Movimentos como Vegan e Veganismo,

Anarquismo, são associados à cultura Hard Core Straight Edge por terem

ideais comuns.

Logo este trabalho tem como objetivo específico, reproduzir a estética de uma

banda no conceito Straight Edge, descrevendo a história e o estilo de vida

desse movimento gerado no Punk, concluindo com as representações

artísticas dos estereótipos, compondo, produzindo e finalizando as fotografias.

13

1 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura neste trabalho consiste em uma breve abordagem dos

assuntos mais significativos que estão relacionados à relação entre o jovem e a

música, a criação de estereótipos, influências e alterações no cenário musical.

Os assuntos serviram, também, de base, auxiliando no alcance dos objetivos

propostos pelos pesquisadores. Por conseguinte, a presente revisão, mesmo

que simples, pretende trazer algumas considerações sobre: o jovem

transformando o meio em que vive, seja ele na música, no teatro, cinema ou

política.

Para esta revisão de literatura foram pesquisados artigos científicos,

dissertações e revistas que envolvessem a música, destacando alguns

trabalhos que se assemelham a esta pesquisa, porém abordando aspectos

diferentes.

Jacques (2008) ao tratar em sua pesquisa a seguinte questão, partindo de uma

etnografia do rock autônomo de Florianópolis, buscando abordar concepções

artísticas e visões de mundo dos músicos que fazem parte deste universo,

tendo como foco a composição dos estilos de suas bandas e seu método de

composição musical. Segundo a autora, a elaboração do rock e seus gêneros

agem no sentido de configurar um território simbólico demarcado por uma

percepção de mundo hedonista, que se contrapõe à racionalização da

sociedade moderna e que é proclamada não por um discurso verbal articulado,

mas por uma forma específica de criar música.

Criar estilos musicais tem muito haver com a juventude, com a cultura jovem.

Na Revista Ágora1, Ramos (2009) relata que seu artigo trata a relação entre o

nascimento do rock’n roll e a formação de uma cultura jovem de caráter

mundial, destacando no bojo deste processo, o Brasil dos anos 1960 e 1970. A

autora em sua pesquisa observa que após o nascimento deste ritmo, a

1 Revista Ágora n.10, 2009, p.1-20

14

chamada cultura jovem ganhou espaço privilegiado nas sociedades ocidentais

e na indústria cultural que se apoderou dele para responder aos seus anseios

capitalistas demonstrados pela constituição de um mercado de jovens

consumidores. Apesar disso, nota-se também que o rock não se esvaziou de

sentidos e trouxe consigo transformações significativas nos modos de ser e de

ver o mundo dos sujeitos sociais juvenis que dele se tornaram discípulos. No

Brasil ele também veio carregado de significados transformadores, o que

culminaria numa maior visibilidade na década de 1980.

Falando em Brasil, e indústria cultural, começam a surgir diversos outros

segmentos e identidades no rock que é causada pelo consumo. Carrijo (2010)

em seu artigo “Os rockeiros de Goiânia: tensões e disputas na formação da

identidade local”, procura realizar uma comunicação em relação às disputas

atuais no processo de formação da identidade goiana. Conhecida e

estereotipada em cenário nacional como produtora de música sertaneja,

Goiânia tem firmado um novo pólo de rock no país. Já é palco de um dos mais

importantes festivais de rock underground do Brasil, o Goiânia Noise, além de

vários outros festivais, bares, casas noturnas, selos e produtoras musicais

especializadas no gênero. Ante disso, compreende uma divisão ou até mesmo

uma incoerência dentro da cultura goiana e na formação de suas identidades, o

que pode ter influenciado a afirmação do rock na cidade. Assim a

pesquisadora, analisou as tensões e disputas presentes no processo de

formação da identidade do povo goiano através das experiências e dos

discursos políticos dos participantes do movimento de rock na capital de Goiás,

principalmente, na década de 1990.

Em meio a toda essa juventude consumidora, o que falar sobre a moda

colorida? É atual e modifica completamente o cenário musical que deixa de

buscar a qualidade sonora, tendo havido deixado há tempos para buscar lucros

na venda de rostinhos bonitinhos, e intensificando cada vez mais com a

utilização de roupas de fácil acesso. Para Teixeira, Silveira e Oliveira (2010)2,

foi de suma importância analisar institucionalmente um novo grupo intitulado

2 Revista Olhar Científico – Faculdades Associadas de Ariquemes – V. 01, n.2, Ago./Dez. 2010

15

‘Grupo Adolescente “Coloridos”’. Os adeptos a esse novo estilo costumam usar

roupas coloridas, calças justas, blusas extravagantes e óculos modernos. O

que para a maioria das pessoas é cor demais, extravagância demais, para os

coloridos, é uma maneira de expressar a alegria da adolescência. Além do

gosto pelas cores, esses ‘personagens’ são influenciados pelo novo estilo das

bandas de rock, que fazem sucesso com o auxílio da internet, que está tão

presente na vida dos adolescentes brasileiros. Diante do discurso desses

adolescentes, se identifica a tribo dos “Coloridos” como instituição, e desta

forma a autora pesquisa os instituídos e instituintes representados dessa

relação.

Silva (2011)3, faz uma abordagem mais profunda sobre o segmento e o tema,

abordando o surgimento de um subgênero do rock dentro do processo de

evolução da música pop moderna, o punk rock. O pesquisador tomou como

exemplo o grupo inglês Sex Pistols e o disco Never mind the bollocks: here’s

the Sex Pistols para efetuar uma breve análise do que representou o punk e a

própria banda em meio ao cenário social e político da década de 1970.

Também é realizada uma crítica a respeito da principal característica desse

gênero musical, a politização, ainda que nem sempre esta seja uma ação

consciente por parte dos envolvidos. Além disso, uma análise do conteúdo das

composições da banda e uma abordagem baseado na experiência, no sentido

de alcançar a percepção que os ouvintes de música têm a respeito da música

da banda já mencionada e também do punk enquanto gênero musical que

ainda hoje resiste.

Toda essa temática envolvendo o rock, juventude, o independente, as

mudanças de hábitos e etc; discutido por diferentes pesquisadores e com

diferentes enfoques busca abordar o quanto este tema é atual e pode

movimentar o mercado cultural, comercial e industrial.

3 Revista Fronteiras do Sertão v. 2, n.2, 2011

16

2 A IRREVERÊNCIA DA JUVENTUDE

O termo juventude é recente, juntamente com adolescência, ao considerar a

evolução da medicina e tecnologia e levando em conta que há quase dois

séculos atrás as pessoas morriam muito jovens. Se comparado aos dias atuais,

no qual a classificação etária de um idoso é de no mínimo 65 anos, no século

passado, por exemplo, a divisão das faixas etárias podia ser avaliada em

apenas três: criança, adulto e idoso, podendo esse último assim ser julgado,

diante da “[…] expectativa de vida de um homem brasileiro em 1910 de 33,4

anos” (Fonte: IBGE, 2011).

Segundo Morin (1997), outrora as crianças passavam para o estado adulto

quando demonstravam virilidade. Em algumas tribos indígenas, por exemplo, a

criança haveria de caçar algum animal para demonstrar que já não era

pertencente àquele grupo de pouca idade.

O “jovem4” por toda história deixou sua marca de irreverência, como por

exemplo, em movimentos revolucionários, tais como os ocorridos na França em

1830, 1848 e 1871, o outubro de 1917 na União Soviética, a revolução húngara

de 1956, e outros (MORIN, 1997). Se a Revolução Francesa é marcada como

o despertar da população para a política, anos antes, durante a década de

1770, o romantismo dá inicio à cultura juvenil.

Se 1789 marca o nascer do sol da juvenilidade política, desde 1777 Les Souffrances Du Jeune Werther anunciam o nascer do sol da juventude cultural [...]. O romantismo é um imenso movimento de fervor e de desencantamento juvenis, que se segue ao desmoronamento do Velho Mundo e anuncia as aspirações do novo homem. O jovem Hegel, o jovem Marx, por seu lado, operam a revolução mental do homem que da adesão ao vir-a-ser do mundo (MORIN, 1997, p. 148).

Morin (1997) ressalta que mesmo com todos os esforços da juventude contra a

política, em um governo predominantemente senil, e tendo o jovem ganhado

4 De acordo com dicionário Aurélio, jovem está relativo à juventude ou a quem está na

juventude; Que ou quem tem pouca idade; que ainda não é adulto (Dicionário Aurélio).

17

espaço no meio cultural, só em 1950 é que os moldes se proliferam para as

massas. Esse período que se inicia em meados de 1940 é um marco

importante para a consolidação do que é ser jovem. É a década dos Baby

Boomers, geração nascida após II Guerra Mundial. O poder de influência que o

jovem hoje tem, teve gênese com esse grupo. Foram os primeiros a conquistar

esse direito, ao viverem aquilo que chamariam de lifestyle jovem, uma vida de

liberdade. Desde quando os jovens tinham em suas mãos, as chaves de casa?

Uma conquista, assim pode-se definir. Conquistaram o direito de ir e vir, algo

que mexia com a cabeça. Tanto que tiveram iniciativas de criação de

republicas nos centros acadêmicos, festivais, manifestos nas ruas, ganhando

assim o apelido de ‘Juventude Libertária’. No documentário ‘We All Want to Be

Young5’ (Nós todos queremos ser jovem), afirmam que “[...] o papo de paz e

amor, sexo livre, e “flower power”, continua influenciando o comportamento até

hoje”.

As artes, desde a pintura à literatura, junto com a música, promoveram talentos

que estariam marcador na história, vale citar personagens tais como Marlon

Brando, Elvis Presley e Jimi Hendrix, que fizeram sucesso muito jovens.

Falar em artes é falar daquilo que foi chamado movimento da Nouvelle Vague,

a revolução da cinematografia francesa, com nomes de grandes feitos, Godard,

François Tranffout e Alain Resnais.

A alta costura, por exemplo, teve seu valor reconhecido nesse período.

Lipovetsky (1993) nos diz que podemos definir pelo termo Alta Costura,

confecções de luxo sob medida, que monopoliza a inovação e lança

tendências. A alta costura era ou pode-se dizer que ainda é um laboratório de

novidades, que o mercado tenta fazer reproduções em série.

Falar em alta costura é citar Yves Saint-Laurent6, que aos 23 anos, assim como

muitos jovens famosos, teve seu nome envolvido na primeira polêmica de sua

5 We All Want to Be Young. Direção: Lena Maciel, Lucas Liedke e Rony Rodrigues. 9 min.

Disponível em <http://vimeo.com/16638983>. Acesso em: 04 out. 2012. 6 Estilista francês e um dos nomes mais importantes da alta-costura do século XX.

18

vida ao criar modelos de roupas que inovassem os padrões da época.

Lipovetsky (1989, p. 210), fazendo referência à moda, declara que “[...] a

novidade é a lei, com a condição de não ferir frontalmente o público”. E sempre

que isso é ocorrido, há de causar confusão.

O Sofrimento do Jovem Werther7 escrito pelo romancista Johann Wolfgang Von

Goethe8, fora um marco para a juventude. O personagem principal do livro, tido

para alguns como uma válvula de escape para um amor platônico vivido por

Goethe que o expos na forma de literatura, sob o nome do alter-ego Werther,

comete suicídio, causando uma onda de mortes juvenis na Europa. Esse ato

fez com que diversos países tentassem censurar o livro.

Através de estudos recentes, feitos pelo sociólogo americano David Phillips,

essa tendência passou a ter o nome de Efeito de Werther9. Essa referência

comportamental transitou também para o aspecto da roupa de Werther -

casaco azul, colete e calções amarelos - tornou-se praticamente moda entre os

jovens.

Janotti (2003, p.1 e p.2) afirma “[…] desde a década de cinqüenta é possível

visualizar os movimentos juvenis através de cortes operados no

posicionamento corporal e social em relação aos espaços normativos”.

Percebe-se que mesmo séculos atrás os jovens já tinham um poder de

revolução, que se perpetua pelos dias atuais, tanto na política, por meios de

revoluções político-sociais, como ocorreu na Tunísia em 2010, no Egito e Líbia

em 2011, quanto na tecnologia e informática, como no caso do jovem Mark

Zuckerberg.

Para se chegar a toda essa carga cultural que a atual juventude detém, ainda

devemos mencionar a geração posterior a da década de 1940 e 1950.

Chamada de Generation X, esses jovens almejavam prazeres sem culpa. “A

7 Primeira produção literária do Romantismo, ela é considerada o sinal inicial que indicia o

princípio deste movimento cultural; 8 Escritor, romancista, dramaturgo e filósofo alemão, nascido em Frankfurt, no dia 28 de agosto

de 1749; 9 Uma onda de suicídios de imitação após a primeira publicação do livro “Os sofrimentos do

jovem Werther em 1774.

19

vida passa muito rápido, se você não parar e olhar ao redor de vez em quando,

você pode perdê-la” (texto extraído do filme “Curtindo a Vida Adoidado”

(1986)). Assim eram os pensamentos da juventude. Ainda mais independentes

do que os Baby Boomers, eles dominavam a própria vida. Talvez ali fosse o

começo do que temos hoje por Industrial Cultural, certamente pelo avanço do

Marketing e da publicidade, que influenciavam ao consumismo e criavam o

estereótipo. Nesse âmbito é necessário citar a Indústria Cultural por Adorno

(2002):

[...] o sistema da indústria cultura surgiu nos países industriais mais liberais, nos quais triunfaram todos os seus meios característicos: o cinema, o rádio, o jazz e as revistas. É verdade que o seu desenvolvimento progressivo fluía necessariamente das leis gerais do capital (ADORNO, 2002, p. 24).

Adorno e Horkheimer (1947) ainda completam:

[...] As mais íntimas reacções das pessoas estão tão completamente reificadas para elas próprias que a ideia de algo peculiar a elas só perdura na mais extrema abstracção: personality significa para elas pouco mais do que possuir dentes deslumbrantemente brancos e estar livres do suor nas axilas e das emoções. Eis aí o triunfo da publicidade na indústria cultural, a mimese compulsiva dos consumidores, pela

qual se identificam às mercadorias culturais que eles, ao mesmo tempo, decifram muito bem (ADORNO & HORKHEIMER, p.79).

A Geração X (traduzido Generation X) é classificada como ‘Juventude

Competitiva’, pela capacidade da competitividade corporativa, tais como Coca-

Cola e Pepsi, ou até mesmo através do entretenimento. Nesse período que o

jovem passa a utilizar o próprio corpo para causar impacto na sociedade.

Dessa mesma forma podemos utilizar o Janotti (2003) para relacionar os

jovens roqueiros a um estereótipo, que fazia as pessoas ao olharem para eles

perceberem quem eles eram. E o autor os define assim:

[...] as jaquetas de couro, motos, carros, a brilhantina; enfim, o visual do ‘delinqüente’ que ficou definitivamente associados ao

20

rock and roll era parte dos sonhos de auto-afirmação dos jovens diante das pressões escolares. (JANOTTI, 2003, p. 30).

Em concordância a esse visual, Carmo (2000, p.32) complementa:

O rock, mais do que apenas um gênero, transformou-se num símbolo que ultrapassou a esfera musical. Gerou uma nova forma de comportamento para a juventude, como os blusões de couro, as motos e lambretas, a dança, os topetes, as camisas coloridas, a calça rancheira ou o autêntico brim coringa.

O marco final dessa algazarra no meio musical teve origem com a

independência do rock no ano de 1960, com a autoconsciência das próprias

possibilidades de expressão, foi dessa forma que Jimi Hendrix transformou a

musicalidade em expressão política, quando tocou o hino Norte Americano com

distorção em sua guitarra (JANOTTI, 2003).

Janotti (2003, p. 45) cita que “[…] o rock deixava de ser uma manifestação

adolescente e passava a englobar os anseios de grande parte da juventude”.

Anseios esses que não envolviam o consumismo, até a entrada das grandes

gravadoras em meio ao cenário, transformando o que era uma difusão de

ideias em comércio sonoro, estético e porque não comercial.

No desenvolvimento do rock, o gênero punk foi rapidamente assimilado pelos conglomerados multimidiáticos e, de repente, o que antes era uma colagem de diversos elementos descartáveis como alfinetes, calças usadas e camisetas pintadas à mão, transformou-se em mercadoria de boutique (JANOTTI, 2003, p. 50).

A Indústria Cultural (como indústria musical) coloca tantos outros segmentos do

rock and roll em voga, criando, por exemplo, o Emotional Hardcore (EMO)10 ou

Screamo11, ambos os segmentos derivados do Hardcore12, fazendo com que

se fragmente ainda mais o rock,para se ter mais lucro, tanto na venda de

10

É um gênero musical pertencente ao Rock, tipicamente caracterizado pela musicalidade melódica e expressiva, e por vezes letras confessionais, originada do Hardcore Punk. 11

Screamo é um estilo musical com influencias do Hardcore Punk surgido mais ou menos em 1990. 12

Cena musical surgida internacionalmente através da “segunda onda do Punk”, no final dos anos 70.

21

discos e shows, quanto no lançamento de produtos. A afirmação de Frith (apud

JANOTTI, 2003, p. 47) confirma esse fato quando nos diz que “[…] as

gravadoras por natureza não ligam muito para as formas que as músicas

tomam desde que elas possam ter assegurado o controle dos lucros – música

e músicos podem ser embalados e vendidos”. Dessa forma, passa a existir

uma ruptura moral, social e ética para entrar na supremacia do capital.

O jovem se torna um produto comercializável quando lançado como estrela na

grande exposição que é o cenário artístico musical e cinematográfico. Os

exemplos mais recentes são os Jonas Brothers, Justin Bieber e Miley Cyrus,

dentre outros, que causam frisson entre a juventude com suas letras,

performance em palco e estilos que lançam.

O fato do rock se tornar um produto comercial causou diversas críticas entre os

entendedores, estudiosos e pioneiros do segmento, e foi com o movimento

punk que o estilo voltou a lembrar de suas origens no quesito sonoro. Fora

referência também na estética visual que adotou.

É perante essa atitude, tanto musical quanto referente à indumentária, que

Roach e Eicher (1979) (apud BARNARD, 2003, p. 97) referem-se sobre os

acontecimentos ocorridos no final de 1960 e inicio de 1970, quando declaram

que

os papéis raciais, os papéis do rico e do pobre, do homem e da mulher eram questionados e esforços feitos, particularmente pelos jovens, para articular novos papéis dentro de todas essas categorias, e usar vestimentas que refletissem esses novos papéis.

E aqui mais uma vez é visto o jovem utilizando a capacidade e poder que havia

em mãos, desta vez através dos punks, na composição de letras musicais,

melodias e seus moicanos coloridos e suas roupas.

No capitulo seguinte, dando continuidade o enfoque feita em relação a

vestimenta, será abordado qual a importância da roupa na identidade visual.

22

3 IMPORTÂNCIA DO VISUAL DAS ROUPAS NA CONSTRUÇÃO DE SUA IDENTIDADE.

Ao passar pela rua e deparar-se com uma pessoa vestindo uma camiseta

preta, uma calça justa, um tênis modelo All Star, o que se passa primeiramente

na cabeça de quem vê? A maioria das pessoas logo pensa que é um roqueiro.

Dependendo da montagem que o “roqueiro” mantém de sua roupa, muitos

avaliarão como um estilo de moda legal, como outro qualquer, tal como urbano

ou casual, dentre outros.

A caracterização das roupas e a ligação com algum grupo social é muito mais

antigo do que se pode imaginar. Segundo Lipovetsky (1989), em épocas nas

quais a sociedade era dividida por hierarquia, as pessoas das classes mais

baixas ansiavam o brilho e o glamour que a moda (as roupas) proporcionava

àqueles que eram considerados superiores, de tal modo a gerar ondas de

imitações, ainda que esses ‘superiores’ ostentassem pouco poder a mais do

que eles.

Na atual condição econômica isso também ocorre. As classes altas ficam na

expectativa para as novidades no mundo da moda, para assim poderem

desfilar todo poder que as roupas lhe dão. É o Princípio do Prazer, regido pelo

inconsciente, ao qual Freud descreve. Segundo Freud (1940) (apud Fadiman e

Frager, 1986), a parte do inconsciente ao qual o ego pertence é que nos dá o

movimento voluntário, se esforçando “pelo prazer” e buscando “evitar o

desprazer”. Diante disso, o ato de “causar inveja” que os ricos têm perante a

moda, pode ser voluntário ou não.

Freud identifica como um grande passo para o inicio de distúrbios patológicos,

a relação existente entre o “eu” e os objetos existentes no mundo externo,

sobretudo com as sensações que estes objetos causam no mundo interno da

pessoa.

23

Ele também avalia a liberdade do indivíduo como não sendo um resultado da

civilização, mas sim o contrário, sendo a civilização fundada precisamente na

capacidade de, através dos mecanismos que regula as ações, restringir a

liberdade individual.

O homem acaba por se apresentar como um ser social, encarcerado a um

dilema que parece sem solução, pois no seu estado original de natureza o ser

humano era totalmente despadronizado e sem regras, sendo esse livre-arbítrio

de pouco valor. O fato é que todos os indivíduos estavam vulneráveis e em

grau de igualdade dos outros, sem as normas sociais que regulam o

comportamento. Portanto, é a civilização que mantêm a ordem social, ainda

que com o elevado custo de restringir as liberdades pessoais, sendo varias

delas regidas pelo princípio do prazer, ao qual Freud identifica que, por conta

da liberdade perdida, as pessoas estarão em constante conflito com a

civilização, tendo conhecimento de cada revolução que a humanidade

experimenta é uma tentativa de expor e superar esse conflito.

Assim sendo, constituiu-se a hierarquia das classes, sendo aqueles com maior

quantidade de posses de valor, um pequeno numero com domínio. Essa

questão de classe dominante é comentada por Marx e Engels (1970 apud

BARNARD, 2003, p. 68):

[...] as idéias da classe dominante são em todas as épocas as idéias dominantes, isto é, a classe que constitui a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, a sua força intelectual dominante.

Definindo assim uma forma de, quem sabe, alienação da população submissa,

que através dos meios de comunicação acabam ingerindo aquilo que lhes é

oferecido.

Para Lipovetsky (1989, p. 43), “[...] a moda [...] contribuiu, ao compor uma

roupa nacional, para reforçar a consciência de pertencer a uma mesma

comunidade política e cultural”. Essa consciência ocorrida na Idade Média

perpetua até os dias atuais, formando assim as tribos.

24

A formação de tribos ou ‘grupos sociais’, de acordo com Barnard (2003) se dá

com o indivíduo adquirindo as indumentárias que o caracterize no segmento.

Barnard concorda com Hebdige, quando este último caracteriza que usar “[...]

cabelo raspado, suspensório, jeans Levi’s curtos e largos ou calças sta-prest

funcionais, camisas Bem Sherman lisas ou abotoadas de cima a baixo, e botas

no estilo Doctor Marten muito bem engraxadas” (apud BARNARD, 2003, p. 55),

torna uma pessoa um skinhead. Toda essa montagem do visual é que vai

catalogar o indivíduo no gênero, e não o sujeito ser skinhead primeiro e depois

utilizar a roupa.

Por fim, a pessoa pode até ter ações de um punk, skinhead ou qualquer grupo

social a qual ele queira pertencer, mas só será visado ao se caracterizar, só

será conhecido e considerado parte quando tomar como identidade o

estereótipo. E por isso é importante o visual das roupas na construção de sua

identidade.

3.1 A SIMBOLOGIA DAS ROUPAS

A roupa tem a função de encobrir o corpo humano. Porém, a roupa tem mais

significado que simplesmente evitar que as pessoas sejam presas por atentado

violento ao pudor13 e também ser ‘prejudicial à salvação da alma’, evitando o

pecado e a vergonha, assim como fora com Adão e Eva, segundo a bíblia.

Proteção corporal contra o frio ou o calor, elegância, o fato de expressar

sentimentos, transmitindo uma comunicação não verbal, assim como as

expressões corporais, as roupas também imprimem algo as pessoas.

Reforçando o que já fora dito, Barnard (2003) comenta:

Proteção, camuflagem, pudor e impudicícia são formas de alguém comunicar uma posição numa ordem cultural e social, tanto para os outros membros da ordem a que

13

Lei nº 12.015

25

pertencem, quanto para aqueles que estão fora dela (BARNARD, 2003, p.91).

Essas questões levam os grupos sociais a criarem ideologias. Através da

vestimenta, as pessoas podem desafiar as crenças, criar valores, expor

sentimentos. Essa ideologia pode estar englobada como estilo de vida, a visão

do mundo, o que ele tem e o que ele oferece. Como se portar diante do

convívio em comunidade pode moldar essa ideologia. Enfim, o posicionamento

pessoal vai ser peculiar ao grupo social em que cada pessoa se enquadra.

Algumas pessoas têm certa dificuldade em se adequar a algum grupo, tanto

pela personalidade, e aqui se define personalidade na concepção de Lundin

(1977), como uma “definição leiga14”, feita por civis, quanto na ideologia e

indumentária estipulada para o grupo. Essa dificuldade acaba por fazer o

indivíduo viver sazonalmente por entre os grupos, não moldando assim uma

identidade de caráter e de visual estético bem definido. Na óptica de Simmel

(1971) (apud BARNARD, 2003, p. 28) a pessoa passa para um estágio de “[...]

adaptação à sociedade e afastamento individual de suas exigências”.

As simbologias das roupas vão muito além da caracterização a algum grupo

social, já que é necessário vivermos em sociedade, integrando algum

grupamento de interesse comum. Alheio a isso, as roupas denotam uma

simbologia individual. Através disso podemos mencionar que o individuo,

quando fixo em alguma parte (um grupo) do todo (o sistema), busca

singularidade, através de roupas e acessórios diferenciados, raros, caros, ou

até mesmo mais esdrúxulos, como no caso dos punks. Mesmo dentro dessa

‘sub-sociedade’ as pessoas tentam se diferenciar uma das outras, pois apesar

de partilharem de um mesmo ideal, cada um vai tentar alcançá-lo de maneira

diferente, tendo assim uma identidade própria dentro daquele grupo.

Essa identidade pode acabar por levá-lo a uma importância dentro desta parte

da sociedade ao qual ele se inseriu. Voltando a falar em status social, através

do entendimento de Barnard (2003) esse status é consequência ou de

‘herança’ ou pode ser conquistado. Status por herança, nada mais é do que ser

14

Definição leiga de personalidade, para Lundin (1977, pag.3) “[...] podem descrevê-la como charme, boas maneiras, facilidade de se expressar e atração física”.

26

de uma família já conceituada, aos quais, ‘não existe’ a possibilidade de serem

vistos utilizando indumentárias feitas para a massa, onde qualquer plebeu

poderá ser visto utilizando a mesma roupa, e assim lembra-se como foi na Era

Medieval.

3.2 A DINÂMICA DAS CIDADES MODERNAS E O FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE VISUAL.

A indústria cultural, cinema, estúdios musicais e até mesmo a televisão,

induzem a população a escolher um estilo de vida. Como dito em capítulos

anteriores, acabamos por viver em tribos e a roupa como elemento de

exposição da identidade da tribo a que pertencemos, nos faz usar cada vez

mais objetos, e esses itens carregam em si o peso das marcas. Muitas vezes

são as etiquetas, a assinatura de uma grande marca de roupas, que nos

conferem senso de identidade social e nos auxiliam a construir, projetar e

intensificar nossa autoimagem ou marca pessoal para a sociedade.

A agitação das cidades em que se vive gera muitas consequências. A atual

sociedade é vista como sociedade de consumo, onde se trabalha para viver e

se vive para trabalhar. Todos os dias é um corre-corre, aumentam os números

de Fast-Food, as doenças causadas por esse aceleramento na rotina, stress e

também a reprodução cultural. Apenas a Alta Sociedade, com suas contas

bancarias abarrotadas de dinheiro conseguem manter-se em grande estilo na

moda. As classes mais baixas ainda vivem conforme a Idade Média, utilizando-

se de peças que tentam aproximar-se do que a alta costura produz. Alguns

poucos se aventuram a comprar uma peça de alguma grife famosa e

parcelando a compra. Confecções em massa das roupas enchem as lojas de

departamento. Tudo por conta da exposição que mídia faz daqueles que eles

mesmos apresentam à população como celebridades, abastecidos de produtos

e acessórios facilmente encontrados nessas lojas. Sejam essas celebridades

nacionais ou internacionais, o que acaba valendo para a indústria é tornar mais

fácil a globalização. É mais fácil tanto para a indústria lucrar quanto para a

classe baixa comprar. Quanto tempo será que demora a ficar pronto um vestido

feito pelos grandes ateliês? Por serem feitos sob medida e costurados a mão,

27

não por máquinas de produção em série, as roupas acabam por custar uma

fortuna, sendo assim de difícil consumo pela classe baixa. A vontade do

consumo, seja ele em qualquer segmento, faz com que se desestabilizem as

marcas identitárias, o que acaba por pôr em crise o conceito de identidade

territorial, a partir do momento em que o processo de globalização generalizou

um discurso de ‘mundo’ sem raízes, onde o baiano utiliza botas gaúchas, o

capixaba utiliza gírias cariocas, paulistas utilizam roupas de padrões

estrangeiros e perde-se a noção da regionalização e cada classe, de cada

região, acaba por se inspirar em outras culturas que se assemelham a sua

realidade, fazendo o fato social se misturar com o estético.

3.3 MODA E MÚSICA

A mistura faz parte do mundo em que a juventude (inclusive adolescentes)

vive. Misturam bebidas, comidas, ideias e até músicas. Até ousaram misturar

moda e música. O que dizer sobre os estilos lançados pelos Beatles, a

beatlemania, ou pelos emos nos anos iniciais do século XXI. O blog

Comunidade Moda15 nos traz que a moda “[...] entendida como um sistema de

produção e produção de tendências que orienta a produção e consumo de uma

infinita categoria de bens, entre elas o vestuário [...]”, está em conjunto da

juventude.

O blog ainda nos remete a refletir sobre como poderia ser a juventude que uniu

moda e música.

[…] Imaginemos o movimento punk sem a composição indumentária que marcou o estilo, as calças rasgadas, braceletes com rebites, a costomização (o do it yourself) nas roupas… Agora imaginemos os anos 80 sem os cabelos repicados e armados com gel, os acessórios em couro e rebites, a maquiagem pesada e as tatuagens em ascensão. Fica evidente o encadeamento dos eventos culturais promovidos por grupos juvenis a e geração de padrões de moda adotados consensualmente (COMUNIDADEMODA, 20 de março 2012, p.2).

15

http://www.comunidademoda.com.br/consumo-o-jovem-a-tendencia-e-o-mercado

28

Laís Andrade, do blog DeluxeBox relata o fato da relação entre música e moda

sempre render bons frutos para os dois segmentos. Ela cita a canção Vogue,

da Madonna e relembra das roupas um tanto quanto exótica da Lady Gaga e

ainda cita a parceria entre uma das bandas ícones do movimento Punk, o Sex

Pistols e a estilista Viviene Westwood, inventora do look punk.

Visto e citado por Janotti anteriormente, o movimento punk, mesmo sem

interesse em causar ou produzir o consumismo, chamou a atenção de um

cenário que até então não havia ousado tentar expor esse tipo de moda.

O punk impactou toda a cidade de Londres. Porque não impactar o mundo da

moda? Foi isso que a estilista Viviene Westwood fez. Criada a imagem de do

look punk, os autores do blog Comunidade Moda declaram:

Se não fosse Vivienne Westwood, talvez não existisse o punk, nem Londres seria a capital mundial dos grupos de estilo. Todavia, é necessário ressaltar que, se uma subcultura juvenil agregadora de significados como o punk, produtora de ideologia, consumo; união entre jovens revolucionou modos de ser, pensar e fazer nos anos 70/80, (orientando entre tantas instâncias, a moda), no fim do segundo milênio, é a disjunção de estruturas de significados, a desterritorialização de universos simbólicos e ideológicos e a randômica mutação de modus vivendi que caracterizam os grupos juvenis, a sua produção cultural e a influência que esta exerce sobre a sociedade contemporânea. (COMUNIDADEMODA, 20 de março 2012, p.3).

Dessa forma o Punk, sua história e toda a carga de ideologia que tem, além da

fama nas regiões onde se concentravam, começaram a ganhar o mundo

através das fotos que foram produzidas. Nos capítulos seguintes serão

abordados, para melhor entendimento, um pouco sobre a fotografia e sobre o

movimento punk.

29

4 A HISTÓRIA DA FOTOGRAFIA

A procura por algum recurso que permitisse fixar as imagens que os artistas

gravuristas faziam, está no princípio da câmera escura ou câmara escura. O

objetivo era fazer com que a imagem fosse um guia para o próprio desenho,

mas espontaneamente foi necessário que a ciência da química se

desenvolvesse para o bem de todos. A História da fotografia é algo tanto como

subjetivo, não se pode considerar que a fotografia foi obra de apenas uma

pessoa. Vários personagens na história foram agregando conhecimento ao

longo de percurso. Aristóteles, falava que a “câmara escura”, era um fenômeno

familiar. Era preciso um orifício para a entrada em um ambiente escuro que

resultaria numa imagem externa invertida. Leonardo da Vinci, mestre da

Renascença, discorreu as suas propriedades e a utilizou: o seu funcionamento

era de origem física, a propagação da luz permitia que os raios luminosos

passassem pelo orifício da câmera. Essa projeção produzia uma imagem real

invertida do objeto na superfície fotossensível. Em 1604, o químico italiano

Ângelo Sala16 publicou sua significativa descoberta, que uma substância prata

ficava escura quando exposto ao sol, seu estudo contribuiu bastante na

compreensão das reações químicas e para o entendimento das combinações

químicas de outras substâncias. O pesquisador alemão Johann Heinrich

Schulze descobriu que tal substância prata era halógena17, e se convertia em

prata metálica. Johann chegou até publicar um resultado de pesquisa em que

folhas de papel tratadas com nitrato de prata enegreciam a luz. Schulze não

tinha a intenção de fazer descobertas fotográficas, o que queria era fabricar

pedras luminosas de fósforo. Sem saber o professor Schulze dava o primeiro

passo para descobrir a fotografia.

Em 1558, Danielo Barbaro18, da Universidade de Pádua, implantou um

diafragma no orifício de uma câmara obscura, fazendo com que objetos em

diversas distâncias pudessem ser focalizados. Barbaro demonstrou que uma

16

Disponível em: <http://7c1histfoto.wetpaint.com/page/Angelo+Sala> 17

Os elementos de halogênio são flúor, cloro, bromo, iodo e ástato. Disponível em: <http://es.thefreedictionary.com/hal%C3%B3gena.> 18

Disponível em: <http://www.tharrell.prof.ufu.br/pdfs-setechaves/Capitulo1.pdf>, página 7.

30

imagem nítida e clara era produzida pela substituição do orifício por uma lente.

Desde então os pintores italianos passaram a pintar paisagens, com precisão

de detalhes, usando este mecanismo.

Do ponto de vista literário, “escrever com luz”, é a tradução da palavra

fotografia, que é a junção da técnica com a observação visual. É a máquina

com seus detalhes de fabricação. Por outro lado, são as diversas formas de

abordagem para a produção, que resulta em documentar um evento,

comunicar uma ideia, mostrar o que auto-expressivo e até mesmo, registrar

algo aberto à interpretação. Segundo Langford (2009), sem a fotografia não

seria possível registrar momentos históricos da humanidade, como as guerras,

revoluções, fenômenos naturais, movimentos artísticos, ações pessoais tão

importantes como um casamento, ou um aniversário, ou até mesmo o

crescimento dos filhos; momentos incríveis da própria vida.

A fotografia é uma mídia poderosa de persuasão e propaganda. Ela tem aquela aura de veracidade quando o tempo todo pode afirmar o que o manipulado escolher. Considere por um momento o álbum de família; que fotos são representadas ali: toda a vida da família ou apenas os bons momentos? (LANGFORD, 2009, p. 19).

Em seu contexto histórico a fotografia cresceu e evoluiu de uma forma

fantástica, para começar, um dos nomes mais importantes a se fazer referência

é o de Joseph Nicéphore Niépce. Foram dez anos de muita experiência e

trabalho para o francês registrar a primeira imagem produzida pela ação direta

da luz. Sua façanha foi realizada em 1826. Seus resultados anteriores eram

insatisfatórios com os trabalhos de “Litografia19”, o que o fez produzir negativos

de baixa densidade em seu processo de revelação onde o papel recebia

cloreto de prata e ácido nítrico. Logo mais, acidentalmente o artista e físico

francês Louis Daguerre descobriu um meio mais eficiente para ter uma imagem

revelada: guardou uma chapa de prata sensibilizada com iodeto de prata

dentro de um armário, quando o abriu no dia seguinte, obteve sobre a placa, a

19

Arte ou processo de produzir um desenho, caracteres etc. em uma pedra plana, especialmente preparada, e por meio desta reproduzi-los em papel. 2 Qualquer processo, baseado no mesmo princípio, em que se usem placas de zinco, alumínio etc., em vez da pedra.

31

imagem revelada. O agente revelador foi o vapor de mercúrio, fruto de um

termômetro quebrado esquecido em um armário. Depois Daguerre passou a

utilizar chapas de cobre sensibilizadas com prata e tratadas com vapor de iodo,

fazendo surge o Daguerreótipo.

4.1 O DAGUERREÓTIPO

Busselle (1979) relata que em 1939, Daguerre, depois de ter padronizado o

processo do Daguerreótipo, abriu os olhos do Governo Francês para a sua

invenção que ainda não era de boa qualidade. Havia pouco contraste e a

imagem era invertida, sem falar que o tempo de exposição não chegava a ter 1

minuto. Mesmo assim o Governo comprou a ideia em troca ofereceu seis mil

Francos vitalícios.

O Governo francês declarou o invento como domínio público. Quem ganhou

muito com isso foram os artistas plásticos que tiveram mais liberdade para

criar, já que o Daguerrótipo proporcionava o surgimento da nova forma de obter

imagem da realidade.

Simultaneamente à criação do Daguerreótipo, o cientista William Talbolt deu

um grande passo quando desenvolveu o Talbótipo, um sistema de produção de

indeterminado número de cópias. Nessa mesma época em toda a Europa,

nascia uma nova tendência artística. O impressionismo usava a luz em seu

processo de pintura. Por definição:

O impressionismo é um movimento artístico surgido na França no Século XIX que criou uma nova visão conceitual da natureza utilizando pinceladas soltas dando ênfase na luz e no movimento. Geralmente as telas eram pintadas ao ar livre para que o pintor pudesse capturar melhor as nuances da luz e da natureza. (LANGFORD, 2009, p. 19).

Os artistas impressionistas retratavam os elementos como se estivessem

totalmente alumiados pelo sol, assim, as cores da natureza ganhavam mais

vida. Além disso, não havia, nas figuras, contorno nítido, e a cor preta não era

usada. No quadro “Siesta” de Van Goh, até as sombras eram luminosas e

coloridas.

32

Figura 1: Van Gogh - Siesta

Fonte: <http://navegantesaomar.blogspot.com.br/2012/07/van-gogh.html>

Vincent Van Gogh20 foi um dos principais nomes da época juntamente com

Monet, Manet, Renoir, Camile Pissaro, Alfred Sisley entre outros. No Brasil, o

artista que melhor representou o impressionismo foi o pintor e desenhista

Eliseu Visconti, o qual teve contato com a obra dos impressionistas e soube

transformar as características do movimento conforme a cor e a atmosfera

luminosa do próprio país.

4.2 A REVOLUÇÃO DA FOTOGRAFIA

“Você aperta o botão, nós fazemos o resto”, o slogan da Kodak expressa

fielmente o que aconteceu nos primórdios da história da fotografia. O jovem

bancário George Eastman demonstrava um grande interesse pela fotografia.

Comprava seus equipamentos, fazia aula com um profissional de Nova Iorque

e era leitor de diversos artigos. O que o incomodava era o desprazer de

carregar muitos equipamentos, pareciam verdadeiros trambolhos.

Eastman transformou o seu desconforto em uma ótima oportunidade. Começou

a fabricar e vender sua própria produção. Fundou a Companhia que levava o

seu nome: Eastman Dry Plate Company. Em 1884 já tinha deixado seu

emprego no banco e feito uma parceria com um fabricante de máquina

20

Disponível em: <http://www.brasilescola.com/artes/impressionismo.htm>

33

fotográfica chamado Willian H. Walker, juntos desenvolveram um acessório

cilíndrico em um rolo de papel montado sobre uma base protetora, sendo o

suficiente para 24 exposições que ainda se encaixava nas câmeras com o

mesmo padrão. George Eastman queria proporcionar mais praticidade aos

usuários das câmeras. Em 1886 depois de uma tentativa bem sucedida fez

com que as pessoas apenas tirassem as fotos, sem precisar realizar todo o

processo, fez-se então nascer a KODAK em 1888. Uma máquina pequena,

fácil de manusear. Busselle (1979) afirma que Eastman chegou a escrever na

época, que o uso dela dispensava estudos preliminares, laboratórios e

produtos químicos. A revolução se explica quando o fotografo só precisava

pressionar a chapa, e ainda poderia mandar as câmeras para a fábrica para

realizar a recarga de 100 cópias montadas em cartão.

Quando se fala em revolução fotográfica é preciso discorrer sobre seu

processo evolutivo significativo na história. Muito se afirma que as maiores e

mais famosas fotografias sempre foram tomadas em preto e branco(P&B),

porém, depende-se muito da técnica e do olho artístico do fotógrafo para dar

qualidade a um trabalho em P&B. Quando não há cor, as fotografias

proporcionam ilimitadas interpretações artísticas. Extraído do site Sépia, Arte e

Estética21, Curl (1979) externa essa questão.

A Câmera não tem senão um olho: a lente. Só pode registrar um fragmento do mundo visual. O fotógrafo leva com ele o segundo olho. Este é o olho da seleção. O artista tem ainda um terceiro olho: o olho da imaginação criativa. Este terceiro olho é o que pode penetrar no nosso mundo interno. (CURL, 1979, p. 1).

Os resultados podem ficar com um largo espectro de tons de cinza e também

com a luz mais extrema contrastando com a escuridão, o que nos faz ter

diversas sensações distintas, quando as cores trabalham no psicológico

humano.

21

Disponível em: <http://sepia.no.sapo.pt/sepiafot_c.html>

34

Figura 2: Anne Katrhin Greiner

Fonte: <http://www.ilfordphoto.com/home.asp>

Ao estudar a psicologia das cores nota-se que cada uma tem suas

características, sua própria expressividade: o branco, por exemplo, transfere

inocência ao olhar, a paz, divindade, calma, harmonia limpeza, pureza. O preto

é expressivo e angustiante ao mesmo tempo, transmite sujeira, sombra,

miséria, pessimismo, melancolia, seriedade. Alegre e nobre quando combinado

com outras cores como a prata e o dourado. O cinza, por exemplo, remete a

pó, chuva, neblina, tédio, tristeza, velhice, passado, seriedade. É uma posição

intermediária entre luz e sombra.

4.3 DO P/B AO DIGITAL

São diversos os quesitos que influenciam no resultado final. A escolha do filme,

os filtros especiais, o modo de processamento, a escolha do papel e o próprio

modo de impressão. O fotógrafo quando está prestes a realizar sua beleza

artística precisa repensar a cena em tons de cinza e não nas cores originais.

Se a imagem a sua frente for bastante contrastada a fotografia poderá ficar

com um efeito dramático. Mas se for o contrário, a imagem assume um efeito

pastel. O controle artístico fica na mão do fotógrafo, é a autonomia de retratar a

cena como bem desejar.

35

Com o passar dos anos, muito se experimentou para dar mais vida as fotos

através das cores, até existiam pessoas que se especializavam em pintar as

fotos em P/B, mas não havia nenhum recurso tecnológico que deixasse a foto

em cores. Em 1861 o físico britânico James Clerk Maxwell conhecido também

por ter dado a forma fina à teoria do eletromagnetismo, registrou a primeira

imagem colorida:

Figura 3: James Clerk Maxwell

Fonte: <http://fosgrafe.com/index.php/a-primeira-fotografia-colorida>

Ao realizar essa façanha Maxwell precisou fotografar três vezes e com três

filtros de cores diferentes: o verde, o azul e o vermelho, o resultado foram os

negativos monocromáticos com as variações de cinza. Os negativos foram

transformados em slides para serem projetados um sobre o outro, até serem

alcançadas as cores originais do elemento. No entanto, esse método

apresentava complicações, pois não era possível registrar fotos em movimento

e também a perda de luz era grande. Os filtros permitiam uma passagem

limitada da luz, apenas 1/3 do total. Era um método cansativo e difícil, mas foi

de grande valia para se chegar as fotos coloridas.

Com a evolução constante das tecnologias a fotografia que antes era colorida

se torna aos poucos também digital. Institutos de economia foram criados para

estudar e avaliar os aspectos econômicos mundiais para as próximas décadas.

A crise de 29 foi um acontecimento que gerou esta reflexão para os

investimentos no estudo sobre a tecnologia. Na Segunda Guerra Mundial os

militares testavam a digitalização na comunicação através de mensagens

36

criptografadas para servir na espionagem. A fotografia digital, pode se dizer

que é um embrião da Guerra Fria e também do programa espacial norte-

americano. Nesse caso, o planeta Marte foi registrado por uma câmera de TV

em 1965. As imagens ainda eram em P&B e contavam com apenas 0,04

megapixels22 que não eram 100% digitais, os princípios dos sensores eram

analógicos. O interesse dessa invenção era oferecer um bem de consumo para

a população, fazendo com que a política capitalista se estabilizasse.

Em 1964 a empresa RCA cria o primeiro circuito CMOS, sem dar conta que

seria a base das primeiras câmeras digitais. O outro sensor, o CCD foi criado

pelos laboratórios Bell em 1969 e quatro anos depois a Companhia Fairchild

Imaging lança a 201ADC, que era a primeira versão a ser comercializada. Os

proprietários obtinham uma máquina que capturava imagens de 0,01 megapixel

somente.

Com o passar do tempo a KODAK, pioneira na fotografia apresentava seu

protótipo com base no CCD da Fairchild. Apesar desse pioneirismo, é a

concorrente SONY que disponibiliza as primeiras câmeras sem filme, a famosa

MAVICA tinha 0,3 megapixels e ainda armazenava 50 fotos no Mavipakes, que

eram disquetes.

Já nos anos 2000 a fotografia passa por uma nova revolução, segundo a PMA

(Phorography Marketing Association Estados Unidos), 22% dos lares

americanos contava com uma câmera digital, esta porcentagem classifica a

câmera como um produto de massa. Com a crescente venda de câmeras para

atender as demandas de consumo, cresce também a resolução dos pixels nos

modelos que são considerados mais populares. Para os usuários, na maioria

feminina, é sempre satisfatória a compra das máquinas mais populares, pois,

com a frenética velocidade de evolução tecnológica dos produtos, os populares

acabaram ficando mais baratos (História da Fotografia Digital23).

22

Pixel, do inglês é Picture Elements 23

Disponível em: <http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=5141.0>

37

Para entender a fotografia digital o autor Thales Trigo em seu livro

“Equipamento Fotográfico, Teoria e Prática”, nos permite a compreensão de

como se obtém uma fotografia digital, desde o funcionamento do CCD citado

no parágrafo a cima. A imagem digital é composta pelos Pixels, que na

tradução significa: elementos formadores da imagem e há três maneiras de ser

produzida. Pode ser através de um programa com processador de textos que

forma no monitor as imagens representando letras e símbolos; através de um

escaneamento de uma imagem original e também com uma câmera digital.

Cada pixel é formador da imagem digital, neles são atribuídos números que os

identificam e localizam e também caracterizam sua cor.

A localização do pixel na imagem é determinada pela sua posição em um sistema de coordenadas xy, e a cor associada ao pixel é dada por um número que representa a luminosidade de cada uma das cores primárias – vermelho, verde e azul (RGB, iniciais em inglês) – representadas pelo pixel. (TRIGO, 2005, p. 174).

Para obter a imagem digital, é preciso da câmera digital, que é claro produz a

mágica através do sensor eletrônico que é colocado no plano focal. As imagens

são formadas nesse período. Os sensores para câmeras digitais são os

Charge-Coupled Device (CCD), que oferece mais qualidade do que o do tipo

Complementary Metal-Oxide Semiconductor (CMOS) que tem uma tecnologia

mais simples e seu custo de produção é bem menor.

O CMOS e o CCD funcionam de maneiras similares, mas vale a pena discorrer

mais um pouco sobre a CCD que é usada atualmente em grande maioria. Ela

tem uma estrutura de fabricação muito complexa, é basicamente feita em três

camadas diferentes. A luz é convertida em carga elétrica parecido ao que

acontece em um fotômetro, o CCD é formado por um grande número de

elementos sensíveis à luz e são chamados de photosites ou fotodiodos que

correspondem a um pixel da imagem. Langford (2009) orienta os leitores para o

uso da CCD:

Sensores CCD relativamente grandes e muito caros são embutidos no back digital para câmera de médio e grande formatos. Diminuir o tamanho desses sensores, mantendo a

38

correspondência do tamanho de pixels significa menor sensibilidade à luz. A maioria corresponde à velocidade de filme fotográfico ISO entre 100 e 400. Quanto mais alto o ISO, mais ruído você verá na sua imagem, oque pode degradar a qualidade da imagem, mas isso talvez mude. (LANGFORD, 2009, p. 134).

As dimensões das photosites variam entre 6 a 15 mm dependendo do

fabricante da câmera e a finalidade de uso. Quando a luz incide no pixel a

carga elétrica é liberada da camada de polissilicato e é conduzido e

armazenado no substrato inferior de silício. Depois da transferência da carga

elétrica os pixels, são analisados e contados, o sinal passa por um conversor

analógico-digital que transforma as informações em digitais, esse conversor

analisa o número de carga enviada de cada pixel e associa um número no

sistema binário de cada pixel. Desta forma os usuários do programa Photoshop

podem entender o que significa os valores associados às cores em RGB

(TRIGO, 2005).

Toda essa evolução merecia um software que permitisse a edição das

imagens. O Photoshop foi concebido em 1987 acidentalmente. Thomas Knoll

estava em sua casa, na Califórnia, trabalhando na tese de seu próprio

doutorado, quando criou um código que exibia imagens em tons de cinza em

um monitor de bitmap preto e branco. Knoll não deu muita importância para o

que seria o esboço do fenômeno Photoshop. Só depois que seu irmão John

Knoll se encantou pelo programa é que ele percebeu o potencial. Os dois

trabalharam para desenvolver o programa. Em 1990 a empresa ADOBE lança

no Mercado o programa que tinha comprado dos irmãos. Hoje em dia o

programa gera muito dinheiro para os donos. Mudou o conceito da fotografia e

a visão que se tem dela, mudou o trabalho do fotógrafo; tornou os padrões da

beleza feminina mais rígida; interviu nos rumos da sociedade. Mais de 10

milhões de pessoas usam o Photoshop, entre elas, um fotógrafo

contemporâneo que faz um excelente uso do programa e manipula as imagens

perfeitamente para o fim que se deseja.

David LaChapele, nasceu em Connecticut, Carolina do Norte em 1968, seu

estilo é surreal, ele cria o seu mundo visionário próprio em vez de reproduzir o

39

que é visível no mundo.

A foto abaixo é intitulada: “Make over: Sugery Story”, um belo exemplo de uso

genial do Photoshop, inclusive para causar reflexões.

Figura 4: Make over: Surgery Story David LaChapelle

Fonte: <http://danishprinciple.tumblr.com/post/21160235430/david-lachapelle-surgery-story-

make-over-new>

LaChapelle é uma dos profissionais mais brilhantes que consegue trazer muita

intensidade as suas fotos, seu estilo de fotografia não se compara com

ninguém. Entre as celebridades de Hollywood como Madonna, Lady Gaga,

Elton John, Pamela Anderson, Lil’ Kim, Uma Thurman, Elizabeth Taylor, David

Beckham, Paris Hilton, Leonardo DiCaprio, Hillary Clinton, Muhammad Ali,

Britney Spears, Rihanna entre outros, LaChapelle também faz seu excelente

trabalho com músicos e bandas, veja na foto abaixo:

40

Figura 5: Tommy Lee – David LaChapelle

Fonte: <http://www.lachapellestudio.com/portraits/tommy-lee/?ci=194>

Além de Tommy Lee da Mötley Crüe, Red Hot Chili Peppers, Blink 182, Beastie

Boys, The Vines e Moby, este até com destaque pelo prêmio conquistado pela

MTV, todos essas bandas agregam mais notoriedade para o trabalho de

LaChapelle.

41

5 SURGIMENTO DO UNDERGROUND E O MOVIMENTO PUNK

Como visto no primeiro capítulo, a juventude que antes não tinha uma

identidade definida, após a Segunda Guerra começou a influenciar e demarcar

um território ideológico que impactou a sociedade com uma proporção nunca

vista antes. Os Babys Boomers, a geração de jovens dessa época, acabaram

sendo responsáveis pelo o surgimento de toda uma geração de adolescentes e

jovens adultos que ganharam muita notoriedade nas manifestações artísticas,

principalmente na música, que foi o exemplo mais bem sucedido de expressão

da cultura jovem.

O rock veio para transmitir os diferentes preceitos ideológicos e formas de

mensagem que na década de 1960 começou a identificar os jovens que se

interessavam com os temas musicais que falavam do cotidiano de forma crítica

e direta. A ascensão do estilo punk começou com as bandas americanas MC5,

Stooges e Velvet Underground, que tecnicamente não tinham nada muito

complexo em seus arranjos, sendo as músicas rápidas e curtas. A monstruosa

banda Ramones chegou, na década de 1970, com músicas bem mais toscas e

objetivas que conseguiram solidificar o estilo musical punk. Na época, os

jovens já eram enérgicos, com as características de um punk, eram

provocadores, irônicos e debochados, embora não se identificavam

uniformemente de tal modo.

O punk assumiu um papel mais agressivo e crítico na Inglaterra, alimentado

pelos problemas econômicos e sociais. Uma banda nova se destacava. Sex

Pistols nasce na terra da rainha e se torna uma eficiente representação da

postura punk num país onde a sociedade era tão cinza e conservadora.

O movimento Punk, com o passar dos anos se popularizou e influenciou jovens

de diferentes partes do mundo a organizar e promover festivais. Assim também

ocorriam os surgimentos de novas bandas, além da produção na área da

literatura, onde, o conteúdo era oriundo do próprio contexto punk. Nos

parágrafos mais a frente será conceituado tal literatura que é viva até hoje.

42

[...] tal êxito acabou servindo de inspiração para que a própria indústria cultural absorvesse elementos visuais e musicais que estabeleceram a explosão do gênero musical “New Wave”, na década de 1980 (SOUZA, 2012, p. 124).

O Movimento punk idealizava o jovem da época à contestação contra o

sistema, era a marca registrada. O jovem punk não ficava calado nem

acomodado como a maioria dos jovens e o povo em geral. A atitude é uma

qualidade virtuosa do movimento. Manifestações, panfletagens, boicotes,

passeatas. O punk mostrava sua cultura e seu repúdio a todas as formas de

fascismo, nazismo e racismo, autoritarismo, sexismo e comando, vendo como

solução a autogestão (anarquia) para a libertação dos povos, raças, homens e

mulheres.

Em sua grande maioria, garotos moradores dos subúrbios e

periferias, de famílias de trabalhadores de baixa renda, que

ouviam rock e viviam em busca de informações, novos discos e

tendências musicais, sentiram-se atraídos pelos sons,

imagens, ideias e visual de rua dos grupos punks da Inglaterra.

(CARMO, 2000, p.146).

O visual do punk fugia de todos os padrões da sociedade impostos pelo

modismo, a revolta era mostrada no corte de cabelo moicano colorido, roupas

velhas e surradas que faziam oposição ao consumismo e a sociedade inglesa,

que usavam roupas com cores na maioria em tons de cinza. Os punks

incrementavam ao visual, jaquetas arrebitadas com frases de indignação contra

o Estado repressor.

O exemplo do punk pode ser compreendido como um

fenômeno ideológico mais explícito. É possível ver, no uso de

correntes de privada, sacos de lixo, alfinetes de segurança,

“tecidos de pouca qualidade, e ‘baratos’... modelos vulgares... e

cores irritantes’”, documentados por Hebdige (1979:107), uma

agressão ideológica aos valores estéticos das classes

24

Disponível em: <http://www.brasilescola.com/historiag/movimento-punk.htm>

43

dominantes, senão do próprio capitalismo. (BARNARD, 2003,

p.71).

Figura 5: Punk2

Fonte: <http://www.cultura10.com/vestimenta-del-estilo-punk/>

A classe dominante não usava corrente, nem sacos plásticos como decoração

ou como joia. Considerado vulgar e desagradável, os panos, as cores e

desenhos, inseridos como indumentária própria, faz o punk se opor a classe

dominante. A moda e a indumentária nesse caso são enquadradas como

armas ideológicas numa guerra de grupos sociais distintos.

Um parêntese para falar que o punk também mostra sua cultura anticapitalista

pelo FANZINE (jornal político-alternativo), que trazia propostas políticas e seu

comportamento livre e objetivo. Isso fazia com que o Punk não fosse uma

moda, quando na verdade, é um modo de vida e pensamento.

O Fanzine surgiu na década de 1930, sendo uma neologia formada pela

contração dos termos fanatic e magazine: revista do fã para fã, e teve sua

origem com o informativo de ficção científica The Comet, editado pelo

americano Ray Palmer. O incentivo a aceitação do fanzine, foi na década de

1970 com a popularização a baixo custo da fotocopiadora e pela própria

explosão do movimento punk.

44

O aspecto mais importante está no fato de o fanzine ser uma

espécie de porta-voz do movimento que afirma tratar da realidade,

do dia-a-dia dos punks. Uma vez que qualquer punk pode fazer o

fanzine, tem-se que aceitar a pluralidade de opiniões e posições no

interior do próprio movimento. (OLIVEIRA, 2006, p.23).

A foto abaixo mostra a estética bem agressiva de uma Fanzine punk anarquista

do ano de 1996 da cidade de Teresina-PI.

Figura 6: Fanzine

Fonte: <http://contraculturapunk.blogspot.com.br/2010/04/frutos-da-miseria-1.html>

O movimento punk que contestava o sistema fortaleceu os Fanzines em sua

época. A ousadia, a autogestão como forma de protesto e as novas maneiras

de narrar o cotidiano de forma caótica, virou uma nova maneira de fazer a

imprensa alternativa ir além, se tornar independente.

45

O movimento Punk no Brasil25, novos ares tomaram conta do país na década

de 1980, o que mais se falava era na abertura política, a censura permanecia,

mas não era tão pesada. Isso fez com que os roqueiros undergrounds

mostrassem suas ideias para o publico, dando mais alternativa aos jovens que

eram influenciados pelos monstros da MPB brasileira como Caetano Veloso,

Chico Buarque e as cantoras Simone, Maria Betânia entre outras que

dominavam a programação nos rádios. Quando o movimento punk chegou a

São Paulo em 1987, se limitava ainda a jovens que imitavam as roupas e

atitudes dos punks ingleses. As primeiras bandas punks brasileiras surgiram

em São Paulo e Brasília uns dez anos antes, no meio underground, sem

rótulos, apenas como rock’n roll. Os grupos Joelho de Porco, Al-5, Lixomanaia

e Restos de Nada se apresentavam nesse meio. Em 1982 o público começava

a tomar conhecimento da nova tendência com o lançamento do primeiro disco

Punk brasileiro, chamado Grito Suburbano que reuniu as bandas Cólera, Olho

Seco e Os Inocentes. Logo depois foi realizado o primeiro grande festival Punk

no Brasil chamado de “O começo do fim do mundo” que acabou terminando em

confronto com a polícia. Foi a vizinhança que alertou a polícia sobre o evento,

pois não gostaram do ambiente que era reproduzido. O que viria após o Punk

carregaria a expressão da contracultura produzida por eles. Com um o ritmo

ainda mais rápido e agressivo, o Hard Core tomava forma, e se expressava na

contracultura do Straight Edge.

5.1 O “X” DA QUESTÃO

O surgimento do Straight Edge deu um novo ânimo à contracultura punk. O

modo de vida dos adeptos do movimento, que contestavam o sistema, mas em

partes, não ficavam sóbrios para defender o ideal. O punk ganhava um novo

estilo de vida, mais regrado.

O jovem Straight Edge era resistente e abnegava substâncias psicoativas,

lícitas ou ilícitas. Defendia a abstinência ao tabaco, álcool e as drogas. Além de

não usar drogas, o movimento defendia uma conduta sexual. O sexo

25

Disponível em: <http://anarquiapunk.br.tripod.com/anarquiapunk/id1.html.>

46

promíscuo, irresponsável ou casual não eram praticados, isso fazia parecer ser

um paradoxo para os jovens cheios de atitude. Embora as atitudes e o modo

de vida regrado parecessem um dogma religioso, os Straight Edge, não tinham

nenhuma relação religiosa, eram apenas os punks vivenciando a nova fase do

Hard Core, livre das drogas, promovendo então esse conceito ao participante

do novo movimento.

A imagem a seguir é uma referência viva. A frase de efeito é usada em tudo

que se pode ser impresso, principalmente em estampas.

Figura 7: Drug Free Straight Edge

Fonte: <http://stu-bacca.deviantart.com/art/DRUG-FREE-STRAIGHT-EDGE-17715572>

A idéia surgiu com o início da cultura punk, no meio de jovens de culturas

distintas que simplesmente não queriam fazer uso de drogas ou de bebidas

alcoólicas para se divertir. Há várias razões pelas quais se escolhe ser Straight

Edge. Para alguns, é um fundamento porque creem que desta maneira estarão

mais envolvidas com sua própria saúde física e mental. Outros optam pela

identificação com o movimento mais consensual, o uso de substâncias que

alteram o humor contribui para anestesia política e enfraquece a atitude de

contestação. Outra grande parte do Straight Edge escolhe ser vegetariano ou

vegano, como foi o caso da Youth of Today, umas das primeiras bandas do

segmento. Além disso, eles tinham também a identificação antidrogas, e em

geral, assumiam total responsabilidade por seus atos.

47

O veganismo26 é uma filosofia de vida inserida no meio Straight Edge, mas não

é necessário que um Edge seja um vegano. Grande parte das pessoas do

segmento opta por esse estilo de vida que é motivada por convicções éticas

com base nos direitos dos animais, que procuram evitar exploração ou abuso

qualquer espécie animal, fazendo boicotes a atividades e produtos que faça a

exploração deles. No Reino Unido e nos Estados Unidos o número de vegans

está crescendo juntamente com os restaurantes veganos.

O termo vegan nasceu nos Estados Unidos na década de 1944 numa reunião

onde o seu precursor Donald Watson se desvinculou da organização The

Vegetarian Society por motivos ideológicos e decidiu criar uma nova sociedade

chamada de The Vegan Society. A ideologia do veganismo defende o princípio

de que o homem viva sem a exploração dos animais, condenando a

alimentação por qualquer espécie animal e todos os outros usos que envolvam

a exploração da vida animal pelo o homem. Para o vegano os animais não

existem para serem explorados, assim como o negro não existe para servir o

branco, nem a mulher para servir o homem.

Mas qual é a diferença do vegan para o vegetariano? Os seguidores da

filosofia têm o objetivo em comum de proteger os animais em diversos

aspectos que vão além de comer a carne animal de qualquer espécie. A

diferença é que o veganismo não é dieta. É um conjunto de práticas

direcionadas ao direito animal. Veganos não utilizam nada de origem animal,

nem mesmo roupas ou cosméticos que tenham sido testados em animais. Já o

vegetarianismo não é necessariamente ingerir exclusivamente vegetais.

A origem do nome vem da palavra vegetus, que em latim quer dizer saudável. A dieta exclui qualquer produto alimentício que promova o sofrimento animal. Carnes e derivados não fazem parte do prato vegetariano, que pode, entretanto, conter leite, ovos e laticínios (PRECIOSO, 2011, pag. 1, BLOG DA KARLINHA

27)

26

Disponível em: <http://vegantifascista.blogspot.com.br/2010/07/o-que-e-o-straight-edge-sxe-historia.html>, pag. 4 27

Disponível em: <http://mdemulher.abril.com.br/blogs/karlinha/geral/veganismo-versus-vegetarianismo-qual-a-diferenca/>

48

O vestuário e os adornos vegans são de origem vegetal, algodão, linho,

sintético e polyester. Os vegans se policiam para não exagerar com o

consumismo que também, indiretamente acaba gerando degradação e

negação aos animais.

Retomando o lado histórico do segmento Straight Edge, as bandas

percussoras do movimento foram Teen Idles e a Minor Threat. Em 1980 em

Washigton D.C, capital dos Estados Unidos, os integrantes da Teen Idles eram

todos menores de idade e não podiam frequentar os shows punks porque se

consumia bebidas alcoólicas. Os próprios integrantes não queriam beber, eles

faziam ao contrário da maioria dos punks da época. As drogas e o álcool eram

bastante consumidos na época, os menores eram excluídos dos shows. Para

os membros da banda, o consumo de álcool e drogas só trazia coisas ruins

para o movimento e se sentiram na obrigação de não pactuar com essa atitude.

Era um desperdício de talento quando algum punk inteligente bebia e ficava a

causar brigas que aconteciam desnecessariamente. Para a banda Teen Idles,

a atitude do "faça você mesmo" que o punk trazia na bagagem, envolvia o

indivíduo, fazendo-o ter pleno controle do que estava fazendo, do seu corpo,

mente e atitudes. As drogas eram uma barreira, um obstáculo. Por isso, ao

redor da banda, toda uma turma de jovens punks foi se formando, e algo como

um "mini-culto" foi surgindo.

Quando a banda estava fazendo a arte da capa de seu primeiro disco, que se

chamou "Minor Disturbance", o baterista Jeff Nelson pegou um esquadro, e

brincou fazendo uma comparação a qualidade das retas e os ângulos retos do

encarte, com sua postura firme e "careta" de vida. Com essa brincadeira, o

membro da banda fez uma analogia entre o esquadro e o novo estilo punk de

ser e foi com essa brincadeira que o baterista Nelson apelidou aquele grupo de

punks "caretas" de "Straight Edge Punks". Alguns anos depois a banda acaba

e Jeff Nelson junto com Lan Mckaye formam uma nova banda chamada Minor

Threar. Essa sim foi a banda que teve repercussão em todo o mundo

principalmente nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, parte da Europa e

também na Austrália. Além das bandas precursoras do movimento como Minor

Threat, Youth of Today e Teen Idles, outras bandas como Rise Against, Gorilla

49

Biscuits, Lärm, Bold, LCE, To See You Broken nascem e promovem a

continuação do Hard Core Straight Edge.

O surgimento do X ocorreu durante uma turnê do Teen Idles, quando tocaram

na Califórnia no bar chamado Mabuhay Gardesn. Lá os menores de idade que

frequentavam os shows eram marcados com um “x” na mão para ficar fácil a

visualização dos garçons, fazendo com que não distribuíssem bebidas para

eles. O pessoal do Teen Idles gostou da idéia, que a levou para casa, onde

vários clubes e bares copiaram a ideia. O tempo foi se passando e os adeptos

da filosofia Straight Edge começaram a usar o X fora dos lugares dos shows.

Depois que atingiram a idade legal para beber eles continuaram a usar o

símbolo, e assim, ele acabou se tornando o símbolo do movimento.

Figura 8: Straight Edge sXe

Fonte: <http://jaderocks12.buzznet.com/user/photos/sxe-xxx-straightedge-large-

msg/?id=4611484>

Para alguns os três “X" é interpretado como a representação de "corpo",

"mente" e "alma". Para outros é como símbolo da letra da música "Out of step"

do Minor Threat: "I Don't Drink, I Don't Smoke, I Don't do drugs - At Least I can

fuckin' think! [...]" (Eu não bebo, eu não fumo, eu não me drogo - Pelo menos

eu consigo pensar, porra!). Mas na verdade, a representação dos X’s foi criada

por Jeff Nelson baterista do Minor Threat. Ele trocou as três estrelas da

50

bandeira da cidade natal da banda que era Washington D.C. pelos XXX,

usados na arte da capa da coletânea "Flex Your Head", em 1982.

Para os adeptos do Straight Edge, é comum fazer tatuagens com o símbolo do

X tanto na mão quanto em outras partes do corpo. O símbolo também é

bastante usado em camisas, blusas de manga longa, moletons, bandeiras,

shorts, buttons, patches, bonés, relógio entre outros itens.

Figura 9: Store Straight Edge

Fonte: <http://www.quickening-store.com/jakarta/browse/shirts>

As bandas de Straight Edge não têm postura capitalista, a venda dos produtos

é destinada para cobrir custos de um show, para pagar a viagem realizada pela

banda. A intenção não é lucrar, é difícil encontrar bandas que se sustente

totalmente da música no meio underground, muitos tem trabalhos além de

tocarem nas bandas e colocam a amizade e a família em primeiro lugar.

Outro item que tem uma estética de identificação com as bandas de hard core

Straight Edge, são as artes de tatuagens e as tipografias estilo old school, cujo

suas características têm formas de estilo grosso com bordas quadradas e

51

também no estilo hand, que seria um manuscrito mais arredondado e no estilo

gótico, com muitas serifas em sua composição. Essas tipografias são

mostradas em todos os lugares, mas ganham destaque quando estão num

cartaz de divulgação de shows.

Figura 10: Cartaz

Fonte: <http://www.lastfm.com.br/event/3343769+Bridge+Nine+Scion+Label+Showcase>

Mas, além do olhar estético e visual do movimento Straight Edge, é necessário

saber que o X’’ é uma forma de identidade. Inseri-lo em um nome pessoal ou

de banda é uma prática comum para os Straight Edge, em uma analogia

visível, é como os moicanos e rebites da cultura punk.

5.2 O MOVIMENTO NO BRASIL

O primeiro registro que se tem, foi no ano de 1982, na contra capa da

coletânea Grito Suburbano. Fábio Sampaio que era vocalista da banda Olho

Seco aparece com um X pintado na mão, e no ano de 1989 surge em São

Paulo a banda Energy Induct, que não chegou a gravar em estúdio, e logo

depois com o selo da Liberation a banda Point of No Return e a No Violence se

associam ao movimento. Em 1993 nasceram as bandas inteiramente Straight

52

Edge, tais como a Personal Choice, onde um de seus membros era Fábio Neve

que atualmente é vocalista da banda paulistana Dance of Days. A Positive

Minds que mais tarde passaria a se chamar Self Conviction, ajudou a

fundamentar a cena no Brasil, e entre as bandas houve um compartilhamento

de seus membros e alguns deles formaram o Point of No Retun, banda mais

conhecida do Straight Edge no país.

Como o movimento ganhava mais adeptos, novas bandas surgiram e

começaram a organizar eventos independentes fora dos bares e das casas

noturnas. Não havia só música nos shows, aconteciam atividades culturais e

políticas também, servindo esses eventos de base para a Verdurada, principal

evento Straight Edge do país, realizado desde 1996. Era promovido em uma

casa no Jabaquara, bairro paulistano. Porém, com a aceitação e crescimento

da cena, o evento é atualmente realizado em um galpão maior, próximo ao

metrô de Jabaquara. A Verdurada mantém a mesma filosofia nos eventos,

além de realizar outras atividades como palestras, exposições de arte, vídeos

com temas político-cultural e ecológico. Também defende os princípios Straight

Edge, e lá dentro continua a não se consumir e álcool e cigarros. Não existe

patrocínio de empresas para o evento, quem organiza são as próprias pessoas

ligadas ao movimento, fazendo valer assim a auto-gestão, “o faça você

mesmo”.

5.3 A “SANTIFICAÇÃO” NO ESPÍRITO SANTO

No Estado do Espírito Santo, não há bandas consideradas 100% Straight

Edge, na maioria dos casos a banda relacionada ao movimento, tem algum de

seus membros devoto do movimento, mas o meio underground tem bons

motivos para se orgulhar ainda que a cena atualmente seja fraca com apenas

um evento de rock importante e ainda anual chamado Metanoia Fest. Foi das

terras capixabas que saíram as bandas Dead Fish, que já foi considerada a

melhor banda de Hard core nacional, fazendo escola até hoje por todo o Brasil,

além da banda Mukeka di Rato que também tem grande destaque no meio

underground nacional. Essas bandas não estão ligadas especificamente ao

movimento Straight Edge, mas estão unidas dividindo os mesmos palcos por

53

se tratar do estilo contestador e do som que é o Hard core.

54

6 O PROJETO

O ESTEREÓTIPO X: EDITORIAL FOTOGRÁFICO INSPIRADO NA

CONTRACULTURA HARDCORE é um editorial fotográfico inspirado em

demonstrar o estereótipo e as indumentárias de uma banda de rock. O objetivo

principal foi produzir uma estética do gênero musical Hard Core e seu

segmento específico chamado de Straight Edge. O trabalho teve como objetivo

específico produzir imagens e manipulá-las com uma estética coerente ao

segmento, finalizando as fotografias para o editorial fotográfico e para servir de

apoio a promoção da banda de hard core Down Beat.

6.1 PROCESSO PRÁTICO

Após o processo de seleção que foi constituído pelos próprios integrantes da

banda, Hebert Marchesi, Filipe Borges, Carlos Henrique Bazileu, Felipe

Bernades e Amerson Thomazeli, o passo seguinte foi agregar recursos

matérias e procurar ajuda técnica para auxiliar no trabalho. Profissionais

contribuíram no jogo de luz e na fotografia realizadas dentro do estúdio

fotográfico, gravação e edição de vídeo relativo ao making off do trabalho.

O ensaio fotográfico ficou dividido em duas partes. A primeira parte foi

realizada no Estúdio de fotografia da Faculdade Estácio de Sá de Vitória. Pela

disponibilidade de horário, as fotos foram realizadas em meio de semana,

totalizando 3 semanas seguidas com fotos individuais e coletiva em fundo preto

e em fundo branco. Essas fotos tiradas dentro do estúdio ficaram com um teor

mais artístico com o uso das luzes do estúdio. Camisas, blusas e shorts com

estampas de bandas de Hard Core e do próprio movimento Straight Edge que

também serviram de base para as montagens e manipulações de imagem.

Para a segunda parte foi necessário realizar locações externas para realçar o

verdadeiro espírito suburbano do movimento. Escadarias e becos com

corrimões foram os lugares escolhidos no Centro de Vitória, representados por

pichações e grafites nos muros e paredes, apoiados do profissional em

55

filmagem Helber Lopes, responsável para os takes de apoio do Making off.

Os equipamentos utilizados foram uma câmera SONY Z5 HDV para a

realização das filmagens e uma câmera NIKON D3000 para as fotografias. As

imagens foram editadas em um IMAC (Macintosh) com o software Adobe

PhotoShop CS5.

56

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto, pode se perceber que o mundo tem sido movido por

atitudes jovens. Independente da idade que o estatuto venha a dar para

considerar uma pessoa jovem, as grandes mudanças e efeitos sócio-político-

econômico e cultural, tiveram surgimento e grande participação da juventude.

Todos são jovens, basta ter o espírito liberto, vontade de mudança e visão do

mundo melhor.

Sendo assim, em certo momento da história da cultura mundial, todo o contexto

cultural, seja ele cinema, música, literatura ou até mesmo a moda, que hoje

volta a ter a atenção da população jovem, foi revolucionada pela juventude. Ter

atitude, como visto que os roqueiros tinham, e talvez ainda tenham, não era

questão da música, mas era antes de tudo, um princípio dos jovens, hoje temos

moda e toda uma vasta indumentária que identifica um leque enorme de

personalidades espelhadas no estereótipo, visto aqui como Straight Edge.

Concluí-se com o passar dos anos, a fotografia desde seu surgimento, sofreu

inúmeras transformações e avanços no conhecimento técnico. Os recursos da

tecnologia deixaram o processo de produção mais ágil, reduziram-se os custos

e beneficiaram a qualidade das imagens que podem retratar os detalhes que

não eram percebidos antes. Atualmente há mais facilidade para alterar e

manipular uma imagem com o auxílio de softwares.

No segmento Punk e seu subgênero Hard Core Straight Edge, o expoente

cultural é demonstrado através da música e da “moda”, certamente o termo

moda não é aceito nos princípios desse movimento, entende-se como

identidade visual. O modismo, a aceitação social a mera aparência e o

comércio são repudiados pelo grupo. O uso de indumentárias simples e

antiquadas combinada com o corte de cabelo moicano está muito longe de ser

moda, essa combinação aleatória têm o um significado real, que é usar as

roupas e os artefatos como afirmação pessoal ainda que o subgênero hardcore

não se sinta obrigado a compartilhar da mesma aparência. A ideia e ponto forte

57

que não segrega o movimento, são os ideais libertários e anarquistas, que

valorizam a autogestão, o “faça você mesmo”, e defendem as minorias

desfavorecidas, que estão as margens da sociedade.

Para a realização deste editorial fotográfico, um estudo foi feito sobre os temas

centrais deste assunto, salientando também o que permeia o tema central,

estes, de suma importância para a construção de todo o trabalho.

Assim, uma equipe foi formada para agregar conhecimentos técnicos e dar o

suporte para a produção das fotografias mais o vídeo que ilustraram este

editorial que seguiu os padrões estéticos do movimento com unidade e

coerência gráfica. Isso serviu como uma bússola, que norteia o aventureiro,

sendo assim, necessária para a construção do trabalho previamente proposto.

58

FOTOGRAFIAS Foto: 001

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REFERÊNCIAS

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79

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ANEXO A

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ANEXO B