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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
ARTIGO CIENTÍFICO
RELAÇÕES IMPLICITAS NAS DIFICULDADES ENCONTRADAS NAS
AVALIAÇÕES DE CIÊNCIAS.
Artigo Científico apresentado à Secretaria de Estado da Educação – SEED como requisito final de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) na Área de Ciências Orientador: Prof. Rodrigo de Souza Poletto
CORNÉLIO PROCÓPIO
2012
RELAÇÕES IMPLICITAS NAS DIFICULDADES ENCONTRADAS NAS
AVALIAÇÕES DE CIÊNCIAS.
Autor: Lucinei Yuriko Hirata Fukumoto1
Orientador: Prof. Rodrigo de Souza Poletto2
RESUMO
O presente artigo é resultado de discussões, atividades e análise de gráficos
estatísticos que abordaram o tema das relações implícitas nas dificuldades
encontradas nas avaliações de Ciências, desenvolvidas com os docentes que atuam
na 5ª série/6ºano, do Colégio Estadual Professora Adélia Antunes Lopes. As
atividades foram elaboradas e aplicadas durante o Programa de Desenvolvimento
Educacional do Estado do Paraná – PDE 2010/2011, o objetivo era analisar os
fatores que levavam os alunos de 5ª série/6ºano a ter dificuldades em alcançara
média exigida para a aprovação, e junto aos docentes, verificar o perfil dos alunos e
discutir as formas de avaliação que vem sendo aplicadas e buscar novos caminhos
que possam solucionar este problema.
Palavra-chave: Avaliação; Ensino/aprendizagem; Reflexão
1 . INTRODUÇÃO
A avaliação não é tema novo, mas é muito discutida entre os docentes frente
1Professora da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná.
e-mail: [email protected] ou [email protected]. 2Professor do Curso de Ciências da Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP –
CCHE/Cornélio Procópio e-mail: [email protected]
aos constantes dados do fracasso escolar. Questões sobre como avaliar; oque
avaliar; avaliar corretamente e sobre a formulação das avaliações.
São questionamentos feitos constantemente e poucas respostas
encontradas.
Este artigo, não pretende responder essas perguntas, mas abrir caminhos
para o encontro de soluções.
Segundo as Diretrizes Curriculares ( 2008),
“a avaliação é atividade essencial do processo ensino – aprendizagem dos conteúdos científicos escolares e, de acordo com a LDB nº 9394/96, deve ser continua e cumulativa em relação ao desempenho do estudante com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos.” p.77
Com base na proposta da LDB, no conhecimento dos professores de
Ciências do Colégio Estadual Professora Adélia Antunes Lopes e na utilização de
instrumentos variados para a inclusão do aluno no ato de avaliar, com questões e
problemas novos, não familiares, que exigissem a máxima transformação do
conhecimento adquirido, do estudante em diferentes contextos de sua compreensão,
é que dirigi minha linha de pensamentos e análise crítica sobre a avaliação.
O trabalho teve como objetivos, estabelecer critérios voltados para os
aspectos educacionais; estimulando o professor a promoção, a problematização e a
contextualização dos conteúdos para que as informações trabalhadas potencializem
a assimilação do conhecimento; levantando dificuldades que impedem os alunos na
aprendizagem; verificando se as avaliações elaboradas pelos professores foram
feitas à partir dos conteúdos estruturantes propostos no Plano de Trabalho Docente;
levando os professores de Ciências a utilizarem atividades que pudessem ser
desenvolvidas na relação aluno-professor que potencializem a assimilação de
conhecimentos pertinentes ao educando. Enfim, esse trabalho visou ajudar os
professores de Ciências a encontrar alguns caminhos que auxiliassem os alunos a
superar as dificuldades durante o processo de avaliação.
Para alcançar esses objetivos, fez-se um levantamento estatístico de 2009 e
2010 junto à secretaria, dos alunos da 5ª série/6ºano, do Colégio Estadual
Professora Adélia Antunes Lopes, para verificação do percentual de reprovação na
disciplina de Ciências nos referidos anos e, dos resultados obtidos das avaliações
de Ciências no primeiro semestre de 2011, na escola da série citada acima, e desta
forma foi construído um perfil dos alunos. A partir deste levantamento, reuniram-se
os professores da área e equipe pedagógica e, em conjunto, foi feito análise dos
gráficos com discussão das formas de avaliação que vinham sendo aplicadas.
Depois disto, foram feitas algumas leituras, sugeriu-se algumas atividades
diversificadas que também poderiam ser utilizadas como avaliação. Com base neste
material, fizemos discussões buscando soluções para a questão dos constantes
fracassos escolares.
O intuito deste trabalho foi auxiliar o professor da área de Ciências na árdua
tarefa de avaliar e apresentar a eles algumas atividades diferenciadas que também
podem ser usadas como forma de avaliação. Todo o empenho foi para que
consigamos um melhor ensino/aprendizagem por parte do aluno e com isso diminuir
os índices de reprovação na disciplina de Ciências.
2 ALGUMAS DAS DIFICULDADES ENCONTRADAS NAS AVALIAÇÕES DE
CIÊNCIAS
De acordo com as Diretrizes Curriculares (2008, p.79), no ensino de
Ciências “avaliar implica intervir no processo ensino-aprendizagem do estudante,
para que ele compreenda o real significado dos conteúdos científicos escolares e do
objeto de estudo de Ciências, visando uma aprendizagem realmente significativa
para sua vida”.
Entretanto, na disciplina de Ciências, o aluno deverá ser estimulado a
compreender e analisar como o conhecimento adquirido na escola está relacionado
no seu contexto de vida, ou seja, aplicar o que se aprende em sala de aula na sua
vivência, e com isto propiciar uma melhoria da qualidade da própria vida.
Em geral, os critérios de avaliação elaborados pelos professores, parte dos
conteúdos estruturantes e específicos propostos no Plano de Trabalho Docente
podendo este, ser adequado às necessidades do aluno no decorrer do processo
ensino-aprendizagem.
Segundo as Diretrizes Curriculares (2008, p.78), para obter um rendimento
melhor na aprendizagem significativa, o professor pode: “por meio de
problematizações envolvendo relações conceituais, interdisciplinares ou contextuais,
ou mesmo a partir da utilização de jogos educativos, entre outras possibilidades,
como o uso de recursos instrucionais que representou como o estudante tem
solucionado os problemas propostos e as relações estabelecidas diante das
dificuldades encontradas”.
O tema “avaliação” foi muito discutido e com diversas interpretações. Cada
autor tem uma teoria e divaga sobre ela. Vygotsky (1991b) diz que a prova é o meio
pelo qual se obtêm resultados do aprendizado do aluno e do conhecimento dos
conceitos científicos escolares ainda não assimilados por ele, podendo indicar o
nível de conhecimento do aluno.
Nesta perspectiva, a “prova” foi uma análise pela qual identificou se o nível
de conhecimento que o aluno possui do conteúdo, para que o professor possa
direcionar seu trabalho.
Para González (1996), a avaliação deve ser bem elaborada para que o
estudante obtenha bons resultados na aprendizagem, assim poderá ser usada para
que haja um relacionamento aberto, participativo e cooperativo entre professores e
alunos. Entretanto, sabemos que sempre deve ocorrer uma combinação entre
professores e alunos de que forma serão as avaliações.
Desta maneira, poderá surgir um novo relacionamento social, baseado no
diálogo sincero de ambas as partes entre professor e alunos, isto pode ajudar na
construção da democracia na escola.
Hoffmann (2005, p.15) diz que:
“A avaliação é uma ação transformadora em reflexão e é essa ação que nos impulsiona as novas reflexões. A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre ação.”
Por outro lado, a autora nos fala que desde o início dos tempos os
estudiosos se preocuparam em estabelecer críticas e opiniões entre avaliação e
ação em diferentes manifestações pedagógicas, esquecendo-se de mostrar planos
concretos ao educador que deseja fazer uma avaliação em benefício da educação.
Assim, a aprendizagem pode ser definida de uma forma bem sintética, como
o modo de os seres adquirirem novos conhecimentos, desenvolverem competências
e mudarem o seu comportamento. PIAGET (1981).
Além de todos estes argumentos, devemos salientar que a avaliação não
depende só da pedagogia adotada pelo professor, existem outros fatores que podem
dificultar a aprendizagem do aluno, por exemplo, o estado emocional, maturidade,
saúde, alimentação, entre outros.
Segundo CUPELLO (1998), os aspectos de saúde contribuem
negativamente para a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno, tanto emocional,
psicológico, fisicamente e socialmente.
AUSUBEL et al.(1980), tinha uma preocupação muito grande, sobre de que
maneira o ser humano constrói os significados relevantes para ajudar na
aprendizagem. Dependendo das estratégias utilizadas o aprendizado pode ser
facilitado.
Para MORAN (2000, p.137), práticas inovadoras são aquelas que dão
suporte para o aluno aplicar em sua vida real. Assim, essas práticas podem conduzir
na construção de uma identidade, levando-o a uma profissão e encontrar seu
espaço na sociedade.
Sendo assim, fica claro o papel do professor em ser o articulador para
facilitar a aprendizagem do aluno, tornando a avaliação apenas uma atividade a
mais para enriquecer a aprendizagem e organizar seu próprio conteúdo para a
próxima etapa.
Tomando como embasamento para diagnosticar as dificuldades encontradas
nas avaliações de ciências, pergunta-se: Por que os sistemas avaliativos têm gerado
dúvidas tanto para professores e alunos? Qual é o motivo pelo qual os alunos não
importarem com as notas baixas nas avaliações de Ciências? Por que preocupamos
tanto com a Avaliação? Você se preocupa com a avaliação diagnóstica? O que faz
para reverter à situação quando o aluno vai mal na avaliação? Acha que as
avaliações podem ser um momento de aprendizagem?
3 PROCESSOS DE AVALIAÇÃO
Ao abordarmos os processos de avaliação vimos que ele é realizado em
função dos objetivos expressos nos projetos de ensino e/ou programação Curricular
do Estabelecimento de Ensino de acordo com as Diretrizes pedagógicas emanadas
da Secretaria Estadual da Educação.
Assim sendo, a avaliação é compreendida como forma de acompanhamento
e aperfeiçoamento do processo de aprendizagem e permitirá o diagnóstico de seus
resultados e consequente a reformulação dos conteúdos e dos encaminhamentos
metodológicos, sendo, portanto, contínua, progressiva e cumulativa.
O Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Professora Adélia
Antunes Lopes de Jataizinho, coloca que a avaliação deve propiciar ao educando o
auxílio na compreensão de si mesmo para que ele possa detectar as suas
capacidades e limitações, fazendo prevalecer os aspectos qualitativos de aprender,
dando-se maior importância à atividade crítica, a capacidade de síntese e a
elaboração pessoal.
No entanto, a avaliação diagnóstica proposta no P.P.P. apresenta o propósito
de determinar a presença ou ausência de pré-requisitos, suas causas de
dificuldades na aprendizagem visando com isto o crescimento e não a sua
estagnação disciplinadora, o que exige uma postura pedagógica e definitiva.
Segundo Marcondes de Sousa3, a avaliação diagnóstica é sinalizada como
avaliação elementar. Apresentando e qualificando a importância de algum aspecto
do comportamento do aluno. Isto implica uma metodologia diferenciada no sistema
avaliativo, que não deve ser colocadas de lado das outras práticas do processo de
ensino3, pois, a avaliação diagnóstica fornece ao professor informações para que
possa direcionar os exercícios e planejar de forma adequada às características de
seus alunos. É de suma importância frisar que a avaliação diagnóstica não deve ser
aplicada por um longo período, interferindo na implementação do plano de trabalho
docente e das atividades didáticas, pois existe outra modalidade de avaliação
consecutiva que pode sucedê-la e que permite a observação do avanço e da
qualidade da aprendizagem alcançada pelos alunos.
Ao passo que, a avaliação formativa oportuniza ao educando um ser único e
individual respeitando sua potencialidade, avalia seu desempenho em relação aos
objetivos propostos, fornece elementos decisivos para prosseguimento ou retomada
de estudos.
Todavia, este método de ensino ajuda o professor a adequar às atividades
de avaliação, ajustando a capacidade de aprendizagem dos alunos. Por isto, a
3 SOUSA,Marcondes. Avaliação Diagnóstica, Formativa e Somativa.
Disponível:http://www.webartigos.com/artigos/avaliacao-diagnostica-formativa-e-somativa/40842/.
Publicado em 19 de junho de 2010. Acesso em: 25 de junho de 2011.
avaliação deve ser bem planejada para obter informações consistentes durante seu
processo de aprendizagem.
Abrecht (1994, p.18) estimava que o valor da avaliação formativa não fosse
como um processo, mas como estilo onde “Os grandes objetivos da avaliação
formativa são, de fato a conscientização, por parte do aluno, da dinâmica do
processo de aprendizagem (objetivos, dificuldades e critérios).a luta contra a
passividade.” Na verdade, o autor valoriza o desempenho individual do aluno em
direcionar seus próprios processos de desenvolver seus critérios de avaliar.
Ao escolher a avaliação formativa, Perrenoud (1992), achava que a dinâmica
das aulas é comprometida, tanto nos aspectos da própria disposição das aulas,
como as práticas de ensino, o estilo entre o educador e seu estabelecimento de
ensino, a política da escola, o conteúdo e os objetivos.
Isto deixa claro que, dependendo do tipo de avaliação que o professor
escolher, ele deve ter clareza do que pretende enfatizar para que seu trabalho seja
dinamizado dentro do setor educacional.
Por outro lado, existem metas fundamentais que direcionam a avaliação da
aprendizagem. Soma-se a isto, a atuação de cada educando em melhorar onde
precisa de maior atenção específica; observar e esquematizar como poderia auxiliar
os alunos ao depararem com problemas; investigar se os objetivos propostos estão
sendo alcançados; buscar informações para a revisão dos materiais e para o
aperfeiçoamento do trabalho pedagógico. PPP da Escola (2011).
Contudo, a avaliação somativa dá um suporte caracterizado pela avaliação
global, cumulativa com o aproveitamento escolar em sua totalidade, portanto a
avaliação incidirá sobre o desempenho do aluno em diferentes experiências de
aprendizagem; utilizando técnicas e instrumentos diversificados oportunizando ao
educando o seu sucesso escolar. PPP da Escola (2011).
Assim sendo, o PPP da escola deixou muito claro a nós professores que, o
final do processo da avaliação somativa, ela pode contribuir para uma função
classificatória conforme o nível de aproveitamento do aluno, isto é, ela pode
determinar à retenção ou à progressão do estudante.
No entanto, a pauta que ficou registrada é que, este tipo de avaliação pode
ser utilizado com maior facilidade como instrumento de verificação social, visto que
esta permite seriar os alunos, constituindo assim uma avaliação por dar mérito no
social do educando. Isto é, ela enfatiza os resultados gerais na progressão ou na
retenção do aluno.
Porém, a posição questionada é que o instrumento de avaliação é o objeto a
ser avaliado devem ser coerentes entre as atividades de grupo, provas e fichas de
observação, onde o professor distribui conceitos médios para todos os alunos. Na
verdade, nesta ação, só observa o desempenho individual do aluno.
O que fica claro nesta situação é que as escolas brasileiras tem esta
realidade e cabe ao professor escolher, entre as alternativas acima, a que menor
lesão traz à qualidade do ensino.
Certamente, alguns vão continuar a inventar um arremedo de avaliação
qualitativa, enquanto outros continuarão produzindo suas provas, por vezes mal
elaboradas, mas sabemos que é o que sabem, ou o que conseguem fazer.
Todavia, este documento, o PPP, que é a linha que toda escola deve ter
como base de direcionamento de seu trabalho pedagógico, deixou muito fulgente
que, quem continuar tentando fazer avaliação qualitativa nas condições
contemporâneas acaba numa farsa, em que as atividades de grupo da turma, o
“conceito individual”, atribuindo a cada aluno, critérios que por vezes não ficam
claros para todos, levando à promoção alunos que não atingiram objetivos mínimos
da série levando-os a exclusão e progressão continuada.
Por fim, cabe a escola e aos professores definirem qual é a melhor forma de
avaliar a aprendizagem do aluno para que a mesma tenha o sucesso como a meta
final.
4 A APLICAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA
Iniciaram-se os trabalhos na Semana Pedagógica de julho de 2011, quando
foi apresentado este projeto à docentes, equipe pedagógica e direção do Colégio
Estadual Professora Adélia Antunes Lopes, fiz uma breve apresentação dos
objetivos a serem alcançados durante a aplicação do mesmo. Pedi a colaboração do
professor da disciplina de Ciências da série em que iria desenvolver o projeto e
também aos outros que se interessassem em participar desta jornada.
Logo que as aulas se iniciaram em agosto de 2011, reuniram-se os
professores que estavam atuando na 5ªsérie/ 6º ano do período matutino e equipe
pedagógica.
Foram apresentados a eles alguns gráficos4 com a estatística de reprovações dos
anos de 2009, 2010 e o relatório de notas do primeiro semestre de 2011. Com base
nesses dados, fez-se um levantamento do perfil dos alunos e a partir deste ponto
começamos a discutir as formas de avaliações que vinham sendo aplicadas e o que
se podia fazer para mudar este quadro. Muitas foram às sugestões, mas o que
realmente todos esperavam é que o aluno alcançasse o aprendizado completo. Os
professores discutiram sobre como reverter este quadro de fracassos escolares e
chegaram à conclusão de que precisamos estimular nossos alunos a aprenderem, a
tomar gosto pelo estudo, a relacionar a teoria com a prática vivenciada por ele.
Em nosso segundo encontro, os professores estavam mais animados e
buscando novos caminhos, então foi apresentado a eles um texto sobre a avaliação
de Tânia Zaguri; do livro O professor refém, para pais e professores entenderem por
que fracassam a educação no Brasil, mais especificamente no tema 115. Fizemos a
leitura deste texto e após a discussão pedi aos professores para que respondessem
algumas questões que elaborei. Com base nessas respostas pude verificar como
cada docente vê a avaliação, as dúvidas sobre ela, a metodologia utilizada, e o que
eles fazem com os alunos que não conseguem atingir os objetivos, ou seja, a média
estabelecida pelo sistema de ensino. Através das respostas colhidas, fez-se uma
breve discussão, onde cada professor pode expor a sua opinião e em conjunto,
chegamos à conclusão de que se deve utilizar instrumentos variados no ato de
avaliar e que a avaliação consiste na aprendizagem diária do processo ensino.
O fechamento do 3º bimestre na escola, foi caracterizado através da
estatística das notas dos alunos. Verificou-se uma considerável melhora no
rendimento escolar. Os professores relataram que as novas abordagens e a
diversificação de atividades em forma de avaliação mostraram um bom resultado
final. Tais produtos puderam verificar o efeito sobre o ensino e aprendizagem dos
alunos. Aproveitei a reunião para entregar a eles o texto AVALIAÇÃO É?6 Este texto
traz opinião de vários autores sobre o que é avaliação. Pedi que fizessem a leitura
com calma, pois é um texto para reflexão de nossa postura frente às atuais políticas
educacionais. Também mostrei um material com diversas atividades que abordam os
4 Gráficos cedidos pela secretaria do Colégio Estadual Profª Adélia Antunes Lopes, estão nos anexos.
5O texto está na integra nos anexos
6O texto está na integra nos anexos.
conteúdos a serem trabalhados nesta série durante o ano letivo, de acordo com os
conteúdos estruturantes e conteúdos básicos propostos pelas Diretrizes Curriculares
e me coloquei a disposição de todos os professores, para auxiliar na elaboração de
novas atividades, já que sou professora readaptada e, meu tempo na escola é para
atuar junto a professores que necessitem de ajuda com material didático que
colaborem no ensino/aprendizagem.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O intuito de despertar o interesse e a necessidade de se discutir sobre as
Relações implícitas nas Dificuldades encontradas nas Avaliações de Ciências, ou
seja, mais precisamente sobre os problemas que levam os alunos a não terem o
rendimento escolar esperado dentro da disciplina de Ciências foi plenamente
alcançado, pois os professores cooperaram efetivamente da implementação deste
projeto, participando dos encontros, discutindo e trocando ideias sobre novas formas
de se avaliar, e acatando algumas sugestões por mim propostas, no que se refere a
algumas atividades que podem ser colocadas como avaliação no decorrer das aulas.
Resumindo, alcancei o objetivo central, ou seja, levar o professor a refletir, discutir e
mudar suas formas de avaliação, sempre pensando num ensino de qualidade e,
principalmente, contribuindo com o aprendizado do aluno.
A avaliação sempre foi e continuará sendo um tema de muita discussão. O
importante é que consigamos desmistificar o ato de avaliar e que evoluamos
juntamente com as novas políticas educacionais. O professor que ainda insistir em
métodos antiquados de avaliar estará comprometendo toda uma estrutura de
aprendizado por parte do aluno. Temos que nos atualizar, implantar novas
metodologias, diversificar nas atividades, enfim, temos que nos desdobrar para
conseguir alcançar o nosso objetivo maior, que é possibilitar o aprendizado por parte
do aluno.
Espero que este trabalho realizado durante o Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE) do Estado do Paraná forneça aos professores de Ciências, uma
contribuição no processo avaliativo e que sirva de reflexão aos docentes de todas as
disciplinas, pois a avaliação é complexa e o ato de avaliar exige muita desenvoltura
por parte do professor, pois ele deve estar atento a todas as possibilidades e meios
de levar o aluno a aprender para a vida.
6 REFERÊNCIAS
ABRECHT, R.; A avaliação formativa. Porto: Edições ASA
AUSUBEL, D.; NOVAK, J. e.: HANESIAN, H. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: ed. Interamericana, 1980. BARROS, F. J.; SILVA, D. da . Algumas reflexões sobre a avaliação dos estudantes no ensino de Ciências. Ciências & Ensino, n. 9, p. 14 - 17, 2000. CUPELLO, R. O atraso da linguagem como fator causal dos distúrbios de aprendizagem. Rio de Janeiro, Revinter, 1998, 135-51p FERREIRA, L. Retratos da avaliação, conflitos, desvirtuamentos e caminhos para a superação. Porto Alegre: Mediação, 2002.
GONZÁLEZ, L. A. (1996). Contratos de evoluacion. Educación, Segundo semestre de 1996 (21): p. 59-73. HOFFMANN, J.M.L. Avaliação: mito e desafio uma perspectiva construtivista. 35ª Ed. Revista Porto alegre: Mediação. 2005. LUCKESI, C. C., Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez editora, 2010 – 21ª Ed.
MORAN, J. M.; MASSETO, M. & BEHRENS, M.; Novas tecnologias e mediação pedagógica; São Paulo, Papirus 2000 (Coleção Papirus Educação).
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação – Ciências. Curitiba: SEED – PR, 2008
PERRONOUD, P. Não mexam na minha avaliação! Para uma abordagem sistêmica da mudança pedagógica. In Estela, A. Et. Nóvoa, A. (dir.) Avaliações em educação: novas perspectivas. Lisboa: Educa.
PILETTI, N. Psicologia educacional. São Paulo, Ática, 1984, 273-87p.
P.P.P. do Colégio Estadual Professora Adélia Antunes Lopes – 2010. Jataizinho
Paraná. REGIMENTO ESCOLAR do Colégio Estadual Professora Adélia Antunes Lopes – 2010. Jataizinho Paraná. SILVA, J. F.da; HOFFMANN J.; ESTEBAN M. T.. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas em diferentes áreas do currículo. 6ª Ed. Porto Alegre: Editora Mediação, 2008. SOUSA, Marcondes. Avaliação Diagnóstica, Formativa e Somativa. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/avaliacao-diagnostica-formativa-e-somativa/40842/. Publicado em 19 de junho de 2010. Acesso em: 25 de junho de 2011.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1991b.
ZAGURY, T. O professor refém: para pais e professores entenderem por que fracassam a educação no Brasil / 6ª Ed. – rio de Janeiro: Record, 2006.
SITES CONSULTADOS:
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BENTO, Neusa Maria. Atividades sobre água. Disponível em: http://neusamariabento.blogspot.com/2010/10/atividades-sobre-agua.html - acessado em 25/ jul./2011
REGINA, Sandra. Atividades sobre a Água. Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/_8uY050iSBtU/S6YhErp2MbI/AAAAAAAAEsw/nSEJmv9drjM/s1600-h/agua4_0002.jpg - acessado em 25/ jul./2011
GONZALES, Dany. Atividades sobre a Água. Disponível em: http://jardimdatiadani.blogspot.com/2009/07/atividades-sobre-agua.html - acessado em 25/ jul./2011
ATIVIDADES EDUCATIVAS. 100 atividades sobre a água para educação infantil. Disponível em: http://www.atividadeseducativas.net.br/atividades-educativas-100-atividades-sobre-a-agua-para-educacao-infantil/a-agua-sugestoes-e-atividades-2/
Acessado em 25/ jul./2011
MAPEDAGOGIA. Tudo para Educação Infantil- Brincar e Educar. Disponível em: http://blig.ig.com.br/maeducacao/files/2009/04/agua11.jpg - Acessado em: 25/jul./2011
7 ANEXOS
APROV. REPR.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
Estatística dos aprovados e reprovados das 5ª séries / 6º anos de 2009
PORT. MAT. CIÊN. ARTE ED.FIS. GEOG. HIST. LEM ING
aprovados e reprovados
nú
me
ros
de
alu
no
s
Figura 1 – Número de alunos das 5a séries / 6º anos, aprovados e reprovados nas diferentes
disciplinas de 2009, referente a Escola Estadual Profª Adélia Antunes Lopes de
Jataizinho.
APROV. REPR.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Estatística dos aparovados e reprovados das 5ª séries / 6º anos de 2010
PORT. MAT. CIÊN. ARTE ED.FIS. GEOG. HIST. LEM ING
aprovados e reprovados
nú
me
ros
de
alu
no
s
Figura 2 – Número de alunos das 5a séries / 6º anos, aprovados e reprovados nas diferentes
disciplinas de 2010, referente à Escola Estadual Profª Adélia Antunes Lopes de Jataizinho.
PORT MAT CIÊN ARTE ED.FÍS GEOG HIST LEM ING
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Estatística das notas vermelhas da 5ª série A / 6º ano A do 1º semestre de 2011
disciplinas
nú
me
ros
de
alu
no
s
Figura 3 – Número de alunos das 5a série A / 6º ano A, com notas vermelhas nas diferentes
disciplinas do 1º semestre de 2011, referente ao Colégio Estadual Profª Adélia Antunes Lopes de Jataizinho.
PORT MAT CIÊN ARTE ED.FÍS GEOG HIST LEM ING
0
5
10
15
20
25
30
Estatística das notas vermelhas da 5ª série B / 6º ano B do 1º semestre de 2011
disciplinas
nú
me
ros
de
alu
no
s
Figura 4 – Número de alunos das 5a série B / 6º ano B, com notas vermelhas nas diferentes
disciplinas do 1º semestre de 2011, referente ao Colégio Estadual Profª Adélia Antunes Lopes de Jataizinho.
PORT MAT CIÊN ARTE ED.FÍS GEOG HIST LEM ING
0
5
10
15
20
25
30
Estatística das notas vermelhas da 5ª série C / 6º ano C do 1º semestre de 2011
disciplinas
nú
me
ros
de
alu
no
s
Figura 5 – Número de alunos das 5
a série C / 6º ano C, com notas vermelhas nas diferentes
disciplinas do 1º semestre de 2011, referente ao Colégio Estadual Profª Adélia Antunes Lopes de Jataizinho.
0 – 2 2 – 4 4 – 6 6 – 8 8 – 10
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Estatística das notas das 5ª séries A, B, C/ 6º ano A, B, C de Ciências do 3º bimestre de 2011
5ª A 5ª B 5ª C
notas
nú
me
ros
de
alu
no
s
Figura 6 – Número de alunos das 5
a série A, B e C / 6º ano A, B e C e suas respectivas notas na
disciplina de Ciências do 3º bimestre de 2011, referente ao Colégio Estadual Profª Adélia Antunes Lopes de Jataizinho.
5ª MAT. 5ª VESP. 5ª NOT.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Estatística dos alunos das 5ª séries / 6º anos, dos períodos matutino, vespertino e noturno que foram aprovados, reprovados e
abandonaram no ano de 2011
APROV REPROV ABAND
aprovados, reprovados e abandonos
nú
me
ros
de
alu
no
s
Figura 7 – Número de alunos das 5
a séries / 6º anos dos períodos matutino, vespertino e noturno,
que foram aprovados, reprovados e abandonou no ano de 2011, referente ao Colégio Estadual Profª Adélia Antunes Lopes de Jataizinho.
TEXTO 1
O texto abaixo está baseado no livro de: ZAGURY, T. O professor refém: para pais e
professores entenderem por que fracassam a educação no Brasil / 6ª Ed. – Rio de
Janeiro: Record, 2006, mais especificamente no tema 11, que aborda a questão:
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM.
AVALIAÇÃO ONTEM
Quando a avaliação era feita apenas através de provas, o professor não se sentia
inseguro. Porque elaborar questões baseadas apenas no conteúdo desenvolvido em sala de
aula é evidentemente mais fácil do que avaliar aspectos tão complexos que vão desde a
formação de hábitos e atitudes, passando pelo desenvolvimento de competências
cognitivas, afetivas e sociais.
É o que se espera seja feito pelos professores hoje.
Não se trata de discutir que tipo de avaliação deve ou não ser feita, qual a melhor
ou a mais moderna. Trata-se, sim, de verificar quais são as reais condições de trabalho dos
professores e, daí, repensar o que pode resultar da aplicação de medidas que não possam
efetivamente ser realizadas com qualidade.
A questão é: o ensino vem melhorando desde que se adotou a avaliação
qualitativa? Os alunos mostram maior domínio das habilidades necessárias à sobrevivência
no século XXI? Parece-me que as pesquisas nacionais e internacionais mais recentes já nos
responderam. A decisão fica entre:
1) Continuar a “tentar” avaliar qualitativamente, sabendo que o professor nem ao
menos conhece o rostinho de cada um de seus alunos, além de sabermos
também que, nas atuais condições em que trabalha, ele não tem mesmo tempo
de fazê-lo adequadamente (o que já resultou, e ainda continuará resultando, em
queda de qualidade)?
2) Voltar a usar apenas a avaliação que mede conhecimentos e competências
cognitivas, porque isso o professor pode ao menos fazer de forma mais bem-
feita? Ou
3) Mudar a realidade das salas de aula, a infraestrutura das escolas, prover
treinamento adequado para os professores e, aí sim, continuar, ou melhor,
começar a fazer verdadeiramente avaliação qualitativa?
Há cerca de três décadas, a prova era considerada “o” instrumento de avaliação.
Era a prova escrita, prova oral, prova e mais nada. Hoje, se preconiza uma avaliação mais
ampla. Afirma-se que as provas não avaliam nada. Só “mede” conhecimento, o que poderá
induzir a injustiça com o aluno.
“Prova não mede nada”: mais uma meia - verdade. Porque, entre uma prova muito
bem elaborada do ponto de vista didático (que pode avaliar altos níveis de competência e
saber, dependendo da forma como é elaborada) e a avaliação qualitativa como tem sido
(mal) feita, a prova pode ser um instrumento mais justo, especialmente porque mais viável –
ao menos enquanto não mudam as condições atuais de trabalho do professor.
Uma prova bem elaborada é um ótimo instrumento de avaliação, se seguirem todas
as suas etapas didáticas: 1) elaboração adequada e abrangente; 2) resultados analisados
de forma a detectar unidades não suficientemente trabalhadas e que necessitam, portanto,
de mais aulas ou do uso de outras técnicas de ensino; 3) utilização dos resultados da
análise das provas para elaborar estratégias de recuperação e melhorar deficiências de
aprendizagem reveladas.
Se utilizada dessa forma, uma prova muitas vezes é instrumento de avaliação mais
precioso do que uma avaliação qualitativa em que se utilizam trabalhos de grupo,
eventualmente provas e fichas de observação (em que o professor lança conceitos médios
para todos, porque não pode na verdade observar o desempenho individual). Porque feita
dessa forma, a avaliação qualitativa, na verdade, de qualitativa tem apenas o nome.
A questão que me parece essencial, na situação atual das escolas brasileiras, é
encarar a realidade que temos e escolher, entre as duas alternativas acima, a que menor
prejuízo traz à qualidade do ensino. O que não se pode continuar a fazer em encontros,
congressos, seminários e cursos é discursar sobre a forma ideal de avaliar, ignorando a
realidade.
O que significa que alguns vão continuar a fazer um arremedo de avaliação
qualitativa, enquanto outros continuarão dando suas provas, por vezes mal elaboradas – é o
que sabem e o que conseguem fazer.
Quem continua tentando fazer avaliação qualitativa nas condições atuais acaba
numa farsa, em que “pede” um ou dois trabalhos de grupo à turma, o que, junto com o
“conceito individual” atribuído a cada aluno (com critérios que por vezes não ficam claros
para ninguém), termina levando à promoção alunos que não atingiram objetivos mínimos da
série (excluída a progressão continuada).
E, assim, ouve-se agora – assombrada a sociedade – a notícia de que os alunos do
Ensino Médio no Brasil estão apresentando graves deficiências de formação e um nível de
aprendizagem compatível com o esperado numa 5ª/ 6ª ou 6ª/7ª série. A mesma constatação
está sendo feita a partir dos resultados do Exame Nacional de Cursos aplicado pelo MEC
nos últimos três anos, a estudantes que completam cursos de graduação em universidades
públicas e particulares.
Sobretudo quando se discutem formas de incrementar a qualidade do ensino e,
mais especificamente, quando consideramos as reais necessidades dos alunos na moderna
sociedade, fica muito claro que, obrigatoriamente, o aluno ao concluir a obrigatoriedade
escolar, antes de tudo – e a despeito do método de ensino ou de avaliação que se utilize –
precisa:
1) Ler compreensiva e analiticamente (condição básica para ser livre e responsável
pelas suas decisões intelectuais, política e ideológicas);
2) Compreender os fatos sociais e o mundo em que está inserido (para poder
tomar decisões calcadas em sua própria análise e não ser usado como objeto
consumidor ou como eleitor facilmente iludível, por exemplo);
3) Estar instrumentalizado para competir no mercado de trabalho, dominando o
arsenal mínimo necessário a sua inserção produtiva na sociedade.
O mais importante: para mudar é preciso antes criar as condições infra estruturais
para que a mudança de fato possa ocorrer. Caso contrário, continuaremos a mudar, mudar,
mudar... Mas só na aparência e na nomenclatura. Ou, mais grave ainda, mudaremos
sempre para pior em termos de qualidade final.
Quando jogamos fora um modelo e instalamos outro, mais moderno, sem analisar
se de fato há condição de execução real, continuamos incorrendo em falhas que só nos
levam a retroceder, a perder o bonde da história – ao contrário do que se deseja.
As mudanças conceituais sobre a melhor forma de avaliar o desempenho tomam
por base uma série e estudos que começaram a influenciar a Educação no Brasil por volta
das décadas de 1960 – 1970 e que influenciaram educadores em todo o mundo.
No entanto, vale a pena expor, sucintamente, as principais mudanças implantadas
para os leitores não afeitos ao tema terem uma ideia mais clara.
Até mais ou menos a década de 1970, no Brasil, os alunos eram avaliados de
forma muito uniforme:
1) Havia um programa único para todo o país, vindo do MEC, e cada professor era
responsável apenas pelos conteúdos da matéria que lecionava (não se falava
em interdisciplinaridade nem em integração curricular à época).
2) Anualmente o MEC enviava, a todas as escolas brasileiras da rede oficial e
oficializada, provas únicas, que todos os professores aplicavam e corrigiam
segundo uma tabela, também enviada pelo MEC.
3) As provas de redação eram corrigidas seguindo uma outra tabela que
considerava não somente a parte gramatical como também as ideias expressas
pelo aluno.
4) As notas variavam de 0 a 100 (primeiras séries ou o antigo primário) e de 0 a 10
( para ginásio e científico).
5) Apenas os que tivessem 50% de acertos ou mais eram aprovados; os que não
conseguissem iam para a “segunda época”.
6) A segunda época era uma nova oportunidade que os alunos tinham de refazer
estudos, rever a aprendizagem e a avaliação, Durava um mês (geralmente em
janeiro) e, ao final, os alunos faziam nova prova.
7) Quem não obtivesse o estipulado para aprovação depois dessa segunda chance
ficava automaticamente reprovado.
8) O aluno podia ficar em segunda época até no máximo em três matérias; mais do
que isso era reprovado, sem direito à segunda época.
9) Havia também prova oral, além da escrita, com “ponto” (tema) sorteado na hora,
sobre o qual o aluno deveria discorrer, “explicitando tudo o que sabia sobre” ou
abordando aspectos que o professor determinasse.
AVALIAÇÃO HOJE
A seguir, explicito, em linhas muito gerais, o que se preconiza atualmente como
avaliação moderna.
1) Comecemos pelo termo avaliar – que ganhou nova e mais complexa dimensão –
fazendo nítida distinção entre “medir conhecimentos” e “avaliar desempenho”.
“Medir” (o que/quanto o aluno aprendeu) passou a designar uma forma insuficiente e
negativa de verificar a aprendizagem, e em geral se relaciona, na prática, ao uso de
provas e testes apenas. O segundo termo é utilizado quando se deseja fazer menção
à maneira desejável de se verificar se os objetos do ensino e da aprendizagem foram
alcançados. Inclui variados instrumentos, como provas, testes, trabalhos individuais
e de grupo, observação através de fichas e auto avaliação.
2) Os “programas oficiais” foram substituídos por “sugestões de conteúdos curriculares
mínimos”, depois pelos denominados “parâmetros curriculares nacionais”. Essas
mudanças têm um cunho evidentemente mais abstrato e, portanto, são habilidades
menos observáveis em termos operacionais.
3) As “notas”, até então utilizadas, foram substituídas por conceitos (que assumiram
nomenclaturas variadas ao longo dos anos, como vimos).
4) Avaliar, na nova concepção, inclui, além de resultados do desempenho mensurável
(escrever corretamente, fazer cálculos, resolver problemas etc.), outras
aprendizagens até mais importantes, como a aquisição de competências nas áreas
cognitiva, afetiva, psicomotora e social, aspectos qualitativos que, segundo a própria
LDB, devem preponderar sobre os quantitativos. Isso tem significado na prática, que
um aluno com rendimento abaixo do mínimo exigido na parte de conteúdo
propriamente dito (em geral em torno de 50%), mas que é educado, polido,
esforçado e atento, que é um excelente músico ou esportes, pode ser promovido à
série seguinte, mesmo que demonstre deficiência em leitura ou cálculos.
5) Também se tornou fundamental, ao avaliar, considerar os progressos do aluno em
relação a si próprio, não relação ao grupo, conceito calcado na Psicologia, que
condena a “competição” entre os alunos. A classificação do rendimento dos alunos, a
“premiação” dos melhores com medalhas ou com “estrelas” coladas em cadernos, as
relações nominais hierarquizadas em murais, todas foram descartadas e
consideradas nocivas, estressantes e prejudiciais do ponto de vista emocional; ainda
segundo essa teoria, tais práticas desestimulam os alunos com desempenho mais
baixo e podem afetar sua autoestima.
Para que a avaliação seja justa, além de obedecer aos critérios técnicos em si, é
preciso que:
Sejam dadas oportunidades qualitativas e quantitativamente iguais aos alunos;
Todos sejam observados em todos os aspectos do seu desenvolvimento e em igual
número de oportunidades;
Que a avaliação ocorra durante todo o desenrolar do processo (quanto mais vezes
melhor, porque assim o aluno terá fato oportunidades de demonstrar tudo o que
aprendeu);
Uma habilidade que está sendo avaliada deve ser reavaliada em diferentes
dias/momentos durante o processo, de forma a permitir que o aluno não tenha seu
desempenho considerado pelo que foi expresso num “mau momento”(para eliminar o
que tanto se critica na forma tradicional de avaliação) que, portanto, também não
pode ter toda a “responsabilidade” pelo conceito final.
Consideremos o professor que tem uns trezentos alunos ou mais, pergunto: será
que ele pode mesmo identificar o crescimento individual, como se pretende hoje? Pensando
nisso apenas, nesse simples fato e em nenhum outro (e seriam muitos os que poderíamos
elencar), seria absurdo considerar que, enquanto for essa realidade, o aluno não seria mais
bem avaliado se fizesse duas ou três provas, desde que muito bem elaboradas e de acordo
com as modernas técnicas didáticas?
Será mesmo possível acreditar que, sem ao menos saber o nome de cada um de
seus alunos, um professor pode ser justo ao avaliar as competências, habilidades e atitudes
desenvolvidas individualmente, e que só se exibem através, por exemplo, de
comportamentos exteriorizados em situações específicas?
Sinceramente, não posso crer que a avaliação que o professor consegue fazer nas
atuais circunstâncias seja superior àquela de duas ou três provas bem construídas
didaticamente permite em termos de igualdade de oportunidade e de correção de desvios.
Se o profissional é consciente dessa limitação, que fatalmente o obrigará a “imaginar
conceitos” para alguns alunos sobre os quais não teve oportunidade ou tempo de verificar
desempenhos, o que pode fazer? “O mal menor,” pensa. Dá um conceito médio para ao
menos não ser injusto. E se outro professor for menos consciencioso? Poderá, por exemplo,
por uma única atitude negativa, talvez a única que determinado aluno externou, considerar
que uma habilidade afetiva ou social não foi atingida. E aí? O conceito emitido vai ser
desfavorável... E se, depois disso, ele não tiver mais nenhuma oportunidade de observar
esse mesmo aluno, já que tem tantos?
E, assim a qualidade do ensino tem que continuar a decair. E a indisciplina e o
desinteresse também...
Esses argumentos parecem-me mais do que suficientes para que qualquer pessoa
compreenda por que hoje a avaliação se tornou um problema tão sério para o professor.
RECUPERAÇÃO PARALELA
A recuperação paralela é uma das estruturas que a escola possui para atender à
diversidade de características e ritmos de aprendizagem dos alunos, será realizada no
momento em que notar a dificuldade do aluno e deve ser entendida como uma decorrência
do processo de avaliação. Ela será proporcionada mediante a atribuição de tarefas e
trabalhos específicos, planejados pelo respectivo professor.
É bom lembrar que, mesmo com a recuperação paralela sendo feita, ainda assim,
há um nível de retenção considerado muito alto no Brasil. O que demonstra que a qualidade,
os métodos ou o tempo despendido na recuperação diária de alunos podem estar aquém do
que necessitam para superar seus problemas. E esse é um aspecto realmente relevante.
Que também pode indicar, ao menos, duas possibilidades (que, caso comprovado,
exigiram, ambas, ação pedagógica reparatória urgente):
1) O professor não tem condição de usar o recurso, por algum motivo que merece ser
investigado dentro da realidade das escolas;
2) O professor ainda não compreendeu que, enquanto a maioria dos alunos não tiver
aprendido um conceito, uma competência ou habilidade que se esteja desenvolvendo, de
nada adianta “correr com a matéria, para ter tempo de dar tudo que foi planejado” – uma
distorção conceitual técnico-didática que precisa ser sanada com rapidez, para diminuir
prejuízo em curto prazo.
TEXTO 2
AVALIAR É ??? Para Jussara Hoffman
A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida
como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação. Um professor que não
avalia constantemente a ação educativa, no sentido indagativo, investigativo, do termo,
instala sua docência em verdades absolutas, pré-moldadas e terminais. (p.17)
A avaliação é reflexão transformada em ação. Ação essa, que nos impulsiona para
novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre a realidade, e acompanhamento,
passo a passo do educando, na sua trajetória de construção do conhecimento. (p.18)
Para Perrenoud (1999)
A avaliação da aprendizagem, no novo paradigma, é um processo mediador na
construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem
dos alunos;
A avaliação é um processo que deve estar a serviço das individualizações da
aprendizagem.
Para Luckesi
Avaliar x Examinar ( uma questão histórica);
Avaliar é um ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista reorientá-la para
produzir melhor resultado possível; por isso, não é classificatória, nem seletiva, ao contrário,
é diagnóstica e inclusiva.
Examinar é classificatório e seletivo, e por isso mesmo, excludente, já que não se
destina a construção do melhor resultado possível, e sim a classificação estática do que é
examinado.
São situações opostas entre si, porém, nossos professores em seu cotidiano não
percebem tal distinção e quando dizem avaliando, na verdade estão examinando. (p.84)
Avaliação Escolar:
O processo avaliativo ainda não alcançou progressos no ensino, mantendo-se
classificatório e seletivo. A proposta de mudança de postura educacional é uma questão
bastante complexa. A avaliação exige rigor técnico-científico, ampliando o aspecto
pedagógico. Nessa perspectiva, o professor deve avaliar constantemente com a
preocupação de não fragmentar o processo.
Visão Tradicional:
Aluno passivo; professor como detentor e transmissor do saber; objetivo: recepção
e retenção dos conteúdos da aprendizagem, sem criticidade da realidade que o cerca.
Visão atual:
Aluno ativo; professor mediador, ênfase na exploração e na descoberta; objetivo:
apropriação e compreensão dos conteúdos das aprendizagens e no desenvolvimento do
raciocínio e do pensamento. (Consed. Progestão 2001 – p.22)
Avaliação:
A avaliação pode ser processo contínuo, visa à correção das possíveis distorções e
ao encaminhamento para a consecução dos objetivos previstos. Trata-se da continuidade da
aprendizagem dos alunos e não da continuidade de provas.
O processo de avaliação se coloca como elemento integrador e motivador e
motivador, e não como uma situação de ameaça, pressão ou terror. A avaliação abrange três
dimensões:
O desenvolvimento,
o desempenho do professor
a adequação do professor.
Portanto, é necessário que o professor tenha um plano de ensino elaborado para
nortear seu trabalho. Dessa forma, toda tarefa realizada pelos alunos deveria ter, por
intencionalidade básica, a investigação como ponto de reflexão sobre a prática dos
envolvidos – professor e alunos.
A avaliação acontece em todas as atividades com as trocas de informações do
aluno, de seus colegas, do professor e da comunidade. Segundo Demo (2000), o erro não é
um corpo estranho, uma falha na aprendizagem. Ele é essencial, é parte do processo.
Ninguém aprende sem errar. O homem tem uma estrutura cerebral ligada ao erro, é
intrínseco ao saber – pensar, à capacidade de avaliar e refinar, por acerto e erro, até chegar
a uma aproximação final.
Os erros e dúvidas dos alunos são considerados episódios significativos e
impulsionadores da ação educativa.
POSTURA AVALIATIVA E ELABORAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO.
Alguns tipos de instrumentos de avaliação: Pré – teste, provas escritas e orais,
trabalhos, pesquisas, relatórios, seminários, questionários, estudos de caso, portfólio,
webquest, auto avaliação, observação. Podem ser feitos em: grupos – individual – duplas
– coletivo.
A utilização dos instrumentos deve ser adequada ao contexto em que o professor
se encontra.
A “PROVA”
Prova escrita: Dissertativa:
1) Resposta livre – ex: Fale sobre “pensão alimentícia”
2) Resposta orientada – ex: Pensão alimentícia:
a) O que é?
b) Bases legais.
c) Procedimentos em caso de não pagamento.
Prova escrita objetiva
1) Múltipla escolha
2) Verdadeiro ou falsa
3) Relação de pares
4) Preenchimento de lacunas
5) Respostas curtas
Roteiro de análise das avaliações
Analise e discuta as questões da avaliação destacando os seguintes aspectos:
Que modalidades de questão estão sendo privilegiadas?
Os enunciados das questões apresentam-se claramente e contém as informações
essenciais para solução dos problemas?
Quais os objetivos das questões propostas?