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Guia Técnico - lacticiniosTRANSCRIPT
INSTITUTO NACIONAL DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA INDUSTRIAL
LISBOA
Outubro 2001
GUIA TÉCNICO
INDÚSTRIA DE LACTICÍNIOS
INSTITUTO NACIONAL DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA INDUSTRIAL Guia Técnico Sectorial – Indústria de Lacticínios
Outubro 2001 1 PNAPRI
FICHA TÉCNICA
Coordenação:
Eng. José Miguel Figueiredo
Tel: 351 21 716 51 41 (ext. 2356)
E-mail: [email protected]
Equipa técnica:
Eng. Victor Fernandes
Tel: 351 21 716 51 41 (ext. 2349)
E-mail: [email protected]
Eng. Vitor Limpo
Tel: 351 21 716 51 41 (ext. 2371)
E-mail: [email protected]
Eng. Lucinda Gonçalves
Tel. 351 21 716 51 41 (ext 2375)
E-mail: lucinda.gonç[email protected]
Eng. Fátima Pedrosa
Tel. 351 21 716 51 41 (ext 2375)
E-mail: [email protected]
Eng. Cristina Diniz
Tel. 351 21 716 51 41 (ext 2375)
E-mail: [email protected]
INETI - INSTITUTO NACIONAL DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA INDUSTRIAL
IMP - INSTITUTO DE MATERIAIS E TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO (Edifício C)
Estrada do Paço de Lumiar 1649 - 038 LISBOA
Fax: 351 21 716 65 68
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AGRADECIMENTOS
Agradece-se a todas as pessoas e instituições que de alguma forma prestaram a sua
colaboração para a elaboração deste Guia Técnico, nomeadamente às empresas
fornecedoras de tecnologias e equipamento, reagentes e serviços contactadas.
Em particular, à Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL), e à
Associação Nacional dos Industriais de Gelados Alimentares (ANGA) por todo o apoio,
informação e sugestões prestadas.
Finalmente, o nosso agradecimento às empresas que connosco colaboraram, pela
disponibilidade, receptividade e informações fornecidas.
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ÍNDICE GERAL
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 9
2. OBJECTIVOS.............................................................................................. 10
3. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR.................................................................... 11
3.1 Grupos de actividades industriais e produtos fabricados ............................................ 12
3.2 Distribuição Geográfica ......................................................................................... 13
3.3 Número de empresas, sua dimensão e número de pessoas ao serviço......................... 15
3.3.1 Indústria de lacticínios .................................................................................................... 15
Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997. ................................................. 15
3.3.2 Subsector das indústrias do leite e derivados (CAE 15510) ................................................. 17
3.3.3 Subsector das indústrias de fabricação de gelados e sorvetes (cae 15520) ......................... 21
3.4 Volume de negócios do sector ................................................................................ 25
4. CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE FABRICO.......................................... 26
4.1 Diagramas dos processos de fabrico ....................................................................... 41
5. RESÍDUOS INDUSTRIAIS DO SECTOR........................................................... 49
5.1 Análise global dos resíduos do sector e sua gestão actual .......................................... 49
5.2 Caracterização dos resíduos e efluentes líquidos gerados e sua correlação com as
operações produtivas por subsector de actividade .......................................................... 52
5.2.1 Estimativas das quantidades anuais de resíduos e de efluentes .......................................... 54
6. PREVENÇÃO DE RESÍDUOS NO SECTOR ........................................................ 59
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7. ESTUDOS DE CASO .................................................................................... 62
BIBLIOGRAFIA................................................................................................. 71
LISTA GERAL DE ENTIDADES, INSTITUIÇÕES E ASSOCIAÇÕES NACIONAIS E
SECTORIAIS.................................................................................................... 72
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ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Classificação das Actividades Económicas (CAE-Rev.2). ......................... 12
Quadro 2: subsectores em estudo e produtos fabricados....................................... 12
Quadro 3: número de empresas, número de pessoas e número médio de pessoas por
empresa na Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e CAE 15520). ....................... 15
Quadro 4: número de empresas do subsector das Indústrias do Leite e Derivados (CAE
15510), segundo a dimensão da empresa. .................................................... 17
Quadro 5: número de pessoas nas empresas do subsector das Indústrias do Leite e
Derivados (CAE 15510), segundo dimensão da empresa. ................................ 19
Quadro 6: número médio de pessoas ao serviço por empresa, no subsector das
Indústrias do Leite e Derivados (CAE 15510). ................................................ 20
Quadro 7: número de empresas do subsector das Indústrias de Fabricação de Gelados
e Sorvetes (CAE 15520), segundo a dimensão da empresa.............................. 21
Quadro 8: número de pessoas nas empresas do subsector da Fabricação de Gelados e
Sorvetes (CAE 15520), segundo dimensão da empresa. .................................. 23
Quadro 9:número médio de pessoas ao serviço por empresa, no subsector da
Fabricação de Gelados e Sorvetes (CAE 15520).............................................. 24
Quadro 10: Volume de negócios do sector da Indústria de Lacticínios..................... 25
Quadro 11: Relação entre as operações produtivas, os resíduos e os efluentes líquidos
gerados na Indústria do Leite e Derivados - (CAE 15510)................................ 52
Quadro 12: Relação entre as operações produtivas, os efluentes e os resíduos gerados
na Indústria do Gelados e Sorvetes - (CAE 15520). ........................................ 53
Quadro 13: Resíduos perigosos da Indústria de Lacticínios.................................... 53
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Quadro 14: Estimativas das quantidades de resíduos e de efluentes gerados nos
subsectores da Indústria de Lacticínios (ano de 1998). ................................... 55
Quadro 15: Estimativa das quantidades de efluentes líquidos gerados nos subsectores
da Indústria de Lacticínios (ano de 1998). ..................................................... 56
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ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: distribuição das empresas do sector da Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e
15520) existentes em Portugal continental, segundo a classificação NUTS II. .... 13
Figura 2: empresas do sector da Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e 15520)
existentes no Arquipélago da Madeira. .......................................................... 13
Figura 3: empresas do sector da Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e 15520) da
existentes no Arquipélago dos Açores. .......................................................... 14
Figura 4: empresas do sector da Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e 15520) –
distribuição percentual pelas regiões NUTS II................................................. 16
Figura 5: número de pessoas ao serviço do sector da Indústria de Lacticínios (CAE
15510 e 15520) – distribuição percentual pelas regiões NUTS II. ..................... 16
Figura 6: empresas do subsector das Indústrias do Leite e Derivados (CAE 15510) –
distribuição percentual pelas regiões NUTS II................................................. 18
Figura 7: pessoas ao serviço do subsector das Indústrias do Leite e Derivados (CAE
15510) – distribuição percentual pelas regiões NUTS II................................... 20
Figura 8: empresas do subsector das Indústrias de Fabricação de Gelados e Sorvetes
(CAE 15520) – distribuição percentual pelas regiões NUTS II. .......................... 22
Figura 9: pessoas ao serviço do subsector da Fabricação de Gelados e Sorvetes (CAE
15520) – distribuição percentual pelas regiões NUTS II................................... 24
Figura 10: diagrama do processo de fabrico típico da Manteiga (CAE 15510)........... 42
Figura 11: diagrama do processo de fabrico típico da Gelados (CAE 15520) ............ 43
Figura 12: Diagrama do processo de fabrico típico do Requeijão (CAE 15510) ......... 44
Figura 13: Diagrama do processo de fabrico típico do Queijo seco (CAE 15510)....... 45
Figura 14: Diagrama do processo de fabrico típico do Iogurte................................ 46
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Figura 15: Diagrama do processo de fabrico típico do queijo fresco (CAE 15510). .... 47
Figura 16: Diagrama do processo de fabrico típico do leite (CAE 15510). ................ 48
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1. INTRODUÇÃO
A Comunidade Europeia, através da Resolução do Conselho de Ministros da União
Europeia 97/C76/01, define a actual estratégia comunitária em matéria de gestão de
resíduos, numa perspectiva que visa dar prioridade a uma postura nitidamente
preventiva em detrimento de uma estratégia meramente curativa. Esta posição situa-
se dentro de uma estratégia mais alargada e que tem por base o conceito de
desenvolvimento sustentável e o facto de estar demonstrado a nível mundial que
existem benefícios, na adopção deste tipo de estratégia, não só em termos ambientais
mas também em termos económicos e sociais.
Neste sentido, através da Resolução nº 98/97 do Conselho de Ministros, Portugal
define a estratégia de gestão de resíduos industriais que, para além de reafirmar o
princípio da responsabilidade do produtor pelo destino a dar aos resíduos que produz,
refere, especificamente, que uma eficiente gestão de resíduos industriais passa
necessariamente pela separação dos restantes tipos de resíduos, nomeadamente os
urbanos, bem como pela sua tipificação e separação em banais e perigosos, com um
tratamento diferenciado para cada um deles.
De forma a dar cumprimento às resoluções anteriores, surge em 1999 o
D.L. nº 516/99 de 2 de Dezembro que aprova o Plano Estratégico de Gestão de
Resíduos Industriais (PESGRI), que define as directrizes gerais a tomar no âmbito dos
resíduos industriais produzidos em Portugal.
Na sequência da implementação do PESGRI surge o Plano Nacional de Prevenção de
Resíduos Industriais (PNAPRI). Trata-se de um instrumento que tem por objectivo
fornecer um conjunto de directrizes no âmbito de prevenção e da sua implementação
junto do tecido industrial português. Associada à elaboração do PNAPRI surgem os
Guias Técnicos Sectoriais que constituem um conjunto de ferramentas específicas e
que se pretende que dêem resposta às solicitações próprias de cada sector industrial.
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2. OBJECTIVOS
Com a elaboração deste Guia Técnico Sectorial, pretende-se evidenciar que as
estratégias preventivas contribuem de forma clara para a resolução de grande parte
das questões relacionadas com a gestão de resíduos e que é fundamental que seja
esta a postura a adoptar pela indústria portuguesa, em substituição das estratégias
curativas e pontuais, utilizadas ainda pela maior parte das empresas. Neste sentido, a
elaboração deste Guia tem por objectivo colocar à disposição dos industriais do sector
da Indústria de Lacticínios orientações em termos de prevenção, no que se refere à
questão dos resíduos industriais, que se traduzem na identificação e caraterização de
medidas e/ou tecnologias que permitam reduzir a quantidade e/ou perigosidade dos
resíduos e efluentes líquidos gerados ao longo do processo de fabrico, com
consequentes benefícios económicos.
O Guia Técnico Sectorial para o sector da Industria de Lacticínios apresenta também
uma breve caracterização do sector e dos processos de fabrico envolvidos, assim
como a caracterização e quantificação dos resíduos e das águas residuais geradas no
país.
Para a realização deste Guia foi necessário proceder a um largo trabalho de recolha e
tratamento de vários tipos de informações, provenientes de fontes diversas, tendo-se
dado destaque aos dados e opiniões recolhidos junto de várias empresas do sector e
de entidades a elas ligadas, a fontes de informação oficiais, pesquisas bibliográficas,
em bases nacionais e internacionais, bem como junto a diversos fornecedores de
tecnologias e equipamentos.
É importante referir que neste Guia foram considerados não só os resíduos gerados
pela acção industrial como também os efluentes líquidos, uma vez que se considerou
que as águas residuais, após depuração em Estação de Tratamento (ETAR), acabam
por gerar resíduos constituídos pelas lamas resultantes do tratamento.
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3. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR
A informação relativa à caracterização do sector, no que se refere ao número de
empresas, distribuição geográfica, dimensão das empresas (por escalões de número
de pessoas ao serviço), número de pessoas ao serviço, foi fornecida pelo
Departamento de Estatística do Trabalho, Emprego e Formação Profissional (DETEFP),
afecto ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade, e reporta-se ao ano de 1997. Foi
utilizada a informação proveniente desta instituição uma vez que, de acordo com a
legislação, todas as empresas em funcionamento têm de entregar nos centros de
emprego os mapas de pagamentos de salários pelo que estará garantida a laboração
das empresas mencionadas.
Quanto à informação relativa ao volume de vendas foi utilizada a fornecida pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE), uma vez que os dados do DETEFP, afecto ao
Ministério do Trabalho e da Solidariedade, só estão disponíveis até três dígitos da
Classificação das Actividades Económicas (CAE) – (vide D.L. 182/93 de 14 de Maio).
Neste sector industrial, apesar de ser bastante heterogéneo podem, no entanto, ser
assinaladas as seguintes características genéricas: o predomínio de médias empresas,
a mão-de-obra pouco qualificada; a existência de diferenças acentuadas nas
tecnologias utilizadas; e os distintos níveis de produtividade.
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3.1 GRUPOS DE ACTIVIDADES INDUSTRIAIS E PRODUTOS FABRICADOS
Atendendo à Classificação de Actividades Económicas (CAE-Rev.2), que está
estipulada pelo Decreto-Lei nº 182/93, de 14 de Maio, o Sector da Indústria de
Lacticínios está inserido na divisão 15 e engloba dois subsectores sobre os quais o
estudo será focado. Este sector industrial apresenta, especificamente, a estrutura
indicada no Quadro 1:
Quadro 1: Classificação das Actividades Económicas (CAE-Rev.2).
DIVISÃO GRUPO CLASSE SUBCLASSESUBSECTORES DA INDÚSTRIA DE
LACTICÍNIOS
1551 15510 Indústrias do Leite e Derivados
20 155
1552 15520 Fabricação de Gelados e Sorvetes
Fonte: D.L. 182/93 de 14 de Maio.
No quadro 2 apresenta-se em seguida alguns dos produtos fabricados pelas empresas
pertencentes a cada subsector em estudo.
Quadro 2: Subsectores em estudo e produtos fabricados.
SECTOR SUBSECTORES EM ESTUDO PRODUTOS FABRICADOS
Indústrias do Leite e Derivados
(CAE 15510)
Leite, queijo, iogurte, cremes
de leite e outros derivados do
leite.Indústria de
LacticíniosFabricação de Gelados e Sorvetes
(CAE 15520)Gelados e sorvetes.
Fonte: D.L. 182/93 de 14 de Maio.
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3.2 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
Como se pode verificar através da Figura 1 à Figura 3, a maioria das empresas do
sector estão localizadas em Portugal Continental onde as regiões Centro e Lisboa e
Vale do Tejo representam quase metade do total de empresas do sector.
101
178
163
99
10Algarve
Alentejo
L.V.T.
Centro
Norte
Portugal Continental: 551 empresas
Figura 1: Distribuição das empresas do sector da Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e 15520)
existentes em Portugal continental, segundo a classificação NUTS II.
(Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997)
MadeiraPorto Santo
Região Autónoma da Madeira: 15 empresas
Figura 2: Empresas do sector da Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e 15520) existentes no
Arquipélago da Madeira.
(Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997)
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Corvo
Flores
Graciosa
Pico
Faial TerceiraS, Jorge
S, Miguel
S, Maria
Região Autónoma dos Açores: 139 empresas
Figura 3: Empresas do sector da Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e 15520) existentes no
Arquipélago dos Açores.
(Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997)
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3.3 NÚMERO DE EMPRESAS, SUA DIMENSÃO E NÚMERO DE PESSOAS AO SERVIÇO
Relativamente à caracterização do sector da Indústria de Lacticínios, optar-se-á pela
apresentação da informação estatística referente à globalidade do sector
(CAE 15510 e CAE 15520) e posteriormente efectuar-se-á separadamente a
caracterização de cada subsector.
3.3.1 INDÚSTRIA DE LACTICÍNIOS
O número de empresas, o número de pessoas ao serviço e o número médio de
pessoas por empresa no sector da Indústria de Lacticínios, nas regiões NUTS II (1), é
apresentada no Quadro 3.
Quadro 3: Número de empresas, número de pessoas e número médio de pessoas por empresa
na Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e CAE 15520).
REGIÕES NUTS II
NÚMERO DE EMPRESAS DO SECTOR
DA INDÚSTRIA DE LACTICÍNIOS
(CAE 15510 e 15520)
NÚMERO DE
PESSOAS AO
SERVIÇO
NÚMERO MÉDIO DE
PESSOAS AO SERVIÇO
POR EMPRESA
Norte 101 8178 90,0
Centro 178 9545 53,6
LVT (*) 163 10050 61,7
Alentejo 99 1319 13,3
Algarve 10 117 11,7
Arquipélago dos
Açores139 7493 53,9
Arquipélago da
Madeira15 462 30,8
TOTAL 705 37164 52,7
Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997.
(*) LVT: Lisboa e Vale do Tejo.
Da análise do Quadro 3 conclui-se que, relativamente ao número de empresas, a
região Centro representa 25,3% do sector, seguindo-se a região de Lisboa e Vale do
1 NUTS II: Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos; contempla as regiões Norte,
Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e regiões Autónomas dos Açores e Madeira.
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Tejo com com 23,1% e o Arquipélago dos Açores com 19,7%. Na Figura 4 pode
observar-se a distribuição percentual das empresas existentes pelas regiões NUTS II.
Centro25,3%
LVT23,1%
Alentejo14,1%
Algarve1,4%Norte
14,3%Açores19,7%
M adeira2,1%
Figura 4: Empresas do sector da Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e 15520) – distribuição
percentual pelas regiões NUTS II.
(Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997)
Relativamente ao número de pessoas ao serviço do sector, a região de Lisboa e Vale
do Tejo lidera com 27,0%, seguindo-se a região Centro com 25,7%. A região Norte
surge em terceiro lugar com 22,0% do total de pessoas ao serviço do sector.
M adeira
1,2% A çores
20,2%
N orte
22,0%
A lgarve
0,3%
A lentejo
3,6%
LVT
27,0%
C entro
25,7%
Figura 5: Número de pessoas ao serviço do sector da Indústria de Lacticínios (CAE 15510 e
15520) – distribuição percentual pelas regiões NUTS II.
(Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997)
A informação contida no Quadro 3 permite concluir ainda que o sector da Indústria de
Lacticínios possui em média, 52,7 pessoas ao serviço por empresa. Neste aspecto, a
região Norte apresenta uma média de 90,0 seguindo-se as regiões de Lisboa e Vale do
Tejo e o Arquipélago dos Açores com 61,7 e 53,9 respectivamente.
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3.3.2 SUBSECTOR DAS INDÚSTRIAS DO LEITE E DERIVADOS (CAE 15510)
No Quadro 4 apresenta-se a distribuição das empresas do subsector das Indústrias do
Leite e Derivados pelas regiões NUTS II, segundo a dimensão das empresas.
Quadro 4: Número de empresas do subsector das Indústrias do Leite e Derivados (CAE 15510),
segundo a dimensão da empresa.
REGIÕES NUTS II
Escalão
de nº de
pessoas
Norte Centro LVT (*) Alentejo Algarve Açores Madeira TOTAL
0-4 12 39 44 46 0 30 2 173
5-9 9 12 24 30 0 22 2 99
10-19 7 23 20 16 0 26 0 92
20-49 25 36 14 1 0 21 0 97
50-99 26 34 12 1 0 14 1 88
100-199 4 12 8 4 0 18 3 49
200-399 9 5 7 0 0 0 0 21
400-499 2 1 3 0 0 0 0 6
500-999 0 2 0 0 0 4 0 6
+1000 1 0 2 0 0 0 0 3
TOTAL 95 164 134 98 0 135 8 634
Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997.
(*) LVT: Lisboa e Vale do Tejo.
Em 1997 foram contabilizadas 634 empresas pertencentes ao subsector das Indústrias
do Leite e Derivados
A informação contida no Quadro 4 permite afirmar que 25,9% das empresas do
subsector se localizam na região Centro, seguindo-se o arquipélago dos Açores e a
região de Lisboa e Vale do Tejo com 21,3% e 21,1% respectivamente, como se pode
observar na Figura 6.
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Centro25,9%
LVT21,1%
Alentejo15,4%
Algarve0,0%Norte
15,0%
Açores21,3%
M adeira1,3%
Figura 6:Empresas do subsector das Indústrias do Leite e Derivados (CAE 15510) – distribuição
percentual pelas regiões NUTS II.
(Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997)
Do Quadro 4 conclui-se ainda que 95,9% das empresas existentes na região do
Alentejo (94 num total de 98 empresas) possuem menos de 100 pessoas ao serviço.
Segue-se a região Centro com 87,8% (144 num total de 164 empresas) e a região de
Lisboa e Vale do Tejo com 85,1% (114 num total de 134).
A caracterização do subsector em estudo quanto ao número de pessoas ao serviço nas
diversas regiões NUTS II encontra-se apresentada no Quadro 5
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Quadro 5: Número de pessoas nas empresas do subsector das Indústrias do Leite e Derivados
(CAE 15510), segundo dimensão da empresa.
REGIÕES NUTS II
Escalão
de nº de
pessoas
Norte Centro LVT Alentejo Algarve Açores Madeira TOTAL
0-4 28 90 117 121 0 62 5 423
5-9 67 80 151 199 0 146 10 653
10-19 106 305 250 196 0 318 0 1175
20-49 811 1152 371 47 0 650 0 3031
50-99 1504 2656 918 51 0 957 93 6179
100-199 557 1691 990 702 0 2759 325 7024
200-399 2797 1489 1931 0 0 0 0 6217
400-499 819 411 1261 0 0 0 0 2491
500-999 0 1606 0 0 0 2574 0 4180
+1000 1356 0 2295 0 0 0 0 3651
TOTAL 8045 9480 8284 1316 0 7466 433 35024
Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997.
A forma correcta como deve ser interpretado o Quadro anterior pode, à primeira vista,
parecer confusa. Para facilitar a leitura, utilizar-se-á como exemplo a região Norte e o
primeiro escalão de número de pessoas (0-4). Nesta região existiam, em 1997, 28
pessoas ao serviço do subsector que se encontravam a laborar em empresas com
quatro ou menos pessoas.
Em 1997 existiam 35 024 pessoas ao serviço do subsector das Indústrias do Leite e
Derivados.
A análise do Quadro 5 permite concluir que a região Centro contribui com 27,1% do
total de pessoas ao serviço do subsector seguindo-se as regiões de Lisboa e Vale do
Tejo e do Norte com 23,6% e 23,0% respectivamente, como se pode observar na
Figura 7.
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Centro27,1%
LVT23,6%Alentejo
3,8%
Algarve0,0
Norte23,0%
Açores21,3%
Madeira1,2%
Figura 7: Pessoas ao serviço do subsector das Indústrias do Leite e Derivados (CAE 15510) –
distribuição percentual pelas regiões NUTS II.
(Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997).
Com o objectivo de relacionar o número de empresas em cada região NUTS II e o
respectivo número de pessoas ao serviço, será apresentado no Quadro 6 que se segue
o número médio de pessoas por empresa.
Quadro 6: Número médio de pessoas ao serviço por empresa, no subsector das Indústrias do
Leite e Derivados (CAE 15510).
Regiões NUTS IINúmero de
empresas (*)
Número
de pessoas ao
serviço (*)
Número médio de
pessoas ao serviço
por empresa
Norte 95 8045 84,7
Centro 164 9480 57,8
LVT 134 8284 61,8
Alentejo 98 1316 13,4
Algarve 0 0 ---
Arquipélago dos Açores 135 7466 55,3
Arquipélago da Madeira 8 433 54,1
TOTAL 634 35024 ---
(*) Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997.
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Outubro 2001 21 PNAPRI
Analisando o Quadro 6 conclui-se que a região Norte apresenta o maior número de
pessoas ao serviço por empresa (84,7) seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo
(61,8) e a região Centro com uma média de 57,8 pessoas ao serviço por empresa.
É de salientar que a região Centro apesar de ser a que apresenta maior número de
empresas e de pessoas ao serviço, não é a que possui, em média, o maior número de
pessoas por empresa.
3.3.3 SUBSECTOR DAS INDÚSTRIAS DE FABRICAÇÃO DE GELADOS E SORVETES
(CAE 15520)
No Quadro 7 apresenta-se a distribuição das empresas do subsector das Indústrias de
Fabricação de Gelados e Sorvetes pelas regiões NUTS II, segundo a dimensão das
empresas.
Quadro 7: Número de empresas do subsector das Indústrias de Fabricação de Gelados e
Sorvetes (CAE 15520), segundo a dimensão da empresa.
REGIÕES NUTS II
Escalão
de nº de
pessoas
Norte Centro LVT Alentejo Algarve Açores Madeira TOTAL
0-4 0 9 9 1 1 1 4 25
5-9 2 3 7 0 3 3 3 21
10-19 0 2 3 0 5 0 0 10
20-49 4 0 4 0 1 0 0 9
50-99 0 0 1 0 0 0 0 1
100-199 0 0 2 0 0 0 0 2
200-399 0 0 2 0 0 0 0 2
400-499 0 0 1 0 0 0 0 1
500-999 0 0 0 0 0 0 0 0
+1000 0 0 0 0 0 0 0 0
TOTAL 6 14 29 1 10 4 7 71
Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997.
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Em 1997 foram contabilizadas 71 empresas pertencentes ao subsector da Fabricação
de Gelados e Sorvetes.
A análise da informação contida no Quadro 7 permite afirmar que 40,8% das
empresas do subsector se localizam na região de Lisboa e Vale do Tejo, seguindo-se
as regiões Centro e do Algarve com 19,7% e 14,1% respectivamente como se pode
observar na Figura 8.
Centro19,7%
LVT40,8%
Alentejo1,4%
Algarve14,1%
Norte8,5% Açores
5,6%M adeira9,9%
Figura 8: Empresas do subsector das Indústrias de Fabricação de Gelados e Sorvetes (CAE
15520) – distribuição percentual pelas regiões NUTS II.
(Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997)
Do Quadro 7 conclui-se ainda que, com excepção da região de Lisboa e Vale do Tejo, a
globalidade das empresas localizadas nas restantes regiões NUTS II possuem 4 ou
menos pessoas ao serviço.
A caracterização do subsector em estudo quanto ao número de pessoas ao serviço nas
diversas regiões NUTS II encontra-se apresentada no Quadro 8.
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Quadro 8: Número de pessoas nas empresas do subsector da Fabricação de Gelados e Sorvetes
(CAE 15520), segundo dimensão da empresa.
REGIÕES NUTS II
Escalão
de nº de
pessoas
Norte Centro LVT Alentejo Algarve Açores Madeira TOTAL
0-4 0 24 27 3 3 4 5 66
5-9 13 21 46 0 25 23 24 152
10-19 0 20 47 0 61 0 0 128
20-49 120 0 125 0 28 0 0 273
50-99 0 0 80 0 0 0 0 80
100-199 0 0 321 0 0 0 0 321
200-399 0 0 716 0 0 0 0 716
400-499 0 0 404 0 0 0 0 404
500-999 0 0 0 0 0 0 0 0
+1000 0 0 0 0 0 0 0 0
TOTAL 133 65 1766 3 117 27 29 2140
Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997.
LVT: Lisboa e Vale do Tejo.
A forma correcta como deve ser interpretado o Quadro anterior pode, à primeira vista,
parecer confusa. Para facilitar a leitura, utilizar-se-á como exemplo a região Centro e
o primeiro escalão de número de pessoas (0-4).
Nesta região existiam, em 1997, 24 pessoas ao serviço do subsector que se
encontravam a laborar em empresas com quatro ou menos pessoas.
Em 1997 existiam 2 140 pessoas ao serviço do subsector da Fabricação de Gelados e
Sorvetes.
A análise do Quadro 8 permite concluir que a região de Lisboa e Vale do Tejo contribui
com 82,5% do total de pessoas ao serviço do subsector seguindo-se as regiões Norte
e Algarve com 6,2% e 5,5% respectivamente, como se pode observar na Figura 9.
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Outubro 2001 24 PNAPRI
C entro
3,0%
LVT
82,5%
A lentejo
0,1%
A lgarve
5,5%
N orte
6,2%
A çores
1,3%
M adeira
1,4%
Figura 9: Pessoas ao serviço do subsector da Fabricação de Gelados e Sorvetes (CAE 15520) –
distribuição percentual pelas regiões NUTS II.
(Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997).
Com o objectivo de relacionar o número de empresas do subsector em cada região
NUTS II e o respectivo número de pessoas ao serviço, será apresentado no Quadro 9
que se segue o número médio de pessoas por empresa.
Quadro 9: Número médio de pessoas ao serviço por empresa, no subsector da Fabricação de
Gelados e Sorvetes (CAE 15520).
Regiões NUTS IINúmero de
empresas (*)
Número
de pessoas ao
serviço (*)
Número médio de
pessoas ao serviço
por empresa
Norte 6 133 22,2
Centro 14 65 4,6
LVT 29 1766 60,9
Alentejo 1 3 3,0
Algarve 10 117 11,7
Arquipélago dos Açores 4 27 6,8
Arquipélago da Madeira 7 29 4,1
TOTAL 71 2140 ---
(*) Fonte: Ministério do Trabalho e da Solidariedade; 1997.
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Analisando o Quadro 9 conclui-se que a região de Lisboa e Vale do Tejo apresenta, em
média, 60,9 pessoas ao serviço por empresa seguindo-se as regiões Norte e Algarve
com uma média de 22,2 e 11,7 respectivamente.
Neste subsector é de salientar que a região com maior número de empresas e de
pessoas ao serviço (Lisboa e Vale do Tejo) apresenta simultaneamente o maior
número de pessoas ao serviço por empresa.
3.4 VOLUME DE NEGÓCIOS DO SECTOR
Quanto à informação relativa ao volume de vendas foi utilizada a fornecida pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE), uma vez que os dados do DETEFP, afecto ao
Ministério do Trabalho e da Solidariedade, só estão disponíveis até três dígitos da
Classificação das Actividades Económicas (CAE).
Quadro 10: Volume de negócios do sector da Indústria de Lacticínios.
VOLUME DE NEGÓCIOS DO SECTOR DA INDÚSTRIA DE LACTICÍNIOS
103ESC.
REGIÕES NUTS II INDÚSTRIAS DO LEITE E
DERIVADOS
(CAE 15510)
FABRICAÇÃO DE GELADOS E
SORVETES
(CAE 15520)
Norte 127 575 631 649 887
Centro 35 930 846 143 526
LVT 37 504 246 7 660 978
Alentejo 4 904 952 (*)
Algarve -- --
Arquipélago dos Açores 43 557 269 (*)
Arquipélago da Madeira -- --
TOTAL 251 300 302 9 003 393
Fonte: INE; 1998.
-- Dado confidencial.
(*) Não consta.
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4. CARACTERIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE FABRICO
A actividade básica da Indústria dos Lacticínios é a da produção de alimentos
baseados no leite ou derivados deste. Estes produtos vão desde o leite pasteurizado à
manteiga, aos queijos, ao iogurte, gelados e sobremesas geladas, ou produtos
condensados ou em pó como o leite ou o soro.
No entanto o ponto de partida para todos este produtos é o leite e a sua
transformação.
Tradicionalmente esta indústria era constituída na maior parte dos casos por pequenas
unidades industriais localizadas próximas das regiões produtoras. Actualmente, e
devido ao desenvolvimento das técnicas de armazenagem e preservação do leite
fresco a tendência é a concentração da produção em unidades maiores.
Nesta indústria a produção envolve uma grande variedade de operações unitárias
sendo, no entanto, grande parte delas comuns aos vários processos de fabrico. Como
exemplo disto podemos referir as operações de clarificação, separação ou
pasteurização. Estas operações juntamente com a esterilização, a coagulação e a
incubação podem ser consideradas as operações principais.
O nível de mecanização e automatização aumenta normalmente com o tamanho da
unidade industrial, nomeadamente com a utilização dos sistemas automáticos de
lavagem e automação dos processos de fabrico.
LEITE
Recepção: a recepção do leite na unidade industrial é uma operação comum a todos
os processos de fabrico de lacticinios. O leite é transportado dos centros de recolha
para a fábrica em camiões cisterna que possuem tanques refrigerados de modo a
manter o leite a uma temperatura de 4 ºC.
No cais de recepção da fábrica são retiradas amostras de leite para realização de uma
série de testes laboratoriais para análise da qualidade e estado de preservação.
Procede-se em seguida à determinação do volume de leite, quer por pesagem dos
camiões cisterna antes e depois da descarga, quer usando um medidor de caudal
durante a própria descarga para os tanques cisterna da fábrica. Nesta operação é
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Outubro 2001 27 PNAPRI
importante que não entre ar nas linhas para não haver mistura com o leite sendo para
isto usado desaeradores nas linhas.
Em vez dos camiões cisterna o leite também pode ser recepcionado na unidade
industrial em vasilhas de metal de 30 ou 50 litros. Neste caso o leite pode não ser
proveniente dos centros de recolha pelo que não está refrigerado quando chega à
fábrica. O processo de recolha é semelhante com pesagem das vasilhas, testes, e
identificação dos produtos.
Por fim, e ambos os casos, procede-se à lavagem das vasilhas e dos tanques dos
camiões cisterna.
Armazenamento refrigerado: antes do seu armazenamento nos tanques cisterna, o
leite é feito passar através de um permutador de placas com o objectivo de manter ou
repôr a temperatura do leite a 4-5 ºC.
É fundamental manter o leite refrigerado ao longo do processo de modo a não permitir
o desenvolvimento dos microorganismos afectando a qualidade do produto final. O
leite é então armazenado em tanques cisterna verticais com capacidade que pode ir
dos 50 000 aos 100 000 litros. Estes tanques são construídos em aço inox polido e
possuem duplas paredes permitindo manter a temperatura. Também possuem um
agitador que, através de uma agitação suave, não permite que a nata se separe do
leite por gravidade.
Termização: operação de pré-aquecimento do leite no permutador de placas. Esta
operação é feita quando não é possível pasteurizar e processar imediatamente todo o
leite recebido na unidade e deve ser evitada quando possivel. O objectivo deste pré-
aquecimento do leite é o de impedir o crescimento das bactérias e é realizada
aquecendo o leite a 63-65 ºC durante aproximadamente 15 segundos.
Clarificação/Separação/Normalização: a clarificação consiste na remoção das
partículas em suspensão existentes no leite, a separação na remoção da nata do leite
e a normalização no ajuste do teor em gordura do leite (magro, meio gordo, gordo).
Tanto a clarificação como a separação podem ser realizadas por centrifugação em
separadores e clarificadores que possuem um desenho semelhante, mas com
diferenças no canal de entrada inferior e do número de bocais de saída superiores. O
processo baseia-se na diferença de densidades entre os glóbulos de gordura, as
impurezas sólidas e o skimmilk.
Actualmente, e na maior parte das unidades industriais, as operações de clarificação e
separação são levadas a cabo simultaneamente num centrifugador que ejecta
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Outubro 2001 28 PNAPRI
automatica e periodicamente a lama e pode ser lavado sem necessidade de desmontar
o equipamento.
A normalização do nível de gordura no leite é feita após a separação/clarificação do
leite. É feita por adição de nata ou skimmilk até ao nível requerido. Esta operação é
realizada por um sistema de válvulas de controle e de medidores de densidade e
caudal colocados na linha e que permitem medir a flutuação do conteúdo de gordura
num dado volume de leite fazendo automaticamente o ajuste aos níveis desejados,
pela adição de nata ou skimmilk separados previamente.
Homogeneização/Pasteurização/Desgaseificação (Desaeração): a
homogeneização tem como objectivo desagregar e espalhar os glóbulos de gordura do
leite para prevenir a formação de nata.
A pasteurização, por sua vez, é uma operação fundamental no processo de tratamento
do leite e consiste no tratamento térmico deste para destruição dos microorganismos
indesejados e preservação da sua qualidade.
A desgaseificação faz-se para libertar o ar ou gases que o leite sempre possuem
dissolvidos e vai acumulando ao longo do processo de fabrico e que podem dificultar a
homogeneização.
A homogeneização é levada a cabo em homogeneizadores onde o leite é pressurizado
por uma bomba de pistão (a 100-250 bar) e a temperaturas de 60-70 ºC provocando
assim a disrupção dos glóbulos de gordura.
A desgaseificação é feita antes da homogeneização e estas duas operações podem ser
realizadas antes ou depois da pasteurização, conforme o sistema utilizado (directo ou
indirecto) no caso do leite ultrapasteurizado.
A temperatura e o tempo de pasteurização são factores fundamentais que têm a ver
com a qualidade do leite e com as propriedades de conservação pretendidas.
Actualmente a pasteurização do leite é feita de forma contínua (HTST) e envolve o
aquecimento do leite num permutador de calor de placas até atingir a temperatura de
72-75 ºC durante 15-20 segundos antes de o arrefecer imediatamente. A
ultrapasteurização, com aquecimento do leite a 125-138 ºC durante 2-4 segundos ou
o tratamento UHT (esterilização), com aquecimento até 135-140 ºC durante alguns
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Outubro 2001 29 PNAPRI
segundos, são outras duas técnicas de tratamento térmico do leite com o objectivo de
prolongamento dos prazos de conservação. A manutenção do leite a estas diversas
temperaturas durante os periodos desejados faz-se com o auxílio de tubagens em
espiral cujo comprimento é função do tempo de retenção desejado. Em certos casos,
no tratamento térmico do leite podem também ser usados permutadores de calor
tubulares, sendo no entanto estes menos eficientes do que os de placas, mas
permitindo mais facilmente lidar com partículas em suspensão, por exemplo.
Arrefecimento: imediatamente após a pasteurização é necessário arrefecer
imediatamente o leite a temperaturas à volta dos 4 ºC. Isto é feito fazendo
novamente passar o leite por um permutador de placas. O líquido de refrigeração
utilizado no permutador é normalmente água, embora também se use o glicol. Neste
processo de aquecimento e arrefecimento rápidos existe um sistema regenerativo com
aproveitamento do calor do leite (já pasterizado e que necessita de ser arrefecido) no
aquecimento do leite que necessita ainda de ser pasteurizado.
Embalamento asséptico: consiste no enchimento das embalagens de cartão
revestidas a alumínio ou polietileno ou garrafas de plástico, feita de forma asséptica
para evitar a recontaminação do leite.
MANTEIGA
A manteiga é produzida a partir da nata do leite. Todo o excesso de gordura obtido
durante as operações de clarificação/normalização do leite é utilizado na produção de
manteiga. A nata que é separada durante a operação de centrifugação do leite e que é
usada para fazer manteiga possui um conteúdo em gordura que pode variar entre os
25 e os 40% da gordura do leite.
Os principais constituintes da manteiga são a gordura do leite (80-82%), água
(15-17%), sal (1-2%) e pequenas quantidades de proteína do leite, cálcio, fósforo e
vitaminas. Também se pode produzir manteiga a partir do soro resultante do processo
de fabrico do queijo. A manteiga pode ser classificada quanto ao seu conteúdo em sal
e a sua côr varia em função do seu conteúdo em carotenóides.
Antes da produção da manteiga propriamente dita existe um conjunto de passos a que
o leite é submetido para obtenção e preservação da nata e que são semelhantes aos
do tratamento do leite para consumo.
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Outubro 2001 30 PNAPRI
Recepção do leite: procedimento idêntico ao do processamento do leite com as
operações normais de recepção, pesagem, análises e armazenamento em tanques
cisterna.
Pré-aquecimento ou termização: o leite é pré-aquecido a 63 ºC durante 15
segundos no pasteurizador. O objectivo desta operação já foi descrito no processo de
fabrico do leite.
Clarificação/Separação/normalização: nesta operação procede-se à separação da
nata do leite e à sua normalização, conforme atrás referido. A nata, como é sabido,
consiste na parte gordurosa do leite, sendo esta separada do resto dos constituintes
por centrifugação. A nata assim obtida é então normalizada para um teor de gordura
de 38% afim de facilitar a pasteurização e o arrefecimento evitando ainda perdas
excessivas de gordura nas outras fases de melhoramento das natas. Antes da
pasteurização é feita a correcção da acidez da nata por adição de bicarbonato de sódio
e carbonato de sódio. Esta redução da acidez tem como objectivo melhorar o sabor da
manteiga e aumentar a sua resistência à deterioração durante o armazenamento,
permitindo ainda padronizar o produto e evitar perdas de gordura no leitelho. A nata é
armazenada num tanque intermédio antes de seguir para a pasteurização.
Pasteurização/Desaeração: a nata é pasteurizada a uma temperatura de 95 ºC ou
mais e com baixo tempo de retenção. O objectivo da pasteurização é destruir os
microorganismos patogénicos e dos que decompõem a nata por fermentação assim
como a destruição da enzima lipase. Por vezes, e para remoção dos sabores
indesejáveis, procede-se à desaeração por vácuo. Esta é realizada antes da
pasteurização e envolve o aquecimento da nata sujeitando-a em seguida a um
arrefecimento rápido fazendo-a entretanto passar por uma câmara de vácuo com
pressão reduzida onde as substâncias aromáticas são libertadas.
Arrefecimento/Armazenagem: a nata é arrrefecida no pasteurizador a 18-20 ºC e
armazenada.
Inoculação/Maturação: a nata é inoculada com uma cultura láctica acidificante e
aromatizante. As culturas lácticas acidificantes incluem geralmente os
microorganismos lactococcus lactis e lactococcus cremoris e entre os aromatizantes o
mais utilizado é o lactococus diacetilactis. O uso de culturas de bactérias no processo
permite um melhor controle do sabor. A fermentação demora geralmente de 12 a 15
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Outubro 2001 31 PNAPRI
horas. Tanto esta operação como a do tratamento térmico são realizadas
simultaneamente em tanques de aço inox com agitadores reversíveis para uma
agitação eficiente e possuem um sistema de aquecimento e arrefecimento.
Tratamento térmico: esta operação tem como objectivo controlar a cristalização da
gordura de forma a que a manteiga tenha uma consistência óptima. A consistência da
manteiga é uma das suas características mais importantes uma vez que afecta outras
como o sabor e o aroma desta. O tratamento térmico a aplicar é função da quantidade
de gordura insaturada que a nata contém, o que determina a consistência final da
manteiga. Assim este tratamento térmico regula numa certa extensão a quantidade de
gordura sólida que é o maior factor de controle da consistência da manteiga. O
tratamento térmico consiste, e de um modo geral, no arrefecimento rápido da nata
para cristalização dos glóbulos de gordura e uma maior pureza dos cristais, por
eliminação dos triglicéridos com baixo ponto de fusão. As temperaturas de
arrefecimento, aquecimento e recristalização são seleccionadas de acordo com o
conteúdo em gordura insaturada na nata.
Batedura: a batedura consiste na agitação da nata por um processo descontínuo ou
contínuo até que a emulsão quebre, dando-se a coagulação dos glóbulos de gordura
ou “grãos de manteiga”. Nesta operação também são eliminadas a maior parte das
substâncias não gordurosas que consituem o leitelho. Esta operação é
tradicionalmente realizada em tambores cilíndricos horizontais e com velocidade
ajustável. No processo contínuo a nata proveniente dos tanques de maturação
alimenta continuamente a batedeira onde a conversão e separação do leitelho é
realizada continuamente em várias secções independentes na máquina batedora. Na
sequência da eliminação do leitelho ocorre a malaxagem para ajuste do conteúdo de
humidade. Também pode acontecer a incorporação de sal na manteiga, através da
adição de salmoura, no caso da manteiga com sal.
Embalagem: a manteiga é então descaregada e trasnportada para as máquinas de
embalamento.
IOGURTE
O iogurte é um produto preparado a partir da fermentação láctica do leite. O leite é
assim inoculado com uma cultura de bactérias que provocam a conversão de parte da
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Outubro 2001 32 PNAPRI
lactose do leite em ácido láctico. Os microorganismos básicos utilizados na fabricação
do iogurte são a lctococcus thermophilus e o lactobacillus bulgariens.
O leite destinado à produção de iogurte é sujeito a várias operações de pré tratamento
nomeadamente tratamento térmico, normalização do teor em gordura, adição de
açúcar, homogeneização. Estas operações ocorrem antes da inoculação do fermento,
para criar condições de crescimento para a cultura de fermentação e melhorar a
consistência e aparência do iogurte.
Existem vários tipos de iogurte podendo ser classificados da seguinte forma:
• Sólidos (incubados e arrefecidos na embalagem);
• Batidos (incubados em tanques e arrefecidos antes de colocados em
embalagem);
• Líquidos (a coalhada fica líquida antes do embalamento);
• Gelados (incubados em tanques e congelados como os gelados);
• Concentrados (incubados em tanques, concentrados e arrefecidos antes da
embalagem).
Será feita referência essencialmente aos três primeiros. Como atrás foi dito o leite
sofre um pré-tratamento antes de ser enviado para as linhas de produção de iogurte.
O leite é normalizado quanto ao seu teor em gordura e extracto seco sendo ainda
homogeneizado, pasteurizado e arrefecido à temperatura de coagulação.
Pré-tratamento: o leite destinado à produção de iogurtes deve possuir uma boa
qualidade bacteriológica devendo conter reduzida quantidade de bactérias ou
substâncias que impeçam o desenvolvimento da cultura de iogurte.
Normalização: depois de seleccionado quanto aos padrões de qualidade, o leite é
padronizado quanto ao seu teor em gordura, geralmente entre 0,5 e 3,5%.
Aumento do extracto seco: tem como objectivo aumentar a consistência do iogurte
e diminuir a tendência de dessoração. Existem várias formas para isto nomeadamente
por evaporação da água do leite num evaporador ou pela adição de leite em pó.
Homogeneização: o principal objectivo desta operação é o de prevenir a formação
de nata durante o periodo de incubação e assegurar uma distribuição uniforme da
gordura do leite. Também contribui para melhorar a estabilidade e consistência do
leite. É realizada em homogeneizadores a uma pressão de aproximadamente
200-250 bar.
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Outubro 2001 33 PNAPRI
Pasteurização/Retenção: o leite é seguidamente pasteurizado num permutador de
calor à temperatura de 90-95 ºC seguindo-se um tempo de retenção de 5 minutos.
Este tratamento térmico antes da inoculação da cultura tem como objectivo melhorar
as propriedades do leite como substrato para a cultura de bactérias, tornar firme o
coágulo de iogurte e reduzir o risco de separação do soro.
Arrefecimento: após a pasteurização o leite é arrefecido até à temperatura de
inoculação (40-45 ºC)
IOGURTE BATIDO
Inoculação: as fábricas normalmente compram as culturas de bactérias pretendidas
já preparadas por laboratórios especializados, pois a sua preparação e manuseamento
obedece a altos requisitos de precisão e higiene. Estas podem encontrar-se sob
diversas formas – congeladas, em pó, liquido, etc.
Incubação: a incubação das culturas é feita em tanques isotérmicos de maturação
com medidores de pH. Neste tipo de iogurte o período de incubação é de 2,5 a 3 horas
à temperatura de 42-43ºC. Logo após o enchimento do tanque com a mistura esta é
agitada inicialmente durante um certo período de tempo para assegurar uma mistura
uniforme da cultura de bactérias.
Arrefecimento: após atingir o pH ideal a mistura é arrefecida logo de seguida (nos
30 minutos subsequentes) para os 15-22 ºC para parar o desenvolvimento das
bactérias e o aumento da acidez. Ao mesmo tempo o coágulo deve ser sujeito a
agitação suave para melhorar a consistência. O arrefecimento tem lugar num
permutador de calor de pratos.
Adição de aromas: adição de aditivos ou polpa de fruta ao iogurte aquando da sua
transferência para as máquinas de enchimento. A mistura é feita de forma contínua
bombeando o iogurte e os aditivos através de um misturador estático colocado na
linha imeditamente antes do enchimento. É importante uma adequada pasteurização
dos aditivos para eliminação dos microorganismos mas de forma a não alterar o gosto
e textura da fruta.
Embalagem: enchimento das embalagens de iogurte nas máquinas de enchimento.
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IOGURTE SÓLIDO
Os iogurtes batidos e os iogurtes sólidos são muitas vezes produzidos
concurrencialmente na mesma unidade industrial. De facto as operações são idênticas
apenas se alterando a sua ordem ao longo do processo de fabrico. O pré tratamento
do leite é igual para os dois tipos.
Adição de aromas/Enchimento: os aditivos são adicionados continuamente ao
caudal de leite antes da máquina de enchimento.
Incubação/Arrefecimento: após o enchimento da embalagem e disposição destas
em paletes sobrepostas, estas são transportadas para a câmara de
incubação/arrefecimento, onde se dá a incubação. Após atingindo o pH ideal, estas
paletes seguem para outra zona da câmara onde são arrefecidas de forma contínua
até à temperatura final desejada (<5 ºC). O período de incubação é de cerca de
3-3,5 horas sendo importante durante este tempo não agitar as embalagens para
diminuir o risco de dessoração. A eficiência do arrefecimento é função de muitos
factores como o tamanho e forma das embalagens ou a sua disposição, podendo ser
de 65-70 minutos para as embalagens pequenas e cerca de 80-90 minutos para as
embalagens grandes.
IOGURTE LIQUIDO
O iogurte líquido é preparado de maneira idêntica aos anteriores embora com algumas
diferenças. Após a mistura e arrefecimento a cerca 18-20 ºC o iogurte é transferido
para um tanque de mistura onde são adicionados estabilizadores, fruta e açucar. Após
esta operação o iogurte pode ser tratado de várias maneiras, conforme o prazo de
validade desejado para o iogurte. Assim, e para prolongamento do tempo de vida do
iogurte a mistura sofre diferentes tratamentos térmicos e inclusivé embalamento
asséptico. Existem assim processos alternativos para este tipo de iogurte conforme o
tempo de vida desejado para o iogurte, conforme é possível observar no diagrama de
blocos respectivo.
GELADOS
Os gelados podem ser divididos em quatro grandes categorias de acordo com os
ingredientes usados no seu fabrico:
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Outubro 2001 35 PNAPRI
• Gelados feitos exclusivamente a partir de produtos do leite;
• Gelados contendo gordura vegetal;
• Gelados contendo sumo de fruta com gordura ou sólidos de leite;
• Gelados contendo água, açúcar e concentrado de fruta.
Os primeiros dois tipos perfazem aproximadamente 80-90% da produção mundial.
São vários os ingredientes usados no fabrico de gelados. Podemos referir a gordura
(do leite ou vegetal), as proteinas, lactose e sais minerais, o açúcar, os emulsificantes
e estabilizadores, aromas e corantes. Todos eles têm de estar armazenados em
condições que garantam a sua qualidade, com refrigeração no caso dos produtos de
leite. O fabrico de gelados é constituido por um conjunto de operações básicas
referidas a seguir.
Mistura: antes de se proceder à mistura propriamente dita são seleccionados os
ingredientes com base na formulação desejada. São em seguida cuidadosamente
calculados e pesados ou medidos a fim de se obter a mistura equilibrada. Os
ingredientes podem ser sólidos, como o soro ou leite em pó, os emulsificantes ou
estabilizadores, ou podem ser líquidos como o leite, a nata, glucose e gorduras
vegetais. Os ingredientes são adicionados no tanque de mistura e aquecidos para
facilitar a dissolução e sujeitos a rápida agitação para incorporar os pós, sendo usados
muitas vezes agitadores de alta velocidade. É comum funcionarem dois tanques de
mistura de forma a que haja uma sucessão contínua de batches a pasteurizar.
Pasteurização/Homogeneização/Arrefecimento: a mistura é em seguida
pasteurizada. O objectivo da pasteurização é a destruição das bactérias patogénicas
auxiliando também na hidratação das proteinas e estabilizadores. A pasteurização é
feita aquecendo a mistura nos tanques a 70 ºC durante 30 minutos, passando em
seguida para o homogeneizador e depois para um permutador de placas ou tubos
sendo arrefecida a 5 ºC.
Numa maior escala de produção a pasteurização é feita de forma contínua num
pasteurizador (HTST) onde é pré-aquecida antes de passar para o homogeneizador
retornando depois ao permutador para pasterização a 83-85 ºC durante 15 segundos.
A mistura pasteurizada é então arrefecida a 5 ºC antes de ser transferida para o
tanque de envelhecimento. A secção de arrefecimento dos permutadores usados aqui
é maior do que a dos utilizados para o leite.
Devido ao pré-aquecimento da mistura a recuperação (regeneração) de calor é
perdida e a mistura entra na secção de refrigeração ainda bastante quente. A mistura
passa então para o homogeneizador onde forma um emulsão “gorda” por ruptura ou
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Outubro 2001 36 PNAPRI
redução dos glóbulos de gordura do leite ou nata. A homogeneização permite também
o aumento da área superficial, torna o gelado mais macio e cremoso e aumenta a
resistência ao derretimento, contribuindo para melhorar a sua aparência e o paladar.
A homogeneização deve ser realizada à temperatura de pasteurização para uma maior
facilidade de quebra dos glóbulos de gordura sob qualquer pressão reduzindo a
tendência para misturas densas.
Envelhecimento: o objectivo desta operação é o de tornar a mistura mais cremosa e
melhorar a textura do gelado. A mistura é então deixada em repouso no tanque de
envelhecimento durante quatro horas a uma temperatura entre 2 e 5 ºC, mas com
uma contínua e suave agitação durante este período. Este tempo permite que a
gordura arrefeça e cristalize e a total hidratação das proteinas e polissacáridos, com
um ligeiro aumento da viscosidade da mistura. O envelhecimento é realizado em
tanques com isolamento ou refrigerados.
Congelamento: a mistura proveniente do tanque de envelhecimento passa então
para o congelador onde é introduzida uma quantidade controlada de ar para aumentar
o volume do gelado e onde acontece a formação de pequenos cristais de gelo. O
congelador é um permutador de calor cilíndrico, com um revestimento que contém
amonia ou freon. A mistura entra por um dos lados do cilindro, congelando, e após
alguns segundos sai na outra extremidade a uma temperatura de –3 a –6 ºC. À
medida que a mistura vai congelando nas paredes do cilindro esta é raspada e retirada
continuamente por uma faca em rotação no interior do cilindro. Ingredientes como
bocados de fruta, chocolate ou corantes podem ser adicionados imediatamente a
seguir.
Enchimento/Extrusão/Moldação: conforme a forma e quantidade pretendida para
o gelado, assim é utilizada a operação de enchimento, extrusão ou moldação. Os
gelados podem ser acondicionados em copos, cones, paus e caixas. A mistura pode
então ser extrudida sob várias formas, seguindo através do tapete da extrusora para o
tunel de endurecimento onde ocorre o congelamento final a
–20 ºC. O processo de enchimento é semelhante e acontece numa máquina rotativa
de enchimento. A moldação dos gelados de pau é realizada em máquinas próprias que
possuem cavidades com a forma desejada e onde a mistura directamente proveniente
do envelhecimento enche os moldes e é automáticamente congelada a –3 ºC sendo
antes introduzidos os paus. A desmoldagem processa-se fazendo passar os moldes por
uma salmoura morna, permitindo a extracção. Neste caso não é necessária a operação
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Outubro 2001 37 PNAPRI
de endurecimento uma vez que os produtos já estão totalmente congelados, seguindo
directamente para o empacotamento.
Endurecimento: esta operação é realizada para os produtos que são empacotados
imeditamente antes do congelamento sendo transferidos para os túneis de
endurecimento onde são levados a uma temperatura de –20 ºC. Quanto mais rápido
fôr o endurecimento melhor é a textura do gelado.
Armazenagem: o produto é então armazenado em prateleiras a uma temperatura de
–25 ºC. O tempo de preservação depende do gelado, da embalagem e da manutenção
da baixa temperatura, podendo ir até nove meses.
QUEIJO
O queijo é constituído pela gordura do leite, água, proteínas e minerais. Existe uma
enorme variedade de queijos com diferentes características de sabor, texturas e
tempos de conservação. O fabrico de queijo baseia-se na coagulação da caseína do
leite, ou das proteínas do soro. O produto final depende da composição e
manuseamento do leite e da cultura de inoculação. Estas duas variáveis podem ser
modificadas com tratamentos térmicos ou ainda salga. O queijo é então o produto
fresco ou curado, de consistência variável, obtido pela coagulação e dessoração do
leite. No processo de obtenção do queijo, para além da coagulação da caseína do leite
ainda é necessário a operação de moldagem (para dar forma ao queijo) ou a operação
de maturação ou cura. Estas operações são descritas em maior detalhe a seguir. Por
fim refere-se que existem ainda várias classificações para os diversos tipos de queijo
de acordo com o seu conteúdo em humidade ou o tipo de cura.
Tratamento: o leite destinado à produção de queijo passa por um tratamento algo
semelhante ao do leite que é utilizado para consumo. Esta etapa é de particular
importância um vez que tem considerável influência na qualidade do produto final.
Assim o leite tem de ser refrigerado quer durante o seu transporte quer durante o seu
armazenamento (4 ºC) nos tanques cisterna e respeitar todas as condições de higiene
podendo sofrer previamente uma termização para prevenir o crescimento de
bactérias, se o leite não puder ser imediatamente processado. Em seguida o leite é
desnatado, normalizado e pasteurizado. A normalização é aqui também importante
pois muitas vezes os queijos são classificados de acordo com o seu conteúdo em
gordura numa base seca, devendo estes ser agrupados de acordo. Quanto à
pasteurização esta é normalmente realizada a 72-73 ºC durante 15-20 segundos. No
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Outubro 2001 38 PNAPRI
entanto há excepção na produção de certos tipos de queijo não podendo ser aplicadas
temperaturas tão altas a fim de não afectar o sabor ou aroma do queijo, como o
parmesão.
Coagulação: Nesta operação procede-se à coagulação da caseína do leite
obtendo-se um gel sólido vulgarmente designado por coalhada. A desnaturação da
caseína é provocada pela actividade enzimática ou pelos ácidos. Para obtenção da
coalhada é necessário adicionar ao leite um fermento ou cultura inicial de bactérias, o
coalho (enzimas proteolíticas) e outros aditivos. O tipo de culturas usadas é função do
tipo de queijo pretendido. A função das culturas é a de produzir ácido láctico,
desnaturar a proteína e em certos casos a produção de dióxido de carbono. A
produção de ácido baixa o pH o que é importante na contracção do coágulo
acompanhado da eliminação do soro. Também são libertados sais de cálcio e fósforo
durante este processo o que vai influenciar a firmeza ou rigidez da coalhada. Outra
função importante destas bactérias produtoras de ácido é a de suprimir as que
sobreviveram à pasteurização. Na maior parte dos casos para obtenção da coalhada é
necessário a acção do coalho cuja actividade enzimática provoca a coagulação da
caseina. São ainda adicionados cloreto de cálcio, para obter uma maior firmeza da
coalhada, e dióxido de carbono, para diminuição do tempo de coagulação. A operação
de coagulação é relizada em cubas de aço inox onde são adicionados os aditivos, a
cultura e o coalho do leite que está aquecido a aproximadamente a 30 ºC. Após a
adição do coalho o leite é agitado cuidadosamente durantes 2 a 3 minutos para não
perturbar a coagulação e causar perda da caseina para o soro. Finalmente o leite é
deixado em repouso cerca de 40 minutos, tempo necessário para que a coagulação
ocorra. Quando a coalhada atinge o ponto, efectua-se o corte desta obtendo-se
pequenos “grãos”. É então realizado o corte da coalhada por um conjunto de lâminas
dispostas paralelamente e empilhadas numa espécie de agitador. A seguir ao corte a
mistura é agitada suavemente e é drenado o soro. Procede-se em seguida ao
aquecimento da coalhada para regulação do tamanho e acidez. Este aquecimento
pode ser feito através de vapor ou com água quente, dependendo do tipo de queijo.
Moldagem/Prensagem: após remoção do soro o coalho pode ser tratado de várias
maneiras, nomeadamente sendo transferido directamente para os moldes (queijo
granular) ou prensado previamente e cortados antes de moldados (queijo prato), ou
ainda moído para o fabrico de queijos como o mozzarella.A prensagem faz-se com o
objectivo de expulsar o resto do soro, melhora a textura e dá a forma ao queijo. A
velocidade de prensagem deve ser gradual e aplicada a cada tipo de queijo a fim de
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Outubro 2001 39 PNAPRI
não provocar bolsas de humidade. Existem vários tipos de prensas desde a manual até
às pneumáticas e hidráulicas com pressão regulável.
Desmoldagem: os queijos são retirados automáticamente das formas da máquina de
moldagem.
Salga: a adição de sal funciona não somente como a adição de um condimento mas
também tem outra função que é a de causar a remoção da humidade através do efeito
osmótico. Existem várias maneiras de se proceder à salga, quer adicionando o sal
directamete ao coalho por pulverização após a expulsão do soro quer submergindo os
queijos em tanques com salmoura. O tempo de salga varia em função do formato e
peso do queijo. Normalmente um queijo prato de 3 Kg é salgado até 48 horas.
Cura: o ciclo de cura varia conforme o tipo de queijo a produzir. Nesta operação o
queijo passa por um conjunto de transformações com origem em processos
microbiológicos, fisicos e bioquímicos. Estas transformações afectam a lactose, a
proteína e a gordura. São controlados o grau e a velocidade de fermentação da
lactose, regulando para isto o crescimento e actividade da bactéria do ácido láctico, de
acordo com o tipo de queijo. Também o grau de decomposição da proteína caseína
afecta a qualidade do queijo quanto à sua consistência e sabor sendo também
característica deste processo. A condições de armazenagem dos queijos durante o
ciclo de cura são importantes pois o objectivo é o controle do ciclo o maior tempo
possível. Assim e para cada tipo de queijo deve ser mantida uma combinação
específica de temperatura e humidade nas diferentes câmaras de cura durante os
diferentes estágios da cura.
Embalamento: o queijo pode ser envolvido em plástico ou tripa e colocado em caixas
de cartão.
PRODUÇÃO DE QUEIJO FRESCO E REQUEIJÃO
A primeira etapa respeitante à produção de queijo fresco consiste no enchimento das
cubas de coagulação com o leite previamente tratado. A este leite são adicionados os
componentes necessários para a obtenção do coalho pretendido por um processo
enzimático. A mistura assim obtida permanece em cubas cerca de uma hora sob
agitação contínua e lenta até à formação do coalho. A coalhada obtida na fase anterior
é transportada em seguida para a mesa de trabalho, onde se dá a separação do
primeiro soro que escorre para o depósito de recolha, enquanto a massa é colocada
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Outubro 2001 40 PNAPRI
nos moldes. Este soro será aproveitado para o fabrico de requeijão juntamente com o
que não foi removido das cubas. Os queijos frescos assim obtidos permanecem em
repouso durante algum tempo, durante o qual é extraído ainda algum soro (segundo
soro). Em seguida é embalado e armazenado para expedição.
A produção de requeijão é feita a partir do aproveitamento do primeiro soro
proveniente do processo de produção de queijo fresco. Este, depois de recolhido em
recipiente próprio é colocado num depósito onde é submetido a um aquecimento a
cerca de 100 ºC, que provoca a sua coagulação. O produto é então colocado em
pequenos cestos, sendo filtrado o soro resultante.
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Outubro 2001 41 PNAPRI
4.1 DIAGRAMAS DOS PROCESSOS DE FABRICO
Nas Figuras 10-16 indica-se de uma forma esquemática os diagramas dos processos
de fabrico típicos de cada um dos subsectores industriais em análise. Nestes
diagramas identificam-se, de forma tanto quanto possível exaustiva, as matérias
primas utilizadas e os resíduos gerados em cada operação.
Guia Técnico Sectorial – Indústria de Lacticínios
Dezembro 2000 42 PNAPRI
RECEPÇÃO DOLEITE
CLARIFICAÇÃOSEPARAÇÃO
NORMALIZAÇÃO
BATEDURA EM BATCH
PRÉ AQUECIMENTO
INOCULAÇÃOMATURAÇÃO
PASTEURIZAÇÃODESAERAÇÃO
ARREFECIMENTOARMAZENAGEM
EMBALAGEM TRATAMENTO TÉRMICO
BATEDURA CONTÍNUA
ARMAZENAMENTOREFRIGERADO
Carbonato deSódio
Lama
Salmoura
Leitelho
Nata
Leitelho
Salmoura
Skimmilk
Bicarbonato deSódio
Culturas
Manteiga
Solução delavagem
Efluente delavagem
Solução delavagem
Efluente delavagem
Solução delavagem
Efluente delavagem
Solução delavagem
Solução delavagem
Efluente delavagem
Efluente delavagem
Embalagens
Figura 10: Diagrama do processo de fabrico típico da Manteiga (CAE 15510).
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Dezembro 2000 43 PNAPRI
MISTURA ENVELHECIMENTO
EMPACOTAMENTO
PASTEURIZAÇÃOHOMOGENEIZAÇÃOARREFECIMENTO
ENCHIMENTOEXTRUSÃOMOLDAGEM
CONGELAMENTO
ADIÇÃO DEINGREDIENTES
EMPACOTAMENTO
DECORAÇÃOFLAVOURINGENDURECIMENTO
ARMAZENAGEM
Ingredienteslíquidos
Ingredientessólidos
Embalagens Derrames
Derrames
Embalagens
Ar
Solução delavagem
Efluente delavagem
Solução delavagem
Efluente delavagem
Água
Água derefrigeração
Efluente delavagem
Solução delavagem
Embalagens
Paletes
Figura 11: Diagrama do processo de fabrico típico de Gelados (CAE 15520).
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Dezembro 2000 44 PNAPRI
COAGULAÇÃO EMBALAGEMMOLDAGEM EXPEDIÇÃO
Fermentos1º soro
Requeijão
Vapor 100 ºCSolução delavagem
Efluente delavagem
Solução delavagem
Efluente delavagem
Embalagens PaletesSoro
Figura 12: Diagrama do processo de fabrico típico do Requeijão (CAE 15510).
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Dezembro 2000 45 PNAPRI
COAGULAÇÃO DESMOLDAGEMMOLDAGEM/PRENSAGEM
CURA
SALGA
EMBALAGEM
Fermentos
Leite termizadoe normalizado
Soro
Queijo seco
Efluente delavagem
Solução delavagem
EXPEDIÇÃO
Solução delavagem
Efluente delavagem
Soro
Solução delavagem
Efluente delavagem
EmbalagensPaletes
Figura 13: Diagrama do processo de fabrico típico do Queijo Seco (CAE 15510)
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Dezembro 2000 46 PNAPRI
PRETRATAMENTODO LEITE
EMBALAGEM
INOCULAÇÃO
INCUBAÇÃO ARREFECIMENTOADIÇÃO DE
AROMASARMAZENAMENTO
REFRIGERADO
ARREFECIMENTOADIÇÃO DE
AROMAS EMBALAGEMINCUBAÇÃOARMAZENAMENTO
REFRIGERADO
MISTURA
HOMOGENEIZAÇÃO ARREFECIMENTO
INCUBAÇÃO
ARMAZENAMENTOREFRIGERADOEMBALAGEM
PASTEURIZAÇÃO HOMOGENEIZAÇÃO ARMAZENAMENTOREFRIGERADO
EMBALAGEMASSÉPTICA
ESTERILIZAÇÃO (UHT) EMBALAGEMASSÉPTICA
ARMAZENAMENTOTEMPERATURA
AMBIENTE
Fermentos
Yogurt
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YogurteBatido
Aditivos
Aditivos
Açucar
Estabilizador
Fruta
Embalagens
Solução delavagem
Efluente delavagem
Embalagens
Efluente delavagem
Solução delavagem
Solução delavagem
Solução delavagem
Solução delavagem
Efluente delavagem
Efluente delavagem
Efluente delavagem
Embalagens
Embalagens
Embalagens
Figura 14: Diagrama do processo de fabrico típico do Iogurte.
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Guia Técnico Sectorial – Indústria de Lacticínios
Dezembro 2000 47 PNAPRI
COAGULAÇÃO DESMOLDAGEMMOLDAGEM/PRENSAGEM EXPEDIÇÃOEMBALAGEM
Fermentos
Leite termizado enormalizado
1º Soro
Queijo fresco
2º Soro1º SoroEfluente delavagem
Solução delavagem
Efluente delavagem
Solução delavagem
Embalagens Paletes
Figura 15: Diagrama do processo de fabrico típico do Queijo Fresco (CAE 15510).
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Guia Técnico Sectorial – Indústria de Lacticínios
Dezembro 2000 48 PNAPRI
RECEPÇÃO DOLEITE
ARMAZENAMENTOREFRIGERADO
ARREFECIMENTO
TERMIZAÇÃO
ARMAZENAMENTOREFRIGERADO
CLARIFICAÇÃOSEPARAÇÃO
NORMALIZAÇÃO
ARMAZENAMENTOTEMPERATURA
AMBIENTE
PASTEURIZAÇÃODESGASEIFICAÇÃOHOMOGENEIZAÇÃO
EMBALAMENTOASSÉPTICO
EXPEDIÇÃO
SoluçãolavagemLeite
Derrames Efluente delavagem dos
tanques
Efluente delavagem
Água
Solução delavagem
Embalagens
Soluçãolavagem
Efluente delavagem
ARREFECIMENTO
NataSkimmilk
Lama
Efluente delavagem
Água
Água
Solução delavagem
Efluente delavagem
Solução delavagem Vapor
ÁguaEmbalagensdefeituosas
Derrames
LeitePasteurizado
Paletes
Figura 16: Diagrama do processo de fabrico típico do leite (CAE 15510).
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Outubro 2001 49 PNAPRI
5. RESÍDUOS INDUSTRIAIS DO SECTOR
5.1 ANÁLISE GLOBAL DOS RESÍDUOS DO SECTOR E SUA GESTÃO ACTUAL
O principal problema, em termos ambientais para a Indústria de Lacticínios, diz
respeito aos seus efluentes líquidos. De facto a água tem grande importância neste
tipo de indústria sendo utilizada em inúmeras operações, como lavagens de
equipamento e instalações, arrefecimento, aquecimento, etc. O volume de água
necessário é elevado, atingindo mesmo em certos casos os 15 litros por cada litro de
leite processado. Os efluentes líquidos desta indústria possuem elevada carga orgânica
que é originária das perdas de produto e matérias primas que são arrastadas pelas
águas de lavagem do equipamento e das instalações ao longo do processo de fabrico.
Estima-se que 2% do total de leite processado seja desperdiçado em derrames e
fugas no equipamento, na contaminação do leite com a solução de limpeza do sistema
CIP e derrames do embalamento de produtos.
Estudos efectuados mostraram que 1 mg de CBO5 no efluente líquido significa que
pelo menos 9 mg de leite foram desperdiçados. Desta forma, conhecendo o nível de
CBO5 no efluente pode-se facilmente estimar a quantidade de produto desperdiçada.
Apresenta-se no Quadro 11 os valores médios dos efluentes líquidos para a Indústria
de Lacticínios.
Quadro 11: Valores médios dos efluentes líquidos.
SectorSST
(mg/l)
CQO
(mg/l)
CBO5
(mg/l)
Ól/Gord.
(mg/l)
Azoto total
(mg/l)
Fósforo
total
(mg/l)
Leite 480 1 700 1 500 130 50 15
Queijo 1 100 12 000 5 400 380 160 110
Iogurte/Outros 420 2 900 1 400 230 75 10
SST – Sólidos Suspensos Totais; CQO – Carência Química de Oxigénio; CBO5 – Carência Bioquímica de
Oxigénio determinada ao fim de 5 dias de incubação a 20 ºC.
Assim, as principais fontes de resíduos que afectam os efluentes líquidos são:
• Lavagem de tanques no cais de recepção do leite;
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Outubro 2001 50 PNAPRI
• Produto residual que permanece nas tubagens, bombas, tanques, cubas e
equipamento de processo;
• Misturas aquosas de leite e sólidos suspensos descarregadas durante os
arranques, paragens e mudanças de produto dos pasteurizadores, separadores,
clarificadores e evaporadores;
• Derrames e fugas devido a utilização imprópria do equipamento ou falta de
manutenção;
• Perdas na operação de enchimento;
• Soro resultante do processo de fabrico do queijo.
Quantitativamente, são os subsectores industriais do fabrico de queijo e de iogurtes
que contribuem com a maior quantidade de efluentes líquidos correspondendo a cerca
de 63% do volume global de efluentes.
Quanto ao destino dos efluentes, cerca de 76% da empresas que aderiram ao
Contrato de Adaptação Ambiental possuem ETAR própria, enquanto as restantes
descarregam os seus efluentes directamente nos colectores municipais ou para o meio
hídrico.
O soro de leite resultante do fabrico do queijo oferece outro problema a esta indústria,
uma vez que, se do ponto de vista legal, este é considerado um resíduo, não o é pelos
industriais que o conseguem valorizar, considerando-o um subproduto. O soro possui
uma elevada carga orgânica e tratamento difícil pelo que constitui grave problema se
rejeitado como efluente. O soro tem actualmente vários destinos como o fabrico de
requeijão, encaminhamento para a pecuária, concentrado e seco, ou rejeitado como
efluente. Segundo dados de 1999, 25% do soro produzido tem como destino a
pecuária, 12% é rejeitado como efluente, 3% vai para o fabrico de requeijão e 60% é
concentrado e seco, sendo utilizado em rações animais ou para o fabrico de gelados.
Os resíduos sólidos, neste sector, constituem um problema comparativamente menor.
As embalagens, de cartão, plástico, papel e Tetrapak são recolhidas selectivamente na
maior parte dos casos e enviadas para reciclagem exterior em empresas
especializadas como a Sociedade Ponto Verde, ou mesmo vendidas, no caso das
fracções de alumínio e cartão.
As lamas resultantes das estações de tratamento dos efluentes líquidos são
depositadas em terrenos agrícolas e utilizadas como fertilizante uma vez que as
análises químicas destas lamas não revelaram metais pesados na sua composição.
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Outubro 2001 51 PNAPRI
Também existem casos de deposição destas lamas como resíduos sólidos urbanos
(banais).
Os produtos fora de prazo são regra geral cedidos para alimentação animal, ou
eliminados conjuntamente com os efluentes.
Os óleos usados são cedidos para reciclagem em empresas especializadas sendo no
entanto em alguns casos queimados nas caldeiras da própria unidade industrial.
As cinzas resultantes da queima das caldeiras não são regra geral quantificadas e o
destino comum é a sua deposição em terrenos, muitas vezes da própria empresa.
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Outubro 2001 52 PNAPRI
5.2 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS E EFLUENTES LÍQUIDOS GERADOS E SUA
CORRELAÇÃO COM AS OPERAÇÕES PRODUTIVAS POR SUBSECTOR DE ACTIVIDADE
A identificação dos resíduos e dos efluentes gerados pelas diferentes operações
produtivas em cada subsector e a sua classificação de acordo com o Catálogo Europeu
de Resíduos (CER) apresentam-se nos Quadros 11 e 12.
Quadro 12: Relação entre as operações produtivas, os resíduos e os efluentes líquidos gerados
na Indústria do Leite e Derivados - (CAE 15510).
OPERAÇÃO EFLUENTES E RESÍDUOS GERADOSCÓDIGO
CER
Tratamento de
efluentes líquidosLamas da ETAR 02 05 02
Armazém, Embalagem,
Enchimento, OutrasResíduos urbanos 20 00 00
Armazém, Embalagem Embalagens, Absorventes, Panos, Materiais filtrantes 15 00 00
Coagulação,
Moldagem, PrensagemSoro lácteo 02 05 99
Geração de vapor
(caldeira)Cinzas 10 01 01
Manutenção dos
equipamentosÓleos de motores, transmissões e lubrificação 13 02 00
Armazém, Várias Materiais impróprios para consumo ou processamento 02 05 01
Lavagem de peças Solventes e misturas de solventes 14 01 03
Lavagem
equipamento, linhas e
instalações
Efluente lavagem (skimmilk; leitelho; derrames, água
arrefecimento).--
Manutenção dos
equipamentosResíduos não especificados no CER 16 00 00
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Quadro 13: Relação entre as operações produtivas, os efluentes e os resíduos gerados na
Indústria do Gelados e Sorvetes - (CAE 15520).
OPERAÇÃO EFLUENTES E RESÍDUOS GERADOS CÓDIGOCER
Tratamento de
efluentes líquidosLamas da ETAR 02 05 02
Várias Resíduos urbanos 20 00 00
Armazém, Embalamento Embalagens, Absorventes, Panos, Materiais filtrantes 15 00 00
Lavagem equipamento,
linhas e instalações
Efluente líquido (água de lavagem, derrames, agentes
de refrigeração)--
Geração de vapor
(caldeira)Cinzas 10 01 01
Manutenção dos
equipamentosÓleos de motores, transmissões e lubrificação 13 02 00
Armazém, OutrasMateriais impróprios para consumo ou
processamento02 05 01
A identificação dos resíduos perigosos gerados pelas diferentes operações unitárias, e
a sua classificação, de acordo com o Anexo II do Catálogo Europeu de Resíduos (CER),
são apresentadas no Quadro 14.
Quadro 14: Resíduos perigosos da Indústria de Lacticínios.
SUBSECTORES OPERAÇÃO RESÍDUO CÓDIGO CER
Leite e Derivados
Manutenção equipamento
Produção de vapor
Lavagem de peças
Óleos usados
Cinzas da caldeira
Solventes
13 02 00
10 01 01
14 01 03
Gelados e
Sorvetes
Manutenção equipamento
Produção de vapor
Lavagem de peças
Óleos usados
Cinzas da caldeira
Solventes
13 02 00
10 01 01
14 01 03
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5.2.1 ESTIMATIVAS DAS QUANTIDADES ANUAIS DE RESÍDUOS E DE EFLUENTES
Para os restantes resíduos, a caracterização quantitativa foi efectuada tendo por base
uma amostra constituída pelo conjunto de empresas que assinaram o Contrato de
Adaptação Ambiental. Assim, e com base nessa amostra efectuou-se a extrapolação
da quantidade de resíduos produzidos para o total das empresas do sector, tendo em
conta a dimensão das empresas segundo o número de pessoas ao serviço. Para
efectuar tal estimativa partiu-se do pressuposto que em processos de fabrico
semelhantes a uniformidade na produção de resíduos em termos qualitativos é uma
realidade.
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Quadro 15: Estimativas das quantidades de resíduos gerados nos subsectores da Indústria de
Lacticínios (ano de 1998).
LEITE E DERIVADOS
(CAE 15510)
GELADOS E
SORVETES
(CAE 15520)
RESÍDUOS BANAIS
Lamas da ETAR(ton)
237 764 n.d.
Resíduos urbanos(ton)
9 219 n.d.
Embalagens, Absorventes, etc(ton)
20 696 n.d.
Materiais impróprios paraconsumo ou processamento(ton)
3 552 490 n.d.
Cinzas da caldeira (ton) 64 n.d.
Resíduos não especificados noCER (ton)
99 n.d
Soro lácteo(ton)
99 542 n.d.
SUBTOTAL (ton) 3 919 874 n.d.
RESÍDUOS PERIGOSOS
Óleos usados(ton)
202 n.d.
Solventes(ton)
1,2 n.d.
SUBTOTAL (ton) 203,2 n.d.
RE
SÍD
UO
S
TOTAL DE RESÍDUOS (ton) 3 920 077 n.d.
n.d.: impossível quantificar por total inacessibilidade de dados.
RESÍDUOS
SUBSECTORES
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Quadro 16: Estimativa das quantidades de efluentes líquidos gerados nos subsectores da
Indústria de Lacticínios (ano de 1998).
LEITE E DERIVADOS
(CAE 15510)
GELADOS E SORVETES
(CAE 15520)
EFLUENTES LÍQUIDOS
Águas de lavagem; deperdas no processo, etc (*)(m3)
10 303 015 n.d
EFLU
EN
TES
LÍQ
UID
OS
TOTAL DE EFLUENTES(m3)
10 303 015 n.d.
(*) Em alguns casos inclui o soro, não sendo este declarado separadamente dos restantes
efluentes líquidos nos CAA.
Nos quadros seguintes apresentam-se as quantidades estimadas de resíduos por
categorias relativas ao CER 15 00 00 (Embalagens, absorventes, panos de limpeza,
materiais filtrantes e vestuário de protecção não especificados), ao CER 13 02 00
(Óleos de motores, transmissões e lubrificação), ao CER 20 00 00 (Resíduos urbanos e
resíduos similares do comércio, indústria e serviços incluíndo as fracções recolhidas
selectivamente) e ao CER 16 00 00 (Resíduos não especificados neste catálogo).
EFLUENTESSUBSECTORES
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Quadro 17: Estimativa das quantidades de resíduos com o CER 15 00 00 geradas na Indústria
do Leite e Derivados (CAE 15510) - (ano de 1998).
RESÍDUO QUANTIDADE(ton)
CÓDIGOCER
Embalagens de papel e cartão 4 386 15 01 01
Embalagens de plástico 3 778 15 01 02
Paletes 6,4 15 01 03
Embalagens compósitas
(Tetrapak)12 523 15 01 05
Embalagens de metal 0,6 15 01 04
Absorventes, panos de limpeza 2,1 15 02 01
TOTAL EMBALAGENS,
ABSORVENTES, ETC.20 696 15 00 00
Quadro 18: Estimativa das quantidades de resíduos com o CER 13 02 00 geradas na Indústria
do Leite e Derivados (CAE 15510) - (ano de 1998).
RESÍDUO QUANTIDADE(ton)
CÓDIGOCER
Óleos clorados de motores,
transmissões e lubrificação10 13 02 01
Óleos não clorados de motores,
transmissões e lubrificação83 13 02 02
Outros óleos de motores,
transmissões e lubrificação109 13 02 03
TOTAL ÓLEOS USADOS 202 13 02 00
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Quadro 19: Estimativa das quantidades de resíduos com o CER 20 00 00 geradas na Indústria
do Leite e Derivados (CAE 15510) - (ano de 1998).
RESÍDUO QUANTIDADE(ton)
CÓDIGOCER
Madeira 636 20 01 07
Vidro 949 20 01 02
Papel e cartão 3 242 20 01 01
Plásticos de pequena dimensão 471 20 01 03
Outros metais 275 20 01 06
Têxteis 3,1 20 01 11
Equipamento electrónico 0,4 20 01 24
Resíduos compostáveis 8,2 20 02 01
Terras e pedras 807 20 02 02
Não especificados 2 827 20 00 00
TOTAL RESÍDUOS URBANOS 9 219 20 00 00
Quadro 20: Estimativa das quantidades de resíduos não especificados no CER
(Código CER 16 00 00) geradas na Indústria do Leite e Derivados (CAE 15510) - (ano de 1998).
RESÍDUO QUANTIDADE(ton)
CÓDIGOCER
Carcassas de veículos 22 16 01 04
Pneus usados 16 16 01 03
Outro equipamento fora de uso 56 16 02 05
Acumuladores de chumbo 5,5 16 06 01
TOTAL RESÍDUOS N.E NO CER 99,5 16 00 00
N.E.: não especificados.
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6. PREVENÇÃO DE RESÍDUOS NO SECTOR
A melhor forma de reduzir a poluição é preveni-la na fonte. A implementação em
algumas empresas de Programas de Prevenção da Poluição conduziram a uma
melhoria da eficiência do processo de fabrico e, consequentemente, a benefícios
económicos. Em simultâneo, foi possível reduzir o impacte ambiental decorrente da
sua actividade produtiva.
Os referidos Programas contemplam a optimização do consumo de matérias primas, a
sua substituição, modificações ao nível dos processos ou equipamentos, adopção de
medidas que conduzem à minimização de desperdícios, reutilização e recuperação de
solventes e de outros produtos, e acções de formação.
Quanto menor for a quantidade de resíduos gerados ao longo do processo produtivo,
menores serão os custos associados ao seu armazenamento, manuseamento,
transporte, tratamento e/ou deposição.
Como referido anteriormente o principal problema para este sector diz respeito aos
seus efluentes líquidos. A gestão da água é então vital de maneira a evitar os custos
desta e do tratamento dos efluentes, tendo ainda em conta que quantidades
significativas de produto é desperdiçado nos efluentes. Tem vindo a haver, por parte
dos industriais e dos fabricantes de equipamento, um esforço no sentido da aplicação
de medidas/tecnologias com vista a reduzir o consumo de água. Muitas já foram
aplicadas industrialmente , com reduções do consumo de água que pode ir até aos
4 litros de água gasta por litro de leite processado. Neste capítulo pretende-se fazer a
identificação e análise das medidas/tecnologias de prevenção aplicáveis, referindo
tanto quanto possível os aspectos técnicos e económicos da sua aplicação, recorrendo
a estudo de casos. Como base de estudo e fontes de informação foram consultados os
contractos de adaptação ambiental de 41 empresas aderentes, bibliografia respeitante
ao sector e pesquisa na Internet. Foram também consultadas as associações do sector
e realizadas visitas a empresas.
Começar-se-á por referir alguns métodos gerais de redução do consumo de água:
• Usar bocais de fecho automático nas mangueiras (uma mangueira a correr
continuamente pode atingir 1 500 litros/hora);
• Usar sistemas de lavagem de baixo volume e alta pressão e sistemas CIP;
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Outubro 2001 60 PNAPRI
• Limpar sempre primeiro os derrames antes de os lavar;
• Melhorar a manutenção para prevenir fugas de produto nas válvulas, no
transporte dos produtos e no equipamento;
• Desenho e instalação das linhas de tubagem devem permitir uma correcta
drenagem do produto, evitando a necessidade de arrastamento posterior com
água;
• Permitir tempo suficiente aos produtos mais viscosos para drenagem das linhas
e tanques antes de iniciar o ciclo de lavagem;
• Recolha dos sólidos dos pavimentos e equipamento antes de lavar;
• Na remodelação de fábricas já existentes deve ser tido em conta a segregação
de drenagem dos efluentes que possuem maior carga orgânica. Estes podem
assim ser recolhidos para um tanque para posterior neutralização ou pré-
tratamento. Assim descargas dos clarificadores ou dos pasteurizadores, por
exemplo, devem ser separadas relativamente a águas de arrefecimento ou
lavagem de instalações. A segregação dos efluentes reduz o volume e carga
destes e dos custos operativos das ETAR;
• Usar válvulas de solenóide para o equipamento que opera intermitentemente
como os condensadores.
Métodos de reutilizar e reciclar a água também podem ser usados e envolvem
basicamente recolher o efluente de uma ou mais operações de processo, havendo no
entanto que ter alguma cuidado verificando se o líquido recolhido tem as
características necessárias para entrada na nova operação.
No entanto, a prática mais correcta relativamente à água utilizada nesta indústria é a
redução do seu consumo e a segregação dos efluentes. De facto, e como regra geral,
as unidades industriais deveriam possuir três sistemas diferentes de descarga: Um
para as operações de arrefecimento, outro para o efluente doméstico e outro para os
industriais, facilitando desta maneira o seu tratamento posterior.
Também os sistemas de lavagem CIP (Clean-in-Place) vieram ajudar na redução da
água utilizada nas lavagens, sendo um sistema mais eficiente de lavagem e não
estando tão sujeito a fugas.
Deveria constituir regra geral nesta indústria não deixar que os subprodutos como o
soro, leitelho, ou sólidos resultantes do processamento do queijo entrem nos sistemas
de drenagem. De facto alguns dos resíduos produzidos por esta indústria apresentam
boas oportunidades da valorização, devido ao seu alto valor nutritivo, como o caso do
soro lácteo. Existem já algumas tecnologias utilizadas para valorização de alguns
destes resíduos.
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Outubro 2001 61 PNAPRI
O soro lácteo pode ser seco e utilizado na alimentação animal ou no fabrico de
gelados. Também se procede à suas desproteinização por precipitação e técnicas de
separação envolvendo aquecimento ou adição de químicos. Podem ser usadas
tecnologias como a ultrafiltração, electrodiálise, osmose inversa, etc, para a produção
de concentrados de proteínas e de lactose.
O leitelho também pode ser condensado e transformado em pó. O concentrado é
depois usado extensivamente na alimentação animal. Uma vez que o leitelho possui
uma maior quantidade de sólidos suspensos, é possível um processamento económico
com menores quantidades do que no caso do soro.
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Outubro 2001 62 PNAPRI
7. ESTUDOS DE CASO
ESTUDO DE CASO 1
RECUPERAÇÃO DA ÁGUA POR EVAPORAÇÃO
E OSMOSE INVERSA
DESCRIÇÃO DA MEDIDA
Na produção de produtos lácteos em pó, a água contida no leite pode ser
reutilizada. Esta água no leite pode ser recuperada por evaporação e
osmose inversa. A potencial reutilização desta água derivada do leite foi
identificado como sendo de 2500 m3/dia. Este sistema de recuperação da
água foi instalado com o objectivo de reutilizar nas lavagens de
equipamento cerca de 1000 m3/dia desta água.
RESÍDUO/EFLUENTE QUE PREVINE
Efluente líquido.
BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
Disponibilidade de uma quantidade apreciável de água limpa gerada pelo
processo de osmose inversa, e redução da quantidade de efluente líquido
descarregado no sistema de tratamento. Também há uma redução do
consumo de água potável.
BENEFÍCIOS ECONÓMICOS
Actualmente o sistema opera entre 550 e 750 m3/dia. Isto representa uma
poupança de 35 400 contos/ano.
FONTE
New Zealand Dairy Group – Anchor Products (1993)
Envirosense
www.emcentre.com/unepweb/tec_case_food_15/house/h10.htm
www.es.epa.gov/techinfo/facts/newz-cs5.htm
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Outubro 2001 63 PNAPRI
ESTUDO DE CASO 2
RECUPERAÇÃO DA LAMA DO SEPARADOR
DESCRIÇÃO DA MEDIDA
Durante o processo de desnatação do leite, os sólidos suspensos resultantes
da clarificação formam uma lama que tem de ser removida do equipamento.
Esta lama pode ser usada para a alimentação animal.
OPERAÇÃO A QUE SE APLICA
Clarificação e separação.
RESÍDUO QUE PREVINE
Lama (sólidos suspensos do leite).
BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
• Recuperação de material útil e redução de 99,5 Kg/dia da quantidade de
resíduo a depositar em aterro.
BENEFÍCIOS ECONÓMICOS
A redução do resíduo no sistema de tratamento resulta numa poupança de
2 360 contos/ano.
FONTE
New Zealand Dairy Group – Anchor Products (1993)
Envirosense
www.emcentre.com/unepweb/tec_case_food_15/house/h10.htm
www.es.epa.gov/techinfo/facts/newz-cs5.htm
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ESTUDO DE CASO 3
RECUPERAÇÃO E REUTILIZAÇÃO DE RESTOS DE
QUEIJO
DESCRIÇÃO DA MEDIDA
Durante as operações normais de fabrico do queijo são perdidos pequenos
bocados de queijo que são drenados juntamente com as águas de lavagem do
pavimento ou dos sistemas CIP.
Para prevenir a entrada destas pequenas partículas de queijo no sistema de
drenagem dos efluentes líquidos forma instaladas redes nas saídas do sistema
de drenagem nas salas de produção de queijo. Também foram instalados dois
tanques de sedimentação na sala do soro com a intenção de remover os sólidos
de queijo da água de lavagem do processo.
OPERAÇÕES EM QUE SE APLICA
Coagulação, Salga e Prensagem/Moldagem.
RESÍDUO QUE PREVINE
Restos de queijo no efluente líquido.
BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
Os sólidos recolhidos podem ser novamente reprocessados, e o efluente líquido
contém uma menor quantidade de sólidos suspensos e uma menor carga
orgânica reduzindo a necessidade de tratamento na ETAR.
CUSTOS ENVOLVIDOS
• Tanque para reutilização dos finos normais e da salga: 2 596 contos.
• Redes e tubagem: 1 062 contos.
• Rearranjo da tubagem para tanques de sedimentação 3 540 contos.
• Custo total: 7 198 contos.
BENEFÍCIOS ECONÓMICOS
• É estimado um aumento da produção de queijo de cerca de 17 700 Kg/ano,
ou seja, aproximadamente 1% da produção. Isto equivale a 23 600 contos de
produto.
• O período de retorno do investimento é inferior a 4 meses.
• Não são aqui contabilizados os ganhos na redução da necessidade de
tratamento de efluentes.
APLICABILIDADE E CONSTRANGIMENTOS
Poderá haver alguma redução na eficiência dos tanques de sedimentação até se
conseguirem as condições óptimas de operação.
FONTE
Cleaner Production Project at Bonlac Foods, Stanhope (1996).
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ESTUDO DE CASO 4
ALTERAÇÃO DA SOLUÇÃO DE LAVAGEM UTILIZADA
NO SISTEMA CIP
1 de 2
DESCRIÇÃO DA MEDIDA
A lavagem de tanques e tubagens é realizada por um sistema CIP que utiliza
alternadamente soluções alcalinas e soluções ácidas, sendo estes químicos no
final do ciclo drenados para a estação de tratamento de águas residuais.
A medida consiste na substituição da solução ácida de lavagem (mistura de
ácido nítrico e fosfórico) por um detergente (Stabilon) que é constituido por
uma mistura de agentes de lavagem, agentes anti-espuma, activadores de
lavagem e emulsionantes. O Stabilon é usado conjuntamente com a soda
cáustica eliminando assim o passo de lavagem com a solução ácida.
OPERAÇÃO A QUE SE APLICA
Lavagem de tanques, linhas e equipamento com sistemas CIP.
RESÍDUO QUE PREVINE
Redução dos níveis de fosfatos e nitratos no efluente descarregado na ETAR.
BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
• Redução do volume de efluente líquido uma vez que é eliminado um dos
passos no ciclo de lavagem e diminuição da carga orgânica do efluente,
diminuindo assim o risco de algas e eutrofização no meio receptor. Antes
desta mudança era necessário 200 L/dia de ácido nítrico/fosfórico para o
CIP, enquanto somente 150 L de Stabilon são necessários para atingir o
mesmo nível de limpeza, reduzindo-se também a quantidade de água
usada, efluente a tratar e electricidade usada nas bombas de limpeza.
• Tornando o ciclo de lavagem mais curto, fica mais tempo para a produção.
O uso deste detergente diminuiu o tempo de lavagem necessário de 6 horas
para 4,6 horas/dia. Esta alteração aumentou assim o tempo disponível para
a produção em 9 horas/semana ou 8%.
CUSTOS ENVOLVIDOS
Consumo Stabilon: 135,0 contos/dia.
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ESTUDO DE CASO 4
ALTERAÇÃO DA SOLUÇÃO DE LAVAGEM UTILIZADA
NO SISTEMA CIP
2 de 2
BENEFÍCIOS ECONÓMICOS (POUPANÇAS)
• Ácido nítrico/fosfórico : 51,9 contos/dia.
• Extraprodução (queijo): 90,3
• Extraprodução (soro): 51,9
• Consumo electricidade: 9,4
• Redução de água: 4,8
• Total benefício: 73,3
APLICABILIDADE E CONSTRANGIMENTOS
Simples substituição dos agentes de limpeza, havendo no entanto que ter
cuidados por parte do operador quanto à quantidade de água usada uma vez o
Stabilon possuí melhores propriedades de limpeza.
FONTE
Cleaner Production Demonstration Project at Bonlac Foods, Stanhope (1996)
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Outubro 2001 67 PNAPRI
ESTUDO DE CASO 5
RECUPERAÇÃO E REUTILIZAÇÃO DE PRODUTO
REJEITADO NO EFLUENTE LÍQUIDO
DESCRIÇÃO DA MEDIDA
Implementação de um sistema de recuperação da fracção sólida (produto)
existente nos efluentes líquidos. Este sistema é alimentado por recolha dos
efluentes do sistema de enchimento, do sistema HTST (pasteurização) e das
lavagens iniciais dos sistema CIP da pasteurização e da recepção do leite. O
sistema de recuperação tem uma capacidade de 7 997 litros/dia.
OPERAÇÃO A QUE SE APLICA
Sistema HTST, sistema de enchimento e lavagens.
RESÍDUO QUE PREVINE
Fracção sólida (produto) no efluente líquido.
BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
Eliminação de 102 786 Kg/ano de CBO5 que não vai para o sistema de
tratamento e podem ser aproveitados na produção de manteiga.
CUSTOS ENVOLVIDOS
A estimativa é de 39 412 contos em custos de instalação do sistema e
17 320 contos em custos operacionais e de manutenção (1985).
BENEFÍCIOS ECONÓMICOS
Este novo sistema estima-se que recupere 2 043 000 Kg de produto/ano.
Assim a poupança é de 80 948 contos na recuperação de produto e 14 868
contos para o tratamento.
FONTE
Hunt, Gary, et al.. Reduction in Waste Load from a Fluid Milk Plant-
P2 Challenge Grant. Project Summaries. Pollution Prevention Pays Program,
North Carolina, Department of Natural Resources and Community
Development, January, 1988; pp 4-5. Hunter Jersey Farms.
www.es.epa.gov/studies/hml10162.html
www.es.epa.gov/studies/cs623.html
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Outubro 2001 68 PNAPRI
ESTUDO DE CASO 6
REDUÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NAS
LAVAGENS
DESCRIÇÃO DA MEDIDA:
Os tanques dos camiões de transporte do leite e soro são lavados uma vez
por dia com uma combinação alternada de água fria e água quente.
Também assim acontece no final de cada ciclo para o equipamento de
processo, tanques de armazenamento e áreas de recepção do leite. Todas
estas lavagens eram realizadas anteriormemente utilizando mangueiras.
Foram instalados sistemas de lavagem por alta pressão ligados
directamente às linhas de fornecimento de água, para lavagem dos
camiões, tanques e equipamento. As mangueiras também foram equipadas
com bocais de fecho automático (shut-off spray nozzles).
OPERAÇÃO A QUE SE APLICA
Lavagem de camiões, tanques e equipamento de processo.
RESÍDUO/EFLUENTE QUE PREVINE
Águas de lavagem.
BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
A unidade fabril em questão produz leite, queijo, manteiga e gelados,
procesando aproximadamente 130 000 litros de leite/dia. Estas medidas
implementadas permitiram uma redução de 30 000 m3/ano no consumo de
água com uma redução no volume de efluentes na mesma proporção.
BENEFÍCIOS ECONÓMICOS
O custo do equipamento foi de 15 222 contos. A poupança anual com a
introdução das medidas foi de 24 544 contos e o período de retorno do
investimento é inferior a oito meses.
FONTE
“Economic and Environmental Beneficts of Industrial Waste Minimization in
Estonia, Latvia and Lithuania”, 1995
www.emcentre.com/unepweb/tec_case/food_15/process/p11.htm
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Outubro 2001 69 PNAPRI
ESTUDO DE CASO 7
RECUPERAÇÃO DO SORO SALGADO NO FABRICO
DE QUEIJO
DESCRIÇÃO DA MEDIDA:
Recuperação do soro salgado através da modificação de um evaporador
previamente utilizado para recuperação de soro não salgado. Foram
instaladas tubagens de aço inox fazendo a ligação dos tanques de salga ao
evaporador. O evaporador separa a água do soro salgado, sendo este último
utilizado no processo de salga, enquanto a água é reusada em lavagens que
não requerem água potável.
OPERAÇÃO A QUE SE APLICA
O soro salgado resulta do processo de dessoração da coalhada no fabrico de
queijo. Devido ao facto de ser salgado não pode ser usado como aditivo
alimentar sendo tratado como um resíduo.
RESÍDUO QUE PREVINE
Soro salgado.
BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
Durante algum tempo a empresa utilizou este soro em terrenos agrícolas.
No entanto, isto elevava demasiadamente o nível de cloretos no solo. A
reutilização do soro no processo melhorou o sabor do queijo,
contrariamente ao inicialmente previsto, não afectando também a
composição deste nem o seu tempo de preservação. Houve também uma
redução de 75% relativa aos 1 895 litros/dia de soro que eram gerados.
O sal usado na salga também foi reduzido para metade, passando de
454 Kg para 227 Kg/dia. Também houve uma redução no consumo de água.
CUSTOS ENVOLVIDOS
• Custo de capital para compra e instalação das tubagens de aço foi de
aproximadamente 427 contos.
• Os custos operativos e de manutenção para o processo de recuperação
foi de 16 contos por Kg de sal recuperado.
BENEFÍCIOS ECONÓMICOS
• Período de retorno do investimento: 2 meses.
• Poupança em sal: 2 950 contos/ano.
FONTE
Pollution Prevention Case Study: Frigo Cheese, Wiscosin DNR
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Outubro 2001 70 PNAPRI
ESTUDO DE CASO 8
MUDANÇA DE SISTEMA CIP (CLEAN IN PLACE)
DESCRIÇÃO DA MEDIDA:
Foi instalado um sistema de lavagem multi-uso totalmente automatizado
para lavagm dos pasteurizadores e linhas associadas. Este sistema veio
substituir o CIP de uso simples usado anteriormente. O CIP multi-uso
permite uma maior eficiência de limpeza além de permitir que os químicos
utilizados na limpeza sejam reciclados em vez de serem usados só uma vez.
São automaticamente monitorizados os parâmetros relativos às soluções de
limpeza como a condutividade, temperatura e concentração, o que permite
ao sistema compensar automaticamente os parâmetros fora das
especificações e atrasando o tempo do ciclo de lavagem.
OPERAÇÃO A QUE SE APLICA
Lavagens do equipamento.
RESÍDUO/EFLUENTE QUE PREVINE
Águas de lavagem.
CUSTOS ENVOLVIDOS
Custo da instalação do sistema CIP multi-uso: 9 440 contos.
BENEFÍCIOS AMBIENTAIS
• Menor quantidade de químicos usados e efluente líquido. Os químicos são
reutilizados o maior número de vezes possível pelo sistema CIP.
• Redução da quantidade de água potável utilizada na limpeza.
BENEFÍCIOS ECONÓMICOS
Poupança anual usando o novo sistema: 127 440 contos.
Período de retorno do investimento: 1 ano.
FONTE
Northern Territory Chamber of Commerce and Industry (Australia)
Pauls Limited
www.environment.gov.au/epg/environet/eecp/case_studies/pauls.html
INSTITUTO NACIONAL DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA INDUSTRIAL Guia Técnico Sectorial – Indústria de Lacticínios
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3. Tecnivest – Contrato de Adaptação Ambiental pelos Sector do Leite e
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Ambiental – Março 2000.
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Plant – Janeiro 1986.
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LISTA GERAL DE ENTIDADES, INSTITUIÇÕES E ASSOCIAÇÕES
NACIONAIS E SECTORIAIS
Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território
http://ambiente.gov.pt
Direcção Geral do Ambiente
http://www.dga.min-amb.pt
Instituto dos Resíduos
http://www.inresiduos.pt
Direcção Geral da Indústria
http://www.dgi.min-economia.pt
POE – Programa Operacional da Economia
http://www.poe.min-economia.pt
INETI – Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial
http://www.ineti.pt
Associação Industrial Portuguesa
http://www.aip.pt
Associação de Empresários de Portugal
http://www.aeportugal.pt
Confederação da Indústria Portuguesa
Avenida 5 de Outubro 35, 1º
1 069 – 193 LISBOA
Tel. 21 316 47 00
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Outubro 2001 73 PNAPRI
Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL)
Rua de Stª Teresa 2 C, 2º.
4 050 PORTO
Associação Nacional de Gelados Alimentares (ANIGA)
Av. José de Almeida, 7-2º Dtº.
1 000 – 042 LISBOA
Tel. 21 799 15 50
Fax: 21 799 15 50
Federação Nacional das Uniões Coperativas de Leite e Lacticínios (FENELAC)
Rua da Restauração, 312 – 1º
4 050 PORTO
Associação Portuguesa de Gelateiros Artesanais (ARTOGEL)
Rua da Cruz Vermelha, 7A
1 600 LISBOA
Tel.: 21 796 58 87
Fax: 21 793 75 11