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80 Introdução às Medidas Implícitas: conceitos, técnicas e contribuições Introduction to Implicit Measurements: concepts, techniques and contributions Valdiney V. Gouveia a *, Rebecca A. A. Athayde b , Luis Augusto C. Mendes c , Sandra E. A. Freire d Resumo: O uso de medidas implícitas tem apresentado um crescimento rápido em Psicologia. Um dos motivos para este fato é a capacidade de aferição de atitudes e construtos correlatos sem vieses deliberados, como a desejabilidade social. Apesar disso, pouco ainda é conhecido a respeito no Brasil. Este artigo objetiva introduzir algumas técnicas de mensuração implícita, indicando suas contribuições. Neste sentido, consideram-se inicialmente os conceitos principais e o histórico de sua utilização, focando nas técnicas de priming e associação implícita. Posteriormente, são discutidas as correlações entre as medidas explícitas e implícitas e a capacidade delas predizerem comportamentos. Em seguida, são listadas críticas sobre a mensuração, a confiabilidade e o uso das técnicas implícitas, com os argumentos em favor delas por parte daqueles que as utilizam. Por fim, são enfatizados o crescimento destas técnicas e o atual estado da arte correspondente, destacando suas contribuições às pesquisas nesta área. Palavras-chave: Medida; Implícita; Explícita; Atitudes; Priming; TAI Abstract: The use of implicit measures has rapidly grown in Psychology. One reason for this is the ability to measure attitudes and related constructs without deliberate bias, such as social desirability. Nevertheless, little is still known about it in Brazil. This article aims to introduce some implicit measurement techniques, indicating their contributions. In this sense, we consider first the main concepts and history of their use, focusing on techniques of priming and implicit association. Later, we discuss the correlations between explicit and implicit measures and their ability to predict behavior. Then, critics are listed on the measurement, the reliability and the use of implicit techniques, with the arguments in their favor by those who use them. Finally, it emphasizes the growth of these techniques and the current state of the art matching, highlighting their contributions to research in this area. Keywords: Measure; Implicit; Explicit; Attitudes; Priming; IAT a Psicólogo; Doutor em Psicologia Social; Docente da Universidade Federal da Paraíba; Pesquisador 1B do CNPq *E-mail: [email protected] b Psicóloga; Mestranda em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba c Jornalista; Doutorando em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba; Docente da Faculdade Maurício de Nassau, João Pessoa, PB d Psicóloga; Doutoranda em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba; Docente da Universidade Federal do Piauí, Par- naíba, PI ESTUDO TEÓRICO Nota dos autores: Este artigo contou com apoio do CNPq por meio de bolsas de Produtividade em Pesquisa e Mestrado concedidas ao primeiro e segundo autores, respectivamente. Os autores agradecem a esta instituição. Sistema de Avaliação: Double Blind Review

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Introdução às Medidas Implícitas: conceitos, técnicas e contribuições

Introduction to Implicit Measurements: concepts, techniques and contributions

Valdiney V. Gouveiaa*, Rebecca A. A. Athaydeb,Luis Augusto C. Mendesc, Sandra E. A. Freired

Resumo: O uso de medidas implícitas tem apresentado um crescimento rápido em Psicologia. Um dos motivos para este fato é a capacidade de aferição de atitudes e construtos correlatos sem vieses deliberados, como a desejabilidade social. Apesar disso, pouco ainda é conhecido a respeito no Brasil. Este artigo objetiva introduzir algumas técnicas de mensuração implícita, indicando suas contribuições. Neste sentido, consideram-se inicialmente os conceitos principais e o histórico de sua utilização, focando nas técnicas de priming e associação implícita. Posteriormente, são discutidas as correlações entre as medidas explícitas e implícitas e a capacidade delas predizerem comportamentos. Em seguida, são listadas críticas sobre a mensuração, a confiabilidade e o uso das técnicas implícitas, com os argumentos em favor delas por parte daqueles que as utilizam. Por fim, são enfatizados o crescimento destas técnicas e o atual estado da arte correspondente, destacando suas contribuições às pesquisas nesta área.

Palavras-chave: Medida; Implícita; Explícita; Atitudes; Priming; TAI

Abstract: The use of implicit measures has rapidly grown in Psychology. One reason for this is the ability to measure attitudes and related constructs without deliberate bias, such as social desirability. Nevertheless, little is still known about it in Brazil. This article aims to introduce some implicit measurement techniques, indicating their contributions. In this sense, we consider first the main concepts and history of their use, focusing on techniques of priming and implicit association. Later, we discuss the correlations between explicit and implicit measures and their ability to predict behavior. Then, critics are listed on the measurement, the reliability and the use of implicit techniques, with the arguments in their favor by those who use them. Finally, it emphasizes the growth of these techniques and the current state of the art matching, highlighting their contributions to research in this area.

Keywords: Measure; Implicit; Explicit; Attitudes; Priming; IAT

a Psicólogo; Doutor em Psicologia Social; Docente da Universidade Federal da Paraíba; Pesquisador 1B do CNPq *E-mail: [email protected]

b Psicóloga; Mestranda em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíbac Jornalista; Doutorando em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba; Docente da Faculdade Maurício de Nassau, João

Pessoa, PBd Psicóloga; Doutoranda em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba; Docente da Universidade Federal do Piauí, Par-

naíba, PI

E S T U D O T E Ó R I C O

Nota dos autores: Este artigo contou com apoio do CNPq por meio de bolsas de Produtividade em Pesquisa e Mestrado concedidas ao primeiro e segundo autores, respectivamente. Os autores agradecem a esta instituição.

Sistema de Avaliação: Double Blind Review

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Muitos dos estudos em Psicologia enfocam construtos latentes (não observáveis diretamente), como atitudes, crenças e valores. Estas são variáveis hipotéticas que explicam tendências subjacentes de pensar, sentir e agir que as pessoas apresentam no seu dia a dia. Neste sentido, tais construtos não podem ser medidos diretamente, mas apenas inferidos a partir de respostas declaradas (auto-informes) ou detectáveis como automáticas (implícitas) (Krosnick, Judd & Wittenbrink, 2005), sejam elas verbais ou não-verbais (Sherif & Cantril, 1946). Portanto, tem lugar a diferenciação entre medidas explícitas (requerem atenção consciente) e implícitas (não dependem da consciência, sendo espontâneas e automáticas). Este primeiro tipo tem dominado a literatura empírica nesta área, sendo bastante popular entre os psicólogos sociais (Gawronski & Bodenhausen, 2006; Maio & Haddock, 2010).

As medidas explícitas de atitudes, por exemplo, são acessadas por meio de avaliações feitas acerca de um objeto, evento ou situação, i.e., a autodescrição do posicionamento individual. Usualmente, são medidas de autorrelato, realizadas com instrumentos tipo lápis e papel, em que são expressas opiniões frente à determinado objeto (e.g., drogas, aborto). Das técnicas para este tipo de medida, merecem destaque as propostas feitas por Thurstone, Likert e Osgood (Pimentel, Torres & Gunther, 2011). A primeira (Thurstone) caracteriza a atitude da pessoa por meio de seu posicionamento face a estímulos apresentados, empregando juízes para avaliação; constituiu-se na primeira tentativa de mensuração intervalar. A segunda (Likert) é, provavelmente, a mais popular, classificando os itens ao longo de um contínuo de cinco pontos, variando de “concordo totalmente” a “discordo totalmente”. Finalmente, a terceira (Osgood), conhecida como técnica de diferencial semântico sugere um conjunto de adjetivos bipolares que indicam relações de favorabilidade – desfavorabilidade. Existem outras técnicas, como as de Guttman (escalas cumulativas, descrevendo afirmações selecionadas que incorporam o que foi dito pelas anteriores) e Bogardus (predisposição a estabelecer níveis de contato com grupos-alvo), mas as três primeiras são mais conhecidas.

É possível observar resultados consistentes com os tipos de medidas supracitadas, porém não se descartam vieses inerentes. Por exemplo, determinados construtos, como atitudes, valores e traços de personalidade estão sujeitos a normas e sanções sociais, e as pessoas podem dissimular suas respostas, mostrando-se como seria socialmente desejável. De fato, quase todas as ações humanas visam mostrar a pessoa de uma maneira favorável, procurando assegurar a aceitação grupal e a autoafirmação

(Seisdedos, 1996). Desta forma, é essencial que seja controlada a desejabilidade social, tendência de distorcer autorrelatos para uma direção favorável (Furnham, 1986). Uma forma de controlar esta tendência é por meio de mensuração de atitudes implícitas, que pressupõem diminuição da reatividade da medida.

Segundo Bassili e Brown (2005), a consciência de que o pensamento e comportamento da pessoa podem ser influenciados por processos psicológicos implícitos tem sido uma das maiores contribuições e desafios da pesquisa que procura mensurar fenômenos psicológicos. Nesta direção, os psicólogos sociais têm desenvolvido estratégias de respostas visando acessar as associações implícitas, i.e, aquelas que são automáticas e espontâneas, fugindo ao controle consciente do indivíduo (Fazio & Olson, 2003). Estas medidas visam acessar não só as atitudes que os respondentes podem não estar dispostos a falar abertamente, mas também aquelas que eles não estão cientes. Diante destas vantagens e considerando a escassez de estudos no Brasil com medidas implícitas, este artigo objetiva introduzir esta forma de mensuração, explicitando suas bases conceituais, tipos principais e vantagens.

Técnicas de Mensuração Implícita

Segundo Wittenbrink e Schwarz (2007), a concepção de que o tempo requerido para realizar uma atividade mental revela algo fundamental sobre a mente deve ser creditada aos trabalhos de F. C. Donders, na metade do século XIX. Este pesquisador sugeria que era possível entender processos de pensamento computando o intervalo de tempo entre a apresentação do estímulo e a resposta produzida, descoberta esta que abriu possibilidades para o estudo dos processos mentais. Porém, as pesquisas específicas sobre as medidas implícitas foram introduzidas, principalmente, na década de 1980. O número crescente de estudos para verificar sua eficácia e limitações potenciais tem corroborado a importância desta abordagem de mensuração (Bassili & Brown, 2005).

Dentre as técnicas de mensuração implícita com maior destaque, ressaltam-se: (1) a técnica de priming, proposta por Fazio (1995), que cria um contexto-estímulo capaz de produzir determinado tipo de reposta ou efeito; e (2) o Teste de Associação Implícita (TAI; Greenwald, Mcghee, & Schwartz, 1998), que procura determinar a ativação de atitudes por meio do impacto do objeto atitudinal sobre a velocidade com a qual o indivíduo faz julgamentos. Ademais, as técnicas modernas de neuroimagem também são apontadas por Wittenbrink e Schwarz (2007) como uma alternativa de medida implícita,

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visto que, como medidas de atividade metabólica dependente de órgãos corporais, elas contêm uma riqueza de sinais que não são conscientemente acessíveis ou estão sob o controle do respondente. Contudo, no presente artigo unicamente as duas primeiras técnicas são consideradas.

Técnica de Priming

Esta técnica parte do princípio de que as atitudes são associações na memória entre um objeto e sua avaliação (Fazio, 1995; Fazio, Jackson, Dunton & Williams, 1995). Estas associações variam em relação à força que possuem, sendo esta o reflexo da acessibilidade de uma atitude na memória e a probabilidade de que a avaliação seja espontaneamente ativada quando se deparar com o objeto atitudinal (Maio & Haddock, 2010; Wittenbrink, 2007). Assim, priming é o fenômeno cognitivo que ocorre quando um estímulo prévio (o prime) ativa conceitos semanticamente relacionados na memória, reduzindo o tempo necessário para sua identificação (Petty, Fazio & Briñol, 2009).

A título de exemplo, considere por um instante uma pessoa que odeia insetos; pensar sobre eles desencadeia prontamente reações adversas. No caso, tal pessoa tem uma associação forte na memória entre o objeto atitudinal (insetos) e a avaliação correspondente (ruim). Suponha que esta pessoa também não goste de sapos, porém em nível menor de repulsão. Deste modo, o modelo do priming postula que, caso ela se depare com estes objetos atitudinais, ou seja, solicitada a falar sobre eles, a avaliação dos insetos será ativada mais rápida e espontaneamente do que a do sapo. Este modelo de avaliação ainda afirma que a pessoa é mais rápida em classificar um objeto como positivo (e.g., agradável) depois de ter visto um estímulo prime que gosta, do que depois de ter visto um de que não gosta. Da mesma forma, ela é mais rápida em classificar um adjetivo negativo (e.g., desagradável) depois de ter visto um estímulo que não gosta do que o contrário (Maio & Haddock, 2010). No exemplo anterior, os insetos como prime deveriam diminuir a velocidade de respostas subsequentes para adjetivos positivos, aumentando a correspondente para estímulos negativos subsequentes.

Os procedimentos priming usados para medir atitudes geralmente apresentam objetos atitudinais como prime e os emparelham com palavras que variam em sua conotação avaliativa (e.g., agradável, desagradável). O estudo de Fazio (1995) é um exemplo disto. Ele apresentou brevemente aos participantes fotos de pessoas brancas ou negras. Em seguida, as instruiu para que indicassem o significado de adjetivos positivos

e negativos (adjetivos-alvo). A propósito, observou que para os participantes brancos a apresentação de faces negras produziu respostas mais rápidas para adjetivos negativos, e mais lentas para os positivos.

Fazio (2000, 2001) defende que avaliações automáticas associadas a um estímulo prime são mais vantajosas para a análise de alvos congruentes. Quando a questão envolve um nome, por exemplo, a facilitação gerada pelo prime é vista como o resultado da ativação automática associada ao estímulo, diminuindo a quantidade de ativações adicionais necessárias para alcançar o limiar de resposta, i.e., a exposição ao prime prepara o participante para responder quando for apresentado posteriormente a objetos congruentes. Assim, a ativação automática de uma avaliação gerada pelo prime resultará em uma latência de resposta variável em razão de alvos positivos ou negativos. Nesta direção, Saroglou, Corneille e van Cappelen (2009) observaram que o priming religioso ativa comportamentos e pensamentos submissos, aumentando a acessibilidade de conceitos relacionados à submissão, bem como a sensibilidade a pedidos de vingança, comportamento que é oposto ao perdão que é pregado, mas que tem se mostrado comum na maioria das religiões (Rye et al., 2000).

Wittenbrink (2007) identifica duas formas de priming: avaliativo (ou afetivo) e conceitual. No primeiro caso, proposto por Fazio, Sanbonmatsu, Powell e Kardes (1986), o estímulo inicial (prime) é emparelhado com palavras-alvo de valência polarizada (e.g., bom vs ruim, positivo vs negativo) e o participante é solicitado a associar o estímulo com o alvo da forma mais rápida possível. Após algumas exposições testes, o priming atitudinal será verificado de forma positiva ou negativa, considerando a magnitude do tempo de resposta como uma medida de ativação automática dessa relação. Assim, o procedimento investiga a relação avaliativa entre o prime e o alvo (De Houwer, Hermans, Rothermund & Wentura, 2002; Klauer & Musch, 2003). O priming conceitual analisa a relação semântica entre o estímulo prime e o alvo, estimando que o desempenho dependerá do significado do prime em relação ao alvo. Neste caso, podem ser utilizados alvos positivos e negativos que variam quanto à capacidade de descrição do estímulo, estando presentes no contexto-tarefa de decisão lexical. Podem ser utilizados como alvo, por exemplo, atributos conhecidos como parte do estereótipo cultural de determinado grupo (Mcnamara & Holbrook, 2003; Wagner & Koutstaal, 2002). A diferença crítica entre estes dois tipos de priming é que o avaliativo analisa a relação entre o estímulo e o alvo, enquanto que o conceitual avalia a associação conceitual e a relação de significado (Wittenbrink, 2007).

Oliveira et al. (2010) identificam outros dois tipos de priming:

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o repetitivo, em que a apresentação prévia de um estímulo afetará o processamento do alvo, i.e., as experiências posteriores ao estímulo serão processadas mais rapidamente pelo cérebro (Forster & Davis, 1984); e o perceptual, que está baseado na forma do estímulo e sua correspondência com o alvo. Neste caso, pode-se citar como exemplo o uso de uma palavra incompleta como estímulo e sua identificação completa como alvo final. Este teste pode ser influenciado pelo tamanho ou quantidade de letras do estímulo, o que pode ser utilizado como uma evidência significativa de priming (Vasconcelos & Albuquerque, 2006). Outras formas de priming são utilizadas, porém ressalta-se que tanto o termo priming como suas formas podem variar em suas nomenclaturas, dependendo do aporte teórico adotado:

priming mascarado. Possui este nome por se utilizar de símbolos (e.g., ####) para mascarar palavras ou pseudopalavras que são utilizadas como estímulo, permitindo diminuir ou aumentar a visibilidade (identificação) do prime, e assim analisar a relação da manipulação na ativação automática do alvo (Ferrand, Segui & Grainger, 1996).

Priming de resposta. Atua na percepção visual e no controle motor do participante. A diferença maior é que os alvos são apresentados em sucessão rápida e podem estar associados a respostas motoras idênticas ou correlatas. Portanto, quanto maior a semelhança entre o estímulo e o alvo, mais rápida e eficiente são as respostas da pessoa (Klotz & Wolff, 1995).

Priming semântico. O estímulo e o alvo pertencem a uma categoria semântica compartilhada (e.g., boi e búfalo podem ser considerados da mesma família semântica). Assim, quando um participante é exposto a um item de uma categoria, itens semelhantes são estimulados mais rapidamente no cérebro (Ferrand & New, 2003; Salles, Jou & Stein, 2007).

Priming associativo. O alvo é uma palavra que está associada com o estímulo, porém eles não precisam estar diretamente relacionados em questões semânticas (e.g., as palavras boi e cavalo podem ser um exemplo desse tipo). Um efeito semelhante acontece com o priming de contexto, em que um contexto (um texto escrito, por exemplo) é utilizado como estímulo para acelerar o processamento de alvos que ocorrem de forma associada com o contexto, i.e., se os alvos são palavras, as que foram utilizadas no texto serão processadas de forma mais rápida (Stanovich & West, 1983).

Wittenbrink (2007) afirma que, independente da forma, o resultado do priming pode ser influenciado pela força ou magnitude das atitudes, pelo estímulo (prime) escolhido, as instruções na execução das tarefas e o alvo selecionado. Portanto, a possibilidade de influência deve ser objeto de controle por

parte dos pesquisadores, visto que a manipulação intencional de uma destas variáveis pode produzir resultados enviesados ou falseados. A propósito de limitações desta técnica, segundo este autor, duas outras são: (1) a administração do teste, que é considerada relativamente mais complicada que as demais medidas implícitas, exigindo recursos técnicos e experiência no campo da pesquisa; e (2) a tendência a produzir índices baixos de efeito priming e confiabilidade, sendo os resultados de difícil replicação, comprometendo-a como alternativa de mensuração.

O estado da arte do priming (Gawronski & Payne, 2010; Olson & Fazio, 2009; Petty et al., 2009; Wittenbrink, 2007) indica que o crescimento rápido do número de pesquisas, em conjunto com a literatura extensa sobre o tema, tem resultado em avanços significativos no entendimento deste procedimento como uma das técnicas mais proeminentes de mensuração implícita. Porém, como anteriormente se indicou, não é a única.

Teste de Associação Implícita

O Teste de Associação Implícita (TAI; Implicit Association Test - IAT) foi proposto por Greenwald et al. (1998) com base na ideia de que objetos atitudinais podem espontaneamente ativar avaliações, as quais afetam respostas subsequentes, bem como a velocidade destas. Portanto, esta técnica foi elaborada para não requerer a intencionalidade da pessoa, acessando atitudes que elas relutam em dizer ou são incapazes de expressá-las. O TAI pode ter como variável dependente a latência de resposta da pessoa em associar determinados estímulos ou ainda o número de questões completadas em um tempo fixo; estas formas são, respectivamente, a medida computadorizada e a tipo lápis e papel (Greenwald & Farnham, 2000; Lemm, Lane, Sattler, Khan & Nosek, 2008). Estas têm sido utilizadas, sobretudo, quando a desejabilidade social limita a eficácia de medidas explícitas, mas também quando tal preocupação é mínima (Vargas, Sekaquaptewa & Von Hippel, 2007).

TAI Computadorizado

O TAI foi inicialmente criado para ser executado no computador, onde o tempo de reação é calculado (Greenwald et al., 1998). Esta ideia surgiu com base no experimento de Donders (1969), o qual afirmava que é possível entender processos “invisíveis” computando o tempo que decorre entre a apresentação do estímulo e a produção da resposta; ademais, ele indicou que fazendo com que a pessoa responda com a mão direita estímulos do lado direito e com a mão esquerda

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estímulos do lado esquerdo, quando o movimento da mão direita for requerido com estimulação do lado esquerdo (ou vice-versa), o tempo de reação vai ser maior e a quantidade de erros também (Lane, Banaji, Nosek & Greenwald, 2007). Neste sentido, o tempo como variável para estimar a natureza dos processos mentais está envolvido em diversas técnicas, como o priming (anteriormente citado) e o TAI.

Nesta versão do TAI, o experimento é composto por vários blocos de ensaios. Os participantes observam estímulos (palavras ou fotos), os quais são apresentados no centro da tela do computador. Duas são as chaves de resposta disponíveis às pessoas: chave da esquerda (geralmente a tecla E) e chave da direita (geralmente a tecla I), sendo elas instruídas a responderem o mais rápido possível, buscando não cometer erros (Stüttgen, Vosgerau, Messner & Boatwright, 2011).

Considere o exemplo de um estudo utilizando o TAI para verificar atitudes com relação a brancos e negros (Figura 1). No Bloco 1 os participantes são apresentados a uma variedade de palavras referentes à cor da pele. Eles são instruídos a indicar uma resposta, pressionando a tecla “E” quando observam palavras referentes à cor da pele branca, ou a tecla “I” quando as palavras se referirem à cor da pele negra. Todos são instruídos a responder tão rápido quanto possível. No Bloco 2 os participantes são apresentados a uma variedade de adjetivos positivos e negativos. Novamente, eles são solicitados a indicar uma resposta pressionando a tecla “E” quando um adjetivo positivo aparecer na tela ou a tecla “I” quando um adjetivo diferente aparecer na tela. No Bloco 3, eles são informados que verão nomes ou adjetivos, e que deverão pressionar a tecla “E” quando virem algo referente à cor da pele branca ou adjetivo positivo, e pressionar a tecla “I” quando virem algo referente à cor da pele negra ou adjetivo negativo. O Bloco 4 é similar ao Bloco 2, mas agora o participante deve pressionar a tecla “E” quando o adjetivo negativo aparecer, e a tecla “I” quando o adjetivo positivo aparecer. Por fim, o Bloco 5 é similar ao Bloco 3, mas agora os participantes devem pressionar a tecla “E” quando a cor da pele branca ou o adjetivo negativo aparecer, e a tecla “I” quando for a cor da pele negra ou o adjetivo positivo.

Tecla de resposta “E” Tecla de resposta “I”

Brancos Negros

Adjetivos positivos Adjetivos negativos

Brancos OU adjetivos

positivos

Negros OU adjetivos negativos

Adjetivos negativos Adjetivos positivos

Brancos OU adjetivos negativos

Negros OU adjetivos positivos

Figura 1. Exemplo de sequência de procedimentos para os cinco blocos do TAI

Os Blocos 3 e 5 medem a rapidez de associação entre um objeto atitudinal (e.g., a categoria cor da pele) e a avaliação. Deste modo, indivíduos que têm preconceito com relação a negros (os avaliam mais negativamente), por exemplo, nos ensaios em que aparecem as palavras referentes a pessoas negras associadas a adjetivos positivos, respondem mais lentamente, ao passo que são mais rápidos em responder as associações entre brancos e adjetivos positivos.

O bloco com menor média de latência de resposta (menor tempo de reação) é chamado de bloco congruente, enquanto que aquele com maior latência é chamado de bloco incongruente. A forma mais simples de se calcular a associação implícita é pela diferença entre o número de respostas nos blocos congruente (A) e incongruente (B) (TAI = A – B). Desta fórmula decorre que a diferença de latência média de resposta entre os dois pares (A e B) reflete a força relativa de associações subjacentes (Lemm et al., 2008). Não obstante, Greenwald, Nosek e Banaji (2003) introduziram um método mais eficiente de calcular esta pontuação: o escore D. Concretamente, os escores do TAI (equação anterior) são divididos pelo desvio-padrão do indivíduo de todas as latências de resposta, em ambos os blocos. O propósito do escore D é corrigir a variabilidade nos escores devido à diferença na velocidade de processamento de todos os participantes. Deste modo, após responder ao teste, será atribuído a cada participante um escore D que varia de -2 a +2, onde valores próximos a -2 indicam uma atitude implícita muito forte contrária ao objeto da pesquisa, e valores próximos a +2 indicam uma atitude implícita muito forte a favor deste objeto (Cai, Sriram, Greenwald & McFarland, 2004; Greenwald et al., 2003; Stüttgen et al., 2011).

Em razão da eficácia dos resultados desta técnica, tem

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crescido o número de estudos que a utilizam para mensurar vários construtos. Por exemplo, Cvencek, Meltzoff e Greenwald (2011) estudaram a associação implícita de crianças de 6 a 10 anos de idade, no que concerne ao estereótipo cultural de gênero. Por meio do TAI, verificaram que elas demonstraram estereótipo cultural de gênero ao associarem a matemática com os homens, i.e., a matemática como sendo uma disciplina cujo desempenho melhor é alcançado por homens, influenciando seu autoconceito, mesmo não havendo diferença de notas em matemática entre elas em função de seu sexo.

Cvencek, Greenwald e Meltzoff (2011) adaptaram o TAI computadorizado para crianças ainda mais jovens, com 4 anos de idade (Preschool Implicit Association Test - PSIAT). Durante o PSIAT, as crianças foram instruídas a categorizar estímulos, apertando o botão do lado esquerdo ou direito, a partir de quatro categorias (flores, insetos, bom e mau), as quais eram representadas por figuras infantis. Além de associar flores e insetos a bom e mau, elas também fizeram associação de gênero (menina/boa e menino/mau e vice-versa). Ao passo que os estímulos eram apresentados no centro da tela, o som das palavras era veiculado em alto-falantes. Observaram que o PSIAT com relação ao gênero se correlacionou com medidas explícitas correspondentes e também com o sexo real da criança (preferência grupal). Assim, os autores propuseram que esta medida pode ser utilizada para investigar o desenvolvimento de atitudes implícitas estereotipadas em crianças mais jovens.

Andrews, Greenwald, Hampson, Gordon e Widdop (2010) também apresentaram bons resultados para o TAI em crianças. Eles a adaptaram para medir atitudes frente a fumantes como parte de um programa para prevenção do tabagismo, e observaram que crianças com membros da família que fumavam tinham atitudes implícitas mais favoráveis em relação ao tabagismo. Eles ainda observaram que ao se engajarem em atividades voltadas a percepção do risco da dependência, suas atitudes implícitas tornaram-se menos favoráveis.

Ayres, Prestwich, Conner e Smith (2011) utilizaram o TAI computadorizado com um grupo de comedores compulsivos. Além da medida implícita, também foram utilizadas medidas explícitas e comportamentais. Em um primeiro momento, o participante respondia as medidas implícita e explícita (Dutch Eating Behaviour Questionnaire - DEBQ; Van Strien, Frijters, van Staveren, Defares & Deurenberg, 1986) e, ao final, recebia um caderno para escrever o DCC (consumo diário de chocolate, i.e., a medida comportamental), que deveria ser descrito nos sete dias após o experimento. Observou-se que o TAI se correlacionou tanto com a medida explícita quanto com o indicador comportamental.

Por fim, Leavitt, Fong e Greenwald (2011) realizaram uma pesquisa no âmbito organizacional a fim de verificar as atitudes implícitas de trabalhadores com relação à organização, aos colegas e supervisores como indicadoras de bem-estar. Este estudo demonstrou que o desempenho no trabalho e os comportamentos de cidadania foram preditos por uma combinação de atitudes implícitas e explícitas no trabalho, e que a dissociação entre estes tipos de atitudes gera impactos na identificação organizacional.

Além de ter sido empregado nestes estudos, o TAI computadorizado já foi utilizado para estudar diversos construtos, como felicidade e bem-estar (Walker & Schimmack, 2008), preconceito frente ao uso de drogas (Hippel, Brener & Hippel, 2008), autoestima e autoconceito (Greenwald & Farnham, 2000) e personalidade implícita (Schnabel, Asendorpf & Greenwald, 2008). Portanto, é evidente seu valor nas pesquisas em Psicologia. Entretanto, em razão de seus custos, desenvolveu-se uma alternativa que, mesmo não tendo sua precisão, apresenta facilidades em relação a ele, como a seguir é descrita.

TAI Lápis e Papel

O TAI é tipicamente usado no computador. Porém, as desvantagens desta forma de medição, principalmente no que concerne a necessidade de um laboratório equipado, disposição do programa de análise (e.g., Direct RT, Inquisit, Superlab), dificuldade de alcançar populações não tradicionais e custo temporal devido à aplicação individual, as versões do TAI lápis e papel têm sido desenvolvidas. Estas são fáceis de usar, não requerem equipamento especial e podem ser administradas em grupos de entrevistados ao mesmo tempo, alcançando populações diversas (Lemm et al., 2008; Mori, Uchida & Imada, 2008).

Ainda são escassos os estudos utilizando o TAI lápis e papel (Lemm et al., 2008; Mori et al., 2008; Vargas et al., 2007), fato que reitera a necessidade de pesquisas visando testá-la e adaptá-la a diversos construtos. Mas, sabe-se que ambas as versões (computadorizada e lápis e papel) possuem a mesma lógica subjacente, i.e., não ser susceptível a processos intencionais dos participantes; ademais, em ambas a associação estreita entre os conceitos que compartilham uma resposta deve tornar a tarefa mais fácil, levando a um melhor desempenho (Lemm et al., 2008). Não obstante, enquanto no TAI computadorizado a variável dependente é o tempo de reação frente aos estímulos apresentados, na medida lápis e papel ela diz respeito ao número de respostas concluídas em um tempo fixo, que geralmente é de

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20 segundos (Lemm et al., 2008).O teste ocorre da seguinte maneira: aos participantes são

apresentadas duas folhas, correspondendo aos lados A e B. Em cada lado há os quadrantes explicando em que categoria as palavras se encaixam (os participantes têm 3 segundos para olhá-los antes de começar a tarefa de classificação) e, logo abaixo, duas colunas sequenciais com a tarefa de classificação; o participante é informado para não passar para a segunda coluna sem antes ter concluído a primeira. Esta estrutura é a mesma em ambos os lados; entretanto, na tarefa do Lado A existe, no topo das colunas, o emparelhamento com maior congruência esperada entre os construtos que estão sendo estudados (e.g., branco/positivo e negro/negativo, respectivamente). No centro das colunas, há os estímulos (palavras-alvo) que devem ser associados do lado que corresponda a sua categoria de pertença. Esta tarefa deve ser feita em 20 segundos, sendo os participantes instruídos a irem o mais rápido possível, de cima para baixo, da esquerda para direita, sem pular ou deixar em branco qualquer palavra. No Lado B, apenas há mudança no emparelhamento das palavras (e.g., negro/positivo e branco/negativo), mas a tarefa segue da mesma forma (Lemm et al., 2008; Mori et al., 2008). Geralmente, antes de passar para o experimento em si, há a apresentação da tarefa de teste, correspondente àquela de classificação de flores e palavras, proposta por Greenwald et al. (1998).

A forma recorrente de calcular a associação implícita é por meio da diferença no número de palavras concluídas nas duas tarefas de classificação [TAI = (número de palavras concluídas em tarefas positivas) - (número de palavras concluídas em tarefas negativas)], independentemente de erros (Lemm et al., 2008; Mori et al., 2008). Não obstante, deve-se tratar com cautela perfomances excessivas (e.g., 60 palavras marcadas em 20 segundos) ou extremamente baixas (e.g., menos de 10 palavras) ou flutuações entre as tarefas (e.g., 25 palavras no Lado A e 5 no Lado B). De forma geral, recomenda-se eliminar participantes que erram mais de 10% da tarefa, decisão que deve ser descrita no método (Mori et al., 2008).

Não obstante, esta forma de análise tem sido criticada devido aos artefatos indesejados inerentes a sua utilização, como a vulnerabilidade às diferenças individuais na velocidade de resposta. Deste modo, Lemm et al. (2008) testaram sete formas de avaliação do TAI lápis e papel por meio de dados simulados: (1) diferença das pontuações (pontuação no Lado A menos pontuação no Lado B); (2) razão simples (A/B – 1); (3) relação máximo e mínimo (X / Y - 1, onde X é o maior valor de A ou B, e Y é o menor valor de A ou B); (4) conversão de latência {1000

* [(1 / B) - (1 / A)]}; (5) produto simples [(A - B) * (X / Y)]; (6) produto: relação ao quadrado [(A - B) * (X / Y)]; e, finalmente, (7) produto: raiz quadrada da diferença [(X / Y) * √(X - Y)]. Eles concluíram que a melhor forma de avaliar este tipo de medida é por meio do produto: raiz quadrada da diferença, que apresentou resultados consistentemente superiores, principalmente para estímulos verbais.

É importante salientar que existem duas formas de mensuração de “atitudes” implícitas: uma que considera apenas estímulos verbais e outra que considera figuras na classificação, tal como ocorre mais frequentemente nas versões computadorizadas. No estudo de Lemm et al. (2008), testou-se a validade destas duas versões do TAI lápis e papel (com figuras e com palavras) quanto a atitudes raciais, observando-se melhores resultados para os estímulos verbais em detrimento dos figurativos. Estes resultados se repetiram em estudos posteriores (Lemm et al., 2008).

No que concerne a comparação entre as medidas computadorizada e lápis e papel, Lemm et al. (2008) foram os primeiros a fazê-la, testando as medidas utilizando os mesmos estímulos (atitudes raciais). Os resultados mostraram que, apesar de estarem correlacionadas (r = 0,51), o tamanho do efeito foi maior na medida computadorizada. Por tal motivo, além de menor precisão da medida (Mori et al., 2008), as versões lápis e papel têm sido preteridas pelos pesquisadores. Ademais, alguns efeitos podem mascarar os resultados do teste, como a ordem de apresentação dos blocos (Lados A e B) e a velocidade de resposta global. Entretanto, estudos empíricos têm mostrado que isto não invalida a medida, que pode servir como uma alternativa para quem deseja trabalhar com medidas implícitas, apresentando resultados que variam de razoáveis a bons, podendo ser utilizadas para corroborar estudos computadorizados ou em combinação com medidas explícitas (Mori et al., 2008). Lemm et al. (2008) demonstraram que, em se tratando do TAI lápis e papel para estímulo verbal, a ordem de apresentação dos blocos não influenciou os resultados, e a velocidade de resposta global, quando lançando mão do algoritmo produto: raiz quadrada da diferença, apresentou resultados satisfatórios. Desta forma, esta técnica pode ser considerada útil, sendo prática, eficaz e de fácil aplicação. Ela já vem sendo utilizada para mensurar, por exemplo, atitudes frente a pessoas gordas e magras (Teachman, Gapinski, Brownell, Rawlins & Jeyaram, 2003), atitudes raciais (Lemm et al., 2008), motivação organizacional (Johnson & Steinman, 2009), autoestima (Karpinski & Steinman, 2006) e preconceito racial (Lemm et al., 2008).

Devido a proposta do TAI e aos resultados encontrados,

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a repercussão desta técnica foi tanta que, uma década após a publicação da pesquisa original, esta foi citada em mais de 900 artigos (Maio & Haddock, 2010), tendo sido desenvolvidos mais de 4.500 testes (Lane et al., 2007). Além dos estudos visando verificar suas propriedades psicométricas e aplicação a construtos variados, tem crescido o desenvolvimento de formas alternativas desta técnica, como o Single Categorie IAT ou SC-IAT (Karpinski & Steinman, 2006), o TAI para crianças e adolescentes (Baron & Banaji, 2006), o teste Go/No-Go (Nosek & Banaji, 2001) e o Filtering Unconscious Matching of Implicit Emotions (o teste FUMIE; Mori et al., 2008). Ademais, em revisão feita por Nosek, Greenwald e Banaji (2007), observou-se que o TAI tem sido aplicado em diversos âmbitos da Psicologia, como social, cognitivo e clínico, além de em disciplinas correlatas (e.g., Neurociência, Marketing), o que reitera sua importância em medir atitudes e outros construtos que se pretenda conhecer sua associação implícita.

Capacidade Explicadora das Medidas Implícitas

Segundo Greenwald e Banaji (1995), atitudes implícitas podem ser definidas como “traços introspectivamente não identificados (ou erroneamente identificados) de experiências passadas que medeiam um sentimento favorável ou desfavorável, pensamento ou ação em relação a objetos sociais” (p. 11). Elas coexistem com as atitudes explícitas sobre o mesmo objeto, mas diferem em relação ao componente avaliativo, acessibilidade e estabilidade (Stüttgen et al., 2011). Ademais, devido à complexidade de fenômenos que medeiam o comportamento das pessoas, parece razoável sugerir que as atitudes que o influenciam não se restringem ao componente avaliativo; há aspectos implícitos que podem ajudar a prever a diversidade de comportamentos (Vargas et al., 2007). Neste sentido, o fato de as atitudes implícitas nem sempre serem relacionadas às explícitas tem levado os pesquisadores a pensar se as definições de atitudes, as quais envolvem um componente avaliativo (cognitivo), não estariam ultrapassadas (Fazio, 2007).

Sendo as atitudes implícitas e explícitas coexistentes, não implica dizer que se referem à mesma coisa; ao contrário, são fatores diferentes, que, por vezes, apresentam-se correlacionados e, em outros casos, mostram-se independentes (Rydell, McConnell & Mackie, 2008). Tais incertezas fizeram com que Gawronski e Bodenhausen (2006) afirmassem que entender o que leva a resultados discrepantes entre atitudes implícitas e explícitas tem estado na vanguarda da investigação da cognição social contemporânea. Por exemplo, Rydeel et al.

(2008) estudaram a dissonância cognitiva que se origina a partir da observação de uma incongruência entre atitudes implícitas e explícitas. Eles verificaram que o estado de desconforto produzido pela incongruência e a busca do indivíduo pela homeostase podem levar a uma mudança de atitudes frente ao objeto em foco.

No que se refere à capacidade preditiva das medidas implícitas, Fazio e seus colaboradores defendem a necessidade de considerar que os processos de decisão não são puramente espontâneos, nem puramente deliberados (Fazio, 1995; Fazio & Olson, 2003; Olson & Fazio, 2009). Tais processos consideram ambas as características, tanto as automáticas quanto as controladas ou conscientes.

Para explicar a relação entre as medidas implícitas e a capacidade preditiva de comportamentos, Fazio e Olson (2003) e Olson e Fazio (2009) defendem o modelo MODE (Motivation and Opportunity as Determinants), um anacrônico da língua inglesa, que pode ser traduzido para o português como motivação e oportunidade como determinantes, significando que as ações podem ser determinadas por motivações e oportunidades situacionais. Este modelo propõe que as atitudes podem exercer influência por meio de processos relativamente espontâneos ou deliberados. Deste modo, os julgamentos e os comportamentos sobre um determinado objeto são influenciados pela interpretação do objeto na situação, ou de forma automática, ativada na exposição a este objeto. Estes autores também utilizam tal modelo para explicar a relação entre medidas explícitas e implícitas, indicando que sua magnitude dependerá da motivação e oportunidade para deliberar. Se a motivação ou a oportunidade de deliberar forem relativamente baixas no momento em que a resposta explícita está sendo considerada, então as medidas apresentarão maior possibilidade de correlação. Porém, quando a motivação e oportunidade de avaliação dos objetos atitudinais são relativamente altas, será menor a possibilidade de correlação.

De acordo com o antes indicado, quando a motivação e a oportunidade de deliberar são baixas, o comportamento esperado em relação ao objeto atitudinal deve ser ativado automaticamente e as medidas implícitas apresentarão maior capacidade preditiva. De forma inversa, quando a motivação e oportunidade de deliberar são altas, as medidas explícitas apresentarão maior capacidade de predição, pois serão influenciadas pelas mesmas forças avaliativas. Ressalta-se, então, a importância de considerar processos motivacionais e

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deliberativos ao examinar a validade preditiva de uma medida implícita quanto aos comportamentos e a sua relação com as medidas explícitas (Olson & Fazio, 2009).

Mesmo que as atitudes implícitas sejam consideradas como processos ou preferências automáticos, é necessário considerar o papel da cultura a respeito, pois os protótipos são construídos com base na relação do indivíduo com o meio, i.e., as relações aprendidas culturalmente sobre o objeto da avaliação podem acelerar ou reduzir a velocidade das associações implícitas. Outro fator é a relação direta do indivíduo com o objeto avaliado. Por exemplo, a avaliação implícita de um produto será afetada se a pessoa tiver uma relação alérgica a tal produto. Assim, as atitudes dos outros indivíduos frente a este produto irão divergir quando comparadas com as daquele que é alérgico (Fazio & Olson, 2003).

As pesquisas listadas no levantamento de Fazio e Olson (2003) mostram que existe considerável sensibilidade das medidas implícitas ao contexto. Por exemplo, medidas utilizando a técnica do priming revelaram uma evidência relacionada a um maior preconceito em direção a exogrupos quando comparado com os endogrupos (grupos de pertença), principalmente quando existia alguma ameaça a estes. A saliência das categorias utilizadas nos testes implícitos também geram maiores escores nas avaliações. Deste modo, tanto o TAI como o priming pode ser influenciado pelos tipos de informação ou rótulos de categorias ou estímulos envolvidos.

De forma geral, estima-se que as medidas que utilizam o TAI podem ser superiores quando na predição de categorias (e.g., apoio a uma proposta de política com responsabilidade social). Já as que utilizam priming podem ser superiores ao prever o comportamento em direção a um exemplar específico da categoria (e.g., o julgamento a um político de forma individual) (Fazio, 1995; Fazio & Olson, 2003). Petty et al. (2009) e Ranganath e Nosek (2008) defendem que as medidas implícitas, indiretas ou automáticas, tendem a explicar melhor comportamentos espontâneos que comportamentos deliberados. Para este segundo caso, as medidas explícitas, diretas ou conscientes, são melhores preditoras. Entende-se, pois, que as atitudes implícitas ou explícitas predirão melhor em função do tipo de comportamento analisado.

Finalmente, outro fator considerado na literatura é a estabilidade das atitudes implícitas e a possibilidade de sua mudança. Por serem considerados processos automáticos, tais atitudes tendem a apresentar maior estabilidade que aquelas explícitas. A propósito, Kawakami, Dovidio, Moll, Hermsen e Russin (2000) mostraram que 480 ensaios de rejeição explícita

da associação estereotipada foram necessários para produzir uma mudança na ativação dos estereótipos. Porém, os indicadores mostraram posições mais otimistas quanto à possibilidade de mudanças nessas atitudes, principalmente com a criação de novas associações contra-atitudinais ou contra-estereótipos.

Críticas e Limitações das Medidas Implícitas

Apesar da evolução rápida, as técnicas de mensuração implícitas têm recebido críticas, principalmente o TAI. Fiedler, Messner e Bluemke (2006) afirmam que a mensuração de atitudes implícitas possuem cinco limitações: (1) a assimetria entre as inferências causais e os diagnósticos das medidas implícitas, que tem apresentado divergências entre os resultados de pesquisas; (2) a viabilidade do modelo de possuir associações subjacentes; (3) a falta de um modelo de processo cognitivo e um modelo psicométrico que explique as associações; (4) problemas de pontuações diferenciadas, i.e., a diferença de sensibilidade entre os dois componentes da latência e os fatores incontroláveis; e (5) a suscetibilidade do TAI de deliberar processos falsos e estratégicos. Segundo tais autores, cada um destes problemas está relacionado a um aspecto da técnica; o problema cinco se relaciona com o fato de as medidas serem implícitas; o dois se refere ao fato de ser uma associação; e os demais problemas (um, três e quatro) estão ligados à questão de ser um teste.

Quanto à preocupação relativa às correlações baixas entre os tipos de medida, Fazio (1995) afirma que erros de medição ou utilização de estímulos indevidos podem interferir diretamente nas mensurações implícitas. Nos procedimentos priming, por exemplo, a validade da medida dependerá da representatividade dos estímulos escolhidos para servir como prime. Este autor ressalta a relação do priming com as atitudes anteriores que o indivíduo possui frente ao objeto avaliado. Esta avaliação ou classificação anterior, considerada como um protótipo, possui capacidade moderadora na relação entre o objeto atitudinal e o indivíduo que o avalia. Se dois conceitos são altamente associados, as tarefas de classificação implícita serão mais fáceis quando compartilham a mesma resposta do que quando exigem respostas diferentes.

Steffens (2004) analisou a capacidade de produzir resultados falsificados em testes explícitos e implícitos. O resultado indicou que o TAI é menos suscetível a falsificações de resultados quando comparado às aplicações de questionários, mas não é totalmente imune. Segundo este autor, a pontuação dos testes implícitos depende das circunstâncias e instruções

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apresentadas na sua administração e também pode sofrer influência de conhecimento prévio do uso desta técnica.

Blanton e Jaccard (2006) consideram o TAI uma medida arbitrária, mesmo sendo avaliada em milissegundos, pois não se pode afirmar com confiança que o ponto zero do teste significa a neutralidade das preferências aferidas, assim os desvios deste ponto, para mais ou para menos, não podem ser determinados como graus de verdade. Outra questão levantada por estes autores está no fato de faltarem às pesquisas uma análise da relação entre os escores do TAI e os comportamentos observáveis dos participantes da pesquisa, o que os leva a afirmar que esta técnica tem uma justificação duvidosa enquanto instrumento de diagnóstico.

Arkes e Tetlock (2004), em uma pesquisa sobre preconceito racial e TAI, chegaram às seguintes conclusões: (a) os dados podem refletir estereótipos compartilhados socialmente e não um posicionamento individual; (b) a relação afetiva negativa dos participantes pode ser devido a cognições e emoções que não são necessariamente preconceitos; e, por fim, (c) os resultados devem ser considerados como indicativos de preconceito e não como diagnósticos de comportamento racional. Crítica semelhante foi feita por Wax e Tetlock (2005), os quais indicaram que os escores do TAI refletem apenas a consciência de estereótipos culturais comuns, porém nem todo mundo que conhece os estereótipos necessariamente tendem a apoiá-los. A respeito, comentam que as associações podem refletir apenas a consciência da realidade social, ou seja, alguns grupos são mais desfavorecidos que outros e os indivíduos nestes grupos são propensos a se comportarem de maneiras indesejáveis.

Possivelmente, o avanço das medidas implícitas só será possível quando forem discutidos abertamente estes problemas, ao invés de serem minimizados por aqueles que as utilizam. Questões como a falta de padronização na seleção de estímulos, a adequação do modelo de associação subjacente, a propensão do modelo para as diferenças de latência e o papel desempenhado por estratégias autogeradas não devem ser minimizadas; em vez disso, devem ser pesquisadas, servindo como referência para pressupostos teóricos que podem ser testados ou refutados empiricamente (Fiedler et al., 2006). Nesta direção, em resposta às críticas, Greenwald, Nosek e Sriram (2006) defendem que o número de pesquisas e publicações desde 1998 fornecem validade consequencial para as medidas implícitas, o que é corroborado pelos resultados de testes com menores índices de vieses, quando comparados a outras medidas em Psicologia que se propõem a avaliar os mesmos construtos.

Finalmente, coerentes com os argumentos dos autores

anteriores, Jost et al. (2009) analisaram dez pesquisas publicadas entre 2001 e 2008, considerando as críticas contra as medidas implícitas, tendo verificado que participantes como estudantes, enfermeiros, médicos, policiais e recrutadores de emprego apresentaram preconceitos implícitos em relação à raça, etnia, nacionalidade, sexo e status social, condizentes com suas atividades, i.e., as medidas implícitas apresentaram capacidade preditiva para comportamentos sociais e organizacionais, incluindo o emprego, decisões médicas e eleitorais feitas pelos participantes, o que contraria algumas afirmações dos críticos do TAI.

Considerações Finais

Claramente, as medidas implícitas são distintas, porém relacionadas com as explícitas, que são aferidas por meio de autorrelatos e passíveis de limitações provenientes da motivação, oportunidade, inibição, incapacidade de expressão ou mesmo falta de conhecimento dos participantes quando têm que reportar o seu conteúdo mental (Nosek, Hawkins & Frazier, 2011; Petty et al., 2009; Ranganath & Nosek, 2008; Ratliff & Nosek, 2010). Estas formas de medida de processos automáticos têm sido valorizadas por serem mais “puras”, fornecendo resultados mais próximos da realidade. Todavia, esta valorização não implica em uma isenção de vieses de medida; superam-se os vieses daquelas de autorrelato, ao passo que se incorporam novos vieses, mesmo que de tipo diferente e em menor número (Lima, 2006), como a dificuldade de comprovação de evidências de sua validade e precisão quando comparada com as medidas explícitas (Stüttgen et al., 2011).

Apesar do que previamente se comentou, Nosek et al. (2011) realizaram um levantamento das publicações até 2010, 15 anos após a publicação do artigo Implicit social cognition: From measures to mechanisms (Greenwald & Banaji, 1995), tendo observado que os primeiros anos das técnicas implícitas de mensuração podem ser definidos como a “era das medidas”, uma vez que foram criados mais de 20 procedimentos de mensuração, destacando pesquisas nas temáticas de atitudes, estereótipos, autoestima e autoconceito, envolvendo áreas como comportamentos de consumo, saúde mental e comportamento político. A propósito, busca realizada no site PsycNET (2011), utilizando o termo “priming”, resultou em 1.594 artigos que empregaram ou citaram esta técnica. Entre os assuntos mais abordados nestas pesquisas, destacaram-se processos cognitivos, aprendizagem e memória, percepção visual e linguagem. Isso demonstra a vitalidade desta técnica, que tem

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sido capaz de atender necessidades metodológicas para o teste de hipóteses científicas em diversas áreas.

Por ser uma técnica nova, quando comparada com outras disponíveis na literatura (Pimentel et al., 2011), a mensuração implícita sofre críticas quanto à sua aplicabilidade, mensurabilidade, confiabilidade, poder preditivo e relação com outras medidas, a exemplo daquelas explícitas. Porém, os pesquisadores que utilizam e defendem tal técnica percebem nestas críticas a possibilidade de seu aperfeiçoamento metodológico. Por exemplo, Nosek et al. (2011) entendem que a primeira década e meia desde sua proposição forneceram uma base sólida para a próxima fase das medidas implícitas, que têm como foco principal resolver questões quanto aos seus mecanismos subjacentes e avaliar em que extensão a mensuração proporcionada dos construtos pode influenciar o comportamento.

Concluindo, é possível afirmar que mesmo sendo considerada uma técnica nova e em fase de aperfeiçoamento, as medidas implícitas já estão contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia, proporcionando recurso objetivo que favorece indicadores válidos e precisos de processos mentais automáticos e, por vezes, inconscientes. Certamente, isso representa um avanço nos âmbitos da avaliação e medida nesta área.

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Recebido em novembro/2011Revisado em dezembro/2011Aceito em dezembro/2011