jean plaidy - a saga dos platagentas vol.04 - o príncipe das trevas

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  • 8/12/2019 Jean Plaidy - A Saga Dos Platagentas Vol.04 - O Prncipe Das Trevas

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    Ttulo: A Saga dos Plantagenetas, volume 4: O Prncipe das Trevas.Autor: Jean Plaidy.Ttulo original: The prince of darness.!ados da edi"#o: $ditora %ecord, %io de Janeiro, &''(.)*nero: romance.!igitali+a"#o: !ores unha.orrec"#o: $dith Suli.$stado da o-ra: corrigida.umera"#o de p/gina: rodap*.

    $sta o-ra foi digitali+ada sem fins comerciais e destina0se unicamente 1leitura de pessoas portadoras de defici2ncia visual. Por for"a da lei dedireitos de autor,este ficheiro n#o pode ser distri-udo para outros fins, no todo ou emparte, ainda 3ue gratuitamente.

    ota da digitali+adora: por dificuldades de compreens#o, suprimiram0sedeste livro digital a listagem dos reis de nglaterra e a -i-liografia.

    ontracapa: A ascens#o de Jo#o Sem Terra ao trono ingl2s, ap5s a morte

    de %icardo ora"#o de 6e#o, desencadeou umadas piores crises da hist5ria danglaterra. O Prncipe das Trevas reconstitui os tur-ulentos anos de seureinado, da coroa"#o ao casamentocom sa-ella de Angoul2me, provocando o rompimento dasrela"7es com a 8ran"a e a-rindo caminho 1 re-eli#o declarada dos -ar7es,3ue o pressionaram a assinara 9agna arta. $comungado por noc2ncio i, Jo#o instituiu ain;usti"a e a crueldade, levando opovo a ansiar pelo fim da era de trevas P$ !AS T%$?ASJ$A P6A!@Tradu"#o de 6B A%6OS !O AS9$TO S6?A, Ca $!DEO$!TO%A %$O%!, %O !$ JA$%O, &''(.Ttulo original ingl2s TF$ P%$ O8 !A%G$SSopyright

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    ma oiva para Fugo 'N%unnymede CMCPa+ C&H

    A 9orte de um %ei$9 9 T%AQ6O c5modo do chRteau de ?andreuil, )uilherme 9arechal, omais respeitado de todos os cavaleiros do rei, cochilava pra+erosamente

    depois de um ecelente ;antar de carne de veado assada. $ntre acordado edormindo, ele pensava na situa"#o favor/vel vigente, agora 3ue o reiretornara da Terra Santa e estava tra+endoa lei e a ordem de volta aos seus domnios. A nglaterra ;/ estava empa+, e %icardo recuperara grande parte das terras 3ue 8ilipe Augusto,rei da 8ran"a, aproveitando0sedo fato de %icardo estar longe, tomara dele na ormandia.)uilherme 9arechal, conhecido em sua ;uventude como o melhor cavaleirode sua *poca, famoso pela integridade e como homem 3ue n#o tinha medo deofender o rei, mesmo3ue isso pudesse significar risco de vida 0 e, portanto, idolatrado porreis inteligentes como %icardo e o pai de %icardo antes dele 0, estava,agora, na metade

    da casa dos cin3uenta, mas ainda forte e com o peso da eperi2ncia em3ue se apoiar parecia ter ganho, e n#o perdido, com o passar dos anos.$le deplorara a aus2ncia do rei do pas por3ue, em-ora aceitasse o fatode 3ue %icardo fi+era um ;uramento de devolver Jerusal*m 1 cristandade,acreditara 3ue oprimeiro dever de um rei era para com o seu reino fora contra aecessiva tri-uta"#o 3ue tivera&&de ser co-rada a fim de levantar dinheiro para a cru+ada, mas semostrara incans/vel na arrecada"#o dos recursos necess/rios para oresgate do rei 3uando se desco-rira3ue %icardo estava em m#os inimigas no castelo de !iirenstein.Agora, a tentativa do irm#o, Jo#o, de tirar a coroa dele durante a suaaus2ncia tinha sido frustrada, e %icardo voltara ao seu povo. a opini#ode )uilherme, as perspectivas eram muito -oas... ou t#o -oas 3uantopodiam ser, considerando0se a vulnera-ilidade do ducado da ormandiasituado, como era, eatamente na fronteira do territ5rio franc2s.sa-ella, mulher de )uilherme, entrou na sala e olhou para ele comafei"#o. $ra uma -oa esposa, e ele se casara com ela 3uando %icardosu-ira ao trono. $la lhe troueran#o apenas -elos filhos homens, mas ri3ue+a, pois seu pai fora %icardode lare, conde de Pem-roe e Striguel, e em-ora o rei ainda n#o tivesseconfirmado )uilherme na plena pa+ e no ttulo de conde, ele tinha aposse do condado e a3uela cerim5nia seria reali+ada no momento oportuno.Antes do casamento, ele fora conhecido como o cavaleiro sem terras etivera pouca coisa a recomend/0lo, a n#o ser seu -er"o no-re e suasha-ilidades sem rivais. Fenri3ue as reconhecera e o encarregara de

    seu filho mais velho, o prncipe Fenri3ue

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    $la olhou para ele, s*ria.0 a3uela ocasi#o, )uilherme, voc2 achava 3ue suas esperan"as deprogredir no mundo haviam terminado para sempre.$le confirmou com a ca-e"a.0 $ 3ue meu destino seria a morte ou a pris#o 0 falou ele. )uilhermeficou calado, pensando na *poca em 3ue %icardoera seu inimigo por3ue estava em guerra contra o pai, Fenri3ue , de

    3uem )uilherme era o fiel a;udante de toda confian"a, e em 3ue ficarafrente a frente com um %icardo indefeso e poderia t20lo matado. #o3uisera fa+er isso, mas se contentara em cham/0lo de traidor&e em matar seu cavalo, fa+endo com 3ue %icardo casse ao ch#o. $ poucodepois Fenri3ue morrera, e %icardo agora era o rei.0 unca me es3uecerei disso, sa-ella 0 disse ele, pensativo.0 $u sei. ?oc2 me disse v/rias ve+es 3ue esperava 3ue ele o mandassepara uma masmorra e 3ue, em ve+ disso, ele lhe disse ter a certe+a de3ue uma pessoa 3ue tivesse servido -em ao pai dele iria servi0lo.0 $u estava decidido a fa+er com 3ue ele nunca se arrependesse da3ueladecis#o.0 $ n#o se arrependeu. $le nunca poderia ter tido um cavaleiro mais

    fiel, e ele sa-e perfeitamente -em disso.0 $le tem sido -om para n5s, sa-ella. L generoso para com os amigos.A-erto, honesto, sincero... um homem 3ue eu aprovo. $u sa-ia 3ue ele3ueria -em 1 nossa famlia 3uando mandou 3ue eu levasse o cetro de ouroem sua coroa"#o e meu irm#o Jo#o levasse as esporas, e -em 3ue eu tinhara+#oU0 $ ele permitiu 3ue n5s nos cas/ssemos.0 O mais importante de todos os -enefcios 0 respondeu )uilherme.0 Vem, voc2 o tem servido -em desde ent#o. Quando ficaremos sa-endo donascimento de um herdeiroW0 #o fa+ muito tempo 3ue ele voltou para Vereng/ria. 9as ele sa-e 3ual* o seu dever e 3ue a decep"#o 3ue seus sditos sentem aca-ar/ 3uandoele der um herdeiro ao pas. $le * mo"o e ainda tem vigor.0 9as eles est#o casados h/ tanto tempoU0 9as separados.0 Parece ter sido um casamento estranho.0 #o havia dvidas de 3ue seria assim. O rei gosta mais de -atalhas do3ue de mulheres.0 Parece anormal um homem n#o 3uerer filhos homens.)uilherme lan"ou0lhe um sorriso carinhoso. $la se sentia orgulhosa dosseus. $le n#o 3ueria di+er 3ue %icardo preferia a companhia de pessoasdo seu seo 1 de mulheres, e 3ue s5 o seu encontro com um eremita numafloresta, 3ue tanto falara em tom de condena"#o so-re a vida 3ue levavae profeti+ara um desastre, fi+era com 3ue %icardo pensasse em modificarseu modo de vida e 3uando, pouco depois, ele cara com uma fe-re 3ueamea"ara aca-ar com a sua vida, decidira voltar para Vereng/ria ecumprir o seu dever para com o pas.

    &C$ra tarde, pensou )uilherme. 9as antes tarde do 3ue nunca. %icardo eraum homem de uma for"a imensa e, fora a fe-re 3ue periodicamente oatacava, muito saud/vel. Se pudesse ter um ou dois filhos homens e viverat* 3ue atingissem a maturidade, seria -om para a nglaterra.0 #o tenho dvidas 0 disse )uilherme em resposta 1 sua mulher 0 de 3ue3uando seu filho nascer ele ficar/ t#o contente com isso 3uanto 3ual3uerpai ficaria... e mais ainda, considerando a importRncia para o reino.$stou certo de 3ue em -reve ele estar/ me enviando a notcia de 3ue arainha est/ gr/vida.

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    0 Po-re Vereng/ria. %eceio 3ue a vida dela n#o se;a muito feli+.0 L o destino das rainhas, minha 3uerida. $la suspirou.0 hego 1 ousadia de ;urar 3ue uma pessoa deve ficar agradecida por n#oter nascido com sangue real.$ra um pra+er t20la assim t#o satisfeita com o seu destino. sa-ellanunca se referia 1 ri3ue+a e ao ttulo 3ue havia levado para ele, poisse considerava a mais feli+ das mulheres, e )uilherme esperava 3ue ela

    continuasse assim por muito tempo.$n3uanto os dois estavam ali sentados conversando, houve um s-ito rudode patas de cavalos no p/tio. )uilherme se levantou apressado.0 Quem ser/W 0 3uis ele sa-er. sa-ella foi at* a ;anela.0 Parece um mensageiro. 0 ?oltou0se para ele, os olhos -rilhando deecita"#o. 0 Ser/ 3ue... Parece t#o estranho. $st/vamos falando nisso h/poucos minutos.0 ?enha, vamos ver 0 disse )uilherme.Os dois desceram 1s pressas para o p/tio, mas um olhar para o rosto domensageiro foi suficiente para di+er a )uilherme 3ue a notcia 3ue eletra+ia n#o era -oa.O homem desmontara, e um pa;em ficara com o seu cavalo. )uilherme-radou:

    0 Quais s#o as novasW0 9/s notcias, meu senhor.0 !iga. onte0me o pior.0 O rei foi ferido... h/ 3uem diga 3ue mortalmente.0 #o * possvelU $m 3ue com-ateW0 $m halu+, contra Odamar de 6imoges e Achard de halu+.&4Para mim, isso n#o fa+ sentido.0 9eu senhor n#o estava sa-endo 3ue foi encontrado um tesouro nas terrasde Achard de halu+. O rei rece-eu a notcia da desco-erta de umasfiguras de ouro por um agricultor e, alegando 3ue como suserano a3uilolhe pertencia por direito, foi eigir 3ue o tesouro fosse entregue.Achard declarou 3ue o 3ue tinha sido achado n#o passava de um vaso comvelhas moedas, mas o rei n#o acreditou nele e atacou o castelo. !uranteo ata3ue, uma flecha penetrou no om-ro do rei.0 sso * impossvelU 0 -radou )uilherme. 0 ma discuss#o tola por causade um vaso de moedasU0 L isso mesmo, meu senhor. O rei mandou me chamar. $le est/ mortalmentedoente e sofrendo uma grande angstia. Tentou arrancar a flecha doom-ro, mas ao fa+er isso a 3ue-rou, e ela continua enfiada em seu corpoe est/ gangrenando. $le me mandou at* o senhor com instru"7es para 3uev/ imediatamente para hinon e, l/, assuma o controle do tesouro real.0 $le vai se recuperar 0 disse )uilherme. 0 Tem de se recuperar.O mensageiro meneou a ca-e"a.0 ?i o rosto dele, meu senhor. Favia morte em sua fisionomia.0 $ntre o descanse. !eve estar eausto da viagem. Tenho de seguir parahinon a toda velocidade.

    sa-ella veio para fora e, vendo o rosto do marido, perguntou 3ue m/snotcias ele rece-era.)uilherme lhe contou. $la ficou perplea.0 O 3ue vai acontecerW0 $le ;/ enfrentou a morte v/rias ve+es. Sempre se recuperou. !evemoster esperan"as.$n3uanto )uilherme 9arechal se preparava para partir para hinon, outromensageiro chegou a ?audreuil com a notcia de 3ue %icardo ora"#o de6e#o morrera do ferimento 3ue rece-era de uma flecha disparada porVertrand de )ourdon, um no-re de Quercy 3ue guardava rancor em rela"#o a

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    %icardo e 3ue depois do fato declarara 3ue estava pronto a sofrer osmaiores tormentos, se preciso fosse, pois morreria contente por tervisto %icardo em seu leito de morte.com 3ue ent#o o rei estava morto. O 3ue viria a seguirWhegando a hinon e assegurando0se de 3ue o tesouro real estava -emprotegido, )uilherme pediu a Fu-ert Xalter, o arce-ispo de&K

    anter-ury, 3ue por felicidade estava na ormandia na ocasi#o, 3ue fossev20lo imediatamente. Perce-endo a gravidade da situa"#o, Fu-ert n#operdeu tempo em atender ao pedido.)uilherme a-ra"ou o arce-ispo e o levou para um aposento privado, ondeos dois poderiam conversar sem 3ue outras pessoas os ouvissem.0 O 3ue acha da notciaW 0 perguntou )uilherme. O arce-ispo meneou aca-e"a, s*rio.0 Poderia ser um desastre.0 Tudo depender/ dos pr5imos meses.0 Se ao menos ele tivesse vivido com a mulher se tivesse tido filhoshomens...0 Qual3uer filho dos dois ainda seria menor de idade.0 sso n#o teria me pertur-ado. $le poderia ser educado e teria havido

    um rei.0 F/ um rei, agora 0 disse )uilherme.0 QuemW Jo#o, ou ArturW0 Tem de ser Jo#o 0 insistiu )uilherme.0 #o, meu amigo, o verdadeiro herdeiro do trono * o prncipe Artur.0 a linha direta de sucess#o, pode ser, mas eu, pelo menos, nuncapoderia apoiar a reivindica"#o de Artur.0 Quer di+er 3ue ir/ ;urar fidelidade a Jo#oU0 6amento 3ue isso se;a necess/rio, mas n#o h/ outro meio.0 9eu -om amigo, Artur * filho de )eofredo, e )eofredo era mais velho do3ue Jo#o. Portanto, segundo a lei de sucess#o, Artur * o verdadeiroherdeiro.0 A sele"#o dos reis n#o depende necessariamente da sucess#o direta. Aconveni2ncia deve ser levada em considera"#o, e Artur * apenas umacrian"a.0 9as Jo#o * dissoluto e incapa+ para usar a coroa.0 Os ingleses ;amais iriam aceitar Artur.0 riam aceitar o fato de 3ue ele * o verdadeiro herdeiro do trono n#oh/ como contestar.0 ada disso, senhor arce-ispo. Fenri3ue indicou Jo#o como seuherdeiro... at* mesmo na frente de %icardo.0 sso foi um erro. %icardo era o irm#o mais velho e mais apto a reinar.O povo nunca teria aceito Artur en3uanto %icardo vivesse.0 com isso eu concordo, e %icardo n#o tinha inten"#o de a-rir m#o emfavor do irm#o mais mo"o. Fenri3ue perce-eu isso em seus&Nltimos momentos de vida, 3uando a verdadeira nature+a de Jo#o foi

    revelada, e teria aprovado o 3ue foi feito. 9as agora %icardo morreu, eo herdeiro natural * Jo#o.0 O senhor est/ enganado, 9arechal. Artur * o verdadeiro herdeiro.0 m menino 3ue nunca esteve na nglaterra, 3ue n#o fala ingl2s, criadoem cortes estrangeirasU Os ingleses ;amais ir#o aceit/lo. Al*m do mais,Jo#o estaria decidido a ficar com a coroa, e haveria uma guerracontnua. 9uitos iriam apoiar Jo#o. $les est#o preparados para v20losuceder ao irm#o. $le viveu na nglaterra. L ingl2s.$les n#o v#o aceitar um estrangeiro e, ainda por cima, pouco mais do 3ueuma crian"a. Artur, pelo 3ue ouvi di+er, * arrogante e orgulhoso e n#o

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    tem amor pelos ingleses. O prncipe Jo#o * o 3ue est/ mais perto do paie do irm#o %icardo. Jo#o deve suced20lo.0 9arechal, * isso mesmo 3ue dese;aW0 L, emin2ncia, por3ue me parece ser o -om senso. m filho tem umareivindica"#o mais ntima 3uanto 1 heran"a do pai do 3ue um neto dessepai pode ter. O certo * Jo#o ficar com a coroa.0 ?ai haver conflito so-re isso. Artur ter/ seus seguidores, e Jo#o os

    dele.0 onsidero correto e no interesse do pas 3ue se ofere"a a coroa a Jo#o0 disse o 9arechal, teimoso.O arce-ispo inclinou a ca-e"a.0 Assim ser/. 9as sai-a de uma coisa, 9arechal, e lem-re0se do 3ue lhedigo, pois chegar/ o dia em 3ue o senhor ir/ 3uestionar a sua decis#o.Prometo0lhe 3ue nada do 3ue fe+ at* ho;e lhe dar/ tantos motivos para searrepender 3uanto a isso.0 Se o senhor estiver certo 0 respondeu )uilherme, ponderado 0, e -empode ser 3ue se venha a provar 3ue este;a, ainda assim sei 3ue * isso3ue deve ser feito e 3ue estou apenas atendendo 1 vontade de meussenhores, o rei Fenri3ue e %icardo ora"#o de 6e#o, ao proclamar oprncipe Jo#o rei da nglaterra.

    0 Que assim se;a 0 disse o arce-ispo, mas continuou a menear a ca-e"a emsinal de pesar.Apesar de suas firmes garantias de 3ue havia feito o 3ue era certo,)uilherme 9arechal se sentia muito apreensivo afinal, se havia umadiscordRncia assim t#o forte entre dois homens 3ue dese;avam 1 coroa eao pas a maior das felicidades 0 do 3ue sem dvida alguma o pas iriaprecisar 0, como era possvel esperar 3ue o povo fosse unRnime em suadecis#oW&(!e uma coisa todos podiam estar certos. com dois pretendentes assim aotrono, haveria pro-lemas s*rios.Oh, por 3ue %icardo tinha 3ue morrer numa hora da3uelas... e tudo poralgumas moedas num vasoUJoana, a irm# do rei, estava a caminho da ormandia. !ecidira fa+er aviagem antes 3ue a gravide+ a impedisse. $la e o marido, %aymond deToulouse, precisavam de a;uda, e ela acreditava 3ue %icardo podia e iriaauili/0los ele sempre fora um irm#o delicado e generoso para com ela,eceto numa ocasi#o em 3ue fi+era planos, de cas/0la com o sarraceno9ale Adel a fim de refor"ar o seu tratado com Saladino, mas Joanasempre acreditara 3ue ele nunca tivesse levado o caso muito a s*rio. !efato, 3uando ela, indignada, se recusara, %icardo n#o fi+era coisaalguma para coagi0la, e o acontecimento n#o interferira na devo"#o 3uehavia entre eles.%icardo fora um her5i para ela 3uando, ainda ;ovem, Joana via;ara 1Siclia para se casar com o rei da3uela ilha e %icardo a condu+ira pelasterras da A3uitRnia. 9ais tarde, Joana se ;untara a ele na Siclia3uando a ilha fora ocupada por Tancredo ela se tornara dama de

    companhia da mulher de %icardo, Vereng/ria, antes do casamento desta com%icardo, e depois fora companheira constante de Vereng/ria at* casar0secom %aymond de Toulouse.9uitas ve+es Joana pensara em Vereng/ria com pena, e ficara imaginandocomo era a sua vida. Sa-ia muita coisa a respeito da vida de casada darainha da nglaterra, pois estivera ao lado dela nos primeiros anos deseu casamento com %icardo. $le nunca fora indelicado com elasimplesmente se portara como se a rainha n#o eistisse. Talve+ tivessesido mais reconfortante ter vivido uma vida atri-ulada com ele aavers#o teria sido mais f/cil de suportar do 3ue a indiferen"a. 8ora

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    muito constrangedor, pois tanto Joana como Vereng/ria sa-iam 3ue elevivia procurando desculpas para evit/0la.Joana teria gostado de eplicar a Vereng/ria: #o * a sua pessoa 3ue n#oo agrada. L o fato de voc2 ser mulher. %icardo n#o gosta do seu seo. Letraordin/rio 3ue uma pessoa t#o forte, t#o vital, com todas ascaractersticas de masculinidade t#o firmes, se comportasse assim. Aspessoas falavam, tanto 3uanto lhes permitia a ousadia, da ami+ade

    apaionada 3ue ele certa ve+ tivera pelo rei da 8ran"a, de seus la"osntimos com cavaleiros favoritos, da devo"#o de rapa+es como Vlondel deesle, o menestrel 3ue desco-rira&Hseu paradeiro ao entoar uma can"#o 3ue os dois haviam composto ;untos e3ue ningu*m cantara, a n#o ser eles. 9as no incio a po-re Vereng/rian#o sou-era nada disso.Quando se casara com %aymond, Joana se despedira de sua companheira dev/rios anos e partira para a nova vida. %aymond n#o a decepcionara eeles tinham um -elo filho, chamado de %aymond como o pai, agora com doisanos de idade, e ela encontrara satisfa"#o na vida de casada. A corte domarido apreciava a -ele+a ele adorava msica e poetas e trovadoreseram estimulados nos grandes sal7es de seus castelos, can"7es eram

    compostas e ;ulgadas opini7es religiosas eram epressas, e havia umagrande li-erdade de pensamento em todo o seu domnio. nfeli+mente, issotinha sido o-servado e comunicado a %oma, e como aos lderes da gre;aat5lica parecia 3ue algumas das doutrinas discutidas livremente eramsu-versivas e poderiam pre;udicar a3uele poderoso organismo, foracomunicado a -ar7es rivais 3ue se eles atacassem %aymond, %oma osestaria apoiando.$ssa informa"#o deiara %aymond e Joana estupefatos a princpio,houvera apenas uma ou duas escaramu"as, mas agora a hostilidade estavaficando mais acentuada e ent#o Joana decidira 3ue devia procurar %icardoe pedir seu conselho, pois n#o tinha dvidas de 3ue ele os a;udaria.Joana e %aymond tinham decidido 3ue ela eporia o caso a ele, 3ue lhedaria aten"#o al*m do mais, sempre fora homem de respeitar os la"osfamiliares. 6em-rava0se -em da indigna"#o 3ue ele sentira ao chegar 1Siclia e encontr/0la prisioneira de Tancredo, e n#o fora apenas a ideiado rico dote de Joana 3ue Tancredo havia confiscado 3ue fi+era com 3ueele adiasse sua viagem 1 Terra Santa para corrigir as in;usti"as a 3ueela fora su-metida.$n3uanto via;ava para a ormandia, Joana pensava no pra+er de reverVereng/ria 3ue, segundo sou-era, agora vivia com %icardo. $ra uma -oanotcia. Talve+, 13uela altura, Vereng/ria estivesse nas mesmascondi"7es feli+es dela Joana esperava 3ue sim. omo Vereng/ria iriaadorar um filhoU $ %icardo tinha de entender 3ue a3uilo era necess/riopara esta-elecer a sucess#o.A miss#o de Joana n#o era das mais feli+es, e ela estava seriamentepreocupada com %aymond, mas deveria haver compensa"7es ao fim da viagem.Y frente dela estava o chRteau )aillard, e ela se encheu de orgulho ao

    contempl/0lo... a3uele magnfico castelo 3ue %icardo declarara&'3ue deveria ser o mais -onito da 8ran"a 0 e era. A grande fortale+a-rilhava ao sol como 3ue lan"ando o seu desafio ao rei da 8ran"a e a3ual3uer pessoa3ue pudesse atac/0lo. Seus poderosos -asti7es retangulares, suasde+essete torres, suas cortinas, seus -atentes cortados na rochaproclamavam o poder do homem 3ue seria sempre lem-rado como o ora"#o de6e#o, seu irm#o %icardo 3ue nunca deiara de a;ud/0la e 3ue ela sa-ia3ue nunca deiaria en3uanto vivesse.

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    nfeli+mente, o consolo dela cairia em peda"os. %icardo n#o se achava nocastelo. Partira para halu+, pois ouvira rumores so-re um grandetesouro 3ue teria sido achado l/, na terra de um de seus vassalos.Joana partiu para halu+ sem sa-er da trag*dia 3ue a aguardava l/.A -atalha terminara. O castelo de halu+ fora tomado por %icardo, 3ue,apesar de se apoderar do vaso de moedas, perdera a vida ao fa+20lo.Todos pareciam chocados com a notcia. Fouvera, com rela"#o a %icardo,

    uma aura de invenci-ilidade. 9uitas ve+es, por ser vtima de uma fe-revirulenta 3ue o perseguira a vida toda, ele se aproimara da morte, massempre se levantara de seu leito t#o forte 3uanto estivera antes doata3ue. !essa ve+, por*m, a morte o apanhara atrav*s de uma flechadisparada por um tal de Vertrand de )ourdon.Pelo menos Joana pZde voltar a estar com Vereng/ria. As duas sea-ra"aram com calor, e Vereng/ria levou0a para sua cRmara particular afim de 3ue pudessem partilhar de sua dor em segredo.0 $le era mo"o demais para morrer 0 foi tudo 3ue Joana conseguiu di+er.Vereng/ria chorava em sil2ncio.0 Que desperdcio de vida 0 disse ela. 0 !a minha tam-*m, pois agora aminha aca-ou.0 ?oc2s estavam ;untos no final 0 disse Joana, tran3uili+adora.

    0 !e certa maneira. $le nunca 3ueria ficar comigo. %icardo achava 3uedevia cumprir com o seu dever.0 Vereng/ria, voc2 est/ gr/vidaW $la a-anou a ca-e"a.0 L ainda mais lament/vel 0 disse Joana.As duas misturaram as l/grimas e encontraram alvio na companhiaM3ue uma fa+ia 1 outra. ada 3ual pensava no 3ue o futuro poderia estarlhe reservando. Vereng/ria, uma rainha sem marido

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    lem-ro0me de 3ue %icardo o tinha em alta estima e 3ue os dois viviam;untos.0 $le ficou fora de si de dor e raiva 3uando %icardo morreu. Tanto assim3ue desafiou as ordens do rei e mandou 3ue )ourdon fosse morto damaneira mais cruel 3ue pZde imaginar.0 9as %icardo o perdoaraU0 sso mesmo, e o 3ue foi feito n#o ser/ atri-udo a ele. Os olhos de

    Vertrand de )ourdon foram arrancados antes de ser esfolado vivo.&0 Oh, meu !eusU 0 -radou Joana. 0 Ser/ 3ue essa viol2ncia n#o aca-aW 0olocou a m#o na protu-erRncia de seu corpo e sentiu ali o movimento dacrian"a. 0 Parece um mau augrio. 8ico imaginando o 3ue ser/ destacrian"a e de todos n5s.Vereng/ria correu para ela e envolveu0a nos -ra"os.0 Agrade"a, Joana, o fato de voc2 gerar um filho e levar o fruto do amorpermanente de seu marido por voc2.Joana ficou envergonhada e censurou a si mesma pelo seu egosmo.Trag*dia era a de Vereng/ria. #o havia um filho para lem-r/la do amordo marido n#o havia, na verdade, ningu*m de 3uem se lem-rar.A rainha $leanor estava em halu+ ela tam-*m seguira a toda velocidade

    3uando sou-era das condi"7es em 3ue se achava o adorado filho. A mortedele foi o maior golpe 3ue o destino poderia ter0lhe dado. $la estavacom (( anos de idade ele tinha apenas 4. !esde 3ue ele nascera ea3uela *poca em 3ue fora o seu defensor na ala infantil nas -atalhasdela contra o pai, %icardo tinha sido o ponto central de sua vida. $la oamara como n#o pudera amar nenhum outro com denodo, lutara para mantero reino do filho nico 3uando ele estivera ausente nas cru+adas e agora3ue ele estava de volta e parecia decidido a reinar por muitos anos eela finalmente se retirara para o isolamento da a-adia de 8ontevrault,fora chamada para estar com ele durante as ltimas horas dele no mundo.A dor de $leanor era tamanha 3ue, como disse 1 filha Joana, a 3uem maisamava depois de %icardo, e 1 nora Vereng/ria, pela 3ual sempre sentiraafei"#o, seu nico consolo era 3ue ela mesma n#o podia viver muito mais,por3ue um mundo 3ue n#o continha seu adorado filho %icardo tinha poucasalegrias para lhe oferecer.Assim, as mulheres 3ue o tinham amado lamentaram ;untas e encontraram umpouco de consolo ao falar so-re ele 0 de sua grande+a, de sua -ravura,de seu amor pela poesia e pela msica, de seu talento para compZ0las.0 unca houve algu*m igual a ele 0 disse $leanor. 0 em haver/.Providenciaria para 3ue os dese;os dele fossem satisfeitos.0 $le me disse 3ue 3ueria 3ue seu cora"#o, o grande cora"#o de le#o,fosse enterrado na sua adorada e fiel cidade de %ouen, cidade natal deseus ancestrais, os du3ues da ormandia, durante tantos anos. O corposer/ enterrado em 8ontevrault, aos p*s de seu pai.o fim da vida, %icardo se arrependeu da ria entre os dois. !eus sa-e3ue a culpa n#o foi dele. Fenri3ue fora o culpado pelo conflito entre

    ele e os filhos. $ra um homem 3ue ;amais largava 3ual3uer coisa 3ue lhecasse nas m#os, e n#o perce-eu 3ue seus filhos eram homens.$leanor sorriu, recordando0se dos anos tur-ulentos em 3ue ela e Fenri3uePlantageneta tinham sido, a princpio, amantes apaionados, e depoisinimigos igualmente apaionados.Sim, os dese;os de %icardo seriam satisfeitos. $la iria servir a ele namorte como sempre servira em vida.?oltaria para 8ontevrault e ali passaria o resto da vida e daria algumasdemonstra"7es de ter0se arrependido de seus pecados, 3ue intimamente n#olamentava, pois sa-ia 3ue, se por algum milagre pudesse recuperar a

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    ;uventude e a vitalidade, iria comet20los todos outra ve+, e ela erarealista demais, e sua mente ainda demasiado ativa e animada para 3uepudesse enganar a si mesma 3ue teria sido diferente.$leanor eaminou a filha, 3ue estava evidentemente gr/vida.0 uide0se -em, minha 3uerida filha 0 disse ela. 0 L tr/gico o fato de%icardo n#o poder a;udar %aymond. Seu marido deve ser forte contra osinimigos, por3ue voc2s praticamente n#o rece-er#o a;uda de Jo#o. 0

    $leanor fran+iu o cenho. 0 Jo#o ser/ o rei, agora. #o pode ser meuneto. Artur * mo"o demais. $le * todo -ret#o, e os ingleses ;amais oaceitar#o.0 9am#e 0 disse Joana 0, a senhora acha 3ue haver/ 3uem tente colocarArtur no tronoW0 Sempre h/ os 3ue est#o prontos para encontrar um motivo para umconflito. a nglaterra, por*m, Jo#o estar/ a salvo. L a3ui 3ue eleprecisa tomar muito cuidado. 8ilipe vive pronto para aproveitar umpreteto para atacar. Ser/ sempre assim, pois os reis da 8ran"a s#oinimigos naturais dos du3ues da ormandia. Oh, !eus, tenho medo comrela"#o a Jo#o. Temo pelo 3ue pode acontecer 1 ormandia e 1nglaterra... sto * um tr/gico golpe n#o apenas para n5s, minhasfilhas, mas para o reino.

    $nt#o, com a energia caracterstica, $leanor fe+ planos para elas. Joanadevia voltar para o marido sem a a;uda 3ue fora pedir a %icardo 3uantoa Vereng/ria, poderia ficar com Joana durante algum tempo e depois,talve+, ;untar0se 1 irm# at* 3ue fi+esse planos para o futuro. Seu irm#oSancho, o 8orte, iria rece-20la de -om grado, sem dvida, em sua corteem-ora $leanor nada comentasse,Cna mente lhe veio a ideia de 3ue no tempo oportuno talve+ fosseencontrado um marido para Vereng/ria. Ainda estava em idade de terfilhos. Sim, -em poderia acontecerde ela ainda fa+er um casamento 3ue fosse mais verdadeiro do 3ue a3uelecom o falecido rei da nglaterra.Agora, por*m, nada havia a fa+er, a n#o ser chorar a morte de %icardo.O corpo de %icardo foi levado para 8ontevrault, para 3ue seus dese;osfossem satisfeitos. O cora"#o fora0lhe tirado do corpo e di+iase 3uedeiara assom-rados todos os 3ue o contemplaram, devido ao seu tamanho.%icardo era realmente o ora"#o de 6e#o. ?estiram0no com as tnicas 3ueele usara ao ser coroado na nglaterra e assim o colocaram em seutmulo. As mulheres 3ue o haviam amado choraram por ele, e Fugh de6incoln, com 3uem ele tivera muitas diferen"as ao longo da vida e 3uemuitas ve+es o censurara pela vida 3ue levava, reali+ou os ltimos ritosda gre;a de corpo presente, e en3uanto re+ava pela sua alma choravapelo falecimento de algu*m 3ue, apesar de todos os pecados, fora umgrande rei.4Jo#o e Artur9A AT9OS8$%A Q$TA predominara na corte da Vretanha desde a chegada

    do visitante inesperado, prncipe Jo#o, conde de 9ortain, irm#o de%icardo da nglaterra 0 homem cu;a reputa"#o era tal 3ue levava o povoa acreditar na lenda de 3ue o sangue do dia-o infectara, certa ve+, acasa de An;ou e o Prncipe das Trevas voltara 1 Terra na pessoa doprncipe Jo#o.Jo#o fora culpado de 3uase todos os pecados conhecidos nosC anos 3ue vivera para atormentar a3ueles 3ue o cercavam, de modo 3ueparecia 3ue ainda lhe restava -astante tempo para cometer mais e eledava todos os sinais de 3ue pretendia viver segundo a3uelasepectativas.

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    Sua altura era a-aio da m*dia 0 um homem -aio numa famlia de irm#osaltos. %icardo era um gigante em compara"#o com ele, e Jo#o sempreestivera muito ciente da vantagem 3ue a3uilo dava ao irm#o. A fim de 3ueningu*m ficasse com a impress#o de 3ue uma falta de centmetrosimplicava fa3ue+a, ele estava determinado a fa+er com 3ue todos 1 suavolta estivessem cZnscios de sua importRncia, e por isso se cercava decompanheiros 3ue aplaudiam todos os seus atos, sa-endo 3ue se n#o o

    fi+essem cairiam em desagrado, o 3ue poderia resultar em conse3u2nciasdesastrosas para eles Jo#o se vestia de forma vistosa suas roupastinham de ser do tecidoKmais caro, e ele gostava de adornar0se com ;5ias finas andava peloscastelos 3ue visitava como se fosse o dono, e era o senhor feudal detodos era ganancioso e etravagante, dotado de um g*nio t#o violento3uanto fora o do pai, e no entanto Fenri3ue sempre procurara ser;usto, mesmo 3uando tomado de raiva Jo#o n#o se preocupava com ;usti"a.A nica coisa 3ue tinha importRncia para ele era o seu pra+er e uma desuas maiores satisfa"7es era ver as pessoas encolherem0se de medo 1 suafrente en3uanto ele as censurava com o poder 3ue detinha so-re elas. Porestar ciente de 3ue o irm#o %icardo tinha poder so-re ele, estava

    decidido a lem-rar a todos os demais 3ue tinha poderes so-re eles.$le odiava %icardo por3ue sentia inve;a, e dese;ava intensamente o 3ueera dele. %icardo fora conhecido como o ora"#o de 6e#o, e no ntimoJo#o sa-ia 3ue era Jo#o, o ovarde. %icardo fora o maior general de sua*poca Jo#o n#o estava interessado em guerra, eceto 3uando fossevitoriosa. $nt#o gostava de sa3uear as cidades, pZr fogo nos pr*dios eestuprar as mulheres. 9as nem sempre isso acontecia e como um de seusmaiores pra+eres era envolver0se com mulheres, ele reconhecia 3ue podiafa+er isso sem ter de enfrentar as preliminares de uma guerra 3ue nemsempre poderia tra+er os resultados 3ue ele procurava.!e certo modo, estava satisfeito com o seu destino. $ra o filho maismo"o de um grande rei e com fre3u2ncia ria ao pensar como enganara opai. Quase at* o fim da vida, Fenri3ue acreditara 3ue seu adorado ca"ulaera o nico 3ue o amava. AmavaU omo se Jo#o alguma ve+ tivesse amadoalgu*m 3ue n#o a si pr5prio. Amar para ele era uma loucura. omo erapossvel uma pessoa conseguir o 3ue 3uisesse, se era sempre levada poremo"7es 3ue sentia por outrem e 3ue poderiam resultar em pre;u+o paraelaW Jo#o sentira um pra+er muito grande ao perce-er a maneira pela 3ualenganara o pai. Fenri3ue Plantageneta era tido como um rei inteligente,e no entanto seu filho mais mo"o o enganara por completo, e en3uantoFenri3ue falava em deiar o reino para o nico filho 3ue o amava, Jo#ofa+ia os preparativos para a-andon/0lo e unir0se a %icardo, o 3ue na*poca era mais conveniente.9as o pai havia desco-erto, pouco antes de morrer, o filho traidor 3uetinha. Alguns di+iam 3ue a3uilo apressara a sua morte. Tanto melhor,pensava Jo#o. O velho se aca-ara. 9as restara %icardo.omo Jo#o ficara contente 3uando o irm#o partira para a Terra SantaU #o

    re+ava com fre3u2ncia, mas na *poca re+ara... insistindoNcom !eus para 3ue enviasse uma flecha envenenada para atravessar ocora"#o do irm#o. #o parecera um pedido a-surdo, ;/ 3ue %icardo viviaenvolvido com sarracenosviolentos e sanguin/rios. $ como lhe era peculiar, %icardo escaparaUJo#o se congratulava consigo mesmo por ter estado muito pr5imo deapossar0se do reino. Teria sido -em0feito para %icardo. Se um homem *rei, devia estar em seu reino, e n#o peram-ulando pelo mundo afora,tentando o-ter gl5ria com a con3uista de Jerusal*m. O 3ue, pensou Jo#o

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    com grande satisfa"#o, ele n#o conseguira e, al*m do mais, fora feitoprisioneiro de seus inimigos. 9alditos a3ueles 3ue o salvaram, e emespecial o ;ovem Vlondel, 3ue sara cantando por toda a $uropa at*encontr/0lo e dando um tal to3ue de -ele+a 1 hist5ria 3ue o povoconsiderara seu rei errante um her5i de romance.9uito -em, isso fora no passado, e era preciso pensar no futuro.%icardo, maldito fosse, estava de volta forte e saud/vel, e aca-ando de

    fa+er 3uarenta anos 0 de+ anos mais velho do 3ue Jo#o, mas o 3ue eramde+ anosW Todos di+iam 3ue ele parecia um deus e 3ue era invencvel. Orei da 8ran"a, 3ue estivera, en3uanto %icardo se achava nas m#os dosinimigos, preparado para agir contra ele at* o ponto de colocar Jo#o notrono, t#o logo %icardo retornara, voltara atr/s. Todo mundo parecia termedo de %icardo. !i+ia0se 3ue ele tinha uma 3ualidade mstica. $le era ogrande her5i 0 oeur de 6ion. o entanto, n#o tinha herdeiros e semostrava pouco disposto a conseguir um.Jo#o soltou uma gargalhada ao pensar nisso. O pai deles tentavacon3uistar todas as mulheres 3ue via e era um rei 3ue n#o se dispunha anegar a si mesmo o pra+er da companhia delas, o 3ue, na3uelascircunstRncias, elas encontravam muita dificuldade em recusar e ele,Jo#o, tinha uma nature+a semelhante. Seu pai tinha um tra"o romRntico

    gostava de levar uma mulher para a cama com palavras -onitas epromessas, e di+ia0se 3ue ele tinha um dom sem igual para isso comJo#o, era diferente. $le dispensava as preliminares. )ostava 3ue umamulher mostrasse medo a3uilo fa+ia com 3ue a eperi2ncia lhe fossemuito mais ecitante. Ora, ali estavam eles, seu pai e ele, e n#o tinhamotivos para acreditar 3ue os irm#os, ;/ mortos, fossem diferentes eestava certo de 3ue tam-*m tinham gostado da3uele passatempo, tanto3uanto de ca"ar cervos ou ;avalis. 9as %icardo era diferente %icardo, ohomem forte, o ora"#o de 6e#o, n#o gostava de mulheres, mas escolhiasuas ami+ades adoradas entre os de seu seo.(Jo#o n#o conseguia pensar nisso sem cair na gargalhada. A3uilo era oponto fraco de %icardo, tal como acontecia com a fe-re ter"# e paraJo#o a3uilo parecia c5mico, por3ue as duas fra3ue+as eram muitoestranhas 1 imagem 3ue %icardo sempre apresentara ao mundo.$ra uma situa"#o muitssimo conveniente, pois %icardo, por ser o 3ueera, n#o parecia ter pro-a-ilidades de conseguir um herdeiro, e en3uanto%icardo n#o tinha inclina"7es para fa+er isso e Vereng/ria continuavasem dar frutos, a coroa da nglaterra ficava ao alcance de Jo#o.$ra isso o 3ue ele 3ueria. Ansiava por ficar com a coroa. $ra capa+ deum acesso violento de pai#o s5 em pensar nela. O pai a prometera a eleisso fora 3uando ele lutara contra %icardo. Sim, Fenri3ue o citaranominalmente como seu herdeiro. 9as %icardo l/ estivera para reivindicaro trono, e a m#e o apoiara. %icardo sempre fora o favorito dela noentanto, ela fora uma -oa m#e para Jo#o, de modo 3ue ele n#o podiareclamar demais... n#o 3ue ele tivesse a coragem de fa+20lo. Jo#o sempretivera medo dela, e n#o teria sido t#o f/cil engan/0la, como fi+era com

    o pai. As pessoas tinham suas maneiras peculiares. ?e;am a m#e dele, poreemplo. ma mulher forte, uma realista como nenhuma outra, e umagovernante de nascen"a, muito em-ora fosse mulher no entanto, tinha umafra3ue+a, 3ue era o amor pelos filhos. $la sa-ia 3ue Jo#o agira contra%icardo, fi+era todo o possvel para usurpar a coroa en3uanto %icardoestivera fora, e ela estivera decidida a defender a coroa para %icardo edeiara claro 3uais eram suas inten"7es. $ntretanto, 3uando %icardovoltara e se pudera esperar 3ue fosse matar Jo#o ou pelo menostrancafi/0lo numa pris#o 0 o 3ue, do ponto de vista deles, deviam terperce-ido 3ue era o sensato a fa+er 0, eles o haviam perdoado. Jo#o

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    desconfiava 3ue a m#e intercedera a seu favor ;unto a %icardo, e oresultado fora o perd#o e a afei"#o fraterna, pelo menos na apar2ncia,entre eles.%icardo agira com despre+o, * claro, di+endo 3ue Jo#o tinha sidodesencaminhado e deiando claro 3ue n#o o temia por n#o acreditar 3ueele fosse capa+ de con3uistas. nsultante... mas na *poca atendera aoso-;etivos de Jo#o.

    Jo#o esperava agora 3ue %icardo morresse antes de plantar a sementefatdica em Vereng/ria. m -om e forte ata3ue da3uela fe-re... e l/estaria %icardo, sem herdeiros, ausente para sempre e tudo o 3ue Jo#oteria a fa+er seria estender as m#os e apanhar aHcoroa. 9as havia outra considera"#o, e era por isso 3ue Jo#o tinha ido 1Vretanha.ArturU omo ele odiava a3uele garotoU Que ares de superioridade, osdeleU $ra arrogante ao etremo, e afrancesado, tam-*m, pois passaramuitos anos na corte da 8ran"a.$ra uma infelicidade o fato de )eofredo, pai de Artur, ter sido o irm#omais velho. Se ao menos o nascimento dos dois tivesse sido invertido...e se ele, Jo#o, fosse o pai de ArturU Jo#o sorriu com ironia, pensando

    li-idinosamente na m#e de Artur, onstance. Apesar de n#o ser ;ovem 0estava chegando aos 3uarenta 0, ainda era uma mulher atraente 3ue tiverasuas aventuras. )eofredo se casara com ela para o-ter o controle de suaspropriedades na Vretanha, e eles ;/ tinham uma filha, $leanor, 3uandoele morrera devido a ferimentos sofridos num torneio, esporte ao 3ualele muito se dedicava. $le deiara onstance esperando uma crian"a 3ue,infeli+mente, nascera menino e saud/vel e constitua o motivo dain3uieta"#o de Jo#o.ArturU S5 o nome ;/ o deiava irritado. Seu avZ Fenri3ue 3uisera 3ue omenino fosse -ali+ado com o seu nome, mas onstance, apoiada pelos-ret7es, fora inflevel, e os dois tinham escolhido Artur devido 1sassocia"7es da3uele nome. $le tinha pretens7es ao trono da nglaterra, eportanto devia ser -ati+ado com o nome do lend/rio rei.Jo#o n#o gostava do nome do garoto, nem de nada a ele relacionado.!ia-inho arrogante, pensava ele. $ra preciso dar0lhe uma li"#o. Jo#ogostaria de colocar as m#os em torno da garganta infantil e apert/0laat* aca-ar com a vida da3uela criatura. ada lhe daria maior pra+er masele tinha de representar o papel de tio, ouvindo a conversa inteligentedo menino e trocando sorrisos com a m#e superprotetora. !e certo modo,a3uele ;ogo o divertia. A trapa"a sempre o estimulava Jo#o tinha uma3ueda natural para isso. Assim, estava gostando de sua estada na3uelacorte, e o pra+er aumentava por3ue ele sa-ia estar sendo olhado comdesconfian"a e 3ue muita gente se sentiria aliviada 3uando ele partisse.Jo#o ainda n#o pretendia ir em-ora. Favia muitas distra"7es ali. $lelevara em sua companhia alguns amigos 3ue eram suficientemente ousadospara participar de suas aventuras. Quando eles saam a cavalo, elecom-inava com eles para 3ue o a;udassem a fugir do grupo e cavalgar ao

    lado de Artur. Quando ficava a s5s com'o garoto, ele peram-ulava pelos -os3ues e sempre gostava de voltar tardeao castelo e ver o alvio no rosto de onstance 3uando ela via o filho,por3ue Jo#o sa-ia o 3uanto ela sofrera ao pensar 3ue o filho estavaso+inho, nos -os3ues, com o malvado tio.O 3ue deveria Jo#o fa+er para se distrair na3uele ensolarado dia dea-rilW Poderia chamar os amigos e ent#o, ;untos, entrariam nos -os3ues acavalo... entrar 1 for"a em alguns chal*s e procurar garotas e,encontrando0as, arrast/0las, en3uanto -erravam, para os -os3ues. ma

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    -ela -rincadeira, mas eles a fa+iam com tanta fre3u2ncia 3ue ela poderiaperder o atrativo al*m do mais, eles tinham de se lem-rar de 3ueestavam na Vretanha e 3ue a arrogante onstance e seus amigos n#ohesitariam em reclamar ao rei da 8ran"a ou, talve+, a %icardo, e na3uelafase Jo#o devia ser discreto, por3ue n#o fa+ia muito tempo 3ue %icardo operdoara pela sua re-eli#o, com a condi"#o de 3ue ele corrigisse o seumodo de proceder.

    Al*m disso, seus pensamentos eram s*rios demais para serem distradospor pra+eres t#o -anais como o estupro de mo"as de aldeias. !e uma;anela, ele viu onstance indo para os ;ardins, e estava so+inha. Jo#ose apressou a descer para falar com ela.O-servou0a por alguns segundos antes 3ue ela perce-esse a sua presen"a 0nos seus pensamentos, despindo0a de seus tra;es e avaliando suaspossi-ilidades como companheira de cama. #o seria uma mulher mansa...n#o como a sua po-re Fadisa. $stava farto dela, e iria livrar0seda3uela mulher. $stava decidido. Por 3ue n#oW As terras dela estavamseguras so- o seu controle, e ele n#o fi+era segredo de 3ue a3uilo eratudo a 3ue seu casamento se resumira. Jo#o n#o tinha filhos 0 decidira3ue iria evitar a3uela complica"#o, a fim de 3ue 3uando chegasse omomento de livrar0se dela n#o houvesse a 3uest#o do fruto do suposto

    casamento. Jo#o ria ao pensar 3ue a gre;a tinha sido contra e 3ue com aconiv2ncia de %icardo ele +om-ara da gre;a. A heran"a dos )loucestervalera um certo estorvo, por3ue o acr*scimo dela 1s suas posses otornara num dos mais ricos homens da nglaterra. 9as havia um la"o desangue entre os dois. $les eram aparentados atrav*s do -isavZ dele,Fenri3ue , 3ue tam-*m era -isavZ de Fadisa no caso dela, o sanguereal viera pela -arra es3uerda, mas sangue era sangue, e o velho e toloarce-ispo de anter-ury arengara so-re consanguinidade. Jo#o n#o seimportara e estava muito satisfeito, por3ue vira desde o incio 3ueFadisa n#o o interessaria, a n#o ser devido a suas posses.Por isso, ele n#o precisava se preocupar com Fadisa. QuandoCMo momento chegasse, ela seria descartada como uma roupa velha 3ue se d/a um criado 3uando n#o se 3uer mais us/0la.ma ideia vinha se formando em sua mente havia algum tempo. $ se secasasse com onstanceW Assim, se Artur fosse ao mesmo tempo seu enteadoe so-rinho, estaria inteiramenteem seu poder. !e uma coisa estava certo: se surgisse a oportunidade e%icardo morresse sem herdeiros, ele n#o seria tapeado por Artur.onstance se voltou, levou um susto 3uando Jo#o se aproimou por tr/sdela... -em em sil2ncio, para sentir o pra+er de v20la momentaneamentepertur-ada. $ra realmente uma mulher atraente e, por ser muito alta,dava a impress#o de olh/0lo com despre+o. $m -reve iria fa+er com 3ueela parasse de dar essa impress#o, se se casasse com ela.0 omo voc2 est/ -onita, onstance. $u sempre disse 3ue meu irm#o)eofredo era o mais feli+ de todos n5s com o casamento.0 L muita -ondade sua 0 disse ela, com frie+a. Os olhos demonstravam

    cautela parecia uma tigresa desconfiada de algum ata3ue aos seusfilhotes. $ tam-*m n#o deiava de ter ra+#o.0 Ah, * -om as famlias ficarem ;untas 0 prosseguiu ele. em sempre *possvel com gente da nossa categoria, mas este;a certa, onstance, de3ue pretendo procurar todas as oportunidades de estar com a minhaencantadora cunhada. L um pra+er ver minha so-rinha e meu so-rinho. Quepessoa encantadora est/ ficando a $leanor. $ o ArturU ?oc2 deve seorgulhar muito do garoto.0 Sinto0me feli+ com meus filhos.0 $ permita 3ue lhe diga 3ue fe+ um -om tra-alho com Artur.

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    0 Pode perfeitamente di+er isso, mas se posso reivindicar o cr*dito, *outra coisa. ?oc2 sa-e 3ue ele passou grande parte do tempo na corte dorei da 8ran"a.0 $ a3uele velho patife tentou transform/0lo num franc2s completo.0 Tenho motivos para ser grata ao rei da 8ran"a 0 disse onstance,r/pido. 0 #o concordo 3ue ele se;a velho ou um patife.0 ?oc2 fa+ 3uest#o da eatid#o, minha 3uerida cunhada. #o h/ dvida de

    3ue 8ilipe n#o * um velho, mas tem de admitir 3ue * manhoso.0 O 3ue fica -em num governante como ele.0 9eu irm#o, o rei da nglaterra, tem motivos para desconfiar dele.Os l/-ios de onstance se contraram.C&0 !i+em 3ue certa ve+ houve uma ami+ade t#o grande entre os dois, 3ue aspessoas ficaram impressionadas.Jo#o aproimou0se dela com um leve sorriso ir5nico.0 Ah, a3uela ami+ade. O nosso irm#o 0 seu pelo casamento, meu pelosangue 0 * um homem de muitas facetas.0 Parece 3ue sim.0 $le n#o tem sido muito -om para voc2, minha cara onstance.0 A gente aprende a ser desconfiada.

    0 $ voc2 e eu temos muita coisa em comum.0 L mesmoW0 L, sim. 5s dois nos casamos... de certa maneira... e poderse0ia di+er3ue n#o estamos casados.$la ergueu a so-rancelha e estudou0o com frie+a. Jo#o continuou.0 ?oc2 sa-e 3ue enfrentei uma forma de cerim5nia com Fadisa de)loucester. $ra o 3ue meu irm#o 3ueria. $le aca-ara de assumir o trono epensava 3ue as terras dela seriam uma maneira de sustentar o irm#o delesem fa+er eig2ncias so-re o er/rio dele.0 ?oc2 n#o 3ueria a uni#oW0 ?oc2 devia ver a Fadisa.0 !edu+o 3ue voc2 n#o est/ contente com a sua mulher.0 $u diria 3ue ela * t#o diferente de voc2 3uanto uma mulher pode serdiferente de outra.0 sso pouco me diria.0 $ceto o fato de 3ue sendo voc2 t#o atraente, ela teria de ser ooposto.onstance deu de om-ros, num gesto de impaci2ncia. $le prosseguiu:0 8oi uma triste+a para voc2, 3uerida onstance, 3uando )eofredo morreude forma t#o inesperada. Quem iria acreditar 3ue isso fosse possvel,3uando ele estava participando de uma ;ustaW0 A3uelas ;ustas eram realistas demais. Pareciam mais uma -atalha deverdade do 3ue um ;ogo.0 sso mesmo, e )eofredo adorava. $ a deiou com $leanor ainda um -e-*,e Artur a caminho.0 9eus filhos sempre foram um grande consolo para mim.0 $ uma angstia. Admita.

    0 Quando h/ grandes heran"as envolvidas, isso * inevit/vel.0 L uma triste+a para as mulheres. 9ais do 3ue para os homens.CSei o 3uanto voc2 sofreu nas m#os de %anulf de Vlundevill 0 falou Jo#o.?iu a epress#o passar pela fisionomia dela 0 uma epress#o de 5dio emudan"a violenta e Jo#o ecitou agradavelmente seus sentidos ao pensarna3uela -ela mulhero-rigada a se casar com um homem 3ue odiava. 8icou imaginando o 3ueacontecera entre os dois e pensou nele pr5prio com Fadisa nos primeirosdias do casamento, 3uando ele incutira terror na po-re esposa e, assim,

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    o-tivera o nico pra+er 3ue ;amais sentira com ela.omo onstance era diferente de FadisaU !epois da morte de )eofredo,ela fora for"ada a se casar pelo sogro Fenri3ue, 3ue na *poca era reimas n#o tivera inten"#o alguma de se su-meter 1 indignidade a 3ue %anulfa teria o-rigado. 8ugira dele e voltara para a Vretanha, onde o povo secolocara 1 sua volta e se mostrara disposto a proteg20la contra o homem3ue ela odiava 3uanto ao rei da nglaterra, na *poca estivera muito

    ocupado em outra parte para fa+er cumprir sua vontade.onstance era uma mulher forte. )overnara o ducado de Artur durante3uatro anos, com grande disposi"#o, e durante esse tempo fi+era com 3ueos -ret7es gostassem dela, a ponto de estarem prontos a defend20la assimcomo ao herdeiro deles contra todos os invasores.0 Sempre a admirei, onstance. 8i3uei muito contente ao sa-er 3ue voc2havia fugido da -esta do %anulf. 9as voc2 n#o o considera como seumarido, certoW omigo * a mesma coisa. omo v2, estamos numa situa"#osemelhante.0 !uvido 3ue Fadisa algum dia lhe tenha causado a angstia 3ue o condede hester me causou.0 Tenho a vantagem de ser homem, cara irm#. ?oc2 * mulher, e as mulheresprecisam de homens... homens -ons... para cuidarem delas.

    0 Algumas de n5s n#o s#o t#o mal preparadas assim 3ue n#o possamoscuidar de n5s mesmas.0 $ voc2 * uma dessas mulheres raras. Ah, onstance, como me alegro porsermos -ons amigosU $ voc2W0 $m um mundo cheio de perigos, * sempre -om ter amigos. onstance tinhaa esperan"a de n#o ter revelado o temor 3uetomara conta dela. O 3ue Jo#o estaria dando a entenderW Por 3ue fora at*aliW $staria %icardo pensando em um casamento entre os doisWCCdeia aterrori+adora. A3uele monstro 0 pois sa-ia 3ue era isso 3ue eleera 0 perdia seu tempo trocando palavras -onitas com ela. #o havia ums5 de seus conselheiros 3ue n#o tivesse ficado em estado de alerta desdeo momento em 3ue Jo#o chegara 1 sua corte. $la ordenara 3ue Arturdeveria ser vigiado e 3ue, se possvel, nunca fosse deiado a s5s com otio. Se alguma coisa acontecesse a Artur en3uanto Jo#o estivesse perto,Jo#o seria imediatamente suspeito, e isso n#o o a;udaria. 9as comopoderia sa-er ela o 3uanto Jo#o seria loucoW $le n#o era conhecido pelasua sa-edoria.laro 3ue n#o era inconce-vel %icardo e seus conselheiros estarem comalguma ideia de casamento entre ela e Jo#o, ;/ 3ue n#o havia dvida3uanto a 3uem 0 Jo#o ou Artur 0 era o herdeiro de direito ao trono. mcasamento desses poderia significar 3ue Jo#o governaria at* 3ue Arturatingisse a maioridade, ou 3ue Jo#o se tornaria uma esp*cie de regente.unca, pensou ela. $u n#o confiaria meu filho a ele... nem por uminstante.O fato de estar casada com %anulf de Vlundevill, conde de hester, eJo#o com Fadisa de )loucester, n#o seria impedimento. Os casamentos

    poderiam ser desfeitos sem muitos pro-lemas. asar0se com Jo#oU $leseria mil ve+es pior do 3ue %anulf. Al*m do mais, havia )uy. Afisionomia dela assumiu uma epress#o desanuviada 3uando pensou noamante. $le poderia v20la de uma das ;anelas do castelo, e se o fi+esseiria salv/0la de seu odioso cunhado. Os dois haviam falado so-re oprncipe na noite anterior, e )uy dissera 3ue se ele estava na Vretanhan#o era para fa+er nada de -om, e 3ue eles deveriam redo-rar os cuidadoscom Artur.onstance se voltou e se afastou de Jo#o, murmurando 3ue precisavadei/0lo na3uele momento, mas 3uando caminhava em dire"#o ao castelo,

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    ele estava a seu lado. $la se dirigiu rapidamente a seus aposentos e,l/, pediu a uma de suas aias de confian"a 3ue levasse )uy de Thouars at*ela. Quando ele chegou e os dois ficaram a s5s, ela o a-ra"ou.0 Oh, )uy, estou com medo... medo por causa de Artur.0 Artur est/ -em vigiado, meu amor, en3uanto estamos a3ui.0 F/ alguma coisa na ca-e"a de Jo#o. Posso perce-er isso. $le foi meprocurar nos ;ardins. $st/ tramando alguma coisa.

    0 Precisamos ter cuidado com ele, e estamos tendo. Sa-amos disso desdeo come"o.0 $u o ve;o o-servando Artur.C40 Ah, sim, ele n#o se es3uece de 3ue Artur tem mais direito ao trono danglaterra do 3ue ele.0 L isso 3ue me deia horrori+ada. 0 Apoiou a ca-e"a nele, e )uy pousouos l/-ios nos ca-elos dela. 0 sto * pa+ 0 murmurou ela. 0 Pa+, s5 poruns minutos.0 ada disso, meu amor, mais longa do 3ue isso. Artur est/ -emprotegido. Seu fiel escudeiro dorme deitado em frente 1 porta do 3uartodele.0 sso * necess/rio en3uanto Jo#o estiver a3ui. $u gostaria 3ue ele

    fosse em-ora.0 $nt#o, ele estaria em algum outro lugar tramando contra Artur.0 Pelo menos n#o estaria t#o perto dele.0 #o. L melhor 3ue este;a onde possamos ficar de olho nele. ?amoscontinuar vigilantes. em por um momento se3uer iremos permitir 3ueArtur fi3ue a s5s com ele.0 o entanto, na floresta...0 $le * sempre seguido. Tomei provid2ncias para 3ue isso aconte"a. Jo#oprocura apenas nos irritar. $le n#o permitiria 3ue alguma coisaacontecesse a Artur 3uando se sou-esse 3ue os dois tinham estado ;untos.O povo da Vretanha iria mat/0lo antes 3ue ele tivesse tempo de fugir, e%icardo n#o o perdoaria. Jo#o sa-e perfeitamente -em 3ue isso seria ofim de suas esperan"as.0 A vida * t#o cruelU 0 disse onstance, com veem2ncia.$stava pensando na vida curta 3ue tivera com )eofredo talve+ n#otivesse sido uma vida idlica, mas )eofredo era ;ovem e -onito, e tinhaum certo charme, e o resultado foram seus dois filhos, $leanor e Arturdepois da morte dele come"ara o pesadelo. %anulfU Tremia ao pensar nele.Que direito tinha o rei da nglaterra de d/0la a um homem 3ue eladespre+ava, por3ue interessava a eleW A3uilo n#o tinha sido umcasamento. $la lutara desesperadamente contra a sua consuma"#o e fugirarapidamente de %anulf, e o povo da Vretanha ficara ao lado dela e elagovernara o ducado durante 3uatro anos e cuidara de Artur, educando0o aseu modo. nfeli+mente, %anulf, depois da3uele perodo, a capturara e amantivera prisioneira em seu castelo de St. Jean Veveron, mas n#o antesde ela conseguir, com a a;uda de -ons amigos, mandar Artur para a cortedo rei da 8ran"a, onde ficaria em seguran"a.

    8ora o -om povo da Vretanha 3ue a;udara a li-ert/0la da pris#o e,temendo 3ue o rei da 8ran"a usasse Artur em proveito pr5prio,CKela o mandara voltar para o lado dela e, assim, os dois estavam outrave+ ;untos mas nem por um momento onstance poderia es3uecer o 3uantoseu filho eraimportante para os interesses da $uropa. Favia o rei da 8ran"a de umlado e o rei da nglaterra do outro, am-os procurando usar Artur umcontra o outro mas o verdadeiro inimigo era Jo#o... o tio em cu;ocaminho ele poderia ficar, pois na ca-e"a de algumas pessoas Artur

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    estava um passo 1 frente dele na sucess#o do trono.0 Quase chego a dese;ar 3ue Artur n#o fosse o herdeiro do pai 0 disseonstance. 0 F/ momentos em 3ue eu gostaria 3ue pud*ssemos ir em-ora;untos... voc2, eu e meus filhos, e es3uecer a heran"a de Artur.0 L isso mesmo 3ue voc2 3uer, onstanceW 0 perguntou )uy, tristonho.$la n#o conseguiu responder com sinceridade, por3ue Artur era seu filho,e seu amor se misturava com as am-i"7es 3ue tinha para ele. Artur

    poderia ser o rei da nglaterra, e disso onstance n#o poderia sees3uecer.0 Se Artur estivesse seguro no trono da nglaterra, no controle daspossess7es a3ui, se ele fosse alguns anos mais velho...0 $n3uanto %icardo viver, o menino estar/ a salvo. ada de mau lheacontecer/. ?amos, meu amor, es3ue"a suas preocupa"7es. O garoto est/-em. ingu*m poderia estar mais protegido.0 9esmo assim, temos de tomar cuidado com Jo#o.Quando Jo#o se afastou de onstance, entrou na sala de aula, onde Arturestava sentado ao lado de seu tutor. A ca-e"a loura do menino estavade-ru"ada so-re os livros, e Jo#o se divertiu ao ver 3ue o tutor ficaraalerta desde a sua chegada.0 Ah, so-rinho 0 disse Jo#o, em tom despreocupado. 0 ?enho encontr/0lo

    estudando. sso * -om. unca * demais um menino aprender o 3ue puder.#o * assim, meu -om homemWO tutor se levantara. $le se curvou para Jo#o e respondeu 3ue o sa-erera um -em admir/vel para todos.0 $nt#o pensamos da mesma forma. 0 Jo#o fe+ um gesto com a ca-e"a. 0Quero ficar a s5s com o meu so-rinho.O homem n#o teve outro recurso a n#o ser retirar0se mas n#o iria longe,pensou Jo#o com um sorriso afetado de satisfa"#o. As ordens 3ue rece-erateriam sido as seguintes: fi3ue por perto e mande avisar 3ue o prncipeJo#o est/ so+inho com o ;ovem du3ue e algu*mCNestaria a postos para evitar 3ue algum mal fosse causado a Artur. Jo#ofaria o possvel para coloc/0los numa roda0viva.0 $st/ um dia t#o -onito 0 disse Jo#o. 0 #o * para de-ru"ar0se so-relivros.0 L preciso aprender as li"7es 0 retrucou Artur.0 Que aluno modelo voc2 *U $u nunca fui. $u preferia a ca"ada e o -om arlivre a ficar mergulhado nos livros.0 Acredito muito -em nisso 0 replicou Artur. achorrinho insolente,pensou Jo#o com um repentino acessode raiva. uidado, aconselhou a si mesmo. A3ui, * necess/rio -ancar otio -om.0 9inha m#e acha 3ue tenho de passar muito tempo estudando, e o rei da8ran"a pensava assim tam-*m.0 Aposto 3ue voc2 e o ;ovem 6us se divertiam -astante ;untos.0 5s ca"/vamos, lut/vamos esgrima e estud/vamos a arte da fidalguia...0 Tudo o 3ue um prncipe deve sa-er, aposto... e mais ainda. ?enha,

    vamos cavalgar ;untos, eh... s5 n5s dois. 0 !isse a3uilo em tom muitoalto, pensando no tutor 3ue estava 1 escuta. Agora haveria pRnico.omo a maioria dos ;ovens, Artur adorava sentir um cavalo so- seu corpoherdara do pai o amor dos Plantagenetas pela ca"ada e em-ora n#ogostasse do tio 0 e por ser ;ovem e um pouco arrogante e -em cZnscio desua importRncia, pouco se esfor"ava para esconder o fato 0, n#o podiaresistir 1 sugest#o de 3ue os dois iriam cavalgar ;untos.0 ?amos indo.Artur se levantou. $le seria alto e -em0apessoado, parecendose com ofalecido tio Fenri3ue, 3ue era o mais -onito de todos os filhos de

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    Fenri3ue . Sua temporada na corte da 8ran"a tivera seus efeitos so-reele seus modos eram refinados e usava suas roupas com elegRncia. 9as aaltive+ estava ali n#o havia dvida de 3ue Artur estava plenamenteciente de sua importRncia.Os dois cavalgaram lado a lado, os acompanhantes 1 sua volta.onstance, com )uy ao lado, o-servava0os de uma ;anela do castelo.0 #o tenha medo 0 disse )uy. 0 F/ homens de confian"a com eles.

    0 ?oc2 sa-e o 3ue ele fa+. $le d/ um ;eito de afast/0lo deles. Por 3u2WC(0 Por3ue sente um grande pra+er em torturar voc2.0 $le * um monstro.0 J/ ouvi di+erem isso dele.0 Quisera !eus 3ue ele fosse em-ora.0 $le n#o pode ficar a3ui para sempre. 9as 3uando se for, n#o vamosrelaar os nossos cuidados. L -em possvel 3ue Artur este;a mais seguroen3uanto ele est/ a3ui, por3ue se alguma coisa acontecesse a Artur, eleseria imediatamente acusado.0 $u gostaria 3ue ele 3ue-rasse o pesco"o.0 reio 3ue voc2 n#o * a nica pessoa 3ue re+a para esse acontecimentofeli+. #o, meu amor, n#o se preocupe. Artur est/ com seus amigos e eles

    tomar#o conta dele. Para Jo#o, isso * uma -rincadeira. m de seusmaiores pra+eres * causar medo 1s pessoas, e * isso 3ue espera fa+eragora.0 9il pragas caiam so-re ele.0 Am*m 0 disse )uy.omo estava agrad/vel na florestaU O rosto do garoto -rilhava com o seuamor pela ca"a. Jo#o o-servou a limpide+ de seus olhos e o frescor dapele. $ra saud/vel demais para o gosto do tio.m menino, nada mais. !o+e anos de idade, e atrapalhando0o tantoU O povoda nglaterra nunca iria aceit/0lo, mas ali, sim. ormandia, An;ou...oh, sim, eles estariam -em preparados. $ sem dvida o rei da 8ran"a iriagostar de ver um menor no trono da nglaterra, se ele apoiasse Artur...Quando pensava nisso, o seu mau g*nio come"ava a se manifestar, eprecisava control/0lo at* certo ponto. Al*m do mais, a3uilo ainda n#oacontecera. %icardo ainda estava vivo.Os dois saram em persegui"#o a um -elo cervo. A ca"ada era ecitanteJo#o adorava a maneira do animal amedrontado fugir n#o gostava 3ue amatan"a fosse feita cedo demais. sso tirava a gra"a da ca"ada.#o houve oportunidade, na3uela ocasi#o, de pegar Artur so+inho t#ologo ele conseguia enganar um cavaleiro, outro surgia. onstance derasuas ordens. unca percam Artur de vista 3uando ele estiver com seu tioJo#o.Jo#o soltou uma gargalhada. SupZs 3ue onstance estivesse, 13uelaaltura, muitssimo ansiosa, e 3ue ficaria na3uele estado at* 3ue elesvoltassem para o castelo. riam demorar0se s5 para mant20la em suspense.CHO cervo foi a-atido o carregador iria lev/0lo para o castelo. Artur

    havia gritado.0 ?amos voltar, agora. J/ chega.Para voc2, ;/ chega, meu pe3ueno so-rinho, pensou Jo#o. $ para o seutioW0 $st/ um dia t#o agrad/velU 0 disse Jo#o. 0 Quem sa-e 3ue pode haveroutro cervo melhor do 3ue o 3ue capturamos, espreitando a por perto.0 #o 0 disse Artur. 0 9inha m#e n#o gosta 3ue eu fi3ue muito tempo forade casa.0 Oh, mas nesta ocasi#o ela sa-e 3ue voc2 est/ so- os cuidados de seu-om tio Jo#o.

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    Artur era ;ovem demais para disfar"ar. Arregalou muito os olhos a+uis ecome"ou:0 Oh, mas... 0 Parou.0 O 3u2, so-rinhoW 0 perguntou Jo#o, provocando0o.0 ada 0 replicou Artur. 0 9as para mim ;/ chega de ca"ada. Quero ver opra+er de minha m#e 3uando ela vir o cervo.0 #o vamos em-ora por en3uanto 0 disse Jo#o. 0 m -elo rapa+ desses n#o

    vai 3uerer ser governado por mulheres.Jo#o esporeou o cavalo e come"ou a se afastar, certo de 3ue Artur,depois da3uela chacota, iria atr/s. Artur gritou en3uanto ele seafastava:0 #o se trata de mulheres. Trata0se de minha m#e. 0 $ seguiu a galopeem outra dire"#o.0 9aldito se;a 0 murmurou Jo#o. 0 Su;eitinho vaidoso. $u gostaria dea"oit/0lo at* o sangue -rotar.9as n#o havia coisa alguma 3ue pudesse fa+er. Seus pr5priosacompanhantes, sa-endo muito -em por eperi2ncias anteriores 3ue apartida de Artur iria significar 3ue o mau g*nio angevino estava para semanifestar, estavam cientes de 3ue seria prudente n#o ficar muito pertodo seu senhor. m talho provocado pelo chicote podia deiar uma cicatri+

    permanente como lem-rete de uma palavra ou um ato mal escolhidos.Jo#o seguiu para longe, seus homens a pouca distRncia dele, murmurandopragas contra Artur, o garoto, o pirralho, 3ue poderia facilmente ficarentre ele e suas am-i"7es.$stava escurecendo 3uando Jo#o voltou ao castelo. $stava de mau humor. Opa;em apressou0se a cuidar dele, e 3uando ele saiu dos est/-ulos viu umhomem de p*, nas som-ras. Jo#o parou. OC'homem parecia um mendigo, e uma das caractersticas contradit5rias doviolento prncipe Plantageneta era ser conhecido pela sua -ondade paracom os mendigos. %aramente passava por um deles sem dar uma moeda, o 3ueera estranho por3ue, em-ora es-an;asse consigo mesmo, sa-ia0se 3ue eraparcimonioso com os outros. 9as uma moeda ou coisa parecida para ummendigo era pouco comparado com a gratid#o 3ue produ+ia, e gostava dedistri-uir d/divas 13uela gente e merecer a sua gratid#o. $ra umamaneira -arata de o-ter aprova"#o, e 1 3ual raramente ele resistia.!e modo 3ue mesmo na3uele momento, no seu mau humor, ele fe+ uma pausapara procurar uma moeda para o mendigo.0 9eu senhor 0 disse o homem 0, n#o sou um mendigo. ?enho assimdisfar"ado para tra+er0lhe grandes notcias.0 otciasU 0 eclamou Jo#o. 0 Que notciasW0 O rei da nglaterra morreu.0 #oU0 L verdade, meu senhor. Jo#o agarrou o -ra"o do homem.0 omo foi issoW0 8oi em halu+. !isseram 3ue foi encontrado um tesouro, e o rei %icardoo 3ueria.

    0 Tpico dele 0 disse Jo#o. 0 ontinue, homem.0 o cerco, uma flecha penetrou no om-ro do rei. $la n#o pZde serretirada e infeccionou. $le est/ morto. ?iva o rei Jo#o.0 ?oc2 ser/ recompensado.0 Que !eus o conserve, ma;estade. ?im sorrateiramente, para 3ue ningu*mficasse sa-endo do 3ue aconteceu. $m -reve a notcia estar/ noeterior... a3ui... neste castelo... por toda parte.0 $ o 3ue aconteceria a mim, a3uiW 0 perguntou Jo#o. Por3ue sesou-essem, neste momento estariam colocando Artur no trono.0 Achei 3ue o meu senhor fosse 3uerer partir depressa para hinon.

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    0 Para hinon e para o tesouro realU 0 -radou Jo#o.o castelo, Artur falava com a m#e so-re o -elo cervo 3ue haviamtra+ido, e o cheiro de carne sendo assada estava no ar. 9as 3uando ogrupo se reuniu no grande sal#o, desco-riu0se 3ue o prncipe Jo#o e seusseguidores n#o se achavam presentes.0 Ser/ possvel 3ue eles tenham ido em-ora, afinalW 0 -radou onstance,com um tom de satisfa"#o na vo+.

    4M0 Parece 3ue sim 0 disse )uy 0, mas fico imaginando 3ual teria sido omotivo.riam desco-rir no dia seguinte.%icardo morto. $nt#o, Artur deveria ser du3ue da ormandia, conde deAn;ou e rei da nglaterra.9as 13uela altura Jo#o ;/ chegara a hinon e se apossara do tesouroreal.4&Jo#o L oroadoQ$ $9ODEO, entrar em hinonU 8inalmente, a3uilo pelo 3ual ele ansiara ere+ara estava pronto a cair0lhe nas m#os. %icardo mortoU O homem 3uedisparara a flecha

    deveria ser recompensado n#o poderia ter causado um pra+er maior ao seunovo rei. Jo#o soltou uma gargalhada. Qual seria a rea"#o dos senhorescavaleiros e -ar7es se dissesse: Tragam esse homem 1 minha presen"aW$les levariam o homem, desgra"ado e amedrontado, e Jo#o -rincaria comele durante um certo tempo e depois lhe daria terras e um ttulo. ?oc2me serviu -em. ?/ em pa+.laro 3ue n#o poderia ser assim. o incio, ele teria de seguir um poucoas conven"7es. 9as pelo amor de !eus, pensou ele, 3uando eu for rei, coma coroa garantida na ca-e"a, farei o 3ue 3uiser, e eles v#o gostar ousofrer por n#o gostarem.Que futuro gloriosoU Fomem a-en"oado 3ue atirou a flecha, voc2 * meu -ome fiel servidor. O velho ora"#o de 6e#o ;/ n#o eiste mais. O terrordos sarracenos, o grande cru+ado, 3ue a-andonou seu pas para o-ter agl5ria na Terra Santa, agora * apenas um cad/ver... morto, com toda asua gl5ria indo com ele. $ o caminho est/ livre para Jo#o.Artur... O 3ue tinha ele a temer de ArturWO castelo de hinon nunca estivera t#o -onito 3uanto na3uela4manh# de a-ril. Jo#o nunca se sentira t#o feli+ na vida.Agora viria o primeiro teste. $ se o +elador do tesouro se recusasse aentreg/0lo a Jo#oW 9as n#o havia o 3ue discutir so-re a atitude 3ue Jo#odeveria tomar. $le traspassaria o su;eito e tiraria o tesouro 1 for"a.$ntrou no castelo a cavalo. #o houve resist2ncia. 8icou emocionado.$les o reconheciam como du3ue e como rei.O tesouro era seu.Favia uma mensagem de sua m#e, 3ue ;/ dera ordens para 3ue o tesouro lhefosse entregue. $la estava em 8ontevrault, onde se processava o funeral.

    Jo#o, agora du3ue da ormandia, conde de An;ou e rei da nglaterra,deveria ir a 8ontevrault para prestar seus ltimos respeitos ao irm#o.Jo#o hesitou. ingu*m deveria dar0lhe ordens. !epois, viu a tolice 3ueseria resistir. Sua m#e conhecia os procedimentos e estava do seu lado,fato 3ue deveria fa+er com 3ue ele eultasse. Qual3uer resist2ncia 3ueArtur e os -ret7es pudessem opor seria rapidamente dominada. Sua m#ego+ava de grande influ2ncia, e ele deveria ser humilde por algum tempo.A3uele era o papel a ser representado, e Jo#o sempre gostava derepresentar pap*is 3ue enganassem as pessoas. %epresentar o irm#o tristeagora, um pouco oprimido pela percep"#o de suas grandes

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    responsa-ilidades, era um papel 3ue podia fa+er -em e sentir um grandepra+er nisso.!e posse do tesouro angevino, Jo#o se preparou para seguir para8ontevrault. Primeiro, por*m, a conselho da m#e, mandou chamar o -ispoFugh de 6incoln, o mais respeitado dos -ispos ingleses, cu;a presen"a,como dissera $leanor, iria impressionar o povo.Jo#o perce-era isso e ficou satisfeito ao imaginar0se em companhia de um

    homem da3ueles, pois no passado ele usara de uma grande leviandade comrela"#o a pessoas como o -ispo, e Fugh go+ava de uma reputa"#oimaculadssima.o entanto, por en3uanto Jo#o precisava controlar sua alegria e mostrarao povo uma fisionomia s*ria.Fugh chegou e lhe deu a -2n"#o. Jo#o perce-eu, com certo grau de rude+a,3ue o -ispo n#o estava disposto a trat/0lo com muito respeito, muitoem-ora o reconhecesse como sendo o rei. A3ueles homens da gre;apareciam considerar todo mundo como seus filhos. Jo#o n#o iria aturarseus serm7es por muito tempo, e o -ispo deveria ter cuidado com amaneira de tratar seu novo so-erano. %icardo n#o deiara 3ue eles ointimidassem, em-ora tivesse prestado aten"#o4C

    ao velho eremita da floresta, 3ue o censurara pela vida 3ue levava. Ah,mas s5 3uando ele estava cado, com risco de morrerUomo todo mundo sa-e, pensou Jo#o rindo, os leitos de morte s#o o lugarpara o arrependimento antes de chegar a eles, o indivduo deveriacometer pecados em nmero suficiente para 3ue a humilha"#o de pedirperd#o valesse a pena.0 Que !eus o a-en"oe, ma;estade 0 disse Fugh, a-ra"ando0o.Jo#o agradeceu e sugeriu 3ue voltassem para a nglaterra a todavelocidade.$stava ansioso pela cerim5nia na a-adia de Xestminster, e s5 iriasentir0se inteiramente feli+ 3uando a coroa estivesse em sua ca-e"a. mrei n#o era considerado rei sen#o depois de reali+ada a3uelaimportantssima cerim5nia. $ com Artur nas som-ras, 3uanto mais cedo elaacontecesse, melhor para Jo#o.Fugh come"ou recusando0se a ir 1 nglaterra. a3uele momento, isso seriaimpossvel. Acompanharia o rei a 8ontevrault, pois seria -om 3ue Jo#ovisitasse o tmulo do irm#o.6/ vamos n5s, pensou Jo#o. A gre;a ditando 1 oroa, logo no incio.9uito -em, meu velho prelado. S5 por en3uanto... at* 3ue eu este;a firmena sela 0 e ent#o voc2 ter/ de sair da minha frente antes 3ue eu oespe+inhe.#o demoraram muito a chegar a 8ontevrault, a fim de prestar homenagensaos tmulos de Fenri3ue e %icardo.Jo#o se a;oelhou ao lado do tmulo do pai e pensou na3ueles ltimos diasda vida do velho, 3uando ele o a-andonara por3ue era mais vanta;osoficar do lado de %icardo na3uele momento. #o podia deiar de se sentirum tanto constrangido num lugar solene como a3uele lem-rava0se

    nitidamente dos olhos do pai seguindo0o, e o pai dissera 3ue ele era onico filho em 3ue podia confiar. Jo#o rira intimamente, na *poca, econgratulava0se consigo mesmo pela -ela representa"#o, di+endo para simesmo 3ue era um su;eito muito inteligente. 9as ali, na solene atmosferada a-adia, ele sentia uma pontada de algo 3ue poderia ter sido aconsci2ncia, mas 3ue era mais prov/vel tratarse de medo das repres/lias3ue os mortos poderiam adotar. $ havia, tam-*m, %icardo, rec*m0colocadoem sua tum-a... %icardo, por cu;a morte ele re+ara mais de cem ve+es.Poderiam os mortos n#o deiar esta Terra ao morrer, e ficar a3ui paraassom-rar os 3ue os haviam enganadoW Pensamentos m5r-idos. Tudo por

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    causa da3uele velho -ispo de esprito mal*volo de p* ao lado dele, comares de desaprova"#o, decidido a manter a guerra entre a gre;a e o$stado.44$ra tudo fantasia. Os dois estavam mortos... li3uidados... as gl5riasterrenas, para eles, tinham aca-ado e a partida deles significava 3ueJo#o tinha a3uilo pelo 3ual sempre ansiara.

    PZs0se de p* e, dirigindo0se 1 porta do coro, -ateu. ma freira surgiupor tr/s da a-ertura gradeada. $la informara 3ue a a-adessa n#o estava,e a regra mandava 3ue ningu*m fosse admitido na aus2ncia dela.)ra"as a !eus, pensou Jo#o. $stava cansado da3uelas peregrina"7espiedosas. Queria aca-ar logo com a3uilo e seguir para a nglaterra. Oh,a gl5ria de sua coroa"#oU $le se lem-rava da de %icardo, 3ue n#o tinhasido h/ tanto tempo assim, e do 3uanto sentira inve;a por ser %icardo3ue iria usar a coroa e portar o or-e e o cetro. Agora * a minha ve+,pensou, eultante. Sentia0se grato 1 velha a-adessa por estar ausente.?oltou0se para Fugh e disse:0 !iga0lhes 3ue prometo -enefic2ncias para a casa delas. Juro em meunome. Talve+, em troca, elas re+em por mim.Fugh fitou0o, c*tico. #o confiava na nova piedade de um homem a

    respeito do 3ual ele -em sa-ia 3ue os rumores n#o haviam mentido.0 $u n#o poderia prometer coisa alguma em seu nome en3uanto n#o tivessea certe+a de 3ue as promessas seriam cumpridas. O senhor sa-e muito -emcomo detesto falsidade, e uma promessa feita e n#o cumprida * isso.0 Juro 3ue a3uilo 3ue eu prometer vai acontecerU 0 -radou Jo#o.0 $nt#o, darei 1s irm#s a sua mensagem, mas se faltar com a palavra, n#ose es3ue"a de 3ue estar/ ofendendo a !eus.Jo#o curvou a ca-e"a, num gesto de presumida piedade.Quando saram da igre;a, o -ispo come"ou uma prega"#o so-re anecessidade de governar -em. O novo rei teria de dar seriedade 1 suatarefa !eus lhe confiara uma grande miss#o. $ra do seu interessedesempenh/0la da melhor maneira possvel.0 vou manter a coroa 0 ;actou0se Jo#o. Tirou da ;a3ueta um ornamentopreso a uma corrente de ouro e mostrou0o ao -ispo.0 $st/ vendo este amuletoW 8oi dado a um de meus ancestrais e chegou at*minhas m#os. 9eu pai me deu. sso foi 3uando ele 3ueria 3ue eu osucedesse no trono. !i+ a lenda 3ue en3uanto nossa famlia possuir estapedra, nunca perderemos nossos domnios.4K0 Seria melhor confiar na mais alta Pedra 8undamental 0 retrucou o-ispo, so-riamente.Jo#o se afastou com uma careta.Os dois ficaram por um instante no p5rtico, em cu;as paredes tinha sidoesculpida uma cena do ;u+o final. !eus estava sentado no trono, e numdos lados estavam retratados os tormentos 3ue aguardavam os pecadores, eno outro os an;os a caminho da ventura celestial.0 $u lhe pe"o, ma;estade 0 disse o -ispo 0, 3ue preste -em aten"#o a

    isso. ?e;a o 3ue aguarda a3ueles 3ue ofendem as leis de !eus.0 #o olhe para eles, meu -om -ispo 0 retrucou Jo#o. ?e;a, isso sim, os3ue est#o do outro lado. Os an;os os est#o levando para o c*u. $ste * ocaminho 3ue decidi ser o meu.O -ispo encarou0o, apreensivo. A3uela virtude chegara muito de repentepara ser plausvel.Os dois seguiram viagem para Veaufort, onde a rainha $leanor, com apesarosa viva Vereng/ria e a irm# de Jo#o, Joana, esperavam pararece-20lo.Sua m#e o a-ra"ou com calor.

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    0 $ste * um dia triste para todos n5s 0 disse ela. 0 Seu irm#o, nossogrande rei, derru-ado no auge da vida pela flecha da3uele loucoU0 nfeli+mente, infeli+mente 0 replicou Jo#o. 0 $le, 3ue so-reviveu 1Terra Santa e 1 cruel pris#o num castelo inimigo, aca-ar assimUJo#o estudava Vereng/ria com intensidade. $ se, no final das contas,estivesse gr/vidaW O pensamento era horrvel demais para ser alimentado.Seria preciso livrar0se dela antes 3ue ela colocasse em cena outro

    rival. J/ -astava a presen"a de Artur.Jo#o se voltou para Joana, 3ue estava evidentemente gr/vida.0 9inha 3ueridssima irm#. $ste * um momento triste. $spero 3ue n#otenha causado nenhum dano 1 crian"a 3ue voc2 est/ gerando.Joana se voltou para esconder as l/grimas.0 $le era t#o maravilhosoU 0 disse ela.0 5s compartilhamos da nossa dor 0 murmurou Jo#o, for"ando a vo+ para3ue tremesse. 0 $ minha 3uerida cunhada... 3ue triste+a, para voc2U 0Tomou as m#os de Vereng/ria e olhou para4Nela. #o ouse estar gr/vidaU, pensou. #o, n#o est/. %icardo ;amais 3uisisso. $le n#o 3ueria ter um filho homem.0 ?enham para meus aposentos privados 0 disse a m#e dele.

    Jo#o tinha de admir/0la. Todos tinham achado 3ue ela se retirara paraficar isolada, mas acontecimentos como a3uele iriam sempre fa+20la sairpara lutar pela famlia Jo#o agradecia 1 sua -oa fortuna o fato de am#e ter decidido 3ue ele deveria herdar o trono. O 3ue teria acontecidose ela tivesse deiado a escolha recair so-reArturW #o com $leanor, um filho vinha antes de um neto.Quando ficaram so+inhos, ele viu logo 3ue a m#e estava preocupada.6amentava profundamente a morte de %icardo.0 sso foi um golpe muito triste para mim, filho. unca pensei 3ue fossepossvel ele se ir e me deiar a3ui. $u me preocupava com %icardo 3uandoele estava na Terra Santa e durante a3uela terrvel fase 3uando n#osa-amos onde ele se encontrava. 9as 3uando voltou... forte e -ravo comosempre, nunca pensei 3ue poderia ir antes de mim e me deiar so+inha.!ominando o seu ressentimento, Jo#o tomou0lhe uma das m#os e a -ei;ou.0 A senhora ainda tem o seu filho, mam#e 0 lem-rou0lhe.0 ?oc2, Jo#o... o mais mo"o de todos. $ se tornou um rei.0 L uma grande responsa-ilidade.0 8ico contente por voc2 perce-er isso. 0 6an"ou0lhe um olhar astuto. 0#o vai ser f/cil. ?oc2 sa-e disso. Ter/ de enfrentar mais conflitos do3ue %icardo ;amais enfrentou.0 L 0 disse ele, os l/-ios se apertando. 0 F/ o Artur.0 )uilherme 9arechal acredita 3ue voc2 vem antes de Artur.0 )uilherme 9arechalU 0 A alegria passou rapidamente pela fisionomia deJo#o. Ali estava um dos homens mais influentes da nglaterra, um homemfamoso pela sua integridade. Outros iriam segui0lo.0 $u o mandei 1 nglaterra, a fim de preparar o povo para a sua recep"#oe inst/0lo a aceitar voc2 como o rei de direito.

    0 A senhora sempre foi a melhor das m#es.0 9arechal, com Fu-ert Xalter, ir/ convencer o povo de 3ue voc2 * overdadeiro rei.0 Permita 3ue eu diga 3ue a gre;a deve ser envolvida.0 Fu-ert * o arce-ispo de anter-ury. $le reali+ar/ a coroa"#o. Aaprova"#o dele * essencial.0 $ a senhora acha 3ue ele a dar/W4(0 Se ele se mostrar indeciso, 9arechal ir/ convenc20lo. Jo#o, voc2 vaiter de refrear sua veleidade.

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    Se %icardo tivesse tido um filho homem, teria sido muito diferente. O3ue deiava Fugh alarmado era 3ue o arce-ispo de anter-ury acreditava3ue Artur teria sido uma escolha melhor e tinha sido vencido por)uilherme 9arechal.laro 3ue )uilherme 9arechal era um homem com um forte senso de dever eservira o rei Fenri3ue muito de perto. Talve+ se lem-rasse de 3ue odese;o de seu velho senhor era de 3ue Jo#o fosse rei, e tivesse sido por

    isso 3ue ele apoiava a reivindica"#o do filho mais mo"o, e n#o a doneto.!e 3ual3uer modo, parecia 3ue Jo#o seria o pr5imo rei, e eles deviamtentar tirar o m/imo proveito da situa"#o.Fugh foi aos aposentos de Jo#o no castelo Veaufort e l/ o encontrou comum ou dois de seus companheiros 0 ;ovens cu;os gostos eram semelhantesaos dele.O -ispo perguntou se podia falar com Jo#o a s5s. Os ;ovens4'lhe dirigiram um olhar insolente, e Jo#o hesitou ele teria gostado demandar o velho prelado em-ora, mas seu senso comum o avisou de 3ue at*a3uela cerim5nia decoroa"#o era melhor mostrar0se cauteloso.

    8e+ um gesto com a m#o e os ;ovens se retiraram.0 O 3ue h/W 0 perguntou Jo#o um tanto irritado.0 Amanh# * o !ia de P/scoa 0 disse o -ispo. 0 O senhor, * claro, vai3uerer rece-er a comunh#o.0 $u, n#oU #o gosto disso.O -ispo ficou horrori+ado, e Jo#o riu dele.0 9eu -om -ispo, n#o comungo desde 3ue pude me decidir 3uanto a essesassuntos, e n#o tenho inten"#o de comungar agora.0 O senhor agora * rei... 0 O -ispo fe+ uma pausa e acrescentou,ominosamente: 0 Ou espera tornar0se rei. L necess/rio 3ue o povo ve;a3ue * digno da coroa.0 $ o 3ue a comunh#o tem a ver com a condi"#o de reiW0 Acho 3ue o senhor sa-e. Para 3ue governe -em, precisar/ da orienta"#ode !eus.0 $u n#o receio 3ue n#o v/ sa-er governar.0 Outros poder#o ficar preocupados.Jo#o semicerrou os olhos. Que insol2ncia dos padresU $le era rei, oun#oW A resposta a esta pergunta era: #o, ainda n#o.Ainda n#o. $ra disso 3ue precisava se lem-rar. Tinha de fa+er com 3uea3uela cerim5nia se reali+asse.0 Sei 3ue tenho levado uma vida pecaminosa. Pretendo me modificar, agora3ue este grande fardo me foi colocado so-re os om-ros, mas se depois detodos esses anos eu comungar, e s#o muitos os 3ue sa-em 3ue me a-stivedisso durante anos, v#o pensar 3ue meu arrependimento foi muitorepentino. !eie0me voltar gradativamente 1 vida virtuosa. Se eucomparecer 1 missa solene, isso ser/ o -astante, para come"ar. 9ostrareiao povo 3ue estou come"ando.

    0 !eus sa-er/ eatamente o 3ue lhe vai no cora"#o.0 Sem dvida 0 respondeu Jo#o, de olhos -aios.#o adiantava prosseguir na persuas#o, refletiu o -ispo. O tempomostraria as atitudes 3ue Jo#o iria tomar, e o povo iria aceit/0lo oure;eit/0lo segundo elas.!epois 3ue o -ispo se retirou, Jo#o tornou a chamar os amigos. ontou0lhes o 3ue acontecera, imitando o -ispo.0 $le pensa 3ue vai me governar. ?amos nos divertir com o senhor -ispo,meus amigos.KM

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    Os amigos aplaudiram com estardalha"o n#o teria sido prudente deiar defa+20lo.$les estavam com ele na missa solene. Jo#o gostava de sua companhia,por3ue se sentia ecessivamente ousado 3uando era necess/rio distra0loscom suas proe+as.Fouve um detalhe 3ue chocou profundamente Fugh, 3uando durante oofert5rio Jo#o se aproimou sacudindo algumas moedas de ouro na m#o e

    n#o as colocou no pires 3ue ali estava para rece-2las, mas ficou paradoolhando para elas.Fugh disse, rspido:0 Por 3ue fica a parado olhando para as moedasW Jo#o olhou para ele comdespre+o.0 $u estava pensando 3ue h/ pouco tempo eu nunca as teria colocado emsuas m#os. $las estariam no meu -olso. Suponho 3ue, agora, devo d/0lasao senhor.Fugh ficou vermelho de indigna"#o.0 !eposite0as no pires e v/ em-ora 0 disse ele.Jo#o hesitou por um instante e ent#o fe+ como tinha sido solicitado,colocando as moedas, uma a uma, como se com a maior das relutRncias.O -ispo ficou +angado e profundamente pertur-ado com o fato de um futuro

    monarca poder portar0se da3uela maneira na santa casa de !eusU A3uilon#o era um -om agouro para o futuro, e ele se sentia indignado en3uantoia para o plpito e se preparava para fa+er o serm#o. Jo#o estavasentado -em a-aio, e com ele estavam alguns de seus amigos dissolutos.Seria possvel, imaginou Fugh, fa+er a3uele ;ovem compreender 3ue se n#ose portasse como um rei, nunca poderia ser um rei -em0sucedidoW $lecumpriria o seu dever e tentaria semear algumas ideias 3ue poderiam darfrutos.Fugh havia preparado um serm#o para ser feito perante Jo#o, e pretenderafa+er com 3ue o ponto principal fosse o dever dos governantes para com opovo. !iscorreu longamente so-re o assunto, salientando o desastre 3uepoderia acontecer por causa de um comportamento descuidado e leviano. mrei precisava ter um esprito elevado e tinha de colocar o -em do pasacima de seus pr5prios pra+eres. unca era demais salientar a3uilo.O -ispo estava ciente dos murmrios e das cutucadas 3ue aconteciam nos-ancos cativos, mas os ignorou, e 3uanto mais persistiam, mais ele tinhaa falar so-re os deveres de um rei para com seus sditos.K&0 m rei nunca deve es3uecer 3ue serve a seu povo so- a prote"#o de!eus...Fouve um muoo vindo do -anco reservado de Jo#o, e 3uando um dosrapa+es saiu em sil2ncio, Fugh ficou pasmo ao ver 3ue ele estava sedirigindo para a parte traseira do plpito.0 Senhor -ispo 0 disse o ;ovem num sussurro audvel 0, o rei manda di+er3ue o senhor deve aca-ar imediatamente com o seu serm#o. $le est/cansado dele e 3uer ir ;antar.Fugh, com a cor acentuada, continuou a pregar en3uanto o ;ovem voltava

    para o seu -anco.Oh, !eus, pensou Fugh, o 3ue ser/ de n5sWTerminada a missa, Fugh saiu da igre;a. ria partir no dia seguinte. !enada adiantava ficar com o rei. ?oltaria 1 nglaterra e iria consultar oarce-ispo de anter-ury e di+er0lhe 3ue ele tivera ra+#o 3uando sugerira3ue Artur seria um rei mais ade3uado.o dia seguinte, o -ispo de 6incoln se despediu de Jo#o.Jo#o, os amigos ainda 1 sua volta, -radou:0 L uma despedida triste, -ispo. Sempre me lem-rarei do seu serm#odirigido a mim 3uando assumir a coroa.

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    Os rapa+es riram com o riso sufocado, e Jo#o mal pZde conter umagargalhada.0 $nt#o, talve+ ele n#o tenha sido em v#o 0 disse o -ispo com dignidade.O -ispo e seu s*3uito partiram a cavalo, e Jo#o entrou no castelo parasa-orear a carne de veado 3ue estava sendo preparada para ele. Y mesa,conversou com os amigos so-re as -oas divers7es 3ue teriam. $les veriamcomo era ser amigos fi*is de um rei.

    9as en3uanto comemoravam, chegaram mensageiros ao castelo. $stava claro,pela apar2ncia deles, 3ue tra+iam m/s notcias. 8oram levadosimediatamente 1 presen"a de Jo#o, 3ue teve um acesso de raiva ao ouvi0las.8ilipe estava a caminho ele estava apoiando Artur e os -ret7es, eonstance, com o filho Artur e o amante )uy Thouars, estava chefiando ume*rcito contra ele, Jo#o. Al*m do mais, ningu*m oferecera 3ual3uerresist2ncia. idades tinham0se rendido guardi#es de castelos haviam sedeclarado em favor de Artur e com o apoio do rei da 8ran"a, a situa"#oera perigosa. $vreu estava em poder de 8ilipe, e ele ;/ estava no9aine. Al*m do mais, -ar7es em lugareschave como Touraine e An;ou;uravam fidelidade a Artur.0 O 3ue posso fa+erW 0 -radou Jo#o. 0 Que for"as tenho a3uiW

    KPrecisava ir para a ormandia. $rgueu0se da mesa, deu ordens para 3ue sepreparassem e em pouco tempo seguia para 62 9ans, 3ue ainda n#o cara emm#os do inimigo.Jo#o ficou surpreso por n#o rece-er as -oas0vindas. O povo n#o o 3ueria.onhecia -em a sua reputa"#o. Favia um garoto cu;o pai vinha antes deJo#o na sucess#o diretae era ele 3ue o povo 3ueria. Al*m do mais, o rei da 8ran"a estavaapoiando Artur. #o 3ueriam Jo#o.8oi uma noite intran3uila 3ue Jo#o passou em 62 9ans, e assim 3ue rompeua aurora ele estava pronto para sair dali, por3ue sa-ia como seriaperigoso ficar. 8ilipen#o estava longe dali, e o povo era hostil. Tornar0se prisioneiro de8ilipe antes de ter sido coroado rei seria um desastre.Artur, segundo Jo#o ficara sa-endo, prestara fidelidade ao rei da 8ran"aem rela"#o a An;ou, 9aine e Touraine. Que descaramentoU A3ueles domnioslhe pertenciam. A ormandia estava a salvo. A ormandia tinha sido aorgulhosa possess#o de seus ancestrais desde a *poca de %ollo.O povo de l/ seria fiel a Jo#o.$le devia seguir a toda velocidade para %ouen.omo foi diferente em %ouenU O povo de l/ o 3ueria. Quando entrou nacidade, as pessoas foram saud/0lo. A3ueles eram seus sditos fi*is. Alina3uela cidade estava enterrado o -ravo cora"#o de %icardo. Perto dalificava o grande chateou )aillard 0 o astelo Atrevido de %icardo. $raa3uele territ5rio dos grandes du3ues 3ue durante muitos anos haviamreinado, desafiando os francos. Todo rei da 8ran"a 3ueria tirar aormandia dos normandos, e todo du3ue normando ;urava 3ue ele nunca iria

    toma0la. A3uela era a terra de )uilherme 6ongsord, %icardo, o!estemido, e )uilherme, o Poderoso on3uistador. O povo da ormandia;amais apoiaria os 3ue fossem apoiados pelos franceses.O arce-ispo de %ouen, Xalter 0 ele tinha o mesmo nome do arce-ispo deanter-ury 0, foi imediatamente dar as -oas0vindas a Jo#o.0 9a;estade 0 disse ele 0, * necess/rio 3ue se;a proclamado du3ue daormandia sem demora. O povo est/ com o senhor. A ltima coisa 3ue eleir/ tolerar * o governo de um -ret#o, particularmente 3uando ele *, comomuitos acreditam, o instrumento do rei da 8ran"a. A3ui, vossa ma;estade* realmente -em0vinda e

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    KC* o dese;o de todos 3ue a cerim5nia tenha lugar sem demora.Jo#o estava perfeitamente disposto a passar pela cerim5nia t#o logo3uanto possvel. O fato de onstance e seus amigos, inclusive o rei da8ran"a, estarem em marcha, o fi+era levar o assunto a s*rio. $le disseao arce-ispo, com uma seriedade 3ue lhe era rara, 3ue se colocava emsuas m#os, ao 3ue o arce-ispo o a-en"oou e anunciou 3ue a cerim5nia

    teria lugar no domingo da Pascoela, 3ue era o dia K de a-ril 0 de+enovedias depois da morte de %icardo.a catedral, a pe3uena coroa decorada com rosas colocada na ca-e"a, Jo#o;urou so-re a V-lia e as rel3uias dos santos 3ue iria defender osdireitos da gre;a, 3ue suas leis seriam ;ustas e 3ue ele aca-aria com omal.O arce-ispo prendeu a espada da ;usti"a ao seu cintur#o e apanhou alan"a 3ue tinha sempre sido usada pelos normandos em ve+ do cetro, comona gre;a da nglaterra.$n3uanto a lan"a estava lhe sendo entregue, Jo#o ouviu os amigossoltando muoos perto dele e n#o pZde resistir e piscou para eles, afim de garantir0lhes 3ue ainda era o mesmo companheiro alegre e semreligi#o 3ue havia compartilhado de suas -rincadeiras e 3ue estava

    apenas participando da3uela solene cerim5nia por3ue na3uele momentotinha de satisfa+er a vontade dos velhos e por3ue sua ca-e"a estavavirada, a lan"a 3ue o arce-ispo colocava na3uele instante em suas m#osescorregou e caiu ao ch#o.Fouve um grito sufocado, de horror, de todos 3ue presenciaram a3uilo eum murmrio suave espalhou0se pela catedral.a3uele momento solene, a lan"a, o sm-olo do poder normando 3ue tinhasido passada e segura com firme+a por todos os du3ues da ormandia,cara das m#os da3uele.$ra um augrio, e o 3ue poderia ser sen#o um mau augrio, com o rei da8ran"a em armas contra eles e alguns deles acreditando 3ue Artur daVretanha tinha mais direito 1 coroa ducalWJo#o se recusou a sentir0se deprimido pelo incidente. 9ais tarde, iriarir0se dele com seus amigos.!epois da cerim5nia, houve -oas notcias. A incans/vel $leanor sara desua reclus#o uma ve+ mais e se colocara 1 frente dos mercen/rios de%icardo, chefiados pelo -rilhante comandante 9ercadier0 o 3ue aplicara a terrvel puni"#o ao matador de %icardo 0, e estavafa+endo com 3ue os franceses e -ret7es recuassem do territ5rio 3uehaviam con3uistado. $n3uanto isso, o povo da ormandia ;untavase a Jo#o,e em -reve ele estava pronto para marchar so-re 62 9ans.K4Jo#o a tomou com facilidade e ficou eultante, lem-rando0se da friarecep"#o 3ue lhe haviam dedicado pouco tempo antes. ria mostrar0lhes o3ue significava provocar a ira do rei Jo#o. $le n#o era %icardo, 3ue s5em raras ocasi7es deiava o mau g*nio angevino assumir o controle. riamostrar 1s pessoas, desde o come"o, o 3ue deveriam temer se ficassem

    contra ele.Queimou as casas. Todas deviam ser demolidas, -errava ele, e o castelofoi arrasado por completo, en3uanto os cidad#os de desta3ue eram levados1 sua presen"a.0 Os senhores foram muito inospitaleiros para comigo h/ pouco tempo 0disse ele. 0 8oram muito arrogantes, pensando 3ue o rei da 8ran"a estavaao seu lado. Onde est/ ele agoraW !igam0me. $le os a-andonou. !eiou0os1 minha merc2. Agora, v#o sa-er o 3uanto serei tolerante.Os olhos se semicerraram.0 olo3uem0lhes os grilh7es 0 rosnou ele. 0 olo3uem0nos nas masmorras

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    mais escuras. ?amos dei/0los l/, onde poder#o pensar no 3ue significare-elarem0se contra o rei Jo#o.Os homens foram levados. $les haviam ouvido hist5rias so-re a crueldadedele. Agora, iriam eperiment/0la. nflamado pelo sucesso, Jo#o -radou:0 O 3ue fi+emos com 62 9ans faremos com a3ueles outros 3ue se entregaramde livre e espontRnea vontade 1 causa do rei da 8ran"a e do pe3uenoArtur.

    9as seus conselheiros fi+eram0no lem-rar 3ue a con3uista de 62 9