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Metodologia de Criação de Materiais Educacionais Digitais com Acessibilidade para Cegos Paloma Costa 1 , Patricia Vianna 2 1 Centro Universitário La Salle (UNILASALLE) Canoas – RS – Brazil 2 Centro Universitário La Salle (UNILASALLE) Canoas – RS – Brazil {paloma.costa}@gmail.com, {pvianna}@unilasalle .edu Abstract. The article describes the steps for the development of digital educational materials for the blind, followed by a methodology to make these digital materials accessible. The methodology is provided to understand the construction and evaluation of materials, including key components and techniques for accessibility as well as of common interest to discuss the role of new forms of communication in the educational process and the inclusion of these subjects in the digital society. The research of qualitative approach seek answer to the following research problem: computational aspects and education which should be covered in a methodology for developing educational materials accessible to blind users? Resumo. O artigo descreve as etapas para a elaboração de materiais educacionais digitais para cegos, se- guidas de uma proposta metodológica para tornar estes materiais digitais acessíveis. A metodologia vai des- de a compreensão à construção e avaliação dos materiais, incluindo os principais componentes e técnicas de acessibilidade, bem como, do interesse comum em discutir o papel das novas formas de comunicação no processo pedagógico e da inclusão destes sujeitos na sociedade digital. A pesquisa, de abordagem qualitati- va buscará responder ao seguinte problema de pesquisa: quais aspectos computacionais e educacionais de- vem ser contemplados em uma metodologia para o desenvolvimento de materiais educacionais acessíveis para usuários cegos? Palavras Chaves: Acessibilidade, Materiais Educacionais, Inclusão Digital Introdução Web 3 é um recurso cada vez mais importante em muitos aspectos da vida: educação, emprego, governo, comércio, saúde, recreação e muito mais. Bailey e Burd (2006) confirmam a importância da web concluindo que ela se tornou um dos mais importantes métodos de comunicação em um período muito curto de tempo. Sendo assim, a escola necessita estar preparada para interagir com tal realidade e adotar práticas pedagógicas que acompanhem, incentivem e problematizem o uso de recursos digitais na educação. Uma das problematizações possíveis, envolve o cenário da inclusão digital possibilitada via escola. Ou seja, mui- tos alunos que ainda não têm condições de acessar a web de outros locais, poderiam estar construindo ha- bilidade e competência para tal, em uma sala de aula. Indo mais além, é importante também problematizar os requisitos de acesso a web para alunos com necessidades educacionais especiais, dentre eles, os cegos. Para tanto, os recursos educacionais digitais, tais como imagens digitais, vídeos, animações, hipertexto, etc., precisam ser planejados e desenvolvidos levando em consideração requisitos de acessibilidade. O problema de pesquisa concentra-se no seguinte questionamento: quais aspectos computacionais e educacionais devem ser contemplados em uma metodologia para o desenvolvimento de materiais educa- cionais acessíveis para usuários cegos? A resposta à tal problemática será buscada por meio de uma pes- quisa com abordagem qualitativa. O objetivo geral deste trabalho é apresentar uma metodologia para a criação de materiais educacio- nais acessíveis para cegos, a partir do interesse comum em discutir o papel das novas formas de comunica- ção e informação nos processos de aprendizagem e desenvolvimento desses sujeitos, salientando, que tais processos, poderão ser potencializados pelos recursos de acessibilidade existentes nos materiais utilizados. Também destacamos, a necessidade de oportunizar o acesso ao mundo digital para todos, sem ex- clusão de qualquer tipo, sendo este, um dos motes deste trabalho. No primeiro tópico do artigo é abordada a Inclusão Digital, destacando a necessidade de oportunizar 1 Acadêmica de Licenciatura Computação. Tester Developer. 2 Doutoranda em Informática na Educação. Professora do Curso Licenciatura computação. 3 A World Wide Web, ou simplesmente Web, é uma maneira de acessar informação por meio da Internet.

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Metodologia de Criação de Materiais Educacionais Digitais com Acessibilidade para Cegos

Paloma Costa1, Patricia Vianna2

1 Centro Universitário La Salle (UNILASALLE)Canoas – RS – Brazil

2 Centro Universitário La Salle (UNILASALLE)Canoas – RS – Brazil

{paloma.costa}@gmail.com, {pvianna}@unilasalle.edu

Abstract. The article describes the steps for the development of digital educational materials for the blind, followed by a methodology to make these digital materials accessible. The methodology is provided to understand the construction and evaluation of materials, including key components and techniques for accessibility as well as of common interest to discuss the role of new forms of communication in the educational process and the inclusion of these subjects in the digital society. The research of qualitative approach seek answer to the following research problem: computational aspects and education which should be covered in a methodology for developing educational materials accessible to blind users?

Resumo. O artigo descreve as etapas para a elaboração de materiais educacionais digitais para cegos, se-guidas de uma proposta metodológica para tornar estes materiais digitais acessíveis. A metodologia vai des-de a compreensão à construção e avaliação dos materiais, incluindo os principais componentes e técnicas de acessibilidade, bem como, do interesse comum em discutir o papel das novas formas de comunicação no processo pedagógico e da inclusão destes sujeitos na sociedade digital. A pesquisa, de abordagem qualitati-va buscará responder ao seguinte problema de pesquisa: quais aspectos computacionais e educacionais de-vem ser contemplados em uma metodologia para o desenvolvimento de materiais educacionais acessíveis para usuários cegos?

Palavras Chaves: Acessibilidade, Materiais Educacionais, Inclusão Digital

Introdução Web3 é um recurso cada vez mais importante em muitos aspectos da vida: educação, emprego, governo, comércio, saúde, recreação e muito mais. Bailey e Burd (2006) confirmam a importância da web concluindo que ela se tornou um dos mais importantes métodos de comunicação em um período muito curto de tempo.

Sendo assim, a escola necessita estar preparada para interagir com tal realidade e adotar práticas pedagógicas que acompanhem, incentivem e problematizem o uso de recursos digitais na educação. Uma das problematizações possíveis, envolve o cenário da inclusão digital possibilitada via escola. Ou seja, mui-tos alunos que ainda não têm condições de acessar a web de outros locais, poderiam estar construindo ha-bilidade e competência para tal, em uma sala de aula. Indo mais além, é importante também problematizar os requisitos de acesso a web para alunos com necessidades educacionais especiais, dentre eles, os cegos. Para tanto, os recursos educacionais digitais, tais como imagens digitais, vídeos, animações, hipertexto, etc., precisam ser planejados e desenvolvidos levando em consideração requisitos de acessibilidade.

O problema de pesquisa concentra-se no seguinte questionamento: quais aspectos computacionais e educacionais devem ser contemplados em uma metodologia para o desenvolvimento de materiais educa-cionais acessíveis para usuários cegos? A resposta à tal problemática será buscada por meio de uma pes-quisa com abordagem qualitativa.

O objetivo geral deste trabalho é apresentar uma metodologia para a criação de materiais educacio-nais acessíveis para cegos, a partir do interesse comum em discutir o papel das novas formas de comunica-ção e informação nos processos de aprendizagem e desenvolvimento desses sujeitos, salientando, que tais processos, poderão ser potencializados pelos recursos de acessibilidade existentes nos materiais utilizados.

Também destacamos, a necessidade de oportunizar o acesso ao mundo digital para todos, sem ex-clusão de qualquer tipo, sendo este, um dos motes deste trabalho.

No primeiro tópico do artigo é abordada a Inclusão Digital, destacando a necessidade de oportunizar

1 Acadêmica de Licenciatura Computação. Tester Developer.2 Doutoranda em Informática na Educação. Professora do Curso Licenciatura computação.3 A World Wide Web, ou simplesmente Web, é uma maneira de acessar informação por meio da Internet.

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o acesso digital à todos. No segundo é abordada a Acessibilidade na Web, com informações necessárias sobre as suas possibilidades e público-alvo dessa pesquisa. Nos tópicos seguintes são abordadas temáti-cas como Tecnologias Inclusivas no contexto educacional e os componentes Web que possibilitam a cons-trução de materiais acessíveis, leis e políticas de acessibilidade, técnicas de acessibilidade, o planejamento e a metodologia para criação de materiais educacionais com acessibilidade, bem como, as considerações finais.

2. Inclusão Digital Inclusão Digital é aquela na qual todas as pessoas sem distinção, estão habilitadas livremente para

criar, receber, compartilhar e utilizar informação para o seu desenvolvimento econômico, social cultural e político (ABERJE,2003). A Internet 4 pode ser um grande meio de informação aos deficientes visuais, se pequenas atitudes, forem tomadas. Em nosso país existe uma Lei de Acessibilidade (nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000), que necessita de revisão, por não conter a questão do acesso à internet. O direito de acesso à informação, educação, cultura e lazer, que deveria ser garantido, não vem sendo cumprido, devido às dificuldades encontradas no acesso por usuários deficientes visuais. (Castro, 2006). Guilherme Lira (2005), presidente da ONG Acessibilidade Brasil que trabalha em parceria com o governo federal na formulação das novas regras para adequar os portais e sítios do governo na internet, afirma que, "antes os portadores de necessidades especiais eram duplamente excluídos, pela deficiência e pela falta de inclusão digital e que um mundo onde não haja exclusão está sendo construído. Isso está acontecendo no mundo inteiro e deve envolver pelo menos a metade da população brasileira” (Acessibilidade Brasil). O presidente da ONG conta ainda que esse modelo é fundamental para aproximadamente 24,3 milhões de pessoas com deficiência no país.

O uso de materiais digitais acessíveis em contextos educacionais vai ao encontro do que diz Mene-zes (2006) quando ressalta que a Informática na Educação pode potencializar a inclusão de alunos com ne-cessidades especiais no sistema regular de ensino, pois são dois grandes desafios que a sociedade atual impõe aos profissionais da Educação.

As novas tecnologias da informação e da comunicação prometem suscitar uma transformação radi-cal na vida em sociedade ao permitir ouvir a voz do plural, a enunciação coletiva, condição-chave para a construção de uma sociedade de plena participação e de igualdade. (Conforto e Santarosa, 2002).

O principio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Es-colas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade à todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria existir uma continuidade de serviços e apoio proporcional ao contínuo de necessidades especiais encontradas dentro da escola.(DECLARAÇÃO DE SALAMANCA.1996).

No próximo tópico, apresentamos os princípios básicos da Acessibilidade na Web visando explicitar aspectos fundamentais à temática aqui discutida.

3. Acessibilidade na WebA Web oferece a possibilidade de um acesso sem precedentes à informação e interação de muitas

pessoas com deficiência. A acessibilidade na Web significa que pessoas com alguma deficiência, seja ela de qualquer natureza, possam perceber, entender, navegar, interagir e contribuir para/na web participando mais ativamente na sociedade.(CORDE, 2008).

O princípio fundamental da acessibilidade é projetar web sites, softwares e conteúdo, para atender diferentes necessidades dos utilizadores, preferências e situações, a flexibilização do acesso à informação e da interação dos usuários que possuam algum tipo de necessidade especial no que se refere aos meca-nismos de navegação e de apresentação dos Web sites, à operação com software, com hardware e às ada-ptações aos ambientes e situações (GUIA, 1999).

Existem muitas situações em que os recursos disponíveis nos Web sites não são acessíveis a todos os usuários.(Conforto e Santarosa, 2002). Portanto, a acessibilidade envolve diferentes áreas. Entre elas po-demos citar :

• a acessibilidade ao computador que engloba programas (software) de acesso incluindo diferencia-dos tipos de ajudas técnicas para uso genérico de acesso aos computadores e periféricos;

• a acessibilidade ao Navegador, os quais podem ser genéricos como o Internet Explorer e o Fire-fox. Contudo, existem navegadores específicos que oferecem facilidade de acesso a diferentes usu-ários como o navegador só de texto LYNX para cegos;

• a acessibilidade ao planejamento de páginas WEB, que envolve várias dimensões como conteú-do, estrutura e formato.

4 A internet é uma gigantesca rede de redes, uma infraestrutura em rede. Ela conecta milhões de computadores globalmente, formando uma rede em que qualquer computador pode comunicar-se com qualquer outro computador deste que ambos estejam conectados à Internet.

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No próximo tópico, apresentamos o público-alvo da metodologia de desenvolvimento a ser proposta, ou seja, os usuários cegos.

3.1.Público Alvo: Os sujeitos cegosQuando dizemos que uma pessoa é cega, estamos tratando de sujeitos que não possuem resíduos

visuais, diferenciando-os dos deficientes visuais, que possuem, por menor que seja alguma acuidade visual. No Brasil, 14,5% da população são pessoas portadoras de algum tipo de deficiência visual. Os resultados do Censo 2000 mostram que, aproximadamente, 24,6 milhões de pessoas, ou 14,5% da população total, apresentaram algum tipo de incapacidade ou deficiência. São pessoas com ao menos algu-ma dificuldade de enxergar, ouvir, locomover-se ou alguma deficiência física ou mental. Entre 16,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência visual, quase 150 mil se declararam cegos. É importante desta-car que a proporção de pessoas portadoras de deficiência aumenta com a idade, passando de 4,3% nas crianças até 14 anos, para 54% do total das pessoas com idade superior a 65 anos.

A medida que a estrutura da população está mais envelhecida, a proporção de pessoas com neces-sidades especiais aumenta, surgindo um novo elenco de demandas para atender as necessidades específi-cas deste grupo. No aspecto educacional, em 2000, a taxa de alfabetização das pessoas de 15 anos ou mais de idade era de 87,1%. Já entre os portadores de, pelo menos, uma das deficiências investigadas era de 72,0%.(Censo,2003)

Este trabalho tem como foco propor materiais digitais acessíveis para usuários cegos a partir de 14 anos aproximadamente, que busquem conhecimentos na área de informática. Os materiais serão criados seguindo a metodologia proposta com avaliação nos materiais para atingir uma qualidade de informação acessível . No próximo tópico, abordamos aspectos relevantes acerca de Tecnologias Inclusivas que abordam um conjunto de ajudas técnicas para materiais acessíveis.

4. Tecnologias Inclusivas Ao abordar o contexto da Tecnologia Inclusivas na educação, ao qual envolve o conjunto de ajudas

técnicas, concordamos com Montoya (1997) quando menciona que, muito além de servirem para compensar incapacidades, podem estender e valorizar o contexto de desenvolvimento e atuação das pessoas com necessidades especiais. O mesmo autor, complementa que, ao utilizar os sistemas de ajuda apoiados pelo computador, um aluno cego, por exemplo, pode através de um Braille portátil, participar e realizar normalmente, tarefas a nível universitário. Existem muitos cenários de pessoas com diferentes tipos de deficiência utilizando tecnologias inclusivas e estratégias adaptativas para acessar a web. Em alguns casos, os cenários mostram como a Web pode fazer algumas tarefas mais fáceis para as pessoas com deficiência. O usuário cego, não utiliza o mouse para executar as tarefas dos vários aplicativos, pois eles exigem coordenação visual, sendo o teclado a solução facilitadora. Os teclados em Braille, não são facilmente encontrados, portanto acabam utilizando qualquer teclado comum de micro-computadores. Tecnologias inclusivas como os leitores de telas, associados a sintetizadores de voz ou monitores e linhas Braille, complementam o acesso web para pessoas cegas. Portanto serão utilizados o teclado comum para escrever, e as tecnologias inclusivas para ler.

De acordo com a fonte do terra noticias(2008) deficientes visuais geralmente usam computadores com a ajuda de softwares leitores de telas, mas estes produtos chegam a custar mais de US$ 1 mil nos Estados Unidos. Por isso, não são comuns em PCs públicos, como em bibliotecas ou cybercafés, por isso, os materiais desenvolvidos serão avaliados com dois leitores de tela, um para usuários mais avançados, baseado na web, Software Livre, chamado WebAnywhere, e o outro chamado Dosvox, também Software Livre, mais adequado aos alunos cegos iniciantes. O único requisito é que o computador tenha caixas de som ou entrada para fones de ouvido. Os programas são capazes de ler títulos de seções, tabelas ou a página toda.

Os materiais digitais produzidos na segunda parte deste trabalho serão avaliados para funcionar em qualquer leitor de tela, pois fica a critério do usuário utilizar o que mais se adequa a sua experiência. Portanto, existe a flexibilidade de escolha do leitor de tela. No próximo tópico apresentamos os componentes de acessibilidade essenciais para a construção dos materiais.

5. Componentes de Acessibilidade É essencial que os diferentes componentes do desenvolvimento Web interajam, para que o conteúdo seja acessível. Conforme a WCAG 1.05, os componentes de acessibilidade, mostram como a acessibilidade na Internet depende destes componentes no desenvolvimento web e da interação, e de como as diretrizes WAI (WCAG, ATAG, UAAG) se aplicam.

5 Informações retiradas do site :WCAG - Web Content Accessibility Guidelines 1.0(http://www.w3.org/TR/WCAG10/)

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5.1. World Wide Web Consortium (W3C6)A W3C tem o compromisso de levar a Web para o seu pleno potencial. Inclui a promoção de um

elevado grau de usabilidade para as pessoas com deficiência. A Web Accessibility Initiative (WAI) desenvolve o seu trabalho através da W3C, consenso baseado em processo, envolvendo diferentes atores na acessibilidade Web. Estes incluem indústria, organizações, governo, organizações, e muito mais. WAI tem orientações as especificações técnicas fundamentais da Web, e são desenvolvidas em coordenação com:

• W3C (HTML, XML, CSS, SVG, SMIL, etc)

5.2.Web Accessibility Initiative (WAI7) A WAI desenvolve estratégias, diretrizes e recursos para ajudar a tornar a Web acessível pessoas com necessidades especias, pois também desenvolve uma série de normas de acessibilidade e de orientações que são introduzidos em componentes essenciais da acessibilidade da Web.

WCAG 1.0, constitui uma parte das diretrizes da WAI que aborda o conteúdo da Web. A figura 1 apresenta como os componentes de acessibilidade se relacionam com usuários que usam navegadores Web, media players, tecnologias assistivas para interagir com o conteúdo e os desenvolvedores Web que usam ferramentas para criar e avaliar acessibilidade.

Figura 1. Como os componentes se relacionam Fonte: http://www.w3.org/WAI/

5.3.Web Content Accessibility Guidelines(WCAG)O W.C.A.G. 1.0 é um documento disponibilizado pelo W3C, que através de seu departamento WAI.

Esse documento é uma espécie de guia internacional de acessibilidade, mais conhecido como diretrizes de acessibilidade do W3C, ou diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo da Web 1.0. Essas diretrizes ainda não conseguiram ser superadas por nenhum documento internacional de acessibilidade, apesar das inúmeras tentativas, inclusive do próprio W3C, na versão WCAG 2.0. Dessa forma, vamos nos basear neste docu-mento como referência de acessibilidade na web, por ainda ser o mais completo. A figura 2 apresenta as ori-entações, acerca de, componentes de acessibilidade, pois essas diretrizes explicam como tornar o conteú-do das páginas web acessíveis.

Figura 2. Orientações para diferentes componente Fonte: Fonte: http://www.w3.org/WAI/

6 Informações retiradas do site: W3C - Web Wide Web Consortium (http://www.w3.org/)7 Informações retiradas do site: WAI – Web Accessibility Initiative(http://www.w3.org/WAI/)

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5.4. Authoring Tool Accessibility Guidelines (ATAG8)O ATAG são documentos que definem como as ferramentas devem ajudar os desenvolvedores da

web a produzir conteúdo Web acessível e que esteja de acordo com o WCAG 1.0, também faz parte de uma série de orientações acessibilidade, incluindo (WCAG WG) e (UAAG). Na segunda parte deste trabalho este documento será utilizado como orientação para produção dos requisitos e na construção dos materiais digitais acessíveis.

5.5. User Agent Accessibility Guidelines (UAAG9)O UAAG é um documento que explica em especial, como aumentar a acessibilidade do conteúdo

Web. Incluem navegadores Web, media players, e tecnologias inclusivas, que são softwares que pessoas com alguma deficiência utilizam para interagir com computadores. Também faz parte de uma série de orientações de acessibilidade, incluindo o WCAG e ATAG. É principalmente para os desenvolvedores de browsers, media players, e outros.

Este componente servirá para auxiliar a interação com as tecnologias assistivas; controle de como o conteúdo é mostrado ao usuário; acesso a todos os conteúdos, vinculados pelo mouse ou teclado.

6.Leis de Acessibilidade A WAI funciona como recurso para a abordagem jurídica e política de fatores dentro das organizações, incluindo uma lista de importantes leis e políticas em todo o mundo. Como resultado da Diretrizes WCAG 1.0, que é a principal referência mundial em termos de acessibilidade na Web, Portugal regulamentou em 1999 a adoção de regras de acessibilidade à informação disponibilizada na Internet pela Administração Pública para cidadãos com deficiência. Esta iniciativa impulsionada pela primeira petição inteiramente eletrônica apresentada a um parlamento, que contava com 9 mil assinaturas, transformou Portugal no primeiro país da Europa e o quarto do mundo a legislar sobre acessibilidade na Web. Em junho de 2000, ao aprovar o plano de adoção (e-Europe, 2002), que inclui o compromisso da adoção das orientações sobre acessibilidade do W3C nos sites públicos, o Conselho Europeu estendeu a iniciativa portuguesa aos 15 países da União Européia. No Brasil podemos destacar:

• O decreto número 5296, de 2 de dezembro de 2004 que regulamenta as leis nº10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência, e dá outras providências;

• O comitê CB-40 da ABNT, que se dedica à normatização no campo de acessibilidade, atendendo aos preceitos de desenho universal. O comitê possui diversas comissões, definindo normas de acessibilidade em todos os níveis, desde o espaço físico até o virtual;

• Diversas leis estaduais e municipais sobre o assunto.Recentemente, muitas iniciativas e trabalhos tem sido desenvolvidos tanto no âmbito nacional como

internacional. Devido à urgência de uma iniciativa governamental neste sentido, que se iniciou o trabalho de elaboração do Modelo de Acessibilidade do Governo Federal(2007), que tem com referência os padrões internacionais adaptados à realidade brasileira e que são mencionados a seguir neste trabalho.

6.1. Acessibilidade Do Governo Eletrônico(eMAG) Buscando atender e propiciar a acessibilidade dos sites Web governamentais, como proposto no eMag, foi desenvolvida a Cartilha Técnica (2005) de recomendações, que propõem detalhar a visão técnica do Modelo de Acessibilidade, expressando detalhadamente para a implementação das Recomendações de Acessibilidade, para a construção ou Adaptação de Conteúdos do Governo Brasileiro na Internet. A Cartilha Eletrônica do Governo Federal está dividida, de forma macro, em três níveis de prioridade de acessibilidade, sendo o Nível Prioridade de Acessibilidade 1 as exigências básicas de acessibilidade; o Nível de Prioridade de Acessibilidade 2 com as normas e recomendações que sendo implementadas garantem o acesso às informações do documento; e o Nível de Prioridade de Acessibilidade 3 com as normas e recomendações que sendo implementadas facilitarão o acesso aos documentos armazenados na Web. As Diretrizes de Acessibilidade do Governo Eletrônico buscam ao técnico a compreensão, a fixação e o domínio das recomendações aqui propostas. Elas não definem uma ordem de implementação, que cabe ao modelo de Níveis de Acessibilidade, contudo, agrupam as recomendações de acordo com a percepção do resultado, auxiliando nos testes manuais e implementadas nos testes automatizados, na qual veremos com mais detalhes nos tópicos seguintes.

6.2. Section 508Seção 508 exige que agências federais eletrônicos e tecnologia da informação sejam acessível à

pessoas com deficiência. O Governo dos E.U.A, foi encarregado da tarefa de educar empregados federais e 8 Informações retiradas do site : ATAG - Authoring Tool Accessibility Guidelines (http://www.w3.org/TR/WAI-

AUTOOLS/)9 Informações retiradas do site: UAAG - User Agent Accessibility Guidelines

(http://www.w3.org/WAI/intro/uaag.html)

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na construção da infra-estrutura necessária para apoiar a Section 508. Usando o site, os funcionários públicos podem acessar recursos para a compreensão e aplicação dos requisitos da Seção 508. Em 1998, o Congresso alterou a Lei de Reabilitação para exigir que agências federais que usam tecnologias da informação pudessem ser acessíveis às pessoas com deficiência. Section 508 foi promulgada a eliminar as barreiras da tecnologia da informação, a disponibilizar novas oportunidades para as pessoas com deficiência, e para encorajar o desenvolvimento de tecnologias que vão ajudar a atingir esses objetivos. A lei se aplica a todas as agências federais quando se desenvolver, adquirir, manter, ou utilizar as tecnologias da informação. A figura 3 mostra este selo como garantia da acessibilidade.

Figura 3. Selo de garantia sobre a Section508.gov

7. Técnicas de Avaliação de AcessibilidadeAs técnicas de avaliação de acessibilidade, são recursos que traçam diferentes abordagens para

avaliar conteúdo Web para a acessibilidade. A sua principal importância, refere-se às características relacionadas aos usuários, ou seja, significa que nenhum obstáculo pode ser imposto ao indivíduo face a suas capacidades sensoriais e funcionais. O Grupo GUIA(1999) aponta para alguns dos problemas enfrentados pelos usuários cegos:

• obter informações apresentadas visualmente;• interagir usando dispositivo diferente do teclado;• navegar através de conceitos espaciais;• distinguir entre outros sons e a voz produzida pelo sintetizador.

Neste trabalho, as técnicas de avaliação de acessibilidade devem ser feitas por meio de ferramentas automáticas e da revisão direta manual para solucionar os problemas enfrentados pelos usuários cegos. De acordo com Conforto e Santarosa (2002), os métodos automáticos são geralmente rápidos, mas não são capazes de identificar todos os aspectos da acessibilidade. A avaliação humana pode ajudar a garantir a clareza da linguagem e a facilidade de navegação .

Zúnica (2001), aponta vantagens e desvantagens quanto às avaliações/revisões manual e automática de páginas WEB, em que o ideal é a combinação dos dois métodos. O quadro abaixo sintetiza alguns desses aspectos:

Avaliação Validação Automática Revisão ManualVantagens • Produtividade;

• são vistos muitos aspectos simultaneamente;

• oferecem uma qualificação global de acessibilidade.

• Experimentar diretamente o que pode causar problema ao usuário;

• pode ser a única forma de revisar alguns aspectos básicos;

• detectar imediatamente flahas básicas de acessibilidade.

Desvantagens 1. Interpretação dos resultados exige conhecimentos básicos de acessibilidade;

1. Processo mais demorado;2. conhecer melhor o

problema;3. difícil de simular;

Quadro 1. Informações sobre Vantagens e Desvantagens das Técnicas manuais e automáticas.

Neste trabalho, podemos utilizar duas formas de avaliação, a automática e a manual. A seguir, algumas ferramentas e técnicas que ajudam na avaliação da acessibilidade que serão utilizadas na segunda parte deste trabalho.

7.1.Validador Automático - Da Silva

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O "Da Silva" é um software avaliador que detecta código HTML e faz uma análise do seu conteúdo, verificando se está ou não dentro de um conjunto de regras. Pode ser feita a análise usando as regras de acessibilidade do WCAG ou E-GOV. Todo o conteúdo produzido na segunda parte deste trabalho, terá que passar com prioridade 1. Após a validação da conteúdo, colocar o selo de acessibilidade(figura 4) utilizada para a identificação de sites acessíveis aos usuários com necessidades especiais. Este selo deve ser acompanhada pela sua descrição e texto do atributo ALT.

Figura 4 . Selo de garantia após os testes do Da silva.Fonte: http://www.dasilva.org.br

7.2. Validador Automático - BobbyEm 1995, Bobby CAST foi lançado como um serviço público gratuito. Ao longo da próxima década,

Bobby ajudou iniciantes e profissionais da web designers analisar e fazer melhorias para milhões de páginas da Web. Este trabalho CAST ganhou numerosos prêmios e reconhecimento internacional. Bobby foi vendida a Watchfire em 2004 que, por sua vez, foi adquirida pela IBM em 2007. Embora já não está disponível como um serviço gratuito, é um dos ensaios incluídos no IBM Rational Policy Tester Accessibility Edition software, a empresa global de aplicação para testar sites. Sua diferença para o validador da silva são suas diretrizes, pois o da silva é baseado nas leis do Brasil como E-gov e o validador automático Bobby para a Section 508 dos EUA. Portanto, não será utilizado. A figura 5 mostra o selo de acessibilidade validado pelo Booby.

Figura 5. Selo de AcessibilidadeFonte: bobby.com

7.3.Validação Automática - Ferramentas de PlaybackTipo de teste automatizado muito eficaz para registrar a navegação do usuário em diversas

aplicações. Esta etapa do teste é recomendada na finalização dos requisitos, quando a aplicação já estiver estável. Quando o usuário estiver pronto para iniciar a navegação é disparado através de um botão de “play” a gravação da interação do usuário.

Será classificada na etapa de testes como tipo de dados coletados conforme (Hix e Hartson, 1993):• Dados Objetivos : Medidas observadas diretamente, tipicamente com relação ao desempenho do

usuário ao utilizar a aplicação.

7.3. Validação Manual – Navegadores Técnica de teste manual, que utiliza a interface gráfica do usuário (GUI) do browser, como Firefox, Internet Explorer, Opera, Safari, e outros, para analisar a seleção de páginas, enquanto ajustado algumas configurações no navegador ou sistema operacional. O teste consiste em, examinar o conteúdo selecionado quanto a equivalência das informações disponíveis no navegador e se a informação é apresentada de uma forma significativa para a leitura. Nota: os usuários cegos, podem precisar de um parceiro vidente para comparar as informações disponíveis visualmente; se avistado, escutá-lo com os olhos fechados, em seguida, abra os olhos e confirmar se a informação é equivalente. A técnica de Teste de Acessibilidade na navegação pelo teclado, no caso específico de pessoas cegas, o uso do teclado comum se dá através dos dedos indicadores colocados nas teclas das letras "F" e "J" que, por padrão, possuem um relevo em sua parte inferior. A partir dessas referências, pode-se teclar decorando-se as posições de cada letra. Assim, seguindo-se o posicionamento do indicador esquerdo na letra "F", onde existe o relevo, sabe-se que o dedo mínimo, também esquerdo, encontrará a letra "A", que subindo-se o dedo médio uma carreira, encontraremos a letra "E", e por aí em diante. Também teríamos exemplos para a mão direita, orientando-se a partir da tecla da letra "j". Caso não haja relevo nas teclas mencionadas, basta grudar um durex ou esparadrapo nas mesmas para poderem servir de referência. O número 5 do teclado numérico, à direita, também possui relevo. Os próprios navegadores permitem que, através de teclas de navegação próprias, se possa cumprir inúmeras funções que, normalmente, são realizadas através do mouse. Assim, por exemplo, podemos sair de um navegador clicando, com o mouse, um "x" na parte superior direita da tela, como também indo no menu "fechar" do navegador. No entanto, podemos fazer o mesmo através do conjunto das teclas alt e f4, quando tecladas simultaneamente. Ao se pressionar o alt e logo o f4, o programa fecha. Da mesma forma, boa parte das outras funções do navegador que são realizadas pelo mouse, possui alguma ação simultânea que possa ser realizado pelo teclado. Abaixo, segue um exemplo de teclas de atalho com comandos java script para auxiliar no acesso aos materiais digitais. A figura 6 mostra exemplos de comandos com funcionalidade

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através do teclado.

Figura 6. Ilustra comandos em Javascript

Fonte: Paloma Costa

7.4. Validação Manual - Equivalentes Textuais Podemos dizer que os exemplos mais comuns de elementos não textuais são imagens de figuras, fotografias, botões, animações, linhas horizontais separadoras, mapas, filmes e sons. Letras e textos artisticamente planejados, desenhados na imagem, usados para títulos, cabeçalhos ou logos de empresas não são texto. Texto significa somente o que é chamado de "texto real", digitado no teclado. Esses elementos não textuais podem ser tranquilamente utilizados numa página acessível, apenas devemos usar equivalentes textuais para dar oportunidade de todos os usuários percebê-los , para que os leitores de telas possam perceber essas informações. Na figura 7, mostramos um exemplo de equivalência textual.

Figura 7. Imagem de Chaplin sem e com equivalência textual

Fonte: www.acessibilidadelegal.com

Outras técnicas podem ser inseridas na segunda parte deste trabalho, mas as principais são as já listadas.

8. Proposta de Materiais Educacionais Acessíveis A proposta deste trabalho será criar conteúdo acessível para cegos de 14 à 65 anos, porque nota-

se um elevado crescimento de pessoas com cegueira e que buscam atuar no computador como ferramenta de comunicação e recurso de aprendizagem. Os materiais digitais educacionais irão seguir uma metodologia de criação apropriada para compor as principais diretrizes e orientações técnicas de acessibilidade, visando oferecer interação nestes materiais. Alguns exemplos de materiais a serem produzidos são: notícias e textos gravados em áudio, áudio vídeo descrição, podcast e slides multimídia.

De acordo com Dias(2002), uma propriedade importante dos materiais web é a compatibilidade com o contexto de uso, pois ao confeccionar os materiais deve-se ter em mente a capacidade de atender às necessidades dos usuários, auxiliando-os a realizar tarefas identificadas durante a fase de planejamento e especificação. Na segunda parte deste trabalho, todo o material produzido será disponibilizado ao Creative Commons, que é, uma entidade sem fins lucrativos criada para permitir uma maior flexibilidade na utilização de obras protegidas por direitos autorais. A idéia é permitir uma utilização mais ampla de seus materiais, mas sem infringir as leis de proteção à propriedade intelectual.

A seguir são apresentados os materiais a serem desenvolvidos durante a segunda etapa desta pesquisa.

* Portal WebO portal para disponibilização dos materiais usa Open Source Content Management System Plone e

foi projetado para ser acessível e utilizável, funcionando em conformidade com as Diretrizes para a Acessibilidade do Conteúdo da Web (WCAG v1.0), apresentado abaixo na figura 8.

Atualmente sua validação XHTML 1.0 e CSS está em conformidade com as especificações da W3C e nível de acessibilidade AA, medido segundo a versão 1.0 do WCAG de acordo com a section 508 dos EUA.

Busca-se alcançar preferencialmente, o nível de acessibilidade AAA, medido pelo “Da Silva” do governo federal brasileitro, que será na segunda parte deste trabalho, enviar um email com informações de possíveis correções encontrados com o avaliador da Silva.

Objectis é um serviço gratuito que permite o gerenciamento de conteúdo dinâmico para aplicações Zope ou Plone garantindo hospedagem gratuita do material que será produzido. Especificação Técnica do Portal:

• Plone 3.1.1

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• CMF 2.1.1 • Zope 2.10.5-final, python 2.4.4, linux2• Python 2.4.4 (#2, Oct 22 2008, 20:20:22) [GCC 4.1.2 20061115 (prerelease) (Debian 4.1.1-21)] • PIL 1.1.5

Figura 8 . Portal para disponibilização dos MateriaisLink do Portal já disponível: http://qualidade.objectis.net

* Vídeo Áudio DescriçãoA vídeo áudio descrição é uma técnica que surgiu como serviço específico para a descrição das

cenas para as pessoas com deficiência visual. Um recurso que permite a inclusão dessas pessoas no cinema, no teatro e em programas de televisão. O trabalho consiste em preencher apenas os espaços sem diálogo ou sem ruído. A áudio descrição precisa ter harmonia com o filme. É preciso um grande poder de síntese e noção de como as informações podem ser dadas de forma clara, percebendo o foco principal de cada cena.

Algumas das regras principais da áudio descrição é não antecipar, não julgar e nem tentar explicar o filme. O áudio descritor tem de ser fiel ao exposto na tela. Não pode dar a própria opinião e nem informações subjetivas, como ‘o homem está emocionado’, mas se ele está chorando, por exemplo. Em produtos audiovisuais, a áudio descrição é adicionada em um segundo canal de áudio. No caso da televisão, através de um canal que disponibilize esta banda extra de áudio, geralmente acionada pela tecla SAP (Programa Secundário de Áudio) dos televisores. Neste trabalho a áudio descrição será do tipo “áudio descrição gravada”, em que o processo se dá nas seguintes etapas:

o Estudo e Roteiro: O roteirista estuda a obra a ser descrita e produz um roteiro com os textos a serem narrados.

o Ensaios e Ajustes: Depois do roteiro pronto, o ator-áudio descritor deverá ensaiar a colocação das falas narradas nos locais previamente escolhidos. Este é o momento onde ocorrem pequenos ajustes de tempo ou a troca de uma palavra por outra para que a descrição fique adequada.

o Gravação: Com o roteiro pronto e já tendo ensaiado, o ator-áudio descritor executa a gravação das descrições contidas no roteiro.

o Sincronização: O arquivo de áudio extra, contendo a áudio descrição, é editado e mixado na banda sonora original do filme ou programa, no caso da televisão e do DVD, e por meio de um canal extra de áudio. No caso do cinema, o arquivo de som é transmitido para fones de ouvido, para que essas informações complementem o

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som original do filme.Nestes materiais, a áudio descrição gravada é desenvolvida na segunda parte deste trabalho.

*Podcast Os podcasts, também chamados de podcastings, são arquivos de áudio transmitidos via web. Neles, os internautas oferecem seleções de músicas ou falam sobre os mais variados assuntos, exatamente como acontece nos blogs. A palavra que determina esta nova tecnologia surgiu da fusão de iPod (toca-MP3 da Apple) e broadcast (transmissão via rádio).

Os materiais produzidos e gravados como mp3 visam disponibilizar conteúdo didático pedagógico e dispensam os sintetizadores de tela. Foco para cegos a partir de 14 anos, como justificado anteriormente. A segunda parte deste trabalho terá a produção destes materiais com o uso do software Audacity que é Software Livre.

*SlidesOs slides ou apresentações, visam disponibilizar conteúdo didático pedagógico gravado por voz,

dispensando o sintetizador de voz. Produção na segunda parte deste trabalho.

9.PlanejamentoDurante a etapa de design, é necessária a avaliação da acessibilidade em todo o processo de

desenvolvimento. Sendo assim, pode-se identificar precocemente problemas de acessibilidade enquanto é mais fácil de resolvê-los. É importante identificar as ferramentas e os seus requisitos quando selecionado para uma avaliação adequada seguindo a especificação.

9.1.Metodologia de Desenvolvimento dos Materiais Educacionais DigitaisA Metodologia para criação de Materiais Educacionais com Acessibilidade, é mostrada na figura 9

com as etapas do ciclo de design em que será aplicado a avaliação construtiva de acessibilidade, utilizada neste trabalho. Conforme(Prates e Brabosa, 2003; Hix e Hartson, 1993) a avaliação construtiva é realizada ao longo do processo de design, em que consiste examinar sobre os requisitos, como está sendo utilizado, assim como através de testes informais, de forma rápida.

Metodologia para Criação de Materiais Educacionais com Acessibilidade

Avaliação

DesignConstrução

Testes

DesignPlanejamentoRequisitosStoryBoardQuestionárioMapa Mental

ConstruçãoProdução dos MateriaisChecklist de desenvolvimentoCriar cenários

TestesChecklist de TestesAnálise EmpíricaAnálise InformalMetricas

AvaliaçãoValidadores Automáticas Validação ManualEntrevistasObservaçãoRegistro de UsoDados ObjetivosDados SubjetivosDados QualitativosDados Quantitativos

Figura 9. Metodologia de Criação de Materiais Digitais EducacionaisFonte: autoria própria

Como mostra a figura acima, a avaliação da acessibilidade é uma prioridade em todo o processo de desenvolvimento, desde o primeiro rascunho, pois consiste em, compreender o mundo real; comparar alternativas de design; alcançar objetivos e verificar conformidade com um padrão, portanto para os

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conteúdos web, a implementação sofrerá as alterações necessárias e confirmada à acessibilidade. Este processo está de forma iterativa para a construção dos materiais.

Na fase de Design, será utilizado mecanismos que ajudam a compreender como funciona o acesso aos materiais, bem como a estrutura do conteúdo e da navegação. O planejamento, requisitos, mapa mental, storyboard e questionário para usuários cegos irão ajudar a identificar as maiores necessidades e também dificuldades encontradas. É uma etapa essencial do processo de design, através da qual obtemos indicações do grau de sucesso do produto (Barbosa,2002; Preece et al.,1994).

A fase de Construção, consiste em desenvolver Conteúdo Acessível e deve englobar os componentes de acessibilidade para garantir materiais acessíveis.

• Desenvolver acessibilidade com as Diretrizes do Governo Federal(e-Mag);• Fazer avaliação com o DA SILVA durante a construção do conteúdo;

• Análise com um navegador somente de texto;

• Análise com navegador próprio habitual (IE, Firefox);

• Análise com o navegador Ópera, pois possui muitas funções de acessibilidade;

• Ativar e desativar imagens, frames, flash;

• Incorporar as políticas de acessibilidade da Web, (Cartilha eletrônica);

• Especificar o processo de avaliação a ser usado, e garantir a qualidade do processo;• Recolher dados para a compreensão de erros relacionadas à acessibilidade; • Concentrar em áreas específicas de preocupação de acessibilidade para os potenciais

problemas, e não o uso geral do site.

A fase de testes consiste na seguinte análise prever problemas, interpretar dados, métodos de avaliação conforme (Mack e Nielsen, 1994):

• Informal: avaliar através de um checklist de acessibilidade e testes exploratórios; • Empírico: realizar testes com participantes cegos, a fim de incluir questionários e registro de

uso, para o recolhimento de dados.Veja abaixo as técnicas que podem ser utilizadas para Avaliação:

• Técnica para coleta de dados conforme (Prates e Barbosa,2003) que irão complementar a avaliação:

o entrevistas, experimentos, coleta de opiniões de usuárioso observação de usuárioso registro de uso

• Tipo de dados coletados conforme (Hix e Hartson, 1993), que devem ser utilizados após a técnica de de coleta de dados, durante a avaliação:

o Dados Objetivos : Medidas observadas diretamente, tipicamente com relação ao desempenho do usuário ao utilizar os materiais.

o Dados Subjetivos : Representam a opinião, geralmente dos usuários, com relação à qualidade de uso dos materiais.

o Dados qualitativos : São resultados não numéricos, tais como listas de problemas encontrados e sugestões para melhorar o projeto de interação.

o Dados quantitativos : São aqueles que podem ser representados numericamente(quantidade de erros, grau de satisfação do usuário, etc)

Para que seja continuada a qualidade dos materiais, por exemplo, devemos responder aos feedbacks dos utilizadores sobre informações e dúvidas no portal onde serão hospedados os materiais. Lembrando que, as avaliações da acessibilidade dos conteúdos, devem estar presente em todas as fases da criação dos materiais acessíveis.

10. Considerações Finais As novas tecnologias da informação devem ter por objetivo tornar os conteúdos WEB mais acessíveis a um conjunto diversificado de atores sociais. A acessibilidade passa a ser entendida como sinônimo de aproximação e um meio de disponibilizar a cada usuário interfaces que respeitem suas necessidades e preferências. Nessa direção, é fundamental desencadear um movimento social de ruptura com as lógicas da exclusão e da insensibilidade, pois, segundo Assmann(1998), ao excluirmos sujeitos, podemos estar sendo coniventes com o crime de apartheid neuronal, pois, ao não propiciarmos ecologias cognitivas a seus atores sociais, estamos, de fato, destruindo vidas.

A simples utilização da tecnologia pela tecnologia não é suficiente para a contemplação de uma

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nova metodologia cognitiva. O diferencial estará no planejamento pedagógico em que esses recursos digitais estarão inseridos. É preciso contemplar uma pedagogia baseada na pesquisa, no acesso às informações, na complexidade, na diversidade e imprevisibilidade, de modo a possibilitar a criação de novos ambientes cognitivos (Delcin, 2005). Para conquistar tal objetivo, torna-se necessário haver um planejamento prévio a respeito do público-alvo, do conteúdo a ser abordado, das mídias a serem adotadas e da maneira que elas serão relacionadas no material educacional digital. É preciso estudar não somente questões ergonômicas como usabilidade, acessibilidade e programação, como também relacioná-las a fatores pedagógicos, cognitivo e sócio afetivos do público-alvo em questão.

REFERÊNCIAS

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