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953
.' RESERVADOl ( <,Ii'i 1 1 '" li', , ~1'\\:: I' i( li I i ,li " li !\I , < \:\ \1: li;' . I' - b :] I .~ A presente obra é composta de dois volumes, cujos assun~ tos sao os abaixo discriminados: 19 VOLUME - UMA EXPLICAÇÃO NECESS~RIA INTRODUÇÃO • A VIO~NCIA EM TRES ATOS • A TERCEIRA TENTATIVA DETO~ffiDA DO PODER 1964 - ENGAJAMENTO DAS FORÇAS ARMADAS (1969) ,I 29 VOLUME - 3~ PARTE \ • A TERCEIRA rfENTATIVA DE TOHADA DO PODER 1970 - 1973 4~ PARTE •A QUARTA! TENTATIVA DE'TOMADA DO PODER 1974 - ••• \ , , 11E S E. RV f\ O O\ " ,

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    RESERVADOl

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  • CAPITULO II

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    2

    XVII

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    ...............

    .........................

    ...............................

    a o., _._u_ .. _.~_. _._ . , - .........

    ..........~.............................

    O Partido Comunista do Brasil (PCB) A Aliana Nacional Libertadora (ANL)

    ,

    A aprovao d~ Internacional Comunista ..A Intentona . ~

    I:\

    A vinda dos estrangeiros ~.~.~

    789

    A ase do obscurantismo e da indefinio .. ~. 11As atividades do PC-SBle ~A formao do PC-SBIC

    __ ,_,"4"

    J.. A mudana da linha da Te .. 1414

    1617

    1920

    A INTENTONA COMUNISTA

    ~. A Internacional comunis~a

    3. O Trabalho de Massa

    2 .Os caminhos da revoluo :i

    .2.3.-4.

    ...J.. Os objetivos da Revoluo Comunista

    O ~ARTIDO COMUNISTA - SE9 BRASILEIRA DA INTEN~ACIONAL.'"COMUNISTA(PC-SBIC) ,1

    . 1

    - 'CAP1TULO III

    ~ PRIMEIRA TENTATIVA DE TOMADA DO PODER

    ..A .:FONTE DA VIOL~NCIA

    .- CAPITULO I "

    " .

    A VJ:O~NCIA EM T~S ATOS

    ~. Primeiro ato

    .- la PARTE

    , .

    _ .UMA EXPLICA!O NECESS~IA _ ' XIII

    19 'VOLUME.'

    ,

    , .

    . _ J:NTRODU~O '.......................................... XVII

    ._--------.,-1 R" E S E R V A O OI,

    SUMARIOAS TENTATIVAS DE TOMADA DO PODER

    ~. Segundo ato XIX

    3. Terceiro ato . XXII~. Violncia, nunca mais~ XXVI

    iI'

    II

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    AS TENTATIVAS DE TO~mnA DO PODER-- SUMRIO - Continua9o II

    CAP1TULO IV

    J. A violncia comunista . 332. Bernardino Pinto de Almeida e Afonso Jos dos San

    'OS CRIMES DO PCB

    A volta clandestinidade .

    CAPITULO V

    2526

    2728

    2930

    Janei~,o li "

    . .

    Agostd" .. "IV Congresso . 0

    "Manifesto de"Manifesto de

    A legalizao do PCB

    o PCB E O CAMINHO DA LUTA ARMADA

    1. A reorganizao do PCB 2.3.4. O5. O6. O

    li1),

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    tos ... ~..... '.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 343. "Elza Fernandes" 35~. Ma~ia Silveira e Domingos Antunes Azevedo 38

    2a PARTE

    A SEGUNDA TENTATIVA DE TOMADA DO PODER

    CAPITULO I

    AS DlVERG~NCIAS NO MOVIMENTO COMUNISTA

    'I. A IV Internacional 422. O PORT quebra o exclusivismo do PCB 433. O XX Congresso do PCUS f' . 454. O V Congresso do PCB ~ ~ 46"5. PC do B: a primeira grande ciso no PCB 486. POLOP: uma criao da esquerda independente 507. AP: uma criao da esquerda catlica 52

    CAPTULO II

    A At'1hOCOMUNISTA" '.Y"'"~ -.... -- ...--. -.---- -- ..- ..-L'.

    . ~~

    O PCB e seus objetivos ...Reforma ou Revoluo? ..:As Ligas Camponesas .As crises polticas de junho e julho de 1962 Jango obtem plenos poderes

    1.2.3.

    4.-\-5.'1- 6.

    A explorao das dificuldades e das ambies 56

    5759616364

    c:: ,: n \I ~ n n , 0 _

    . I.,

    i \

  • f'. ~

    ...- .............. 124mandato presidencial

    iniciais ' 122desenyolvimento -:+23

    o iderio da Revoluo de Maro ~ 117

    O Ato Institucional n9 1 , 118~ .

    A eleio de Castelo Branco ~20

    Os desencontrosS.A estratgia do6. A prorrogao do

    :1.2.3.4.

    CAP1TULO 111

    CAPTULO IV

    A'REVOLUO DEMOCRTICA DE 1964~. Ascenso e queda de Goulart ~ 99

    2. A'iniciativa da reao ..1003. A'reao. no Campo Poltico ~__'.1024. O apoio da imprensa ....1035. Amplia-se a reao ~ ~1046. As mulheres envolvem-se decididamente ~106

    ,. I

    7.A evoluo da posio ~os militares .~l078. A vitria da democracia .'1119. O pronunciamento dos polticos ~112

    O ASSALTO AO PODER

    7. Crescem as'presses para muan~s 668. O Movimento Campons ~.699. Cedendo s pressoes ~~.~. 71

    ~. A rebelio dos sargentos de Braslia ' 74

    2. O Estado de stio ~ ~ 773~ A frente 6nica ~~ 794. Os Grupos dos Onze ~ 805. O plano revolucionrio . 846. O comicio das reformas '................. 857. A rebelio dos marinheiros no Rio de Janeiro ~.86.8. A.reunio no Automvel Clube . 89

    .A TERCEIRA TENTATIVA DE TOl1ADA DO PODER

    - CAPTULO I

    ,1964

    -3a PARTE

    !RESERVAOOAS TENTATIVAS DE'TO~A DO PODER - SUMRIO - continuao II1

  • . -,.'V.-.

    .~n E S E 'H V A O O1AS TENTATIVAS DE TOMFnA DO PODER - SU~\RIO- Co~tinuao IV

    i\

    ,

    AS

    ~"\P!TULO II

    1965

    131

    132

    134137

    139

    126

    128128

    129

    130

    ..................

    ......................

    As eleies de governadores ~

    O Pacto de Montevidu e a Frente Popular de Liber-tao (FPL) '. _. ~

    Influncias marxistas na Igreja iI

    Um mil novecentos e ses~enta e quatro

    CUba e o foquisrno .

    As pri~eiras denncias de torturas .Pega ladr~o ~ 0 .

    B i 1 "O - po t 1 11r zo a e a peraao ~n ass~ go O PORT e suas ligaes com o Movimento Rural do ~rordeste e com Brizola 7

    o Ato Institucional n9 2 O Movimento Estudantil inicia as manifestaes .

    8. O PCS: uma linha radical 9. O PC do B: uma linha revolucionria .

    A POLOP e a "Guerrilha de Copacabana"

    7. O restabelecimento da ordem

    I. A Revoluo estreita suas bases2.

    3.4.5.6.

    13.14.1.5.16.

    10.11.12.

    7. Jefferson Cardin e as escaramuas das Foras Arma-das de.Libertao.Nacional (FALN).

    8. O ~CB: mudana para a linha de massa :9. A AP transforma-se numa organizao revolucionria

    1~. A POLOP e Brizola 11. Um mil novecentos e sessenta e cinco .............

    CPTULO III

    1966. .

    ~ .A continuidade da poltica Econmica 1602. O~umprimento do calendrio eleitoral 1613. Nova Constituio -; -~. 162

    ,

    4. O Movimento Estudantil inicia o enfrentamento 164

    ~-----------I R F. S E R V AOO~~---------_...J'r

    (~~) I

    5. Cuba e a Tricontinental, a OLAS e a OCLAE 6. O Movimento de Resistncia Militar Ncionalista

    (MRMN) e a Resistncia Armada Nacionalista (RAN)7. Brizo1a e o Movimento Nacionalista Revolucionrio

    11I

    II~

    8. Acirramento da luta interna no PCB ...............

    165

    168

    170

    171

  • . .

    . IRESERVADO.AS TENTATIVAS DE :'TOMADADO PODER - SUM1\RIO - Continuao ~ V

    9. O PC do B inicia a preparao para a luta armada 17210. O PCR ea AV: duas' dissidncias '0.0 PC do B 17411. A AP intensifica suas a~ividades ~.~ ~12. O refluxo do PORT . 17613. A POLOP consolida a sua doutrina . ~ 17714. Um mil novecentos e sessenta e seis 177.

    182

    183184187

    189 .190

    191193

    195198199200

    202203

    204206

    208209210212

    ....................

    CAPiTULO IV

    1967

    1. 'Inicia-se a volta norm~lid~de

    7. O MNR, Capara e a Guerrilha do Tringulo Mineiro ~f~-::----=--:---:-- -----8. 1..s atividades da RAN '9. As dissidncias e o VI Congresso doPCB ~~

    10~ A Dissidncia de Niteri e o primeiro.MR-8 11. A.~ormao da Dissidncia da Guanabara .

    ~ 12. O Agrupamento Comunista de so Paulo 13. O "Encontro" da Corrente Revolucionria .~.~.

    . . .

    14. O PC do B fortalece a luta ideolgica .~15. A Ala Vermelha do PC do B assume a posp foquis~a.16. O Debate terico e ideolgico da AP .~17. O IV Congreiso e os "rachas" da POLOP

    ~18. A Fora Armada de Liber~ao Nacional (FALN).~~19. Atividades do clero na subverso ...1 20. Um mil novecentos e ses~en~a e sete w~

    .3. A Frente Ampla _. ~4. O aparente refluxo do Movimento Estudantil .~.

    .

    5. A reorganizao do Movimento Operrio e S'indical 6 . A OLAS e a I COSPAL l

    1. O "caminho das pedras" 2162. A retomada do desenvo1vimento~ 2183. As "pedras do caminho" ~ 218

    . .'

    '4. O Congresso Cultural de Havana '221. ~ .

    5. O Movimento Estudantil.de~encadeia o enfrentamento.g~neralizado _._,. 222

    6. As manifestaes operrias . 230

    2. As dificuldades polticas

    RESERVA09

    CAPTULO V

    1968

    ~ \

  • I.I" 0-,

    27. O surgimento do Movimento de Ao Revolucionria -(MAA) 27 6

    305307308310311

    278281283286295

    259

    257

    232

    234

    Continuao VI

    Bcvolucionria

    .e

    RESERVADO

    Costa e Silva .............4..............

    fRE SE n V~~'

    DE TO~mnI\DO PODER - SUMRIO -

    eleio de um novo Presidente eleio do Presidente Mdici e a.novaC':I11stituio.,Movimento Estudantil entra em descenso

    o Ato Institucional n9 5

    o surgimento do Movimento popular de Libertao(MPL) Atuao de padres estrangeiros na subverso Expande~se pelo mundo a violncia estudantil Um mil novecentos e sessenta e oito

    o PCB estrutura-se para o Trabalho de Massa A formao do Partido Comunista Brasileir; Revolu-cionirio (PCBR)

    2. O

    3. A4. A

    5. O~

    1. Reflexos do AI-Simpedimentolde

    CAPTULO VI

    1969

    29.30.31.

    32.

    28.

    (VPR) 26222. O assassinato do Capito Chandler ~ ; 26623. A definio ideolgica da AP 27024. Ncleo Marxista-Leninista (NML), uma dissidncia da

    AP 27325. O surgiment~ da Frao Bolchevique Trotskista (FBT). 27526. O surgimento da organizao Combate 19 de Maio (OC.

    19 Maio) . "................................. 276

    21. Osurgimento da Vanguarda popular

    9. Da Ala Marighela ao Agrupamento Comunista de soPaulo . 238

    10. Frades dominicanos aderem ao Agrupamento Comunista. 24411. AC!Spexpande-se alm do eixo Rio-so Paulo ~12. O surgimento da Corrente em Minas Gerais 24713. O PC do B recebe adeses 25114. A Ala Vermelha do PC do B inicia os assaltos 253

    .

    15. O PCR tenta realizar trabalho no campo 25416. O MR-8 estende suas atividades ao Paran 25517. A DI/GB atua no Movimento Estudantil S~

    i . .18. A Dissidncia da Dissipncia : 25619. O surgimento do Partido Operrio Comunista ~20. O surgimento do Comando de Libertao Nacional (CO-

    ~INA) 0 ~ ~ ~

    1_')7.'XII '.'~".8.

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    AS TEN'l'2'..'l'IVI\S

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    - II

    312313

    318321323326330332335337

    339343348351

    continuao VII

    central .Preto/SI' e no Cear ~

    , ,

    na subverso ................

    352

    Marx, Mao, Marighela e Guevara - M3-G 354O pc do B e a Guerra popularl 357

    A consolidao da Ala Vermelha , 359O surgimento do Movimento Revolucionrio Tiradentes'(MRT I 362

    ALN: as a5es na Guanabara ~

    ALN: as "quedas" em so Paulo .Os dominicanos levam Marighela morte ~.ALN: remanescentes reestruturam-se em so Paulo FALN: a aproximao com a Igreja e o seu desmantel~men to ...... ,- . . .. ............. ..... .. ,

    ALN em'RibeiroALN no Planalto

    Os dominicanos'ALN: a guerra psicolgica .

    6. O PCB desencadeia a "guer'rade papel" 7~ A fuga da penitenciria e a desarticulao do MAR

    O PCBR inicia as a5es armadas~ .O fim da Corrente .......... ~...Ao Libertadora Nacional (ALN) ~ALN - Ascenso terrorista em so Paulo

    21.22.

    23.

    24.

    RESERVADO

    125 O pCR atua no campo ~ 365I 26. O fim do primeiro MR-8 .. J-L.A -&-a~-"'-~9-S- -'

    I 27.'A DI/GB inicia as aes ~rmadas e assume a siglaMR~. n .

    28. O sequestro do Embaixador Charles Burke Elbrick 370. .

    29. Os prenncios da ciso dQ pOC 379/----l 30. O COLINA funde-se com a VPR . ~~~

    31. VPR: as "quedas" do primeiro trimestre e a fuso como COLINA . _ ~ . ,. '. ! 385

    AI" d -". . 388~32. A VAR-Pa mares e a ,gran,e aao ~,~33. VAR-p: O "congresso do Racha" ~ 392~4. A VAR-P encerra o seu I Congresso Nacional 396

    35. O ressurgimento da VPR .~ 39836. Resistncia Bemocrtica (REDE) 400

    ,

    37. A "Corrente Dois'" da AP funda o partido Revolucio-nrio dos Trabalhadores 403

    38. A FBT estrutura-se em nvel nacional ~. 406,.

    39. MPL: ~uta Armada x Conscientizao das Massas 40640. Do MNR surge o Grupo independncia ou Morte :. 41041. Um mil novecentos e sessenta e nove .......,. 411 r,

    8.9.

    10.11.12.13.14.15.

    16.

    17.\X18.

    19

    .rx. 20.

    IRESERVADOAS ~ENTATIVAS DE'TOMADA DQ PODER - SUMRIO

  • -------------1' RESERVAOO1P""" I ,1--------------

    lo!; TENTA'l'IV1\SDE TOMADA DO'PODER - 5UHRIO - Continuao... VIII

    f\III

    -CAPITULO VII

    o ENGAJAMENTO DAS FORAS A~mnAS"1. A intranquilidade crescente

    3. Moleque sabido . o ~

    4. A revelao surpreenden~e .5. A cilula subversiva do 49 RI ~ ~6. O assalto ao 49 RI ...

    458

    418

    418420421423426428431434437439443448

    452

    453

    ...........................................2. O acaso

    7. Inexperincia? ...................8. O fio da meada ............9. Intensifica-se o trabalho' na Cia PE

    10. Modificaes no esquema de segurana 11. ~ criada a "Operao Bandeirante" - OBAN 12. Dificuldades e desencontros 13. Os Cent~os de Operaes de Defes~ Interna - CODI

    . I .

    14. Evoluo na estrutura d9sODI/DOI ~15. A batalha perdida ~ :~.~

    'ANEXO A- QUADRO DE EVOLUO DAS ORGANIZAOES'SUB-VERSIVAS NO BR1\SIL ATt: 1973 '.i

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  • .....----------r~E S E R V A O O]r-- X_'V---,UMA EXPLICAAo NECESSRIA

    No final dos anos sessenta, diversas organizae5 clandestinas de corte comunista iniciaram uma nova tentativa de tomadado poder, desta vez por meio da lu:t-aarmada.

    Ao iniciarmos as pesquisas para este trabalho, nosso obj~tivo era estudar os fatos que compoem esse episdio entre os,anos de 1967 e 1973. Pelo conhecimento que tnhamos, tal pero-do enquadrava os anos em que a luta havia sido mais acirrada e

    violenta.Para a compreensao dessa luta,foram suscitadas muitas peE

    guntas: Como se formaram? Qual a inspirao ideolgica? Quaisos objetivos das organizaes subversiv~s nela empenhadas? Qualo carter da revoluo que pretendiam fazer? Quais as experin-cias externas que pr~cu~aram apreender? Quais os modelos e mt~dos revolucionrios que tentaram transplantar para nosso --~ais?Como se estruturaram? Como se compunha sua infra-estrutura de~poio, de inteligncia, etc.? Em!que segmentos sociais e de queforma recrutavam seus quadros e 'como os formavam no Pas e noexterior? O que buscavam ao perpetrar assaltos, seqestros, as-sassinatos e outras formas cruentas de terrorismo? Que objeti-vos alcanaram com essas aes?

    As indagaes, porm, .no se esgotavam em torno dessas or-ganizaes clandestinas. Envolviam o prprio Estado e o sistemapol~tico vige~te. O nvel que as aes terroristas alcanarampolocava em cheque o monoplio da fora armada organizada? Tir~va do sistema poltico a sua caracterstica de universalidade ea qualidade final de sua fora? O seu combate exigia o ~nvolvi-mento das Foras Armadas? Era ~mprescindvel que provoc~sse a i~estri~o da liberdade e que.,se suprimisse do pbliGO as infor- .maes a que tem direito numa sociedade democrtica?

    t,sabid9 que as'aoes ~mpreendidas acabaram por envolver,, '

    as Foras Armadas, e a esse resp:ito outras questes tinham queser levantadas porque fazem ~arte da luta a ser exa~inada. Estavam as Foras, Armadas preparrdas.e estruturadas para esse combate inslito? Tiveram que pro~ov~r'alt~raes na sua estrutura,na instruo, nos seus efetivos, na conduta das operaces?:

    ,

    Que sacrifcios lhes foram impo~toS? Como atuaram? Venceram ai~ .~); , ," -. j

    'luta? Mas o fizeram' em todos os seus aspectos? 'iNaturalmente saoamos que, para responder a es,saambicio-

    sa lista de'indagaes e a outras que surgiriam no ~ecorrer do

    ----------1 R E S E R V A. O ,O l----'---------.::=====-:---::::_- --'.."

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  • .-

    o recuo ao passado colocou-nos diante de urnaoutra'viso:a do processo mais amplo da subverso que.se materializa em no~so Pas, na seqncia dessas tentativas de tornadado poder pe-los comunistas, nas suas diferentes formas. Se a extrapolaodo limite anterior do perodo inicilmente fixado mostrou-se importante, muito mais o seria no seu outro extremo, buscando urnaviso alm de 1974 -- urnaviso dO,hoje. Ai tivemos a percepaontida daquilo que consubstan~ia a quarta tentativa da tornadado poder.,

    Essa tentativa de fato j teve incio h alguns anos. Vencida',na forma de luta que escolheU' -- a luta armada _" a es-querda revolucionria tem buscado transformar a derrota militarque lhe foi imposta, em todoswos qua~rantes do territ6rio nacio

    ..nal, em vit6ria poltica.

    Ap6s a autocritica, urnaa uma ,das diferentes organizaesenvolvidas na luta armada, concluram Que foi um 'erro se lan-

    ----------.,--[~.~_sE nV A O O \ _._'-a:-:;"''J:Zr~F~

    E~SE fi V A ~~ XV,Il

    temtrabalho, teramos que ultrapassar os limites do perodo depo, prevfarnente estipulado, como foco de nossa ateno.

    Era de nosso conhecimento, por exemplo, que a primeiradas organizaes da esque~da revolucionria havia sU~gido em1961 e que outras tiveram origem no perodo que medeia ess~ anoe 1967. Sabillnos,tambm, que quase todas as organizaes haviamsurgido ou se formado em oposio linha poltica do PCB, ten-tando ser, cada urnadelas, urnaalternativa a ele. Sabamos, pOEtanto, que para conhecer as causas dessas divergncias e compr~ender as disSidncias, cis?es e'fus?cs, que'caracterizaram o p~rodo de que nos ocuparemos prioritariamente, teramos que re-cuar no tempo, pelo menos at 1956 -- ano em que se realizou oXX Congresso do Partido Comunista da Unio Sovitica (PCUS),quefoi a geratriz das mais srias discordncias no Movimento Comu-nista Internacional. A rigor, esse entendimento teria que nos

    fazer retroceder at o ano da fundao do Partido Comunista - Seo Brasileira da Internacional Comunista (?C-SBIC).

    Esse retorno no tempo, ainda que feito apenas a pontos essenciais . comp'reenso da luta a;t"mad.a,que permanecia cornonos-so objetivo prioritrio, permitiria que perpassssemos duas ou-tras tentativas de tornadado poder pelos comunistas: a primeira,

    I ,

    em 1935, pelo caminho da violncia, e a segunda, que culminou. .

    com a Revoluo Democrtica de 1964, pela chamada via pacfica,~ cujo limite anterio~, nao muito nitido, pode estar em 1961,1956 ou mesmo antes.

    ---~--------~-----

  • [~) XVIIR. ~ S f R V A O~ .

    arem na aventura militarista, sem antes terem conseguido oapoio de boa parte da populao. A partir desse momento, reini-'ciaram a luta para a tomada do poder mudando de estratgia.

    Ao op~arem por essa mudana, colocaram-se lado a lado coma esquerda ortodoxa, de que divergia~ desde os 6l~imoi anos dadcada de cinqenta, vendo-se perseguindo os mesmos objetivostticos e valendo-se das mesmas tcnicas e processos. Nessa fa-se, encontraram ainda um poderoso aliado, o clero dito "progre~sistall, que pouco a pouco tirara a mscara e propugnava por urna"nova sociedade", igualitria e sem classes, urnasociedade tam-bm socialista.

    Se esses fatores j nos induziam a fazer urnapequena modificao na estrutura inicialmente imaginada para este livro,dois outros nos levaram deciso definitiva.

    , . I

    O primeiro que, se boa partr dos possiveis,leitores deste livro viveu essas exp~rincias pass~das, muito~ deles, cornons mesmos, podero constatar cornonossa memria fraca. No en~anto, o que nos preocupava .era o fato de a maioria da popula-o brasileira ser formada por jovens de menos ~e 30 anos. Ob-viamente, n~o eram nascidos quando se deu.a primeira experin-cia, e, ou no eram nascidos ou eram muit9 jovens' quando ocor-reu a segunda, que j conheceram deturpada ideologicamente.

    O seg~ndo fato que concluimos que, se a terc~ira tenta-tiva da tornada do poder - nosso foco de ateno - foi a maisviolenta e a mais nitida, nem por isso foi a mais perigpsa.

    Assim, sem nos desviarmos da luta armada - 'a terceiratentativa de tomada do poder, cuja histri.a ainda no fpi escrita --, faremos numa prime~ra e segunda par~es deste livro urnaret~ospectiva dos pontos essenciais, respectivamente da primei-ra e segunda tentativas de ~omaqa do poder. Alis, o fracassode uma tentativa sempre uma das causas'e o ponto de partidapara a tentat~va seguinte. DaI, tambm, a importncia d~ss~ co~nhecimento anterior para a compreenso da luta armada. fin~lme~te,'esperamos que as informaes que transmitiremos ao longodeste trabalho e as concluses que comporao uma quarta par~e do

    ,

    livro sejam suficientes para que o leitor faa a sua pr~riaavaliao da quarta tentativa de tomada do poder, para nos amaip perigosa e, por 'isso, a mais importante.

    Se conseguirmos transmiti~ e~sa percepco final para nos-sos leitores, teremos atingido nosso objetivo e ficarem.os com acerteza de haver conse 'uldo prestar uma simples mas' a mais sig-

    '., RESERVADO"

  • (REsERvAnol XV_l_I_I__ \

    das homenagens que poderiamos oferecer aos companheiro~ que tombaram nessa luta, hoje esquecidos c at vilipendia-dos. Suas m5es, esposas, filhos e amigos j no ter50 dvidasde que eles no morreram em vo. Porque,. ao longo da histria,temos a certeza de que a Ptria livre, democrtica e justa serareconhecida a todos os que se empenharam nesse combate.

    o Coordenador da equipe de pesquisa e redao.

    RESERVADO

  • R E S E .H V A O O XIX

    INTRODUl\O

    A VIOLENCIA EM TR~S ATOS

    ."V.6 na.o 0.6 ve.Jte..t.6 IIla.t.6, pOlLqlle. 0.6 VLdOu.ILO.6 .6 e.lLo /IHl.t.tO 1I1a..t.6 v.tO.e.C?.H-tO.6, od.i.!!.,

    . t . ".60.6, v~nga.. ~VO.6 ( 1 )

    1.Primeiro ato.O pblico e as autoridades j estavam reu~idos no. Parque

    -----

    '13 de Mai~, .aguardan~o o incio das comemoraoes que seriam le:vdas a s pr~tiC"ados pelos lderes da Comuna de Paris.

    . '

    A~.~esmo te~po, u~a segunda exploso atingiu a residn-cip.do comand~~-te;-do'IV Exrcito. Mais tarde, foi encontrada uma

    ------ ..-...... -~--, ,te~ceira bomba, falhrida,num vaso de flores da Cmara Municipal

    \' _" -de'Recife, onde havia_sido realiza6a uma sesso solene em come-morao ao segundo aniversro' da Revoluo de'31 de'Maro. Es-

    ~ . .-::; __ . ._.__ . __. _ __ !-- J_ .

    ...;. _. o. . _ .-""'-'

    _,_Passados os primeiros momentos, quando a fuma,ase e~v.aiu,

    os relgios registravam 8 horas e 47 minutos. J .podia~ s~r.vi~tos, na parte externa do prdio, manchas negras, burac9s e fa-lhas de onde havia se desprendido o reboco,tal a viol~ncia da'exploso. A enorme vidraa do.sexto andar do edifcio havia seestilhaado com o deslocamento de ar provocado pel~ petardo de

    alto teor.~~t_y'a_perpetrado.'o,.primeiro. atentado terr~~j..~_t.:::._~~._capi-

    tal pernambucana

  • tabornba falhada deveria estar sendo vista como um parcial fra-

    Para corrigi-lo, em 20 ~~~_io d~6_6, ~~~i--5 apos esseensaio geral, foram lanados dois coquet.i~olo.toyll e um pe

    .. - - -

    tardo de dinami.t.e.__.contra os portes da Assemblia Legislativa--do Estado de Pernambuco.

    ' ..,.-.

    l.n.E S E R v A O 0)_. ,

    As autoridades, desconcertadas, buscavam os autores dosatos terroristas, sem sucesso. O Governo no dispunha de orgaosestruturados para um eficiente c~~Eate .a.-.?_.~_errorisI)lo.A Nao,estarrecida, vislumbrava tempos difceis que estariam por vir.

    Em 25 de julho de 1966, nova srie de tr~s bombas, com asmesmas caractersticas das anteriores, sacode Recife. Uma, nasede da Unio dos Estudantes de Pernambuco (UEP), ferindo, com

    . . .

    escoriaes e queimaduras no rosto e nas mos, o civil Jos Leit.e.Outra, nos escritrios do Servio de Informaes dos EstadosUnidos (USIS), causando, apenas, dariosmateriais. A terceirabomba, entretanto, acarretando vtimas fatais, passou a ser omarco balizador do incio da luta terrorista no Brasil.

    Na manh desse dia, o Marechal Costa e Silva, candidato Presid~ncia da Repblica, era esperado por cerca de 300 pessoasque lotavam a estao de passageiros do Aeroporto Internacional

    . .

    dos Guararapes. s 8,30 hora~, poucos minutos antes da chegadado Marechal, o servio de som anunciou que, em virtude de' paneno 'avio, ele estava se deslocando por via terrestre, de jooPessoa at Recife, indo diretamen~e para o prdio da SUperinte~dncia do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Esse comunicadoprovocou o incio da retirada do pblico.

    casso no planejamento terrorista.!

    "

    ,

    II

    I:1

    JI'I1

    Ii

    o guarda-civil Sebastio Tomaz de Aquino, o "Paraba", o~, .

    trora popular jogador de futebol do Santa Cruz, percebeu que umamaleta escura estava abandonada junto livraria "SODILERIl, lo-calizada no 'saguo do aeroporto. Julgando que algum a havia esquecido, pegou-a para entreg-la no balco d~ Departamento deAviao Civil (DAC). Ocorreu uma forte ex~loso. O som ampliadopelo. recinto, a 'fumaa, os estragos produzidos e os gemidos dos

    ..

    feridos provocaram o pnico e a correria do pblico. Passadosos momentos de pavor, o ato terrorista mostrou um trgico saldode 15 vitimas. ;

    Morreram o jornalista Edson Rgis de Carvalho~ casado e

    IR E S. E H V A..O. O .

  • lO

    2. Segundo ato

    Em seus primeiros depoimentos, Lungaretti revelou a exis-

    i, i

    " II

    XXIInESEnVJ\D~

    -'( R E S E R V~-----------_--I

    i

    Ficaram, ainda, gravemente fetidos os advogados HaroldoCollares da Cunha Barreto e Antonio Pedro Morais da Cunha, osfuncionrios pblicos Fernando Ferreira'Raposo e Ivancir de Castro, os estudantes Jos Oliveira Silvestre e Amaro Duarte Dias,a professora Anita Ferreira de Carvalho, a comerciria IdallnaMaia, o guarda-civil Jos Severino Pessoa Barreto, alm de Eunice Gomes de Barros e seu filho, Roberto Gomes de Barros, de ap~

    nas 6 anos de idade.

    O'acaso, transferindo o local da chegada do futuro Presi-dente, impediu que a tragdia fosse maior. O terrorismo indis-criminado, atingindo pessoas inocentes, inclusive mulhers ecriana~, mostrou a frieza e O.f~natismo de seus executores.

    Naquela epoca, em Recife, apenas uma organizao subversiva, o'P~rtido Comunista Revolucionrio (PCR), defendia a lutaarmada como forma de tomada do poder. Entretanto " os inquritosabertos nunca conseguiram prov~s para apontar os autores dosatentados. Dois militantes comunistas, ento indiciados, vivem,hqje, no Brasil. Um professor do Departamento de EngenhariaEltrica de uma Universidade Federal. O outro, ex-canq'idatoa D~putado Estadual, trabal~ava, em 1985, como engenheiro da pre!ei

    tura de so Paulo.

    ,No dia 16 de abril de 1970, foi preso, no ~io de Janeiro,

    Celso Lungaretti, militante do Setor de Inteligncia da VanguaE'da popular Revolucionria (VRR) , uma das organizaes comunis-

    .

    tas que seguiam a linha militaris~a cubana.

    pai de cinco 'filhos, com u~ rombo no abdmen, e o Almirante re-formado Nelson Passos Fernandes, com o crnio esfacelado, doi-

    I

    xando viva e um filho menor. O guarda-civil "Paraba" sofreuferimento lcero-contuso no fr~ntal e no maxilar, no membro in-ferior esquerdo e na coxa direita, com exposio ssea, e queresultou na amputao de sua perna direita. O ento'Tenente-Co-ronel do Exrcito Sylvio Ferreira da Silva sofreu amputaotraumtica dos ,dedos da mo esquerda, fratura exposta no ombrodo mesmo lado, leses graves na coxa e queimaduras de primeiro

    e segundo grau,s.

  • ...

    !----,-----------.-I~-;'S E R V fi O~ ~ ....I

    "

    tncia de uma rea de treinamento de guerrilhas, organizada edirigida pela VPR, localizada num sitio da reg~o de Jacupirn-ga, prxima a Registro, no Vale da Ribeira, a cerca de 250 qui-lmetros ao sul da Grande so Paulo.

    Dois dias depois, foi presa, tambm no Rio de Janeiro, Maria do Carmo Brito, militante da VPR, que confirmou a dennciade Lungaretti.

    Imediatamente, tropas do Exrcito e.da Policia Militar doEstado de so Paulo foram deslocadas para a rea, a fim de apu-rar a veracidade das declaraes dos dois militantes.

    Desde janeiro de 1970, a VPR, com a colaborao de outrasorganizaes comunistas, instalara essa area de treinamento sobo comando de Carlos Lmnarca ex-Capito do Exrcito --, abri-gando duas ba~es, num total de 18 terroristas vindos de.so Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

    As primeiras tropas, ao chegarem regio, em'20 de abril,encontraram apenas 9 terroristas na rea, pois 1 j havia sa-do no inicio do ms e os outros 8, inclu~ive um boliviano, retirarron-se na manh daquele dia,.poro~em de Lamarca, e~ decorr~cia da priso de 'Flozino, um dos proprietr.lo,sda rea. Permaneceram apenas os elementos necessrios para desativar as bases.

    Na noite do dia 21, um tiroteio marcou o primeiro choque,e, no dia seguinte, foram descobertas uma base e uma rea de

    . .

    treinamento, encontrando-se armamento, munio, alimentos, medicamntos, rdios-transmissores, materiaJ. de acampamento~ mapas,f~rdamentos, bssolas, etc. I

    Em 26 de abril, foi descoberta nova rea de treinamento.Darcy Rodrigues e Jos Lavecchia haviam permanecido em um Posto'de Observao, a fim de acompanhar os movimentos das tropas re-gulares. Entretanto, a quebra de seu rdio-transmissor os isoloudos demais terroristas, levando-os a tentar a fuga da rea cer- ~-cada. No dia seguinte, ambos foram presos, 'quando pediam carona na BR-116.

    A partir dai, alguns dias passaram sem que houvesse qual-quer contato. Uma parte da ,tropa da Polcia Militar foi retira-da; permanecendo, apenas, um .peloto~ Como voluntrio para co-mand-lo, apresentou-se um jovem de 23 anos, o Tenente AlbertoMendesJnior. Com 5 anos de policial Militar, o Tenqnte Mendes

    ~--------~---JRESERVAOO--

  • .-:-...,. .. ,- -.

    'i

    XXIII

    R E S E R V A O .0

    RESEHVADO

    Um dos terroristas, com um golpe astucioso, aproveitando-se daquele momento psicolgico, gritou-lhes para que se entre-gassem. Julgando-se envolvido, o Oficial aceitou render-se, desde que seus homens pudessem receber o socorro necessrio. Tendoos demais componentes da patrulha permanecido cornorefns, o Te.

    . .

    nente levou os feridos para Set~ Barras sob a intim~q de sus-pender os bloqueios existentes na estrada.

    De madrugada, a p e sozipho, o Tenente Mendes b~scou contato com os terroristas, preocupado que estava com o resta~tede seus homens. Interrogado por Lamarca, afirmou que no havianeQhum bloqueio na direo de Sete Barras. Todos, entq, gegui-ra~ para l.'Prximo a essa localidade, foram surpreenqidQspor

    .-...-' .- . ' . ,

    um tiroteio. Dois terroristas, ~dmauro Gpfert e Jos ~rajo deNbrega, desgarraram-se do grupo (foram presos poucos dias de-

    ';po;is) e os 5 terroristas restan:tes'e61,brenharam-seno m~to~. le-:va~do o Tenente da polcia Militar. Depois de andarem um dia e

    ~ , "

    rne~o, no.incio da tqrde do dia 10.de ma~o de 1970, pararam pa-, . ..

    ra urndescanso. O Ten~nte.Mend~s foi'acusado de t-los' t~ado,e responsabilizado pelo "d~saparecimento" dos seus c?mp~nhei-ros. Por isso, teria que ser executado. Nesse momento, Carlos

    II

    ..

    o dia 8 de maio marcou a tentativa de fuga dos 7 terro-ristas restantes. Alugaram uma "pick-up"e, no final da tarde, aopararem num posto de gasolina, em Eldorado Paulista, foram abordados por seis policiais militares que lhes exigiram a identifi

    icao. Apesar de alegarem a'condio de caadores, no conseguiram ser convincentes. Os policiais desconfiaram e, ao tentaremsacar suas armas, foram alvejados por tiros que partira~ dos terroristas que se encontravam na carroceria do veculo. Aps o tiroteio, sem mortes, a "pick_up" rumou para Sete Barras.

    era conhecido, entre seus companheiros, por seu esprito afvelc alegre e pelo altrusmo no cumprimento das'misses. Idealis-ta, acreditava que era seu dever permanecer na rea, ao lado de

    seus subordinados.

    Ciente do ocorrido~ o Tenente Mendes organi~ou uma patru-lha, que, em duas viaturas, dirigiu-se de Sete B~rras para Eld~rado. Cerca das 21 horas,. houve o encontro com os terro~istas.Intenso tiroteio foi travadp. O Tenente Mendes, em dado momen-,to, verificou que dversos de seus comandados estavam feridos bala, necessitando urgentes socorros mdicos.

  • ...

    XXIV

    Dos 5 assassinos do Tenente Mendes, sabe-se que:

    Ainda em setemb~-odo meSITOano, a VPR emitiu um comunicado "Ao.

    .Povo Brasiliro", onde tenta justificar o assassinato do Tenen-te Mendes, no qual aparece o seguinte trecho:

    "A 6en~en~ de mo~~e de um T~ibunal Revoluclon~~i~ dev~6eJL cumplLid~ pOIL 6u~ilame.nto. Na entanto, I'lOJ.> encoltt~~vamo6' pILxim06 ao inimigo, dint~o de um ce~co ~ue p5de. be~ executado emv~lLtude d~ exi~tnci~ de muita~ e~t~~daJ.> na lLegio. O Te.nenteMende.6 60i c.onden~do ~ ntolLlLelL~ c.olLonhada.6 de 6

    uzil, e. a.6.6im o

    fio)..,' .6ndo depdi.6 entelLlLado".

    Alguns meses mais tarde, em 8 de setembro de 1970, Ariston

    Oliveira Lucena, que havia sido preso, apontou o local onde oTenente Mendes estava enterrado. As fotografias tiradas de seu

    crnio atestam o horrendo crime cometido.

    ~a"QQ. m~nutQS o~ols, QS trs terroristas retornaram, e,

    ';~:"""'~!!f''''.~~~t':f:f~!ti!di:! !?~ili" ;1,a;L, "o ~l)~ !;!'n" F~\l imore de s foa" hou-J:tl~ ~181:~fi~ag' iif6I!11! ~ lili eitM{~tt ~~~ill'~'1l2l1!'1~QIt- 1'''''' ~.... -.!:

    . .

    do e com a base do crnio partida, o Tenente Mendes gemia e contorcia-se em dores. Digenes Sobrosa de Souza desferiu-lhe ou-troS golpes na cabea~ esfacelando-a. Ali mesmo, numa pequenavala e com seus coturnos ao lado da cabea ensanguentada, o Te-

    nente Mendes foi enterrado .

    Lamarca, Yoshitane Fugimore e Digenes Sobrosa de Souza afasta-ram-se, ficando Ariston Oliveira Lucena e Gilberto Faria Lima

    tornando conta do prisioneiro.

    I

    , _ i_ o ex-Cap~tao Carlos: Lamarca morreu na tarde de 17 de se

    tembro de 1971, no interior da Bahia, durante tiroteio com a

    foras de segurana;_ Yoshitane Fugimore morreu em 5 de dezembro ~e 1970, em

    so Paulo, durante tiroteio com as foras ~e segurana;_ Digenes Sobrosa de Souza e Ariston Oliveira Lucena fo-

    ram anistiados em 1979 e-vivem livremente no Brasil; e_ Gilberto Faria Lima fugiu para o'e~terior e desconhece-

    se o ,seu paradeiro atual./

    3.Terceiro ato

    A manh de 23 de maro de 1971 encontrou o jovem advogadode 26 anos, srgio Moura Barbosa, escrevendo uma .carta; em seU

    c

    RESERVADO------'-

  • RESERVADO, xxv

    quarto de pensa0 no bairro de Indianpolis,na capital de soPaulo. Os bigodes bem aparqdos e as longas suas contrastavamcom o aspecto conturbado de seu rosto, que nao conseguia escon-der a cris~ pela qual estava passando. I

    .Trs frases foram colocadas 'em destaque na primeira folhada carta: liA Revoluo nao tem prazo e nem pressa"; "No pedi-mos licena a ningum para prati:ar atos revolucionrios'; e "No

    I devemos ter medo de errar. ~ prercrvel errar'fazendo do que nada fazer". Em torno de cada frase,. todas de Carlos Marighela, ojovem tecia ilaes prpriasp tiradas de sua experincia rcvolucionria corno ativo militante da Ao Libertadora Nacional (AIN).

    Ao mesmo tempo, lembrava-se das profundas transformaesque ocorreram em sua vida e em seu pensamento, desde 1967,quan-do era militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e estu-dante de Sociologia Poltica da Universidade Mackenzie, em soPaulo.Pensava casar-se com Maria Ins e j estava iniciando amontagem de um apartamento na Rua da Consolao.

    Naquela epoca, as concepoes militaristas exportadas porFidel Castro e Che Guevara empolg~vam os jovens, e Marighelasurgia como o lder comunista que os levaria tomada do poderatravs da luta armada.

    Impetuoso, desprendido e idealista, largou o PCB e inte-grou-se ao agrup~mento de Marighela, que, no incio ,de 1968, da-ria origem ALN. ,Naquela manh, a carta servia como repo$it-rio de suas dvidas: "Fao e~~e~ comen~~~o~ a p~op~~to da ~~_~uaio em que no~ encon~~amo~: cornple~a de6en~~va e ab~olu~a6al~a de ~mag~naio pa~a ~a~~mo~ dela. O d~~a6~o, que ~e no~ap~e~en~a no a~ual mornen~o ~.do~ rna~~ ~~~~o~, na med~da em quee.6~: em jogo a plr..plr..~acon6~ana no m~~odo de luta. que ~dotamo~.

    :; .

    O~mpa~~ e em que no~ encon~~amo~ ameaa COmpJLOme~e~ o mov~men~o~evoluc~on~~o b~a.6~le~~o, levando-o, no mZn~mo, i e.6tagnao.... --".. .. .- - .. - ...e, no m:x~mo, i extino".

    Esse ~om pessimista est~va muito longe das esperanas quedepositara nos mtodos revolucion~os cubanos. Lembrava-se desua priso, em fins de julho de 1968, quando f.ora denunciadopor estar pretendendo realizar um curso de guerrilha em Cuba.

    ~ '

    Conseguindo esconder suas lig~9cs com a ALN, em pouco~ diasfoi liberado. Lembrava-s'e, taIT\bm,da sua primeira tentativa p~ra ir a Havana, atravs de ROIt)a,quando foi detido, em ,6 de,

    .. ,a.. t 'I .._ , R E S E li V A D. O I

  • :" RESERVADO XXVI

    Com o crescimento de suas indecises, no aceitou, depro~to, a funo que lhe foi oferecida de ser o cObrdenador da ALNna Guanabara. Ao aceit-la, aps um perodo de reflexo, a pro-posta j fora canc~lada. FOi,.ento, int,..eg:r::adoa um "Grupo deFogo" da ALN em so Paulo, no .qual participara de diversos as-saltos~ ati aquela manh. Seu descoritentamento, entretanto, era

    SERVADO

    Codinome: nome falso usado pelos comunistas em suas.atividades rev~lu-cionrins.

    agosto de 1968, no aeroporto do Galeo, no Rio de Janeiro. Con-duzido Policia do Exrcito, foi liberado trs dias depois. F.!,nalmcnte, conseguindo o seu intento, permaneceu quase dois anos,em Cuba, usando o codinome (2) de "Carlos". Aprendeu a lidarcom armamentos e explosivos, a executar sabotagens, a realizarassaltos e familiarizou-se com as tcnicas de guerrilhas urbanae rural .Em junho,de 1970, voltou ao Brasil, retornando suas li-gaes com a ALN.

    Em face de'suainteli~ncia:.a~uda-e dos conhecimentos quetrazia de Cuba, rapidamente ascendeu na hierarquia da ALN, pas-sando a trabalhar a nvel de sua Coordenao Nacional. Foi qua!!do, em 23 de outubro de 1970, um segundo golpe atingiu duramen-te a ALN, com a morte de seu lder Joaquim Cmara Ferreira, o"Velho" ou "Toledo", quase um ano aps a morte de Marighel.a (emnovembro de 1969). 'Lembrava-:-seque, durante 4 meses,. ficou semligaes com a organizao. Premido pela insegurana, no compareceu a vrios pontos, sendo destitudo da Coordenao Nacio-nal. No ~stava c6ncordando com a direo empreendida ALN eescreveu, na carta, que havia entrado "em e~~endimento com ou-~~o~ companhei~06 igualmente em de6aco~do com a conduc~o . dadaao nOd~o movimenton.

    ( 2)

    No incio de fevereiro de 1971, foi chamado para urnadis-'cussao com a Coordenao Nacional e, na carta, assim descreveu

    . .

    a reunio: nAo toma~em conhecimento de m~u contato pa~alel9, o~comp~nhei~o~ do Comando chama~am-me pa~a uma didriu6d~o, a q~altkan~cok~eu num.clima pouco amidt~~o, includive Com o .emp~ego,pela~ dua~ pa~te~, de palavka~ inconveniente~ paka.uma di6CU~-4~O polZtica. Con6e~~o que 6iquei ~Ukp~~~o c~m a keacio d06 co~panhei~o~ po~ n~o denota~em quklque~ ~en~o de autoc~Ztica e ~o-

    i

    men~e en~ende~em a minha condu~a cpmo um ~imple6 a~o de indi6cip.t..inanNo sabia, o jovem,'que a ALN suspeitava de que houves-se trado o "Velho":--' _.'----...-..- ...

  • J.

    1

    XXVII

    visi~l: "FuL Ln~egaado nea.e gaupo, eapeaando que, 6LnaLmente .'pudeaae taabaLhaa dentao de Uma eEll,~a 6aLxa de autonomLa e apLL

    ca4 meu~ conhec~mento~ e tecn~ca~ em p40l do mov~mento. AZ pe~-. ~

    manec~ po~ qua~e doi4 me~e~, e q~al nio 60i a minha decepao aove4i6ica~ que.tambem a1 e~tava ~nulado ... Tive a ~en~ao deca4

    i _

    t~aio polZt~ca". No ~abia, o jovem, que a ~LN estava conside-rando o seu trabalho, nO"Grupo de Fo~o~ como desgastante e "ainda somado vacilao diante do inimigo".

    No final da carta, Srgio, mantendo a iluso revolucio_nria, teceu comentrios acerca de sua sada da ALN:

    UA~~im, ji nio hi nenhuma p044ibil~dade de cont~nua~ tole4ando o~ e4~04 e om~4~5e4 polZt~ca~ de uma di~ecio que ji tevea opo~tun~dade de ~e cO~~~9i~ e nao o 6ez.

    .

    Em ~i con4c~~ncia, jamai4 pode4ei 4e~ acu4ado de a~~iV~4_ta, opo~tun~4~a ou de~40ti4ta.

    coe.~.No vacilo e nao tenho dida4 quanto

    -a4 m~nha~ conv.lc_

    Cont~nua4ei t4abalhando pela Revoluo, PO~4 ela e o meunico omp40m~~40.

    P~Ocu4a~e~ onde p044a 4e~ e6et~vamente t~l ao movimente ~ob4e ~4to con0e~4a~emo4 pe440almente".

    Ao final, assinava "Vicente", o codinome que haVia passa-do a usar depois de.seu regresso de Cuba.

    i

    It,IIII

    i

    (3) ~ICobrir um ponto": comparecer a um ponto de encontro (entre mil itantesde uma organizao comunista).

    No final da tar~e, circulava, procedendo s costumeirasevasivas, pelas ruas do JardimEu~opa, tradicional bairro pau-listano. Na altura do nmero 405 da Rua Capava, aprpximou-seum VOlkswagen gren, com dois ocupantes, que dispararam mais de10 tiros de revlver 38 e pistola 9rnrn. Um Glaxie,com 3 elemen-

    \ ~

    tos, dava cobertura ao. Apesar da reao do jovem, que che-gou a descarregar sua arma, foi'atingido por 8 disparos. Morto

    Terminada a redao, pegou o seu revlver calibre 38 euma lata 'cheia de balas com um pavio guisa de bomba caseira'e

    saiu para "cobrir um ponto" (3) com wn militante da A~N. No s~bia que seria traido. No sabia, inClusive, que o deSCOntenta_mento da ALN era tanto que ele j havia sido SUbmetido, e condenado, a um "Tribunal ReVOlucionrio".

    r RESEnVAOQ

  • 1-'

    ma.,'t

    nos quais a.sugestivos os

    Ao lado do corpo, ;foram jogados panfletos,ALN assumia a autoria do "justamento" (5). soseguintes trechos desse "Comunicado":

    nA. Aco Li.bell..ta.doll.a.Na.c.i.ona..t (ALNl exec.u.tou, d1.a.23 deco de 7977, Mll.c.i.o Lei..te Toledo.

    E~~a. exec.uo .te~e o ni.m de ll.e~gua.ll.da.1l.a. oll.ga.ni.za.c.o.

    ~. 'Violncia, nunca mais!

    ... . .. ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..~ .

    To!ell.nc.i.a. e c.onc.i.li.a.c;o ,.ti.vell.a.m une~.ta..6 c.on.6eqUnc.i.a..6, '

    na Il.evo!uco bll.a~i.lei.Il.a..1empell.a.- nOJ ~ ~a.bell. c.ompll.eendell. o momen.to que pa..6.6a. a.

    guell.ll.a Il.evoluc.i.onll.i.a e no~~a. ll.e.6pon.6a.bi.li.da.de di.a.n.te dela. enoJ~a palavll.a de oll.dem ll.evoluc.i.on.ll.i.a~

    A.o M~wn.t ll.e".6pon.6abi.li.dad,!- na." oll.ga.ni.zaco c.ada. quadlto 'deve anal~all. ~ua. c.a.pac.i.dade e ~eu pltepalto.

    ~epoi..6 di.~.to no ~e peltmi..tem ltec.ao.6

    .um Oll.ga.ni.za.c;.o ll.etlo.tuc.i.on.Il.i.a.,em gt'VVta. dec.la.ll.a.da., n.o PE-de pell.mi.;ti.1l.a. quem .tenha. uma. .6.Il.i.ede i.noll.ma.ce.6 c.omo a.~ que ,epo~~uZa., va.c.i.la.ce.6de~ta. e~p.c.i.e, mui..to meno.6 uma. deec.co de.6

    . ,-

    ~e gll.a.u em ~ua~ i.lei.ll.a~

    hESE'R~AD 0_1na ~alada" seus olhos abertos pareciam traduzir a surpresa deter reconhecido seus assassinos. Da ao faziam parte seus com-panheiros da direo nacional da organizao subversiva Yuri X~vier Pereira e Carlos Eugnio Sarmento Coelho da Paz (ltClnentelt),este ltimo o autor dos disparos fatais. (4)

    .4............................................................

    .............- .... ~.............................................

    so marcos como os descri tos fruto de mentes deturpa:-das pela ideologia -- ~ue balizam o aminho sangrento e estril(4) Justiamento: homicdio qualificado, prat"icado pelos subversivos e ter

    YQristas contra companheiros que tentam evitar uma ao ou que abando':"nam a organizao, ou, ainda~ contra os que, direta ou indiretamente,comhatcma subverso, ' .

    (5) Participaram, ainda, da ao, dando-lhe cobertura: Antonio Srgio deMatos, Pnulo de Tal"so C(>1.L1C't-';:::c..,.1 . (:;,. . Jos Hilton Bnrbos.,.

    .. /R E S E fi V.~ '>.. ~-,,--_ __ ,

    Enterrado dias depois em ~auru, seu irmo mais velho, en-I

    ,to Deputado Federal por so Pablo, declarou sabe~' que ele ha-via sido morto pelos prprios companheiros comunistas.

    o jovem no era "advogado" e nem se chamava "Srgio Moura. .Barbosa", "Carlos" ou "Vicente".' Seu nome'verdadeiro era MrcioLeite Toledo.

  • XXIX

    I, I

    i,

    ; ,

    ! I

    do terrorismo, que por quase urna dcada enxovalhou a cultura

    nacional, intranquilizando e enchendo, de dor a famlia brasileira.

    Essas aes degradantes, que acabam de ser narradas, saoi

    tidas como atos herico~ pelos seguidores da ideologia que con-

    sidera ~a viol~ncia como o motor da histria". Para essas pes-

    soas, todos os meios so vlidos e justificveis pelos fins polticos que almejam alcanar. Acolitados por seus iguais, seusnomes, hoje, designam ruas, praas e at escolas no Rio de Ja-neiro e em outros locais qo Pas.

    Os inquritos para apurao desses atos criminosos contraa pessoa humana tambm transitaram na Justia l1ilitar entreabril de 1964 e maro de 1979. Porm, e?sas pessoas mortas e feridas onde se incluem mulheres e at crianas e, na maioria,

    ,

    completamente alheias ao enfrentamento ideolgico --, por sereminocentes e'no terroristas, no esto incluldas' na categoria

    daquelas protegidas pelos "direitos humands" de'certas sinecu-

    ras e nem partilham de urna "humanidade comum" de certas igrejas.Nem parece que a imagem de Deus, estampada na pessoa huwana, esempre nica.

    A razo, porem, e m~i~o simples. Essa Igr~jaest sabida-mente infiltrada, assim como o Movimento de Direitos 'Humanos do

    minado, P?r agentes dessa mesma ideologia, como ficar documen-tado ao longo deste livro.

    Corno gostaramos de poder crer que esses atos cruis deassassinatos premeditados, assaI tos a mo armada', ate~tados e

    seqestros com fins pOlticos e qualquer tipo de v'iol~ncia pe~soa humana nao viessem ~ ocorrer no Brasil, nunca mais!

    --_.-- ..~.- --.- -.---~.~.

    RESERVADO"

    I/:

    I!

  • ~ S E fi V A O O)..

    AEROPORTO DE GUARARAPES

    !

    It1I1

    1 SOLIDAREDADE

    NOSAGUf\O

    CCM os FERIOOS

    o JORNALISTA Rf:Grs DE CARVALHONfDRESISTIRIA AOS FERIMENTOS

    O TENENTE-CORONEL SYLVIO FERREIRA.DA SILVA AGUARDANIX> SOCORRO

    o CORPO 00 J\I1.lIRANTE WILSCN ro- O GUl\r.J)~ CIVIL SEI3l\STrJi.O TCW\Z DEJ.m5 FERNANDES SENOO ru::rrRAOO m 1\OUTNn E"1 ESTAOODE CIlOQUE E l-lUrrI.J\OO

    IRESEnVA~---

  • 1 111,,."!Jli'I'i

    I

    II.

    I:~.\i

    \1

    TEN MENDES JNIOR,M)RI'Q A CORONHADAS, AOS 23 AIDS DE IDADE.

    N)S RESTOS HOIUJ\IS, ~ H1\RC1\ D~ VIOLENCIl\, -J~ E R VA 00

    ,,' ..JJ -'-':;~-" :!.;.:v~""'.;ls.;,:~;H..".;,..\.!-..'::1~;'7'.-;:~~. ~: __ ." Ir. - . ~I '''-i~ ~/.;.~~~, .,..:..: ~rr'~..--~~t' . v' '~-',..,' ,,~ " -' ~ ..~. "--'\ : ~ t :.." .. ~~ . '.,. I.y:i.-:~~. ~t.\:r:r~_~.~~-::#~ ~ ;c":--~~'."~'~'~'t' ".'~.i"~ -.,.~. -"' . '"' .. (1 t: '.:';::'''':'~'0'" '2r; ~ ' ,...J'! .:. ':".~',:,""'.-!". " ,'.,.. ,,';'tL

    ~.;.:.;:"~~n...r-_ i.-...../~:..-"'~~';''''''..~.'.:,,~;-:(\~-\ .. r-:).' :.r

    _' ~'~~Tft ," \ :I'\. ....v:.~..f# ~...,.... ~r" '. """" .... ~.. '.t'.(-:. '"i~;.". _ ~ \:" ' . ' .. "... . '* .. " ..- J

    ,r ~t.~' ".' .. "',1" '-/" .{;..'.. ;, " ......'.:. ".I~ }:~"'~;"'.f~':":;'.I."'r.' _~.;-.:,/r 00'1. ;-.' "'

    . .:.#.~.J~"1.a.,~~.i:~j;..,.~~ ._"~.,.. .,J", ~ ......\ .C.':~.; r:~ .. , ..." "~';"!"." . '._J ,r).,..f_' ., . ..,... '. \o.~'" ' . , .,.,..., , "\.4 ljI.~ .. \ 110:, "t......:~1 :.1:-' :)1. .... ;.,r .',.', ..'

    ' ,..,',.. _./.!.,... ~.. " . ,. .". . \ . I'" . '.. -.!!.... ~ --""...

    IRE S E nv A O O]O CRIME DE SETE B~RRAS

    SErE BARRAS, REGISTRO/SP: CENRIO DO ASSASSINATO 00 TE!'! PMSP ALBERI'O HENDES

    JNIOR.

  • XXXII

    , .

    iPELA VIOL~NCIA DE SEUS COHPANIIEIROSMRCIO SURPREENDIDO

    ,

    -------------1 R E S E n V A ~~r "JUS'fIAt-1.ENTO" DE Hi\RCIO LEITE TOLEDO

  • , I

    R'E S E R V)

    1A O O.

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    .

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    1~ P A R T .E

    ~

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    A TENTATIVA DE TOMADA DO PODER

    .

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    I,[n R V A O JE S E

    .0 I"

    A PRIMEIR

    ---...-.-"-. _. .....- ..- .

  • A FONTE DA VIOLENCIA

    os objetivos- representado

    O esquema, a seguir aprepentado, sintetiza~s~leninistas, a partir da democraciaum tringulo em equilibrio instvel (1).

    dospor

    (1) Embora se nos apresente paradoxal, a defesa, pelos comunistas, da demo-cracia, com as liberdades elevadas ao mximo, ela se justifica. ' Qu'antomais dbil e sem defesa a democracia, mais fcil sua dcsestabilizaco ea deflagrnio do processo de tom~da do poder. "

    . I~_~__$ E R V A O ? I

    ..

    Os trotskistas, apesar de se considerarem ~stas-leni-nistas, no advogam essa etapa intermediria para a implantaoda "ditadura do proletariado". Para eles.a revoluo, desde ~inicio, ter carter socialista.

    Fs E .~ V -A O OCAPITULO I

    ,

    Esta ~tapa ,do socialismo marxista~leninista, tambm chamada de "socialismo cientifico", no deve ser confundida cemO:ltrostipos de socialismo, ditos democrticos e no leninistas.

    Mas, ainda antes de chegar ao socialismo ou ditadura doproletariado, os comunistas de~endem a existncia de um objeti~vo intermedirio, onde seria implantado um Estado do tipo "pro-gressista", cujo governo seria Gomp~sto pelo proletariado~ pelocampesinato e, ainda, por uma parcelcJ.da burgues'icJ. a p~quena

    parcela'hacionalista~

    Segundo essa ideologia, para a chegada ao objetivo final,ter que ser atingido um estgio. anterior, transitrio, verda-deiro trampolim para "o salto final".,t o estgio do socialis-mo, da destruio do Estado burgus, sobre cujas runas o proletariado erigir um Estado prprio,. caracterizado pela '~ditaduttdo proletaria~o" sobre as demais classes.

    o objetivo final da revoluo marxista-leninista atin-gir o cammisrrD-"a ltima e grande sntese" -, urna sociedadesemEstado e sem classes. Sem classes e, portanto, sem a luta declasses, o comunismo seriaa ~'sociedade perfeita ", onde, no ha-vendo contradies, o materialismo ,histrico no seria aplicado.

    1. Os objetivos da Revoluo Comunista

  • RE S E R V 1\

    2. Os Caminhos da Revoluo

    'Para atingir seus objetivos estratgicos, a violncia temsido o caminho apontado pelos idelogos comunistas. Na prtica,a histria mostra ter sido a violncia a tnica de sua revolu-o. Em nenhum pais do mundo os comunistas lograram alcanar opoder por outra via.

    Marx, referindo-se Comuna de Paris, disse que um dosseus erros fundamentais "6o~.a magnan~m~dade de~~eeeJ~~~a dop4ole~a~~ado: em vez de ex~e~m~na~ o~ ~eu~ ~n~m~go~, ded~eou-~ea exe4ee~ ~n6lu~ne~a mo~al ~ob~e ele~" (2).

    Engels, seu dileto companheiro, complementou:

    " v~ol~ne~a joga ou~~o papel na h~~~~~~a, ~em um papel~evolue~on~~o: ~, ~eguhdo a 6~a~e de Ma~x, a pan~~~na de todaa velha ~oe~edade, ~ o ~n~~~umento eo~ a aj~da do qual o mov~-men~o ~oe~al ~e d~nam~za e 4o~pe 604ma~ polZt~ea~ mo~ta~"(3).

    Len~n, em seu famoso livro "O Estado e a Revoluo", di-zia: " l~be~dade da "ela~~e ope~4~a n~o ~ po~~Zvel ~em uma 4e~uoluc~o ~ang4en~a" (4).

    Com tais premissas, baseadas na lei fundamental marxistada transformao e apoiadas nos seus conceitos de mo~al, compr~.ende-se a fonte da violncia (5).

    Embora Marx e Engels insistissem na necessidade universalda violncia, chegaram a admitir, em.casos especiais, a possibi

    .

    lidade de uma mudana social por meio~ pacificos. Seria inacei-tvel que inteligncias to lcidas no a admitissem. Suo Tzuj nos ensinava h 500 anos A.C., e principio de guerfa cadavez mais vlido, que no se faz uso da fora quando Se podeconguistar os objetivos al~ejados, a despeito do inimigo, semi~Z~-lo. Ademais, o emprego da fora apresenta sempre um riscopel~ resposta violenta que necessariamente provoca.

    Para Lenin, a base de toda'a doutrina de Marx e Eqgeb"est na necessidade de inculcar sistematiamentenas massas a idia

    '"

    da revoluo violenta. No entanto, na sua obra antes citada, ao. \

    \

    expor a do~trina marxista do Estado e as tarefas do proletaria-

    (2) Marx, K.: "A guerra civil na Frana", 1933, pgina SO.(3) Engels, F.: liA DUhring", Ed. 'Sociales, Pat'is, 1950.(4) Lenin, V. L: "O Estado e 'a Revoluo", 1935, pgina 9.(5) O processo do emprcr,o da violncia para a tomada do poder 'c chamado, pe-

    los comunis tas, .de "lu! . . rI R E S E Il V 1\ D. ,0 .

    3

  • R E S E 'R V A O O

    do na revoluo, examina a utilizao da violncia para a toma-da do poder, mas considera, tambim, ~ possibilidade da passagempacifica para o socialismo, bem como trata da necessidade de 'umestgio intermedirio, para a implantao da ditadura do prole-tariado.

    Assim reduzidos as suas formas mais simples, podem sersintetizados em dois os caminhos uti.lizados pelos comunistas p.!.ra a tomada do poder: o uso da violncia (ou luta armada) e a,"via pacfica".

    Ao longo do tempo" os objetivos e a estratigia para con-quist-los acabaram por transformarem-se nos po~tos fundamen-tais de divergncia entre os comunistas. Em torno delas, Trotsky,Stalin, Mao Tsetung, Kruschev e Fidel Castro, para citar apenasos principais atores dessa histria, desenvolveriam suas pr-prias concepes da r~voluo.

    Essas concepes diferenciadas daro margem a um vasto espectro de organizaes, todas intituladas marxistas-leninistas,com ~s quais travaremos contato no correr deste livro.

    3. O Trabalho de Massa

    As formas utilizadas pelos comunistas para alcanar 'seuobjetivo fundamental __o a tomada do poder' --, possivelmente porter.sido Lenin um estudioso de Clausewitz e ter ~ua prpria fi-

    o

    losofia da guerra, assemelham-se muito s da conquista de um objetiyo militar na guerra, o que nos oferece uma imagem propiciapara a compreenso do problema.

    Para a conquista de um objetivo na gue!ra, h um rduo epersistente trabalho de preparao a realizar. As tropas preci-sam ser mobilizadas e organizadas; devem aprender tticas e ticnicas de combate, durante um perodo relativamente longo.de in~truo; precisam ser'equipadas e supridas de uma quase intermi-

    , "

    nvel sr~e de artigos; necessitam de apoio de fogo~ de engenh~ria, de comunicaes, de sade, etc Deixando de lado uma s-rie de outras necessidades, tais como o conhecimento sobreocampo de batalha, as info~maes sobre o inimigo, etc., devem, so-bretudo, estar moralmente preparadas e possuir determinao e

    ..

    vontade de lutar. Eis, ento,: que' se deslocam para o campo daI

    luta. Chegado esse momento -- o da batalha ~ o combate podeou nao se realizar. Se o inimigo est orgnizado, tem foras su

    I. [RESERVADO1.. .. '.

  • II-R-.-E, -S-E--R-V-'-A-O--'i o 1ficientes e vontade de lutar, haver, fatalmente, o combate. Seo inimigo, porm,' fraco ou est combalido, mal posicionado ousem determinaco, ele pode.entregar-se praticamente sem luta.Naterminologia militar, nesta ltima situao, diz-se que o inimi90 "caiu pela manobra". Sem ser necessrio o uso da fora, seraatingido o mesmo fim: sua submisso~ vontade do 'ex~rcito que

    empreendeu a opera~o.

    Esses so, pois, os dois caminhos para a conquista do ob-jetivo: o d violncia da luta armada -- e o da manobra. Es-te ltimo, em relao' ao anterior, pode ser considerado "pacifico". O rduo trabalho prvio indispensvel para se utilizarambos os caminhos, porque se ele no existir, no haver,' no momenta do combate, a necessria desproporo de fora e de vontade, suficiente para qu~ a ao contra o inimigo seja bem suce-dida ou o obrigue a render-se sem combater.

    5

    , -O trabalho de massa e a preparaao para o combate. Na hora

    decisiva da batalha,. a sociedade organizada pode re~gir e 1u-

    Para tomada do poder pelos comunistas, tambm existe umtrabalho prviO, rduo e persistente, denominado por eles de trabalho de massa.O trabalho de massa consiste nas atividades de infiltrao e recrutamento,' organizao, doutrinao e mobiliza-ao, desenvolvidas sob tcnicas ~e agitao e pr~paganda, visan'do a criar a vontade e as condies para a mudana raqical dasestruturas e do regime (6) (7).

    O tr~balho de massa objetiva: incutir em seus alvos a ideo.logia comunista como ,a nica soluo para todos os 'problemas;m~nar a crena nos valores da sociedade ocidental ~ no regime;enfraquecer as salvaguardas e os instrumentos 'juridico~ de'defe-s~ do Estadoicontrolar a estrutura administrativa e influir nasdecises governamentais; e, at~ando sobre os diversos segmentossociais, re~duc-Ios, organiz~i~s, mobiliz-los e'o~ieryt-Iosp~ra a tomada do poder.

    I 11R E S E fi V ~ O/0 ,

    Agitao (Dicionrio da lnguq russa, de Ojcgov)-atuao ~untQ s gra~des'massas, com o objetivo de inculcar algumas idias e lemas destinados .sua educao poltica e a atra-ls para a soluo dos deveres polticos c sociais mais importantes.Em todos os 'Partidos Comunista$ existe uma Seo de Agitao e Propagan 'da (SAP), que se encarregn ~de$saatividade. A teoria comu~istn distin=gue, por~m, uma ntividndeda outra: a agitao promove uma/_ou poucasidias, que apresenta fi mnssa popular; a propaganda, ao contrrio, ofe-rece muitas idias a uma ou poucas pessoas . /unbos so processos condi-cionantes.

    {7 )

  • n E S E"R V fi O O

    -tar -- o ~ue e norm~l --, ou, se desmor~lizada e sem determin~_o, pode, simplesmente, "ca~ pela man.obra", pacificamente.

    ,

    ~._-~._._- - ~

    6

  • .'

    [R ,f S f R V A ~ OCApITULO II

    ."

    7

    O PARTIDO COMUNISTA - SEO BRASILEIRA DA INTERNA_CIONAL COlvIUNISTA (PC-SBIC)

    1. A Internacional Comunista

    o lanamento do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels situa-se no exato momento em que duas correntes vo chocar-se nadoutrina e nos fatos: 1848 , com efeito, o ano das revolueseuropias. O brado lanado no Manifesto __ "p40let~~0& de to-do& 0& paZ&e&" u.n~-VO&" - teria conseqUncia prtica. Em breveseria ten~ada a unio dos operrios, acima das fronteiras nacio-nais,para combater o capitalismo e impl?ntar o socialismo ..

    O conceito de internacionalismo proletrio da derivadodeu origem formao das Internacionais, verdadeirasmultina_cionais ideolgicas, que, sob o pretexto de dirigir a luta emnome da classe operria, passaram a fomentar a criao de partidos em vrios pases, que subordinariam seus programas partid-rios s resolues de seus Congressos.

    ..

    em Londres a Associao Internacio_- .

    (AIT)., que ficou Posteriormente conhecidaReunia diferentes correntes ~o moviment~

    Em 1864, foi fundadanal dos Trabalhadores

    como I Internacional.

    operrio europeu, que se opunha ao capitalismo, clestacanc'lo-seentre elas a dos marxistas e anarquistas. ,No suportando as dis~senses ode grupos anarquistas que no queriam se submeter au-toridade centralizadora de Marx e ao processo da Comuna de Pa~~is, encerrou suas atividades em 1876 ..

    A 11 Internacional surgiu em 1889 (1). Depois de depuradados anarquistas e dos comunista's e de ter passado por al\lun~p~rodos de crise e recesso, reSSurgiu, em 1951, j Com o nome deInternacional Socialista.

    (1) A.II Internacional perdurou ati a 1~ Guerra !~ndial. quando o nlciona

    -

    lismo mostrou_se, na prtica, mais forte e decisivo do qucoo intemaeion~lismo.. _rLRESERVAO"O

    A IIr Internacional, tambm conhecida como Comintern Ou I!!~ernacional Comunista (IC), foi criada em 1919, por Lenin. Apro

    - -veitando-se da base fsica 'cOnseguida cm a revoluo russa, em'1917, a IC pde colocar em prtica SUa doutrina de expanso mUndial do comunismo, aIicerada na ..c~perincia dos sovietcs: ~No. \

    seu Ir Congresso Mundial, ~ealizado em 1920, a IC aprovou ~eu

    .~

    ,I

    ~],

  • 8a p~l.e~-na '~ua

    40cLal. Vevelt:que ..~em a. delt-dUaJunrunento11em

    ...............................................................

    "3~ - No~ paZ~e~ bu~gue~e~1 a aci~ legal deve.~e~ com6in!da com a acio ilegal. Ne~~e~ paZ~eJ, deve~a ~e~ c~iada uma apa-~elhagem clande~tina do Pa~tido, capaz de atua~ deciJivamenteno momento opo~tunoN.

    ........~ , ~ .

    . .

    "14' - Tod04 o~ paAtido~ comuni4ta4 ~io obAigado~taA ~odo o.auxZlLo nece~~:~io i~ Rep~blica~ ~ovL~tLca~1luta 6ace i cont~a-~evol~cio" .

    "16~ - Tod04 o~ .paAtido~ comunL~ta~ ~io' ob~igado~ a obed!.ceA i~ Ae~olu5e4 e deci~5eJ da rnt~~na~ional Comuni~ta, con~i-deAada como um paAtido mundial ~nico".

    lL~ta~ e ~enuncLa~ ao p~t~Loti~mo e ao pacL6i~mc~e~ demon~t~ado ao~ ope~a~Lo~1 ~L4tematLcamente,'~ubada ~evolucLonALa do capLtalLJmo nao haveAapa~ mundLalN.

    ,

    ............................................................". ..

    2. A formao do PC-SBlC

    estatuto e estabeleceu as 2; condies exigidas para a filiaodos diversos partidos comunistas, das quais algumas so trans-critas a seguir:

    ..................'. ................................. ...........

    "4' VeveAa ~e~ 6eLta ampla campanha de agLtacio e P~Op!ganda na~ 0~g4nLzac5e~ mLlLta~e~1 pa~tLcula~mente no Ex~~cLtoN.

    No Brasil, as duas primeiras dcadas deste sculo forammarcadas por algumas poucas agitaes de cunh social.

    O movimento operrio e sindical, por nove anos, desde1908,I

    dirigido pela Confederao Operria Brasileira (COB), possuiatraos anarquistas e voltava-se, b~sicamente, para agitaes

    .

    contra a guerra mundial, inclusive, com ameaas degreve geral.

    Essas condies, que espelhavam a rigidez da linha leni-nista, proporcionaram ao Partido Comunista da Unio Sovitica(PCUS) a oportunidade de expandir o Movimento Comunista Internacional (MCl), subordinando os interesses nacionais dos pa~essubmetidos aos dos soviticos e facilitando a interfernci~ nas

    .polticas. internas das 'demais naoes.

    !"-"-----.-------F S E H V ~ O ~

    -------------[R ESERv~

  • IH!: ~ C H V A O ~~ _

    .'

    o marxismo-Ieninismo, ainda pouco conhecido e freqente-mente confundido com o anarquismo, procurava florescer em 7 ou8 cidades brasileiras com a criao de alguns grupos que, ape-sar de se intitularem comunistas, no passavam, na verdade, deanarco-sindicalistas.

    Foi quando, no inicio da d~cada de 20, a Internacional Comunista (IC) e suas 21 condies de filiao chegaram ao nos-so Pais, e nossos "comunistas" as assumiram, pressurosos.

    Em 25 de maro de 1922, nas cidades do Rio de Janeiro c Niter6i, num congresso que 'durOu trs dias, 9 pessoas fundaram oPartido Comunista - Seo Brasileira da Internacional Comunista(PC-SBIC)

    . ;3. As atividades do P-SBIC

    De acordo com Haroldo Lima, atual Deputado Federal peloPC do B da Bahia:

    e "...o COt1glr.eJ.>J.>o diJ.>cutiu e a.plr.Ovou dJ.>21 condicei-'de i!!:.glr.eJ.>J.>ona. lntelr.na.c.i.ona..e. Comuni.6ta., 'e.e.ege. uma. ' Com.i.J.>J.>.oCentlr.a..e..

    , ,

    Executiva., clr.iou um Comi:t~ de SOCOIr.Ir.Oa.O.6 F.e.a.ge.e.a.do.6. Ru.6.6o.6,.t1La..tou de que.6.t~~.6 plr..tica..6 e encelr.lr.OU .6euJ.> tlr.a.ba..e.hoJ.> entoa.ndoo h.i.no in.telr.na.ciona..e. do.6 .t1r.a.ba..e.ha.dolr.eJ.>,a. lntelr.na.c.i.ona..e.",(2).

    Desde o nome e a s~gla (PC-SBIC), obedecendo i 17~ condi~ao, at renncia ao pacifismo social, o novo Partido aceita-va a ag~tao permanente e a tese da derrubada revolucionria,

    . ,

    das estruturas vigentes, renegava as regras de convivncia dasociedade brasileira, propunha-se a realizar atividades legais lie ilegais e subordinava-se s Repblicas Socia~istas Soviticas. I

    I'

    entidade civil.da revQlta te-desenvolvimento I'

    I

    o PC-SBIC surgiu legal, registrado comoTrs meses depois, o estado e sitio,decorrentenentista,colocava-o na ilegalidade e inibia o

    .- .. - .. '. . .... . .,

    de suas atividades de agita~o.

    Em 1924, um fato viria repercutir no'PC-SBIC: a realiza-oI

    ao do V Congresso da IC, em ju~ho/~ulho, j sob o impacto da :i

    morte de Lenin. Nesse Congresso, rc, mudando de tti~a, pas- .::sou a adotar a da "Frente ~nica'" vista, por Zinoviev, como "um 'I'

    ------ .;/,1

    . (2) Lima. H.: "Itinerrio das Lutas do PC do Brasil". 1981. pagina 4. WI;

    rR E S E n v t. o"'0 I~.-- ..-------- ,t,!

    H

    rI' li

  • mtodo para agitao e mobilizao' das massasll (3).

    No final de 1926, modificou-se o quadro poltico-institu-cional, com o governo de Washington Lus trazendo ventos libera

    lizantes, tendo o PC 'inclusive, um curto perodo de legalidade, de

    19 de julho a 11"de agosto de 1927. Obedecendo aos ditames 'do VCongresso da IC, a direo do Partido lanou a palavra de ordem

    "Ampla agitao das massas", justificada pela necessidade de "f~zer surgir o Partido da obscuridade ilegal luz do sol da maisintensa agitao poltica".

    Partindo da teoria prtica, criou o Bloco Operrio e Ca!,!!pons (BOC) como uma "frente nica operria", que, no por ac~50, tinha, na sigla, as mesmas letras da conhecida e j extintaCOB.

    Ainda seguindo a ttica de frente, o PC-SBIC iniciou um trabalho de aproximao com Prestes, que se encontrava na Bol-via (4).

    Mas; o ano de 1928 foi marcado pela crise econmica mun-

    dial. Pensando ~m aproveitar a mis~ria que adv~ria para os ope-..

    rrios, a IC realizou o seu VI Congresso, de julho a s~tembro,mudando a ttica de IIfrente nica" para a de "classe contra

    classe". O proletariado mundial, premido pela crise, poderia

    ser arrastado para a revoluo. Era a oportunidade para os comu\

    nistas isolarem-se e lutar contra todas as posies antagni-

    cas, desde as burguesas at as operrias. A IC determinara o fimda IIfrente". Na URSS, iniciava-se a "cortina de ferro".

    Tal resoluo pegou o PC-SBrc de su~presa. Para as elei-oes de outubro de 1928, j lanara candidatos atravs do BOC,que, gradativamente, se vinha tornando o substituto legal do PC.

    Imediatamente, o PC-SBIC convocou o seu 111 Congresso,realizado em dezembro de 1928 e janeiro de 1929, em Niteri. Almde reeleger A;t~~jiid;'per~ira como secretrio-geral, o Congre~so do PC-SBlC determinou a-intensificao do trabalho clandesti

    no do PC,a fim de no ser ultrapassado pelo ~OC.Com tal, medi-da, pensava acalmar os chefes moscovitas, que viam, no BOC, acontinuao da antiga ttica de IIfrenj:enica".

    (3) Zinoviev foi o primeiro chefe do.Comintern e o.encarregado de expor, no.seu V Congresso, a estratgia que seria aplicada tanto "Frente nica"quanto s atividades das orGanizaes de frente.

    (4) Prestes a essa poca ainda no se tornara comunista.

    ,

    R f. S E R V A O O"

  • .'

    ~'E S E R V A O ~., -

    11

    Ledo engano. No compreendiam, ainda, os comunistas brasi

    leiros, que a curvatura dos dorsos no era, apenas, temporria,

    guisa de um ~umprimento. Ela teria que ser permanente, com aboca sujando-se de terra.

    ,

    Vivia~se, em Moscou, a plena poca dos expurgos. O poder~so Stalin, com mao de ferro, mandava assassinar os princip~is

    dirigentes do Comit Central (CC) e o fantasma do tr9tskismoservia de motivo para o prosseguimento das eliminaes, tantona "p,tria-mo" como 'nos partidos satli tos.

    A I Conferncia dos Partidos Comunistas da Amrica Lati-na, realizado em junho de 1929, em Buenos Aires, condenou "a politica do PC-SBlC frente questo do Bloco Operrio e Camponse o seu atrelamento a este rgo" (5)

    .

    O ano de 1930 foi decisivo para o PC-SBlC. Em fevereiro,a IC baixou, a "Resoluo sobre a questo brasileira", com base

    na Conferncia de Buenos Aires. Nesse documento, critica a poli

    tica de frente ainda adotada pelo PC-SBIC e ironiza o BOCcomo

    sendo wn "segundo partido' operrio". Ao mesmo tempo, induz o paEtido a "preparar-se para a luta, a fim de 'encabear a insurrci-ao revolucionria".

    Os dias de Astrojild~ Pereira estavam contad~s. Em novem-bro de 1930., uma Conferncia do PC-SBlC expulsa o sec.r~trio-geralo Em so Paulo, foi afastada uma dissidncia trtskista liderada por Mrio Pedrosa.

    Numa guinada para a esque~da, o Partido encerra sua poli-

    tica de alianas, expurga'os intelectuais de sua direo e ini~eia uma fase de proletariza~o.

    4. A fase do obscurantismo e da indefinio

    O periodo comprerindido entre o final de 1930 e os medosde 1934 caracterizou~se por um quase obscurantismo do PC-SBIC,

    que, empreg~ndo uma linha dbia e equivocada, se emaranhava emsucessivas crises.

    ,

    A agitao politica no Brasil,entretanto, foi i~tensa. Em

    1930, ainda s~b influ~ncia dos ideais do tenentism~, formou-se

    a Aliana Liberal, um agrupa~~nto de oposies~Em qutubro c no

    (5' Carone, E.: "O PCB - 1922 a 1943"t Difel S.A.,RJ, 1982,' p~gina 9.I

    '. I-----------. R E S E n V AO/O

  • ),2DllStRVAGO

    ~o ac~t~~o o resultado das eleies presi-,

    ladl~~a o p~ulista Jlio Pre~tes, a Aliana, ado'am DOY!~~ntorevolucionrio, alou Getlio Vargas ao

    INesse incio da dcada de 30, o prestgio de Luiz Carlos

    Prestes, ento exilado no Prata, ainda era muito grande. As re-percusses nacionais da sua Coluna faziam-no um dos mais respe!tados lderes entre os tenentes. No entanto, era, ainda, um re-volucionrio em busca de uma ideologia.

    Em maio de 1930, Prestes criou a Liga de Ao Revolucionria (LAR), defininqo-se contra a Aliana Liberal. Em maro de1931, aderiu, publicamente, ao comunismo. OPC-SBIC logo tentouincorporar a LAR; Prestes, no entanto, com a fora de sua lide-rana, tentava engolfar o PC-SBIC.

    O maior lder comunista do Brasil no pertencia aos quadros'

    do PC!

    Essa inslita situao foi, aparentemente, resolvida com. .

    uma inslita soluo: Prestes deixou a Argentina e foi residirna URSS, para ser o representante brasileiro na Internacional

    Conhi"n j.s ta.Na rea internacional, a poltica de "classe contra clas-

    seu revelara-se desastrosa para o PCUS. No houve a to deseja- .da recesso mundial, e a fora de Hitler, aproximando-se, gra-

    . .

    dualmente, do Japo e da Itlia, aterrorizava os soviticos. E;?ses fatos marcaram uma nova linha poltica: ~oi aliviado o'iso-lamento e retomado o dilogo com as naes ocidentais, culminando com o ingresso da URSS na Liga .das Naes em 1934.

    A tudo isso assistia o PC-SBIC, atarantado. Debatendo-seentre as ordens de Moscou, padecia de uma correta definio dalinha politica e era envolvido por sucessivas crises de direo.

    Apesar do sectarismo obreirista, caracterstico d~sse pe-rodo, a intensificao da atividade clandestina do PC-SBIC trouxe-lhe um dividendo: o relativo sucesso no trapalho militar, deinfiltrao e recrutamento nas Foras Armadas.

    Aproveitando o idealismo revolucionrio, e at certo pon-..

    to ingnuo, do movimento tenentista, cc;mseguiu a simpatia de mu!tos militares. A atuao de mili~ares no Partido, cQmo MauricioGrabois, Jefferson Cardin, Giocondo Dias, Gregrio Bezerr~ ~gl!

    fRESEI1VADO

  • berto Vieira, Dinarco Reis, Agildo Darata e o prprio Prestes,.

    sao exemplos desse trabalho de infiltrao e recrutamento.

    Esse trabalho militar foi decisivo para o advento da pri-meira tentativa de tomada do poder pelos comunistas, por meioda luta armada

    .--- - --".- -

    , .

    "

  • ...-.-~------- -.ER V A O O 14CAPITULO 111

    A INTENTONA COMUNISTA

    1. A mudana da linha da IC

    Induzido pela Internacional Comunista, o PC-SBIC esfora-ra-se por se inserir no processo revolucionrio brasileiro, queteve incio no ano de sua fun~ao e que pass.a por 1924/26 e vaidesaguar em 1930. Esse perodo de revoltas e revolues tinha,porm, como motivao, uma problemtica interna, voltada paraos problemas estruturais e sociais, mas essencialmente brasileiros~ Talvez por isso mesmo que as direes do PC-SEIC jamaisforam capazes de entend-los. Suas anlises estereotipadasviam,em cada ocasio, apenas urna luta entre os "jmperialisrros"ingls enorte-americano. Com esse dualismo mecanicista explicam tambma revoluo de 1932. Deste modo, por construrem suas anlisessobre abstraes de carter ideo~gi~o, no conseguiram sintonizar o Partido com o processo revolu'cionrio em curso e acabarampor perder o "bonde da histria". Essa frustrao iria'faz-losdesembocar na Intentona de 1935.

    Vimos, no capItulo anterior, que a URSS, em 1934, mudaraSua poltica externa, do isolamento para o dilogo com o oci-

    . .

    dente. As ameaas nazistas e fascistas contriburam para alte-rar a linha poltica da IC.

    A poltica de "classe contra classe" nao dera resultadose levara ao ostracismo diversos partidos comunistas. Quase quenum "retorno s origens", a poltic~ d~ "frente" foi retomada,' __modificando-se o termo "Gnica" pelo "popular".

    De um modo geral, a frente popular pretendia englobar to-dos os.individuos e'grupos numa luta contra o fascismo, indepe~dentemente de "suas ideologias. E, ~ claro, aproveitar essa frente para ~omar o poder.

    I'

    2. A vinda dos estrangeiros

    Concluindo que no Brasil j amadurecia uma situao revo-. ,..

    lucionria e que a nova polit~ca de "fren.tepopular" desencadearia a revoluo, a curto prazo, a IC decidiu enviar diversos "delegados", todos especialistas,' a fim de acelerar o processo. Com

    "-------...;...-----L~._E S E nv_~--.:---------- ...

  • v~io com sua

    d~tilgrafa.

    isso pretendia suprira falta de quadros dirigentes do PC-SDlC

    que ,pudessem levar a tarefa a bom termo. Na realidade, a lC en-

    viou um selecionado grupo de espies e agitadores profissionais.

    No inicio de 1934, chegou ao Brasil o ex-deputado alemo

    Arthur Ernsf Ewert, mais conhecido com "Harry Berger". Tendo

    atuado nos Estados Unidos, a soldo de Moscou, Berger veio acom-

    panhado de sua mulher, a comunista alem Elise Saborowski, que

    entrou no Pais com o nome falso de Machla Lenczycki. Berger acre

    ditava que a revoluo comunista teria inicio com a criao de o'

    uma "vasta frente popular antiimperialista", composta I?or oper

    rios, camponeses e uma parcela da burguesia nacionalista. A ao

    de derrubada do governo seria efetuada pelas "partes revolucio-

    nrias infiltradas no Exrcito" e pelos' "operrios e camponeses

    articulados em formae~ armadas", embrio de um futuro "Exrcito Revolucionrio do Povo". O governo a ser institudo seria um"Governo popular Nacional Revolucionrio", com Prestes a fren-

    te

    O mirabolante pIario de Berger, tirado dos comp6nd~os dou-

    trinrios do marxismo-leninismo, no levava em conta, apenas, umpequenino detalhe: a poltica brasileira, aquinhoada com uma nova Constituio de fundo liberal e populista, es~ava cansada dos

    mais de 10 anos de crise e ansiava por um pouco de paz e estabi .

    lid,ade.

    Outros agitado~es profissionais vieram para o Brqsil, a

    ma~do de Moscou, durante o ano de 1934. Rodolfo Ghioldi e Car-

    me~, um casal de argentin~s, vieram como jornalistas. Ghioldi,'na realidade, pertencia ao Comit Executivo da .lC,era dirigen-

    te do PC argentino e escpndia-se sob o nome falso de "Lqciano

    Busteros". O casal Len-Jules Vale e Alphonsine veio da B~lgica.

    para cuidar das finanas. A esposa de Augusto Guralsk,' seret-

    rio do Bureau Sul-Americano qu~ a ~C mantinha em Montev~du! veio

    pa~a dar instruo aos quadros do PC-SBle. Para com~niar-se

    clandestinamente com o grupo, foi enviado um jovem omunistanQrte-americano, Victor Allen Qarron. O especialista e~ sabota-g~ns e explosivos no foi esqulfcido: Paul Franz Gruber;, alemo,

    I'

    mulher, Erika, qu~ poderia servir como motorista e\\

    : I

    ! I

    I,i

    (J),-

    Para maiores detalhes do plano revolucionrio de Bcrgcr, ver Arago, J.C.: "A Intentona Comunista", Biblicx,R.J., pg.inns 36 c 37.

    . -' ~

  • 1(,iI .I {HESEH'lf.O 0\

    O grupo de espies instalou-se no Rio de Janeiro. De acor \do com o insuspeito Fernando Morais; "Uma. .i.den.t.i.da.de..c.Ontum o~u.n.

  • \RESEHVAOO17 9

    Comunista), usando a sigla PCD. Esse concltive mudou a linha po-litica do Partido, segundo os ditames da sua matriz. A luta eraantifascista e deveria ser formada uma "frente popular contra os

    integralistas".o PCB, radicalizando-se, passou' a considerar-se corroa "van

    guarda na transformao da atual crise econmica em .crise revo-lucionria __ que j se processa -- encaminhando todas as lutaspara a revoiuio operria e camponesa". Conclamou os camponeses tomada violenta das terras e sua defesa pelas armas.Exortoua luta das massas "em ampla frente Gnica, para transformao daguerra imperialista em guerra civil, em luta armada das massaslaboriosas pela derrubada do feudalismo e do capitalismo". A l~ta, segundo o PCB, deveria ser elevada !'ata tornada do poder,instaurando o Governo Operrio e Campons, a Ditadura Democrtica baseada nos Conselhos de operrios, camponeses~ soldados..emarinheiros". Com relao ao marxismo-leninismo, jactava-se o

    . I

    Parti~o de que era o "Gnico neste pais que est baseado nessaideologia, a qual j levou. vitria o proletariado e as massaspopulares da sexta parte do mundo, a Unio Sovitica" (3).

    Em documento dado a pGblico logo depois da Conferncia, oPCD, vislumbrando as eleies de outubro, criticou a via parla';'mentar, sob ~ualquer forma ou rtulo com que se apre?entsse, ~,firmando que "de modo alg4m re~olve a situao das mas~~s;' ,si-tuao que s poder ser resolvida pela derruba~a vol~nta dos-

    , .

    se governo e sua substituio p~lo gove~no dos soviets (c~nse-lho) de operrios, camponeses, soldados e marinhei~os" (4)

    .A nova lina politica do "povo PCB", .em agosto qe 1934, .pasou a ser a da insurreio aram~da para a derrubada do goveEno e a tornada do poder. Os ~atos 090rridos no ano peguinte mos-tr~riam se estava preparado para isso e se iria alcanar seu ob

    je'tivo---..--- .. --\_. -- --.- -- ....--...

    4. A Aliana Nacional Libertadora (ANL)Traada a linha'poltica da "frente popular", faltava, ao

    PB, a criao de uma organizao ,que a concretizasse e que pu-desse congregar operrios, e:?tudantes, militares e intelectuais. I

    I

    "

    IR E S E fi V A o;.;"A Classe Operrin", 'jornal do 'pcn, de. 19 de agosto de 1934.Carone, E.: "O pcn - 1922 a 1943", Difel S.A., RJ, 1982, pginas 143 a159, transcreve onrtigo'A,posic;no do pcn frente s 'eleies", do CC/PCB.

    (3 )(4 )

  • datada

    ".

    1---------------f R E SER V 1\ O O laEm fevereiro de 1935, foi fundada essa frente, sob o nome

    de Aliana Nacional Libertadora (ANL).

    Em 19 de maro, pela primeira vez, rene-se a sua direto-ria. Dos seis principais dirigentes, trs eram militares: o presidente, Hercolino Cascardo, comandante da ~arinha; ovice-pres!dente, Amorety Osrio, capito do Exrcito; e o secret5rio-ge-ral, Roberto Henrique Sisson, tambm oficial da Marinha.

    Entretanto, desses tr~, s o secretrio-geral, Sisson,era do PCB, que pretendia, dk acordo com a poltica de frente,congregar o maior nmero possvel de liberais, escondendoa orientao do Partido. Mantinha para si, no entanto, a principal po-

    sio daANL.

    ~rofi~al de maro, a Aliana promoveu a sua primeira reu-nio pblica, no Teatro Joo Caetano, na cidade do Rio de Janeiro. Neste evento, mais de mil pessoas ouvem o programa da:ANL eaplaudem quando Prestes indicado como seu presidente de honra.

    Uma 'carta de adeso do t1cava~eiro da Esperana",de 3 de maio, d um grande impulso frente.

    Com base e semelhana da estrutura clandestina do PCB,a ANL organizou-se com rapidez, apo~ada nas t~cnicas marxistas-leninistas de agitao e propaganda e em dezenas de jornais di-rigidos pelo Partido. Apesar de ser mais forte no Rio de Ja~ei-ro, so Paulo e Minas Gerais, a Aliana propagou-se por todo oPais. Calcula-se que, em maio, j possua cerca de 100 mil militantes, organizados em 1.600 clulas.

    A frente progredia, escudada em bandeiras que empolgavamas massas, os militarese os liberais. O PCB a orientava, crescen-do sua sombra. A data de 5 de julho, comemorao dos 13 anosdo levante dos 18 do Forte e da revoluo tenentista, traou umalinha demarcatria no desenvolvimento da Aliana .

    _a.a ..... ~" . ... '.

    Prestes, que chegara ao Brasil em 15 de abril de 1935, radicara-se no Rio de Janeiro, aps.curtas passagens po~ Florianpolis, Curitiba e so Paulo. Observando o des~volvimento da ANL,

    ,

    concluiu que j estava na hora de fazer um pronunciamento maisincisivo, definidor dos reais rumos da Aliana.

    Em 5 de julho, lanou um manifesto contendo as bases do"Governo popular nacionalista revolucionriol', acusando Getlio

    . .

    Vargas de fascista e de subordinado ao imperialismo e convocan-

    "------------[ R E S E R V Ao O O I '"

  • fn.ESERVhOO 19

    do os ex-revolucion5rios, militares, padres,jovcns e a pequenaburguesia a engajar-se na luta pela implantao de um "governopopular". Em determinado trecho, Prestes afirma que "a situao de guerra e cada um precisa ocupar o seu posto", conclamando:"B~a6ilei~o6! O~9ani~ai o V0660 5d~o con~~a OA dominado~e6 ~~an66o~mando-o na o~ca -

  • 6. A Intentona

    r 11 E S E R V _~~ __ ..L-.- ";""-'"

    Os ,senhores soviticos determinaram. Os cegos brasileirosobedeceram.

    20

    R. J., 1980,

    ,I ~- E S E 11 V A O O

    (6) Lcvinc, R.M.: "O Regime de Vargas", Ed. Nova Frontci,ra,prina 10t.

    -Muito'j foi escrito sobre a Intentona Comunista de 1935.,.

    Como sntese, basta-nos relembrar que os atos de terror tiveram

    o prprio Dimitrov, dirigente blgaro da IC e encarregadode fundamentar a poltica de frente, teceu consideraes sobrea ANL e incentivou a sua ao: "No BltallLe., o Palt.tJ.do CO/llu/1J.ll.ta,que deu uma. boa ba~e ao de~envolvJ.men.ta de uma 6lten.te con.tlta oi.mpvlJ.a'l.J.llmoao clti.altuma Al.i.anca de emancJ.paco naci.onal, deveempenha.lt':"lle CO/ll .toda.!.>-~ ~UCL6 OIt.M .pa./ta.,-i.mpu.UJ.ol1a./t~.6a. 1Ite.l1.t e , con-qui.4tindo a me~ma, ~obltetudo o~ mi.th;e~ de campone~e~, e oltJ.en-tando O' mOQi.me.n.to no ~entido da 60ltmaco dede~.tacamentoll de umExeltcJ..to Populalt RevolucJ.onltJ.o ex.t'Jle.mame.n.te d(l.votado, a.t qLLe4ej~ alcancado o objetivo 6inal e no ~en.tJ.do da oltganJ.zaco dopodelL dell4a AlJ.anca Naci.onal LJ.belttadolLa".

    Estava aprovada ,a ANL como instrumento de luta. As pondi-es no inteiramente favorveis da situao b~asileira'no pa-reciam preocupar os dirigentes da .IC.

    Segundo Levine, "All oltdeli~ de Mo~cou palLa que o PCBag.l.4lle de qua.tquelL mane.l.lLa, a de~pe,.l.to do ll~U de~plLepalLo - con etltalt.l.avam qualquelt e~.tJ.ma.tJ.va ~enllata da lLea.tJ.dade blLa~J.leilta,mall 04 6.l.eJ.ll,legal.l.~tall, obedeceltam cegamente all J.nlltlLuc5e.ll lLecebi.dall" (6).

    -- ...-.- .._----" .. -

    rio-g?~al, Antonio Maciel Bqnfim, o "Miranda". Nesse Congresso,Van Mine, delegado holands do Comit Executivo da IC para aAmrica do ,Sul, em discurso de apoio "frente popular", apre-sentou informaes alvissareiras sobre a ANL, afirmando .que erauma "ampla e bem organizada associao" e que dela "j part~ci-pava um grande nmero de oficiais do Exrcito e da Marinha bra-

    sileiros".

    Tal afirmao no deixava de ser verdade, em valores absolutos. Baseando-se nos dados exagerados levados por "Miranda",os comunistas da IC tomavam o Brasil como uma "republiqueta sul

    !. -

    americana" e pensavam que algu~as poucas dezenas de oficiais re

    'presentassem "um grande nmero".

  • [n 1': S E n V 1\ ~~I- 2_01,inicio na noite de 23 de novembro, em Natal, na manhRecife, e na madrugada de 27, no Rio de Janeiro.

    de 24, em

    Apenas no Rio Grande do Norte, o levante ampliou-se, comparticipao restrita de alguns setores da popula~o. Em Recife,a participao foi extremamente reduzida e, no Rio de Janeiro,a revolta restringiu-se a dois quartis, a Escola de Aviao,na Vila Militar, e o 39 Regimento de Infantaria, na Praia Verme

    lha.

    Apesar do plano prever insurreio nas cidades e, depois,a formao de colunas par tomar o interior, o levante confinouse a trs cidades, isoladas entre si, pouco extravazando dos muros de alguns quart~is ..No dia 27 de novembro, a Intentona per-deu a impulso e fracassou.

    tt As massas populares mostraram nao haver tomado conhecimento do quadro pi.ntado pelos comunistas. O lema da.1\NL, "po';'TeEra e Liberdade", no sensibilizou o proletariado. A rebeldia ea mobilizao das massas s6 existiam na imaginao e no desejpdos comunistas, vidos de.chegar ao poder a qualquer preo. Tu-do parece indicar ~ue a superestimao das pr6prias fora~ foicausada pela presena, na ANL, de militares da ativa e da reserva, muitos oriundos do tenentismo, como, por exemplo, o Capi-to Agildo Barata, lider da Aliana no Sul do Pais.

    Segundo Fernando Morais, liA aJl-i...6:t.-!-ade. 1934 pe.tl./Il-i..:t.-i..ltaqtte.o~ joven.6 o-i..c-i..al.6.pa~:t.-i..c-i..pan:t.e~d~.6 ltevolu5e.6 an:t.elt4olte.6 voi-~4~~em ~ a:t.-i..va, e mu-i..to.6 dele..6 eltam m-i..l-i..:t.an:t.e..6do PC. A d-i..lteio

    , .-,

    Ileconhece.lta que~ paltadox.alme.I1:t.e., dita ma-i...6cLf. co.n.6:t.J~uc, o Palt.~{.do no~ qualt:t.'-i...6do que. na.6 iibJI.-i..ca.6- e .tnve.'.6:t.-i..un.t~:t.Gt" (7)

    Na realidade, o PCB substituiu a "vanguarda ope~ria" por\l11la"vanguarda militar". E, co~ isso, isolou-se. No d.:i:-zel::'insu~peito de Dinarco Reis: "Ca.6o a dllte.o do Palt:t.-i..doftotl.V- ...

    ~~ltla ajudado o Palt:t.ldo a nao incoltltelt em eltlto~ e equ~voqO.6 co-m9 0.6 que. acol1:t.ece.ltam com a g~o.6.6ellta mal1l6e.6:t.a~o de en6eltm.i.da

    ,

    de .i.11a.I1:t..i.l v,?Il.i.6.i.ca.da com O mpv.i.!J1el1:t.o alllllado de 1935" (8).Por que 'a ao armada? Imitao pueril, simplista e meca-

    ,. /'

    (7) Horais, F.: "Olga", Ed. Alfa-Omc.ga, S.P., 1985, pgina 83.(8) Reis, D.: "A Luta de Classes no.nra~i1 e opcnl.', Ed. Novos ~umo~,. R.J.,

    1981, pgina 29.

    , IIR E S E Fl V 1\ 0--:0 --------- ---1

    ir I. I~ I

    I j

  • nicista da Revoluo de 1917? Estreita intcrpre ta50 do matel' i ,\lismo histrico? Crena de que bastava um partido resoluto p"lr~1impulsionar o processo revolucionrio? Erro de avaliao d.:\rl'dlidade nacional? Superestimao do papel dos militares comuni~-tas? Cumprimento incondicional s ordens da IC?

    Passados 50 anos, no h~ uma explicao lgica e coerentepara ri Intentona Comunista de 35, a primeira tentativa de tom~-da do poder. Sua anlise nos conduz s palavras de Lenin -- aoreferir-se doena infantil do esquerdismo -- de que ela foi"no s uma estupidez, ,mas tambm um crime".

    Um crime que ceifou dezenas de vidas e que se poderia rc-, I .

    petir no momento em que seus'idealizadores julgassem haver ".:111\.1durccido o processo revolucionrio" e chegada a hora de emprcc~der nova tentativa de tomada do poder. Os comunistas iriam in-

    sistir no caminho da luta armada.

    \\\

    '--------------1 fi E S E R V! O O

  • A SUBORDINAO OSTENSIVA AO COMUNISMO SOVIf:TICO1

    .-]

    .'

    JRE S E R V A D~ ~_~

    o PC ERA A SECA0 BRASILEIRA OA INTERNACIONAL COHUNISTA.

    ,

    \\

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    I I------------1 R E S E n V A n--,1--. -------------

  • fn E S ER V A ~ o). -

    A INTENTONA CONUN'ISTA DE 1935

    24

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    o ARGENTIl\U 1.ROOOLFO GHIOIDr

    os LIDERES ESI'RANGEIroS DA RI:."VOLUOBRASILEIRA.

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    l~ESER V A D~-------------~;";';'CAPTULO IV

    o PCB EO CAMINHO 01\LUTA ARMADA

    ,\ R E S E fi V A 0,,0

    -

    Aps a extino do "Comint

  • ---. '

    a favor da paz mundial.

    2. A legalizao do PCB

    2G

    Ao aproximar-se o trmino da guerra, com a vitria daaliana entre as democracias ocidentais e os comunistas, o pre-r.idente Vargas decretou a anistia e abriu possibilidades de legalizao a todos os partidos polticos. Enquanto as diversascorren'tes polticas comeavam a reagrupar-se no sentido da for-ma~'dos respectivos partidos, o PCB era o nico nacionalmente,organizado. Valendo-se o prestgio que lhe dava a identifica-ao com o povo russo, que havia suportado a agresso nazista naEuropa - e que por isso contava com a simpatia dos povos do mun,do ocidental -,o PCB passou imediatamente ao de massas.Em abril de 1945, o Brasil restabeleceu relaes diplomticas

    Ii

    com a URSS.

    o Partido criou o Movimento de Unificaao dos'Trabalhado-res (MUT), organizao sindical paralela, a fim de orientaro tra-balho sobrea classe operria., No campo, a fim de explorar as di~putqs entre posseiros e grileiros, organizou as Ligas 'Campone-

    ...- ----- ----. -.--

    sas, sob o ttulo de associae~ civis. 'As Ligas procuravam con~ - . . ...., -

    cretizar, na prtica, a'"aliana operrio-camponesa" e nao pos-suiam vida autnoma, 'permanecendo como apndices da estruturapartidria. Floresendo neste perOdO, quando o PCB'era legal,quando este foi posto na ilegalidade definh~rame, praticamente,desapareceram, s vindo a res'surgir na dcada de 50 (3).

    ) - ----------Em 26 de novembro de 1945, como secretrio-geral do PCB,

    o recim-anistiado Luiz Carlos Prestes vai ao Recife para as co-memoraes do 109 aniversrio da Intentona Comunista. Em seu di~ ecurso, procura justificar o empunhar de armas