pinheiro 2010 review ritual wars

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KUBABA 1, 2010 ISSN: 1647-7642 http://www.fcsh.unl.pt/kubaba RITUALS OF WAR: THE BODY AD VIOLECE I MESOPOTAMIA Elias Pinheiro Universidade ova de Lisboa, Portugal RESUMO A obra Rituals of War: The Body and Violence in Mesopotamia (2008), publicada pela Zone Books (Nova Iorque), é da autoria de Zainab Bahrani. Trata questões relacionadas com a representação do corpo e da violência na arte representativa mesopotâmica. Zainab Bahrani é Edith Porada Professor of Ancient ear Eastern Art History and Archaeology na Universidade de Columbia (EUA). A obra, composta por oito capítulos, aborda vários temas, embora todos submetidos ao mesmo tema central. Cada um dos capítulos pode ser entendido como um pequeno artigo individual, no sentido em não existe uma clara sequência entre eles. Contudo, acaba por utilizar ideias, conceitos e axiomas definidos em artigos anteriores (e, por vezes, posteriores), o que os torna interdependentes a vários níveis. Esta dupla natureza dos capítulos acaba por justificar a unidade da obra, embora torne uma primeira leitura linear extremamente complexa. A obra inicia-se com uma pequena introdução, na qual a autora elucida o propósito da obra e estabelece alguns pontos de partida conceptuais para a subsequente leitura. O primeiro capítulo, intitulado The King’s Head, consiste numa análise, quer formal, quer interpretativa, do baixo-relevo neo-assírio de Til- Tuba. Presente no Palácio Norte de Ashurbanipal, em Nínive, o referido baixo-relevo representa a sétima campanha de Ashurbanipal, a segunda contra o Elam, e cujo foco se encontra na cabeça decepada do rei Teumman. Após uma detalhada descrição do baixo-relevo, assim como das características formais que lhe conferem um carácter narrativo, embora não

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  • KUBABA 1, 2010 ISSN: 1647-7642 http://www.fcsh.unl.pt/kubaba

    RITUALS OF WAR: THE BODY AD

    VIOLECE I MESOPOTAMIA

    Elias Pinheiro

    Universidade ova de Lisboa, Portugal

    RESUMO

    A obra Rituals of War: The Body and Violence in Mesopotamia

    (2008), publicada pela Zone Books (Nova Iorque), da autoria de

    Zainab Bahrani. Trata questes relacionadas com a representao do

    corpo e da violncia na arte representativa mesopotmica. Zainab

    Bahrani Edith Porada Professor of Ancient ear Eastern Art

    History and Archaeology na Universidade de Columbia (EUA).

    A obra, composta por oito captulos, aborda vrios temas, embora

    todos submetidos ao mesmo tema central. Cada um dos captulos pode ser

    entendido como um pequeno artigo individual, no sentido em no existe

    uma clara sequncia entre eles. Contudo, acaba por utilizar ideias, conceitos

    e axiomas definidos em artigos anteriores (e, por vezes, posteriores), o que

    os torna interdependentes a vrios nveis. Esta dupla natureza dos captulos

    acaba por justificar a unidade da obra, embora torne uma primeira leitura

    linear extremamente complexa. A obra inicia-se com uma pequena

    introduo, na qual a autora elucida o propsito da obra e estabelece alguns

    pontos de partida conceptuais para a subsequente leitura.

    O primeiro captulo, intitulado The Kings Head, consiste numa

    anlise, quer formal, quer interpretativa, do baixo-relevo neo-assrio de Til-

    Tuba. Presente no Palcio Norte de Ashurbanipal, em Nnive, o referido

    baixo-relevo representa a stima campanha de Ashurbanipal, a segunda

    contra o Elam, e cujo foco se encontra na cabea decepada do rei Teumman.

    Aps uma detalhada descrio do baixo-relevo, assim como das

    caractersticas formais que lhe conferem um carcter narrativo, embora no

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    linear, Bahrani procede sua anlise, abordando a centralidade atribuda ao

    acto de decapitao do rei elamita e da sua subsequente cabea decepada.

    De forma a justificar a importncia da decapitao no baixo-relevo, Bahrani

    recorre no s a uma anlise formal das cenas representadas, mas tambm a

    uma comparao com fontes literrias neo-assrias e clssicas.

    Atravs da comparao com vrias inscries assrias, Bahrani

    conclui que a centralidade atribuda decapitao de Teumman nas

    representaes visuais algo mais do que um elemento formal, uma vez que

    tambm se encontra presente nos textos. Considerando uma lista de sinais

    (no original: omens) que prenunciavam a derrota do Elam atravs de

    manifestaes psicossomticas no corpo de Teumman, Bahrani conclui uma

    ligao entre o destino fsico do rei, e o destino do seu reino. Dessa forma, a

    cabea decepada de Teumman representa tambm uma decapitao

    simblica do reino de Elam e um reforo da vitria assria, o que explica a

    importncia que lhe atribuda. De acordo com a mesma lgica, e

    atribuindo os sinais aos deuses, a cabea decepada uma prova

    demonstrativa do favor divino na vitria de Ashurbanipal, fazendo assim a

    ponte com a ideologia real assria.

    De forma a realar o carcter de destino atribudo cabea de

    Teumman, Bahrani compara-a com a cabea de Crasso em Plutarco,

    sugerindo assim o desenrolar do destino de Teumman como uma tragdia,

    comparao algo forada, uma vez que ao relevo de Til-Tuba est

    subjacente uma lgica de poder, enquanto a narrativa de Plutarco obedece a

    uma lgica moralista. Trata-se de produtos de diferentes arcos

    civilizacionais e, como tal, incomparveis entre si, apesar de eventuais

    semelhanas formais.

    O segundo captulo da obra aborda a questo da semitica

    mesopotmica. Expe o modelo de interpretao da arte representativa

    partilhado pelos povos da Mesopotmia, relacionando-o com a sua viso

    global da realidade. Da mesma forma que a realidade se encontra repleta de

    sinais que prenunciam e indicam determinados eventos, tambm a

    representao (seja ela artstica, escrita, etc.) se encaixa nesta lgica. Como

    corolrio, a autora conclui que no existiria uma clara distino entre

    realidade e representao, pelo que uma poderia influenciar a outra, de

    forma sobrenatural ou mgica, embora Bahrani realce que, numa lgica

    mesopotmica, no exista uma clara distino entre os dois. de acordo

  • Elias Pinheiro

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    com este modelo que a autora aborda todas as representaes mencionadas

    na obra.

    Apesar de intitulado Babylonian Semiotics, e de este ser realmente

    o ponto de partida, possvel, ao longo de todo o texto, antever o prprio

    modelo interpretativo da autora, pelo que, em ltima anlise, este captulo se

    trata de uma exposio terica cujo objectivo delinear as bases sobre as

    quais a subsequente obra assentar.

    O terceiro captulo, intitulado The Mantic Body, aplica a lgica

    delineada no artigo anterior ao corpo orgnico e s vrias partes que o

    compem. O corpo orgnico, estando integrado no real, tambm ele se

    encontra coberto de sinais que, atravs da comparao com o passado,

    possibilitam uma anteviso do futuro, por via de uma observao do

    presente. Atravs da comparao entre textos divinatrios e textos mdicos,

    Bahrani compara os mtodos das duas reas, uma vez que ambos partilham

    o mesmo modelo formal de prtase e apdose, sendo que a distino entre

    as duas prticas no clara.

    Pela prpria natureza do mtodo, assente na comparao com

    eventos passados, o registo das condies verificadas aquando de

    acontecimentos percepcionados como relevantes era vital e, como tal, era

    feito exaustivamente e em vrios suportes. Da mesma forma, os sintomas de

    uma determinada doena eram registados em conjunto com o resultado

    verificado, para referncia futura. Uma vez que o corpo orgnico estava

    integrado no real, os sinais neste manifestado poderiam antever

    acontecimentos com uma amplitude significativamente maior do que o

    indivduo, especialmente no caso de se tratar do corpo de um monarca, de

    acordo com a lgica expressa no primeiro captulo da obra. Num sentido

    lato, ser essa a grande diferena entre a divinao e a medicina numa lgica

    mesopotmica: partindo dos mesmos princpios, a primeira ocupa-se do

    geral, a segunda, do individual.

    Recuperando os axiomas estabelecidos no segundo captulo, a

    inscrio de determinados sinais em representaes do real tinha a

    capacidade de afectar a realidade. Desta forma, Bahrani evidencia a

    importncia atribuda representao do monarca na arte representativa,

    bem como a sua estrita aderncia imagem conceptual do monarca

    vinculada pela ideologia real.

  • Rituals of War: The Body and Violence in Mesopotamia

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    O captulo seguinte, Death and the Ruler, aborda a representao

    de Naramsin, numa estela (nar) datada de c. 2245-2218 a.C., e que

    comemora uma vitria sob os Lullubi. Bahrani defende a ideia de que, mais

    do que uma representao histrica do resultado de uma batalha, a figura do

    monarca naquela estela em particular reflecte uma nova concepo de

    monarquia. Na referida estela, o monarca representado com caracteres

    divinos e identificativos de um rei guerreiro, com uma maior dimenso que

    os restantes elementos, e erguido sobre uma pilha de inimigos mortos ou

    moribundos, enquanto o rei adversrio se mostra submisso e implorando

    misericrdia. Bahrani identifica esta imagem como uma representao de

    uma nova concepo de poder, cuja gnese se deu no incio do perodo

    acdico, aquando da transformao da figura do rei de um lder local de uma

    cidade num lder global, com poder sobre um largo territrio, englobando

    vrias cidades distintas, e aparentemente divino. De acordo com Bahrani,

    trata-se do surgimento de um poder suserano (no original: sovereign power)

    e da transformao da posio de monarca numa categoria ontolgica,

    reflectidos respectivamente no poder sobre a vida e a morte, detido por

    Naramsin na estela, assim como no seu carcter divino.

    Em contrapartida, Bahrani apresenta a figurao de Hammurabi na

    sua estela de leis, em que este representado no como um deus, mas

    partilhando o espao com um deus. Trata-se de duas manifestaes

    diferentes do mesmo poder suserano, embora, na estela de Naramsin, tal

    esteja idealizado na figura do rei guerreiro vitorioso e, na Estela de

    Hammurabi, se reflicta na figura do rei justo, garante de justia e ordem.

    Bahrani refere mais uma vez a importncia da representao fsica

    do rei, analisando a reproduo da figura de Naramsin na estela e o seu

    acordo com a imagem idealizada de um rei guerreiro.

    No quinto captulo, Image of my Valor, Bahrani aborda uma nova

    dimenso da imagem do monarca, neste caso, uma imagem de herosmo.

    Atravs da anlise das representaes e inscries presentes na estela

    comemorativa da vitria de Dadusha de Eshnunna sobre Bunu-Ishtar de

    Arbela, Bahrani conclui que todos os guerreiros vitoriosos representados na

    estela so representaes do prprio Dadusha, acentuando assim o seu

    carcter herico. Este carcter herico reforado pelas representaes de

    inimigos mortos ou capturados, incluindo uma atpica representao de

    cabeas decepadas. Embora o acto em si no seja representado na estela, a

    decapitao de Bunu-Ishtar, e subsequente envio da sua cabea para

  • Elias Pinheiro

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    Eshnunna so referidos nas inscries, reafirmando mais uma vez a

    importncia de tal aco, como foi evidenciado no primeiro captulo.

    Bahrani apresenta o texto presente nesta estela como comprovativo

    do carcter prtico das representaes de guerra e de actos de violncia na

    arte mesopotmica. Como afirmado na inscrio, Dadusha coloca a estela

    no templo dedicada a Adad, em Eshnunna, para que atravs dela, consiga

    obter do deus o renovar do seu destino. Um outro elemento que indica o

    carcter prtico deste monumento uma maldio nele inscrita para quem o

    danificar, remover do seu lugar, ou o alterar, com a inteno de subverter o

    seu propsito.

    Por oposio Estela de Dadusha, Bahrani apresenta a Estela de

    Eannatum de Lagash, que sendo um monumento de guerra da mesma forma

    que as restantes, foi elaborada num contexto diferente e, como tal, tinha

    objectivos diferentes e representaes diferentes. Apesar de ser um

    monumento de guerra, esta estela comemorava o fim das hostilidades com

    Ush de Umma e o restabelecimento das fronteiras entre os domnios dos

    dois monarcas. Na estela est representado o deus tutelar de Lagash,

    Ningirsu, recolhendo os inimigos cados numa rede de guerra. Na mesma

    estela est representado o rei cabea das suas tropas e a presidir a libaes

    antes ou depois da batalha. A autora aponta como diferena fundamental

    entre esta estela e as restantes o facto de ser o deus a manipular os mortos,

    atravs da rede de guerra, e no o monarca, erguido sobre estes. Bahrani

    aponta dois factores importantes para a correcta interpretao da estela. O

    primeiro que se trata de uma guerra pelo controlo do territrio; o segundo

    que se trata de uma guerra que foi prevista por orculos, que atriburam a

    vitria de Eannatum vontade dos deuses, vontade essa demonstrada por

    mirades de cadveres. Dessa forma, a estela, ao representar essas

    mirades de cadveres, e sendo colocada no local da fronteira, representa

    tambm uma clara justificao da pretenso do monarca de Eshnnuna quela

    terra em particular, assim como um contrato social de que essa fronteira ser

    respeitada. Por outro lado, Eannatum tem o cuidado de justificar a guerra

    como acto de resposta a uma agresso por parte de Ush, que destruiu um

    monumento prvio que marcava a fronteira em questo. Dessa forma, o

    colocar da Estela de Eannatum no seu devido lugar representa um repor das

    condies prvias, realando dessa forma o carcter justo da guerra.

    Demonstra que a guerra era travada de acordo com as leis.

    Bahrani termina o captulo abordando a questo da tortura e

    representaes de violncia extrema na arte neo-assria, e como fora deste

  • Rituals of War: The Body and Violence in Mesopotamia

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    contexto esta nunca era representada. Refere o paradoxo neo-assrio, no qual

    o monarca nunca surge praticando actos de extrema violncia nas artes

    representativas, mas pelos quais toma responsabilidade nos documentos

    textuais.

    No captulo intitulado The Art of War, a autora aborda a forma

    como os monumentos de guerra eram utilizados durante um conflito e

    como, por vezes, eram a sua causa. Embora Bahrani aborde a Mesopotmia

    como um todo, este captulo em particular tende a abordar as questes

    partindo de uma lgica neo-assria, sendo que muitas das afirmaes nele

    contidas perdem consistncia quando vistas de qualquer outro prisma.

    Considerando que o principal factor de identidade na Mesopotmia era a

    cidade de origem e que a cada cidade estava associado um deus tutelar, a

    remoo da esttua do seu templo por um inimigo era algo percepcionado

    como catastrfico. Bahrani defende que o acto de remover as esttuas dos

    deuses da sua cidade era algo que se encontrava para alm da simples guerra

    psicolgica, que correspondia a um real exlio, voluntrio ou no, do deus, e

    que para o vencedor era a confirmao da sua vitria como um desgnio

    divino. Uma lgica semelhante preside ao transporte e recolocao de

    esttuas de reis, estelas comemorativas, e outros monumentos. Bahrani

    chega a afirmar que determinados conflitos ocorreram apenas com o

    objectivo de capturar ou recuperar um determinado monumento, ignorando

    a possibilidade de que tal motivo seja apresentado unicamente como

    justificao para uma guerra que de outra forma seria considerada injusta.

    Para a autora, trata-se de um esforo para anular a identidade local de uma

    determinada populao para que esta mais facilmente aceite a autoridade do

    invasor. Da se compreende o aumento desta prtica durante o perodo de

    expanso imperial neo-assria e consequente construo de uma autoridade

    central em Nineveh. Assim, a manipulao ou anulao de identidades

    locais prvias corresponde a um esforo de ordenao de um novo espao,

    orientado segundo uma nova perspectiva central, a do conquistador. No caso

    em que os monumentos comemoravam algum acontecimento histrico,

    trata-se de uma tentativa no s de reorganizar o espao, mas tambm o

    tempo.

    Em paralelo com esta prtica, Bahrani coloca a deportao massiva

    de populaes. Reconhecendo que se trata de uma prtica recorrente, a

    autora ignora os aspectos prticos da deportao de uma determinada

    populao e considera-a como um meio de proceder a uma reorganizao do

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    espao, e no apenas como um meio de fragilizar a coeso de um grupo,

    diminuindo assim as hipteses de resistncia ou revolta face ao

    conquistador.

    No stimo captulo Bahrani aborda a importncia da leitura de

    sinais na conduo da guerra na Mesopotmia. Baseando-se em vrios

    documentos contendo as formulaes de perguntas feitas aos deuses acerca

    da conduo da guerra, Bahrani conclui que todos os aspectos da guerra

    eram alvo do escrutnio dos deuses, isto porque, de acordo com a concepo

    mesopotmica, a vitria ou derrota no eram simples contingncias, mas

    sim indicadores da vontade divina. Ao agirem sempre de acordo com a

    vontade dos seus deuses e ao submeterem todas as hipteses de aco ao seu

    escrutino, os monarcas mesopotmios esperavam obter a vitria. Por este

    motivo, a leitura de sinais no se limitava ao palcio, mas tambm prpria

    batalha, na qual participavam sacerdotes leitores de sinais (bar).

    De forma a reforar o carcter ritualista da guerra na Mesopotmia,

    para alm de citar os acima referidos sinais, Bahrani analisa o ritual atravs

    do qual eram atribudos nomes s armas, o que lhes concedia determinadas

    caractersticas inatas, e as tornava divinas por direito prprio, embora

    geralmente relacionadas com outra diviso.

    De forma a demonstrar a seriedade com que estes rituais eram

    encarados na antiguidade, Bahrani refere a existncia de substitutos do rei

    (ar-pi), que tomariam o seu lugar aquando da previso de um destino

    nefasto para o monarca, o que acabaria por afectar todo o reino.

    Em todas estas preocupaes, assim como em todas as outras

    abordadas directa ou indirectamente no livro, Bahrani encontra uma

    profunda ansiedade face ao futuro e ao destino, apesar da ideologia e

    propaganda real, e v em todas as tecnologias mgicas descritas na obra

    uma forma encontrada para lidar e controlar essa mesma ansiedade.

    O ltimo captulo do livro trata a essncia da guerra. Atravs de

    uma anlise do pico de Erra e de Ishum, Bahrani conclui que a guerra

    um fim em si, e o seu objectivo a sua prpria manuteno. Contudo,

    apesar disto, no vista como um elemento exterior sociedade, sendo uma

    parte natural desta, como comprovado pela sucesso legal de Marduk por

    Erra, no pico em questo. Contudo, trata-se de um evento de excepo, no

    sentido em que Erra substitui Marduk como ar-pi, e no como sucessor

  • Rituals of War: The Body and Violence in Mesopotamia

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    natural, da mesma forma que a guerra um evento excepcional e

    temporrio, terrvel, mas contudo necessrio.

    com esta ideia de guerra, uma fora independente e supra-estatal,

    embora por vezes submetida a este, que Bahrani passa em revista os

    principais pontos abordados, reviso que contm a concluso da obra.