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  • Encontro da IndstrIa para a sustEntabIlIdadE

    Indstria Txtil

    txtIl E conFEco: Inovar, dEsEnvolvEr

    E sustEntar

  • ConfeDerao naCional Da inDsTria Cni

    Robson Braga de AndradePresidente

    DireToria De eDuCao e TeCnoloGia DireT

    Rafael Esmeraldo Lucchesi RamacciottiDiretor de Educao e Tecnologia

    assoCiao Brasileira Da inDsTria TxTil e De ConfeCo aBiT

    Aguinaldo Diniz FilhoPresidente do Conselho de Administrao

    Fernando Valente PimentelDiretor Superintendente

    Renato LemeSuperintendente Administrativo e Financeiro

    GernCia De CoMrCio exTerior aBiT

    Domingos MoscaConsultor

    Renato JardimGerente

    GernCia De infraesTruTura e TeCnoloGia aBiT

    Sylvio Tobias Napoli JuniorGerente

    GernCia De CoMuniCao aBiT

    Ligia Santos Gerente

  • TxTil e ConfeCo: inovar, Desenvolver e susTenTar

    brASliA2012

  • CniConfederao Nacional da indstria

    aBiTAssociao brasileira da indstria Txtil e de Confeco

    sedeSetor bancrio NorteQuadra 1 bloco CEdifcio roberto Simonsen70040-903 braslia DFTel.: (61) 3317-9000Fax: (61) 3317-9994www.cni.org.br

    sedeVila buarque rua Marqus de itu, 968 01223-000 So Paulo SP brasilTel.: (11) 3823.6100Fax.: (11) [email protected]

    C748t

    Confederao Nacional da indstria.Associao brasileira da indstria Txtil e de Confeco.

    Txtil e Confeco: inovar, Desenvolver e Sustentar / Confederao Nacional da indstria Associao brasileira da indstria Txtil e de Confeco. braslia : CNi/AbiT, 2012.

    74 p. (Cadernos setoriais rio+20)

    1. Sustentabilidade 2. Conferncia das Naes Unidas sobre Desenvolvimento Sustentvel i. Ttulo ii. Srie

    CDU: 502.14 (063)

    2012. Cni Confederao nacional da indstriaQualquer parte desta obra poder ser reproduzida, desde que citada a fonte.

  • liSTA DE FiGUrAS

    Figura 1. relao entre os principais atores do setor ........................................... 18

    Figura 2. Esquema de coleta seletiva no bairro do bom retiro So Paulo ........ 30

    Figura 3. Esquema de coleta seletiva no bairro do bom retiro So Paulo ........ 30

    Figura 4. Avaliao qualitativa de impacto ambiental de fibras txteis ................. 31

    Figura 5a. Algodo ................................................................................................... 32

    Figura 5b. l ............................................................................................................ 32

    Figura 5c. Viscose .................................................................................................... 32

    Figura 5d. Viscose (bambu) ..................................................................................... 33

    Figura 5e. liocel Tencel ......................................................................................... 33

    Figura 5f. Poliamida (Nylon) .................................................................................... 33

    Figura 5g. Polister ................................................................................................... 34

    Grfico 1. Nmero de Empresas na cadeia txtil em 2010 .................................... 19

    Grfico 2. Empregos na cadeia txtil em 2010 ....................................................... 19

    Grfico 3. Produo da cadeia txtil em 2010 ........................................................ 19

    Grfico 4. Mdia de empregos por empresa em 2010 ........................................... 20

    Grfico 5. Mdia da produo em toneladas por empresa em 2010 .................... 20

    Grfico 6. Valor da produo acumulada de txtil e confeco (US$ bi) ............... 20

    Grfico 7. Produo por segmento, em mil toneladas ........................................... 21

  • Grfico 8. Empregos diretos no setor txtil e de confeco (em mil) ..................... 22

    Grfico 9. Comrcio internacional de txteis e vesturio (em US$ bilhes) ........... 24

    Grfico 10. Distribuio das empresas da cadeia txtil, pelo porte ......................... 25

    Grfico 11. Consumo de txteis, por habitante/ano (kg) .......................................... 25

    Quadro 1. resumo dos impactos ambientais potenciais ....................................... 55

    Quadro 2. indicadores ambientais para o setor txtil .............................................. 56

    Quadro 3. resumo de oportunidades de P+l no setor txtil ................................. 56

    Quadro 4. 7 vetores portadores de futuro ............................................................... 64

    Quadro 5. infraestrutura e educao para a inovao ............................................ 65

    Tabela 1. Valor da produo e pessoal ocupado em 2010 ................................... 21

    Tabela 2. Valor das exportaes do setor brasileiro e participao no total exportado ........................................................... 22

    Tabela 3. Valor das importaes e participao no total importado ..................... 23

    Tabela 4. Produo mundial de txteis (ton.) em 2009 .......................................... 23

    Tabela 5. Produo mundial de vesturio (ton.) em 2009 ..................................... 24

    Tabela 6. Notificaes tcnicas Estados Unidos ................................................ 39

    Tabela 7. Notificaes tcnicas Argentina .......................................................... 40

    Tabela 8. Empresas que implementaram inovaes, por nvel de qualificao brasil 2008 ................................................ 46

    Tabela 9. Dispndios realizados nas atividades inovativas ................................... 46

    Tabela 10. Principal responsvel pelo desenvolvimento de produto e/ou processo nas empresas que implementaram inovaes brasil (2006-2008) .............................................................. 46

    Tabela 11. Empresas que implementaram inovaes, por grau de importncia do impacto causado ....................................... 47

  • SUMrio

    Apresentao CNi ........................................................................................................ 9

    Apresentao setorial ................................................................................................ 11

    1 introduo ............................................................................................................. 13

    1.1 Apresentaes da entidade/instituio setorial .......................................... 13

    1.2 objetivos do fascculo ................................................................................. 15

    2 Caracterizao socioeconmica e ambiental do setor ........................................ 17

    2.1 Caracterizao socioeconmica ................................................................ 17

    2.1.1 Descrio da cadeia produtiva ...................................................... 17

    2.1.2 Valor da produo domstica do setor ......................................... 20

    2.1.3 Crescimento da produo do setor ............................................... 21

    2.1.4 Participao do setor na indstria brasileira .................................. 21

    2.1.5 Nmero de empregos gerados pelo setor .................................... 22

    2.1.6 Valor das exportaes do setor e participao no total exportado pelo brasil ........................................................ 22

    2.1.7 Valor das importaes do setor e participao no total importado pelo brasil ........................................................ 22

    2.1.8 Participao do brasil no total da produo mundial do setor ..... 23

    2.1.9 Nmero de empresas atuando no setor no brasil e grau de concentrao .................................................. 25

    2.1.10 Dimenses do mercado ................................................................. 25

    2.2 Caracterizao socioambiental .................................................................. 26

    2.2.1 iniciativas de responsabilidade social ........................................... 26

  • 3 regulaes econmicas e socioambientais que afetam o setor ........................ 37

    3.1 Principais acordos e aspectos regulatrios internacionais pertinentes ao setor: caracterizao do ambiente regulatrio internacional de interesse do setor ........................................... 37

    3.2 Principais instrumentos normativos nacionais (compulsrios e voluntrios) vigentes nos principais mercados externos do setor (exigncias dos consumidores, exigncias de certificados etc.) com impactos para o setor ...................... 40

    3.3 Principais aspectos regulatrios (legislao) e instrumentos normativos (compulsrios ou voluntrios) que afetam o setor no brasil ...................... 41

    4 Prticas empresariais para o desenvolvimento sustentvel (1992-2011) ............ 43

    4.1 Principais transformaes tecnolgicas/inovao e de gesto incorporadas pelo setor na produo .................................... 43

    4.2 iniciativas de divulgao de informaes e transparncia sobre o desempenho socioambiental do setor .......................................... 48

    4.3 iniciativas de certificao e autorregulao desenvolvidas pelo setor ....... 51

    4.4 iniciativas coordenadas pela associao/instituio setorial ..................... 53

    5 Desafios e oportunidades para o setor no caminho da sustentabilidade ........... 61

    6 Consideraes finais ............................................................................................ 67

    referncias ................................................................................................................ 71

  • APrESENTAo CNi

    A diversidade da indstria nacional e a disponibilidade de recursos naturais do ao pas excelentes oportunidades para se desenvolver de forma sustentvel, combinan-do crescimento econmico, incluso social e conservao ambiental. A emergncia das preocupaes com a sustentabilidade na agenda estratgica das empresas e dos governos uma realidade. Para alm de casos isolados de sucesso, as re-percusses dessa atitude so sentidas em setores inteiros da economia. Avanos ainda so necessrios, mas o caminho j est identificado e no h retorno possvel.

    Aps coordenar um processo indito de reflexo com 16 associaes setoriais sobre a sustentabilidade, a Confederao Nacional da indstria (CNi) entrega sociedade brasileira uma ampla gama de informaes sobre os avanos alcan-ados, os desafios e as oportunidades que esto por vir. o resultado aqui apre-sentado talvez no retrate a riqueza da discusso vivenciada pelo setor industrial na preparao desses documentos. Desdobramentos desse processo devem se seguir para alm da Conferncia rio+20, sendo incorporados definitivamente no cotidiano das empresas.

    o tema da sustentabilidade vivido de forma diferenciada em cada um dos seg-mentos industriais. Entretanto, alguns elementos so comuns. A constante busca da eficincia no uso de recursos e a necessidade de aumentar a competitividade industrial esto na pauta de todas as reas. incentivos inovao e ao desenvol-vimento cientfico e tecnolgico so estratgicos para a transio a modelos mais sustentveis de produo.

    No menos importantes so as estratgias para aprofundar as aes coordenadas internamente na indstria nacional e desta com os governos e as organizaes da sociedade civil. A disseminao de prticas sustentveis por meio das cadeias de suprimento e o incentivo para que as empresas assumam o protagonismo de inicia-tivas de gesto integrada dos territrios so ferramentas poderosas.

  • os fascculos elaborados pelas associaes setoriais so contribuies valiosas para pensar a sustentabilidade e a competitividade da indstria nacional. Um dos mais representativos resultados desse processo certamente ser a o fortalecimento de programas de ao estruturados para promover a sustentabilidade na produo. Essas iniciativas sero matria-prima para que os setores envolvidos e a CNi publi-quem sistematicamente documentos apresentando os avanos da indstria nacio-nal em direo aos objetivos da produo sustentvel.

    os documentos aqui apresentados pretendem ser uma valiosa contribuio para qualificar o debate sobre a sustentabilidade. Cada uma das associaes setoriais est de parabns pelo esforo realizado.

    robson Braga de andrade Presidente da Confederao Nacional da indstria (CNi)

  • APrESENTAo SEToriAl

    CoMProMiSSo E rESPoNSAbiliDADE

    os nmeros referentes s empresas, empregos, investimentos, tecnologia e perfil da indstria txtil e de confeco do brasil, constantes deste fascculo, evidenciam sua importncia no contexto das metas da rio+20, de promover o desenvolvimento sustentvel, que sintetizam a preocupao de todos os povos e organismos mul-tilaterais com o importante tema. No entanto, as dimenses macroeconmicas de um setor, por mais relevantes que sejam, no bastam para alinh-lo plenamente a esses objetivos e torn-lo protagonista da conquista de um futuro prspero e am-bientalmente saudvel. Este um desafio conjunto que envolve governos, empre-sas, organismos no governamentais, instituies de ensino e pesquisa, cidados, enfim, toda a sociedade.

    Antes de tudo, preciso compromisso e responsabilidade perante o desafio-sntese da sustentabilidade: conciliar o crescimento econmico, a erradicao da misria e a preservao ambiental e dos recursos naturais. ou seja, imprescindvel que as atividades produtivas continuem assumindo atitudes corretas sob o ponto de vista socioambiental, apoiadas por um ambiente macroeconmico favorvel e de marcos regulatrios consistentes e factveis.

    exatamente este o pressuposto que norteia a indstria txtil e de confeco. Acre-ditamos que o ser humano e seu bem-estar devam ser devidamente entendidos como a finalidade prioritria do capitalismo democrtico. Por isso, nossa entidade de classe estimula e atua no sentido de que sejam prticas recorrentes do setor a produo mais limpa, boas condies de trabalho e oferta de empregos com viso social, bem como tecnologias de tecidos e roupas respeitosas origem tica e eco-lgica da matria-prima e sade e conforto dos usurios.

    Tais valores, que precisam ser globais para estabelecer isonomia competitiva no plano econmico e efeitos amplos quanto sustentabilidade ambiental, dissemi-nam-se geometricamente no setor, em todo o territrio brasileiro. Consolidam-se em

  • nossa atividade a conscincia do papel da indstria na construo de uma socieda-de melhor e mais justa e o conceito de que o homem e suas organizaes no so senhores e sim partes da natureza!

    aguinaldo Diniz filho Presidente da Associao brasileira da indstria Txtil e de Confeco (AbiT)

  • TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr 13

    1 iNTroDUo

    1.1 Apresentaes da entidade/instituio setorial

    A Associao brasileira da indstria Txtil e de Confeco (AbiT), fundada em 1957, uma das mais importantes entidades de classe do universo corporativo do pas. Ela representa uma fora produtiva que ultrapassa 30 mil empresas, de distintos portes, instaladas em todo o territrio nacional, que empregam mais de 1,7 milho de traba-lhadores diretamente e geram, juntas, um faturamento anual de US$ 60 bilhes. A AbiT mantm uma estrutura fsica e de servios para dar suporte e orientao aos as-sociados. Todas as atividades realizadas pela equipe de colaboradores e consultores visam apoiar o desenvolvimento sustentvel do setor, bem como defender seus leg-timos interesses em todas as esferas que se fizerem necessrias, em mbito pblico e privado, nacional e internacionalmente.

    o setor txtil e de confeco brasileiro tem destaque no cenrio mundial, no ape-nas por seu profissionalismo, criatividade e tecnologia, mas tambm pelas dimen-ses de seu parque txtil: a quinta maior indstria txtil do mundo e a quarta maior em confeco; o segundo maior produtor de denim e o terceiro na produo de malhas. Autossuficiente na produo de algodo, e com grandes investimentos na produo de fibras qumicas, o brasil produz 9,8 bilhes de peas confeccionadas ao ano (dessas, cerca de 6,5 bilhes em peas de vesturio), sendo referncia mundial em beachwear, jeanswear e homewear. outros segmentos tambm vm ga-nhando mercado internacional, como a nossa moda feminina, masculina e infantil, alm do fitness e moda ntima. Entre 2010 e 2011, foram investidos cerca de US$ 5 bilhes pelas indstrias do setor.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE14

    Em meados de 2007, a Agncia brasileira para o Desenvolvimento industrial (AbDi) encomendou um estudo prospectivo ao Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE) sobre seis setores industriais, dentre eles o txtil e de confeco. o traba-lho contou com a participao direta da AbiT e teve como objetivo a elaborao de um plano para a priorizao de aes de desenvolvimento do setor at 2023. o instituto de Prospeco Tecnolgica e Mercadolgica (iPTM) do Senai/CETiQT, em colaborao com consultoria especializada, encarregou-se de refletir a opinio e a viso do comit gestor do relatrio, formado de empresrios representativos de todos os elos da cadeia de valor, acadmicos e representantes de rgos go-vernamentais. o Estudo Prospectivo Setorial Txtil e Confeco (AbDi, 2009) que resultou do trabalho produziu rotas estratgicas e tecnolgicas que orientaro o caminho do setor at 2023. Partindo-se de um panorama que descreve o estado atual nas dimenses mercado, tecnologia, talentos, infraestrutura fsica, investi-mentos e ambiente poltico-institucional, foi elaborada a Viso de Futuro do setor:

    Ser reconhecida e admirada pela relevncia econmica, poltica e social de

    suas atividades, competitiva globalmente e exportadora de destaque no cen-

    rio mundial, possuindo como diferencial a utilizao tica e sustentvel da di-

    versidade de recursos naturais e de competncias humanas, enfatizando com

    criatividade a identidade brasileira, interagindo com outras cadeias produtivas

    e formando uma rede de valor gil e verstil, intensiva em conhecimento e

    integrada desde a concepo at a disposio final de seus produtos cus-

    tomizados, funcionais e inovadores , que despertem a emoo e atendam s

    exigncias dos diferentes segmentos de consumo.

    Como fica claro na viso acima apresentada, a sustentabilidade fator crtico para a diferenciao competitiva do setor no ambiente global. Para tanto, grandes desafios devem ser assumidos. A partir da consolidao de metodologias aplicveis ao se-tor, com o apoio de servios especializados e capacitao adequada, podero ser disseminadas informaes para atuao sustentvel integrada dos diversos atores da cadeia, tais como agricultores, produtores, trabalhadores e designers. Munidos de informaes integradas, todos podero contribuir de modo consciente para a minimizao dos impactos indesejveis ao meio ambiente, promovendo mudanas expressivas no patamar de sustentabilidade.

    A AbiT reconhece a necessidade de ampliar o desenvolvimento sustentvel em mbito nacional e internacional, de acordo com o princpio das responsabilidades comuns e do direito soberano dos Estados sobre seus recursos naturais. o compro-misso da entidade com o setor txtil e de confeco criar uma base para o desen-volvimento sustentvel, atravs de aes que preencham as lacunas que objetivam a integrao e implementao entre os trs pilares do desenvolvimento sustentvel o econmico, o social e o ambiental.

  • 15TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    1.2 Objetivos do fascculo

    Este fascculo tem por objetivo oferecer alternativas viveis de contribuio do se-tor txtil e de confeco brasileiro para o desenvolvimento sustentvel. Partindo de sua caracterizao socioeconmica e de sua contextualizao legal e regulatria, so analisadas as principais linhas de ao que devero ser enfatizadas por polticas p-blicas e iniciativas empresariais para elevar a competitividade baseada em diferencia-o sustentvel e responsabilidade social.

    importante desempenhar e divulgar todos os esforos para acelerar a realiza-o das metas de desenvolvimento acordadas internacionalmente no contexto da Conferncia rio+20, reforando a cooperao do setor txtil e de confeco na abordagem sobre o curso de questes emergentes para a estabilidade econmica e o crescimento sustentvel que beneficie a todos. Do mesmo modo, pertinente expressar a nossa determinao em prosseguir com a evoluo da economia verde no contexto do desenvolvimento e erradicao da pobreza e a nossa vontade de re-forar o quadro institucional para o desenvolvimento em bases corretas em termos sociais, ambientais e econmicos.

  • TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr 17

    2 CArACTErizAo SoCioECoNMiCA E

    AMbiENTAl Do SETor

    Nesta seo, analisaremos os impactos sociais, econmicos e ambientais do setor.

    2.1 Caracterizao socioeconmica

    2.1.1 Descrio da cadeia produtiva

    A histria da indstria nacional deve muito ao setor txtil e de confeco. Sua ampli-tude, densidade e complexidade retratam a fora de sua estrutura socioeconmica. esta estrutura que servir de base para a sua internacionalizao ainda maior e o surgimento de novos empreendedores.

    o ambiente de competitividade das empresas txteis e de confeco brasileiras est se ampliando, efeito singular e local do que j vinha ocorrendo em todos os setores e em todo o mundo como resultado do processo de globalizao. Essa ampliao introduz, paulatinamente, novas espcies organizacionais, mais diversificadas e bem adaptadas s condies da nova ordem econmica.

    Competir por mercados mais exigentes capacita as empresas a oferecerem melhores produtos. o enfrentamento de situaes desafiadoras eleva o nvel da inteligncia empresarial, desdobra e multiplica as operaes e fabricaes e, finalmente, envolve outras cadeias produtivas, o que culmina por gerar mais e melhores empregos.

    Na figura 1, apresentamos a estrutura em rede que representa a relao entre as prin-cipais atividades desenvolvidas no setor.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE18

    Figura 1. relao entre os principais atores Do setor

    Nota: (*) Segmentos fornecedores. Fonte: AbiT/iEMi, 2011.

  • 19TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    os nmeros gerais do setor so apresentados nos grficos abaixo.

    ToTAiS DoS SEGMENToS:

    grFico 1. nmero De empresas na caDeia txtil em 2010

    *Exceto produo de algodo. Fonte: iEMi, 2011.

    grFico 2. empregos na caDeia txtil em 2010

    *Exceto produo de algodo. Fonte: iEMi, 2011.

    grFico 3. proDuo Da caDeia txtil em 2010

    *Exceto produo de algodo. Fonte: iEMi, 2011.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE20

    MDiAS Por EMPrESA NoS SEGMENToS:

    grFico 4. mDia De empregos por empresa em 2010

    *Exceto produo de algodo. Fonte: iEMi, 2011.

    grFico 5. mDia Da proDuo em tonelaDas por empresa em 2010

    *Exceto produo de algodo. Fonte: iEMi, 2011.

    2.1.2 Valor da produo domstica do setor

    Quando medida em dlares, o valor da produo domstica registrou crescimento importante de 27,6% entre 2009 e 2010.

    grFico 6. Valor Da proDuo acumulaDa De txtil e conFeco (us$ bi)

    Fonte: iEMi, 2011.

  • 21TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    2.1.3 crescimento da produo do setor

    A evoluo do volume de produo do setor apresentado no grfico 7. No entan-to, devemos assinalar que a produo fsica industrial tem sofrido impactos decor-rentes da crise mundial em 2009. No ano de 2010, houve uma recuperao, com um crescimento expressivo, e em 2011 os ndices voltaram a apresentar quedas, principalmente no setor txtil. Devemos ressaltar que a mudana de perfil da inds-tria brasileira para diferenciao competitiva com pases que concorrem por custos tambm poder influir no aumento do valor para uma correspondente reduo da taxa de crescimento do volume.

    grFico 7. proDuo por segmento, em mil tonelaDas

    Fonte: iEMi, 2011.

    2.1.4 participao do setor na indstria brasileira

    A tabela 1 procura ilustrar a real importncia da cadeia produtiva txtil brasileira, frente ao agregado da indstria de transformao no pas. Por ela, percebe-se que os txteis participaram com 5,5% da receita lquida da indstria de transformao em 2010. Em termos de pessoal ocupado, sua participao foi ainda mais significativa, ou seja, 16,4% do emprego total da indstria de transformao nacional, segundo estimativas do instituto de Estudo e Marketing industrial (iEMi) para aquele ano.

    tabela 1. Valor Da proDuo e pessoal ocupaDo em 2010

    Valor da produo (us$ bi) pessoal ocupado (mil)

    Cadeia txtil 60,5 1.680,0

    Indstria de transformao 1.101,8 10.192,6

    Participao percentual 5,5% 16,4 %Fonte: Elaborado com dados do iEMi/ibGE (2011).

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE22

    2.1.5 nmero de empregos gerados pelo setor

    o setor txtil e de confeco um dos maiores geradores de empregos da indstria de transformao. o grfico 8 ilustra o crescimento de empregos diretos no setor.

    grFico 8. empregos Diretos no setor txtil e De conFeco (em mil)

    Fonte: iEMi, 2011.

    2.1.6 Valor das exportaes do setor e participao no total exportado pelo brasil

    Em 2010, as exportaes brasileiras do setor foram 20,8% maiores, com uma estabili-zao em 2011. Porm, tal crescimento foi muito menor do que o das importaes no setor, conforme apresentado nas tabelas abaixo:

    tabela 2. Valor Das exportaes Do setor brasileiro e participao no total exportaDo

    perodo Valor das exportaes*, em us$ Fob participao no total exportado

    2006 1,8 bi 1,3 %

    2007 1,9 bi 1,2 %

    2008 1,7 bi 0,9 %

    2009 1,2 bi 0,8 %

    2010 1,45 bi 0,7%

    2011 1,42 bi 0,5%*Valor sem incluso das fibras de algodo. Fonte: Elaborado com dados do AliceWeb1/MDiC2 (2011).

    (1) Sistema de Anlise das informaes de Comrcio Exterior via internet; (2) Ministrio do Desenvolvimento, indstria e Comrcio.

    2.1.7 Valor das importaes do setor e participao no total importado pelo brasil

    As importaes crescentes da indstria nacional sinalizam taxas de participao nas compras externas totais pelo menos duas vezes maiores do que as de exportaes, quando analisamos o perodo exposto a seguir.

  • 23TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    tabela 3. Valor Das importaes e participao no total importaDo

    perodo Valor das importaes*, em us$ Fob participao no total importado

    2006 2,2 bi 2,4 %

    2007 2,9 bi 2,4 %

    2008 3,7 bi 2,1 %

    2009 3,5 bi 2,7 %

    2010 4,9 bi 2,7 %

    2011 6,1 bi 2,7%*Valor sem incluso das fibras de algodo. Fonte: Elaborado com dados do AliceWeb/MDiC (2011).

    2.1.8 participao do brasil no total da produo mundial do setor

    o brasil um dos maiores produtores txteis e de confeco do mundo (tabelas 4 e 5), sendo o quinto no segmento txtil e o quarto no de confeco. No ocidente, a indstria nacional tem o maior parque produtivo integrado, da fibra ao produto final.

    tabela 4. proDuo munDial De txteis (ton.) em 2009

    pas txteis part. %

    China 33.231.000 48,78

    ndia 5.500.000 8,07

    Estados Unidos 3.620.000 5,31

    Paquisto 2.660.000 3,90

    brasil 2.089.000 3,07

    Indonsia 1.853.000 2,72

    Taiwan 1.682.000 2,47

    Coreia do Sul 1.327.000 1,95

    Turquia 1.283.000 1,88

    Tailndia 874.000 1,28

    Mxico 739.000 1,08

    Itlia 732.000 1,07

    Bangladesh 618.000 0,91

    Rssia 475.000 0,70

    Alemanha 466.000 0,68

    Outros 10.979.000 16,12

    total 68.128.000 100,00Fonte: iEMi, 2011.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE24

    tabela 5. proDuo munDial De Vesturio (ton.) em 2009

    pas Vesturio part. %

    China 19.709.000 48,96

    ndia 2.819.000 7,00

    Paquisto 1.535.000 3,81

    brasil 1.169.000 2,90

    Turquia 1.070.000 2,66

    Coreia do Sul 968.000 2,40

    Itlia 968.000 2,40

    Mxico 951.000 2,36

    Malsia 651.000 1,62

    Polnia 622.000 1,55

    Taiwan 578.000 1,44

    Romnia 518.000 1,29

    Tailndia 453.000 1,13

    Sri Lanka 450.000 1,12

    Indonsia 445.000 1,11

    Outros 32.906.000 81,74

    total 40.258.000 100,00Fonte: iEMi, 2011.

    o grfico 9 mostra a evoluo do comrcio internacional de txteis e vesturio, ficando evidente a queda dos valores em 2009, devido crise econmica mundial.

    grFico 9. comrcio internacional De txteis e Vesturio (em us$ bilhes)

    Fonte: oMC.

  • 25TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    2.1.9 nmero de empresas atuando no setor no brasil e grau de concentrao

    o grfico 10 mostra a importncia das pequenas empresas na estrutura do setor.

    grFico 10. Distribuio Das empresas Da caDeia txtil, pelo porte

    Fonte: iEMi/ Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE), (2011).

    2.1.10 Dimenses do mercado

    o consumo de txteis e confeccionados no brasil tem tido grande avano, devido ao crescimento de empregos e melhor distribuio de renda no pas na ltima dcada. As estimativas para os prximos anos so de que um patamar de consumo per capita ainda maior seja atingido.

    grFico 11. consumo De txteis, por habitante/ano (kg)

    Fonte: iEMi, 2011.

    Segundo o iEMi (2011), em 2010, a produo brasileira de txteis foi de 11,6 quilos por habitante, medida pelo critrio do iEMi, que adiciona o consumo interno de filamentos produo de fios no ano. Nesse mesmo ano, o consumo atingiu 14,7 quilos por habitante (grfico 11), indicando que parte do consumo interno foi supri-da por importaes.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE26

    2.2 Caracterizao socioambiental

    2.2.1 iniciativas de responsabilidade social

    A responsabilidade social vem introduzindo novas respostas para o desenvolvimento sustentvel do pas. A cadeia txtil e de confeco refora seu compromisso com a tica e a transparncia e se empenha no aperfeioamento das relaes com as diver-sas partes interessadas, em face do novo ambiente de negcios e da conscincia de que somos parte de um todo. Em outras palavras, a responsabilidade social pode ser definida como um conjunto de iniciativas:

    que priorizam o desenvolvimento de negcios sustentveis, tanto do ponto de vista econmico, quanto do ponto de vista social e ambiental;

    de carter voluntrio e/ou regulatrio;

    voltadas aos seus diferentes pblicos ou partes interessadas;

    focalizadas na dimenso tica de suas relaes com esses pblicos, bem como na qualidade dos impactos da empresa sobre a sociedade e o meio ambiente.

    reforar essa tendncia e desenvolver a cultura da responsabilidade social uma das iniciativas que consideramos fundamentais para o crescimento da economia e a me-lhoria de vida da populao. Em funo dessa viso, a AbiT vem fortalecendo parce-rias ao longo dos anos com instituies-chaves para o desenvolvimento da indstria nacional. Dentre elas est a Associao brasileira dos Produtores de Algodo (Abra-pa) e a Associao brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintticas (Abrafas).

    A Associao brasileira de Produtores de Fibras Arti-ficiais e Sintticas (Abrafas) congrega os fabricantes das chamadas fibras qumicas no brasil e acompa-nha de perto todo o trabalho de pesquisa, desenvolvi-mento e inovao de seus associados. Produzir fibras artificiais e sintticas com processos que no preju-diquem o meio ambiente premissa para essas em-presas e vrios exemplos esto citados neste estudo. Controle absoluto sobre processos produtivos e ad-ministrao correta sobre seus efluentes so partes de um cotidiano que h bastante tempo vem sendo objeto de constante aprimoramento.

    os membros que compem seu Conselho esto totalmente envolvidos nas ques-tes de sustentabilidade de seus produtos. o respeito ao meio ambiente h muito tempo seguido por seus associados e os programas de melhorias sobre os pro-cessos produtivos so conhecidos pelas comunidades locais, governos estaduais e municipais, sempre com metas escolhidas de forma a atenderem s demandas de todas essas entidades.

    Fiao de Polister. Foto: Abrafas.

  • 27TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    Com a finalidade de melhorar e apoiar o desenvolvimento da cotonicultura brasileira, foi criada, em 1999, a Associao brasileira dos Produtores de Algodo Abrapa, por meio da organizao dos produtores para buscar a sustentabilidade estratgica, agindo nos trs pilares principais politicamente, socialmente e economicamente , em conjunto com entidades pblicas e o setor privado, para estimular a melhoria da produo, por meio de prticas sustentveis.

    Cumprindo o seu papel, a Abrapa tem hoje mais de 1.600 membros, que juntos representam 96% de toda a rea do algodo e 100% do algodo exportado no brasil. Possui no quadro de nove associadas estaduais que do voz s neces-sidades dos produtores em cada estado brasileiro. A seguir, ilustraremos suas principais aes:

    bETTEr CoTToN iNiTiATiVE bCi

    A bCi uma associao sem fins lucrativos, global e inclusiva, que visa propiciar a sustentabilidade da cadeia do algodo por meio da melhoria contnua de prticas de produo, relaes justas de trabalho, transparncia e rastreabilidade. A associao reuniu-se com a Abrapa em 2006 para discutir a proposta de se produzir o algodo bC (better Cotton algodo melhor) no brasil.

    Seus principais objetivos a longo prazo so: (i) demonstrar os benefcios inerentes produo de better Cotton, especialmente a lucratividade para os agricultores; (ii) reduzir o consumo da gua e de defensivos no meio ambiente; (iii) melhorar a sade do solo e a biodiversidade; (iv) promover as relaes justas de trabalho para co-munidades agrcolas e trabalhadores de culturas de algodo; (v) facilitar a troca de conhecimento global em produes algodoeiras mais sustentveis; e (vi) aumentar a rastreabilidade ao longo da cadeia de fornecimento de algodo.

    A primeira safra 2010/2011 better Cotton foi realizada em propriedades-piloto de pe-quenos e grandes produtores, em que foi introduzido tambm o Sistema Abrapa de identificao (SAi), que permite que o algodo seja rastreado da proprie-dade rural at a algodoeira. o c-digo SAi, ao ser inserido no site da bCi, passa a ter o seu cdigo, deno-minado UbiC, que permite a todos os associados da bCi no mundo terem a informao da disponibiliza-o dos fardos bCi.

    Foto: Carlos rudiney/Abrapa.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE28

    ProGrAMA SoCioAMbiENTAl DE ProDUo DE AlGoDo PSoAl

    o Programa PSoAl, por sua vez, tem como propsito intensificar a orienta-o e conscientizao dos produtores de algodo sobre as necessidades e as vantagens de adotar, no campo, prticas de cultivo socialmente corretas, com ob-servncia da legislao socioambiental, visando preservao do meio ambien-te, s boas prticas trabalhistas e, em especial, proibio do trabalho infantil, degradante ou indigno, bem como reco-

    mendao sobre armazenamento e manuseio de pesticidas, descarte de embalagens e uso de equipamento de proteo individual.

    iNSTiTUTo Do AlGoDo SoCiAl iAS

    A AbiT participou do desenvolvimento do selo de garantia da responsabilidade so-cial do instituto do Algodo Social dos produtores de algodo de Mato Grosso. o iAS instituto do Algodo Social, foi criado em 2005 por iniciativa espontnea dos associados AMPA Associao Mato-grossense de Produtores de Algodo e tem por objetivos promover a conscientizao e a prtica da responsabilidade social entre os produtores de algodo de Mato Grosso e a preparao para a certificao social.

    uma instituio direcionada a sensibilizar, conscientizar e orientar o produtor rural do setor algodoeiro a desenvolver os princpios da responsabilidade empresarial so-cial, congregando a classe em torno de objetivos comuns, como a regularizao das relaes do trabalho, a gesto em segurana do trabalho e a conservao ambien-tal, agregando cultura algodoeira valores de repartio de renda, incluso social e promoo da cidadania e, a partir da, elevando as condies de competitividade do algodo mato-grossense no mercado internacional, atravs da comprovao da boa origem social de seu produto.

    Fotos: Carlos rudiney/Abrapa.

    Foto: Carlos rudiney/Abrapa.

  • 29TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    resultados positivos das aes do iAS no setor algodoeiro de Mato Grosso:

    elevao do nvel de conformidade legal em relao s prticas das rotinas trabalhistas e de segurana do trabalho nas fazendas;

    elevao do nvel de conhecimento dos produtores e seus administradores e pessoal tcnico;

    certificao da qualidade social do algodo de Mato Grosso;

    empreendedores com responsabilidade social.

    Pela importncia da iniciativa e por meio de discusses no Grupo Tcnico de Susten-tabilidade sobre a convergncia de princpios, aspecto conceitual e metodolgico vol-tado para a sustentabilidade na cotonicultura, foi proposto um novo desafio e avano na entidade a unificao dos projetos iAS e PSoAl, que assumiro a denominao Algodo responsvel brasileiro (Abr), cuja traduo Responsible Brazilian Cotton (rbC), para fins de exportao, e est previsto para lanamento para a safra 2012/13.

    rETAlho FAShioN: iNClUSo SoCiAl E PrESErVAo AMbiENTAl Por MEio DA rECiClAGEM DE rESDUoS TxTEiS

    o Sinditxtil/SP, com o apoio da AbiT, instituiu na entidade um comit para coordenar projetos relacionados responsabilidade social na indstria txtil paulista. o comit coordenado por membros diretores e colaboradores do Sinditxtil/SP e de institui-es parceiras, como o Sindicato das indstrias de Vesturio do Estado de So Paulo (Sindivest), a Prefeitura Municipal de So Paulo, a Cmara dos Dirigentes lojistas do bom retiro (CDl) e instituies de ensino e desenvolvimento, como o Senai Txtil de So Paulo e a Universidade Presbiteriana Mackenzie.

    o projeto est fundamentado em quatro pilares:

    responsabilidade ambiental;

    responsabilidade social;

    agregao de valor para a indstria txtil e de confeco;

    Poltica Nacional dos resduos Slidos (lei n 12.305, de 02/08/2010).

    Atualmente, a coleta de resduos txteis no bairro bom retiro realizada de maneira pouco estruturada. A regio conta com 1.200 confeces instaladas, e estimativas indi-cam a gerao de cerca de 12 toneladas por dia de resduo txtil, de acordo com a CDl.

    Conforme estabelecido na lei n 13.478/02, os grandes geradores de resduos, que es-timamos em 60% das empresas da regio, devem contratar empresa especializada em coleta de lixo para dar um destino aos rejeitos. Foi constatado que as empresas que re-alizam a coleta nessa regio encaminham os resduos txteis para os aterros sanitrios.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE30

    Com a implantao desse projeto, pretende-se formalizar o trabalho dos catadores e encaminhar os resduos coletados, tanto por eles como pelas empresas respon-sveis pela coleta dos resduos dos grandes geradores, para uma cooperativa que ficar responsvel por gerenciar os catadores, separar os resduos e preparar a matria-prima para ser vendida s empresas recicladoras, evitando que toneladas de resduos txteis sejam descartadas em aterros sanitrios ou nas ruas, bem como os impactos sociais e ambientais decorrentes do descarte irregular.

    Figura 2. esquema De coleta seletiVa no bairro Do bom retiro so paulo

    Fonte: Sinditxtil/SP, 2011.

    Figura 3. esquema De coleta seletiVa no bairro Do bom retiro so paulo

    Fonte: Sinditxtil/SP, 2011.

  • 31TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    o comit responsvel pelo projeto retalho Fashion pretende finalizar e operacionali-zar todas as fases at o final de 2013.

    Esta mais uma iniciativa do setor txtil e confeco que pode ser reproduzida em outros polos de confeco do pas, com vista preservao ambiental e gerao de renda com ocupao qualificada, criando condies socialmente justas de tra-balho para os cidados trabalhadores que dependem deste meio para subsistncia; restabelecendo a preservao das condies de limpeza e socioambientais das regies envolvidas e, tambm, gerenciando a comercializao desses resduos, de modo a contribuir com as empresas txteis que os utilizam como matria-prima.

    rESPoNSAbiliDADE AMbiENTAl CoMPArATiVo AMbiENTAl DE FibrAS TxTEiS

    Com base em literatura selecionada1, o consultor e professor do curso de Engenha-ria Txtil do Centro Universitrio da FEi, Fernando barros de Vasconcelos, realizou um interessante estudo comparativo das caractersticas ambientais das principais fibras txteis que passamos a apresentar. As fibras foram escolhidas em funo de sua importncia no mercado txtil nacional. os principais aspectos ambientais ana-lisados foram: impactos na sade e meio ambiente, consumo de energia e de gua, utilizao de recursos renovveis, durabilidade, biodegradabilidade e reciclagem. Para cada fibra txtil, com base em literatura selecionada, Vasconcelos produziu a avaliao qualitativa ilustrada na figura 4.

    Figura 4. aValiao qualitatiVa De impacto ambiental De Fibras txteis

    Fonte: Vasconcelos, F.b. (2008).

    1 o autor apresenta a bibliografia utilizada para produzir sua sntese, de onde destacamos os trabalhos de brunekreef e harssema,1980; blackburn, 2005; Kalliala e Nousiainen, 1999; WorlD hEAlTh orGANizATioN, 1979; lAUrSEN et alii, 1997, reproduzidos nas referncias deste fascculo.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE32

    As figuras 5 a, b, c, d, e, f resumem o comportamento das diferentes fibras nas oito dimenses qualitativas.

    Figura 5a. algoDo

    Fonte: Vasconcelos, F.b. (2008).

    Figura 5b. l

    Fonte: Vasconcelos, F.b. (2008).

    Figura 5c. Viscose

    Fonte: Vasconcelos, F.b. (2008).

  • 33TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    Figura 5D. Viscose (bambu)

    Fonte: Vasconcelos, F.b. (2008).

    Figura 5e. liocel tencel

    Fonte: Vasconcelos, F.b. (2008).

    Figura 5F. poliamiDa (nylon)

    Fonte: Vasconcelos, F.b. (2008).

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE34

    Figura 5g. polister

    Fonte: Vasconcelos, F.b. (2008).

    Passamos a apresentar as concluses analticas de Vasconcelos. o autor ressalta que cada fibra estudada possui caractersticas e propriedades prprias que definem mercados especficos, no podendo ser avaliadas isoladamente de seu ciclo de vida. De fato, outros trabalhos enfatizam que, no setor txtil e de confeco, a fase de uso pode ser responsvel pela maior parcela dos impactos ambientais devido s suces-sivas lavagens e secagens das roupas ao longo de sua vida til (para uma reviso sobre a Avaliao de Ciclo de Vida no setor txtil ver, por exemplo, brUNo, 2009). Vasconcelos analisa que, no caso das fibras naturais, como algodo, a ateno deve estar concentrada na minimizao do uso de pesticidas, herbicidas, desfoliantes ou adubos sintticos, pois esses so responsveis pelos maiores impactos ambientais de toda a cadeia.

    Com relao s fibras artificiais, com exceo de lyocel e Tencel, o problema se concentra nas emisses de CS2 e h2S, devido ao custo das instalaes de filtragem. Em relao fibra de viscose, o autor avalia que o deslocamento da produo para os pases em desenvolvimento, onde no h o mesmo rigor de pases desenvolvi-dos quanto observncia de regulamentaes ambientais, faz com que a mitigao de seus efeitos seja postergada em nvel mundial. Devemos notar a avaliao feita para a fibra de viscose a partir do bambu. Na verdade, sua verdadeira contribui-o ambiental resume-se s vantagens do cultivo do bambu em relao s outras fibras vegetais utilizadas para produzir viscose. ressalte-se que as caractersticas bacteriostticas e bactericidas atribudas comumente fibra de bambu no tm comprovao cientfica.

  • 35TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    Quanto s fibras sintticas, o autor menciona o fato de terem contra si serem produ-zidas a partir de fonte no renovvel. Chamamos a ateno para o fato de que, alm de se fazer uso de um recurso no renovvel, a utilizao de derivados do petrleo introduz no ambiente cargas de Co2 que no estavam na superfcie, contribuindo para o aumento da massa disponvel desse gs causador de efeito estufa na atmosfera. o polister e a poliamida tm tido suas emisses poluentes minimizadas por sistemas de filtragem. No que se refere ao consumo de energia, segundo o autor:

    [...] vrios estudos mostram que em comparao com outras fibras, principal-

    mente naturais, se considerarmos toda a vida til de um produto txtil at o seu

    descarte final, os sintticos consomem mais energia na fase inicial de produo

    da fibra, enquanto as naturais consomem mais na fase de uso e manuteno,

    o que na soma total acaba sendo favorvel ao sinttico numa proporo que

    depende da durabilidade do produto e do tipo de lavagem e secagem utilizado.

    Dados do Centro de Pesquisas de Energia Eltrica do Grupo Eletrobrs mostram

    que 11% de toda energia eltrica consumida nas residncias no brasil so utiliza-

    dos em mquinas de lavar, secadoras e ferro eltrico. (brUNo, 2009)

  • TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr 37

    3 rEGUlAES ECoNMiCAS E SoCioAMbiENTAiS QUE

    AFETAM o SETor

    3.1 Principais acordos e aspectos regulatrios internacionais pertinentes ao setor: caracterizao do ambiente regulatrio internacional de interesse do setor

    Uma srie de iniciativas promovidas pelas instituies de apoio para sensibilizao de atores governamentais a respeito da necessidade de criao de normas e regulamen-tos que tragam isonomia s relaes de competitividade com produtos estrangeiros tem impulsionado os empresrios do setor.

    Um dos principais regulamentos internacionais que afetam o setor TC Txtil e Con-feco o reach (regulamento n 1907/2006 do Parlamento Europeu e do Conse-lho). Trata-se de regulamento europeu relativo ao registro, avaliao, autorizao e restrio das substncias e misturas qumicas. Foi aprovado em 18 de dezembro de 2006 e entrou em vigor em 1 de junho de 2007.

    Esse regulamento provoca um marco regulatrio sobre substncias e misturas qu-micas dentro da Unio Europeia. Seu objetivo principal garantir uma elevao do nvel de proteo da sade humana e do ambiente. Para isso, introduz a obrigao de realizar um registro de todas as substncias qumicas comercializadas dentro do territrio da Unio Europeia.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE38

    o reach atribui indstria a responsabilidade de controlar os riscos associados s substncias qumicas ou misturas. baseado no princpio de que cabe aos fabrican-tes, aos importadores e aos usurios intermedirios garantir que fabricam, comer-cializam ou utilizam somente substncias que no afetam negativamente a sade humana ou o meio ambiente. Este regulamento aumentar a informao existente so-bre substncias qumicas, seus riscos associados e possibilitar que esta informao seja transmitida aos usurios e aos consumidores.

    o objetivo mais relevante do reach garantir o uso seguro das substncias qumi-cas. Para isso, uma grande quantidade de informao ter que ser gerada. Por isso, medida que se implementa o reach, podemos observar modificaes substanciais na avaliao e na gesto dos riscos das substncias qumicas para os trabalhadores, consumidores e meio ambiente.

    Neste sentido, a AbiT est alinhada com a Associao da indstria Qumica Abi-quim e ao inmetro para esclarecer a toda cadeia TC a melhor maneira de preparar um cronograma de atendimento s exigncias deste regulamento, eliminando possveis obstculos s exportaes brasileiras para a Unio Europeia.

    notificaes omc

    A aplicao de mecanismos como normas, regulamentos tcnicos e medidas vo-luntrias ou compulsrias, como certificaes socioambiental, estudos de impactos, marcos regulatrios e outras iniciativas adotadas setorialmente convergiram para res-saltar as preocupaes das organizaes com o meio ambiente e a sade humana. Tais mecanismos evoluram e passaram a se apresentar como importantes instrumen-tos de mercado, focados no aumento da participao e na manuteno das indstrias que cumprem esses requisitos no cenrio mundial.

    Com o reconhecimento da relevncia de tais mecanismos para o fluxo de comrcio exterior, foi estabelecido um acordo, intitulado Standards Code, durante a rodada Tquio, realizada entre 1973 e 1979. Com base no Standards Code, um novo acor-do, denominado Acordo sobre barreiras Tcnicas ao Comrcio (TBT Agreement), foi inteiramente reformulado e incorporado pela organizao Mundial do Comrcio (oMC) em 1995.

    o Acordo TbT define a responsabilidade que cada pas-membro deva ter pela ma-nuteno de um centro de informao com a finalidade de notificar as propostas de regulamentos tcnicos e procedimentos de avaliao da conformidade, assim como estabelecer meios para a disseminao de informaes sobre documentos notificados oMC.

    Desde 1995, as funes desses centros, denominados Pontos Focais, foram desen-volvidas e se tornando importantes instrumentos de apoio s empresas que atuam no comrcio internacional. os Pontos Focais passaram a atuar no fornecimento de informaes que auxiliam os setores produtivos na adequao s exigncias tcnicas dos pases destinatrios de seus produtos, evitando-se a rejeio de mercadorias no momento do desembarque.

  • 39TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    No mbito nacional, a partir de 2002, o inmetro passou a atuar como Ponto Focal e passou tambm a exercer outras atividades de apoio aos exportadores brasileiros. No mbito da oMC, um Comit de barreiras Tcnicas ao Comrcio, com a finalidade de acompanhar o funcionamento e a implementao do Acordo TbT, passou a atuar num contexto mais amplo de polticas de meio ambiente de maior impacto ao comrcio internacional. Alm disso, foram criados cerca de outros 200 acordos, fora do escopo da oMC, referentes s questes ambientais, considerados Acordos Multilaterais so-bre Meio Ambiente Amumas.

    Por meio do servio de consulta s notificaes do inmetro, referentes regulamen-tao tcnica, foi realizada busca relativa ao setor de TC, onde foram identificadas as subsequentes notificaes de produtos para tais mercados:

    tabela 6. notiFicaes tcnicas estaDos uniDos

    nmero da notificao

    Data da publicao na omc

    resumo da notificao

    BT/N/USA/656

    21/11/2011 Projeto de documento oficial da Comisso Federal de Comrcio dos Estados Unidos propondo Regulamento Tcnico que trata das regras e regulamentos subordinados ao Ato Legal que trata dos produtos de fibras txteis.

    G/TBT/N/USA/567

    27/8/2010 Projeto de documento oficial da Comisso de Segurana para os Produtos de Consumo (CPSC) que prope Regulamento Tcnico estabelecendo os requisitos e fornecendo os critrios para o processo de acreditao de terceira parte como organismo de avaliao da conformidade para efetuar os ensaios nos moldes previstos no regulamento da CPSC sobre tecidos inflamveis, relativo aos produtos txteis infantis.

    G/TBT/N/USA/567/add.1

    3/5/2011 Adendo ao projeto de documento oficial da Comisso de Segurana para os Produtos de Consumo (CPSC) que tem como objetivo informar a data da entrada em vigor como sendo em 22 de abril de 2011.

    G/TBT/N/USA/567/corr.1

    25/1/2011 Correo ao projeto de documento oficial da Comisso de Segurana de Produtos ao Consumidor dos Estados Unidos que tem como objetivo informar que o documento notificado como G/TBT/N/USA/567, referente ao Regulamento Tcnico estabelecendo os requisitos e fornecendo os critrios para o processo de acreditao de terceira parte como organismo de avaliao da conformidade para efetuar os ensaios nos moldes previstos no regulamento da CPSC, sobre tecidos inflamveis, relativo aos produtos txteis infantis, deve ser corrigido em relao ao nmero do artigo que deve ser enumerado como outro.

    Fonte: Ponto Focal iNMETro, 2011.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE40

    tabela 7. notiFicaes tcnicas argentina

    nmero da notificao

    Data da publicao na omc resumo da notificao

    G/TBT/N/ARG/222 17/09/2007

    Projeto de documento oficial do Subgrupo de Trabalho N 3 Regulamento Tcnico Mercosul e Avaliao da Conformidade que prope regulamento sobre rotulagem de produtos txteis.

    G/TBT/N/ARG/115 19/06/2003Projeto de documento oficial que estabelece requisitos relacionados avaliao da conformidade.

    G/TBT/N/ARG/64 19/06/2003Projeto de documento oficial que estabelece a rotulagem da indicao quantitativa do contedo dos produtos pr-medidos.

    Fonte: Ponto Focal iNMETro, 2011.

    3.2 Principais instrumentos normativos nacionais (compulsrios e voluntrios) vigentes nos principais mercados externos do setor (exigncias dos consumidores, exigncias de certificados etc.) com impactos para o setor

    o ponto de referncia a introduo do programa da oEKo-TEx que foi difundido no mundo inteiro, ou de maneira obrigatria, ou simplesmente como sugesto de boas prticas ambientais. A forma que o programa apresenta o de traar limites de pre-sena de substncias nocivas em funo de quatro classes de produtos:

    Classe 1 produtos para bebs e crianas de at 36 meses;

    Classe 2 produtos com a maior parte da sua superfcie com contato direto com a pele;

    Classe 3 produtos com mnima parte da sua superfcie com contato direto com a pele;

    Classe 4 produtos para decorao e txteis tcnicos.

    os principais produtos danosos so os seguintes: formaldedos; fenis; metais pesa-dos; ignifugantes; compostos orgnicos; ftalatos; aminas aromticas cancergenas e pesticidas. A estes produtos numa segunda abordagem podero se adicionar outros que esto na lista de restritos da AAFA American Apparel & Footwear Association (Associao Americana de Vesturio e Calados).

  • 41TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    Em testes realizados com produtos txteis, foram constatadas 22 aminas cancer-genas. E, com isao, a AbiT est desenvolvendo parcerias para detectar e impedir que esses produtos sejam comercializados no pas. Desde 2003, as empresas de corantes ligadas Abiquim se comprometeram, atravs de documento oficial dirigido AbiT, a no produzir ou importar corantes azoicos que produzam aminas aromticas cancergenas (CETESb, 2009).

    3.3 Principais aspectos regulatrios (legislao) e instrumentos normativos (compulsrios ou voluntrios) que afetam o setor no Brasil

    A indstria txtil e de confeco nacional est sujeita a sete leis e resolues Fede-rais relacionadas a prticas ambientais; so elas:

    1. resoluo Conama n 357/2005 Classificao dos corpos de gua; condi-es e padres de lanamentos de efluentes

    Dispe sobre a classificao dos corpos de gua e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condies e padres de lana-mento de efluentes.

    2. lei n 6.938/1981 Poltica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao

    objetiva a preservao, melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida, visando assegurar no pas condies ao desenvolvimento socioeconmico, aos interesses da segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana.

    Esta lei define a cadeia txtil e de confeco como atividade potencialmente po-luidora de grau mdio e o objetivo diminuir o impacto ambiental em at 10 anos pelos investimentos no setor com tecnologia moderna e sempre limpa.

    3. lei n 10.165/2000 implantao de taxas ligadas Poltica Nacional do Meio Ambiente

    A cadeia txtil e de confeco passvel de taxao com ndice mdio de ativi-dade potencialmente poluidora. o sujeito passivo da TCFA Taxa de Controle e Fiscalizao Ambiental obrigado a entregar, at o dia 31 de maro de cada ano, relatrio das atividades exercidas no ano anterior, para o fim de colaborar com os procedimentos de controle e fiscalizao. o descumprimento da providncia su-jeita o infrator a multa equivalente a vinte por cento da TCFA devida, sem prejuzo da exigncia desta (Nr).

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE42

    4. resoluo Conama n 313/2002 Destino de resduos slidos industriais

    Esta resoluo disciplina a reciclagem e apresenta perspectiva muito positiva para o destino correto do lodo, inclusive existem projetos prticos nesse sentido, bem como para os retalhos txteis provenientes da confeco.

    5. lei n 9.984/2000 Poltica Nacional dos recursos hdricos e o Sistema de Ge-renciamento

    Esta lei representa para a cadeia txtil o incio das atividades da ANA e seu relacio-namento com o Ministrio do Meio Ambiente MMA, advindo consequncias diretas para a cadeia TC, como, por exemplo, a busca de indicadores do consumo da gua nos diversos elos de produo do setor, bem como a sinalizao para constante reavaliao dos mesmos visando reduo e ao reuso dos recursos hdricos.

    6. lei n 4.771/65 Cdigo Florestal

    Uma nova lei est sendo discutida atualmente no Congresso Nacional e afeta o setor txtil e de confeco principalmente em relao ao possvel abastecimento de lenha e localizao de novas empresas em funo da presena de cursos de gua.

    A indstria txtil foi responsvel em 2010 pelo consumo de 300 mil toneladas de lenha. A lenha obtida de florestas plantadas e certificadas ainda considerada uma importante fonte de energia para alimentao de caldeiras e representa 7% do consumo de fontes energticas para o setor txtil (EPE, 2010).

    7. resoluo Conama n 237/1997 licenciamento ambiental incorporado aos instrumentos de gesto ambiental

    Entre as atividades ou empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental que afetam direta ou indiretamente a cadeia txtil esto:

    indstria qumica: fabricao de resinas e de fibras e fios artificiais e sintticos.

    indstria txtil, de vesturio, calados e artefatos de tecidos: beneficia-mento de fibras txteis, vegetais, de origem animal e sinttico; fabricao e acabamento de fios e tecidos; tingimento e estamparia.

  • TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr 43

    4 PrTiCAS EMPrESAriAiS PArA o DESENVolViMENTo

    SUSTENTVEl (1992-2011)

    4.1 Principais transformaes tecnolgicas/inovao e de gesto incorporadas pelo setor na produo

    Uma explorao recente sobre aes empreendidas por pequenas, mdias e gran-des empresas txteis nacionais foi realizada pelo iPTM instituto de Prospeco Tecnolgica e Mercadolgica do Senai/CETiQT2. As empresas foram selecionadas em trs regies brasileiras. os resultados preliminares, sucintamente discutidos a seguir, revelam padres de comportamento diferentes entre as pequenas, mdias e grandes empresas.

    nas grandes empresas

    houve predominncia de melhoria incremental de processos (atividades inovadoras com base na aquisio de novas mquinas e na construo de novas instalaes) relacionados aos impactos de medio, cumprimento de regulamentos internacio-nais e realizao de programas ambientais para a comunidade. A preponderncia de atividades inovadoras de processo, na maioria dos casos, reflete o padro de investi-mentos de grandes empresas, como revelado pelo estudo prospectivo realizado para a AbDi pelo iPTM do Senai/CETiQT (AbDi, 2009) com base na anlise dos dados da Pesquisa de inovao Tecnolgica (ibGE, 2005). A pesquisa, no entanto, ressalta a inovao de produto de uma grande empresa que replicou uma inovao europeia para produzir sacos oxi-biodegradveis. A empresa em questo tem longa tradio de compromisso efetivo com a preservao ambiental no brasil.

    2 Centro de Tecnologia da indstria Qumica e Txtil.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE44

    A grande maioria das empresas investigadas cumpre os regulamentos internacio-nais, aderindo tambm a certas prticas exigidas por seus clientes. Todas as grandes empresas apresentaram algum tipo de iniciativa educacional ou projeto de melhoria ambiental para suas comunidades locais.

    nas empresas de pequeno porte

    As atividades inovadoras identificadas nas empresas pequenas tendem a se concen-trar no desenvolvimento de novos produtos com atributos sustentveis. Esses produ-tos fazem uso de matrias-primas recicladas, de produtos de florestas geridas de for-ma sustentvel ou de corantes e pigmentos extrados da flora brasileira. As mudanas observadas nas pequenas empresas relacionadas s atividades inovadoras focam-se incorporao de insumos com apelo ecolgico aos produtos.

    As empresas que investiram em atividades de processo inovador podem ser divididas em dois grupos:

    aqueles que tinham como principal objetivo cumprir a legislao e a regulamenta-o mnima exigida pelos mercados em que operam;

    aqueles que, gradualmente, investiram na melhoria contnua dos seus sistemas para reduzir os impactos prejudiciais de seus processos de produo.

    A escassez de recursos das pequenas empresas parece estar por trs de sua tendn-cia a promover inovaes de produto, enquanto a cultura tradicional de investimentos das grandes empresas e a natureza de sua estrutura industrial, voltada para a produ-o em massa (e, portanto, inadequada para a fabricao em pequena escala de pro-dutos quase artesanais), parece inclin-las para a escolha de atividades inovadoras concentradas em melhorias de processo.

    A sustentabilidade industrial tem sido foco das discusses sobre a temtica que en-volve questes no apenas ambientais, mas que tambm visam gerao de lucro, ou de condies favorveis s indstrias.

    A forma mais utilizada para tornar a indstria sustentvel a adoo de projetos com vistas na gerao de energia limpa e renovvel, alm de medidas de ordens sociais e ambientais que possam ser vantajosas, como, por exemplo, as atitudes que permitam a gerao de emprego sustentvel na comunidade e arredores onde a empresa atua, melhorando os nveis de desenvolvimento humano da regio.

    A adoo de aes sustentveis na indstria, alm de ser uma medida tica e produtiva, tambm ganha espao cada vez maior em questo de aceitabilidade dos consumidores.

  • 45TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    PEGADAS DE CArboNo

    Empresa de moda brasileira est desenvolvendo, com um organismo internacional e com o apoio do iPTM do Senai/CETiQT, um projeto para mensurar impactos sociais e quantificar as pegadas de carbono em toda a cadeia de alguns de seus principais produ-tos de exportao. o projeto j est no fim da primeira fase e os resultados preliminares revelam a importncia de desenvolvimento de sistemas especiais para integrar as infor-maes sobre impactos socioambientais em cadeias que renem pequenas e mdias empresas que esto em diferentes nveis de qualificao, de tecnologia e de gesto. A necessidade de implementar a gesto ambiental na rede de valor da empresa enfatiza-da pela grande dificuldade de registrarem-se as informaes continuamente, medida que os produtos vo sendo elaborados e transportados na cadeia de suprimentos.

    PESQUiSA DE iNoVAo TECNolGiCA

    A Pesquisa de inovao Tecnolgica Pintec realizada pelo instituto brasileiro de Geografia e Estatstica (ibGE), com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos Finep, do Ministrio da Cincia e Tecnologia. A Pintec tem por objetivo a construo de indicadores setoriais nacionais e, no caso da indstria, tambm regionais, das atividades de inovao tecnolgica das empresas brasileiras, comparveis com as in-formaes de outros pases. o foco da pesquisa sobre os fatores que influenciam o comportamento inovador das empresas, sobre as estratgias adotadas, os esforos empreendidos, os incentivos, os obstculos e os resultados da inovao.

    os resultados desta pesquisa permitem s empresas avaliar o seu desempenho em relao s mdias setoriais; s entidades de classe analisar a conduta tecnolgica dos setores; e aos governos desenvolver e avaliar polticas nacionais e regionais. A seguir, iremos abordar os nmeros mais relevantes sobre as implementaes tecno-lgicas realizadas pelo setor TC brasileiro.

    Processo de malharia. Foto: Marisol/Divulgao. Processo de estamparia. Foto: Marisol/Divulgao.

    Processo de tecelagem. Foto: Neotxtil/Divulgao.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE46

    tabela 8. empresas que implementaram inoVaes, por nVel De qualiFicao brasil 2008

    atividades selecionadas

    pessoas ocupadas nas atividades internas de p&D das empresas que implementaram inovaes, por nvel de qualificao

    Nvel superiorNvel mdio Outros

    Total Ps-graduados Graduados

    Indstrias de transformao 29.058 4.340 24.719 12.987 5.191

    Fabricao de produtos txteis 350 24 326 161 83

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios

    308 5 303 252 199

    Fonte: ibGE, 2008.

    tabela 9. DispnDios realizaDos nas atiViDaDes inoVatiVas

    atividades selecionadas

    atividades internas de p&D

    aquisio externa de p&D treinamento

    introduo das inovaes tecnolgicas

    no mercado

    N de empresas

    Valor (1.000 R$)

    N de empresas

    Valor (1.000 R$)

    N de empresas

    Valor (1.000 R$)

    N de empresas

    Valor (1.000 R$)

    Indstrias de transformao

    4.168 10.634.632 1.404 1.751.469 11.704 917.613 9.597 2.504.255

    Fabricao de produtos txteis

    63 49.765 23 770 297 33.465 285 18.271

    Conf. de artigos do vesturio e acessrios

    102 27.092 66 8.635 1.027 12.904 862 37.332

    Fonte: ibGE, 2008.

    tabela 10. principal responsVel pelo DesenVolVimento De proDuto e/ou processo nas empresas que implementaram inoVaes brasil (2006-2008)

    atividades selecionadas

    produto

    A empresa

    Outra empresa do grupo

    A empresa em cooperao com outras empresas ou institutos

    Outras empresas ou institutos

    Indstrias de transformao 19.122 381 1.781 1.465

    Fabricao de produtos txteis 727 5 25 32

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios 2.245 13 285 320

    atividades selecionadas

    processo

    A empresa

    Outra empresa do grupo

    A empresa em cooperao com outras empresas ou institutos

    Outras empresas ou institutos

    Indstrias de transformao 3.846 338 1.040 26.570

    Fabricao de produtos txteis 134 5 32 889

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios 299 4 83 4.539

    Fonte: ibGE, 2008.

  • 47TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    tabela 11. empresas que implementaram inoVaes, por grau De importncia Do impacto causaDo

    enquadramento em regulaes e normas-padro alta mdia baixa e no relevante

    Indstrias de transformao 9.616 98 264

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios

    1.038 29 102

    Fabricao de produtos txteis 128 110 440

    melhoria da qualidade dos produtos alta mdia baixa e no relevante

    Indstrias de transformao 20.753 152 164

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios

    2.590 75 92

    Fabricao de produtos txteis 454 545 447

    aumento da capacidade produtiva alta mdia baixa e no relevante

    Indstrias de transformao 15.985 9.721 12.102

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios

    1.863 1.645 1.911

    Fabricao de produtos txteis 596 208 461

    reduo dos custos de produo alta mdia baixa e no relevante

    Indstrias de transformao 8.675 9.761 19.371

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios

    972 1.266 3.181

    Fabricao de produtos txteis 260 382 623

    reduo do consumo de energia alta mdia baixa e no relevante

    Indstrias de transformao 3.936 5.152 28.720

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios

    501 523 4.395

    Fabricao de produtos txteis 63 204 999

    reduo do consumo de gua alta mdia baixa e no relevante

    Indstrias de transformao 1.872 2.744 33.192

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios

    157 209 5.053

    Fabricao de produtos txteis 59 90 1.117

    reduo do impacto ambiental alta mdia baixa e no relevante

    Indstrias de transformao 7.517 18 253

    Confeco de artigos do vesturio e acessrios

    665 1 4

    Fabricao de produtos txteis 143 183 1.447Fonte: ibGE, 2008.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE48

    4.2 Iniciativas de divulgao de informaes e transparncia sobre o desempenho socioambiental do setor

    Com o apoio da AbiT, o Sindicato das indstrias de Fiao e Tecelagem do Estado de So Paulo criou, em 2011, o Prmio Sinditxtil-SP Gesto Ambiental. o propsito premiar as empresas que apresentam resultados positivos no desenvolvimento de projetos ambientais.

    o Prmio Sinditxtil-SP Gesto Ambiental tem como objetivo divulgar e valorizar ini-ciativas de gesto ambiental, por meio de casos, que contribuam para a melhoria contnua dos processos produtivos e da preservao ambiental na cadeia txtil.

    Na edio de 2011, a empresa vencedora investiu em pesquisas e equipamentos e, aps alguns anos, conseguiu neutralizar 100% dos seus efluentes, substituindo cido sulfrico por Co2 produzido pelas prprias caldeiras, deixando de emitir cerca de trs mil toneladas de Co2 por ano. Trata-se de uma das iniciativas mais bem-sucedidas na rea ambiental do setor txtil.

    A empresa, lder mundial na produo de tecidos diferenciados, incrementa sua oferta com um novo produto em sua coleo com o conceito wellness, que combina bem-estar e sade. o primeiro item dessa coleo traz um complexo biocermico criado mediante a combinao de vrios xidos metlicos, que produzem uma srie de vantagens fisiolgicas. o produto recolhe os raios infravermelhos do sol e devol-ve as radiaes emitidas pelo nosso prprio corpo.

    Na linha dos lanamentos sustentveis, a companhia traz o primeiro denim que in-corpora nanotecnologia numa emulso que contm aloe vera. Esta nanoemulso responsvel pela forte fixao do princpio ativo da aloe vera sem a perda de suas pro-priedades, potencializando a suavidade e o bem-estar provocado pelo uso do artigo.

    Normalmente, a aloe vera no se fixa nas fibras txteis e por mais que se coloque o princpio ativo sobre elas, ao submeter o produto a lavagens caseiras perdem--se as suas atribuies. Com a revolucionria utiliza-o deste nanopolmero, o material passa a resistir a lavagens caseiras ou ao inevitvel processo de bene-ficiamento do jeans em lavanderia para atingir o visual adequado s tendncias de moda.

    Este novo produto desenvolvido pela empresa um slido compromisso para o desenvolvimento de pro-dutos txteis que proporcionem bem-estar. Com esta inovao, a empresa no s proporciona uma oferta em denins tcnicos de grande versatilidade e perfor-mance, mas tambm saudveis.

    Extrato de aloe vera. Foto: Tavex/Divulgao.

  • 49TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    outro projeto que tambm se destacou apresentou novas tcnicas para a estamparia digital txtil com pigmentos de excelente rendimento tintorial, sem causar danos ao meio ambiente, sem vaporizao e processos de lavagens, ou seja, processo ecolo-gicamente correto e sustentvel.

    Uma importante iniciativa apresentada foi o projeto de coleta das sobras de confec-o (tecidos descartados aps o corte das peas). Essas aparas so posteriormente enviadas a famlias cadastradas no programa da empresa que pesam, separam e catalogam os retalhos por cor. os retalhos separados em cores seguem para a fiao, onde so armazenados conforme programao de produo. Aps definida progra-mao, os retalhos so colocados numa mquina chamada desfibradeira, onde sofrem o processo de rasgamento, at voltar sua forma original: fibras de algodo.

    receita, so adicionados 15% (quinze por cento) de fibras de garrafa PET em mistura ntima, conferindo ao fio maior resistncia. Atravs de seu modelo de produo, aliando conceitos socioam-bientais qualidade e alta tecnologia, a empresa contribui para a diminuio do descarte de aparas txteis no meio ambiente, bem como auxilia na renda de dezenas famlias carentes.

    outras empresas j utilizam essa tcni-ca em suas confeces. Em 2010, uma grande empresa confeccionista concluiu uma pesquisa sobre indstrias brasileiras que dispunham da tecnologia para trans-formar garrafas PET utilizadas em fibras de polister. o estudo levou em conta a busca por empresas certificadas e que pudessem comprovar a origem dos ma-teriais reutilizados no processo de confeco das fibras vindas de cooperativas, oNGs e associaes comunitrias.

    Alm do objetivo final, que o de evitar o descarte de garrafas PET e tambm de economizar recursos naturais na produo, importante frisar que esse projeto tem um cunho social grande, j que envolve diretamente milhares de pessoas ligadas s cooperativas e s associaes comunitrias que vivem da reciclagem.

    Com a amostra de fios produzidos, a empresa iniciou internamente uma srie de testes de sistema produtivo e qualidade final de produto para dar aproveitamento ao fio feito a partir de garrafas PET, na composio da malha fabricada pela empre-sa e, consequentemente, na confeco de roupas que compem suas cole es. Considerando que o ano de estudos, desenvolvimento de parceiros certificados, introduo de novas tecno logias e processos de produo capazes de absorver o fio PET na composio das malhas produzidas em 2010 e, ainda, que o projeto foi efetivamente colocado em operao em 2011, a empresa contabilizou que, de janei-ro a dezembro de 2011, foram absorvidas 2,4 milhes de unidades de garrafas PET de dois litros. Esse volume o total do que deixou de ser lanado no meio ambiente e nos lixes brasileiros.

    Fardos com fibras recicladas (algodo e polister). Foto: Simpletex/Divulgao.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE50

    Mais do que isso, tambm o volume arrecadado por comunidades, cooperativas e associaes que buscam na reciclagem sua principal fonte de renda. Para 2012, a meta da empresa utilizar fios que consumam trs milhes de garrafas PET em suas colees, com a introduo em mais duas linhas.

    Uma tradicional companhia brasileira de confeco com mais de 45 anos de ativi-dade, com sede em Santa Catarina, reconhecida tambm como uma bem-sucedida gestora de marcas, possui aes dirias de gesto ambiental, dentre elas o monitora-mento e medies nos processos, destinao adequada dos resduos e avaliao de mquinas, insumos e processos.

    Estaes de tratamento de efluentes. Fotos: Marisol/Divulgao.

    Seu Sistema de Gesto integrado (SGi) pautado na Poltica integrada da Qualidade Ambiental. isso significa que, alm de garantir a satisfao de seus clientes, fornecen-do produtos e servios com elevado padro de qualidade, a preos justos, a empresa se preocupa e se compromete a utilizar racionalmente os recursos naturais e neutrali-zar os impactos ambientais oriundos de seus processos.

    Tradicionalmente, a companhia desenvolve projetos associados reduo do consu-mo de energia, investe em mquinas mais eficientes, redesenha processos produti-vos, promove treinamentos e conscientizao dos colaboradores. Com as aes ra-cionalizadoras do consumo de energia, a companhia obteve reduo de 90.000 kWh.

    outros exemplos de desenvolvimento de processos e sustentabilidade esto sendo realizados por tecelagens para a recuperao de energia trmica, atravs da:

    recuperao de calor latente da reevaporao, reaproveitando assim esta energia trmica aquecendo a gua a ser utilizada no processo e diminuindo ainda o con-sumo de combustvel;

    reaproveitamento trmico na secagem de lodo gerado na estao de tratamento de efluentes, sendo este calor capturado da chamin de uma das caldeiras. A se-cagem do lodo de grande importncia, uma vez que o lodo industrial tem como destino os aterros.

  • 51TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    Esses processos visam proporcionar benefcios ambientais de forma sustentvel, atravs da melhoria da eficincia energtica, pois sua implantao resulta na reduo de consumo de combustvel, assim como promove o consumo mais eficiente nas estaes de captao e tratamento de gua e de efluentes, como na reduo de um passivo ambiental, que o lodo industrial.

    Uma grande tecelagem associada AbiT recebeu o Prmio Mineiro de Gesto Am-biental 2007 PMGA, organizado pela Unio brasileira para a Qualidade UbQ. o PMGA um modelo de avaliao da gesto ambiental das organizaes, com o pro-psito de fomentar a busca pelo bom desempenho ambiental, objetivando a susten-tabilidade do meio ambiente.

    o prmio representa um referencial de qualidade ambiental e reuniu as empresas agraciadas, colaboradores e representantes, alm de autoridades polticas, como o vice-governador do Estado de Minas Gerais. As boas prticas ambientais e a postu-ra empresarial responsvel so os princpios inseridos nesta tecelagem; a empresa trata os efluentes lquidos h mais de 20 anos e comeou a fazer isso numa poca em que a ideia do desenvolvimento sustentvel era ainda embrionria para a maioria das empresas.

    Sistema de tratamento de efluentes. Foto: Cedro Cachoeira/Divulgao. Complexo industrial. Foto: Cedro Cachoeira/Divulgao.

    4.3 Iniciativas de certificao e autorregulao desenvolvidas pelo setor

    selo qual qualidade e sustentabilidade da indstria txtil e de confeco brasileira

    Em junho de 2006, a AbiT (Associao brasileira da indstria Txtil e de Confeco) celebrou convnio com a AbDi (Agncia brasileira de Desenvolvimento industrial) para criar, normalizar e implementar a certificao de roupas profissionais no pas, dando origem ao Programa brasileiro de Autorregulamentao de roupas Profis-sionais, Militares, Escolares e Vestimentas Selo Qual. A iniciativa foi proposta pela categoria diante da necessidade de buscar a excelncia e aumentar a participao do setor txtil e de confeco brasileiro no mercado global.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE52

    o convnio foi a concretizao de um desejo antigo de empresrios que h anos vinham discutindo, no mbito do Comit de roupas Profissionais da AbiT, a neces-sidade do controle da qualidade na produo, com o fortalecimento das confeces brasileiras frente concorrncia internacional. o estabelecimento pela indstria na-cional de patamares de qualidade e gesto socioambiental alinha a concorrncia no mercado interno, alm de indicar respeito e preocupao com a satisfao do cliente/consumidor.

    A certificao voluntria uma tendncia mundial nos setores produtivos. A ele-vao do grau de organizao da empresa aumenta a eficincia nos processos, agrega maior valor ao produto, resultando na melhora da competitividade. Com a implantao de requisitos tcnicos de qualidade, segurana, meio ambiente e responsabilidade social, a indstria de confeco brasileira se aprimora para me-lhor enfrentar os desafios do mercado globalizado, onde qualidade e eficincia so quesitos fundamentais.

    No Programa Selo Qual, a certificao se d por organismos de avaliao da con-formidade (oAC) acreditados pelo instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tec-nologia (inmetro) aps avaliao de itens especficos, com realizao peridica de ensaios em amostras, e de sistema de gesto relativos qualidade, meio ambiente e responsabilidade social.

    Entre outras prticas, a utilizao do Selo Qual atesta que o fabricante do produto no utiliza mo de obra informal em sua empresa, que a empresa atende s normas am-bientais, no descartando resduos que causem poluio ao meio ambiente, alm de ser socialmente responsvel. Existem trs nveis de certificao: bronze, Prata e ouro, com carter evolutivo. A empresa se certifica no nvel ao qual est preparada e, posteriormente, pode evoluir para os demais estgios, que so cumulativos.

    Desta forma, o Selo Qual passa a ser um diferencial no mercado, possibilitando aos certificados desfrutar de van-tagens competitivas oferecidas aos detentores de boas prticas de governana social, ambiental e trabalhista, sendo um poderoso instrumento para a promoo do de-senvolvimento industrial brasileiro, com estmulo melhoria contnua da qualidade, incremento das exportaes, forta-lecimento do mercado interno e proteo ao consumidor. A expectativa de que em breve ele venha a ser um pr--requisito para compras de empresas pblicas e privadas, identificando empresas e produtos comprometidos com a qualidade, social e ambientalmente responsveis.

  • 53TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    CASoS rElACioNADoS Ao SElo QUAl

    Uma empresa certificada no Selo Qual Nvel bronze desenvolveu diversas aes ambientais e sociais. Como exemplo, ela recicla desde os retalhos que sobram na produo at a gua utilizada na serigrafia. Somando-se apenas os anos de 2010 e 2011, foram coletados mais de 310 m de efluentes lquidos; alm disso, o lucro resul-tante da venda dos retalhos e papis revertido em aes para os funcionrios. Uma das aes especficas aos funcionrios a realizao, duas vezes por ano, de even-tos nos quais os funcionrios fazem um check-up no qual so oferecidas verificaes diversas, como peso, altura, glicemia, presso e, tambm, vacinas.

    outra empresa certificada no Selo Qual no Nvel Prata est beneficiando a comunidade do entorno com aes sociais; uma delas o projeto oficina do Amanh, que mantm 16 crianas carentes de 4 a 5 anos na escola Academia do Saber, creche onde perma-necem das 7 s 17 horas. l, as crianas recebem educao bsica e participam de aulas de ingls, informtica, atividades esportivas, alm de orientao pedaggica. A empresa responsvel pelo pagamento de todas as despesas dos alunos, que inclui mensalidades, fardamento, material escolar e de higiene, entre outros.

    Esse era um projeto antigo, que foi concretizado a partir dos conhecimentos adquiridos durante a certificao do Selo Qual, adianta a scia-gerente da empresa responsvel. Segundo ela, o trabalho coordenado pelo Comit de responsabilidade Social, im-plantado na empresa. As crianas foram selecionadas nos bairros prximos fbrica, onde h muitos problemas sociais. A ideia que a cada ano novas turmas de educa-o infantil ingressem na escola e que continuemos acompanhando as turmas ante-riores, at que chegue o momento de ingressarem na universidade, afirma a gerente.

    Paralelamente, a empresa desenvolve projeto de reciclagem de resduo, cuja venda revertida para custear parte da despesa com as crianas. Uma das empresas do grupo fabrica bancos de couro para concessionrias de automveis. Sobras de cou-ro, espuma e capas originais de fbrica retiradas dos veculos so transformadas em mochilas, sendo uma forma de preservar o meio ambiente e ao mesmo tempo contri-buir para a manuteno do projeto oficina do Saber.

    4.4 Iniciativas coordenadas pela associao/instituio setorial

    A AbiT e o Sinditxtil-SP, apoiados pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e colaboradores especializados, criaram a Cmara Ambiental da indstria Txtil de So Paulo, produzindo o Guia Tcnico Ambiental da indstria Tx-til Srie P+l. Trata-se de uma publicao que alia as medidas de produo mais limpa, voltadas para os processos industriais txteis, com o objetivo de orientar os empresrios do setor a adotarem prticas e medidas que aprimorem a produtividade e a racionalizao do consumo de matrias-primas e dos recursos naturais, propor-cionando uma diminuio da gerao de carga orgnica, inorgnica e metais txicos no efluente final, reduzindo, assim, os riscos para a sade humana e ambiental.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE54

    iniciativas de P+l podem trazer resultados ambientais importantes, se contnua e sis-tematicamente adotadas, ao contrrio da adoo de aes pontuais de controle cor-retivo. Na maioria dos casos, ocorre aumento da produtividade, reduo do consumo de matrias-primas e de recursos naturais, eliminao de substncias txicas, reduo da carga de resduos gerados e diminuio do passivo ambiental, colaborando para a reduo de riscos para a sade ambiental e humana. De maneira geral, a P+l contribui para a competitividade e reforo da imagem de responsabilidade empresarial.

    Alm das aes em So Paulo, a AbiT tem como atividade:

    participar ativamente junto s Cmaras Ambientais da indstria Txtil dos vrios estados brasileiros, semelhante ao que faz junto Cetesb, do estado de So Paulo;

    representar o setor junto a organismos estaduais e federais na busca de solues para problemas ambientais;

    atualizar o inventrio Ambiental do Setor Txtil;

    organizar reunies tcnicas com os responsveis pelas reas de meio ambien-te das indstrias, nas quais so abordados aspectos relacionados legislao ambiental, gerenciamento de resduos slidos, tratamento de efluentes lquidos, preveno poluio, produo mais limpas e gerenciamento de lodos;

    participar nas reunies do Conselho de Meio Ambiente da CNi e no Conselho Na-cional de recursos hdricos;

    firme anlise na tramitao de projetos de lei relacionados ao meio ambiente;

    continuidade s discusses junto aos rgos ambientais e outras instituies so-bre controle da toxicidade e mutagenicidade em efluentes lquidos e nos lodos de sistemas de tratamento;

    estimular programas de reciclagem de resduos e de reutilizao de guas;

    subsidiar a Confederao Nacional da indstria com propostas para aperfeio-amento dos procedimentos ambientais, contemplando a realidade econmica, a defasagem tecnolgica e as condies conjunturais da Poltica Nacional do Meio Ambiente.

    os autores do Guia P+l partem da constatao de que as restries crescentes impostas por governos e mercados induziro os setores industriais a reduzir, cada vez mais, seus consumos de insumos e a gerao de poluentes. Para identificar os aspectos ambientais das atividades industriais que causem impactos indesejveis ao meio ambiente, o guia apresenta a relao entre entradas e sadas de cada processo. Tal sntese pode permitir avaliar as aes de produo mais limpa que possam contri-buir para o atendimento de leis, normas e para a melhoria do desempenho ambiental dos principais processos produtivos txteis.

    Em um quadro-sntese, os autores resumem os impactos ambientais potenciais ao longo de todo o processo (quadro 1):

  • 55TxTil E CoNFECo: iNoVAr, DESENVolVEr E SUSTENTAr

    quaDro 1. resumo Dos impactos ambientais potenciais

    processo produtivo ar solo gua rudo Vibraoincmodo populao

    Fibras naturais x x x

    Fibras artificiais/sintticas x x x x

    Urdimento x x

    Engomagem x x x

    Tecimento (tecido) x x x x x x

    Tecimento (malha) x x x x x

    Chamuscagem x x x

    Desengomagem (tecidos planos) x x x

    Purgas/limpeza x x x

    Limpeza a seco x x

    Alvejamento x x x

    Mercerizao e caustificao x x x x

    Efeito seda x x

    Tingimento x x x

    Estamparia x x x

    Secagem x

    Compactao e sanforizao x x

    Calandragem x x x

    Felpagem x x x x x

    Navalhagem x x x x

    Esmerilhagem x x x

    Amaciamento x x x

    Repelncia gua/leo x x

    Acabamento antirruga x x

    Encorpamento x x

    Acabamento antichama x x

    Gerador de vapor (caldeira) x x x x x

    Trocador de calor com fluido trmico x x

    Compressores de ar x x x x x

    Armazenamento de GLP x

    Sistema de climatizao x x x x x

    Cozinha de cores ou qumica x x x

    Estao de Tratamento de gua ETA x x x

    Sist. Tratamento guas Residurias STAR x x x x x

    Armazenamento de produtos perigosos x x x

    Atividades administrativas x x x

    Fonte: bASTiAN; roCCo, 2009.

  • ENCoNTro DA iNDSTriA PArA A SUSTENTAbiliDADE56

    o guia ainda analisa detalhadamente os impactos ambientais: gerao de efluentes e cor; odor do leo de encimagem; gerao de resduos; rudo e vibrao.

    Contribuindo para a criao de uma cultura de medio de indicadores, o guia apre-senta alguns dos principais indicadores ambientais para o setor (quadro 2):

    quaDro 2. inDicaDores ambientais para o setor txtil

    indicador ambiental unidade/modo de medio

    Consumo de gua m/produto produzido

    Reutilizao de gua porcentagem

    Consumo total de energia kWh/produto produzido

    Carga orgnica especfica/vazo especfica estamparia (despejo bruto), desengomagem, tingimento, estamparia, alvejamento e mercerizao

    kg DBO5,20 ou m/t de produto produzido

    Gerao total de resduos kg/produto produzido

    Gerao total de resduos Classe I perigosos kg/produto produzido

    Gerao total de resduos Classe II no perigosos kg/produto produzido

    Resduos reciclveis kg/produto produzidoFonte: PADilhA, 2009.

    Quanto produo mais limpa, os autores chamam a ateno que, para a imple-mentao de medidas de P+l no setor, preciso verificar a viabilidade tcnico-eco-nmica e consultar a legislao ambiental em vigor. Uma srie de oportunidades de P+l foram identificadas e descritas abaixo, no quadro 3.

    quaDro 3. resumo De oportuniDaDes De p+l no setor txtil

    oportunidade de p+lelementos

    guatingi- mento

    ar (emisses)

    solo e resduos

    rudos e vibrao

    produtos qumicos

    Reduo, recuperao e reutilizao de gua

    Reduo do consumo de gua nas operaes de lavagem (processo produtivo e na ETA)

    x

    Reduo do consumo de gua nas operaes de resfriamento

    x

    Reduo do consumo de gua nas operaes de tingimento

    Reduo do consumo de gua nas instalaes hidrulicas

    x

    Utilizao de gua de chuva (no processo produtiv