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UFMS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE
MATO GROSSO DO SUL
Paulo Eduardo Neves
Tatiane Ferreira Lopo
Assoreamento da Bacia do Alto Taquari ameaça pantanal mato-
grossense
RIO VERDE DE MATO GROSSO – MS
2017
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Paulo Eduardo Neves
Tatiane Ferreira Lopo
ASSOREAMENTO DA BACIA DO RIO TAQUARI AMEAÇA
PANTANAL MATOGROSSENSE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como
requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura em
Geografia, sob a orientação do Professor Eder Janeo da
Silva.
RIO VERDE DE MATO GROSSO – MS
2017
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................04
2. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................06
3. METODOLOGIAS.............................................................................................07
4. DESENVOLVIMENTO.....................................................................................07
4.1. RIO TAQUARI..................................................................................................07
4.2. ASSOREAMENTO...........................................................................................08
4.3. ASSOREAMENTO NAS NASCENTES.........................................................10
4.4. O INÍCIO..........................................................................................................11
4.5. AÇÕES CONJUNTAS PARA RECUPERAÇÃO DABACIA......................13
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ........................................................14
6. CONCLUSÃO.....................................................................................................16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................17
ANEXOS I ...............................................................................................................19
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RESUMO
O tema desse trabalho aborda o Rio Taquari e os problemas relacionados à ação humana que vem influindo na
degradação do referido. Os problemas que tal interferência ocasiona provocam empobrecimento do solo fértil,
através do desmatamento que destrói as defesas naturais da cabeceira e das margens do rio. A década de 70
desencadeou uma demanda de migrantes significativa e tal provocou essa sistemática que trouxe com ela os
problemas ambientais verificados na atualidade no Rio Taquari. Assoreamento, erosão, inundações são exemplos
das consequências da ação inconsequente do homem. A cultura da agropecuária constitui o fator mais grave no que
concerne ao problema aqui citado. Os objetivos desse trabalho, portanto, referem-se à abordagem bibliográfica em
forma de pesquisa bibliográfica sobre o problema da devastação e impacto ambiental decorrente da ação humana
bem como a busca de ações que viabilizam meios para reverter o problema do Rio Taquari.
Palavras – chave: Rio Taquari, desmatamento, agropecuária, impacto ambiental, recuperação.
SUMMARY
The theme of this work approaches the Taquari River and the problems related to human action that has been
influencing the degradation of the referred. The problems caused by such interference cause impoverishment of
the fertile soil through deforestation that destroys the natural defenses of the headwaters and river banks. The
1970s triggered a significant demand for migrants and this provoked this systematics that brought with it the
environmental problems currently observed in the Rio Taquari. Sedimentation, erosion, flooding are examples of
the consequences of man's inconsequential action. The culture of agriculture is the most serious factor with
regard to the problem mentioned here. The objectives of this work, therefore, refer to the bibliographical
approach in the form of bibliographic research on the problem of devastation and environmental impact resulting
from human action as well as the search for actions that enable means to reverse the Taquari River problem.
Keywords: Taquari River, deforestation, agriculture and livestock, environmental impact, recovery.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema principal implicações sobre o assoreamento do
Rio Taquari em Mato Grosso do Sul. Para isto alguns problemas foram levantados, estes,
nortearam este trabalho. A perda acelerada da camada fértil do solo no qual ficou marcada
pela onda migratória de pessoas dos estados do nordeste, sudeste e principalmente do sul para
a região centro oeste e partes da região norte do Brasil em busca de novas oportunidades, vem
gradativamente descaracterizando esta bacia hidrográfica tanto física, quanto biológica,
afetando o ambiente bem como seus habitantes, causando riscos e prejuízos sócios
ambientais.
A grande quantidade territorial a preços módicos foi o grande atrativo que motivou a
vinda dos migrantes para o interior do então estado de Mato Grosso, mais notadamente na
porção sul deste estado, hoje Mato Grosso do Sul. A partir de meados de 1970, o quadro de
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ocupação e exploração da bacia do alto Taquari se intensificou com a progressiva exploração
da agropecuária.
Baseados nas tecnologias, implementos agrícolas e considerando a eficácia aliada à
crescente demanda do setor, houve um aumento significativo da produtividade dos produtos
direcionados a produção de alimentos. O desmatamento, principalmente nas encostas da bacia
hidrográfica e o desgaste do solo proveniente do cultivo sequencial acarretou em prejuízos
ecológicos e ambientais de grandes proporções.
A problemática colocada nesta pesquisa, diz respeito como a atividade agropecuária
pode afetar o ecossistema de determinada região, no caso, a bacia hidrográfica do rio Taquari
e, se é possível reverter ou minimizar o estado de degradação ambiental verificado a partir de
ações do Poder Público em conjunto com a iniciativa privada.
O objetivo geral desta pesquisa foi levantar dados bibliográficos sobre o uso intensivo
do solo, incluindo as áreas restritas às margens dos cursos de água de uma determinada bacia
hidrográfica, neste caso a bacia do rio Taquari pode acarretar em um grave impacto ambiental
e sócio econômico no bioma Pantanal, onde também são apresentadas recomendações para a
redução das erosões nesta bacia. Assim, remetendo a uma pesquisa mais detalhada sobre o
assunto, os objetivos específicos foram os seguintes:
• Entender quando e como começou a expansão desordenada das atividades agropecuárias
e reconhecer as ações desenvolvidas pela sociedade em geral para amenizar os problemas
sócios ambientais;
• Conhecer os fatores causadores (naturais e antrópicos) de degradação e reconhecer a
importância e a necessidade de sua preservação;
• Identificar ações conjuntas entre os setores privado e público;
Esses objetivos foram propostos devido ao fato de que atualmente apesar de haverem
várias pesquisas, estudos e avaliações ambientais sobre processos naturais e antrópicos
degradantes no rio Taquari, percebe-se a necessidade de somar aos trabalhos científicos que
tange a temática, objetivando consolidar informações que norteiam atitudes que visam diminuir
e/ou parar o processo de assoreamento do rio Taquari.
O sistema de produção agropecuário-industrial é um sistema aberto tanto em termos
físicos como econômicos, fazendo parte da cadeia produtiva do setor primário que pode
depender do fornecimento externo de alimentos, energia e outros fatores de produção. As
necessidades de tecnologia, capital e infraestruturas baseiam-se em grandes economias de escala
e, por causa disto, a eficiência de produção é elevada em termos de produto final por unidade de
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alimento ou por homem-hora de trabalho, embora nem tanto quando medida em unidades de
energia.
A ação humana na região do Pantanal, mais especificamente na bacia do Rio Taquari há
anos vem causando um desgaste ambiental considerável dando origem ao mais grave problema
ambiental e socioeconômico do Pantanal. O assoreamento do leito do rio causou a inundação de
milhares de quilômetros de terras na região do Pantanal. O impacto ambiental permanente tem
afetado seriamente o meio ambiente e tudo que o cerca.
Dessa maneira, a conservação do meio ambiente e da biodiversidade não é apenas uma
questão de proteger a vida silvestre e seus ecossistemas, mas sim de preservar as condições de
sobrevivência do homem, por meio da manutenção dos sistemas naturais que sustentam a vida
humana.
Também, torna-se imprescindível ampliar as discussões sobre o tema abordado, diante da
pequena produção técnico-bibliográfica conhecida até o momento.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Autores como Galdino et al, Rodrigues e Nave, Collischonn, W e Tucci C. E. M, dentre
outros, alertam não só para o problema, ajudam-nos a entender os fatores causadores, como
também apontam possíveis soluções através de iniciativas conjuntas de autoridades públicas e a
sociedade em geral, podendo sim, trazer resultados positivos para a recuperação desta importante
bacia hidrográfica de grande importância não só para a região de planalto, mas principalmente
para um dos maiores santuários ecológicos do planeta “o Pantanal mato-grossense”.
Galdino (2000, p.5) diz, “As mudanças de leito do rio Taquari, no seu baixo curso, entre
1966 e 1997, confirmam a hipótese de instabilidade do rio, que tem influenciado, diretamente, as
atividades econômicas na região”. Percebe-se que a ação humana potencializa essa instabilidade
agravando ainda mais o problema.
Alguns autores como Rodrigues e Naves salientam a importância de elementos naturais das
encostas dos rios como imprescindíveis para a sua sobrevivência,
A necessidade da presença da vegetação ciliar é inquestionável e sua importância
ecológica vem fazendo com que muitos países elaborem instrumentos jurídicos visando
a sua conservação. No Brasil, o Código Florestal (Lei nº4,771, de 15 de setembro de
1965 alterada pela Lei nº 7.803 de 18 de julho de1989) considera como de preservação
permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo dos rios
[...] Na referida lei, são também estabelecidas às faixas de proteção cujas dimensões são
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variáveis em função da largura dos corpos d’água correspondentes. (RODRIGUES E
NAVES, p. 2)
As ações irresponsáveis dos homens em busca de espaço para plantio ou cultura de gado
tem sido nociva principalmente às nascentes dos rios conforme observam os relatórios
ambientais e ecológicos apresentados no decorrer dos anos.
Políticas e ações para a recuperação da bacia do Rio Taquari são descritas por Galdino
(2006) em seu artigo, “Ações para Solucionar os problemas da Bacia do Rio Taquari” bem como
no portal G1, no link HTTP://G1.globo.com.bons-exemplos-ajudam-a-reverter-o-assoreamento-
do-rio-taquari.
3. METODOLOGIAS
Pesquisa bibliográfica em materiais afins como revistas e documentários baseados em
resultados de estudos a partir de artigos publicados em jornais através do meio eletrônico. Trata-
se de antepor à lógica da biosfera e da vida à lógica econômica e, especialmente, à do mercado.
A agricultura compreende a cultura de espécimes vegetais, destinada ou não para a alimentação
humana. É área com grande evolução, e, atualmente, muito dependente dos avanços da
tecnologia e das ciências biológicas. Técnicas de irrigação, conservação do solo, correção
química e controle de qualidade buscam melhorar a produção agrícola, mas por outro lado
ocasionam impacto ambiental que não pode ser desconsiderado.
4. DESENVOLVIMENTO
4.1. Rio Taquari
O Taquari – É um dos principais afluentes do Rio Paraguai com aproximadamente 800
km, cuja nascente está localizada em uma das vertentes da Serra do Caiapó, nas proximidades
da cidade de Alto Taquari, em Mato Grosso a partir de um pequeno veio de água. Apesar de
nascer no estado de Mato Grosso, a maioria do seu leito atravessa o Mato Grosso do Sul até
desaguar no Rio Paraguai. É conhecido como Alto Taquari, o trecho que vai de sua nascente,
até a confluência do Rio Coxim, na cidade de Coxim no Mato Grosso do Sul. Da cidade de
Coxim até o Porto Rolon em pleno Pantanal é denominado de Médio Taquari. A partir deste
http://g1.globo.com.bons-exemplos-ajudam-a-reverter-o-assoreamento-do-rio-taquari/http://g1.globo.com.bons-exemplos-ajudam-a-reverter-o-assoreamento-do-rio-taquari/
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ponto, até a foz do Rio Paraguai, próximo ao Porto da Manga, denomina-se Baixo Taquari. É
responsável por 1/6 do volume de água do Pantanal mato-grossense. Apesar de assoreado em
sua maior parte, principalmente na região pantaneira, ele desempenha um importante papel na
economia das microrregiões da Nhecolândia e Paiaguás, maiores criadoras de bovinos de
corte do Pantanal.
4.2.Assoreamento
Para continuar falando sobre o rio Taquari e sobre os problemas enfrentados por ele, se
faz necessário falar sobre o assoreamento. O assoreamento é o processo em que cursos d'água
ou lagos são afetados pelo acúmulo de sedimentos, o que resulta no excesso de material sobre
o seu leito e dificulta a navegabilidade e o seu aproveitamento. A figura 2 mostra o aspecto do
rio assoreado.
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Figura 2 - Rio Taquari
Originalmente, esse é um processo natural, porém, é intensificado pelas ações
antrópicas, sobretudo a partir da remoção da vegetação das margens dos rios. Rodolfo Alves
Pena diz que, com as chuvas, o solo é lavado e a sua camada superficial é removida, e os
sedimentos são transportados para o leito dos cursos de água onde são depositados. Quando
não há obstáculos para esses sedimentos, função geralmente exercida pela vegetação, uma
grande quantidade é depositada no fundo das redes de drenagem. Esse mesmo material é
levado pelo próprio rio e, quando encontra locais mais planos, onde a velocidade do curso
d'água não é muito acelerada, deposita-se no fundo, acumulando e, eventualmente, formando
bancos de areia ao longo dos cursos d'água. Quando a quantidade de sedimentos é muito
grande e pesada, eles transportam-se por rolamento ou se acumulam no leito normal, trazendo
prejuízos à população e à ictiofauna. Sobre isso, Rodolfo Pena diz o seguinte:
Quando o ser humano remove a vegetação, principalmente a mata ciliar (a vegetação
que se encontra nas margens dos cursos d'água), o processo acima citado intensifica-
se, além de gerar o surgimento de erosões nas proximidades do próprio rio. Para
combater o assoreamento, a melhor medida é trabalhar na sua prevenção, contendo
os processos erosivos em áreas situadas próximas às drenagens, além de impor
barreiras para que os sedimentos não se acumulem rapidamente sobre elas. O cultivo
e a preservação de matas ciliares são as medidas mais recomendadas, pois barram a
entrada de objetos sedimentares nos rios e conservam o solo das margens, evitando
erosões fluviais. PENA, Rodolfo F. Alves. "Assoreamento de rios"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 14 de
fevereiro de 2017.
A manutenção da vegetação das margens dos rios e córregos, além de manter a
estabilidade do solo, mantendo os cursos de água em seus canais originais e profundidade dos
http://brasilescola.uol.com.br/geografia/mata-ciliar-mata-galeria.htmhttp://brasilescola.uol.com.br/geografia/erosao.htm
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mesmos, dificulta também o acesso dos rebanhos bovinos aos leitos de córregos e rios, servindo
como barreira na prevenção do assoreamento. Também sobre as matas ciliares e da importância
de sua preservação, Rodrigues e Nave afirmam que:
As florestas ciliares ou matas ciliares possuem vegetações às margens de cursos de água
independentemente de sua área de ocorrência e composição florística sendo, portanto, as
suas características individuais relacionadas às condições ambientais de sua região,
como o tipo de vegetação. Elas assumem grande importância ecológica por serem
considerados corredores extremamente importantes para o movimento da fauna ao
longo da paisagem e por garantir o fluxo gênico de uma infinidade de espécies, assim
como para a dispersão vegetal. (Rodrigues e Nave, 2004).
Para estes autores, conservar as matas ciliares às margens dos córregos e rios, é segurar a
estabilidade do solo das micro bacias, a manutenção da vazão de água, interação com o sistema
aquático, retenção e obstrução do ritmo de água, além da retenção da radiação solar favorecendo
o equilíbrio térmico da água. Além do assoreamento podem ser verificados outros danos
decorrentes da ação irresponsável humana. Citem-se a voçorosa1, as inundações, erosões. Vide
imagens nos anexos.1
4.3. Assoreamento nas nascentes
Como já comentado sobre o assoreamento, é um processo natural em que os cursos de
água são afetados pelo acúmulo de sedimentos, mas que é intensificado pelas ações humanas
de remoção da vegetação, principalmente das margens dos cursos de água.Segundo o Gestor
ambiental Nilo Peçanha C. Filho que coordena um consórcio de municípios da região norte de
Mato Grosso do Sul, que trabalha na recuperação deste importante rio e de sua bacia
hidrográfica, os problemas de assoreamento do rio taquari começam já na região de suas
nascentes em uma grande área de várzea onde estão varias pequenas vertentes que vão formar
o rio. Uma ferrovia passa sobre essas pequenas nascentes e em todo o entorno, há plantações,
além de que, o canal que leva a água das vertentes, corre em direção à área urbana do
município de Alto Taquari, a apenas 3 km de distância. Além de tudo isso, existe ainda a
aplicação de defensivos agrícolas de forma excessiva nas lavouras, que só faz aumentar o
sofrimento do Taquari.
1 Escavação no solo ou em rocha decomposta causada por erosão do lençol de escoamento de águas
pluviais; boçoroca, buracão, vossoroca.
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Um pouco mais abaixo, mas ainda na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul,
onde está localizado o Parque das Nascentes da Bacia do Taquari, uma área de conservação,
outros problemas aparecem. Os afluentes que descem os cânions se encontram com o rio
Taquari que passa ao norte do Parque. Nessa área, o Taquari cai de uma altitude de 800
metros para 360 metros acima do nível do mar. Essa queda brusca favorece a erosão,
característica natural do Taquari. Nilo Peçanha explica que, por atravessar uma região de solo
relativamente pobre, onde a principal atividade desenvolvida ao longo do rio e de seus
afluentes é a criação de gado, esse processode assoreamentofoi acelerado nas últimas décadas,
justamente pelo fato do gado ter que subir e descer para beber água no fundo do vale. Esse
trajeto que o gado faz para beber água acaba criando trilhas, canalizando a água da chuvaaté
criar voçorocas e atingir as nascentes. Segundo ele, algumas dessas voçorocas são gigantes, e
estão até mesmo nas redondezas do Parque das Nascentes do rio Taquari. Uma dessas
voçorocas possui 1 quilômetro de extensão e até 80 metros de profundidade.
O assoreamento do rio Taquari não está relacionado apenas à região do Alto Taquari,
região que vai de sua nascente até acidade de Coxim, mas também à outras regiões,
principalmente a bacia do rio Coxim, seu principal afluente que nasce próximo à cidade de
São Gabriel do Oeste em meio às lavouras de soja. Tanto o rio Coxim quanto os seus
afluentes, sofrem com o assoreamento devido às atividades agropecuárias intensivas ao longo
de suas margens. Não ignorando os problemas de assoreamento enfrentados na região do Alto
Taquari, sem dúvidas o rio Coxim é o principal contribuinte neste processo.
4.4.O Início
A década de 1970 ficou marcada pela onda migratória de pessoas dos estados do
nordeste, sudeste e principalmente do sul para a região centro oeste e partes da região norte do
Brasil em busca de novas oportunidades. A terra barata e em grande quantidade foi o grande
atrativo que motivou a vinda dos migrantes para o interior do então estado de Mato Grosso, mais
notadamente na porção sul deste estado, hoje Mato Grosso do Sul. A partir de meados de 1970, o
quadro de ocupação e exploração da bacia do alto Taquari se intensificou com a progressiva
exploração da agropecuária. Baseados nas tecnologias, implementos agrícolas e considerando a
eficácia aliada à crescente demanda do setor, houve um aumento significativo da produtividade
dos produtos direcionados a produção de alimentos. Em relação a isto, Galdino et al afirmam o
seguinte:
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As lavouras e pastagens cultivadas que ocupavam 3,4% da bacia do Alto Taquari em
1977 passaram param 61,9% da superfície desta bacia no ano 2000, sendo que
54,8% eram recobertas por pastagens cultivadas. Segundo estes autores, essas são as
áreas mais castigadas pela erosão, devido ao desmatamento indiscriminado nas
encostas e até mesmo nos topos dos morros, de não adotarem práticas de
conservação de solo, manejo inadequado das pastagens, além da remoção da mata
ciliar que protegem nascentes e leitos de córregos e rios da região. (GALDINO et
al, 2006),
É importante salientar que, as atividades agropecuárias que trouxeram o
desenvolvimento para esta região do estado, trouxeram também sérios impactos ambientais,
muitos deles, talvez irreversíveis. Originalmente a região da bacia do rio Taquari era
praticamente toda coberta de cerrado e floresta, hoje é utilizada quase que em sua totalidade
para a agropecuária, instalação de carvoarias, muitas delas em plena região pantaneira,
entretanto, a maior parte é para criação de pastagens. A vegetação natural da região foi
intensamente degradada, restando hoje apenas, alguns remanescentes da vegetação nativa que
já sofreram algum tipo da interferência humana. Segundo censos agropecuários, entre os anos
de 1980 e 1994 foram autorizados pelos órgãos responsáveis SEMA (Secretaria Estadual de
Meio Ambiente) e IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Renováveis) o desmatamento de 42.900 Km2, correspondendo a 20% da área total da
microrregião geográfica do Alto Taquari Para COLLISCHONN, W.eTUCCI, C.E. M,
O tamanho da área desmatada pode ser muito maior, uma vez que o desmatamento
ilegal é muito comum e difícil de controlar. De fato, não é fácil de controlar o
desmatamento já que ele ainda continua ocorrendo, mesmo em plena planície
pantaneira, além de que, também falta uma fiscalização mais efetiva por parte dos
órgãos competentes. O Estado não faz o que deveria para evitar o desmatamento
desenfreado, já que não contrata fiscais suficientes para a fiscalização e ainda autoriza o
desmatamento de áreas que não deveriam em hipótese alguma, perder a sua vegetação
nativa, já que estão próximas de nascentes de córregos e rios. (COLLISCHONN, W. e
TUCCI, C. E. M. 2009).
Estes autores comentam que, estudos da Embrapa Pantanal apontam que, o desmatamento
e a expansão desordenada da agropecuária na região de planalto da bacia intensificaram o
processo erosivo e ajudou a acelerar a deposição de sedimentosno leito do rio Taquari que já
possuía como característica, elevada capacidade para transportar sedimentos e é agravado por
mais esta situação. O pesquisador Felipe Dias da UCDB - Universidade Católica Dom Bosco em
Campo Grande – MS diz que, esta degradação é causada principalmente pelo desmatamento e
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pela falta de conservação do solo aliados à retirada da mata ciliar, onde nos períodos das chuvas,
a areia desce das encostas e acaba entrando nos canais dos córregos e rios da região.
4.5. Ações conjuntas para a recuperação da Bacia
A Embrapa Pantanal preocupada com esse quadro de degradação ambiental da bacia do
rio Taquari vem desenvolvendo desde o ano de 1994, vários estudos no intuito de entender e
quantificar as relações de causa e efeito que ocorrem nos planaltos, que refletem no Pantanal.
Para os estudos do uso do solo, a avaliação é feita através do mapeamento do potencial de perdas
do solo, da evolução da erosão causada pelas chuvas e da utilização de pesticidas.
Foram avaliadas as taxas temporais de disposição de sedimentos desde a década de 1970,
bem como do aporte e transporte, a evolução do regime hidrológico, as alterações na vegetação,
avaliação da qualidade da água e os impactos na ictiofauna e sócio economia. As informações
geradas nestes estudos de impactos ambientais e socioeconômicos visam subsidiar políticas,
legislação, programas, planos e ações de desenvolvimento para esta importante região do
Pantanal sul-mato-grossense.
Além da iniciativa da Embrapa, várias mobilizações e ações em prol de sua recuperação
estão sendo tomadas desde a década de 1990 e, demonstram resultados positivos. Outras
iniciativas também foram tomadas pelos produtores rurais em parceria com o poder público no
sentido de adotar algumas práticas para minimizar o assoreamento da bacia do rio taquari. Um
dos projetos pioneiros no estado foi implantado no fim da década de 1990 em Alcinópolis,
localizada no extremo norte da bacia. Os agricultores e pecuaristas se uniram para recuperar o
córrego Tigela que estava assoreado. O projeto foi um sucesso, as erosões se estabilizaram e
parte do curso normal do córrego foi totalmente recuperado. Iniciativas semelhantes foram
aplicadas ao longo da década por outros municípios da bacia, como Rio Verde de Mato Grosso,
Coxim e São Gabriel do Oeste com a iniciativa privada. A experiência serviu de base para que a
Agência Nacional de Águas em um projeto específico para recuperação de micro bacias no valor
de R$ 3,45 milhões no ano passado.
O governo do estado de Mato grosso do Sul também anunciou ações de recuperação para
a bacia do rio Taquari, como a adequação de estradas rurais, recuperação de áreas de preservação
permanente, controle de erosão e construção de terraços na região. A Agência Estadual de
Empreendimentos (AGESUL), já licitou R$ 5 milhões em investimentos e a execução das obras
iniciadas ainda no primeiro semestre de 2012.
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Outra iniciativa é a implantação de viveiros em cinco municípios para a produção de
mudas que irão ajudar a recompor a vegetação nas margens dos rios. A unidade de São
Gabriel do Oeste já existe a alguns anos servindo como viveiro mãe no fornecimento de
mudas de árvores nativas de pelo menos 40 espécies aos demais polos. A expectativa é de
uma produção de 1 milhão de mudas por ano. O objetivo do projeto é plantar as mudas
nativas em áreas estratégicas e conter a erosão, evitando que mais areia vá para o leito do
Taquari.Para Nilo Peçanha, coordenador técnico do Consórcio Intermunicipal para o
Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Taquari (COINTA),
Ações como estas devem reduzir o envio de sedimentos para o leito dos rios.
Segundo ele, “será o início de um ciclo. Cada medida irá permitir que novas ações
sejam desenvolvidas para recuperar a bacia integralmente”. Ele afirma ainda que,
alguns produtores rurais já estão trabalhando em algumas microbacias porque
perceberam que o manejo adequado melhora a renda e a
produtividade.G1.Globo.com/Bons-exemplos-ajudam-a-reverter-o assoreamento-do-
rio-Taquari.
Segundo o site g1.globo.com, algumas parcerias estão sendo feitas entrea prefeitura da
cidade de Alcinópolis e fazendeiros que estão ajudando a recuperar o rio Taquari. Muitas
fazendas adotaram o plantio em curva de nível, uma técnica de manejo que ajuda a conter a
erosão. Esta técnica já é uma realidade na maioria das propriedades rurais não só de
Alcinópolis, mas também de outros municípios que fazem parte da bacia hidrográfica do rio
Taquari. Vários produtores rurais também mudaram de atitude na tentativa de salvar o rio.
Passaram a utilizar o sistema de plantio direto. Com o plantio direto, o solo não é totalmente
revolvido, entretanto, ele fica sempre coberto com restos vegetais de outras culturas
anteriores, obtendo assim, cobertura e proteção para o solo.
Outra iniciativa também foi o isolamento das matas ciliares do contato do gado,
evitando que ele chegue diretamente aos mananciais ou leitos de água. As estradas também
passaram por uma reforma com a contenção de várias bacias de contenção. Agora, a água não
corre mais ladeira abaixo, provocando erosão porque ela servia como um canal que levava a
água para a voçoroca e em seguida para os córregos da região. Com essas bacias de
contenção, ela vai aos poucos se espraiando pelas bacias de contenção que ficam nas laterais.
O técnico em agrícola mostra como exemplo, uma estrada da região de Alcinópolis
onde existia um trecho inadequado, encaixada em barrancos até de 2 metros. A água corria,
danificava a estrada e levava sedimentos para o córrego. Nivelamos o terreno, e fizemos as
curvas de nível de forma que, a água não viesse para as voçorocasporque elas serviam denão
vai mais para o córrego, explicou Edílson Gomes. O trabalho de contenção no município não
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é só na planície. Até nos morros foram feitos isolamentos de área. Terraços com bambuzais
ajudam a segurar a terra e a água. A vegetação veio normalmente e o gado não faz mais
pastoreio aqui e a área vem recuperando. O gado não tem mais acesso ao córrego. “Isso foi só
investimento pra fazenda”. O trabalho de recuperação da Bacia do Taquari está apenas
começando. O problema é grande e ainda tem muito a ser feito.
5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Há uma preocupação constante a respeito de nossos recursos naturais e sua degradação
resultante da ação humana. Esta, movida pela ambição, provocou danos ao solo bem como
aos mananciais aquáticos da região do Pantanal, no caso aqui referenciado, ao Rio Taquari.
Na década de 70, atraídos pelos preços módicos das terras no estado de Mato Grosso
do Sul, migrantes de outras regiões do país visualizaram a oportunidade de crescimento
financeiro com a agricultura e pecuária. Um grande número de pessoas se instalou no estado
iniciando atividades que com o passar dos anos mostrou ser danosa ao solo e às cabeceiras
dos rios. O advento das tecnologias aumentou a produtividade agrícola acentuando ainda mais
o processo degradativo.
O problema levantado neste trabalho discorreu justamente sobre este evento. A análise
sobre o uso do solo e o impacto sobre o ambiente, fatores que causaram a degradação foram
discutidas mediante pesquisa bibliográfica e o resultado mostrou um quadro preocupante.
Percebe-se uma crescente preocupação em torno da recuperação do mesmo bem como da
cabeceira do Rio Taquari afetados diretamente pela ação humana.
Mediante esse quadro, ações do setor privado bem como do governo do estado foram
sendo propostas e postas em prática. A EMBRAPA Pantanal, desde a década de 90, vem
estudando o caso e os dados coletados deste estudo foram a base para a formulação de
políticas, programas, legislações e ações para a recuperação dos territórios afetados.
Pode ser citado o Projeto Alcinópolis, de 1990, onde agricultores e pecuaristas uniram-
se em prol da recuperação do Córrego Tigela. Ainda como exemplos da iniciativa privada, há
as ações dos municípios de Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste e Coxim. A
Agência Nacional das Águas liberou recursos para que tais fossem implementadas e
executadas.
Em se tratando de ações governamentais, citem-se os recursos da AGESUL para ações
de recuperação do solo e do Rio Taquari. Dentre as ações do governo podem ser citadas
também a recuperação das matas ciliares, estradas, acessos, pontes.
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Percebe-se, portanto, uma sistemática incisiva na busca de recuperar e manter a região
do Pantanal sem que haja prejuízos ao homem nem tampouco à natureza. Espera-se que as
mediadas e ideologia do desenvolvimento sustentável sejam premissas indispensáveis para a
execução de quaisquer atividades nesta região.
6.CONCLUSÃO
O desenvolvimento de uma determinada região, quase sempre é acompanhado de
degradação ambiental como exposto ao longo deste trabalho. Os impactos ambientais causados
pela ação humana nas últimas décadas têm ameaçado grandemente não só as regiões de planalto
da bacia do rio Taquari, mas principalmente do Pantanal mato-grossense, um dos maiores
santuários ecológicos do planeta. Diante disso, faz-se necessário uma reflexão sobre o referido
tema, por parte de autoridades públicas, empresários, agropecuaristas e sociedade em geral, no
sentido de uma total mudança de velhos hábitos de exploração do solo e recursos naturais
visando não só a qualidade de vida hoje, mas principalmente das gerações futuras.
É necessário que a sociedade acorde a tempo de evitar grandes catástrofes causadas pelo
desequilíbrio ambiental como as que já vêm ocorrendo nas últimas décadas em diversas regiões
do planeta. A defesa do meio ambiente deve ser uma das principais bandeiras para que se evitem
maiores problemas e consequentemente, melhore a qualidade de vida desta e de gerações futuras.
As ações desenvolvidas por parte de autoridades públicas e as comunidades da região do Alto
Taquari, mostram resultados positivos e demonstram que é possível a recuperação desta bacia.
No entanto, necessita de maiores investimentos e um comprometimento maior por parte das
autoridades, já que os impactos ambientais verificados ameaçam um patrimônio da humanidade,
a maior planície alagada do planeta.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
IMAGENS – DEGRADAÇÃO RIO TAQUARI
Figura 1- VOÇOROSA
Figura 2- ALAGAMENTO
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Figura 3- EROSÃO
Figura 4 – EROSÃO
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Figura 5- ASSOREAMENTO
Figura 6- EROSÃO – MARGEM
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Figura 7- ASSOREAMENTO