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UFMS UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL Paulo Eduardo Neves Tatiane Ferreira Lopo Assoreamento da Bacia do Alto Taquari ameaça pantanal mato- grossense RIO VERDE DE MATO GROSSO MS 2017

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  • UFMS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE

    MATO GROSSO DO SUL

    Paulo Eduardo Neves

    Tatiane Ferreira Lopo

    Assoreamento da Bacia do Alto Taquari ameaça pantanal mato-

    grossense

    RIO VERDE DE MATO GROSSO – MS

    2017

  • Paulo Eduardo Neves

    Tatiane Ferreira Lopo

    ASSOREAMENTO DA BACIA DO RIO TAQUARI AMEAÇA

    PANTANAL MATOGROSSENSE

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à

    Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como

    requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura em

    Geografia, sob a orientação do Professor Eder Janeo da

    Silva.

    RIO VERDE DE MATO GROSSO – MS

    2017

  • SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO..................................................................................................04

    2. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................06

    3. METODOLOGIAS.............................................................................................07

    4. DESENVOLVIMENTO.....................................................................................07

    4.1. RIO TAQUARI..................................................................................................07

    4.2. ASSOREAMENTO...........................................................................................08

    4.3. ASSOREAMENTO NAS NASCENTES.........................................................10

    4.4. O INÍCIO..........................................................................................................11

    4.5. AÇÕES CONJUNTAS PARA RECUPERAÇÃO DABACIA......................13

    5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ........................................................14

    6. CONCLUSÃO.....................................................................................................16

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................17

    ANEXOS I ...............................................................................................................19

  • RESUMO

    O tema desse trabalho aborda o Rio Taquari e os problemas relacionados à ação humana que vem influindo na

    degradação do referido. Os problemas que tal interferência ocasiona provocam empobrecimento do solo fértil,

    através do desmatamento que destrói as defesas naturais da cabeceira e das margens do rio. A década de 70

    desencadeou uma demanda de migrantes significativa e tal provocou essa sistemática que trouxe com ela os

    problemas ambientais verificados na atualidade no Rio Taquari. Assoreamento, erosão, inundações são exemplos

    das consequências da ação inconsequente do homem. A cultura da agropecuária constitui o fator mais grave no que

    concerne ao problema aqui citado. Os objetivos desse trabalho, portanto, referem-se à abordagem bibliográfica em

    forma de pesquisa bibliográfica sobre o problema da devastação e impacto ambiental decorrente da ação humana

    bem como a busca de ações que viabilizam meios para reverter o problema do Rio Taquari.

    Palavras – chave: Rio Taquari, desmatamento, agropecuária, impacto ambiental, recuperação.

    SUMMARY

    The theme of this work approaches the Taquari River and the problems related to human action that has been

    influencing the degradation of the referred. The problems caused by such interference cause impoverishment of

    the fertile soil through deforestation that destroys the natural defenses of the headwaters and river banks. The

    1970s triggered a significant demand for migrants and this provoked this systematics that brought with it the

    environmental problems currently observed in the Rio Taquari. Sedimentation, erosion, flooding are examples of

    the consequences of man's inconsequential action. The culture of agriculture is the most serious factor with

    regard to the problem mentioned here. The objectives of this work, therefore, refer to the bibliographical

    approach in the form of bibliographic research on the problem of devastation and environmental impact resulting

    from human action as well as the search for actions that enable means to reverse the Taquari River problem.

    Keywords: Taquari River, deforestation, agriculture and livestock, environmental impact, recovery.

    1. INTRODUÇÃO

    O presente trabalho tem como tema principal implicações sobre o assoreamento do

    Rio Taquari em Mato Grosso do Sul. Para isto alguns problemas foram levantados, estes,

    nortearam este trabalho. A perda acelerada da camada fértil do solo no qual ficou marcada

    pela onda migratória de pessoas dos estados do nordeste, sudeste e principalmente do sul para

    a região centro oeste e partes da região norte do Brasil em busca de novas oportunidades, vem

    gradativamente descaracterizando esta bacia hidrográfica tanto física, quanto biológica,

    afetando o ambiente bem como seus habitantes, causando riscos e prejuízos sócios

    ambientais.

    A grande quantidade territorial a preços módicos foi o grande atrativo que motivou a

    vinda dos migrantes para o interior do então estado de Mato Grosso, mais notadamente na

    porção sul deste estado, hoje Mato Grosso do Sul. A partir de meados de 1970, o quadro de

  • ocupação e exploração da bacia do alto Taquari se intensificou com a progressiva exploração

    da agropecuária.

    Baseados nas tecnologias, implementos agrícolas e considerando a eficácia aliada à

    crescente demanda do setor, houve um aumento significativo da produtividade dos produtos

    direcionados a produção de alimentos. O desmatamento, principalmente nas encostas da bacia

    hidrográfica e o desgaste do solo proveniente do cultivo sequencial acarretou em prejuízos

    ecológicos e ambientais de grandes proporções.

    A problemática colocada nesta pesquisa, diz respeito como a atividade agropecuária

    pode afetar o ecossistema de determinada região, no caso, a bacia hidrográfica do rio Taquari

    e, se é possível reverter ou minimizar o estado de degradação ambiental verificado a partir de

    ações do Poder Público em conjunto com a iniciativa privada.

    O objetivo geral desta pesquisa foi levantar dados bibliográficos sobre o uso intensivo

    do solo, incluindo as áreas restritas às margens dos cursos de água de uma determinada bacia

    hidrográfica, neste caso a bacia do rio Taquari pode acarretar em um grave impacto ambiental

    e sócio econômico no bioma Pantanal, onde também são apresentadas recomendações para a

    redução das erosões nesta bacia. Assim, remetendo a uma pesquisa mais detalhada sobre o

    assunto, os objetivos específicos foram os seguintes:

    • Entender quando e como começou a expansão desordenada das atividades agropecuárias

    e reconhecer as ações desenvolvidas pela sociedade em geral para amenizar os problemas

    sócios ambientais;

    • Conhecer os fatores causadores (naturais e antrópicos) de degradação e reconhecer a

    importância e a necessidade de sua preservação;

    • Identificar ações conjuntas entre os setores privado e público;

    Esses objetivos foram propostos devido ao fato de que atualmente apesar de haverem

    várias pesquisas, estudos e avaliações ambientais sobre processos naturais e antrópicos

    degradantes no rio Taquari, percebe-se a necessidade de somar aos trabalhos científicos que

    tange a temática, objetivando consolidar informações que norteiam atitudes que visam diminuir

    e/ou parar o processo de assoreamento do rio Taquari.

    O sistema de produção agropecuário-industrial é um sistema aberto tanto em termos

    físicos como econômicos, fazendo parte da cadeia produtiva do setor primário que pode

    depender do fornecimento externo de alimentos, energia e outros fatores de produção. As

    necessidades de tecnologia, capital e infraestruturas baseiam-se em grandes economias de escala

    e, por causa disto, a eficiência de produção é elevada em termos de produto final por unidade de

  • alimento ou por homem-hora de trabalho, embora nem tanto quando medida em unidades de

    energia.

    A ação humana na região do Pantanal, mais especificamente na bacia do Rio Taquari há

    anos vem causando um desgaste ambiental considerável dando origem ao mais grave problema

    ambiental e socioeconômico do Pantanal. O assoreamento do leito do rio causou a inundação de

    milhares de quilômetros de terras na região do Pantanal. O impacto ambiental permanente tem

    afetado seriamente o meio ambiente e tudo que o cerca.

    Dessa maneira, a conservação do meio ambiente e da biodiversidade não é apenas uma

    questão de proteger a vida silvestre e seus ecossistemas, mas sim de preservar as condições de

    sobrevivência do homem, por meio da manutenção dos sistemas naturais que sustentam a vida

    humana.

    Também, torna-se imprescindível ampliar as discussões sobre o tema abordado, diante da

    pequena produção técnico-bibliográfica conhecida até o momento.

    2. REFERENCIAL TEÓRICO

    Autores como Galdino et al, Rodrigues e Nave, Collischonn, W e Tucci C. E. M, dentre

    outros, alertam não só para o problema, ajudam-nos a entender os fatores causadores, como

    também apontam possíveis soluções através de iniciativas conjuntas de autoridades públicas e a

    sociedade em geral, podendo sim, trazer resultados positivos para a recuperação desta importante

    bacia hidrográfica de grande importância não só para a região de planalto, mas principalmente

    para um dos maiores santuários ecológicos do planeta “o Pantanal mato-grossense”.

    Galdino (2000, p.5) diz, “As mudanças de leito do rio Taquari, no seu baixo curso, entre

    1966 e 1997, confirmam a hipótese de instabilidade do rio, que tem influenciado, diretamente, as

    atividades econômicas na região”. Percebe-se que a ação humana potencializa essa instabilidade

    agravando ainda mais o problema.

    Alguns autores como Rodrigues e Naves salientam a importância de elementos naturais das

    encostas dos rios como imprescindíveis para a sua sobrevivência,

    A necessidade da presença da vegetação ciliar é inquestionável e sua importância

    ecológica vem fazendo com que muitos países elaborem instrumentos jurídicos visando

    a sua conservação. No Brasil, o Código Florestal (Lei nº4,771, de 15 de setembro de

    1965 alterada pela Lei nº 7.803 de 18 de julho de1989) considera como de preservação

    permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas ao longo dos rios

    [...] Na referida lei, são também estabelecidas às faixas de proteção cujas dimensões são

  • variáveis em função da largura dos corpos d’água correspondentes. (RODRIGUES E

    NAVES, p. 2)

    As ações irresponsáveis dos homens em busca de espaço para plantio ou cultura de gado

    tem sido nociva principalmente às nascentes dos rios conforme observam os relatórios

    ambientais e ecológicos apresentados no decorrer dos anos.

    Políticas e ações para a recuperação da bacia do Rio Taquari são descritas por Galdino

    (2006) em seu artigo, “Ações para Solucionar os problemas da Bacia do Rio Taquari” bem como

    no portal G1, no link HTTP://G1.globo.com.bons-exemplos-ajudam-a-reverter-o-assoreamento-

    do-rio-taquari.

    3. METODOLOGIAS

    Pesquisa bibliográfica em materiais afins como revistas e documentários baseados em

    resultados de estudos a partir de artigos publicados em jornais através do meio eletrônico. Trata-

    se de antepor à lógica da biosfera e da vida à lógica econômica e, especialmente, à do mercado.

    A agricultura compreende a cultura de espécimes vegetais, destinada ou não para a alimentação

    humana. É área com grande evolução, e, atualmente, muito dependente dos avanços da

    tecnologia e das ciências biológicas. Técnicas de irrigação, conservação do solo, correção

    química e controle de qualidade buscam melhorar a produção agrícola, mas por outro lado

    ocasionam impacto ambiental que não pode ser desconsiderado.

    4. DESENVOLVIMENTO

    4.1. Rio Taquari

    O Taquari – É um dos principais afluentes do Rio Paraguai com aproximadamente 800

    km, cuja nascente está localizada em uma das vertentes da Serra do Caiapó, nas proximidades

    da cidade de Alto Taquari, em Mato Grosso a partir de um pequeno veio de água. Apesar de

    nascer no estado de Mato Grosso, a maioria do seu leito atravessa o Mato Grosso do Sul até

    desaguar no Rio Paraguai. É conhecido como Alto Taquari, o trecho que vai de sua nascente,

    até a confluência do Rio Coxim, na cidade de Coxim no Mato Grosso do Sul. Da cidade de

    Coxim até o Porto Rolon em pleno Pantanal é denominado de Médio Taquari. A partir deste

    http://g1.globo.com.bons-exemplos-ajudam-a-reverter-o-assoreamento-do-rio-taquari/http://g1.globo.com.bons-exemplos-ajudam-a-reverter-o-assoreamento-do-rio-taquari/

  • ponto, até a foz do Rio Paraguai, próximo ao Porto da Manga, denomina-se Baixo Taquari. É

    responsável por 1/6 do volume de água do Pantanal mato-grossense. Apesar de assoreado em

    sua maior parte, principalmente na região pantaneira, ele desempenha um importante papel na

    economia das microrregiões da Nhecolândia e Paiaguás, maiores criadoras de bovinos de

    corte do Pantanal.

    4.2.Assoreamento

    Para continuar falando sobre o rio Taquari e sobre os problemas enfrentados por ele, se

    faz necessário falar sobre o assoreamento. O assoreamento é o processo em que cursos d'água

    ou lagos são afetados pelo acúmulo de sedimentos, o que resulta no excesso de material sobre

    o seu leito e dificulta a navegabilidade e o seu aproveitamento. A figura 2 mostra o aspecto do

    rio assoreado.

  • Figura 2 - Rio Taquari

    Originalmente, esse é um processo natural, porém, é intensificado pelas ações

    antrópicas, sobretudo a partir da remoção da vegetação das margens dos rios. Rodolfo Alves

    Pena diz que, com as chuvas, o solo é lavado e a sua camada superficial é removida, e os

    sedimentos são transportados para o leito dos cursos de água onde são depositados. Quando

    não há obstáculos para esses sedimentos, função geralmente exercida pela vegetação, uma

    grande quantidade é depositada no fundo das redes de drenagem. Esse mesmo material é

    levado pelo próprio rio e, quando encontra locais mais planos, onde a velocidade do curso

    d'água não é muito acelerada, deposita-se no fundo, acumulando e, eventualmente, formando

    bancos de areia ao longo dos cursos d'água. Quando a quantidade de sedimentos é muito

    grande e pesada, eles transportam-se por rolamento ou se acumulam no leito normal, trazendo

    prejuízos à população e à ictiofauna. Sobre isso, Rodolfo Pena diz o seguinte:

    Quando o ser humano remove a vegetação, principalmente a mata ciliar (a vegetação

    que se encontra nas margens dos cursos d'água), o processo acima citado intensifica-

    se, além de gerar o surgimento de erosões nas proximidades do próprio rio. Para

    combater o assoreamento, a melhor medida é trabalhar na sua prevenção, contendo

    os processos erosivos em áreas situadas próximas às drenagens, além de impor

    barreiras para que os sedimentos não se acumulem rapidamente sobre elas. O cultivo

    e a preservação de matas ciliares são as medidas mais recomendadas, pois barram a

    entrada de objetos sedimentares nos rios e conservam o solo das margens, evitando

    erosões fluviais. PENA, Rodolfo F. Alves. "Assoreamento de rios"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 14 de

    fevereiro de 2017.

    A manutenção da vegetação das margens dos rios e córregos, além de manter a

    estabilidade do solo, mantendo os cursos de água em seus canais originais e profundidade dos

    http://brasilescola.uol.com.br/geografia/mata-ciliar-mata-galeria.htmhttp://brasilescola.uol.com.br/geografia/erosao.htm

  • mesmos, dificulta também o acesso dos rebanhos bovinos aos leitos de córregos e rios, servindo

    como barreira na prevenção do assoreamento. Também sobre as matas ciliares e da importância

    de sua preservação, Rodrigues e Nave afirmam que:

    As florestas ciliares ou matas ciliares possuem vegetações às margens de cursos de água

    independentemente de sua área de ocorrência e composição florística sendo, portanto, as

    suas características individuais relacionadas às condições ambientais de sua região,

    como o tipo de vegetação. Elas assumem grande importância ecológica por serem

    considerados corredores extremamente importantes para o movimento da fauna ao

    longo da paisagem e por garantir o fluxo gênico de uma infinidade de espécies, assim

    como para a dispersão vegetal. (Rodrigues e Nave, 2004).

    Para estes autores, conservar as matas ciliares às margens dos córregos e rios, é segurar a

    estabilidade do solo das micro bacias, a manutenção da vazão de água, interação com o sistema

    aquático, retenção e obstrução do ritmo de água, além da retenção da radiação solar favorecendo

    o equilíbrio térmico da água. Além do assoreamento podem ser verificados outros danos

    decorrentes da ação irresponsável humana. Citem-se a voçorosa1, as inundações, erosões. Vide

    imagens nos anexos.1

    4.3. Assoreamento nas nascentes

    Como já comentado sobre o assoreamento, é um processo natural em que os cursos de

    água são afetados pelo acúmulo de sedimentos, mas que é intensificado pelas ações humanas

    de remoção da vegetação, principalmente das margens dos cursos de água.Segundo o Gestor

    ambiental Nilo Peçanha C. Filho que coordena um consórcio de municípios da região norte de

    Mato Grosso do Sul, que trabalha na recuperação deste importante rio e de sua bacia

    hidrográfica, os problemas de assoreamento do rio taquari começam já na região de suas

    nascentes em uma grande área de várzea onde estão varias pequenas vertentes que vão formar

    o rio. Uma ferrovia passa sobre essas pequenas nascentes e em todo o entorno, há plantações,

    além de que, o canal que leva a água das vertentes, corre em direção à área urbana do

    município de Alto Taquari, a apenas 3 km de distância. Além de tudo isso, existe ainda a

    aplicação de defensivos agrícolas de forma excessiva nas lavouras, que só faz aumentar o

    sofrimento do Taquari.

    1 Escavação no solo ou em rocha decomposta causada por erosão do lençol de escoamento de águas

    pluviais; boçoroca, buracão, vossoroca.

  • Um pouco mais abaixo, mas ainda na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul,

    onde está localizado o Parque das Nascentes da Bacia do Taquari, uma área de conservação,

    outros problemas aparecem. Os afluentes que descem os cânions se encontram com o rio

    Taquari que passa ao norte do Parque. Nessa área, o Taquari cai de uma altitude de 800

    metros para 360 metros acima do nível do mar. Essa queda brusca favorece a erosão,

    característica natural do Taquari. Nilo Peçanha explica que, por atravessar uma região de solo

    relativamente pobre, onde a principal atividade desenvolvida ao longo do rio e de seus

    afluentes é a criação de gado, esse processode assoreamentofoi acelerado nas últimas décadas,

    justamente pelo fato do gado ter que subir e descer para beber água no fundo do vale. Esse

    trajeto que o gado faz para beber água acaba criando trilhas, canalizando a água da chuvaaté

    criar voçorocas e atingir as nascentes. Segundo ele, algumas dessas voçorocas são gigantes, e

    estão até mesmo nas redondezas do Parque das Nascentes do rio Taquari. Uma dessas

    voçorocas possui 1 quilômetro de extensão e até 80 metros de profundidade.

    O assoreamento do rio Taquari não está relacionado apenas à região do Alto Taquari,

    região que vai de sua nascente até acidade de Coxim, mas também à outras regiões,

    principalmente a bacia do rio Coxim, seu principal afluente que nasce próximo à cidade de

    São Gabriel do Oeste em meio às lavouras de soja. Tanto o rio Coxim quanto os seus

    afluentes, sofrem com o assoreamento devido às atividades agropecuárias intensivas ao longo

    de suas margens. Não ignorando os problemas de assoreamento enfrentados na região do Alto

    Taquari, sem dúvidas o rio Coxim é o principal contribuinte neste processo.

    4.4.O Início

    A década de 1970 ficou marcada pela onda migratória de pessoas dos estados do

    nordeste, sudeste e principalmente do sul para a região centro oeste e partes da região norte do

    Brasil em busca de novas oportunidades. A terra barata e em grande quantidade foi o grande

    atrativo que motivou a vinda dos migrantes para o interior do então estado de Mato Grosso, mais

    notadamente na porção sul deste estado, hoje Mato Grosso do Sul. A partir de meados de 1970, o

    quadro de ocupação e exploração da bacia do alto Taquari se intensificou com a progressiva

    exploração da agropecuária. Baseados nas tecnologias, implementos agrícolas e considerando a

    eficácia aliada à crescente demanda do setor, houve um aumento significativo da produtividade

    dos produtos direcionados a produção de alimentos. Em relação a isto, Galdino et al afirmam o

    seguinte:

  • As lavouras e pastagens cultivadas que ocupavam 3,4% da bacia do Alto Taquari em

    1977 passaram param 61,9% da superfície desta bacia no ano 2000, sendo que

    54,8% eram recobertas por pastagens cultivadas. Segundo estes autores, essas são as

    áreas mais castigadas pela erosão, devido ao desmatamento indiscriminado nas

    encostas e até mesmo nos topos dos morros, de não adotarem práticas de

    conservação de solo, manejo inadequado das pastagens, além da remoção da mata

    ciliar que protegem nascentes e leitos de córregos e rios da região. (GALDINO et

    al, 2006),

    É importante salientar que, as atividades agropecuárias que trouxeram o

    desenvolvimento para esta região do estado, trouxeram também sérios impactos ambientais,

    muitos deles, talvez irreversíveis. Originalmente a região da bacia do rio Taquari era

    praticamente toda coberta de cerrado e floresta, hoje é utilizada quase que em sua totalidade

    para a agropecuária, instalação de carvoarias, muitas delas em plena região pantaneira,

    entretanto, a maior parte é para criação de pastagens. A vegetação natural da região foi

    intensamente degradada, restando hoje apenas, alguns remanescentes da vegetação nativa que

    já sofreram algum tipo da interferência humana. Segundo censos agropecuários, entre os anos

    de 1980 e 1994 foram autorizados pelos órgãos responsáveis SEMA (Secretaria Estadual de

    Meio Ambiente) e IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

    Renováveis) o desmatamento de 42.900 Km2, correspondendo a 20% da área total da

    microrregião geográfica do Alto Taquari Para COLLISCHONN, W.eTUCCI, C.E. M,

    O tamanho da área desmatada pode ser muito maior, uma vez que o desmatamento

    ilegal é muito comum e difícil de controlar. De fato, não é fácil de controlar o

    desmatamento já que ele ainda continua ocorrendo, mesmo em plena planície

    pantaneira, além de que, também falta uma fiscalização mais efetiva por parte dos

    órgãos competentes. O Estado não faz o que deveria para evitar o desmatamento

    desenfreado, já que não contrata fiscais suficientes para a fiscalização e ainda autoriza o

    desmatamento de áreas que não deveriam em hipótese alguma, perder a sua vegetação

    nativa, já que estão próximas de nascentes de córregos e rios. (COLLISCHONN, W. e

    TUCCI, C. E. M. 2009).

    Estes autores comentam que, estudos da Embrapa Pantanal apontam que, o desmatamento

    e a expansão desordenada da agropecuária na região de planalto da bacia intensificaram o

    processo erosivo e ajudou a acelerar a deposição de sedimentosno leito do rio Taquari que já

    possuía como característica, elevada capacidade para transportar sedimentos e é agravado por

    mais esta situação. O pesquisador Felipe Dias da UCDB - Universidade Católica Dom Bosco em

    Campo Grande – MS diz que, esta degradação é causada principalmente pelo desmatamento e

  • pela falta de conservação do solo aliados à retirada da mata ciliar, onde nos períodos das chuvas,

    a areia desce das encostas e acaba entrando nos canais dos córregos e rios da região.

    4.5. Ações conjuntas para a recuperação da Bacia

    A Embrapa Pantanal preocupada com esse quadro de degradação ambiental da bacia do

    rio Taquari vem desenvolvendo desde o ano de 1994, vários estudos no intuito de entender e

    quantificar as relações de causa e efeito que ocorrem nos planaltos, que refletem no Pantanal.

    Para os estudos do uso do solo, a avaliação é feita através do mapeamento do potencial de perdas

    do solo, da evolução da erosão causada pelas chuvas e da utilização de pesticidas.

    Foram avaliadas as taxas temporais de disposição de sedimentos desde a década de 1970,

    bem como do aporte e transporte, a evolução do regime hidrológico, as alterações na vegetação,

    avaliação da qualidade da água e os impactos na ictiofauna e sócio economia. As informações

    geradas nestes estudos de impactos ambientais e socioeconômicos visam subsidiar políticas,

    legislação, programas, planos e ações de desenvolvimento para esta importante região do

    Pantanal sul-mato-grossense.

    Além da iniciativa da Embrapa, várias mobilizações e ações em prol de sua recuperação

    estão sendo tomadas desde a década de 1990 e, demonstram resultados positivos. Outras

    iniciativas também foram tomadas pelos produtores rurais em parceria com o poder público no

    sentido de adotar algumas práticas para minimizar o assoreamento da bacia do rio taquari. Um

    dos projetos pioneiros no estado foi implantado no fim da década de 1990 em Alcinópolis,

    localizada no extremo norte da bacia. Os agricultores e pecuaristas se uniram para recuperar o

    córrego Tigela que estava assoreado. O projeto foi um sucesso, as erosões se estabilizaram e

    parte do curso normal do córrego foi totalmente recuperado. Iniciativas semelhantes foram

    aplicadas ao longo da década por outros municípios da bacia, como Rio Verde de Mato Grosso,

    Coxim e São Gabriel do Oeste com a iniciativa privada. A experiência serviu de base para que a

    Agência Nacional de Águas em um projeto específico para recuperação de micro bacias no valor

    de R$ 3,45 milhões no ano passado.

    O governo do estado de Mato grosso do Sul também anunciou ações de recuperação para

    a bacia do rio Taquari, como a adequação de estradas rurais, recuperação de áreas de preservação

    permanente, controle de erosão e construção de terraços na região. A Agência Estadual de

    Empreendimentos (AGESUL), já licitou R$ 5 milhões em investimentos e a execução das obras

    iniciadas ainda no primeiro semestre de 2012.

  • Outra iniciativa é a implantação de viveiros em cinco municípios para a produção de

    mudas que irão ajudar a recompor a vegetação nas margens dos rios. A unidade de São

    Gabriel do Oeste já existe a alguns anos servindo como viveiro mãe no fornecimento de

    mudas de árvores nativas de pelo menos 40 espécies aos demais polos. A expectativa é de

    uma produção de 1 milhão de mudas por ano. O objetivo do projeto é plantar as mudas

    nativas em áreas estratégicas e conter a erosão, evitando que mais areia vá para o leito do

    Taquari.Para Nilo Peçanha, coordenador técnico do Consórcio Intermunicipal para o

    Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Taquari (COINTA),

    Ações como estas devem reduzir o envio de sedimentos para o leito dos rios.

    Segundo ele, “será o início de um ciclo. Cada medida irá permitir que novas ações

    sejam desenvolvidas para recuperar a bacia integralmente”. Ele afirma ainda que,

    alguns produtores rurais já estão trabalhando em algumas microbacias porque

    perceberam que o manejo adequado melhora a renda e a

    produtividade.G1.Globo.com/Bons-exemplos-ajudam-a-reverter-o assoreamento-do-

    rio-Taquari.

    Segundo o site g1.globo.com, algumas parcerias estão sendo feitas entrea prefeitura da

    cidade de Alcinópolis e fazendeiros que estão ajudando a recuperar o rio Taquari. Muitas

    fazendas adotaram o plantio em curva de nível, uma técnica de manejo que ajuda a conter a

    erosão. Esta técnica já é uma realidade na maioria das propriedades rurais não só de

    Alcinópolis, mas também de outros municípios que fazem parte da bacia hidrográfica do rio

    Taquari. Vários produtores rurais também mudaram de atitude na tentativa de salvar o rio.

    Passaram a utilizar o sistema de plantio direto. Com o plantio direto, o solo não é totalmente

    revolvido, entretanto, ele fica sempre coberto com restos vegetais de outras culturas

    anteriores, obtendo assim, cobertura e proteção para o solo.

    Outra iniciativa também foi o isolamento das matas ciliares do contato do gado,

    evitando que ele chegue diretamente aos mananciais ou leitos de água. As estradas também

    passaram por uma reforma com a contenção de várias bacias de contenção. Agora, a água não

    corre mais ladeira abaixo, provocando erosão porque ela servia como um canal que levava a

    água para a voçoroca e em seguida para os córregos da região. Com essas bacias de

    contenção, ela vai aos poucos se espraiando pelas bacias de contenção que ficam nas laterais.

    O técnico em agrícola mostra como exemplo, uma estrada da região de Alcinópolis

    onde existia um trecho inadequado, encaixada em barrancos até de 2 metros. A água corria,

    danificava a estrada e levava sedimentos para o córrego. Nivelamos o terreno, e fizemos as

    curvas de nível de forma que, a água não viesse para as voçorocasporque elas serviam denão

    vai mais para o córrego, explicou Edílson Gomes. O trabalho de contenção no município não

  • é só na planície. Até nos morros foram feitos isolamentos de área. Terraços com bambuzais

    ajudam a segurar a terra e a água. A vegetação veio normalmente e o gado não faz mais

    pastoreio aqui e a área vem recuperando. O gado não tem mais acesso ao córrego. “Isso foi só

    investimento pra fazenda”. O trabalho de recuperação da Bacia do Taquari está apenas

    começando. O problema é grande e ainda tem muito a ser feito.

    5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

    Há uma preocupação constante a respeito de nossos recursos naturais e sua degradação

    resultante da ação humana. Esta, movida pela ambição, provocou danos ao solo bem como

    aos mananciais aquáticos da região do Pantanal, no caso aqui referenciado, ao Rio Taquari.

    Na década de 70, atraídos pelos preços módicos das terras no estado de Mato Grosso

    do Sul, migrantes de outras regiões do país visualizaram a oportunidade de crescimento

    financeiro com a agricultura e pecuária. Um grande número de pessoas se instalou no estado

    iniciando atividades que com o passar dos anos mostrou ser danosa ao solo e às cabeceiras

    dos rios. O advento das tecnologias aumentou a produtividade agrícola acentuando ainda mais

    o processo degradativo.

    O problema levantado neste trabalho discorreu justamente sobre este evento. A análise

    sobre o uso do solo e o impacto sobre o ambiente, fatores que causaram a degradação foram

    discutidas mediante pesquisa bibliográfica e o resultado mostrou um quadro preocupante.

    Percebe-se uma crescente preocupação em torno da recuperação do mesmo bem como da

    cabeceira do Rio Taquari afetados diretamente pela ação humana.

    Mediante esse quadro, ações do setor privado bem como do governo do estado foram

    sendo propostas e postas em prática. A EMBRAPA Pantanal, desde a década de 90, vem

    estudando o caso e os dados coletados deste estudo foram a base para a formulação de

    políticas, programas, legislações e ações para a recuperação dos territórios afetados.

    Pode ser citado o Projeto Alcinópolis, de 1990, onde agricultores e pecuaristas uniram-

    se em prol da recuperação do Córrego Tigela. Ainda como exemplos da iniciativa privada, há

    as ações dos municípios de Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste e Coxim. A

    Agência Nacional das Águas liberou recursos para que tais fossem implementadas e

    executadas.

    Em se tratando de ações governamentais, citem-se os recursos da AGESUL para ações

    de recuperação do solo e do Rio Taquari. Dentre as ações do governo podem ser citadas

    também a recuperação das matas ciliares, estradas, acessos, pontes.

  • Percebe-se, portanto, uma sistemática incisiva na busca de recuperar e manter a região

    do Pantanal sem que haja prejuízos ao homem nem tampouco à natureza. Espera-se que as

    mediadas e ideologia do desenvolvimento sustentável sejam premissas indispensáveis para a

    execução de quaisquer atividades nesta região.

    6.CONCLUSÃO

    O desenvolvimento de uma determinada região, quase sempre é acompanhado de

    degradação ambiental como exposto ao longo deste trabalho. Os impactos ambientais causados

    pela ação humana nas últimas décadas têm ameaçado grandemente não só as regiões de planalto

    da bacia do rio Taquari, mas principalmente do Pantanal mato-grossense, um dos maiores

    santuários ecológicos do planeta. Diante disso, faz-se necessário uma reflexão sobre o referido

    tema, por parte de autoridades públicas, empresários, agropecuaristas e sociedade em geral, no

    sentido de uma total mudança de velhos hábitos de exploração do solo e recursos naturais

    visando não só a qualidade de vida hoje, mas principalmente das gerações futuras.

    É necessário que a sociedade acorde a tempo de evitar grandes catástrofes causadas pelo

    desequilíbrio ambiental como as que já vêm ocorrendo nas últimas décadas em diversas regiões

    do planeta. A defesa do meio ambiente deve ser uma das principais bandeiras para que se evitem

    maiores problemas e consequentemente, melhore a qualidade de vida desta e de gerações futuras.

    As ações desenvolvidas por parte de autoridades públicas e as comunidades da região do Alto

    Taquari, mostram resultados positivos e demonstram que é possível a recuperação desta bacia.

    No entanto, necessita de maiores investimentos e um comprometimento maior por parte das

    autoridades, já que os impactos ambientais verificados ameaçam um patrimônio da humanidade,

    a maior planície alagada do planeta.

  • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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    Brasília: PNMA, 1995. 50p.

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  • ANEXOS

    IMAGENS – DEGRADAÇÃO RIO TAQUARI

    Figura 1- VOÇOROSA

    Figura 2- ALAGAMENTO

  • Figura 3- EROSÃO

    Figura 4 – EROSÃO

  • Figura 5- ASSOREAMENTO

    Figura 6- EROSÃO – MARGEM

  • Figura 7- ASSOREAMENTO