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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PARTICIPAÇÃO DOS GRUPAMENTOS NORADRENÉRGICOS BULBARES A1 E A2 NA RECUPERAÇÃO CARDIOVASCULAR INDUZIDA PELA ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA DE SOLUÇÃO SALINA HIPERTÔNICA EM RATOS SUBMETIDOS À HEMORRAGIA HIPOVOLÊMICA STÉFANNE MADALENA MARQUES GOIÂNIA-GO 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PARTICIPAÇÃO DOS GRUPAMENTOS NORADRENÉRGICOS

BULBARES A1 E A2 NA RECUPERAÇÃO CARDIOVASCULAR

INDUZIDA PELA ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA DE SOLUÇÃO

SALINA HIPERTÔNICA EM RATOS SUBMETIDOS À HEMORRAGIA

HIPOVOLÊMICA

STÉFANNE MADALENA MARQUES

GOIÂNIA-GO

2017

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STÉFANNE MADALENA MARQUES

PARTICIPAÇÃO DOS GRUPAMENTOS NORADRENÉRGICOS

BULBARES A1 E A2 NA RECUPERAÇÃO CARDIOVASCULAR

INDUZIDA PELA ADMINISTRAÇÃO INTRAVENOSA DE SOLUÇÃO

SALINA HIPERTÔNICA EM RATOS SUBMETIDOS À HEMORRAGIA

HIPOVOLÊMICA

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Ciências

Biológicas do Instituto de Ciências Biológicas da

Universidade Federal de Goiás, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre em

Ciências Biológicas.

Área de concentração: Farmacologia e Fisiologia

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Rodrigues Pedrino

GOIÂNIA-GO

2017

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente à Deus por sua infinita misericórdia! À Universidade Federal de Goiás e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas pela incansável busca para oferecer aos seus alunos uma formação de qualidade. Aos órgãos de fomento CAPES, CNPq e FAPEG pelo apoio financeiro fundamental para a realização desse trabalho. Ao Prof. Dr. Gustavo Rodrigues Pedrino, pela orientação, oportunidade de aprendizado, apoio e por cada ensinamento. Nesses três anos de convivência, aprendi o valor da ética, do compromisso e da responsabilidade, lições que não são aplicadas apenas à vida acadêmica. Muito obrigada! Agradeço em especial à minha companheira de lesão, hemorragia, imuno, congresso e viagem, Lara! Essa pessoa linda, sem a qual a realização desse trabalho não seria possível, não tenho palavras que possam expressar minha gratidão. Muito obrigada por sua amizade, que possamos continuar a dividir as lágrimas e risadas, as conquistas e alegrias, rumo a realização de nossos sonhos. Aos meus pais, Sandoval e Abadia, pelo amor incondicional e por sempre lutarem para que os meus sonhos sejam realizados. À minha irmã, Jeniffer por ser minha fiel companheira e ter me dado o presente mais lindo, o pequeno Pietro, que sempre me faz sorrir e me transporta para o seu universo despreocupado. Aos professores e alunos do Centro de Pesquisa em Neurociência e Fisiologia Cardiovascular (CPNFC) pela convivência e aprendizado. Agradeço em especial à Aryanne, Paulo e Marina por serem sempre um porto seguro em que encontro um abraço amigo, palavra de ânimo e boas risadas. À minha mãe adotiva e bruxa Nathalia, que mesmo distante sempre me apoia e a quem tenho um imenso carinho.

À Kássia por ser um presente que a UFG me entregou e que tem me acompanhado nessa jornada nada normal e aos meus amigos de graduação, João Pedro e Millena, que mesmo diante da correria do dia a dia sempre procuram demonstrar o carinho que sentem por mim. Agradeço à Julyele pelo companheirismo e amizade, por sempre fazer de tudo para me animar, por todas as vezes que me obrigou a sair de casa, mesmo que eu estivesse cansada e desanimada, te amo linda! Aos meus amigos, Jota, Lucimeire, Welber, Rafael, Danyele, Núbia e Elanildo pelas noites de UNO, tentativas de assistir filme, carinho e auxílio através de suas orações.

À minha segunda família Alzira, Régis e Luciana, Pr. Sandro e Pra. Lídia, Pr. João e Pra. Gilvaina e minhas filhas lindas Karol, Duda e Jordana por cada oração, compreensão e pelo carinho.

Muito obrigada a todos!

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“É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar.

É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final.

Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder.

Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver. ”

Martin Luther King

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ....................................................................... i

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. iii

LISTA DE TABELAS .................................................................................................. vi

RESUMO................................................................................................................... vii

ABSTRACT ................................................................................................................ ix

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 7

3 METODOLOGIA ................................................................................................... 8

3.1 MODELO ANIMAL UTILIZADO ...................................................................... 8

3.2 LESÃO DO GRUPAMENTOS NEURONAIS A1 E A2.................................... 8

3.3 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS GERAIS ................................................. 9

3.4 REGISTRO DA PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA (PAM) E FREQUÊNCIA

CARDÍACA (FC) .............. ........................................................................................9

3.5 REGISTRO DO FLUXO SANGUÍNEO RENAL (FSR) E AÓRTICO (FSA) .. 10

3.6 HEMORRAGIA HIPOVOLÊMICA E SOBRECARGA DE SÓDIO ................ 11

3.7 IMUNOISTOQUÍMICA .................................................................................. 11

3.8 CONTAGEM NEURONAL ............................................................................ 12

3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................................. 12

4 RESULTADOS ................................................................................................... 13

4.1 EFEITO DA LESÃO DO GRUPO NORADRENÉRGICO A2 E DA LESÃO

CONJUNTA DOS GRUPAMENTOS A1 E A2 NOS AJUSTES

CARDIOVASCULARES INDUZIDOS PELA SOBRECARCA DE SÓDIO APÓS

HEMORRAGIA HIPOVOLÊMICA .......................................................................... 13

4.1.1 Avaliação da lesão dos neurônios catecolaminérgicos bulbares

induzidas pela nanoinjeção de saporina-anti-DβH na região NTS...................... 13

4.1.2 Ajustes cardiovasculares induzidos pela infusão de salina hipertônica

após a indução de hemorragia hipovolêmica em animais com lesão ou não do

grupamento A2 ................................................................................................... 16

4.1.3 Avaliação da lesão dos neurônios catecolaminérgicos bulbares

induzidas pela nanoinjeção de saporina-anti-DβH na região NTS e

bilateralmente na região CVLM .......................................................................... 20

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4.1.4 Ajustes cardiovasculares induzidos pela infusão de salina hipertônica

após a indução de hemorragia hipovolêmica em animais com lesão

concomitante ou não dos grupamentos A1 e A2. ............................................... 24

5 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 28

6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 33

7 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 34

8 ANEXO ............................................................................................................... 42

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i

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AV3V Região Anteroventral do III Ventrículo

CH Choque Hemorrágico

CVA Condutância Vascular Aórtica

CVLM Região Caudoventrolateral do Bulbo

CVR Condutância Vascular Renal

DβH Dopamina-β-Hidroxilase

E.P.M Erro Padrão da Média

ECG Eletrocardiograma

FC Frequência Cardíaca

FSA Fluxo Sanguíneo Aórtico

FSR Fluxo Sanguíneo Renal

G Grama

HH Hemorragia hipovolêmica

i.v. Intravenosa

IB ImmunoBuffer

Kg Quilograma

M Molar

Min Minuto

mL Mililitros

Mm Milímetros

mmHg Milímetros de Mercúrio

MnPO Núcleo Pré-Optico Mediano

Ng Nanograma

nL Nanolitro

NTS Núcleo do Trato Solitário

PA Pressão Arterial

PAM Pressão Arterial Média

PAP Pressão Arterial Pulsátil

PBS Phosphate-buffered saline

PFA Paraformaldeído

PVN Núcleo Paraventricular do Hipotálamo

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ii

RVLM Região Rostroventrolateral do Bulbo

Saporina-anti-DβH Saporina-anti-Dopamina-β-Hidroxilase

SFO Órgão Subfornical

SH Salina Hipertônica

SNC Sistema Nervoso Central

SON Núcleo Supra-óptico

TH Tirosina Hidroxilase

VLM Medula Ventrolateral

µm Micrometros

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iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Corte sagital do encéfalo modificado de Bourque (2008),

destacando as projeções dos grupamentos noradrenérgicos A2

(NTS) e grupamento noradrenérgico A1 (CVLM) para o núcleo

pré-optico mediano, e desse para o núcleo paraventricular do

hipotálamo. Mostrando que esses grupamentos são ativados

por aumento da concentração plasmática de sódio e ativam

regiões prosencefálicas envolvidas no equilíbrio hidroeletrolítico,

modulando a resposta humoral e autonômica..............................

4

Figura 2. Fotomicrografia representativa dos cortes coronais do bulbo

(40μm) marcados pela técnica de imunoistoquímica. As setas

indicam a marcação dos neurônios tirosina hidroxilase (TH)

positivos no núcleo do trato solitário (NTS – grupamento

neuronal A2), na região caudoventrolateral do bulbo (CVLM –

grupamento neuronal A1) e rostroventrolateral do bulbo (RVLM

– grupamento neuronal C1) dos animais que receberam

nanoinjeções de saporina (controle A2) ou saporina-anti-DβH

(lesão A2) no NTS.........................................................................

14

Figura 3. Quantificação de células tirosina hidroxilase (TH) positivas nas

regiões bulbares. Média ± erro padrão da média (E.P.M) do

número de células TH positivas localizadas no núcleo do trato

solitário (NTS – grupamentos neuronais A2 e C2) e na região

ventrolateral do bulbo (VLM – grupamento neuronal A1 e C1)

dos animais que receberam nanoinjeções de saporina (Grupo

controle A2) ou de saporina-anti-DβH (Grupo lesão A2) na

região NTS. † Diferente do controle; p < 0,05...............................

15

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iv

Figura 4.

Registro das variações de pressão arterial pulsátil (PAP), fluxo

sanguíneo renal (FSR), fluxo sanguíneo aórtico (FSA) e

frequência cardíaca (FC) induzidas pela sobrecarga de sódio

em um animal que recebeu nanoinjeção de saporina na região

do núcleo do trato solitário (controle A2; A) e um animal que

recebeu nanoinjeção de saporina-anti-DβH (lesão A2; B) após a

hemorragia hipovolêmica. Estão apresentados os traçados

representativos do período basal, dos tempos 10 e 20 min de

hemorragia destacados pelo quadro tracejado e dos tempos 30

e 60 min após a infusão de salina hipertônica 3M........................

18

Figura 5.

Efeitos da lesão do grupamento neuronal A2 sobre a pressão

arterial média (PAM; A), frequência cardíaca (FC; B), fluxo

sanguíneo renal (FSR; C), condutância vascular renal (CVR; D),

fluxo sanguíneo aórtico (FSA; E) e condutância vascular aórtica

(CVA; F) em animais com hemorragia hipovolêmica submetidos

a infusão de salina hipertônica. *Diferente do tempo 0; p <0.05.

A barra preta representa o período de hemorragia e a linha

tracejada representa a infusão de salina hipertônica 3M..............

19

Figura 6. Fotomicrografia representativa dos cortes coronais do bulbo

(40μm) marcados pela técnica de imunoistoquímica. As setas

indicam a marcação dos neurônios tirosina hidroxilase (TH)

positivos no núcleo do trato solitário (NTS – grupamento

neuronal A2), na região caudoventrolateral do bulbo (CVLM –

grupamento neuronal A1) e rostroventrolateral do bulbo (RVLM

– grupamento neuronal C1) dos animais que receberam

nanoinjeções de saporina (controle A1+A2) ou saporina-anti-

DβH (lesão A1+A2) no NTS e bilateralmente na CVLM............... 22

Figura 7.

Quantificação de células tirosina hidroxilase positivas nas

regiões bulbares. Média ± erro padrão da média (E.P.M) do

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v

número de células TH positivas localizadas no núcleo do trato

solitário (NTS – grupamentos neuronais A2 e C2) e na região

ventrolateral do bulbo (VLM – grupamento neuronal A1 e C1)

dos animais que receberam nanoinjeções de saporina (grupo

controle A1+A2) ou de saporina-anti-DβH (grupo lesão A1+A2)

na região NTS e bilateralmente no CVLM. † Diferente do

controle; p < 0,05 .........................................................................

23

Figura 8.

Registro das variações de pressão arterial pulsátil (PAP), fluxo

sanguíneo renal (FSR), fluxo sanguíneo aórtico (FSA) e

frequência cardíaca (FC) induzidas pela sobrecarga de sódio

em um animal que recebeu nanoinjeções de saporina

(controle A1+A2; A) e um animal que recebeu saporina-anti-

DβH (lesão A1+A2; B) na região do NTS e bilateralmente na

CVLM após a hemorragia hipovolêmica. Estão apresentados

os traçados representativos do período basal, dos tempos 10

e 20 minutos de hemorragia destacados pelo quadro tracejado

e dos tempos 30 e 60 minutos após a infusão de salina

hipertônica 3M.............................................................................

26

Figura 9. Média ± EPM da pressão arterial média (PAM; A), frequência

cardíaca (FC; B), fluxo sanguíneo renal (FSR; C), condutância

vascular renal (CVR; D), fluxo sanguíneo aórtico (FSA; E) e

condutância vascular aórtica (CVA; F) em resposta a

sobrecarga de sódio após HH em animais submetidos a

nanoinjeção de saporina (grupo controle A1+A2) ou de

saporina-anti-DβH (grupo lesão A1+A2) na região NTS e

bilateralmente no CVLM. *Diferente do tempo 0; † Diferente do

grupo controle; p <0.05. A barra preta representa o período de

hemorragia hipovolêmica e a linha tracejada representa a

infusão de salina hipertônica 3M................................................ 27

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vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores basais de pressão arterial média (PAM), frequência

cardíaca (FC), fluxo sanguíneo renal (FSR), fluxo sanguíneo

aórtico (FSA), condutância vascular renal (CVR) e condutância

vascular aórtica (CVA) dos ratos controle e com lesão do

grupamento A2.............................................................................

16

Tabela 2.

Valores basais de pressão arterial média (PAM), frequência

cardíaca (FC), fluxo sanguíneo renal (FSR), fluxo sanguíneo

aórtico (FSA), condutância vascular renal (CVR) e condutância

vascular aórtica (CVA) dos ratos controle e com lesão do

grupamento A1 e A2..................................................................... 24

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vii

RESUMO

Diversos estudos determinaram a importância da infusão intravenosa de solução de

cloreto de sódio (NaCl) hipertônica na recuperação cardiovascular da hemorragia

hipovolêmica (HH). Estudos mostraram o aumento de atividade dos grupamentos

noradrenérgicos bulbares A1 e A2 em resposta ao aumento da osmolaridade em

ratos normovolêmicos. No entanto, a participação destes neurônios na integração

das respostas reflexas que conduzem ao restabelecimento hemodinâmico e à

melhora cardiovascular induzida pela infusão de solução salina hipertônica (SH)

durante a hipovolemia ainda permanecem por ser esclarecidas. O presente estudo

procurou elucidar a participação dos grupamentos noradrenérgicos bulbares A1 e A2

na recuperação cardiovascular por infusão de SH após HH em ratos anestesiados.

Para isto, ratos Wistar receberam nanoinjeções de 100 nL de saporina (0,022 ng ∙ nl-

1) ou saporina-anti-DβH (0,105 ng ∙ nl-1) na região NTS e/ou bilateralmente no CVLM.

Após 15 dias, os animais foram instrumentalizados para registro dos parâmetros

cardiovasculares: pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC),

condutância vascular renal (CVR) e condutância vascular aórtica (CVA). A HH foi

induzida durante 20 min pela retirada de sangue até que a PAM atingisse

aproximadamente 60 mmHg. Em seguida, foi realizada a administração de solução

SH (NaCl; 3M; 1,8 ml ∙ kg-1), e os parâmetros cardiovasculares foram registrados por

mais 60 min. Os resultados mostraram que, nos animais com lesão do grupamento

A2, após a infusão de SH a PAM retornou aos valores basais de maneira similar ao

que ocorreu nos animais controle (sham A2: 109,4 ± 3,7 mmHg vs. Lesão A2: 108,6

± 5,1 mmHg, 60 min após a infusão de SH); a FC reduziu significativamente em

ratos controle e com lesão de A2 durante a HH e retornou aos níveis basais 10 min

após infusão de SH (controle A2: 406,0 ± 10,6 bpm vs. Lesão A2: 368.8.1 ± 17,9

bpm); a HH e a infusão de solução SH não promoveu alterações nos valores basais

de CVR em ambos os grupos (sham A2: ∆ 3,0 ± 22,3%; Lesão A2: ∆ -23,5 ± 16,6%, 20

min após a HH) e (sham A2: ∆ 2,3 ± 18,8 vs. Lesão A2: ∆ 7,3 ± 8,3%; 30 min após a

infusão de SH). A CVA não foi alterada pela HH (sham A2: ∆ -11,1 ± 6,6% vs Lesão

A2: ∆ 7,8 ± 11,6%; 20 min após a HH) ou infusão de SH (Sham: ∆ -20,6 ± 7,8% vs.

Lesão A2: ∆ -4,4 ± 5,1%, 30 min após a infusão de SH). Nos animais com lesão

combinada dos grupamentos A1 e A2, a infusão de SH não reestabeleceu os níveis

de PAM (controle A1+A2: 104,9 ± 5,7 vs Lesão A1+A2: 64,2 ± 4,5 mmHg; p <0,05;

30 min após a infusão SH), permanecendo estes em níveis hemorrágicos até o final

dos experimentos (controle A1+A2: 107,1 ± 3,3 vs Lesão A1+A2: 68,4 ± 4,2 mmHg;

p <0,05; 60 min após infusão SH). A HH não alterou os valores basais de CVR

(Sham A1+A2: ∆ 4,7 ± 20,2% vs. Lesão A1+A2: ∆ 2,9 ± 16,7%; 20 min após a HH); a

solução SH, também, não foi capaz de alterar esse parâmetro nos grupos de

animais controle e lesado (sham A1+A2: ∆: 0,1 ± 12,1% vs. Lesão A1+A2: ∆ 29,4 ±

25,9%; 30 min após a infusão de SH). No grupo submetido a lesão A1+A2, a CVA

não foi alterada pela HH em ambos os grupos (sham A1+A2: ∆ -1,5 ± 16.3% vs.

Lesão A1+A2: ∆ -18,6 ± 6,3%; 20 min após a HH) ou pela infusão de solução de SH

(sham A1+A2: ∆ 20 ± 117% vs. Lesão A1+A2: ∆ 9,5 ± 7,7%; 30 min após a infusão

de SH). Os resultados indicam que o grupamento neuronal A2 não parece estar

diretamente envolvido na recuperação cardiovascular por infusão de SH em ratos

submetidos a HH e que a lesão simultânea dos grupamentos A1 e A2 foi capaz de

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viii

suprimir a restauração da PAM em resposta à SH após a HH, indicando que a

integridade desses grupamentos é essencial para a recuperação cardiovascular

mediante hipernatremia aguda após a hipovolemia. Nosso estudo indica ainda que

esses grupamentos não parecem estar diretamente envolvidos na regulação da

reatividade vascular dos leitos analisados.

Palavras chave: hiperosmolaridade, hipovolemia, CVLM, NTS, pressão arterial

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ix

ABSTRACT

Several studies have determined the importance of intravenous infusion of sodium

chloride (NaCl) solution in the cardiovascular recovery of hypovolemic hemorrhage

(HH). Studies show the increased activity of the noradrenergic groups A1 and A2 in

response to increased osmolarity in normovolemic rats. However, the participation of

these neurons in the integration of the reflexive responses that lead to hemodynamic

recovery and to the cardiovascular improvement induced by the infusion of

hypertonic saline (HSI) solution during hypovolemia remain to be clarified. The

present study sought to elucidate the participation of the noradrenergic groups A1

and A2 in cardiovascular recovery by HSI after HH in anesthetized rats. For this,

mice should receive nanoinjections of 100 nL saporin (0.022 ng ∙ nl-1) or saporin-anti-

DβH (0.105 ng ∙ nl-1) in the NTS region and/or bilaterally in the CVLM. After 20 days,

the animals were instrumented to record the cardiovascular parameters: mean

arterial pressure (MAP), heart rate (HR), renal vascular conductance (RVC), and

aortic vascular conductance (AVC). HH was induced for 20 min by withdrawal of

blood until a MAP reached about 60 mm Hg. Then, HIS (NaCl, 3M, 1.8 ml ∙ kg-1) was

performed, and the cardiovascular parameters were recorded for a further 60 min.

The results showed that animals with group A2 lesion after an HSI to MAP returned

to baseline in a manner similar to that observed in control animals (sham A2: 109.4 ±

3.7 mmHg vs A2 lesion: 108.6 ± 5.1 mmHg, 60 min after an infusion of SH); One FC

significantly reduced in controlled and A2 lesion tests during one HH and returned to

baseline levels 10 min after HS infusion (A2 control: 406.0 ± 10.6 bpm vs. A2 lesion:

368.8.1 ± 17, 9 Bpm); HH and HIS-solution did not promote RVC values in both

groups (sham A2: Δ 3.0 ± 22.3% vs. A2 lesion: Δ -23.5 ± 16.6%; 20 min after HH)

and (A2 sham: Δ 2.3 ± 18.8 vs. A2 lesion: Δ 7.3 ± 8.3%, 30 min after HSI). The AVC

was not altered by HH (sham A2: Δ -11.1 ± 6.6% vs A2 Injury: Δ 7.8 ± 11.6%, 20 min

after HH) or HSI (Sham: Δ – 20.6 ± 7.8% vs. A2 lesion: Δ -4.4 ± 5.1%; 30 min after

HSI). In animals with combined lesions A1 and A2, an HS infusion did not restore

MAP levels (A1+A2 control: 104.9 ± 5.7 vs. A1+A2 lesion: 64.2 ± 4.5 mmHg; <0.05,

30 min after HSI), remained in hemorrhagic cells until the end of the experiments

(control A1+A2: 107.1 ± 3.3 vs lesion A1+A2: 68.4 ± 4.2 mmHg; <0.05; 60 min after

HSI). HH did not change the baseline RVC values (sham A1+A2: Δ 4.7 ± 20.2% vs.

A1 + A2 lesion: Δ 2.9 ± 16.7%, 20 min after HH); The HSI solution was also not able

to change this parameter in the controlled and tested animals (sham A1+ A2: Δ: 0.1 ±

12.1% vs. A1+A2 lesion: Δ 29.4 ± 25.9%; 30 min after HSI). A1 + A2, a AVC was not

altered by HH in both groups (sham A1 + A2: Δ -1.5 ± 16.3% vs. lesion A1 + A2: Δ -

18.6 ± 6.3 20 minutes after HH) or by infusion of SH solution (sham A1 + A2: Δ 20 ±

117% vs. A1 + A2 lesion: Δ 9.5 ± 7.7%). The results indicate that neuronal group A2

does not appear to be involved in cardiovascular recovery through HS infusion where

the treatments are adequate for HH and that the lesions of the two groups (A1 and

A2) were able to suppress a restoration of MAP in response To HSI after HH,

supporting the hypothesis that an integrity is essential for a cardiovascular recovery

through acute hypernatremia after hypovolemia. Our study also indicates that the

clusters are not involved and are involved in the regulation of vascular reactivity of

the analyzed beds.

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Keywords: hyperosmolarity, hypovolemia, CVLM, NTS, arterial pressure

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1 INTRODUÇÃO

A conservação da composição do meio interno do organismo é uma condição

essencial para a sobrevivência (1), envolvendo nesse processo a conservação da

tonicidade dos compartimentos extra e intracelulares, bem como a pressão arterial

em níveis normais e o funcionamento do sistema cardiovascular. Alterações de

volume e osmolaridade promovem desequilíbrio da homeostase levando a

alterações do metabolismo e funcionamento das células, como ocorre na hemorragia

hipovolêmica (HH).

A HH é caracterizada por uma condição de hipoperfusão tecidual, durante a HH

ocorre redução do volume sanguíneo, resultando na diminuição da pré-carga e do

débito cardíaco, o que implica em perfusão tecidual inadequada comprometendo a

distribuição e utilização do oxigênio nos tecidos. Em consequência disso, a

resistência vascular sistêmica aumenta para manter a pressão de perfusão nos

órgãos vitais (2). Independente da etiologia da HH, a manutenção de volume, em

níveis adequados para produzir um débito cardíaco efetivo, é o objetivo fundamental

para a manutenção das funções fisiológicas. Em vista disso, o tratamento do choque

hipovolêmico é baseado no controle do sangramento aliado a correções do déficit de

volume vascular (3–5). Inúmeros tipos de soluções têm sido empregados na

terapêutica desta patologia. Em âmbito pré-hospitalar destaca-se a utilização das

soluções hipertônicas, como a salina hipertônica (SH) (3).

Diversos estudos relatam os efeitos cardiovasculares das infusões de SH na

HH (3,4,6–9). Velasco et al., (1980) (8) mostraram que a infusão de SH (NaCl 1,25

M), em volume equivalente a 10% do volume retirado para gerar o choque

hemorrágico (CH) em cães, resultou em melhora hemodinâmica e promoveu

sobrevida desses animais, demostrando os benefícios da infusão de SH no

tratamento do CH. Costa et. al., (2009) (10) mostraram os benefícios promovidos

pelo uso de SH quando comparado com soluções isotônicas no modelo de HH.

Diferentes estudos demonstraram que o uso de SH é capaz de reestabelecer os

parâmetros cardiovasculares prejudicados durante a HH, promovendo elevação

instantânea da pressão arterial, aumento da pressão de pulso, retorno do débito

cardíaco ao valor basal e reestabelecimento da circulação mesentérica, renal e dos

membros posteriores (8,9,11).

Embora as respostas hemodinâmicas promovidas pelo uso de SH na

recuperação da HH sejam bem estabelecidas, pouco se sabe sobre o envolvimento

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do sistema nervoso central (SNC) nas respostas cardiovasculares induzidas pela

sobrecarga de sódio em animais submetidos a hemorragia. Uma vez que os

mecanismos homeostáticos são regulados principalmente pelo SNC, através de

respostas autonômicas e humorais capazes de manter níveis adequados de pressão

arterial, resistência periférica e frequência cardíaca, novos estudos são necessários

para elucidação das vias centrais envolvidas na recuperação cardiovascular induzida

por SH em animais hemorrágicos.

De fato, diversos estudos relatam o papel dos aferentes aórtico e carotídeos,

quimiorreceptores e barorreceptores, na regulação da pressão arterial e na detecção

de variações da pressão parcial de O2 e CO2 e pH (12–14). Entretanto, estudos mais

recentes têm demonstrado que esses aferentes também podem estar envolvidos nos

ajustes cardiovasculares induzidos por alterações do volume e da composição do

compartimento extracelular (10,15–17). Recentemente, comprovou-se que esses

aferentes neuronais periféricos estão envolvidos nas respostas cardiovasculares e

na simpatoinibição renal induzidas por hipernatremia aguda (17). Estes resultados

mostram a importância de tais aferentes para os ajustes reflexos provocados por

mudanças na concentração plasmática de sódio e indicam uma possível via neural

envolvida nesses ajustes (17).

Ademais, já foi demonstrado que a restauração da pressão arterial por infusão

de SH durante a hipovolemia foi bloqueada após a desenervação não seletiva dos

barorreceptores (10). Mais recentemente, também foi evidenciado que a inativação

específica dos quimiorreceptores carotídeos aboliu a recuperação da pressão

arterial por infusão de SH em ratos submetidos à HH, demostrando a relevância dos

aferentes neuronais periféricos nas respostas à infusão de SH em estado de

hipovolemia (18).

A partir das informações anteriores, pode-se dizer que a restauração da

homeostase promovida pela sobrecarga de sódio durante quadros hemorrágicos

envolve o recrutamento de vias e mecanismos neuronais reflexos. No entanto, as

regiões do SNC responsáveis pela integração das respostas reflexas que conduzem

ao restabelecimento hemodinâmico e à melhora cardiovascular gerada pela infusão

de SH durante a hipovolemia ainda permanecem por ser esclarecidas.

O núcleo do trato solitário (NTS) está localizado no bulbo dorsal e é o sítio

primário de aferências cardiovasculares no SNC. Esta região recebe ainda

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informações referentes a alterações da pressão arterial e do volume sanguíneo e

projeta-se para outras áreas do SNC envolvidas na regulação cardiovascular e

balanço hidroeletrolítico (19–21). As informações advindas de receptores periféricos,

como os barorreceptores arteriais (localizados no arco da aorta e nos seios

carotídeos) que respondem a variações de pressão arterial, osmorreceptores e os

receptores periféricos de sódio (localizados nos vasos renais, intestinais e

principalmente hepáticos) chegam ao NTS através das projeções do nervo vago e

glossofaríngeo (22–26). Após o processamento inicial dessas informações, elas têm

acesso a diferentes regiões do SNC através das projeções provenientes do NTS.

É bem descrito na literatura que as fibras aferentes dos nervos dos seios

carotídeos se projetam para a região comissural do NTS (27,28). Ademais, estudos

anatômicos, neurofisiológicos e farmacológicos demonstraram que existe uma via de

interação entre os neurônios localizados no NTS, na região caudoventrolateral do

bulbo (CVLM) e na região rostroventrolateral do bulbo (RVLM) e que tal interação

desempenha um papel crítico no controle da resposta simpática mediante o estímulo

do barorreflexo (29–31). Esses estudos mostraram ainda que existe projeção direta

do NTS para o RVLM, participando da via central dos quimiorreceptores, enquanto

que o CVLM mediaria a regulação simpática de neurônios catecolaminérgicos do

RVLM (grupamento C1), além de fornecer a modulação pós-sináptica diferencial de

neurônios C1 pelos neurônios do NTS (29–31).

O grupamento de neurônios noradrenérgicos do NTS (grupamento A2), é uma

região do SNC que recebe informações acerca de alterações da composição e do

volume circulante provenientes dos aferentes carotídeos e osmorreceptores

periféricos e as envia para outras regiões como a CVLM (16,32–34). A CVLM é uma

região crítica envolvida na regulação cardiovascular, uma vez que o grupo de

neurônios A1 está envolvido na homeostase de fluídos corporais e é ativado em

diferentes condições que afetam o volume e a composição do compartimento

extracelular (32,35,36). Já foi mostrado que a vasodilatação renal, um mecanismo

importante para aumentar a excreção de sódio, induzida por infusão de SH ou

expansão de volume isotônico é atenuada em animais submetidos a lesão A1 por

nanoinjeção de saporina-anti-dopamina-β-hidroxilase (saporina-anti-DβH) (37).

Ademais, a lesão do grupamento A1 promoveu maior ingestão de NaCl 0,3 M após

protocolos de desidratação celular, sugerindo um papel inibitório para os neurônios

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catecolaminérgicos medulares no apetite ao sódio (38). Tanaka et al. (2002) (39)

sugeriram que os neurônios do CVLM medeiam informações sobre volume

sanguíneo através de projeções diretas para o órgão subfornical (SFO), uma região

livre de barreira hemato-encefálica, responsiva as alterações de osmolaridade. De

fato, já foi mostrado que as células A1 se projetam para regiões envolvidas na

homeostase da água e do sódio incluindo o SFO, o núcleo pré óptico mediano

(MnPO), neurônios secretores magnocelulares do núcleo paraventricular do

hipotálamo (PVN) e o núcleo supra-óptico (20,40,41) (figura 1).

Entre estas estruturas que recebem projeções dos grupamentos bulbares A1 e

A2 destaca-se o MnPO. Este núcleo é uma das principais áreas do circuito neural

que regula o equilíbrio hidroeletrolítico e tem sido alvo de vários estudos no que se

refere ao seu papel na regulação cardiovascular e homeostase dos fluidos corporais

(32,42–44). Evidências neuroanatômicas mostraram ainda que o MnPO envia

densas projeções para PVN, importante região para a regulação autonômica e

neuroendócrina (45).

Figura1. Corte sagital do encéfalo modificado de Bourque (2008), destacando as

projeções dos grupamentos noradrenérgicos A2 (NTS) e grupamento noradrenérgico

A1 (CVLM) para o núcleo pré-optico mediano, e desse para o núcleo paraventricular

do hipotálamo. Mostrando que esses grupamentos são ativados por aumento da

concentração plasmática de sódio e ativam regiões prosencefálicas envolvidas no

equilíbrio hidroeletrolítico, modulando a resposta humoral e autonômica.

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De fato, à importância dos grupamentos A1, A2 e da neurotransmissão

adrenérgica no MnPO nas respostas a hiperosmolaridade já foi demonstrada em

animais normovolêmicos (46–48). Pedrino et al., (2008) (47) utilizou saporina-anti-

dopamina-β-hidroxilase para promover lesão de neurônios noradrenérgicos na

região CVLM e mostrou que tal lesão foi capaz de abolir a resposta simpática renal

induzida por hipernatremia aguda, indicando que a integridade dessa região é

essencial para a resposta simpatoinibitória por aumento agudo dos níveis

plasmáticos de sódio. Similarmente, foi demonstrado que a vasodilatação renal

induzida por hipernatremia é abolida após o bloqueio dos α-adrenoreceptores no

MnPO, sugerindo que as projeções dos neurônios A1 para o MnPO agem para inibir

a atividade do nervo simpático renal (46). Ademais, já foi mostrado que os neurônios

noradrenérgicos A2 são componentes das vias neurais que regulam a composição

do fluido extracelular e estão envolvidos na simpatoinibição induzida por aumento da

osmolaridade (48). Esses resultados mostram a importância dos neurônios

noradrenérgicos A1 e A2 na redução da atividade do nervo simpático renal induzida

por alterações da concentração plasmática de sódio, corroborando com a hipótese

de que os neurônios adrenérgicos do MnPO e os grupamentos A1 e A2 participariam

das vias e mecanismos neurais que regulam as respostas reflexas por sobrecarga

de sódio após o quadro de hipovolemia.

Estudos realizados em nosso laboratório, mostraram que o bloqueio

farmacológico do MnPO, utilizando Muscimol (agonista GABAérgico), inibiu a

recuperação da pressão arterial média (PAM) e da condutância vascular renal (CVR)

induzida por SH em ratos submetidos à HH (49). Entretanto, o papel da

neurotransmissão adrenérgica no MnPO sobre as respostas cardiovasculares e

autonômicas por infusão de SH em modelos de hipovolemia ainda não foi avaliado.

Nesse sentido, é lícito supor a participação da neurotransmissão adrenérgica no

MnPO nessas respostas. Ademais, resultados recentes do nosso laboratório

mostraram que a redução farmacológica de 62% do número de neurônios A1,

através de nanoinjeções de saporina-anti-DβH, não alterou a recuperação da PAM

promovida pela infusão de SH (Lara Marques Naves, Stéfanne Madalena Marques

Gustavo Rodrigues Pedrino; dados não publicados). Estes resultados parecem

contrapor a hipótese de que o grupamento A1 contribuiria para a recuperação

cardiovascular provocada pela sobrecarga de sódio em quadros de HH. Entretanto,

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é necessário destacar que a região CVLM é uma projeção indireta do NTS para o

MnPO, justificando assim uma possível influência de outras áreas que poderiam

auxiliar a manutenção da resposta na ausência do grupamento A1. O NTS pode ser

uma região capaz de suprir tal via, uma vez que recebe informações a respeito de

alterações na osmolaridade plasmática e se projeta diretamente para o MnPO.

Assim, não podemos descartar que o SNC trabalha em paralelo com outras

vias (como a hormonal, por exemplo) e que vias do próprio SNC atuam em paralelo.

Desse modo, considerando que os neurônios A1 e A2 possuem a mesma origem

embriológica (50–53), projeções similares para o MnPO e PVN (54,55) e comportam-

se de modo semelhante frente a estímulos hiperosmóticos (47,48,56), podemos

considerar esses grupamentos atuam como vias paralelas de ação. Desse modo, a

perda de parte da via A1 poderia ser suprida pela A2.

Diante do exposto, nota-se que a melhor compreensão das vias e estruturas

neuronais envolvidas no reestabelecimento da homeostase induzida por sobrecarga

de sódio durante a hipovolemia é necessária. Deste modo, torna-se plausível

investigar o envolvimento dos neurônios noradrenérgicos A1 e A2 nas respostas

cardiovasculares promovidas pela infusão de solução de SH em animais submetidos

a HH.

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2 OBJETIVOS

No presente trabalho, buscamos determinar a participação dos neurônios

noradrenérgicos A1 e A2 nos ajustes cardiovasculares induzidos por sobrecarga

aguda de sódio durante a HH. Mais especificamente:

Determinar o efeito da lesão específica do grupamento noradrenérgico A2

sobre as respostas cardiovasculares – pressão arterial média (PAM),

frequência cardíaca (FC), fluxo sanguíneo renal (FSR), fluxo sanguíneo

aórtico (FSA), condutância vascular renal (CVR) e condutância vascular

aórtica (CVA) – induzidas pela administração intravenosa de SH em ratos

anestesiados submetidos a HH.

Determinar o efeito da lesão concomitante dos grupamentos noradrenérgicos

A1 e A2 nas respostas cardiovasculares – PAM, FC, FSR, FSA, CVR e CVA –

induzidas pela infusão de SH em ratos anestesiados submetidos a HH.

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3 METODOLOGIA

3.1 ANIMAL

Foram utilizados ratos adultos da linhagem Wistar entre 8 e 10 semanas (290-

320 g), fornecidos pelo Biotério Central da Universidade Federal de Goiás (UFG). Os

animais foram mantidos sob condições de luz controlada ciclo claro-escuro de 12

horas, em salas climatizadas com temperatura controlada (22-24°C) e tiveram

acessos ad libitum à água e ração, atendendo a todas as normas de manejo e

cuidado animal. Todos os protocolos utilizados foram aprovados pela Comissão de

Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal de Goiás (nº034/12,

Anexo).

3.2 LESÃO DOS GRUPAMENTOS NEURONAIS A1 E A2

Os animais foram anestesiados (ketamina 10%; 1 mL · kg-1 e xilazina 2%; 0,7

mL · kg-1; Syntec, Santana de Parnaíba, SP, Brasil) e posicionados em decúbito

ventral em um aparelho estereotáxico (Insight Ltda., Ribeirão Preto, SP, Brasil). A

musculatura da nuca foi rebatida, o osso occipital removido e a dura-máter

seccionada, expondo o calamus scriptorius, o qual foi utilizado como ponto de

referência para obtenção das coordenadas estereotáxicas.

As lesões específicas dos neurônios catecolaminérgicos da região CVLM

(grupamento de neurônios A1) e NTS (grupamento de neurônios A2) foram

realizadas através de nanoinjeções do complexo saporina-anti-dopamina-β-

hidroxilase (saporina-anti-DβH; 0,105 ng · nL-1; Advanced Targeting Systems, San

Diego, CA, USA). Nos grupos controle foram injetadas doses equimolares de

Saporina (0,022 ng · nL-1; Advanced Targeting Systems, San Diego, CA, USA). As

nanoinjeções foram realizadas utilizando micropipetas de vidros acopladas a um

sistema de pressão. O controle do volume injetado de cada toxina foi realizado pelo

deslocamento do menisco da solução na micropipeta.

Para realização das nanoinjeções no NTS, uma micropipeta de vidro foi

posicionada 0,0 e -0,5 mm caudal ao calamus scriptorius, 0,0 mm lateral a linha

média ventral e 0,3 milímetros da superfície dorsal. Para as nanoinjeções feitas no

CVLM, uma micropipeta de vidro foi posicionada 0,3 mm rostral e 0,3 mm caudal a

partir do calamus scriptorius, 1,8 mm lateral a linha média e 1,5 mm ventral a partir

da superfície dorsal. Estas coordenadas foram definidas com base na região do

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CVLM e NTS que consiste no grupo A1 e A2, respectivamente (48,56).

Após as nanoinjeções, a micropipeta foi deixada no lugar durante 3 min para

evitar o arrastamento da toxina injetada durante a retirada da pipeta, a incisão foi

suturada, e os animais foram colocados numa almofada aquecida para manter a

temperatura do corpo durante a recuperação. Uma dose profiláctica de antibiótico

(penicilina, 60,000 IU · Kg-1, i.m. Sigma-Aldrich, St Louis, MO, EUA) foi administrada

após a cirurgia.

Após o procedimento cirúrgico os animais foram mantidos em gaiolas com

água e ração ad libitum por um período de 15 dias para recuperação cirúrgica e

estabelecimento das lesões nos grupos experimentais.

3.3 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS GERAIS

Após o período de 15 dias de recuperação, os animais foram anestesiados com

uretano (1,2 g · kg-1, i.v.; Sigma-Aldrich, MO, EUA) após indução anestésica com

halotano 2% (Tanohalo; Cristália, Itapira, SP, Brasil) em O2 a 100%. A artéria e veia

femoral foram canuladas com cateteres constituídos por tubos de polietileno PE-10 e

PE-50 soldados para registro da PA e a infusão de drogas, respectivamente. Cateter

adicional foi inserido na artéria carótida direita para retirada de sangue durante à HH.

Foi realizada traqueostomia a fim de reduzir a resistência das vias aéreas superiores

e facilitar a remoção de secreções. Posteriormente, os animais foram fixados em

decúbito ventral em aparelho estereotáxico (David Kopf Inst., CA, EUA). Através de

incisões retroperitoniais, sondas em miniatura (probe 1RB; Transonic Systems, Inc.,

Ithaca, NY, EUA) foram implantadas ao redor da artéria renal e da aorta abdominal

para registro do fluxo sanguíneo renal e aórtico, respectivamente. A temperatura dos

animais foi mantida entre 36 e 37º C.

3.4 REGISTRO DA PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA (PAM) E

FREQUÊNCIA CARDÍACA (FC)

O sinal da pressão arterial pulsátil (PAP) foi obtido pela conexão do cateter da

artéria femoral a um transdutor de pressão (MLT0699, ADInstruments, Bella Vista,

Austrália) acoplado a um amplificador (Bridge Amp, FE221, ADInstruments, Bella

Vista, Austrália). Os dados foram digitalizados utilizando um conversor analógico

digital (PowerLab 4/25, ML845, ADInstruments, Bella Vista, Austrália). A PAM foi

calculada a partir da integral do sinal da PAP (LabChart 7 v7.3.7; ADInstruments,

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Bella Vista, Austrália). A FC foi calculada como uma frequência instantânea a partir

do sinal da PAP (PowerLab 4/25, ML845, ADInstruments, Bella Vista, Australia).

3.5 REGISTRO DO FLUXO SANGUÍNEO RENAL (FSR) E AÓRTICO

(FSA)

Uma sonda em miniatura (probe 1RB, Transonic Systems, Inc., Ithaca, NY,

EUA) foi implantada ao redor da artéria renal esquerda e artéria abdominal e

conectada a um fluxômetro T206 (Transonic Systems, Inc., Ithaca, NY, EUA), que

permite determinar o fluxo em valores absolutos (ml ∙ min-1). Os sinais obtidos foram

enviados ao sistema de aquisição e análise de dados (PowerLab System;

ADInstruments, Colorado Springs, CO, EUA). Os dados foram digitalizados em uma

frequência de 1000 amostras ∙ s-1. As variações do FSR e do FSA foram calculadas

como a razão percentual em relação ao valor basal (%FSR). Os valores de CVR e

CVA foram obtidas pela razão entre o FSR e a PAM e entre o FSA e a PAM,

respectivamente. As variações da CVR e CVA foram calculadas como variação

percentual em relação ao valor basal (%CVR e %CVA). As fórmulas utilizadas estão

descritas no quadro a seguir.

Variação do FSR (%FSR) %FSR = FSR final – FSR basal x 100

FSR basal

Variação do FSA (%FSA) %FSR = FSR final – FSR basal x 100

FSR basal

Condutância Vascular Renal (CVR) CVR = FSR

PAM

Condutância Vascular Aórtica (CVA) CVA = FSA

PAM

Variação da CVR (%CVR) %CVR = CVR final – CVR basal x 100

CVR basal

Variação da CVA (%CVA) %CVA = CVA final – CVA basal x 100

CVA basal

Quadro1. Resumo das fórmulas utilizadas para cálculo %FSR, %FSA, CVR, CVA, %CVR e %CVA

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3.6 HEMORRAGIA HIPOVOLÊMICA E SOBRECARGA DE SÓDIO

A HH foi promovida por meio da retirada de sangue pela artéria carótida direita

ao longo de 10 min, até que PAM atingisse valores próximo a 60 mmHg.

Posteriormente esse nível de PAM foi mantido por mais 10 min por retirada e

reinfusão de sangue, quando necessário. A sobrecarga de sódio foi promovida por

meio da infusão intravenosa de SH (NaCl 3 M; 60 s; 1,8 ml ∙ kg-1; Sigma-Aldrich, St.

Louis, MO, EUA) após 20 min do início da indução da HH.

3.7 IMUNOISTOQUÍMICA

Ao final dos experimentos os animais foram submetidos a perfusão

transcardíaca com soro fisiológico (NaCl; 0,15 M; 500 mL) seguido por solução de

paraformaldeído 4% (PFA; 500 mL; LabSynth, Diadema, SP, Brasil) em tampão

fosfato 0,1 M (pH 7,4; LabSynth, Diadema, SP, Brasil). A perfusão foi realizada pela

inserção de um cateter de polietileno, acoplado a uma bomba de perfusão, no

ventrículo esquerdo. Em seguida, o bulbo e o encéfalo dos animais foram

removidos, mantidos em PFA 4% por 2 horas e criopreservados em solução de

sacarose 0,8 M (LabSynth, Diadema, SP, Brasil). As regiões bulbares foram

seccionadas em cortes coronais de 40 μm de espessura com o auxílio de um

micrótomo de congelamento (Leica; Wetzlar, Alemanha) e armazenadas em solução

salina tamponada com fosfato (PBS; 0,01 M; Sigma; pH 7,4).

Os cortes bulbares foram processados pela técnica de imunoistoquímica para a

marcação das células tirosina hidroxilase (TH) positivas. Os cortes foram lavados em

tampão fosfato salina (PBS; 0,01M; LabSynth, Diadema, SP, Brasil) e em seguida

lavados com ImmunoBuffer (IB; Triton 0,3% em PBS; Sigma-Aldrich, St. Louis, MO,

EUA) para aumentar a solubilidade da membrana plasmática. Posteriormente, foram

incubados com soro normal de cavalo (2% em IB; Vector Laboratories, Inc.,

Burlingame, CA, EUA) por 30 min, para bloqueio de sítios inespecíficos de ligação.

Após a pré-incubação, os cortes foram incubados em solução contendo anticorpo

primário anti-tirosina-hidroxilase feito em camundongo (1:2000; ImmunoStar, Inc.,

Hudson, WI, EUA) e soro normal de cavalo (2% em IB; Vector Laboratories, Inc.,

Burlingame, CA, EUA), por 18 a 24 horas. No dia seguinte, os cortes foram

novamente lavados em tampão PBS 0,01 M e incubados em solução contendo

anticorpo secundário biotinilado anti-IgG de camundongo obtido em cavalo (1:500;

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Vector Laboratories, Inc., Burlingame, CA, EUA) e soro normal de cavalo (1% em IB)

por 18 a 24 horas. Posteriormente, os cortes foram lavados em PBS 0,01 M e

incubados em solução contendo o conjugado avidina-biotina-peroxidase (1:200; ABC

kit standard; Vector Laboratories, Inc., Burlingame, CA, EUA) por 4 horas. Por fim, os

cortes foram incubados com solução contendo Diaminobenzidina (DAB) e peróxido

de hidrogênio (peroxidase substrate kit DAB; Vector Laboratories, Inc., Burlingame,

CA, EUA). A reação foi interrompida após 2 minutos por meio de lavagens

sucessivas em tampão PBS 0,01M e os cortes montados em lâminas de vidro e

posteriormente recobertos com lamínulas.

3.8 CONTAGEM NEURONAL

Os neurônios marcados para TH foram contados em cada quarta seção do

bulbo (40 de cada 160 µm). Todas as células nas quais foi possível identificar o

corpo celular e pelo menos uma de suas ramificações (dendrito ou axônio) na

medula ventrolateral (VLM; grupamentos de neurônios A1/C1) e no NTS

(grupamentos de neurônios A2/C2), foram contadas bilateralmente para quantificar a

extensão da lesão induzida por saporina-anti-DβH nos grupamentos A1 e A2. Os

neurônios foram contados em aumento de duzentas vezes (200X) utilizando um

microscópio óptico (Leica DM500, Leica Microsystems, Wetzlar, Alemanha) acoplado

a um sistema digital de aquisição de imagens (Leica Application Suite, V.3.10, Leica

Microsystems, Wetzlar, Alemanha).

3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software GraphPad Prism

(v 6.01; GraphPad Software, Inc. San Diego, California, USA). Os valores foram

expressos como média ± erro padrão da média (EPM). Os valores basais foram

comparados utilizando teste t Student não pareado. As variações na PAM, FC, FSR,

FSA, CVR, CVA e ANSR induzidas por infusão de SH em ratos hemorrágicos foram

analisadas usando análise de variância de duas vias (ANOVA two way) seguido pelo

pós-teste de Bonferroni. A contagem celular foi comparada por análise de variância

de uma via (ANOVA one way) seguido pelo pós-teste de Bonferroni. Valor de p <0,05

foi considerado para denotar diferença significativa.

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4 RESULTADOS

4.1 EFEITO DA LESÃO DO GRUPO NORADRENÉRGICO A2 E DA

LESÃO CONJUNTA DOS GRUPAMENTOS A1 E A2 NOS AJUSTES

CARDIOVASCULARES INDUZIDOS PELA SOBRECARCA DE SÓDIO APÓS

HEMORRAGIA HIPOVOLÊMICA

4.1.1 Avaliação da lesão dos neurônios catecolaminérgicos bulbares

induzida pela nanoinjeção de saporina-anti-DβH na região do NTS

A análise qualitativa evidenciou que a nanoinjeção de saporina-anti-DβH na

região NTS promoveu diminuição dos neurônios TH-positivos localizados nessa

região (figura 2). Após a confirmação qualitativa da lesão catecolaminérgica foi

realizada a quantificação desta lesão, para isto, todas as células que tiveram

marcação positiva para TH encontradas na região VLM e no NTS, regiões

compreendidas entre 1.900 μm caudal e 1.900 μm rostral ao óbex (Atlas de Paxinos

& Watson, 1998) foram contadas (figura 3).

Os animais que receberam nanoinjeções de saporina na região NTS (grupo

controle; n=6) apresentaram em média 30 células por seção na região compreendida

entre o óbex e 1900μm caudal ao óbex, a qual abrange o grupamento neuronal A2

(figura 3). Também foi observado o número de neurônios catecolaminérgicos C2

localizados na região que compreende 1900μm rostral ao óbex (grupamento C2), o

número de células TH-positivas por corte foi em média 20 células (figura 3). Em

relação ao VLM, foi evidenciado que na região que compreende 1900μm caudal e

1900 μm rostral ao óbex, o número de células TH-positivas por corte foi em média

de 36 células (figura 3).

Nos animais que receberam nanoinjeções de saporina-anti-DβH no NTS

(grupo lesão A2; n=8), foi evidenciado redução no número de células para, em

média, 10 células por secção, em relação ao grupo controle. Assim, a redução

percentual do número de neurônios A2 no grupo experimental foi de

aproximadamente 66% em comparação ao grupo controle (figura 2 e 3). A análise

dos neurônios catecolaminérgicos C2 evidenciou que as nanoinjeções de saporina-

anti-DβH no NTS não promoveram alterações significativas no número de células

TH-positivas nesta região (18 células por corte). Na região VLM, localizada entre

1900μm rostral e 1900μm caudal ao óbex, região que abrange o grupamento

neuronal A1 e C1, não foram observadas mudanças significativas no número de

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14

células ( 26 e 42, respectivamente) TH-positivas por corte (figura 2).

Figura 2. Fotomicrografia representativa dos cortes coronais do bulbo (40μm)

marcados pela técnica de imunoistoquímica. As setas indicam a marcação dos

neurônios tirosina hidroxilase (TH) positivos no núcleo do trato solitário (NTS –

grupamento neuronal A2), na região caudoventrolateral do bulbo (CVLM –

grupamento neuronal A1) e rostroventrolateral do bulbo (RVLM – grupamento

neuronal C1) dos animais que receberam nanoinjeções de saporina (controle A2) ou

saporina-anti-DβH (lesão A2) no NTS.

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Figura 3. Quantificação de células tirosina hidroxilase (TH) positivas nas regiões

bulbares. Média ± erro padrão da média (E.P.M) do número de células TH positivas

localizadas no núcleo do trato solitário (NTS – grupamentos neuronais A2 e C2) e na

região ventrolateral do bulbo (VLM – grupamento neuronal A1 e C1) dos animais que

receberam nanoinjeções de saporina (Grupo controle A2) ou de saporina-anti-DβH

(Grupo lesão A2) na região NTS. † Diferente do controle; p < 0,05.

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16

4.1.2 Ajustes cardiovasculares induzidos pela infusão de salina

hipertônica após a indução de hemorragia hipovolêmica em animais com

lesão ou não do grupamento A2

Os valores basais médios de pressão arterial média (PAM), frequência

cardíaca (FC), fluxo sanguíneo renal (FSR), fluxo sanguíneo aórtico (FSA),

condutância vascular renal (CVR) e condutância vascular aórtica (CVA) foram

similares entre os animais que receberam nanoinjeções de saporina (grupo controle

A2; n-6) ou saporina-anti-DβH (grupo lesão de A2; n=8) no NTS e estão expressos

na Tabela 1. Durante a HH, o volume de sangue retirado foi semelhante entre os

grupos (controle A2: 4,1 ± 0,3 ml e lesão A2: 4,3 ± 0,5 ml).

Tabela1. Valores basais de pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC),

fluxo sanguíneo renal (FSR), fluxo sanguíneo aórtico (FSA), condutância vascular

renal (CVR) e condutância vascular aórtica (CVA) dos ratos controle e com lesão do

grupamento A2

Grupo N PAM

(mmHg)

FC

(bpm)

FSR

(ml/min)

FSA

(ml/min)

CVR

ml/(min*mmHg)

CVA

ml/(min*mmHg)

Controle A2 6 108,7 ± 5,4 394,6 ± 12,4 4,0 ± 0,8 52,3 ± 9,7 0,03 ± 0,012 0,48 ± 0,15

Lesão A2 8 108,3 ± 1,9 403,8 ± 12,7 3,2 ± 0,4 50,8 ± 4,0 0,03 ± 0,006 0,46 ± 0,06

Valores são expressos como média ± erro padrão da media (E.P.M); N: número de

animais.

A HH reduziu a PAM em ratos controle (108,7 ± 5,4 mmHg para 60,0 ± 0,6

mmHg; 20 min após a HH; p<0,05; figura 4A e 5A) e com lesão de A2 de (108,3 ±

1,9 mmHg para 60,0 ± 0,6 mmHg; 20 min após a HH; p<0,05; figura 4B e 5A). A PAM

retornou aos valores basais imediatamente após a infusão de SH em ambos os

grupos (controle A2: 106,5 ± 4,6 mmHg vs. Lesão A2: 106,1 ± 2,7 mmHg, 10 min

após SH) e manteve-se em níveis normais até o final do período experimental

(controle A2: 109,4 ± 3,7 mmHg vs. lesão A2: 108,6 ± 5,1 mmHg, 60 min após a

infusão de SH; Figura 4 e 5A).

A FC reduziu significativamente durante a HH nos animais controle (394,6 ±

12,4 bpm para 340,6 ± 18,4; 20 min após a HH) e lesão A2 (403,8 ± 12,7 bpm para

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330,1 ± 17,9 bpm; 20 min após a HH). 10 min após a sobrecarga de sódio, a FC

retornou aos níveis basais tanto no grupo controle (406,0 ± 10,6 bpm; figura 4A e 5B)

como no lesado (368.8.1 ± 17,9 bpm; figura 4B e 5B).

Foi observado redução no FSR em ratos controle (∆: -45,7 ± 9,9%; figura 3A e

4C) e com lesão de A2 (∆: -53,4 ± 11,5%; figura 4B e 5C) promovido pela HH. Após a

infusão de SH, o FSR retornou aos valores basais em ambos os grupos (controle A2:

-8,3 ± 12,8%; lesão A2: 12,1 ± 11,0%; 10 min após infusão de SH; figura 4 e 5C). Em

ambos os grupos não foram encontradas alterações da CVR tanto após a HH

(controle A2: ∆ 3,0 ± 22,3%; lesão A2: ∆ -23,5 ± 16,6%; 20 min após a HH) como

após a infusão de SH (controle A2: 2,3 ± 18,8; lesão A2: 7,3 ± 8,3%; 10 min após a

infusão de SH; figura 5D).

A HH reduziu significativamente o FSA nos animais controle (∆: -49,9 ± 5,4%,

20 min após a hemorragia; p<0,05; figura 4A e 5E) e nos animais submetidos à lesão

do grupamento neuronal A2 (∆: -47,8 ± 6,7%, 20 min após a hemorragia; p<0,05;

Figura 4B e 5E). A infusão de SH promoveu imediata restauração do FSA aos níveis

basais no grupo controle A2 (∆: -23,5 ± 5,4%; 10 min após a infusão de SH; figura 4A

e 5E) e lesão A2 (∆: -6,2 ± 5,7%; 10 min após a infusão de SH; figura 4B e 5E).

Entretanto, a HH não foi capaz de alterar a CVA em ambos os grupos (controle A2:

∆: -11,1 ± 6,6%; lesão A2: ∆: -7,8 ± 11,6%; 20 min após a hemorragia; figura 5F). A

infusão de SH não alterou a CVA de ambos os grupos (controle A2: ∆: -22,7 ± 5,2%;

lesão A2: ∆: 4,1 ± 7,5%; 10 min após a infusão de SH; figura 5F).

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Figura 4. Registro das variações de pressão arterial pulsátil (PAP), fluxo sanguíneo

renal (FSR), fluxo sanguíneo aórtico (FSA) e frequência cardíaca (FC) induzidas pela

sobrecarga de sódio em um animal que recebeu nanoinjeção de saporina na região

do núcleo do trato solitário (controle A2; A) e um animal que recebeu nanoinjeção de

saporina-anti-DβH (lesão A2; B) após a hemorragia hipovolêmica. Estão

apresentados os traçados representativos do período basal, dos tempos 10 e 20 min

de hemorragia destacados pelo quadro tracejado e dos tempos 30 e 60 min após a

infusão de salina hipertônica 3M.

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Figura 5. Efeitos da lesão do grupamento neuronal A2 sobre a pressão arterial

média (PAM; A), frequência cardíaca (FC; B), fluxo sanguíneo renal (FSR; C),

condutância vascular renal (CVR; D), fluxo sanguíneo aórtico (FSA; E) e condutância

vascular aórtica (CVA; F) em animais com hemorragia hipovolêmica submetidos a

infusão de salina hipertônica. *Diferente do tempo 0; p <0.05. A barra preta

representa o período de hemorragia e a linha tracejada representa a infusão de

salina hipertônica 3M.

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4.1.3 Avaliação da lesão dos neurônios catecolaminérgicos bulbares

induzida pela nanoinjeção de saporina-anti-DβH na região do NTS e

bilateralmente na região CVLM

A análise histológica qualitativa mostrou que a nanoinjeção de saporina-anti-

DβH na região NTS e que a nanoinjeção bilateral de saporina-anti-DβH na região

CVLM promoveu diminuição dos neurônios TH-positivos localizados nestas regiões

(grupamento noradrenérgico A2 e grupamento noradrenérgico A1 respectivamente;

figura 6). Após a confirmação qualitativa da lesão catecolaminérgica foi feita a

quantificação desta lesão, para isso todas as células que tiveram marcação positiva

para TH encontradas na região VLM e na superfície dorsal do bulbo (NTS) entre

aproximadamente 1900 µm caudal e 1900 µm rostral ao óbex foram contadas (figura

7).

Nos animais controles (n=7) foi evidenciado que na região onde estão

localizados os neurônios noradrenérgicos A2 (compreendida entre o óbex e 1800μm

caudal ao óbex), o número de células TH-positivas observado foi em média de 33

células por corte (figura 6). O número de neurônios noradrenérgicos C2 localizados

na região que compreende de 1900 μm rostral ao óbex foi em média 23 células TH-

positivas por corte. Em relação a região onde estão localizados os neurônios

noradrenérgicos A1 (entre 200 e 1900 μm caudal ao óbex), o número de células TH-

positivas observado foi em média de 31 células por corte (figura 7). Também foi

observado que o número de neurônios adrenérgicos C1 localizados entre 200 caudal

e 1900 μm rostral ao óbex foi em média de 42 células por corte (figura 7).

Nos animais submetidos à nanoinjeção de saporina-anti-DβH no NTS

concomitante a nanoinjeções bilaterais de saporina-anti-DβH no CVLM (n=6) foi

observado redução no número de neurônios TH-positivo. Na região do NTS onde

estão localizados os neurônios do grupamento A2, o número de neurônios TH-

positivos observado foi em média de 17 células por corte, o que representa uma

redução aproximada de 50% quando comparado ao grupo controle (figura 7). Em

relação aos neurônios A1, localizados na região CVLM, foi observado em média 14

células TH-positivas por corte, o que representa uma redução aproximada de 54%

do número de células TH-positivas em relação ao controle (figura 7). Na análise do

grupamento C2 localizado na superfície dorsal do bulbo foram quantificadas em

média 22 células por corte, mostrando não houve redução em relação ao controle.

Os neurônios adrenérgicos C1 não mostraram redução no número de células TH-

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positivas observadas, foram contadas em média 40 células por corte (figura 7).

Sumarizando, estes resultados demonstram que a nanoinjeção de saporina-

anti-DβH na região NTS e na região CVLM promoveu redução das células TH-

positiva do grupamento A2 (≅ 50%) e grupamento A1 (≅ 54%). Não foram

observadas alterações significantes no número de células localizados no

grupamento C2 (≅ 1%) e no grupamento C1 (≅ 2%). Assim, atribuiremos os

resultados obtidos, principalmente, a lesão concomitante dos neurônios A1 e A2.

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Figura 6. Fotomicrografia representativa dos cortes coronais do bulbo (40μm)

marcados pela técnica de imunoistoquímica. As setas indicam a marcação dos

neurônios tirosina hidroxilase (TH) positivos no núcleo do trato solitário (NTS –

grupamento neuronal A2), na região caudoventrolateral do bulbo (CVLM –

grupamento neuronal A1) e rostroventrolateral do bulbo (RVLM – grupamento

neuronal C1) dos animais que receberam nanoinjeções de saporina (controle

A1+A2) ou saporina-anti-DβH (lesão A1+A2) no NTS e bilateralmente na CVLM.

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Figura 7. Quantificação de células tirosina hidroxilase positivas nas regiões

bulbares. Média ± erro padrão da média (E.P.M) do número de células TH positivas

localizadas no núcleo do trato solitário (NTS – grupamentos neuronais A2 e C2) e na

região ventrolateral do bulbo (VLM – grupamento neuronal A1 e C1) dos animais que

receberam nanoinjeções de saporina (grupo controle A1+A2) ou de saporina-anti-

DβH (grupo lesão A1+A2) na região NTS e bilateralmente no CVLM. † Diferente do

controle; p < 0,05.

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4.1.4 Ajustes cardiovasculares induzidos pela infusão de salina

hipertônica após a indução de hemorragia hipovolêmica em animais com

lesão concomitante ou não dos grupamentos A1 e A2.

Os valores basais médios de pressão arterial média (PAM), frequência

cardíaca (FC), fluxo sanguíneo renal (FSR), fluxo sanguíneo aórtico (FSA),

condutância vascular renal (CVR) e condutância vascular aórtica (CVA) foram

similares entre os animais que receberam nanoinjeções de saporina (grupo controle

A1 + A2; n=7) ou saporina-anti-DβH (grupo lesão de A1 + A2; n=6) no NTS e

bilateralmente no CVLM e estão expressos na Tabela 2. Durante a HH, o volume de

sangue retirado foi semelhante entre os grupos (controle A1 + A2: 3,8 ± 0,4 mL vs

Lesão A1 + A2: 4,1 ± 0,4 mL).

Tabela 2. Valores basais de pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC),

fluxo sanguíneo renal (FSR), fluxo sanguíneo aórtico (FSA), condutância vascular

renal (CVR) e condutância vascular aórtica (CVA) dos ratos controle e com lesão do

grupamento A1 e A2.

Grupo N PAM

(mmHg)

FC

(bpm)

FSR

(ml/min)

FSA

(ml/min)

CVR

ml/(min*mmHg)

CVA

ml/ (min*mmHg)

Controle

A1+A2 7 104,7 ± 5,8 396,8 ± 19,5 3,3 ± 0,3 45,5 ± 7,2 0,03 ± 0,003 0,43 ± 0,06

Lesão

A1+A2 6 109,1 ± 7,9 413,6 ± 8,6 3,3 ± 0,5 43,4 ± 8,6 0,03 ± 0,006 0,40 ± 0,08

Valores são expressos como média ± erro padrão da media (E.P.M); N: número de

animais.

A HH induziu hipotensão em ratos controle A1+A2 (de: 104,7 ± 5,8 mmHg

para 61,4 ± 0,4 mmHg 20 min após HH) e lesão A1+A2 (de: 109,1 ± 7,9 mmHg para

60,7 ± 0,7 mmHg 20 min após HH; p<0,05; figura 8 e 9A). A infusão de SH foi capaz

de restaurar os valores de PAM nos animais controle ao valor basal (109, 15 ± 5,7

mmHg; 10 min após a infusão de SH), sendo estes valores mantido durante todo o

registro (104,9 ± 5,7 mmHg e 107,0 ± 3,3 mmHg; 30 e 60 min após a infusão de SH

respectivamente; figura 8A e 9A). No entanto, a SH não promoveu o

reestabelecimento os níveis de PAM nos animais com lesão dos grupamentos

noradrenérgicos A1 e A2 (64,2 ± 4,5 mmHg; p <0,05; 30 min após infusão de SH;

figura 8B e 9A). A PAM foi mantida em níveis hemorrágicos até o final dos

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experimentos nos animais do grupo lesão A1+A2 (68,4 ± 4,2 mmHg; p <0,05; 60 min

após infusão de SH; figura 8B e 9A).

Na FC, a indução da HH promoveu redução desse parâmetro no grupo

controle A1 + A2 em relação ao basal (basal: 406,9 ± 18,2 bpm vs 336,8 ± 12,6 bpm;

p <0,05; 20 min depois de hemorragia; figura 8A - 9B). A FC retornou ao basal após

a infusão de SH, no grupo controle A1 + A2 (382,8 ± 17,7 bpm, 10 min após a

infusão de SH) e se manteve até o final do experimento (391, 20,0 bpm; 60 min após

a infusão de SH; figura 8A e 9B). A FC do grupo lesão A1+A2 não alterou de forma

significativa durante a HH (basal: 414,3 ± 7,7 bpm vs. 404,6 ± 7,4 bpm; 20 min após

a HH; figura 8A e 9B). A infusão de SH, também não alterou a FC do grupo lesão A1

+ A2 em relação ao basal (374,0 ± 10,6 bpm e 387,0 ± 13,0 bpm; 30 e 60 min após a

infusão de SH respectivamente; figura 8A e 9B).

A HH reduziu o FSR no grupo controle A1+A2 (∆: -45,9 ± 9,6% do basal, 20

min após a HH; p<0,05) e Lesão A1+A2 (∆: -40,8 ± 9,8% do basal, após 20 min de

HH; p<0,05; figura 7 e 8C). A infusão de SH restaurou o FSR aos níveis basais nos

animais controle (∆: -7,4 ± 15,2% do basal e -13,1 ± 16,8% do basal, 30 e 60 min

após a infusão de SH; figura 8A e 9C). No grupo submetido a lesão A1+A2, a infusão

de SH promoveu aumento transitório no FSR (∆: -21,7 ± 15,5% do basal e -38,4 ±

13,5% do basal, 30 e 60 min após a infusão de SH, figura 8B e 9C). A CVR não

alterou em ambos os grupos durante a HH (controle A1+A2: ∆: 4,7 ± 20,2%; lesão

A1+A2: ∆: 2,9 ± 16,7%; 20 min após a HH; figura 9D). A sobrecarga de sódio não

modificou a CVR nos animais controle A1+A2 (∆: 0,1 ± 12,1%; 10 min após infusão

de SH; figura 9D) e com lesão A1+A2 (∆: 29,4 ± 25,9%; 10 min após infusão de SH;

figura 9D).

Em relação ao FSA, houve redução desse parâmetro durante a HH nos

grupos controle A1+A2 (∆: -46,9 ± 10,5%) e lesão A1+A2 (∆: -52,4 ± 5,6%, 20 min

após hemorragia; p<0,05). A infusão de SH restaurou o FSA aos níveis basais no

grupo controle A1+A2 (∆: -9,0 ± 12,2%, 10 min após a infusão de SH; figura 8A e

9E). No grupo lesão A1+A2, a infusão de SH não restabeleceu o FSA (∆: -33,0 ±

7,8% do basal, 10 min após a infusão de SH; p<0,05; figura 8B e 9E). A CVA não foi

alterada em ambos os grupos durante a HH (controle A1+A2: ∆: -1,5 ± 16,3%; lesão

A1+A2: ∆: -18,6 ± 6,3%; 20 min após a hemorragia), assim como após a infusão de

SH (controle A1+A2: ∆: 2,0 ± 11,7%; lesão A1+A2: ∆: 9,5 ± 7,7%; 10 min após a

infusão de SH; Figura 9F).

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Figura 8. Registro das variações de pressão arterial pulsátil (PAP), fluxo sanguíneo

renal (FSR), fluxo sanguíneo aórtico (FSA) e frequência cardíaca (FC) induzidas pela

sobrecarga de sódio em um animal que recebeu nanoinjeções de saporina (controle

A1+A2; A) e um animal que recebeu saporina-anti-DβH (lesão A1+A2; B) na região

do NTS e bilateralmente na CVLM após a hemorragia hipovolêmica. Estão

apresentados os traçados representativos do período basal, dos tempos 10 e 20

minutos de hemorragia destacados pelo quadro tracejado e dos tempos 30 e 60

minutos após a infusão de salina hipertônica 3M.

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Figura 9. Média ± EPM da pressão arterial média (PAM; A), frequência cardíaca (FC;

B), fluxo sanguíneo renal (FSR; C), condutância vascular renal (CVR; D), fluxo

sanguíneo aórtico (FSA; E) e condutância vascular aórtica (CVA; F) em resposta a

sobrecarga de sódio após HH em animais submetidos a nanoinjeção de saporina

(grupo controle A1+A2) ou de saporina-anti-DβH (grupo lesão A1+A2) na região NTS

e bilateralmente no CVLM. *Diferente do tempo 0; † Diferente do grupo controle; p

<0.05. A barra preta representa o período de hemorragia hipovolêmica e a linha

tracejada representa a infusão de salina hipertônica 3M.

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5 DISCUSSÃO

Estudos prévios demonstram que os grupamentos neuronais A1 e A2 estão

envolvidos na regulação dos fluidos corporais e nas respostas cardiovasculares e

autonômicas promovidas por infusão de SH em animais normovolêmicos

(16,25,47,56–58). Entretanto, em animais hipovolêmicos, a participação destes

neurônios ainda não havia sido avaliada. Assim, no presente estudo demonstramos

que: i) a HH promove diminuição da PAM e FC, não alterando a CVR e CVA nos

animais controle; ii) a infusão de SH após a HH reestabelece a PAM, FC e não

modifica a CVR e CVA nos animais controle; iii) a lesão específica do grupamento

A2 não altera os padrões de resposta cardiovascular obtida no grupo controle

durante a HH ou após a infusão de SH; iv) a lesão simultânea de A1 e A2 não altera

as respostas cardiovasculares induzidas pela HH, entretanto abole a recuperação

cardiovascular induzida pela infusão de SH em ratos submetidos a HH.

A avaliação da função dos componentes neurais em resposta à diferentes

estímulos, pode ser feita de diferentes maneiras, tais como lesões químicas e

eletrolíticas. Embora vários estudos anteriores tenham utilizado as lesões

eletrolíticas, essa técnica é controversa porque compromete não apenas a região

alvo, mas também todas as fibras neurais que passam por esta região. A lesão

química dos grupos neurais apresenta a vantagem de manter a preservação das

fibras de passagem, assegurando que a lesão é restrita aos neurônios da região

alvo (59–61).

Diversos estudos validam a lesão catecolaminérgica induzida pela

nanoinjeção central de saporina-anti- dopamina-β-hidroxilase (DβH) (37,47,48). O

complexo saporina-anti-DβH é constituído pela proteína saporina conjugada ao

anticorpo monoclonal contra a enzima DβH. A saporina é uma proteína de inativação

ribossomal capaz de bloquear a subunidade 60S inibindo, assim, a síntese de

proteínas, o que leva a perda de função e subsequente morte da célula (62). A DβH

é uma enzima da cascata de síntese das catecolaminas, responsável por promover

a hidroxilação da dopamina convertendo-a em noradrenalina. O possível mecanismo

para estas lesões locais é a internalização do complexo através dos corpos celulares

ou dos dendritos, uma vez que durante a exocitose somatodendrítica de neurônios

catecolaminérgicos, ocorre a exposição da enzima DβH. Desta forma, somente as

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células que contém a enzima DβH podem absorver a toxina acoplada ao anticorpo,

ocasionando lesões específicas (62).

Resultados obtidos em estudos recentes utilizando saporina-anti-DβH na

CVLM mostraram uma redução de aproximadamente 79% e 81 % dos neurônios

noradrenérgicos desta região (37,56). Em outro trabalho, houve redução de cerca de

70% dos neurônios noradrenérgicos A2 por nanoinjeções de saporina-anti-DβH no

NTS (48). Nossos dados demonstram que as nanoinjeções de saporina-anti-DβH

provocaram uma redução de 68% dos neurônios A2 no grupo com lesão específica

desses neurônios, não afetando os demais grupamentos catecolaminérgicos

bulbares (grupos C2 e A1/C1), indicando a especificidade populacional da lesão.

Além disso, as nanoinjeções de saporina-anti-DβH nos grupamentos A1/A2

provocaram redução de 54% e 50% nessas regiões específicas. A porcentagem de

lesão obtida no presente trabalho foi menor do que a mostrada nos trabalhos

anteriores, no entanto estes resultados não deixam de mostrar a efetividade da

saporina-anti-DβH em lesionar células catecolaminérgicas localizadas no sítio de

nanoinjeção. Ademais já foi mostrado que a lesão de 62% de neurônios

noradrenérgicos é o suficiente para promover alterações de resposta por infusão de

SH (47).

Protocolos anteriores mostraram que a retirada de aproximadamente 15-25%

de volume sanguíneo total é o suficiente para promover um estado de hipotensão

que caracteriza a HH (49,63). Nosso protocolo foi similar ao descrito por Amaral, et

al (2014) (49), em que volume sanguíneo foi retirado até que a PAM atingisse

valores próximos a 60 mmHg. Já está bem estabelecido que a rápida perda de

volume que ocorre durante a hemorragia promove diminuição de retorno venoso e

FC, ocasionando a diminuição da PA (18,64). Ademais, estudos mostram que essa

hipotensão é, pelo menos em parte, devido a diminuição do débito cardíaco (65).

Entretanto, nosso estudo demonstra pela primeira vez na literatura que, a HH não

promove alterações na condutância vascular periférica nos leitos renal e aórtico.

Assim, podemos atribuir a queda da PA, em parte, à queda da FC. No entanto, não

podemos destacar vasoconstrição em outros leitos não avaliados em nosso estudo,

como o mesentérico, o que resultaria em aumento de pós-carga e consequente

diminuição do débito cardíaco observadas em outros estudos (8,65).

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As respostas hemodinâmicas à infusão de SH já estão bem descritas na

literatura. Velasco et al., (1980)(8), mostraram que a administração de um pequeno

volume de SH é eficaz para a restauração da PA e o débito cardíaco em animais

hipovolêmicos. Ademais, diversos achados evidenciam o uso de SH como um

recurso efetivo no tratamento da HH (3,6–9,66). Vários estudos demonstram, ainda,

que a infusão de SH aumenta a pressão arterial e provoca vasodilatação renal e

alterações regionalmente distintas na atividade do nervo simpático (37,67–69).

Embora, a infusão de SH promova aumento da concentração plasmática de sódio

(49,70), ocasionando o aumento do volume plasmático, somente a expansão de

volume plasmático não é suficiente para explicar o reestabelecimento cardiovascular

ocasionado pela infusão de SH (4).

De fato, estudos evidenciam que ativação do SNC é fundamental para o

reestabelecimento das condições fisiológicas. Nesse sentido, estudos demonstram

que os aferentes aórticos e carotídeos, quiorreceptores e barorreceptores, estão

envolvidos na recuperação cardiovascular induzida por SH após a HH. Estudos do

nosso grupo de pesquisa demonstram que a desenervação não seletiva dos

barorreceptores abole a recuperação da PA induzida por SH em ratos submetidos a

hemorragia (10). Mais recentemente, também foi evidenciado que a inativação

específica dos quimiorreceptores carotídeos abole a recuperação da pressão arterial

por SH após a HH (18). Em conjunto estes resultados demostrando a relevância dos

aferentes neuronais periféricos nas respostas à infusão de SH em estado de

hipovolemia.

Estudos anteriores do nosso laboratório mostraram que a inibição

farmacológica do MnPO, utilizando muscimol, aboliu a recuperação da resposta

cardiovascular induzida pela infusão de SH em ratos submetidos a hemorragia (49).

Dentre as principais regiões que recebe informações dos sensores periféricos e

projetam-se para o MnPO, destacam-se os neurônios noradrenérgicos A1 e A2.

Ademais, estudos demostraram a importância dos grupamentos noradrenérgicos A1

e A2 na integração dos mecanismos envolvidos na função cardiovascular e na

transmissão de informações acerca das alterações da osmolaridade plasmática para

regiões hipotalâmicas (48,56,71–75). De fato, em animais normovolêmicos, a

importância dos grupamentos A1 na resposta à hiperosmolaridade já foi

demonstrada, uma vez que a lesão dessas regiões bulbares eliminou as respostas

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cardiovasculares e autonômicas por sobrecarga aguda de sódio (47,48). A lesão

específica do grupamento noradrenérgico A1 atenua a vasodilatação renal e a

excreção de sódio induzidas por hipernatremia aguda (37,56). Ademais, a lesão

destes neurônios abole a simpatoinibição renal induzida por SH (47).

A importância do grupamento A2 foi demonstrada durante a hemorragia

(73,76,77). Estudos demonstraram que as respostas hemorrágicas foram

modificadas em animais submetidos à lesão do grupo A2 (73). Além disso, estudos

sugerem que a hemorragia hipotensiva induz a ativação de células neuroendócrinas

mediada por células noradrenérgicas A1 (76). Entretanto, a participação dos

neurônios A1 e A2 na recuperação da PAM induzida por infusão de SH ainda não

havia sido demonstrada. No presente estudo, demonstramos que a lesão simultânea

de A1 e A2 impediu a recuperação da PAM. Assim, pela primeira vez na literatura,

mostramos que a lesão do grupamento noradrenérgico A1 e A2 impede a

recuperação da PAM por infusão de SH após a HH. Estes resultados confirmam a

presença de um componente neuronal na regulação dessa resposta. Desse modo,

podemos sugerir que a integridade da via que conecta os aferentes periféricos

(barorreceptores e quimiorreceptores) ao MnPO, através das projeções dos

neurônios A1 e A2, é fundamental para o reestabelecimento da PAM induzida por

infusão de SH em ratos hemorrágicos.

Por outro lado, a lesão específica dos neurônios A2 não impediu a

recuperação da PAM por infusão de SH após a HH. Mais recentemente, estudos do

nosso laboratório mostraram que a lesão do grupamento A1, não abole a

recuperação dos parâmetros cardiovasculares por infusão de SH após a HH. Esses

resultados poderiam ser justificados devido à baixa porcentagem de lesão

alcançada. De fato, estudos mostram que são necessárias lesões acima de 90% dos

neurônios da substância negra para promover uma lesão com resposta semelhante

a doença de Parkinson (78,79). No entanto, já foi demonstrado que a lesão de 62%

do grupamento noradrenérgico A1 por nanoinjeção de saporina-anti-DβH promove

abolição da resposta simpática à infusão de SH (47). Podem ocorrer, também,

mecanismos de up regulation dos receptores α-adrenérgicos presentes nos

neurônios do MnPO, uma vez que já foi sugerido que a região A1 atuam

aumentando a atividade dos neurônios do MnPO por ativação dos receptores α-

adrenérgicos (55) e que a integridade da neurotransmissão adrenérgica no MnPO é

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essencial para a vasodilatação renal que se segue a aumentos agudos da

concentração sanguínea de sódio (46). Desse modo, quando se promove a redução

de pequena porcentagem dos neurônios A1 ou A2 poderia ocorrer o aumento na

quantidade desses receptores para que a reposta a fosse suprida. De fato, estudos

mostram que outros receptores do MnPO são regulados, como os receptores de

angiotensina II que são regulados pelo estradiol e progesterona em ratos

ovariectomizados (80).

Não podemos descartar ainda que o SNC trabalha em paralelo com outras

vias (hormonais, por exemplo) e que vias do próprio SNC atuam em paralelo. Esses

achados corroboram com estudos de Moreira et al., (2009) (61), em que lesões

eletrolíticas no NTS comissural e na região anteroventral do terceiro ventrículo

(AV3V) foram utilizadas para avaliar as respostas de PAM e FC em ratos

espontaneamente hipertensos (SHR). As lesões no NTS comissural promoveram

uma diminuição aguda da PAM enquanto as lesões na região AV3V não

promoveram grandes alterações deste parâmetro. Entretanto, quando da lesão

combinada dessas duas regiões, a PAM de animais SHR foi reduzida cronicamente,

sugerindo que, na ausência do NTS comissural, a região AV3V contribui para a

hipertensão observada em SHR. Ademais, outros estudos apoiam a hipótese de que

um componente neural pode fornecer uma resposta específica se um outro

componente está prejudicado (81,82).

Neste contexto, a hipótese de que as lesões associadas de CVLM (neurônios

A1) e NTS (neurônios A2) causam a perda total destas respostas compensatórias

torna-se válida. Para testar este modelo conceitual, no presente estudo realizamos

lesão associada de neurônios A1 e A2 e mostramos que a lesão combinada dos

neurônios abole esse possível mecanismo compensatório. Considerando ainda que

os neurônios A1 e A2 possuem a mesma origem embriológica (50–53), projeções

similares para o MnPO e PVN (54,55), comportando-se de modo semelhante frente

a estímulos hiperosmóticos (47,48,56), podemos considerar esses grupamentos

como vias paralelas de ação. Desse modo, a perda de parte da via A1-MnPO/PVN

pode ser suprida pela via A2-MnPO/PVN e vice-versa. Assim, apenas quando as

duas vias são lesionadas, não se observa a recuperação cardiovascular induzida por

HS em ratos submetidos à HH.

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6 CONCLUSÃO

Os resultados obtidos no presente estudo demonstram que a lesão específica

do grupamento noradrenérgico A2 não altera as respostas cardiovasculares em

resposta à solução de salina hipertônica após hemorragia hipovolêmica e que a

lesão combinada dos grupamentos A1 e A2 é capaz de suprimir a restauração da

pressão arterial média em resposta à solução de salina hipertônica após hemorragia

hipovolêmica.

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8 ANEXO

Parecer consubstanciado da CEUA/UFG

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