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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS PESQUEIRAS ENGENHARIA DE PESCA COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA TRÓFICA DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES DA FLORESTA DE IGAPÓ NO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS, AMAZONAS, BRASIL. Sara de Castro Loebens MANAUS 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS PESQUEIRAS

ENGENHARIA DE PESCA

COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA TRÓFICA DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES DA

FLORESTA DE IGAPÓ NO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS, AMAZONAS,

BRASIL.

Sara de Castro Loebens

MANAUS

2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS PESQUEIRAS

ENGENHARIA DE PESCA

COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA TRÓFICA DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES DA

FLORESTA DE IGAPÓ NO PARQUE NACIONAL DE ANAVILHANAS, AMAZONAS,

BRASIL.

DISCENTE: Sara de Castro Loebens

ORIENTADOR:Dra. Kedma Cristine Yamamoto

MANAUS

2016

Monografia apresentada ao

Departamento de Ciências

Pesqueiras da Faculdade de

Ciências Agrárias como quesito

parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Engenharia de Pesca

pela Universidade Federal do

Amazonas.

Membros da banca:

1. Dra. Cláudia Pereira de Deus

2. Dr. Cleber Duarte

3. Dra. Kedma Cristine Yamamoto

Prof. Dr. Bruno Adam SagratzkiCavero

Chefe do Departamento

Prof. Dr. Pedro Roberto de Oliveira

Coordenador de monografia

Profa. Dra. Sanny Maria de Andrade Porto

Coordenador do Curso de Engenharia de Pesca

Ao planeta Terra

“Eu dou um recado para vocês brancos, para que não poluam os rios. Por que isso

vai afetar o futuro não só dos índios, mas dos filhos de vocês também.”

AriatanaYawalapiti, líder do povo Yawalapiti.

“Não digo: eu descobri essa terra porque meus olhos caíram sobre ela, portanto a

possuo. Ela existe desde sempre, antes de mim.”

Davi Yanomami, pajé e líder do povo Yanomami

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus, pela força, proteção, por estar sempre comigo e

por me dar a vida;

Agradeço a minha família por ser meu apoio e alicerce, sem o qual não seria quem

sou e nem chegaria onde estou;

Agradeço ao meu amor Daniel Brandt Galvão por ser companheiro, carinhoso,

amigo e confidente, por estar ao meu lado em tudo e sempre me motivar, por fazer

parte da minha vida;

Agradeço a Pachamama (Mãe Terra) por ser incrível e trazer paz aos olhos e

também ao coração, eu luto por você;

A Amazônia por ser o paraíso, minha terra, meu quintal, meu mestre, e por possuir o

Rio Negro (o rio mais lindo do mundo) e Anavilhanas, meu local de estudo, minha

paixão, e todos os lugares incríveis que já conheci e que espero conhecer um dia;

Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico) e

FAPEAM (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) pelo apoio

financeiro;

Ao ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) por apoiar

esse projeto e sempre ser solícito as nossas coletas;

A Universidade Federal do Amazonas, Faculdade de Ciências Agrárias,

Departamento de Ciências Pesqueiras, pela oportunidade de estudo;

A professora Kedma Yamamoto pelos ensinamentos, paciência, conselhos,

orientação, confiança e principalmente por ser para a figura do que busco ser um

dia, sou sua fã, por ter me proporcionado momentos indescritíveis na universidade e

principalmente em Anavilhanas, local de estudo e de paz. Obrigada mesmo

professora!;

Ao professor Carlos Edwar pela ajuda essencial e ensinamentos sobre estatística;

A todos os professores, meus mestres, que me ensinaram e me formaram;

Ao professor Jansen Zuanon pela ajuda na identificação dos peixes, ensinamentos e

por sempre ser solicito mesmo muito ocupado;

Aos técnicos que também foram meus mestres nessa jornada;

Ao Manoel do Laboratório de Botânica Agro florestal pela identificação dos frutos;

Aos professores Ronis da Silveira e Rafael de Fraga pela identificação e

ensinamentos sobre ofídios;

Aos meus parceiros do Laboratório de Ictiologia que me apoiaram e ajudaram muito

para que esse trabalho fosse concluído;

A todos os meus amigos de dentro e fora da UFAM que sempre estiveram ao meu

lado, me apoiaram, me ajudaram nos momentos difíceis e de alegria, me fizeram rir

muito e ter momentos inesquecíveis;

A todos que ajudaram no trabalho em campo, Jairo, Ilgner, professor Álvaro, Ray.

Ao técnico Ivanildo e o piloteiro Valdeci pela ajuda em campo e sem a qual esse

trabalho não seria possível, pela amizade, pelas histórias e lendas compartilhadas e

que levaram a muitas gargalhadas e pela paciência com a Sarinha;

Aos seguranças da Base I – Lago Prato, que eram parceria certa e apoiavam em

tudo durante as coletas;

As tias da ADAP por limpar o laboratório que ficava daquele jeito depois das

análises;

Agradeço aos doutores Cleber Duarte e Cláudia de Deus pela disponibilidade e por

aceitarem fazer parte da banca examinadora;

A todos que direta e indiretamente me ajudaram e apoiaram, podem ter certeza que

estarão sempre em meu coração.

RESUMO

A floresta de igapó é um dos biótopos formados na bacia Amazônica de grande

importância para os peixes uma vez que são utilizadas para abrigo e alimentação

por esses organismos. Com o intuito de caracterizar a as assembleias de peixes da

floresta de igapó quanto a sua composição e estrutura trófica foram realizadas

amostragens em quatro lagos do Parque Nacional de Anavilhanas, Amazonas,nos

meses de abril e setembro de 2014, e fevereiro de 2015. Foram coletados ao todo

931 indivíduos, distribuídos em 4 ordens, 20 famílias, 48 gêneros e 65 espécies. A

diversidade de Shannon-Wiener e a riqueza de Margalef foram maiores no ambiente

de floresta alagada. Para as amostras analisadas os índices de Berger-Parker e

Equitabilidade indicaram baixa dominância e alta homogeneidade no número de

indivíduos por espécie. Os resultados da perMANOVA demonstraram diferenças

significantes entre a composição da floresta de igapó e da água aberta.De acordo

com o grau de repleção, os exemplares apresentaram a maior parte dos estômagos

pouco cheios (0%-25%) e totalmente cheios (75%-100%). Os itens alimentares mais

abundantes foram: peixes, insetos, crustáceos e microcrustáceos, material vegetal,

frutos e sementes, material de origem animal e vegetal. O igapó apresentou alta

diversidade, e maior quantidade de espécies que a água aberta. A classificação em

guildas tróficas evidenciou a importância da floresta alagada na composição das

espécies ali presentes.

Palavras-chave: Rio Negro, diversidade, floresta alagada, alimentação, guildas

tróficas.

ABSTRACT

The igapó forest is one of the biotope formed in the Amazon basin of great

importance for the fish since they are used for shelter and food for these organisms.

In order to characterize the fish assemblages of igapó forest as their composition and

trophic structure samples were taken at four lakes in the Anavilhanas National Park,

Amazon, in April and September 2014 and February 2015. Were collected in all 931

individuals, distributed in 4 orders, 20 families, 48 genera and 65 species. The

diversity of Shannon-Wiener and richness of Margalef were higher in the flooded

forest environment. For samples analyzed the Berger-Parker indices and Equitability

indicated low dominance and high homogeneity in the number of individuals per

species. The results of PERMANOVA showed significant differences between the

composition of igapó forest and open water. According to the degree of fullness, the

specimens showed most bit full stomachs (0% -25%) and fully filled (75% -100%).

The most abundant food items were: fish, insects, crustaceans and

microcrustaceans, plant material, fruit and seeds, animal and plant material. The

igapó showed high diversity, and more species than open water. The classification of

trophic guilds highlighted the importance of flooded forest in the composition of the

species present there.

Keywords: Rio Negro, diversity, flooded forest, feeding, trophic guilds.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 15

2.1 O Rio Negro ....................................................................................................... 15

2.2 Diversidade das assembleias de peixes ............................................................ 17

2.3 Diversidade trófica ............................................................................................. 19

3. OBJETIVOS ........................................................................................................ 20

4. HIPÓTESES ........................................................................................................ 20

5. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 20

5.1 Área de estudo e amostragens ..................................................................... 20

5.2 Análise da diversidade de espécies .............................................................. 22

5.3 Análise da composição alimentar ................................................................. 23

5.4 Análise estatística ......................................................................................... 25

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 26

6.1 Diversidade das assembleias ....................................................................... 26

6.2 Estrutura trófica das assembleias de peixes da floresta de igapó ................. 34

7. CONCLUSÕES ................................................................................................... 43

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 44

APÊNDICE ................................................................................................................. 55

Lista de Figuras

Figura 1. Localização dos lagos estudados (Prato, Arraia, Canauiri Grande e

Canauiri Pequeno) e do Parque Nacional de Anavilhanas. ....................................... 21

Figura 2. Porcentagem do número de indivíduos dentro de cada ordem para floresta

de igapó e água aberta dos lagos. ............................................................................ 26

Figura 3. Porcentagem do número de espécies dentro de cada ordem para floresta

de igapó e água aberta dos lagos. ............................................................................ 27

Figura 4. Porcentagem do número de indivíduos por famílias capturadas na floresta

de igapó e água aberta dos lagos estudados. ........................................................... 28

Figura 5. Porcentagem do número de espécies presentes em cada família para a

floresta de igapó e água aberta dos lagos estudados. .............................................. 29

Figura 6. Abundância relativa do número de indivíduos das dez espécies mais

abundantes na floresta de igapó e água aberta dos lagos. ....................................... 30

Figura 7. Curvas de rarefação e o seu respectivo desvio padrão para os ambientes

de floresta de igapó (A) e água aberta (B) no PARNA Anavilhanas. ........................ 31

Figura 8. Ordenação da composição taxonômica utilizando os dois primeiros eixos

gerados pela nMDS para os dados de abundância das amostras de peixes da

floresta de igapó e água aberta. Legenda: Floresta de Igapó (F.I.); Água Aberta

(A.A.); coletas (1, 2, 3). FCG1=F. I., C. Grande, col. 1; FCG2=F. I., C. Grande, col. 2;

FCG3=F. I., C. Grande, col. 3; FCP1=F. I., C. Pequeno, col. 1 FCP2=F.I. C.

Pequeno, col. 2; FCP3=F.I. C. Pequeno, col. 3; FA1=F.I., Arraia, col. 1; FA2=F.I.,

Arraia, col. 2; FA3=F.I., Arraia, col. 3; FP1=F.I., Prato, col. 1; FP2=F.I., Prato, col. 2;

FP3=F. I., Prato, col. 3; ACG1=A.A.; C. Grande, col. 1; ACG2=A.A.; C. Grande, col.

2; ACG3=A.A.; C. Grande, col. 3; ACP1=A.A.; C. Pequeno, col. 1; ACP2=A.A.; C.

Pequeno, col. 12; ACP3=A.A.; C. Pequeno, col. 3; AA1=A.A., Arraia, col.1; AA2

=A.A., Arraia, col.2; AA3=A.A, Arraia, col.3; AP1=A.A., Prato, col. 1; AP2=A.A.,

Prato, col. 3; AP3=A.A., Arraia, col. 3........................................................................ 33

Figura 9. Frequência relativa (%) das categorias tróficas encontradas para as

espécies analisadas pertencentes a floresta de igapó do PARNA Anavilhanas. ...... 36

Figura 10. Índice de importância alimentar (IAi%) para a espécie carnívora mais

abundante P. flavipinnis. ........................................................................................... 37

Figura 11. Índice de importância alimentar (IAi%) para as espécies insetívoras mais

abundantes T. intermedia, T. elongatuse A. longimanus. ........................................ 37

Figura 12. Índice de importância alimentar (IAi%) para a espécie onívora mais

abundante H. immaculatus. ....................................................................................... 38

Figura 13. Índice de importância alimentar (IAi%) para as espécies piscívoras mais

abundantes A. polystictus, S. gouldingi e S. rhombeus. ............................................ 39

Figura 14, Índice de importância alimentar (IAi%), para a espécie zooplanctívora

mais abundante H. edentatus. ................................................................................... 40

Figura 15. Índice de importância alimentar (IAi%), para as espécies herbívoras mais

abundantes M. hypsauchen e M. asterias. ................................................................ 40

Figura 16. Dendrograma da similaridade da dieta dos peixes analisados com valores

de IAi (%) presentes na floresta de igapó do PARNA Anavilhanas. .......................... 41

Lista de tabelas

Tabela 1. Descrição dos aspectos externos para estimativa do grau de repleção dos

estômagos com os respectivos pontos atribuídos (BENNEMANN 1985; YABE;

BENNEMANN 1994). ................................................................................................ 24

Tabela 2. Parâmetro de diversidade calculados para diferentes biótopos do rio

Negro. S = riqueza de espécies; N = número de indivíduos; H’ = diversidade de

Shannon-Wiener; J’ = equitabilidade. ........................................................................ 32

13

1. INTRODUÇÃO

A Região Amazônica possui uma bacia hidrográfica de aproximadamente 7,9

milhões de km2 e no pico da cheia pode inundar algo em torno 0,3 milhão de km2 por

ano sendo a sazonalidade pluvial responsável pela flutuação no nível dos rios

(SAINT-PAUL et al., 2000). Assim, a bacia amazônica é considerada um ambiente

complexo sendo formada por inúmeros biótopos como igarapés, planícies

inundáveis, lagos e florestas alagadas (SIOLI, 1984; LOWE-McCONNELL, 1999).

Esse número de habitats disponível é responsável pela grande quantidade de

espécies de peixes (JUNK, 1984), aproximadamente 2400 (LÉVÊQUE et al., 2008).

Carvalho et al. (2007) sugerem que a imensa área de drenagem da bacia podem

abrigar ainda mais, algo em torno de 3000 espécies.

Durante os períodos de enchente e cheia, surgem biótopos importantes para

os peixes, como a floresta alagada (LOW-McCONNELL,1999; JUNK, 1984;

LOEBENS et al., 2016) e bancos de macrófitas aquáticas (ARAÚJO-LIMA et al.,

1986; PRADO et al., 2010; SOARES et al., 2014). As florestas alagadas podem ser

classificadas em igapó ou várzea, de acordo com as características da água onde

são encontradas (PRANCE, 1980; PIEDADE et al., 2015). Os rios de águas pretas

originam as florestas de igapó, que são oriundas dos escudos guianenses,

altamente lixiviadas, com pH ácido devido as concentrações de substâncias

orgânicas dissolvidas e baixa carga de nutrientes (SIOLI, 1984). Os rios de águas

brancas, que originam as florestas de várzea, são oriundas da região Andina ainda

sofrendo processos erosivos e carreando sedimentos, apresentam pH relativamente

neutro e elevadas cargas de nutrientes (SIOLI, 1984).

Afloresta de igapó possui solo arenoso, sustentando assim uma vegetação

muito mais pobre do que a encontrada no ambiente de várzea (PRANCE,

1980).Entretanto, esse ambiente apresenta grande importância para os peixes uma

vez que servem de local de refúgio contra predadores e para a alimentação, através

de frutos, sementes e insetos (GOULDING, 1980; LOWE-McCONNELL, 1999;

RODRIGUEZ; LEWIS, 1997; ADIS, 1999; CLARO-Jr., 2004; CORREA et al., 2008).

Poucos são os estudos realizados acerca da estruturação de assembleias de

peixes em ambientes alagáveis de águas pretas. Noveras et al. (2012) estudaram o

uso do igapó pelas assembleias de peixes durante o dia e a noite no Parque

Nacional de Anavilhanas, Saint-Paul et al. (2000),na mesma área, realizaram um

14

comparativo entre as florestas de várzea e igapó, encontrando maior diversidade e

menor CPUE existente no ambiente de água preta. Loebens et al. (2016) também

evidenciaram a diversidade das assembleias de peixes presentes no ambiente de

igapó.

A baixa concentração de íons orgânicos no rio Negro faz com que esse não

seja um ambiente propício ao desenvolvimento de altas biomassas de fitoplâncton e

macrófitas aquáticas, como na água branca, demonstrando assim a importância da

floresta na cadeia alimentar (KENSLEY; WALKER, 1982; GOULDING et al., 1988;

WALKER, 1990). Goulding et al. (1988) observaram que a energia que sustenta as

comunidades de peixes no sistema de águas pretas são oriundas principalmente das

florestas alagadas uma vez que esses organismos utilizam a matéria disponibilizada

nesse ambiente para alimentação. Diante disso, a presença de alimentos de origem

alóctone é de grande importância como já relatado em estudos realizados no

sistema amazônico (GOULDING, 1980; GOULDING et al., 1988; CLARO-Jr et al.,

2004; NOVERAS et al., 2012). Entretanto, a organização trófica do ecossistema e

dos mecanismos de interação entre as espécies de peixes ainda representam um

dos aspectos ecológicos menos estudados (PAZIN, 2004).

Dentre os ambientes que compõem a bacia do rio Negro, destaca-se o

Parque Nacional de Anavilhanas (PARNA Anavilhanas), mencionado em alguns

estudos como sendo um ambiente importante para a manutenção da diversidade

íctica (ARAUJO-LIMA et al., 1986; GARCIA, 1995; SAINT-PAUL et al., 2000;

NOVERAS et al., 2012; YAMAMOTO et al., 2014; LOEBENS et al., 2016). O parque

é uma Unidade de Conservação (UC) de uso indireto, não sendo permitida assim a

utilização de seus recursos a não ser para fins didáticos e científicos (SNUC, 2000).

As UC`s tem mostrado um papel importante na conservação de recursos e

manutenção da biodiversidade (AGOSTINHO et al., 2005). Além disso, por se

localizar em uma região intermediária do rio Negro, o arquipélago pode ser utilizado

como passagem por diversas espécies de peixes, fornecendo abrigo e alimento

(GOULDING et al., 1988).

Com o intuito de gerar informações para conhecer a diversidade

ictiofaunística da floresta de igapó do PARNA Anavilhanas e sua dinâmica de

interação com este biótopo, este estudo propôs caracterizar a diversidade,

composição e estrutura trófica das assembleias de peixes presentes na floresta de

igapó em lagos do PARNA Anavilhanas. Nossos resultados poderão subsidiar

15

informações que possam auxiliar no plano de manejo da UC,além de enriquecer os

conhecimentos sobre as assembleias de peixes formadas em ambientes alagados

de águas pretas.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O Rio Negro

O rio Negro é o maior tributário do rio Amazonas, possuindo cerca de

1.700Km (GOULDING et al., 1988). Apresenta águas escuras, pobres em nutriente,

pH baixo e rico em ácidos húmicos e taninos, solubilizados durante o processo de

decomposição da biomassa que é produzida pela floresta de igapó o que caracteriza

sua coloração (GOULDING et al., 1988; SIOLI, 1965). É formado a partir dos

escudos guianenses, mais antigos e altamente lixiviados (SIOLI, 1965), carreando

poucos sedimentos, resultado do desgaste das rochas (PIEDADE et al., 2015).

O sistema hidrológico do rio Negro é caracterizado pela variabilidade de

biótopos, praias arenosas, corredeiras, remansos, ilhas, paranás, lagos, igarapés e

florestas alagadas (SIOLI, 1984; LOWE-McCONNELL, 1999). Com isso, durante os

períodos de águas altas possibilitam uma maior disponibilidade de área, alimento e

abrigo para a ictiofauna, influenciando diretamente na ecologia alimentar das

espécies (SANTOS, 1981; ALMEIDA,1984; SOARES et al., 1986; CLARO-Jr, 2004;

YAMAMOTO, 2004).

Caracterizado como um rio pouco produtivo, pela baixa concentração de

nutrientes dissolvidos, o rio Negro apresenta ictiofauna rica e diversificada,

abrangendo cerca de 450 espécies, das quais provavelmente 30% ainda não foram

registradas (GOULDING et. al., 1988).Soares e Yamamoto (2005) não consideram

as características químicas da água preta fatores limitantes para a diversidade, e

apontam a necessidade do incremento de amostragens nos biótopos desse

ambiente. Da mesma maneira que nas várzeas, a variabilidade de biótopos

existentes nas águas pretas também sofre influência da variação sazonal,

decorrente da flutuação do nível do rio (GOULDING et al., 1988; JUNK etal., 1989;

SAINT-PAUL etal., 2000).

16

Estudos realizados com assembleias de peixes em ambientes de água preta

abordam aspectos de diversidade e relações tróficas (GOULDING etal., 1988;

NOVERAS etal., 2012), distribuição de peixes (GARCIA, 1995; SOARES;

YAMAMMOTO, 2005), assembleias presentes em floresta de igapó (SAINT-PAUL

etal., 2000, NOVERAS etal., 2012; LOEBENS etal., 2016),interações com bancos de

macrófitas aquáticas (ARAÚJO-LIMA, 1986), atividades migratórias (RIBEIRO, 1983;

RIBEIRO; PETRERE, 1990), e taxonomia e genética (MAIA; ALVES-GOMES, 2012;

FERNANDES et al., 2015).

No sistema do rio Negro se encontra o Parque Nacional de Anavilhanas

(PARNA Anavilhanas), uma unidade de conservação federal no município de Novo

Airão, a cerca de 40 km da cidade de Manaus, que possui um complexo de ilhas que

têm sua formação a partir da deposição de sedimentos oriundos do rio Branco

(LEENHEER; SANTOS, 1980). O PARNA apresenta uma área de 335.018 ha com

aproximadamente 400 ilhas (OLIVEIRA, 2003), sendo considerado o segundo maior

arquipélago fluvial do mundo. Delimitada por rios de águas pretas e ácidas, as ilhas

apresentam formato alongado distintas das encontradas nas áreas de várzea,

entretanto também sofrendo forte influência do ciclo de enchentes e vazantes do rio

Negro estando assim em constante processo de erosão e sedimentação

(LEENHEER; SANTOS, 1980; FITTKAU, 1964). A vegetação circundante dos lagos

é composta por florestas inundáveis denominadas de floresta de igapó estacional

(PRANCE, 1980).

O PARNA foi criado pela Lei nº. 11.799, de 29 de outubro de 2008, a partir da

Estação Ecológica de Anavilhanas, criada pelo Decreto nº 86.061, de 2 de junho de

1981. Na época em que o parque foi criado ali residiam cinquenta e três

comunidades que tiveram a área desapropriada e se instalaram no município de

Novo Airão, ao redor do parque (BARRETO FILHO, 2001).

Devido a sua localização e potencial, o complexo de ilhas de Anavilhanas

tornou-se foco de estudos voltados à ecologia, diversidade e taxonomia de peixes

(FERREIRA, 1981; GOULDING; CARVALHO, 1982; ARAÚJO-LIMA et al., 1986;

GOULDING et al., 1988; ZUANON, 1993; GARCIA 1995; SAINT-PAUL et al., 2000;

NOVERAS et al., 2012; MAIA; ALVES-GOMES, 2012; FERNANDES et al., 2015,

LOEBENS etal., 2016), distribuição e abundância ictioplanctônica (OLIVEIRA, 2003)

e manutenção da ictiofauna através de atratores artificiais (YAMAMOTO et al.,

2014).

17

2.2 Diversidade das assembleias de peixes

A organização e compreensão dos mecanismos e processos de

caracterização das assembleias de peixes são pressupostos para estudos sobre a

ecologia de comunidades (ANGERMEIER; KARR, 1984). Estudos sobre as relações

entre as variações ambientais e estratégias de alimentação, reprodução, dispersão e

interação das espécies com o ambiente têm tido sucesso em compreender padrões

ecológicos (GOLDSTEIN; MEADOR, 2004).

O entendimento dos ecossistemas aquáticos parte do pressuposto da

existência de uma interação aquática e terrestre, onde os organismos coexistem a

partir do ambiente físico, químico e biológico, determinado em biomassa, energia e

características biológicas (CROPP; GABRIC, 2002). As assembleias ícticas

funcionam como indicadoras da qualidade ambiental, refletindo o estado biótico e

abiótico de seu ambiente (KARR, 1981; ARAÚJO, 1998; VIEIRA; SHIBATTA, 2007).

Sendo assim, o estudo de comunidades envolve uma síntese dos fatores ambientais

e das interações bióticas, além disso, a estrutura de uma comunidade pode ser

analisada sobre vários aspectos, utilizando-se parâmetros como diversidade, riqueza

e equitabilidade (WOOTTON, 1995).

A grande variedade de espécies, formas e estratégias da ictiofauna da região

amazônica é oriunda de fatores bióticos e abióticos (JUNK et al., 1989) aliados a

grande diversidade de habitats (SIOLI, 1984; LOWE-McCONNELL, 1999). Podemos

citar fatores como predação e competição (RODRIGUEZ; LEWIS, 1997; JAKSON et

al, 2001; SIQUEIRA-SOUZA; FREITAS, 2004), características físico-quimicas, como

oxigênio dissolvido (JUNK et al., 1983), transparência e profundidade da água

(RODRIGUEZ; LEWIS, 1997; TEJERINA-GARRO et al., 1998), complexidade

estrutural (ARRINGTON et al., 2005; ARRINGTON; WINEMILLER, 2006; JUNK et

al., 1989), dificuldade exploratória e pulsos de inundação (JUNK, 1989).

As variações no nível da água na Amazônia Central fazem com que a

ictiofauna necessite se adaptar às profundas modificações que ocorrem no ambiente

(JUNK et al., 1989). Os biótopos criados pela inundação e os movimentos dos

peixes dentro das florestas alagadas promovem um rearranjo na dinâmica das

comunidades (CORREA et al., 2008).

Segundo Junk et al. (1989), planícies inundáveis são áreas periodicamente

alagadas, resultando em condições físicas e químicas que levam a biota a responder

18

através de adaptações, produzindo estruturas de comunidades características

desses sistemas. Esses ambientes são classificados assim como ecótonos ou zona

de transição entre o ambiente aquático e terrestre (ATTZ) (JUNK et al., 1989). Em

áreas alagáveis, o ecótono água-terra representa um importante componente para a

conservação das comunidades de peixes de água doce. Na interface destes

ambientes ocorre grande quantidade de habitats servindo assim de abrigo, local

para desova e alimentação para os peixes, sendo responsáveis pela manutenção da

abundância e diversidade desses organismos (HENRY, 2003).

Noveras et al. (2012), em estudo sobre assembleias de peixes em igapó de

Anavilhanas, encontraram maior diversidade nesse ambiente em relação ao

ambiente de água aberta dos lagos. Saint-Paul et al. (2000) também reportam

valores de riqueza superiores em florestas alagadas de água branca e preta em

relação ao ambiente de água aberta. Essa diferença entre os ambientes pode ser

explicada pela ATTZ que dispõe de refúgio e alimentação para os peixes, formando

assim vários nichos ecológicos (JUNK et al., 1989).

Diante de tais informações, faz-se necessária a análise detalhada das

características da estrutura das assembleias de peixes (SAINT-PAUL, 2000;

NOVERAS et al., 2012; SOARES; YAMAMOTO, 2005) através da utilização de

índices de diversidade (MARTINS; SANTOS, 1999). Os índices são usados como

descritores da diversidade (HURLBERT, 1971; MAGURRAN, 1988) e demonstram a

relação entre as espécies existentes e o ambiente (MARTINS; SANTOS, 1999).

Segundo Magurran (1988), a diversidade pode ser medida pelo número de

espécies e distribuição da abundância relativa. Ricklefs (1990), afirmou que a

diversidade demonstra o número de espécies em uma área, a variedade de

organismos, proveniente da substituição de espécies entre hábitats, e representa em

uma comunidade a abundância relativa de cada espécie. O número de espécies

encontrado seria a mais simples forma de medida de diversidade, entretanto, essa

classificação depende totalmente do tamanho da amostra (MARTINS; SANTOS,

1999), ou seja, a diversidade deve relacionar a variação de espécies quanto ao

número de indivíduos da amostra dentro de um intervalo determinado (MAY, 1975).

19

2.3 Diversidade trófica

Na Amazônia Central, com a flutuação média anual do nível d’água de 10

metros, e alternância das fases terrestre e aquática, ocorrem modificações drásticas

nas condições ambientais fazendo com que a ictiofauna tenha adaptações

específicas (JUNKet al., 1989). O aumento da área alagada durante o período da

cheia favorece a exploração de vários habitats incrementando o espectro alimentar

dos peixes (SANTOS, 1981; ALMEIDA, 1984; SOARES et al, 1986; YAMAMOTO,

2004; CLARO-Jr et al., 2004). Florestas inundadas são fonte de uma grande

variedade de recursos alimentares alóctones, como plantas terrestres, folhas, flores,

sementes, frutos, perifíton e invertebrados (GOULDING,1980).

Segundo Silva et al. (2008), estudos sobre a dieta de peixes e a relação desta

com o meio fornecem informações ecológicas importantes. Essas informações

trazem subsídios para a compreensão dos mecanismos que permitem a

coexistência e a exploração dos recursos por várias espécies em um mesmo

sistema (GOULDING, 1980). Claro-Jr et al. (2004), em estudo realizado na floresta

alagada em lagos de várzea da Amazônia Central demonstraram a relação direta de

três espécies onívoras com esse ambiente. Noveras et al. (2012), em estudo

realizado em floresta de igapó em Anavilhanas, demonstraram a utilização desse

ambiente para alimentação e distribuição de assembleias de peixes ali presentes.

O processo de frutificação das árvores, que ocorre durante o período da

cheia, faz com que os frutos sejam dispersos através da água para outros locais,

participando de forma importante na alimentação dos peixes (GOULDING, 1980). Os

invertebrados também têm uma importante participação na dieta do peixe e estão

presentes o ano inteiro, embora estejam mais disponíveis na época das cheias

(ZAVALA-CAMIN, 1996; ADIS, 1997; JUNK et al., 1997).

Segundo Abelha et al. (2001), a grande variedade de alimentos presentes na

dieta de peixes tropicais demonstra as características oportunistas desses

organismos principalmente em rios sazonais (GOULDING, 1980; LOWE-

McCONNELL, 1999; SANTOS; FERREIRA, 1999),demonstrando que a dieta dos

peixes é regulada principalmente pela dinâmica do pulso de inundação (JUNK et al.,

1989).

20

3. OBJETIVOS

Geral:

Caracterizar as assembleias de peixes na floresta de igapó do Parque

Nacional de Anavilhanas quanto a sua diversidade e estrutura trófica.

Específicos:

Identificar a composição taxonômica das assembleias de peixes

presentes na floresta de igapó no PARNA Anavilhanas;

Estimar a diversidade e abundância numérica das assembleias de

peixes da floresta de igapó e compará-la com a área aberta dos lagos;

Determinar a dieta das assembleias de peixes da floresta de igapó;

Identificar as guildas tróficas de peixes presentes na floresta de igapó.

4. HIPÓTESES

H0,1: A composição das assembleias de peixes da floresta de igapó é semelhante à

da água aberta dos lagos.

H1,1: A composição das assembleias de peixes da floresta de igapó difere da água

aberta dos lagos.

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Área de estudo e amostragens

As amostragens foram realizadas nos anos de 2014 e 2015 no Parque

Nacional de Anavilhanas,nos lagos Prato, Arraia, Canauiri Grande e Canauiri

Pequeno (Figura 1). Esses quatro lagos são historicamente estudados e possuem

localização chave, uma vez que os lagos Canauiri Pequeno e Arraia estão mais

21

próximos do canal principal, e os lagos Canauiri Grande e Prato se encontram mais

a dentro do parque.

O presente estudo trabalhou com a base de dados do projeto “A influência de

atratores artificiais nas assembleias de peixes do Médio Rio Negro,

Amazonas/BR”Edital PPP/FAPEAM para os dados de floresta de igapó.

Figura 1. Localização dos lagos estudados (Prato, Arraia, Canauiri Grande e Canauiri

Pequeno) e do Parque Nacional de Anavilhanas.

As coletas foram realizadas nos meses de abril (enchente) e setembro

(vazante) de 2014, e fevereiro (enchente) de 2015, períodos onde havia a floresta

alagada, sob a autorização n0 24518-2 do Instituto Chico Mendes de Conservação

da Biodiversidade – ICMBio. As pescarias experimentais foram realizadas através de

baterias de malhadeiras (rede-de-espera) com tamanhos de malha variando de 30 a

110 mm entre nós opostos (2,5 metros de profundidade x 25 metros de

comprimento), dispostas aleatoriamente no igapó e água aberta. As malhadeiras

foram armadas ao amanhecer, sendo expostas por um período de duas horas (06h

às 08h), seguido da despesca e, outra captura ao anoitecer (19h às 21h). Após a

despesca os peixes foram etiquetados, fixados em formol (10%) e transportados ao

laboratório de Ictiologia na UFAM. No laboratório foram pesados, medidos e lavados

22

em água corrente para serem preservados em álcool (70%) e identificados através

de chaves de identificação (FERREIRA et al., 1998, GÈRY, 1977) e com a ajuda de

especialistas.

5.2 Análise da diversidade de espécies

Para estimar a riqueza específica da comunidade capturada foi calculado o

índice de Margalef (LUDWIG; REYNOLDS, 1988), que analisa a relação entre o

número total de espécies e o número total de indivíduos observados, na fórmula a

seguir:

Onde:

S = Número total de espécies na amostra;

n = Número total de indivíduos na amostra.

Entre os índices de diversidade propostos com base na dominância de uma

ou mais espécies, escolhemos o índice de Berger-Parker (BERGER; PARKER,

1970) que representa a dominância de uma espécie na estrutura da comunidade, de

acordo com a fórmula.

Onde:

nmax= número de indivíduos da espécie mais abundante; e

N= número de indivíduos presentes na amostra.

Para estimar a diversidade foi calculado o índice de Shannon-Wiener

(SHANNON; WIENER, 1949):

Onde:

e

ni= número de indivíduos da espécie i,

N= número de indivíduos presentes na amostra.

n

SR

ln

11

Nn

d max

)(ln' ii PPH

Nn

p ii

23

Foi calculada também a Equitabilidade (MAGURRAN, 1988), que expressa à

maneira pela qual o número de indivíduos está distribuído entre as espécies,

representando uma situação onde todas as espécies são igualmente abundantes:

Onde:

H’ é o índice de diversidade de Shannon;

S é o número de espécie presentes na amostra.

A riqueza potencial de espécies foi estimada pela curva de Rarefação

(KREBS, 1989).

5.3 Análise da composição alimentar

No laboratório de Ictiologia da Universidade Federal do Amazonas foi

realizada a análise da dieta dos peixes. Através de uma incisão ventral nos peixes,

os estômagos foram retirados e pesados. Os estômagos retirados dos tratos

digestivos foram examinados sob microscópio estereoscópio e os itens alimentares

identificados até o nível taxonômico mais inferior possível.

A determinação da dieta foi efetuada através da análise do conteúdo

estomacal, utilizando os métodos da frequência de ocorrência (F.O) e do volume

relativo proposto por Hynes (1950). A F. O. foi calculada conforme a fórmula:

F.O = i.100/ N

Onde:

F.O.= Frequência de ocorrência (%),

i = Número de estômagos em que cada item alimentar foi identificado,

N = Número de estômagos analisados com alimento.

SHE ln'

24

O volume relativo é a estimativa visual do volume de cada item alimentar em

relação ao volume total do alimento em cada estômago, em percentagem (HYSLOP,

1980).

Os resultados individuais de ambos métodos foram combinados no Índice

Alimentar (IAi) (KAWAKAMI; VAZZOLER, 1980) e expressos em percentagem.Este

índice avalia o grau de importância que cada alimento possuiu na dieta dos peixes

(KAWAKAMI; VAZZOLER, 1980). Foi calculado o IAi(%) para cada item, adotando a

expressão:

Onde:

i = item alimentar;

F = frequência de ocorrência (%) do determinado item;

V= volume (%) de determinado item.

As guildas tróficas foram determinadas com base no IAi (%), considerando o

item alimentar predominante na dieta (IAi> 50%) (GASPAR-DA-LUZ et al., 2001).

Foram escolhidas para análise as espécies com número de exemplares acima de

seis. Posteriormente, foi determinada a estrutura trófica das assembleias de peixes.

A atividade alimentar foi avaliada através da identificação do Grau de

Repleção dos estômagos conforme a escala utilizada por Bennemann (1985) e

modificada por Yabe e Bennemann (1994) (Tabela 1).

Tabela 1. Descrição dos aspectos externos para estimativa do grau de repleção dos estômagos com os respectivos pontos atribuídos (BENNEMANN 1985; YABE; BENNEMANN 1994).

Grau de

repleção Características externas

0% - vazio Estômago sem alimento presente. Parede das porções cárdica e

pilórica muito espessa. Diâmetro da porção pilórica

correspondente à espessura da parede que ao ser palpada, sente-

se muito consistente.

25% - pouco cheio (1/4 cheio) Alimento na porção cárdica em maior quantidade que o grau

25

anterior.

50% - frequente (1/2 cheio) Alimento ocupando as duas porções, estando a maior Quantidade

na região cárdica, cuja parede torna-se mais delgada em metade

de sua extensão. O diâmetro da porção pilórica aumenta na região

anterior.

75% - cheio (3/4 cheio) Alimento ocupando toda a porção cárdica e metade da pilórica. A

parede da porção cárdica torna-se delgada em toda a sua

extensão. O diâmetro da porção pilórica aumenta muito na metade

anterior e em menos graus na restante.

100% - distendido (4/4 cheio) Alimento ocupando totalmente todo o estômago. A parede das

duas porções torna-se tão delgada, que ao ser manuseada

facilmente se rompe. O diâmetro da porção pilórica aumenta em

toda a extensão.

5.4 Análise estatística

Para verificar possível diferença estatística (p<0,05) entre os ambientes

amostrados, foi aplicada a Análise Multivariada de Variância Permutacional usando

Distância de Matrizes (perMANOVA) proposta por Anderson (2001; 2005) utilizando

como descritores as espécies coletadas e como objetos os ambientes amostrados e

calculando as matrizes de distâncias a partir do coeficiente de Bray-curtis. Essa

análise teve como objetivo testar possíveis diferenças entre as composições

ictiofaunísticas presentes nos ambientes amostrados. A posteriori foi utilizado o

Escalonamento Multi-dimensional não-paramétrico (nMDS), que utiliza a mesma

matriz de dados, para visualizar graficamente os resultados encontrados.

A similaridade entre as espécies e a composição alimentar das mesmas foi

verificada utilizando a análise de cluster tendo como medida de distância o

coeficiente de Bray-curtis (LEGENDRE; LEGENDRE,1983). Em seguida foi realizado

o cálculo da hierarquia utilizando o método da Distância Mínima ou Vizinho Mais

Próximo (Single Linkage) onde é calculada a matriz de distâncias entre os ‘n’

indivíduos da população e em seguida os indivíduos mais próximos são agrupados.

O coeficiente de correlação cofenética foi utilizado para se demonstrar a fidelidade

do dendrograma em relação a matriz inicial, sendo que o valor de 0,75 foi definido

26

como mínimo para que o dendrograma fosse considerado fiel à matriz de

similaridade (JONGMAN et al. 1995).

As análises foram realizadas utilizando-se o software estatístico R 3.3 (R

Development Core Team 2016).

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Diversidade das assembleias

Foram coletados um total de 931 indivíduos, distribuídos em 4 ordens, 20

famílias, 48 gêneros e 65 espécies (Apêndice 1). Na floresta de igapó, foram

coletados 650 indivíduos e 62 espécies (Apêndice 1). Já na água aberta, foram

coletados 281 indivíduos e 37 espécies (Apêndice 1).

No igapó, a ordem predominante em relação à abundância numérica foi

Characiformes (63,33%), seguido por Siluriformes (28,35%), Perciformes (5,24%) e

Clupeiformes (3,08%) (Figura 2). Já na água aberta, a ordem predominante foi

Characiformes (57,04%), seguida de Siluriformes (34,75%), Clupeiformes (7,04%) e

Perciformes (1,06%) (Figura 2).

Figura 2. Porcentagem do número de indivíduos dentro de cada ordem para floresta de igapó e

água aberta dos lagos.

0 10 20 30 40 50 60 70

Clupeiformes

Perciformes

Siluriformes

Characiformes

Número de Indivíduos (%)

Igapó

Água Aberta

27

A floresta de igapó e o ambiente de água aberta apresentaram distribuição

semelhante em relação ao número de espécies dentro das ordens. A ordem

Characiformes foi a mais representativa (56,45% e 54,05%, respectivamente),

seguida de Siluriformes (25,81%e 35,14%, respectivamente), Perciformes (12,90% e

5,41%, respectivamente) e Clupeiformes (4,84% e 5,41%, respectivamente) (Figura

3). Perciformes e Clupeiformes foram as duas ordens com mesma

representatividade na água aberta. Diante disso, Characiformes apresentou o maior

número de espécies, gêneros e famílias nos dois ambientes.

Figura 3. Porcentagem do número de espécies dentro de cada ordem para floresta de igapó e

água aberta dos lagos.

Estudos realizados em ambientes alagados da Amazônia demonstram a

predominância das ordens Characiformes e Siluriformes (GOULDING, 1980; SAINT-

PAUL et al., 2000; CLARO-Jr., 2003; SIQUEIRA-SOUZA; FREITAS, 2004;

CORREDOR, 2004; SOARES; YAMAMOTO, 2005; NOVERAS et al., 2012,

LOEBENS et al., 2016).

As famílias mais representativas em número de indivíduos no igapó foram

Serrasalmidae (25,12%), Auchenipteridae (19,88%) e Hemiodontidae (17,87%)

(Figura 4). Já para água aberta foram Hemiodontidae (21,99%), Serrasalmidae

(19,15%) e Pimelodidae (18,79%) (Figura 4). A família Serrasalmidae também

apresentou a maior abundância em número de espécies (14,52%), seguida de

Cichlidae (11,29%) e Auchenipteridae (11,29%) no igapó (Figura 5). Já na água

aberta a família Auchenipteridae (18,92%) foi a mais representativa (Figura 5). A

família Pimelodidae (13,51%) foi a segunda e Hemiodontidae e Serrasalmidae,

0 10 20 30 40 50 60

Clupeiformes

Perciformes

Siluriformes

Characiformes

Número de espécies (%)

Igapó

Água Aberta

28

ambas com 4 espécies, se encontram em terceiro lugar como mais abundantes

(10,81%) (Figura 5).

As famílias Acestrorhynchidae, Doradidae e Characidae tiveram ocorrência

apenas na floresta de igapó. As famílias Engraulidae e Loricariidae apresentaram

um indivíduo e uma espécie cada para ambiente.

Figura 4. Porcentagem do número de indivíduos por famílias capturadas na floresta de igapó e

água aberta dos lagos estudados.

0 5 10 15 20 25 30

Engraulidae

Ctenoluciidae

Loricariidae

Doradidae

Prochilodontidae

Curimatidae

Bryconidae

Acestrorhynchidae

Characidae

Iguanodectidae

Cynodontidae

Sciaenidae

Pristigasteridae

Cichlidae

Anostomidae

Triportheidae

Pimelodidae

Hemiodontidae

Auchenipteridae

Serrasalmidae

Número de Indivíduos (%)

Igapó

Água Aberta

29

Figura 5. Porcentagem do número de espécies presentes em cada família para a floresta de

igapó e água aberta dos lagos estudados.

A presença dos Serrasalmidae foi constante em ambos os ambientes, sendo

os indivíduos do gênero Serrasalmus os mais abundantes nas coletas. O

gêneroapresenta ampla distribuição no ambiente aquático e habitam

preferencialmente ambientes onde a correnteza é menor (GOULDING, 1980), porém

não necessariamente ficam confinados em um único ambiente uma vez que durante

a formação de áreas alagadas ocorre a interconectividade dos lagos e a formação

dos mais variados habitats (LOWE-Mc-CONNELL, 1999).

As três espécies mais abundantes em número de indivíduos no igapó foram

Hemiodus immaculatus (16,33%), Auchenipterichthys longimanus (12,33%) e

Serrasalmus rhombeus (9,24%) (Figura 6) e as mais abundantes na água aberta

foram Hemiodus immaculatus (15,60%), Serrasalmus rhombeus (15,25%) e

Hypophthalmus edentatus (7,45%) (Figura 6).

O número de indivíduos por espécie demonstrou que poucas dominaram

numericamente. As espécies L. batesii, A. longiceps e A. vittatus apresentaram

apenas um único indivíduos em cada ambiente. H. immaculatus foi a espécie

dominante nos dois ambientes e também em três, dos quatro lagos amostrados.

0 5 10 15 20

Engraulidae

Acestrorhynchidae

Ctenoluciidae

Iguanodectidae

Curimatidae

Loricariidae

Sciaenidae

Pristigasteridae

Cynodontidae

Bryconidae

Prochilodontidae

Doradidae

Triportheidae

Characidae

Anostomidae

Hemiodontidae

Pimelodidae

Auchenipteridae

Cichlidae

Serrasalmidae

Número de espécies (%)

Igapó

Água Aberta

30

Das espécies amostradas 37 espécies (56,92%) foram comuns aos dois

ambientes, sendo 3 espécies (4,65%) coletadas apenas a água aberta e 25 espécies

(38,46%) encontradas apenas na floresta de igapó.

Figura 6. Abundância relativa do número de indivíduos das dez espécies mais abundantes na

floresta de igapó e água aberta dos lagos.

A curva de rarefação para a floresta de igapó apresentou um padrão de

inclinação menor do que para água aberta(Figura 7). Entretanto, existe ainda um

padrão crescente no número de espécies coletadas em função do número de

indivíduos para os dois ambientes. Esse resultado demonstra a possibilidade da

inclusão de novas espécies com um provável aumento do esforço de pesca.

Normalmente, estudos realizados na região amazônica não apresentam grande

esforço de pesca apesar de apresentar grandes listas de espécies (CLARO-Jr.,

2007). Segundo Goulding et al. (1988), o rio Negro necessita ainda de mais estudos

uma vez que, provavelmente, ainda possui um acréscimo de 30% do número de

espécies de peixes.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Bryconops alburnoides

Anodus elongatus

Agoniates halecinus

Hypophthalmus marginatus

Pellona flavipinnis

Metynnis hypsauchen

Ageneiosus polystictus

Tatia intermedia

Hypophthalmus edentatus

Pristobrycon sp.

Serrasalmus gouldingi

Triportheus elongatus

Serrasalmus rhombeus

Auchenipterichthys longimanus

Hemiodus immaculatus

Número de Indivíduos (%)

Igapó

Água Aberta

31

Figura 7. Curvas de rarefação e o seu respectivo desvio padrão para os ambientes de floresta

de igapó (A) e água aberta (B) no PARNA Anavilhanas.

O arquipélago de Anavilhanas possui inúmeros biótopos que vão desde

ambientes de terra firme a formação de florestas alagadas, aliando isso as

mudanças causadas anualmente pelo pulso de inundação e as poucas amostragens

realizadas no parque e em geral na floresta de igapó (SAINT-PAUL et al., 2000;

NOVERAS et al., 2012; LOEBENS et al., 2015) são grandes as probabilidades do

número de espécies presentes nesse habitat ser muito maior do que o encontrado

no presente trabalho.

A riqueza absoluta, a diversidade de Shannon-Wiener e a riqueza de Margalef

também foram maiores no ambiente de floresta alagada (Tabela 2). As amostras

analisadas os índices de Berger-Parker e Equitabilidade indicaram baixa dominância

e alta homogeneidade no número de indivíduos por espécie (Tabela 2), uma vez que

poucas espécies apresentaram abundância elevada no número de indivíduos nos

dois ambientes.

Os valores encontrados para os índices de diversidade corroboram com

resultados encontrados para florestas alagadas de águas pretas na Amazônia

Central (Tabela 2). A grande diferença entre o número de espécies encontrados por

Saint-Paul et al. (2000) deve-se ao fato do esforço de pesca ser muito maior do que

o do presente estudo. Segundo Goulding (1988), valores de índice de diversidade

superiores a 3,0 são indicativos de alta diversidade.

32

Tabela 2. Parâmetro de diversidade calculados para florestas de igapó do rio Negro. S =

riqueza de espécies; N = número de indivíduos; H’ = diversidade de Shannon-Wiener; J’ =

equitabilidade.

A perMANOVA, demonstrou efeito significativo do tipo de ambiente (p=0,001)

e da época de realização das coletas (p=0,027) na composição das assembleias de

peixes (Figura 8). O eixo 1 evidenciou as diferenças entre ambientes, agrupando do

lado direito as amostras realizadas na água aberta (AA), enquanto, no lado esquerdo

do gráfico, predominam as amostras efetuadas na floresta alagada (FA). O eixo 2,

por outro lado, agrupou as amostras da coleta 2 e as amostras da coleta 1 (Figura

1). Com exceção da amostra realizada na água aberta do lago Prato, as amostras

da coleta 3 estão situadas na porção central do gráfico.

Local de Coleta Parâmetros de diversidade

S N Biomassa (g) H' Margalef J' Berger-Parker Fonte

Igapó 62 650 66936,2 3,318 9,418 0,8038 0,1631 Presente estudo

Loebens et al., 2016 Água Aberta 37 281 25572,1 2,967 6,385 0,8216 0,1566

Igapó 150 5648 - 3,8 - - - Saint-Paul et al., 2000

Água Aberta 110

Igapó 41 337 - 2,912 - 0,784 - Novares et al., 2012

Água Aberta 30 877 - 2,435 - 0,717 -

33

Figura 8. Ordenação da composição taxonômica utilizando os dois primeiros eixos gerados

pela nMDS para os dados de abundância das amostras de peixes da floresta de igapó e água

aberta. Legenda: Floresta de Igapó (F.I.); Água Aberta (A.A.); coletas (1, 2, 3). FCG1=F. I., C.

Grande, col. 1; FCG2=F. I., C. Grande, col. 2; FCG3=F. I., C. Grande, col. 3; FCP1=F. I., C.

Pequeno, col. 1 FCP2=F.I. C. Pequeno, col. 2; FCP3=F.I. C. Pequeno, col. 3; FA1=F.I., Arraia,

col. 1; FA2=F.I., Arraia, col. 2; FA3=F.I., Arraia, col. 3; FP1=F.I., Prato, col. 1; FP2=F.I., Prato, col.

2; FP3=F. I., Prato, col. 3; ACG1=A.A.; C. Grande, col. 1; ACG2=A.A.; C. Grande, col. 2;

ACG3=A.A.; C. Grande, col. 3; ACP1=A.A.; C. Pequeno, col. 1; ACP2=A.A.; C. Pequeno, col. 12;

ACP3=A.A.; C. Pequeno, col. 3; AA1=A.A., Arraia, col.1; AA2 =A.A., Arraia, col.2; AA3=A.A,

Arraia, col.3; AP1=A.A., Prato, col. 1; AP2=A.A., Prato, col. 3; AP3=A.A., Arraia, col. 3.

Os resultados encontrados na análise evidenciam a importância da floresta

alagada na estruturação das assembleias de peixes. As diferenças encontradas

entre as coletas realizadas durante os períodos de enchente e vazante podem ser

explicadas pelo aumento espacial da área alagada e profundidade dos lagos. A

dinâmica da planície de inundação amazônica é controlada pela variação anual do

nível da água (JUNK et al.,1989). Com a ampliação das áreas marginais além do

aumento no número de hábitats disponíveis para os peixes, ocorre a dispersão e

redistribuição desses organismos nos lagos e no canal principal do rio

(RODRIGUEZ; LEWIS, 1994) sendo a conectividade em planícies de inundação

(LOWE-Mc-CONNELL, 1999) um processo de grande importância para a estrutura

das comunidades de peixes tropicais.

34

6.2 Estrutura trófica das assembleias de peixes da floresta de igapó

Foi analisado o conteúdo estomacal de 533 exemplares pertencentes a 24

espécies do igapó, sendo que desse total, 110 foram classificados como estômagos

vazios (20,64%), 162 como pouco cheios (30,39%), 52 como frequente (9,76%), 70

como cheios (13,13%) e 139 como distendidos (26,08%). Ressalta-se a presença de

material digerido que apesar de não ser considerado como item para o presente

estudo participa como porção alimentar encontrada nos estômagos durante as

análise do grau de repleção.

Os resultados das análises dos conteúdos estomacais revelaram uma dieta

diversificada onde os peixes consumiram como itens alimentares principais: insetos

(IN), representados pelos insetos imaturos, larvas, ninfas, e insetos adultos,

fragmentos de insetos não identificados; crustáceos (CR), constituídos por camarões

e caranguejos; microcrustáceos (ZOO), constituídos por cladóceras e copépodos;

peixes (P), constituídos por restos de peixes e escamas; frutos e sementes (FS),

constidos por frutos e sementes, inteiros ou não; e material vegetal (MV),

constituídos por pedaços de folhas, flores e raízes (Apêndice 2).

No estudo, é perceptível a grande quantidade de espécies consumidoras de

frutos e sementes pertencentes às famílias Arecaceae, Myrtaceae, Poaceae,

Burseraceae e Lecythidaceae e também, por insetos pertencentes às ordens

Hymenoptera, Coleoptera, Hemiptera, Diptera, Lepidoptera. Isso se deve ao fato da

frutificação das árvores ocorrer durante o período das cheias (GOULDING, 1980) e

da floresta alagada apresentar grande oferta de invertebrados, que são fonte rica em

proteínas (ADIS, 1997; JUNK et al., 1997; GOULDING, 1980; ZAVALA-CAMIN,

1996), sendo a presença de arbustos e árvores o substrato para esses organismos

(ADIS, 1997).

As florestas alagadas de água branca e preta se apresentam visualmente

parecidas (PRANCE, 1980), entretanto as várzeas são abundantes em frutos

carnosos e em quantidade produzida (SAINT-PAUL et al., 2000) e os igapós muito

mais ricos na produção de invertebrados. Isso pode ser observado no presente

estudo, uma vez que a grande maioria das espécies analisadas apresentaram o item

insetos em sua alimentação (Apêndice 2).

Ao contrário do período de águas baixas, onde o alimento se torna mais

escasso e com isso os organismos tendem a se alimentar de itens não comumente

35

encontrados em sua dieta durante o período de águas altas e formação de florestas

alagadas apresentam uma maior disponibilidade de itens no meio, demonstrando

suas preferências alimentares (GOULDING, 1980). Essa condição, aliada a

otimização dos ganhos energéticos, demonstra a grande interação dos organismos

com o meio.

Apesar de consumirem seus itens preferenciais, a diversidade de itens

encontrados na alimentação dos peixes provavelmente deve-se ao fato de sua

grande adaptação trófica (LOWE-McCONNELL., 1999). Isso demonstra um alto grau

de generalismo, de versatilidade alimentar e elevada plasticidade trófica nas

espécies tropicais (ABELHA et al., 2001; DEUS; PETRERE-JUNIOR, 2003),

conforme evidenciado em estudos realizados em ambientes tropicais com a

presença de rios sazonais (GOULDING, 1980; LOWE-McCONNELL, 1999;

SANTOS; FERREIRA, 1999; CLARO-Jr., 2003; ANJOS, 2007; PEREIRA, 2010).

A partir do cálculo do Índice de Importância Alimentar (%) (IAi), as 24

espécies foram agrupadas em categorias, segundo Zavala-Camin (1996), de acordo

com o regime alimentar sendo definidas em carnívoras(ingerem principalmente itens

de origem animal), piscívoras (ingerem principalmente peixes), insetívoras (ingerem

principalmente insetos), frugívoras (ingerem principalmente frutos e sementes),

onívoras (ingerem alimentos de origem animal e vegetal), herbívoras (ingerem

alimentos de origem vegetal) e zooplanctívoras (ingerem microrganismos de origem

animal ou zooplâncton) (Apêndice 2).

A categoria dos piscívoros apresentou o maior número de espécies (29,17%),

seguidas dos insetívoros (20,00%) e herbívoros (16,67%) (Figura 9). Os insetívoros

apresentaram a maior abundância (28,89%), seguida dos piscívoros (26,49%) e dos

onívoros (22,33%) (Figura 9). Apesar disso, a dieta de 38 espécies com 191

indivíduos não pode ser determinada, uma vez que apresentaram poucos indivíduos

coletados e estômagos analisados, inviabilizando assim uma conclusão confiável.

36

Figura 9. Frequência relativa (%) das categorias tróficas encontradas para as espécies

analisadas pertencentes a floresta de igapó do PARNA Anavilhanas.

A variação de espécies presentes nas guildas tróficas pode ser explicada pela

alta disponibilidade de determinados recursos no ambiente e pelo fato de alguns

recursos serem mais explorados pelos organismos ali presentes (ABELHA et al.,

2001).

A espécie mais abundante representante da guilda dos carnívoros foi o apapá

P. flavipinnis, alimentando-se de insetos, camarão e peixes e apresentando uma

forte tendência a insetivoria (69,52%) (Figura 10). Moreira-Hara et al. (2009) em

estudo sobre a alimentação da espécie em áreas alagadas da Amazônia Central,

demonstrou o elevado consumo de peixes e insetos e atividade alimentar maior

durante o período da cheia.

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00 F

req

uên

cia

Rela

tiv

a(%

)

Abundância

Riqueza

37

Figura 10. Índice de importância alimentar (IAi%) para a espécie carnívora mais abundante P.

flavipinnis.

O cangati T. intermedia apresentou o IAi de 98,37% para insetos das ordens

Hymenoptera e Coleoptera bem como restos de insetos e ovos não identificados, o

também cangati A. longimanus com de 94,53% para insetos das ordens

Hymenoptera, Hemiptera e Lepidoptera, e a sardinha-comprida T. elongatus

apresentando insetos das ordens Lepidoptera e Hymenoptera, bem como restos de

insetos não identificados (71,92%) caracterizam-se como as espécies mais

abundantes pertencentes a guilda dos insetívoros, respectivamente. (Figura 11).

Figura 11. Índice de importância alimentar (IAi%) para as espécies insetívoras mais

abundantes T. intermedia, T. elongatuse A. longimanus.

As sardinhas geralmente são espécies onívoras alimentando-se de itens

abundantes disponíveis, como já foi observado para mesma espécie por Almeida

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

Insetos Camarão Peixe Material vegetal

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

Insetos Camarão Peixe Material vegetal

Frutos/ sementes

T. intermedia

T. elongatus

A. longimanus

38

(1984) e para T. albus por Ferreira et al. (1998). As diferenças encontradas para a

mesma espécie ocorrem pela grande plasticidade tróficas dos peixes tropicais

(ABELHA et al., 2001)

A principal representante da categoria trófica de onívoros foi o cubiu H.

immaculatus onde constatou-se a presença de vários itens tanto de origem vegetal

como animal (Figura 12). Dentre o item insetos, sendo o mais representativo com

50,46%, destacam-se os insetos das ordens Hymenoptera, Coleoptera, Hemiptera e

Diptera. Isso demonstra uma forte tendência à insetivoria, entretanto a espécie não

foi caracterizada como tal uma vez que a presença de frutos e sementes e material

de origem vegetal foi evidenciada nas análises. Freitas (2008), em estudo sobre a

composição da dieta de peixes do lago Prato no arquipélago de Anavilhanas durante

a seca, classificou a espécie como insetívora. A presença de mais itens na dieta da

espécie pode ser determinada pelo aumento na quantidade de recursos alimentares

no meio.

Figura 12. Índice de importância alimentar (IAi%) para a espécie onívora mais abundante H.

immaculatus.

A espécie mais representativa na guilda trófica dos piscívoros foi a piranha

preta S. rhombeus que apresentou valores elevados para o item alimentar peixe

(76,77%) com a presença de escamas ctenóides e ciclóides e restos de peixe,

alguns identificados como pertencentes à ordem Siluriformes (Figura 13). A

presença do ofídio Hrydops cf.martii (Colubridae) provavelmente é ocasional uma

vez que cobras não são itens normalmente encontrados na alimentação de peixes.

As espécies piranha-branca S. gouldingi e mandubé A. polystictus foram a segunda

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

Insetos Crustáceos Material vegetal Frutos/ sementes

39

e terceira apresentando 73,34% e 81,82% pra o item peixes, respectivamente

(Figura 14).

Figura 13. Índice de importância alimentar (IAi%) para as espécies piscívoras mais abundantes

A. polystictus, S. gouldingi e S. rhombeus.

A espécie Pristobrycon sp., apresentou uma grande quantidade de frutos e

sementes com o IAi (%) de 94,07%. Foram encontrados em menor quantidade os

itens peixe, material digerido, material vegetal, insetos e camarão. Com isso, ela foi

caracterizada como a única espécie representante pertencente à guilda dos

frugívoros.

Entre os serrasalmídeos ocorre a preferência pelas nadadeiras das presas

(GOULDING, 1980), entretanto, existe também consumo de outros itens como

peixes inteiros, frutos, vegetais e invertebrados (GOULDING, 1980; LEÃO et al.,

1991).

A espécie mapará H. edentatus foi a principal representante da guilda dos

zooplanctívoros. Em sua alimentação foram encontrados cladóceros das famílias

Bosminidae e Daphiniidae, que constituem o zooplânctone em pequenas

quantidades, material vegetal, frutos e sementes e insetos (Figura 14). Previattelli e

Santos-Silva (2011), em estudo realizado no lago Tupé, apontam a grande presença

de cladóceros na alimentação desses organismos. A presença de itens alimentares

como insetos e material de origem vegetal também foi evidenciado por Carvalho

(1980), em estudo realizado no lago do Castanho, sendo associado a predação dos

insetos nas raízes das macrófitas. Uma vez que a espécie apresenta rastros

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

A. polystictus

S. gouldingi

S. rhombeus

40

branquiais longos e numerosos e ausência de dentes é classificada como uma

espécie planctófaga segundo Nikolsky (1963) e Carvalho (1980).

Figura 14, Índice de importância alimentar (IAi%), para a espécie zooplanctívora mais

abundante H. edentatus.

Na guilda dos herbívoros as espécies de pacú M. hysauchen e M. asterias se

destacam por apresentarem em sua alimentação 86,04% e 75,04% para material de

origem vegetal, respectivamente (Figura 15). Segundo Barthem e Goulding (2007),

os pacús normalmente apresentam características onívoras e tem preferências por

frutos e sementes.

Figura 15. Índice de importância alimentar (IAi%), para as espécies herbívoras mais

abundantes M. hypsauchen e M. asterias.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

Zooplâncton Material vegetal Frutos/ sementes

Insetos

0,00

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20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

Material vegetal

Frutos/ sementes

Insetos

M. hypsauchen

M. asterias

41

Através da analise de agrupamento, constatamos que a composição da dieta

dividiu as espécies em seis guildas tróficas. O primeiro grupo formado por

Pristobryconsp., o segundo formado por H. edentatuse H. fimbriatus, o terceiro

formado por L. fasciatus, H. immaculatus, H. marginatus, P. flavipinnis, T. elongatus,

A. longimanus, T. angulatus, B. alburmoidese T. intermédia, o quarto formado por L.

taeniata, M. hypsauchen, M. asterias, P. trimaculatus, o quinto formado por S.

eigenmannie o sexto formado por P. squamosissimus, R. vulpinus, A. microlepis, A.

ucayalensis, S. gouldingi, A. polytictus e S. rhombeus (Figura 16).

Figura 16. Dendrograma da similaridade da dieta dos peixes analisados com valores de IAi (%)

presentes na floresta de igapó do PARNA Anavilhanas.

42

As espécies evidenciadas no terceiro grupo provavelmente foram agrupadas

de tal forma na análise, pela proximidade na alimentação uma vez que fazem parte

da grande categoria dos carnívoros. Entretanto, durante a categorização foram

agrupadas em carnívoros, insetívoros e onívoros pela distribuição dos valores

encontrados de IAi (%).

A espécie S. eigenmanni foi classificada como onívora pelo presente estudo,

porém diferenciando-se das outras alocadas na mesma categoria (onívora) por sua

tendência a piscivoria sendo o provável motivo de ter sido alocada individualmente

na análise, porém próxima às espécies consideradas plenamente piscívoras.

O mapará H. marginatus, foi classificado como insetívoro, apesar de sua

semelhança com as outras espécies do mesmo gênero e que foram classificadas em

zooplanctívoras, pela presença elevada do item insetos em sua alimentação.

Ressalta-se que os estômagos analisados apresentavam grande quantidade de

material digerido e que sendo retirado da análise podem ter influenciado no

resultado encontrado.

A oferta de alimentos nas regiões tropicais é regulada pelo pulso de

inundação (ZAVALA-CAMIN, 1996). As espécies onívoras aproveitam grande

variedade de alimentos disponíveis em diversos locais e com isso são favorecidas

em épocas de cheia. A presença de insetívoros, carnívoros e onívoros com

tendências a piscivoria e insetivoria deve-se ao fato da utilização dos ambientes

alagados por predadores, provavelmente para acompanharem a migração lateral

das presas. Outro fato que pode ser levado em consideração é que as malhadeiras

são altamente seletivas a organismos que se movimentam com frequência em busca

das presas. Espécies predadoras controlam a abundância de muitas espécies de

pequeno e médio porte, mantendo-as em níveis que não possam causar um colapso

no ambiente (JANZEN, 1970; PAYNE, 1966) e estão presentes em grandes

quantidades em estudos de estrutura de comunidades (SAINT-PAUL et al., 2000;

CLARO-Jr., 2007; FERREIRA, 1998). Com isso, demonstra-se a importância da

piscivoria em sistemas tropicais (RODRIGUEZ; LEWIS 1997; SÚAREZ et al. 2001).

Segundo proposto por Welcomme (1985), a coexistência de espécies,

pertencentes a diferentes guildas tróficas, demonstra adaptações das mesmas para

utilização do mesmo ambiente. Além disso, como encontrado por Claro-jr et al.

(2004), em estudo sobre o efeito da floresta alagada em espécies onívoras no

43

sistema Solimões/Amazonas, a determinação da estrutura trófica pode fornecer

informações sobre a ecologia das mesmas.

7. CONCLUSÕES

A estrutura das assembleias de peixes encontradas no ambiente de floresta

de igapó do PARNA Anavilhanas é formada por ordens de peixes esperadas para a

bacia Amazônica e, ambientes de água preta, com dominância de Characiformes,

seguida de Siluriformes.

A elevada presença de espécies, apesar do baixo número de indivíduos

distribuídos, demonstra a grande riqueza presente no igapó, sendo necessários mais

estudos voltados para esse ambiente.

A riqueza de espécies provavelmente é maior do que o encontrado no

presente trabalho principalmente se um esforço de pesca maior for empregado.

Os resultados encontrados demonstram que na zona de transição aquático-

terrestre (ATTZ) existe uma maior diversidade de organismos que provavelmente

estão explorando este ambiente para abrigo e alimentação.

A composição alimentar das assembleias de peixes presente na floresta de

igapó é diversificada e reflete a importância desse habitat para a manutenção da

biota aquática.

As principais guildas encontradas foram insetívoras, carnívoras e onívoras.

Isso demonstra a relação dos organismos com a floresta uma vez que esta possui

grande quantidade de itens disponíveis principalmente de insetos e frutos, além da

elevada presença de presas que adentram o igapó em busca de alimento.

44

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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55

APÊNDICE

Apêndice 1. Espécies capturadas nos períodos de enchente e vazante de 2014 e enchente de 2015 em lagos do PARNAAnavilhanas.

Tabela taxonômica

Canauiri Pequeno Canauiri Grande Arraia Prato

TOTAL Igapó

Água aberta

Ordem, Família, Nome científico, Autor N Peso (g) N Peso (g) N Peso (g) N Peso (g) N Peso (g) N N

CLUPEIFORMES

Pristigasteridae

Pellona flavipinnis (Valenciennes, 1837) 7 736,9 4 720,8 8 646,9 15 1351,3 34 3455,9 15 19

Ilisha amazonica(Miranda Ribeiro, 1920) 1 42,6 0 0,0 2 104,3 1 37,6 4 184,5 4 0

Engraulidae

Lycengraulis batesii(Günther, 1868) 1 7,7 1 9,1 0 0,0 0 0,0 2 16,8 1 1

CHARACIFORMES

Acestrorhynchidae

Acestrorhynchus microlepis(Jardine, 1841) 4 314,4 2 333,9 1 22,9 1 33,3 8 704,5 8 0

Characidae

Chalceus erythrurus (Cope, 1870) 1 68,7 1 168,3 0 0,0 0 0,0 2 237,0 2 0

Ctenobrycon hauxwellianus (Cope, 1870) 1 10,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 10,1 1 0

Poptella compressa (Günther, 1864) 0 0,0 2 11,6 0 0,0 1 6,9 3 18,5 3 0

Tetragonopterus chalceus Spix&Agassiz, 1829 1 21,0 2 55,1 0 0,0 0 0,0 3 76,1 3 0

56

Ctenoluciidae

Boulengerella lucius (Cuvier, 1816) 1 106,6 0 0,0 1 155,1 1 179,7 3 441,4 1 2

Cynodontidae

Cynodon gibbus (Agassiz, 1829) 1 16,9 1 71,8 0 0,0 2 177,7 4 266,4 4 0

Rhaphiodon vulpinus Spix & Agassiz, 1829 0 0,0 5 1351,8 1 421,7 6 1600,4 12 3373,9 9 3

Iguanodectidae

Bryconops alburnoides Kner, 1858 4 157,8 5 145,9 3 90,3 7 266,0 19 660,0 10 9

Bryconidae

Brycon melanopterus (Cope, 1872) 0 0,0 2 555,1 0 0,0 1 200,9 3 756,0 3 0

Brycon pesu Müller &Troschel, 1845 0 0,0 3 110,1 0 0,0 0 0,0 3 110,1 2 1

Serrasalmidae

Serrasalmus gouldingi (Fink& Machado-Allison, 1992) 7 704,7 9 666,0 10 1106,9 7 702,4 33 3180,0 27 6

Serrasalmus elongatus Kner, 1858 1 61,8 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 61,8 0 1

Serrasalmus hastatus Fink & Machado-Allison, 2001 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 119,0 1 119,0 1 0

Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766) 41 1895,6 33 4105,4 16 2269,3 13 1755,9 103 10026,2 60 43

Metynnis hypsauchen (Müller &Troschel, 1844) 6 407,1 4 454,5 5 312,2 2 162,6 17 1336,4 17 0

Serrasalmus eigenmanni Norman, 1929 0 0,0 0 0,0 0 0,0 9 407,6 9 407,6 9 0

Metynnis argenteus Ahl, 1923 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 82,4 1 82,4 1 0

Metynnis sp 2 159,3 1 77,1 0 0,0 2 151,8 5 388,2 5 0

Myleus asterias (Müller &Troschel, 1844) 1 265,0 5 1091,5 0 0,0 10 1947,3 16 3303,8 16 0

Pristobrycon sp. 4 446,1 9 831,3 8 842,4 10 1189,4 31 3309,2 27 4

Hemiodontidae Argonectes longiceps (Eigenmann, 1912) 0 0,0 2 171,8 0 0,0 0 0,0 2 171,8 1 1

57

Anodus elongatus Agassiz, 1829 10 1014,4 4 249,0 0 0,0 0 0,0 14 1263,4 2 12

Hemiodus atranalis (Fowler, 1940) 0 0,0 0 0,0 1 15,5 0 0,0 1 15,5 1 0

Hemiodus immaculatus Kner, 1858 55 2922,1 12 817,8 10 718,6 73 3668,6 150 8127,1 106 44

Hemiodus unimaculatus (Bloch, 1794) 3 111,9 3 271,9 2 108,9 3 137,0 11 629,7 6 5

Triportheidae

Triportheus angulatus (Spix & Agassiz, 1829) 2 175,3 1 71,2 1 77,4 9 631,7 13 955,6 12 1

Triportheus elongatus (Günther, 1864) 10 447,4 17 1467,2 5 588,0 1 93,1 33 2595,7 28 5

Agoniates halecinus Müller &Troschel, 1845 2 83,2 0 0,0 5 148,2 8 294,6 15 526,0 3 12

Anostomidae

Anostomoides laticeps(Eigenmann, 1912) 5 946,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0 5 946,6 5 0

Laemolyta taeniata (Kner, 1858) 4 241,2 8 881,0 3 127,3 4 472,1 19 1721,6 14 5

Leporinus fasciatus (Bloch, 1794) 2 175,1 5 967,1 2 555,9 1 203,7 10 1901,8 9 1

Pseudanos trimaculatus (Kner, 1858) 1 74,9 3 80,2 4 122,8 0 0,0 8 277,9 7 1

Prochilodontidae

Semaprochilodus insignis (Jardine, 1841) 0 0,0 0 0,0 1 355,1 0 0,0 1 355,1 1 0

Semaprochilodus taeniurus (Valenciennes, 1821) 0 0,0 5 1083,4 2 479,8 0 0,0 7 1563,2 3 4

Curimatidae Cyphocharax abramoides (Kner, 1858) 1 96,7 0 0,0 3 244,4 1 130,3 5 471,4 4 1

SILURIFORMES

Loricariidae

Ancistrus dolichopterus Kner, 1854 0 0,0 1 17,8 0 0,0 0 0,0 1 17,8 1 0

Dekeyseria scaphirhyncha (Kner, 1854) 1 56,4 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 56,4 0 1

58

Pimelodidae 0 0,0

Pimelodina flavipinnis (Steindachner, 1877) 0 0,0 1 468,0 3 815,8 1 600,2 5 1884,0 5 0

Hypophthalmus marginatus (Valenciennes, 1840) 8 893,8 2 339,7 9 1515,1 8 1477,5 27 4226,1 11 16

Hypophthalmus fimbriatus (Kner, 1858) 1 121,1 6 723,5 2 276,4 7 850,9 16 1971,9 10 6

Hypophthalmus edentatus (Spix & Agassiz, 1829)

8 906,1 1 87,9 23 2921,7 9 1176,0 41 5091,7 20 21

Brachyplatystoma platynemum Boulenger, 1898 0 0,0 1 148,3 0 0,0 0 0,0 1 148,3 1 0

Pinirampus pirinampu (Spix &A gassiz, 1829) 2 264,6 9 4026,1 2 671,1 1 55,1 14 5016,9 5 9

Sorubim lima (Bloch & Schneider, 1801) 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 50,9 1 50,9 0 1

Auchenipteridae Auchenipterus nuchalis (Spix & Agassiz, 1829) 0 0,0 2 50,7 0 0,0 3 106,4 5 157,1 2 3

Auchenipterichthys longimanus (Günther, 1864) 20 666,5 31 950,5 15 498,5 33 1136,0 99 3251,5 80 19

Centromochlus macracanthus (Soares-Porto de 2000) 0 0,0 2 73,5 0 0,0 2 31,4 4 104,9 2 2

Ageneiosus polystictus Steindachner, 1915 0 0,0 11 3342,9 10 2277,1 7 1517,4 28 7137,4 18 10

Ageneiosus ucayalensis Castelnau, 1855 3 89,2 4 445,4 5 187,2 4 201,3 16 923,1 8 8

Ageneiosus vittatus Steindachner, 1908 1 9,0 1 9,8 0 0,0 0 0,0 2 18,8 1 1

Tatia intermedia (Steindachner, 1877) 6 89,3 7 110,4 3 51,0 3 59,9 19 310,6 18 1

Doradidae

Astrodoras asterifrons (Kner, 1853) 1 1,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 1,9 1 0

Trachydoras nattereri (Steindachner, 1881) 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 8,4 1 8,4 1 0

PERCIFORMES

Sciaenidae Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) 5 633,1 6 2263,1 5 1258,0 1 166,0 17 4320,2 15 2

Cichlidae

59

Geophagus proximus (Castelnau, 1855) 2 385,7 1 167,8 1 186,8 0 0,0 4 740,3 4 0

Cichla temensis Humboldt, 1821 1 412,0 1 51,6 2 195,3 1 66,7 5 725,6 4 1

Cichla monoculus Agassiz, 1831 0 0,0 0 0,0 1 86,1 2 850,8 3 936,9 3 0

Heros efasciatus Heckel, 1840 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 178,4 1 178,4 1 0

Heros severus Heckel, 1840 1 161,8 0 0,0 0 0,0 1 126,3 2 288,1 2 0

Mesonauta festivus (Heckel, 1840) 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 17,8 1 17,8 1 0

Uaru amphiacanthoides Heckel, 1840 1 237,6 0 0,0 1 185,1 2 452,5 4 875,2 4 0

TOTAL 240 16639,2 236 30096,9 176 20639,1 279 25133,2 931 92508,4 649 282

60

Apêndice 2. Número de estômagos analisados por indivíduo, Índice de importância alimentar (IAi) e guilda trófica encontrada para as 24 espécies

analisadas pertencentes a floresta de igapó dos quatro lagos do PARNA Anavilhanas. IN = insetos; P = peixes; FS = frutos/sementes; MV =

material vegetal; MD = material digerido; CR = crustáceos; RE = reptéis; ZOO = zooplâncton.

Espécie N Índice de Importância alimentar (%)

Guilda trófica IN P FS MV CR RE ZOO

Pellona flavipinnis 15 69,52 8,81 0,00 4,87 16,80 0,00 0,00 carnívora com

tendência a insetivoria

Pristobrycon sp. 27 2,23 9,02 84,07 4,55 0,09 0,00 0,00 frugívora

Laemolyta taeniata 14 0,00 0,00 1,62 98,38 0,00 0,00 0,00 herbívora

Metynnis hypsauchen 16 13,96 0,00 0,00 86,04 0,00 0,00 0,00 herbívora

Myleus asterias 16 0,52 0,00 24,44 75,04 0,00 0,00 0,00 herbívora

Pseudanos trimaculatus 7 0,00 18,18 9,09 72,73 0,00 0,00 0,00 herbívora

Auchenipterichthys longimanus 80 94,53 0,04 5,40 0,03 0,00 0,00 0,00 insetívora

Bryconops alburnoides 10 97,30 2,70 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 insetívora

Hypophthalmus marginatus 8 72,41 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 27,59 insetívora

Tatia intermedia 17 98,37 0,00 0,00 0,81 0,81 0,00 0,00 insetívora

Triportheus angulatus 11 96,20 0,00 1,19 2,61 0,00 0,00 0,00 insetívora

Triportheus elongatus 28 71,92 0,00 21,06 7,02 0,00 0,00 0,00 insetívora

Leporinus fasciatus 8 53,73 7,46 0,00 34,83 3,98 0,00 0,00 onívora

Hemiodus immaculatus 102 50,46 0,00 9,06 16,28 24,19 0,00 0,00 onívora com tendência

a insetivoria

Serrasalmus eigenmanni 9 0,00 60,98 0,00 39,02 0,00 0,00 0,00 onívora com tendência

a piscivoria

Acestrorhynchus microlepis 8 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 piscívora

Ageneiosus polystictus 17 9,09 81,82 0,00 0,00 9,09 0,00 0,00 piscívora

Ageneiosus ucayalensis 8 0,00 100,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 piscívora

Plagioscion squamosissimus 15 0,35 97,89 0,00 0,00 1,75 0,00 0,00 piscívora

Rhaphiodon vulpinus 8 1,27 98,73 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 piscívora

61

Serrasalmus gouldingi 26 3,42 73,34 22,30 0,00 0,94 0,00 0,00 piscívora

Serrasalmus rhombeus 59 12,56 76,77 6,74 3,24 0,63 0,06 0,00 piscívora

Hypophthalmus edentatus 16 0,20 0,00 7,89 35,90 0,00 0,00 56,02 zooplanctívora

Hypophthalmus fimbriatus 8 0,77 0,00 7,89 3,85 9,23 0,00 86,15 zooplanctívora