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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO FRANCISCA GERUZA GADELHA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁFACULDADE DE EDUCAÇÃO

FRANCISCA GERUZA GADELHA

O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Fortaleza2011

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FRANCISCA GERUZA GADELHA

O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará como requisito do Curso de Especialização lato sensu Formação Continuada de Professores para o Atendimento Educacional Especializado para obtenção do título de especialista em atendimento educacional especializado.

Orientadora: Profª. Dra. Marlene Nunes Damasceno

Fortaleza2011

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FRANCISCA GERUZA GADELHA

O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Este exemplar corresponde à redação final aprovada do Trabalho de Conclusão de Curso de FRANCISCA GERUZA GADELHA.

Data da aprovação: ___/09/2011

Assinatura:___________________________________________

Orientadora: Profª. Dra Marlene Nunes Damasceno

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Dedicatória

Dedico esse trabalho a meus netos Anderson, pelas contribuições dadas no

lidar com a máquina, sem as quais eu não teria conseguido acompanhar a dinâmica

do curso e a João Victor, pois através de seu nascimento pude compreender melhor

a Graça das mães de filhos com deficiência .

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por ter proporcionado a oportunidade de fazer o presente

curso e à Maria Luiza de Lima por ter a disponibilidade de abrir particularidades de

sua vida e relacionamento com a família para que fosse possível a realização do

presente trabalho e particularmente por confiar em minha ação pedagógica, motivo

pelo qual, segundo ela permitiu que o filho fosse analisado.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

Resumo

O estudo de caso foi realizado em escola de ensino comum sobre o

desenvolvimento da aprendizagem de aluno com deficiência intelectual, público-alvo

da educação especial. O aluno em questão tem 09 anos de idade, cursa o 3º ano do

ensino fundamental e apresenta sérias dificuldades de aprendizagem e socialização.

O objetivo do presente trabalho é apresentar o estudo do caso para elaborar

um plano de atendimento educacional especializado que atenda as necessidades

específicas do aluno observado de modo que possa transpor as barreiras

encontradas pela limitação do aluno e participar das atividades escolares de forma

autônoma e independente.

A metodologia utilizada teve como base na aprendizagem colaborativa em

rede - ACR baseadas nas situações do cotidiano escolar, ou seja, o estudo foi

dividido por semana, em que a cada semana iam se cumprindo as etapas que eram:

proposição do caso em encontro presencial e discussão do problema, solução e

socialização do problema, elaboração do plano de atendimento educacional

especializado e socialização do plano de AEE, essas, toas à distância.

O caso em estudo teve como procedimento a proposição do caso, análise e

clarificação do caso em que o aluno foi observado nos três ambientes escolares,

sala de ensino comum, sala de recurso multifuncional e no contexto familiar.

Cumpridas essas etapas, procedeu-se o estudo bibliográfico a reseito da deficiência

abordada e a seguir a elaboração do plano de AEE.

O plano de AEE construído para Lucas identifica a natureza do problema, traça

objetivos, seleciona atividades para serem trabalhadas com o aluno durante os

atendimentos, avalia o desenvolvimento do aluno no contexto escolar e

redimensiona o plano caso haja necessidade.

Palavras-chave: Atendimento Educacional Especializado.Educação Especia. Escola

de ensino comum.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

Introdução

Como profissional da educação especial acredito na potencialidade dos

alunos que encontram barreiras educacionais para desenvolver e adquirir uma vida

autônoma. Sou professora de AEE – Atendimento Educacional Especializado há

quatro anos em uma escola municipal de Fortaleza na qual a cada dia encontro um

novo desafio na articulação com professoras de sala de aula comum, coordenadoras

e família, com o objetivo da efetivação da inclusão educacional.

A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação

Inclusiva que tem como objetivo assegurar a inclusão de alunos com deficiências,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, constitui uma proposta

educacional que garante e reconhece o direito de todos os alunos de compartilhar

um espaço escolar sem discriminação.

A realização do curso de Especialização Formação Continuada Para

Professores Em Atendimento Educacional Especializado (AEE) vem complementar

os conhecimentos sobre esse tema. O presente trabalho é resultado de pesquisa

bibliográfica e observação no contexto escolar com o objetivo de elaborar um plano

de AEE embasado nas Aprendizagens Colaborativas em Rede - ACR baseado em

situações do cotidiano escolar.

1. Proposição de um caso

Lucas, nascido aos 14/04/2002 em Fortaleza-CE. Com nove anos fez uma

avaliação terapêutica que indicou déficit cognitivo. Apresenta fala, porém esta não é

coerente com a comunicação, com perguntas e respostas sem correspondência.

Na escola, o aluno cursa o 3º ano do ensino fundamental, no turno

manhã. Apresenta dificuldade de aprendizagem severa, não conseguindo superar os

desafios impostos pela vida escolar tais como: aprender os números ou o nome das

cores ou mesmo fazer um desenho, atualmente, está iniciando a cópia do primeiro

nome. Ele diz ter um sonho que é aprender a ler e escrever, mas segundo a

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

professora não se concentra em sala de aula e fala sem controle. Nas atividades em

sala a professora continua adaptando atividades, pois o aluno não consegue realizar

o proposto em sala. Suas principais barreiras são falta de memória de curto prazo,

atenção e percepção, e apesar dos esforços empreendidos seu avanço tem sido

irrelevante segundo sua professora. O aluno gosta de frequentar a escola, tem

comportamento amável com os adultos, mas apesar disso não tem amigos, pois fala

sem controle aborrecendo os colegas que em consequência o rejeitam e batem nele.

Na sala do AEE, o aluno evolui lentamente, às vezes consegue identificar

as cores exercendo certa autonomia na gestão do pensamento, pois utiliza

estratégias para lembrar o nome das cores. Consegue com muita dificuldade e

mediação, comparar letras iguais sem, no entanto reconhecê-las, quanto aos jogos

tenta burlar as regras e tem dificuldade se concentrar em qualquer atividade.

Quando apresentado a jogos ou brincadeiras que contenham figuras, ou

mesmo jogo no computador, inicialmente ele se prende aos detalhes desviando a

atenção do geral, não se concentra em nenhuma proposta de trabalho por mais de

cinco minutos e quer trocar constantemente de atividade. Atualmente, percebe-se

que mesmo tendo condições de realizar a atividade, insiste em voltar atrás, a

professora de sala de aula comum relatou ter a mesma impressão. O aluno participa

de todas as atividades escolares, contudo demonstra medo e insegurança.

A família, composta pela mãe, padrasto, avó e tio maternos, que embora

não residam na mesma casa interferem bastante de forma negativa na vida do aluno

chegando até a agredi-lo física e psicologicamente. A mãe nutre expectativa de que

o filho com o tempo e tratamento terá uma aprendizagem satisfatória, contudo as

professoras não têm esse mesmo pensamento e não acreditam no potencial do

aluno.

2. Análise e Clarificação do Problema

Para desenvolver o plano de Atendimento Educacional Especializado, é

necessário avaliar o aluno para que o professor conheça suas particularidades. A

avaliação alcança três ambientes principais onde o aluno está inserido: sala de

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

recursos multifuncionais, sala de aula e família. Esta avaliação visa recolher

informações sobre o desenvolvimento intelectual e funcionamento cognitivo; a

expressão oral; o meio ambiente; as aprendizagens escolares; o desenvolvimento

afetivo-social as interações sociais; os comportamentos e atitudes em situação de

aprendizagem e o desenvolvimento psicomotor do aluno.

2.1 Encontro com a família

Em conversas realizadas com a mãe por um período de mais de três anos

em busca de minimizar as dificuldades encontradas por ele na escola obteve-se

informações de que ela foi abandonada pelo então namorado durante a gestação e

sofreu muito, pois já vivenciava rejeição por parte da sua mãe. A mãe do aluno relata

que sofreu espancamento por parte de sua mãe durante a gravidez e que após o

parto a rejeição sofrida por ela se estendeu para a criança.

Muito cedo ela percebeu que Lucas era uma criança que necessitava de

cuidados especiais, pois apresentava tremores nas mãos, demorou a andar e a fala

não era clara, mesmo para uma criança da idade dele. Ao matricular o filho em

escola da rede pública de Fortaleza, a professora percebeu a dificuldade de

aprendizagem e informou à mãe que procurou o Sistema Único de Saúde em busca

inicialmente de uma fonoaudióloga, e em seguida de neuropediatra. Passaram-se

quase três anos e Lucas permanecia em fila de espera.

Somente ao final do ano 2010, o aluno teve acesso à consulta com

neuropediatra, e foi incluído em clínica de atendimento multidisciplinar obtendo laudo

médico como déficit de cognição. Atualmente, a convivência na família se tornou

harmoniosa, a mãe obteve ajuda financeira do pai, pois, somente agora compreende

que é um direito da criança.

Lucas gosta de frequentar a escola e se considera feliz em estar

realizando o tratamento pelo qual tanto esperou, entretanto a criança apesenta-se

ansiosa e agressiva, pois segundo informações colhidas em conversa com a mãe, o

mesmo reencontrou o pai e ela está em processo de separação com o atual

companheiro, com quem o aluno tem fortes laços afetivos. .

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

2.2 Encontro com os professores

Em encontro com a professora de Lucas ficou constatado que ele não

atende as solicitações da professora, segundo ela, o aluno parece não compreender

sua orientação. Também não demonstra interesse em realizar as atividades

propostas, mas já consegue escrever o primeiro nome, às vezes sem modelo, e

reconhece algumas letras que compõem seu nome encontrando-se, portanto no

nível pré-silábico.

Na sala de aula é muito inquieto, tem dificuldade em se concentrar e quer

mudar de atividade e lugar a todo instante, não manifesta percepção e não se

organiza para iniciar as atividades, por isso a professora relatou que retira e abre a

agenda do aluno para que ele inicie a atividade, aborda os colegas, mas

aparentemente não tem consciência do incômodo causado. Não costuma pedir

ajuda a professora na resolução de atividades. Associa-se às crianças mais novas,

tendo em vista não ser aceito pelos mais velhos. Durante o recreio o aluno solicita a

permanência junto às crianças da educação infantil, pois o espaço é separado e

aparentemente ele se sente protegido.

Com base nesse fato, em entrevista com o professor de recreação, ficou

claro que o aluno tem potencial de aprendizagem e autonomia, pois compreende as

solicitações feitas por ele, fica atento à chamada que é realizada de forma ativa, o

que o faz tomar a iniciativa de pegar e separar bolas. O professor informou que o

aluno é atento, dentro dos seus limites. Sua habilidade motora é lenta e com relação

à organização para iniciar atividades a informação é similar a do professor da sala

comum, de que não existe iniciativa por parte do aluno, ele permanece passivo.

2.3 Observações do aluno em sala de aula e nas dependências da escola

A observação em sala de aula demonstra que a professora mesmo se

preocupando com a aprendizagem do aluno, age sob os princípios da pedagogia da

negação, pois diante da atitude contraditória do aluno em classe: irrequieta para com

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os colegas e passiva ante suas solicitações esta vai até a carteira do aluno retira a

agenda da mochila e pede que o mesmo copie da lousa sem obter êxito.

De acordo com Gomes, Poulin e Figueiredo (2010, p.7), “...quando o

professor coloca na mochila do aluno o material necessário para os deveres e para

as lições de casa ou quando resolve a tarefa para o aluno, ele está atuando sob o

princípio da pedagogia da negação”.

O aluno não permanece sentado e pede para sair da sala com a

justificativa de ir ao banheiro muitas vezes durante a aula, todas as solicitações são

atendidas. Essa atitude parece ter relação com a forma em que a professora

organiza a situação de ensino aprendizagem, não favorecendo a criação de

estratégias que ocasionem interesse ao aluno em participar das práticas em sala de

aula, já que seu comportamento durante a aula de recreação é mais ativo e

autônomo.

Durante o recreio ele solicita brincar com os alunos da educação infantil.

A escola permite por compreender que o aluno demonstra sentir-se mais seguro ao

lado de colegas menores. Após observações, percebe-se que o aluno permanece

brincando com os colegas de forma muito tranquila. Não corre ou bate nos colegas.

Ele senta e conversa durante o recreio com crianças que aparentam ser mais

tranquilas.

2.4 Na sala de recursos Multifuncionais

Na sala de AEE, várias avaliações foram realizadas para identificar as

dificuldades e potencialidades do aluno bem como, a sua inquietação na sala de

aula comum. A avaliação da escrita revelou que o aluno se encontra no nível pré-

silábico, pois esta se caracteriza pela cópia das letras do nome que às vezes perde

a noção espacial, ou seja, escrevendo uma letra sobre a outra. A utilização de

alfabeto móvel para comparar com o quadro revelou demasiado tempo para

identificar duas a três letras do seu nome.

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Quanto à avaliação da linguagem oral, observa-se que o aluno não se

apoia na figura para formular uma narrativa, mas sim nos detalhes que fragmentam

a imagem e não consegue formular um discurso coerente. Ao solicitar que o aluno

leia com apoio na imagem ele se retrai, confessa não saber ler e rapidamente muda

de assunto para fugir ao problema.

Para avaliar a motricidade, foi entregue um desenho para pintura. No

inicio o aluno não conseguia obedecer aos limites do desenho, mas atualmente, ele

já consegue, embora não apresente coerência na harmonia das cores. Outra

atividade realizada com o objetivo de avaliar o aluno é o jogo de boliche, a medida

em que as garrafas vão caido solicita-se que o aluno diga a cor da garrafa.

O aluno não apresenta coerência na organização das ideias, sua

linguagem não é articulada e não conta com vocabulário amplo. Ao solicitar que o

aluno reconte uma história lida pela professora de AEE, ele fala coisas que não têm

conexão com o assunto lido, então ao insistir para que ele reconte o que ouviu ele

ignora e continua a falar sem coerência, ou seja, não se apoia na memória.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

3. Fundamentação Teórica

3.1 Marco Histórico da Educação Especial

Ao longo da história da educação a escola se caracterizou pela visão

elitista privilegiando apenas a uma parte da sociedade. A partir da democratização

da escola evidenciou-se o paradoxo inclusão versus exclusão, pois apesar da

universalização do ensino, os sistemas de ensino continuaram excluindo indivíduos

fora dos padrões homogeneizadores da escola (BRASIL,2008).

A partir da visão dos direitos humanos e movimentos sociais a educação

para as pessoas com deficiência organizou-se de forma substitutiva ao ensino

comum ocasionando diferentes compreensões e modalidades que levaram a criação

das escolas especiais e classes especiais (BRASIL,2008). No Brasil o atendimento

as pessoas com deficiência teve início com a criação do Imperial Instituto dos

Meninos cegos, atual Instituto Benjamin Constant e Instituto dos Surdos Mudos,

atual Instituto Nacional da Educação de Surdos (BRASIL,2008).

Durante o século XX foi criado o Instituto Pestalozzi e a Associação dos

Pais e Amigos dos Excepcionais, voltados para o atendimento às pessoas com

deficiência intelectual. No início da década de 60, foi promulgada a primeira Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 4.024 que tratava o

atendimento às pessoas “excepcionais” preferencialmente, dentro do sistema geral

de ensino (BRASIL,2008).

A LDBEN nº 5.692/71 faz referência a “tratamento especial” para “alunos

com deficiências física, mental e alunos com considerável distorção idade/série e

superdotados”, reforçando assim a educação especial de forma paralela à educação

comum gerando o entendimento de que alunos com dificuldades de aprendizagem

eram alunos deficientes mentais treináveis (BRASIL,2008).

A Constituição Federal promulgada em 1988, em seu artigo 205 preconiza

a educação como direito de TODOS. Já no artigo 206, estabelece como um dos

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princípios para o ensino, a igualdade de condições de acesso e permanência na

escola. No artigo 208, preconiza o atendimento educacional especializado como um

dever do Estado. A Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente reforça os

dispositivos legais ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de

matricular seus filhos na rede regular de ensino.” (BRASIL, 1990).

As Leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00 garantem acessibilidade para as

pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Em 2006 é lançado o Plano

Nacional de Direitos Humanos inserindo o Brasil na Década da Educação em

Direitos Humanos e no Plano de Metas Educação para Todos. E em 2007, o Decreto

6.094/07 estabelece diretrizes que garantem acesso e permanência e atendimento

educacional especializado fortalecendo assim a inclusão educacional nas escolas

públicas.

Ainda em 2007, com o avanço do processo de inclusão educacional é

lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, que tem como eixos

dentre outros a formação de professores para a educação especial, a implantação

de salas de recursos multifuncionais, a acessibilidade arquitetônica dos prédios

escolares, acesso e a permanência das pessoas com deficiência na educação

superior e o monitoramento do acesso à escola dos favorecidos pelo Beneficio de

Prestação Continuada – BPC. (BRASIL,2008)

Em 1999, o Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a

Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a

educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e

modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação

especial ao ensino regular.(BRASIL,2008)

Mantoan (2001) e Góes e Laplane (2004) apud Leite e Martins, (2010)

acrescentam que o movimento em prol de uma escola inclusiva não se refere

apenas à inserção do aluno com deficiência no ensino comum, mas inclui o respeito

às diferenças individuais, culturais, sociais, raciais, religiosas, políticas e que

compete à escola comum entender o indivíduo como ser pleno, com talentos a

serem desenvolvidos.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

3.2 A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência,

Transtornos Globais do Desenvolvimento e Superdotação, orientando os sistemas

de ensino para garantir entre outros, acesso e permanência no ensino comum; oferta

do atendimento educacional especializado, promoção da acessibilidade universal, e

a formação de profissionais para o atendimento educacional especializado

(BRASIL,2008).

A Política foi elaborada com base nos acordos e convenções

internacionais as quais o Brasil reconhecendo o direitos de todas as pessoas que se

encontram em situação de exclusão, resolveu segui-los. A Convenção da Guatemala

e a Declaração de Salamanca são exemplo de documentos que influenciaram

diretamente a tomada de decisões que alavancaram o processo de inclusão no

Brasil.

O Decreto nº 3.956/2001, reafirma a Convenção da Guatemala, ao

estabelecer que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e

liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com

base na deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o

exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais.

Para atender aos objetivos da Política, estudos têm sido feitos na área da

educação e direitos humanos e vem promovendo a reestruturação do ensino comum

e especial. Assim o conceito de necessidades especiais desloca o foco da

deficiência exclusivamente do sujeito para a escola e o ambiente. A partir da

compreensão de que os sujeitos se modificam em interação com o ambiente

modificando o contexto no qual se inserem, permitindo uma ação pedagógica

voltada para a atenção às especificidades desses alunos.

3.3 Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

A educação inclusiva é uma proposta educacional que promove a

igualdade e valoriza as diferenças na organização de um currículo flexível, estimula

transformações pedagógicas na escola para atender as necessidades dos alunos

em todo o percurso educacional propondo a emancipação como ponto de partida de

todo o processo educacional.

A educação especial oferta o atendimento educacional especializado,

organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade visando transformar a escola

em um espaço considerando as necessidades de cada aluno com vista à autonomia

e independência. O atendimento educacional especializado assegura a inclusão

educacional disponibilizando meios para o acesso ao currículo que proporcione a

construção da autonomia (Figueiredo, 2010).

O acesso do aluno ao atendimento educacional especializado ocorre a

partir de uma avaliação que possibilite a identificação das potencialidades, bem

como, as dificuldades do aluno para que possa ser construído um plano de

atendimento que contemple estratégias pedagógicas de acesso ao conhecimento

dando assim sustentabilidade à inclusão.

O século XXI exige uma nova escola-inclusiva, dinâmica e radicalmente diferente

(...). Resta ter coragem para deixar de usar a escola como instrumento de

elitização e exclusão do saber. É preciso não ter medo do desafio de ensinar os

excluídos que estão chegando à escola. (Capelini, Rodrigues ,2010 p.24, 25.)

Para alcançar o objetivo de construir uma escola inclusiva, deve-se

abandonar a avaliação tradicionalista e levar em conta uma avaliação educacional

que considere tanto o nível atual como as aprendizagens futuras do aluno, pois, é

uma ação pedagógica e formativa que avalia o aluno em seu processo individual

prevalecendo os aspectos qualitativos que indiquem as intervenções do professor

(Capelini, Rodrigues ,2010).

3.4 O Atendimento Educacional Especializado

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

O AEE é um serviço oferecido preferencialmente na escola regular de

ensino, em sala multifuncional que é um espaço equipado e organizado com

materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação

específica, visa o atendimento aos alunos da escola e os das escolas vizinhas. Os

atendimentos devem ser realizados em período inverso ao da sala de aula comum,

tem caráter complementar ou suplementar à educação escolar.

O atendimento educacional especializado oferecido nas salas de recursos

multifuncional é organizado pelos sistemas educacionais de ensino para acolher a

diversidade ao longo do processo educativo. Dentre as atividades específicas

desenvolvidas no atendimento educacional especializado se destacam o ensino de

Libras, o sistema Braille e o Soroban, a comunicação alternativa e o enriquecimento

curricular.

O Atendimento Educacional Especializado visa a superação dos limites

intelectuais, físicos e sensoriais, busca através de produção de materiais

pedagógicos pelo professor de AEE a autonomia e independência da pessoa com

deficiência. “Visa especialmente, o acesso ao conhecimento, permitindo o sujeito

sair de uma posição passiva e automatizada diante da aprendizagem para o acesso

e apropriação ativa do próprio saber.” (Figueiredo,2010,p.52).

Ainda segundo Figueiredo (2010)

A concretização da política de inclusão se expressa pela criação de salas

multifuncionais nas escolas públicas brasileiras, por uma política de

formação de professores em Atendimento Educacional Especializado

(...)bem como pela transformação das práticas pedagógicas e da gestão

escolar nas redes de ensino.(Figueiredo,2010,p.54).

Apesar da implementação do Projeto Educar na Diversidade em 2006,

com o objetivo de sensibilização para transformação das práticas pedagógicas

visando a construção de uma escola inclusiva, o referido projeto tornou-se

ineficiente, haja vista, o insignificante número de escolas atendidas e a rotatividade

de profissionais que se encontram nas salas de aula, pois, compreende-se que,

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

sensibilização demanda determinado tempo para que ocorram as mudanças

atitudinais esperadas(Duk,2006).

3.5 A gestão da Escola

A gestão deve promover mudanças no sentido de congregar toda a

equipe de professores na resolução de conflitos e para que o grupo possa participar

dos projetos da escola e na tomada de decisões, tornando a escola um espaço

participativo e democrático. Hines (2008) apud Figueiredo (2010) preconiza que a

atuação da direção é fundamental para o sucesso na transformação de uma escola

que se quer inclusiva e indica quatro princípios que devem fundamentar a ação do

diretor em busca desse objetivo: comunicação aberta com o corpo docente da

escola; compartilhar a liderança e estimular a troca de experiências; estabelecer

metas viáveis e objetivos comuns e por fim, o diretor deve trabalhar sob uma

sistemática resolução de conflitos. A gestão democrática e compartilhada possibilita

o envolvimento dos atores nos projetos e objetivos escolares.

3.6 A Gestão dos Processos de Aprendizagem na Sala de Aula

Aprendizagem significativa implica realização interna e pessoal de relação

entre os conteúdos escolares que o aluno já sabe e os que ele deve aprender.

Nesse processo de construção ocorre a modificação de conhecimentos e esquemas

prévios que diz respeito tanto aos esquemas conceituais quanto aos procedimentais.

Nessa perspectiva a aprendizagem se caracteriza por uma nova organização do

conhecimento (Duk, 2006).

Para Davis e Nunes (2005), “Pensar envolve habilidades cognitivas tais

como percepção, atenção, simbolização, seleção, memória, transferência, avaliação

etc., cujo produto chamamos pensamento. (...) Quando a atividade mental se volta

para a resolução de problemas, dizemos que o pensamento assume a forma de

raciocínio.”

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

Somente a escola consegue ensinar a pensar de forma sistemática e

intencional. Contudo, não reconhece que o aluno ainda não está apto a gerenciar

sua capacidade de indução e dedução do pensamento, excluindo-se do processo de

ensinar a pensar. Para instaurar uma cultura do pensamento é necessário que os

alunos em interação com seus pares e professores sintam-se motivados a utilizar o

pensamento na resolução de situações problemas.

Nesse sentido, os processos metacognitivos merecem destaque. O termo

metacognição está associado ao conhecimento sobre os próprios processos

cognitivos e à regulação dos referidos processos (Flavell,1971 apud Duk, 2006).

Para atingir as etapas que compõem a resolução de problemas é preciso que o

sujeito construa um pensamento flexível: mude sua representação mental do

problema, perceba novas relações e descarte elementos que a princípio parecia

importantes.

De acordo com (Figueiredo, 2010,p.61) “A Gestão em sala de aula

corresponde à capacidade do professor para orquestrar a interação entre os alunos

em situação de aprendizagem, organizando os espaços os tempos e os

agrupamentos pertinentes à sua proposta didática”.

Nesse sentido, a escola que leva em conta as diferenças privilegia o papel

social dos alunos, ou seja, a colaboração para o processo de construção do

conhecimento. Isso só é possível, na medida em que o aluno é reconhecido como

um ser que contribui e acrescenta ao grupo, mesmo que seja dentro de suas

possibilidades. A colaboração se faz importante também com os professores de

ensino comum e especialista (Figueiredo,2010).

De acordo com estudo realizado em escola pública, (Figueiredo,2010)

ressalta que o espaço da sala de aula se torna mais harmonioso quando a

professora consegue criar um clima escolar pautado no acolhimento e respeito em

que os alunos sentem-se seguros e reconhecem a valorização de suas ações pelos

colegas. Enfatiza ainda que o acolhimento seja garantido quando o professor faz o

acompanhamento das estratégias utilizadas pelo aluno em suas aprendizagens.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

O ensino colaborativo é uma estratégia didática em que os professores do

ensino comum e o especialista planejam procedimentos que auxiliem a

aprendizagem em classes comuns de alunos com deficiências, mediante ajuste dos

professores. A colaboração na escola possibilita que os professores com sua

experiência auxiliem os outros nas resoluções de problemas mais sérios de

aprendizagem ou comportamento de seus alunos.

O trabalho colaborativo envolve ainda vários atores que vai desde a

direção da escola até o pessoal da limpeza. Essa parceria deve ser orientada para

que não seja feita caritativamente, ou seja, ter pena do aluno e achar que deve fazer

por ele. Em primeiro lugar deve-se perguntar ao aluno como pode ajudar, e em

seguida facilitar o acesso desse aluno à ação a que ele se propõe, criando

condições para que ele cresça e sinta-se capaz.

Para Capellini e Rodrigues-B (2010) “Maneiras diversificadas de

organização do tempo, das metodologias de ensino e dos espaços pedagógicas na

sala de aula, do planejamento individual do aluno e da organização do projeto

pedagógico da escola, devem ser consideradas como aspectos importantes na

flexibilização do ensino aqueles que, por muito tempo, permaneceram à margem do

processo escolar”.

Em pesquisa realizado por Figueiredo,(2010) observou-se que a gestão

da sala de aula depende da postura do professor, como ele se comporta diante da

presença de um aluno com deficiência em sala, se ele demonstra confiança em suas

capacidades de desenvolver as estratégias necessárias para o acesso ao

conhecimento por esse aluno, se ele resiste à ideia de receber o aluno ou ainda se

aos poucos se apropria da concepção de inclusão e vai aderindo a esse movimento

e implementado as mudanças necessárias.

3.7Criatividade e Flexibilização do Currículo na Escola Inclusiva

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ- TCC

Compreende-se que um professor para trabalhar em salas inclusivas

precisa usar a criatividade. A criatividade está relacionada com flexibilização de

currículo. A LDBEN e o Plano Nacional de Educação visam assegurar o acesso e a

permanencia de todos na educação (Leite e Martins, 2010, p.46)B. Nessa

perspectiva se faz necessário a implementação de várias mudanças na dinâmica da

escola, principalmente com relação ás práticas educacionais, tornando um currículo

flexível para que todos tenham acesso.

Cabe lembrar que, para Skinner (1957) e Staats (1971) apud Capelline e

Rodrigues(2010) quanto mais amplo e variado for o repertório de respostas

aprendidas pelo indivíduo, tanto maior a possibilidade de, diante de uma nova

situação ou de um problema, emitir uma resposta ou cadeia de respostas novas ou

originais, resultante de mutações, combinações e modificações dessas respostas

conhecidas ocorrendo, assim, um processo criativo. A pessoa criativa é capaz de

criar elos pouco comuns entre os aspectos do ambiente.

Algumas definições de criatividade demonstram que o próprio termo está

associado ao ato de “fazer” de modo ímpar destacando o ato de “realizar”. Dessa

forma, “criatividade é a expressão do potencial humano de construção, que gera

produtos em seu processo” (Sakamoto, 1999 apud Capellini, Valle, Giraldi, 2010-B)

“No contexto da educação inclusiva, portanto, pode-se entender

a flexibilização ou adaptação como a resposta educativa que é dada pela

escola para satisfazer as necessidades educativas de um aluno ou de um

grupo de alunos, dentro da sala de aula comum, na medida em que o que

se faz ou deve-se fazer são ajustamentos, adequações do currículo

existente às necessidades do aluno.” (Leite e Martins, 2010,p.45)

Flexibilizar o currículo implica em ajustes educacionais no âmbito da

metodologia, da avaliação pedagógica, dos objetivos de ensino e das expectativas

de aprendizagem que promovam o acesso ao currículo proporcionando assim

progressão educacional dos alunos, inclusive os com deficiência. É importante

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ressaltar que flexibilizar um currículo não implica simplificá-lo ou reduzi-lo, mas

torná-lo acessível.

3.8 Perfil do professor de AEE

O professor de AEE deverá ter curso de graduação, pós-graduação e/ou

formação continuada que o habilite para atuar na área de educação especial. A

formação continuada deve contemplar áreas de conhecimento acerca de:

Comunicação Aumentativa Alternativa, Libras, Braille, Soroban, Atividades de Vida

Diária, Orientação e Mobilidade, Atividades Cognitivas, Aprofundamento e

Enriquecimento Curricular.

O professor de sala de AEE deve identificar e desenvolver estratégias

educativas visando à superação de aprendizagem dos alunos (Gomes, Poulin e

Figueiredo, 2010). Na sala de AEE o aluno com deficiência intelectual poderá ser

avaliado sob aspectos de motricidade, raciocínio lógico-matemático, afetividade e da

relação que o aluno estabelece com o saber. A avaliação deve ser feita de

preferência através de material lúdico que permita verificar a expressão do aluno.

O atendimento educacional especializado para o aluno com deficiência

mental deve organizar situações que favoreçam o seu desenvolvimento, deve

promover situações de estimulação dos mecanismos do desenvolvimento cognitivo e

da aprendizagem e produzir materiais didáticos e pedagógicos, tendo em vista as

necessidades específicas desses alunos.

O professor de AEE tem ainda a função de avaliar o aluno com deficiência

intelectual nos vários espaços que constituem seu contexto familiar, de sala de aula

comum e na sala de recursos, e de posse de todas as informações elabora o plano

de AEE. Deve também propor atividades que permitam a eliminação das barreiras e

otimização a aprendizagem e sua inclusão no ensino regular.

O atendimento visa também à organização da expressão verbal, a

construção da autonomia do aluno com deficiência intelectual na escola e fora dela.

O professor de AEE poderá colaborar com o professor de sala comum orientando a

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utilização de materiais pedagógicos e/ou sugerindo atividades. Esse modelo de

atendimento permite ao aluno o convívio com os demais em situação de igualdade,

favorecendo assim a sua permanência na escola.

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4 Metodologia

Para realização do presente trabalho foi feito estudo de um caso real de

aluno com deficiência intelectual matriculado em escola pública pertencente ao

sistema de educação municipal de Fortaleza, o estudo do caso é construído em três

etapas que são: entrevista com a família, em um segundo momento colhe-se

informações com a professora de sala de ensino comum e a terceira etapa é a

observação do comportamento do aluno nos diversos espaços da escola.

A observação dos espaços escolares ocorreram em sala de ensino comum,

no pátio da escola durante o recreio, na biblioteca, sala de informárica e na sala de

recursos multifuncional, consideraram os aspectos intelectual e funcionamento

cognitivo; a expressão oral; o meio ambiente; as aprendizagens escolares; o

desenvolvimento afetivo-social e as interações sociais; os comportamentos e atitude

sem situação de aprendizagem e o desenvolvimento psicomotor.

Colhidas as informações necessárias, o professor de AEE identificou a

natureza do problema, construiu o perfil do aluno, analisou e clarificou o caso. Após

esse momento elaborou o plano de intervenção no AEE. Na sequência, colocou este

em prática, e ao mesmo tempo em que vão se desenvolvendo as atividades

propostas, a avaliação vai sendo aplicada conforme as leituras realizadas e a cada

espaço de tempo pré-estabelecido no plano faz-se a reestruturação deste conforme

a demanda do aluno.

A avaliação se dará em período também estabelecido no planos de AEE e

será diagnóstica com o objetivo de identificar as necessidades do aluno e prever as

estratégias que atendam às suas peculiaridades. Será sistemática e formativa

durante toda a realização do plano para que se possa verificar os avanços e

progressos do aluno e refazer a previsão de atividades caso as que foram previstas

não atendam às peculiaridades do aluno.

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Plano de Atendimento Educacional Especializado

Aluno: Lucas Maciel de Lima

Idade: 09 anos

Série: 3º Ano

Turno: Manhã

Escola: Rede Pública Municipal de Fortaleza

5. Objetivos

5.1Geral

Minimizar as barreiras encontradas para o acesso ao conhecimento.

5.2 Objetivos Específicos

Desenvolver evolução conceitual; de concentração, atenção e organização do pensamento;

Construir autonomia social e intelectual;

Superar dificuldades cognitivas.

Para atender os objetivos acima descritos serão contempladas as atividades a seguir:

Para o desenvolvimento da capacidade grafomotoral (escrita, evolução conceitual) e da motricidade ampla (autonomia social)

Atividades de desenho, pintura e o uso de diferentes instrumentos como suporte para sua expressão gráfica, como, por exemplo, o computador; uso de massa de modelar; dentre outras atividades. Deslocamentos em ambientes abertos através da expressão corporal com o uso de variados recursos, tais como bolas, arcos, dentre outros.

Para desenvolvimento de conceitos(superar dificuldades cognitivas)

Desenhar, jogo simbólico, pintura, música, jogo da memória, associação de imagens e palavras, contação de história, jogo da forca, contato com variados gêneros textuais.

Atenção e concentração (organização do pensamento)

Montagem de quebra cabeça; jogo da memória, jogo cara a cara, dentre outros

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Oralidade

Reconto de situações e histórias, relato de experiências, escrita espontânea das situações relatadas e jogos de encaixe.(autonomia intelectual)

6. Organização do atendimento

O plano será realizado no período de agosto de 2011 a abril de 2012 no contraturno, com frequência de duas vezes por semana e uma hora de duração por encontro. Os atendimentos deverão ser individuais e coletivos.

6.1 Seleção de materiais a serem produzidos para o aluno

Serão utilizados materiais já existentes na sala de recursos multifuncional como pinceis, papel, massa de modelar, computador, bolas, arco, jogos simbólicos, tinta de várias cores, jogo que associa o texto à figura, avental temático, jogos pedagógicos variados e jogos no computador, gêneros textuais e jogos de encaixe. Não há a necessidade de adaptação de materiais para o aluno.

6.2 Tipos de parcerias necessárias para aprimoramento do atendimento e da produção de materiais

As parcerias necessárias para o aluno serão com o sistema de saúde, com especialistas para trabalhar a área psicológica, a fim de favorecer autonomia e segurança no aluno, bem como, atenção e concentração, e fonoaudiologia para trabalhar a dicção e psicomotricista para trabalhar a motricidade ampla.

6.3 Profissionais da escola que receberão orientação do professor de AEE sobre serviços e recursos oferecidos ao aluno

Professor de sala de aula no sentido de superar as dificuldades de evolução conceitual;

Professor de educação física para intervir junto à motricidade ampla do aluno;

Colegas de turma para desenvolver os valores com a turma toda, como o respeito e solidariedade;

Diretor escolar para solicitar a aquisição de materiais necessários para o atendimento do aluno

Equipe pedagógica com o objetivo de informar sobre o trabalho realizado na sala de recursos multifuncionais visando a construção do planejamento das atividades desenvolvidas em sala comum de forma a

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criar estratégias de aprendizagem que contemplem também as peculiaridades do aluno.

7 Avaliação dos resultados

7.1 Indicação de formas de registro

O plano deverá ser avaliado durante toda a sua execução. Os registros da evolução da aprendizagem mediante a aplicação do plano deverá ser feito em instrumentais de acompanhamento elaborado pela equipe de educação especial da Secretaria Municipal de Educação - SME em colaboração com os professores de AEE do Município de Fortaleza, onde serão descritos pelo professor do AEE a atividade realizada e os resultados observados. Bimestralmente será feita uma avaliação baseada em atividades lúdicas em que se perceberão os avanços e as dificuldades do aluno.

O registro do resultado da interlocução da professora de AEE com a professora de sala de aula deve especificar as mudanças observadas em relação ao aluno no contexto escolar, o que contribuiu para as mudanças constatadas e as repercussões das ações do plano de AEE no desempenho escolar do aluno. As anotações devem ser realizadas em caderno específico.

7.2 Resultados obtidos diante dos objetivos do Plano de AEE.

Espera-se que o aluno desenvolva a capacidade de se expressar coerentemente por meio do uso da oralidade e a produção escrita em diferentes contextos, bem como que supere a dificuldade de atenção e concentração e que desenvolva sua autoestima.

7.3 Reestruturação do Plano:

O Plano será reestruturado a partir das avaliações transcorridas durante o ano letivo. Através da percepção dos avanços e dificuldades que o aluno apresentar será revisto cada etapa do plano conforme as necessidades deste.

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Considerações Finais

O trabalho desenvolvido com o aluno conta com a parceria da família, da

professora de ensino comum, gestão escolar e professora de AEE. As intervenções

feitas se dão através de metodologia de resolução de problemas que identifica sua

natureza e busca uma solução. Quanto à ação do professor de ensino comum será

necessário que receba formação específica para tornar o currículo flexível,

oferecendo estratégias diversas para potencializar o aprendizado de todos.

A efetivação da construção de uma escola inclusiva tem sido uma constante,

pois atualmente, muitas escolas receberam o Projeto Acessibilidade, com objetivo

implementar o acesso das estruturas arquitetônicas e adquirir recursos pedagógicos

facilitadores do processo de aprendizagem dos alunos com deficiências, transtornos

globais do desenvolvimento e altas habilidades, bem como a formação de

professores para a educação especial.

Quanto à interação do aluno com o restante da turma deve ser feito um

resgate afetivo para aumentar a autoestima deste, trabalhar os valores com a turma

toda incentivando a solidariedade e respeito favorecendo assim a inclusão efetiva do

mesmo na sala de ensino comum e sensibilizar os demais quanto ao direito em

condições de igualdade do aluno com deficiência prevista nos documentos acima

citados.

Com a aplicação do atendimento ao aluno podemos perceber que em relação

aos aspectos motores, ele não é capaz de manipular os brinquedos e participar dos

jogos sem tremer as mãos, seu traçados das letras continua débil, porém, a pintura

está mais contida dentro do desenho.O aluno também consegue dominar o uso do

mouse no computador, haja vista, a parte cognitiva ainda apresenta muita fragilidade

Quanto ao desenvolvimento da expressão oral, o aluno ainda não

compreende algumas mensagens, e não expressa suas ideias de modo coerente

com o contexto em questão. Ao relatar situações vivenciadas, o faz de forma

confusa. Atualmente está passando por situação emocional conturbada tendo em

vista que o pai biológico o reconheceu como filho e o pai adotivo separou-se da mãe,

havendo mais uma quebra afetiva na vida da criança.

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A aquisição da escrita para Lucas, implica uma maior dificuldade, evoluiu

minimamente, não se apoia na memória, contudo, consegue escrever seu nome

próprio em letras de forma. Quando solicitado a construir uma escrita espontânea

com letras móveis ele não consegue identificar as letras nem comparando com letras

de palavras já escritas. O aluno identifica as cores básicas, mas não tem segurança

no conhecimento adquirido, quando há dúvida ele não consegue optar por uma

resposta com segurança.

Como resultado da aplicação do plano de AEE, espera-se que Lucas tenha

ampliado seu vocabulário, bem como sua relação com o saber escolar. Que ele se

perceba como sujeito de aprendizagem capaz de levantar hipóteses mediante

mobilização dos conhecimentos prévios na resolução de problemas. Melhore a

interação no espaço escolar e tenha sua autoestima aumentada e que supere sua

dificuldade de atenção e concentração.

Embora o decreto nº 6.571/2008 assegure a implementação do AEE,

muito ainda há de se fazer, poucas são as escolas que contam com esse serviço.

Quanto à formação de professores, se faz mais presente, embora o MEC esteja

oferecendo formação para aproximadamente 4.250 professores em todo o Brasil, os

cursos mais específicos como LIBRAS, BRAILLE, SOROBAN, entre outros que são

necessários para a formação continuada do docente deixam a desejar quanto a

oferta.

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