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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁFACULDADE DE EDUCAÇÃO
FRANCISCA GERUZA GADELHA
O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Fortaleza2011
FRANCISCA GERUZA GADELHA
O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará como requisito do Curso de Especialização lato sensu Formação Continuada de Professores para o Atendimento Educacional Especializado para obtenção do título de especialista em atendimento educacional especializado.
Orientadora: Profª. Dra. Marlene Nunes Damasceno
Fortaleza2011
FRANCISCA GERUZA GADELHA
O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Este exemplar corresponde à redação final aprovada do Trabalho de Conclusão de Curso de FRANCISCA GERUZA GADELHA.
Data da aprovação: ___/09/2011
Assinatura:___________________________________________
Orientadora: Profª. Dra Marlene Nunes Damasceno
Dedicatória
Dedico esse trabalho a meus netos Anderson, pelas contribuições dadas no
lidar com a máquina, sem as quais eu não teria conseguido acompanhar a dinâmica
do curso e a João Victor, pois através de seu nascimento pude compreender melhor
a Graça das mães de filhos com deficiência .
Agradecimentos
Agradeço a Deus por ter proporcionado a oportunidade de fazer o presente
curso e à Maria Luiza de Lima por ter a disponibilidade de abrir particularidades de
sua vida e relacionamento com a família para que fosse possível a realização do
presente trabalho e particularmente por confiar em minha ação pedagógica, motivo
pelo qual, segundo ela permitiu que o filho fosse analisado.
Resumo
O estudo de caso foi realizado em escola de ensino comum sobre o
desenvolvimento da aprendizagem de aluno com deficiência intelectual, público-alvo
da educação especial. O aluno em questão tem 09 anos de idade, cursa o 3º ano do
ensino fundamental e apresenta sérias dificuldades de aprendizagem e socialização.
O objetivo do presente trabalho é apresentar o estudo do caso para elaborar
um plano de atendimento educacional especializado que atenda as necessidades
específicas do aluno observado de modo que possa transpor as barreiras
encontradas pela limitação do aluno e participar das atividades escolares de forma
autônoma e independente.
A metodologia utilizada teve como base na aprendizagem colaborativa em
rede - ACR baseadas nas situações do cotidiano escolar, ou seja, o estudo foi
dividido por semana, em que a cada semana iam se cumprindo as etapas que eram:
proposição do caso em encontro presencial e discussão do problema, solução e
socialização do problema, elaboração do plano de atendimento educacional
especializado e socialização do plano de AEE, essas, toas à distância.
O caso em estudo teve como procedimento a proposição do caso, análise e
clarificação do caso em que o aluno foi observado nos três ambientes escolares,
sala de ensino comum, sala de recurso multifuncional e no contexto familiar.
Cumpridas essas etapas, procedeu-se o estudo bibliográfico a reseito da deficiência
abordada e a seguir a elaboração do plano de AEE.
O plano de AEE construído para Lucas identifica a natureza do problema, traça
objetivos, seleciona atividades para serem trabalhadas com o aluno durante os
atendimentos, avalia o desenvolvimento do aluno no contexto escolar e
redimensiona o plano caso haja necessidade.
Palavras-chave: Atendimento Educacional Especializado.Educação Especia. Escola
de ensino comum.
Introdução
Como profissional da educação especial acredito na potencialidade dos
alunos que encontram barreiras educacionais para desenvolver e adquirir uma vida
autônoma. Sou professora de AEE – Atendimento Educacional Especializado há
quatro anos em uma escola municipal de Fortaleza na qual a cada dia encontro um
novo desafio na articulação com professoras de sala de aula comum, coordenadoras
e família, com o objetivo da efetivação da inclusão educacional.
A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva que tem como objetivo assegurar a inclusão de alunos com deficiências,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades, constitui uma proposta
educacional que garante e reconhece o direito de todos os alunos de compartilhar
um espaço escolar sem discriminação.
A realização do curso de Especialização Formação Continuada Para
Professores Em Atendimento Educacional Especializado (AEE) vem complementar
os conhecimentos sobre esse tema. O presente trabalho é resultado de pesquisa
bibliográfica e observação no contexto escolar com o objetivo de elaborar um plano
de AEE embasado nas Aprendizagens Colaborativas em Rede - ACR baseado em
situações do cotidiano escolar.
1. Proposição de um caso
Lucas, nascido aos 14/04/2002 em Fortaleza-CE. Com nove anos fez uma
avaliação terapêutica que indicou déficit cognitivo. Apresenta fala, porém esta não é
coerente com a comunicação, com perguntas e respostas sem correspondência.
Na escola, o aluno cursa o 3º ano do ensino fundamental, no turno
manhã. Apresenta dificuldade de aprendizagem severa, não conseguindo superar os
desafios impostos pela vida escolar tais como: aprender os números ou o nome das
cores ou mesmo fazer um desenho, atualmente, está iniciando a cópia do primeiro
nome. Ele diz ter um sonho que é aprender a ler e escrever, mas segundo a
professora não se concentra em sala de aula e fala sem controle. Nas atividades em
sala a professora continua adaptando atividades, pois o aluno não consegue realizar
o proposto em sala. Suas principais barreiras são falta de memória de curto prazo,
atenção e percepção, e apesar dos esforços empreendidos seu avanço tem sido
irrelevante segundo sua professora. O aluno gosta de frequentar a escola, tem
comportamento amável com os adultos, mas apesar disso não tem amigos, pois fala
sem controle aborrecendo os colegas que em consequência o rejeitam e batem nele.
Na sala do AEE, o aluno evolui lentamente, às vezes consegue identificar
as cores exercendo certa autonomia na gestão do pensamento, pois utiliza
estratégias para lembrar o nome das cores. Consegue com muita dificuldade e
mediação, comparar letras iguais sem, no entanto reconhecê-las, quanto aos jogos
tenta burlar as regras e tem dificuldade se concentrar em qualquer atividade.
Quando apresentado a jogos ou brincadeiras que contenham figuras, ou
mesmo jogo no computador, inicialmente ele se prende aos detalhes desviando a
atenção do geral, não se concentra em nenhuma proposta de trabalho por mais de
cinco minutos e quer trocar constantemente de atividade. Atualmente, percebe-se
que mesmo tendo condições de realizar a atividade, insiste em voltar atrás, a
professora de sala de aula comum relatou ter a mesma impressão. O aluno participa
de todas as atividades escolares, contudo demonstra medo e insegurança.
A família, composta pela mãe, padrasto, avó e tio maternos, que embora
não residam na mesma casa interferem bastante de forma negativa na vida do aluno
chegando até a agredi-lo física e psicologicamente. A mãe nutre expectativa de que
o filho com o tempo e tratamento terá uma aprendizagem satisfatória, contudo as
professoras não têm esse mesmo pensamento e não acreditam no potencial do
aluno.
2. Análise e Clarificação do Problema
Para desenvolver o plano de Atendimento Educacional Especializado, é
necessário avaliar o aluno para que o professor conheça suas particularidades. A
avaliação alcança três ambientes principais onde o aluno está inserido: sala de
recursos multifuncionais, sala de aula e família. Esta avaliação visa recolher
informações sobre o desenvolvimento intelectual e funcionamento cognitivo; a
expressão oral; o meio ambiente; as aprendizagens escolares; o desenvolvimento
afetivo-social as interações sociais; os comportamentos e atitudes em situação de
aprendizagem e o desenvolvimento psicomotor do aluno.
2.1 Encontro com a família
Em conversas realizadas com a mãe por um período de mais de três anos
em busca de minimizar as dificuldades encontradas por ele na escola obteve-se
informações de que ela foi abandonada pelo então namorado durante a gestação e
sofreu muito, pois já vivenciava rejeição por parte da sua mãe. A mãe do aluno relata
que sofreu espancamento por parte de sua mãe durante a gravidez e que após o
parto a rejeição sofrida por ela se estendeu para a criança.
Muito cedo ela percebeu que Lucas era uma criança que necessitava de
cuidados especiais, pois apresentava tremores nas mãos, demorou a andar e a fala
não era clara, mesmo para uma criança da idade dele. Ao matricular o filho em
escola da rede pública de Fortaleza, a professora percebeu a dificuldade de
aprendizagem e informou à mãe que procurou o Sistema Único de Saúde em busca
inicialmente de uma fonoaudióloga, e em seguida de neuropediatra. Passaram-se
quase três anos e Lucas permanecia em fila de espera.
Somente ao final do ano 2010, o aluno teve acesso à consulta com
neuropediatra, e foi incluído em clínica de atendimento multidisciplinar obtendo laudo
médico como déficit de cognição. Atualmente, a convivência na família se tornou
harmoniosa, a mãe obteve ajuda financeira do pai, pois, somente agora compreende
que é um direito da criança.
Lucas gosta de frequentar a escola e se considera feliz em estar
realizando o tratamento pelo qual tanto esperou, entretanto a criança apesenta-se
ansiosa e agressiva, pois segundo informações colhidas em conversa com a mãe, o
mesmo reencontrou o pai e ela está em processo de separação com o atual
companheiro, com quem o aluno tem fortes laços afetivos. .
2.2 Encontro com os professores
Em encontro com a professora de Lucas ficou constatado que ele não
atende as solicitações da professora, segundo ela, o aluno parece não compreender
sua orientação. Também não demonstra interesse em realizar as atividades
propostas, mas já consegue escrever o primeiro nome, às vezes sem modelo, e
reconhece algumas letras que compõem seu nome encontrando-se, portanto no
nível pré-silábico.
Na sala de aula é muito inquieto, tem dificuldade em se concentrar e quer
mudar de atividade e lugar a todo instante, não manifesta percepção e não se
organiza para iniciar as atividades, por isso a professora relatou que retira e abre a
agenda do aluno para que ele inicie a atividade, aborda os colegas, mas
aparentemente não tem consciência do incômodo causado. Não costuma pedir
ajuda a professora na resolução de atividades. Associa-se às crianças mais novas,
tendo em vista não ser aceito pelos mais velhos. Durante o recreio o aluno solicita a
permanência junto às crianças da educação infantil, pois o espaço é separado e
aparentemente ele se sente protegido.
Com base nesse fato, em entrevista com o professor de recreação, ficou
claro que o aluno tem potencial de aprendizagem e autonomia, pois compreende as
solicitações feitas por ele, fica atento à chamada que é realizada de forma ativa, o
que o faz tomar a iniciativa de pegar e separar bolas. O professor informou que o
aluno é atento, dentro dos seus limites. Sua habilidade motora é lenta e com relação
à organização para iniciar atividades a informação é similar a do professor da sala
comum, de que não existe iniciativa por parte do aluno, ele permanece passivo.
2.3 Observações do aluno em sala de aula e nas dependências da escola
A observação em sala de aula demonstra que a professora mesmo se
preocupando com a aprendizagem do aluno, age sob os princípios da pedagogia da
negação, pois diante da atitude contraditória do aluno em classe: irrequieta para com
os colegas e passiva ante suas solicitações esta vai até a carteira do aluno retira a
agenda da mochila e pede que o mesmo copie da lousa sem obter êxito.
De acordo com Gomes, Poulin e Figueiredo (2010, p.7), “...quando o
professor coloca na mochila do aluno o material necessário para os deveres e para
as lições de casa ou quando resolve a tarefa para o aluno, ele está atuando sob o
princípio da pedagogia da negação”.
O aluno não permanece sentado e pede para sair da sala com a
justificativa de ir ao banheiro muitas vezes durante a aula, todas as solicitações são
atendidas. Essa atitude parece ter relação com a forma em que a professora
organiza a situação de ensino aprendizagem, não favorecendo a criação de
estratégias que ocasionem interesse ao aluno em participar das práticas em sala de
aula, já que seu comportamento durante a aula de recreação é mais ativo e
autônomo.
Durante o recreio ele solicita brincar com os alunos da educação infantil.
A escola permite por compreender que o aluno demonstra sentir-se mais seguro ao
lado de colegas menores. Após observações, percebe-se que o aluno permanece
brincando com os colegas de forma muito tranquila. Não corre ou bate nos colegas.
Ele senta e conversa durante o recreio com crianças que aparentam ser mais
tranquilas.
2.4 Na sala de recursos Multifuncionais
Na sala de AEE, várias avaliações foram realizadas para identificar as
dificuldades e potencialidades do aluno bem como, a sua inquietação na sala de
aula comum. A avaliação da escrita revelou que o aluno se encontra no nível pré-
silábico, pois esta se caracteriza pela cópia das letras do nome que às vezes perde
a noção espacial, ou seja, escrevendo uma letra sobre a outra. A utilização de
alfabeto móvel para comparar com o quadro revelou demasiado tempo para
identificar duas a três letras do seu nome.
Quanto à avaliação da linguagem oral, observa-se que o aluno não se
apoia na figura para formular uma narrativa, mas sim nos detalhes que fragmentam
a imagem e não consegue formular um discurso coerente. Ao solicitar que o aluno
leia com apoio na imagem ele se retrai, confessa não saber ler e rapidamente muda
de assunto para fugir ao problema.
Para avaliar a motricidade, foi entregue um desenho para pintura. No
inicio o aluno não conseguia obedecer aos limites do desenho, mas atualmente, ele
já consegue, embora não apresente coerência na harmonia das cores. Outra
atividade realizada com o objetivo de avaliar o aluno é o jogo de boliche, a medida
em que as garrafas vão caido solicita-se que o aluno diga a cor da garrafa.
O aluno não apresenta coerência na organização das ideias, sua
linguagem não é articulada e não conta com vocabulário amplo. Ao solicitar que o
aluno reconte uma história lida pela professora de AEE, ele fala coisas que não têm
conexão com o assunto lido, então ao insistir para que ele reconte o que ouviu ele
ignora e continua a falar sem coerência, ou seja, não se apoia na memória.
3. Fundamentação Teórica
3.1 Marco Histórico da Educação Especial
Ao longo da história da educação a escola se caracterizou pela visão
elitista privilegiando apenas a uma parte da sociedade. A partir da democratização
da escola evidenciou-se o paradoxo inclusão versus exclusão, pois apesar da
universalização do ensino, os sistemas de ensino continuaram excluindo indivíduos
fora dos padrões homogeneizadores da escola (BRASIL,2008).
A partir da visão dos direitos humanos e movimentos sociais a educação
para as pessoas com deficiência organizou-se de forma substitutiva ao ensino
comum ocasionando diferentes compreensões e modalidades que levaram a criação
das escolas especiais e classes especiais (BRASIL,2008). No Brasil o atendimento
as pessoas com deficiência teve início com a criação do Imperial Instituto dos
Meninos cegos, atual Instituto Benjamin Constant e Instituto dos Surdos Mudos,
atual Instituto Nacional da Educação de Surdos (BRASIL,2008).
Durante o século XX foi criado o Instituto Pestalozzi e a Associação dos
Pais e Amigos dos Excepcionais, voltados para o atendimento às pessoas com
deficiência intelectual. No início da década de 60, foi promulgada a primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 4.024 que tratava o
atendimento às pessoas “excepcionais” preferencialmente, dentro do sistema geral
de ensino (BRASIL,2008).
A LDBEN nº 5.692/71 faz referência a “tratamento especial” para “alunos
com deficiências física, mental e alunos com considerável distorção idade/série e
superdotados”, reforçando assim a educação especial de forma paralela à educação
comum gerando o entendimento de que alunos com dificuldades de aprendizagem
eram alunos deficientes mentais treináveis (BRASIL,2008).
A Constituição Federal promulgada em 1988, em seu artigo 205 preconiza
a educação como direito de TODOS. Já no artigo 206, estabelece como um dos
princípios para o ensino, a igualdade de condições de acesso e permanência na
escola. No artigo 208, preconiza o atendimento educacional especializado como um
dever do Estado. A Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente reforça os
dispositivos legais ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de
matricular seus filhos na rede regular de ensino.” (BRASIL, 1990).
As Leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00 garantem acessibilidade para as
pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Em 2006 é lançado o Plano
Nacional de Direitos Humanos inserindo o Brasil na Década da Educação em
Direitos Humanos e no Plano de Metas Educação para Todos. E em 2007, o Decreto
6.094/07 estabelece diretrizes que garantem acesso e permanência e atendimento
educacional especializado fortalecendo assim a inclusão educacional nas escolas
públicas.
Ainda em 2007, com o avanço do processo de inclusão educacional é
lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, que tem como eixos
dentre outros a formação de professores para a educação especial, a implantação
de salas de recursos multifuncionais, a acessibilidade arquitetônica dos prédios
escolares, acesso e a permanência das pessoas com deficiência na educação
superior e o monitoramento do acesso à escola dos favorecidos pelo Beneficio de
Prestação Continuada – BPC. (BRASIL,2008)
Em 1999, o Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a
educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e
modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação
especial ao ensino regular.(BRASIL,2008)
Mantoan (2001) e Góes e Laplane (2004) apud Leite e Martins, (2010)
acrescentam que o movimento em prol de uma escola inclusiva não se refere
apenas à inserção do aluno com deficiência no ensino comum, mas inclui o respeito
às diferenças individuais, culturais, sociais, raciais, religiosas, políticas e que
compete à escola comum entender o indivíduo como ser pleno, com talentos a
serem desenvolvidos.
3.2 A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência,
Transtornos Globais do Desenvolvimento e Superdotação, orientando os sistemas
de ensino para garantir entre outros, acesso e permanência no ensino comum; oferta
do atendimento educacional especializado, promoção da acessibilidade universal, e
a formação de profissionais para o atendimento educacional especializado
(BRASIL,2008).
A Política foi elaborada com base nos acordos e convenções
internacionais as quais o Brasil reconhecendo o direitos de todas as pessoas que se
encontram em situação de exclusão, resolveu segui-los. A Convenção da Guatemala
e a Declaração de Salamanca são exemplo de documentos que influenciaram
diretamente a tomada de decisões que alavancaram o processo de inclusão no
Brasil.
O Decreto nº 3.956/2001, reafirma a Convenção da Guatemala, ao
estabelecer que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com
base na deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o
exercício dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais.
Para atender aos objetivos da Política, estudos têm sido feitos na área da
educação e direitos humanos e vem promovendo a reestruturação do ensino comum
e especial. Assim o conceito de necessidades especiais desloca o foco da
deficiência exclusivamente do sujeito para a escola e o ambiente. A partir da
compreensão de que os sujeitos se modificam em interação com o ambiente
modificando o contexto no qual se inserem, permitindo uma ação pedagógica
voltada para a atenção às especificidades desses alunos.
3.3 Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial
A educação inclusiva é uma proposta educacional que promove a
igualdade e valoriza as diferenças na organização de um currículo flexível, estimula
transformações pedagógicas na escola para atender as necessidades dos alunos
em todo o percurso educacional propondo a emancipação como ponto de partida de
todo o processo educacional.
A educação especial oferta o atendimento educacional especializado,
organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade visando transformar a escola
em um espaço considerando as necessidades de cada aluno com vista à autonomia
e independência. O atendimento educacional especializado assegura a inclusão
educacional disponibilizando meios para o acesso ao currículo que proporcione a
construção da autonomia (Figueiredo, 2010).
O acesso do aluno ao atendimento educacional especializado ocorre a
partir de uma avaliação que possibilite a identificação das potencialidades, bem
como, as dificuldades do aluno para que possa ser construído um plano de
atendimento que contemple estratégias pedagógicas de acesso ao conhecimento
dando assim sustentabilidade à inclusão.
O século XXI exige uma nova escola-inclusiva, dinâmica e radicalmente diferente
(...). Resta ter coragem para deixar de usar a escola como instrumento de
elitização e exclusão do saber. É preciso não ter medo do desafio de ensinar os
excluídos que estão chegando à escola. (Capelini, Rodrigues ,2010 p.24, 25.)
Para alcançar o objetivo de construir uma escola inclusiva, deve-se
abandonar a avaliação tradicionalista e levar em conta uma avaliação educacional
que considere tanto o nível atual como as aprendizagens futuras do aluno, pois, é
uma ação pedagógica e formativa que avalia o aluno em seu processo individual
prevalecendo os aspectos qualitativos que indiquem as intervenções do professor
(Capelini, Rodrigues ,2010).
3.4 O Atendimento Educacional Especializado
O AEE é um serviço oferecido preferencialmente na escola regular de
ensino, em sala multifuncional que é um espaço equipado e organizado com
materiais didáticos, pedagógicos, equipamentos e profissionais com formação
específica, visa o atendimento aos alunos da escola e os das escolas vizinhas. Os
atendimentos devem ser realizados em período inverso ao da sala de aula comum,
tem caráter complementar ou suplementar à educação escolar.
O atendimento educacional especializado oferecido nas salas de recursos
multifuncional é organizado pelos sistemas educacionais de ensino para acolher a
diversidade ao longo do processo educativo. Dentre as atividades específicas
desenvolvidas no atendimento educacional especializado se destacam o ensino de
Libras, o sistema Braille e o Soroban, a comunicação alternativa e o enriquecimento
curricular.
O Atendimento Educacional Especializado visa a superação dos limites
intelectuais, físicos e sensoriais, busca através de produção de materiais
pedagógicos pelo professor de AEE a autonomia e independência da pessoa com
deficiência. “Visa especialmente, o acesso ao conhecimento, permitindo o sujeito
sair de uma posição passiva e automatizada diante da aprendizagem para o acesso
e apropriação ativa do próprio saber.” (Figueiredo,2010,p.52).
Ainda segundo Figueiredo (2010)
A concretização da política de inclusão se expressa pela criação de salas
multifuncionais nas escolas públicas brasileiras, por uma política de
formação de professores em Atendimento Educacional Especializado
(...)bem como pela transformação das práticas pedagógicas e da gestão
escolar nas redes de ensino.(Figueiredo,2010,p.54).
Apesar da implementação do Projeto Educar na Diversidade em 2006,
com o objetivo de sensibilização para transformação das práticas pedagógicas
visando a construção de uma escola inclusiva, o referido projeto tornou-se
ineficiente, haja vista, o insignificante número de escolas atendidas e a rotatividade
de profissionais que se encontram nas salas de aula, pois, compreende-se que,
sensibilização demanda determinado tempo para que ocorram as mudanças
atitudinais esperadas(Duk,2006).
3.5 A gestão da Escola
A gestão deve promover mudanças no sentido de congregar toda a
equipe de professores na resolução de conflitos e para que o grupo possa participar
dos projetos da escola e na tomada de decisões, tornando a escola um espaço
participativo e democrático. Hines (2008) apud Figueiredo (2010) preconiza que a
atuação da direção é fundamental para o sucesso na transformação de uma escola
que se quer inclusiva e indica quatro princípios que devem fundamentar a ação do
diretor em busca desse objetivo: comunicação aberta com o corpo docente da
escola; compartilhar a liderança e estimular a troca de experiências; estabelecer
metas viáveis e objetivos comuns e por fim, o diretor deve trabalhar sob uma
sistemática resolução de conflitos. A gestão democrática e compartilhada possibilita
o envolvimento dos atores nos projetos e objetivos escolares.
3.6 A Gestão dos Processos de Aprendizagem na Sala de Aula
Aprendizagem significativa implica realização interna e pessoal de relação
entre os conteúdos escolares que o aluno já sabe e os que ele deve aprender.
Nesse processo de construção ocorre a modificação de conhecimentos e esquemas
prévios que diz respeito tanto aos esquemas conceituais quanto aos procedimentais.
Nessa perspectiva a aprendizagem se caracteriza por uma nova organização do
conhecimento (Duk, 2006).
Para Davis e Nunes (2005), “Pensar envolve habilidades cognitivas tais
como percepção, atenção, simbolização, seleção, memória, transferência, avaliação
etc., cujo produto chamamos pensamento. (...) Quando a atividade mental se volta
para a resolução de problemas, dizemos que o pensamento assume a forma de
raciocínio.”
Somente a escola consegue ensinar a pensar de forma sistemática e
intencional. Contudo, não reconhece que o aluno ainda não está apto a gerenciar
sua capacidade de indução e dedução do pensamento, excluindo-se do processo de
ensinar a pensar. Para instaurar uma cultura do pensamento é necessário que os
alunos em interação com seus pares e professores sintam-se motivados a utilizar o
pensamento na resolução de situações problemas.
Nesse sentido, os processos metacognitivos merecem destaque. O termo
metacognição está associado ao conhecimento sobre os próprios processos
cognitivos e à regulação dos referidos processos (Flavell,1971 apud Duk, 2006).
Para atingir as etapas que compõem a resolução de problemas é preciso que o
sujeito construa um pensamento flexível: mude sua representação mental do
problema, perceba novas relações e descarte elementos que a princípio parecia
importantes.
De acordo com (Figueiredo, 2010,p.61) “A Gestão em sala de aula
corresponde à capacidade do professor para orquestrar a interação entre os alunos
em situação de aprendizagem, organizando os espaços os tempos e os
agrupamentos pertinentes à sua proposta didática”.
Nesse sentido, a escola que leva em conta as diferenças privilegia o papel
social dos alunos, ou seja, a colaboração para o processo de construção do
conhecimento. Isso só é possível, na medida em que o aluno é reconhecido como
um ser que contribui e acrescenta ao grupo, mesmo que seja dentro de suas
possibilidades. A colaboração se faz importante também com os professores de
ensino comum e especialista (Figueiredo,2010).
De acordo com estudo realizado em escola pública, (Figueiredo,2010)
ressalta que o espaço da sala de aula se torna mais harmonioso quando a
professora consegue criar um clima escolar pautado no acolhimento e respeito em
que os alunos sentem-se seguros e reconhecem a valorização de suas ações pelos
colegas. Enfatiza ainda que o acolhimento seja garantido quando o professor faz o
acompanhamento das estratégias utilizadas pelo aluno em suas aprendizagens.
O ensino colaborativo é uma estratégia didática em que os professores do
ensino comum e o especialista planejam procedimentos que auxiliem a
aprendizagem em classes comuns de alunos com deficiências, mediante ajuste dos
professores. A colaboração na escola possibilita que os professores com sua
experiência auxiliem os outros nas resoluções de problemas mais sérios de
aprendizagem ou comportamento de seus alunos.
O trabalho colaborativo envolve ainda vários atores que vai desde a
direção da escola até o pessoal da limpeza. Essa parceria deve ser orientada para
que não seja feita caritativamente, ou seja, ter pena do aluno e achar que deve fazer
por ele. Em primeiro lugar deve-se perguntar ao aluno como pode ajudar, e em
seguida facilitar o acesso desse aluno à ação a que ele se propõe, criando
condições para que ele cresça e sinta-se capaz.
Para Capellini e Rodrigues-B (2010) “Maneiras diversificadas de
organização do tempo, das metodologias de ensino e dos espaços pedagógicas na
sala de aula, do planejamento individual do aluno e da organização do projeto
pedagógico da escola, devem ser consideradas como aspectos importantes na
flexibilização do ensino aqueles que, por muito tempo, permaneceram à margem do
processo escolar”.
Em pesquisa realizado por Figueiredo,(2010) observou-se que a gestão
da sala de aula depende da postura do professor, como ele se comporta diante da
presença de um aluno com deficiência em sala, se ele demonstra confiança em suas
capacidades de desenvolver as estratégias necessárias para o acesso ao
conhecimento por esse aluno, se ele resiste à ideia de receber o aluno ou ainda se
aos poucos se apropria da concepção de inclusão e vai aderindo a esse movimento
e implementado as mudanças necessárias.
3.7Criatividade e Flexibilização do Currículo na Escola Inclusiva
Compreende-se que um professor para trabalhar em salas inclusivas
precisa usar a criatividade. A criatividade está relacionada com flexibilização de
currículo. A LDBEN e o Plano Nacional de Educação visam assegurar o acesso e a
permanencia de todos na educação (Leite e Martins, 2010, p.46)B. Nessa
perspectiva se faz necessário a implementação de várias mudanças na dinâmica da
escola, principalmente com relação ás práticas educacionais, tornando um currículo
flexível para que todos tenham acesso.
Cabe lembrar que, para Skinner (1957) e Staats (1971) apud Capelline e
Rodrigues(2010) quanto mais amplo e variado for o repertório de respostas
aprendidas pelo indivíduo, tanto maior a possibilidade de, diante de uma nova
situação ou de um problema, emitir uma resposta ou cadeia de respostas novas ou
originais, resultante de mutações, combinações e modificações dessas respostas
conhecidas ocorrendo, assim, um processo criativo. A pessoa criativa é capaz de
criar elos pouco comuns entre os aspectos do ambiente.
Algumas definições de criatividade demonstram que o próprio termo está
associado ao ato de “fazer” de modo ímpar destacando o ato de “realizar”. Dessa
forma, “criatividade é a expressão do potencial humano de construção, que gera
produtos em seu processo” (Sakamoto, 1999 apud Capellini, Valle, Giraldi, 2010-B)
“No contexto da educação inclusiva, portanto, pode-se entender
a flexibilização ou adaptação como a resposta educativa que é dada pela
escola para satisfazer as necessidades educativas de um aluno ou de um
grupo de alunos, dentro da sala de aula comum, na medida em que o que
se faz ou deve-se fazer são ajustamentos, adequações do currículo
existente às necessidades do aluno.” (Leite e Martins, 2010,p.45)
Flexibilizar o currículo implica em ajustes educacionais no âmbito da
metodologia, da avaliação pedagógica, dos objetivos de ensino e das expectativas
de aprendizagem que promovam o acesso ao currículo proporcionando assim
progressão educacional dos alunos, inclusive os com deficiência. É importante
ressaltar que flexibilizar um currículo não implica simplificá-lo ou reduzi-lo, mas
torná-lo acessível.
3.8 Perfil do professor de AEE
O professor de AEE deverá ter curso de graduação, pós-graduação e/ou
formação continuada que o habilite para atuar na área de educação especial. A
formação continuada deve contemplar áreas de conhecimento acerca de:
Comunicação Aumentativa Alternativa, Libras, Braille, Soroban, Atividades de Vida
Diária, Orientação e Mobilidade, Atividades Cognitivas, Aprofundamento e
Enriquecimento Curricular.
O professor de sala de AEE deve identificar e desenvolver estratégias
educativas visando à superação de aprendizagem dos alunos (Gomes, Poulin e
Figueiredo, 2010). Na sala de AEE o aluno com deficiência intelectual poderá ser
avaliado sob aspectos de motricidade, raciocínio lógico-matemático, afetividade e da
relação que o aluno estabelece com o saber. A avaliação deve ser feita de
preferência através de material lúdico que permita verificar a expressão do aluno.
O atendimento educacional especializado para o aluno com deficiência
mental deve organizar situações que favoreçam o seu desenvolvimento, deve
promover situações de estimulação dos mecanismos do desenvolvimento cognitivo e
da aprendizagem e produzir materiais didáticos e pedagógicos, tendo em vista as
necessidades específicas desses alunos.
O professor de AEE tem ainda a função de avaliar o aluno com deficiência
intelectual nos vários espaços que constituem seu contexto familiar, de sala de aula
comum e na sala de recursos, e de posse de todas as informações elabora o plano
de AEE. Deve também propor atividades que permitam a eliminação das barreiras e
otimização a aprendizagem e sua inclusão no ensino regular.
O atendimento visa também à organização da expressão verbal, a
construção da autonomia do aluno com deficiência intelectual na escola e fora dela.
O professor de AEE poderá colaborar com o professor de sala comum orientando a
utilização de materiais pedagógicos e/ou sugerindo atividades. Esse modelo de
atendimento permite ao aluno o convívio com os demais em situação de igualdade,
favorecendo assim a sua permanência na escola.
4 Metodologia
Para realização do presente trabalho foi feito estudo de um caso real de
aluno com deficiência intelectual matriculado em escola pública pertencente ao
sistema de educação municipal de Fortaleza, o estudo do caso é construído em três
etapas que são: entrevista com a família, em um segundo momento colhe-se
informações com a professora de sala de ensino comum e a terceira etapa é a
observação do comportamento do aluno nos diversos espaços da escola.
A observação dos espaços escolares ocorreram em sala de ensino comum,
no pátio da escola durante o recreio, na biblioteca, sala de informárica e na sala de
recursos multifuncional, consideraram os aspectos intelectual e funcionamento
cognitivo; a expressão oral; o meio ambiente; as aprendizagens escolares; o
desenvolvimento afetivo-social e as interações sociais; os comportamentos e atitude
sem situação de aprendizagem e o desenvolvimento psicomotor.
Colhidas as informações necessárias, o professor de AEE identificou a
natureza do problema, construiu o perfil do aluno, analisou e clarificou o caso. Após
esse momento elaborou o plano de intervenção no AEE. Na sequência, colocou este
em prática, e ao mesmo tempo em que vão se desenvolvendo as atividades
propostas, a avaliação vai sendo aplicada conforme as leituras realizadas e a cada
espaço de tempo pré-estabelecido no plano faz-se a reestruturação deste conforme
a demanda do aluno.
A avaliação se dará em período também estabelecido no planos de AEE e
será diagnóstica com o objetivo de identificar as necessidades do aluno e prever as
estratégias que atendam às suas peculiaridades. Será sistemática e formativa
durante toda a realização do plano para que se possa verificar os avanços e
progressos do aluno e refazer a previsão de atividades caso as que foram previstas
não atendam às peculiaridades do aluno.
Plano de Atendimento Educacional Especializado
Aluno: Lucas Maciel de Lima
Idade: 09 anos
Série: 3º Ano
Turno: Manhã
Escola: Rede Pública Municipal de Fortaleza
5. Objetivos
5.1Geral
Minimizar as barreiras encontradas para o acesso ao conhecimento.
5.2 Objetivos Específicos
Desenvolver evolução conceitual; de concentração, atenção e organização do pensamento;
Construir autonomia social e intelectual;
Superar dificuldades cognitivas.
Para atender os objetivos acima descritos serão contempladas as atividades a seguir:
Para o desenvolvimento da capacidade grafomotoral (escrita, evolução conceitual) e da motricidade ampla (autonomia social)
Atividades de desenho, pintura e o uso de diferentes instrumentos como suporte para sua expressão gráfica, como, por exemplo, o computador; uso de massa de modelar; dentre outras atividades. Deslocamentos em ambientes abertos através da expressão corporal com o uso de variados recursos, tais como bolas, arcos, dentre outros.
Para desenvolvimento de conceitos(superar dificuldades cognitivas)
Desenhar, jogo simbólico, pintura, música, jogo da memória, associação de imagens e palavras, contação de história, jogo da forca, contato com variados gêneros textuais.
Atenção e concentração (organização do pensamento)
Montagem de quebra cabeça; jogo da memória, jogo cara a cara, dentre outros
Oralidade
Reconto de situações e histórias, relato de experiências, escrita espontânea das situações relatadas e jogos de encaixe.(autonomia intelectual)
6. Organização do atendimento
O plano será realizado no período de agosto de 2011 a abril de 2012 no contraturno, com frequência de duas vezes por semana e uma hora de duração por encontro. Os atendimentos deverão ser individuais e coletivos.
6.1 Seleção de materiais a serem produzidos para o aluno
Serão utilizados materiais já existentes na sala de recursos multifuncional como pinceis, papel, massa de modelar, computador, bolas, arco, jogos simbólicos, tinta de várias cores, jogo que associa o texto à figura, avental temático, jogos pedagógicos variados e jogos no computador, gêneros textuais e jogos de encaixe. Não há a necessidade de adaptação de materiais para o aluno.
6.2 Tipos de parcerias necessárias para aprimoramento do atendimento e da produção de materiais
As parcerias necessárias para o aluno serão com o sistema de saúde, com especialistas para trabalhar a área psicológica, a fim de favorecer autonomia e segurança no aluno, bem como, atenção e concentração, e fonoaudiologia para trabalhar a dicção e psicomotricista para trabalhar a motricidade ampla.
6.3 Profissionais da escola que receberão orientação do professor de AEE sobre serviços e recursos oferecidos ao aluno
Professor de sala de aula no sentido de superar as dificuldades de evolução conceitual;
Professor de educação física para intervir junto à motricidade ampla do aluno;
Colegas de turma para desenvolver os valores com a turma toda, como o respeito e solidariedade;
Diretor escolar para solicitar a aquisição de materiais necessários para o atendimento do aluno
Equipe pedagógica com o objetivo de informar sobre o trabalho realizado na sala de recursos multifuncionais visando a construção do planejamento das atividades desenvolvidas em sala comum de forma a
criar estratégias de aprendizagem que contemplem também as peculiaridades do aluno.
7 Avaliação dos resultados
7.1 Indicação de formas de registro
O plano deverá ser avaliado durante toda a sua execução. Os registros da evolução da aprendizagem mediante a aplicação do plano deverá ser feito em instrumentais de acompanhamento elaborado pela equipe de educação especial da Secretaria Municipal de Educação - SME em colaboração com os professores de AEE do Município de Fortaleza, onde serão descritos pelo professor do AEE a atividade realizada e os resultados observados. Bimestralmente será feita uma avaliação baseada em atividades lúdicas em que se perceberão os avanços e as dificuldades do aluno.
O registro do resultado da interlocução da professora de AEE com a professora de sala de aula deve especificar as mudanças observadas em relação ao aluno no contexto escolar, o que contribuiu para as mudanças constatadas e as repercussões das ações do plano de AEE no desempenho escolar do aluno. As anotações devem ser realizadas em caderno específico.
7.2 Resultados obtidos diante dos objetivos do Plano de AEE.
Espera-se que o aluno desenvolva a capacidade de se expressar coerentemente por meio do uso da oralidade e a produção escrita em diferentes contextos, bem como que supere a dificuldade de atenção e concentração e que desenvolva sua autoestima.
7.3 Reestruturação do Plano:
O Plano será reestruturado a partir das avaliações transcorridas durante o ano letivo. Através da percepção dos avanços e dificuldades que o aluno apresentar será revisto cada etapa do plano conforme as necessidades deste.
Considerações Finais
O trabalho desenvolvido com o aluno conta com a parceria da família, da
professora de ensino comum, gestão escolar e professora de AEE. As intervenções
feitas se dão através de metodologia de resolução de problemas que identifica sua
natureza e busca uma solução. Quanto à ação do professor de ensino comum será
necessário que receba formação específica para tornar o currículo flexível,
oferecendo estratégias diversas para potencializar o aprendizado de todos.
A efetivação da construção de uma escola inclusiva tem sido uma constante,
pois atualmente, muitas escolas receberam o Projeto Acessibilidade, com objetivo
implementar o acesso das estruturas arquitetônicas e adquirir recursos pedagógicos
facilitadores do processo de aprendizagem dos alunos com deficiências, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades, bem como a formação de
professores para a educação especial.
Quanto à interação do aluno com o restante da turma deve ser feito um
resgate afetivo para aumentar a autoestima deste, trabalhar os valores com a turma
toda incentivando a solidariedade e respeito favorecendo assim a inclusão efetiva do
mesmo na sala de ensino comum e sensibilizar os demais quanto ao direito em
condições de igualdade do aluno com deficiência prevista nos documentos acima
citados.
Com a aplicação do atendimento ao aluno podemos perceber que em relação
aos aspectos motores, ele não é capaz de manipular os brinquedos e participar dos
jogos sem tremer as mãos, seu traçados das letras continua débil, porém, a pintura
está mais contida dentro do desenho.O aluno também consegue dominar o uso do
mouse no computador, haja vista, a parte cognitiva ainda apresenta muita fragilidade
Quanto ao desenvolvimento da expressão oral, o aluno ainda não
compreende algumas mensagens, e não expressa suas ideias de modo coerente
com o contexto em questão. Ao relatar situações vivenciadas, o faz de forma
confusa. Atualmente está passando por situação emocional conturbada tendo em
vista que o pai biológico o reconheceu como filho e o pai adotivo separou-se da mãe,
havendo mais uma quebra afetiva na vida da criança.
A aquisição da escrita para Lucas, implica uma maior dificuldade, evoluiu
minimamente, não se apoia na memória, contudo, consegue escrever seu nome
próprio em letras de forma. Quando solicitado a construir uma escrita espontânea
com letras móveis ele não consegue identificar as letras nem comparando com letras
de palavras já escritas. O aluno identifica as cores básicas, mas não tem segurança
no conhecimento adquirido, quando há dúvida ele não consegue optar por uma
resposta com segurança.
Como resultado da aplicação do plano de AEE, espera-se que Lucas tenha
ampliado seu vocabulário, bem como sua relação com o saber escolar. Que ele se
perceba como sujeito de aprendizagem capaz de levantar hipóteses mediante
mobilização dos conhecimentos prévios na resolução de problemas. Melhore a
interação no espaço escolar e tenha sua autoestima aumentada e que supere sua
dificuldade de atenção e concentração.
Embora o decreto nº 6.571/2008 assegure a implementação do AEE,
muito ainda há de se fazer, poucas são as escolas que contam com esse serviço.
Quanto à formação de professores, se faz mais presente, embora o MEC esteja
oferecendo formação para aproximadamente 4.250 professores em todo o Brasil, os
cursos mais específicos como LIBRAS, BRAILLE, SOROBAN, entre outros que são
necessários para a formação continuada do docente deixam a desejar quanto a
oferta.
Referências
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